Investing - SP 22/09/2023
As usinas siderúrgicas brasileiras estão resistindo a reduzir seus preços apesar da elevada diferença em algumas regiões do país com valores cobrados por material importado, que deve continuar chegando em grandes quantidades, afirmou nesta quinta-feira a entidade representativa dos distribuidores de aços planos, Inda.
Em agosto, as importações de aço plano pelo Brasil, segundo os dados do Inda, dispararam 56,4%, para quase 231 mil toneladas, ante o mesmo período de 2022.
Incluindo aços longos na conta, conforme dados divulgados mais cedo pelo Aço Brasil, que representa as usinas, as importações da liga no mês passado somaram 495,7 mil toneladas, avanço de 55,6% sobre o mesmo período de 2022, maior patamar desde julho de 2021.
"Provavelmente vamos ter um setembro igual ou mais forte que agosto em importações", disse o presidente do Inda, Carlos Loureiro, a jornalistas.
"Há grande resistência das usinas em reduzir seus preços (no Brasil). Elas estão tentando manter, mas está realmente muito difícil para elas", acrescentou o executivo, citando um quadro de preços abaixo do custo de produção sendo praticado pela China, principal origem das importações nacionais da liga.
Loureiro citou dados mostrando que os preços internacionais do aço caíram de 10 e 64 dólares na China e nos Estados Unidos nas últimas semanas, enquanto o custo de carvão e minério de ferro subiu cerca de 70 dólares, combinação que deve pressionar os produtores de aço nacionais.
Segundo Loureiro, no Sudeste, o preço do aço laminado a quente nacional está 13% a 14% mais alto que o similar importado. Essa diferença, chamada de "prêmio" pelo setor, chega a mais de 30% no Norte do país, afirmou.
O executivo afirmou que a principal entrada de aço importado no Brasil, o porto de São Francisco do Sul (SC) tem cerca de 300 mil toneladas de aço plano aguardando nacionalização e ainda há "muito material chegando pelo o que vemos nos line-ups (programação de navios)".
A situação aliada a uma medida do governo nesta semana que antecipou o fim de redução de imposto de importação de 12 produtos de aço, incluindo bobinas a quente e a frio e chapas zincadas, deve gerar neste mês uma certa corrida para nacionalização do aço que ainda não foi internalizado, disse o presidente do Inda.
A decisão de terça-feira passa a valer a partir de 1º de outubro, quando a taxa de importação voltará a ser de 9,6% a 12,8%, informou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
ESTOQUES
Com a manutenção da tendência de alta nas importações e preços internacionais apontando para baixo, compradores de aço tem segurado aquisição de material para a última hora, o que tem mantido estoques controlados na distribuição.
Em agosto, segundo os dados do Inda, os inventários de aço plano dos distribuidores somavam 843,9 mil toneladas, praticamente estável ante julho.
Mas a preocupação fica sobre os segmento de galvalumes, comumente usado em coberturas, tetos, telhas e revestimentos externos, disse Loureiro. A importação em agosto foi de quase 70 mil toneladas ante 41,5 mil em 2022. "Grandes distribuidores de galvalumes estão com estoques elevados", afirmou o executivo.
"Hoje, a maioria (dos distribuidores) está muito preocupada em não deixar estoque subir por causa da tendência de queda nos preços...De repente, você pode estar vendendo por um preço abaixo do valor que comprou um mês antes", disse o presidente do Inda.
"Se continuar desse jeito, (as usinas nacionais) vão ter que eventualmente reduzir os preços. Até o momento, elas não pediram água e estão na luta", acrescentou.
Sinalizando o desequilíbrio das importações, as vendas dos distribuidores de aços planos em agosto, segundo o Inda, subiram 10,7% ante julho e 2,5% sobre um antes, para 343,4 mil toneladas.
Já as vendas de aços planos pelas siderúrgicas nacionais no Brasil caíram 7,7% no mês passado sobre um ano antes, para 962 mil toneladas.
"O nosso crescimento (dos distribuidores) está muito em cima dessa situação volátil de preços. Isso faz com que o consumidor final comece a perceber", disse Loureiro, comentando sobre a diferença no tempo entre o pedido e a entrega nas usinas (cerca de três meses) e nos distribuidores (entre 3 e 5 dias).
Diário do Comércio - MG 22/09/2023
Resultado das vendas de agosto ficou acima do esperado pelo setor. A alta se deve à instabilidade dos preços do aço
As vendas das distribuidoras associadas ao Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda) subiram 10,7% em agosto frente a julho e 2,5% se comparado com igual mês de 2022. Ao todo, foram comercializadas 343,4 mil toneladas de aço no mês. O aumento não era esperado pelo setor, mas foi puxado pela tendência de queda dos preços. Pela entrega das distribuidoras ser mais ágil frente às usinas, há uma migração de consumo. Apesar da queda dos preços internacionais, as usinas ainda estão segurando os preços no mercado interno.
De acordo com os dados do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), no acumulado dos oito primeiros meses de 2023, as vendas de aços somaram 2,54 milhões de toneladas. O volume ficou praticamente estável, com pequena variação negativa de 0,1% se comparado com igual intervalo do ano passado.
“As vendas foram melhores do que nosso levantamento apontava, que era uma alta de 4%. Mas, chegamos ao final do mês com 10,7% de crescimento. Estamos notando que as vendas têm melhorado muito no final do mês, fruto da situação de preços instáveis no mercado. Os compradores têm deixado as aquisições para a última hora, pois não querem ser pegos por preços diferentes”, explicou o presidente do Inda, Carlos Loureiro.
A alta é explicada pela migração do consumo das usinas, que levam de dois a três meses para entrega dos produtos, para a rede de distribuição, que entrega em poucos dias.
“Quando se tem uma situação de briga forte de preços, inclusive causada pela importação com valor muito baixo, você tem um aumento da participação da distribuição em relação às usinas. Nosso crescimento está em cima da situação de preços volátil”, apontou Loureiro.
No que se refere às compras, a aquisição do setor distribuidor, em agosto, chegou a 245,3 mil toneladas, crescendo, então, 14,6% frente a julho. As compras, frente a agosto de 2022, caíram 1,5%. No acumulado do ano, as compras aumentaram apenas 0,6%, chegando, assim, a um volume de 2,57 milhões de toneladas.
Em agosto, a pequena diferença entre o volume vendido, 343,4 mil toneladas, e o adquirido, 345,8 mil toneladas, é resultado da maior cautela do setor. Diante da instabilidade de preços, aumento das importações e tendência de queda, o setor não tem ampliado o estoque.
“O setor está preocupado em não deixar os estoques subirem. Se os preços caírem na atual situação – de margens apertadas – a distribuição venderá os estoques a um preço menor. Por isso, estão segurando as comprar e repondo somente o necessário”, explicou Loureiro.
Em número absoluto, o estoque de agosto obteve alta de 0,3% em relação ao mês anterior, atingindo o montante de 843,9 mil toneladas contra 841,6 mil. O giro de estoque fechou em 2,5 meses.
Para setembro de 2023, a expectativa da rede associada é de que as compras e vendas tenham uma queda de 3% em relação ao mês de agosto.
Importação de aço
Em agosto, as importações cresceram 14,2% em relação ao mês anterior, com volume total de 231 mil toneladas contra 202,2 mil toneladas. Comparando com o mesmo mês do ano anterior, quando as importações eram de 147,7 mil toneladas, o incremento foi expressivo de 56,4%.
“As importações continuam crescendo muito. Em agosto, foram 231 mil toneladas, contra 147 mil toneladas em agosto do ano passado, um aumento de 56%. O crescimento, no ano, já é de 38,7%. Todas as informações que temos é que, em setembro, provavelmente, vamos ter uma importação igual ou mais forte que agosto”.
No mercado internacional, os preços dos laminados a quente caíram nas últimas semanas. A redução chegou a US$ 64 dólares por tonelada nos Estados Unidos, a US$ 20 na Europa e US$ 10 na China, gerando uma média de US$ 30 a menos no mundo. A redução, aliada ao aumento das importações, que estão chegando a preços mais baixos no mercado interno, devem pressionar os preços das usinas.
“Até o momento, no mercado interno há uma resistência grande das usinas em ceder nos preços. Estão fazendo alguns negócios especiais, mas a tabela está sendo mantida”.
GauchaZH - RS 22/09/2023
Um importantíssimo "ok" da Gerdau turbinou a força-tarefa de construtoras gaúchas criada para construir 240 casas temporárias para os desabrigados pelas enchentes no Vale do Taquari. A gigante da siderurgia doará 17,4 toneladas de aço para fazer os chamados radiers, que são lajes de concreto usadas para as fundações sobre as quais as casas serão executadas. O acerto vinha sendo conduzido nos últimos dias pelo presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), Claudio Teitelbaum.
— O radier substitui estacas, blocos e vigas - explica Rubem Piccoli, diretor de Engenharia da Melnick e coordenador do grupo de trabalho do Sinduscon-RS para a construção das moradias provisórias.
Além de comemorarem, os executivos ressaltam que a quantia doada pela Gerdau é 100% do aço necessário para as estruturas de todas as casas. Ou seja, um item a menos na lista de materiais de construção necessários. A iniciativa ainda precisa de concreto, paredes para fechamento, telhas, portas, janelas, material para elétrica, para hidráulica, louças, metais, chuveiros, cerâmica e tinta. As doações devem ser centralizadas no Sinduscon-RS, que fará o inventário e prestará contas. O contato pode ser feito pelo telefone 51.30213440 ou pelo e-mail diretoria@sinduscon-rs.com.br.
O início das obras depende da liberação dos terrenos, o que ocorrerá por desapropriação do governo do Estado. As residências ficarão, principalmente, em Roca Sales e Muçum, as cidades mais destruídas pela tragédia. As casas terão de 18 a 36 metros quadrados e, após o início da construção, devem ficar prontas em até 40 dias.
Relembre a entrevista com os executivos que encabeçam a iniciativa do Sinduscon-RS ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha:
IstoÉ Dinheiro - SP 22/09/2023
O Instituto Aço Brasil informou que a produção nacional de aço bruto em agosto de 2023 somou 2,7 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 5,9% ante o mesmo intervalo do ano anterior. Em igual período, as vendas internas atingiram 1,7 milhão de toneladas, queda de 6,2% na comparação anual.
A produção de laminados em agosto foi de 1,9 milhão de toneladas, valor 12,1% inferior ante o mesmo período de 2022. No mesmo intervalo, a produção de semiacabados somou 832 mil toneladas, aumento de 44%.
O consumo aparente nacional de produtos siderúrgicos foi de 2,1 milhões de toneladas, valor 0,9% inferior na comparação anual.
As exportações em agosto somaram 946 mil toneladas, o que representa uma alta de 6,4% ante o mesmo mês de 2022. Considerando igual intervalo, os ganhos com as vendas para o mercado externo totalizaram US$ 813 milhões, valor 6,1% menor para o setor.
As importações, por sua vez, foram de 496 mil toneladas em agosto, um aumento de 55,6% ante o registrado no mesmo período do ano passado. Em valores, as importações somaram US$ 616 milhões, uma alta de 33,4% no mesmo intervalo de comparação.
Acumulado
No intervalo acumulado de janeiro a agosto de 2023, a produção brasileira de aço bruto foi de 21,3 milhões de toneladas, queda de 8,3% frente ao mesmo período do ano anterior. Já a produção de laminados somou 14,6 milhões de toneladas, redução de 9,9% em igual período de comparação. O total de semiacabados produzidos nos primeiros oito meses do ano foi de 6,4 milhões de toneladas, aumento de 19,6% na comparação anual.
As vendas internas foram de 13 milhões de toneladas de janeiro a agosto, o que representa uma redução de 5,4% quando comparadas com igual período do ano anterior. O consumo aparente nacional de produtos siderúrgicos foi de 15,8 milhões de toneladas no acumulado até agosto, uma retração de 0,6% frente ao registrado no mesmo período de 2022.
As importações alcançaram 3,2 milhões de toneladas no acumulado, um aumento de 49,5% ante o mesmo período do ano anterior. Os valores utilizados para a importação foram de US$ 3,9 bilhões, avanço de 23,5% em igual intervalo.
Já as exportações no acumulado atingiram 8 milhões de toneladas, redução de 5% na comparação com o ano passado. Os ganhos com as vendas para o mercado externo totalizaram US$ 7 bilhões, queda de 10,3% no período.
Brasil Mineral - SP 22/09/2023
A associação entende que, nas atuais condições, será difícil cumprir no prazo determinado os requisitos solicitados
A Associação Latino-Americana do Aço (Alacero) divulgou nota mostrando preocupação com o processo de regulamentação e implementação do Mecanismo de Ajuste Fronteiriço de Carbono (CBAM), promovido pela Comissão Europeia. A associação entende que, nas atuais condições, será difícil cumprir no prazo determinado os requisitos solicitados, o que irá afetar os processos comerciais dos membros produtores de aço na região.
Segundo a Alacero, a informação oficial publicada no site da Comissão Europeia é confusa e incompleta no que diz respeito à futura metodologia. Como exemplo, a Alacero comenta que o modelo disponível como ferramenta de comunicação entre os operadores das fábricas e os importadores suscita preocupações quanto ao nível de detalhe da informação exigida, o que poderá afetar as regras de compliance dos operadores. Por outro lado, o prazo definido não seria o mais adequado e suficiente para dar cumprimento a um processo de tal complexidade, considerando o período de transição estabelecido entre 1º de outubro de 2023 e 31 de dezembro de 2025.
