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23 de Agosto de 2023

SIDERURGIA

Valor - SP   23/08/2023

Ao ritmo atual, a siderurgia chinesa fecharia o ano com produção recorde de 1,07 bilhão de toneladas de aço bruto, segundo a associação

Apesar de vir há um bom tempo com a economia desaquecida, levando a recuo no consumo interno de produtos siderúrgicos, a China mantém ritmo acelerado de produção de aço. Em julho, a siderurgia do país cresceu 11,5%, para 90,8 milhões de toneladas.

Os números são do boletim mensal da World Steel Association (WSA), que foi divulgado na manhã desta terça-feira (22) em Bruxelas. Os dados foram fornecidos por 63 países que se reportam à entidade do aço.

Conforme a WSA, no ano, de janeiro a julho, a China — maior produtor e consumidor global de produtos siderúrgicos — atingiu volume de 626, 5 milhões de toneladas de aço bruto. Isso representou crescimento de 2,5%.

Ao ritmo atual, a siderurgia chinesa fecharia o ano com produção de 1,07 bilhão de toneladas de aço bruto, volume recorde e bem superior ao que foi fabricado no ano passado, de pouco mais de 1 bilhão de toneladas.

Nesse cenário, com a demanda fraca no mercado doméstico — principalmente nos setores de construção imobiliária e de infraestrutura, grandes demandantes de aço —, o país vem elevando o ritmo de exportação de produtos siderúrgicos. Um dos mercados alvo é o brasileiro: das importações no ano, mais de 52% é de material oriundo da China.

Globalmente, segundo a WSA, a fabricação de aço bruto no mês passado alcançou 158,5 milhões de toneladas. O volume representou crescimento de 6,6% na comparação com um ano atrás.

No acumulado de sete meses, a produção atingiu 1,1 bilhão de toneladas, decréscimo de apenas 0,1% na comparação com mesmo período de 2022. Desse montante, a China respondeu por 57%.

Outro destaque entre os desempenhos de julho, no ranking dos dez maiores países fabricantes de aço, foi a Índia, que registrou crescimento de 14,3% na base de comparação anual, somando 11,5 milhões de toneladas no mês.

A indústria do aço da Turquia, após o impacto dos terremotos de fevereiro em parte de seu parque fabril siderúrgico, exibiu reação, com alta de 6,4%, e retomou a 8ª posição no ranking.

O Brasil, em nono lugar, voltou a destoar, com retração de 4,7%, para 2,7 milhões de toneladas. Um fator, além da demanda interna fraca e da baixa exportação, é a reforma do principal alto-forno da Usiminas, que vem ocorrendo desde abril e deve ser concluída ao final deste mês.

No ano, o país produziu 18,6 milhões de toneladas, recuo de 8,6%, conforme o relatório de julho da WSA divulgado hoje.

Representantes das siderúrgicas que atuam no país, conforme reportagem do Valor na segunda-feira (21), estão se mobilizando para levar ao governo propostas de medidas para conter a forte entrada de aço estrangeiro no mercado local, principalmente material chinês.

Infomoney - SP   23/08/2023

As ações de Vale (VALE3) e siderúrgicas registraram alta na sessão desta terça-feira (22) na esteira do avanço do minério de ferro, que ampliou seu rali nesta terça-feira, com o índice de referência de Cingapura atingindo o nível mais alto em mais de três semanas, sustentado por medidas de apoio para sustentar a recuperação econômica da China e sinais de aumento da demanda chinesa.

Os ativos VALE3 subiram 2,25%, a R$ 62,58, enquanto Usiminas (USIM5, R$ 6,93, +0,73%), Gerdau (GGBR4, R$ 25,19, +1,08%) e CSN (CSNA3, R$ 12,24, +0,66%) também registraram alta, ainda que bem mais amenas que as da mineradora. CSN Mineração (CMIN3), por sua vez, subiu 1,23%, a R$ 4,11.

O contrato de setembro mais ativo do ingrediente siderúrgico na Bolsa de Cingapura chegou a subir 3,4%, para US$ 111,05 a tonelada, uma máxima desde 27 de julho.

O minério de ferro mais negociado para janeiro na Dalian Commodity Exchange da China encerrou a negociação do dia com alta de 4,5%, a 805,50 iuanes (US$ 110,52) por tonelada, estendendo o rali para a nona sessão consecutiva.

“A implementação de medidas de política de flexibilização fiscal e monetária macro e micro-direcionadas em nível municipal e provincial parece estar de volta à moda e ganhando força”, disse Atilla Widnell, diretor administrativo da Navigate Commodities.

Widnell citou uma notícia dizendo que a China permitiu que 12 províncias e regiões emitissem 1,5 trilhão de iuanes em títulos especiais de financiamento, que ele disse que podem ajudar a melhorar o financiamento para projetos de construção e infraestrutura.
Os cortes nas taxas de juros pelo Banco Popular da China, juntamente com uma demanda de aço em recuperação lenta, também estimularam “choques de alta temporários”, disse ele.

“A elevada produção de gusa e o baixo estoque de minério de ferro nos portos sustentam os preços resilientes das matérias-primas no curto prazo”, disse a empresa de consultoria e dados da indústria Mysteel.

“Os agentes do mercado chinês esperam uma forte demanda doméstica (de aço) em setembro, que é a tradicional temporada de pico de demanda”, disse a Mysteel em sua perspectiva semanal.

Valor - SP   23/08/2023

O atual acordo trabalhista permite que o sindicato envie uma contra-proposta em até 45 dias

A U.S. Steel disse nesta terça-feira que qualquer potencial comprador da companhia terá que reconhecer o sindicato United Steelworkers (USW) como representante legítimo dos seus funcionários.

Em carta a funcionários divulgada por meio de um informe a mercado, o diretor-presidente, David Burritt, reiterou que o comprador vai ter que assumir todos os termos do atual acordo trabalhista.

O atual acordo trabalhista permite que a USW envie uma contra-proposta em até 45 dias. O sindicato também pode enviar proposta própria pela U.S. Steel, mas não pode vetar uma venda da empresa.

“É por conta do tremendo trabalho que nossos funcionários vêm desempenhando que estamos recebendo várias propostas pela nossa empresa”, disse Burritt, na carta. “O valor que vocês criaram está sendo reconhecido.”

Atualmente, a Cleveland-Cliffs e a Esmark brigam publicamente pela tradicional siderúrgica americana. A ArcelorMittal pensa em fazer uma oferta pela U.S. Steel, mas ainda não a oficializou.

ECONOMIA

Investing - SP   23/08/2023

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta terça-feira que o Brasil tem espaço para cortar a Selic sem tirar a taxa de juros de patamar restritivo, ao mesmo tempo que destacou a determinação da autarquia em perseguir a meta de inflação e ancorar as expectativas para os preços.

"O Brasil hoje tem espaço para começar esse ciclo de corte, mantendo a política monetária numa zona contracionista, e observando como vai se dar essa reancoragem total (das expectativas de inflação) e reafirmado a todo o momento no Copom o empenho em perseguir a meta de inflação", disse Galípolo em reunião do Conselho Superior de Economia (Cosec) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

No início de agosto, o BC reduziu a taxa básica de juros Selic em 0,50 ponto percentual, a 13,25% ao ano, em decisão que dividiu os membros de sua diretoria em 5 a 4 e marcou a primeira flexibilização na taxa básica de juros em três anos. Em comunicado, o colegiado sinalizou novos cortes da mesma magnitude à frente.

Segundo Galípolo, a divergência entre os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) em sua última reunião foi apenas sobre como iniciar o ciclo de corte de juros.

"A divergência do Copom é muito menor do que pode parecer ou que está sendo, muitas vezes, colocada, porque era uma divergência sobre como é que você iniciava o ciclo de cortes, com uma unanimidade sobre qual deveria ser a continuidade", afirmou o diretor nesta terça-feira.

No entanto, ele enfatizou que a redução da taxa Selic é recebida de forma diferente ao longo do tempo e de acordo com o mercado, com alguns setores sendo tão sensíveis a ponto de terem seus custos de financiamento impactados antes mesmo dos cortes feitos pelo BC.

"Essa redução das taxas de juros se dá de maneira diferente tanto ao longo do tempo, como também ao longo do mercado... Essa redução, antes mesmo do corte da Selic, já estava presente para um grupo de empresas. Porém, para um outro grupo grande, você não vai assistir essa mesma redução", disse.

Nesse sentido, Galípolo afirmou que a condução das políticas públicas brasileiras e da política monetária pelo BC deve caminhar em direção a permitir maior "perenidade" do afrouxamento monetário e do crescimento econômico de longo prazo.

MERCADO DE CÂMBIO

Após uma alta de cerca de 3,6% do dólar frente ao real desde que o Copom cortou a taxa Selic, no início deste mês, Galípolo disse que a recente depreciação da taxa de câmbio está mais ligada a fatores globais.

"Imediatamente após o Copom, vimos o real perder valor perante o dólar. A gente viu algumas interpretações legítimas que associaram à decisão do Copom, o que foi gradativamente perdendo força, porque ao olhar para as outras moedas a gente via que esse era um movimento global", disse ele nesta terça-feira.

O dólar encerrou a sessão de segunda-feira em 4,9792 reais na venda, bem acima do nível de 4,8051 registrado no dia em que a Selic foi cortada a 13,25%. O dólar tende a se valorizar quando há redução no diferencial de juros entre o Brasil e outras economias, já que isso torna a rentabilidade da divisa local menos atraente.

Ao mesmo tempo, de fato o cenário externo tem se mostrado adverso, com preocupações sobre o crescimento econômico da China e a disparada dos rendimentos dos títulos soberanos dos Estados Unidos derrubando várias divisas emergentes, não apenas o real.

"A questão da volatilidade do câmbio aflige todos os emergentes. O Brasil às vezes sofre um pouco mais pelo fato da profundidade e liquidez que o real oferece entre os emergentes", avaliou Galípolo.

Segundo o diretor, o Banco Central tenta atenuar esse tipo de volatilidade com seus tradicionais instrumentos de política cambial, como os leilões diários de swaps. Ele destacou que há as reservas também. "Ainda que você não as use, é um tema muito relevante para você poder ter linhas de defesa que sinalizam para o mercado uma robustez", disse Galípolo.

