O Estado de S.Paulo - SP 24/02/2023
A sequência de piora nas projeções de inflação para 2023 e 2024, acumuladas nas últimas semanas, deve dificultar ainda mais a situação do Banco Central (BC) para reduzir a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,75% ao ano.
No cenário atual, economistas já projetam que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar 2023 em 6%, acima do teto da meta definida pelo governo, que é de 4,75%. A nova estimativa de inflação é quase 1 ponto porcentual a mais do que se previa na virada do ano. Para 2024, as projeções já estão em 4%.
A deterioração do quadro da inflação ocorre por vários motivos. Ela tem a ver com as ações que o governo Jair Bolsonaro adotou no ano passado e os sinais confusos do início da administração de Luiz Inácio Lula da Silva na área econômica, sobretudo com relação ao rumo da política fiscal.
“Basicamente, todas as revisões que temos feito neste ano têm sido por conta de preços administrados (serviços e produtos com reajustes definidos por contratos ou regulados pelo setor público)”, afirma Júlia Passabom, economista do Itaú Unibanco. O banco aumentou de 5,8% para 6,3% a previsão para a inflação deste ano. Os administrados devem subir entre 10,5% e 11%.
A lista de medidas que vão influenciar os administrados inclui a volta da cobrança de PIS e Cofins sobre gasolina e etanol e a de ICMS (imposto estadual) sobre eletricidade.
Em 2022, de olho na sua campanha à reeleição, Bolsonaro colocou em marcha uma série de medidas tributárias para ajudar no controle da inflação. Ele zerou tributos sobre combustíveis e sancionou um projeto aprovado pelo Congresso que limitou a alíquota de ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte coletivo. As medidas foram criticadas do ponto de vista fiscal por ocasionar perda de arrecadação sem uma contrapartida.
“Isso foi decisivo para termos uma inflação de 5,8% em 2022, ou o resultado seria um IPCA entre 8,5% e 9%”, afirma André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas.
Os preços administrados explicam apenas uma parte do resultado da inflação deste ano. O IPCA ainda vai ser influenciado pela dinâmica da inflação de serviços, que costuma ter um comportamento mais persistente.
“A situação piorou”, afirma o economista da LCA Consultores Fabio Romão. Ele revisou de 5,2% para 5,7% a previsão de inflação deste ano por conta da pressão dos serviços e, especialmente, da discussão sobre a questão fiscal, que tem impacto no câmbio e nas expectativas.
Sem âncora
O que os economistas também têm apontado é que os primeiros movimentos do governo Lula na economia têm provocado uma desancoragem das expectativas inflacionárias. O presidente, por exemplo, criticou publicamente a condução da política monetária pelo BC, e o governo chegou a indicar que poderia rever metas de inflação.
A equipe econômica também tem sido cobrada para apresentar a nova âncora fiscal que vai substituir o teto de gastos. Sem uma sinalização do controle das contas públicas, há uma piora da percepção de risco dos investidores.
“Poderíamos ter uma inflação mais baixa desde que houvesse uma sinalização do governo em relação ao novo arcabouço fiscal”, afirma o economista Heron do Carmo, professor sênior da FEA/USP. O economista, que chegou a projetar alta de 5,5% para o IPCA deste ano, agora espera uma taxa mais próxima de 6%. Apesar de ter aumentado a previsão, Heron acredita que, se o governo apresentar um novo arcabouço fiscal factível, será possível atenuar as expectativas e a economia como um todo ter uma evolução melhor do que se espera hoje.
Serviços em alta
Com o arrefecimento da pandemia, os brasileiros voltaram a frequentar bares e restaurantes e a viajar. Mas se defrontaram com a alta da inflação dos serviços. Em 2022, a inflação de serviços teve alta de 8%, índice que continuou acelerando neste início de ano. Em 12 meses até janeiro, foi para 8,35%, e a perspectiva é de que alcance 8,85% neste mês, nas contas do economista Fabio Romão, da LCA Consultores.
A mudança de hábito com a queda nos registros de casos de covid-19 impulsionou a subida de preços dos serviços, e os prestadores, por sua vez, aproveitaram para repassar os aumentos de custos. Isso explica, segundo o economista, a alta dos preços no segmento.
O economista Heron do Carmo, da FEA/USP, também lembra que o salário mínimo é importante na formação de preços dos serviços, um setor intensivo em mão de obra. “Tivemos um aumento do salário até um pouquinho acima da inflação, o que é bom, mas isso contribui para a inércia inflacionária”, diz. Na prática, mantém os preços dos serviços sob pressão.
Como efeito desse quadro, consumidores já tentam “escapar” da inflação de serviços. Pesquisa da consultoria Bain & Company, feita no fim do ano passado, mostra que 38% das cerca de 1,5 mil pessoas ouvidas passaram a reduzir as idas a restaurantes e cafés. Elas voltaram a fazer refeições e a consumir bebidas em casa.
Foi o caso do representante comercial Roberto Proença, de 58 anos. Ele faz parte de um grupo de dez amigos que tinham o hábito de sair uma vez por mês para beber. Diante da alta de preços dos bares e restaurantes, passaram a se reunir em casa.
Nas contas de Proença, a mudança compensa. Uma caipirinha de cachaça, por exemplo, que custa no bar entre R$ 28 e R$ 35, sai por no máximo R$ 8 quando preparada em casa. “Foi um jeito de continuar a ter um lazer, encontrar os amigos, comer e beber o que se gosta, e gastando bem menos”, afirma. Proença acredita que a alta dos preços do gás, da eletricidade e da mão de obra pressionaram os custos dos bares.
No acumulado de 12 meses até janeiro, a alimentação fora de casa aumentou 7,82%, acima, portanto, do índice geral, que subiu 5,77% no período.
“Nós passamos muito tempo sem conseguir subir (os preços), especialmente na pandemia”, afirma Paulo Solmucci, presidente executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). “De junho do ano passado para cá, quando os (preços dos) alimentos começaram a dar uma certa folga, passamos a recuperar um pouco dessa margem.”
Um levantamento realizado pela entidade em janeiro aponta que 40% dos empresários do setor repassaram para seus preços a média da inflação e 10%, acima do índice.
“Existe uma defasagem de inflação de alimentos que não conseguimos repassar. Dessa forma, o nosso setor, provavelmente, vai subir preços acima da inflação neste ano também. É impossível continuar operando com mais da metade das empresas sem fazer lucro”, afirma Solmucci.
A pesquisa da entidade também indicou que 19% dos empresários operam seus negócios com prejuízo.
O Estado de S.Paulo - SP 24/02/2023
A arrecadação de impostos e contribuições federais somou R$ 251,745 bilhões em janeiro, novo recorde para o mês, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira, 23, pela Receita Federal. O resultado representa um aumento real (descontada a inflação) de 1,14% na comparação com o primeiro mês do ano passado, quando o recolhimento de tributos somou R$ 235,321 bilhões.
