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20 de Março de 2023

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   20/03/2023

Na primeira rodada de projeções do governo para os principais indicadores econômicos do País, o novo Ministério da Fazenda anunciou que prevê uma inflação maior e um crescimento menor da economia em 2023 – dado que, ainda assim, é mais otimista do que as projeções do mercado.

De acordo com a nova grade de parâmetros macroeconômicos da pasta, a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano passou de 4,60% para 5,31%. Para 2024, a projeção é de 3,52%.

No documento, a Secretaria de Política Econômica (SPE) argumenta que a revisão foi motivada pelo aumento na projeção de preços monitorados, apenas parcialmente contrabalanceada pela desaceleração esperada na inflação de alimentação no domicílio e de bens industriais. “A partir de 2025, espera-se convergência do IPCA para a meta de 3,00%”, completou.

No último relatório Focus, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central estimaram que o IPCA deve acumular alta de 5,96% em 2023 e de 4,01% em 2024.

Todas as projeções para a inflação em 2023 estão bem acima do teto da meta deste ano, de 3,25%, que tem uma margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (índice de 1,75% a 4,75%). No caso de 2024, a meta é de 3,00%, com margem de 1,5 ponto (1,50% a 4,50%).

O Ministério da Fazenda também atualizou a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) - utilizado para a correção do salário mínimo. De acordo com a nova grade de parâmetros macroeconômicos da pasta, a estimativa para a alta do indicador neste ano passou de 4,90% para 5,16%. Para 2024, a projeção é de 3,30%.

Já a estimativa da Fazenda para a alta do IGP-DI em 2023 passou de 4,55% para 3,85%. Para o próximo ano, a projeção é de 3,80%. As estimativas são utilizadas na confecção do Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, que será divulgado na próxima quarta-feira.

A subsecretária de Política Macroeconômica do Ministério da Fazenda, Raquel Nadal, disse que, apesar da projeção mais alta para a inflação deste ano, acredita que o IPCA voltará para dentro do intervalo da meta no ano que vem.

Ela disse contar com uma aceleração dos preços monitorados, em grande parte por causa da decisão do governo de reonerar os preços dos combustíveis. Além disso, as contas de luz e os planos de saúde também devem ser reajustados e apresentar destaque dentro da composição da inflação. Uma parte da alta dos preços monitorados deve ser compensada com uma diminuição da inflação dos alimentação e de bens industriais, conforme a subsecretária.

PIB

O ministério chefiado por Fernando Haddad também reduziu o otimismo para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023. Mesmo assim, a pasta manteve as expectativas para o desempenho da atividade neste ano em um patamar bem superior ao do mercado.

De acordo com a grade de parâmetros divulgada há pouco pela Secretaria de Política Econômica, a estimativa para a expansão da atividade em 2022 passou de 2,1% para 1,61%. A projeção anterior havia sido feita em novembro, ainda no governo passado.

De acordo com o Boletim Macrofiscal, a redução de 0,49 ponto porcentual deve-se ao arrefecimento na margem dos indicadores econômicos divulgados desde o documento anterior e também aos efeitos defasados mais intensos da política monetária sobre a atividade e mercado de crédito do que o anteriormente projetado. “As perspectivas de liquidez reduzida nos EUA e em outras economias também colaboraram para a revisão da projeção anterior”, apontou a SPE.

O ministério também reduziu as projeções de crescimento da economia de 2024, de 2,50% para 2,34%. Já para 2025, o prognóstico aumentou de 2,50% para 2,76%. Para 2026, a estimativa passou de 2,2% para 2,42%. E para 2027, a projeção anunciada hoje é de 2,49%.

A alta de 1,61% prevista para este ano repercute, segundo a SPE, a aceleração no setor agropecuário e o arrefecimento na Indústria e em Serviços. Para o período de 2024 a 2027, a expectativa é de crescimento médio ao ano de 2,5%. “Essa expansão se baseia nos planos de investimento e nas oportunidades que podem ser exploradas com a transição para uma economia verde e sustentável”, salientou a SPE. A secretaria também credita a expansão às reformas que serão implementadas ainda em 2023, como fiscal e tributária, com potencial de reduzir de forma estrutural a taxa de juros no Brasil.

No último relatório Focus, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central estimaram uma alta de apenas 0,89% para o PIB de 2023. Para 2024, a estimativa no Focus é de alta de 1,50%. As estimativas de mercado para os anos de 2025 e 2026 estão em 1,80% e 1,98%, respectivamente.

Impacto em 2024

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse que os impactos positivos das medidas econômicas tomadas pelo governo serão mais visíveis a partir do ano que vem. “Esperamos uma aceleração do crescimento para 2024", afirmou.

Segundo ele, a grade de parâmetros apresentada tem grau de “realismo e transparência” bastante elevado. Mello enfatizou que todas as projeções são constantemente revisadas e que sua equipe seguirá acompanhando a trajetória da economia global e da brasileira.

Crédito e juros

O secretário salientou que o mercado de crédito vem registrando desde fevereiro do ano passado uma desaceleração na oferta. Assim como no caso do PIB, o secretário apontou que a alta dos juros tem sido uma das principais responsáveis por esse quadro.

“A política monetária contracionista impacta o mercado de crédito”, afirmou, citando “elevadíssimos” níveis de inadimplência, principalmente das famílias. Por isso, continuou, uma das prioridades do governo é a renegociação das dívidas das famílias com o programa Desenrola.

Guilherme Mello defendeu que, quanto antes começar a sinalização de redução da taxa básica de juros (Selic), mais cedo se verá o impacto no mercado de crédito e sobre a atividade. “Quanto antes for possível reduzir a Selic, melhor vai responder a economia em 2023 e 2024", disse.

O secretário disse, porém, que não cabe a ele e sua equipe julgar a política monetária. “Trouxemos fatos”, enfatizou. “É fato que a maior taxa real de juros do mundo afeta o mercado de crédito”, continuou sobre o atual nível da Selic, que hoje está em 13,75% ao ano.

IstoÉ Dinheiro - SP   20/03/2023

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinará ao menos 20 acordos com a China na visita de Estado que fará ao país asiático no fim do mês, de acordo com o Itamaraty. O número ainda pode aumentar. O objetivo da viagem, segundo o Ministério das Relações Exteriores, é aprofundar a parceria estratégica entre os dois países e retomar “contatos de alto nível” com as autoridades chinesas. Já estão confirmados na comitiva 240 empresários, de diversos setores da economia, além de representantes do Congresso.