Para além de seus diários e planejados leilões de rolagem de swap, faz tempo que o BC não intervém no mercado de câmbio. Desde janeiro deste ano a autarquia não realiza leilões de linha -- ou a venda de moeda estrangeira conjugada com compromisso de recompra --, e a última vez que vendeu dólares de suas reservas no mercado à vista foi em abril de 2022.

CNN Brasil - SP   23/08/2023

A secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, visitará a China entre os dias 27 e 30 de agosto, num momento em que a segunda maior economia do mundo enfrenta dificuldades para se recuperar.

A economia chinesa tem apresentado um crescimento lento. Economistas e analistas de mercado temem que a crise se espalhe além das fronteiras do país.

A viagem diplomática também tem objetivo de suavizar a relação entre Pequim e Washington, em momento delicado entre o Governo Biden com a China e seus líderes.
Economia em ‘gelo fino’

Os preços ao consumidor na China estão caindo, a crise imobiliária está se aprofundando, as exportações estão caindo, o desemprego juvenil está em um nível recorde e o mercado de ações de Hong Kong caiu mais de 20% desde o pico de janeiro.

Além disso, na semana passada, o yuan caiu para o nível mais baixo em 16 anos.

Esses fatores poderiam ajudar a controlar a inflação nos Estados Unidos, contudo, a fraqueza da segunda maior economia do mundo aumenta o risco de uma recessão.

As autoridades chinesas estão tentando conter a situação com estímulos, seja reduzindo as taxas de juros ou tentando fortalecer o mercado imobiliário.

Para os economistas, o governo do presidente Xi Jinping não foi longe o suficiente, e sua intervenção carece da força do programa de estímulo que ajudou a economia da China a se recuperar da crise financeira global de 2008.

Apesar da tentativa de promover impulsos, o país do leste asiático continua a pressionar as empresas americanas e estrangeiras que fazem negócios no país.
EUA X China

Além disso, Pequim está na mira das preocupações de governos estrangeiros. Os esforços da China com tecnologias de IA e vigilância incomodam, principalmente, os Estados Unidos por questões de segurança nacional.

A viagem da secretária de Comércio a Pequim e Xangai seguirá visitas recentes de vários outros funcionários do Governo Biden, incluindo o secretário de Estado Antony Blinken, a secretária do Tesouro Janet Yellen e o enviado especial dos EUA para mudanças climáticas John Kerry.

Em novembro de 2022, o próprio presidente Joe Biden esteve reunido com Xi na Indonésia, antes da cúpula do G20.

“A secretária Raimondo espera discussões construtivas sobre questões relacionadas à relação comercial EUA-China, desafios enfrentados pelas empresas dos EUA e áreas de cooperação potencial”, afirmou em anúncio o Departamento do Comércio na terça-feira (22).

Segundo o departamento, Raimondo se reunirá com altos funcionários do governo chinês e líderes empresariais dos EUA.

Juntamente com o Departamento do Tesouro e o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos, o Departamento de Comércio de Raimondo ajuda a definir a política comercial global do país – um ponto crítico nas relações EUA-China desde que a administração Trump aumentou as tarifas de produtos provenientes da China.
Manutenção do diálogo

Em visitas anteriores, outros funcionários do governo Biden pretendiam reabrir as linhas de comunicação e aliviar as tensões que aumentaram entre os dois países nos últimos anos.

O Governo Biden disse que deseja manter o diálogo com a China para evitar que a competição se transforme em conflito.

No entanto, ambos os países continuam a corroer os laços econômicos vitais que conectam as duas maiores economias do mundo.

No início de agosto, a Casa Branca detalhou novas regras que limitam os investimentos dos EUA em indústrias de tecnologia avançada na China, incluindo a fabricação de chips.

Do outro lado, Pequim tem demonstrado crescente desconfiança em relação a empresas estrangeiras, mesmo quando vários altos funcionários se propuseram a investir na China em meio a desaceleração econômica.

Na última terça-feira, a China multou o Mintz Group, uma empresa americana de due diligence corporativa, em cerca de US$ 1,5 milhão (R$ 7,47 milhões) por supostamente realizar trabalho estatístico não aprovado no país.

No final de abril, Pequim endureceu sua lei anti-espionagem e ampliou a lista de atividades consideradas suspeitas, aumentando os riscos para empresas internacionais.

A visita de Raimondo também ocorre logo após a revelação de que hackers baseados na China se infiltraram nos e-mails da secretária de Comércio.

IstoÉ Dinheiro - SP   23/08/2023

O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta terça-feira, 22, que a reancoragem parcial das expectativas de inflação criou espaço para o início da redução da taxa de juros nominal, mantendo a taxa de juros real em terreno contracionista.

Galípolo citou, entre os vetores que envolveram essa reancoragem, a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre a meta de inflação. “Existia uma discussão sobre o quanto a discussão do CMN iria promover reancoragem ou não, e em qual patamar.”

O diretor frisou que o Brasil, hoje, tem espaço para começar o ciclo de corte, mantendo a política monetária em zona contracionista.

Ele emendou que esse processo será feito observando como será feita reancoragem total, e reafirmando a todo momento o empenho do BC em perseguir a meta de inflação.

Harmonia

Ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Galípolo afirmou também que o desafio inicial da pasta no começo do atual governo Lula era criar uma harmonia entre a política fiscal e monetária capaz de propiciar um cenário em que a taxa de juros pudesse estar em nível mais profícuo para o desenvolvimento econômico e social. “Durante muito tempo o Brasil teve em sua história uma prática de política monetária e fiscal em direções meio que opostas”, disse.

O diretor acrescentou que esse não é um problema de um governo “A ou B”, mas relacionado a questões estruturais.

Galípolo defendeu que as medidas de recomposição de base de arrecadação, anunciadas pelo governo, foram recebidas com um grau legítimo de ceticismo – com alegações de que estariam seguindo por um caminho difícil, mas não errado. O diretor do BC frisou que a Fazenda optou por seguir esse caminho difícil e trazer para a discussão da sociedade, em grande parte, medidas associadas a gastos tributários.

“As medidas anunciadas ao longo do primeiro semestre são quase medidas de conformidade, partindo do pressuposto da Fazenda de que não cabe ao economista querer impor à sociedade qual caminho e direção ela quer tomar, é uma decisão que cabe à democracia”, afirmou o diretor do BC. “O que cabe ao economista é esclarecer as alternativas que existem e quais as consequências de cada uma delas.”

Galípolo disse na sequência que, com ajuda do Legislativo e do Judiciário, foi possível gradativamente diminuir o grau de ceticismo em torno dessas medidas e isso tem se refletido nos preços de ativos.

Importância de Pacheco e Lira

O diretor ainda afirmou que os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foram essenciais para que o governo tivesse viabilidade.

Galípolo frisou que a transição entre governos não foi tranquila e que a viabilidade atual do governo se deve, muito, ao papel desempenhado pelo Legislativo ao aprovar a PEC de Transição.

“A PEC da Transição garantiu os recursos necessários não só aos programas sociais, mas para o próprio funcionamento do Estado”, afirmou o diretor do BC.

Galípolo defendeu que o valor da PEC reflete a escola que a sociedade brasileira fez. “Boa parte dos programas sociais que estão aí estavam presentes nas plataformas dos dois candidatos que estavam no segundo turno”, disse, em referência ao presidente Lula e ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ao falar sobre a escolha da sociedade, Galípolo também parafraseou um dito de Lula durante a campanha: “Colocar o pobre no orçamento e o super rico no imposto.”

Monitor Digital - RJ   23/08/2023

Os dados referentes à balança comercial de julho surpreenderam negativamente, intensificando a percepção de enfraquecimento na atividade econômica. As exportações sofreram uma queda de 14,5% em julho, contrastando com a expectativa de -13,2% a/a e -12,4% a/a registrados em junho.

As importações também apresentaram uma surpresa negativa, com uma diminuição de 12,4% em relação à expectativa consensual da Bloomberg de -5,6% a/a, bem como em relação à queda de -6,8% a/a registrada em junho. A magnitude ainda maior da surpresa nas importações reflete um enfraquecimento da demanda interna, influenciado pela baixa confiança tanto de empresários quanto de consumidores. O ritmo de declínio nas exportações foi o mais acentuado desde o início da pandemia, em 2020, e a queda nas importações foi a maior desde janeiro deste ano, quando os impactos da Covid-19 levaram ao fechamento de lojas e fábricas.

A persistência de surpresas desfavoráveis pressiona o governo chinês a anunciar medidas mais concretas de estímulo e incentivos para os governos regionais.
O que está por vir?

Brasil – O IBC-Br apresentou alta de 0,6% m/m (a.s.) em junho, acima da mediana do mercado (+0,5% m/m a.s.). Na variação anual, o IBC-Br registrou alta de 2,1% a/a, acima do consenso (+1,8% a/a), após leitura de 2,1% a/a em maio.
Espaço Publicitário

Estados Unidos – As vendas no varejo de julho deverão registrar mais um mês de consumo real de bens. A previsão é de um aumento nominal de 0,4% m/m tanto para o varejo ampliado quanto para o núcleo.

A aceleração do índice no mês será catalisada pelo Amazon Prime Day, que deve puxar o grupo de vendas online e sustentar o crescimento do consumo de bens.

Apesar da retomada nos últimos meses, o aumento dos preços dos combustíveis deve reduzir a renda real das famílias, e o impacto do mais difícil acesso ao crédito deve reprimir o consumo de bens.

Após uma queda de -0,5% m/m em junho, espera-se uma recuperação na produção industrial em julho, com um aumento previsto de 0,3% m/m. Esse aumento é impulsionado pelo intenso calor nos EUA ao longo do mês, o qual impactou o consumo de energia e deve ter impulsionado o setor de serviços públicos.

Também teremos a divulgação da ATA da última reunião do FOMC, que poderá fornecer mais sinais sobre a condução da política monetária nos Estados Unidos.

China – Os primeiros indicadores de atividade econômica do segundo semestre não devem apontar para um progresso significativo no ritmo de crescimento, dada a ausência de estímulos mais claros por parte do governo chinês. Nesse sentido, é esperado que a variação anual da produção industrial desacelere de 4,4% a/a para 4,3% a/a. Em relação às vendas no varejo, espera-se uma melhora do dado anual, passando de 3,1% a/a para 4,2% a/a.

A possibilidade de novas surpresas negativas nos índices de atividade econômica pode pressionar o governo chinês a anunciar mais medidas de estímulo, além de potencialmente resultar em uma revisão para baixo da mediana das expectativas de crescimento para 2023.