Enquanto o governo prepara uma nova proposta de reforma tributária, o valor arrecadado no mês passado foi o maior para meses de janeiro da série histórica, que teve início em 1995. Em relação a dezembro do ano passado, houve alta real de 19,14% na arrecadação.
O Fisco apontou que o resultado foi impulsionado pelo crescimento real de 58,14% na arrecadação do IRRF - Capital, em razão da alta da Selic, com destaque para o desempenho dos fundos e títulos de renda fixa.
Por outro lado, de acordo com a Receita, a redução das alíquotas do imposto de importação afetou a arrecadação deste tributo e do IPI vinculado.
A queda do IPI, PIS/Cofins e da Cide sobre combustíveis, em decorrência das leis complementares aprovadas no ano passado, também afetaram a arrecadação desses tributos.
As desonerações totais concedidas pelo governo resultaram em uma renúncia fiscal de R$ 12,379 bilhões em janeiro, valor bem maior do que no mesmo mês de 2022, quando ficaram em R$ 6,349 bilhões.
Infomoney - SP 24/02/2023
Dados macroeconômicos divulgados nesta quinta-feira (23) nos Estados Unidos ajudaram a reforçar a mensagem passada ontem pela ata do Fed de que a atividade continua aquecida e o mercado de trabalho permanece forte, mantendo pressões inflacionárias e justificando uma política monetária ainda restritiva por um período mais longo. Analistas consultados elo InfoMoney também afirmam que o risco de uma recessão americana começa a perder força.
Fabio Fares, especialista em análise macro da Quantzed, afirmou que a ligeira revisão para baixo do crescimento do PIB no 4° trimestre, de 2,9% (na primeira estimativa) para 2,7%, não trouxe muita novidade, deixou o mercado mais animado. “Alguns players já pensam que EUA podem inverter cenário de recessão se apoiando no mercado de trabalho”, comentou.
Sobre a ata de ontem, Fares destacou que o discurso da autoridade monetária continua firme e forte, deixando claro que alguns membros do Fomc queriam subir mais os juros porque estão percebendo uma demora em relação ao controle da inflação.
“Minha percepção é que o mercado começou a cair na real de que o FED está falando sério e que vai demorar muito ainda para os juros caírem. Os juros vão continuar subindo por mais duas ou três reuniões. O erro foi atacar a inflação em doses homeopáticas e agora a inflação só deve voltar para a meta em 2025. Ou seja, são dois anos de inflação e juros altos, alertou.
De fato, além da revisão do PIB, Bureau of Economic Analysis apontou hoje que o índice de preços das despesas de consumo pessoal (PCE) aumentou 3,7%, uma revisão em alta de 0,5 ponto porcentual ante o dado anterior.
E o núcleo do PCE, que exclui as variações de preços de alimentos e energia chegou a 4,3%, uma revisão para cima de 0,4 ponto percentual.
Para Angelo Polydoro, economista da ASA Investments, o fechamento muito forte do PIB no quarto trimestre muito forte mostrou que, sob várias lentes, a economia americana está indo muito bem. Isso se junta dados de pedidos de auxílio-desemprego bastante baixo, uma indicação que o mercado de trabalho continua aquecido.
Polydoro destacou o comentário exposto na ata do Fed ontem, de que alguns diretores acreditam que talvez a economia não tenha recessão em 2023.
“A gente sabe que com um aumento de juro muito grande num curto espaço de tempo, a chance de estourar alguma bolha de vulnerabilidade na economia americana existe. Mas vejo esses indicadores como uma resiliência da economia. Talvez seja um crescimento mais baixo, mas não vai precisar de recessão”, afirmou.
Já André Kitahara, gestor de portfólio macro da AZ Quest, destacou na divulgação do PIB a revisão na parte de demanda, em especial no consumo de bens duráveis, além de uma revisão para cima nos investimentos das empresas.
“Olhando só esse dado é uma combinação que deveria ser boa para a inflação, uma surpresa para baixo na margem de consumo e uma surpresa para cima no investimento, o que sugere uma oferta agregada um pouco mais robusta à frente. Essa combinação seria bem-vista para quem está esperando que a inflação caia”, disse.
Sobre o seguro-desemprego, Kitahara afirmou que o dado vem numa toada parecida há várias semanas. “Número baixos sugerem um mercado de trabalho bastante apertado ainda”, alertou.
Para Francisco Nobre, economista da XP, o dado semanal do seguro- desemprego veio um pouco abaixo do esperado hoje e os números continuam baixos, reforçando que o mercado de trabalho segue aquecido.
CNN Brasil - SP 24/02/2023
A economia dos EUA cresceu a uma taxa anual de 2,7% nos últimos três meses de 2022, informou o Departamento de Comércio nesta quinta-feira (23). Isso é menos do que a estimativa anterior de crescimento de 2,9% no 4º trimestre.
O aumento mais lento do Produto Interno Bruto, uma medida ampla da atividade econômica, pode ser um sinal de que a série de aumentos acentuados das taxas de juros do Federal Reserve têm mais impacto do que se pensava anteriormente.
Outras leituras econômicas recentes, incluindo o forte relatório de empregos de janeiro e uma forte recuperação nas vendas no varejo, sugerem que o Fed poderia fazer mais para tentar conter a inflação por meio de taxas de juros mais altas destinadas a desacelerar a economia.
Infomoney - SP 24/02/2023
A inflação medida pelo IPC-S na terceira quadrissemana de fevereiro foi de 0,41%, desacelerando em relação à leitura da segunda quadrissemana, que ficou em 0,52%. O índice acumula alta de 4,74% nos últimos 12 meses, informou nesta sexta-feira (23) da Fundação Getúlio Vargas.
A desaceleração mostra uma tendência constante: o índice ficou em 0,80% na última leitura de janeiro, recuando para 0,57% na primeira quadrissemana de fevereiro, depois 0,52% e agora 0,41%.
Na última apuração, seis das oito classes de despesa componentes do índice registraram decréscimo em suas taxas de variação. A maior contribuição para o resultado do IPC-S partiu do grupo Educação, Leitura e Recreação cuja taxa de variação passou de 0,94%, na segunda quadrissemana de fevereiro, para 0,29% na terceira quadrissemana.
Nesta classe de despesa, o destaque foi o item cursos formais, cujo preço variou 2,34%, ante 3,65% na edição anterior do IPC-S.
Também registraram decréscimo em suas taxas de variação os grupos Transportes (0,45% para 0,25%), Alimentação (0,21% para 0,03%), Comunicação (0,98% para 0,83%), Habitação (0,45% para 0,43%) e Despesas Diversas (1,75% para 1,70%).
