FORGOT YOUR DETAILS?

Seja bem-vindo ao INDA!

Olá, seja bem-vindo
ao INDA!

22 de Fevereiro de 2023

SIDERURGIA

O Estado de S.Paulo - SP   22/02/2023

A indústria do aço pediu ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que a Caixa, principal agente financeiro do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), acelere a homologação dos sistemas de construção que utilizam estruturas pré-fabricadas.

Os sistemas de construção industrializados, que usam estruturas metálicas, permitem prazos de obras mais curtos comparados à construção convencional baseada em alvenaria de blocos e concreto armado. As siderúrgicas sustentaram que a solução possibilitaria a redução mais rápida do déficit habitacional do País.

Segundo o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, o ministro pediu uma apresentação da proposta. Na reunião com Haddad, o setor defendeu que no Brasil não falta oferta, mas demanda por aço. Assim, além do programa habitacional, foi reforçada a importância da execução de projetos de infraestrutura. “Ele (Haddad) se mostrou interessado, fazendo várias perguntas”, diz Marco Polo.

Fortalecimento da indústria

Na discussão sobre fortalecer a indústria local, as lideranças do setor observaram que os países que adensaram as cadeias produtivas do petróleo, ao invés de apenas produzir o óleo bruto, são os que apresentam melhores índices de desenvolvimento humano. Canadá, Noruega e Reino Unido, além dos Estados Unidos, foram citados como exemplos.

Lula relança Minha Casa, Minha Vida para famílias com renda de até R$ 8 mil por mês; veja regras

Atendimento para áreas rurais será direcionado a famílias que têm renda bruta anual de até R$ 96 mil; medida provisória do novo formato foi assinada pelo presidente nesta terça, em Santo Amaro (BA)

Os empresários também manifestaram o entendimento de que o gás brasileiro do pré-sal deveria ser prioridade em relação ao do campo argentino de Vaca Muerta. “Ele ouviu e não fez contestação”, relatou Marco Polo.

Participaram da reunião na sexta-feira dirigentes de siderúrgicas como Usiminas, Gerdau e ArcelorMittal.

Porto do Açu movimenta 57,4 milhões de toneladas em 2022 e inaugura segundo armazém

Alta de 3,0% em relação a 2021 foi puxada por minério de ferro e petróleo; novos armazéns elevarão movimento de 1,6 milhão de toneladas para 4 milhões de toneladas de cargas, segundo controladora

Valor - SP   22/02/2023

Instituto Aço Brasil destacou para o ministro da Fazenda que a capacidade de produção de aço instalada no país tem plenas condições de atender o consumo local, e que "não falta oferta, mas sim demanda", que na visão da entidade, "deve ser mais estimulada”

Com o objetivo de apresentar a importância estratégica do setor siderúrgico na indústria brasileira e as perspectivas, o conselho diretor do Instituto Aço Brasil, que representa as fabricantes de aço no país, reuniu-se nesta sexta-feira (18) à tarde com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O encontro contou também com a presença de Gabriel Muricca Galípolo, secretário-executivo, e de Guilherme Santos Mello, secretário de Política Econômica, além do chefe de gabinete do ministério, Laio Correia Moraes. 

“Saímos com uma boa impressão pela disponibilidade de diálogo do ministro e com a convicção de Haddad de que a reforma tributária sobre consumo, com a criação do IVA [Imposto sobre Valor Agregado], é importante e tem de sair do papel”, disse Marco Polo de Mello Lopes, presidente-executivo do Aço Brasil, ao Valor.

Segundo Lopes, foi destacado a Haddad que a capacidade de produção de aço instalada no país tem plenas condições de atender o consumo local.

O executivo disse que foi lembrado que o setor da construção é um grande consumidor de aço, da importância de executar as 2 milhões de moradias até 2026 do programa Minha Casa, Minha Vida. “É preciso reduzir o déficit de 6 milhões de unidades habitacionais no país”. Além disso, citou parcerias em construção industrializada e necessidade de mais obras de infraestrutura. 

Lopes informou que o Aço Brasil fez um flash do cenário internacional do setor, que convive com excesso de capacidade, e o peso da China nas importações de aço pelo Brasil — passou 1,4% em 2000 para 53% (1,8 milhão de toneladas) no ano passado. 

“E, dentro do que o governo elencou como prioridades, destacamos três grandes pontos: crescimento econômico, fortalecimento da indústria e a questão das mudanças climáticas. Neste último, dissemos que o foco não deve ser apenas a indústria como gerador de emissões de CO2, mas que o uso da terra tem de ser também considerado”, disse Lopes.

Sobre a expansão econômica, Haddad ouviu que é crucial acelerar projetos no país que são drives de consumo de aço, como os setores da construção e de infraestrutura. A reindustrialização, tema de campanha do presidente Lula, foi lembrada como de fundamental importância para estancar a perda de competitividade da indústria.

Lopes elencou quatro grandes pontos — redução do Custo Brasil, a reforma tributária, ressarcimento de resíduos tributários na exportação e política de contudo local, “‘que não prosperou no governo Bolsonaro”. Segundo ele, há um problema de isonomia tributária. 

O setor também disse ao ministro e seus dois secretários que, na questão de disponibilização de gás natural, ante perspectivas de fim do gás da Bolívia, priorizar gasodutos para escoar o gás do pré-sal. “Vaca Muerta [na Argentina] deve ficar para um segundo momento”, afirmou. 

Pelo lado do Aço Brasil, além de Lopes, participaram do encontro os conselheiros Sergio Leite de Andrade (chairman da Usiminas), Alberto Ono (CEO da Usiminas), Marcelo Chara (CEO da Ternium Brasil), Marcos Faraco (vice-presidente de Estratégia da Gerdau), Armin Wuzella (CEO da Villares Metals), Frederico Ayres (CEO da Aperam South America), Alexandre Barcelo (Vice-presidente corporativo de Finanças e TI da ArcelorMittal Brasil) e Cristina Yuan, diretora de Assuntos Institucionais do Aço Brasil.

Com uma agenda similar, mas um pouco mais ampliada, a seguir a Coalização Indústria, que reúne 14 entidades, e da qual Lopes é coordenador, também se reuniu com o ministro Haddad e seus secretários. Estavam presentes oito presidentes de entidades, como Abimaq, Abicalçados, Abrinq, Abia e da Construção. 

Fonte: Marco Polo de Mello Lopes, presidente-executivo do Instituto Aço Brasil — Foto: Ana Paula Paiva/Valor

ECONOMIA

Globo Online - RJ   22/02/2023

Neste início de governo, questões econômicas reais têm cedido espaço no debate para a falsa tese de que a taxa Selic seria demasiadamente alta. O que leva à formulação de uma segunda falsa tese: que ela seria alta devido a uma meta “irrealista” de inflação. Economias organizadas sob o regime de metas de inflação são acometidas por choques estocásticos que por vezes a deslocam de sua meta imposta pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Na conjuntura, isso tem mais a ver com os efeitos sobre cadeias de suprimentos e o preço das commodities após choques como a Covid-19 e a guerra na Ucrânia do que com o valor da meta de inflação, seja qual for.

O regime de metas é munido de uma regra, uma função reativa do Banco Central (BC) que prevê movimentos na taxa de juros de curto prazo a fim de reconduzir a inflação para a meta. Como a regra monetária atua sobre a inflação futura esperada, e não sobre a corrente, a credibilidade do BC é fundamental para seu sucesso. Problemas fiscais que interferem na política monetária à parte, dois cenários são possíveis para o BC perseguir a meta. Se ele é crível, a dose de alta dos juros visando a convergir a inflação para a meta é menor em relação ao cenário em que ele não é crível.

A política monetária tem sido empreendida num contexto de erros e acertos. O BC acertou no diagnóstico quando, no início do choque inflacionário em 2021, muitos economistas diziam ser meramente temporário; ali, antes até do início da guerra, previu a resiliência da inflação e foi um dos primeiros BCs do mundo a elevar juros. Porém erra ao dilatar o prazo de convergência da inflação para a sua meta. Pelos comunicados e atas, o IPCA só deverá voltar para a meta em meados de 2024. Se isso acontecer, serão três anos consecutivos de inflação fora da meta, com inevitável custo reputacional para o BC.

A inflação é determinada por uma função chamada Curva de Phillips (CPh), que pode ter diferentes formatos. Se os agentes formam expectativas racionais, a inflação futura esperada pelas firmas determinará a inflação corrente. Se o BC que conduz a política monetária é crível, os agentes antecipam reações da taxa de juros em resposta a desvios de curto prazo da inflação em relação à meta causados por choques. Nesse caso, a inflação futura esperada num horizonte temporal será igual à própria meta. Note o leitor que, se os agentes são racionais, nem a inflação nem as elevações esperadas na taxa de juros têm vínculos com o desempenho real da economia, o PIB.

Assim, o país não ganha nada revendo a meta de inflação ou reduzindo juros sem fundamentos prévios. Um possível incremento no nível da atividade oriundo de juros menores depende de uma irracionalidade de quem fixa preços que não é razoável supor. Ainda que houvesse possível ganho em termos de PIB, seria só no curto prazo. O mais provável é que alterar a política monetária em curso apenas trouxesse inflação estruturalmente mais alta.

O Estado de S.Paulo - SP   22/02/2023

Mesmo as pessoas não familiarizadas com estatística já se habituaram com as expressões “margem de erro” e “nível de confiança das estimativas”. Esses termos são muito popularizados nas pesquisas eleitorais. A margem de erro determina os limites, inferior e superior, dos intervalos de confiança de estimativas amostrais. Por convenção, em estatística, geralmente se trabalha com nível de confiança de 95%. Mas, devido à alta instabilidade das relações e da interferência de um número grande de variáveis, as margens de erro nas projeções de inflação dos modelos dos bancos centrais mundo afora, a esse nível de confiança, são enormes.

Por exemplo, na tabela constante do Relatório de Inflação (RI) do Banco Central (BC) do Brasil, de dezembro de 2022, observa-se que, para o nível de confiança de 50%, ou seja, quase um par ou ímpar, o intervalo estimado para o IPCA acumulado nos 12 meses até junho de 2024 é de 2,4% a 4,2%. Se trabalhássemos com o nível de confiança usual de 95%, essa margem de erro seria muito maior.

Assim, é difícil afirmar, com segurança, que o atual nível da taxa Selic (13,75%) seja o ideal para fazer a inflação convergir para as metas. Os modelos são ferramentas úteis, mas em política monetária há mais arte do que ciência. De fato, começam a surgir indicações de que a taxa básica atual seja muito alta e que estaria se aproximando o momento de o BC iniciar, responsavelmente, o afrouxamento gradual da política monetária.

Mesmo durante a tramitação tumultuada da PEC de Transição, o que se discutia era se o ciclo de redução da Selic se iniciaria em maio ou agosto de 2023. A média móvel trimestral anualizada das medidas de núcleo da inflação (que retira choques e preços muito voláteis) despencou de 12,4%, em junho de 2022, para 5,3%, em janeiro de 2023. As condições financeiras estão muito apertadas e isso já começa a se refletir nas dificuldades de acesso ao crédito. A crise da Americanas pode ser algo muito particular, mas outras empresas estão com problemas evidentes de crédito, por exemplo, Lojas Marisa, Oi, companhias aéreas, entre outras. A inadimplência das pessoas físicas com o sistema financeiro saltou de 4%, em junho de 2021, para 5,9%, em dezembro de 2022.

Mas aí veio o discurso raivoso de Lula da Silva e do núcleo duro do PT. Ao rotularem Roberto Campos Neto de “bolsonarista infiltrado no governo” e “esse cidadão”, e o presidente da República dizer que não sabe a serviço de quem ele trabalha e que, ao final de 2024, vai avaliar a conveniência de manter a autonomia operacional do BC, Lula, além de cometer grosseria e injustiça, desestabiliza as expectativas e torna mais difícil a queda da taxa de juros. Mesmo que o BC reduzisse a Selic agora, nada garante que, em um ambiente como esse, as taxas mais longas de juros, que são as mais relevantes para a economia, também cairiam.

Não se derruba taxa de juros no grito.

Globo Online - RJ   22/02/2023

Um estudo elaborado pela Secretaria de Política Econômica (SPE), ligada ao Ministério da Fazenda, mostrou ao presidente Lula que a meta de inflação no país não é a principal causa para os juros elevados. A ideia da Fazenda é convencer o presidente de que o melhor caminho para se conseguir a redução da Taxa Selic —atualmente em 13,75% ao ano e considerada exorbitante pela equipe econômica — não é focar esforços no aumento da meta de inflação.

Lula, segundo interlocutores do governo, teria se impressionado com os dados e isso quer dizer que pode atenuar as críticas às metas de inflação. Ontem mesmo, em entrevista à CNN, o presidente não tocou no assunto, apesar de ter questionado o mercado e a autonomia do Banco Central.

Os números que mexeram com a cabeça do presidente estão na tabela abaixo. Em uma lista de países emergentes e desenvolvidos há metas de inflação mais baixas do que as do Brasil e ainda assim os nossos juros reais são muito mais elevados, na casa dos 8%.

“Não é aumentando a meta que os juros vão cair, nem reduzindo a meta que a inflação também ficará menor. Isso parece claro nesses dados”, afirmou um técnico da equipe econômica.

CMN: reunião de 28 minutos

De 2005 a 2018, as metas de inflação no Brasil foram definidas em 4,5%. De 2019 para cá, no entanto, elas vem caindo progressivamente e no ano que vem chegarão a 3%.

Lula continua achando que os números estão baixos demais e isso foi reforçado pela fala de três pesos-pesados do mercado financeiro, em evento do banco BTG esta semana, em São Paulo. Mas, por ora, o presidente se convenceu de que essa não é a principal explicação para os juros no Brasil.

