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23 de Fevereiro de 2023

SIDERURGIA

Valor - SP   23/02/2023

A siderurgia chinesa — maior fabricante mundial do produto — mostrou reação, com alta de 2,3%, totalizando 79,5 milhões de toneladas no primeiro mês do ano ante o volume de janeiro de 2022

A produção mundial de aço bruto voltou a registrar queda em janeiro, conforme números divulgados nesta quarta-feira (22) pela World Steel Association (Worldsteel). O volume divulgado para o mês somou 145,3 milhões de toneladas, o que representa retração de 3,3% na comparação com mesmo mês de 2022.

A entidade, sediada em Bruxelas, na Bélgica, reúne 63 países produtores, responsáveis por 85% do volume global da indústria siderúrgica.

Conforme a Worldsteel, a siderurgia chinesa — maior fabricante mundial do produto — mostrou reação, com alta de 2,3%, totalizando 79,5 milhões de toneladas no primeiro mês do ano ante o volume de janeiro de 2022.

O país, que é também o maior consumidor de aço, além de outras matérias-primas metálicas, encerrou o ano passado com retração de 2,2% na produção, devido a ações do governo para combater a covid-19 (caso de lockdowns). A robusta atividade imobiliária do país também se retraiu.

Dentre os países que formam os dez maiores do ranking mundial do setor, oito tiveram desempenho negativo — Índia, Japão, Estados Unidos, Rússia (menos 8,9%), Coreia do Sul (recuo de 9,8%), Alemanha (menos 10,2%), Brasil e Turquia — que teve retração de 17,6%.

Em razão do devastador terremoto do início deste mês, a siderurgia turca — que foi a oitava maior do mundo em 2022 — deverá sofrer forte queda na produção de fevereiro devido à paralisação de siderúrgicas no país e a problemas de infraestrutura (rodovias, ferrovias e portos).

Segundo a Worldsteel, em janeiro, o Brasil produziu 2,8 milhões de toneladas, registrando recuo de 4,9% em relação ao mesmo mês do ano passado.

O Irã, por sua vez, de acordo com estimativa da entidade, obteve alta de 27,7% no volume de janeiro, com 2,7 milhões de toneladas frente a um ano atrás. Com isso, superou a Turquia e ficou em nono lugar.

Diário do Aço - MG   23/02/2023

Até o dia 12 de março, a Usiminas estará com inscrições abertas para o Programa de Estágio 2023. Serão 114 vagas no total, para as unidades de Ipatinga, Belo Horizonte, Betim, Cubatão, Vitória, Itatiaiuçu, Santa Luzia, Guarulhos, Taubaté e São Paulo. Os candidatos devem estar cursando o Ensino Superior ou Técnico. A previsão para o início do Programa de Estágio será para o mês de maio. Outras informações e inscrições podem ser obtidas pelo site: www.usiminas.com

ECONOMIA

Infomoney - SP   23/02/2023

No dia 24 de fevereiro completa-se um ano desde que o presidente russo Vladimir Putin autorizou bombardeios sobre a Ucrânia e deu início a uma invasão militar do país vizinho. Além do custo humanitário e de vidas perdidas que o conflito trouxe desde então, a economia global foi profundamente modificada devido aos impactos sobre custos e preços por quebras de várias cadeias de suprimentos. Só em termos de perda de riqueza global com o conflito (calculada pela piora nas projeções do PIB), a OCDE estima que a guerra consumirá US$ 2,8 trilhões até o fim de 2023.

Pelas projeções da organização, em apenas um ano, as perspectivas de crescimento para 2022 caíram de 3,9% para 1,5%, enquanto as de 2023 recuaram de 2,5% para 0,8%. Ao mesmo tempo, a estimativa para a inflação global foi revista em alta, passando de 4,4% para 9,3% em 2022, e de 3,1% para 6,8% em 2023.

Quando apresentou essas estimativas, o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, disse que a agressão russa era a responsável direta pela perda de impulso do PIB global, após o ensaio de recuperação com o recuo da pandemia.

“As pressões inflacionárias que já estavam presentes quando a economia global emergiu da pandemia foram severamente agravadas pela guerra. Isso impulsionou ainda mais o aumento dos preços da energia e dos alimentos, que agora ameaçam os padrões de vida das pessoas em todo o mundo”.

Não é exagerado afirmar que todas as piores previsões econômicas sobre os efeitos da guerra se concretizaram. Os preços das commodities, que estavam em tendência de estabilização, voltaram a subir.

Com isso, os preços de energia e alimentos avançaram em todo o mundo, pressionado índices de inflação e levando bancos centrais a elevar a carga de juros, com impactos na atividade que estão sendo sentidos apenas agora. O comércio global foi atingido e os mercados financeiros ganharam outra dose de volatilidade.

Inflação

Os efeitos do conflito na inflação são os mais fáceis de serem percebidos. Altamente dependente do gás vindo da Rússia, a Europa sofreu com os cortes de abastecimento usados como retaliação às sanções impostas ao regime de Putin.

A taxa de inflação ao consumidor (CPI) acumulou altas constantes e chegou a bater em 10,6% anualizados em outubro na zona do euro e em 11,5% na União Europeia. Os preços de energia na época estavam 41,5% mais altos que um ano antes.

As cotações do petróleo internacional chegaram a alcançar os US$ 120 por barril em junho. O galão de gasolina nos Estados Unidos atingiu os US$ 5 pela primeira vez e a administração de Joe Biden se viu obrigada a fazer uma série de reduções na Reserva Estratégica de Petróleo do país, medida pouco comum até em períodos de crise.

Mas foi na Europa que a inflação da energia mostrou seu custo mais forte. A Rússia era o principal fornecedor para a União Europeia de petróleo (27% das importações, dados de 2019), carvão (47%) e gás (41%). Petróleo e carvão não precisam de infraestrutura especial para serem entregues ao mercado, pois podem ser colocados em um barco e enviados para onde houver comprador. O gás, no entanto, é crítico porque o comércio depende da infraestrutura, o que significa que nem o fornecedor nem o comprador podem diversificar sem problemas.

Segundo dados do FMI, o consumo de gás natural da UE era de cerca de 400 bilhões de metros cúbicos por ano até antes da guerra e a produção local mal passava de 10% disso. As importações de GNL de vários países supriam cerca de 70 bilhões de metros cúbicos dessa demanda. Dos 285 bilhões de metros cúbicos de gás restantes, importados por gasodutos, 41% vinham da Rússia.

Após a adoção de sanções econômicas contra a Rússia, esse fornecimento experimentou cortes que chegaram a 80% do total durante a primavera e o verão de 2022, fazendo os preços explodirem dentro do bloco. Os preços do gás por megawatt/hora (MWh) no mercado referência holandês (TTF) chegaram a alcançar 342 euros em agosto, de um patamar em torno de € 70 antes da guerra.

Medidas emergenciais

O custo de vida foi às alturas em toda a Europa, o que obrigou a Comissão Europeia a anunciar em maio um ambicioso plano de longo prazo batizado de REPowerEU, para reduzir significativamente a dependência de combustíveis fósseis russos e acelerar a transição energética. As regras básicas são economia de energia, diversificação da oferta, substituição mais rápida de combustíveis fósseis acelerando a transição para energias limpas no continente e combinação de investimentos e reformas.

Enquanto esses investimentos não trazem seus resultados, os países se viram obrigados a lançar mão de programas de auxílio às famílias e empresas para uma travessia menos turbulenta até a estabilização dos preços. Segundo o “think tank” Bruegel, os governos locais já aportaram o equivalente a € 792 bilhões (cerca de US$ 844 bilhões) em programas de proteção aos consumidores de energia no continente.

Só na União Europeia, foram gastos € 681 bilhões, dos quais € 268 bilhões foram dispendidos apenas na Alemanha, um dos países mais expostos à Rússia. O Reino Unido, por sua vez, gastou € 103 bilhões em diferentes políticas para mitigar a alta de preços.
Choque nos alimentos

Além da alta da energia, impacto que começa a agora a se dissipar, o conflito ainda foi responsável por uma aceleração nos preços dos alimentos. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), o seu índice de preços dos alimentos, que acompanha a variação dos valores internacionais de uma cesta de produtos básicos, atingiu o patamar de 143,7 pontos em média em 2022, 14,3% maior que o valor médio de 2021.

Em janeiro de 2023, esse índice já mostrou uma queda, para uma média de 131,2 pontos, mas o subíndice de cereais ainda está quase 5% mais alto do que há um ano.

Um relatório recente da OCDE, apontou que os preços das commodities agrícolas são a maior preocupação quando se analisa os efeitos globais da guerra, particularmente as cotações do trigo, uma vez que Rússia e Ucrânia são dois dos maiores exportadores desse tipo de grão. Lembrando que, devido às secas no Canadá em 2021, antes da guerra os preços do trigo já estavam aproximadamente 30% acima do final de 2019.

Os preços do óleo vegetal também aumentaram desde março de 2022, devido a interrupções no transporte da região do Mar Negro. Rússia e Ucrânia também são os principais players no mercado de óleo de girassol – juntos, respondem por aproximadamente 60% da produção global e cerca de 80% das exportações.

As commodities metálicas não escaparam desses impactos e isso valeu tanto para os metais básicos, como cobre, minério de ferro e estanho, como para os preços de outros metais como alumínio, níquel e zinco, que subiram acima dos níveis pré-pandêmicos. A Rússia é um produtor substancial dessas matérias-primas. Mesmo com a redução dos valores nos patamares mais altos, ainda há incerteza sobre o fornecimento futuro dessas mercadorias.
América Latina e Caribe

Os países da América Latina e do Caribe também têm experimentado uma deterioração das expectativas econômicas com esse quadro internacional tão desafiador. Em 2022, custos de empréstimos mais elevados, juntamente com fluxos de capitais mais baixos, restringiram o crescimento do crédito, aumentaram a volatilidade financeira e limitaram o investimento na região.

Com a alta da inflação, a política monetária dos bancos centrais ficou mais restritiva, com impacto mais forte previsto para 2023, quando o incremento das taxas de juros deve cobrar seu preço na atividade.