Nestas classes de despesa, foram destacados o comportamento dos itensgasolina (-0,34% para -0,81%), hortaliças e legumes (-4,34% para -6,58%), combo de telefonia, internet e TV por assinatura (2,40% para 1,69%), condomínio residencial (1,25% para 0,46%) e conserto de bicicleta (0,43% para 0,19%).
Em contrapartida, os grupos Saúde e Cuidados Pessoais (0,57% para 0,77%) e Vestuário (-0,25% para 0,10%) apresentaram avanço em suas taxas de variação.
Nestas classes de despesa, foram citados coo destaques os itens artigos de higiene e cuidado pessoal (0,23% para 1,12%) e roupas femininas (-0,66% para -0,08%).
CNN Brasil - SP 24/02/2023
A balança comercial brasileira registrou déficit comercial de US$ 280,6 milhões na terceira semana de fevereiro. De acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (23) pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o valor foi alcançado com exportações de US$ 4,886 bilhões e importações de US$ 5,166 bilhões.
O saldo acumulado em fevereiro chegou a US$ 1,234 bilhão e, no ano, o superávit é de US$ 3,843 bilhões.
As exportações caíram 16% na média diária de fevereiro ante o mesmo período do ano passado, com queda de 25,6% na Agropecuária, queda de 39,9% na Indústria Extrativa e retração de 1,3% nas vendas de produtos da Indústria de Transformação.
Já a média diária de importações caiu 5% no período, com queda de 3,7% na Agropecuária, recuo de 32,7% na Indústria Extrativa e retração de 1,4% em produtos da Indústria de Transformação.
IstoÉ Online - SP 24/02/2023
Os contratos futuros do minério de ferro permaneceram com negociações restritas nesta quinta-feira, com traders cautelosos após a decisão da Dalian Commodity Exchange (DCE) de conter a atividade especulativa que levou os preços a subir recentemente.
O contrato de maio mais ativo na DCE caiu 0,5%, para 908,50 iuanes (131,90 dólares) a tonelada. Na Bolsa de Cingapura, o contrato de março de referência do ingrediente siderúrgico subiu 0,5%, para 130,70 dólares a tonelada.
Analistas da corretora de commodities Marex disseram que os reguladores chineses podem tomar novas medidas para controlar os preços.
Já os futuros do carvão metalúrgico em Dalian atingiram um pico de oito meses nesta quinta-feira, quando o colapso de uma mina de carvão em grande escala na região da Mongólia Interior, no norte da China, motivou verificações de segurança, alimentando temores de aperto na oferta.
Os líderes chineses buscaram uma investigação rápida sobre a causa do colapso que matou quatro pessoas e feriu outras seis, com 49 desaparecidos.
O carvão de coque mais negociado na DCE encerrou o comércio diurno com alta de 2,6%, a 2.020,50 iuanes (293,35 dólares) a tonelada, depois de alcançar 2.085 iuanes, a maior alta desde meados de junho.
A China é a maior fabricante de aço do mundo e a Mongólia Interior está entre seus principais fornecedores de carvão. A região vem produzindo a commodity em ritmo acelerado há meses, em resposta a um apelo do governo para aumentar a oferta local e estabilizar os preços.
Autoridades na Mongólia Interior e nas regiões de Shanxi e Shaanxi ordenaram que os mineiros de carvão conduzam verificações de segurança imediatamente e que as autoridades locais realizem inspeções.
Money Times - SP 24/02/2023
Após a divulgação do balanço do quarto trimestre da Vale (VALE3), o Goldman Sachs aumentou o preço-alvo para os ADRs da companhia (VALE), de US$ 12 para US$ 13,50.
No entanto, o preço-alvo para os recibos de ações, que tendem a seguir os papéis negociados na B3, representa um potencial de queda de cerca de 20% sobre o patamar atual. O banco manteve a recomendação “neutra” para os papéis.
Segundo os analistas Marcio Farid e equipe, investidores estão preocupados com a demanda por minério de ferro, que pode ficar aquém das expectativas com uma recuperação mais fraca do consumo na China, fazendo com que o preço da commodity passe por uma correção.
Para a equipe do banco, a partir do segundo trimestre, a demanda ficará mais evidente. Hoje, o minério de ferro está ao redor de US$ 130 a tonelada, mas o Goldman Sachs espera a cotação da commodity entre US$ 90 e US$ 120 no período até 2024.
Ao atualizar o preço-alvo para Vale, o Goldman Sachs também considerou a recente atualização do banco para a projeção do minério de ferro, além do dólar.
A expectativa dos analistas para o Ebitda da empresa entre este ano e 2025 aumentou entre 4 e 24% – +2/-20/-25% em relação ao consenso da Bloomberg. Para o Goldman Sachs, a linha chegaria a US$ 14,4 bilhões em 2025.
Valor - SP 24/02/2023
Mineradora manteve sua projeção de produção de cobre para 2023 de 840 mil a 930 mil toneladas métricas
A Anglo American reportou queda no lucro líquido de 2022 com impacto dos custos de energia mais altos e preços mais baixos. A mineradora multinacional teve lucro líquido de US$ 4,51 bilhões, ante US$ 8,56 bilhões em 2021.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado caiu para US$ 14,49 bilhões, de US$ 20,63 bilhões em 2021, quando o grupo atingiu um recorde. No entanto, o valor ficou acima do consenso de mercado de US$ 14,35 bilhões, com base nas estimativas de 14 analistas.
A queda refletiu os desafios que a empresa enfrentou como a inflação e preços de energia mais altos, combinados com volumes de produção mais baixos, que elevaram os custos de produção em meio a preços menores.
A receita chegou a US$ 35,12 bilhões, ante US$ 41,55 bilhões no ano anterior, abaixo da previsão de consenso fornecida pela empresa de US$ 36,88 bilhões.
A Anglo American manteve sua projeção de produção de cobre para 2023 de 840 mil a 930 mil toneladas métricas.
O conselho declarou um dividendo final de US$ 0,74 por ação, de acordo com sua política de pagamento de 40%. Em 2021, a Anglo American declarou um dividendo final de US$ 1,18 por ação e um dividendo especial de US$ 0,50 por ação.
IstoÉ Online - SP 24/02/2023
Qualquer alteração a ser proposta no código de mineração do Brasil deve ser exaustivamente debatida com a sociedade, por meio de uma comissão especial, e os impactos de cada medida muito bem avaliados, afirmou nesta quinta-feira o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) em nota.
A afirmação veio após notícias de que o presidente da Câmara de Deputados, Arthur Lira (PP-AL), teria sinalizado nos bastidores do Congresso que poderia levar à votação em plenário em breve mudanças no marco regulatório do setor. Uma fonte confirmou à Reuters a sinalização de Lira, mas disse que não há, ainda, uma data definida.