Os Guidance documents (documentos de orientação) só foram publicados entre 17 e 22 de agosto deste ano. As capacitações propostas só serão anunciadas a partir de 5 de outubro, quando o período de transição já terá se iniciado. A Alacero afirma que a situação representa um aumento dos processos administrativos, com os consequentes custos econômicos, afetando de forma desigual principalmente as regiões em desenvolvimento. “A nossa indústria está totalmente empenhada na transição energética e compreendemos que se trata de um processo complexo, que deve ser justo e realista, tendo em conta a situação e os recursos disponíveis de cada indústria e de cada país. Ao contrário dos países que compõem a União Europeia, os países da América Latina não dispõem de subsídios ou ajudas de fundo perdido para financiar a transição ou a adoção de tecnologias disruptivas de descarbonização”, diz a nota.
A Alacero pede aos interessados analisar uma possível postergação dos prazos e uma melhoria nas comunicações e capacitações, bem como que garantam que a informação solicitada não afeta as regras de compliance de cada parte envolvida.
Diário do Comércio - MG 22/09/2023
Minas Gerais produziu, em agosto deste ano, 766 mil toneladas de aço bruto, conforme dados divulgados nessa quinta-feira (21) pelo Instituto Aço Brasil. O resultado mostrou uma queda de 4,3% em relação ao volume produzido no mesmo período do ano passado (802 mil toneladas). Porém, na comparação com julho (709 mil toneladas), a produção mineira registrou um aumento de 8%.
Situação semelhante também foi vista na fabricação de semiacabados para venda e laminados, na qual o Estado somou 820 mil toneladas no oitavo mês de 2023. Neste caso, a pesquisa apontou um leve recuo de 0,84% frente ao que foi fabricado em igual intervalo do exercício anterior (827 mil toneladas). Entretanto, apontou uma alta de 3,4% no confronto mensal (793 mil toneladas).
Ainda segundo os números da entidade, no acumulado de janeiro a agosto, foram produzidos em Minas Gerais, 6,23 milhões de toneladas de aço bruto e 6,24 milhões de semiacabados para venda e laminados. A produção siderúrgica mineira diminuiu nos dois cenários. No primeiro, a redução foi de 8,4%, enquanto no segundo, o decréscimo observado foi um pouco menor, de 3,1%.
Embora os dados não tenham sido todos favoráveis, o Estado manteve, por mais um mês, a liderança do setor no País. De acordo com o levantamento, a quantidade de aço bruto produzido no território mineiro, em agosto, equivaleu a 28,2% da produção nacional, o que se estende ao resultado do ano, com 29,2%. A região também liderou a fabricação de semiacabados para venda e laminados, com participações equivalentes a 30,5% (mensal) e 29,6% (acumulado).
Produção nacional de aço bruto recua 5,9%
O Instituto Aço Brasil também divulgou os números nacionais, mostrando que a produção brasileira de aço bruto totalizou, em agosto deste ano, 2,7 milhões de toneladas, um montante 5,9% inferior ao que foi fabricado na mesma época do exercício passado. Em relação a julho, a siderurgia brasileira apresentou estabilidade. Com esse resultado, o País soma 21,3 milhões de toneladas produzidas em 2023, o que representa uma queda de 8,3% no confronto com 2022.
No oitavo mês de 2023, o Brasil produziu 1,85 milhão de toneladas de laminado, um recuo de 12,1% frente ao mesmo período do ano anterior. Na mesma base comparativa, a produção de semiacabados somou 832 mil toneladas, uma alta de 44%. Sendo assim, o setor siderúrgico do País acumulou, neste ano, 14,6 milhões de toneladas de laminados produzidos e 6,4 milhões de toneladas de semiacabados, o que indicam queda de 9,9% e alta de 19,6%, respectivamente.
As vendas internas em agosto somaram 1,71 milhão de toneladas, um decréscimo de 6,2% na comparação anual. Nos primeiros oito meses do ano, foram vendidos internamente 13 milhões de toneladas o que representa uma queda de 5,4% quando comparadas com igual intervalo de 2022.
Já o consumo aparente de produtos siderúrgicos no oitavo mês deste ano foi de 2,1 milhões de toneladas, valor 0,9% inferior ao apurado no mesmo período do ano passado. No acumulado do ano, foram 15,8 milhões de toneladas no acumulado, resultado 0,6% menor que o de 2022.
Importações avançam significativamente
Ainda conforme o levantamento, foram exportados 946 mil toneladas de aço bruto em agosto, o que resultou em aumento de 6,4% na comparação com o mesmo mês de 2022. No acumulado de 2023, as exportações atingiram 8 milhões de toneladas, uma redução de 5,0% frente a 2022.
Enquanto isso, foram importados 496 mil toneladas no oitavo mês de 2023, o maior patamar desde julho de 2021, o que equivaleu ainda a uma alta de 55,6% ante agosto do ano passado. “Mais da metade das importações, ou 61%, vieram da China. Em agosto, as importações brasileiras da China atingiram 302 mil toneladas, o maior volume comercializado na história desses dois países”, disse o superintendente de economia do Instituto Aço Brasil, Marcelo Ávila.
Entre janeiro e agosto de 2023, segundo a entidade, as importações de aço bruto alcançaram 3,2 milhões de toneladas, um incremento de 49,5% frente ao mesmo período do ano anterior.
Exame - SP 22/09/2023
A arrecadação de impostos e contribuições federais registrou queda real de 4,14% em agosto e totalizou R$ 172,785 bilhões, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 21, pela Receita Federal. Trata-se da quarta queda mensal da arrecadação em 2023 e a terceira consecutiva. Em junho, o recuo foi de 3,4% em termos reais, e em julho, de 4,2%.
De janeiro a agosto deste ano, a arrecadação de tributos federais totalizou R$ 1,517 trilhão. Com valores corrigidos pela inflação, somou R$ 1,531 trilhão, com retração real 0,83%.
Na prática, essa queda é fruto do menor nível de atividade econômica, das reduções dos preços do dólar e da cotação das commodities, que impactam o valor de venda do petróleo e dos metais. Esses dois itens têm peso significativo na arrecadação federal.
Efeito sobre as contas públicas
Com a arrecadação em queda, o governo passa a ser pressionado por medidas adicionais para garantir o equilíbrio das contas públicas.
Vale lembrar que o aumento de receitas é essencial para dar sustentação ao arcabouço fiscal. O governo corre para aprovar no Congresso um pacote de medidas para aumentar a arrecadação.
Além disso, o governo aposta na reforma tributária do consumo como forma de reduzir a sonegação e aumentar a base tributária.
O Estado de S.Paulo - SP 22/09/2023
Após reduzir os juros, Copom reforça a importância de que as políticas monetária e fiscal convirjam. Só ações concretas do governo e apoio efetivo do Congresso podem acelerar a queda
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu a taxa básica de juros a 12,75% ao ano. A decisão já era esperada, mas havia alguma dúvida sobre o ritmo de queda da Selic, sanada com o apoio unânime ao corte de 0,5 ponto porcentual nesta semana e encomendado para as reuniões de novembro e dezembro.
Ao explicar a decisão, o comitê destacou, no cenário externo, as incertezas em relação à inflação nos Estados Unidos e na Europa e as perspectivas de menor crescimento econômico da China. No mesmo dia, o Federal Reserve (Fed) manteve as taxas inalteradas no intervalo entre 5,25% e 5,50% anuais e sinalizou que a política monetária ficará em terreno restritivo por mais tempo do que se esperava. Assim, a redução do diferencial entre os juros norte-americanos e os brasileiros pode vir a tornar-se mais um fator de risco a ser considerado pelo BC.
Internamente, não houve novidades. O Copom destacou que as expectativas de inflação permanecem acima da meta no horizonte dos próximos três anos. A resistência da inflação de serviços e o vigor da atividade econômica continuam a ser monitorados. A exemplo do que faz em todos os comunicados, o BC reiterou a disposição em perseguir as metas de inflação. Por isso mesmo, não passou despercebida a menção à importância da política fiscal para ancorar as expectativas de inflação.
Para surpresa e incômodo de alguns analistas acostumados a ver o Banco Central bater nessa mesma tecla nos últimos anos, não houve qualquer menção a questões de cunho fiscal no comunicado divulgado em agosto, quando o colegiado voltou a reduzir os juros. Agora, o assunto voltou a ser mencionado, mas uma única vez. “Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas”, disse o BC.
Ainda que sucinto, o trecho foi interpretado como um apoio à disposição do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em buscar o equilíbrio das contas públicas. De um lado, a meta de zerar o déficit no ano que vem tem sido boicotada pelo Congresso e por parlamentares do próprio PT. De outro, o ministro tem sido pressionado por parte do mercado a esclarecer suas projeções para as receitas e despesas do Orçamento do ano que vem.
Nesse sentido, o comunicado do BC reforçou a importância de as políticas monetária e fiscal remarem para a mesma direção. Embora o comportamento dos preços tenha de fato arrefecido nos últimos meses, trazendo alívio para os consumidores, as expectativas para a inflação de 2025, segundo o boletim Focus, permanecem estagnadas em 3,5% desde o fim de julho.
É, certamente, um patamar mais confortável que a inflação de dois dígitos com que o País teve de lidar no passado recente, mas ainda está acima do centro da meta definida para 2025, de 3%. E são as expectativas, não a inflação corrente, que norteiam os juros futuros, as apostas do mercado financeiro e a própria atuação do Banco Central.
Com a sanção do arcabouço e o avanço da reforma tributária sobre o consumo na Câmara, o governo Lula colheu bons resultados no Congresso no primeiro semestre. A retomada dos trabalhos no Legislativo após o recesso, no entanto, veio acompanhada de dificuldades para aprovar medidas para recuperar receitas.
O plano para rever subsídios e gastos tributários até agora não saiu, e as demandas financeiras de Estados e municípios são crescentes. Sem alternativa, o Executivo se viu obrigado a acomodar o Centrão na Esplanada dos Ministérios para tentar formar uma base firme no Congresso.
Por enquanto, o discurso de Haddad tem sido suficiente para manter a aposta nos cortes graduais esperados para a Selic nos próximos meses. Ações concretas do governo para comprimir despesas, bem como um apoio efetivo do Legislativo às propostas para garantir novas receitas, eventualmente poderiam acelerar os movimentos do Banco Central. Até o momento, porém, ambos parecem bastante improváveis.
CNN Brasil - SP 22/09/2023
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira (21) que perseguir a meta fiscal é um sinal de compromisso do governo com as contas públicas do país e frisou a receptividade do Congresso Nacional com as medidas da área econômica do governo.
Após se reunir com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na sede da Fazenda, Haddad foi questionado por jornalistas sobre comunicado do BC da véspera que reforçou a importância da firme persecução das metas fiscais.
“Perseguir meta fiscal, como diz o comunicado, é uma coisa importante, porque demonstra a seriedade do país com as contas públicas”, disse o ministro ao deixar o ministério.
“Com apoio do Congresso, eu tenho certeza que nós vamos continuar avançando no sentido correto de não aprovar novas despesas, não aprovar novas desonerações e fazermos aquilo que precisa ser feito para corrigir as distorções tributárias que o Brasil acumulou ao longo dos últimos anos”, acrescentou.
Haddad disse que a situação macroeconômica do Brasil é atualmente menos negativa do que a de outros países, principalmente na área fiscal.
Na quarta-feira, o Copom repetiu movimento de agosto e voltou a cortar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual para 12,75% ao ano.
O comunicado que seguiu a decisão sinalizou reduções equivalentes nas próximas reuniões e destacou a questão fiscal, mas desta vez fora da lista de fatores de risco para alta da inflação.
Money Times - SP 22/09/2023
Os preços do minério de ferro caíram nesta quinta-feira (21), com o sentimento de risco depois que o Federal Reserve dos EUA sinalizou outro aumento da taxa de juros até o final do ano e uma política monetária mais rígida até 2024.
Ao mesmo tempo, os investidores optaram por aguardar os detalhes da promessa da China de acelerar a implementação de mais políticas para consolidar sua recuperação econômica.
O minério de ferro mais negociado para janeiro na Bolsa de Mercadorias de Dalian, na China, encerrou as negociações do dia com queda de 1,9%, a US$ 116,93 por tonelada, depois de avançar nas duas últimas sessões.
Na Bolsa de Cingapura, o preço de referência de outubro do ingrediente siderúrgico chegou a cair até 3,4%, atingindo US$ 117,70 depois de se manter acima de US$ 120 por vários dias.
De acordo com a mídia estatal CCTV, a China, maior produtora de aço e consumidora de metais do mundo, acelerará a introdução de mais políticas para consolidar sua recuperação econômica.
Neste mês, o minério de ferro ampliou sua recuperação, após sólidos ganhos em agosto, impulsionados pelos esforços de estímulo econômico da China, mas o impulso parece ter perdido força.
Embora tenha havido relatos sobre medidas adicionais de apoio para as incorporadoras imobiliárias da China no âmbito de governos locais, os analistas disseram que o sentimento geral permanece de cautela.
“O mercado imobiliário chinês continua a apresentar tendência de queda e permanece como a maior incerteza da economia”, disse a consultoria do setor Mysteel, em sua última perspectiva semanal.
Os analistas, no entanto, disseram que os preços do minério de ferro ainda estavam sustentados em meio aos baixos estoques nas usinas siderúrgicas e às necessidades de reabastecimento antes do feriado do Dia Nacional da China.
