Petro Notícias - SP 22/11/2023
O debate sobre o preço do aço no Brasil continua bastante aflorado no mercado. Uma preocupação das siderúrgicas que se sentem prejudicadas pelo aumento das importações, notadamente da China e da Turquia, que enfrentam uma retração nos seus mercados internos e precisam colocar a produção no mercado usando o atrativo dos preços bem menores do que em muitos países. Em relação ao Brasil, principalmente pela diferença tributária e trabalhista entre os dois países, essa margem de diferença é intensa. Grandes empresas consumidoras do aço, optaram por importar do que comprar das siderúrgicas nacionais. Sem vendas, as siderúrgicas nacionais são pressionadas a cortar custos, o que inevitavelmente explode na redução da carga de trabalho e em seguida no corte de empregos e nas paralisações de suas unidades. Esta foi a fórmula seguida pela Gerdau, que demitiu 700 funcionários e ArceloMittal, que colocou 400 trabalhadores em férias coletivas e parou a unidade de Resende, no Rio de Janeiro.
As siderúrgicas pedem ao governo que aumente as alíquotas e os consumidores do aço pedem que elas permaneçam competitivas. É uma queda de braço que faz o governo, pressionado pelas duas partes, ficar em ponto morto. Depois de toda repercussão no mercado, a ABITAM, que consta como signatária do pedido do governo que não atenda as siderúrgicas e aumente as alíquotas, nos enviou uma mensagem, solicitando que retirasse o nome dela das associações signatários do documento que o Petronotícias publicou, embora no documento original, conste que a ABITAM apoiou o movimento. O Petronotícias também recebeu uma nota do Instituto Aço Brasil, que representa as siderúrgicas brasileiras, fazendo as suas válidas ponderações. Uma nota formal que vamos publicar na íntegra:
“ Em relação a texto publicado em 20/11/23 no veículo sobre pleito da indústria do aço, o Instituto Aço Brasil, que representa associadas responsáveis por 85% da produção de aço no país, informa que a decisão de solicitar elevação da tarifa de importação do aço se deve ao forte aumento do ingresso do produto de origem estrangeira verificada nos últimos meses, levando o setor a uma condição crítica. Até setembro, a entrada de aço importado no Brasil cresceu 57,9%, dos quais 56% originados da China.
Esse aço entra no país para concorrer com o produto produzido pela indústria brasileira de aço de forma predatória e desleal. Graças a subsídios oferecidos pelo governo da China, siderúrgicas chinesas conseguem vender aço abaixo do preço de custo. A iniciativa decorre dos esforços estatais em manter a indústria do aço da China artificialmente aquecida, dentro da estratégia frear até onde for possível a desaceleração da economia do país.
A concorrência predatória e desleal do aço chinês não é um problema exclusivo do Brasil. Prova disso é que Estados Unidos, 27 países da União Europeia, Reino Unido e, mais recentemente, o México, elevaram suas tarifas de importação do aço para 25%. Neste cenário, no Brasil vigora a tarifa de 9,6% para a maioria dos itens importados, criando uma gritante assimetria entre o mercado brasileiro e outros mercados relevantes de aço. Essa disparidade explica o forte crescimento das importações predatórias nos últimos meses no Brasil.
Para corrigir este problema, de forma a preservar uma indústria estratégica para o país, as empresas produtoras de aço, representadas pelo Instituto Aço Brasil, vêm pleiteando, junto ao governo, a elevação temporária e emergencial para 25% de 18 NCMs (Nomenclatura Comum do Mercosul), dentre 273 NCMs existentes.
Não existe qualquer outra razão do setor para apresentação do pleito que não seja a preocupação em preservar produção, a criação de empregos e os investimentos da indústria do aço, impedindo a transferência da geração de riqueza para a Ásia, diante de uma ameaça real proporcionada por uma concorrência absolutamente desleal.
Importante ressaltar que alguns segmentos econômicos têm se aproveitado dos preços artificialmente baixos do produto chinês para realizar importações e vender o produto internamente sem repassar ao consumidor o suposto ganho financeiro proporcionado pelas elevações de margens, para melhorar temporariamente seus resultados financeiros.
A indústria do aço é estratégica para o país, garantindo a segurança alimentar, energética e nacional. O setor participa da criação de 3 milhões de postos de trabalho, entre empregos diretos, indiretos e induzidos. Paga R$ 35 bilhões de impostos por ano e está presente em quatro das cinco regiões brasileiras, movimentando e gerando desenvolvimento para as economias locais. Investe, anualmente, R$ 12 bilhões, em modernização das unidades, desenvolvimento de nova tecnologias e inovação. A concorrência predatória do aço estrangeiro ameaça não só a sustentabilidade desse setor tão relevante para o país, como também outros setores da cadeia, que certamente não passarão incólumes caso a crise do setor perdure por muito tempo e se aprofunde ainda mais.”
Valor - SP 22/11/2023
Companhia estuda reduzir produção em Ipatinga se tarifa de importação não subir
Sérgio Leite, da Usiminas: “De janeiro a outubro, as importações cresceram 60% e ainda não sabemos onde isso vai parar. Essa é a grande questão” — Foto: Leo Pinheiro/Valor
A Usiminas se prepara para acompanhar o movimento de outras siderúrgicas instaladas no Brasil e reduzir produção, em meio à crescente entrada de aço importado. A companhia, que acaba de investir R$ 2,7 bilhões para modernizar o alto-forno 3 em Ipatinga (MG), estuda paralisar as operações de outro alto-forno da usina, em medida atribuída ao forte avanço das importações, sobretudo a partir da China, e à queda das vendas internas da indústria brasileira.
De acordo com o vice-presidente de Assuntos Estratégicos da siderúrgica, Sergio Leite, o alto-forno 1 poderá ser desligado ainda este ano, se não houver alguma medida efetiva para conter a entrada de aço importado. “A situação é delicada. Estamos muito preocupados com o futuro”, disse o executivo ao Valor.
As siderúrgicas instaladas no país têm pressionado o governo a elevar de 9,6% para 25% a alíquota de importação do aço, equiparando as tarifas praticadas por Estados Unidos e União Europeia, mas o pleito enfrenta forte resistência de setores consumidores (veja texto abaixo) e em Brasília. Antes da Usiminas, a Gerdau demitiu 700 trabalhadores e a ArcelorMittal executou paradas técnicas em fábricas, colocando 400 empregados em férias coletivas.
Questionado ontem sobre a possibilidade da elevação da tarifa, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou que “isso já foi feito”, lembrando que a Câmara de Comércio Exterior (Camex), durante este primeiro ano de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reverteu corte de 10% da tarifa realizado durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“O problema de competitividade é um problema de vários setores”, disse, citando como exemplo também a indústria química. A afirmação foi feita a jornalistas depois de evento na Confederação Nacional da Indústria (CNI). Alckmin ainda destacou que os Estados Unidos revogaram, no começo deste ano, a cobrança de taxas de 74,52% sobre chapas de aço carbono originárias do Brasil. “Também ajuda [o setor no Brasil]”, afirmou.
Conforme Leite, a Usiminas já reduziu o ritmo de produção em Cubatão (SP) e fez uma parada no centro de serviços em São Paulo, na esteira da “tempestade perfeita” que atinge o setor - vendas internas e exportações em queda de até 8% em 10 meses, enquanto as importações saltaram cerca de 60%. Esse descolamento resultou em aumento da participação das importações no consumo aparente de 12%, na média dos últimos dez anos, para 24% em 2023. Além disso, levou a ociosidade na indústria para cerca de 40%.
[A elevação da tarifa de importação de aço] já foi feita”
— Geraldo Alckmin
Somente a China, comentou o executivo, deve vender 3 milhões de toneladas de aço ao mercado brasileiro em 2023, “a preços abaixo do custo de produção”, o mesmo volume que pode produzir o alto-forno 3 da Usiminas, que acaba de ser religado após os investimentos na reforma. No início dos anos 2000, o país asiático exportava 12 mil toneladas ao Brasil.
“De janeiro a outubro, as importações cresceram 60% e ainda não sabemos onde isso vai parar. Essa é a grande questão”, ressaltou. A leitura no setor é que a China seguirá firme em sua estratégia de ser grande exportadora de aço, chegando a embarques de 100 milhões de toneladas neste ano. Somente em outubro, 80% do aço importado que chegou ao mercado brasileiro era chinês.
Conforme Leite, a decisão sobre o potencial desligamento deve ser tomada ainda este ano e afetará o alto-forno 1 de Ipatinga, que tem capacidade de produção de 600 mil toneladas por ano de ferro-gusa, que será transformado em aço. A Usiminas tem outro alto-forno, o 2, com capacidade similar e, no início da pandemia, também recorreu ao desligamento do alto-forno 1 diante da retração da demanda.
A decisão sobre o desligamento, diz o executivo, já deveria ter sido tomada, mas a empresa preferiu aguardar os resultados das conversas da indústria com o governo federal. O avanço das importações se agravou a partir de maio, quando o alto-forno 3 não estava em operação. “Procuramos manter o ritmo de produção, mas com a volta do alto-forno, a situação muda”.
O avanço dos importados, segundo as siderúrgicas, põe em risco planos de investimento. Em média, os desembolsos giraram em torno de R$ 12 bilhões por ano e o plano é manter esse ritmo. Mantido o cenário atual, ponderou Leite, essa meta pode não ser perseguida. “A indústria do aço no Brasil é competitiva e está atualizada tecnologicamente. O que não pode haver é um mercado em que o importado entre com tanta facilidade, sem proteção”, afirmou Leite.