Um dos acordos que já foram fechados com a China, e que será assinado durante a visita de Lula a Pequim, é de cooperação para o lançamento do satélite Cbers-6, capaz de fazer o monitoramento de florestas mesmo em dias com muitas nuvens no céu. Além do desenvolvimento tecnológico, os entendimentos bilaterais também incluem educação, cultura, finanças, ciência e tecnologia e protocolos sanitários para a exportação de produtos agrícolas.

As discussões contemplarão as mudanças climáticas, a transição energética e o combate à fome. De acordo com o embaixador Eduardo Paes Saboia, secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty, o Brasil quer ter uma relação comercial mais diversificada com a China. O País é hoje o principal fornecedor de produtos agropecuários para Pequim. Ainda que pretenda estreitar os laços bilaterais com os chineses, com mais investimentos, contudo, o governo brasileiro também tem a preocupação de fortalecer o Mercosul, segundo o secretário.

Para Saboia, a visita à China será comercial e econômica, mas também política. Durante um briefing à imprensa sobre a viagem do presidente da República, o secretário ressaltou que Lula será o primeiro mandatário a ser recebido em Pequim após Xi Jinping iniciar um novo mandato no comando do gigante asiático.

Além disso, a viagem do petista à China será a primeira fora do Hemisfério Ocidental. Desde que assumiu o terceiro mandato, ele já foi à Argentina, ao Uruguai e aos Estados Unidos. “A visita ocorre em um momento muito auspicioso, de renovação do ciclo político no Brasil e na China”, disse o secretário.

“É um momento em que Brasil e China falam para o mundo. É uma relação rica, densa. Quando dois países em desenvolvimento se juntam, eles falam para o mundo”, afirmou Saboia. “A China passa por uma transformação econômica. Crescimento mais voltado para a qualidade, transição para um País mais desenvolvido. Abre possibilidade para parcerias e exportação de outros produtos”, emendou.

A viagem de Lula será do dia 26 ao dia 31 de março. A visita oficial de Estado, em Pequim, ocorrerá no dia 28. O petista se encontrará com o presidente chinês, Xi Jinping, com o primeiro-ministro do país asiático, Li Qiang, e com o presidente da Assembleia Popular Nacional, Zhao Leji. Um comunicado conjunto, com 50 parágrafos, deverá ser divulgado.

No dia 29, ainda na capital chinesa, Lula participará de um seminário para o qual são esperados entre 400 e 500 empresários. Como mostrou o Estadão, representantes do setor produtivo brasileiro disputam lugar na comitiva. Segundo o Itamaraty, 240 já foram confirmados, entre eles, 90 do agronegócio. No dia 30, Lula irá a Xangai, acompanhado da ex-presidente Dilma Rousseff, que dirigirá o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), popularmente conhecido como Banco dos Brics (sigla do bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Para a comitiva, Lula convidou os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), além de outros representantes do Congresso. Ainda não há, contudo, uma lista oficial de quem de fato irá com o petista para a China.

IstoÉ Online - SP   20/03/2023

A viagem do presidente Luiz Inácio de Lula da Silva à China, entre 26 e 31 de março, encontrará uma situação geopolítica global favorável ao estreitamento de relações comerciais com o Brasil, em meio a tensões entre chineses e norte-americanos sendo acentuadas por uma aproximação de Pequim com a Rússia.

Se situação rememora como as exportações do Brasil foram beneficiadas pela guerra comercial China-EUA no passado, coincide também com um ano de safra recorde de soja brasileira, principal produto da pauta de exportação nacional que pode atender os chineses — maiores importadores mundiais — com certa folga, se houver alguma rusga mais grave entre eles e norte-americanos.

“Na soja, há expectativa de produção recorde de 150 milhões de toneladas… por conta do aumento da quantidade, isso deve evitar que os preços subam”, disse o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.

A expectativa de grande colheita brasileira de milho, cujo mercado foi recém-aberto pelos chineses, sempre ávidos por matérias-primas, e uma temporada mais açucareira no Brasil em 2023, que garantirá oferta adicional necessária à China (maior importador do produto brasileiro), também ajudam a adoçar as relações comerciais após desgastes deixados por posições anti-Pequim do governo Jair Bolsonaro.

“A deteriorarão da relação EUA-China pode criar espaço para uma aproximação comercial entre os dois países (Brasil e China), em algum cenário probabilístico… Vimos o que aconteceu durante a guerra comercial, abriu espaço para o Brasil como origem de commodities, em especial a soja”, disse o coordenador de Inteligência de Mercado da consultoria e corretora StoneX, Vitor Andreoli.

Entre 2018 e 2019, Pequim adotou contramedidas a tarifas de Washington e taxou produtos dos EUA como soja e carnes, o que desviou boa parte da demanda para o Brasil, que também teve naqueles anos boas safras.

No longo prazo há preocupação com a extrema dependência do Brasil em relação à China, lembra um analista que prefere falar sob anonimato, citando que a população do país asiático não cresce mais no mesmo ritmo como no passado.

No momento, porém, há algumas discussões que podem render frutos comerciais imediatos ao Brasil, como novas habilitações de frigoríficos de carnes e a abertura do mercado ao farelo de soja brasileiro, além da importância do caráter institucional da viagem, conforme também destacou André Nassar, presidente da Abiove, associação que reúne as tradings e processadoras de soja.

“O negócio se desgatou muito no governo anterior. O mais importante é sinalizar essas relações estáveis (…), a possibilidade de ter agenda aberta de produtos, investimentos. Essa é a grande relevância dessa viagem”, segue Nassar, informando que fará parte da comitiva avançada que acompanhará o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, prevista para chegar ao país asiático dias antes de Lula.

Na última semana de março, o presidente levará à China empresários, parlamentares e outros ministros além de Fávaro, respondendo a convite do líder chinês Xi Jinping.

Nas agendas da missão em Pequim e Xangai, contudo, não há sinal de grande anúncio ou investimento até o momento, de acordo com uma fonte da equipe econômica. O mercado espera, pelo menos, a retomada das exportações de carne bovina após uma suspensão em fevereiro, por um caso atípico de “mal da vaca louca”.