Segundo um relatório de janeiro da Organização das Nações Unidas (ONU), o crescimento do PIB regional deve desacelerar 1,4%neste ano, após uma expansão estimada de 3,8% em 2022.

A ONU ainda alertou que os riscos negativos podem piorar caso a recuperação da China atrase um pouco mais e Europa e Estados Unidos atinjam algum grau de recessão por um tempo maior que o esperado. Com isso, as exportações e os fluxos financeiros para a América Latina e o Caribe vão reduzir ainda mais.

Brasil

No Brasil, em particular, a previsão é que o PIB desacelere para 0,9% em 2023 – estimativa que está em linha com a da maior parte das casas de análises. O País sofreu muito com a volatilidade dos preços internacionais no ano passado, com a inflação batendo nos 12% em abril e recuando gradativamente até fechar em 5,79% no final de 2022, acima da meta do Banco Central.

Importante citar que parte da queda da inflação é atribuída à redução de impostos sobre os preços administrados, política que começou a ser revista pelo novo governo.

No auge da oscilação dos preços de petróleo, o ex-presidente Bolsonaro demitiu dois presidentes da Petrobras, Joaquim Luna e Silva, em março, e José Mauro Ferreira Coelho, em junho, após reajustes de preços nas refinarias. O Brasil adota desde a gestão Temer a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), seguindo as cotações internacionais.

A política restritiva do BC, que elevou sua taxa básica de juros para 13,75% tem outros efeitos além da perda de potência da atividade. No Brasil, o crescimento do crédito caiu de 16,3% em 2021 para 14,2% em 2022. E deve recuar ainda mais para 8,2% em 2023, segundo projeções oficiais.

Outro impacto particularmente grande é a despesa do setor público com os juros da dívida, que chegou a quase R$ 590 bilhões em 2022 e pode passar de R$ 770 bilhões em 2023, de acordo com projeções de mercado.
Crise humanitária

Além das contas financeiras da crise, é preciso também contabilizar o impacto humanitário da invasão russa à Ucrânia. Os números não são precisos, mas as forças russas podem ter perdido cerca de 100 mil combatentes entre mortos e feridos, números similares aos do lado ucraniano. Os civis mortos no conflito podem ter passado de 40 mil.

Segundo cálculos da ONU, 17,7 milhões de pessoas foram diretamente afetadas no país, sendo que mais de 3 milhões estão em áreas já controladas pelo exército russo, o que dificulta os programas de ajuda. São cerca de 7,9 milhões de refugiados (perto de 1 milhão atravessaram a fronteira pela Polônia) e 5,9 milhões tiveram que se deslocar internamente, fugindo das áreas de combate mais intensas.

Investing - SP   23/02/2023

A economia da China está se estabilizando e melhorando, mas ainda enfrenta muitos desafios, disse o primeiro-ministro Li Keqiang, segundo a mídia estatal, em uma reunião de gabinete nesta quarta-feira.

A China tomará medidas para melhorar as expectativas do mercado e consolidar o ímpeto de crescimento econômico, e ainda há espaço para que cortes de impostos e taxas entrem em vigor, disse Li.

A segunda maior economia do mundo cresceu 3% em 2022 em relação ao ano anterior, ficando muito abaixo da meta oficial de cerca de 5,5% e registrando uma de suas piores taxas em quase meio século.

A suspensão das rigorosas medidas contra a Covid-19 por Pequim em dezembro impulsionou uma tentativa de recuperação econômica este ano, mas uma queda no setor imobiliário e a fraca demanda global também significam que uma recuperação do crescimento dependerá fortemente dos consumidores.

Os mercados antecipam amplamente uma remodelação do governo, especialmente da equipe econômica, e metas econômicas para 2023 durante uma sessão anual do Parlamento que começa no início de março.

"Acreditamos que 5% continuará sendo a meta de crescimento deste ano, embora na prática 5% talvez esteja sendo interpretado como um mínimo", disse o JP Morgan em uma nota de pesquisa. A instituição espera que a política monetária "seja contínua e mantenha o status quo, e a política fiscal seja modestamente contracionista este ano".

Agência Brasil - DF   23/02/2023

A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, subiu de 5,79% para 5,89% para este ano. A estimativa consta do Boletim Focus, pesquisa divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC) com a expectativa de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.

Para 2024, a projeção da inflação ficou em 4,02%. Para 2025 e 2026, as previsões são de inflação em 3,78% e 3,7%, respectivamente.

A previsão para este ano está acima do teto da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é de 3,25% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é de 1,75% e o superior de 4,75%.

Da mesma forma, a projeção do mercado para a inflação de 2024 também está acima do centro da meta prevista, fixada em 3%, mas ainda dentro do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.

Em janeiro, puxado principalmente pelo aumento de preços de alimentos e combustíveis, o IPCA ficou em 0,53%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Juros

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 13,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) . A taxa está nesse nível desde agosto do ano passado, e é o maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava nesse patamar.

Para o mercado financeiro, a expectativa é de que a Selic encerre o ano em 12,75% ao ano. Para o fim de 2024, a estimativa é de que a taxa básica caia para 10% ao ano. Já para o fim 2025 e 2026, a previsão é de Selic em 9% ao ano e 8,75% ao ano, respectivamente.

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.

Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.
PIB e câmbio

A projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira neste ano também subiu de 0,76% para 0,8%. Para 2024, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país) é de crescimento de 1,5%. Para 2025 e 2026, o mercado financeiro projeta expansão do PIB em 1,8% e 2%, respectivamente.

A expectativa para a cotação do dólar está em R$ 5,25 para o final deste ano. Para o fim de 2024, a previsão é de que a moeda americana fique em R$ 5,29.

O Estado de S.Paulo - SP   23/02/2023

Sem diagnóstico completo não há terapia adequada. E isso vale para a indústria.

Durante décadas, a desidratação da indústria foi atribuída a uns poucos fatores, que nunca conseguiram explicar tudo: ao excessivo custo Brasil, aos juros altos demais ou ao câmbio supervalorizado. Não dá para negar relevância a essas causas, especialmente ao elevado custo da infraestrutura, à carga tributária confusa e excessiva e ao estrangulamento pela burocracia.

No entanto, é preciso olhar as coisas com mais abrangência. A indústria brasileira também foi beneficiada pelo grande mercado interno, pela existência de um forte Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e por uma política protecionista, que garantiu reservas de mercado, tarifas alfandegárias e uma tolerância a prolongamentos de dívidas tributárias pelo Refis – que permitiu uma sucessão de versões, uma emendada na anterior, como a compulsão do tabagista que acende um cigarro no outro.

É inevitável admitir que o excesso de proteção é uma das causas do enfraquecimento da indústria, porque desestimulou investimentos em tecnologia e atrofiou sua capacidade de competir. Intimamente ligados a ela estão o baixo acesso ao mercado externo e a crônica intolerância a acordos comerciais, que necessariamente exigem progressiva redução de tarifas alfandegárias e, portanto, redução da proteção. Mas o diagnóstico não estaria completo se não considerarem outros fatores que levaram ao encolhimento da indústria de transformação no PIB brasileiro.

O primeiro deles é puramente estatístico. Em todo o mundo cresceu a participação do setor de serviços no PIB. Vivemos uma era de preponderância dos serviços. No Brasil, desde o início dos anos 2000, o setor corresponde por mais de 65% do PIB. Além disso, segmentos inteiros da indústria podem ser considerados operações de serviços, como acontece com as montagens.

O outro fator é o que pode ser chamado de fator China. Nos últimos 30 anos, a indústria asiática passou a competir com o resto do mundo com custos substancialmente mais baixos de mão de obra, de emprego de tecnologia e de crédito. Em consequência disso, passou a atrair capitais e transferências de indústrias inteiras antes instaladas nos Estados Unidos e na Europa. O atual surto protecionista nas economias avançadas do Ocidente tem aí uma de suas explicações.

A principal moral dessa história para o governo Lula é que não se pode mais pretender a recuperação da indústria com recursos aos instrumentos convencionais. Será preciso promover acordos comerciais para criar mercados e levar em conta a forte competição da China e dos demais tigres asiáticos. Isso, por sua vez, implica fazer escolhas.

O Estado de S.Paulo - SP   23/02/2023

O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, afirmou que o debate sobre o novo arcabouço fiscal está maduro e terá um componente que oferecerá previsibilidade para a evolução das despesas do governo, além de uma regra de controle de gastos.

Em meio às críticas do governo ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, Galípolo disse conversar com ele “quase diariamente” e ter a missão de fazê-lo “ser criticado por grupos bolsonaristas por estar excessivamente próximo à equipe econômica do PT”. A seguir, os principais trechos da entrevista.
Há uma grande ansiedade do mercado em relação à nova regra fiscal. Muitos acham que há pouca sinalização porque o modelo não estaria maduro. Qual é de fato o atual estágio do projeto?

Ele está bastante avançado, mas ainda aberto para receber contribuições. Queremos escutar o maior número de especialistas. É um debate que já tem um nível de maturidade muito grande, seja por causa da literatura existente internacional e nacional, seja porque ele vem sendo debatido há muito tempo.
O ministro prometeu antecipar para março a apresentação do projeto. Qual a estratégia por trás dessa antecipação?

Estamos antecipando justamente porque tá maduro. Tem um nível de convergência muito alto já sobre aquilo que se descarta, o que não funciona, e os componentes que fazem sentido. Então esse encurtamento do horizonte demonstra justamente como esse trabalho vem evoluindo de uma maneira rápida.
O que vocês viram que não funciona para o novo arcabouço fiscal?

Aquele modelo que quando bate no limite de endividamento automaticamente gera um congelamento do gasto primário ou uma tentativa de corte automático do gasto. Há um consenso, independente da linha de pesquisa ou ideológica, que isso tende a gerar muitos problemas do ponto de vista operacional.
No que há consenso?

Que tenha um componente que possa suavizar o ciclo econômico, não acentuá-lo. Ter qualquer tipo de comportamento que permite gastar mais no momento em que está crescendo a arrecadação ou que impor cortes justamente quando vem caindo a atividade econômica, é pouco desejável. A literatura fala bastante de como se consegue criar um “colchão” para não retrair o gasto no momento de uma retração e também um limite para onde ele deveria não crescer, quando está aumentando a arrecadação num ciclo de crescimento.
Poderia explicar como funcionaria, de forma simples?