Valor - SP 22/11/2023
Tarifa maior do aço encareceria carro, imóvel e eletrônico
Ao menos 21 setores produtivos que consomem aço se manifestaram contra a potencial elevação da alíquota de importação para 25%, conforme pedem as siderúrgicas instaladas no país. Segundo esses fabricantes, automóveis, máquinas e equipamentos, eletrônicos e imóveis do “Minha Casa, Minha Vida”, entre outros bens, ficariam mais caros se a tarifa subir.
Após enviarem correspondência ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), representantes de entidades que reúnem essas empresas se encontraram algumas vezes com o ministro e vice-presidente, Geraldo Alckmin, e secretários do Mdic para alertar que o estabelecimento da tarifa resultaria em aumento de custos, pressionando a inflação.
“Tal medida poderá acarretar aumento de custo produtivo em um cenário de preços já elevados [...]. Uma política industrial que busque a ‘neoindustrialização’ deveria discutir o conceito de escalada tarifária onde quanto menos valor agregado de determinado produto, menor sua proteção”, diz a manifestação, à qual o Valor teve acesso.
Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, o pleito das siderúrgicas gera distorções - ao não destacar, por exemplo, que o aumento de importações se dá, sobretudo, em laminados a quente - e penaliza setores que, hoje, têm concorrência mais acirrada com importados do que o próprio aço.
Em máquinas e equipamentos, comentou, as importações já respondem por 45% do consumo aparente nacional. “Uma medida como essa, que protegeria a matéria-prima e não o bem transformado, traria uma mensagem contraditória ao objetivo de reindustrialização”, afirma Velloso. “Ela aumenta o custo do investimento no Brasil”.
Importante consumidor de aços longos, o setor da construção alega que apenas 4% do vergalhão usado no país é importado. Para o fio máquina, que é mais usado na construção de baixa renda - como Minha Casa, Minha Vida -, essa fatia é de 10%.
Ontem, após participar de evento na Confederação Nacional da Indústria (CNI), Alckmin indicou que não haverá revisão da tarifa. Na ocasião, o presidente da entidade, Ricardo Alban, afirmou que a “falta de competitividade na cadeia produtiva é algo sistêmico” em todo o setor industrial. “Nós temos sim que enfrentar o Custo Brasil. Esse é o grande problema”, disse.
Globo Online - RJ 22/11/2023
O Ministério da Fazenda revisou nesta terça-feira as projeções de crescimento para o PIB de 2023 e de 2024. Para este ano, o número caiu de 3,2% para 3%. A mudança ocorre em função de uma expectativa mais baixa de crescimento para o terceiro trimestre, que caiu de 0,1% para zero. Para 2024, a redução foi de 2,3%, para 2,2%.
— As incertezas externas aumentaram, com questões geopolíticas, além da inflação elevada e juros altos em economistas centrais. Nos EUA, por outro lado, aumentaram as chances do chamado "pouso suave" — afirmou o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello.
Segundo a Secretaria de Política Econômica (SPE), há a avaliação de que o setor de serviços terá um crescimento menor do que o esperado no restante do ano. Ainda assim, é esperado que o PIB do quarto trimestre tenha um número melhor do que o do terceiro.
"Apesar dessas alterações, a perspectiva ainda é de aceleração no ritmo da atividade no 4T, motivada pelo crescimento de alguns subsetores menos sensíveis ao ciclo e pela resiliência do consumo das famílias, em função do aumento da massa de renda real do trabalho e das melhores condições no mercado de crédito."
A piora para o ano que vem, segundo a pasta, reflete principalmente o ambiente externo mais incerto. Setores menos ligados à economia internacional, contudo, terão desempenho mais favorável, o que provocará uma mudança na composição do crescimento, na comaração com 2023.
"A mudança repercute o aumento das incertezas no ambiente externo, tanto do ponto de vista da política monetária dos países centrais, quanto da possibilidade de agravamento nos conflitos geopolíticos globais. Em contrapartida, as atividades menos influenciadas pelo setor externo devem se beneficiar com a política monetária menos contracionista, com as melhores condições de crédito e com o crescimento da massa de rendimento real. Nesse sentido, a composição do crescimento brasileiro no próximo ano deverá ser bastante distinta da verificada em 2023, com maior contribuição da absorção doméstica."
A pasta, por outro lado, melhorou as projeções de inflação deste ano, de 4,85% para 4,66%, mas piorou os números de 2024, de 3,4% para 3,55%. Já o resultado primário deste ano ficou pior, saindo de um déficit de R$ 107 bilhões para R$ 113,5 bilhões.
IstoÉ Online - SP 22/11/2023
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ficou estagnado (0,0%) no terceiro trimestre de 2023 ante o segundo trimestre deste ano, segundo o Monitor do PIB, apurado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Em relação ao terceiro trimestre de 2022, houve crescimento de 1,8% no PIB do terceiro trimestre de 2023.
No mês de setembro, a atividade econômica encolheu 0,6% ante agosto. Na comparação com setembro de 2022, houve expansão de 0,8% em setembro de 2023.
“A estagnação do PIB no terceiro trimestre, em comparação ao segundo, reflete a fragilidade de sustentação de crescimento da economia brasileira. A desaceleração da agropecuária e do setor de serviços explica a estagnação da economia pela ótica da oferta. Pela ótica da demanda, destaca-se a desaceleração do consumo das famílias e a queda da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Embora tenha crescido em menor ritmo, o consumo das famílias apresentou pela nona vez variação positiva com o resultado do terceiro trimestre, demonstrando grande resiliência deste componente apesar do ambiente de juros elevados e do alto grau de endividamento das famílias. Já a FBCF encolheu no terceiro trimestre, principalmente devido ao desempenho negativo do segmento de máquinas e equipamentos”, afirmou Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB – FGV, em nota oficial.
O Monitor do PIB antecipa a tendência do principal índice da economia a partir das mesmas fontes de dados e metodologia empregadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo oficial das Contas Nacionais.
Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias cresceu 2,5% no terceiro trimestre ante o mesmo trimestre do ano passado. A desaceleração no ritmo de crescimento do consumo em 2023 em relação ao visto em 2022 “deve-se à menor contribuição do segmento de serviços”.
“Embora esta contribuição ainda seja positiva, ela é significativamente menor do que foi em 2022, onde ainda havia um ambiente de normalização dos serviços, em decorrência da pandemia, e do forte estímulo fiscal”, justificou a FGV, acrescentando que, desde meados de 2022, o consumo de produtos não duráveis tem contribuído de forma mais evidente para o total do consumo das famílias.
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB) teve uma retração de 5,3% no terceiro trimestre de 2023 ante o terceiro trimestre de 2022.
“Esta queda deve-se, quase que exclusivamente, ao segmento de máquinas e equipamentos, embora o segmento da construção também tenha retraído. O forte recuo do segmento de máquinas e equipamentos é de certa forma generalizado, com destaque para o segmento de caminhões e ônibus”, informou a nota do Monitor do PIB.
A exportação de bens e serviços registrou crescimento de 10,6% no terceiro trimestre de 2023, e a importação encolheu 7,0%.
“As exportações de produtos agropecuários e da extrativa mineral são as grandes responsáveis pelo forte crescimento das exportações”, apontou a FGV.
No caso das importações, a queda foi explicada pela menor entrada no País de bens intermediários importados.
Em termos monetários, o PIB alcançou aproximadamente R$ 8,047 trilhões no acumulado de janeiro a setembro, em valores correntes.
A taxa de investimento da economia foi de 16,9% no terceiro trimestre.
Monitor incorpora revisão no PIB definitivo de 2021
A FGV informou que incorporou ao Monitor do PIB as informações anuais e definitivas do PIB de 2021, conforme divulgado pelo IBGE no Sistema de Contas Nacionais (SCN), em 8 de novembro. O PIB de 2021 foi revisto de alta de 5,0% para 4,8%.
“A partir disso, para o Monitor do PIB-FGV, os números trimestrais de referência das Contas Nacionais Trimestrais (CNT), divulgados até o segundo trimestre de 2023, foram compatibilizados com os novos dados anuais”, lembrou a FGV.
Houve impacto também na estrutura de pesos das atividades econômicas no PIB de 2022.
“Ao adotar a nova estrutura de ponderação para o ano de 2022, o Monitor do PIB-FGV estima que a taxa de crescimento do PIB de 2022 tenha sido de 3,0%, ligeiramente superior à anterior (2,9%) divulgada nas CNT (Contas Nacionais Trimestrais)”, informou a FGV.
Infomoney - SP 22/11/2023
O índice de atividade nacional dos Estados Unidos, elaborado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Chicago, caiu de -0,02 em setembro (dado revisado) para -0,49 em outubro, informou a instituição.
Todas as quatro grandes categorias de indicadores utilizados para construir o índice diminuíram em outubro.
A média móvel de três meses do índice diminuiu para -0,22 em outubro, ante um valor neutro em setembro.
O Índice de Difusão CFNAI, que também é uma média móvel de três meses, caiu para -0,20 em outubro, ante +0,08 em setembro.
Vinte e quatro dos 85 indicadores individuais deram contribuições positivas para o CFNAI em outubro, enquanto 61 deram contribuições negativas. Vinte e sete indicadores melhoraram de setembro a Outubro, enquanto 58 indicadores pioraram. Dos indicadores que melhoraram, nove ainda continuaram no campo negativo.
Investing - SP 22/11/2023
O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, disse que o esforço fiscal do governo tem ajudado a autoridade monetária a reduzir a taxa básica de juros, a Selic. Ele afirmou que o mercado financeiro tem ceticismo quanto à capacidade do governo em cumprir as metas de resultado primário: 0% do PIB em 2024, 0,5% do PIB em 2025 e 1% do PIB em 2026.