Zona do Euro – Teremos a divulgação do PIB do 2T23. A leitura preliminar indicou que, após dois trimestres consecutivos de queda, o PIB do 2T voltou a apresentar um crescimento positivo de 0,3% t/t, superando as expectativas de 0,2% t/t. Entre os países da Zona do Euro, as tendências de crescimento têm se mostrado heterogêneas, com a Itália registrando queda de -0,3% t/t, a Alemanha mantendo estabilidade após um declínio de -0,1% t/t no primeiro trimestre, e a Espanha e a França crescendo 0,5% t/t.

Também será divulgada a leitura completa da inflação ao consumidor do mês de julho, na qual poderemos obter mais detalhes sobre a surpresa altista observada no núcleo da inflação na leitura preliminar.

A prévia do núcleo do CPI manteve-se em 5,5% a/a, ante a expectativa de leve arrefecimento para 5,4%, reforçando a persistência dos itens menos voláteis da inflação. A inflação de serviços avançou de 5,4% a/a para 5,6% a/a, atingindo o maior patamar da série histórica, enquanto o componente de bens continuou em sua tendência de queda e recuou de 5,5% a/a para 5,0% a/a. O headline veio em linha com as expectativas, desacelerando de 5,5% a/a para 5,3% a/a em julho, com arrefecimento em Energia (-6,1% a/a) e Alimentos (10,8% a/a).

Investing - SP   23/08/2023

Os economistas-chefe de alguns dos principais bancos com atuação no país indicaram nesta terça-feira que o resultado fiscal do Brasil e o crescimento menor da economia da China são fatores que preocupam no atual cenário econômico brasileiro.

Em evento promovido pelo Santander (BVMF:SANB11) em São Paulo, o economista-chefe do BTG Pactual (BVMF:BPAC11), Mansueto Almeida, afirmou que o mercado financeiro hoje não acredita que o governo vai entregar as metas fiscais estabelecidas para os próximos anos.

Atualmente, o governo persegue déficit fiscal de 100 bilhões de reais em 2023 e resultado primário zero para 2024. Para 2025 e 2026, as expectativas são de superávit fiscal de 50 bilhões de reais e de 100 bilhões de reais, respectivamente.

“Seria um ajuste de 200 bilhões de reais em três anos. Se o governo conseguir isso, a dívida vai crescer devagar”, pontuou Mansueto, acrescentando que, ainda assim, a dívida bruta aumentaria no período.

No debate, o economista-chefe do Bradesco (BVMF:BBDC4), Fernando Honorato, disse que a estimativa da instituição é de que a dívida bruta brasileira crescerá 10% até o fim do governo Lula.

“Não conheço um economista que esteja projetando déficit zero no ano que vem. Como vai se dar isso? Vai chegar um dia em que o governo vai mudar a meta?”, questionou.

Em entrevistas recentes, os próprios representantes do governo têm afirmado que alcançar o déficit de 100 bilhões de reais este ano será uma tarefa difícil, mas o valor segue servindo de parâmetro para este ano, assim como o resultado primário zero segue como a referência para o próximo ano.

“No curto prazo, tenho muita dúvida sobre como o governo vai fechar o orçamento do ano que vem. A meta de déficit zero é muito difícil”, avaliou Cassiana Fernandez, economista-chefe do JP Morgan. Ao mesmo tempo, segundo ela, se o governo voltar atrás na meta, o impacto nos mercados seria ruim.

Mais cedo, o presidente do BTG Pactual, Roberto Sallouti, disse que está "um pouco preocupado" com o cenário fiscal do Brasil, em sua visão muito dependente do aumento da arrecadação.
China

Ao avaliarem o cenário externos, os economistas citaram preocupações com o futuro da política monetária nos Estados Unidos, em meio às dúvidas sobre se o Federal Reserve elevará sua taxa de juros mais uma vez ainda em 2023.

Porém, mais que os EUA, a China é o principal foco de preocupação. Nas últimas semanas, uma série de dados e notícias vindas do gigante asiático impactaram negativamente os mercados globais.

“Tem tirado um pouco nosso sono a China. Os EUA também, mas a situação é um pouco mais positiva”, comentou Honorato, do Bradesco. Segundo ele, a “sorte” é que o mundo vive hoje em um ambiente de juros elevados e, caso haja um colapso da China, haveria espaço para as economias atuarem.

Para Mansueto, a China não pode enfrentar três ou quatro anos de crescimento baixo, porque o país carece de programas sociais.

“A China não tem grandes programas sociais. Se este país para de crescer, pode colocar em risco o próprio sistema chinês. O que a gente não consegue entender é por que o governo está tão reticente em apoiar de forma mais firme o crescimento”, disse Mansueto.

Recentemente, o próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, expressou preocupações quanto ao crescimento da China -- importante comprador de produtos brasileiros, em especial commodities agrícolas.

Jornal de Brasília - DF   23/08/2023

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) obteve aval do Congresso Nacional nesta terça-feira (22) para enterrar o teto de gastos, criado há mais de seis anos, e implementar o novo arcabouço fiscal -uma nova regra para as contas públicas que prevê o crescimento das despesas acima da inflação.

Na nova votação da Câmara dos Deputados, o governo conseguiu apoio de 379 deputados, em uma votação, e 423, em outra. Isso é suficiente para aprovar uma PEC (proposta de emenda à Constituição), cujo mínimo é 308 votos.

Agora o plenário ainda precisa analisar os destaques, que podem alterar trechos do texto. Mas a expectativa é que nenhuma mudança seja aprovada e o projeto siga para sanção.

A nova regra foi desenhada com a promessa de garantir mais recursos para políticas públicas e ao mesmo tempo reequilibrar gradualmente as contas do governo, que entraram no vermelho em 2014 -e, desde então, só exibiram resultado positivo em 2022.

A proposta determina que as despesas federais vão crescer todo ano de 0,6% a 2,5% em termos reais (além da inflação). O percentual vai variar dentro desse intervalo de forma proporcional às receitas obtidas pelo governo -ou seja, quanto maior tiver sido a arrecadação, mais será possível gastar.

O texto já havia sido aprovado pela Câmara em maio e retornou à Casa após certos pontos terem sido modificados pelo Senado. Agora, ele segue para sanção e, uma vez assinado por Lula, dará fim ao bloqueio de crescimento de gastos criado no fim de 2016 por Michel Temer (MDB).

Na versão final, os deputados descartaram algumas alterações feitas pelos senadores e retomaram parte da redação que havia sido previamente aprovada por eles em maio, que torna as regras do arcabouço mais rígidas do que o texto original do governo.

No desenho aprovado pela Câmara, ficam fora das limitações gerais o Fundeb (Fundo de Manutenção da Educação Básica) e o FCDF (Fundo Constitucional do Distrito Federal). Os deputados recolocaram as despesas com ciência, tecnologia e inovação dentro das regras fiscais.

Quando o texto passou pela Câmara pela primeira vez, Fundeb e Fundo do DF estavam dentro dos limites do arcabouço. O plenário da Casa, portanto, acatou a mudança feita pelo Senado.

As alterações no Senado forçaram que a proposta passasse mais uma vez pela Câmara e o deputado Cláudio Cajado (PP-BA), que já havia sido responsável pelo relatório na primeira aprovação na Casa, negociou com o governo a versão final.

A Câmara também rejeitou uma proposta do governo que permitia ao Executivo enviar o PLOA (projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2024 com cerca de R$ 32 bilhões em despesas condicionadas à aprovação de um crédito suplementar, para incorporar o efeito da inflação maior ao fim do ano sobre o limite para gastos.

O dispositivo havia sido fruto de uma solução costurada pela ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) para evitar o corte que poderia comprometer projetos do novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Essa saída foi sugerida após uma manobra da equipe econômica no texto ter sido desmontada.

Inicialmente, o governo havia proposto que o limite de despesas do novo arcabouço fiscal seria atualizado pela inflação calculada de janeiro a dezembro do ano anterior -o que daria um espaço extra para os gastos em 2024, já que o IPCA do encerramento deste ano deve vir maior do que o observado em junho.

Com isso, o governo repetiria uma manobra feita pelo então ministro Paulo Guedes (Economia) durante a gestão Bolsonaro.

Diante da resistência ao dispositivo nas discussões do arcabouço, o governo fez uma alteração no PLDO (projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2024 e colocou uma autorização para incluir no Orçamento despesas condicionadas à aprovação de um crédito suplementar no ano que vem, em valor equivalente ao efeito da inflação maior esperada até o fim deste ano.

Técnicos do governo dizem que isso é suficiente para o projeto de Orçamento já ser apresentado considerando as despesas condicionadas. A peça orçamentária tem que ser enviada até 31 de agosto.

Com a palavra final da Câmara, o projeto do novo arcabouço fiscal segue para a sanção da Presidência da República e, assim que assinado, coloca fim definitivo à era do teto de gastos. Lula cumpre, assim, uma promessa de campanha e consegue tirar do caminho o que poderia ser um dos principais obstáculos para seu governo: o bloqueio do crescimento real das despesas federais implementado por Temer em 2016.

Em dezembro de 2022, após a vitória do petista nas urnas -mas ainda antes de sua posse-, Lula teve que articular uma PEC para liberar recursos para programas como o Bolsa Família e o Farmácia Popular. Foram R$ 168 bilhões extras para usar em 2023, mas o Congresso não deixou o instrumento ser usado em outro ano -o que pressionou a equipe econômica a concluir o desenho do novo arcabouço.

O saldo final da nova regra fiscal é positivo para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que realizou uma série de agendas com parlamentares durante o primeiro semestre para a elaboração da proposta.

Ao longo da negociação, o ex-prefeito de São Paulo acumulou avaliações positivas de deputados e senadores. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chegou a sugerir a Lula que Haddad virasse ministro da Casa Civil. Recentemente, no entanto, os dois tiveram um atrito após o titular da pasta ter falado que a Câmara tem “poder muito grande”.

A equipe econômica espera que o avanço da nova regra fiscal contribua para reduzir as incertezas do mercado financeiro em relação ao futuro das contas públicas, embora ainda haja desconfiança quanto à execução da nova regra, excessivamente dependente de novas receitas.