Vamos ter um componente que permite, simultaneamente, ser anticíclico e oferecer previsibilidade sobre a evolução das despesas. Que possa de alguma maneira fornecer um indicativo correto do ponto de vista das expectativas dos agentes econômicos sobre o comportamento e evolução das despesas e os desdobramentos sobre as demais variáveis, como PIB e relação entre dívida pública e PIB. Uma regra que consiga oferecer essas duas coisas.
Nada parecido com o teto de gastos?

Não estou falando de um teto de gastos. O Fernando (Haddad, ministro da Fazenda) já estabeleceu todas as críticas, de uma maneira muito clara, ao teto de gastos, que se revelou fracassado para alinhar as expectativas. A ideia é como a gente consegue oferecer um arcabouço fiscal que discuta a qualidade do gasto. A ideia do arcabouço não é só uma regra quantitativa, mas qualitativa. E aí a parceria com a ministra (do Planejamento) Simone Tebet, de como se faz o spending review (revisão de gastos) para reavaliar as políticas públicas e sua eficácia.

Haverá uma regra de controle de gastos?

O ministro tem sinalizado uma preferência para que exista também no arcabouço uma regra de gastos, o que faz sentido dentro do que nós temos pensando.
Uma regra que permita o crescimento da despesa acima da inflação?

É. O teto tinha uma ideia de que você tinha só uma recomposição da inflação – ou seja, não tinha o crescimento real. Eu acho que o ministro está cortejando as necessidades demográficas e sociais do País junto com a necessidade econômica de oferecer expectativas benéficas e um componente anticíclico.
Durante a campanha, o ministro já falou de uma regra que permitiria um crescimento das despesas 1,5% acima da inflação. É por aí?

O número em si vai depender muito do que a gente está olhando numa janela para frente, qual é o número do volume de gasto. Eu acho que talvez a regra também não precise engessar os números. Ou seja: que não deve ser para sempre, que os números e metas possam ser revisitados dentro de um intervalo temporal. É importante que isso esteja casado com o planejamento de médio prazo, o que está muito associado com o Orçamento.

O economista Felipe Salto esteve com o ministro Haddad e, após o encontro, antecipou que a trajetória da dívida poderá estar no Plano Plurianual (PPA). Como é isso?

É importante que o arcabouço fiscal considere a trajetória da relação dívida/PIB em alinhamento com o que se planeja fazer num plano daqui alguns anos. Estamos pensando um arcabouço que prevê gestão da relação dívida/ PIB, um componente de avaliação da evolução do gasto e, em cima disso, as premissas que vão estar vinculadas com isso. O PPA tem esse papel importante de sinalizar para onde a gente quer ir enquanto sociedade no médio prazo. É muito importante ter clareza de que o Orçamento é um pilar da democracia. Viver em sociedade implica decidir como é que a gente vai cuidar uns dos outros, na velhice, na doença, na infância, na educação. O Orçamento é o principal instrumento de como é que a gente decide fazer isso.
Como a reforma tributária está conectada ao novo arcabouço? Ele terá um componente de receita?

Fazer um debate que não fique apenas no quantitativo, mas uma discussão qualitativa. Quando se olha para a estrutura de arrecadação e para a estrutura de gastos do Estado brasileiro, é um monstro que é concentrador de renda. Temos renúncias fiscais e outras formas de gastos que precisam ser periodicamente reavaliados para saber se aquelas políticas estão dando os resultados. A discussão qualitativa deve estar inserida na discussão do novo arcabouço fiscal que está junto com a reforma tributária. O que eu aprendi nesses poucos dias aqui na Fazenda é que são poucas as coisas que não são difíceis. Quase tudo que vamos enfrentar será bastante difícil. Mas o ministro Haddad tem muita coragem. E ele adotou a estratégia de trazer esses debates para a luz do sol. O ministro já tomou decisões corajosas, como o pacote de medidas, que envolveram desonerações e reavaliação de despesas.
Como está o diálogo com o Congresso para aprovar as medidas? O presidente da Câmara, Arthur Lira, já falou que não vai aceitar nenhuma regra ‘radical’.

Tem sido excelente. Temos tentado manter o máximo de diálogo. O presidente Lira tem sido muito parceiro e super atencioso. Temos tentado ficar o máximo possível à disposição dele para poder esclarecer todos os pontos que são necessários. Assim como também ficamos à disposição do presidente (do Senado) Pacheco para poder escutá-los.
Como está caminhando a execução do pacote anunciado para reverter o déficit?

Está caminhando bem. Foi um pacote que, logo que ele foi anunciado, houve boa recepção pelo mercado, seja do ponto de vista das falas dos agentes de mercados, seja nas medições de risco do País e nas taxas de juros de longo prazo. Continuamos perseguindo zerar o déficit algum momento ao longo 2024 e que nesse ano daria alguma coisa em torno de 1% do PIB de déficit.
A correção da tabela do Imposto de Renda, que a princípio ficaria para o ano que vem, entrou no pacote que vai ser anunciado em breve pelo presidente Lula, junto com o reajuste do salário mínimo e o Desenrola. Como esse pacote se encaixa na agenda do Ministério da Fazenda?

Vamos começar pelo caso do Desenrola. A gente tem uma situação bastante complexa do ponto de pessoa física. Praticamente 40% da população economicamente ativa está negativada do ponto de vista de crédito. São em torno de 70 milhões de pessoas marginalizadas do processo de crédito. É uma situação muito grave e preocupante. E praticamente metade dessas negativações ocorreram nos últimos 12 meses, o que demonstra que essa deterioração vem ocorrendo de maneira bem acelerada e rápida nos últimos meses – o que demanda uma ação rápida por parte do governo. Por isso que desde o início, tanto o ministro Haddad quanto o presidente Lula têm cobrado que a gente consiga dar uma resposta a partir do Desenrola para produzir algum tipo de alívio para essas famílias e pessoas que estão endividadas. E as outras medidas também se inserem sob essa mesma lógica. Então, desde a medida que foi tomada com a questão do Imposto de Renda para permitir que as pessoas que recebem até em torno de R$ 2.640 não sejam oneradas e também a questão do salário mínimo estão alinhadas na mesma direção: de tentar produzir alívio para as pessoas que mais precisam.
A desaceleração do crédito tem preocupado o mercado. Há risco de sequência de falência das empresas?

A gente tem feito esse acompanhamento muito próximo, dialogando com todos interlocutores possíveis, que envolvem desde o setor de empresas até o setor financeiro e a autoridade monetária. Temos dialogado bastante e feito esse acompanhamento de perto para entender como estão sendo as reações, seja em decorrência do custo de crédito, seja em decorrência dos fatos que ocorreram mais recentemente – que, por receio, acabam provocando algum tipo de retração, ou algum zelo adicional que chamamos de política prudencial dos bancos, de reduzir a oferta de crédito. Quase que diariamente eu tenho esse diálogo com eles para acompanhar isso e, simultaneamente, tentando estar preparado com políticas compensatórias.

O que é essa política compensatória?

Se tiver em algum ponto do mercado uma restrição de liquidez que possa gerar algum tipo de problema um pouco mais amplo. Hoje, se você conversar, por exemplo, com a Febraban , ela vai te passar um cenário menos preocupado com pessoa jurídica do que com pessoa física, que é o que nós estamos endereçando com o Desenrola. Isso não quer dizer que nós não estejamos acompanhando também a situação de pessoa jurídica e pensando em programas e políticas adequadas para ter certeza de que, do ponto de vista financeiro, vai se ter uma saúde. O programa Desenrola está saindo na frente justamente porque não só o governo, mas a Febraban sinaliza hoje que a maior preocupação é com pessoa física e não com pessoa jurídica. Mas se você analisar, por exemplo, durante a covid, a gente teve o Pronampe, que foi desenhado justamente para oferecer garantias e garantir que empresas teriam acesso a crédito.
O público do Desenrola é quem ganha até dois salários mínimos?

Na verdade, não é. Há faixas de atendimento. Vão ser atendidas diversas faixas com níveis de esforço fiscal distintos para cada uma das faixas, em termos de garantia ou qualquer outro tipo de estímulo. É como o Minha Casa Minha Vida, que tem faixas de renda distintas e em cada faixa de renda, você percebe tipos de esforços distintos diferentes. O governo está acompanhando, monitorando e formulando para garantir que qualquer tipo de restrição que possa ocorrer não vá produzir uma retração da economia. E nesse sentido, o crédito é a decisão crucial nessa economia, porque essa economia é uma economia que vive do crédito. O governo e a equipe econômica estão totalmente focados em evitar uma crise de crédito no País. Se você pegar todos esses programas, eles são envolvidos com isso: Desenrola, Minha Casa Minha Vida, um novo Bolsa Família, o Imposto de Renda, o salário mínimo... todos eles são rios que correm para o mesmo mar. Eu acho que todas as lógicas de antecipação estão associadas a isso.
Como assim?

Por exemplo: o ministro Haddad tem convicção de que a apresentação da nova regra fiscal também colabora para dar uma previsibilidade no cenário de médio e longo prazo – o que pode permitir, inclusive, que o mercado derrube as taxas de juros longas no mercado secundário. Uma suavização nas taxas de juros longas permite uma melhoria no ambiente de liquidez para as empresas que captam, porque determinam o benchmark para todas as empresas. Então, perceba que o Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Desenrola, Imposto de Renda, salário mínimo, regra fiscal antecipada e uma reforma tributária convergem para o mesmo sentido.
Há risco de recessão em 2023?