Segundo ele, o governo fez um “esforço muito grande” e “válido” nas contas públicas na saída da pandemia. “Hoje, o tema é menos se vai atingir a meta ou não e mais sobre a responsabilidade do arcabouço que foi criado”, declarou.
Ele participou nesta 3ª feira (21.nov.2023) de evento organizado pela Arko Advice.
Campos Neto disse que o Brasil tem um orçamento mais engessado que outros países e gastos historicamente mais altos. “Mesmo com o arcabouço, nosso gasto é ainda mais alto que a média do mundo emergente. Obviamente, isso não é um grande problema. O Brasil crescendo, recupera isso. Mas é importante entender que isso está no foco dos analistas”, defendeu.
Segundo Campos Neto, a inflação do Brasil está convergindo para as metas de 2023 e 2024, que são de 3,25% e 3%, respectivamente. Ambos os objetivos inflacionários têm 1,5 ponto percentual de intervalo de tolerância.
Os núcleos inflacionários de serviços têm comportamento bom e os preços administrados apresentam volatilidade associada ao preço de petróleo. O presidente do BC avalia que a cotação do barril tem se comportado relativamente bem no mercado internacional, mas que é difícil haver uma queda “muito maior”. Ele defende que o mundo vive um processo de desinflação, mas que o processo ainda traz “riscos”.
Campos Neto declarou que o consumo no Brasil tem surpreendido positivamente. Disse que a alta da Selic não impactou fortemente a economia.
“Se a gente pegar o quanto que a inflação caiu, comparar com o quanto que PIB mudou em relação à projeção [anterior] e o quando o desemprego e o crédito mudaram, o Brasil foi o país que fez um dos pousos mais suaves do mundo emergente”, declarou.
Campos Neto defendeu ainda que a taxa de desemprego está perto das mínimas de 2013 e 2014, mas com um aumento menor do salário real dos trabalhadores. “Tem sido menos inflacionário”, declarou.
O Estado de S.Paulo - SP 22/11/2023
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira, 21, que embora as expectativas de longo prazo para a inflação estejam baixando, elas ainda estão um pouco acima da meta. “Mas pensamos que as taxas (de juros) são tão restritivas no Brasil que podemos continuar com o processo de redução, pois com a inflação caindo, as taxas reais de juros sobem e há espaço para cortar os juros e continuar no campo restritivo.”
Neste contexto, Campos Neto ressaltou que é apropriado o BC continuar o ritmo de corte de juros de 50 pontos-base nos próximos dois encontros do Copom. “Depois disso vai depender de muitas coisas. Muitas incertezas serão dissipadas até lá. Temos um cenário internacional que aponta muita preocupação, há problemas geopolíticos, há incertezas relativas a preços de petróleo. Mas quando observamos como os mercados emergentes reagiram e o Brasil tem reagido, isso nos coloca em um sentimento positivo.”
Em áudio divulgado pelo Banco Central da entrevista concedida à TV Bloomberg, o presidente da autoridade monetária explicou porque o real está com um bom desempenho perante o dólar, apesar do cenário internacional desafiador.
“Primeiro, o Brasil melhorou em termos de ganhar credibilidade com o ciclo adotado mais cedo para conter a inflação”, disse.
Ele apontou também que o País conta com o ingresso forte de capitais e bom desempenho das exportações do setor agrícola. “Em relação às contas externas, o Brasil está indo relativamente bem. Ao mesmo tempo, há uma percepção de que economias avançadas têm dívidas bem mais elevadas e, como resultado, tem risco muito maior, como é possível ver no mercado de CDS (de risco país)”, disse o presidente do BC.
“Ao observar a diferença entre o Brasil e algumas economias avançadas, o Brasil está indo bem, e é por isso que a moeda está bem comportada”, concluiu.
Diário do Comércio - MG 22/11/2023
A produção do setor industrial em Minas Gerais cresceu no mês de outubro. As informações são da pesquisa Sondagem Industrial de novembro, divulgada pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). O índice de evolução da produção da indústria registrou aumento de 4,2 pontos em relação a setembro (46,1) e alcançou 50,3 pontos, ficando acima dos 50 pontos – limite entre queda e elevação.
A economista da Fiemg, Daniela Muniz, explica que, além do maior número de dias úteis, o aumento da atividade da indústria se deu pelo mês de outubro ser tradicionalmente mais aquecido pela demanda de final do ano, com Black Friday e Natal. Por conta disso, a pesquisa ainda não demonstra uma recuperação da indústria.
“Não podemos falar em início de recuperação da atividade, até porque o que temos visto nos últimos meses é justamente uma desaceleração, o que já era esperado por questão da política monetária mais restritiva, que está atuando para reduzir a atividade e, com isso, controlar a inflação. O que aconteceu realmente foi um fator pontual”, afirma Daniela Muniz.
A economista aponta que o último trimestre de 2023 reserva um aumento da produção industrial em outubro, seguido de desaquecimento da demanda, quando o comércio registrará aumento. “Em novembro vamos ver se vai pelo menos manter ou se já vai reduzir um pouco. Dezembro já costuma ser um mês mais fraco. Outubro costuma ser o ápice para a indústria e, a partir daí, é o comércio que vai ter esse impacto maior do final de ano”, disse a economista da Fiemg.
Além da produção industrial, a pesquisa mostrou que o emprego aumentou após três quedas seguidas. O indicador de evolução dos números de empregados cresceu 2,1 pontos quando comparado com o mês anterior e registrou 50 pontos ante 47,9 em setembro. Em relação a outubro de 2022 (50,5), a redução foi 0,5 ponto.
Insatisfação com estoques da indústria
Nos últimos meses, uma insatisfação recorrente dos empresários é o acúmulo indesejado de estoques. Em outubro, os acúmulos de produtos finais voltaram a ficar acima do planejado pelas indústrias e o índice registrou 51,8 pontos. É o maior acúmulo de estoques para o mês desde o início da série histórica.
Expectativas dos empresários da indústria estão melhores
O índice de expectativa de demanda marcou 53,5 pontos em novembro, registrando queda de 0,2 ponto ante outubro (53,7 pontos). Porém, o resultado sinalizou perspectiva de crescimento da demanda nos próximos seis meses pela 41ª vez seguida, ao ficar acima dos 50 pontos – fronteira entre recuo e expansão. Em relação a novembro de 2022 (51,4 pontos), o indicador subiu 2,1 pontos.
Já o indicador de intenção de investimento registrou 59,2 pontos em novembro, aumento de 2,2 pontos em relação ao mês anterior (57 pontos). Em relação a novembro de 2022 (57,7 pontos), o indicador registrou crescimento de 1,5 ponto.
Motivos
Daniela Muniz aponta alguns motivos para as expectativas terem aumentado em relação à 2022. Primeiramente, a própria atribulação de ano eleitoral. Além disso, a revisão para cima das previsões econômicas para 2023. “A gente teve uma revisão de previsões de aumento ao longo do ano e isso acaba impactando positivamente as expectativas dos empresários. Isso foi uma questão, mas sem dúvida nenhuma no ano passado a questão de ter sido um ano eleitoral influenciou”, comenta.
A economista pontua que a melhora dos indicadores econômicos, como a inflação, e a normalização das cadeias de valor, comprometidas desde a pandemia, impulsionam ainda mais as expectativas. Somado a isso, as ações do governo para diminuir o risco fiscal e estimular a economia também surtiram efeito.
“Teve redução da percepção do risco fiscal, depois da aprovação das novas regras fiscais, e incentivos ao setor produtivo, como aquele à cadeia automotiva. O Desenrola Brasil, programa do governo para ajudar principalmente pessoas de renda mais baixa, faz com que consigam recuperar poder aquisitivo, o que vai ser bom para a economia”, finaliza Muniz.
Por fim, Daniela Muniz disse a resiliência do trabalho, ainda com desemprego em patamar elevado, também tem feito com que empresários fiquem otimistas para os próximos meses.
Exame - SP 22/11/2023
O Goldman Sachs elevou a recomendação para as ADRs da mineradora de “neutra” para “compra” e aumentou o preço-alvo de US$ 12,20 para US$ 19,50 ao fim de 2024 – um potencial de valorização de 25% em relação ao fechamento de ontem. Por trás da recomendação está o avanço nas cotações do minério de ferro, diante da expectativa de estímulos do governo chinês – maior mercado da commodity – ao setor imobiliário, e também ganhos de eficiência por parte da mineradora.
Do lado da demanda, os analistas do Goldman apontam que as exportações à China em patamares elevados e o ganho limitado de participação no mercado de sucata pelo país podem levar a um equilíbrio de demanda — consequentemente, com preços mais altos para a commodity.
"Diferentemente de 2023, quando a pessimismo dos investidores em relação ao crescimento da China e à produção de aço limitou o desempenho da Vale, acreditamos que o mercado será convencido pouco a pouco de uma melhor configuração de oferta e demanda no ano que vem. Enquanto isso, os investidores colherão os benefícios da forte geração de fluxo de caixa livre da Vale", escrevem.
Os analistas projetam que o minério de ferro deve ser comercializado a US$ 110/tonelada no próximo ano, acima dos US$ 104/tonelada embutidos no valor de mercado da Vale hoje. Isso já traz, de largada, um potencial de valorização para a mineradora, cujo desempenho da ação ficou abaixo da curva da commodity em 2023.
A diferença deve diminuir também com a melhora da qualidade do minério de ferro produzido pela Vale. Neste ano, a mineradora anunciou que pretende aumentar o teor de ferro em seu portfólio de produtos para 63,5% até 2026 e cerca de 64% até 2030.
Com o aumento da demanda, os custos devem se diluir cada vez mais nos próximos anos. Em 2023, os analistas estimam que os custos por tonelada devem ficar em US$ 25/tonelada para uma produção de US$ 310 mt, enquanto, em 2026, o custo deve ficar abaixo de US$ 25/tonelada, para uma produção de US$ 340 mt.