Mas há expectativa de plenárias empresariais envolvendo empresas chinesas com investimentos no Brasil, como Sinopec (energia e química), China Three Gorges Corporation (energia), Cofco (agronegócios), Citic (financeiro), China General Nuclear Power Corporation (energia), China National Offshore Oil Corporation (petróleo). Do lado brasileiro, devem estar gigantes como Vale, JBS, Embraer, Suzano e outras.

LIDERANÇA GEOPOLÍTICA

Ainda, há expectativa de uma relação institucional mais “saudável” entre Brasil e China após o governo de Jair Bolsonaro, marcado por comentários “inadequados” do ex-presidente em redes sociais sobre os chineses, lembrou Andreoli, da StoneX.

Olhando para frente, como fornecedor confiável de outros importantes produtos importados pela China, que vão de carnes a minério de ferro e petróleo, a missão brasileira buscará que uma consolidação do Brasil como parceiro comercial mude o status geopolítico da nação sul-americana para os chineses, segundo a fonte da equipe econômica.

Sendo reconhecido como efetivo líder regional, o Brasil quer barrar também ofensivas bilaterais chinesas na região, como conversas para um acordo comercial com o Uruguai que seriam “fatais” ao Mercosul.

CNN Brasil - SP   20/03/2023

O Secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, disse nesta sexta-feira (17) que espera um afrouxamento da política monetária “certamente este ano”, e que, quanto antes ele vier, melhor para a atividade do país.

“É evidente que todos nós esperamos a melhoria das condições da restrição monetária o quanto antes. Certamente este ano, mas o quanto antes, melhor”, disse Mello em entrevista à imprensa para comentar a atualização das projeções do Ministério da Fazenda para o PIB e a inflação.

A Secretaria de Política Econômica passou a prever um crescimento econômico de 1,61% em 2023, contra previsão de 2,10% feita em novembro pela gestão anterior da pasta, no governo Jair Bolsonaro. Já para a inflação medida pelo IPCA, a previsão da equipe econômica subiu a 5,31% em 2023, contra 4,60% da projeção feita em novembro.

O centro da meta oficial para a inflação em 2023 é de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Mesmo com a expectativa de que a meta oficial de inflação seja desrespeitada a ritmo mais intenso do que o esperado anteriormente neste ano, Mello afirmou que é possível haver uma redução da taxa Selic, atualmente em 13,75%, até o final de 2023.

“Não há nenhuma incompatibilidade entre… reduzir juros com a inflação acima da meta, não há. Porque a inflação está acima da meta hoje, e a política monetária não atua hoje, ela atua com defasagem”, argumentou o secretário.

Segundo Mello, a projeção menor de crescimento não afeta, tampouco, o objetivo do governo de reduzir o déficit primário do governo central de 2023 para perto de 1% do PIB, ante uma estimativa no início do ano de um rombo de 2,16% do PIB.

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem atacado repetidamente o patamar dos juros básicos brasileiros, argumentando que uma Selic alta demais prejudicará o crescimento econômico e ameaçará o mercado de crédito.

De fato, Mello disse nesta sexta-feira que o cenário de aperto monetário nos Estados Unidos e no Brasil tem impacto sobre os mercados financeiro e de crédito domésticos, e chegou a atribuir a crise da Americanas ao rápido ciclo de aperto monetário do BC.

O secretário disse que o governo tem dado grande atenção ao mercado de crédito e quer reintegrar as famílias de baixa renda ao setor. Segundo ele, isso será viabilizado pelo programa de renegociação de dívidas Desenrola, que ainda não foi lançado pelo governo.

CNN Brasil - SP   20/03/2023

A alta taxa de juros e o tempo de permanência em patamar elevado prejudicam o comércio ao desestimular o consumo e encarecer as operações de linha de crédito para as empresas, segundo especialistas consultados pela CNN.

“Com os juros que estamos, por um longo tempo, isso tem um duplo efeito. Primeiro, o crédito para capital de giro fica mais caro para o comércio varejista. E, segundo, com este patamar da Selic, a economia desacelera. Logo, o consumo diminui e o comércio passa a vender menos”, diz Rodrigo Simões economista e professor da FAC-SP.

A taxa de juros no início de 2022 era de 9,15% e encerrou o ano no patamar atual de 13,75% ao ano.

Segundo Simões, o setor, principalmente o comércio varejista, depende em grande medida do crédito para girar o caixa, uma vez que as margens de lucro são baixas. Trata-se, na avaliação dele, de operações que mantém muitas empresas vivas no dia a dia.

O especialista explica que a queda do consumo aliada às projeções de desaquecimento da economia faz com o crédito fique ainda mais caro.

Além do impacto no crédito para as empresas, os consumidores também realizam menos empréstimos e financiamentos, opções frequentemente utilizadas para a compra de bens como eletrônicos e eletrodomésticos.

A avaliação é de que além da dificuldade para conseguir crédito, existe muita inadimplência no Brasil atualmente. Logo, segundo os economistas, os consumidores optam por pagar as dívidas em vez de utilizar o dinheiro no consumo de bens.

“A atividade econômica vem esfriando. Os juros altos prejudicam vários aspectos para o comércio. Os bens ficam um pouco mais caros, e a maior parte destes é consumida com crédito, parcelamento, financiado no cartão. O nível de inadimplência da população também é prejudicial”, diz o economista Denis Medina.

Estudo da Serasa Experian mostra que em cinco anos, o número de brasileiros inadimplentes passou de 59,3 milhões para 70,1 milhões, um recorde na série histórica.

O valor das dívidas também cresceu. Em média, cada inadimplente deve R$ 4.612,30. Em janeiro de 2018, era R$ 3.926,40, um crescimento de 19% no período.
Economia dá sinais de desaceleração

Ainda que tenha crescido 2,9% em 2022, a economia brasileira demonstrou, no quarto trimestre, sinais de desaceleração ao recuar de 0,2% em comparação com o período imediatamente anterior.

“Se olharmos apenas os juros, isoladamente, ele é um vilão. Mas ele está alto para a combater a inflação que ainda é persistente. Temos visto perspectivas de aumento da inflação ao longo desse ano”, diz Medina.

Na próxima quarta-feira (22), o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), se reúne para decidir sobre a taxa Selic. A expectativa para a reunião é alta por parte dos setores econômico e político.

O Estado de S.Paulo - SP   20/03/2023

O Comitê de Política Monetária (Copom) vai se ver no meio de uma encruzilhada nesta semana ao ter de decidir o rumo da taxa básica de juros e indicar quais serão os próximos passos da Selic. A conjuntura é difícil porque a atividade econômica desacelera, mas a inflação é resiliente, e o cenário global se tornou mais incerto.