Para zerar o déficit primário (que desconsidera as despesas com juros), o governo calcular precisar de R$ 130 bilhões em arrecadação extra apenas para 2024.
COMO FUNCIONA O NOVO ARCABOUÇO

O novo marco combina metas de resultado primário (obtido a partir da diferença entre receitas e despesas) com um limite de crescimento para gastos mais flexível do que o do teto. Os princípios foram defendidos por Haddad e sua equipe a despeito de resistências dentro do próprio PT, já que uma ala do partido queria uma regra fiscal mais branda.

Pela regra aprovada, o crescimento real do limite de gasto do ano seguinte deve equivaler a 70% da variação da receita em 12 meses acumulados até junho do ano anterior, já descontada a inflação, desde que respeitado o intervalo de 0,6% a 2,5%. Na prática, esses são o piso e o teto de avanço das despesas, independentemente do quadro econômico do país.

Além disso, o governo precisa cumprir uma meta de resultado primário. O objetivo para o ano que vem é zerar o déficit em 2024 e chegar a um superávit de 1% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2026 -metas tidas como ambiciosas por economistas de mercado, que ainda veem com cautela a capacidade da Fazenda de honrar esses compromissos.

Pela regra, caso a meta seja descumprida, a proporção de alta das despesas em relação à arrecadação cai a 50%, até a retomada da trajetória de resultados dentro do esperado.

O texto também manteve os gatilhos automáticos para ajustar as despesas em caso de estouro da meta de primário. Entre as medidas estão a proibição de concursos públicos e de aumentos para servidores.

A política de valorização do salário mínimo, porém, ficará blindada desses mecanismos, a pedido de Lula.

O texto ainda obriga o governo a contingenciar despesas, caso haja frustração de receitas ou aumento de outros gastos que ameace o cumprimento da meta fiscal no exercício. Esta seria uma medida prudencial adotada pelo gestor para tentar evitar o estouro da meta.

Inicialmente, o governo queria que a adoção dessa providência fosse opcional, numa flexibilização em relação ao que manda a versão atual da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal). O Congresso não aceitou essa proposta e restabeleceu o contingenciamento, mas estipulou um limite de 25% do valor previsto no Orçamento para as despesas discricionárias –que incluem custeio e investimentos.

A proposta determina que o contingenciamento precisa ser proporcional entre as diferentes rubricas. Na prática, isso evita que o aperto recaia apenas sobre os investimentos, como já ocorreu no passado.

IstoÉ Online - SP   23/08/2023

O dólar à vista experimentou um recuo mais firme na sessão desta terça-feira, 22, voltando a fechar abaixo de R$ 4,95 pela primeira vez desde o último dia 11. Segundo operadores, houve um movimento de realização de lucros e ajuste de posições no mercado futuro, embalado pelo avanço das commodities metálicas, como minério de ferro, e pelo recuo das taxas dos Treasuries de 10 e 30 anos, que na segunda-feira, 21, haviam atingindo o maior nível desde 2007. Apetite por ações locais muito descontadas, que levaram o Ibovespa a subir mais de 1%, e a perspectiva de votação final do arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados ainda nesta terça contribuíram para a apreciação do real.

Em baixa desde a abertura do pregão e com mínima a R$ 4,9265 pela manhã, o dólar à vista encerrou o dia em baixa de 0,76%, cotado a R$ 4,9407. Com isso, a moeda passou a apresentar queda de 0,55% nas duas primeiras sessões desta semana, diminuindo a valorização em agosto, que chegou a se aproximar de 6%, para 4,47%.

A liquidez foi mais uma vez reduzida, o que sugere falta de apetite por apostas mais contundentes. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para agosto movimentou menos de US$ 10 bilhões.

“O dólar já subiu bastante no mês e, com essa recuperação de parte das commodities, o mercado ficou mais propício para venda e realização. E também temos uma alta do Ibovespa, provavelmente com entrada de estrangeiro”, afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, para quem “tecnicamente” o dólar tem espaço para voltar para o nível de R$ 4,85.

No exterior, o índice DXY avançava no fim da tarde, operando ao redor dos 103,500 pontos, graças aos ganhos do dólar em relação ao euro. Em relação aos principais pares do real, caía ante os pesos chileno e mexicano e o rand sul-africano, mas subia frente ao peso colombiano. Apesar da decepção na segunda-feira com o nível de corte de juros na China, o contrato futuro de minério de ferro mais negociado em Dailan subiu mais de 4%.

À espera do discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole, na sexta-feira, 25, investidores digeriram nesta terça alerta do presidente do Fede de Richmond, Thomas Barkin, sobre a possibilidade de que “a inflação permaneça alta”, uma vez que dados recentes sugerem “reaceleração” da economia americana além do previsto “há três ou quatro meses”.

A leitura é a de que pode haver aperto adicional da política monetária. Enquanto as taxas dos Treasuries longos caíam, o retorno da T-note de 2 anos – mais ligado às apostas para o nível dos Fed Funds – subiu e voltou a superar 5%.

Por aqui, as atenções estão voltadas para a agenda econômica no Congresso. O projeto de lei do novo arcabouço fiscal entrou na pauta de votações da sessão desta terça da Câmara dos Deputados.

O relator do projeto, deputado Cláudio Cajado (PP-AL), afirmou que deve retirar do texto a emenda feita no Senado sobre as chamadas despesas condicionadas, que dependem de aval de parlamentares para serem executadas e cujo valor é estimado em R$ 32 bilhões no orçamento de 2024. Fora da versão final do arcabouço, as despesas condicionadas devem ser contempladas no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Para o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, as dúvidas sobre a capacidade de cumprimento das metas de resultado primário, calcadas no aumento da receita, dão certa rigidez ao dólar no mercado doméstico. “As resistências no Legislativo são significativas em relação às tentativas do governo de aumentar arrecadação com projetos de tributação de fundos offshore a aplicações no exterior. A aprovação do arcabouço nesta semana não garante o cumprimento das metas fiscais em 2023 e 2024”, afirma Velho.

Investing - SP   23/08/2023

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, deve fornecer novas pistas sobre o rumo da política monetária dos EUA nesta semana, mas, ainda que seus comentários não tenham o mesmo tom de “dor” do ano passado, a expectativa do Goldman Sachs é que o chefe do banco central americano cogite a ideia de juros mais altos por mais tempo.

O pronunciamento de Powell deve enfatizar a ideia de “concluir o trabalho”, na avaliação dos estrategistas do banco de Wall Street, mas isso ainda significa uma economia com um crescimento abaixo do potencial e uma inflação com uma trajetória clara e sustentável de queda.

Para concluir o trabalho em relação à inflação, o Fed também pode ter de elevar a taxa de juros de longo prazo ou neutra, isto é, aquela que nem estimula nem freia o crescimento econômico, apontando para uma trajetória de alta para os juros no futuro.

Uma eventual mudança na visão sobre a taxa neutra merece atenção, como aponta o Morgan Stanley, pois isso implicaria uma alteração na trajetória esperada para a política monetária e, consequentemente, para a curva de juros como um todo.
Mercado de títulos teme comentários de Powell sobre juro neutro mais alto

Os mercados de títulos, porém, não estão aguardando no escuro pelos novos comentários de Powell. Eles parecem estar se antecipando a uma postura mais “hawkish”, ou rígida, da política monetária, com taxas mais altas por um período prolongado, à medida que caem as expectativas de cortes de juros no início do ano.

A taxa do título de 10 anos do Tesouro americano alcançou seu patamar mais alto desde 2007 na segunda-feira, com o aumento dos temores de que Powell possa aventar a possibilidade de uma taxa neutra mais elevada.

Em junho, as autoridades monetárias projetaram uma estimativa mediana da taxa neutra de juros de 2,5%, implicando uma taxa de juro real (o chamado “r*” ou “r-estrela”, obtido pela subtração da inflação de 2% do Fed) de 0,5%.

“Em termos conceituais, se a taxa básica estiver acima do r*, a política monetária está desacelerando a economia, e se a taxa básica estiver abaixo do r*, está estimulando a economia”, afirmou o Morgan Stanley em uma nota.

Essa taxa real de juro neutro não mudou desde 2019 e, após a retomada econômica pós-covid, menos sensível a juros, alguns têm defendido uma taxa neutra mais alta para tornar a política monetária restritiva, ajudando a conter o crescimento e a inflação.

“As famílias estão em boa condição, com bastante excesso de poupança e bom cenário de emprego, o que faz com que a economia seja menos sensível aos juros, já que o investimento não vem de endividamento”, declarou Phillip Colmar, estrategista global da MRB Partners, em uma entrevista a Yasin Ebrahim, do Investing.com, no mês passado.

“Este não é um ciclo impulsionado pelo crédito, então é necessário um custo de capital mais alto para sufocar a economia”, acrescentou Colmar.
Powell quer controlar apostas em “virada” da política monetária, mas reconhece progresso com a inflação

O conjunto recente de dados, incluindo um aumento mais forte nas vendas do varejo em julho, mostrando que o consumo segue firme, indica que não há “muita justificativa” para que Powell adote uma postura mais “dovish”, ou flexível, no simpósio de Jackson Hole, declarou o MUFG em uma nota.

Embora aqueles que defendem cortes de juros mais cedo não sejam tão numerosos e vocais como nos últimos meses, há aspectos positivos que o presidente do Fed deve enfatizar quando assumir o centro do palco na manhã de sexta-feira.

Ao contrário do que aconteceu há um ano, quando o presidente do Fed alertou que taxas de juros mais altas causarão “alguma dor” para o consumidor, o Goldman Sachs afirma que o cenário atual é muito mais tranquilizador e um "pouso suave parece mais plausível agora do que em qualquer momento ao longo do último ano".

MINERAÇÃO

Money Times - SP   23/08/2023

O minério de ferro ampliou os ganhos nesta terça-feira (22), com o índice de referência de Cingapura atingindo o nível mais alto em mais de três semanas. As medidas de apoio para sustentar a recuperação econômica da China auxiliam o avanço do minério.

O contrato de setembro mais ativo na Bolsa de Cingapura chegou a subir 3,4%, para US$ 111,05 a tonelada. Com isso, o preço atingiu a máxima desde 27 de julho.

O minério de ferro mais negociado para janeiro na Dalian Commodity Exchange da China encerrou a negociação do dia com alta de 4,5%, a US$ 110,52 por tonelada, estendendo o rali para a nona sessão consecutiva.

Além dos estímulos de apoio na China,  os cortes nas taxas de juros pelo Banco Popular da China, também influenciam a alta do minério de ferro, aponta Atilla Widnell, diretor administrativo da Navigate Commodities.

