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20 de Setembro de 2024

INDA

Diário do Comércio - MG   20/09/2024

Após três meses da imposição de cotas e aumento de tarifas por parte do governo federal para limitar a entrada do aço importado no País, a eficácia das medidas é considerada insuficiente pelo Instituto Nacional dos Distribuidores de Aços Planos (Inda). Isso porque as importações, mesmo passados 90 dias desde as restrições, continuam em alta e não devem cair até o final do ano.

Dados apresentados nesta quinta-feira (19) pelo Inda mostram que as importações encerraram o mês de agosto com alta de 31,3% em relação ao mês anterior, com volume total de 287,9 mil toneladas contra 219,2 mil em julho. Se comparado ao mesmo mês do ano passado, as importações também registraram alta, neste caso, de 24,7%.

“A eficácia dessas medidas tem sido muito pequena, alguma coisa segurou, mas abriu espaço para as empresas importarem materiais com NCM’s (nomenclaturas comuns do Mercosul) liberadas”, afirmou o presidente do Inda, Carlos Loureiro.

De acordo com as restrições determinadas pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), a medida que começou a valer em junho deste ano – e valerá por 12 meses – afetou 11 produtos e deixou outros quatro sendo monitorados com a possibilidade de receber o mesmo tratamento.

Entretanto, como o presidente do Inda apresentou, para fugir das limitações impostas pelas cotas, alguns importadores passam a trazer o material com o boro, um elemento químico que está fora do controle.

“Se você pegar os materiais zincados, que são produtos que as cotas já foram esgotadas, o material com boro que entrou no País de janeiro a agosto já é 63,7% maior que todo o volume trazido em 2023”, diz Loureiro.

Para ele, esse aumento de importação mostra que a tendência é aumentar ainda mais. “Provavelmente veremos no fim do ano este número mais que dobrar em relação ao ano passado”, analisa.

Loureiro lembra ainda que há uma promessa do governo federal de que se isso começasse a acontecer, ou seja, um aumento do material ligado acima do normal, eles iriam interferir. “É uma questão para acompanhar”, afirmou o presidente do Inda. É chamado de material ligado o conjunto de elementos que são adicionados à liga de ferro.

Ainda na avaliação do presidente do Inda, as importações não devem cair em 2024. “Na melhor das hipóteses, manterá o volume do ano passado. Por mais baixas que sejam as importações em outubro, novembro e dezembro, não serão suficientes para contrabalançar os aumentos que houveram nos outros oito meses”, diz.

O alto índice das importações também é o principal fator que fará com que os preços do aço praticados pelas usinas nacionais não sofram alterações.

“Só a CSN havia manifestado a intenção de aumentar os valores, mas acabou não aumentando. As outras usinas não se manifestaram, então, os preços não devem aumentar”, explica.

Vendas de aço registram alta de 2,9% no acumulado do ano
A alta das importações não prejudicou o crescimento do mercado nacional. As vendas de aços planos em agosto contabilizaram alta de 4,3% quando comparada a julho, atingindo o montante de 350,1 mil toneladas contra 335,7 mil, e ficando acima do volume esperado.

No acumulado do ano, a alta com relação ao mesmo período do ano passado é de 2,9%, o que na avaliação do presidente do Inda é um resultado positivo.

“Apesar de não registrarmos um crescimento igual ao do consumo aparente (8,3%), o mercado está bem em termos de volume. A rede continua muito sólida com bons números financeiros, porém, com resultados muito fracos. Esperamos melhorar no decorrer do final de ano”, avalia.

As vendas diárias atingiram 16,2 mil toneladas, o segundo maior resultado no histórico das vendas diárias do mês de agosto, desde 2015. O oitavo mês do ano de 2024 só perde para o ano de 2020, quando houve a retomada das negociações no pós-pandemia.

“A indústria cresceu e temos alguns setores consumidores de aço que estão desempenhando muito bem como o setor automotivo e o de eletrodomésticos, que nesse caso têm registrado crescimento acima de 15%”, avalia Loureiro.

Procurado pela reportagem, o Mdic ainda não se manifestou.

Investing - SP   20/09/2024

As vendas de aços planos cresceram 4,3% em agosto ante julho, para 350,1 mil toneladas, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda) nesta quinta-feira, que mostraram alta de 2% também na comparação ano a ano.

As compras totalizaram 368 mil toneladas, acréscimo de 5,3% na base mensal e de 6,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.

No mês passado, em número absoluto, o estoque cresceu 1,9% em relação ao mês anterior, para 961,1 mil toneladas. O giro de estoque fechou em 2,7 meses.

As importações, por sua vez, somaram 287,9 mil toneladas, incremento de 31,3% frente a julho e de 24,7% na comparação ano a ano.

Para setembro de 2024, a expectativa do Inda é de que as compras e vendas tenham uma queda de 3,0% em relação a agosto.

SIDERURGIA

Brasil Mineral - SP   20/09/2024

Segundo o relatório da Global Energy Monitor (GEM), o Brasil tem potencial para liderar o mercado de aço verde, graças à sua abundância de energia renovável e reservas de minério de ferro de alta qualidade. No entanto, 75% da siderurgia brasileira ainda depende do carvão, e as emissões do setor podem aumentar 33% até 2050 se não houver medidas para promover o aço de baixo carbono. O estudo aponta que a transição para o aço verde no Brasil pode ser facilitada pelo uso de hidrogênio de baixo carbono, produzido a partir de fontes renováveis, uma área em que o país possui vantagens significativas.

O governo Lula tem intensificado as ações e definiu que transição para o hidrogênio verde é fundamental para ampliar a produção energética limpa do Brasil nos próximos anos. O Brasil está entre os líderes globais em energia eólica e solar, com 180 GW de parques eólicos e 139 GW de projetos solares em andamento, ficando atrás apenas da China em ambos os casos. No entanto, investimentos em fornos a carvão podem atrasar a transição para o hidrogênio verde, e a troca pelo carvão vegetal ainda tem impacto limitado.

O aço verde deve ser um dos principais produtos renováveis na siderurgia ao redor do mundo ao longo dos próximos anos. Com o avanço de tecnologias verdes na China e na União Europeia, o Brasil pode se tornar um importante exportador do produto que deve ser cada vez mais importante nas cadeias de produção globais.

IstoÉ Dinheiro - SP   20/09/2024

A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) abriu investigação para averiguar a existência de dumping nas exportações da China e Índia para o Brasil de aços pré-pintados.

A análise dos elementos de prova de dumping considerou o período de abril de 2023 a março de 2024.

Já o período de análise de dano considerou o período de abril de 2019 a março de 2024.

Valor - SP   20/09/2024

Plataforma de inovação do grupo tem dez investidas no portfólio e mira em descarbonização, entre outras tecnologias

Felipe Steinbruch, da Inova: “Nossa ideia é fazer uma rodada de inovação global” — Foto: Keiny Andrade/Valor

A CSN Inova, plataforma de inovação do grupo da família Steinbruch, está ampliando investimentos em startups, bem como as geografias de prospecção de futuros parceiros. O objetivo é encontrar soluções para os diferentes desafios enfrentados pela CSN em seus cinco negócios - aço, minério de ferro, cimento, energia e logística - e escalar essas empresas dentro de casa, acompanhando, ao mesmo tempo, os planos de internacionalização do conglomerado.