O rumo da política monetária se transformou em um embate público da ala política do governo, encabeçada pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), contra as decisões de Roberto Campos Neto na condução do Banco Central. No início de fevereiro, o petista chegou a afirmar que não via uma “explicação” para o patamar atual da Selic, em 13,75% ao ano.

A grande alegação do governo e da equipe econômica é de que os juros elevados estão provocando uma desaceleração da economia. Em 2023, bancos e consultorias projetam que o Produto Interno Bruto (PIB) avance próximo a 1%, abaixo do crescimento de 2,9% registrado no ano passado. E pior: não existe um cenário promissor para os próximos anos. O País também já vê um cenário mais difícil da expansão do crédito para famílias e empresas, sobretudo, depois do episódio envolvendo a Lojas Americanas, e uma perda de fôlego no mercado de trabalho.

No radar do BC, no entanto, há uma inflação resiliente - próxima de 6% -, e expectativas fora de controle, se afastando semana a semana das metas estabelecidas. Existem ainda dúvidas com relação ao novo arcabouço fiscal, que será apresentado publicamente pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para substituir o teto de gastos, a regra que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior. Nesse cardápio, também surgiram sinais de fragilidade da economia mundial com os últimos solavancos no sistema financeiro global.

“É uma situação difícil. Estamos num momento de transição. A inflação está desacelerando, mas ela é resistente”, afirma Alessandra Ribeiro, sócia e economista da consultoria Tendências.

As críticas e pressões em relação ao atual patamar da taxa básica de juros não ficam restritas apenas ao presidente Lula. Entidades do setor produtivo também passaram a defender a queda da Selic. Entidades do setor produtivo também passaram a defender uma queda da Selic. “O juro alto é uma doença no Brasil e parece que ela não tem cura”, diz José Velloso, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

Hoje, o Brasil lida amplamente com os efeitos de uma política monetária contracionista, que leva até nove meses para se materializar na economia. Entre março de 2021 e junho do ano passado, a Selic subiu de 2% para 13,75%.

Nesse período, o setor de máquinas e equipamentos – considerado um importante termômetro do desempenho do investimento no País – sentiu os efeitos dessa elevação. Em 2021, o faturamento cresceu 28%. No ano passado, recuou 6%. “A política monetária atingiu direto no nosso setor”, afirma Velloso.

Um levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que 23,8% dos empresários apontavam os juros elevados como um dos principais problemas enfrentados pelo setor no ano passado. Em 2021, essa queixa foi de 14,2% dos entrevistados.

“O aumento dos juros encarece os investimentos, e as empresas tendem a segurá-los”, afirma Mário Sérgio Telles, gerente executivo de economia da CNI. “E, além disso, do outro lado, há uma demanda menor para realizar esses investimentos.”

Surto inflacionário

A escalada dos juros no País teve como pano de fundo o surto inflacionário global provocado pelos reflexos econômicos da pandemia de covid-19. No Brasil, a situação se agravou com os desarranjos patrocinados pelo Congresso e pelos governos Jair Bolsonaro e Lula nas contas públicas. Nos últimos anos, uma série de alterações nas Constituições driblaram o teto e abriram espaço para que o governo pudesse gastar mais.

O problema é que o Brasil tem um elevado endividamento para uma economia emergente. Sem uma clareza sobre o rumo das contas públicas, há uma piora da percepção de risco dos investidores em relação ao País, o que acaba desvalorizando o real em relação ao dólar e piorando o cenário para a inflação. Na prática, o trabalho do BC fica mais difícil.

“Quando o surto inflacionário aparece, como o que a pandemia trouxe, é fundamental que os dois lados, o fiscal e o monetário, operem de mãos dadas”, afirma José Júlio Senna, ex-diretor do Banco Central e chefe do Centro de Estudos Monetários do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

Os próximos passos

Entre os analistas, há um consenso de que o Copom não deve mexer na taxa de juros na semana que vem, mas pode sinalizar alguns movimentos para preparar um corte nas próximas reuniões. No relatório Focus, os economistas consultados pelo BC projetam que a Selic deve encerrar este ano em 12,75%.

“Há muitos sinais direcionando para um corte de juros, que não é iminente. Há uma contração de crédito, há sinais no mercado de trabalho. Tem uma série de indícios de que o aperto feito no ano passado está fazendo efeito”, afirma Marcelo Ferman, CEO da gestora Parcitas. “O que deixa o cenário mais complexo são as jabuticabas brasileiras.”

No cenário local, há duas grandes incertezas. A primeira diz respeito à capacidade de o novo arcabouço oferecer estabilidade à trajetória das contas pública ao longo dos anos. Publicamente, além das críticas a Campos Neto, o presidente Lula criou uma oposição - ao menos em seu discurso - entre o controle das contas públicas e responsabilidade social. A segunda surgiu com a recente discussão sobre uma mudança meta da inflação, o que colocaria ainda mais incerteza sobre a condução da política econômica.

“Houve um crescimento da incerteza por conta das falas do Lula”, afirma Luiz Fernando Figueiredo, presidente do conselho de administração da Jive Investments e ex-diretor do BC. Hoje, ele diz que essa incerteza até está menor, ajudada pela retorno da cobrança de tributos sobre os combustíveis, que deve render quase R$ 30 bilhões aos cofres públicos – a volta dos impostos foi considerada uma vitória do ministro da Fazenda na busca por equilibrar as contas públicas. A leitura de Figueiredo é a de que o Copom pode começar a reduzir a Selic no fim do primeiro semestre.

Nos últimos dias, o cenário internacional contribuiu com mais um leva de incertezas. A quebra dos bancos norte-americanos Silicon Valley Bank e Signature Bank e o socorro ao Credit Suisse podem piorar o desempenho da atividade global no futuro, alterando o rumo do aperto monetário mundial. “Podem ser ventos muitos recessivos”, afirma Ferman. “Mas tudo está muito no início.”

Nesta semana, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) também se reúnese reúne. A expectativa de uma alta das taxas de juros norte-americanas de 0,50 ponto porcentual deu lugar para a possibilidade de um aumento de 0,25 ponto porcentual – aposta majoritária – ou de manutenção nos atuais 4,75% ao ano.