O Ibram destacou que o regimento da Câmara prevê que a matéria precisaria tramitar por quatro comissões e deveria ensejar a criação de uma comissão especial, como forma de se garantir uma ampla discussão.
“A rigor, ainda não foi apresentado um projeto de lei sobre o tema, apenas apresentada uma sugestão do relatório do (grupo de trabalho) GTMINERA”, disse o instituto, que representa empresas como Vale, Gerdau, ArcelorMittal e Mosaic.
“Contornar a criação da comissão especial poderia ferir o necessário debate em relação à transparência, bem como expor um dos principais setores da economia a instabilidades em sua competitividade, bem como inibir a atração de investimentos.”
Tal comissão especial a ser criada, segundo o Ibram, seria encarregada de avaliar e discutir com a sociedade o conjunto de mudanças propostas pelo grupo de trabalho formado por parlamentares. O GT gerou recentemente um relatório, de autoria do deputado Joaquim Passarinho (PL-PA).
PONTOS EM DESTAQUE
O Ibram destacou que participou ativamente das audiências públicas conduzidas pelo grupo de trabalho GTMINERA, que serviram de base para a estruturação de propostas.
O relatório do deputado Joaquim Passarinho, segundo o instituto, traz pontos que têm apoio do setor mineral, porém, há os que precisam de nova evolução, na opinião do Ibram e das mineradoras associadas.
Dentre os pontos de discordância, o Ibram citou ser contra a proposta de permissão de lavra garimpeira flutuante. “Esta proposta, se aprovada, permitiria que um título concedido a um garimpeiro se sobrepusesse a outro já concedido para uma mineradora para atividades minerárias em uma mesma área”, afirmou.
O Ibram também se posicionou contrário à proposta de se estabelecer limite de apenas seis anos para os alvarás de pesquisa, uma vez que para algumas substâncias minerais, especialmente os multi-metálicos, este prazo pode ser muito curto, segundo o órgão.
Também afirmou discordar de qualquer proposição que exclua a mineração das atividades de utilidade pública.
Entre as propostas que podem representar avanços, o Ibram destacou a de utilizar o título de direito minerário como lastro de empréstimos. Na prática, segundo o instituto, a medida poderá criar mecanismos eficazes de financiamento para o setor mineral.
IstoÉ Dinheiro - SP 24/02/2023
A Vale reportou lucro líquido de R$ 95,9 bilhões no acumulado de 2022, queda de 21% na comparação com o lucro de R$ 121,2 bilhões de 2021. A companhia também registrou uma redução de 39% no Ebitda ajustado, que ficou em R$ 102,1 bilhões. A queda foi puxada pelos preços mais baixos do minério de ferro, informou a Vale. Para o BTG Pactual, a companhia continua sendo a preferida por ter exposição à economia chinesa. “Esperamos uma recuperação da economia chinesa ao longo de 2023 por causa do fim das medidas restritivas com foco no combate ao coronavírus”, disseram Leonardo Correa e Caio Greiner, que assinam o relatório. Já os analistas do UBS comentam que ainda não é certo que a economia chinesa deve apresentar recuperação, o que deve mexer no valor do minério de ferro. “O preço deve cair de US$ 126 por tonelada para US$ 95 por tonelada no final de 2023”, afirmaram Andreas Bokkenheuser e sua equipe. Os especialistas acreditam que o papel negociado em Nova York deve ir a US$ 12 por ação, sendo 29,8% menor que o preço de US$ 17,09 de quinta-feira (16).
Infomoney - SP 24/02/2023
A Mercedes-Benz anunciou nesta quarta-feira ampliação de acordo com a fabricante de sensores para carros autônomos Luminar, de olho em conseguir condução totalmente sem motorista para seus veículos de próxima geração.
A montadora alemã também anunciou acordo com o Google para um serviço de navegação próprio integrado ao sistema operacional MB.OS, que a Mercedes está desenvolvendo na expectativa de lançamento em meados desta década.
A Luminar fornecerá sensores lidars à montadora alemã. Os sensores usam pulsos de laser para medirem a distância entre o veículo e um objeto e são amplamente vistos como essenciais para a obtenção de capacidade de direção totalmente autônoma.
Já a parceria com o Google prevê que os carros da montadora alemã poderão receber informações de tráfego e rotas, além de permitir que os motoristas possam assistir a vídeos do YouTube no conjunto de entretenimento dos veículos da marca quando estiverem estacionados ou com sistema de direção autônoma de nível 3 ativado.
Google e Mercedes-Benz também concordaram em explorarem parceria no serviço de computação em nuvem do Google Cloud e recursos de inteligência artificial.
O Estado de S.Paulo - SP 24/02/2023
A Stellantis encerrou o segundo turno de produção da fábrica onde são montados modelos das marcas francesas Peugeot e Citroën em Porto Real, no sul do Rio de Janeiro. A montadora, ao justificar a decisão, apontou a necessidade de adaptar a produção após a queda dos pedidos de mercados do exterior.
Fechada no feriado de Carnaval, a fábrica, que também produz motores, vai retomar as atividades no dia 6 de março com toda a produção concentrada em um turno de capacidade ampliada. Com isso, a Stellantis informa que vai encerrar contratos temporários em Porto Real.
Em outubro, na retomada do segundo turno, foram contratados 340 trabalhadores. O objetivo era acelerar a produção da nova geração do Citroën C3, o primeiro dos três lançamentos previstos para o mercado brasileiro e países vizinhos até 2024. No comunicado de hoje, a empresa não informa, no entanto, quantos serão dispensados.
“A Stellantis readequou o planejamento industrial da unidade de Porto Real, a fim de adaptar o seu ritmo produtivo ao nível de demanda do mercado externo”, informa a montadora na nota. “A unidade passa a concentrar a produção de automóveis em um turno de capacidade ampliada, com maior eficiência e agilidade para melhor responder às demandas de mercado”, complementa o texto.
A montadora desmentiu ainda uma nota, que circulou no WhatsApp, de que a fábrica de Porto Real seria fechada, com a transferência da produção para a unidade do grupo em Betim (MG), de onde saem os carros da Fiat. “Não é uma informação verdadeira. Trata-se de uma clara fake news”, declara a Stellantis, classificando a unidade no sul do Rio de Janeiro como um ativo importante e estratégico.
Revista Ferroviaria - RJ 24/02/2023
O Trem de Alta Velocidade (TAV) está de volta. O projeto de um “trem-bala” entre São Paulo e Rio de Janeiro foi motivo de discussões inflamadas na década passada e acabou fracassando em sua modelagem original, bancada pelo governo federal.
Agora uma empresa paulista acaba de obter autorização para implantar e operar um novo sistema de alta velocidade graças ao programa “Pro Trilhos”, que abriu a possibilidade para que ferrovias privadas sejam construídas tanto para carga quanto para passageiro.