“Nossa ideia, hoje, é fazer uma rodada de inovação global e trazer o melhor do mundo para o Brasil”, diz o líder e cofundador da CSN Inova, Felipe Steinbruch. Neste momento, o foco da CSN está em tecnologias de descarbonização e em indústria do futuro, mas esse não é um filtro definitivo. “Estamos olhando tudo. Novos negócios corporativos também seriam uma área de interesse”.

Com uma equipe de 35 pessoas e presença em Nova York, São Paulo, Volta Redonda (RJ) e Araucária (PR) - onde a siderúrgica tem operações -, o braço de inovação da CSN tem 10 startups em seu portfólio, das quais 6 brasileiras. Até agora, os investimentos somam R$ 50 milhões, com retorno (TIR) ao ano estimado em 40%. Olhando para frente, não há capital comprometido, sendo o grupo a fonte dos recursos aportados.

Depois de seis meses de busca nos Estados Unidos e no Canadá, concluída com êxito há poucas semanas, a CSN Inova parte agora para prospectar potenciais investidas em Israel. A jornada será liderada pela SOSA, multinacional de inovação aberta que conecta empresas e startups ao redor do mundo, que também conduziu a rodada na América do Norte.

Com hubs em Nova York, Londres, Tel Aviv e Cingapura, a SOSA tem acesso aos diversos ecossistemas de inovação e consegue identificar, com eficiência e agilidade, tecnologias em desenvolvimento que atendem às necessidades de seus parceiros, neste caso a CSN. No Brasil, a empresa de inovação aberta tem nomes de peso em seu hall de parcerias, como Braskem, Embraer, Klabin, Natura e Suzano.

Na primeira etapa dos trabalhos com a CSN Inova, na América do Norte, a SOSA apresentou 12 startups, num ritmo de 2 por mês, com tecnologias que atendiam a desafios colocados pela siderúrgica. Deste grupo, uma já recebeu investimento da CSN e outra está em conversas adiantadas.

A primeira escolhida foi a canadense EnviCore, que desenvolveu uma solução que transforma resíduos industriais em insumos para a fabricação de cimento, com substituição de até 30% do clínquer usado no processo. Da CSN, a EnviCore está aproveitando escória de aciaria e rejeitos de mineração para obtenção do cimento. “Agora, vamos certificar os testes, que foram muito bons. O futuro seria discutir uma potencial operação deles no Brasil.”

Diante do desempenho das parcerias com os brasileiros, a SOSA decidiu se estabelecer no país, no começo deste ano. As startups também se beneficiam dessa conexão, com visibilidade internacional para seus projetos. “Ajudamos na conexão com hubs, levando suas tecnologias e trazendo outras que não estão no Brasil”, diz Gianna Sagazio, CEO da SOSA Brasil.

Em Israel, a expectativa é manter a média de aproximação com duas startups por mês. “Queremos replicar o que foi feito nos Estados Unidos e no Canadá com o ecossistema israelense. O desafio é transição ESG e buscamos projetos com alguma maturidade”, diz Felipe.

Filho do empresário Benjamin Steinbruch, Felipe diz que inovação e sustentabilidade sempre estiveram no radar da companhia, mas, ter uma plataforma própria passou a fazer ainda mais sentido depois da crise das commodities de 2015. O colapso dos preços dos metais industriais também contribuiu para a transformação da companhia siderúrgica em um conglomerado com atuação em diferentes setores. Nesse ambiente, em 2018, nascia a CSN Inova, “para posicionar o grupo de forma ativa no ecossistema de inovação brasileiro e global”, diz.

Globo Online - RJ   20/09/2024

O uso de sucata ferrosa na setor de aço recuou no ano passado a reboque da queda na produção no Brasil. Em 2023, o total produzido foi de 32 milhões de toneladas, com 24% desse volume reciclado. Um ano antes, foram de 34 milhões de toneladas e 26,17%, respectivamente. Esse recuo reflete principalmente o salto em importações de aço, sobretudo chinês, impactando a cadeia de recicladores e reduzindo a disponibilidade de aço produzido com menor emissão de gases de efeito estufa.

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— Com a produção mais baixa devido à concorrência com o produto vindo da China, o consumo de sucata também cai. Ainda não sentimos a melhora esperada pela sobretaxa imposta aos importados. Deve levar ainda algum tempo — diz Clineu Alvarenga, diretor executivo do Instituto Nacional da Reciclagem (Inesfa).

A queda na produção de aço em 2023 resultou do aumento da importação de aço em 50%, além de paradas para manutenção em aciarias elétricas, explicou o Instituto Aço Brasil (IAB). Em junho e julho, a produção voltou a subir ante a igual mês de 2023. A alta acumulada desde o início do ano é tímida, de 3,3%, com 19,4 milhões de toneladas. Mas as importações subiram 23,7% no período.

Para o Aço Brasil, a maior disponibilidade de sucata no mercado é uma das alavancas de descarbonização do setor no curto e médio prazos. Alvarenga, do Inesfa, explica que cada tonelada de aço produzida a base de minério de ferro emite 2,4 toneladas de gases de efeito estufa, enquanto se for feita 100% com sucata, essa emissão cai a 0,6t de CO2.

— Usando sucata, a gente consegue produzir aço com uma emissão de gases de efeito estufa muito menor, numa escala de dez para um. Do ponto de vista de pegada de carbono, é muito melhor, traz um grande benefício, ainda mais num momento em que existe essa busca por acelerar a redução de emissão de gases em efeito estufa — diz Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, a maior produtora brasileira de aço. — Nossa média mundial, de emissão é de 0,93 tonelada de CO2, por tonelada de aço, menos da metade da média no mundo.

‘Infinitamente reciclável’
Globalmente, a companhia tem 75% de sua capacidade produtiva baseada em sucata. No Brasil, essa fatia é superior a 70%, enquanto nos Estados Unidos beira os 100%. Ontem, a brasileira anunciou que sua controlada americana Gerdau Ameristeel fechou a compra da Dales Recycling Partnership por cerca de US$ 60 milhões. Pela transação, vai assumir os ativos da empresa que opera, processa e recicla sucata ferrosa nos EUA.

A fatia menor de uso de sucata pela companhia no Brasil, explica Werneck, tem a ver com a usina de Ouro Branco (MG), em que a produção é feita com um alto-forno a minério de ferro. A ideia é manter essa unidade operando, mas fazer sua descarbonização, no futuro, usando novas tecnologias, como o hidrogênio.

— No Brasil, 70% da produção de aço é a carvão mineral. Há um percentual pequeno a base de carvão mineral e as aciarias elétricas, a sucata. É esta a que menos emite carbono. E seria oportuno ampliar essa rota — avalia Marco Polo Lopes, presidente executivo do Aço Brasil.

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Para Werneck, a China tem praticado dumping no Brasil, ou seja, vendido aço abaixo do custo de produção. Além de estar entregando aço produzido com alta emissão de carbono. A Gerdau, diz ele, de defende condições justas de concorrência e vem chamando atenção para o impacto econômico e ambiental do setor.