Ontem, a aguardada reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) foi rápida e não incluiu na pauta uma mudança nas metas. O encontro durou apenas 28 minutos, começou às 15h18 e foi encerrado às 15h46. Além do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, da ministra do Planejamento, Simone Tebet, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, técnicos do BC e dos ministérios participaram da reunião.

A reunião curta, no entanto, não foi o único compromisso entre Campos Neto, Haddad e Tebet ontem. O trio teve um almoço reservado em Brasília. Eles permaneceram juntos por mais de duas horas, sem a presença de técnicos ou assessores.

O grande temor do Banco Central é que o aumento da meta de inflação tenha um efeito imediato sobre as expectativas. Elas ficariam mais altas e levariam a um aperto ainda maior da Selic. Por isso, Campos Neto tem dito que o efeito pode ser “o contrário do esperado” pelo presidente Lula.

Outro ponto que chamou a atenção do presidente Lula nos dados da SPE foi a informação de que apenas Brasil e Turquia utilizam metas de inflação tendo como referência o ano-calendário. Isso obriga o Banco Central a levar a inflação à meta obrigatoriamente no mês de dezembro de cada ano.

Do contrário, a autoridade monetária é obrigada a elaborar uma carta à Fazenda para dar explicações. A ideia é que seja debatida a possibilidade de alteração do cumprimento da meta “no horizonte relevante”, ou seja, sem um mês definido.

Arcabouço fiscal

O estudo da SPE mostrou o Brasil relativamente em linha com outros países em vários indicadores: taxa de inflação corrente, desvio da meta, reservas cambiais, risco-país e endividamento bruto. Por isso, permanece a ideia no Executivo de que não faz sentido o BC continuar mantendo a Selic em 13,75%. A pressão sobre Campos Neto deve continuar, principalmente por políticos do PT e integrantes da base.

Na visão do BC, a principal aposta para a redução dos juros está na apresentação do novo arcabouço fiscal, antecipado para março pelo ministro Haddad, e na reforma tributária. Esses dois projetos podem dar a confiança aos diretores do Copom para começar a cortar a Selic este ano.

Após a reunião de ontem, o CMN informou que avaliou a prestação de contas do Banco Central, que em 2022 apresentou resultado negativo de R$ 298,5 bilhões. Esse resultado é reflexo do prejuízo com operações com reservas e derivativos cambiais, que fecharam 2022 com desempenho negativo de R$ 326,5 bilhões. As demais operações somaram R$ 28 bilhões.

O Estado de S.Paulo - SP   22/02/2023

Por séculos, economias da América Latina se caracterizaram por expansões curtas e falências súbitas, com frequência na esteira de ciclos de commodities. Quando a prata foi descoberta nas montanhas da Bolívia, em 1545, o vilarejo de Potosí se tornou por um breve período um dos lugares mais densamente habitados na Terra, enquanto produziu mais de dois terços da prata negociada no mundo. Um século depois, com as minas esgotadas, virou uma cidade fantasma.

Conforme a China reabre, após quase três anos de lockdowns, alguns países na América Latina se preparam para outro boom. O banco Morgan Stanley estima que a economia chinesa poderá crescer até 5,7% em 2023. Isso pode ocasionar um aumento na demanda pelas mercadorias da região.

A China consome mais de 16% do petróleo do mundo, metade do cobre e mais de três quintos do minério de ferro. Quando rumores de que as restrições anticovid-19 seriam levantadas circularam no ano passado, o preço do cobre saltou 7% em um dia.

Tudo isso é boa notícia para exportadores de commodities como Chile e Brasil. No total, 67% das exportações de cobre do Chile vão para a China; e a China é o destino final de 70% das exportações de soja do Brasil. Mas como em febres de prata e ouro do passado, os bons tempos podem não durar. Apesar de um forte crescimento ser provável este ano, a relação de longo prazo entre a China e a região pode desapontar.

Na década que se seguiu a 2002, o PIB em dólar da América Latina cresceu mais de 3% ao ano graças ao boom nas commodities ocasionado pela industrialização chinesa. Os “bancos de políticas” dirigidos pelo Estado chinês, como o Banco de Desenvolvimento da China e o Banco de Exportação e Importação da China, forneceram mais de US$ 138 bilhões (cerca de R$ 712 bilhões) em empréstimos para a América Latina entre 2005 e 2020. A pobreza caiu e os cofres dos governos incharam à medida que a China comprou grãos, minérios e hidrocarbonetos da região.

O comércio com a China cresceu de US$ 12 bilhões, em 2000, ou 0,6% do PIB da América Latina, para US$ 445 bilhões, em 2021 (8,5% do PIB da região). Até 2021, a China era responsável por 18% do comércio latino-americano, contra 5% em 2005. Excluindo o México, essa fatia se eleva para 24%.

Enquanto a China se tornou a maior parceira comercial da América do Sul, os EUA mantiveram essa posição em relação ao México e à América Central. Brasil, Chile e Peru possuem balanças comerciais favoráveis com a China.

A explosão no comércio levou alguns políticos latino-americanos à complacência. Muitos esperam que a relação permaneça sempre a mesma, afirma Margaret Myers, do Diálogo Interamericano, instituto de pesquisas de Washington. Mas essa visão desconsidera problemas estruturais dentro da China, como uma crise doméstica no mercado de imóveis e as reverberações da guerra comercial com os EUA. Já há sinais de que o envolvimento da China com algumas partes da região está enfraquecendo.

Desde 2020, os bancos de políticas aprovaram novos empréstimos para a região. Apesar de bancos comerciais e fundos privados de investimento terem suprido parte da lacuna, eles não são tão generosos. A Venezuela, que ficava com dois terços das finanças chinesas na região, atualmente recebe crédito apenas para ajudar a manter suas exportações de petróleo para a China.

A concessão de empréstimos da China mudou depois de várias experiências ruins. Os chineses tiveram dificuldades para recuperar milhões de dólares em acordos de petróleo em troca de empréstimos com a Venezuela depois que o presidente autocrático do país, Nicolás Maduro, chegou ao poder, em 2013, e os preços do petróleo caíram.

Em outras partes, reações negativas de grupos ambientalistas, assim como políticas oscilantes entre governos diferentes, também atravancaram investimentos. Segundo o instituto de pesquisas AidData, da Faculdade de William e Mary, na Virgínia, entre 2000 e 2017, mais transações de alto valor ligadas à Iniciativa Cinturão e Rota (nova Rota da Seda) foram suspensas ou canceladas na América Latina do que em quase qualquer outra parte.

Similarmente, um estudo da Cepal, entidade de pesquisa ligada à ONU, mostra que o investimento chinês atingiu picos entre 2010 e 2014 e caiu desde então.

Exportações

Mesmo se o envolvimento chinês com a região aumentar novamente conforme a China reabrir, a relação não seguirá o mesmo padrão. À medida que a economia da China se volta a serviços e manufatura de itens de alta tecnologia, veículos elétricos e produtos para energia renovável, suas importações e investimentos no exterior mudarão. As importações chinesas de petróleo cairão, enquanto suas compram de minérios cruciais aumentarão.

De 2005 a 2009, 95% do total do investimento estrangeiro direto da China na região foi para matérias-primas. De 2015 a 2021, essa fatia diminuiu para 46%, com o equilíbrio dividido entre manufatura e serviços.

Entre 2017 e 2021, as exportações da América Latina para a China de alumínio, usado em painéis solares, foram 28 vezes maiores do que nos quatro anos anteriores. As importações anuais chinesas de madeira balsa do Equador, usada em turbinas eólicas, aumentaram 57% ao longo do mesmo período.

O lítio pode ser particularmente valorizado. O preço do carbonato de lítio, usado em baterias de veículos elétricos, foi às alturas em 2021 e 2022, de uma média quinquenal de US$ 14 mil a tonelada para US$ 72 mil.

Outras commodities podem ter um futuro mais traiçoeiro. O preço do cobre, segundo estima o Goldman Sachs, aumentará de US$ 9 mil a tonelada hoje para US$ 11 mil nos próximos 12 meses. Mas Andrés Bórquez, da Universidade do Chile, prevê que menos cobre será necessário – e se a China repuser suas reservas de cobre, que estão no nível mais baixo em 15 anos, a demanda por fim se estabilizará. Isso poderá prejudicar alguns países muito expostos, como o Chile: 38% das exportações chilenas vão para a China, mais de três quartos são de cobre.

Os investimentos chineses também estão se tornando mais estratégicos. Eletricidade é uma área crucial. Entre 2017 e 2021, investimentos nesse setor corresponderam a 71% das fusões e aquisições chinesas na região, segundo o Centro de Políticas de Desenvolvimento Global, da Universidade de Boston.

Em 2021, duas estatais chinesas esbanjaram US$ 6 bilhões coletivamente para comprar as empresas de eletricidade do Chile e do Peru. Ambos os projetos estiveram entre os maiores investimentos estrangeiros já recebidos pelos países.

O investimento chinês em outras infraestruturas parece estar acelerando. Uma pesquisa da Universidade Nacional Autônoma do México constata que, de 192 projetos regionais de infraestrutura com envolvimento chinês empreendidos entre 2005 e 2021, 57 foram realizados entre 2020 e 2021.

As razões podem ter relação com projetos estratégicos ligados a fortalecer a segurança alimentar da China. Uma estatal está construindo um porto 50 quilômetros ao norte de Lima com o objetivo de aumentar a oferta de comida na China. Até aqui, os protestos no Peru não parecem ter afetado o projeto.

Tudo isso tem causado irritação em Washington. Em 2020, o governo de Donald Trump pressionou o Brasil para não permitir que a gigante chinesa das telecomunicações Huawei participasse de um leilão de 5G. O governo brasileiro foi adiante de qualquer maneira, mas está criando uma rede separada para agências do governo que exclui a Huawei.

De maneira similar, o governo Trump ampliou um empréstimo para o Equador para ajudar o país a liquidar bilhões de dólares em dívida com a China, sob a condição de que o país excluísse firmas de telecomunicações chinesas de sua rede 5G. Em 2021, o G-7 lançou a iniciativa “Build Back Better World”, com o objetivo de competir com o investimento chinês em infraestrutura em todo o mundo. O fiasco foi tão grande que o esforço teve de ser rebatizado no ano passado.

A América do Sul tem menos a ganhar do que a América Central em se aconchegar com os EUA. “A relação do Brasil com a China “simplesmente faz muito sentido”, afirma Larissa Wachholz, do Centro Brasileiro de Relações Internacionais. “É proveitoso para ambos os lados.” Ela considera que o investimento que falta na América Latina – em estradas, portos e serviços públicos – é exatamente o que a China é capaz de oferecer. Agora que o esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva está no poder no Brasil, seu governo tende a se abrir mais para a China.

Dependência

Poucos países estão tentando reduzir sua dependência em relação à China. Apesar de o presidente equatoriano de centro-direita estar finalizando um acordo de livre-comércio com Pequim, seu governo também pretende se juntar à Aliança do Pacífico, bloco comercial composto por Chile, Colômbia, México e Peru.

O Uruguai, que exporta mais de 60% da carne que produz para a China, busca um acordo de livre-comércio com os chineses ao mesmo tempo em que tenta aderir a outros acordos do gênero.

Ainda assim, por toda a região, poucos países pensam sobre como se adaptar se o retorno da China não refletir o que foi a potência do passado. O próximo boom poderá não durar muito. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

CNN Brasil - SP   22/02/2023

Uma eventual queda nos juros brasileiros acontecerá mais rapidamente se uma conjuntura de fatores ocorrer nos próximos meses, entre eles a apresentação de uma nova âncora fiscal crível para substituir o teto de gastos, uma reforma tributária consistente e indicadores de inflação dentro de uma margem esperada, disseram economistas à CNN.

A discussão entre governo e Banco Central (BC) sobre o recuo da Selic envolvem tanto a visão de acelerar o crescimento econômico, por parte do Executivo, quanto de controlar a inflação, meta da entidade independente. Mas, segundo os especialistas, o arrefecimento da tensão entre Lula e Campos Neto deve ajudar o decréscimo dos juros no fim deste ano.

“Sem pressão política, acredito que se o governo entregar uma regra fiscal crível, por mais que seja dura, e ao mesmo tempo ir caminhando uma reforma tributária, acho muito provável que o Banco Central reduza a taxa [Selic] nas duas ultimas reuniões do ano”, afirmou Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos.

Para Espírito Santo, é preciso tentar conciliar os objetivos de colocar a inflação dentro da meta e fazer com que o país tenha crescimento econômico, sem comprometer a atuação do Banco Central contra a alta dos preços.

“A harmonia entre as políticas econômicas é necessária para o país avançar. Portanto, diálogos entre Haddad, Campos Neto e a Tebet são fundamentais para a realização de uma agenda econômica robusta, visto que são três integrantes do CMN [Conselho Monetário Nacional]. Este seria um cenário muito positivo, em que todos os objetivos seriam entendidos e aprimorados para se chegar às conclusões”, pontuou.

Já para Flávio Conde, analista de Ações da Levante Ideias de Investimentos, as tensões entre o presidente da República e o presidente do Banco Central sobre o nível dos juros não são atípicas no Brasil, e em determinado grau “são discussões saudáveis” para a democracia.

Conde acredita ainda que, além de uma âncora fiscal crível e o andamento da reforma tributária, o cenário ideal para o início da queda da Selic são divulgações do IPCA rondando em torno de 0,3% e 0,4% ao mês.

“Se tivermos três meses consecutivos do indicador neste nível, a parte técnica para a Selic ser reduzida começa a ser viabilizada. Mas se o indicador não conseguir chegar a este patamar não é aconselhada a redução”, afirmou.