"A Vale tem potencial para aumentar a produção de minério de ferro em 15% até 2026, com investimentos reduzidos por tonelada, já que a empresa aproveitará toda a infraestrutura existente. Uma potencial recuperação e melhoria de desempenho nos ativos de metais básicos também é um potencial fator-chave para ganhos", escrevem.
Segundo eles, a área de básicos — que inclui cobre, níquel, por exemplo — deve seguir freando uma parte dos ganhos de eficiência conquistados pela mineradora, mas sem ameaçar todos os ganhos a serem obtidos com a valorização do minério de ferro.
Em 2024 e 2025, o fluxo de caixa livre por ação da mineradora deve ficar entre 12% e 19%, sendo um dos mais altos na cobertura do Goldman Sachs. No setor, é o mais alto, à frente de Rio Tinto (8% para 2024), FMG (ligeiramente abaixo de 8%) e BHP (6%). Nas contas do Goldman, a companhia é a mais barata do setor, hoje, negociada a 4,8 vezes EV/Ebitda para 2024, o que reforça o cenário de oportunidade, principalmente para investidores locais, que estão com pouca exposição ao papel.
"Os metais básicos têm sido decepcionantes e o ritmo de recuperação dos ferrosos está abaixo das expectativas. Mas acreditamos que o pior já passou e esperamos uma recuperação gradual", apontam os analistas do Goldman Sachs.
Junto com todos esses fatores, a Vale ainda está perto de um acordo final com o Ministério Público e os governos estadual e federal, relacionado ao acidente da Samarco em 2015, o que também colabora para reduzir a incerteza sobre a companhia e pode levar a um novo re-rate.
O principal risco à tese, de modo geral, está em preços mais baixos para o minério de ferro em 2024. Na avaliação dos analistas, isso pode acontecer na esteira de um menor apoio do governo da China ao setor imobiliário do país.
Hoje, as ações da Vale sobem 2,2%, na contramão do Ibovespa, seguidos por alta de 2,4% no pregão de ontem. Em 30 dias, os papéis tem alta de 24%, mas ainda acumulam baixa de 13% no ano.
Valor Investe - SP 22/11/2023
Com os ganhos mais recentes, as cotações no mercado à vista alcançaram o maior nível desde 14 de junho do ano passado
Os preços do minério de ferro marcaram o segundo dia consecutivo de ganhos no mercado à vista, embalados pela nova rodada de apoio do governo chinês ao setor imobiliário.
Segundo a agência Bloomberg, as autoridades chinesas estão preparando uma lista de com incorporadoras elegíveis a um novo pacote de financiamentos. O setor de construção é responsável por cerca de 30% a 40% do consumo de aço na China, e é forte indutor do consumo de minério.
Com os ganhos mais recentes, as cotações no mercado à vista alcançaram o maior nível desde 14 de junho do ano passado.
No norte do país asiático, segundo índice Platts, da S&P Global Commodity Insights, o minério com teor de 62% de ferro encerrou o dia com alta de 1,6%, a US$ 133,95 a tonelada, na quarta alta seguida.
Em novembro, o ganho acumulado chega a 8,8%. No ano, a valorização é de 14,2%.
Na Bolsa de Commodity de Dalian (DCE), os contratos mais negociados, com entrega em janeiro, subiram 1,9%, para 978,50 yuan (cerca de US$ 135,70) por tonelada.
Com isso, os papéis da Vale tiveram mais um pregão de alta firme, dando continuidade aos ganhos da véspera e figuraram entre as maiores altas do Ibovespa com avanço de 2,42%, a R$77,90.
A Bradespar acompanhou o avanço e subiu 2,5% (R$ 26,96), já que a companhia tem investimento na mineradora.
O Ibovespa, que operou em baixa o dia todo, devolveu parte dos ganhos acumulados nas quatro sessões anteriores, quando o índice subiu ao maior nível desde julho de 2021.
Hoje, o Goldman Sachs elevou o preço-alvo dos recibos de ação (ADRs) da Vale de US$ 12,20 para US$ 19,50 e a recomendação para os papéis de neutra para compra.
As informações são do site Benzinga, que registra movimentações nas recomendações de ações feitas pelas instituições bancárias.
Ontem, os papéis da mineradora negociados na bolsa de Nova York (Nyse) encerraram o pregão em alta de 3,37%, cotados em US$ 15,65.
Conteúdo publicado originalmente no Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor
Diário do Comércio - MG 22/11/2023
A Receita Estadual, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Polícia Civil (PC), órgãos que integram o Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (Cira), realizaram, ontem, a operação “Fel de Minas”, que investiga esquema de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro praticado por empresas de um mesmo grupo econômico, do ramo de mineração, com atuação em todo o País. Foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão em endereços de pessoas físicas e jurídicas, sendo seis em Coronel Murta, no Vale do Jequitinhonha, e sete em Belo Horizonte.
O grupo empresarial é um dos maiores distribuidores de feldspato moído para todo o mercado brasileiro e dos poucos a possuir jazida própria, localizada em Coronel Murta, para extração e beneficiamento do mineral, utilizado na fabricação de vidro e cerâmica.
As apurações revelaram que o grupo tem como modo de agir o não pagamento do ICMS declarado ao Fisco, de forma contumaz e deliberada, já tendo sido autuado diversas vezes pela Receita Estadual. O prejuízo causado aos cofres do Estado já ultrapassa R$ 14 milhões.
A operação investiga ainda suposta blindagem patrimonial pelos gestores de fato do negócio, por intermédio de aquisições mobiliárias e imobiliárias valendo-se de empresas em nome de interpostas pessoas (“laranjas”).
De acordo com o superintendente regional da Receita Estadual em Governador Valadares, Marcos José da Silva Pinto, os documentos e dados apreendidos durante a operação servirão para identificar patrimônios que possam dar garantia à execução fiscal a fim de quitar o débito tributário.
“A prática da sonegação fiscal prejudica a concorrência leal, na medida que o sonegador consegue dar desconto em seus produtos, em relação aos concorrentes, e também traz prejuízos para toda a sociedade, uma vez que o ICMS sonegado não chega para o Estado aplicar nas políticas públicas essenciais aos cidadãos, como nas áreas de saúde, educação e segurança”, afirma o superintendente, reiterando que investigações desse tipo estão ocorrendo em outros contribuintes das regiões Leste e Nordeste de Minas, incluindo vales do Rio Doce e Jequitinhonha, que são áreas cobertas pela superintendência regional de Governador Valadares.
A operação “Fel de Minas” contou com a participação de seis promotores de Justiça, três delegados e 25 investigadores da PC, além de 30 servidores da Receita Estadual. O seu nome faz alusão ao feldspato e ao “sabor amargo” deixado no Estado uma vez que o contribuinte deixa de recolher o imposto devido.
A ação faz parte de uma nova fase de estruturação do Cira, o projeto Cira 360º, que propõe o fortalecimento da política de Estado por meio de seis eixos estruturantes, com o objetivo recuperar ativos, prevenir distorções de mercado e promover a tutela de um ambiente de concorrência legal nos setores econômicos em Minas Gerais. A iniciativa pioneira inspirou a criação de estratégias semelhantes em outros estados.
Graças à articulação do Cira, o Ministério Público de Minas Gerais, a Receita Estadual, as polícias Civil e Militar e a Advocacia-Geral do Estado (AGE), ao longo de 16 anos, recuperaram mais de R$ 18 bilhões de ativos aos cofres públicos.
Infomoney - SP 22/11/2023
A Vale (VALE3) concluiu o teste de processamento para a primeira fase do projeto Salobo III, com o complexo de Salobo atingindo uma capacidade de processamento superior a 32 milhões de toneladas por ano (Mtpa) por um período de 90 dias. “Esta conquista é um marco importante no acordo de streaming de Salobo com a Wheaton Precious Metals International Ltd. (Wheaton International)”, diz mineradora, em comunicado.
Em 2019, a mineradora iniciou a construção do projeto de expansão Salobo III, com investimento de US$ 1,1 bilhão. Somada às plantas I e II, a capacidade de processamento agora ultrapassa 32Mtpa, e no momento está em ramp-up para atingir a capacidade total de 36Mtpa no 4T24.
Salobo receberá US$ 370 milhões da Wheaton International pela conclusão da primeira fase do projeto de expansão Salobo III.
O saldo remanescente do pagamento de expansão será acionado assim que a Vale ampliar a capacidade para acima de 35Mtpa por um período de 90 dias.
Além disso, a Wheaton International irá fazer pagamentos anuais de US$ 5,1 milhões a US$ 8,5 milhões por um período de 10 anos na medida em que o complexo Salobo continue a produzir dentro de determinadas faixas de teor de cobre.
Revista Manutenção e Tecnologia - SP 22/11/2023
Por meio da subsidiária norte-americana, a Komatsu anuncia a aquisição da American Battery Solutions (ABS), fabricante de baterias com sede em Detroit, Michigan, nos EUA.
O acordo foi formalizado pelo presidente e CEO da Komatsu, Hiroyuki Ogawa (à esquerda na imagem), e o presidente e CEO da ABS, Subhash Dhar (à direita).
A ABS desenvolve e produz uma ampla variedade de baterias industriais e para serviços pesados, usando baterias de íons de lítio para veículos comerciais, ônibus de transporte público e veículos dentro e fora de estrada.
A empresa fornece sistemas de bateria padrão e personalizados, otimizados para as necessidades de cada cliente.
“A tecnologia da ABS, combinada com o conhecimento avançado de desenvolvimento de produtos e a experiência de seu pessoal, permite à empresa desenvolver e fabricar baterias projetadas para oferecer desempenho e vida útil superiores do produto, além de aumentar a segurança”, diz a Komatsu.