É muito importante a gente lembrar que o Brasil é uma economia inserida na economia global. Hoje existe muita discussão e todo mundo está olhando para como as autoridades monetárias lá fora vão se comportar no combate à inflação. A gente percebe lá fora certa compreensão das autoridades monetárias, me parece, apesar de a gente estar vendo um discurso duro em algumas declarações de autoridades, de que não se pretende derrubar as economias para uma recessão para tentar combater muitas vezes uma inflação que tem elementos que dificilmente poderiam ser combatidos com uma taxa de juros muito alta ou com custo muito alto para a economia. Do nosso lado, qual é a grande vantagem? O Brasil tem um mercado grande, com capacidade de responder rapidamente. Daí a importância dos programas que a gente listou, que num prazo curto já estão formulados e já estão sendo colocados em prática. Então, tudo isso contribui para que não haja uma retração econômica, pelo contrário: a gente pretende garantir crescimento econômico.

O Banco Central continua sustentando os juros em 13,75% ao ano. O sr. acha que há espaço para iniciar um ciclo de redução?

Na minha leitura da ata do Copom, as medidas foram devidamente reconhecidas, que colaboram para essa sinalização, para as expectativas dos agentes de mercado, que permitem uma redução na taxa de juros ao longo de toda a curva.
Como está a discussão sobre a meta de inflação?

Eu acho que ela foi feita de maneira pública. O presidente falou sobre ela e acho que tem muita literatura sobre o tema também. E aí é um debate para o Conselho Monetário Nacional.
O sr. tem uma relação próxima com o presidente do Banco Central, até pela sua função executiva. Como é esse diálogo?

Falo com ele quase que diariamente. Estou com uma missão corporativa de, até o final do ano, ele ser criticado por todos os grupos bolsonaristas por estar excessivamente próximo à equipe econômica do PT. Essa é a minha missão até o final do governo. Temos muito diálogo com ele. Boa parte desse processo de monitoramento a gente faz em conjunto com ele.
Mas esse fogo cruzado entre o governo Campos Neto não atrapalha o trabalho do Ministério da Fazenda?

Isso é democracia. O presidente tem 60 milhões de votos. Ele tem autoridade para falar e conhece muito, já foi presidente duas vezes. Então, ele tem muita tranquilidade para falar sobre todos esses temas. Os debates vão ocorrer e economia é um tema que sempre é muito acalorado.
O ministro Haddad também tem se demonstrado muito insatisfeito com o patamar dos juros.

Eu acho que ninguém quer juros de 13,75%, mesmo para o mercado financeiro, não só para as empresas. O mercado financeiro assistiu a um crescimento do mercado secundário, no mercado de emissões de título de dívida, de acesso ao que a gente chama de mercado de capitais. E há uma dinâmica que é bastante importante: o valor dos ativos sofre com elevações da taxa de juros, porque é calculado enquanto um valor presente que desconta as receitas futuras esperadas que aquele ativo vai gerar a valor presente. Então, quanto mais alta essa taxa, menor o valor presente. Não é aquela dinâmica que muitas vezes aparece, de que juro alto é benéfico para o mercado de capitais, o mercado financeiro. Isso não é uma verdade absoluta. Eu tenho certeza de que todo mundo quer uma taxa de juros menor. E acho que o que o Ministério da Fazenda vem fazendo é construir as condições para que o juro seja mais barato – não só a taxa Selic, mas a taxa de juros que chega para população, para as empresas, na ponta. E que isso esteja alinhado com um projeto que está sustentado nesses três pilares: desenvolvimento econômico, social e ambiental.

MINERAÇÃO

IstoÉ Dinheiro - SP   23/02/2023

A Rio Tinto cortou mais da metade de seus dividendos nesta quarta-feira, depois de registrar uma queda de 38% no lucro anual, prejudicada pelos preços mais fracos do minério de ferro, com a desaceleração da demanda da China, e custos mais altos de mão de obra e materiais.

A anglo-australiana se junta a outras mineradoras ao relatar lucros e pagamentos aos acionistas mais baixos em relação aos níveis recordes registrados em 2022, depois que paralisações reduziram a produção e aumentaram os custos com energia, mão de obra qualificada, explosivos e equipamentos.

A Rio publicou ganhos de 13,3 bilhões de dólares em 2022, em comparação com um recorde de 21,4 bilhões de dólares em 2021, abaixo da estimativa da Refinitiv de 13,8 bilhões de dólares. A empresa declarou um dividendo anual de 4,92 dólares por ação, abaixo do valor recorde de 10,40 dólares por ação em 2021.

As restrições rígidas contra Covid-19 na China, maior produtora global de aço, reduziram a atividade econômica no ano passado, derrubando os preços do minério de ferro dos níveis elevados no ano anterior.

Mas a companhia, maior produtora mundial de minério de ferro, disse que o consumo chinês mostra sinais de recuperação.

“É muito positivo que a China agora também saia dos bloqueios contra Covid… e estamos confiantes de que a demanda (da China) será um fator estabilizador para a economia mundial em 2023”, disse o presidente-executivo Jakob Stausholm a repórteres.

A China, segunda maior economia do mundo, reabriu em janeiro suas fronteiras e flexibilizou as regras de quarentena para viajantes após três anos de controles rígidos, e está implementando políticas para impulsionar sua economia em declínio.

A Rio Tinto reduziu sua previsão de investimentos de capital para 2023 para 8 bilhões de dólares, ante previsão de 8 bilhões a 9 bilhões de dólares, enquanto elevou suas estimativas para 2024 e 2025 para o intervalo entre 9 bilhões e 10 bilhões de dólares.

As estimativas incluem cerca de 3 bilhões de dólares por ano para capital de crescimento, disse o diretor financeiro Peter Cunningham, enquanto a mineradora se move para acelerar projetos, incluindo o vasto depósito de minério de ferro da Guiné chamado Simandou, o ativo de lítio da Argentina Rincon e a expansão subterrânea de sua enorme mina de cobre e ouro Oyu Tolgoi na Mongólia.

IstoÉ Online - SP   23/02/2023

Após um rali prolongado estimulado pelo otimismo em torno das perspectivas de demanda da China, os contratos futuros de minério de ferro ficaram moderados nesta quarta-feira, depois que a Dalian Commodity Exchange ajustou os limites de negociação para determinados contratos.

Os ajustes, que entraram em vigor na sessão da noite de terça-feira, seguiram-se a um novo lembrete da bolsa de Dalian na sexta-feira sobre gerenciamento de riscos de mercado e a necessidade de fortalecer a vigilância diária e garantir a estabilidade do mercado.

A bolsa de Dalian já havia realizado ajustes semelhantes nos limites de trading em meio a negociações especulativas que elevaram os preços do minério de ferro.

No mês passado, o planejador estatal da China alertou repetidamente contra a especulação excessiva de preços no minério de ferro e prometeu aumentar a supervisão dos mercados spot e futuro do país.

Na terça-feira, os contratos futuros de minério de ferro subiram para mais de 130 dólares a tonelada, quebrando a faixa de negociação de120 a 130 dólares à qual estiveram confinados por semanas, depois que a maior mineradora listada do mundo, a BHP, sinalizou uma melhora na perspectiva de demanda na China, maior produtora mundial de aço.

O minério de ferro também teve suporte do lado da oferta, com a sul-africana Kumba Iron Ore Ltd reduzindo suas perspectivas de produção para os próximos três anos devido à falta de trens de carga para transportar minérios para os portos.

O contrato de minério de ferro mais negociado na bolsa de Dalian encerrou o comércio diurno com queda de 0,4%, a 909,50 iuanes (131,90 dólares) a tonelada, após cinco sessões consecutivas de ganhos.

Na Bolsa de Cingapura, o minério de ferro de referência caiu 0,5%, para 130,35 dólares a tonelada.

“O principal fator que afeta o preço do minério é a política regulatória do governo no mercado de minério de ferro, que precisa receber bastante atenção”, disseram analistas da Huatai Futures em nota.

Money Times - SP   23/02/2023

Em dia negativo para o Ibovespa, parte das ações do setor de mineração e siderurgia busca se manter no lado dos vencedores.

Algumas empresas conseguiram vencer o “susto” da abertura e viraram para alta. É o caso de CSN (CSNA3), que subia 0,29% perto das 15h40 desta quarta-feira (22). A controlada CSN Mineração (CMIN3) se mostrava estável, enquanto Vale (VALE3) oscilava entre perdas e ganhos, mas com tendência de queda.

Mineradoras e siderúrgicas da Bolsa aproveitam a boa fase do minério de ferro. O rali dos últimos meses, impulsionado pelo processo de reabertura da economia chinesa após um período complicado de restrições contra o coronavírus no país asiático, fez com que as empresas expostas ao ingrediente siderúrgico se recuperassem da baixa em meados de 2022.

A recuperação dos preços do minério de ferro nesse último rali chamou a atenção de autoridades chinesas, que mostraram preocupações com as mudanças de preços e avisaram que iam apertar a supervisão para conter a especulação do mercado.

Dito e feito: ajustes para limitar as negociações de determinados contratos futuros entraram em vigor na noite desta terça, a fim de garantir a estabilidade no mercado.

Atualmente, os preços do minério de ferro giram em torno de US$ 130 a tonelada, bem acima dos patamares ideais considerados por agentes de mercado para a matéria-prima da siderurgia.

Na avaliação da Genial Investimentos, existe de fato certo nível de especulação em cima da curva de minério de ferro. Para a corretora, a curva em preços acima de US$ 110/tonelada não parece razoável, visto que a demanda das siderúrgicas chinesas não sustenta o nível dos preços.

Segundo a Genial, existe um descolamento da curva de preços com a economia real chinesa. O mercado parece ter colocado muita expectativa sobre a demanda futura chinesa e deve acabar se frustrando, com o impacto nas ações vindo mais à frente.

O Inter Research avalia que as incertezas quanto ao ritmo de produção siderúrgica chinesa continuam elevadas, trazendo desafios para a demanda de minério de ferro.

A instituição também acredita que ações como VALE3 estão “devidamente precificadas” nos patamares atuais e não devem subir muito mais.

Correção está próxima

A opinião do Bank of America (BofA) não destoa muito. Por mais que acredite que a sazonalidade pode dar suporte aos preços do minério de ferro no curto prazo, a queda está por vir.

“Os preços devem cair em direção à nossa média projetada para 2023 de aproximadamente US$ 100/tonelada, especialmente no segundo semestre”, afirma o banco, em relatório publicado na última semana.