Infomoney - SP 22/09/2023
A recente valorização do preço do minério de ferro têm dado força para uma recuperação dos preços das ações da Vale (VALE3). Mesmo com as perdas desta semana, influenciadas pelas decisões globais de juros, que elevaram o sentimento de aversão ao risco, VALE3 sobe 4,1% em setembro e 8,2% no trimestre.
No pregão desta quinta-feira (21), seus papéis, assim como o mercado como um todo, recuaram 2,61%, a R$ 67,50. Vale recua ainda com a sessão de queda do minério. Na Bolsa de Cingapura, hoje, a cotação da commodity caiu 3,4%, para US$ 117,70 a tonelada, e em Dalian cedeu 1,9%, a US$ 116,93.
Apesar de oscilarem nesta semana, os preços do minério de ferro saíram da faixa dos US$ 102 em agosto para US$ 123,50 na última sexta-feira (15), na Bolsa de Cingapura, o maior preço desde março deste ano. Recuperação se viu também em Dalian [veja os gráficos mais abaixo].
Com isso, o preço da ação da Vale (VALE3) saiu de sua mínima de 2023 – aos R$ 61 (em agosto) – para os R$ 71,20, no mesmo dia 15 de setembro. Ou seja, uma valorização superior a 16% em menos de 20 dias, impulsionada pela força do minério.
O que puxou a alta do minério e da Vale (VALE3)?
Por trás dessa recente alta está um conjunto de medidas macroeconômicas, anunciadas por autoridades chinesas, com foco na “expansão da demanda doméstica, aumento da confiança, da prevenção de riscos e esforços para atingir as metas anuais de desenvolvimento econômico”.
A consolidação da recuperação econômica, portanto, é foco para o país asiático. Nesse sentido, o governo se comprometeu a acelerar a adoção de mais medidas em busca da consolidação da recuperação da economia do país, reforçou, essa semana, a mídia estatal CCTV.
Espaço para alta de Vale
Dessa forma, nem mesmo a queda desta semana, desanimou os analistas fundamentalistas em relação às ações da Vale. Para JP Morgan, a mineradora segue sendo a principal escolha do setor, sendo classificada como overweight (exposição acima da média).
Ajuda nessa perspectiva “a boa visão” do banco para a commodity. “Acreditamos que (VALE3) agora está barata, com um múltiplo EV/Ebitda de 3,7x em relação ao pico de 5,9x em fevereiro de 2023”, afirmou o JP, em relatório.
Para o BTG, a Vale também continua como a principal escolha para exposição ao minério de ferro. O banco aumentou as estimativas de Ebitda em 10-13% para 2023/24 e elevou o preço-alvo para R$ 96,00 a ação.
VALE3: Análise técnica
Partindo para a análise técnica dos papéis da mineradora, VALE3 – no fechamento da véspera – recuou até o suporte de R$ 68,20 (região de preços que geralmente atraem compradores), “que foi respeitado”.
“Caso perca essa região, abrirá espaço para que o movimento de realização no curto prazo continue até R$ 66,20”, explicam os analistas do Itaú BBA, Fábio Perina, Lucas Piza e Igor Caixeta, em relatório.
No sentido inverso, no lado da alta, afirmam, para que “VALE3 acione gatilho de compra e inicie a tendência de alta, visando o médio prazo, é fundamental que a ação supere a barreira de R$ 71,25” – ou seja, região de resistência, que geralmente atrai vendedores.
Gráfico das ações da VALE3: junho/22 a setembro/23
Analistas divergem sobre minério de ferro
Enquanto alguns analistas entendem que a produção industrial e de infraestrutura podem manter a demanda e, por consequência, os preços do minério de ferro em patamares mais elevados, outros demonstram menos otimismo em relação às expectativas para os setores do país asiático, em especial no impacto que as dificuldades do setor imobiliário na demanda pelo minério de ferro.
Em seu relatório diário sobre metais e mineração no início desta semana, o BBI destacou que o volume total de vendas de novas casas nas quatro principais cidades da China caiu semanalmente, reforçando o desaquecimento do setor imobiliário.
Já na análise semanal, o banco reforçou que a demanda sazonalmente mais forte e os sinais de estabilização da atividade econômica explicaram alta na semana passada.
“A atividade econômica chinesa mostrou alguns sinais de estabilização em agosto, com as vendas no varejo e a produção industrial superando as estimativas do mercado. Por outro lado, os dados do setor imobiliário permaneceram muito fracos. Acreditamos que a China continuará monitorando a atividade econômica para impulsionar o estímulo e garantir um crescimento constante”, diz o relatório.
Os dados de produção industrial vieram com aumento de 4,5% no acumulado anual em agosto de 2023, contra 3,7% em julho (e estimativas de 3,9%). A produção manufatureira subiu para 5,4% ao ano (ante 3,9% em julho) e a mineração subiu para 2,3% ao ano.
Em relação às exportações brasileiras de minério de ferro, a análise destaca que houve a totalização de aproximadamente 11 milhões de toneladas (mt) na terceira semana de setembro, com média diária de 2,2mt.
Isso significa um avanço de 25% da semana anterior e 35% em relação à média diária de agosto. Se o passo se mantiver até o fim de setembro, as exportações do minério de ferro totalizariam 39,5mt, +5% em relação ao mês anterior e 9% a mais que na comparação anual.
A recomendação do BBI para Vale é Outperform (perfomance acima do índice de referência, equivalente à compra).
Cautela com China
Para a Julius Baer, os dados econômicos demonstram que ainda há luta nos setores intensivos em metais, em especial no mercado imobiliário. Entretanto, a consultoria entende que a produção industrial e as vendas no varejo são pontos positivos.
“Nossas opiniões não mudaram: a menos que haja medidas de estímulo generalizado nos setores imobiliário e de infraestrutura, a demanda chinesa por metais deve permanecer relativamente estagnada”, diz o relatório.
A análise reforça a cautela para os mercados de minério de ferro e de aço, em razão dos ventos contrários estruturais enfrentados pelo setor imobiliário.
Otimismo do JP Morgan
Essa cautela, entretanto, não se apresenta na análise do JP Morgan sobre o cenário. Em relatório publicado quinta-feira passada (14), o JP Morgan demonstrou otimismo com o mercado do minério de ferro.
“Com a combinação de: (a) a produção de aço da China permanecendo resiliente e resultando em maiores exportações; (b) cortes modestos na capacidade de produção de aço na China; e (c) flexibilização das políticas – concluímos que nossas previsões de preços anteriores eram muito cautelosas”, explica o banco.
As projeções de preço foram ajustadas para US$ 110/t para 2023 e US$ 105/t para 2024. Para o JP Morgan, a revisão reflete o ponto mais baixo de custos marginais após a recente inflação, o que o banco considera que foi um forte nível de suporte nos últimos anos.
Apesar dos dados mais fracos do setor imobiliário, a produção de ferro segue crescendo na China, segundo o banco, e é considerada “resiliente”. Na análise, o JP Morgan pondera que o crescimento está vindo de energia renovável e tem impulsionado a demanda.
Outros pontos destacados pelo JP Morgan são a perda de participação da propriedade residencial na demanda total, o melhor desempenho de propriedades comerciais em detrimento de residenciais e o fato de habitação pública, escolas e hospitais serem caracterizados como infraestrutura e não propriedade (o que afeta números de construção, ainda que a demanda esteja presente).
O banco também destacou que as exportações de aço também impulsionam a demanda, uma vez que a China superproduz aço e o processo consome mais minério de ferro.
“No geral, nossas estimativas de produção de aço na China para 2023 permanecem em +1% em relação ao ano anterior, com a demanda caindo 1,4% em relação ao ano anterior”, projeta o relatório.
Bradespar (BRAP4)
Como consequência, o relatório do JP Morgan revisou a classificação de Bradespar (BRAP4) (que conta como principal ativo com as ações da mineradora) de neutro para overweight (exposição acima da média).
A recomendação é pautada nas “previsões mais altas para minério de ferro”, de acordo com o relatório. Na ocasião, Bradespar subiu 4,34% após o relatório do banco.
Hoje, as ações da Bradespar recuaram 2,99, a R$ 22,68.
BTG revisa para cima curva de minério de ferro
O BTG Pactual tem visão similar em relação à produção de aço na China e prevê que há pouca possibilidade de manutenção da produção em 2023 e imposição do governo de restrições à indústria siderúrgica.
“Prevemos agora um crescimento de 2% da CSP na China em 2023/24, parcialmente compensado por um declínio mais acentuado nos mercados desenvolvidos”, afirma o BTG.
O banco revisou sua curva de minério de ferro para cima, estimando para 2023, US$ 115/t, de US$ 105/t; para 2024, US$ 105/t, de US$ 90/t e, para 2025, US$ 90/t, de US$ 85/t.
A estimativa de preço de longo prazo real ficou em US$ 80/t, valor mantido da estimativa anterior do BTG.
Valor - SP 22/09/2023
Mais da metade das patentes da BYD estão relacionadas a baterias
A gigante chinesa de veículos elétricos BYD registrou 16 vezes mais patentes nos últimos 20 anos do que a líder da indústria Tesla, usando estruturas legais para proteger sua tecnologia de bateria.
A Tesla solicitou 836 patentes desde a sua fundação em 2003 até 2022, enquanto a BYD solicitou mais de 13 mil durante o mesmo período, de acordo com o Patent Result, com sede em Tóquio. Uma montadora do tamanho da Tesla normalmente solicitaria “pelo menos 10 vezes mais”, disse o advogado de patentes Hideto Kono.
Mais da metade das patentes da BYD estão relacionadas a baterias. A montadora com sede em Shenzhen fabrica baterias internamente para reduzir o custo de seus veículos elétricos e solicitou inúmeras patentes relacionadas à redução de custos.
A tecnologia proprietária de baterias pode ser exposta através da simples desmontagem da peça, o que faz as patentes ganharem importância.
A força da BYD está nas baterias de íon de lítio relativamente baratas que usam fosfato de ferro como cátodo. Os fabricantes de baterias japoneses e sul-coreanos preferem baterias ternárias de lítio que usam materiais mais caros, como níquel e cobalto.
A empresa desenvolveu medidas semelhantes de redução de custos para os chassis dos seus veículos, como a sua e-plataforma 3.0 que integra a bateria na carroceria do carro, reduzindo custos.
Diz-se que a China acolhe mais de 10 mil processos judiciais de patentes por ano, em comparação com os 3 mil a 4 mil dos Estados Unidos e cerca de 100 no Japão.
A Tesla, que possui pontos fortes em tecnologia de produção e software, adota uma abordagem diferente. A nova tecnologia de produção é utilizada apenas dentro das fábricas, reduzindo o risco de imitação por outras empresas.
Embora o pedido de patente permita o uso exclusivo de uma tecnologia por um determinado período de tempo, os detalhes devem ser tornados públicos, aumentando o risco de imitação. “As tecnologias relacionadas à produção geralmente não são patenteadas”, disse Kono.
Como o desenvolvimento de software utiliza muitas informações disponíveis publicamente, são necessárias menos patentes nessa área.
A Tesla lidera a indústria na redução do custo dos veículos elétricos através da inovação na produção, como a sua tecnologia gigacasting, sistema no qual uma enorme máquina de fundição de alumínio produz uma grande parte da carroceria do carro que tradicionalmente seria composta por muitas peças pequenas. O carro-chefe da Tesla, Modelo Y, substituiu 171 peças de chapa de aço por duas grandes peças de alumínio.
Em março, a empresa revelou um conceito para um método de produção de próxima geração que chama de “processo unboxed”, no qual os veículos elétricos seriam produzidos da mesma forma que os computadores e smartphones. Os veículos são divididos em seis módulos, cada um deles produzido e montado com peças internas antes de serem integrados.
Muitas das patentes da Tesla centram-se na infraestrutura de carregamento e nas comunicações entre condutores e veículos elétricos, sendo a mais conhecida o seu padrão de carregamento norte-americano, que está se tornando o padrão para veículos elétricos em toda a América do Norte.
Fornecer não apenas veículos elétricos, mas também infraestrutura de carregamento desenvolvida internamente permitiu à empresa alcançar uma experiência de usuário consistente e aumentar as vendas.
A Toyota Motor registrou aproximadamente 20 mil patentes relacionadas a baterias desde 2000, mais do que qualquer outra montadora no mundo. O seu desafio reside em traduzir estas vantagens tecnológicas na comercialização de veículos elétricos.
O Estado de S.Paulo - SP 22/09/2023
O presidente da Renault do Brasil, Ricardo Gondo, defendeu na manha desta quinta-feira, 21, a volta do Imposto de Importação de veículos elétricos, hoje zerada, e o fim do regime especial para o Nordeste e Centro Oeste, que hoje beneficia o grupo Stellantis, com fábrica em Pernambuco e a Caoa Chery e HPE/Mitsubishi, em Goiás. Se mantido, incluirá também a planta da chinesa BYD, na Bahia, com início de operações previsto para o próximo ano, nas instalações da Ford.
O executivo afirma as empresas do setor automotivo precisam ter isonomia em suas operações, especialmente no que se refere a impostos federais. O regime especial para o Nordeste e Centro Oeste concede créditos de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que, segundo empresas das outras regiões, garantem vantagem de cerca de 20% nos preços dos veículos fabricados localmente.
“Nós estamos no Brasil há 25 anos e já investimos muitos bilhões e há empresas mais antigas que investiram muito mais, por isso é preciso ter igualdade (de tratamento fiscal)”, afirmou Gondo. Para ele, “não pode ter algo que desequilibre o mercado”.
O grupo francês deve anunciar em breve um novo plano de investimento no País. O último, de R$ 2 bilhões, iniciado em 2022, termina neste ano com o lançamento do utilitário-esportivo (SUV) Kardian, na segunda-feira, 25.