Segundo comunicado, a ABS irá operar como uma entidade comercial independente dentro da Komatsu.
A aquisição da ABS permitirá o desenvolvimento de produção de seus próprios equipamentos de construção e mineração operados por bateria.
Os primeiros equipamentos produzidos com baterias ABS serão utilizados no segmento de mineração na América do Norte e do Sul, onde a demanda por eletrificação vem aumentando.
“No futuro, a Komatsu tem como objetivo expandir a utilização de baterias em equipamentos de construção e estabelecer um sistema de fornecimento global”, comenta.
A fabricante planeja fechar a aquisição – que não teve valores divulgados – em 1º de dezembro de 2023, com a condição de que todos os procedimentos necessários para o fechamento estejam concluídos.
Diário do Comércio - MG 22/11/2023
Quando entrar em operação em Pouso Alegre, em meados de julho de 2024, conforme estimativas da empresa, a Midea, terá duas linhas produtivas: uma de refrigeradores e outra de máquinas de lavar. Antes, estava previsto que, inicialmente, fossem produzidos apenas geladeiras. A informação é do secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, José Carlos Costa. Os investimentos da empresa no Sul de Minas devem somar R$ 600 milhões.
Conforme Costa, a diretoria da empresa chinesa vai anunciar nesta quarta-feira (22) a autorização para a nova linha de produção. O anúncio ocorrerá durante uma cerimônia no canteiro de obras, onde está sendo construída a fábrica da companhia. O evento contará com a presença dos executivos, além de representantes do município e do Estado.
A solenidade também marcará o começo da fase de construção propriamente dita da unidade, segundo Costa. Isso porque, desde abril, quando lançou a pedra fundamental da planta, ocorreram somente as etapas de terraplanagem e fundação do terreno de cerca de 270 mil metros quadrados. Porém, de acordo com o secretário, o ritmo das intervenções está rápido e a estimativa da Midea de iniciar os trabalhos no local no meio do ano que vem é factível e deve ser concretizada.
A expectativa, conforme Costa, é que sejam gerados aproximadamente 500 postos de trabalho com a fábrica, que trará ainda outros benefícios para o município do Sul de Minas, como um aumento da arrecadação de impostos. O faturamento da unidade, segundo ele, deve alcançar algo em torno de R$ 700 milhões a R$ 1 bilhão em um horizonte de cinco anos de pleno funcionamento.
“É uma empresa mundial, uma gigante chinesa que acreditou na cidade e está portando os recursos. As obras estão em ritmo acelerado e a gente vê que eles realmente querem iniciar logo a produção. Isso vai gerar no município um círculo virtuoso, com empregos e mais renda”, destacou.
Centro de P&D e atração de empresas
O secretário de Pouso Alegre revela à reportagem que a Midea, além de fabricar lavadores e geladeiras, vai trabalhar a inovação de produtos na cidade e, por isso, tem a intenção de instalar um centro de pesquisa e desenvolvimento no local, beneficiando o município. Ainda de acordo com Costa, a chegada da chinesa tem atraído novos investimentos para a região.
“Tem empresas da linha de montagem deles (da Midea), empresas de isopor, de estamparia e tudo mais, que tem feito contato conosco para vir para Pouso Alegre. Elas têm interesse de vir, porque a Panasonic está muito próxima, em Extrema. Então, seria um fornecedor em comum”, disse.
Unidade de Pouso Alegre será a primeira 100% própria da chinesa no País
A construção da planta da Midea no Sul de Minas Gerais é parte do processo de expansão global da empresa que prevê investimentos elevados em países estratégicos como o Brasil, considerado um dos maiores mercados de linha branca do mundo e o maior da América Latina. A meta da companhia é estar entre os três principais players do segmento em até quatro anos.
Essa será a primeira unidade 100% própria da fabricante chinesa no País. As fábricas de Manaus (Amazonas) – produz ar-condicionado e micro-ondas – e Canoas (Rio Grande do Sul) – voltada para fabricação de sistema de climatização comercial –, onde está presente, são da Midea Carrier, joint venture formada com a Carrier, fundada pelo inventor do ar-condicionado, Willis Carrier. As operações no Brasil iniciaram em 2011, sendo que a empresa também tem planta na Argentina.
Criado em 1968, o grupo asiático tem, atualmente, em torno de 1.500 funcionários no Brasil e 160 mil no mundo inteiro. Com negócios em mais de 200 países, a Midea desenvolve produtos de refrigeração, lavanderia, cozinha e linha built in, além de eletroportáteis.
Construção Latino-americana - SP 22/11/2023
A CASE Construction Equipment fez uma grande atualização em sua linha de carregadeiras compactas com o lançamento de quatro modelos da Série Evolution F: 21F, 121F, 221F e 321F. Segundo a empresa, essas máquinas oferecem melhor controle, velocidades mais altas e cabine do operador aprimorada.
Características principais:
Aumento de velocidade: Respondendo à procura, especialmente dos mercados escandinavos, os dois maiores modelos oferecem opções de velocidade de deslocamento de 20 km/h na configuração padrão e uma opção opcional de 40 km/h para movimentos rápidos entre locais de trabalho.
Maior conforto do operador: A cabine do operador foi atualizada, com um monitor revisado, controles eletro-hidráulicos aprimorados com recursos inteligentes e aplicativos de conectividade anteriormente vistos apenas em modelos maiores.
Recursos de controle inteligente: Os recursos inteligentes permitem que os operadores predefinirem respostas hidráulicas para diferentes tarefas, incluindo um modo de agitação da caçamba para esvaziamento eficiente do material.
Conectividade aprimorada: Os carregadores Evolution da Série F agora apresentam aplicativos de conectividade anteriormente reservados apenas para máquinas maiores, melhorando a funcionalidade geral.
Desempenho e eficiência:
Alimentado por um motor diesel Stage V FPT, o modelo 21F fornece 43 kW (58 cv) e 245 Nm de torque, com o 121F, 221F e 321F fornecendo maior potência para tarefas mais pesadas.
Novos eixos modulares com diferenciais de deslizamento limitado ou 100% blocantes proporcionam máxima tração em terrenos desafiadores.
O modo de condução Eco limita as rotações do motor a 1.700 rpm, reduzindo o consumo de combustível e as emissões sem comprometer o desempenho.
Conforto do Operador:
Dois interiores de cabine, ambos com proteção ROPS e FOPS Nível 2, adaptam-se às preferências do operador.
O interior da Cabine Deluxe inclui espaços de armazenamento adicionais, ajuste total de altura do volante e um apoio de braço ajustável para maior conforto durante operações prolongadas.
Um joystick eletro-hidráulico completo simplifica o controle das funções da caçamba e do braço da carregadeira, enquanto o monitor de tela aprimorado garante acesso claro às principais funções da máquina.
Recursos inteligentes como retorno à escavação, retorno à viagem e controle de cruzeiro melhoram a eficiência operacional e a facilidade de uso.
Com foco no conforto do operador, desempenho aprimorado e tecnologia de ponta, as carregadeiras compactas CASE Evolution Série F estão prontas para redefinir os padrões na indústria de equipamentos de construção.
Construção Latino-americana - SP 22/11/2023
A Caterpillar anunciou o início de um programa de três anos para demonstrar uma solução híbrida de hidrogênio avançada baseada na nova plataforma de motor Cat C13D.
Programado para começar no primeiro trimestre de 2024, a Caterpillar desenvolverá um sistema com capacidade transitória para aplicações fora de estrada. O projeto demonstrará como os componentes elétricos híbridos e os sistemas de controle podem ajudar os motores a combustível de hidrogênio a atingir ou exceder a densidade de potência e o desempenho transitório dos motores diesel tradicionais.
A Caterpillar atuará como contratante principal do projeto e será responsável pela pesquisa e desenvolvimento de motores, bem como pela integração de sistemas. À medida que o projeto avança, outros colaboradores acadêmicos e da indústria se juntarão ao programa para fornecer conhecimentos especializados.
A iniciativa acontecerá nas instalações da Caterpillar em Chillicothe, Illinois (perto de Peoria) e San Antonio, Texas.
O projeto é apoiado e parcialmente financiado pelo Escritório de Tecnologia de Veículos do Departamento de Energia dos EUA, por meio do Escritório de Eficiência Energética e Energia Renovável.
É um dos 45 projectos em 18 estados e em Washington DC que recebem financiamento para avançar na investigação, desenvolvimento, demonstração e implantação em diversas áreas críticas para a redução das emissões de gases com efeito de estufa no sector dos transportes.
“Cada aplicação fora de estrada tem seus próprios ciclos de trabalho, demandas de ciclo de vida e expectativas de desempenho exclusivos, e essa complexidade está impulsionando o desenvolvimento de uma ampla gama de soluções de energia para a transição energética”, disse Steve Ferguson, vice-presidente sênior da Caterpillar Industrial Power. Sistemas. . “Não existe um modelo único, por isso projetamos flexibilidade no motor C13D para servir como nossa plataforma do futuro.”
O projeto de demonstração do híbrido de hidrogênio aproveitará a flexibilidade de combustível da nova plataforma do motor Cat C13D de 13 litros.
Exibidas pela primeira vez no salão Conexpo/CON AGG em Las Vegas, em março deste ano, as variantes diesel do C13D oferecem potências entre 456 e 690 cv (340 a 515 kW), com até 3.200 Nm de torque máximo. Isto representa um aumento de 20% na potência e de 25% no torque em relação à geração anterior de motores diesel Cat da mesma classe.