No Brasil, apesar da alta do minério, as ações de Vale (VALE3) não ganharam fôlego. Nesta terça-feira (21) com o ativo na máxima em três semanas, a Vale continuou a R$ 61, patamar que vem mantendo nos últimos seis pregões.

Diário do Comércio - MG   23/08/2023

A Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (Amig) e representantes de 28 cidades iniciaram mais uma campanha para cobrar o pagamento da dívida de R$ 2,4 bilhões da Vale S/A. O valor é referente ao não recolhimento devido da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem). Ao longo de 40 dias, prazo iniciado ontem, serão feitas manifestações em frente a prédios públicos, em Brasília, e em Minas Gerais.

O objetivo dos representantes dos municípios mineradores é apresentar as demandas aos parlamentares do Congresso Nacional e mobilizar a sociedade por meio das redes sociais e mídias digitais, rádios e jornais. A iniciativa também será realizada em Belo Horizonte, nos dias 28 e 29 de agosto.

De acordo com o consultor de Relações Institucionais e Econômicas da Amig, Waldir Salvador de Oliveira, a dívida cobrada da Vale S/A é oriunda de uma fiscalização ocorrida em 2005, e que se refere aos anos de 1996 até 2005.

“Daqui a três anos, considerando o início do período apurado, a dívida da Vale S/A completa 30 anos. É uma vergonha para quem tem uma dívida com o País, com o Estado e com os municípios, já que o valor da Cfem é dividido entre os três. Com os resultados espetaculares que a Vale tem, não tinha necessidade dela apelar para esse subterfúgio”.

Segundo a Amig, a dívida reclamada pelos municípios mineradores foi gerada pelo não pagamento dos royalties da mineração por parte da Vale S/A por um período de quase 20 anos de exploração. A mineradora deveria pagar a Cfem à gestão municipal dos territórios de onde ela extrai os minérios.

Oliveira explica que o não pagamento interfere na prestação de serviços públicos. Os valores da Cfem são destinados aos municípios mineradores, que recebem 60% do valor; aos municípios impactados pela atividade, que recebem uma parcela de 15%; e ao Estado, que recebe os 15% restantes.

“O não pagamento é um ‘cano’ no País, literalmente. O valor poderia estar sendo aplicado na diversificação econômica das cidades mineradoras, poderia ser transformado em moradia, em saneamento básico, educação e saúde”.

Esta é a terceira fase da campanha para a cobrança da dívida. A mobilização passará pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Superior Tribunal de Justiça (STJ), pelos Ministério Públicos, Câmara Federal, Senado e também pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

“Vamos mostrar para a população do Brasil qual é o tratamento que as empresas mineradoras como a Vale dão, na maioria das vezes, ao País que fornece para elas a matéria-prima que permite alcançar os resultados maravilhosos, espetaculares que elas registram. Os municípios não são contra a atividade, mas não podemos concordar que a Vale funcione do jeito que ela quer. É isso que está acontecendo. Esse é o retrato do abandono que o governo federal, em especial, fez em relação à atividade”.

No que se refere à dívida de R$ 2,4 bilhões, Oliveira ressalta que a Vale perdeu em todas as instâncias administrativas, sendo 13 em primeira instância e uma, em segunda instância judicial.

“Somos completamente ignorados e não temos a força da Agência Nacional de Mineração (ANM), que está quebrada, falida e sem estrutura devido às ações do governo federal nos 20 últimos anos. As mineradoras brasileiras fazem auto regulação, porque sabem que não há regulação e nem fiscalização por parte do poder público. Hoje, no Brasil, são apenas três fiscais para fiscalizar 34 mil títulos minerários ativos e 13 mil empresas que pagam Cfem”.
Vale aguarda decisão definitiva sobre a dívida

Em nota, a Vale S/A explicou que aguarda manifestação definitiva pelo Poder Judiciário sobre a questão.

“A Vale esclarece que efetua, regularmente, o recolhimento da Cfem e observa tanto as normas aplicáveis quanto os limites constitucionais existentes. Há pontos controversos na legislação que estão sendo discutidos por todo o setor mineral e aguardam manifestação definitiva pelo Poder Judiciário”.

A mineradora ressaltou ainda que “o acesso ao Judiciário é um direito assegurado a todos pela Constituição Federal, portanto, existe o direito ao devido processo legal e de aguardar a decisão final dos Tribunais Superiores, em conformidade com os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório. Os processos de Cfem da Vale ainda não foram julgados pelos referidos tribunais, estando em fase inicial de julgamento”.

Ainda em nota, a Vale disse que, nos últimos 10 anos, recolheu R$ 23,76 bilhões em Cfem, distribuídos aos municípios pela ANM. “O recolhimento de suas obrigações é parte fundamental da relação com a sociedade e divulgada de forma transparente em seu TTR – Relatório de Transparência Fiscal”.

Diário do Comércio - MG   23/08/2023

A Mineração Morro do Ipê iniciará uma nova operação no Estado em outubro deste ano. Com a mina Tico-Tico, localizada entre os municípios de Brumadinho, São Joaquim de Bicas e Igarapé, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a empresa vai triplicar a sua produção de minério de ferro. A mineradora investiu R$ 1,3 bilhão na implantação do empreendimento.

As obras do projeto tiveram início no começo do ano passado e durante as intervenções foram empregadas 4,5 mil pessoas. No momento, o processo de licenciamento ambiental está em tramitação e a expectativa da companhia é receber em setembro a licença para operar. Testes com equipamentos sem carga já vêm sendo realizados para garantir que o empreendimento tenha uma rápida curva de rump-up e a mina atinja a sua capacidade máxima de produção.

No mesmo complexo onde está situado o Tico-Tico, a mineradora opera a mina Ipê. Nesse empreendimento, trabalham 900 colaboradores e são produzidos três milhões de toneladas de minério de ferro anualmente. Na nova operação, a companhia vai empregar mais 1,1 mil funcionários e produzir mais seis milhões de toneladas do produto por ano.

Além de aumentar para 2 mil empregos diretos gerados e nove milhões de toneladas produzidas no local com a operação Tico-Tico, a empresa terá outro ganho na produção. Conforme o diretor de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade da mineradora, Cristiano Parreiras, será fabricado no novo empreendimento um produto premium, com um alto teor de ferro, posicionando a companhia como uma das grandes produtoras de minério de alta qualidade em Minas Gerais.
Operação sustentável e ações sociais da mineradora

Criada em 2016, a partir de uma fusão entre uma trading suíça e um fundo soberano árabe, a mineradora se instalou no Estado após adquirir os ativos das minas Ipê e Tico-Tico, que pertenceram à antiga MMX Sudeste. A partir desse ponto, de acordo com o diretor, a empresa realizou diversos investimentos visando sanar o passivo ambiental que existia no local.

Ele destaca que já existia uma antiga lavra onde está a mina Tico-Tico, porém o projeto foi desenvolvido do zero e a conclusão das obras é um motivo de orgulho para a mineradora. Parreiras salienta que essa finalização das intervenções e o início das operações tratam-se da transformação de um passivo ambiental em um moderno e sustentável projeto de mineração.

Ainda com relação às ações sustentáveis, o diretor ressalta que hoje a empresa não utiliza mais barragens de rejeitos em seus processos. “A Mina do Ipê tem uma planta de filtragem e agora, no projeto Tico-Tico, existe uma instalação completamente nova para poder tratar 100% dos rejeitos gerados. Então não temos disposição de rejeitos em barragem”, frisou.

É válido lembrar que a Lei 14.066, de 2020, que criou a nova Política Nacional de Segurança das Barragens, proibiu estruturas do tipo “a montante”, no qual os diques de contenção se apoiam sobre o próprio rejeito depositado. Esse tipo de dispositivo era utilizado pela Samarco, em Mariana, e pela Vale, em Brumadinho, casos que culminaram em tragédias catastróficas.

Juntamente às iniciativas em prol do meio ambiente, Parreiras destaca ainda o trabalho social da companhia. “Temos uma atuação de destaque na área ambiental mas também na social, mantendo um relacionamento próximo com as comunidades do nosso entorno. Além disso, para podermos operar o Tico-Tico, fizemos uma série de compensações ambientais. Então hoje a Mineração Morro do Ipê preserva em sete vezes a área impactada pelo projeto”, afirmou.

AUTOMOTIVO

IstoÉ Dinheiro - SP   23/08/2023

O presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, anunciou nesta terça-feira, 22, que vai solicitar a prorrogação, por mais quatro meses, do incentivo à renovação de frotas de caminhões e ônibus.

O programa prevê descontos, via crédito tributário, de R$ 33 mil a R$ 99,6 mil na troca de veículos comerciais com mais de 20 anos de uso por outro zero quilômetro. No total, o governo autorizou créditos tributários de R$ 700 milhões para a renovação da frota de caminhões e de R$ 300 milhões para a substituição de ônibus.

Porém, ao contrário dos bônus de até R$ 8 mil liberados para a compra de carros, que foram esgotados em 45 dias, houve baixa adesão até agora no mercado de veículos pesados. A pouco mais de um mês do fim da vigência da medida provisória que lançou o programa, apenas R$ 270 milhões foram consumidos em aquisições de caminhões e ônibus.

Assim, informou Alckmin, o programa será estendido até que o valor liberado (R$ 1 bilhão na soma das duas categorias) seja totalmente consumido. “Vamos prorrogar o prazo até chegar a R$ 1 bilhão”, disse Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, em visita à fábrica da Gerdau em Araçariguama (SP). Ele foi ao local para participar de cerimônia que marcou a entrega, dentro do programa, de 140 caminhões antigos para reciclagem em usinas do grupo siderúrgico.

Temporariamente na presidência em razão da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à África do Sul para participação na cúpula do Brics, Alckmin descartou, por outro lado, a reedição dos bônus concedidos aos automóveis. “Na realidade, foi transitório. Como os juros estavam muito altos, dificultava a venda”, disse o presidente em exercício, acrescentando que a expectativa é de normalização do mercado de carros com a redução da Selic. “Vamos prorrogar apenas para caminhões e ônibus”, reforçou.

O Finame, linha do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que financia bens de capital, foi acionado para destravar o programa de renovação de frota. Conforme informou Alckmin, a taxa oferecida a transportadores de carga e empresas de transporte coletivo é pós-fixada e atrelada à Selic – isto é, se a taxa básica cair, como está previsto, os juros da linha ficarão mais baixos.