A troca de farpas entre governo federal e Banco Central não fez o Inter mudar sua projeção para a taxa Selic – que, na projeção do banco, tem ainda espaço para começar a cair em agosto, conforme a inflação perde força rápido, e terminar 2023 aos 12%. A taxa está, atualmente, em 13,75%.

O erro, na visão da casa, esteve em inflamar a discussão antes de o governo apresentar a nova âncora fiscal, o que pode dificultar o caminho de descompressão dos juros.

“O principal erro no debate eÌ antecipar uma discussão sobre a meta de inflação antes da apresentação da nova aÌ‚ncora fiscal”, disse o Inter em relatório a clientes, assinado pela economista-chefe Rafaela Vitória.

“As incertezas no cenaÌ rio acabaram se acentuando com relação aÌ€ condução das poliÌ ticas econoÌ‚micas do governo, que, a que tudo indica, devem ser mais expansionistas e manter inflação maior no longo prazo, o que pode resultar em Selic terminal maior”, conclui.
Copom x Fomc

Os especialistas destacaram que a alta da inflação, e consequentemente dos juros, é um problema enfrentado no mundo todo, mas particularidades de BC e Fed dão contornos diferentes para as discussões no Brasil e nos Estados Unidos.

“A questão nos Estados Unidos é diferente, pois no mandato do Fed é especificado que ele precisa controlar a inflação e pensar na atividade econômica, no emprego. Aqui, o Banco Central tem como objetivo apenas fazer com que a inflação chegue à meta”, explicou Flávio Conde.

O analista reforçou que a herança inflacionária “pesada” do Brasil justifica a atuação exclusiva do BC no controle dos preços, cabendo à Fazenda e aos ministérios econômicos correspondentes a função de explorar o crescimento da atividade econômica do país.

O movimento do Fed é acompanhado de perto pela equipe do Banco Central, sendo extremamente impactante na decisão da entidade brasileira em relação à política monetária adotada, segundo os economistas.

“O Fomc [equivalente ao Copom no Brasil] é dividido entre aqueles que são mais hawkish e aqueles que pensam mais no impacto à atividade econômica”, explicou Alexandre Espírito Santo.

Hawkish é um termo utilizado para dizer que os integrantes compartilham de uma visão mais dura sobre os juros, de aumentos sucessivos até a inflação estar sob controle. Segundo Espírito Santo, o teto de altas do Fed pode ditar o rumo da magnitude de decisões dos outros bancos centrais do mundo.

“Caso o Fed pare o aumento em 5,25% ao ano, isso é bom porque o mercado internacional começa a ver os mercados emergentes como mais atrativos, porque o dólar perde potência e isso ajuda o Brasil”, explicou.

“Acredito que este é um cenário provável. O Fed anunciando duas altas de 25 pontos-base e encostando em 5,25%, mantendo este patamar elevado inalterado por um tempo”, concluiu.

MINERAÇÃO

Valor - SP   22/02/2023

Eduardo Bartolomeo diz que espera “ter mais informações no primeiro trimestre”.

O CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo, afirmou que a empresa fez “progresso na venda minoritária nos metais básicos”. O executivo comentou ainda que espera “ter mais informações no primeiro trimestre” sobre esse tema. Ele deu as declarações durante teleconferência sobre resultado da empresa referente ao quarto trimestre de 2022. 

“Está indo muito bem [negociação para a transação sobre a divisão]. Esperamos atualizações no primeiro semestre de 2023 e estamos discutindo isso com diferentes parceiros, partes interessadas. Mantenha-se conectado e de olho”, disse Gustavo Pimenta, vice-presidente executivo de finanças e relações com investidores da Vale, ao responder pergunta sobre o tema. 

Ele foi questionado, ainda, sobre onde será alocado os recursos da provável venda. “Objetivo da negociação é buscar crescimento em novas plataformas que serão críticas no segmento; recursos serão usados para isso”, afirmou ele.

Nesse sentido, Bartolomeo comentou que, em seu entendimento, a indústria de mineração está no momento “subavaliada”. Para ele, o atual contexto global do setor de energia, mais focado em transição energética para cenário menos poluente, tem afetado o setor de mineração.

Segundo o executivo, “a demanda [do segmento de metais básicos] está chegando e não está bem precificada”. Ele destacou o potencial da empresa no negócio, principalmente em horizonte de longo prazo. “Não é uma corrida curta é uma maratona”, disse, notando que os investidores que “entrarem no ônibus agora vão ficar satisfeitos lá na frente”. 

“Temos crescimento potencial nos metais básicos; estamos muito empolgados com Salobo 3”, disse ele, citando o empreendimento de ampliação das instalações da mina da Salobo Metais, em Marabá (PA). “Geração de caixa nos metais básicos está subdimensionada”, notou ele, comentando que a empresa entende isso e por isso estaria reorganizando área.

Nesse sentido, Marcelo Spinelli, vice-presidente-executivo de ferrosos da empresa, afirmou que, no caso de metais básicos, bem como na intenção de vender parte do negócio, a ideia é buscar parceiros que possam ajudar nas questões da transição energética e eletrificação de automóveis.

Ainda sobre minerais, Bartolomeo afirmou que a produção de cobre da empresa “deve subir substancialmente em 2023”. No relatório de produção e vendas da empresa, referente ao quarto trimestre de 2022, anunciado no fim de janeiro, a produção de cobre no quarto trimestre de 2022 caiu 14,5% na comparação com o período de outubro a dezembro do ano anterior, para 66,3 mil toneladas. No ano passado, a produção de cobre foi de 253,1 mil toneladas, baixa de 14,7% frente ao ano anterior. 

Em sua fala na teleconferência, o presidente também destacou todas as ações da empresa em prover maior segurança em estruturas de barragens. Segundo ele, a Vale está 90% aderente no padrão global de tratamento de rejeitos da indústria. “Estamos confiantes de chegar a 100% em 2025”, acrescentou. 

Além disso, fez um retrospecto em relação às operações recentes da companhia, reorganização de executivos na administração, já anunciados. Sobre esse último tema ele aproveitou para anunciar Jerome Guillen, ex-executivo da Tesla, como diretor independente para transmissão de energia da empresa.

Bartolomeo destacou ainda atuação da empresa em processos de descarbonização nos empreendimentos da mineradora. 

Ele reiterou informação de inauguração de primeira fábrica de briquetes, no primeiro semestre desse ano, com capacidade para produção de 6 milhões de toneladas. O briquete é um novo tipo de aglomerado de minério, matéria prima para fabricação de aço, que promete demandar menos energia das siderúrgicas.

Custo de bunker

Pimenta afirmou que custo de bunker (combustível de navegação) teve impacto positivo de US$ 250 milhões no quarto trimestre de 2022, fruto de menores custos de frete, afirmou ele. 

“Projetamos queda de US$ 2/ton no ‘breakeven’ em 2023 no minério de ferro devido a menores custos de combustível e maior qualidade”, acrescentou ainda o executivo. O termo “breakeven “ é usado para descrever o momento de equilíbrio da empresa, ou seja, quando custos e despesas operacionais se igualam à receita. 

Na teleconferência, ele citou também o preço médio realizado de minério de ferro, de US$ 95,6 por tonelada no quarto trimestre de 2022. Esse valor foi 10,8% menor que do quarto trimestre de 2021. 

Recompra de ações

Pimenta afirmou que, em seu entendimento, a recompra de ações da Vale “continua sendo uma das opções mais atraentes”. Em abril do ano passado, a Vale aprovou novo programa de recompra de ações estimado em R$ 41 bilhões. Na ocasião, a empresa detalhou que poderia adquirir na bolsa 500 milhões de papéis de sua emissão, o equivalente a 10% do total em circulação, ao longo de período de 18 meses. 

Ao falar sobre mercado acionário relacionado à empresa, o executivo destacou ainda, na teleconferência, pagamento de dividendos da companhia. Ontem, um pouco antes da divulgação do balanço, a empresa anunciou que vai distribuir R$ 8,13 bilhões em dividendos. O montante corresponde a R$ 1,8276 por ação. 

Fundação Renova

Pimenta comentou sobre as negociações da empresa entre os envolvidos da Fundação Renova. A fundação foi constituída em 2016 com o objetivo de executar as ações de reparação e compensação dos impactos associados ao rompimento da barragem de Fundão, ocorrido em 5 de novembro de 2015. A barragem era pertencente à Samarco, empresa com 50% de participação da Vale e 50% BHP Billiton. 

“Novo governo tem sido ‘bastante vocal' no sentido de encontrar acordo para Fundação Renova”, afirmou ele. “Expectativa é que consigamos buscar consenso e chegar a acordo sobre Renova”, disse. 

A Fundação Renova começou em janeiro de 2023 os pagamentos das indenizações por lucros cessantes, referente ao ano de 2022. Os lucros cessantes correspondem à renda da atividade produtiva que o atingido deixou de auferir como consequência direta do rompimento da barragem de Fundão (MG). A indenização corresponde à renda impactada de forma direta pelo rompimento. Todos que têm direito ao recebimento serão contatados pela Renova e os pagamentos serão feitos até o dia 31 de março de 2023, informou a organização, no mês passado. 

IstoÉ Online - SP   22/02/2023

O minério de ferro na Bolsa de Dalian atingiu uma máxima do contrato nesta sexta-feira, enquanto o preço de referência do ingrediente siderúrgico em Cingapura alcançou um pico de duas semanas, conforme cresciam as esperanças de que a China, maior compradora mundial do minério, adotasse mais medidas para apoiar sua economia.

O minério de ferro mais negociado para maio na Dalian Commodity Exchange da China encerrou o comércio diurno com alta de 2%, a 889,50 iuanes (129,29 dólares) a tonelada, logo abaixo da máxima do contrato de 893 iuanes, mantendo-o no caminho para um ganho semanal de cerca de 3%.

Na Bolsa de Cingapura, o minério de ferro de referência para março chegou a subir 1,7%, para 126,70 dólares a tonelada, o maior nível desde 1º de fevereiro.

Há grandes esperanças de que Pequim anuncie mais medidas de estímulo econômico na sessão anual do Congresso Nacional do Povo no mês que vem, disseram analistas.

Ajudando a elevar os futuros do minério, os preços das novas residências na China subiram em janeiro pela primeira vez em um ano, mostraram dados na quinta-feira, quando o fim do regime zero-Covid do país, políticas imobiliárias favoráveis e expectativas do mercado por mais medidas de estímulo impulsionaram a demanda.

Somando-se ao clima otimista, os líderes da China declararam uma “vitória decisiva” sobre a Covid-19.

“Embora o ligeiro aumento (nos preços das casas novas) represente um grande ponto de virada, uma rápida melhora é inesperada, dado que o mercado continua repleto de propriedades de décadas de superconstrução e a demanda por investimentos deve permanecer moderada”, disseram analistas da SP Angel em nota.

Valor - SP   22/02/2023

Receita total da maior mineradora do mundo atingiu US$ 25,71bilhões, queda de 24% em relação ao ano anterior.

A BHP, maior mineradora do mundo, registrou um lucro líquido de US$ 6,46 bilhões nos seis meses encerrados em dezembro, que corresponde ao primeiro semestre fiscal de 2023. O valor representa uma queda de 32% em relação ao lucro de US$ 9,44 bilhões reportado no mesmo período do ano anterior, quando os fortes preços das commodities impulsionaram os resultados.

A receita total atingiu US$ 25,71bilhões, queda de 24% em relação ao ano anterior. O lucro atribuível subjacente — medida que elimina itens excepcionais para ilustrar o desempenho subjacente do negócio — totalizou US$ 6,60 bilhões, queda de 32% em relação a igual intervalo do ano anterior. 

O mercado esperava um lucro subjacente de aproximadamente US$ 6,82 bilhões, de acordo com 15 previsões de analistas compiladas pela Vuma Financial, informou a “Dow Jones Newswires”. 

O diretor-presidente da companhia, Mike Henry, afirmou no relatório de resultados que a queda nos lucros refletiu principalmente um recuo nos preços das commodities durante o semestre. “O clima úmido significativo em nossos ativos de carvão impactou a produção e os custos unitários, assim como os desafios para garantir mão de obra suficiente”, acrescentou.

Os preços do minério de ferro, a commodity mais lucrativa da BHP, caíram para um patamar mínimo de três anos no final do ano passado em meio a preocupações sobre o estado do mercado imobiliário da China e as perspectivas para a economia global. 

O preço médio que a mineradora obteve por seu minério de ferro ficou 25% abaixo do período do ano anterior. Pelo cobre, outro negócio principal, a mineradora recebeu 19% a menos do que no mesmo período de 2021. 

“Estamos otimistas sobre as perspectivas de demanda na segunda metade de 2023 e em 2024, com o fortalecimento da atividade na China devido às recentes decisões políticas como o principal fator”, disse Henry. “Esperamos que a demanda doméstica na China e na Índia forneça contrapesos estabilizadores à desaceleração contínua no comércio global e nas economias dos EUA, Japão e Europa.”

A BHP tem buscado aumentar sua exposição a commodities como o cobre, que espera ter alta demanda à medida que o mundo se descarboniza e eletrifica. Como parte da estratégia, a empresa assinou em dezembro um acordo para comprar a mineradora de cobre australiana OZ Minerals, no que seria sua maior aquisição em mais de uma década. 

O conselho da OZ Minerals recomendou unanimemente que os acionistas votassem a favor do acordo, que dá à empresa um valor empresarial de 9,6 bilhões de dólares australianos (cerca de US$ 6,6 bilhões).