Este site teve acesso aos documentos que foram usados pela empresa TAV Brasil para justificar seu pedido à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), vinculada ao Ministério da Infraestrutura. E o que se descobre é que o novo projeto é bastante distinto do primeiro TAV.
A TAV Brasil, uma sociedade que inclui duas empresas e dois sócios individuais, pretende implantar uma ferrovia apenas entre as capitais paulista e fluminense, com duas estações intermediárias, em São José dos Campos (SP) e Volta Redonda (RJ). Ou seja, nada de extensão até Campinas, hoje foco do Trem Intercidades Eixo Norte, ou paradas nos aeroportos de Guarulhos e Galeão.
Na verdade, o traçado preliminar proposto, de 378 km, evita a região central de São Paulo e do Rio. A capital paulista, por exemplo, ganharia uma estação na região de Pirituba, em uma área que foi cogitada na candidatura da cidade para sediar a Exposição Mundial de 2020 – que no fim foi vencida por Dubai.
O local foi apontado como de propriedade pública, o que evitaria desapropriações. Além disso, os proponentes enxergam a possibilidade de a Linha 6-Laranja um dia chegar até a região, como já havia sido previsto. Perto desse local há também a Linha 7-Rubi, que futuramente será concedida junto ao Trem Intercidades.
No Rio, o novo “trem-bala” nem entraria na cidade praticamente. A ideia é que ele tenha uma estação em Santa Cruz e de lá o passageiro contaria com um ramal de trem da Supervia para chegar a regiões mais centrais.
A mesma filosofia foi adotada para definir as localizações das estações de São José dos Campos e Volta Redonda. A primeira ficaria próxima do entrocamento entre as rodovias Carvalho Pinto e Tamoios, ao sul da cidade. Já no município fluminense a estação ficaria num ponto próximo da Rodovia dos Metalúrgicos, a leste da área urbana.
Se a maior parte do trajeto será em superfície, nos trechos urbanos haverá túneis para minimizar o impacto para os moradores. Apenas na Grande São Paulo são estudados três grandes trechos subterrâneos com 3,5 km (Áruja), 8,5 km (Guarulhos) e 20 km (São Paulo).
O pátio de manutenção será implantado numa região próxima à estação de São José dos Campos numa área livre de urbanização.
Início da operação comercial em 2032
Segundo os dados constantes no processo, o Trem de Alta Velocidade usará trens com tração por eletricidade e alimentação por catenária. Serão 45 composições inicialmente, com configuração de 10 ou 20 vagões e locomotivas do tipo “push-pull” ou automotrizes.
A bitola será internacional (1.435 mm), como a usada nas linhas 4-Amarela e 5-Lilás do Metrô de São Paulo. Já o sistema de sinalização e controle de trens é o ERTMS-2 (European Rail Traffic Management System), usado na União Europeia.
Inicialmente, não localizamos informações sobre demanda ou desempenho, embora existam limites de velocidade para cada região do trajeto.
Em trechos fora da área urbana, os trens poderão atingir até 330 km/h enquanto em regiões mais adensadas esse limite pode cair para 230 km/h ou 80 km/h. É possível imaginar que o tempo de viagem deverá se situar um pouco acima de uma hora, dependendo da existência de paradas no serviço.
O cronograma atual prevê que os estudos e projetos se prolonguem até dezembro de 2024. A obtenção das licenças prévias e ambiental de instalação, que permitirão o início das obras, são estimadas para junho de 2025 e junho de 2026, respectivamente.
As obras foram divididas em seis lotes, começando por São Paulo (Lote 1), o trecho São Paulo-São José dos Campos (2), São José dos Campos-Taubaté (3), Taubaté-divisa SP-Rio (4), Divisão SP-Rio-Volta Redonda (5) e Volta Redonda-Rio de Janeiro (6).
O cenário no momento é que o serviço do trem de alta velocidade tenha início em junho de 2032, segundo a tabela que consta no processo.
O custos, como se imagina, são “estratosféricos”: nada menos que R$ 50 bilhões. Desses, R$ 35 bilhões seriam investidos nas obras civis, R$ 6 bilhões nas desapropriações e custos sociais e ambientais, e o restante (R$ 9 bilhões) nos trens, sistemas e infraestrutura.
A TAV Brasil inclusive imagina como obterá o financiamento, por meio de investidores, fundos de pensão, construtoras e operadoras de trens.
Diante dos problemas enfrentados por projetos anteriores e mesmo mais simples como o trem regional paulista, o novo TAV precisará mostrar mais argumentos convincentes no futuro para vencer a burocracia e incertezas brasileiras. Até lá resta torcer.
Valor - SP 24/02/2023
Segundo a ANTT, das 39 autorizações aprovadas, 33 tiveram seus contratos de adesão assinados e seis estão em vias de serem sacramentadas
Com o aval dado nessa quarta-feira (22) ao resgate do projeto de trem-bala São Paulo-Rio, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) informou nessa quinta (23) que a expansão da malha ferroviária do país, por meio de contratos de autorização, totaliza investimento superior a R$ 170 bilhões. As novas linhas somam 12 mil quilômetros de novos trilhos, em 19 unidades da federação.
Segundo a agência, a liberação da TAV Brasil para implantar e operar o serviço de trem de alta velocidade entre as duas capitais, pelo prazo de 99 anos, é a 39ª autorização desse tipo aprovada desde a criação do novo modelo contratual. A inovação surgiu do envio, ao Congresso, da proposta de novo marco legal na forma da Medida Provisória 1.065/21, que mais tarde foi convertida na Lei 14.273/2021.
"As autorizações são um instrumento estratégico que fomenta a competitividade, o equilíbrio da matriz de transportes e a multimodalidade, como no caso do transporte de cargas e de passageiros. O objetivo é promover o desenvolvimento da malha ferroviária brasileira de forma mais célere e desburocratizada e conectar de forma mais ampla a malha férrea aos grandes portos brasileiros ", afirmou o diretor-geral da ANTT, Rafael Vitale, por meio de nota.
No caso do projeto da TAV Brasil, a diretoria da ANTT aprovou a celebração de contrato de adesão. A decisão foi publicada na quarta-feira, no “Diário Oficial da União” (DOU). A agência não especificou o valor do investimento no trem-bala autorizado.
Em contraste com o modelo de concessão ferroviária, a autorização permite a construção de novas ferrovias pelo setor privado sem a necessidade de leilão e pagamentos de outorgas bilionárias ao governo federal.
Após assinatura do contrato de adesão por parte da ANTT, as empresas precisam assinar o documento em 30 dias. Se descumprirem o prazo, a autorização aprovada perde eficácia e o processo é arquivado. Além de assinar o contrato de adesão, as empresas devem, nos anos seguintes, cumprir as três fases de licenciamento ambiental, obtendo a licença prévia, de instalação e de operação.