O modelo fabricado no Paraná será feito em uma plataforma que consumiu boa parte do investimento e que vai gerar uma família de produtos, incluindo modelos eletrificados. O novo planto incluirá os gastos para a produção do primeiro híbrido flex da marca.
Fim de incentivo
O discurso de Gondo se assemelha ao de outras grandes montadoras que já se reuniram com representantes do governo para tratar do assunto, como General Motors, Volkswagen e Toyota. O incentivo criado nos anos 90 estava previsto para terminar em 2025, mas há um movimento para sua extensão até 2032. A ideia é aprovar a medida dentro do pacote da Reforma Tributária.
Gondo defendeu que qualquer benefício relacionado a tributos federais seja incluído apenas no programa Rota 2030, que pode ser anunciado ainda este mês. O programa prevê incentivos para investimentos em pesquisa e desenvolvimento e para o lançamento de veículos mais sustentáveis.
Sobre a volta do Imposto de Importação, cuja alíquota total é de 35%, já está praticamente definido pelo Ministério do Desenvolvimento Indústria Comércio e Serviços (Mdic) que a volta será gradual - cerca de 8% ao ano, segundo fontes do mercado.
Assim como a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Gondo espera que haja cotas para importação sem impostos para empresas que já produzem veículos no País. Isso, teoricamente, deixaria de fora as montadoras chinesas que já estão instalando fábricas locais, mas a produção só começará a partir do próximo ano.
É o caso da GWM, que comprou a fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP) e entrará em operações em maio de 2024. A BYD deve correr para preparar a antiga fábrica da Ford na Bahia se também quiser iniciar produção no ano que vem.
O tema da volta do IPI, que foi zerado em 2015 justamente para facilitar a entrada no País de carros com novas tecnologias, ocorre num momento em que carros elétricos importados da China pelas duas novas marcas estão ganhando mercado, com produtos de alta tecnologia e preços abaixo dos demais concorrentes.
A defesa de Gondo ocorreu justamente durante evento de lançamento do Megane elétrico, em São Paulo. O modelo é importado da França e chega para disputar mercado principalmente com o BYD Yuan e com o Volvo XC 40, ao preço de R$ 280 mil. O modelo tem autonomia com uma carga completa de até 495 km. A marca já vende no País o também importado Kwid elétrico.
O Estado de S.Paulo - SP 22/09/2023
Movido a hidrogênio (H2), o carro a célula de combustível é considerado mundialmente a opção mais viável para o transporte com emissão zero. Uma evolução do veículo elétrico, ele já roda em alguns países, como Japão e EUA, atendendo um nicho ainda pequeno do mercado.
Seu uso em grande escala está distante, principalmente no mercado brasileiro onde, segundo analistas, até mesmo os elétricos devem demorar a se popularizar em razão dos preços e da falta de infraestrutura para carregamento.
Pelo menos na corrida pela fonte geradora do hidrogênio – que vai carregar a bateria do veículo internamente, sem precisar da energia elétrica da tomada –, o Brasil não está tão atrasado.
Enquanto grande parte dos países usa o gás natural para produzir hidrogênio cinza, que vem de fonte fóssil, o Brasil trabalha em projetos para que o etanol seja o vetor do H2 verde.
“Por ser um combustível limpo, não tóxico e com infraestrutura de transporte desenvolvida, o etanol é muito interessante como vetor para o hidrogênio”, afirma Julio Meneghini, diretor científico do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI, na sigla em inglês), da Universidade de São Paulo (USP).
Ele explica que, no futuro, o etanol será entregue ao posto de combustível e este fará o processo de transformação para hidrogênio em um reformador (tanque cilíndrico que, por meio de uma reação química, quebra a molécula do etanol para produzir o hidrogênio). O carro a célula de combustível tem cilindros para receber o H2, e o abastecimento é igual ao de um carro flex (ver infográfico).
Uma parceria liderada pela Shell envolvendo RCGI, Raízen, Hytron, Toyota e Senai Cetiqt anunciou, no mês passado, o início das obras, nas instalações da USP, da primeira estação experimental de abastecimento de hidrogênio renovável do mundo, feito a partir do etanol.
O local também abrigará uma planta de produção de hidrogênio a partir do etanol com um reformador desenvolvido e produzido pela Hytron. A empresa nasceu há cerca de 20 anos como startup dentro da Unicamp e, em 2021, foi adquirida pelo grupo alemão Neuman & Esser (NEA).
Segundo o gerente de tecnologia de baixo carbono da Shell, Alexandre Breda, o mundo inteiro avalia o uso de hidrogênio na mobilidade, inclusive por meio de metanol e amônia. De qualquer forma, é um produto difícil de ser transportado na forma gasosa e muito caro na forma líquida.
O etanol, já usado em carros híbridos flex e em breve em híbridos plug-in, vai ser uma opção, e com vantagens extras, inclusive em relação ao uso de energia eólica e solar no processo, que também começa a ser explorado.
Três plantas de hidrogênio
A Shell e seus parceiros decidiram puxar a agenda para tornar o etanol ainda mais relevante na transição energética, diz Breda. O primeiro passo é a planta-piloto, que receberá investimento de R$ 50 milhões da companhia.
A planta deve entrar em operação no segundo semestre de 2024 e terá capacidade para produzir 50 metros cúbicos de hidrogênio por hora, suficientes para abastecer apenas um automóvel – o Mirai, fabricado no Japão e cedido pela Toyota para os testes – e três ônibus da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), que vão circular no campus da universidade.
“O objetivo da planta-piloto é validar o processo e comprovar a eficiência do etanol”, diz Breda. A validação de cálculos sobre as emissões e custos do processo de produção de hidrogênio, comparativo de desempenho dos veículos e preços ao consumidor ficarão a cargo do RCGI.
“Nossa estimativa no momento é de que o custo da produção de hidrogênio a partir de etanol é comparável ao do hidrogênio do gás natural no contexto brasileiro”, adianta Meneghini. “Já as emissões são comparáveis ao processo de eletrólise da água alimentada com energia eólica.”
No início de 2025, uma segunda planta dez vezes maior, com capacidade para 500 metros cúbicos por hora, será instalada em um cliente industrial da Shell ainda a ser definido. Ela será voltada principalmente ao hidrogênio usado pelas indústrias química, alimentícia, de mineração e siderúrgica, que hoje têm como vetor o gás natural.
Na sequência, há um plano para uma planta capaz de produzir 5 mil metros cúbicos de hidrogênio por hora, mas sua construção dependerá dos resultados de viabilidade da planta experimental e de parcerias com investidores. Não há, ainda, previsão para o fornecimento do hidrogênio sustentável em postos de combustíveis.
Essa fase tem de acompanhar a chegada ao País de automóveis a célula de combustível em maior escala, o que deve demorar, admite Breda. “Principalmente aqui no Brasil, onde ainda vamos passar pela etapa do carro híbrido a etanol, pelos elétricos e depois ir para os de célula a combustível.”
O executivo, no entanto, vê chances de a tecnologia chegar comercialmente mais cedo aos ônibus e caminhões. Seria uma forma de descarbonizar um setor hoje dependente do diesel.
Nossa estimativa no momento é de que o custo da produção de hidrogênio a partir de etanol é comparável ao do hidrogênio do gás natural no contexto brasileiro”
Julio Meneghini, diretor científico do centro de pesquisa da USP
Cerca de 90% do total de hidrogênio usado no mundo é produzido com gás natural. A parte restante está sendo feita por meio de energia eólica e solar, pelo processo de eletrólise. O uso desse tipo de energia renovável deve aumentar ao longo dos próximos anos. Hoje, a produção de hidrogênio verde chega a custar até quatro vezes mais do que a do cinza.
Lá fora, a desvantagem do H2 feito com energia solar e eólica é a intermitência de ventos e sol, dependendo da região. No Brasil, o problema principal é que os locais onde esses fenômenos naturais são frequentes nem sempre são próximos ao mercado consumidor e seu transporte pode encarecer o preço do produto, além de emitir CO2.
Para Meneghini, a logística de transporte do etanol já está disseminada e, com a instalação de reformadores, os próprios postos de combustível poderão produzir o hidrogênio. Já o uso de outro tipo de vetor, como metanol ou gás, exigiria mais estruturas. Um posto de abastecimento de hidrogênio custa cerca de R$ 8 milhões, segundo a GWM.
Em relação aos carros 100% elétricos, a vantagem é que o de célula a combustível, por gerar internamente sua energia, precisa de uma bateria pequena, não recarregável, para dar suporte à transmissão da energia para o motor elétrico.
“Os veículos a hidrogênio são mais leves e poderão ser abastecidos em cinco minutos, enquanto um elétrico precisa ficar a noite inteira na tomada para carregar ou de meia a uma hora se tiver um carregador rápido no posto”, compara Meneghini.
O professor da USP também vê a necessidade de maior urgência dessa tecnologia para caminhões e ônibus. Ele cita que um veículo elétrico desse porte chega a carregar duas toneladas de baterias, o que exige suspensões mais potentes e causa danos no asfalto, por exemplo.
Ele ressalta ainda que o aumento gradual da produção de hidrogênio por meio de energia eólica ou solar também pode trazer vantagens ao Brasil. Em sua opinião, o País pode ser um player mundial na produção de hidrogênio a partir dessas energias renováveis até para exportação.”
Nissan e GWM
A Nissan iniciou, em 2016, testes no Brasil com um carro movido a célula de combustível a etanol e atualmente mantém os estudos no Japão. A empresa informa que “segue nas pesquisas e testes para evoluir a tecnologia para tentar torna-la viável, tanto tecnicamente quanto economicamente”.
Segundo a Nissan, trabalham no projeto equipes de engenharia do Brasil e do Japão. O grupo também avalia usar a mesma tecnologia para célula de combustível para motores estacionários (geradores), que poderão gerar energia para diferentes instalações, como edifícios e fábricas.
A GWM, montadora chinesa que iniciará produção de carros híbridos e elétricos no Brasil a partir do próximo ano, trará para testes ao País, provavelmente no próximo ano, um caminhão movido a hidrogênio já em uso na China. A ideia, segundo a empresa, é que aqui ele use H2 verde gerado a partir de eletrólise da água com energia solar ou eólica ou gerado do etanol.
Valor - SP 22/09/2023
Por que a montadora chinesa BYD está tão interessada no Brasil?
Stella Li, CEO da BYD nas Américas, fala em criar um ‘Vale do Silício brasileiro’ na Bahia — Foto: Leonardo Rodrigues/Valor
A BYD começou a vender carros eletrificados no Brasil no ano passado e já é a fabricante com maior volume de vendas na categoria. Agosto foi o melhor mês do ano em vendas e a empresa ocupou as três primeiras colocações entre os 20 modelos mais vendidos. Cinco carros da marca estão nessa lista.
O Dolphin teve 371 unidades vendidas, seguido do D1 (153) e Yuan Plus (132). O SUV Tan e o sedã recém-chegado Seal também aparecem.
Um levantamento da consultoria suíça UBS Group sugere que as chinesas responderão por 1/3 das vendas no mundo até 2030.
Desde 2009, Pequim trabalha em um plano de estímulo à eletrificação, com isenções para os consumidores e benefícios aos fabricantes. A primeira rodada de incentivos equiparou o preço dos eletrificados aos seus equivalentes a combustão. Logo, o custo da tecnologia estava totalmente subsidiado. O plano deu tão certo que deveria ter acabado em 2015. Porém, está ativo até hoje. No começo do ano, foram anunciados mais US$ 72,3 bilhões em estímulos para os próximos quatro anos.
Além de ampliar a indústria em tecnologia e volume de produção, a China quer expandir suas marcasem globalmente. Logo, não é coincidência que a presidente da BYD para as Américas, Stella Li, tenha declarado em agosto que pretende transformar a cidade de Salvador em uma espécie de “Vale do Silício brasileiro”. A declaração veio desacompanhada de um plano concreto para este feito - apenas com uma promessa de investimento de R$ 3 bilhões na futura planta de Camaçari, na Bahia.
Na China, foram vendidos 780 mil veículos eletrificados em julho. No mesmo mês, foram comercializados 7,5 mil veículos da mesma categoria no Brasil. E a fábrica que a BYD quer instalar no Nordeste terá capacidade inicial de 150 mil. Ou seja, isso a BYD teria, sozinha, quase o dobro de produção da demanda atual. O que justifica a fábrica é justamente a intenção de fazer da BYD um fabricante global.
Em vez de levar carros diretamente da China para as Américas, o Brasil irá se tornar um polo exportador para toda a América Latina. A Bahia servirá como hub de exportação, já que México, Chile, Colômbia e Costa Rica, por exemplo, também contam com representação oficial.
A BYD irá usar as mesmas instalações que eram da Ford até 2021. As negociações para que a empresa assuma a planta continuam em curso, uma transação que deve ficar na casa dos R$ 150 milhões, mas o martelo está praticamente batido. Tanto que o fundador e CEO Global, Wang Chuanfu, já tem em sua agenda uma visita ao Brasil em outubro, para o lançamento da pedra fundamental.
Será a primeira planta de carros de passeio da BYD fora da Ásia - e a segunda fora da China (a outra fica Tailândia). As instalações brasileiras serão baseadas na fábrica de Changzhou, inaugurada em 2019, que atualmente produz o SUV Yuan e o sedã Seal. Lá, a capacidade atual é de 350 mil veículos/ano.