— O Brasil está deixando de produzir um aço de baixa emissão de carbono para trazer o aço chinês. Não tem sentido do ponto de vista ambiental. Nossos clientes demandam cada vez mais o produto certificado. O aço é infinitamente reciclável. Pode estar no Palco Mundo do Rock in Rio hoje e, amanhã, ser transformado em outro — diz sobre a parceria com o festival desde 2022, em que a Gerdau montou a estrutura do palco principal de 200 toneladas de aço reciclado. — E a sucata é relevante em geração de emprego e renda.

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O Brasil tem cerca de 5,5 mil de empresas atuando com sucata ferrosa e cinco milhões de pessoas na cadeia de reciclagem de todos os materiais, segundo Alvarenga.

A indústria também está envolvida. A Gerdau tem acordos com montadoras, absorvendo o resíduo gerado na fabricação de veículos. Arrematou ainda duas plataformas aposentadas pela Petrobras. E afirma poder usar a sucata que ficou das enchentes no Sul.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   20/09/2024

Os problemas de desequilíbrio financeiro da China são tão graves que lembram Ray Dalio da bolha de ativos do Japão logo antes do início da crise econômica de décadas do país.

O fundador do Bridgewater, um dos maiores fundos de investimentos do mundo, teme que a crise imobiliária na China tenha deixado os governos locais incapazes de pagar suas dívidas, buscando recursos por meio da venda de terras.

Isso aumenta o risco de que as províncias, prefeituras e municípios responsáveis por mais de 80% dos gastos totais do Estado precisem de alguma forma de um perdão da dívida, o que provavelmente resultaria em perdas para os credores.

“É uma situação que é pelo menos tão grave quanto a situação japonesa a partir de 1990", disse Dalio, uma espécie de guru do mundo dos investimentos, durante um painel de discussão na quarta-feira no Milken Institute Asia Summit 2024, em Cingapura. “Eles precisam fazer uma reestruturação da dívida. É uma questão muito complicada e politicamente dura.”

No auge de sua bolha imobiliária no final da década de 1980, o terreno onde ficava o palácio imperial de Tóquio era notoriamente mais valioso na época do que todo o Estado da Califórnia. Quando a bolha finalmente estourou, o Japão passou por décadas de crescimento lento e deflação. Foi somente em fevereiro deste ano que o índice de ações Nikkei finalmente superou o pico de dezembro de 1989.

Qualquer investidor de destaque que compare a China com o Japão antes de suas décadas perdidas de estagnação deve ficar alarmado. Dalio, que continua a ser membro do conselho de administração da Bridgewater, era, no entanto, bem conhecido por suas opiniões otimistas sobre a China.

Agora, não mais. “Há grandes problemas estruturais no país”, disse ele aos participantes da conferência.

E não são apenas os governos locais que estão atrasando a economia da China. De acordo com Dalio, as famílias que tradicionalmente detêm cerca de 70% de seu dinheiro vinculado a imóveis estão se esquivando de gastar. Elas precisarão ver uma recuperação, antes que o sentimento melhore e os consumidores voltem a gastar.

A Fortune entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores da China por meio de suas embaixadas para comentar o assunto, mas não obteve resposta.
Os EUA enfrentam seus próprios desafios

Dalio mostrou-se mais otimista em relação aos fundamentos da economia dos EUA, mas advertiu que ela também enfrenta seus próprios desafios.

As grandes lacunas na desigualdade de renda exacerbaram as tensões sociais a ponto de haver diferenças irreconciliáveis no país, argumentou o fundador do Bridgewater. Isso faz com que o tipo de reformas estruturais bipartidárias cruciais para mitigar essas divisões por meio da ampliação da riqueza seja praticamente impossível politicamente.

“Há muitas coisas positivas nos Estados Unidos - o Estado de direito, os mercados de capitais, muitas coisas diferentes fantásticas em muitos aspectos”, disse. “No entanto, quero enfatizar que há muito risco, porque um número limitado de empresas constitui grande parte do desempenho em um país onde temos de nos preocupar com (...) a transição ordenada do poder’.

No passado, Dalio chegou a alertar sobre o risco crescente de eclosão de uma guerra civil nos Estados Unidos.

O Estado de S.Paulo - SP   20/09/2024

Depois de dois anos, os juros de referência da economia brasileira voltaram a subir na quarta-feira, 18, saindo de 10,5%, nível em que ficou estacionada nos últimos quatro meses, para 10,75%. O movimento veio em linha com as expectativas da maior parte do mercado. O tom considerado duro do comunicado, porém, levantou apostas de que o Comitê de Política Monetária (Copom) irá acelerar o passo nas duas últimas reuniões do ano para terminar rápido, até janeiro, o ciclo de aperto.

Não que o documento tenha trazido pistas. Pelo contrário, o Banco Central ressaltou a posição “data dependent”, à espera da evolução dos indicadores, da inflação e das expectativas para tomar a próxima decisão, marcada para 5 e 6 de novembro.

O comunicado, entretanto, traz novidades importantes, que levam o mercado a acreditar que o BC aumentará a dosagem tanto em novembro quanto em dezembro: da alta de 0,25 ponto porcentual, confirmada na quarta-feira, para 0,5 ponto. Uma delas foi o reconhecimento do chamado hiato positivo, isto é, de que a economia cresce acima de seu potencial.

Além disso, foi apontada uma avaliação de que há uma “assimetria altista” no balanço de riscos. Em outras palavras, há mais riscos de alta (três fatores) do que de baixa (dois) da inflação. É algo que já estava subentendido, mas que agora o comitê coloca com todas as letras. Por fim, o BC, em seu cenário de referência, agora projeta a inflação em 3,5% — portanto, descolada da meta — no primeiro trimestre de 2026, atual horizonte relevante da política monetária.

Dessa forma, o comunicado foi descrito como duro — ou “hawkish” para usar o jargão financeiro - por economistas de instituições como Bank of America (BofA), BMG, ASA, Armor Capital, ABC Brasil e Pine.
Os prenúncios da alta

O terreno para a elevação da Selic vinha sendo preparado desde a reunião anterior do Copom, no fim de julho, quando o BC passou a avisar que um aumento dos juros estava na mesa. Indicado para presidir a instituição a partir de janeiro, o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, endossou o tom considerado mais duro nas manifestações sobre o passo seguinte do BC.

Com indicadores econômicos acima das expectativas, incertezas fiscais e a seca mais intensa no País em sete décadas de medições, as falas de Galípolo assegurando que o BC fará o que for necessário para conduzir a inflação à meta de 3% deixaram claro que a alta estava a caminho.

O BC reage, basicamente, a expectativas de inflação que não se movem em direção à meta e a sinais de que a economia cresce mais do que pode, com um dinamismo no mercado de trabalho também surpreendente e sem alívio suficiente no câmbio. Três horas e meia antes do fim da reunião do Copom, a decisão do Federal Reserve, recebida por muitos economistas com surpresa, de abrir o ciclo de relaxamento monetário com um corte de 0,5 ponto porcentual, e não 0,25, pode ter dado conforto para o BC ser, ao menos por ora, menos agressivo no primeiro aumento do ciclo de aperto, que promete ser breve.