“A partir das autorizações, cabe a cada empresa conduzir as tratativas para tirar o projeto do papel, assumindo todos os riscos do negócio. Assim, serão da iniciativa privada – e não do Estado – as obrigações de obtenção dos licenciamentos junto aos órgãos competentes; o desenvolvimento dos projetos de engenharia e de viabilidade socioambiental; a busca de financiamento e a definição das etapas da obra. Enquanto isso, a ANTT faz o acompanhamento dos projetos em todas as autorizações”, alerta a agência.
Ainda de acordo com o órgão regulador, das 39 autorizações aprovadas, 33 tiveram seus contratos de adesão assinados e seis estão em vias de serem assinadas. Nos projetos autorizados e assinados, já houve pedidos de desapropriação, por meio de Declaração de Utilidade Pública (DUP), que estão sendo recebidos e analisados pela ANTT.
Entre ferrovias já autorizadas, a ANTT destacou os seguintes projetos:
VLI Multimodal S.A
A companhia recebeu autorização para construir duas ferrovias na Bahia. São mais de 220 quilômetros ligando Corretina (BA) à Arrojolândia; e São Desidério (BA) a Riachão das Neves (BA). A empresa calcula o investimento de quase R$ 5 bilhões para o desenvolvimento dos novos ramais, que devem ter conexão com os trechos I e II da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol). A estimativa é a geração de 33 mil empregos diretos e indiretos com as obras.
Petrocity Ferrovias
A empresa deve construir e operar de 68 quilômetros de linhas férreas entre Corumbá de Goiás (GO) e Anápolis (GO). O ramal deve servir para transportar grãos, rochas ornamentais, minerais e carga em geral do tipo contêiner. O projeto prevê investimento superior a R$ 400 milhões e a geração de mais de 5 mil empregos diretos e indiretos.
Rumo S.A.
O grupo obteve a autorização ferroviária para duas linhas ferroviárias. A primeira deve operar no trecho entre Santa Rita do Trivelato (MT) e Sinop (MT). Serão 250,7 quilômetros que servirão para o transporte de granéis agrícolas, produtos industrializados, granéis líquidos e fertilizantes.
A segunda autorização abrange 498 quilômetros de linhas férreas entre Primavera do Leste (MT) e Ribeirão Cascalheira (MT). Esse ramal deve possibilitar o transporte de granéis agrícolas, produtos industrializados, granéis líquidos e fertilizantes. As duas obras no Estado de Mato Grosso respondem por aproximadamente R$ 11 bilhões em investimentos e a geração de 54.365 empregos diretos e 25.640 empregos indiretos.
Valor - SP 24/02/2023
Minério de ferro ainda representa 67% do volume, mas setor de ferrovias projeta diversificação no longo prazo, como grãos e celulose
Fernando Paes, diretor-executivo da ANTF: Modelo de autorização deve avançar em trechos menores e ‘brownfield’ — Foto: Silvia Costanti/Valo
A carga geral ganhou espaço nas ferrovias em 2022. O minério de ferro, que historicamente é o principal produto transportado por trilhos no país, ainda respondeu por 67% do total. Porém, trata-se da menor participação do setor desde o início da série histórica, segundo a ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários). Em 2021, a fatia havia sido de 70%.
A queda reflete, de um lado, a retração no transporte de minério de ferro, que caiu 5% no ano passado, para 248,5 bilhões de TKU (tonelada por km útil), principalmente devido à menor demanda na China e à queda de preços do produto no mercado global. De outro lado, a carga geral - que inclui produtos agrícolas, celulose, combustíveis, entre outros - avançou 11,7%, para 122,5 bilhões de TKU, em 2022.
No balanço geral do ano passado, o volume transportado por ferrovias permaneceu estável, com queda de 0,1% na comparação com 2021, apontou a ANTF.
A perda de participação do minério de ferro em 2022 é fruto de oscilações naturais da commodity, porém, o setor de ferrovias vê o avanço da carga geral como uma tendência de longo prazo, inclusive impulsionado pelos novos projetos em desenvolvimento, segundo Fernando Paes, diretor-executivo da associação.
“A participação do minério de ferro sempre será gigantesca, porque são volumes grandes. Mas há um claro avanço das commodities agrícolas, da celulose, do açúcar na participação nas ferrovias. Esse movimento vai se acentuar com os novos projetos, como o início da operação do trecho central da Norte-Sul, a expansão da Malha Norte no Mato Grosso, a construção da Fico [Ferrovia de Integração Centro-Oeste] e as renovações antecipadas da Rumo e da MRS ”, afirma Paes.
No balanço de 2022, em carga geral, o principal aumento se deu na movimentação de milho, que somou 26,7 bilhões de TKU, uma alta de 69% na comparação com o ano anterior, em que houve quebra da safra. No transporte de soja e farelo, houve aumento de 3%, para 46,3 bilhões de TKU.
O transporte de celulose cresceu 26%, alcançando 5,5 bilhões de TKU, impulsionado por novos projetos e plantas fabris do setor. Já o fluxo de combustíveis e derivados avançou 6% nas ferrovias, chegando a 8 bilhões de TKU. Segundo a ANTF, a alta se deu por investimentos em segurança, que levaram à reativação de trechos. Em contêineres, o aumento foi de 4%, para 4,3 bilhões de TKU.
Em relação às perspectivas para 2023, Paes avalia que ainda é cedo para uma estimativa, que dependerá de vários fatores, como a própria economia do país.
Em termos de novos projetos, a projeção para os próximos anos é de continuidade. A expectativa é que haja o avanço das obras da Fico e da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste Leste), para que os novos trechos sejam licitados.
Além disso, a ANTF prevê que as renovações antecipadas seguirão em pauta. Os dois projetos mais avançados para a renovação são a FCA (Ferrovia Centro Atlântica), da VLI, e a Malha Sul, da Rumo. Paes avalia que também poderão entrar na lista a FTC (Ferrovia Tereza Cristina), que hoje depende do transporte de carvão no Sul do país, e a Ferrovia Transnordestina Logística, da CSN.
Já em relação aos projetos de autorização - um novo modelo criado por lei, no governo passado -, ele avalia que vias de pequeno porte e com estrutura já existente (possivelmente fruto da devolução de trechos que não gera interesse às grandes operadoras) poderão sair do papel nos próximos anos. “Trechos menores e ‘brownfield’ saem na frente, porque parecem ter mais viabilidade. Para ferrovias estruturantes, dificilmente o setor privado assumirá todos os riscos. Podemos ver alguns, como a extensão da Malha Norte, mas serão exceção.”