CNN Brasil - SP   20/03/2023

A queda na demanda tem frustrado empresários da indústria, onde a produção atinge o menor índice desde 2017, seguindo tendência de desaquecimento em 2023. No centro desse cenário, estão juros em patamares elevados, cujos efeitos colaterais passam por uma maior inadimplência e redução do poder de compra do brasileiro, diz a CNI.

Esse momento foi capturado pela associação em dados divulgados nesta quinta-feira, que ligam o resultado, sobretudo, à alta dos estoques.

“As indústrias produziram para atender uma certa expectativa de demanda. Como ela não se concretizou, houve o acúmulo de estoques indesejados”, disse a confederação à CNN em nota.

Segundo a CNI, a taxa de juros tem um papel importante na redução dessa demanda. “Produtos mais caros, que as pessoas costumam pagar de forma parcelada, ficam ainda mais caros, com parcelas mais elevadas”.

“Também tem o endividamento e a inadimplência, relativamente altos, que fazem com que algumas famílias paguem juros mais altos e sofram com a redução de renda disponível”.
“Remédio amargo”

Parte desse movimento está ligada ao impacto tardio da política monetária contracionista do Banco Central Brasileiro, atualmente em 13,75% ao ano— maior patamar desde janeiro de 2017.

A Selic é a taxa de juros de referência da economia brasileira. Ela é definida pelo Banco Central e serve como uma espécie de piso para todos os outros juros praticados no país – tanto os dos empréstimos quanto os dos investimentos.

Ela é a ferramenta básica do BC para cumprir a sua principal missão: controlar a inflação do país. Quando os preços começam a subir demais, o Banco Central eleva os juros, o que encarece o crédito e leva as empresas a fazerem menos investimentos e as pessoas a comprarem menos.

Isso faz com que a demanda perca força gradualmente, desaquece a economia e, por consequência, ajuda a inflação a voltar a baixar.

O Estado de S.Paulo - SP   20/03/2023

O crescimento dos investimentos nos países emergentes desacelerou na segunda metade deste século, de 11% em 2010 para 3,4% em 2019. Tirando a China, a desaceleração foi mais forte: de 9% para 0,9%. Essa tendência abarcou tanto os emergentes exportadores de commodities quanto os importadores, e tanto os investimentos públicos quanto os privados.

O crescimento per capita dos países emergentes também caiu fortemente após a crise financeira global de 2008-09, saindo de 7,5% em 2010 para 3,9% em 2019 - excluindo a China, de 5% para 1,6%. Também houve desaceleração do crescimento do crédito para o setor privado e dos fluxos de investimento externo direto.

Essas informações constam de recém-divulgado trabalho dos economistas Kersten Stamm e Dana Vorisek, do Banco Mundial, intitulado (na tradução do inglês) "A Desaceleração Global do Investimento: Desafios e Políticas".

Comparado ao período 2002-07, a economia global em 2010-19 cresceu menos, com preços mais baixos de commodities, influxos de capital para os emergentes menores e mais voláteis, mais incerteza econômica e geopolítica e acúmulo de dívidas privadas e públicas, segundo um dos trabalhos acadêmicos (Kose and Ohnsorge 2020) citados pelos autores.

Na pandemia, a freada nos investimentos dos emergentes foi ainda mais forte do que na crise financeira global. Houve recuo de investimentos nos países emergentes como um todo em 2020, o que não ocorrera em 2009. Depois de uma expressiva recuperação em 2021, o crescimento dos investimentos nos emergentes à frente é projetado para ser mais lento do que o ritmo das duas primeiras décadas do século.

A projetada desaceleração adicional do investimento nos emergentes no médio prazo pós-Covid é atribuída aos efeitos da guerra da Ucrânia no mercado de commodities e nas cadeias produtivas, aos níveis historicamente elevados de relação dívida/PIB e ao aperto monetário em curso para conter a alta da inflação.

Essa desaceleração do investimento nos emergentes, apontam os autores, freia o crescimento econômico de longo prazo e dificulta avanços sociais e ambientais acordados em tratados internacionais.

Em relação à desaceleração dos investimentos nos emergentes pré-Covid, na segunda década deste século até 2019, os economistas apontam como uma importante causa o fim do superciclo de commodities para os países exportadores de matérias-primas. Quase dois terços dos emergentes dependem de exportações de energia, metais e produtos agropecuários, e a maior parte das commodities caiu fortemente dos picos de meados de 2011, com metais e energia despencando mais de 40% até os pontos mais baixos em 2016 (houve recuperação moderada nos três anos subsequentes).

Outros fatores da desaceleração dos investimentos nos emergentes pré-pandemia foram a mudança de modelo na China para crescimento mais baseado em consumo do que em investimento e exportações; e os impactos nos emergentes do baixo crescimento nos países avançados e do elevado endividamento das empresas.

Em 2016-18, vários desses fatores tiveram alguma reversão, e o investimento nos emergentes recuperou-se um pouco, mas em seguida veio o choque da pandemia. O impacto no investimento dos emergentes foi bem maior do que na crise financeira global. Excluindo a China, houve queda de 8%. Uma parcela de 70% dos emergentes teve contração de investimentos em 2020, comparado a 55% em 2009.

Pela projeção dos autores, o crescimento do investimento nos emergentes até 2024 será insuficiente para retomar a tendência 2010-19, que por sua vez já mostrava desaceleração ante o cenário pré-crise financeira global.

A recomendação de políticas econômicas pelos autores para melhorar o quadro debilitado do investimento nos emergentes é a receita habitual das instituições multilaterais, incluindo rearranjo de despesas públicas, eliminação de subsídios distorcivos, participação do setor privado em infraestrutura e melhora do ambiente de negócios.

Correio Braziliense - DF   20/03/2023

Após o fechamento de dois bancos americanos e a queda vertiginosa das ações do Credit Suisse, a ansiedade tomou conta do mercado, que aguarda uma queda antecipada da taxa básica de juros (Selic) no Brasil. Dado o altíssimo risco sistêmico e as lembranças da crise de 2008, analistas acreditam que bancos centrais devem intervir para proteger a economia de um colapso, que pode facilmente ser ocasionado por quebra de instituições financeiras em efeito cascata.

A redução dos juros expôs uma queda de braço entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e tem fatores internos determinantes, como a inflação e o ritmo da atividade econômica. O cenário incerto da economia global, no entanto, reforça a pressão sobre as autoridades monetárias de vários países, colocando a política de juros na berlinda.