O motor de seis cilindros em linha C13D suporta combustíveis líquidos renováveis, incluindo 100% HVO, biodiesel destilado B100 e biodiesel padrão B100. Além de utilizar hidrogênio, o motor foi desenvolvido para apoiar o uso futuro de gás natural com ignição por faísca como combustível.
O C13D estará disponível para pilotos OEM em 2025, com produção iniciada em 2026. O motor pode ser usado em diversas aplicações off-road, incluindo tratores agrícolas, colheitadeiras, pulverizadores autopropelidos e picadores de madeira, além de rochas. trituradores e peneiras. , britadores e valetadeiras. Além disso, pode ser utilizado em equipamentos de movimentação de materiais e grandes bombas industriais.
O Estado de S.Paulo - SP 22/11/2023
As vendas de carros novos cresceram em outubro na Europa, puxados pela demanda na França, Itália e Espanha, bem como por um salto no consumo de veículos elétricos. Os registros de carros novos, que refletem as vendas, avançaram 14,6%, na comparação com igual mês do ano passado, a 855.484 unidades em outubro deste ano, informou a Associação de Montadoras de Automóveis Europeia (ACEA), nesta terça-feira, 21.
As vendas de carros totalmente elétricos avançaram 36,3% em outubro na comparação anual, enquanto as de híbridos avançaram 38,6% e as de híbrido plug-in caíram 5%. Já as vendas de carros a gasolina subiram 8,1%, e as de carros a diesel caíram 13,2%.
No mês, a fatia de mercado de carros elétricos subiu para 14,2%, enquanto a de carros híbridos foi de 29% e a de híbridos plug-in diminuiu, para 8,4% - totalizando mais de 51%. Os carros a gasolina mantiveram a liderança, embora tenham diminuído para 33,4% em outubro. Automóveis a diesel tiveram uma fatia de 12%.
Entre as cinco maiores montadoras da UE, a Renault teve maior crescimento nas vendas em outubro, com alta de 24% na comparação anual. A Volkswagen teve alta de 9,9%, Stellantis avançou 11%, Mercedes-Benz teve ganho de 12%, enquanto BMW cresceu 18%. / COM DOW JONES NEWSWIRES
O Estado de S.Paulo - SP 22/11/2023
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) considerou uma sinalização positiva do governo Lula o anúncio de R$270 milhões para o programa Rota 2030, apesar de a demanda do setor ser maior. O diretor-executivo da Anfavea, Igor Calvet, que o investimento deve gerar efeito em cadeia na indústria.
“Reconhece-se que o setor tem o condão de puxar múltiplos atores, empresas de diferentes portes. A ideia de aliança industrial, com pelo menos cinco empresas, ICTs (instituições científicas e de inovação tecnológica), e até startups, é inovadora e fundamental. A demanda é maior do que esse valor, sabemos, mas trata-se de uma importante sinalização do governo”, disse à Coluna.
Calvet avalia que o anúncio feito pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, terá impacto na economia em geral, tamanha a importância deste segmento. “O setor automotivo representa 20% do PIB industrial e, nos últimos anos 5 anos investiu R$ 60 bilhões no País. Trata-se de uma indústria global, que precisa usar o Brasil como plataforma de inovações”, observou.
Os recursos anunciados são para inovação e eficiência energética na cadeia de autopeças e demais fornecedores automotivos e os editais integram o programa de modernização do setor automobilístico, o Rota 2030.
IstoÉ Dinheiro - SP 22/11/2023
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin editaram decreto que torna o setor de construção pesada para infraestrutura relacionado aos programas prioritários do governo federal como de “interesse da economia nacional”. A decisão, formalizada no Diário Oficial da União (DOU), permite ao setor receber garantia de fundo abastecido pela União para cobrir riscos em operações de crédito.
“A garantia direta a risco em operações de crédito para empresas do setor abrangerá a garantia de risco de crédito em operações de financiamento e empréstimo a empresas de qualquer porte voltados à provisão de recursos financeiros para a execução de obras de construção pesada para infraestrutura”, diz o decreto. “A concessão e a administração das garantias objeto deste decreto serão regulamentadas pelo Fundo Garantidor de Investimentos (FGI)”, acrescenta.
O ato estabelece ainda que o estatuto do fundo deverá prever o limite que poderá ser comprometido com outorga de garantia para operações com empresas cadastradas nos códigos da Classificação Nacional das Atividades Econômicas (CNAEs) listadas no decreto, “que não poderá ultrapassar vinte por cento do valor máximo de exposição do fundo na prestação de garantias”.
O Estado de S.Paulo - SP 22/11/2023
O decreto publicado nesta terça-feira, 21, no Diário Oficial da União (DOU), que classificou o setor de construção civil como de “interesse da economia nacional”, foi mais um passo dado para que as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ganhem velocidade a partir do próximo ano.
“Esse decreto é uma iniciativa do governo para recuperar a engenharia nacional”, diz Cláudio Medeiros, presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada-Infraestrutura (Sinicon). “Vamos começar o próximo ano com uma arrancada forte.”
Ao considerar o setor de construção de “interesse da economia nacional”, o decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo vice-presidente Geraldo Alckmin tornou a construção pesada de infraestrutura relacionada aos programas prioritários do governo federal e permitiu que receba garantia de fundo abastecido pela União para cobrir riscos em operações de crédito.
Garantia do FGI pode ser usada para obtenção de crédito
Assim, projetos de engenharia de qualquer porte poderão buscar garantias junto ao Fundo Garantidor de Investimentos (FGI), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A quantia obtida como garantia poderá ser usada, por sua vez, para conseguir empréstimos junto a bancos públicos e privados para quaisquer obras.
Após a Lava Jato, as construtoras vêm tendo muita dificuldade em se financiar com seus próprios balanços, como mostrou reportagem do Broadcast. Como a nova Lei das Licitações impede que sejam feitos adiantamentos de pagamentos em obras públicas, as empresas precisavam financiar o início das obras com seus próprios recursos. Com o caixa restrito por anos sem obras e multas pesadas impostas pela Lava Jato, tinham de conseguir financiamentos com seus próprios balanços, o que era impossível na prática.
O decreto vem no sentido de permitir que as garantias conseguidas no FGI/BNDES sejam usadas junto aos bancos que financiarão as obras. “É uma bela iniciativa do governo porque ele não está liberando dinheiro para construtoras, nem direcionando o benefício a uma ou outra empresa, mas a todo setor de infraestrutura”, afirma Medeiros.
Agora, haverá uma regulamentação a ser feita junto ao FGI para a inclusão dos códigos da Classificação Nacional das Atividades Econômicas (CNAEs) das atividades publicadas no decreto, o que deve ocorrer nos próximos 30 dias. O decreto determina que “não poderá ultrapassar 20% do valor máximo de exposição do fundo na prestação de garantias”.
Valor - SP 22/11/2023
Os problemas do mercado imobiliário da China levaram os investidores globais de crédito privado a olhar cada vez mais para a Índia. O esforço infraestrutural movido pelo premiê indiano, Narendra Modi, vem impulsionando os preços no setor.
Mais de US$ 4 bilhões fluíram para a Índia sob a forma de crédito privado durante o primeiro semestre de 2023, com mais de 50% indo para o setor imobiliário, relata a Ernst & Young.
Isto se compara aos US$ 5,3 bilhões em todo o ano de 2022. Os gestores de fundos entrevistados pela empresa esperam que os negócios imobiliários continuem a se expandir no próximo ano e meio.
“Tem muito a ver com os fortes fundamentos econômicos, mas a Índia também se beneficiou da mudança de sentimento em relação à China”, disse Edwin Wong, sócio da Ares Management e chefe da Ares Asia.
A Índia ultrapassou a China como país mais populoso do mundo este ano, mostram as projeções da Organização das Nações Unidas (ONU), e também ultrapassou a China em percentual de crescimento econômico.
No ano passado, a economia indiana cresceu mais rapidamente do que qualquer outro grande mercado, um feito que deverá repetir até o ano fiscal de 2024, quando se prevê que a economia cresça 6,3%, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI)
"Quando as pessoas olham para o sucesso econômico da Índia nos últimos anos, a sua demografia favorável e o governo forte e estável que tem impulsionado reformas benéficas para os investidores estrangeiros, a história de crescimento da Índia parece bastante promissora", disse Wong.
Os investidores de crédito privado concedem empréstimos em negócios onde o financiamento bancário tradicional não está disponível. Servem um nicho de mercado na Índia, onde as regulamentações limitam a capacidade dos bancos de financiar ou emprestar em transações imobiliárias, especialmente nas fases iniciais do desenvolvimento de terras.
Após a pandemia, a preferência do consumidor mudou para a aquisição de casa própria e para casas maiores, disse Nishant Kabra, chefe de mercados imobiliários e de capitais para o Norte e Oeste da Índia na JLL Capital.
“Esse tipo de movimento continua e não parece ser secundário”, disse ele. “Portanto, você tem o setor residencial atingindo novos máximos trimestre após trimestre. Isso criou mais liquidez no sistema, e as incorporadoras imobiliárias tornaram-se agressivas nas aquisições de terrenos”.
O setor imobiliário da Índia representa 6% a 7% do Produto Interno Bruto (PIB), uma parcela que deverá dobrar até 2025, de acordo com a filial indiana da empresa de contabilidade Grant Thornton. O mercado imobiliário do país deverá atingir US$ 1 trilhão até 2030.
Modi enfatizou os gastos em infraestruturas para impulsionar o crescimento econômico. O investimento da Índia aumentou 33% no seu orçamento total definido no início deste ano.
Este tipo de investimento em estradas, ferrovias e habitação acessível irá acelerar a já rápida urbanização do país, o que exacerbou a escassez de habitação.
“Grande parte do capital necessário para financiar o crescimento da Índia virá do setor privado”, disse Wong.