Previsão de chegada em 12%

O economista-chefe da G5 Partners, Luis Otavio Leal, pondera que a abordagem cuidadosa nos comentários sobre o cenário internacional pode ter sido pensada para evitar especulações sobre o efeito, no Brasil, da decisão do Fed desta quarta-feira. Não dá para assumir, na avaliação do economista, que quanto mais os juros caírem nos Estados Unidos, mais fácil será o trabalho do BC por aqui e, consequentemente, menor será o ciclo de aperto dos juros no Brasil.

Previsões atualizadas ou reiteradas por diversas casas após a decisão do Copom, incluindo bancos como Itaú Unibanco e BofA, apontam a Selic em 12% no fim do ciclo, previsto para janeiro.

Infomoney - SP   20/09/2024

As autoridades chinesas provavelmente intensificarão medidas de estímulo para ajudar a economia a atingir a meta de crescimento de 2024, segundo analistas e assessores políticos, com um foco mais acentuado no aumento da demanda para combater as pressões deflacionárias persistentes.

Dados oficiais mostraram que a segunda maior economia do mundo desacelerou de forma ampla em agosto, fomentando expectativas de mais estímulos. O presidente chinês, Xi Jinping, recentemente pediu às autoridades que se esforcem para atingir as metas econômicas anuais, sinalizando que o governo continua comprometido em atingir sua meta de crescimento do PIB de 5%.

As autoridades estão navegando em um cenário econômico complicado, com a dependência de gastos com infraestrutura para impulsionar o crescimento, exacerbando os riscos da dívida. O investimento doméstico excessivo em meio à demanda fraca também alimentou as pressões deflacionárias, que já baixaram os preços e forçaram as empresas a reduzir salários ou demitir trabalhadores para cortar custos.
A Renda Fixa ganha força com o aumento da Selic: conheça as oportunidades em uma masterclass gratuita

“Precisamos fortalecer a política fiscal, que é mais eficaz para lidar com a deflação, ao mesmo tempo em que ajustamos ainda mais a política monetária para mantê-la acomodatícia”, disse um consultor de políticas sob condição de anonimato.

O corte da taxa de juros pelo Federal Reserve na quarta-feira, que deu início a um ciclo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos, criará mais espaço para que o Banco do Povo da China reduza os juros e a taxa de compulsório dos bancos. O banco central chinês também poderá reduzir as taxas das hipotecas existentes para ajudar os proprietários de imóveis, disseram analistas.

Além disso, a China pode aumentar seus gastos. Os governos locais têm acelerado a emissão de títulos para ajudar a financiar a construção de grandes projetos, junto do aumento da emissão de dívidas pelo governo central para apoiar os principais setores estratégicos.

Embora as autoridades possam contar com uma combinação de estímulo fiscal e monetário para impulsionar o crescimento, uma reunião importante do Partido Comunista Chinês em julho reafirmou um foco maior no lado da oferta. Isso sugere que medidas para lidar com a fraqueza da demanda do consumidor e o aprofundamento dos riscos de deflação são improváveis no curto prazo.

“Eles intensificarão os esforços, pois não estão dispostos a aceitar um crescimento menor”, disse Xu Hongcai, vice-diretor da comissão de política econômica da Associação da China de Ciência Política, apoiada pelo Estado. “Mas qualquer estímulo vigoroso parece improvável.”

Nos últimos anos, a China tem contado com o aumento dos gastos em infraestrutura e manufatura para apoiar o crescimento, com o banco central reduzindo constantemente os custos de empréstimos.

A meta de crescimento de aproximadamente 5% da China para 2024 permite alguma flexibilidade. Entretanto, o crescimento vacilante nos últimos meses levou várias corretoras globais a reduzir suas previsões abaixo dessa meta.

“Mais estímulos são necessários com urgência”, disse Xing Zhaopeng, estrategista sênior do ANZ para a China. “O pensamento político parece estar mudando da oferta para a demanda. Haverá um estímulo significativo na demanda das famílias e no consumo público.”

O Estado de S.Paulo - SP   20/09/2024

Ah, sim, foi mais duro do que habitualmente o tom do comunicado do Banco Central (BC) nesta quarta-feira, logo depois da decisão de aumentar os juros básicos (Selic) em 0,25 ponto porcentual, pontuam os analistas do mercado financeiro.

Uma das características da comunicação entre os humanos é a de que o tom é quase sempre mais importante do que o conteúdo literal da mensagem.

Vejam o que acontece com tantas canções de ninar, especialmente as mais antigas. Falam de coisas terríveis: do lobo mau que escancara seus dentes, do boi da cara preta, da cuca que vem pegar, da bruxa que come pequeninos... e, no entanto, a criança dorme placidamente. Dorme porque o tom sereno da canção é mais importante do que as brutalidades relatadas.

No comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), o tom foi em sentido oposto. Não foi tranquilizador, foi mais de advertência contra perigos, que chama de riscos. Ou seja, o tom que justifica a volta de um maior aperto monetário é, no linguajar do mercado financeiro, uma atuação mais de falcão (hawkish) do que de pombo (dovish).

O presidente Lula, os políticos e os dirigentes sindicais e do empresariado não conseguem ver o todo. Falam que juros altos produzem desemprego e bloqueio do crescimento econômico. Não ligam um pauzinho com o outro e não conseguem enxergar – ou ignoram – que os tais “juros reais mais altos do mundo” que prevaleceram até aqui e continuarão prevalecendo coexistem com um crescimento econômico que, pelos cálculos do presidente Lula, será de 3,5% neste ano, e com uma queda do desemprego de 6,8%, o mais baixo desde 2012.

Não conseguem enxergar que esse crescimento e essa queda do desemprego se devem a fatores artificiais, especialmente ao despejo de despesas sem o lastro das receitas do Tesouro. É o que o Banco Central chama de “hiato positivo”.

O Bolsa Família, o socorro aos flagelados, as desonerações e isenções tributárias, o reajuste das aposentadorias e a distribuição de renda são decisões acertadas e carregadas de mérito, desde que feitas com verbas orçamentárias próprias e não com aumento da dívida, com tantas despesas mal feitas e com essa deterioração das contas públicas.

Se é para ter inflação de 3% em 12 meses, como determinado pelo governo Lula, não dá para manter as condições que estão aí. Sobra para o BC a tarefa inglória de fazer o que vem fazendo e falar do lobo mau.

Não se pode confundir efeito com causa. Os juros altos não são o problema, são a tentativa de solução. O problema de fundo é essa política fiscal que cria incertezas e afugenta o investimento. E é ela que tem de ser atacada, e não o Copom.

O Estado de S.Paulo - SP   20/09/2024

Com crescimento econômico de 1,4%, o Brasil conseguiu no segundo trimestre o dobro da expansão média do Grupo dos 20 (G20), formado pelas maiores potências capitalistas e também pela China e pela Rússia. Só as economias do Canadá e da Índia cresceram tanto quanto a brasileira. No confronto com o mesmo trimestre do ano passado, o avanço brasileiro, de 2,8%, foi superado pelos da Índia (6,8%), da Indonésia (5%), da China (4,7%) e dos Estados Unidos (3,1%). Apesar da perda de ritmo em julho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aumentou sua aposta no dinamismo econômico e já indicou expansão pelo menos igual a 3% em 2024.