Para Lucas Schwarz, analista da VG Research, a tribulação afetaria todos os mercados, sem distinção, pois geraria uma crise de confiança no próprio sistema. A curto prazo, o maior impacto seria sobre decisões de política monetária. “Com o aperto monetário, os primeiros corpos começaram a boiar; o problema é que o Credit Suisse é grande demais para quebrar e, por essa razão, os bancos centrais podem pensar em dar uma pausa no aperto monetário para que uma crise de liquidez de fato não se concretize”, avaliou.

O governo Lula já sinalizou que uma crise no mercado financeiro, em meio ao temor de recessão, pode antecipar uma queda nos juros aqui no Brasil. “O próximo meeting do Federal Reserve (Fed, banco central americano) será essencial para verificar se as crises dos grandes bancos serão motivo para dar uma pausa no aperto. Credit Suisse e Deutsche Bank são duas bombas-relógio. Porém, as autoridades monetárias parecem estar dispostas, a todo custo, a evitar uma nova grande crise financeira global, como visto nas falas recentes do Banco Central da Suíça”, disse.

O principal impasse para a queda dos juros é o aumento da inflação. Projeções do Boletim Macrofiscal, divulgadas pelo Ministério da Fazenda na última semana, revisaram a expectativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que deve fechar este ano em 5,31%. A meta central de inflação para este ano foi fixada em 3,25% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%. Caso a projeção do governo se concretize, este será o terceiro ano consecutivo de estouro da meta.

A perspectiva faz com que o mercado não considere uma queda da Selic já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para esta semana. “O Fed e o BC podem atuar de alguma forma para conter os juros, em meio ao receio da crise bancária. Por outro lado, a inflação continua alta. Nesse cenário, começa a se levantar o dilema de o que poderia ser um remédio de curto prazo. A inflação alta é muito nociva para a economia, então esses são os grandes dilemas”, ponderou Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos.

No Brasil, a discussão sobre o patamar dos juros ainda passa por um elemento particular: a perspectiva fiscal do país frente à iminente apresentação da âncora fiscal que sucederá o teto de gastos — mecanismo para limitar o crescimento das despesas públicas à inflação.

Analistas não acreditam que o quadro que se apresenta agora seja tão agudo quanto a crise de 2008, que também começou com quebradeira de bancos americanos, mas não se arriscam a dizer até onde chega a atual instabilidade monetária. “Sem dúvida, 2008 trouxe uma lição que todos os bancos centrais aprenderam e com certeza não vão pagar pra ver novamente, mesmo que isso custe tirar dinheiro do próprio bolso, já que o impacto nocivo do risco sistêmico pode custar muito mais do que intervir nessas instituições, seja na gestão, seja suprindo seus clientes”, disse Sidney Lima, analista da Top Gain Research.

O Estado de S.Paulo - SP   20/03/2023

Tantas foram as promessas a respeito da qualidade do arcabouço fiscal, responsável por substituir o critério do teto de gastos, que o risco é de que não seja suficientemente confiável e que acabe em decepção. A conferir.

O governo Lula tem insistido em que não se pode deter a inflação apenas com a alta dos juros. Nada mais certo. Só não se vê até agora nenhum passo decisivo nessa direção. Mas vamos ao que poderia ser feito para ajudar a segurar ou, até mesmo, a derrubar os preços, sem pressionar demais os juros.

As providências mais importantes escorreriam para o lado fiscal. O presidente presidente Luiz Inácio Lula da Silva não esconde sua resistência a práticas de austeridade fiscal. Para ele, as prioridades são as despesas sociais que aliviem a pobreza e os investimentos em obras públicas que produzam crescimento econômico e emprego. E, no entanto, despesas sociais e investimentos baseados em despesas públicas, sem receitas que lhes correspondam, despejam recursos no mercado e fazem o contrário do que tenta o Banco Central.

Proposta alternativa insistente é a de que o governo deve refazer estoques reguladores, especialmente de alimentos. Mas essa é uma proposta adequada quando há ameaças de escassez, o que não ocorre no Brasil. Além disso, essa estocagem de alimentos exigiria recursos públicos – esses, sim, mais escassos do que os produtos em alta.

O novo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, é um sistemático defensor da criação de um fundo de estabilização dos preços do petróleo e derivados. Só que a formação de um fundo dessa natureza também exigiria recursos públicos. Além disso, preços mais baixos dos derivados concorreriam para reduzir a arrecadação dos Estados.

Um dos fatores de alta é a desvalorização do real (queda do dólar), que puxa para cima não só os preços dos importados, mas, também, os dos produtos nacionais amarrados ao dólar, como soja, milho, trigo e petróleo. Mas, para estabilizar a cotação do dólar, o Banco Central teria de vender reservas. E convém anotar que a contrapartida a uma revalorização do real baratearia o produto importado e, assim, levaria o risco de reduzir a competitividade da indústria.

Outro caminho para segurar a inflação que dispensasse a alta dos juros seria reduzir a indexação (correção automática de salários e de preços), antigo vício da economia brasileira, nunca extirpado, apesar dos esforços nessa direção. O problema aí é mais político do que técnico, porque as pressões por reajustes surgiriam de todos os lados.

E nem se fala em controle artificial de preços, coisa que não funciona nunca, nem com a ressurreição dos fiscais do Sarney acionados nos anos 1980.

MINERAÇÃO

Valor - SP   20/03/2023

Foram entrevistados 320 líderes mundiais de empresas de mineração e metalurgia

Arbex, da KPMG: “É importante que as empresas não só adotem metas de ESG, mas também façam com que estejam presentes nas reuniões regulares dos gestores” — Foto: Divulgação

No mundo, 30% das empresas do setor de mineração e metalurgia integram as metas de ESG (sustentabilidade socioambiental e governança corporativa, na sigla em inglês) à sua estratégia empresarial. Outros 48% desenvolveram metas de ESG, mas não tornaram essas metas parte da estratégia geral da companhia. Essas são conclusões de um relatório produzido pela KPMG, a partir de entrevistas com mais de 320 líderes mundiais no setor mínero-metalúrgico.

“É importante que as empresas não só adotem metas de ESG, mas também façam com que estejam presentes nas reuniões regulares dos gestores”, afirmou Nelmara Arbex, sócia-líder de consultoria em ESG da KPMG no Brasil.

Ela observou que uma das exigências do BlackRock, por exemplo, é a diversidade de gênero na alta gestão das empresas. “Até por exigência dos investidores as empresas precisam avançar nessa direção”, acrescentou Arbex.