No entanto, a BYD ainda não confirmou como será a produção, tampouco quais serão os departamentos disponíveis no país. Na China, a planta de Changzhou é fruto de um investimento de US$ 1,5 bilhão.
Hoje são oito fábricas na China voltadas para a produção de carros de passeio e utilitários. O grupo também é especialista em baterias. Não só para carros, mas para celulares e estações de energia. É o maior fabricante de baterias recarregáveis e fornece acumuladores para praticamente todos os fabricantes de dispositivos móveis, incluindo Apple, Samsung, Motorola e Xiaomi. Na área de carros, inclusive a Tesla adquire baterias da empresa chinesa.
Baseada em Shenzhen, província de Guangdong, a BYD conta com quatro unidades de negócios: Automóveis, Transporte Ferroviário, Energia Renovável e Eletrônicos. Dos 600 mil funcionários no mundo, quase 90 mil são engenheiros ou especialistas em pesquisa e desenvolvimento. A empresa apresentou 40 mil patentes, com 28 mil delas concedidas em nível mundial.
A BYD já vende o sedã Han nos EUA, porém a operação é bastante tímida. Na Europa, comercializa os demais produtos em mercados maduros, como o da Alemanha. Durante o IAA, realizado em Munique no começo de setembro - o maior salão do automóvel europeu - o grande destaque foram justamente os fabricantes chineses, que ofuscaram a participação das próprias montadoras germânicas. O fato ganhou destaque na imprensa especializada.
No Brasil, a Anfavea já começa a se mover. No último dia 5, o presidente da associação, Márcio de Lima Leite, defendeu a volta do Impostos de Importação ao patamar de 35% e cota para os elétricos importados. Ele apresentou dados mostrando que a participação chinesa na América Latina saiu de 4,6% em 2013 para 21,2% em 2022. "Estamos perdendo competitividade no nosso quintal.”
A Anfavea alega que o movimento é uma "invasão" e representa "ameaça" a indústria automobilística brasileira. Porém, não falou sobre planos de modernização do parque produtivo, nem sobre como trazer produtos mais modernos para fabricas já instaladas aqui.
Diário do Comércio - MG 22/09/2023
A indústria automobilística do século XXI encontra-se em um momento de transição profunda, moldado por inovações tecnológicas, preocupações ambientais e alterações nos padrões de consumo. No Brasil, essas transformações e os desafios que elas trazem são potencializados pela política protecionista que historicamente marcou a indústria automotiva nacional.
De um ponto de vista econômico, a transição para os veículos elétricos, que emergem como uma resposta à necessidade de redução nas emissões de gases do efeito estufa, requer investimentos robustos em pesquisa, desenvolvimento e adaptação de infraestruturas. Além disso, novos modelos de negócios, como o compartilhamento de carros e o uso de aplicativos de transporte, desafiam a demanda tradicional por automóveis individuais, reformulando o panorama econômico do setor.
Porém, no contexto brasileiro, esses desafios são ampliados pela política protecionista que, segundo levantamento da Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, a produção acumulada de veículos entre 1957 – 2022 está na casa de 91,0 milhões montados no Brasil. Entretanto a estrutura tarifária, projetada para proteger a indústria nacional, acaba inflacionando os preços dos automóveis produzidos internamente e restringindo a competição. O resultado é uma indústria menos incentivada à inovação e à melhoria da qualidade dos veículos bem como uma profunda crise evidenciada pela paralização recorrente de diversas fabricas por conta da falta da demanda pelos consumidores.
Juridicamente, a indústria também se depara com grandes desafios. A legislação precisa se atualizar constantemente para lidar com novas realidades, como a dos veículos autônomos e elétricos. As regulamentações precisam garantir a segurança dos usuários, a responsabilidade em caso de acidentes e a compatibilidade com as normas ambientais.
Segundo o Anuário da Indústria Automobilística Brasileira de 2023 da Anfavea, a importação de autopeças cresceu cerca de 234% entre o período de 2020 a 2022, o que evidencia a necessidade das montadoras em importá-las, o que é prejudicado pelo protecionismo que aplica altas tarifas de impostos na importação de peças e veículos. Esse pseudoprotecionismo da indústria nacional encontra-se em completa contradição, uma vez que de acordo com o mesmo levantamento a participação dos tributos sobre automóveis no preço ao consumidor, no Brasil, representa 27,3% do preço do veículo, enquanto a média dos países europeus os impostos representam algo em torno de apenas 16,94%, e ainda no Japão a porcentagem é de 9,1 e finalmente podemos encontrar uma participação tributária nos Estados Unidos, especificamente no estado da Califórnia uma participação de míseros 6,8% de tributos no preço do veículo; sendo uma diferença gritante de mais de 20% a tributação entre um mercado protecionista brasileiro e o mercado liberal americano.
Uma maior liberalização do mercado automotivo brasileiro poderia se tornar a chave para alavancar e salvar a indústria. Com menos barreiras à importação de peças e veículos prontos, o mercado interno poderia se beneficiar da competição, o que resultaria em melhores preços e maior qualidade para os consumidores. Ao mesmo tempo, isso incentivaria as fabricantes nacionais a inovar e melhorar seus produtos para competir também no mercado internacional, potencializando a evolução da indústria. Além disso, a facilitação na importação de veículos elétricos e híbridos poderia acelerar a adoção destas tecnologias no Brasil.
É fundamental que o futuro da indústria automobilística brasileira seja delineado com uma visão estratégica e integrada, capaz de equilibrar proteção da indústria nacional e competitividade global, inovação e segurança, crescimento econômico e sustentabilidade. O caminho é complexo, mas, com os passos certos, e uma reforma tributária adequada o Brasil pode dirigir em direção a uma indústria automobilística mais dinâmica, moderna e sustentável.
Infomoney - SP 22/09/2023
As vendas de moradias usadas nos Estados Unidos caíram 0,7% em agosto ante julho, ao ritmo anualizado de 4,04 milhões de unidades, segundo dados com ajustes sazonais publicados nesta quinta-feira (21) pela Associação Nacional de Corretoras (NAR, na sigla em inglês). A queda veio em linha com a previsão de analistas consultados pela FactSet.Em relação a agosto de 2022, as vendas de moradias usadas sofreram queda de 15,3% no mês passado, informou a NAR.
Diário do Aço - MG 22/09/2023
Enquanto em países da Europa o trem é um dos mais populares meios de transporte de pessoas e de carga, no Brasil o setor ferroviário ainda é um modal pouco utilizado, com muito espaço para crescer além dos serviços para os segmentos de mineração e agronegócio.
Estudo da CNI (Confederação Nacional da Indústria) revela que mais de 30% da malha ferroviária está inutilizada e 23% sem condições operacionais. Pelo restante das linhas, são transportadas anualmente a maior parte das cerca de 500 milhões de toneladas que movimentam o setor, em sua maioria minério de ferro (73% do total) e soja em grãos ou farelo (7% do total).
Mas esse cenário poderá ser revertido. Como primeira ação temos a publicação em 2021 do Marco Legal das Ferrovias, que pretende ampliar o aumento dos investimentos privados no setor, permitindo a construção de novas linhas por autorização, princípio adotado em setores como energia elétrica e portuário.
E a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) já autorizou a exploração de ferrovias pela iniciativa privada, o que deve gerar investimentos de R$ 295 milhões e 3,6 milhões de empregos em todo o Brasil.
“Estudo da Confederação Nacional da Indústria revela
que mais de 30% da malha ferroviária está inutilizada
e 23% sem condições operacionais”
Inovação impulsiona segurança no setor - E esse crescimento deverá acompanhar as tendências tecnológicas do setor, aumentando a produtividade e reduzindo custos, sejam de combustível ou na manutenção da malha, além de aumentar a segurança com processos em conformidade com sistemas de gestão de prevenção de perigos alinhados às normas CENELEC 50126, 50128 e 50129 de segurança, além da ISO 28000, com sistemas modernos de sinalização e outros sistemas complementares. Cabe ressaltar ainda a importância de uma supervisão da integração dos sistemas nos projetos ferroviários.
No quesito segurança o Brasil tem apresentado bons índices. Segundo a ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), graças aos investimentos contínuos em modernização tecnológica, treinamentos, manutenção e campanhas regionais, o setor ferroviário de carga conseguiu atingir padrões internacionais de segurança. Entre 1997 e 2021, a redução no índice de acidentes foi de mais de 86,65%.
E não podemos deixar de ressaltar mais um quesito que deve fortalecer o setor: a sua baixa emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa. Em um cenário que cada vez mais privilegia as boas práticas ambientais, investir no setor ferroviário parece ser uma forte tendência para 2023 e anos futuros.
BOL - SP 22/09/2023
O governo brasileiro quer ampliar para 40% o transporte por ferrovia de cargas para exportação até 2035, em um esforço que envolve investimentos públicos e privados para tirar o país da concentração no modelo rodoviário, disse nesta quinta-feira à Reuters o ministro dos Transportes, Renan Filho.
Em Lisboa, onde faz um "roadshow" para apresentar a investidores europeus oportunidades na área de ferrovias, rodovias e hidrovias no âmbito do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o ministro afirmou em entrevista que a expansão do modal ferroviário é fundamental para um país do tamanho do Brasil.
"A nossa meta é: hoje o Brasil exporta por ferrovias somente 17% do que produz. O país deseja com o novo plano nacional de logística até o ano de 2035 levar esses 17% para 40%. Isso precisa somar esforços de investimentos privados com público para garantir o atingimento dessa meta", disse.
No pacote de obras de infraestrutura que serão oferecidas aos investidores, o setor ferroviário representa investimentos de 94,2 bilhões de reais, enquanto a maioria dos recursos -- 185,8 bilhões -- será dirigida a rodovias.
Ainda assim, Renan Filho explicou que o pacote inclui ligações a partir da conclusão da ferrovia Norte-Sul, finalizada este ano depois de 36 anos de obras, e também seis novas linhas ferroviárias de transporte de passageiros.
"Nós queremos fazer várias conexões com ela (Norte-Sul). Nós temos a Leste-Oeste projetada. Temos a conclusão da Transnordestina. Todas elas mais focadas no transporte de carga para garantir mais competitividade internacional", explicou.
Em construção há 15 anos, a ferrovia Transnordestina, planejada para ligar o município de Eliseu Martins (PI) aos portos de Pecém (MA) e Suape (PE), tem um projeto de 1.753 km, mas pouco mais da metade foi feita até agora. Segundo o ministro, a ligação é fundamental para alcançar a meta de chegar a 40% de transporte de cargas para exportação por ferrovias.
"A primeira parte do projeto, que é a ligação de Eliseu Martins a Salgueiro e Salgueiro a Fortaleza, estará pronta até o final do ano de 2026, começo do ano 2027. Estamos estruturando o braço para Suape. Essa obra iniciará esse ano. Esperamos que esteja pronto em cinco anos", afirmou.
O ministro admitiu as dificuldades de incluir as ferrovias no modal de transporte de passageiros no país, mas contou que o pacote de obras propostas irá incluir seis novas linhas -- o que, se confirmadas, irá multiplicar por quatro o total existente no Brasil. Hoje estão em funcionamento apenas duas ferrovias interestaduais, uma conectando Pará e Maranhão e outra entre Espírito Santo e Minas Gerais.
Estão sendo preparados projetos para ligações entre Luziânia (GO) e Brasília; na região de Feira de Santana (BA); e linhas de ligação entre São Paulo e Paraná.
"São algumas linhas que estão em finalização de estudos de viabilidade e em busca de atração de investimentos privados em parcerias público-privadas, porque linhas de trem precisam também de investimento público", explicou.
"O problema do Brasil é que é um país com dimensão continental e as cidades ficam longe uma da outra. Por exemplo, um trem rápido de São Paulo ao Rio de Janeiro tentou ser estruturado no passado, mas só a obra custaria 50 bilhões de reais. Para concorrer com transporte aéreo, esse trem tem de ser de alta velocidade", disse.
Questionado sobre os impactos ambientais de um transporte focado em rodovias, o ministro respondeu que o impacto maior é justamente dos caminhões, daí o motivo de o governo ter a preocupação de crescer rapidamente o transporte de cargas por trem.
"O Brasil pretende ampliar o transporte de cargas porque principalmente o que mais emite é o caminhão, e não o transporte apenas de pessoas. Os aviões emitem muito, mas a gente ainda voa pouco no Brasil", afirmou.
O governo espera investimentos de até 260 bilhões de reais nos próximos três anos apenas em rodovias e hidrovias. Os investimentos públicos, segundo Renan Filho, devem ser de 80 bilhões, enquanto espera-se recursos privados na ordem de 180 bilhões, uma boa parte disso vindo de investidores estrangeiros.
Daí a razão para os "roadshows" que o governo está fazendo para mostrar as oportunidades no exterior. Depois de Lisboa, a carteira de investimentos deve ser apresentada em Dubai, China, Índia e Alemanha, principais parceiros nessas áreas.
O pacote de concessões, espera o ministro, deve ficar entre 180 bilhões e 200 bilhões de reais, com 35 leilões até o final do governo Lula.
Valor - SP 22/09/2023
Questionado sobre as concessões aeroportuárias, o ministro disse que está “trabalhando com Infraero e empresas privadas em relação ao Galeão e a Viracopos e toda agenda aeroportuária nacional”
Novo ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho — Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
O novo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), planeja avançar com os planos de concessão, no Porto de Santos, do terminal de contêineres STS 10 e de uma PPP (parceria público-privada) para dar mais previsibilidade à dragagem do porto.