A produção industrial encolheu 1,4% em julho e acumulou expansão de 2,2% em 12 meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda em julho, o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter diminuído 0,41%, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). Pouco menos sombrio, o Monitor do PIB-FGV apontou retração econômica de apenas 0,1% no mês, com recuo do consumo familiar e da atividade industrial. No mercado financeiro, onde persistem sinais de otimismo, o crescimento projetado para o ano chegou a 2,96% na segunda semana de setembro, de acordo com o boletim Focus publicado no dia 16 de setembro.

Não se observa o mesmo otimismo, no entanto, quando se trata da evolução dos preços. Em quatro semanas, passou de 4,22% para 4,35% a inflação estimada com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Também se elevou a variação projetada para os dois anos seguintes. Pelos novos cálculos, o índice aumentará 3,95% em 2025 e 3,61% em 2026, permanecendo abaixo do teto (4,5%) mas bem acima do centro da meta (3%). Como consequência, os juros básicos subiram na quarta-feira, para 10,75%, e seguirão elevados: 11,25% em dezembro deste ano, 10,50% no final de 2025, 9,50% no encerramento de 2026 e 9% um ano depois, ainda de acordo com o boletim Focus.

Dinheiro caro ainda será, portanto, um entrave ao crédito e ao investimento produtivo, dificultando a expansão e a modernização da economia. O efeito do baixo investimento em máquinas, equipamentos e obras está implícito nas taxas modestas de expansão do PIB estimadas para os próximos anos.

Segundo o Monitor do PIB-FGV, o valor investido correspondeu em julho deste ano a 17,4% do PIB, superando a média mensal a partir de 2015 (16,4%), mas continuando abaixo do padrão registrado a partir do ano 2000 (17,9%). Mesmo esse padrão ficou abaixo do observado em fases de maior dinamismo econômico. No Brasil, esse dinamismo esteve associado, nas três décadas finais do século passado, a taxas de investimento frequentemente superiores a 18% do PIB. Essas taxas têm sido registradas em várias outras economias emergentes, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Investimento em capacidade produtiva é realizado tanto pelo governo quanto pelo setor privado. O setor governamental participa de várias formas desse processo, investindo isoladamente, em associação com grupos privados e afetando de várias formas as condições do investimento empresarial.

A decisão de investir depende, no setor privado, da taxa de juro, das condições gerais de financiamento, do ritmo de atividade, das perspectivas da economia e, obviamente, da confiança dos empresários. O governo pode favorecer essa confiança mostrando eficiência, indicando objetivos claros e críveis, controlando seus gastos, diminuindo as complicações burocráticas e garantindo uma razoável previsibilidade. Um presidente contido, discreto e capaz de resistir, por exemplo, à tentação de interferir na gestão das estatais, dará uma contribuição relevante. Sem essas condições, a redução de juros pelo Banco Central será muito menos eficaz.

MINERAÇÃO

Infomoney - SP   20/09/2024

Os preços dos contratos futuros de minério de ferro registraram ganhos nesta quinta-feira, com as perspectivas de novos estímulos monetários chineses e estoques menores ofuscando as preocupações com o enfraquecimento da demanda da China, principal mercado consumidor do minério.

O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 1,69%, a 693,0 iuanes (98,10 dólares) a tonelada.

O minério de ferro de referência de outubro na Bolsa de Cingapura avançava 2,46%, a 92,95 dólares a tonelada.
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A expectativa geral é de que a China reduza suas principais taxas de juros e as taxas de empréstimo de referência na sexta-feira, de acordo com uma pesquisa da Reuters, depois que o corte desproporcional da taxa de juros do Federal Reserve eliminou alguns riscos de quedas acentuadas do iuan.

Os analistas dizem que os formuladores de políticas chineses provavelmente intensificarão as medidas para, pelo menos, ajudar a economia a atingir uma meta de crescimento cada vez mais desafiadora para 2024, com um foco mais acentuado no aumento da demanda para combater as pressões deflacionárias persistentes.

Os dados econômicos de agosto ficaram abaixo das expectativas, aumentando a urgência de implementar mais medidas de estímulo para sustentar a economia, disseram analistas.

Enquanto isso, os estoques de minério de ferro importado mantidos por 64 siderúrgicas chinesas caíram 0,4% em relação à semana anterior, para 10,9 milhões de toneladas em 18 de setembro, disse a consultoria chinesa Mysteel em uma nota, atribuindo a queda ao maior consumo de matéria-prima pelas siderúrgicas.

As quedas contínuas nos estoques de aço provavelmente darão suporte aos preços dos produtos siderúrgicos, especialmente vergalhões e fio-máquina, acrescentou a Mysteel.

Em todos os portos chineses, os estoques totais de minério de ferro caíram 0,73% em relação à semana anterior, em 13 de setembro, segundo dados da Steelhome.

As exportações chinesas de aço mantiveram-se em níveis recordes em agosto, com o aumento indicando a fraca demanda doméstica, disseram os analistas da Westpac.

Globo Online - RJ   20/09/2024

A desaceleração da economia chinesa derrubou as cotações do minério de ferro, e agentes do mercado não trabalham com a perspectiva de uma valorização a curto prazo, o que afeta as decisões de investimentos. No início de setembro, a cotação de minério de ferro no portos da China, entre eles o Dalian, que é referência no mercado internacional, estava abaixo de US$ 100 por tonelada, uma redução de 55% em relação ao recorde de US$ 220 por tonelada alcançado em 2021.

— Há muitas incertezas sobre o crescimento econômico chinês e, por consequência, quanto ao consumo de aço, o que impacta diretamente as cotações do minério de ferro — diz Jayme Nicolato, CEO da Mineração Morro do Ipê.

O minério de ferro é uma matéria-prima fundamental para a produção de aço, muito usado na construção civil e em obras de infraestrutura, e cuja demanda costuma cair em momentos de baixo dinamismo econômico.

O consultor Afonso Sartorio, da EY Brasil, afirma que não há sinais de que a demanda chinesa vai aumentar nos próximos um ou dois anos. Sendo assim, a média das projeções do mercado é que o minério de ferro deverá se manter no nível atual.

A China importa por volta de 74% da oferta global de minério de ferro para complementar sua produção própria. O minério abastece siderúrgicas que produzem por volta de 1,1 bilhão de toneladas de aço por ano, mais da metade da capacidade de produção mundial. Nos últimos 12 meses, essa produção superou o consumo do país em quase cem milhões de toneladas.

Viabilidade diminui

O patamar de US$ 100 por tonelada de minério de ferro é considerado uma referência no setor. Preços inferiores costumam inviabilizar minerações que exploram jazidas com baixo teor de ferro ou reduzida viabilidade logística.

— Cotação em torno de US$ 100 por tonelada é economicamente sustentável para mineradoras com operações eficientes e custos baixos, mas mineradoras com custos altos podem enfrentar dificuldades — diz Ana Sanches, CEO da Anglo American no Brasil.

Ana avalia que grandes players no Brasil e na Austrália não deverão ter dificuldade em manter a produção e a oferta estável, mas o preço atual pode desencorajar novos investimentos em expansão ou em projetos de menor viabilidade econômica, o que pode, a médio prazo, limitar a oferta. O produtor brasileiro tem uma desvantagem em relação ao australiano, que é o custo logístico, devido à maior distância em relação à China. O frete transoceânico entre os portos de Tubarão, no Espírito Santo, e Qingdao, na Província de Shandong, no Leste da China, está próximo de US$ 30 por tonelada.