Uma lei de regulamentação imobiliária de 2016 e as recentes alterações aos códigos de falências ajudaram a aumentar a confiança dos investidores na Índia, mas navegar na complexa rede de arrendamento e aprovações de terrenos continua a ser assustador para os investidores externos. Trabalhar no crédito privado pode ajudar os investidores a superar alguns desses obstáculos.
“Os investidores podem trabalhar ao lado de muitos dos players estabelecidos no espaço de ações”, disse Benjamin Chow, da MSCI, que lidera pesquisas sobre mercados de capitais imobiliários comerciais na Ásia.
“O crédito privado também visa uma porção relativamente mais segura da estrutura de capital, uma vez que investir através de dívida em vez de capital dá uma maior proteção contra perdas.”
Chow disse que houve apenas alguns anúncios explícitos de investimento relativos à redução na China e ao aumento na Índia, mas o apetite geral pelo imobiliário da China por parte dos investidores institucionais globais diminuiu.
“Neste contexto, este é o momento de a Índia brilhar”, disse ele.
Mas a fraqueza da rupia indiana face ao dólar norte-americano está diminuindo o apetite de alguns pretendentes.
"A menos que você seja um operador local que busca obter retornos em rúpias e tenha dificuldade em exportar seu capital, é muito difícil justificar investir na Índia em relação a muitos outros lugares na Ásia-Pacífico", disse Dan Zwirn, CEO da Arena Investors.
CNN Brasil - SP 22/11/2023
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer cobrar mais R$ 20 bilhões da mineradora Vale pela concessão da Estrada de Ferro Carajás (EFC), que foi prorrogada até 2057 na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Se não houver acordo, a renovação do contrato pode ser cancelada.
Com 892 quilômetros de extensão, a ferrovia é responsável pelo escoamento do minério de ferro da Serra dos Carajás (PA) até o Porto de Itaqui (MA). Ela opera com trilhos em bitola larga e tem alta capacidade de transporte.
Para o governo Lula, houve erros no processo e os ativos foram subvalorizados. O contrato de concessão da Vale expirava originalmente em 2027, mas foi renovado antecipadamente por 30 anos.
Esse aditivo contratual foi assinado em dezembro de 2020 e teve participação ativa do então ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas (Republicanos), hoje governador de São Paulo e potencial adversário de Lula nas próximas eleições presidenciais.
Por isso, a querela que se abre agora também tem inevitavelmente um pano de fundo político, embora esteja fortemente baseada em argumentações técnicas levadas à mesa pelo atual ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB).
A CNN apurou que Renan Filho já recebeu aval do próprio Lula para fazer essa cobrança à Vale e vem atuando em coordenação com a Casa Civil. Segundo relatos, o ministro já disse à cúpula da mineradora que retomará a concessão da ferrovia e preparará uma nova licitação, caso não haja acordo sobre os valores.
Divergência multibilionária
O objetivo da discórdia gira em torno do pagamento de outorga da Vale à União. Para renovar por 30 anos sua concessão, a mineradora aceitou construir uma ferrovia de 383 quilômetros na região Centro-Oeste e um ramal ferroviário no litoral do Espírito Santo.
A conta foi feita baseando-se nas projeções de receitas até 2057 e em uma taxa de retorno do investimento — conhecida no jargão técnico como WACC — de 11,04% ao ano.
Considerando tudo isso, sobraram R$ 20,1 bilhões em pagamento de outorga. No entanto, foram descontados R$ 19,5 bilhões em investimentos não amortizados na Estrada de Ferro Carajás — a ferrovia foi duplicada na década passada. No encontro de contas, sobraram R$ 642 milhões para o governo.
O governo Lula não pretende mexer nas projeções de receitas, nem na taxa de retorno, mas quer incluir na conta esses R$ 19,5 bilhões e alega que não há justificativa para deduzi-los do valor de outorga pago à União.
Conforme disseram auxiliares diretos do presidente à CNN, os investimentos poderão ser amortizados ao longo do próprio contrato de concessão e abatê-los da outorga seria um erro grave.
Por isso, a ordem agora é incluir esses valores no cálculo da outorga devida à União pelo contrato prorrogado até 2057.
“Se vocês não aceitarem, vamos retomar a concessão e licitar a ferrovia”, disse o ministro Renan Filho, segundo relatos feitos à CNN, em uma reunião no Palácio do Planalto na qual estava presente o CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo.
À reportagem, Renan Filho confirmou o teor de tais afirmações. No caso de uma nova licitação, segundo ele, a Vale seria indenizada pelo governo porque não teria mais 30 anos para amortizar seus investimentos.
O ministro ressalta, porém, que nesse cenário o governo conseguiria um valor multibilionário de outorga em leilão da Estrada de Ferro Carajás — suficiente para bancar uma indenização de R$ 20,1 bilhões e ainda embolsar o restante, abrindo caminho para novas obras no setor.
Ele ressalta que a ferrovia é altamente rentável porque realiza praticamente todo o transporte de minério de ferro da maior jazida da Vale ao Porto de Itaqui, além de conectar-se com a Norte-Sul.
Os valores envolvidos nas conversas entre governo e Vale — como a cobrança adicional de R$ 19,5 bilhões — têm como data-base o ano de 2017 e ainda precisam ser corrigidos pela inflação do período.
O que diz a Vale
Procurada, a Vale afirmou que tem cumprido todos os compromissos assumidos com o Ministério da Infraestrutura e com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que foram avalizados pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Entre essas contrapartidas, lembrou a Vale, estão trilhos para a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), no interior da Bahia, e a construção dos 383 quilômetros da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), entre Mara Rosa (GO) e Água Boa (MT).
“A Vale assinou os contratos de renovação antecipada das ferrovias EFVM [Vitória-Minas] e EFC em 2020, após um longo processo de discussão iniciado em 2015 com a ANTT e Ministério de Infraestrutura, atual Ministério dos Transportes, e conforme regulamentação da Lei 13.448/17”, disse a mineradora, em nota enviada à CNN.
“Dezenas de audiências públicas foram realizadas para debater a renovação antecipada. Os processos também foram apreciados e aprovados por unanimidade pelo plenário do TCU”.
A Vale acrescentou, ainda, na nota, que está cumprindo com “todas as obrigações” decorrentes da renovação do contrato. “Inclusive entregou 100% do compromisso cruzado da Fiol (56 mil tonelasas de trilhos e 32 mil toneladas de dormentes) e adquiriu os equipamentos necessários para expansão da oferta de trem de passageiros. As mais de 470 obras de mobilidade urbana e a obra da Fico seguem em implantação.”
Consultado pela CNN, o governador Tarcísio de Freitas — responsável pelas negociações para a prorrogação do contrato quando era ministro da Infraestrutura no governo Bolsonaro — preferiu não fazer comentários.
Outras ferrovias
Outras três concessões de ferrovias foram renovadas no governo Bolsonaro, por 30 anos, e também são alvo de Lula para ajustes no pagamento de outorga.
Da EFVM (Vitória-Minas), que pertence à Vale, e da MRS Logística, controlada por um “pool” de siderúrgicas e mineradoras, o governo atual quer mais R$ 10,6 bilhões. Da Malha Paulista, concessão detida pela Rumo, cobra R$ 670 milhões.
O Estado de S.Paulo - SP 22/11/2023
A Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) e o Ministério dos Transportes comunicaram que o projeto de concessão da BR-381/MG, cujo leilão estava previsto para esta sexta-feira, 24, não obteve propostas.
Com isso, a ANTT e o Ministério dos Transportes trabalham para “reposicionar” o projeto e levá-lo a leilão no primeiro semestre de 2024. “Vamos retomar o diálogo com o Tribunal de Contas da União (TCU) a fim de criar as condições necessárias para viabilizar o investimento privado”, disse a ANTT.
O prazo para a entrega dos envelopes pelos proponentes terminou ao meio-dia de hoje. Essa é a terceira tentativa de leiloar o trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares. As anteriores ocorreram em 2013 e 2022.
De acordo com o edital aprovado, a Sistema Rodoviário da BR-381, em Minas Gerais, consiste em um trecho de 304 quilômetros, entre o entroncamento com a BR-116/451, no município de Governador Valadares, e o entroncamento com a BR-262, na capital Belo Horizonte.
A concessão, que teve o leilão programado para esta sexta-feira cancelado, teria duração de 30 anos e, segundo a ANTT, os investimentos ultrapassam R$ 10 bilhões.
IstoÉ Dinheiro - SP 22/11/2023
Os portos do Rio Grande do Sul movimentaram 37,54 milhões de toneladas de cargas de janeiro a outubro, 13,94% mais que em igual período do ano passado, segundo informou nesta terça-feira, 21 a Portos RS. Os números levam em conta os três portos públicos: Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre. Nos primeiros dez meses do ano, 3.066 embarcações passaram pelos portos, sendo 2.508 delas apenas em Rio Grande. “Os granéis sólidos lideram o ranking de cargas, atingindo 24,83 milhões de toneladas”, afirmou a Portos RS, em nota.
A variação positiva no porto de Rio Grande foi de 14,44%. “Foram registrados aumentos nas movimentações de soja em grão (73,40%), milho (72,14%), demais mercadorias (19,79%), farelo de soja (13,73%) e fumo (2,67%). A soja em grão passou de 4,8 milhões de toneladas para 8,33 milhões de toneladas e o milho passou de 344.453 toneladas para 592.934 toneladas”, disse a empresa.
“Em Pelotas, onde o aumento foi de 5,34%, o destaque é para a movimentação de toras de madeira, que são utilizadas na produção de celulose pela empresa CMPC, em Guaíba, e atingiram 893.780 toneladas. A segunda carga mais movimentada do cais público pelotense foi o clínquer, que chegou a 188.351 toneladas. Já a soja em grão contabilizou 34.715 toneladas”, acrescentou.