InfraRoi - SP 24/02/2023
Congresso do setor vai debater necessidade de ampliação dos investimentos em ferrovias, bem como no uso de tecnologia na manutenção
O Marco Legal Ferroviário aprovado em 2021 permite à iniciativa privada projetar, construir e operar ferrovias no país mediante autorização federal. Mesmo depois de aprovado, ele segue sendo um tópico que permanece em alta entre os atores do setor ferroviário, que há anos pleiteiam mais atenção para esse modal de transporte.
Há um consenso que o transporte de cargas e passageiros sobre trilhos demanda uma ampliação de investimentos em infraestrutura para o equilíbrio da matriz de transportes do país e, consequentemente, o desenvolvimento econômico e social nas diversas regiões.
O analista legislativo do Senado, Leonardo Cezar Ribeiro, que assumiu no último dia 10 a recém-criada Secretaria de Transportes Ferroviários do Ministério dos Transportes, destacou a importância do modelo de autorizações e defendeu ser preciso avançar no campo infralegal, com regulamentações e aperfeiçoamentos necessários para tirar os investimentos do papel. “Avançar com segurança jurídica, previsibilidade e transparência, fazendo com que tenhamos uma governança alinhada às boas práticas”, disse.
O coordenador do Grupo de Trabalho do Plano Estadual Ferroviário do Governo Paraná, Luiz Henrique Fagundes avalia que a modalidade de autorização vai proporcionar um grande avanço no setor ferroviário nos próximos anos. Ele diz que alguns estados já estão seguindo o modelo federal a partir da lei que torna os investimentos ferroviários menos burocráticos e mais atrativos.
“O Paraná foi um dos primeiros a ter sua própria lei de autorização ferroviária e já temos empresas interessadas em solicitar trechos para operar no estado. Esse marco legal vai proporcionar um salto no crescimento do modal ferroviário no Brasil”, disse.
Redução do “Custo Brasil”
O presidente do Conselho Diretivo e diretor executivo da Associação Nacional das Ferrovias Autorizadas (ANFA), José Luis Vidal, já declarou que a implantação de novas ferrovias significa diminuir o “Custo Brasil”, relacionado à logística no transporte de cargas, e aumentar a eficiência. Ele declarou que as autorizações ferroviárias, de iniciativa e financiamento privado, além de altamente convergentes com as soluções ESG, são fundamentais para a necessária ampliação da participação ferroviária na matriz de transportes nacional.
Segundo Vidal, o modelo de autorizações tem um potencial de agregar um avanço real para o setor ferroviário. Atualmente, estão estimados investimentos de R$ 240 bilhões, nos próximos 10 anos, ou seja, quinze vezes mais do que os R$ 16 bilhões investidos no setor, nos últimos 10 anos.
Luiz Fagundes e José Vidal são convidados do Congresso NT Expo, que acontece de 28 de fevereiro a 2 de março no São Paulo Expo, em São Paulo, durante a 23ª edição da NT Expo – Negócios nos Trilhos. Os dois estarão no painel “As ferrovias autorizadas e o desenvolvimento do país”, no dia 28 de fevereiro, junto com o Superintendente de Transporte Ferroviário da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Ismael Trinks, e o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate.
O coordenador do Grupo de Trabalho do Plano Estadual Ferroviário do Governo Paraná também participa de um segundo painel, no dia 1º de março, sobre o projeto da Nova Ferroeste. Ele ressalta que estão sendo realizados alguns estudos adicionais solicitados pelo órgão que faz o licenciamento ambiental e que está sendo preparada uma série de roadshows em 2023.
A Nova Ferroeste amplia as duas pontas da atual Ferroeste, que opera entre os municípios de Cascavel e Guarapuava. Além de ligar Maracaju (MS) com o Porto de Paranaguá, dois ramais vão partir de Cascavel até Chapecó, em Santa Catarina, e Foz do Iguaçu, na fronteira com a Argentina e o Paraguai. Ao todo serão 1.567 quilômetros de trilhos que vão passar por 66 municípios nos três estados.
Serviço:
NT Expo – Negócios nos Trilhos – 23ª Edição
Data: De 28 de fevereiro a 2 de março de 2023.
Local: São Paulo Expo.
Horário: das 13 às 20h.
Valor - SP 24/02/2023
O contrato futuro do petróleo Brent para o mês de abril avançou 2%, negociado a US$ 82,21 o barril, e o WTI para abril subiu 1,95%, a US$ 75,39 o barril
Após seis sessões consecutivas registrando quedas, os contratos de petróleo encerraram a quinta-feira (23) em alta firme de 2%. Os ganhos vieram em meio às notícias de que a Rússia planeja reduzir suas exportações e, posteriormente, foram impulsionados pelos dados da segunda leitura do Produto Interno Bruto (PIB) e do índice de preços de gastos com consumo (PCE) dos Estados Unidos.
O contrato futuro do petróleo Brent para o mês de abril avançou 2% e foi negociado a US$ 82,21 o barril, na ICE, em Londres. A referência americana do West Texas Intermediate (WTI) para abril subiu 1,95%, a US$ 75,39 o barril, na Nymex.
A Rússia planeja um corte de até 25% das suas exportações pelos portos ocidentais em março, numa tentativa de elevar os preços do petróleo. Recentemente, o país anunciou um corte na oferta de 500 mil barris diário.
Os investidores também botaram na balança os dados do PIB americano, que foi revisado em baixa, de avanço de 2,9% na primeira leitura para alta de 2,7%, e do PCE, que passou de aumentos de 3,2% a 3,7%.
Os dados semanais de estoque também ficaram no radar e, embora tenham vindo fortes, não impediram os ganhos. Os estoques de petróleo nos EUA subiram 7,647 milhões de barris na semana encerrada na última sexta (17), a 479,041 milhões de barris, número bem acima da previsão de alta de 2 milhões de barris. Porém, os estoques de gasolina caíram 1,856 milhão de barris, a 240,066 milhões, contrariando a alta de 400 mil barris esperada.
“A demanda por gasolina claramente começou sua tendência de fortalecimento sazonal", disse Troy Vincent, analista sênior de mercado da DTN.
Petro Notícias - SP 24/02/2023
A Pré-Sal Petróleo (PPSA) anunciou hoje (23) os dados da produção anual da produção dos campos brasileiros sob o regime de partilha. Ao todo, foram produzidos 233 milhões de barris de petróleo por sete contratos – um volume quase quatro vezes maior na comparação com o ano anterior (62 milhões de barris). Do total produzido em 2022, cerca de 9,8 milhões de barris foram destinados à União.
Os campos de Búzios e Mero foram os principais produtores em 2022, com 152 milhões e 34 milhões de barris de petróleo, respectivamente. Juntos, responderam por 80% da produção total. Quando analisada a parcela da União, os dois campos também foram os que mais contribuíram, respondendo por 74% da produção.