— É um valor superior às médias históricas — diz Jayme Nicolato.

A Mineração Morro do Ipê, que tem os grupos Trafigura e Mubadala como acionistas, concluiu recentemente investimento de R$ 1,3 bilhão para a implementação da mina Tico-Tico, em Brumadinho (MG). A nova mina elevará a capacidade de produção da companhia de 3,5 milhões de toneladas de minério por ano, realizado na mina Ipê, para 9 toneladas anuais em 2025.

Tico-Tico produzirá “pellet feed”, o minério em partículas finas, com alto teor de ferro e não usará barragens de rejeito.

— É um produto premium de alto valor agregado, de alta demanda, o que protege as nossas operações em relação às flutuações do mercado — diz Nicolato.

Atualmente, a China é o principal destino da produção da Morro do Ipê. Com a nova produção, a expectativa é atender também clientes na Europa e no Oriente Médio.

Os investimentos programados em exploração e extração de minério de ferro no Brasil somam US$ 17,27 bilhões entre 2024 e 2028, de acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O valor representa uma expansão pequena, de 2,1%, em relação ao previsto no quinquênio de 2023 a 2027. Praticamente não há previsão de novos projetos, apenas a execução de expansões já contratadas, refletindo a conjuntura desfavorável da commodity.

Expansão em Carajás

Os maiores projetos são da Vale, que este ano planeja atingir produção entre 310 milhões e 320 milhões de toneladas. A companhia promove uma ampliação na mina Vargem Grande, em Nova Lima (MG), que deve entrar em operação no fim deste ano, e na mina Capanema em Santa Bárbara (MG), prevista para meados de 2025. Para 2026, está prevista a conclusão do projeto de expansão da mina S11D em Canaã dos Carajás (PA), que somará capacidade de 120 milhões de toneladas anuais.

Em fevereiro, a Vale e a Anglo American formaram um acordo em relação aos ativos do Sistema Minas-Rio, entre os municípios mineiros de Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas, e os recursos minerais de alto teor de ferro adjacentes da Vale na serra de Serpentina. Pelo acordo, que aguarda a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a Vale passará a deter uma participação de 15% no Minas-Rio, que continuará sob controle e gestão da Anglo American.

O Sistema Minas-Rio irá integrar os recursos de 4,3 bilhões de toneladas de minério de ferro de Serpentina.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Infomoney - SP   20/09/2024

As vendas de moradias nos Estados Unidos caíram mais do que o esperado em agosto, uma vez que os preços das casas permaneceram elevados apesar de uma melhoria contínua na oferta.

As vendas de casas caíram 2,5% no mês passado, para uma taxa anual ajustada sazonalmente de 3,86 milhões de unidades, informou a Associação Nacional de Corretores de Imóveis nesta quinta-feira (19).

Economistas consultados pela Reuters previam queda para uma taxa de 3,90 milhões de unidades.

As revendas de casas, que representam uma grande parte das vendas de moradias nos EUA, caíram 4,2% em agosto na comparação anual.

O preço médio das casas usadas aumentou 3,1% em relação ao ano anterior, para US$ 416.700, o mais alto já registrado para meses de agosto.

Na quarta-feira (18), o Federal Reserve cortou a taxa de juros em 50 pontos-base, a primeira redução nos custos de empréstimos desde 2020. A medida pode fazer com que as taxas de hipoteca, que recuaram para mínimas de 1 ano e meio, caiam ainda mais.

Taxas hipotecárias mais baixas podem fazer com que mais proprietários coloquem suas casas no mercado, o que pode aumentar a oferta.

O estoque de moradias aumentou 0,7%, para 1,35 milhão de unidades no mês passado. A oferta aumentou 22,7% em relação a um ano atrás.

“As vendas de casas foram novamente decepcionantes em agosto, mas o recente movimento de taxas hipotecárias mais baixas, juntamente com o aumento do estoque, é uma combinação poderosa que proporcionará o ambiente para que as vendas aumentem nos próximos meses”, disse Lawrence Yun, economista-chefe da associação de corretores.

FERROVIÁRIO

Revista Ferroviaria - RJ   20/09/2024

A movimentação de cargas nas ferrovias de Santa Catarina vem apresentando crescimento, mas ainda está aquém da necessidade do setor produtivo, apontam entidades. Os volumes subiram 8,9% no primeiro semestre, na comparação anual, de acordo com a Secretaria de Estado de Portos, Aeroportos e Ferrovias.

As duas concessionárias que atuam no estado transportaram 3,5 milhões de toneladas, representando variação superior à média nacional, de 5,03% no mesmo período em 2023.

Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário TIC Trens: o sonho começa a virar realidade

“Atualmente o modal ferroviário responde por 9,7% da matriz de transportes de Santa Catarina. Esse percentual precisa ser ampliado. No Brasil esse modal representa aproximadamente 21% e nos EUA cerca de 27%, e para ampliar é necessária uma visão sistêmica e integrada”, defende Egídio Martorano, presidente da Câmara de Transporte e Logística da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc).

Por isso, a entidade considera importante desenvolver o Plano Estadual de Logística de Transportes para identificar potenciais investimentos em diversificação da matriz, considerando a multimodalidade, o arranjo produtivo catarinense, a carga de valor agregado e a participação do setor privado.

“Nossa malha é antiga, e novos projetos ferroviários sem um planejamento criterioso, considerando traçados que permitam a integração com a malha nacional, velocidades compatíveis, enfrentam desafios para a viabilidade financeira. A ferrovia chega a custar por quilômetro cinco vezes mais do que a rodovia e Santa Catarina tem um relevo bastante complicado, além do desafio da descida da Serra do Mar que exige grandes investimentos”, reforça Martorano, ao indicar que, globalmente, o modal costuma usar parcerias público-privadas (PPPs).

Em relação à Ferroeste, ainda que possa ser alternativa para o suprimento de grãos, a Fiesc entende que o projeto enfrenta desafios ambientais significativos, resultando em tempo adicional para obtenção de licenças necessárias para a construção.

Assim, a entidade defende priorização do investimento público, neste caso, para o modal rodoviário, enquanto a ferrovia deve ser um investimento privado por intermédio do regime de autorização, que permite concessão em período de mais de 90 anos.
Após décadas de concessão, Ferrovia Tereza Cristina solicita renovação

Com foco no transporte de carvão, a Ferrovia Tereza Cristina completa 140 anos desde sua inauguração em 1° de setembro no Sul do estado.

Neste período, a concessão pública para a administração atual, que já completa 27 anos, nunca foi renovada. Agora, a empresa concessionária Ferrovia Tereza Cristina SA trabalha para solicitar ao governo federal a renovação até 2040, pelo menos.

Em 2021, o Senado prorrogou até esta data a contratação de térmicas a carvão em Santa Catarina. Os processos fluem bem e estão dentro dos prazos, segundo Abel Possagnolo Sergio, gerente de transporte da empresa concessionária.

A demanda pelo escoamento de carvão é estável. No entanto, o transporte de outras cargas, ainda que de menor robustez, têm subido 10% ao ano, e essa é a projeção também para 2024.