“Já no porto de Porto Alegre, o crescimento foi de 4,47%. A movimentação de fertilizantes permanece liderando, com 459.458 toneladas. As cargas de cevada atingiram 96.832 toneladas, sendo seguidas pelo sebo bovino, com 70.550 toneladas, trigo, com 53.003 toneladas, sal, com 34.701 toneladas, farelo de soja, com 1.974 toneladas e carga geral, com 1.603 toneladas”, detalhou a nota.
TN Petróleo - RJ 22/11/2023
A Subsea 7 anunciou ontem, 20/11, que fechou um contrato de grande porte com a Shell para o descomissionamento da infraestrutura submarina associada ao FPSO Fluminense nos campos de Bijupirá e Salema na Bacia de Campos.
O escopo da Subsea7 inclui a desconexão, recuperação e descarte de 10 risers flexíveis, três umbilicais e nove cabos de amarração. As obras offshore estão previstas para começar em dezembro de 2023.
Yann Cottart (foto), vice-presidente da Subsea7 Brasil, disse: “Há vinte anos, a Subsea7 instalou os flexíveis e umbilicais para os campos de Bijupirá e Salema da Shell e, duas décadas depois, estamos orgulhosos de ser um dos contratados escolhidos pela Shell para participar do conclusão do ciclo de vida deste campo".
Valor - SP 22/11/2023
Segundo levantamento de consultoria, vendas de tratores devem ficar perto de 59 mil unidades ao fim deste ano
Apesar de os preços da soja estarem em queda e de problemas climáticos no Rio Grande do Sul afetarem a rentabilidade dos produtores brasileiros, as vendas de máquinas agrícolas no país devem continuar acima da média dos últimos dez anos, estima a Cogo Consultoria.
De acordo com a consultoria, as vendas de tratores devem ficar perto de 59 mil unidades ao fim deste ano, bem acima da média de 48,8 mil tratores da última década. O número de colheitadeiras comercializadas deve ser de 8,6 mil unidades e, portanto, maior que as 7,8 mil vendidas em 2022.
Os números da Cogo Consultoria se baseiam em monitoramento do mercado, feito desde antes de a Fenabrave deixar de publicar dados do setor.
“O produtor está capitalizado apesar de sofrer algumas perdas pontuais e de o preço da soja estar caindo”, afirma Carlos Cogo, sócio da consultoria. “Os juros do Moderfrota estão atrativos, claro que não como no passado, mas ainda são menores que outras formas de capital”, completa.
Cogo diz que os recursos subsidiados do governo são essenciais para o setor. Na era pré-Moderfrota, antes de 2000, a média de vendas de tratores por ano era de 19 mil unidades e passou a ser de 32 mil nos 11 primeiros anos da modalidade. Nos últimos dez anos, passou a 48,8 mil. “É uma taxa de crescimento incrível de 3,2% ao ano em duas décadas.”
Ainda segundo Cogo, 60% das vendas do país dependem dos recursos da Moderfrota, mas isso tem mudado. Há um crescimento das vendas diretas pelas montadoras e/ou banco de montadoras, que passou de 10% para 20% do mercado, e o restante é consórcio.
Outra medida de crescimento do mercado vem da relação entre terra cultivada e máquina. Em 1960, havia um trator para cada 410 hectares; hoje há um para 124 hectares. Nos EUA, a relação é de um para 33; na Índia, um para 64 e, na Argentina, um a cada 144 hectares.
No caso das colheitadeiras, havia uma para cada 1,16 milhão de hectares em 1975 e passou para um a cada 936 mil hectares neste ano. Nos EUA, são uma colheitadeira a cada 417 mil hectares; na Índia, uma para 373 e, na Argentina, uma a cada 80 hectares.
Apesar desses números de vendas positivas, o parque brasileiro de máquinas é velho, com 50% da frota com mais de 15 anos, segundo Carlos Cogo. No caso dos tratores, que são os equipamentos mais comuns, o país tem registrado 1,48 milhão de unidades, sendo que mais de 700 mil tem mais de 15 anos.
Para as colheitadeiras, o levantamento do ano passado apontava um total de 249,4 mil unidades e 138 mil com mais de 15 anos. Como comparação, nos EUA, os produtores renovam seus equipamentos entre dois ou três anos.
“A questão é que essa falta de renovação também é onerosa para o produtor porque as máquinas quebram mais, exigem mais manutenção. Mas é difícil medir essas perdas em números”, comenta Cogo.
Em termos de market share, a John Deere dominava o mercado brasileiro de tratores, com 32,9% do total em 2022, segundo a Cogo Consultoria. A New Holland ficava em segundo, com 19,4%; seguida pela Massey Ferguson, 15,3%; Valtra, 11,6%; Case, 8,9%; Yanmar, 6,8%; Mahindra, 3,6%; Agritech, 1,4% e Agrale, 0,3%.
“Linhas de última geração de máquinas mais caras e robustas como as da Fendt não aparecem no cômputo geral, mas estão ganhando mercado primeiro com as grandes fazendas e, aos poucos, com os médios produtores”, afirma o consultor.
No que diz respeito às colheitadeiras, a John Deere tinha 42,9% do mercado brasileiro no ano passado, seguida pela New Holland, com 32%; Case, 18%; Massey Ferguson, 6,1% e Valtra, 1%.
*A jornalista viajou a convite da AGCO
Valor - SP 22/11/2023
Afirmação é da indústria americana AGCO, que vê aumento no uso de combustíveis renováveis nos equipamentos
“Brasil tem condições de criar aplicações para outros lugares, com sua agricultura avançada”, diz Eric Hansotia — Foto: Divulgação
A americana AGCO acredita que o setor de máquinas agrícolas passará pela maior revolução da sua história nos próximos dez anos, com equipamentos que garantirão mais produtividade às lavouras, ao mesmo tempo em que exigirão para seu funcionamento combustíveis renováveis.
Para ser protagonista desse momento, a dona das marcas Fendt, Massey Ferguson e Valtra, entre outras, investiu US$ 2,5 bilhões nos últimos meses na aquisição de empresas. O Brasil, disse o presidente global da companhia, Eric Hansotia, estará mais do que dentro desse movimento de vanguarda.
“Além dessas aquisições, gastamos cerca de US$ 500 milhões por ano em pesquisa para sermos os líderes em soluções inteligentes para agricultura”, afirmou em entrevista à reportagem. “E o Brasil tem condições de criar aplicações para outros lugares, com sua agricultura avançada.”
No montante investido recentemente, está incluída a aquisição, por US$ 2 bilhões, da Trimble, que produz equipamentos de automação para máquinas de qualquer fabricante, e a compra das operações digitais da FarmFacts, anunciada durante a Agritechnica 2023.
Também dentro dessa estratégia, a AGCO anunciou a criação de um fundo de investimento para startups de tecnologia para o agro em estágio inicial de formação. “Os anúncios recentes são uma continuidade da jornada de inovação com uso de dados para agricultura”, disse Hansotia.
Em relação aos combustíveis renováveis — que a multinacional considera que fará parte dessa revolução — , a AGCO está desenvolvendo máquinas movidas a biometano, biodiesel e etanol.
Para o Brasil, a estratégia é trazer equipamentos cada vez mais modernos e de alta potência e, por isso, a companhia tem feito investimentos também para divulgar a marca Fendt.
A reportagem viajou para Agritechnica, uma das maiores feiras de máquinas do mundo, em Hannover, na Alemanha, com membros da empresa e vários concessionários da marca. “O Brasil tem uma agricultura muito sofisticada e a Fendt tem as melhores máquinas do mundo, agora adaptadas para grandes espaços, depois de terem sido desenvolvidas inicialmente para as lavouras da Europa”, disse o executivo.
Nem mesmo a queda nos preços das commodities ou os problemas climáticos que podem reduzir a safra 2023/24 parecem desanimar Hansotia. “Os preços dos grãos caíram nos últimos dois anos, mas ainda estão em patamares elevados. Além disso, o consumo de carne e combustíveis renováveis não para de crescer, o que vai gerar mais oportunidades ao Brasil.”
Assim como estudiosos e membros do setor, o líder da AGCO aponta na integração lavoura-pecuária-floresta o rumo para garantir aumento da produção nacional, sem que seja necessário a derrubada de mais florestas.
Segundo a AGCO, a América do Sul representa 10% a 15% do faturamento global do grupo, enquanto o mercado mais importante continua sendo a Europa, com metade de toda a receita. A América do Norte é responsável por 25%, enquanto o restante fica com Ásia e África.
No trimestre finalizado em 30 de setembro, o faturamento global da AGCO atingiu US$ 3,5 bilhões, 10,7% mais que no mesmo período do ano anterior.
Para a empresa, a falta de conectividade no campo é um dos gargalos mais importantes para um crescimento rápido de vendas e uso das tecnologias no Brasil. Em função disso, tem também avaliado criar equipamentos que funcionem com outras redes que não das operadoras convencionais enquanto estão em campo.
“Apenas a gestão de dados, feita na sede da fazenda, precisa da internet e dados baseados na nuvem” comentou o executivo. “No futuro, quando as máquinas se tornarem autônomas, precisaremos realmente de conexão via antena de celular em todos os lugares.”
Outro problema pontual enfrentado pelo setor é a falta de alguns insumos e peças desde a covid-19. Hansotia deu como exemplo as empresas produtoras de rodas e pneus que, segundo ele, não investiram o suficiente durante a pandemia e estão sem moldes de borracha para fazer os pneus e as esteiras, causando um pequeno gargalo nas entregas.
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