Alckmin explicou que o lançamento do benefício, em junho, foi necessário por conta do aumento nos preços, de 20% a 30%, com a atualização de tecnologia dos veículos a diesel, necessária para alcançar as regras de emissões mais apertadas na virada do ano. “Neste momento, é essencial. Sempre que troca de tecnologia tem um problema. Ficou mais caro”, comentou.

“A renovação da frota vai reduzir a ocorrência de acidentes por conta dos sistemas modernos dos novos caminhões. Além disso, ocorre um ganho ambiental duplo, porque o caminhão novo vai poluir muito menos, e a nova frota vai permitir que o veículo antigo seja entregue em forma de sucata para a siderurgia, que vai realizar a reciclagem”, justificou Alckmin durante seu discurso em Araçariguama.

Antes dessa fala, o presidente e CEO da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes, já havia pedido, no mesmo evento, que o programa se tornasse permanente. “A indústria brasileira retribuirá com mais investimentos, empregos e outros reflexos positivos para a economia”, disse Cortes.

Exame - SP   23/08/2023

As empresas Gerdau, Vamos e Volkswagen Caminhões e Ônibus anunciaram, nesta terça (22), uma parceria para acelerar a retirada de caminhões velhos das ruas e facilitar a implantação de um programa do governo.

As concessionárias do grupo Vamos, como a rede Transrio, passarão a comprar os veículos dos proprietários e pagá-los em dinheiro, para ajudar a resolver um dos gargalos do programa: poucos donos de caminhões antigos têm condições de financiar um modelo zero km, que pode custar dez vezes mais.

Em junho, o governo Lula criou um programa de renovação de frota via medida provisória, que também incluiu carros de passeio. Para caminhões, a iniciativa dá vouchers de R$ 33 mil a R$ 80 mil para quem tirar de circulação caminhões com mais de 20 anos de fabricação. O desconto pode ser usado para abater impostos na compra de caminhões novos, pois dá créditos fiscais às montadoras.

Para obter o desconto, é preciso dar baixa do veículo antigo no Detran e enviá-lo para ser desmontado e reciclado. A empresa sucateadora emite um certificado de que aquele caminhão foi desmobilizado e esse documento permite o acesso ao benefício fiscal. No entanto, o desconto obtido é pequeno perto do valor de um caminhão novo: um modelo zero km de ponta pode chegar a custar R$ 800 mil.

"A maioria dos donos de caminhões com mais de 20 anos são autônomos, que acabam ficando reféns do veículo, pois tem dificuldade para vendê-lo no mercado e não tem condições para financiar ou pagar as parcelas de um veículo zero", comenta Gustavo Couto, CEO da Vamos. “Com um caminhão velho, também acabam pegando os piores fretes.”

A Vamos passou então a comprar os caminhões antigos dos donos e pagar o valor do desconto a eles em dinheiro. Além disso, criou um programa para facilitar o financiamento de caminhões seminovos. “O caminhoneiro tem um ganho ao trocar um veiculo de 30 anos por um de 10, que ele consegue pagar”, diz Couto.

Em seguida, a Vamos encaminha os veículos para serem desmontados pela Gerdau e, com o certificado de desmonte, consegue obter desconto para comprar unidades novas junto à Volkswagen.

“A Gerdau recicla anualmente 11 milhões de toneladas de sucata metálica, o equivalente ao volume de carros produzidos em um período de cinco anos. O aço é infinitamente reciclável e, para cada tonelada de sucata reciclada, é evitada a emissão de 1,5 tonelada de CO2", afirma Rubens Pereira, vice-presidente da Gerdau.

Até quando vai o desconto para caminhões

O programa do governo, no entanto, é temporário: só vale até que se esgote o total de R$ 700 milhões para caminhões e R$ 300 milhões para ônibus. A procura tem sido baixa: até 7 de agosto, o programa havia liberado apenas R$ 100 milhões para caminhões e R$ 170 milhões para ônibus, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Comércio e Indústria.

Couto, do Vamos, avalia que os R$ 700 milhões devem permitir a retirada de um total entre 10 mil e 12 mil caminhões antigos das estradas. No entanto, ele aponta que há cerca de 1,5 milhão de unidades sendo usadas por autônomos, e que a maioria delas tem mais de 20 anos. A idade média da frota de caminhões no país é de 20 anos, o dobro do registrado nos Estados Unidos e na Europa.

"Estamos advogando junto ao governo que este programa deveria perene. Além de renovar a frota, ele vai fomentar a produção e o emprego, em uma situação de mercado que está muito difícil", diz Roberto Cortes, CEO da Volkswagen Caminhões e Ônibus.

Cortes comenta que a produção este ano está 30% menor do que em 2022, principalmente por conta da adoção obrigatória no Brasil de motores com padrão euro 6. O novo modelo polui menos mas encarece o preço final entre 15% a 20%. No ano passado, frotistas correram e anteciparam compras de caminhões ainda com o padrão euro 5, o que reduziu a demanda este ano. "Esperamos fatores melhores no segundo semestre, como a melhora da situação macroeconômica e do nível da taxa de juros", projeta.

Valor - SP   23/08/2023

Segundo Roberto Cortes, a partir da nova regulamentação o programa voltado a ônibus — que recebeu R$ 300 milhões em incentivos federais —, também tende a receber maior demanda

O programa de incentivos fiscais do governo federal para a troca de veículos pesados deveria “ser perene” para poder dar conta da renovação da frota envelhecida, afirma o presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes.

Segundo o último estudo do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes (Sindipeças) sobre a frota brasileira, dos 2,162 milhões de caminhões que rodam no país, quase a metade (48,4%) tem entre seis e 15 anos e 28,7% circulam nas ruas e estradas há 16 anos ou mais.

Chamou a atenção de Cortes que, na busca pelos veículos que começam a ser sucateados, na aliança entre Gerdau, Vamos e Volks, foi encontrado em pleno Porto de Santos, o maior do país, um caminhão de 53 anos, que opera no transporte de mercadorias entre os armazéns.

Esse é o mais velho dos 140 veículos que vão virar sucata e que têm, em média, 36 anos. Segundo Cortes, a idade de um caminhão “economicamente viável” gira em torno de cinco a sete anos.

Também preocupa o executivo as dificuldades para financiamento. “Precisaríamos ter o Finame de antigamente, que oferecia linhas com taxas entre oito e dez pontos mais baixas que o mercado; hoje estamos com uma diferença de 1,5 ponto”, destaca.

Cortes também defende linhas especiais para caminhões usados para que o caminhoneiro que possui o veículo que vai ser sucateado tenha acesso a crédito para a compra do seminovo e, assim, conseguir subir a escada”.

No início de junho, o governo federal liberou incentivos fiscais para a compra de carros, caminhões e ônibus com descontos. Os recursos, que somaram R$ 1,8 bilhão, foram obtidos por meio da reoneração do diesel. No caso dos carros, o total de R$ 800 milhões esgotou-se em menos de um mês.

Já o programa voltado aos caminhões, envolvendo R$ 700 milhões para a compra de veículos com descontos de R$ 33 mil a R$ 80 mil, não decolou porque para receber o benefício num modelo zero-quilômetro, o dono de um veículo com mais de 20 anos deveria entregar o velho para a sucata.

Reconhecendo que o motorista autônomo não conseguiria dar esse salto, o governo mudou a regra. Dispensou a necessidade de o dono do veículo sucateado ser o mesmo interessado a usar o programa para a compra de um novo.

Segundo Cortes, a partir da nova regulamentação o programa voltado a ônibus — que recebeu R$ 300 milhões em incentivos federais —, também tende a receber maior demanda. Nesse caso, o teto é de R$ 99 mil.

Os incentivos fiscais chegaram num momento de crise na indústria de caminhões. O volume de vendas em julho foi 27,6% menor do que no mesmo mês de 2022. A demanda está em queda desde o início do ano como resultado de uma nova lei de emissões, conhecida por Euro 6. Como os caminhões da nova linha ficaram 15% mais caros, por conta de equipamentos para reduzir emissões, muitos frotistas anteciparam as compras em 2022.

Na fábrica da Volkswagen Caminhões e Ônibus, em Resende (RJ), por exemplo, 30% dos trabalhadores estão com os contratos de trabalho temporariamente suspensos desde maio. O “layoff” vai inicialmente até setembro.

Cortes espera, no entanto, que, junto com outros fatores, como melhores perspectivas de crescimento do PIB e redução dos juros, o programa de incentivos do governo possa ajudar a reverter esse quadro. Para ele, a aliança com a Gerdau e o grupo Vamos representa “um primeiro passo”. “É uma hora boa para começar a fazer a roda girar”, afirma.

Roberto Cortes (foto de arquivo) — Foto: Silvia Costanti / Valor

CONSTRUÇÃO CIVIL

Infomoney - SP   23/08/2023

As vendas de moradias usadas nos Estados Unidos caíram 2,2% em julho ante junho, ao ritmo anualizado de 4,07 milhões de unidades, segundo dados com ajustes sazonais publicados nesta terça-feira (22) pela Associação Nacional de Corretoras (NAR, na sigla em inglês). A queda foi mais intensa do que expectativas dos analistas consultados pela FactSet, que previam recuo a 4,15 milhões de unidades.Em relação a julho de 2022, as vendas de moradias usadas sofreram queda de 16,6% no mês passado, informou a NAR.

Segundo o economista-chefe da NAR, Lawrence Yun, a disponibilidade de estoque e as taxas de hipoteca estão influenciando a atividade de vendas. “Infelizmente, ambos foram desfavoráveis aos compradores”, pontuou.

O Estado de S.Paulo - SP   23/08/2023

Uma incorporadora chinesa que servia de modelo num setor repleto de empresas com gosto pelo risco está na corda bamba e à beira de um default. Com pouco dinheiro, uma das maiores gestoras de ativos da China deixou de pagar os investidores. E bilhões de dólares saíram das bolsas de valores do país.

Na China, agosto tem sido uma experiência vertiginosa.

O que começou há três anos como medidas severas contra o comportamento arriscado das construtoras e, em seguida, uma desaceleração imobiliária subsequente, evoluiu de forma perigosa e rápida neste mês. A economia como um todo tem sido ameaçada e a confiança dos consumidores, das empresas e dos investidores abalada.

Até agora, os formuladores de políticas da China, que costumam ser pragmáticos, pouco fizeram para amenizar as preocupações e parecem determinados a reduzir a dependência econômica do país do setor imobiliário.