De acordo com os executivos entrevistados, as ações que as empresas pretendem adotar para alcançar as metas de ESG incluem comunicar com clareza metas e o seu progresso para alcança-las; investir em novas tecnologias alinhadas com as metas de ESG; garantir que as equipes e lideranças estão comprometidas com esses objetivos.

Dos entrevistados, 75% disseram que as empresas estabeleceram metas de zero emissões líquidas de carbono, sendo que em 69% dos casos, a data limite para atingir a meta é 2030.

Além disso, 43% dos executivos afirmaram que vão acelerar investimentos em novos processos de produção e mineração. “É possível perceber um movimento mais claro das empresas do setor no sentido de descarbonizar o próprio negócio, com o uso de mais fontes limpas de energia e substituição de máquinas e equipamentos”, afirmou Ricardo Marques, sócio líder do segmento de metais e mineração da KPMG no Brasil.

No Brasil, reduzir as emissões de carbono, adotar fontes limpas de energia e melhorar a gestão hídrica e de resíduos são prioridades para as empresas mínero-metalúrgicas na área ambiental, segundo Arbex. No lado social, a segurança das barragens de rejeitos, facilitar o acesso à educação, oferecer condições para que haja diversidade na empresa estão entre as maiores preocupações.

“Algumas dessas medidas são compromissos públicos assumidos pelo setor. Em maio vamos divulgar um balanço dessas ações”, disse Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Segundo o instituto, as metas do setor até 2030 são: redução do consumo de água em 10%, corte do consumo de energia em 5%, ampliação em 15% do consumo de energia de fontes renováveis e aumento de 53% nos investimentos em pequisa e tecnologia.

Ainda na área ambiental, o setor tem como meta no Brasil aumentar em 10% a relação entre áreas protegidas sobre o total de áreas impactadas. Em 2020 a relação era de 10,7 hectares e a meta é chegar a 2030 em 11,8 hectares.

Em relação à diversidade e inclusão, as metas para 2030 são dobrar a presença de mulheres nas empresas, elevar em mais de 50% o percentual de mulheres em cargos de liderança, aumentar em 130% pessoas com deficiência em cargos de liderança e em 50% a presença de pessoas com deficiência nas empresas.

“Estamos passando de um capitalismo de shareholders para um capitalismo de stakeholders. As empresas têm que procurar focar no longo prazo mas sem colocar o lucro acima de tudo. Nesse sentido, duas grandes questões que os CEOs têm que cuidar são clima e desigualdade social”, afirmou.

Ainda segundo a KPMG, do total de entrevistados, 43% disseram que um dos maiores desafios para atingir as metas de ESG é a falta de regras ou regras inconsistentes sobre relatórios de ESG.

Na Europa, observou Arbex, uma questão regulatória que o setor enfrenta diz respeito aos esforços do governo para reduzir a demanda por aço intensivo em carbono. O comércio europeu de aço provavelmente se tornará mais complexo, devido ao mecanismo de ajuste de fronteira de carbono, acordado pelo Conselho Europeu em março de 2022. O mecanismo foi criado para equalizar o preço do carbono entre produtos domésticos e importados e garantir que os objetivos climáticos da União Europeia não sejam prejudicados pela importação de aço intensivo em carbono mais barato.

No Brasil, disse Marques, as empresas de capital aberto seguem regras de sustentabilidade previstas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mas há falta de uma legislação mais clara e detalhada no país.

Questionados sobre os maiores desafios para as empresas do setor nos próximos dois anos, 32% citaram conflitos sociais nos países onde operam; 29% citaram questões geopolíticas, problemas com suprimentos, e questões regulatórias. Questões ambientais foram citadas por 28% dos executivos.

Em relação a oportunidades de negócios, 57% dos executivos afirmaram que esperam transformar suas operações com investimentos em tecnologia. Para 47% dos entrevistados, as companhias poderão transformar suas operações por meio de aquisições e desinvestimentos. Mudança significativa nos produtos para acelerar a transição para produção com energia mais limpa foi citada por 37% dos entrevistados. Redução drástica nos custos de mão de obra por meio de medidas como demissões foi citada por 30% dos executivos.

Máquinas e Equipamentos

Construção Latino-americana - SP   20/03/2023

Quem passou pela Komatsu, na Conexpo, maior feira de constrição da America do Norte, se deparou com as novas tecnologias da companhia.

No stand, o resultado do investimento constante que marca faz em desenvolvimento de produtos. A multinacional de origem japonesa produz e fornece equipamentos, tecnologias e serviços para a indústria, construção civil, mineração e setor florestal e na feira, exibiu o que há de mais novo no setor como por exemplo, a escavadeira PC360LCi-11, assim como os equipamentos: D39PXi-24, D51PXi-25 e D71P.
Andrew Earing, Komatsu, Diretor de Produtos e Serviços.

“Estamos realmente satisfeitos com nossa experiência até agora no CONEXPO/CON-AGG 2023. Com base no tráfego de nossos estandes e no número de pessoas com quem falei pessoalmente no show até agora, parece que o comparecimento aumentou significativamente. A área de eletrificação em nosso estande tem sido um dos pontos mais populares para os visitantes. Na feira deste ano estamos apresentando nossas escavadeiras elétricas PC30E e PC210LCE, a nova microescavadeira elétrica PC01E e nossa carregadeira de rodas WA, baseada no chassi da carregadeira de rodas WA70 da Komatsu. Os participantes do show com quem falei ficaram entusiasmados ao ver essas máquinas elétricas, bem como a tecnologia de baterias e os avanços em carga que a Komatsu está trabalhando para disponibilizar às empresas do setor de construção civil.”, decretou Andrew Earing, Komatsu, Diretor de Produtos e Serviços.

Durante exposição, empresa informou que a tecnologia on-machine como o Controle Inteligente de Máquinas, ou iMC 2.0, pode racionalizar o onboarding e ajudar a fechar a lacuna de habilidades do operador, permitindo a automação durante todo o processo de dozing. Tecnologia da Komatsu ajudam a maximizar a eficiência para que os operadores - mesmo os mais novos - possam fornecer uma produção mais precisa.

Atraindo olhares, e projetado para aplicações de processamento, 197-HP PC230F-11 tem um design robusto, um trem de pouso alto e largo, um potente motor de balanço e foi projetado para suportar condições de alta poluição do entulho. O robusto radiador de aletas largas é coberto por telas florestais para serviço pesado e um ventilador de inversão de passo variável ajuda a melhorar o fluxo de ar.