Os proventos da companhia também recuaram em relação ao ano anterior. Os diretores da mineradora declararam um dividendo intermediário de US$ 0,90 por ação, em comparação com o valor recorde de US$ 1,50 por ação no meio do ano anterior.

Infomoney - SP   22/02/2023

Resultados sólidos e anúncio de pagamento de dividendos bilionários, mas sem representar um grande catalisador para as ações, que devem seguir principalmente as visões para o minério de ferro.

Esta é a avaliação geral dos analistas sobre o resultado do quarto trimestre de 2022 (4T22) da Vale (VALE3), que teve um lucro líquido (atribuído aos acionistas) de US$ 3,724 bilhões, ante um número de US$ 4,455 bilhões no terceiro trimestre de 2022 e de US$ 5,427 bilhões no quarto trimestre de 2021, baixa anual de 30,4% e trimestral de 16,4%. A projeção Refinitiv era de um lucro de cerca de US$ 2,5 bilhões para a mineradora.

Conforme destaca o Bradesco BBI, a mineradora reportou um 4T22 sólido (e em linha com o estimado), sustentado por volumes de minério de ferro sazonalmente mais fortes e sólida realização de preços, enquanto os resultados de metais básicos registraram uma forte recuperação no trimestre. O desempenho de custo na divisão de minério de ferro, que tem sido uma variável observada de perto pelos investidores, ficou em linha com as estimativas da casa. “Outro destaque positivo foi a recuperação operacional na divisão de Metais Básicos, embora reconheçamos os níveis deprimidos do 3T22”, aponta o banco.
:

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de US$ 5 bilhões no 4T22 ficou em linha com os US$ 5 bilhões do consenso de mercado e do Bradesco BBI, crescendo 25% no trimestre e recuando 28% no comparativo anual. Ajustando o Ebitda para US$ 375 milhões em despesas relacionadas a Brumadinho, atingiu US$ 4,6 bilhões.

Além dos maiores preços realizados de minério de ferro, níquel e cobre, os custos da mina ao porto estáveis para o minério de ferro foram os destaques na frente operacional, aponta a XP.

O Morgan Stanley avalia que o caixa das operações foi significativamente maior do que a estimativa devido aos resultados operacionais mais altos e aos requisitos de capital de giro mais baixos (principalmente por conta de estoques mais baixos).

A leitura é neutra também para o Credit, que aponta um Ebitda 3% acima do esperado pela casa com o maior preço realizado de minério de ferro e menores “custos caixa C1” (custo de produção dos finos de minério de ferro da mina ao porto). Por outro lado, vê que a geração de caixa no trimestre foi fraca, impactada pela dinâmica sazonal de capital de giro.
O que esperar para a Vale? Depende do que espera para o minério

A mineradora ainda anunciou  distribuição de dividendos de R$ 8,13 bilhões, ou R$ 1,827 por ação; os papéis serão negociadas ex-dividendo na B3 e na NYSE a partir de 14 de março de 2023.

Para o Morgan Stanley, o valor ficou abaixo do consenso de mercado de US$ 2,2 bilhões e dos US$ 3,0 bilhões que tinham  no modelo.

Cabe ressaltar que a empresa mencionou que já completou aproximadamente 43% de seu último programa de recompra de 500 milhões de ações (US$ 3,4 bilhões gastos para recomprar 213 milhões de ações até hoje).

Nesse cenário, a XP ressalta que a Vale continua comprometida com a disciplina de capital, com a maior parte de sua geração de caixa retornando aos acionistas.

Assim, os principais temas a serem observados a partir daqui são (i) os riscos do aumento das taxas de royalties no Brasil; (ii) até onde (e por quanto tempo) durará a alta do preço de minério de Ferro; (iii) monetização nas operações de metais básicos; (iv) influência da Cosan na próxima AGO sobre a nova Diretoria a ser eleita, e; (iv) demanda chinesa de aço após o fim dos bloqueios.

“Ainda gostamos da tese de investimento de longo prazo da Vale e é por isso que mantemos nossa recomendação de compra, mas no curto prazo estamos receosos com a discrepância da alta do preço de minério de ferro em relação a outras commodities (principalmente petróleo)”, aponta a XP.

O Bradesco BBI também permanece construtivo quanto ao momentum de ganhos da Vale à frente, pois espera que a empresa se beneficie fortemente de um ambiente de preços de minério de ferro mais benigno em 2023 e de um desempenho operacional mais saudável na divisão de metais básicos.

“Além disso, notamos que a empresa continua focada na remuneração dos acionistas, enquanto sua ‘dívida líquida expandida’ permanece sob controle em US$ 14 bilhões”, aponta. Assim, mantém recomendação de compra para VALE3, com preço-alvo de US$ 23 por ADR (papéis da companhia brasileira negociados na Bolsa de Nova York), potencial de valorização de 35% frente o fechamento da véspera.

Por outro lado, os mais céticos com a tese em Vale também mantêm as suas recomendações. O JPMorgan, que recentemente rebaixou a recomendação para os ativos para neutra, destacou que não são esperadas grandes revisões para os números da companhia após o resultado.

“Nossas conversas sugerem que os investidores estão atualmente com incertezas sobre a direção dos preços do minério de ferro. Embora a maioria acredite que os preços provavelmente cairão no médio prazo, as discussões são sobre se poderemos ver outro rali no curto prazo, antes que os preços comecem a se normalizar. Acreditamos que o sentimento e as perspectivas serão os principais impulsionadores das estimativas de lucros para 2023”, avalia a instituição.

O UBS BB também segue com sua visão negativa para a ação, com recomendação de venda e preço-alvo de US$ 12 para o ADR (ou queda de 30% em relação ao fechamento da véspera).

“Atualmente, a Vale está precificando o minério de ferro a US$ 109 a tonelada ante nossa previsão de US$ 95  a tonelada até o final de 2023. De acordo com nossas estimativas, o recente rali do minério de ferro é principalmente por especulação sobre a reabertura da China, em vez dos fundamentos”, destaca o banco, que vê possíveis pressões para baixo nos preços da commodity em meio à recente alta dos embarques de minério.

Em relatório, o Credit Suisse ainda apontou que os investidores acompanham a teleconferência de resultados de olho nas atualizações da empresa sobre a venda minoritária da divisão de metais básicos e sobre algum acordo de pagamento final em relação ao incidente de Mariana.

Valor - SP   22/02/2023

A Rio Tinto reportou uma queda de 41% no lucro líquido para 2022 e cortou seu pagamento aos acionistas, refletindo uma queda nos preços do minério de ferro e do cobre.

A segunda maior mineradora do mundo em valor de mercado disse na quarta-feira que obteve lucro líquido de US$ 12,42 bilhões no ano passado, abaixo dos US$ 21,09 bilhões em 2021.

Os ganhos subjacentes totalizaram US$ 13,28 bilhões, em comparação com US$ 21,38 bilhões no ano anterior, com a queda dos preços do minério de ferro - que responde pela maior parte dos lucros da Rio Tinto - e do cobre.

Os analistas esperavam ganhos subjacentes de aproximadamente US$ 13,39 bilhões, de acordo com 15 estimativas compiladas pelo Visible Alpha.

Os diretores da Rio Tinto declararam um dividendo final de US$ 2,25 por ação, elevando o pagamento total do ano para US$ 4,92 por ação.

"Apesar das condições desafiadoras do mercado, continuamos resilientes", disse Jakob Stausholm, diretor executivo da Rio Tinto.

A BHP Group Ltd., maior mineradora do mundo, divulgou na terça-feira uma queda de 32% em seu lucro líquido no primeiro semestre e reduziu seu dividendo intermediário de um nível recorde, principalmente por causa dos preços mais fracos do minério de ferro e do cobre.

A Rio Tinto ganha a maior parte de seu dinheiro com as vastas operações de mineração de minério de ferro que opera no remoto noroeste da Austrália. Embora os embarques dessas operações tenham ficado estáveis em 2022 em relação ao ano anterior, o preço médio pago por seu minério foi 26% menor em relação ao ano anterior.

Os preços do ingrediente de aço caíram para uma mínima de três anos no final do ano passado em meio a preocupações sobre o estado do mercado imobiliário da China e as perspectivas para a economia global.

A Rio Tinto disse que o preço obtido pelo cobre, um metal industrial usado na construção e manufatura, também ficou 5,0% abaixo dos níveis de 2021.

A gigante da mineração, que também produz bauxita, alumínio e diamantes, também enfrenta pressões inflacionárias de custos em seus negócios.

Ele disse que o custo de mineração em suas minas de minério de ferro australianas superou suas expectativas em 2022, em grande parte por causa dos preços mais altos do diesel e das despesas trabalhistas. Os chamados custos de caixa unitários para esse negócio totalizaram US$ 21,30 a tonelada, em comparação com a previsão da empresa de US$ 19,50 a US$ 21,00 a tonelada.

Valor - SP   22/02/2023

De janeiro a março, ocorre muita chuva nas regiões produtoras do Brasil e ciclones nos portos da Austrália, os dois maiores fornecedores da commodity no mundo.

O mercado de minério de ferro, a principal commodity da indústria minero-siderúrgica, terá um primeiro trimestre sem sobressaltos à vista, além da tradicional sazonalidade. É comum, de janeiro a março os impactos climáticos - muita chuva nas regiões produtoras do Brasil e ciclones nos portos da Austrália, maior fornecedor global. Por isso, os preços costumam ser pressionados nesse período, pois a China, grande consumidor mundial, é muito sensível às oscilações de oferta. É dominado por traders, que têm muita força, inclusive de apetite especulativo. 

A produção de minério de ferro encontra-se 75% concentrada no Hemisfério Sul - Austrália, Brasil e África do Sul, principalmente -, explica José Carlos Martins, sócio-diretor da Neelix Consulting Mining & Metals. “O que vemos nesse período? A produção de minério cai e a de aço se mantém”, diz o consultor. 

Isso, em grande parte, explica o fato de os preços do minério terem chegado a US$ 130 a tonelada neste ano, tendo fechado na sexta-feira (17) a US$ 127,30. No Brasil, por exemplo, vive-se um verão com muita chuva em 2023 e isso impacta a produção nas minas e transporte pelas ferrovias. 

Conforme Martins, 95% da fabricação de aço no mundo é feita no Hemisfério Norte - EUA, Europa e Ásia - e não é afetada por problemas climáticos. Apenas o Brasil é o grande produtor siderúrgico no Hemifério Sul. 

obre a curva de preços, ele informa que no primeiro semestre de 2021, a cotação do minério chegou a US$ 220, vindo a cair para a faixa dos US$ 80 a tonelada. Em 2022, o produto saltou para US$ 159 em decorrência da guerra da Ucrânia - depois se ajustou, batendo em US$ 79 por volta de outubro/novembro. “Neste ano, o efeito está menos acentuado do que nos dois últimos”, afirma o consultor. 

“O fenômeno que se vê no momento é o mesmo, com pesos diferentes”, diz Martins. Mas o mercado está regulado, sem oferta e sem demanda adicionais. Produção e consumo, em âmbito global, estão na casa de 2,3 bilhões a 2,4 bilhões de toneladas. “Antes ainda havia algum excesso de produção. Já não existe mais”. 

Os preços da commodity, neste trimestre, já chegaram ao limite, na avaliação do consultor, que foi diretor da área de ferrosos da Vale por dez anos, até 2014. “A não ser um grande fato, como a guerra da Ucrânia. No caso da Turquia, o impacto será centrado no mercado de sucata ferrosa, pois é um grande consumidor mundial”, afirma. 

Para Martins, a China continua tendo papel expressivo no mercado. “A produção de ferro-gusa local, que é usado nos altos-fornos e que requer minério de ferro para ser fabricado, caiu apenas 0,6% em 2022. A mesmo tempo, a produção de aço do país recuou mais de 2%”. 

Na sua visão, o grande problema de demanda de minério de ferro está no Ocidente, onde a produção de gusa sofreu forte queda - caiu de 600 milhões para 536 milhões de toneladas. “Não há problema na China, mas, sim, no resto do mundo”, diz. 

Ele lembra que a produção de aço bruto da China, em 2022, foi só 20 milhões de toneladas abaixo do volume do ano anterior. Fechou em 1,013 bilhão de toneladas. 

Para este ano, a previsão é de preço médio entre US$ 110 e US$ 120 a tonelada. Em 2020, foi de US$ 110; no ano seguinte, US$ 165; e no ano passado, US$ 120. 

“Em 2020, apesar da pandemia, a China bateu recorde de produção de aço; em 2021, fez ajustes forçados pelo governo, enquanto o Ocidente voltou muito consistente, puxando os preços para cima”, comenta.

Há um ano, em 24 de fevereiro a Rússia invadiu a Ucrânia e provocou uma grande tensão econômica no Ocidente. As fontes de energia da Europa, incluindo gás para uso nas siderúrgicas e outras atividades industriais, foram afetadas. Preços de aço e minério subiram. 

O mercado total de minério de ferro, informa, vai continuar mais ou menos igual, com demanda e oferta na faixa de 2,3 bilhões a 2,4 bilhões de toneladas. Já o mercado transoceânico, que de fato mexe com os preços, é da ordem de 1,5 bilhão de toneladas. E quase 100% desse volume vem do Hemisfério Sul, lembra Martins. 

Valor - SP   22/02/2023

Presidente da Câmara quer pautar direto em plenário matéria relatada por deputado bolsonarista.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), avisou a aliados e ao setor de mineração que pretende pautar em breve para votação em plenário um projeto de lei que altera o Código de Mineração. O texto, com relatoria do deputado Joaquim Passarinho (PL-PA), agiliza a liberação de licenças e amplia o entendimento sobre o que é garimpo. 