Considerando o primeiro e o segundo trimestre, a ferrovia transportou 1,2 milhão de toneladas úteis de carvão, metade da meta para o ano, que é de 2,4 milhões.

Para containers em carga geral, a meta gira em torno de 1,5 mil a 1,8 mil contêineres cheios por mês, e também vem sendo cumprida. Mais de 80% dos volumes são de arroz, direcionados principalmente para o Nordeste.

“Mais recentemente, o Porto de Imbituba passou a receber duas linhas internacionais, abrindo cargas novas, metalmecânica, alimentos, vinho, entre outros produtos. O que chega para o Porto, trazemos para Criciúma”, detalha o gerente de transporte da concessionária.

A malha da ferrovia passa por 14 municípios e tem cerca de 182 passagens em nível sinalizadas, o que requer investimentos anuais em torno de R$ 1 milhão em modernizações, destaca Ramon Joaquim Delfino, supervisor de Tração da ferrovia.

“A concessionária vem investindo em informações para proporcionar mais atenção nas passagens, além de programas institucionais como o ‘Paz na Linha’, tecnologia para área operacional com melhorias nos sistemas de freios, para garantir a segurança dos nossos trens, principalmente em cruzamentos de vias”.

Exame - SP   20/09/2024

A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) vai lançar nesta quinta-feira, 19, o programa "CPTM Serviços", que vai oferecer consultoria, manutenção e aluguel de ativos relacionados a trilhos para concessionárias privadas. A ideia é potencializar a arrecadação de receitas não tarifárias da companhia.

“Estamos pensando no presente e no futuro. Caso as concessões sejam exitosas, deixamos de ser apenas um operador de trens e viramos uma empresa de planejamento e consultoria”, diz José Marcos Miziara Filho, Diretor de Planejamento e Novos Negócios da CPTM, em entrevista exclusiva à EXAME.

A medida, que foi iniciativa interna da área de Novos Negócios da autarquia, vai em linha com os planos do governo Tarcísio de Freitas, que planeja conceder todas as linhas de trilhos do estado nos próximos anos.

Em entrevista à EXAME, Rafael Benini, secretário de Parcerias em Investimentos de São Paulo, afirmou que o plano de longo prazo é transformar a CPTM e o Metrô em grandes prestadoras de serviço, aproveitando o conhecimento e expertise das companhias públicas.

O principal foco será em prestação de serviço para concessionárias que assumirem as operações de trilhos pelo Brasil, mas empresas públicas e privadas de outras áreas também têm demonstrado interesse pelo serviço.

“Decidimos criar esse programa por uma demanda do mercado. Naturalmente, vamos atender concessionárias, mas empresas que procuram alguém que faça modelagem de contratos ou até um plano de mídia também estão interessadas”, afirma Miziara Filho.

Segundo o diretor, pelo menos duas empresas estão em processo de conversas para a contratação dos serviços da CPTM. Uma delas, inclusive, está em fase avançada de negociação.

“A excelência no desenvolvimento de suas atividades, operacionais ou não, qualifica a CPTM a auxiliar empresas ou entidades governamentais, de todo o território nacional ou internacional, a conseguirem alcançar elevados níveis de qualidade nos seus objetivos”, diz.

Entre os serviços que serão oferecidos pela CPTM estão a prestação de serviços de consultoria; aluguel de ativos ferroviários e simuladores de trens; e treinamentos.

A CPTM também planeja oferecer serviços de projetos e BIM (Building Information Modeling).

Por ser uma empresa pública, o programa precisou ser aprovado pelo conselho e a diretoria. Para agilizar o atendimento aos futuros clientes e evitar a conhecida burocracia estatal, a diretoria de Novos Negócios já definiu uma política de preços, que terá preços mínimos para cobrir os custos e margem de negociação para gerar lucro por cada projeto.

"Vamos identificar internamente qual área da empresa tem a disponibilidade e competência para atender. Quantas horas homem vamos precisar gastar no projeto, qual será a dificuldade", diz. "A ideia é que isso não impacte a operação de trens. Vamos aproveitar ainda mais a nossa mão de obras e valorizar nosso funcionários."

O que o CPTM Serviços irá oferecer?

O programa CPTM Serviços oferecerá ao mercado também estratégias de marketing e comunicação, governança, planejamento empresarial e urbano, e meios de pagamento.

“Além disso, máquinas e equipamentos utilizados pela CPTM e que ajudam a companhia a prestar um relevante atendimento ao passageiro também poderão ser oferecidos em um modelo de compartilhamento, o que se torna um bom negócio para todos”, lembra Miziara.

A alinhadora e niveladora, utilizadas na manutenção de via permanente, assim como os veículos para inspeção dos trilhos e da rede aérea, poderão ser disponibilizados para locação, desde que não estejam em uso pela própria CPTM.

“Outras necessidades dos clientes podem ser atendidas, desde que exista disponibilidade de pessoal e o equipamento não esteja sendo utilizado pela própria CPTM”, completa o diretor.

Entre os treinamentos oferecidos estarão os operacionais, de manutenção, comerciais, de planejamento e pesquisa, além de turismo ferroviário.

A coordenação do programa será de responsabilidade da Gerência de Novos Negócios, que conduzirá os processos de consultoria, elaboração de propostas comerciais e a execução dos contratos. A demanda poderá ser identificada ativamente ou após contato de empresas interessadas.

A demanda de mercado poderá ser identificada pela CPTM de forma ativa, por meio de prospecção comercial ou após o contato espontâneo de empresas ou entes interessados em contratar os serviços da companhia.

“Apenas uma empresa com o porte e o conhecimento da CPTM poderia oferecer um benefício tão grande para o mercado brasileiro. Nossos ativos vão muito além dos nossos equipamentos ou qualquer bem material: as pessoas que fazem o nosso dia a dia são uma fonte inesgotável de expertise”, diz Michael Cerqueira, Presidente da CPTM.

Revista Ferroviaria - RJ   20/09/2024

A aceleração da concessão do aditivo de R$ 3,6 bilhões destinado a conclusão da extensão da ferrovia Transnordestina do município de Eliseu Martins, no Piauí, até o Porto do Pecém, no Ceará, foi tema da reunião convocada pelo ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. Ao todo, a obra custará cerca de R$ 7 bilhões.

No encontro, realizado nessa terça-feira, 17, participaram representantes do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e da Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento (SAM) da Casa Civil.

Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário TIC Trens: o sonho começa a virar realidade

A liberação do recurso de R$ 3,6 bilhões, foi realizada em visita do presidente Lula ao Ceará no dia 2 de agosto.

De acordo com o ministério, a Transnordestina, que terá extensão de 1.209 quilômetros (KM), passando por municípios do Ceará, Piauí e Pernambuco, irá “melhorar a logística de transporte, promover integração regional e impulsionar o desenvolvimento socioeconômico do Nordeste”.

“A ferrovia tem importância estratégica para escoar a produção e, também, no abastecimento do Nordeste. É uma obra muito importante para o desenvolvimento da região.”, afirmou o ministro Waldez.

Em relação a geração de empregos, a estimativa é de que, apenas no Ceará, sejam criados quatro mil. Outro ponto discutido na reunião foi a implantação de uma nova concessão ferroviária, com malha em bitola larga (1,6 metros), que permitirá a utilização de um vagão maior.