A PPSA destacou ainda que a produção de gás natural teve igualmente um resultado expressivo em 2022. Foram disponibilizados para comercialização 602 milhões de metros cúbicos (m³), mais do que o triplo dos 187 milhões m³ de 2021. O Campo de Búzios foi o principal produtor, sendo responsável por mais da metade da produção (528 milhões m³). A União contou com 48 milhões m³. Mais de 80% do gás natural da União vem do contrato de Entorno do Sapinhoá.
Falando especificamente do desempenho no mês de dezembro, a produção média diária de petróle dos sete contratos foi de 761 mil barris, resultado 4% menor do que no período anterior. Já a produção do gás natural com aproveitamento comercial apresentou média de 1,9 milhão de m³/dia. A média diária de petróleo da União atingiu o valor recorde de 41,79 mil barris. Além disso, a União teve ainda direito a uma produção média de 127 mil m³/dia de gás natural.
Valor - SP 24/02/2023
Setor defende que processo de abertura do mercado siga em frente
A possibilidade aventada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em janeiro de que o Brasil venha a financiar parte da construção da segunda etapa do gasoduto Néstor Kirchner, na Argentina, reacendeu debates sobre o mercado doméstico de gás natural. No Brasil, as regulações desse setor passaram por atualizações nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro para atrair empresas privadas, com a redução da participação da Petrobras no mercado. Especialistas alertam para a importância de o país seguir com as definições regulatórias que são necessárias para cristalizar as novas regras e garantir a diversidade de investidores.
Há diversas ações previstas na agenda da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para o mercado de gás, como a revisão das regras para distribuição de gás natural liquefeito (GNL) e do gás natural comprimido (GNC), além da elaboração de uma resolução que regulamenta a interconexão de gasodutos de transporte.
As regras sobre comercialização e carregamento de gás também estão sendo revistas pela agência, para adequação às leis de abertura do mercado. A ANP também está elaborando as diretrizes para o acesso ao sistema de transporte de gás por diferentes agentes.
A venda de ativos da Petrobras e as mudanças regulatórias ajudaram a atrair novos grupos para as áreas de fornecimento, distribuição e transporte de gás, mas não concretizaram o “choque de energia barata” prometido pelo ex-ministro da Economia, Paulo Guedes.
A lei com as mudanças regulatórias foi aprovada no Congresso em março de 2021. As alterações visaram sobretudo dar uma maior dinâmica ao mercado livre, no qual os consumidores negociam diretamente com os fornecedores, mas diversos Estados também precisam harmonizar as regulações locais com as novas regras para viabilizar esses contratos.
O presidente da Associação de Empresas de Transporte de Gás Natural por Gasoduto (ATGás), Rogério Manso, diz que é importante dar continuidade à abertura para garantir a atração de recursos. “Os investimentos nessa área são de longo prazo, de até 30 anos para amortização. Os investidores têm uma preocupação grande em garantir que o ambiente de negócios seja previsível e estável.”
O governo Lula sinalizou que vai interromper a venda de ativos da Petrobras, mas não apontou alterações nas regras de abertura do setor de gás. Um dos questionamentos do mercado é o que vai ocorrer com a venda da parcela da estatal na Transportadora Brasileira Gasoduto Brasil-Bolívia (TBG), responsável pelo duto transnacional. O processo de desinvestimento entrou em fase vinculante em maio de 2021, mas desde então não houve atualizações.
Na época da construção do gasoduto que liga o Brasil à Bolívia, a Petrobras foi protagonista. Agora, com a abertura do mercado brasileiro, especialistas dizem que é improvável que a estatal tenha o mesmo papel no novo projeto de integração regional ambicionado pelo presidente Lula, pois empresas privadas podem ter interesse.
A ideia do governo Lula agora é que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ajude a financiar a construção do duto que liga as reservas de Vaca Muerta, na Patagônia, à região metropolitana de Buenos Aires. A iniciativa é mais um passo na conexão entre os mercados de gás de Brasil, Argentina e Bolívia, mas não garante a integração total. Vai ser necessário construir um duto Uruguaiana (RS) e Porto Alegre para a conexão do gás argentino com o Gasoduto Brasil-Bolívia e com o restante do mercado brasileiro.
Especialistas dizem que a entrada do gás argentino pode ajudar a ampliar a competição nesse setor. Para o sócio do escritório de advocacia Schmidt Valois e ex-diretor da ANP, Aurélio Amaral, a maior oferta de gás pode incentivar o aumento da demanda. “À medida que a molécula de gás fica mais barata, a demanda se concretiza.”
Já o consultor Roberto Guimarães, da RG Energy Consulting, a principal questão para que o mercado de gás brasileiro seja mais dinâmico é a falta de um consumo mais robusto, concentrado nas termelétricas e na indústria. “Não temos infraestrutura nem mercado consumidor.”
CNN Brasil - SP 24/02/2023
A produção de petróleo do Brasil subiu 5,9% em janeiro ante o mês anterior e registrou um recorde de 3,255 milhões de barris por dia (bpd), apontaram dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
O volume superou o recorde mensal anterior registrado em outubro, quando o país produziu média de 3,244 milhões de bpd.
O resultado representa ainda uma alta de 7,35% na comparação com janeiro de 2022, segundo dados da reguladora publicados na internet, mas ainda não divulgados à imprensa.
O gás natural produzido no país durante o mês passado, por sua vez, somou média de 142,785 milhões de metros cúbicos por dia (m3/d), um avanço de 1,89% ante dezembro e alta de 3,89% na comparação com um ano antes. O montante foi o maior desde o recorde registrado em outubro, de 148,75 milhões de m3/d.
Já a produção média de petróleo e gás foi de 4,153 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), maior volume desde o recorde registrado em outubro, de 4,18 milhões de boed. O montante ficou 5% acima de dezembro e 6,6% superior a janeiro de 2022.
Infomoney - SP 24/02/2023
Os estoques de petróleo nos Estados Unidos tiveram alta de 7,64 milhões de barris, a 479 milhões de barris, na semana encerrada em 17 de fevereiro, informou nesta quinta-feira, 23, o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) do país. Analistas consultados pelo The Wall Street Journal esperavam alta menor, de 2 milhões de barris.
Os estoques de gasolina caíram 1,86 milhão de barris, a 240,1 milhões de barris, enquanto a projeção era de alta de 400 mil. Já os de destilados subiram 2,7 milhões, a 121,9 milhões de barris, quando a previsão era de queda de 700 mil barris.
A taxa de utilização da capacidade das refinarias caiu de 86,5 na semana anterior para 85,9% na mais recente, contra expectativa de queda mais leve, a 86,4%.
Os estoques de petróleo no centro de distribuição de Cushing tiveram crescimento de 700 mil barris, a 40,4 milhões de barris. Já a produção média diária dos EUA se manteve estável em 12,3 milhões de barris no período.
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