A proposta pode ser uma das primeiras a opor Lira ao governo Lula. O PT boicotou o grupo de trabalho criado pelo presidente da Câmara no ano passado, ainda no governo Bolsonaro, e faltou à votação do parecer em dezembro com o argumento de que um projeto desses “não é prioridade”. 

“Discordamos em muitas coisas desse anteprojeto”, disse o deputado Odair Cunha (PT-MG). Entre os pontos de desentendimento, segundo o petista, estão regras sobre desapropriação de áreas para exploração mineral, o dispositivo que coloca o interesse minerário acima de outros interesses e a autodeclaração para as empresas de mineração ou permissionárias.

Lira já conversou com Passarinho para orientar que ele se prepare, porque pretende levar o texto à votação nos próximos dias. Ainda não há uma data exata. Como o projeto foi aprovado apenas por um grupo de trabalho, teria que passar ainda pelas comissões, mas o presidente da Câmara quer votar requerimento de urgência para pular esta etapa e fazer a discussão diretamente no plenário. 

Há duas semanas, numa feira do setor em Vitória, Lira afirmou que o Código de Mineração é “um tendão de Aquiles (sic)” do Congresso porque todas as tentativas de mudá-lo desde 2011 “foram bombardeadas”. “É um tema importante, que precisa ter finalização mais moderna. O código atual não permite diversas situações pontuais de exploração e comercialização, de prospecção, de licenças. Esperamos resolver esse problema”, disse. 

O anteprojeto elaborado pelo grupo de trabalho de 2022 é uma segunda tentativa do presidente da Câmara de tratar deste tema. Ele criou outro grupo de trabalho em 2021, mas o anteprojeto aprovado por seus integrantes foi engavetado. Na época, o texto foi criticado porque sua relatora, deputada Greyce Elias (Avante-MG), tinha relação próxima com o setor - o marido possuia empresas de mineração - e pela ideia de aprovação tácita das licenças, outorgas e requerimentos caso a Agência Nacional de Mineração (ANM) não respondesse sobre os pedidos no prazo. 

Lira decidiu criar um segundo grupo de trabalho para refazer o projeto e indicou Passarinho como relator. O parlamentar do PL excluiu esse dispositivo. “Não tem como existir aprovação automática para algo tão sensível. Mas determinamos que a agência deverá estabelecer prazos próprios para decidir sobre os pedidos, não pode ficar sentada em cima”, justificou Passarinho. O projeto também não trata dos royalties da mineração. “São pontos para modernizar a lei e estimular os investimentos.” 

Entre os pontos em que há convergência, está a utilização do título de direito minerário em operações financeiras, como lastro de empréstimos, e que o titular da lavra apresente condições financeiras de explorá-la e seja obrigado a promover a recuperação do ambiente degradado. 

Nem todas as mudanças, contudo, agradaram ao setor. O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) avalia como negativos o limite de apenas seis anos para os alvarás de pesquisa, a exclusão de que a mineração é uma atividade de utilidade pública, que constava do relatório do GT anterior, e a possibilidade de que garimpeiros explorem a superfície mesmo sem aval da empresa detentora dos direitos de exploração do subsolo, além de garantir a esse garimpeiro a lavra para operações de maior porte caso encontre na superfície minério que não seja garimpável e que não esteja sob titularidade da empresa que atuava na área. 

Para Passarinho, essas autorizações se justificam para ampliar a atividade mineral. “Hoje existe essa possibilidade de exploração da superfície, mas a empresa nunca autoriza”, comentou. Já o Ibram considera que causa insegurança jurídica. “Qualquer tipo de medida que possa afetar a competitividade e a atração de investimentos é crítica para nós. O setor mineral brasileiro tem grande dependência de capital externo. Só a notícia de que vamos discutir o código mineral é capaz de abalar a atração de investimentos, mas estamos abertos a discutir", disse o diretor de Relações Institucionais do Ibram, Rinaldo Mancin. 

Paralelamente a essa discussão, a Câmara deve votar projeto de lei que aumenta a pena para quem utilizar mercúrio para o garimpo, dos atuais 1 a 4 anos de prisão para de 5 a 15 anos de prisão. Lira pediu aos partidos que selecionem três projetos como prioridades para levar à votação no plenário e esse projeto de lei foi destacado pelo líder do Solidariedade, deputado Aureo Ribeiro (RJ). 

Máquinas e Equipamentos

Construção Latino-americana - SP   22/02/2023

“A indústria de construção do Brasil tem lutado com aumentos de custos e aumento dos prazos de entrega no ano passado, com níveis recordes de capacidade e estoques fortemente esgotados, levando a uma lacuna substancial de demanda e oferta que elevou os preços.”

Falando em meados de 2022 sobre o lançamento de um relatório da GlobalData , Jack Riddleston , economista da empresa de análise com sede no Reino Unido, resumiu os desafios da indústria de construção brasileira.

O relatório previu que o crescimento diminuiria ainda mais em 2023, para apenas 1,4%, pois o aumento dos custos e a falta de disponibilidade de materiais causam atrasos significativos e aumentos de custos.

Com a posse do novo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em 1º de janeiro, as perspectivas econômicas gerais permaneceram instáveis; o governo revisou no mês passado sua previsão oficial de crescimento para 2023 de 2,5% para 2,1%.

Mas para o mercado de locação esses desafios podem apresentar oportunidades. Um relatório divulgado em novembro pela Fitch, especialista em classificação de crédito e pesquisa dos EUA, afirmou que “a expansão da margem, resultando em maior retorno sobre o capital investido (ROIC) e um ROIC spread sobre o custo da dívida em níveis em linha com os números históricos, deve permitir o aluguel empresas a conciliar suas estratégias de crescimento e renovação de frota com adequada alavancagem financeira.

“Para as locadoras de caminhões, máquinas e equipamentos, o mercado pouco penetrado deve continuar a permitir o crescimento”, disse a Fitch.
O emergente mercado de aluguel no Brasil

Essa é a visão de Sérgio Kariya, CEO da Mills, uma das maiores locadoras do Brasil – a empresa aluga e vende equipamentos motorizados de acesso, como plataformas aéreas e manipuladores telescópicos, além de máquinas de terraplenagem, compressores e grupos geradores – e também oferece serviços especializados de engenharia.

Em julho de 2022, a Mills entrou no mercado de aluguel de equipamentos pesados com uma aquisição significativa - Triengel Locações e Serviços ( Triengel ) – cuja frota é composta por 245 máquinas entre pás carregadeiras, rolos compactadores, minicarregadeiras e retroescavadeiras.

O negócio foi fechado por meio da Solaris, subsidiária da Mills, por R$ 133,7 milhões (€ 24 milhões).

A Mills também se comprometeu a investir mais R$ 225 milhões (€ 40,7 milhões) em equipamentos de terraplenagem no segundo semestre de 2022 e no primeiro trimestre de 2023.

Kariya disse à IRN que, apesar da incerteza sobre os planos do recém-empossado presidente Lula para a economia, o plano da empresa é capitalizar no emergente mercado de aluguel do Brasil; seus níveis de penetração oferecem “enormes oportunidades de consolidação e crescimento”, diz ele.

“Estimamos que cerca de 25% dos equipamentos estejam nas mãos de locadoras, enquanto a maior parte dos equipamentos está nas mãos dos usuários finais; porém, nos últimos anos esse cenário vem mudando e a cada ano vem crescendo a proporção de máquinas vendidas para locadoras e não para usuários finais”, afirma.

Nos últimos anos, Mills enfrentou desafios familiares, principalmente a pandemia.

“O grande desafio da cadeia de suprimentos durante a pandemia foi equilibrar a demanda com o planejamento da entrega dos equipamentos.”

A crise na cadeia de suprimentos posteriormente representou um desafio a mais, mas a empresa manteve o foco em melhorar seus processos, aumentar a produtividade e recuperar a lucratividade, diz.
Aquisições e fusões de aluguel

“Se olharmos para o crescimento de nossa receita entre 2018 e os 12 meses até novembro de 2022, crescemos a uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 34%; por outro lado, nossa margem EBITDA expandiu em um CAGR de 78%.”

Grande parte desse crescimento decorre da fusão concluída em 2019 entre a Mills e a principal empresa de aluguel Solaris; quando o negócio foi anunciado, os negócios combinados foram projetados para ter uma frota de 8.400 plataformas aéreas (Mills com 5.700 e Solaris 2.700), a maior da América Latina.

Desde então, a empresa aproveitou ao máximo as “sinergias” da fusão, diz Kariya, mas também aumentou a cobertura de mercado, presença e concluiu outras aquisições.

Atualmente, a Mills possui uma frota de 10.000 pessoas, incluindo plataformas aéreas, grupos geradores, compressores de ar e máquinas de terraplenagem e, embora não divulgue os números dos investimentos planejados, “pretendemos continuar investindo em nossas linhas de produtos”, confirma Kariya.

“Se você olhar para nossas receitas, construção ou infraestrutura representa apenas aproximadamente 35% da receita total da Mills,“ - O crescimento da Mills se deve principalmente ao “aumento constante da penetração em outros setores da economia brasileira como indústria, serviços e outros,” ele diz – “No entanto, devido aos recentes leilões e licitações de infraestrutura, será um caminho de crescimento muito interessante para os próximos anos e uma fonte de crescimento de receita.

“Temos rodovias, ferrovias, aeroportos e concessões de saneamento que vão exigir equipamentos diversificados como plataformas aéreas, grupos geradores, compressores de ar e também maquinário pesado.”

A Mills tem se concentrado no crescimento por meio de aquisições nos últimos tempos; as concluídas nos últimos dois anos incluem a especialista em plataformas elevatórias Tecpar Equipamentos (abril de 2022); grupo de aluguel de elevadores aéreos Altoplat (dezembro de 2021); especialista em plataformas aéreas SK Rental (maio de 2021); e especialista em plataforma de acesso de baixo nível Nest Rental (abril de 2021).

“O mercado de aluguel é bastante fragmentado. O setor de plataformas aéreas, apesar de deter 30% do mercado, ainda tem oportunidades relevantes para se consolidar.

“E no mercado de terraplenagem, por exemplo, não existe um player dominante. Hoje, o maior player de EMM tem aproximadamente 4% de participação no mercado.”

“Portanto, estamos muito focados em oportunidades de fusões e aquisições e acreditamos que existem oportunidades interessantes de consolidação.”
Fornecedores aumentam a demanda

O mercado de locação do Brasil também parece oferecer oportunidades para fabricantes de equipamentos.

“O mercado de locação ganhou destaque nos últimos anos e representa uma parcela significativa das vendas globais da linha amarela da John Deere”, diz Leandro Santos - Gerente de Negócios Corporativos da John Deere Brasil, referindo-se a máquinas voltadas para construção civil, agricultura, infraestrutura e mineração .

“A tendência de locação cresceu, mas tem exigido equipamentos tecnológicos cada vez mais robustos para atender o cliente e garantir a vida útil adequada do equipamento, seja qual for o desafio que vier.”

Santos cita dados divulgados recentemente pela Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração ( Sobratema ), mostrando que enquanto o aluguel apresentou queda de 3% em 2022, o setor registrou crescimento consecutivo desde 2018.

“O mercado de equipamentos para construção é muito amplo e as oportunidades de locação são consideráveis. Temos uma excelente demanda nos setores de infraestrutura, mineração e agronegócio, mas ainda estamos em busca de novas entradas.

“O setor de locação de equipamentos para construção e mineração não é mais uma aposta, é uma realidade.”
Expansão da frota: aluguel de equipamentos continua com demanda crescente

A Rental no Brasil está tendo um bom desempenho para a Manitou, especialista em equipamentos de movimentação, elevação e terraplenagem, fornecedora líder de manipuladores telescópicos para locadoras, com alcance de seis metros a 30 metros de altura de elevação, com capacidade de carga respectivamente de 2,5 toneladas a 33 toneladas.

Marcelo de A. Bracco, Diretor Gerente para as regiões Brasil e América Latina, diz que as locadoras estão investindo para expandir suas frotas, e algumas também estão abrindo filiais em todo o país.

“A meu ver, os principais fatores que motivariam tal movimento seriam o fato de cada vez mais usuários finais estarem fazendo a opção de alugar uma máquina, ao invés de comprá-la, vendo vantagens na alternativa de aluguel.

“Além disso, a economia no Brasil teve um ano favorável [2022], com fortes avanços nos negócios de agricultura, mineração e construção, impactando positivamente o negócio de aluguel de máquinas.

“Especificamente para o mercado de locação, o Grupo Manitou oferece no Brasil e países da América Latina plataformas elevatórias móveis de trabalho, denominadas MEWPs, sendo máquinas articuladas de 12 metros a 28 metros , nas versões diesel e elétrica.

“Mais recentemente, lançamos com sucesso a linha de minicarregadeiras, de cerca de 600 kg a 1.500 kg de capacidade nominal de operação, e retroescavadeiras de 90 cv, que têm feito sucesso em toda a LATAM e estão aumentando fortemente nosso faturamento e penetração no mercado em todos os países”.

A oferta do Grupo Manitou para o mercado de aluguel tradicionalmente incluía manipuladores telescópicos para serem usados em aplicações de petróleo e gás ou mineração ou empilhadeiras para serem usadas em um local industrial.

“No entanto, vemos mais recentemente que MEWPs e minicarregadeiras são os modelos que têm um desempenho muito bom com as locadoras no Brasil.”