Segundo o BofA, parecia uma boa ideia comprar ações expostas ao minério de ferro no fim do ano passado, mas a recente valorização parece tomar boa parte da expectativa sobre a retomada da China.

Em paralelo, analistas ainda não viram melhorias materiais nos fundamentos para justificar os níveis atuais, não mais sustentáveis, da commodity.

“A principal questão agora é: esse rali tem pernas?”, questiona a instituição.

O BofA chega a citar o descontentamento das autoridades chinesas com os preços atuais do minério de ferro, o que também serve como contrapeso para a manutenção dos níveis atuais.

Valor - SP   23/02/2023

Principal matéria-prima do aço passou a exibir ganho de 1,3% em fevereiro e, no ano, a valorização chega a 11,3%

Depois de tocarem o maior nível em oito meses na véspera, os preços do minério de ferro encerraram, nesta quarta-feira (22), com leve correção no mercado transoceânico, mas ainda rondando a máxima desde junho.

Segundo índice Platts, da S&P Global Commodity Insights, o minério com teor de 62% de ferro encerrou o dia com baixa de 0,95% no norte da China, para US$ 130,60 por tonelada.

Com esse desempenho, a principal matéria-prima do aço passou a exibir ganho de 1,3% em fevereiro. No ano, a valorização chega a 11,3%.

Na Bolsa de Commodity de Dalian (DCE), os contratos mais negociados, para maio, recuaram 0,4%, a 909,50 yuan por tonelada.

O rali recente do minério foi alimentando pelo maior otimismo dos participantes em relação ao consumo chinês neste ano — na terça-feira ( 21), a BHP reforçou a percepção de que a demanda na China caminha para ser mais robusta.

AUTOMOTIVO

Valor - SP   23/02/2023

Carlos Tavares diz que país tem no etanol opção mais econômica e acessível para descarbonizar transporte

Tavares diz que apesar de defender o etanol trará elétrico ao Brasil: “Não pretendo deixar esse nicho para meu concorrente” — Foto: Bridget Bennett/Bloomberg

O executivo português Carlos Tavares, presidente mundial da Stellantis, costuma ser direto em suas ponderações e respostas aos jornalistas. E foi sem rodeios que ontem, depois da divulgação dos resultados do primeiro ano da companhia, ele respondeu a uma pergunta sobre tributação do carro elétrico no Brasil com uma crítica direta aos concorrentes.

Antes de mais nada, Tavares voltou a destacar o etanol e o carro flex como a melhor solução para o Brasil acompanhar o processo de descarbonização no transporte. Em seguida, questionou: “Por que, então, as pessoas levariam carros elétricos para o Brasil? Bom, o primeiro motivo é para competir com a líder do mercado, que é de longe a Stellantis, que é de longe a Fiat (a marca líder do mercado e que pertence ao grupo)”.

Na sequência, o executivo disse que seja qual for o plano dos que defendem o carro elétrico no Brasil eles não estarão sozinhos. “Sem revelar aqui muitos detalhes sobre o planejamento do produto, vamos levar carros elétricos para o Brasil também para lutar contra as pessoas que pensam que podem desestabilizar o líder do mercado que somos”, destacou. “Temos EVs (elétricos na sigla em inglês) na Europa, estamos lançando no Estados Unidos. Temos em todos os lugares. Estamos bem de EVs.”

Tavares contou que esteve na América Latina há duas semanas e segundo os “cientistas” lhe explicaram, “o elétrico não faz sentido se comparado com o carro que pode rodar com 100% de etanol. “Sem contar que é muito mais caro para a classe média”, disse.

E voltou a lançar críticas a concorrentes. “Se é mais caro e não é melhor sob uma perspectiva de emissões, então, por que faríamos isso? Bem, a resposta é muito simples: nossos concorrentes gostariam de vender o EV como uma declaração moderna, elegante e ecológica para pessoas ricas de áreas urbanas que compram o EV como o segundo ou terceiro carro da família. Isso pode ser um nicho de mercado. Não pretendo deixar esse nicho de mercado para meu concorrente, então estarei lá também. Sejam bem-vindos à competição”, disse.

“Agora, a sociedade precisa, o cidadão precisa? Minha avaliação honesta é que não, eles não precisam porque vocês tem uma solução muito boa para o planeta. Também há o fato de o Brasil ter grandes terras onde a produção de etanol não vai competir com a de alimentos, o que também é muito bom para o país. É uma tecnologia muito acessível e já teve investimento necessário. Então, por que você desperdiçaria os recursos da sociedade em algo que não é melhor para o planeta?”

Com a chegada de um novo governo no Brasil, os fabricantes de veículos começaram a se mobilizar em torno da isenção de Imposto de Importação em carros elétricos, que são todos importados. O elétrico é isento desse imposto desde 2016, mas parte da indústria teme que o benefício estimule a entrada de modelos compactos, principalmente da China, com preços mais próximos da linha nacional. A indústria chinesa, que, em parte, também investe em fábricas no Brasil, argumenta que o benefício precisa ser mantido como forma de preparar a indústria para a produção desses veículos no país.

Na conversa com um grupo de jornalistas de diversos países, na quarta-feira (22), Tavares mostrou que sua preocupação com o preço do carro elétrico não se limita ao Brasil. “Há muitos anos dizemos que o maior problema da eletrificação é a acessibilidade para todas as classes”, destacou.

Segundo ele, a batalha da indústria automobilística hoje é reduzir os custos do automóvel elétrico ao ponto de que os consumidores possam comprá-lo sem os subsídios que ainda são oferecidos em países da Europa e nos Estados Unidos e que giram em torno de US$ 7,5 mil. “Hoje as pessoas compram porque há subsídio do Estado”, disse.

“Vimos isso na Itália. Assim que os subsídios foram extintos as pessoas pararam de comprar”. “Então a expectativa é que os EVs sejam vendidos a preços entre € 6 mil e € 7 mil, valor do bônus dado hoje. Isso é bastante óbvio”, completou.

Mesmo assim, a Stellantis comemorou aumento de vendas de 41% em carros elétricos no ano passado, resultado puxado, sobretudo, pela Europa. As marcas do grupo oferecem hoje 23 modelos elétricos. Até o fim do ano serão mais nove e até o fim de 2024 o total chegará a 47, segundo Tavares.

O executivo apontou, ainda, a preocupação com o futuro do suprimento de insumos necessários à produção do carro elétrico. “A fragmentação do mundo é bastante óbvia há alguns anos. Então a nossa estratégia é buscar o abastecimento na região onde vendemos. Sabemos que o mundo está se tornando uma série de bolhas, a bolha norte-americana, a europeia, a chinesa. Dentro de cada bolha, você precisa obter (os insumos de) nada menos que 80% de suas vendas locais”, disse.

Segundo Tavares, a oferta e a demanda de componentes, principalmente semicondutores, começa a voltar ao equilíbrio. “Há, também, sinais de que a alta dos juros vai impactar no arrefecimento da inflação e dos custos das matérias-primas”, disse.

Criada em janeiro de 2022, a partir da fusão entre os grupos Fiat Chrysler e Peugeot Citroën, a Stellantis encerrou o ano com resultados acima do esperado, superando Ford, General Motors e Tesla em alguns indicadores,

O grupo registrou lucro operacional de US$ 24,4 bilhões no último ano e margem de lucro operacional de 13%. O lucro é praticamente o dobro das concorrentes, embora a margem operacional tenha ficado atrás da reportada pela Tesla, segundo a agência “Dow Jones”. A receita líquida somou € 179,6 bilhões, um aumento de 18% em relação a 2021, levando em conta os resultados dos dois grupos antes da fusão.

O volume de vendas em todo o mundo atingiu 5,8 milhões de veículos. Desses, 859 mil foram vendidos na América do Sul, região em que o crescimento alcançou 3% na comparação com o ano anterior.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Infomoney - SP   23/02/2023

Os pedidos de hipotecas caíram 13,3% nos Estados Unidos na semana encerrada em 17 de fevereiro em relação à semana anterior, de acordo com dados com ajustes sazonais da Mortgage Bankers Association (MBA). A taxa fixa das hipotecas de 30 anos subiu de 6,39% para 6,62%, a mais alta desde novembro.

Segundo a MBA, o índice de refinanciamento diminuiu 2% em relação à semana anterior e está 72% abaixo do que o verificado na mesma semana do ano passado. O índice de compras ajustado sazonalmente caiu 18% em relação a uma semana e o não ajustado recuou 4% na mesma comparação. Ante a mesma semana do ano anterior, a queda foi de 41%.

Joel Kan, vice-presidente e economista chefe adjunto da MBA, destacou que as taxas de hipotecas aumentaram em todos os tipos de empréstimo na semana passada. “O salto levou o índice de compras cair 18%, para seu nível mais baixo desde 1995 ”, comparou.

De acordo com o economista, esta época do ano é normalmente quando a atividade de compras aumenta, mas nas últimas duas semanas, as taxas se elevaram significativamente à medida que os mercados financeiros digerem dados sobre o arrefecimento da inflação em um ritmo mais lento do que o esperado.

“O aumento nas taxas de hipotecas colocou muitos compradores de imóveis de volta à margem mais uma vez. Especialmente os compradores de primeira casa que são mais sensíveis aos desafios de acessibilidade e ao impacto de taxas mais altas”, comentou.

A parcela de refinanciamento da atividade hipotecária aumentou para 32,5%, do total de aplicações, de 32,0% na semana anterior. A parcela da atividade de hipotecas de taxa ajustável (ARM) aumentou para 7,6% do total de aplicações.

FERROVIÁRIO

Valor - SP   23/02/2023

Pedido foi feito pela empresa TAV Brasil. Se confirmada a retomada do projeto, o trem-bala será contratado pelo regime de autorização, criado pelo marco legal de 2021. Nele, a empresa responsável assume todos os riscos da construção e operação, mas se torna dona do empreendimento

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) aceitou o pedido da empresa TAV Brasil para retomar o projeto do trem de alta velocidade que ligaria as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. A decisão, tomada pela diretoria da agência, foi publicada na edição desta quarta-feira (22) do “Diário Oficial da União”.