Segundo o secretário Nacional de Fundos e Instrumentos Financeiros do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), Eduardo Tavares, a obra está inserida na nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento (Novo Pac), que visa o investimento voltado a aceleração do crescimento econômico e a inclusão social.

“Buscamos acelerar mais essa grande entrega do Novo PAC para que o Nordeste possa contar com uma das ferrovias mais importantes para o desenvolvimento do Brasil”, ressaltou.

NAVAL

Portos e Navios - SP   20/09/2024

A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) aprovou a abertura de consulta e audiência públicas para receber contribuições e sugestões sobre o processo de licitação do terminal SSB01, localizado no Porto de São Sebastião (SP). O arrendamento da área, destinada à movimentação e armazenagem de granéis sólidos, cargas gerais e conteinerizadas, terá prazo de 35 anos, com investimento estimado em R$ 660 milhões.

O diretor relator do processo na Antaq, Wilson Lima Filho, informou que a data para início das contribuições será publicada em até 15 dias, e o período da consulta será de 60 dias.

PETROLÍFERO

Valor - SP   20/09/2024

Diretor executivo de estratégia e planejamento da petrolífera reconhece que o Brasil já tem uma matriz elétrica e de transporte mais renovável em relação ao mundo

Durante o Brazil-US Climate Impact Summit 2024, evento promovido pelo Valor e pela Amcham na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, o diretor executivo de estratégia e planejamento da Petrobras, Mauricio Tolmasquim, voltou a defender que o Brasil explore o potencial de produção de petróleo na Margem Equatorial.

Localizada no Norte do país, entre os Estados do Amapá e Rio Grande do Norte, a Margem Equatorial apresenta um importante potencial petrolífero. Ao passo que existe a possibilidade de gerar empregos, aumentar a arrecadação e participar de um desenvolvimento regional e nacional, a exploração ocorrerá em uma região sensível.

O executivo reconhece que o Brasil já tem uma matriz elétrica e de transporte mais renovável em relação ao mundo. Ele entende que a demanda por petróleo em 2050 será menor, mas não será zero, por isso o Brasil pode dar um passo a mais na produção de um petróleo com menor emissão em relação a outros países. “Hoje o mundo produz cerca de 100 milhões de barris dia de petróleo e em um cenário da Agência Internacional de Energia (AIE) em que os países comprar as metas do Acordo de Paris, nós chegaríamos a uma temperatura aproximada de 1,7º grau e teremos uma demanda de 60 milhões de barris por dia no horizonte de 2050”.

Neste cenário em que ainda haverá uma grande demanda de petróleo, o executivo levanta a discussão sobre quem serão os produtores deste petróleo. Segundo Tolmasquim, há de se levar em questão a competitividade, a pegada de carbono e dentro destes critérios, pontos em que a Petrobras pode ser competitiva. “Um outro critério é um compromisso dos países que ainda vão produzir a demanda do mundo estarem usando parte da renda petrolífera não apenas para reduzir os problemas sociais, mas também para investir na transição energética”, afirma.

Para ele, a pegada de carbono embutida da produção é algo que deve ser colocado para determinar os produtores de petróleo neste novo cenário. “Se o Brasil parar de produzir petróleo, é possível que as emissões aumentem porque outro produtor continuará produzindo, mas com uma emissão maior.

— Foto: Vanessa Carvalho / Valor

Valor - SP   20/09/2024

A disputa é por quem poderá, no futuro, extrair a última gota de do combustível fóssil

Há um novo elefante na sala da agenda climática global - o petróleo. A questão é como avançar na decisão da COP28, a Conferência do Clima das Nações Unidas que aconteceu em Dubai, em 2023, sobre os países se distanciarem dos combustíveis fósseis.

Essa é mais ou menos a tradução de “transition away from fossil fuels”, frase vaga o suficiente para os governos terem topado e os ambientalistas, celebrado como um passo histórico. Só que agora ninguém sabe como implementar a decisão. Os interesses de cada um - inclusive do Brasil - se movem nas brechas nebulosas da interpretação da frase.

No evento do Valor e da Amcham em Nova York, o embaixador André Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores disse que “como” levar adiante a decisão “é a grande discussão desse ano”. O negociador-chefe do Brasil nas COPs seguiu: “É o grande tema do momento porque entra dentro da lógica da Convenção [do Clima] e no Acordo de Paris, de separar países desenvolvidos e em desenvolvimento”.

A lógica da Convenção, sempre lembrada pelos países em desenvolvimento e sempre esquecida pelo mundo industrializado, diz que as responsabilidades de enfrentar a crise climática são comuns, porém diferenciadas.

Os países ricos se desenvolveram emitindo e são os mais responsáveis por resolver a crise do clima. De fato, os EUA são os maiores emissores históricos de gases-estufa. O problema é que a China se tornou o maior emissor do presente. É fácil entender que os EUA não querem facilitar a vida da China e muito menos pagar pela sua transição.

Explorar mais petróleo é questão central do governo Lula e sua maior contradição. Verdade que clima se tornou prioridade na agenda política do governo federal. O problema é que, quando o governo pensa em impulsionar a transição energética, pensa apenas no estímulo às energias renováveis. Conter a exploração de petróleo nem pensar.

“A questão é como faremos a diferenciação nessa transição. Ou seja, quais serão os países que poderão continuar a produzir petróleo por mais tempo”, retoma o diplomata. “É um tema que vai dar pano pra manga”.

Mauricio Tolmasquim, diretor-executivo de transição energética e sustentabilidade da Petrobras, disse que maior eficiência na extração de petróleo significa menos emissão. Os cenários da Agência Internacional de Energia consideram que se os países atenderem o que está no Acordo de Paris e cortarem emissões, a demanda cairá dos atuais 100 milhões de barris/dia para 60 milhões de barris em 2050. Isso significaria manter o limite da temperatura do planeta em 1,7°C. “O petróleo estará sendo consumido e alguém terá que produzi-lo”, diz.

A briga é por quem poderá, no futuro, extrair a última gota de petróleo. “Podemos enumerar vários critérios. Vou improvisar alguns”, seguiu o executivo. Se para produzir aquele petróleo você emitiu muito menos do que outro produtor, talvez o teu petróleo tenha preferência”. Neste raciocínio, a pegada de carbono embutida na produção de petróleo seria um critério. “O terceiro fator é a equidade”, seguiu. “Temos os países desenvolvidos que desde a época pré-industrial são os grandes causadores das emissões globais. E há países em desenvolvimento que estão chegando agora. Para eles, o petróleo é um elemento importante da alavancagem de recursos das economias, inclusive para fazer a própria transição energética. A saída da produção de petróleo não deveria se dar da mesma forma, a responsabilidade não é igual entre os países.”

O pano para manga, citado pelo embaixador, está nesta defesa. A grande emissão dos combustíveis fósseis acontece na queima, nos escapamentos dos carros, nas turbinas dos aviões, na fumaça dos caminhões. Não na produção. E cientistas repetem que não existe petróleo verde. “A grande questão para diminuir o consumo de petróleo está do lado da demanda e não da oferta”, diz, com precisão, Tolmasquim. Mas esse é um nó que ninguém quer desatar.

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