“Entre os projetos de construção e investimentos em infraestrutura de petróleo e gás, um projeto interessante são os investimentos em painéis solares que estão sendo construídos no norte do Brasil, que usam manipuladores telescópicos Manitou, devido à confiabilidade e robustez de nossos produtos e às habilidades técnicas que temos próprio em tais máquinas.”
Crise e oportunidades

“Para nós da América Latina, eu diria que a economia da região sempre foi uma montanha-russa e aprendemos ao longo dos anos a conviver com isso”, afirma.

“Só para citar alguns exemplos, quando tivemos a crise da construção civil no Brasil, de 2015 a 2018, focamos nossa atenção na venda de máquinas agrícolas e de mineração lá.

“Agora, vemos a Argentina em um momento mais difícil, e temos o Brasil em alta no mercado de máquinas. Em resumo, precisamos ser criativos, flexíveis e rápidos em nossa reação em uma região complexa como a América Latina.”

AUTOMOTIVO

O Estado de S.Paulo - SP   22/02/2023

Mais de três anos depois de Elon Musk surpreender a indústria automobilística com uma caminhonete elétrica que mais parecia um caça de guerra do que um veículo para transportar tocos de madeira e materiais de construção, a Tesla disse no mês passado que começaria a montar a picape até o final de 2023.

O anúncio ajudou a alimentar uma recuperação do preço das ações da montadora, mas também trouxe de volta o debate sobre se a caminhonete, chamada Cybertruck, cujo lançamento foi adiado tantas vezes, é um trabalho de gênio ou uma prova da arrogância de Musk.

Seria muito improvável o CEO da Tesla criar uma picape “comuns”, como semelhante a Ford F-150, a Chevrolet Silverado ou a Ram 1500 – três dos veículos mais vendidos nos Estados Unidos.

Com sua carroceria angular de aço inoxidável, a Cybertruck é uma tentativa de redefinir as picapes da mesma forma que a Tesla revolucionou o senso comum da indústria automobilística, provando que os veículos movidos a bateria poderiam ser práticos e lucrativos.

Segundo a Tesla, uma versão topo de linha da caminhonete será capaz de rebocar seis toneladas e acelerar mais rápido que um Porsche 911. As portas da Cybertruck vão abrir automaticamente quando o motorista se aproximar dela.

Ela é importante porque será o primeiro veículo lançado pela Tesla em três anos e poderia contribuir para dar um novo frescor a uma linha de modelos que alguns compradores consideram ultrapassada. Montadoras consagradas, como a Ford, General Motors e Hyundai, lançaram vários novos modelos elétricos desde que o Model Y, o último lançamento da Tesla, foi colocado à venda no início de 2020.

Nervos de aço

Entretanto, a Cybertruck está tão atrasada que alguns especialistas do setor se perguntam se ela virou outro exemplo da tendência de Musk de levar as fronteiras tecnológicas à beira do desastre. Em 2018, sua determinação em criar uma linha de montagem extremamente automatizada para o sedã Model 3 levou a um “inferno na produção” e quase acabou com a empresa antes de ele optar por práticas de fabricação mais padronizadas.

Desta vez, é a escolha do aço inoxidável para a carroceria da Cybertruck que faz com que os especialistas do setor balancem a cabeça em sinal de desaprovação.

O aço inoxidável resiste à corrosão e não precisa ser pintado, eliminando um custo e a necessidade de revestimentos químicos tóxicos para o meio ambiente. Mas ele também é caro e difícil de se modelar e soldar. Ele costuma ser mais pesado que o aço usado na maioria dos outros carros, reduzindo a autonomia do automóvel.

Há uma razão para apenas uma empresa do ramo ter tentado produzir em massa um veículo com uma carroceria em aço inoxidável. Foi a DeLorean, que faliu depois de produzir menos de 10 mil veículos, que são mais conhecidos por seu papel de protagonista como uma máquina do tempo nos filmes da trilogia “De Volta para o Futuro”.

“Musk é um exemplo de como a fetichização das startups de tecnologia e seus líderes pode mais cedo ou mais tarde levar esses líderes a tomar decisões ruins”, disse Patrick McQuown, diretor-executivo de empreendedorismo da Universidade Towson, em Maryland. “Para mim, a insistência no aço inoxidável é uma demonstração de sua convicção de que ele tem alguma compreensão única do mercado e que o mercado vai comprar tudo o que ele oferece porque saiu da mente de Elon Musk.”

Musk é um exemplo de como a fetichização das startups de tecnologia e seus líderes pode mais cedo ou mais tarde levar esses líderes a tomar decisões ruins

Patrick McQuown, diretor-executivo de empreendedorismo da Universidade Towson

O aço inoxidável custa mais do que o aço utilizado na maioria dos automóveis porque contém cromo e, muitas vezes, outros componentes, como o níquel e o molibdênio, que têm alta demanda. A tendência do aço inoxidável de voltar para sua forma original significa que não pode ser usado em para-lamas e outras peças tão facilmente quanto o aço mais flexível utilizado pela maioria das montadoras. Ele também exige técnicas especiais de soldagem.

Esses desafios provavelmente ajudam a explicar a razão da Tesla estar dois anos atrasada na fabricação da Cybertruck, que a empresa planeja produzir em sua fábrica em Austin, no Texas.

“A Tesla acha que pode resolver qualquer problema e não precisa aprender com mais ninguém”, disse Raj Rajkumar, professor de engenharia da Universidade Carnegie Mellon, “e depois ficam presos numa situação difícil de se lidar”.

A montadora disse em sua divulgação de resultados no mês passado que começaria a produzir a Cybertruck antes do fim deste ano. No entanto, Musk retificou essa afirmação durante uma reunião com analistas e investidores, dizendo que a empresa não começaria a fabricar o veículo em grande escala até 2024. Quando a Tesla apresentou a Cybertruck, afirmou que o veículo estaria à venda em 2021.

Ela “não contribuirá significativamente para o balanço final” de 2023, disse Musk, “mas fará isso no próximo ano”.

A Tesla praticamente não compartilhou qualquer informação a respeito de como superará os desafios de trabalhar com aço inoxidável, que incluem a segurança. O aço usado na maioria dos automóveis é projetado para amassar no caso de um acidente, absorvendo o impacto e protegendo os passageiros. O aço inoxidável não amassa tão facilmente, expondo os passageiros a mais força do impacto.

A Tesla não respondeu a um convite de posicionamento.

Foguete

Há indícios de que a caminhonete usará uma fórmula de aço inoxidável igual ou semelhante à utilizada pela SpaceX, a empresa de foguetes comandada por Musk. Charles Kuehmann, vice-presidente de engenharia de materiais da SpaceX, tem o mesmo cargo na Tesla.

Kuehmann foi cofundador da QuesTek, uma empresa de design de materiais, e trabalhou numa equipe de design na Apple. Sua reputação como pioneiro no uso de novos materiais dá a certeza a alguns especialistas em engenharia de que a Tesla desenvolveu uma liga que superará os desafios do aço inoxidável.

Kuehmann não respondeu a um pedido de comentário.

A carroceria da Cybertruck não tem nenhuma das curvas típicas da maioria dos veículos, apresentando em vez delas painéis planos de aço que, segundo especialistas, provavelmente são cortados com lasers e depois soldados, acabando com a necessidade de máquinas de estamparia potentes.

“De modo geral, o conceito pode fazer sentido”, disse Kip Findley, professor de engenharia metalúrgica e de materiais na Escola de Minas do Colorado, que fez pesquisas sobre aço avançado para veículos. “Isso está estimulando o avanço da evolução do aço e fazendo as pessoas pensarem sobre ele de uma maneira diferente, o que é bom.”

Isso está estimulando o avanço da evolução do aço e fazendo as pessoas pensarem sobre ele de uma maneira diferente, o que é bom

Kip Findley, professor de engenharia metalúrgica na Escola de Minas do Colorado, EUA

“Mas há algumas questões em aberto”, acrescentou Findley. Elas incluem como os proprietários irão consertar os danos à carroceria da Cybertruck, à qual a Tesla se refere como um “exoesqueleto”. O aço inoxidável amassa menos facilmente que o aço convencional da carroceria de um carro, porém, uma vez danificado, ele é mais difícil de recuperar o formato original.

Como a única empresa a produzir em massa carrocerias de aço inoxidável, a Tesla não vai conseguir tirar proveito da economia de escala compartilhada por outras montadoras. Isso poderia tornar a produção da caminhonete mais cara.

Quando a Tesla apresentou a Cybertruck, disse que o preço inicial seria de pouco menos de US$ 40 mil. Mas a expectativa é de que o preço final fique bem acima disso.

A Tesla está aceitando reservas para a Cybertruck, que custam US$ 100, mas não menciona qual será o preço do veículo. Não foi divulgado quantas reservas foram feitas.

No mínimo, a Cybertruck vai se destacar em uma área cheia de opções.

As carrocerias de aço inoxidável são “possíveis com certeza”, disse Wei Xiong, professor de metalurgia e design de materiais da Universidade de Pittsburgh, observando que o design auxiliado por computador permite aos pesquisadores desenvolver materiais de alto desempenho muito mais depressa do que há alguns anos. “Entendo por que ele quer seguir esse caminho.” / TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

O Estado de S.Paulo - SP   22/02/2023

O presidente do México, Manuel López Obrador, confirmou ontem que a empresa de carros elétricos Tesla instalará uma fábrica no país, mas avisou que conversará com o maior acionista da companhia, o magnata Elon Musk sobre a sua localização.

“Esta é uma notícia muito boa. Agradecemos a essa empresa por decidir se instalar em nosso país. O México é um dos países, se não o primeiro, que estão entre os três com mais oportunidades de investimentos estrangeiros e criação de empresas”, declarou Obrador.

O presidente mexicano fez o anúncio em meio à polêmica sobre o local da fábrica. O governo federal quer que a fábrica seja instalada próxima ao Aeroporto Internacional Felipe Ángeles (AIFA), obra prioritária para ele, enquanto o governo do Estado de Nuevo León quer receber o projeto.

Obrador argumentou que seu governo quer “ordenar o crescimento” para evitar a escassez de serviços básicos como água e eletricidade. “Já existem lugares no país onde não há água suficiente, e temos de cuidar da água para consumo doméstico e um dos Estados que têm problemas por falta de água é Nuevo León.”

Na semana passada, o governador de Nuevo León, o opositor Samuel García, afirmou que nos próximos dias a Tesla anunciaria sua chegada ao Estado, que faz fronteira com o Texas, nos Estados Unidos, e é um reconhecido polo industrial do país.

Prioridade

Questionado pela imprensa sobre se seu governo não quer que a planta seja instalada naquele Estado – que Musk visitou no ano passado –, Obrador respondeu que “em Nuevo León não tem água”.

“O governador está fazendo muito bem o seu trabalho, mas tem de haver um planejamento nacional”, disse. Nesse sentido, afirmou que, por enquanto, a outra opção para a fábrica da Tesla é o estado de Hidalgo, na área próxima ao aeroporto inaugurado em 2022.

Com carroceria angular de aço inoxidável, Cybertruck tenta reinventar a indústria automobilística da mesma forma que os sedãs da montadora

Valor - SP   22/02/2023

A Toyota Motor começará a produzir veículos elétricos no estado norte-americano de Kentucky já em 2025, para tentar capturar a crescente demanda por carros de energia limpa.

A montadora japonesa atualizará uma fábrica existente para produzir modelos elétricos ao lado de automóveis movidos a gasolina. Pretende produzir 10 mil veículos utilitários esportivos elétricos mensalmente até o fim de 2025.

A mudança capitaliza os novos incentivos do governo nos Estados Unidos, que é o maior mercado da Toyota, respondendo por um quinto de suas vendas globais. A Lei de Redução da Inflação, aprovada no ano passado, oferece créditos fiscais de até US$ 7.500 para compras de novos veículos elétricos montados na América do Norte.

Juntamente com uma fábrica de baterias programada para abrir na Carolina do Norte por volta de 2025, a fábrica de Kentucky permitirá que a Toyota produza componentes elétricos inteiramente nos Estados Unidos, desde os principais componentes até a montagem final.

A Toyota pretende fabricar cerca de 200 mil veículos elétricos nos Estados Unidos anualmente a partir de 2026, respondendo por quase 20% de sua produção local, juntamente com a produção no Japão, China e Índia. Ela planeja fornecer 1 milhão em todo o mundo por ano nessa época.

O novo presidente da montadora, Koji Sato, sinalizou que priorizará a mudança dos negócios rumo à eletricidade.

Apesar de ser a maior montadora do mundo, a Toyota produziu apenas 24 mil veículos elétricos em todo o mundo (incluindo sua marca de luxo Lexus) em 2022. A americana Tesla vendeu 1,31 milhão de unidades.

Os planos preveem o aumento das vendas globais de veículos elétricos para 3,5 milhões de unidades por ano até 2030.

A empresa britânica de pesquisa de mercado LMC Automotive prevê vendas globais de veículos elétricos de 36,71 milhões de veículos em 2030, quase quintuplicando em relação a 2022 e representando 35% do mercado de carros novos.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Valor - SP   22/02/2023

Concreto é responsável por emissões significativas de gases do efeito estufa.

As construtoras escaparam, em grande medida, do nível de atenção concentrada dirigido pelos ambientalistas às empresas de petróleo e gás, ou aos bancos. Mas o cimento e outros materiais de construção são responsáveis por emissões de carbono significativas, que o setor tenta sanear. 

Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), cerca de 33% das emissões ligadas a energia e processo globais em 2021 foram direta ou indiretamente produzidas pelo setor de construção, com aproximadamente 6% do total global tendo sido gerados pela produção industrial do cimento, aço e alumínio usados na construção civil. A AIE diz também que a intensidade de emissões da fabricação de cimento — a quantidade de CO2 por tonelada — aumentou cerca de 1,5% ao ano de 2015 a 2021. 