“[O STS 10] é uma obra fundamental para o desenvolvimento de Santos, que está sendo pensada há muito tempo pela autoridade portuária. A gente espera que, em torno de 180 dias, possa validar a operação, para, a partir daí, ao lado da Antaq, avançar com esse projeto”, disse o ministro, nesta quinta-feira (21), em entrevista à imprensa durante visita ao Porto de Santos – a primeira desde que assumiu a pasta, no último dia 13.
Questionada sobre o formato do projeto, a também recém-empossada secretária de Portos, Mariana Pescatori, sinalizou que a ideia é leiloar o terminal, mas que o formato ainda está em estudo. “Ainda estamos avaliando isso, o ministro sentou na cadeira agora", disse.
"Acabamos de receber o projeto de substituição de área do Concais, terminal de passageiros, que impacta na área. Vamos avaliar também a renovação do Ecoporto, que também afeta a área. Mas entendemos a importância de colocar o STS 10 para leilão”, continuou Pescatori.
“Temos uma modelagem pronta considerando toda a área, mas, se chegarmos a uma área mais enxuta, teremos a possibilidade de usar a Infra SA para refazer a modelagem e levar a leilão”, completou a secretária.
Dragagem do Porto de Santos
O ministro também sinalizou a intenção de dar seguimento ao plano de uma PPP, com duração de 20 anos, para a dragagem do Porto de Santos. O projeto deverá prever R$ 200 milhões por ano, o que significa R$ 6 bilhões ao longo do contrato, disse.
“Queremos dar celeridade a essa demanda que é cada vez maior. Se conseguirmos fazer a PPP, o porto vai ter previsibilidade, independente do governo de plantão, teremos uma boa governança da dragagem, para dar tranquilidade aos operadores”, afirmou Costa Filho.
Novo PAC e concessões aeroportuárias
O ministro disse ainda que, em portos, há mais de 65 novos Terminais de Uso Privado (TUPs) que precisam passar por autorização, e R$ 45 bilhões previstos no Novo PAC para concessões de terminais.
Questionado sobre as concessões aeroportuárias, o ministro disse que está “trabalhando com Infraero e empresas privadas em relação ao Galeão e a Viracopos e toda agenda aeroportuária nacional”.
Ele afirmou ainda que a gestão prevê, nos próximos três anos, “alavancar a construção de mais 100 novos aeroportos de requalificação, alguns operados pela iniciativa privada e outros pela Infraero”.
Costa Filho: túnel Santos-Guarujá será feito ‘em conjunto’ por Tarcísio e Lula
Costa Filho afirmou que a obra do túnel Santos-Guarujá, que demandará investimentos na ordem de R$ 6 bilhões, será anunciada em parceria pelo presidente Lula (PT) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, na próxima segunda-feira (25), em São Paulo.
“Essa conversa entre o governador Tarcísio e o governo federal vai colocar de forma coletiva e colaborativa a construção do túnel”, afirmou, durante a visita ao Porto de Santos.
A construção do túnel submerso entre Santos e Guarujá vinha sendo alvo de disputa entre o governo federal e o Estado no início do ano. Na gestão passada, o empreendimento havia sido concebido pelo hoje governador paulista, enquanto era ministro de Infraestrutura do governo Bolsonaro, como parte da privatização do Porto de Santos.
Com a mudança de governo, o projeto chegou a ser anunciado tanto pelo governo estadual, de Tarcísio, que disse que faria a concessão do projeto, quanto pelo federal, com o ex-ministro Marcio França (PSB), que defendeu realizar a obra com investimento público. Recentemente, o projeto foi incluído no Novo PAC.
Agora, com a mudança na pasta de Portos e a entrada de um ministro do mesmo partido do governador Tarcísio, o novo ministro afirma que o projeto será feito em conjunto.
Em sua fala, Costa Filho afirmou que é preciso deixar o “divisionismo” de lado. “O momento agora é de esquecer a eleição, esquecer o divisionismo. É hora de unidade para ajudar o Brasil, precisamos trabalhar de forma coletiva”, disse.
Termos para obras viárias, expansão em Santos e berços para combustíveis
Costa Filho assinou três termos de compromisso nesta quinta-feira: para a retomada de construção da perimetral do Guarujá, para a expansão da poligonal do porto na região do Alemoa, e para a construção de quatro novos berços de combustíveis, segundo o presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini.
A obra de construção da perimetral do Guarujá foi incluída no PAC e prevê R$ 580 milhões de investimentos, com previsão de início em 2024.
Já a expansão da poligonal do porto, em cerca de 400 mil metros quadrados, englobaria uma área que hoje é da prefeitura, na região do Alemoa. Segundo Pomini, essa ampliação ainda dependerá de análise técnica e de um acordo com a prefeitura.
Além disso, o ministro se comprometeu com a construção de quatro novos berços, também na região do Alemoa, onde estão localizados os terminais de combustíveis. Dois desses quatro berços deverão ser para utilização pública, segundo o presidente da APS.
IstoÉ Dinheiro - SP 22/09/2023
A movimentação de cargas nos portos do Rio Grande do Sul no período de janeiro a agosto cresceu 10,12% ante igual período de 2022. Em nota, a Portos RS informou que o maior resultado foi obtido pelo Porto do Rio Grande, que movimentou 27.108.695 toneladas (+10,39%). O Porto de Pelotas movimentou 899.026 toneladas, ou 6,38% mais. Já no Porto de Porto Alegre, foram movimentadas 575.842 toneladas (+3,61%).
“De um modo geral, os graneis sólidos são os mais movimentados nos portos gaúchos, com o total de 18.257.780 toneladas. Na sequência aparecem as cargas gerais, com 7.772.395 toneladas e na terceira posição os graneis líquidos, com 2.533.388 toneladas”, disse a empresa. “Ao longo desse período, a movimentação de contêineres apresentou um crescimento de 17,72%. As operações realizadas de janeiro a agosto somaram 402.505 unidades.”
Monitor Digital - RJ 22/09/2023
O fim do incentivo fiscal para portos – uma das mudanças previstas pela reforma tributária – ameaça a produtividade do setor e o desenvolvimento do comércio externo brasileiro. O setor portuário hoje conta com o Reporto, incentivo para ampliação e modernização, que garante um benefício fiscal de 40%.
De acordo com o diretor executivo da Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres (Abratec), Caio Morel, “se essa condição cair, nós vamos passar a importar equipamentos no mercado internacional com uma tributação de 40%. Isso significa que, de cada três equipamentos que se compram, um vai em imposto e dois vão ser instalados. Isso vai reduzir a produtividade dos nossos portos em 30%”.
A afirmação foi feita durante o evento Reflexos da Reforma Tributária no Direito Aduaneiro, Marítimo e Portuário, promovido pelo Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), nesta terça-feira.
Tributação, porém, poderá ser compensada em parte
O diretor-presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), Jesualdo Conceição Silva, explicou que a alteração proposta pela reforma trará um aumento de tributação de cerca de 39%, mas contará com um sistema de créditos.
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“Pelo princípio da não cumulatividade, nós vamos adquirir créditos em várias transações que façamos e vamos poder então repassar para os tomadores do nosso serviço esse custo adicional, porque eles também vão conseguir se utilizar desses créditos. É extremamente importante que esse sistema funcione de uma forma bem tranquila para que essa premissa seja atendida”, disse o palestrante.
Jesualdo Conceição Silva (foto divulgação ABTP) Incentivo fiscal para setor portuário foi criado em 2004
O Reporto tem vigência prevista até 2023. Na visão de Rafaella Brandão, advogada da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP), o incentivo fiscal para portos é um exemplo de parceria que tem importância para o PIB nacional. O benefício, criado em 2004, reduz impostos federais de empresas que importam máquinas e equipamentos utilizados no setor portuário e ferroviário.
O gerente jurídico da Portonave, Diego de Souza, destacou que a probabilidade de aumento da carga tributária traz um cenário de incertezas para as empresas portuárias. “O grande mote da PEC é uma simplificação tributária, mas é uma simplificação que vai ter grande complexidade, pelo menos durante o período de transição.”
“Imediatamente o que se anuncia é o fim dos incentivos fiscais que existem hoje e que são, a meu ver, incentivos aos investimentos”, sublinhou Souza. “Sabemos as linhas gerais do que se pretende fazer e sabemos que existiu um movimento muito forte de mudança do peso da carga tributária da indústria para os serviços. O setor de serviços, que é o que mais emprega no Brasil, vai ter um aumento da carga tributária”, ressaltou.
Indefinição afeta investimentos
Segundo a vice-presidente da Comissão de Direito Aduaneiro, Marítimo e Portuário do IAB, Camila Mendes Vianna Cardoso, não é viável manter uma indefinição sobre o futuro dos incentivos para o setor portuário.
“Os projetos têm que julgar se levam o Reporto em consideração ou não. Para qualquer projeto portuário isso vai ser uma questão fundamental”, completou a advogada. Da mesma forma, Rafaella Brandão ressaltou que o regime “aumenta a produtividade de muitas modalidades, sendo possível observar um crescimento expressivo da indústria”.
Jesualdo Silva, da ABTP, destacou que mudanças na área não podem afetar sua performance, já que o setor é vital para a soberania nacional e é responsável por mais de 95% do fluxo de comércio internacional do País.
Valor - SP 22/09/2023
Ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, planeja avançar com leilão do STS 10, PPP de dragagem e túnel Santos-Guarujá
O novo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), planeja destravar três importantes projetos no Porto de Santos: a construção do túnel Santos-Guarujá, o arrendamento do terminal de contêineres STS 10 e uma PPP (Parceria Público Privada) para dar previsibilidade à dragagem no porto.
Em sua primeira visita a Santos como ministro, na quinta-feira (21), Costa Filho reiterou a diretriz de não privatizar o porto. “É uma decisão do presidente Lula, uma decisão nossa, que foi construída com todo o governo, pela não privatização do Porto de Santos. Vamos melhorar a governança, trazer o setor privado para perto e fazer as obras de infraestrutura pendentes”, disse.
Uma das prioridades será a construção do túnel Santos-Guarujá, que demandará investimentos na ordem de R$ 6 bilhões. O lançamento da obra, que faz parte do Novo PAC será feito na segunda-feira (25), segundo ele, em uma parceria entre o presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos).
A construção do túnel submerso, que atravessará o canal de acesso do porto conectando Santos e Guarujá, vinha sendo alvo de disputa entre Tarcísio e o ex-ministro de Portos, Márcio França (PSB). No início do ano, ambos chegaram a anunciar que realizariam o empreendimento.
“Essa conversa entre Estado e governo federal vai colocar a construção do túnel de forma coletiva e colaborativa”, afirmou. O ministro, do mesmo partido do governador, disse que é preciso deixar o “divisionismo” de lado. “O momento, agora, é de esquecer a eleição, esquecer o divisionismo. É hora de unidade para ajudar o Brasil, precisamos trabalhar de forma coletiva.”
O ministro também sinalizou a intenção de leiloar uma PPP, com duração de 20 anos, para a dragagem do Porto de Santos. O projeto deverá incluir cerca de R$ 200 milhões de investimentos por ano. “Queremos dar celeridade a essa demanda, que é cada vez maior. O porto precisa ter previsibilidade para que, independente do governo de plantão, tenhamos uma boa governança da dragagem, para dar tranquilidade aos operadores”, afirmou.
Outro projeto que será levado adiante é o leilão do terminal de contêineres STS 10. O projeto havia sido estruturado no governo passado como um “megaterminal”, pela pasta de Infraestrutura, então comandada por Tarcísio. Porém, a licitação foi alvo de controvérsia entre as empresas interessadas e, neste governo, vinha sendo reestruturado, possivelmente com um tamanho menor.
“É uma obra fundamental para o desenvolvimento de Santos, que está sendo pensada há muito tempo pela autoridade portuária. A gente espera que, em torno de 180 dias, possamos validar a operação para, a partir daí, ao lado da Antaq, avançar com esse projeto”, disse o ministro.
Questionada sobre como deverá ser o formato da nova concessão, a também recém-empossada secretária de Portos, Mariana Pescatori, sinalizou que a modelagem ainda está em estudo.
“Ainda estamos avaliando isso, o ministro sentou na cadeira agora. Acabamos de receber o projeto de substituição de área do Concais, terminal de passageiros, que impacta a área [do STS 10]. Vamos avaliar também a renovação do Ecoporto, que também afeta a área. Mas entendemos a importância de colocar o STS 10 para leilão”, disse ela. “Temos uma modelagem pronta considerando toda a área, mas, se chegarmos a uma área mais enxuta, teremos a possibilidade de usar a Infra S.A. para refazer a modelagem e levar a leilão”, completou a secretária.
No evento, Costa Filho também anunciou que irá manter Anderson Pomini à frente da Autoridade Portuária de Santos (APS). O presidente da companhia docas havia sido nomeado por França, que deixou o cargo após a reforma ministerial realizada nas últimas semanas.
O ministro também assinou, na quinta, três termos de compromisso: para a retomada de construção da perimetral do Guarujá; para a expansão da poligonal do porto na região do Alemoa; e para a construção de quatro berços de combustíveis.
A obra de construção da perimetral do Guarujá também foi incluída no Novo PAC e prevê cerca de R$ 580 milhões de investimentos. A previsão é iniciar os trabalhos no início de 2024.
Já a expansão da poligonal do porto, em cerca de 400 mil metros quadrados, englobaria uma área que hoje é da prefeitura, na região do Alemoa. Segundo Pomini, essa ampliação ainda dependerá de análise técnica e de um acordo com a prefeitura.