“O que está acontecendo no mercado imobiliário chinês é realmente sem precedentes”, disse Charles Chang, que lidera as classificações de crédito de empresas da Grande China na Standard & Poor’s.

Nas últimas três décadas, conforme a população da China aumentava e as pessoas migravam aos montes para ambientes mais urbanos em busca de melhores oportunidades, as incorporadoras não conseguiam construir apartamentos modernos rápido o suficiente, e o setor imobiliário se tornou o motor de uma economia em transformação.

Ele empregava milhões e oferecia uma forma das famílias investirem suas economias. Atualmente, o setor é responsável por mais de 25% de toda a atividade econômica.

A dependência da China do setor imobiliário foi lucrativa durante um período que parecia ser um boom sem fim das construções, mas se transformou em dívidas após anos de empréstimos e construções em excesso. Quando a China estava crescendo mais rápido, os excessos foram disfarçados, com as incorporadoras tomando mais empréstimos para pagar as dívidas crescentes.

No entanto, agora a China está tendo dificuldades para recuperar o prumo depois de deixar para trás os lockdowns paralisantes impostos por seus líderes, e muitos de seus problemas econômicos têm raízes no setor imobiliário.

Os consumidores chineses estão gastando menos, em parte porque uma queda nos preços dos imóveis afetou suas economias, muitas delas atreladas às propriedades. Os empregos em áreas ligadas à habitação — construção, paisagismo, pintura —, que já foram abundantes, estão desaparecendo. E a incerteza sobre até onde a crise pode se alastrar está deixando empresas de todos os tamanhos com medo de gastar.

Os governos locais, que dependem da venda de terras para as incorporadoras para bancar os programas municipais, estão reduzindo os serviços.

Instituições financeiras conhecidas como empresas fiduciárias, que investem bilhões de dólares em nome de empresas e indivíduos ricos, estão encarando prejuízos por empréstimos arriscados concedidos ao setor imobiliário, provocando reclamações de investidores furiosos.

A crise é um problema criado pelo próprio governo. As agências reguladoras permitiram que as incorporadoras se atolassem em dívidas para financiar uma estratégia de crescimento a qualquer custo durante décadas. Então intervieram repentina e drasticamente em 2020 para evitar uma bolha imobiliária. Elas interromperam o fluxo de dinheiro barato para as maiores empresas do setor imobiliário da China, deixando muitas com pouco dinheiro.

Uma após a outra, as empresas começaram a vir abaixo, pois não podiam pagar suas contas. Mais de 50 incorporadoras chinesas deram calote ou não conseguiram pagar dívidas nos últimos três anos, segundo a agência de classificação de crédito Standard & Poor’s. Os defaults escancararam uma realidade do boom imobiliário da China: o modelo de empréstimo para construção só funciona enquanto os preços continuam subindo.

Conforme a crise se agravava, os formuladores de políticas chineses contrariaram os apelos para intervir com um grande pacote de resgate. Em vez disso, optaram por gestos menores, como flexibilizar as exigências de hipotecas e reduzir as taxas de juros.

Em um editorial na sexta-feira, o jornal estatal “Diário Econômico” (Economic Daily) disse que levaria um tempo até que as políticas recentes surtissem efeito: “Devemos estar seriamente conscientes de que o processo de atenuar o risco não pode ser concluído da noite para o dia, e o mercado deve dar a isso uma certa dose de paciência”.

Os formuladores de políticas toleraram as consequências das medidas severas contra o setor imobiliário porque mesmo as empresas que não conseguem pagar todas as dívidas continuaram a construir e entregar apartamentos.

A China Evergrande, por exemplo, deixou de pagar US$ 300 bilhões em dívidas em 2021 e, mesmo assim, conseguiu terminar e entregar 300 mil apartamentos dos mais de um milhão pelos quais recebeu dinheiro, mas não conseguiu finalizar antes de quebrar. A Evergrande entrou com pedido de proteção contra falência nos Estados Unidos na quinta-feira.

Mas muita coisa mudou nos últimos meses. As famílias estão evitando despesas altas e as vendas de apartamentos despencaram. Esse impacto mudou a sorte da Country Garden, uma gigante do setor imobiliário que já foi apresentada como modelo pelo governo. A empresa está prevendo um prejuízo de até US$ 7,6 bilhões no primeiro semestre do ano e diz estar enfrentando o maior desafio de seus negócios em três décadas de história.

A Country Garden tem apenas algumas semanas para conseguir o dinheiro para pagar os juros de alguns de seus títulos ou fazer como outras empresas e dar calote. Ela também deve centenas de bilhões de dólares por contas não pagas.

Essas incorporadoras assustaram os compradores de imóveis que já estavam reticentes. Em julho, as vendas de imóveis novos pelas cem maiores incorporadoras da China caíram 33% em comparação com o ano anterior, de acordo com dados da China Real Estate Information Corp. As vendas também caíram 28% em junho.

Os investidores temem que os formuladores de políticas não estejam agindo rápido o bastante para impedir uma crise maior.

“Não acho que eles já tenham encontrado a solução certa para resolver os problemas”, disse Ting Lu, economista-chefe na China da Nomura. Ele e seus colegas alertaram que a queda nas vendas de imóveis e a inadimplência das incorporadoras podem levar a uma reação em cadeia que ameaça a economia como um todo.

O temor se espalhou por outros mercados. Em Hong Kong, onde muitas das maiores empresas da China estão listadas, a confiança caiu tão drasticamente que as ações despencaram e o mercado entrou em uma tendência de baixa, uma queda de 21% em relação ao pico registrado em janeiro. Nas últimas duas semanas, os investidores retiraram US$ 7,5 bilhões das ações chinesas.

Os problemas do setor imobiliário também estão se espalhando para o chamado sistema bancário paralelo da China de empresas financeiras fiduciárias. Estas instituições oferecem investimentos com retornos maiores do que os dos depósitos bancários convencionais e investem com frequência em projetos imobiliários.

Os problemas mais recentes surgiram no início deste mês. Duas empresas chinesas de capital aberto informaram ter feito investimentos com a Zhongrong International Trust, que administra cerca de US$ 85 bilhões em ativos, e disseram que a Zhongrong não pagou às empresas o que devia a elas. Não ficou claro se estes investimentos estavam ligados ao setor imobiliário, mas a Zhongrong era um dos principais acionistas de vários projetos de incorporadoras inadimplentes, de acordo com o jornal South China Morning Post. A Zhongrong não respondeu ao convite de posicionamento enviado por e-mail pelo Times.

Um grupo de investidores chineses furiosos se reuniu do lado de fora dos escritórios da Zhongrong em Pequim, exigindo que a empresa “devolvesse o dinheiro” e pedindo uma explicação. Não se sabe ao certo quando o protesto ocorreu; vídeos dele foram publicados no Douyin, a versão chinesa do TikTok, este mês.

A manifestação fez lembrar de outros atos de rebeldia na China com raízes na crise imobiliária. Tais eventos são raros, mas existem alguns exemplos recentes.

Em fevereiro, milhares de aposentados em Wuhan confrontaram policiais para protestar contra os cortes no seguro médico fornecido pelo governo para idosos. Essas reduções eram um sinal da pressão sobre os governos locais provocada em parte pela desaceleração do setor imobiliário que prejudicou as vendas de terras, uma fonte estável de receita.

No ano passado, centenas de milhares de proprietários de imóveis se recusaram a pagar as hipotecas dos apartamentos inacabados. Alguns publicaram vídeos de protesto nas redes sociais, enquanto coletivos de proprietários acompanharam os boicotes on-line.

Ambas as manifestações chamaram a atenção, mas a força delas diminuiu aos poucos quando o governo interveio para limitar as discussões nas redes sociais, ao mesmo tempo em que adotou algumas medidas para aliviar as tensões. Na semana passada, foi publicado um novo vídeo do lado de fora dos escritórios da Zhongrong no qual não se via protestos, mas carros e vans da polícia estacionados por ali e nas imediações.

FERROVIÁRIO

Globo Online - RJ   23/08/2023

O governo deve apresentar em até oito meses o resultado dos estudos técnicos e processos administrativos sobre a viabilidade da construção da Ferrogrão, indicou o ministro dos Transportes, Renan Filho, nesta terça-feira. A ferrovia, que ligaria o Mato Grosso ao Pará, está prevista dentro do novo PAC, apresentado pelo governo este mês.

Em evento na Fiesp, em São Paulo, Renan Filho elogiou a decisão do ministro Alexandre de Moraes, em maio deste ano, que autorizou a retomada dos estudos sobre a ferrovia. O projeto, sob impasse legal debatido no STF, é alvo de críticas ambientais e defendida pelo agronegócio como caminho para aumentar a produtividade no escoamento da produção de grãos do Centro-Oeste.

— Nossa estimativa é atualizar os estudos em oito meses. Com tudo equilibrado do ponto de vista financeiro, econômico e ambiental, vamos dar os próximos passos — afirmou o ministro.

Celeridade nos licenciamentos ambientais

Em encontro com representantes do agronegócio, o ministro também defendeu mais celeridade na avaliação dos licenciamentos ambientais e citou o impasse em projetos de infraestrutura que são ambientalmente sensíveis, como a BR-319, que conecta Manaus e Porto Velho e que ficou de fora do novo PAC.

— O governo defende que nós tenhamos clareza no licenciamento ambiental. Se pode fazer, pode fazer. Sem flexibilizar a avaliação. Se não pode fazer, a decisão precisa ser rápida — afirmou o ministro.

Aos empresários, o ministro indicou que o governo espera que o projeto de lei que muda regras para o financiamento ambiental seja votado no segundo semestre para "destravar os investimentos" e "garantir sustentabilidade com agilidade". Segundo ele, o governo deseja ter uma nova saída para os licenciamentos ambientais, mas sem "flexibilização".

— O Brasil pode se destacar internacionalmente se a gente assumir o compromisso de elevar a produção com sustentabilidade ambiental. É isso que o mundo deseja e não há uma incongruência insanável entre uma coisa e outra. — defendeu Filho. — Estamos atualizando os estudos (da Ferrogrão), do ponto de vista financeiro e vamos apresentar os resultados em breve.

Aprovação do arcabouço

O ministro participou de encontro na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) com representantes do agronegócio e do setor de infraestrutura, por meio do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) e do Conselho Superior de Infraestrutura (Coinfra).