“As edificações são o epicentro de uma parte bastante significativa da pegada de carbono”, reconhece Guy Grainger, diretor global de sustentabilidade da empresa internacional de imóveis comerciais JLL. 

Há anos investidores ativistas ambientais e fundos de pensão de organizações religiosas brigam com empresas devido a suas emissões de carbono. Mas quase nenhuma campanha se voltou para as construtoras americanas, segundo mostram prestações de contas encaminhadas à autoridade reguladora do país. 

Agora, os governos interferem cada vez mais para incentivar as construtoras a serem mais verdes. Nos EUA, artigos da histórica Lei de Redução de Inflação visam reduzir as emissões de gases-estufa causadas por projetos de construção financiados pelo governo federal. Cidades americanas também têm introduzido padrões rígidos, de Nova York a Scottsdale, no Arizona. Em outubro de 2022, o prefeito de Nova York, Eric Adams, assinou um decreto destinado a reduzir as emissões de carbono nos projetos de construção municipais — e o documento inclui um apelo em favor do aumento do uso do concreto de baixo carbono. 

Na Europa, a Comissão Europeia propôs atualização ao desempenho energético de sua instrução normativa para construções em dezembro de 2021. Entre as maiores mudanças apresentadas está a certificação do “potencial de aquecimento global do ciclo de vida” de uma edificação — todas as emissões de gases-estufa decorrentes de sua construção, operação e desativação. 

Essas atualizações propostas já fizeram com que as maiores construtoras europeias investissem em produtos novos, mais verdes. Elas também estão modernizando a maneira com que abrem licitações para obter trabalho. 

A empresa suíça de materiais de construção Holcim vende seus produtos de selo verde por um valor mais elevado, observaram analistas do Morgan Stanley em relatório do ano passado. Atualmente seu concreto de baixo carbono, o EcoPact, representa 10% das vendas, mas a empresa prevê que essa fatia crescerá para 25% até 2025, disse o Morgan Stanley. A Holcim anunciou recentemente que seu concreto de baixo carbono está sendo usado em novos centros de dados destinados a abrigar a divisão de serviços de internet da Amazon. 

Na França, a construtora Eiffage trabalha com a Hoffmann Green Cement, um membro do grupo emergente de fabricantes de cimento de baixo carbono. Thomas Atkinson, diretor de desenvolvimento internacional da Hoffmann, diz que, pelo fato de seu processo não requerer aquecimento em forno — fonte de emissões significativas de carbono na produção de cimento convencional —, seu produto se tornou mais competitivo quando os custos com energia deram um salto, no ano passado. 

“Estamos próximos de ter o mesmo preço hoje — talvez [seja] um pouco mais”, destaca ele. 

Graças a essa crescente pressão regulatória e pública, a “demanda por produtos de baixo carbono no setor de material de construção vai crescer muito, progressivamente, nos próximos cinco anos”, prevê o analista de crédito Renato Panicho, da S&P Ratings. 

“Talvez vejamos o setor se distanciar, por meio da diversificação, do cimento padrão apenas”, com empresas capazes de manter os lucros estáveis, diante da alta dos custos do carbono, ao cobrar preços mais elevados pelo fato de serem mais verdes. Mas um dos maiores obstáculos a uma adoção mais acelerada do cimento de baixo carbono é a dificuldade de obter garantias e seguro para um novo produto, diz Grainger. “As pessoas muitas vezes testam novas tecnologias e assumem riscos.” 

A JLL estima que 80% dos prédios de escritório atuais ainda estarão em uso em meados do século. Assim, para manter baixas as emissões de carbono, as empresas tendem a fazer o retrofit de prédios preexistentes, em vez de derrubá-los para recomeçar do zero. 

Este trecho é parte de conteúdo que pode ser compartilhado utilizando o link https://valor.globo.com/eu-e/noticia/2023/02/21/como-as-construtoras-podem-reduzir-a-pegada-de-carbono.ghtml ou as ferramentas oferecidas na página.

Textos, fotos, artes e vídeos do Valor estão protegidos pela legislação brasileira sobre direito autoral. Não reproduza o conteúdo do jornal em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do Valor (falecom@valor.com.br). Essas regras têm como objetivo proteger o investimento que o Valor faz na qualidade de seu jornalismo.

Grainger também aponta para o crescente uso de madeira nas novas construções graças ao aperto da regulamentação sobre emissões de carbono e ao crescimento do contingente de inquilinos que solicita alternativas de construção verdes. No norte da Europa, as novas construções que incorporam madeira podem alcançar nada menos que 10 a 15 andares, e “sua aparência é absolutamente incrível”. 

No entanto, poucos materiais conseguem reproduzir a pura e simples dureza e acessibilidade financeira do cimento, diz Panicho. Isso significa que o setor tem de redobrar seus esforços no campo da tecnologia destinada a captar e armazenar carbono, argumenta ele — mas apenas as maiores indústrias estão assumindo a liderança nessa atividade. 

Quanto à possibilidade ou não de as empresas de cimento conquistarem a neutralidade em carbono até 2050 — um objetivo declarado da entidade de classe Global Cement and concrete Association —, Panicho se abstém de avaliar. “[É] difícil prever”, diz ele. (Tradução de Rachel Warszawski).

O Estado de S.Paulo - SP   22/02/2023

O governo relançou o Minha Casa Minha Vida (MCMV), programa habitacional que vigorou de 2009, no segundo mandato do presidente Lula da Silva, a 2020, quando foi substituído por sua versão bolsonarista, o Casa Verde e Amarela. Em sua nova roupagem, o Minha Casa Minha Vida pretende atender famílias com renda mensal de até R$ 8 mil, na área urbana, e renda bruta familiar anual de até R$ 96 mil, na zona rural.

Acertadamente, o governo Lula decidiu retomar a chamada faixa 1 e dar prioridade às famílias mais pobres, com renda máxima de R$ 2.640 mensais, na área urbana, e de R$ 31.680 anuais, na área rural. Para este público, entre 85% e 95% do valor do imóvel será bancado pela União, e o mutuário poderá financiar o restante.

Única faixa a ter direito a subsídios diretos do Tesouro Nacional, o público da faixa 1 começou a ser deixado de lado há alguns anos, mas foi completamente abandonado durante a administração de Jair Bolsonaro. A opção foi privilegiar as demais faixas, que tinham acesso a financiamentos com juros mais baixos, mas não recebiam nenhuma ajuda da União. No ápice dos cortes, Bolsonaro reservou, no Orçamento de 2023, irrisórios R$ 34,2 milhões para o Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), que banca a construção das casas subsidiadas, paralisando milhares de obras por falta de recursos.

Com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, o governo reservou R$ 9,5 bilhões para o fundo e reverteu parcialmente a decisão. Rapidamente, o Executivo conseguiu concluir e entregar 2.745 casas em diversos pontos do País. Ainda é pouco, mas é um passo importante na direção do resgate da cidadania e da dignidade da parcela mais vulnerável da população.

Em 2019, dado mais recente disponível, a Fundação João Pinheiro estimou o déficit habitacional brasileiro em 5,9 milhões de moradias. A pandemia de covid-19 certamente agravou esse cenário de forma avassaladora – famílias inteiras vivem em barracas nas ruas das principais capitais do País. Não é preciso ser especialista em políticas públicas para saber que, diante da escassez de recursos, é preciso fazer escolhas que privilegiem os mais pobres. O governo Jair Bolsonaro, no entanto, fez o contrário, e estrangulou o programa em detrimento de vários outros gastos questionáveis, entre eles as bilionárias e paroquiais emendas de relator.

Em sua nova versão, o MCMV parte de premissas mais adequadas. A ideia, segundo o governo, é privilegiar entregas a famílias chefiadas por mulheres; compostas por pessoas com deficiência, idosos, crianças e adolescentes; em situação de risco e vulnerabilidade; em áreas em situação de emergência ou de calamidade; em deslocamento involuntário em razão de obras públicas federais; e em situação de rua.

O relançamento do programa é, portanto, uma excelente oportunidade para compará-lo às experiências anteriores e assegurar que os mesmos erros não sejam repetidos. É muito positivo que a opção seja a de privilegiar empreendimentos em regiões já abastecidas por infraestrutura, haja vista que o MCMV, nos governos Lula e Dilma, costumeiramente alocava famílias em periferias e regiões muito distantes dos centros urbanos. Não foram poucas as vezes em que imóveis foram entregues sem ser concluídos. Há relatos de conjuntos habitacionais que foram tomados por milícias; outros foram construídos sem o mínimo de qualidade e estão deteriorados.

A meta de contratar 2 milhões de novas unidades até 2026, anunciada pelo governo, será insuficiente para dar fim ao déficit habitacional ao longo desse período. O MCMV, portanto, é uma entre várias iniciativas que precisam ser coordenadas em parceria com municípios, incluindo o aluguel social e soluções temporárias. É necessário ir além dos interesses das construtoras e permitir a inclusão de imóveis usados no programa. Além de retomar obras paradas, é fundamental aperfeiçoar procedimentos orçamentários para garantir que isso não volte a ocorrer. Limites de renda e valores dos imóveis demandam atualização periódica. Há muito a fazer e não há tempo a perder.

Rodoviário

Valor - SP   22/02/2023

Pacote de novas concessões, que inclui PPP do Litoral Paulista e túnel Santos-Guarujá, poderá gerar em torno de R$ 32 bilhões de investimentos.

O governo paulista, que em março dará início à sua agenda de desestatizações com o leilão do Rodoanel Norte, já prepara os próximos passos. A equipe planeja realizar mais seis concessões rodoviárias até 2026, segundo o secretário de Parceria em Investimentos, Rafael Benini. Ao todo, os contratos poderão gerar cerca de R$ 32 bilhões de novos investimentos em estradas - em um cálculo ainda bastante preliminar, ele enfatiza. 

Na lista de projetos em estudo, estão: retomar o edital do lote Litoral Paulista, em forma de Parceria Público Privada (PPP); viabilizar o projeto do túnel Santos-Guarujá; e transformar duas concessões que chegarão ao fim - a ViaOeste e a Renovias - em outros quatro leilões, combinando os trechos relicitados com estradas sob gestão do Estado. 

No caso do Litoral Paulista, a ideia é lançar o edital em meados deste ano, para fazer o leilão ainda em 2023, disse ele, em conversa com o Valor, realizada na semana passada, antes das chuvas que devastaram as estradas da região - incluindo trechos que deverão fazer parte do projeto. 

O lote, que previa R$ 3 bilhões de investimentos, abarca 222 km, com trechos da Mogi-Bertioga (de Arujá a Bertioga) e da SP-055 (de Bertioga a Miracatu, no Litoral Sul), passando por Santos, Praia Grande e Peruíbe. No feriado do Carnaval, as fortes chuvas provocaram danos enormes e bloqueios nas duas rodovias. 

Em 2021, a licitação do lote foi suspensa pelo Tribunal de Contas do Estado, por problemas no edital. A maior crítica ao projeto partiu de Mogi das Cruzes. O motivo é que a concessão dependia fortemente de uma praça de pedágio na região, que afetaria a população da cidade e era considerada essencial para a viabilidade econômica do contrato. 

Para reduzir a resistência, a ideia da gestão é que a cobrança de pedágio seja feita por meio do sistema de “free flow”, em que não há praças de pedágios e o pagamento é feito de forma eletrônica, de acordo com a distância percorrida. Trata-se de um modelo inovador que está em teste no país e começa a ser aplicado pelas concessionárias de rodovias.

“Não vamos implantar o pedágio [em Mogi]. A cobrança será por distância percorrida. Isso vai diminuir a pressão”, diz Benini. 

Além disso, a ideia é fazer o projeto via PPP. Ou seja, a remuneração não dependerá apenas do pedágio, mas também de pagamentos extra do poder público. “Vamos cobrar a tarifa justa do usuário”, ele afirma. A expectativa é que essas contraprestações do governo fiquem entre R$ 70 milhões e R$ 100 milhões por ano. 

Em 2024, o governo estadual planeja lançar outros dois projetos, derivados da relicitação da ViaOeste. A concessão atual, da CCR, opera o sistema Castello-Raposo e chega ao fim em fevereiro do ano que vem. 

A ideia é dividir a operação em dois blocos, que poderão ser combinados com outros trechos rodoviários - sob a lógica do “filé com osso”, de usar ativos superavitários para atrair investimentos a regiões menos rentáveis. “A princípio, um dos lotes seria para o primeiro semestre e, o outro, no segundo”, diz Benini. 

Esse mesmo formato deverá ser adotado com a Renovias, cujo contrato vence em outubro de 2024. A concessão opera 346 km de estradas entre Campinas e o sul de Minas Gerais e é controlada pela CCR e pela Encalso. O plano também é combinar a malha com mais trechos rodoviários, dando origem a dois lotes, que poderão ser licitados entre 2025 e 2026. 

Outra concessão que o governo paulista planeja tirar do papel é a construção de um túnel submerso entre Santos e Guarujá. O projeto deverá ser qualificado na carteira de desestatizações do Estado em reunião no dia 27 de fevereiro. Ele avalia que seria viável realizar a licitação até 2025. 

A ligação seca entre as cidades é um pleito antigo na região, que depende de balsas para fazer a travessia direta. A obra do túnel, orçada em cerca de R$ 5 bilhões, chegou a ser incorporada ao projeto de desestatização do Porto de Santos - que, com a troca de governo, ficou parado. Tanto a obra do túnel quanto a privatização do porto foram estruturados pela equipe do atual governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), durante sua gestão no Ministério de Infraestrutura. 