Um projeto similar de trem-bala, com ligação Rio-São Paulo-Campinas, ganhou notoriedade em 2012, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Havia o interesse do governo de contratar um dos poucos grupos estrangeiros com experiência em operar trens de alta velocidade no mundo para, em parceria com grandes construtoras nacionais, absorver parte da intensa demanda do transporte de passageiros da ponte aérea Rio-São Paulo e cidades vizinhas. Haveria, por exemplo, uma estação dedicada aos turistas que visitam a cidade de Nossa Senhora Aparecida (SP).

Na época, os investidores e especialistas em projetos de ferrovias diziam que havia um risco de demanda pelo transporte. Também foi considerado o risco de engenharia devido à passagem do traçado por regiões montanhosas, que exigiria a construção de túneis, e poderia estourar o orçamento.

Agora, chama a atenção o fato do projeto ser retomado por um grupo empresarial considerado pequeno com interesse em implantar e explorar um empreendimento de porte bilionário. Informações preliminares indicam que a Infra SA possui um capital social de apenas R$ 100 mil.

Se confirmada a retomada do projeto, o trem-bala será contratado pelo regime de autorização, criado pelo marco legal de 2021. Nele, a empresa responsável assume todos os riscos da construção e operação, mas se torna dona do empreendimento.

A facilidade de obter uma autorização para construir e operar uma linha férrea pelo regime de autorização gera desconfiança sobre a viabilidade de alguns projetos, conforme já mostrou reportagem do Valor.

Especialistas do setor avaliam que a aprovação da nova lei abriu uma disputa entre empresas de engenharia interessadas em elaborar o projeto e só depois ir atrás de um investidor capaz de construir a ferrovia.

Uma busca por meio do CNPJ da TAV Brasil, que é uma sociedade de propósito específico (SPE), mostra que seu quadro societário é formado pela empresa Global Ace Participações e Investimentos, pelo empresário Marcos Joaquim Gonçalves Alves e pela Infra S.A. Investimentos e Serviços.

Procurada, a estatal Infra SA, criada a partir da incorporação da Empresa de Planejamento e Logística (EPL) pela estatal de ferrovias Valec, informou que não integra a TAV Brasil. Quando o governo federal tentou emplacar o trem-bala Rio-São Paulo-Campinas, criou a EPL para ser o braço estatal do governo no consórcio que construiria e exploraria o serviço. Por isso, a equipe econômica na gestão Jair Bolsonaro chamava a empresa de “estatal do trem-bala”, ao defender sua extinção.

A estrutura da estatal, que chegou a estruturar o primeiro projeto de trem-bala do país, foi mantida para atender a atual demanda do governo por projetos de concessão em diferentes modais de transporte.

O Estado de S.Paulo - SP   23/02/2023

Os investimentos no setor ferroviário pavimentam o caminho para um futuro melhor, ao conectar pessoas e empresas de forma eficiente, segura e sustentável. Os recentes planos nacionais ferroviários, que vêm sendo anunciados por diversos países, mostram que este setor é um dos componentes mais relevantes do sistema de transporte de uma sociedade. E o Brasil vem sinalizando que irá embarcar nessa tendência, tendo em vista medidas recentes que apontam para uma nova era de investimentos neste modal.

É importante ter claro que a construção de ferrovias, combinada com a ampliação da capacidade operacional dos vagões, produz enormes benefícios socioeconômicos: fomenta a agricultura e a mineração, reduz importantes gargalos logísticos, ativa o comércio, gera ganhos ambientais e viabiliza novos investimentos na indústria. Além disso, resulta em expansão do emprego e renda em diversos setores da sociedade.

De mais a mais, o desenvolvimento do setor ferroviário gera impactos positivos no meio ambiente. Isso porque os trens emitem menos gases de efeito estufa em comparação a outros modos de transporte, contribuindo para um ambiente mais limpo. Em 2019, dados do Fórum Econômico Mundial colocavam o Brasil na 85.ª posição entre 141 economias em termos de qualidade geral de infraestrutura de transporte. Aproximadamente 65% das cargas do País são transportadas por rodovias, com um porcentual menor movimentado via ferrovias, hidrovias, cabotagem, dutos e aviões. Para além da agenda de descarbonização, o setor ferroviário fornece também uma alternativa importante de mobilidade, reduzindo nossa dependência rodoviária e diminuindo o tráfego, sobretudo nas grandes cidades.

Também é importante ressaltar que a modernização do setor ferroviário de um país aumenta a velocidade e a confiabilidade das linhas férreas, criando oportunidades de negócios e trabalho. Com inovações tecnológicas, como trens de alta velocidade e sistemas inteligentes de gerenciamento de equipamentos, o tempo de viagem é diminuído consideravelmente. Ou seja, as cargas alcançam a demanda e as pessoas chegam a seus destinos com menores custo e tempo, resultando em maior produtividade na economia.

O setor público também se beneficia diretamente com o desenvolvimento local proporcionado pela expansão do transporte ferroviário. A lógica é simples. As ferrovias ativam o comércio e o empreendedorismo por onde passam, criando residências e novos negócios. A população se desenvolve e os governos absorvem ganhos fiscais a partir de corredores de desenvolvimento que se formam ao redor dos trilhos. Essa dinâmica é conhecida na literatura especializada como transbordamento fiscal, ou Spillover tax.

Diante de tantos benefícios, muitos países estão promovendo ações para atrair e ampliar os investimentos no setor ferroviário. A Índia, por exemplo, anunciou recentemente um orçamento com investimentos que superam os US$ 30 bilhões. Os recursos serão usados em parceria público-privada para aquisição de 55 mil vagões, 25 trens movidos a hidrogênio e 3 mil locomotivas elétricas, além de outros produtos e serviços. A Alemanha, por sua vez, anunciou um plano de restauração da sua malha ferroviária com € 86 bilhões para os próximos dez anos. Esses são exemplos de que o mundo vem apostando neste importante segmento do setor de transportes, no âmbito de uma agenda voltada para um desenvolvimento econômico cada vez mais sustentável.

Neste setor o Brasil tem enormes desafios para superar. De acordo com o atual Plano Nacional de Logística (PNL), as ferrovias nacionais hoje transportam cerca de 410 bilhões de toneladas por quilômetro, enquanto os demais setores transportam 1.930 bilhões. Isso quer dizer que apenas 17% de tudo o que é transportado no País passa pela nossa malha ferroviária. Precisamos promover um grande volume de investimentos neste modal nos próximos anos, seja para a construção de mais trilhos, seja para aumentar a capacidade operacional dos vagões. Conforme o PNL, o Poder Executivo federal prevê que o setor ferroviário poderá transportar o dobro da carga movimentada até 2035.

Diante deste quadro, o Ministério dos Transportes tem o desafio e a oportunidade de promover uma revolução no setor ferroviário desde já. Para tanto, conta com uma recém-criada (e inédita) Secretaria Nacional dedicada à formulação de políticas públicas do setor ferroviário.

O novo marco legal de ferrovias, projeto de lei de minha autoria, já aprovado pelo Congresso Nacional – mas que aguarda a deliberação dos vetos –, estimulará uma forte entrada de capital privado no setor ferroviário. A nova legislação desburocratiza o acesso ao mercado de ferrovias, criando incentivos para a interconexão da malha ferroviária nacional por meio das shortlines – linhas férreas mais curtas que se podem conectar com as estradas de ferro tidas como estruturantes.

Tudo indica que o País vai experimentar um período de expansão dos investimentos no setor ferroviário, tornando nossas linhas férreas mais eficientes, confiáveis e acessíveis. Com os novos avanços institucionais, o Brasil vai entrar nos trilhos.

NAVAL

Valor - SP   23/02/2023

Pelo menos uma vez ao mês, um ou dois navios zarpam do porto de Rio Modal foi usado para escoar 63 milhões de litros de biodiesel e 173 milhões de litros de etanol, com altas em relação a 2021 de 33% e 51%, respectivamente

Pelo menos uma vez ao mês, um ou dois navios zarpam do porto de Rio Grande (RS) com destino a Suape (PE) levando combustíveis produzidos pela Vibra. Essas viagens pela costa - que duram aproximadamente cinco dias - geraram uma economia de R$ 36 milhões para a empresa em 2022. Além disso, impediram a emissão de 10 mil toneladas de CO2 equivalente por caminhões.

A companhia projetava um aumento de 20% no volume de combustível transportado via cabotagem no passado. No entanto, a forte demanda pelo produto no Nordeste deu tração para um crescimento ainda maior.

O modal foi usado para escoar 63 milhões de litros de biodiesel e 173 milhões de litros de etanol, com aumentos em relação a 2021 de 33% e 51%, respectivamente, informa a empresa.

Em 2022, a empresa vendeu 300 milhões de litros de biodiesel e 330 milhões de litros de etanol no Nordeste. Logo, ainda há um potencial enorme para expandir a cabotagem. A expectativa é crescer entre 15% e 20% nesse modal este ano.

“Os biocombustíveis são produzidos majoritariamente no Sul e no Centro-Oeste. E não há nenhuma unidade produtora sendo construída no momento. Teremos que levar por rodovias ou por cabotagem, que é mais eficiente”, disse ao Valor o vice-presidente executivo de operações, logística e sourcing da Vibra, Marcelo Bragança.

Capacidade

Cada navio é carregado geralmente com 5 milhões de litros de biodiesel, enquanto um caminhão bitrem usado nas operações por terra leva no máximo 60 mil litros.

A cabotagem faz parte dos planos da Vibra para zerar suas emissões de CO2 nos escopos 1 e 2 - que envolvem as operações diretas da companhia e o uso de energia - até 2025. Para suportar essa estratégia, parte do R$ 1 bilhão investido em infraestrutura nos últimos três anos está sendo usado para aumentar a capacidade de armazenamento nos portos de Belém, Cabedelo, Santarém e Suape.

“Duas obras grandes nos terminais ficarão prontas em 2024”, diz Bragança. “E nós também trabalhamos bastante os fornecedores no Sul, porque o biodiesel é higroscópico (tende a absorver água com o tempo, o que não é bom). Fizemos toda uma revisão na cadeia logística e nos nossos processos.”