O ministro Renan Filho voltou a defender o aumento dos investimentos em infraestrutura e afirmou que a aprovação do arcabouço fiscal, pela Câmara dos Deputados, vai ser fundamental para retomada econômica do país e garantia dos investimentos do PAC.

— Quando os investimentos públicos crescem, os investimentos privados crescem também. Os investimentos públicos dependem da aprovação do arcabouço. Estou confiante na aprovação do arcabouço, só falta colocar para votação, porque a gente não observa vozes contrárias.

O Novo PAC projeta R$ 280 bilhões em investimentos em transporte, incluindo R$ 94,2 bilhões para ferrovias e R$ 185 bilhões para rodovias. Além do que está previsto no Novo PAC, o ministro voltou a indicar que a pasta irá apresentar um Plano Nacional Ferroviário.

Rodoviário

Valor - SP   23/08/2023

Primeira licitação do governo federal atrai dois grupos; no setor, há preocupação com capacidade de ampliar nível de competição e de atrair grupos

O governo federal realiza, nesta sexta-feira (25), o leilão do Lote 1 de rodovias do Paraná, que deverá ser a primeira concessão de estradas da atual gestão. Dois grupos deverão disputar o contrato, segundo fontes do setor: a gestora de investimentos Pátria, em consórcio com grupos locais; e a EPR, empresa formada pela Equipav e pela gestora Perfin.

A concessão prevê R$ 7,9 bilhões de investimentos, ao longo dos seus 30 anos de duração, além de outros R$ 5,2 bilhões de custos operacionais. O trecho licitado contempla 473 km de estradas federais e estaduais. Trata-se de um conjunto de rodovias que parte de Curitiba em direção ao interior do Estado, passando pela cidade de Ponta Grossa.

As propostas foram entregues na segunda (21). Na concorrência, que será realizada na B3, em São Paulo, vencerá o grupo que oferecer a menor tarifa de pedágio. O valor máximo previsto no edital é de R$ 0,10673 por km.

Além disso, foi incluído um mecanismo para coibir ofertas “aventureiras”. Os interessados deverão desembolsar um aporte, cujo valor cresce à medida que o deságio aumenta - uma forma de coibir propostas excessivamente agressivas. Pela regra, até 18%, não há necessidade de aporte. Caso o interessado ofereça de 19% a 23% de deságio na tarifa, terá que pagar R$ 100 milhões a cada ponto percentual de desconto. O valor vai crescendo - entre 24% e 30%, sobe para R$ 120 milhões e, a partir de 31%, R$ 150 milhões por ponto percentual.

Procurados, o Pátria disse que não comentaria, e a EPR afirmou que “tem como disciplina avaliar as oportunidades do setor”.

No mercado, a avaliação é que o nível de concorrência segue baixo - em linha com o cenário pouco animador dos leilões de rodovias federais realizados desde 2021. Para alguns analistas, a situação acende um alerta sobre a capacidade do país de atrair novos investidores em rodovias, algo que preocupa, considerando a extensa agenda de concessões que os governos planejam tirar do papel até 2026.

Inicialmente, havia uma expectativa de maior competição pelo primeiro lote do Paraná, mas que não se confirmou. “Tinha muita gente olhando, praticamente todos os atores maiores, mas o interesse foi caindo”, afirma Letícia Queiroz, sócia do Queiroz Maluf Advogados.

Um dos fatores que explica a baixa competição, segundo analistas, é que o tamanho dos contratos limita o número de propostas. “O nível de interesse continua pequeno. Os lotes que estão sendo licitados são muito grandes, o ‘capex’ [investimento em bens de capital] é muito elevado. O mercado está com poucos investidores interessados”, avalia Massami Uyeda Júnior, sócio do Arap, Nishi & Uyeda Advogados.

Esperava que já melhorasse agora, mas a competição deverá aumentar”

— Renan Filho

Na avaliação de uma fonte, que pediu anonimato, outros dois fatores impactaram a atratividade. O primeiro é que o Lote 1 não é considerado um “filé mignon”, em comparação com outros projetos rodoviários previstos para os próximos meses, que seriam mais atrativos. No mercado, as empresas têm comentado que as margens do Lote 1 estão apertadas. Além disso, o cenário macroeconômico e a taxa de juros ainda alta pesam negativamente na avaliação dos grupos.

Para outro ator do mercado, que também preferiu não se identificar, o nível de concorrência deste leilão em si não é uma preocupação. O que gera incerteza é se haverá interessados para todos os próximos leilões previstos - só o governo federal tem dito que planeja 35 lotes até 2026.

Após a licitação desta sexta, o Ministério dos Transportes já agendou o leilão do Lote 2 de rodovias do Paraná, com R$ 10,8 bilhões de investimentos, além de outros R$ 6,5 bilhões em custos operacionais ao longo do contrato, de 30 anos. A concorrência pelo bloco - considerado mais atrativo do que o Lote 1 - deverá acontecer no dia 29 de setembro.

Além disso, a equipe ainda planeja fazer neste ano outros três leilões de grande porte: o da BR-381, em Minas Gerais; o da BR-040, entre Rio de Janeiro e Belo Horizonte; e a chamada Rota dos Cristais, da BR-040 entre Belo Horizonte e Cristalina (GO). Em paralelo, o governo de São Paulo também se prepara para lançar uma PPP de rodovias no Litoral Paulista, que deverá atrair o mesmo perfil de interessado.

Na avaliação dessa fonte, a projeção é que haverá interesse pelos próximos leilões federais, ainda que com competição baixa. Porém, se até os leilões da BR-040 não houver sinal de novos investidores, ainda não presentes no mercado brasileiro, deverá se acender um alerta para a viabilidade da agenda federal.

O ministro de Transportes, Renan Filho (MDB), disse que o nível de concorrência ficou abaixo do que esperava, mas que há perspectiva de avanço. “Esperava que já melhorasse agora, mas parece que teremos concorrência semelhante [à dos últimos anos]”, afirmou, em entrevista ao programa “Roda Viva”, na noite de segunda-feira.

Segundo ele, o aumento da competição virá de dois fatores. O primeiro será o processo de resolução das concessões problemáticas, que hoje impedem os grupos envolvidos de participar de forma mais ativa nos novos leilões. O segundo estímulo, disse, virá da redução do tamanho das próximas concessões em estudo pelo governo, o que deverá atrair interessados de menor porte, que hoje não conseguem disputar os lotes maiores.

PETROLÍFERO

Valor - SP   23/08/2023

O barril do petróleo do Brent para outubro caiu 0,51%, a US$ 84,03, enquanto o WTI com entrega prevista para setembro recuou 0,46%, a US$ 80,35

Os contratos futuros do petróleo encerraram a terça-feira (22) em queda, pressionados por preocupações sobre a saúde da economia chinesa e seus impactos na demanda da commodity energética, além da possibilidade de outro aumento de juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano).

O barril do petróleo do Brent, a referência global, para outubro caiu 0,51%, a US$ 84,03, enquanto o WTI, a referência americana, com entrega prevista para setembro recuou 0,46%, a US$ 80,35.

Os preços da commodity voltaram a cair nesta terça após terem “flutuado bastante, até agora, neste mês", destaca Craig Erlam, analista sênior de mercado da Oanda.

O profissional aponta, contudo, que o movimento não deveria surpreender os agentes. “Sempre houve o risco de as taxas [de juros] dos Estados Unidos permanecerem mais altas por mais tempo, enquanto a recuperação da China tem sido lenta há meses, assim como sua resposta a ela", disse ele.

Nesse cenário, Erlam avalia que seria necessário “ver uma mudança significativa na tendência dos dados para mudar seriamente a perspectiva do petróleo” o que, segundo ele, não foi visto.

Nesse sentido, os agentes ficarão atentos ao discurso de Jerome Powell, presidente do Fed, na sexta-feira (25), durante o simpósio de Jackson Hole. É esperado que o líder dê pistas sobre os próximos passos da autarquia.

Além dos fatores mencionados, a perspectiva de que a oferta global do petróleo pode estar se recuperando, tendo em vista a retomada das exportações do petróleo iraquiano de um terminal de exportação turco, também está pressionando a commodity.

O Estado de S.Paulo - SP   23/08/2023

O diretor de Exploração e Petróleo da Petrobras, Joelson Falcão Mendes, afirmou nesta terça-feira, 22, que a estatal prevê a manutenção das reservas de petróleo ao mesmo tempo em que promoverá a transição energética. O executivo prevê a continuidade das operações de exploração e produção de petróleo para as próximas quatro décadas, com uma tendência de deslocamento gradual da demanda por produtos sustentáveis.

“Vamos investir em energia eólica, solar e hidrogênio verde. Vamos fazer investimentos já considerando que eles serão rentáveis, não estamos investindo só porque eles são verdes”, afirmou Mendes, acrescentando que a empresa já está realizando parcerias para potencializar a diversificação da oferta de combustíveis.

O executivo disse ainda que a Petrobras possui muitas ações para diminuir a intensidade da emissão de carbono no nosso processo produtivo. “Temos investimento mínimo de 6% em energias renováveis e descarbonização ao ano.” Ele participou da 24° Conferência Anual do Santander.

Exploração na Foz do Amazonas

Mendes sinalizou otimismo em relação ao processo de autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para a estatal ter acesso ao licenciamento ambiental com foco na exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas.

Questionado sobre a recomendação do Ministério Público Federal (MPF) para rejeitar o pedido de licenciamento ambiental, o executivo afirmou que a Petrobras já fez um pedido de reconsideração ao Ibama e deve aguardar a decisão da entidade. Nesta terça-feira, a Advocacia-Geral da União (AGU) divulgou um parecer favorável à exploração de petróleo na região.

O executivo acrescentou que a estatal possui uma equipe com alto nível de capacidade técnica na área ambiental, bem como biólogos e engenheiros do meio ambiente que prepararam a empresa para atender a todos os requisitos exigidos para a exploração da área.

“Entendemos que o nosso processo está bastante qualificado e acreditamos que o Ibama vai entender melhor todas as nossas solicitações. O nosso próximo passo é aguardar a decisão”, afirmou.

Na última sexta-feira, 18, o Ministério Público recomendou ao Ibama que rejeitasse o pedido de reconsideração da Petrobras sobre o licenciamento para a perfuração exploratória do bloco FZA-M-59, apontando inconsistências no pedido da licença da estatal.

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