Todos esses novos projetos já deverão ser concebidos com cobrança de pedágio em sistema “free flow”. O governo estadual também quer implementar o modelo nas concessões já existentes, atingindo toda a malha do Estado, segundo Benini. “Hoje, temos pessoas que usam a estrada e não pagam. Isso gera uma injustiça com quem passa pela praça de pedágio. A ideia é fazer um sistema mais justo para todos. Se usou pouco, vai pagar pouco”, afirma. 

A principal incerteza em torno do sistema é como lidar com a inadimplência. No “free flow”, o pedágio é recolhido por “tags” de pagamento automático ou pela leitura da placa dos veículos, para que a cobrança seja feita depois. 

O problema é se o motorista não pagar. Neste caso, haverá uma notificação e, posteriormente, uma multa. Porém, uma preocupação entre as empresas é quem arcará com o rombo. 

Para mitigar o risco, o governo estuda criar um fundo garantidor, gerido pela Companhia Paulista de Parcerias, que será abastecido pelas multas recolhidas pela evasão de veículos - multas regulares não entrarão. Esses recursos servirão como um “colchão” para compensar a inadimplência. “A vantagem é que, em São Paulo, 70% dos pagantes já usam o ‘tag’, isso diminui muito o risco”, diz. 

Benini afirma que a mudança é um plano para o médio ou longo prazos. A gestão, porém, já pediu a todos os concessionários de estradas um plano de implementação do modelo. “Criamos um incentivo. No fundo garantidor, a prioridade para acessar os recursos vai ser de acordo com quem apresentar os projetos primeiro e melhor”, afirma o secretário. 

NAVAL

IstoÉ Dinheiro - SP   22/02/2023

O ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, afirmou nesta terça-feira, 21, que as atividades do Porto de São Sebastião não foram afetadas pelas chuvas que causaram destruição na cidade e em outros municípios do litoral norte de São Paulo.

Apesar de ser um ativo federal, o porto de São Sebastião é delegado à administração estadual. Na área do ativo está o Terminal de Uso Privado da Petrobras Transportes (Transpetro), chamado de Terminal Aquaviário de São Sebastião.

“Não afetou a questão portuária, porque as chuvas mais graves ficaram para o lado sul, a parte central não sofreu tanto. O porto ontem mesmo (segunda-feira, dia 20) estava apto a funcionar, tem águas mais profundas”, disse França em entrevista concedida à GloboNews.

PETROLÍFERO

Valor - SP   22/02/2023

Mas ainda há incerteza especialmente quanto às próximas decisões de bancos centrais de economias desenvolvidas.

O petróleo fechou em alta robusta hoje, em recuperação parcial após as fortes perdas da semana passada, ao redor de 4%. Em dia de agenda fraca e liquidez reduzida por um feriado nos EUA que manteve os mercados locais fechados, investidores voltaram a focar em sinais positivos sobre a demanda da China pela commodity energética. 

Na Intercontinental Exchange (ICE), o petróleo Brent com entrega prevista para abril avançou 1,29%, a US$ 84,07 por barril. Referência americana, os contratos futuros do WTI não foram negociados hoje devido ao feriado nos EUA.

Sem fatores decisivos para movimentar os mercados, operadores se voltaram ao petróleo na esperança de que a demanda chinesa se recupere em breve. “O otimismo em torno da China faz muito sentido, visto que é o maior importador [de petróleo] do mundo e deve se recuperar fortemente da transição pós covid-zero”, avalia Craig Erlam, analista da Oanda.

Ele lembra, porém, que o mercado de petróleo tem se comportado de forma instável este ano e deve manter-se assim até que o mercado tenha melhor noção da direção da economia global este ano.

“O sentimento continua muito frágil e os dados econômicos são inconsistentes. Até vermos uma melhora neste último, o primeiro provavelmente permanecerá instável, assim como o preço do petróleo”, conclui Erlam. 

Bancos Centrais

Há incerteza especialmente quanto às próximas decisões de bancos centrais de economias desenvolvidas. Nos EUA, os dados fortes de atividade, emprego e inflação em janeiro fizeram com que analistas do Goldman Sachs, Barclays e Bank of America elevassem suas projeções para o juro terminal do Federal Reserve (Fed) a 5,5%.

Já na zona do euro, a retórica “hawkish” recente de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) indica que a entidade deve manter sua postura agressiva e trabalhar para contrair a demanda e controlar a inflação do bloco. 

O Petróleo - SP   22/02/2023

O governo dos Estados Unidos está programado para receber 3 milhões de barris de petróleo bruto venezuelano em fevereiro, em meio a um aumento na demanda devido à recuperação econômica global e ao clima frio de inverno. De acordo com fontes próximas ao assunto, a carga está programada para chegar à costa do Golfo dos Estados Unidos nas próximas semanas.

A Venezuela, que possui as maiores reservas de petróleo do mundo, tem lutado contra sanções impostas pelos Estados Unidos e outras nações ocidentais, além de uma crise política e econômica em curso que tem afetado significativamente a produção de petróleo do país. No entanto, esta entrega marcará a terceira vez em três meses que os Estados Unidos receberão petróleo venezuelano.

Surpresa na compra dos EUA

A compra de petróleo venezuelano pelos Estados Unidos é uma surpresa, considerando a posição política do governo americano em relação ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Ainda assim, analistas sugerem que as empresas americanas de petróleo estão se aproveitando da queda dos preços do petróleo venezuelano devido às sanções e à queda na produção do país.

Embora a entrega de petróleo venezuelano ajude a aliviar a escassez de petróleo nos Estados Unidos, isso pode aumentar a tensão política entre os dois países, que já estão em desacordo por uma série de questões, incluindo a crise política em curso na Venezuela e as sanções impostas pelos Estados Unidos.

Esta entrega também destaca a complexidade das relações entre os Estados Unidos e a Venezuela. Enquanto os Estados Unidos dependem do petróleo venezuelano para manter a economia em funcionamento, a Venezuela também precisa do comércio com os Estados Unidos para sustentar sua própria economia. No entanto, a recente entrega de petróleo venezuelano pode ser vista como um sinal de que as relações entre os dois países podem estar melhorando, embora a tensão política ainda exista.

Rússia cortará produção de petróleo em retaliação a sanções do Ocidente

AGRÍCOLA

O Estado de S.Paulo - SP   22/02/2023

A safra recorde de mais de 300 milhões de toneladas esperada para o Brasil neste ano evidencia a proporção que o agronegócio tomou dentro da economia brasileira. Entre 2002 e 2022, o PIB agrícola do País saltou (em números deflacionados) de US$ 122 bilhões para US$ 500 bilhões – o equivalente a uma Argentina.

De acordo com o economista José Roberto Mendonça de Barros, o agronegócio brasileiro apresentou um crescimento extraordinário nos últimos 40 anos, com destaque para os últimos 20 anos. “Diferentemente do que aconteceu no setor urbano, seja na indústria ou em serviços, o crescimento do agronegócio é persistente e essa é a primeira lição que o agro dá. Crescer sempre é mais importante do que crescer muito em alguns anos e cair nos anos seguintes. É um crescimento sustentável, o que torna o agronegócio bastante competitivo.”

Esse crescimento, segundo especialistas, está calcado no investimento em pesquisa e nas políticas públicas para o campo, que têm propiciado sucessivos recordes na produção agrícola. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deve romper este ano a barreira das 300 milhões de toneladas de grãos, firmando-se como o terceiro maior produtor mundial de cereais, atrás da China e dos Estados Unidos.

Em 20 anos, a safra de grãos subiu de 120,2 milhões de toneladas para 310,6 milhões, uma alta de 258%. Já a área plantada passou de 43,7 milhões para 76,7 milhões de hectares, um aumento de 76,5%. Os números mostram que a produção cresceu três vezes mais do que a área ocupada pelas lavouras, o que se deve ao ganho de produtividade, graças a investimentos em pesquisa e tecnologia.

O destaque nos campos brasileiros é a soja, oleaginosa que se adaptou aos diversos microclimas do País, sendo cultivada tanto em regiões mais frias do extremo Sul quanto no clima tropical do Norte e do Nordeste. O Brasil ultrapassou os EUA e se tornou o maior produtor do grão, sendo também hoje o principal exportador.

Enquanto a safra 2002/03 rendeu 47,4 milhões de toneladas de soja, a atual terá produção de 152,9 milhões, um aumento de 322%, segundo a Conab. O milho, usado na rotação de culturas com a soja, cresceu 260%, de 47,4 milhões para 123 milhões de toneladas.

O PIB do agronegócio, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo, só será divulgado no próximo mês, mas deve ficar próximo de US$ 500 bilhões, segundo a pesquisadora Nicole Rennó, da área de macroeconomia do Cepea. A queda no valor ocasionada pelos elevados custos do setor foi, em parte, compensada pelas boas safras.

Dobrando a média

A engenheira agrônoma Tamires Tangerino, de 33 anos, consultora técnica da Stoller, empresa especializada em fisiologia vegetal e nutrição, tem aplicado seus conhecimentos para ajudar produtores do sudoeste paulista a atingir altos níveis de produtividade.

No último dia 14, em um plantio comercial de soja da Cooperativa Agrícola de Capão Bonito, ela obteve produtividade de 6.672 kg por hectare, o dobro da média nacional e acima da excelente média regional, de 4.800 kg/ha – uma mostra do impacto da pesquisa como motor do crescimento.

Governo quer revisar marco regulatório de ferrovias e vai ao Meio Ambiente para destravar Ferrogrão

Ministro dos Transportes, Renan Filho, vai conversar com a ministra Marina Silva para tratar da ferrovia de 933 km que enfrenta percalços por causa de impactos ambientais

Soja e milho na mesma área

Na área da Cooperativa Agrícola de Capão Bonito, é possível ter uma ideia da expansão da soja no sudoeste paulista. Em 2005, a cooperativa tinha 55 agricultores associados e nenhum tinha a soja como cultura principal – o feijão era o carro-chefe, e o milho só era plantado no verão.

Hoje, com 102 associados, a cooperativa planta 24 mil hectares com soja, com produção média de 80 sacas por hectare e, no caso do milho, mais de 70% do total é cultivado na safrinha.

Um dos cooperados, o produtor Walter Kashima, de 48 anos, que cultiva cerca de 2,5 mil hectares de soja próximo à área urbana de Capão Bonito, colhia na última quinta-feira, 16, uma média 80 sacas (4.800 quilos) de soja por hectare.

Na mesma área, ele estava semeando o milho que será colhido entre junho e julho. “Estamos aproveitando a trégua dada pelas chuvas que têm sido insistentes. Esse solzinho está sendo uma bênção”, disse Kashima.

Tropicalização

A virada na agricultura brasileira começou com o advento da soja no Sul do País, segundo o coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (FGV), Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura.

“Foi o grande pontapé inicial, pois a soja, de ciclo mais curto, permitiu fazer uma cultura de inverno depois dela, como o trigo, aveia ou sorgo. A soja possibilitou a segunda safra. Com o tempo, esse processo evoluiu para outras regiões do País, com outras características”, explicou.

Nos Estados onde não chove no inverno, como boa parte do Sudeste, do Centro-Oeste e do Nordeste, não era possível plantar uma segunda cultura, mas isso não deteve os produtores, segundo Rodrigues.

“Quando era ministro da Agricultura (de 2003 a 2006, no primeiro governo Lula), eu lancei com a Embrapa a integração lavoura-pecuária, mais tarde lavoura-pecuária-floresta, permitindo fazer duas culturas também em regiões onde não chove no inverno, basicamente por causa do pasto. Você planta milho, soja ou algodão, que são culturas de verão, e depois da colheita você tem o pasto formado para o gado.”

Nosso setor agropecuário é aberto ao mundo, não tendo problemas de limitações de mercado, por isso pode aumentar significativamente a produção”

José Roberto Mendonça de Barros, Economista

A evolução prosseguiu com a irrigação, que possibilitou ao produtor fazer três culturas efetivamente agrícolas, como soja, milho e feijão, irrigando quando é preciso. “É uma soma de processos de evolução ao longo do tempo que começou com a soja, uma cultura praticamente nova no País”, afirma Rodrigues.

Ele afirma se lembrar que, em 1965, quando se formou em Economia, havia no Brasil só 400 mil hectares de soja, produzindo 1.200 quilos (por hectare). Hoje tem 44 milhões de hectares, produzindo 3.600 quilos. “A evolução tecnológica, a tropicalização da soja e de outras culturas permitiram esse progresso espetacular na produtividade. Vamos evoluir muito mais, pois temos o principal, o empreendedorismo do agricultor brasileiro. O céu é o limite”.

Para Mendonça de Barros, além dos recursos naturais, o Brasil evoluiu em tecnologia no campo. “Temos pesquisa, difusão de informação e competência das pessoas. Nosso setor agropecuário é aberto ao mundo, não tendo problema de limitações de mercado, por isso pode aumentar significativamente a produção. Organismos internacionais projetam que, diante do crescimento da demanda global de alimentos nos próximos 10 ou 15 anos, o Brasil será provedor de pelo menos 30% a 35%.”

Associe-se!

Junte-se a nós e faça parte dos executivos que ajudam a traçar os rumos da distribuição de aço no Brasil.

INDA

O INDA, Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço, é uma Instituição Não Governamental, legalmente constituída, sem fins lucrativos e fundada em julho de 1970. Seu principal objetivo é promover o uso consciente do Aço, tanto no mercado interno quanto externo, aumentando com isso a competitividade do setor de distribuição e do sistema Siderúrgico Brasileiro como um todo.

Rua Silvia Bueno, 1660, 1º Andar, Cj 107, Ipiranga - São Paulo/SP

+55 11 2272-2121

contato@inda.org.br

© 2019 INDA | Todos os direitos reservados. desenvolvido por agência the bag.

TOP