Mesmo o encarecimento do combustível dos navios no ano passado - a guerra na Ucrânia deflagrou uma forte alta do petróleo, que puxou os preços dos derivados - não frustrou a aposta da Vibra em cabotagem. “O custo do transporte rodoviário também é impactado pelo petróleo, mas, devido à escala, o modal marítimo é mais eficiente”, explicou.

Um dos investimentos atualmente em curso na empresa é transformar o porto de Santarém em um ponto focal para navios de grande porte, porque muitas vezes o transporte local é feito por barcaças menores. As operações no Nordeste também servirão para trazer insumos importados via cabotagem até as fábricas no Centro-Sul brasileiro.

PETROLÍFERO

Valor - SP   23/02/2023

A Mercuria Energy Group Limited alocou US$ 80 milhões e ficará com cerca de 30% da petroleira após a conclusão da ofert

Em meio a uma seca de ofertas de ações no Brasil, a Seacrest Petroleo conseguiu concluir sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na bolsa de Oslo, Noruega. Com a transação a companhia, que é focada na aquisição de campos maduros de petróleo e gás natural, levantou US$ 260 milhões.

"Existe um potencial significativo de criação de valor em nossos ativos de produção exclusivamente integrados por meio de uma série de atividades de redesenvolvimento de baixo risco que devem triplicar a produção até 2025. Nossa produção de alta margem de fluxo de caixa nos permite crescer e planejar o retorno de capital aos acionistas no curto prazo”, disse, em nota, o presidente da Seacrest Petroleo, Michael Stewart.

A estreia das ações na bolsa de Oslo será amanhã, dia 23. Além de bancos noruegueses, BTG Pactual e Itaú BBA foram coordenadores do IPO.

Para conseguir emplacar a oferta, a companhia teve que aceitar um corte de preço. A avaliação da empresa foi reduzida de US$ 215 milhões para cerca de US$ 148 milhões, considerando a cifra antes da capitalização (pre-money). Com o IPO, a empresa chega avaliada em US$ 383 milhões, podendo chegar em US$ 407 milhões caso seja exercido o lote suplementar da oferta.

No IPO, a Mercuria Energy Group Limited alocou US$ 80 milhões e ficará com cerca de 30% da petroleira após a conclusão da oferta.

Todos os ativos da Seacrest estão no Brasil, mas sua sede fica em Bermudas. A petroleira é mais uma que viu um mercado potencial no Brasil após o programa de desinvestimentos da Petrobras que teve largada no governo de Michel Temer. Dentre elas estão a 3R Petroleo, PetroRio e PetroReconcavo, listadas na B3.

A empresa foi fundada em 2020 por Erik Tiller e Paul Murray, que também são cofundadores da petroleira norueguesa OKEA, já listada na bolsa de Oslo. “O grupo segue uma estratégia no Brasil semelhante à que a OKEA ASA tem seguido na Noruega”, ainda de acordo com o prospecto do IPO. Desde o ano passado, Rafael Grisolia, ex-CFO da Petrobras e ex-CEO da distribuidora de combustíveis Vibra Energia, foi nomeado diretor financeiro da petroleira.

A primeira investida da empresa foi o campo de Cricaré, também da Petrobras, que compreendia 27 concessões de petróleo na terra, além de ativos de produção de petróleo, operação concluída no fim de 2021. “Todos os campos que compõem os Clusters Cricaré e Norte Capixaba estão em terra na Bacia do Espírito Santo, no estado do Espírito Santo, Brasil. Com fator de recuperação médio atual de 17%, esses campos estão em fase de produção e são considerados ativos de meia-idade", afirma a empresa, em seu prospecto.

Infomoney - SP   23/02/2023

A Petrobras (PETR3;PETR4) informou que o duto OSBAT, que transporta petróleo do terminal de São Sebastião (SP) até Cubatão (SP), segue inoperante para realização de inspeções após fortes chuvas que atingiram o litoral norte durante o Carnaval.

Segundo a Petrobras, as operações no duto seguirão suspensas até que “todas as ações necessárias sejam tomadas para a retomada segura das operações”.

A estatal ressaltou que, apesar da suspensão da operação no OSBAT, “não há impacto para o atendimento ao mercado”.

O terminal de Cubatão, que interliga o Planalto Paulista, a Baixada Santista e a Refinaria Presidente Bernardes (em Cubatão), é utilizado como parque de armazenamento intermediário nas situações de bombeamento ou de recebimento de produtos do Planalto ou para o Planalto.

A Petrobras disse na noite da véspera que as operações nos dutos OSPLAN e OSVAT, que tinham sido interrompidas preventivamente, foram reiniciadas na terça-feira.

As inspeções nas faixas de dutos são realizadas continuamente pela Transpetro, subsidiária da Petrobras, para garantia da integridade e segurança dos dutos.

A Petrobras disse ainda que “se solidariza com a comunidade de São Sebastião” e segue prestando apoio à população e às autoridades locais que atuam na região atingida por fortes chuvas.

Por meio da subsidiária Transpetro, a companhia doou alimentos e itens de higiene e limpeza ao Fundo Social de Solidariedade da Prefeitura de São Sebastião, entre outras ações.

O Terminal de São Sebastião continua servindo de ponto de apoio para as autoridades, e o heliponto da empresa está à disposição das equipes de emergência.

O número de vítimas fatais das fortes chuvas havia subido para 48 até a manhã desta quarta-feira, segundo autoridades.

IstoÉ Online - SP   23/02/2023

Os contratos mais líquidos do petróleo fecharam em queda pelo segundo dia consecutivo, após a ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) reforçar expectativa por alta de juros e impulsionar o dólar no exterior. Ainda, a commodity cedeu às preocupações sobre a demanda em meio a expectativas de recessão nas principais economias devido aos apertos monetários.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para abril fechou em baixa de 3,16% (US$ -2,41), a US$ 73,95 o barril, enquanto o Brent para o mesmo mês, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em queda de 2,95% (-US$ 2,45), a US$ 80,60 o barril.

Nesta quarta, o Fed publicou a ata da última reunião de política monetária, que indicou reforçado compromisso pelo combate à inflação nos EUA. Segundo o documento, alguns dirigentes preferiam aumento de 50 pontos-base nos juros no encontro de fevereiro, quando a autoridade monetária optou por elevação mais branda, de 25 pontos-base.

A ata impulsionou o dólar ante pares rivais, o que ampliou a pressão que já vinha derrubando os preços do petróleo ao longo da sessão.

Segundo análise de Edward Moya, da Oanda, o preço do petróleo pesa para o negativo, seguindo as expectativas de traders de energia de que o Federal Reserve (Fed) deverá apresentar uma postura mais “hawkish”, diante dos dados recentes da economia americana, que deverá levar os Estados Unidos a uma recessão, prejudicando a demanda pelo óleo. “O petróleo provavelmente permanecerá pesado aqui, pois os estoques estão altos, a manutenção da refinaria está aqui e as preocupações com o crescimento global”, destaca o economista.

Já na visão da CMC Markets, apesar da baixa, a commodity ainda está em tendência de alta em relação às mínimas registradas em dezembro, “com as expectativas da demanda da China mantendo um piso sob qualquer queda”.

No radar de investidores, também ficou a informação de que a Rússia deverá reduzir suas exportações de petróleo em até 25% em março, em relação a fevereiro, segundo fontes disseram à Reuters.

O Petróleo - SP   23/02/2023

Com a crescente demanda por energia em todo o mundo, a exploração offshore de petróleo e gás tem se tornado cada vez mais importante para a economia global. No entanto, essa atividade não vem sem riscos.

A segurança é uma preocupação fundamental para todas as empresas de petróleo e gás que operam offshore. Neste artigo, vamos explorar as regiões mais seguras para a exploração offshore de petróleo e gás, com base nos últimos dados disponíveis.

A Importância da Segurança na Exploração Offshore

A segurança é uma das principais preocupações das empresas de petróleo e gás que operam offshore. As operações offshore são complexas e envolvem muitos riscos, incluindo condições climáticas adversas, problemas técnicos e erros humanos.

O impacto de um acidente pode ser devastador, com danos à vida humana e ao meio ambiente, além de prejuízos financeiros para as empresas envolvidas.
Conheça as Regiões Mais Seguras para a Exploração Offshore

De acordo com os últimos dados disponíveis, as regiões mais seguras para a exploração offshore de petróleo e gás são o Golfo do México, o Mar do Norte e o Mar Cáspio.

Golfo do México: é considerado uma das regiões mais seguras para a exploração offshore, graças a um conjunto rigoroso de regulamentações de segurança. As indústrias de petróleo que operam no Golfo do México são obrigadas a seguir padrões rigorosos de segurança e meio ambiente, e são inspecionadas regularmente por agências reguladoras.

Demanda de GLP no Brasil permanecerá estável em 2023

Além disso, a região tem uma infraestrutura bem desenvolvida e experiente, com muitos anos de operações de exploração offshore.

Mar do Norte: também é uma das regiões mais seguras para a exploração offshore. A região é conhecida por seus padrões elevados de segurança e meio ambiente, bem como por sua experiência em exploração offshore. As petrolíferas que operam no Mar do Norte, também são obrigadas a seguir padrões rigorosos de segurança e meio ambiente, e a região é regularmente inspecionada por agências reguladoras.

Mar Cáspio: é outra região que tem se destacado pela sua segurança na exploração offshore de petróleo e gás. A região é conhecida por sua experiência em exploração offshore e pelas suas regulamentações de segurança rigorosas. As empresas de petróleo e gás que operam no Mar Cáspio são obrigadas a seguir padrões rigorosos de segurança e meio ambiente, e a região é regularmente inspecionada por agências reguladoras.

Além das regiões mencionadas, existem outras áreas em todo o mundo que também são conhecidas por suas práticas seguras de exploração offshore. No entanto, cada região apresenta seus próprios desafios e riscos.

Empresas que buscam investir na exploração offshore devem considerar cuidadosamente as regulamentações e infraestrutura de segurança em cada região antes de tomar decisões de investimento.