Além disso, o ministro se comprometeu com a construção de quatro novos berços, também na região do Alemoa, onde estão localizados terminais de combustíveis. Dois desses quatro berços deverão ser para utilização pública, disse o presidente da APS.
Portal Fator Brasil - RJ 22/09/2023
Unidade da Bacia de Campos será a segunda a seguir novo modelo de reciclagem sustentável de embarcações da companhia.
A Petrobras publicou o edital de venda da plataforma P-33, seguindo o mesmo modelo do descomissionamento da P-32, dentro das novas diretrizes de reciclagem e destinação sustentável de embarcações da companhia.
A P-33, atualmente localizada na Bacia de Campos, no Campo de Marlim, é uma FPSO (sigla originária do inglês, floating, production, storage and offloading, que significa Unidade Flutuante de Armazenamento e Transferência) com 337 metros de comprimento, 54,5 metros de largura e peso de aproximadamente 49 mil toneladas.
Geração de empregos na indústria naval nacional — O edital de venda da P-33 mantém o foco no mercado nacional, tornando obrigatório aos concorrentes serem estaleiro ou empresa associada a estaleiro nacional, com a obrigatoriedade de dique seco.
O descomissionamento sustentável de plataformas gera oportunidades para alocação de mão de obra nos estaleiros nacionais. A previsão da Petrobras é desativar 26 unidades até 2027 e outras 27 unidades de 2028 a 2029. Nestes projetos, a companhia destinará mais de 650 mil toneladas de aço à reciclagem.
Ganhos ambientais e sociais — O novo modelo de destinação sustentável de embarcações da Petrobras tem como principais diretrizes a implementação de ações voltadas à minimização da geração de resíduos; controle de emissões de carbono; prevenção de impactos à biodiversidade; proteção da segurança e saúde dos trabalhadores envolvidos nas atividades de reciclagem; respeito a compromissos de direitos humanos assumidos pela empresa; recuperação de materiais metálicos e não metálicos; além da destinação adequada dos rejeitos provenientes do processo.
Essas diretrizes reforçam as garantias de que as atividades de reciclagem e destinação final das embarcações da companhia ocorram alinhadas às melhores práticas ASG (Ambiental, Social e Governança) da indústria mundial, com foco na geração de valor, sustentabilidade, segurança e respeito às pessoas e ao meio ambiente.
Para atender a esses direcionadores, os proponentes, conforme o edital, deverão apresentar o plano de reciclagem da plataforma, contemplando desde os primeiros procedimentos de recebimento da unidade e início dos trabalhos de desmontagem até a destinação final dos resíduos decorrentes, garantindo, ainda, que as atividades de desmonte do casco da unidade ocorram em dique seco.
O inventário de materiais perigosos (IHM – Inventory of Hazardous Materials), elaborado por empresa reconhecida no mercado, subsidiará a preparação do plano de reciclagem da plataforma e permitirá que o estaleiro se planeje quanto aos procedimentos adequados para realizar a operação, incluindo o manuseio, armazenamento e destinação dos materiais e resíduos gerados no processo de desmontagem. A execução do plano será acompanhada pela Petrobras, a fim de garantir o cumprimento das práticas de segurança, meio ambiente, saúde ocupacional e responsabilidade social de forma sustentável e auditável, ao longo de todo o processo de reciclagem.
A Petrobras irá se responsabilizar pela entrega da plataforma no estaleiro indicado pelo comprador, assegurando a sua reciclagem e não retorno para a navegação, sendo também exigido que os estaleiros tenham licença de operação que inclua, explicitamente, a atividade de desmontagem, que possuam capacidade instalada para armazenamento temporário e manuseio dos materiais, e que possuam plano de contingência e de emergência, além de seguir as melhores práticas em segurança do trabalho.
As empresas interessadas têm prazo para a habilitação ao edital de descomissionamento da P-33 até 16 de outubro de 2023 (segunda-feira). Posteriormente, os prazos para visita técnica e lances ficam abertos até 20 de novembro de 2023 (segunda-feira).
TN Petróleo - RJ 22/09/2023
A Equinor apresentou, em nome do consórcio BM-C-33, à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), as Declarações de Comercialidade e Planos de Desenvolvimento de dois campos na concessão BM-C-33 no Brasil Bacia de Campos.
A Equinor (operadora) tem parceria com Repsol Sinopec Brasil e Petrobras no consórcio.
A concessão está localizada a aproximadamente 200 quilômetros do Rio de Janeiro, em lâmina d’água de até 2.900 metros. Contém volumes recuperáveis de gás natural e óleo/condensado superiores a um bilhão de barris de óleo equivalente.
Os nomes sugeridos para os campos são Raia Manta e Raia Pintada. Os nomes serão confirmados pelo regulador.
“Os campos são estratégicos para as ambições da Equinor em um país onde temos uma história sólida e a intenção de fortalecer ainda mais a nossa presença. Juntamente com os nossos parceiros, empregaremos conhecimentos adicionais para garantir a execução segura e eficiente destes desenvolvimentos”, afirma Trond Bokn, vice-presidente sénior de desenvolvimento de projetos.
O conceito selecionado compreende uma unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência (FPSO) capaz de processar gás e óleo/condensado para atender às especificações de vendas sem processamento adicional em terra. O FPSO terá capacidade de produção de 16 milhões de metros cúbicos de gás por dia, com exportações médias esperadas de 14 milhões de metros cúbicos de gás por dia.
Raia Manta e Raia Pintada são importantes campos de gás natural que desempenharão um papel fundamental no avanço contínuo do mercado de gás brasileiro. Juntos, o desenvolvimento e a operação dos campos têm potencial para gerar até 50 mil empregos locais durante todo o seu ciclo de vida, por meio de diversos contratos na cadeia de abastecimento. O investimento total é de aproximadamente US$ 9 bilhões.
“Os campos têm potencial para atender 15% da demanda total brasileira de gás quando em produção. Isso contribuirá para a segurança energética e o desenvolvimento econômico do Brasil, possibilitando novas oportunidades de emprego significativas em nível local”, afirma Veronica Coelho, Country Manager da Equinor no Brasil.
O desenvolvimento da Raia Manta e da Raia Pintada será o primeiro projeto no Brasil a tratar gás offshore e a ser conectado à rede nacional sem processamento adicional onshore. O gás vendido está previsto para ser exportado por meio de um gasoduto offshore de 200 quilômetros do FPSO até Cabiúnas, na cidade de Macaé, no estado do Rio de Janeiro. Os líquidos estão planejados para serem descarregados por navios-tanque.
A intensidade média de CO2 ao longo da vida para os campos é estimada em menos de 6 quilogramas por boe. A baixa intensidade de carbono é possibilitada por turbinas a gás de ciclo combinado no FPSO, que combinam uma turbina a gás com uma turbina a vapor para aproveitar o excesso de calor que de outra forma seria perdido.
Petro Notícias - SP 22/09/2023
A McDermott conquistou um novo contrato no mercado brasileiro de óleo e gás. A empresa foi escolhida pela PRIO para fornecer aproximadamente 30 quilômetros de dutos rígidos revestidos de 10 polegadas e estruturas submarinas associadas para o campo Wahoo, na Bacia de Campos. Depois de instalados, os dutos conectarão o campo ao FPSO Valente. A equipe da McDermott no Rio de Janeiro supervisionará o gerenciamento e a engenharia do projeto, enquanto as atividades de instalação serão realizadas por um de seus navios rígidos de lançamento de dutos.
O contrato também inclui uma opção de extensão para um segundo gasoduto. “Este contrato é um reflexo de nossa experiência em instalações offshore na região”, disse o vice-presidente sênior de instalações submarinas e flutuantes da McDermott, Mahesh Swaminathan. “Nosso histórico comprovado em instalações submarinas, embarcações de última geração, conhecimento técnico e abordagem colaborativa nos posiciona bem para a entrega bem-sucedida deste projeto”, acrescentou.
Assim como fez com os campos de Tubarão Martelo e Polvo, a PRIO planeja fazer um tie-back (interligação) entre os campos de Frade e Wahoo – que irão compartilhar o mesmo sistema de produção. De acordo com o plano de desenvolvimento de Wahoo, apresentado pela PRIO em maio, o investimento total no campo passará da casa de US$ 1 bilhão. O montante contempla a perfuração de seis poços, sendo quatro produtores e dois injetores, que serão conectados ao FPSO Valente (anteriormente chamado de FPSO Frade).
O Estado de S.Paulo - SP 22/09/2023
O que cremes dentais, desodorantes, sabão, câmeras, computadores, gasolina, óleo de aquecedores, combustível de aviação, pneus de carro, lentes de contato e membros artificiais têm em comum?
Se o petróleo fosse extinto hoje, estes e muitos outros produtos e serviços vitais desapareceriam também.
Redes de transporte seriam paralisadas, as casas congelariam, as cadeias de abastecimento colapsariam e a pobreza energética aumentaria.
Segundo a publicação The World Energy Report de 2022, elaborada pelo Energy Institute do Reino Unido, em colaboração com KPMG e Kearney, em 2022 os combustíveis fósseis constituíam 82% da energia global. Esse dado, similar ao publicado pelo último World Oil Outlook (WOO), da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), representa níveis semelhantes aos de 30 anos atrás.
O desafio das alterações climáticas é assustador, mas o mundo deveria agir para reduzir as emissões e assegurar que as pessoas tenham acesso a produtos e serviços de que necessitem para viver confortavelmente. Para atingir esses objetivos, os países membros da Opep investem em tecnologias mais limpas na exploração, produção, refino, comercialização e transporte de petróleo e derivados e utilizam toda sua experiência para descarbonizar a indústria petrolífera.
Além disso, investimentos maiores estão sendo feitos em renováveis e hidrogênio, utilização de captura de carbono e armazenamento, assim como na promoção de uma economia de carbono circular.
O resultado final mostra que é possível investir fortemente em energias renováveis e, ao mesmo tempo, continuar a produzir o petróleo de que o mundo necessita hoje e nas próximas décadas. Essa abordagem também contribui para a estabilidade global num momento de volatilidade e é fundamental, pois a História mostra que as transições energéticas evoluem ao longo de décadas e seguem muitos caminhos.
Dados da Associação Nacional de Vendedores de Veículos dos EUA revelam que a venda de carros híbridos, híbridos plug-in e veículos elétricos à bateria (BEV) somou somente 12,3% de todos os veículos novos vendidos nos EUA e 19% na China em 2022.
O WOO 2022 prevê um aumento de 1,6 bilhão de pessoas até 2045, enquanto as estatísticas da ONU apontam para um crescimento de cerca de 10,4 bilhões em 2100. O WOO 2022 estima, ainda, que a procura global por energia aumentará 23% até 2045.
Neste contexto, a demanda por petróleo deve aumentar para cerca de 110 milhões de barris por dia (mb/d). Assim, é claro que o petróleo continuará a ser uma parte essencial da infraestrutura energética global nas próximas décadas, em forte contraste com os diversos anúncios feitos nas décadas passadas de que a era do petróleo tinha acabado. Na verdade, a demanda atual está próxima de um recorde histórico e aumentará perto de 5 mb/d em 2023 e 2024.
Atualmente, nenhuma modalidade sozinha tem capacidade para satisfazer a demanda futura de energia; é necessária uma abordagem que inclua todas as modalidades. E os países membros da Opep estão prontos, dispostos e capazes de fornecer a energia acessível necessária para satisfazer estas necessidades energéticas futuras, reduzindo ao mesmo tempo as emissões e ajudando a erradicar a pobreza energética.
Segundo a ONU, mais de 700 milhões de pessoas ainda não têm acesso à eletricidade e quase 1/3 da população mundial utiliza sistemas ineficientes e poluentes na cozinha. O petróleo pode e irá desempenhar um papel fundamental nos países em desenvolvimento para proporcionar acesso universal adequado e acessível à energia e erradicar a pobreza energética. O Sul Global tem sido – e continua a ser – muito claro sobre isso; será que o Norte Global está prestando atenção?
Outra realidade preocupante em todo o mundo, independentemente do hemisfério, é que não há investimento suficiente em todas as energias. O crescente aumento na procura por petróleo, por si só, necessita de muito mais investimento para manter uma oferta sustentável.
O petróleo deve representar 1/3 das necessidades energéticas globais até 2045, e são necessários investimentos de US$ 12,1 bilhões, mas os níveis anuais recentes estão muito abaixo disso. Uma pesquisa recente do Secretariado da Opep descreve que, se os investimentos em atividades de exploração e produção fossem interrompidos hoje, em cinco anos haveria um déficit de 16 mb/d no setor petrolífero.
A indústria do petróleo tem desempenhado um papel central na melhoria de bilhões de vidas. Se quisermos que isso continue a acontecer, o subinvestimento crônico na indústria precisa ser corrigido rapidamente.
O presidente designado da COP28, que deve ocorrer este ano nos Emirados Árabes Unidos, dr. Sultan Ahmed Al Jaber, afirmou que o mundo precisa de “energia máxima, emissões mínimas”. Para alcançar esse objetivo, será preciso utilizar todos os tipos de energia disponíveis. Em última análise, nenhum povo, nenhuma indústria e nenhum país podem ser ignorados, e acreditamos que as discussões na COP28 deste ano refletirão isso.
A história está repleta de exemplos de turbulência que devem servir como avisos sobre o que acontece quando os decisores políticos falham em perceber a complexidade dessas interligações no setor energético.