Por exemplo, a Ásia é uma região em rápido crescimento para a exploração offshore de petróleo e gás, com um grande potencial para investimentos. No entanto, a região enfrenta desafios únicos, como tufões, terremotos e tsunamis, que podem representar riscos para as operações de exploração offshore.

Da mesma forma, a África também apresenta oportunidades significativas para a exploração offshore de petróleo e gás.

No entanto, a região é conhecida por sua instabilidade política e incertezas regulatórias, o que pode apresentar riscos para as empresas de petróleo e gás que operam na região.

A importância da segurança na exploração offshore de petróleo e gás deve ser enfatizada, independentemente da região. Empresas de petróleo e gás devem seguir os mais altos padrões de segurança e meio ambiente, garantindo que todas as operações offshore sejam realizadas com o mínimo de risco possível.

Além disso, agências reguladoras devem implementar regulamentações rigorosas para garantir que todas as empresas sigam os mesmos padrões de segurança.

Conclusão

A exploração offshore de petróleo e gás é uma atividade crucial para a economia global, mas que envolve muitos riscos. As empresas de petróleo e gás que operam offshore devem seguir os mais altos padrões de segurança e meio ambiente, garantindo que todas as operações sejam realizadas com o mínimo de risco possível.

O Golfo do México, o Mar do Norte e o Mar Cáspio são as regiões mais seguras para a exploração offshore de petróleo e gás, mas outras áreas em todo o mundo também oferecem oportunidades de investimento.

As empresas que buscam investir na exploração offshore devem considerar cuidadosamente as regulamentações e infraestrutura de segurança em cada região antes de tomar decisões de investimento.

Valor - SP   23/02/2023

É preciso rever o Plano de Negócio 2023-2027 e dar às energias renováveis o papel de destaque que merecem

Em 2022, o mundo bateu recorde no uso de carvão, e, neste ano, ultrapassará, pela primeira vez, o consumo de 100 milhões de barris de petróleo por dia (mbd), contra 68 milhões em 1992, ano da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Eco-92. O mundo e o Brasil precisam do petróleo, mas diante da crise climática, têm pressa, então como facilitar a transição energética com os recursos, governo e a Petrobras que temos em mãos?

O Energy Outlook BP, publicado no final de janeiro, prevê vários cenários para as próximas três décadas. No primeiro, a transição é lenta, com consumo acima de 100 mbd durante muitos anos, chegando a 75 mbd em 2050. Já no cenário “Net Zero”, é rápida, alcançando o pico de consumo de petróleo ainda nessa década, e o reduzindo para 20 mbd em 2050.

É preciso rever o Plano de Negócio 2023-2027 e dar às energias renováveis o papel de destaque que merecem

Mas como o diabo está nos detalhes, mais rápido que o declínio da demanda seria o esgotamento dos campos atuais, e mesmo na hipótese mais otimista, é necessário explorar novas áreas. A paralisação abrupta de investimentos em exploração de Petróleo & Gás (P&G) não levaria à sustentabilidade, mas ao caos. Ao mesmo tempo, há potencial a ser explorado na diminuição do impacto das energias fósseis, em particular dos Gases de Efeito Estufa (GEE). Contudo, as incertezas são enormes e os riscos desses investimentos são de longa maturação.

Logo, prevalecem as opções com destacada relação custo/ benefício e estabilidade institucional. O pré-sal está entre essas áreas, o que explica a presença de todas as principais petrolíferas no país. Correto, portanto, a Petrobras continuar apostando na exploração do pré-sal, como também investir na Margem Equatorial, a exemplo dos investimentos da Exxon nas águas territoriais da Guiana e Suriname. Mas isso não contradiz de nenhuma forma a urgência em diversificar sua atuação para energias renováveis. Assim, a complexidade da relação entre políticas de curto prazo e transformações estruturais em curso ou necessárias são um desafio para governos e empresas.

Repare na troca do nome da estatal norueguesa Statoil, em 2018, para Equinor. Equi sugere equilíbrio, e a empresa continua investindo em exploração de petróleo e gás, principalmente no Mar do Norte, e no pré-sal, mas sinalizou a transformação em empresa de energia, e não mais de petróleo. Isso se traduziu em investimentos em fontes alternativas inclusive no Brasil, onde abriu sua primeira planta solar em nível global, além de investimentos em biocombustíveis.

Essa também foi a opção de outras petrolíferas europeias que investem no pré-sal, mas ao mesmo tempo no potencial de energias renováveis no Brasil. A anglo-holandesa Shell, por exemplo, reduziu as áreas de operação de P&G no mundo, mas manteve o pré-sal como prioridade. Ao mesmo tempo, desenvolve projetos eólicos, solares, de biocombustíveis (Raizen) e hidrogênio no Brasil. Outros players, como Total, BP e ENI atuam do mesmo modo. A TotalEnergies já confirmou seu interesse no polo de hidrogênio verde no Ceará.

Isso contrasta com a política da Petrobras nos últimos seis anos, voltada para aumentar a rentabilidade de curto prazo, com desinvestimentos e queda acentuada nos investimentos no geral e em energias renováveis. Ou seja, em flagrante contramão de seus concorrentes.

A lógica da desverticalização e desintegração não atingiu somente o setor de distribuição e refino, mas interrompeu também a transição para uma empresa líder de energia com visão estratégica de médio e longo prazo. Chegamos ao ponto de o ministro da Economia defender a rápida privatização da empresa, alegando que, no futuro breve, o fim da era do petróleo levaria a Petrobras a não valer nada.

Essa estratégia foi vitoriosa em seu objetivo. Houve de fato uma expressiva queda dos investimentos e, de outro lado, aumento da distribuição dos lucros na forma de dividendos (não tributados, diga-se de passagem). Em 2021, chegaram a R$ 101,4 bilhões, e, no ano passado, cerca de 95% dos lucros da Petrobras foram distribuídos, nada menos que R$ 180 bilhões. Mas ao contrário do que diz o senso comum, dois terços das ações com direito a dividendos da “estatal” estão nas mãos de acionistas privados, dos quais metade são estrangeiros. Houve até uma política de facilitar o pagamento de dividendos e, em 2022, foram distribuídos cerca de quatro vezes seus investimentos. Ainda sob a gestão passada, foi projetado o pagamento de dividendos de US$ 80 bilhões nos próximos cinco anos.

É verdade que a Petrobras não é a única a obter e distribuir tais lucros, chamados por António Guterres, secretário-geral da ONU, de “imorais”. Mas vários países, em particular a Itália e o Reino Unido, introduziram tributação especial sobre os lucros extraordinários (windfall profit tax). Recentemente, Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, reclamou dos lucros da Exxon, acusando a empresa de não investir o necessário para ampliar a produção.

Um mecanismo de tributação especial, em caso de elevação dos preços internacionais, pode ser de interesse para o Brasil financiar um fundo de estabilização. Na Petrobras, no entanto, a necessária mudança na política de dividendos faz parte, também, da revisão do papel da empresa na transição energética.

O governo Lula se elegeu com a promessa de reindustrializar o país priorizando a economia digital e verde. Isso não depende só de esforços para atrair investimentos e cooperações internacionais. Há um potencial enorme de mobilizar a maior empresa brasileira, com grande capacidade de promover P&D (Pesquisa & Desenvolvimento), para ocupar novamente o papel de indutora do desenvolvimento, agora sustentável, do país, com a ambição de torná-la líder mundial na transição energética.

A Lei das Sociedades Anônimas garante à União o direito de orientar a Petrobras a atuar para o interesse público, o que justificou sua criação e é de conhecimento dos acionistas privados. Essa é uma oportunidade e tarefa histórica para a nova diretoria da Petrobras, por meio de uma revisão do Plano de Negócio 2023-2027, herdado na gestão passada, no qual constam as energias renováveis, mas de forma modesta demais para o potencial da empresa e as necessidades do Brasil e do mundo.

Giorgio Romano Schutte é professor associado em Relações Internacionais e Economia da Universidade Federal do ABC e integrante do OPEB (Observatório de Política Externa e Inserção Econômica do Brasil da UFABC).

O Petróleo - SP   23/02/2023

A Enauta, operadora brasileira de petróleo e gás, anunciou na quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023, que o FPSO Petrojarl I, que está realizando operações em um campo offshore no Brasil, embarcou em atividades de manutenção preventiva. A interrupção da manutenção deve durar até o início da próxima semana, mas a empresa assegura que não afetará as estimativas de produção.
Manutenção preventiva faz parte da rotina operacional

Segundo a Enauta, essa manutenção preventiva faz parte da rotina operacional das unidades flutuantes de produção, que normalmente operam com uma eficiência – taxa de operação ou uptime – próxima a 90%. O FPSO Petrojarl I tem apresentado excelente uptime de 98% nos últimos três meses, após sua recertificação, e uma taxa de operação de 92% ao longo de 2022.

Aker garante contrato submarino para campo offshore brasileiro
Campanha de perfuração de três poços em Atlanta

No final de 2022, a Enauta deu início à campanha de perfuração de três poços no campo de Atlanta. O primeiro poço, que está em fase de conexão com o FPSO Petrojarl I, deve entrar em produção em abril de 2023, quando o FPSO terá três poços em operação, que é sua capacidade máxima.

Aumento do potencial de produção de Atlanta

Com a entrada desse novo poço, o potencial de produção do campo de Atlanta aumentará para mais de 20 mil barris de óleo por dia. Além disso, a Enauta afirma que terá redundância operacional no sistema de bombeamento, levando a “uma maior estabilidade de produção”.
FPSO Atlanta previsto para meados de 2024

A Enauta comprou o FPSO OSX-2 para o Full Development System (FDS) de Atlanta no ano passado, previsto para meados de 2024, originalmente com seis poços, chegando a dez poços em 2029. Prevê-se que este FPSO, conhecido como FPSO Atlanta, esteja totalmente operacional em 2024. A empresa espera alcançar um aumento significativo na produção com esse projeto.

A Enauta é uma empresa com presença sólida no mercado de exploração e produção de petróleo e gás no Brasil e tem investido em projetos para aumentar sua capacidade produtiva e ampliar sua participação no mercado.

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