22/09/2023
Óleo deve manter importância na balança comercial do país, apesar da transição energética
Walter De Vitto: “Demanda por energia não muda do dia para a noite” — Foto: Rogerio Vieira/Valor
Mesmo com o ajuste das cotações de petróleo em relação aos altos preços do ano passado, a balança comercial brasileira da commodity e derivados teve superávit de US$ 13,8 bilhões de janeiro a agosto, recorde para o período. Em iguais meses do ano passado o saldo positivo foi de US$ 10,35 bilhões. O superávit comercial do setor também bateu recorde em 2022, em bases anuais, com total de US$ 15,48 bilhões, segundo o Indicador de Comércio o Exterior (Icomex) levantado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
Ainda que a perspectiva de mais longo prazo seja de maior ajuste nas atuais cotações de petróleo e o movimento global de transição energética seja considerado, especialistas apontam que a commodity deve continuar importante na exportação brasileira, puxada principalmente por volumes, em quadro alinhado ao esperado aumento de produção até o fim desta década. A incerteza está no mapa de destinos do petróleo brasileiro.
O aumento do volume de exportação já marca os embarques do setor de petróleo. Os dados do Icomex mostram que de janeiro a agosto deste ano os preços médios de exportação de petróleo e derivados caíram 25% contra iguais meses do ano passado enquanto os volumes cresceram 25,4%. Considerando somente o embarque de petróleo bruto, houve alta de 30% do volume em agosto e queda de preço médio de exportação de 23,8%, contra igual mês de 2022.
“Hoje o Brasil tem uma produção maior do que muitos países da Opep [Organização dos Países Exportadores de Petróleo]. E, em espaço curto de tempo, se tornou exportador relevante no mercado internacional”, diz Helder Queiroz, professor do Instituto de Economia da UFRJ e ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
O petróleo bruto é o segundo produto mais exportado pelo Brasil, responsável por 11% da receita de embarques de janeiro a agosto, atrás somente da soja, com 19%, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic). Em 2022 foram embarcados US$ 42,6 bilhões em petróleo bruto, o equivalente a 13% do total das exportações brasileiras, fatia apenas um ponto percentual atrás da soja.
China continua como destaque para o Brasil, mas outros países têm emergido”
— Livio Ribeiro
O resultado da balança comercial de petróleo e derivados, porém, depende também das importações, principalmente de derivados, das quais o Brasil é dependente, em razão da capacidade limitada de refino. “Graças, entre outras coisas, ao pré-sal, o Brasil alcançou a autossuficiência de petróleo já há mais de dez anos, mas, para os derivados, isso não chegou e não chegará”, diz Queiroz.
Os dados do Icomex mostram que a balança de petróleo e derivados é superavitária desde 2016 e neste ano o saldo positivo cresceu em relação a 2022 porque o valor de importação recuou mais que o da exportação. A receita de exportação de petróleo e derivados somou US$ 33,6 bilhões de janeiro a agosto, 7,4% menos que iguais meses de 2022. A importação do mesmo grupo de produtos totalizou US$ 19,8 bilhões, 23,6% a menos que em 2022. A importação de petróleo e derivados caiu 18,1% em preço médio e em 6,6% em volume, sempre na mesma comparação.
Dentro dos derivados, Queiroz exemplifica com diesel. O Brasil produz cerca de 75% da demanda desse combustível e importa o resto, diz. “Para ser autossuficiente, teria de construir mais duas ou três refinarias, o que não está no horizonte. Não dá para fazer uma refinaria para tirar mil barris, tem uma escala mínima, pra mais de 250 mil barris. Uma refinaria com esse porte gira em torno de US$ 7 bilhões a US$ 8 bilhões.”
Além disso o mundo caminha para diminuir, e não aumentar, diz Queiroz, o consumo de combustíveis fósseis. “Não é razoável imaginar que, daqui 50 anos, teremos a mesma demanda de hoje. Com a limitação da capacidade de refino, o esperado aumento de produção de petróleo deve ter boa parte direcionada à exportação, diz Livio Ribeiro, sócio da BRCG e pesquisador do Ibre.
Walter De Vitto, economista da Tendências, diz que a perspectiva atual é de quadro de capacidade brasileira de refino sem alterações significativas ao menos nos próximos quatro anos. Entre investimentos já anunciados e que podem mudar o cenário depois disso, ele cita a ampliação e modernização da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, prevista pela Petrobras em seu Plano Estratégico 2023-2027.
Numa métrica diferente da do Icomex, o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) mostra um superávit também recorde na balança de petróleo e derivados em 2022, de US$ 20,5 bilhões. Em cálculos próprios a Tendências considera um saldo positivo de US$ 21 bilhões em 2022.
As estimativas atuais da consultoria, diz De Vitto, mostram que o saldo deve ter leve recuo de 1,2% em 2023 ante 2022, andar de lado até 2025 e voltar a crescer de 2026 a 2030, favorecido por expansão da produção. Após 2031, a expansão da produção doméstica de petróleo se desacelera, mas a demanda por derivados segue crescendo, o que geraria reduções do saldo da conta de petróleo e derivados. As projeções, explica De Vitto, consideraram premissas para investimentos em exploração e produção, contas públicas, balança comercial e capacidade de refino.
Para produção de petróleo e líquidos de gás natural, a Tendências estima crescimento de forma mais acelerada até 2030, saindo dos 3,11 milhões de barris diários observados em 2022 para estimados 4,42 milhões de barris diários em 2030, em crescimento de 42% acumulado nesse período de oito anos. A partir de 2030 até 2038 projeta-se que a produção ainda pode crescer, mas a uma taxa menor, atingindo 4,88 milhões de barris diários ao fim desse periodo, num crescimento de 10,4% no acumulado de um período também de oito anos. As estimativas de produção, porém, frisa De Vitto, podem ser afetadas por condições como fluxo de investimentos, que ainda é incerto a partir de certo horizonte. Podem influenciar o quadro também, entre outros fatores, eventual decisão para exploração da região da Margem Equatorial ou evolução da demanda, tendo em vista a transição energética.
Lia Valls, pesquisadora do Ibre e coordenadora do Icomex, ressalta que a exportação de petróleo e derivados passou por muitas oscilações de preços, mas os volumes vêm crescendo de forma consistente. Pelo Icomex, no ano passado o preço médio de embarque do petróleo estava 63,5% acima do praticado em 2007, 15 anos antes. Já o volume embarcado subiu 117,2% em igual período.
Para Ribeiro, ao menos o aumento de produção esperado até o fim da década deverá encontrar oportunidade de exportação, mesmo com maior uso de fontes alternativas. “Quando entrou a era do petróleo, o uso do carvão não acabou imediatamente.” De Vitto tem análise parecida. “O atendimento à demanda por energia não muda do dia para a noite. As fontes continuarão se complementando com delta cada vez maior para as energias alternativas.”
O Brasil entra como maior ofertante, diz Ribeiro, em momento de reorganização da demanda. Além da transição energética, diz, o mapa de destinos do petróleo brasileiro ainda deve ser redesenhado em meio à reestruturação do mercado com a guerra entre Rússia e Ucrânia. Cabe, diz, traçar estratégias olhando essas mudanças.
A China é o principal destino dos embarques brasileiros de petróleo, com fatia de 38,8% em 2022. Embora tenha mantido sua posição de principal comprador, a parcela chinesa caiu bastante em relação aos 64% em 2019. Parte disso é creditada ao deslocamento do petróleo brasileiro pelo fornecimento russo, que, sob sanções dos europeus após a eclosão da guerra, foi à procura de novos mercados e reforçou suas vendas aos chineses.
Com a guerra, mudou o jogo do mercado de petróleo, diz De Vitto. “Criou-se uma relação entre Rússia e China que ganhou impulso e deve permanecer, com complementaridade de interesses.” Ele lembra que isso vem dentro de um contexto anterior, de conflito já mais evidente entre China e Estados Unidos desde 2018, na disputa por hegemonia geopolítica global.
“A China continua como destino de destaque para o Brasil, mas outros países têm emergido na América Latina e um pouco na Europa. Isso representa desvio de comércio derivado da reparametrização do mercado”, diz Ribeiro. “Mas não se sabe, diz, se o Brasil de fato está entrando em novos mercados e vai mantê-los ou se é algo pontual em razão da guerra. As placas tectônicas do mercado de petróleo estão se movimentando. O que se sabe é que não voltaremos aos níveis de equilíbrio anteriores à guerra.”
Dados do governo mostram que, após a China, os EUA foram o maior comprador externo de petróleo brasileiro em 2022, seguidos da Espanha, Chile e Portugal. Com exceção dos americanos, os demais países aumentaram a fatia na exportação brasileira de petróleo de 2019, período pré-pandemia, para o ano passado. A fatia espanhola cresceu de 3,4% para 8,4% nesse intervalo. Chile e Portugal avançaram de 5% para 7,4% e de 1,1% para 5,9%, respectivamente.
De Vitto ressalta que entre as regiões que demandam muita energia e produzem pouco, destacam-se China, países do extremo oriente e Europa. “Há também uma gama de países que podem demandar, embora com demandas menores. A guerra também trouxe de volta ao radar a preocupação coma estratégia de diversificar o fornecimento de energia.”
Em 2007, segundo dados do governo, o petróleo brasileiro foi embarcado a 17 países e era principal produto que o Brasil exportava para seis deles: Chile, Estados Unidos, Santa Lúcia, Portugal, Peru e Aruba. No ano passado subiram a 11 os países dessa lista, com a saída de Santa Lúcia e Aruba e a entrada de Holanda, Uruguai, Coreia do Sul, Espanha, Bonaire, Jamaica e Israel. Foram ao todo 25 destinos. No ano passado, o Brasil foi o primeiro fornecedor externo de petróleo para o Chile e para Portugal, com 73,2% e 36,7% das compras externas do óleo bruto nos respectivos países.
Entre os embarques brasileiros para a América do Sul em 2022, o petróleo foi o principal produto exportado para a América do Sul, com fatia de 9,3%, seguido por 8,4% dos automóveis, historicamente o líder no ranking. Para Ribeiro, a permanência desse quadro também é difícil de se avaliar.
Um fator importante, destaca, é a produção de Vaca Muerta, megacampo de petróleo e gás na Argentino. A região é uma grande área com óleo não convencional, o “shale gas”, e pode ter grande potencial de abastecimento a países sul-americanos. Uma incerteza, diz Ribeiro, são os investimentos necessários para exploração e comercialização do óleo do campo em meio à grave crise argentina.
O Brasil, diz Ribeiro, tem no momento uma previsão concreta de elevação da oferta de energia num momento peculiar e favorável. “É preciso aproveitar. O fato de ter maná caindo do céu não significa que vamos usar direito.”
Para ele, políticas que permitam que o “ maná” beneficie toda a população também precisa ser estabelecida, já que a exploração da commodity gera atividade mais concentrada. Os dados de comércio exterior refletem parte disso. Mesmo sendo o segundo item mais importante das vendas externas brasileiras, o petróleo foi exportado por apenas 12 municípios em 2022, considerando valor mínimo de US$ 10 mil ao ano.
Esta é a quarta de uma série de cinco reportagens semanais sobre o setor de petróleo no Brasil
TN Petróleo - RJ 22/09/2023
A ANP realizou ontem (20/9) audiência pública sobre a minuta de acordo com a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), para estabelecer condições possíveis e necessárias para que o Gasoduto Subida da Serra possa operar de acordo com as legislações federal e estadual.
Na abertura da audiência, o Diretor da ANP Cláudio Jorge de Souza (foto) destacou a importância de uma solução consensual para que o gasoduto possa operar. "A atuação da Agência sempre será pautada pelo princípio da legalidade e do interesse público. Sabemos que uma solução consensual das partes envolvidas é o melhor caminho no âmbito administrativo, evitando possíveis judicializações. A ANP entende que, cumpridas as condições fixadas na proposta de acordo, será possível a operação do gasoduto Subida da Serra, em conformidade com a legislação aplicável. Isso resolveria, de forma consensual, uma controvérsia que teria potencial para ocasionar insegurança jurídica aos investimentos no setor", afirmou.
Em 22/9/2021, a Diretoria Colegiada da ANP resolveu que o projeto denominado "Subida da Serra" se enquadrava como gasoduto de transporte, nos termos do art. 2º, XVIII, da Lei nº 11.909/2009, vigente à época da autorização do gasoduto pela Arsesp, bem como no art. 3º, XXVI, da Lei nº 14.134/2021.
Entretanto, a Arsesp e a distribuidora de gás canalizado do estado de São Paulo, Comgás, que entendem que o Gasoduto Subida da Serra seria instalação de distribuição, formularam pedidos de reconsideração quanto à decisão da Diretoria da ANP, encaminhando novas informações que possibilitaram a elaboração da minuta objeto da audiência de ontem. Entre elas, estão: o gasoduto não se conectará a Unidades de Processamento de Gás Natural (UPGN), estocagem ou gasodutos de transporte; se destinará exclusivamente a atender os consumidores finais da Comgás; e não haverá entrega e venda de gás a outras concessionárias.
A minuta do acordo também passou por consulta pública de 20/7 a 14/9/2023, na qual foram recebidas 291 contribuições de 48 participantes. Já na audiência, 43 expositores se inscreveram para apresentar contribuições, incluindo representantes de agentes econômicos, consultores, universidades, estado de SP e município de Cubatão. As sugestões recebidas na consulta e audiência públicas serão apreciadas pela área técnica, cuja avaliação, após análise jurídica da Procuradoria Federal junto à ANP, servirá como subsídio para a decisão final da Diretoria Colegiada sobre o tema.
Veja a gravação da audiência: https://www.youtube.com/watch?v=rUnujBWs6MU.
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