Chamou atenção ainda o caminhão articulado Komatsu HM400-5. Equipamento é projetado para mover material através de terrenos desafiadores e adversos. Em exibição no CONEXPO-CON/AGG 2023 no estande W42044, o HM400-5 foi desenhado para oferecer desempenho produtivo e consistente para operadores de todos os níveis de experiência.

O caminhão é conhecido no setor por sua confiabilidade e durabilidade a longo prazo. Para apoiar a crescente demanda, a Komatsu começou recentemente a montar caminhões HM400-5 em sua fábrica em Chattanooga, Tennessee. Os caminhões estão agora sendo produzidos tanto naquela fábrica quanto na fábrica da Komatsu em Ibaraki, Japão.

Lançado pela Komatsu pela primeira vez em 2013, o iMC continua a evoluir, oferecendo funções mais automatizadas para aumentar a precisão e reduzir o desperdício. Máquinas inteligentes ajudam a reduzir as emissões por quantidade de material movimentado porque é “movimentado corretamente” na primeira vez. Esse Controle Inteligente de Máquinas (iMC) da Komatsu incorpora uma série de tecnologias avançadas e proprietárias de máquinas, o iMC lhe dá a oportunidade de tirar proveito da automação sofisticada, que aumenta a produtividade e o projeto de ponta do canteiro de obras.

Outro destaque foi a escavadeira Komatsu PC900LC-11. Máquina versátil, projetada para construção pesada, demolição, manuseio de materiais, esgoto profundo, água, escavação de grande massa e mineração/ pedreira, e oferece oferece maior capacidade de balde e elevação e maior desempenho. O novo sistema de remoção de contrapeso ajuda a facilitar a movimentação desta grande máquina, e a configuração da lança reduz a altura do transporte. Uma nova passagem de serviço pela área permite fácil acesso a filtros, verificações de nível de óleo e portas de amostra. As principais estruturas, barras e braços, com um quadro giratório redesenhado, foram projetados para aumentar a longevidade.

Incorporando uma série de tecnologias avançadas de máquinas proprietárias, a Komatsu D39PXi-24 (105 HP), D51PXi-24 (131 HP) e a D71PXi-24 (237 HP) equipada com o iMC 2.0 oferecem os seguintes benefícios:

Como funciona
A PC230NHD-8 é uma máquina robusta, produtiva e totalmente européia. Projetada e expressamente construída para os mercados europeus, oferece uma produtividade excepcional, confiabilidade e conforto para o operador em um pacote robusto e ecologicamente correto. O exclusivo sistema HydrauMind da Komatsu, a bordo, auxilia em todas as operações, proporcionando um desempenho aprimorado da máquina que está sempre perfeitamente adaptado à tarefa.

Com o controle pró-ativo de adormecer, operadores ainda menos experientes podem automaticamente cortar/tirar do terreno existente. A dúzia mede o terreno que ela rastreia e usa esses dados para planejar a próxima passagem. A produtividade pode melhorar em até 60% em comparação com os métodos convencionais de classificação.

O controle da camada de elevação permite aos operadores espalhar automaticamente o enchimento do terreno existente com o apertar de um botão. Equipamento rastreia e usa os dados coletados para planejar a próxima passagem para até o dobro da produção com camadas consistentes para a qualidade de compactação.

O controle de direção basculante inclina automaticamente a lâmina para manter o curso reto durante a cochilada bruta, o que pode ajudar a reduzir a entrada de direção do operador em até 80%.

Com o dormente automático, corte em desbaste para grau de acabamento, equipamentos com iMC ajudam a fazer cada passagem contar, para uma produção superior em comparação com os sistemas de reposição tradicionais.

Construção Latino-americana - SP   20/03/2023

A Case Construction Equipment lançou cinco novas retroescavadeiras em sua Série N na ConExpo com a categoria de produto “tendo um renascimento”, de acordo com a empresa.

A fabricante de equipamentos está trazendo de volta o icônico nome ‘Rei da Construção’ e apresentando as novas máquinas ao mercado norte-americano para oferecer opções de retroescavadeira mais abrangentes e diversificadas para negócios em uma ampla gama de mercados, incluindo paisagismo, aluguel, agricultura e serviços públicos .

Dois modelos estão imediatamente disponíveis: o Utility Plus e o 580SV Construction King Kingpin.

Três modelos adicionais chegarão aos revendedores Case no final de 2023: o modelo 580SV Construction King com deslocamento lateral e dois modelos 695SV Construction King, um pivô central e um deslocamento lateral.

As novas retroescavadeiras, bem como 30 novas máquinas e três novas linhas de produtos em geral, estão em exibição no Case Booth W40800 na ConExpo.

“O portfólio de produtos que lançaremos no mercado em 2023 é o mais forte que já vimos em nossos 180 anos de Case”, disse Brad Stemper, gerente de produtos de equipamentos de construção do fabricante para a América do Norte.

“Começa com a expansão de nossa linha de retroescavadeiras para oferecer uma das ofertas de retroescavadeiras mais abrangentes e diversificadas do setor.

“Existe agora uma retroescavadeira Case para cada usuário e tipo de negócio”, acrescenta Stemper. “As retroescavadeiras estão passando por um renascimento com os desafios de trabalho que nossa indústria enfrenta hoje. Mais uma vez, faz todo o sentido comercial para uma empresa possuir um único ativo que pode executar várias funções, em vez de várias máquinas que exigem operação individual por operadores individuais.”

AUTOMOTIVO

O Estado de S.Paulo - SP   20/03/2023

Após dois anos de paradas forçadas por escassez de componentes, principalmente de chips, as fabricantes brasileiras de veículos voltam a interromper a produção, mas, desta vez, também por falta de consumidores. A desaceleração da atividade econômica, inflação alta e juros elevados estão frustrando as expectativas do setor e levando empresas a ajustarem os planos de produção.

A partir de hoje, pelo menos três grandes companhias, General Motors, Hyundai e Stellantis (dona das marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën) vão suspender linhas de produção e dar férias coletivas aos funcionários. O quadro de desaquecimento de vendas pode se prolongar até 2024, na visão de economistas do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, e novas paradas de fabricas devem ocorrer.

Nesta segunda-feira, 20, a Hyundai concede férias coletivas de três semanas para os trabalhadores dos três turnos da unidade que produz os modelos HB20 e Creta em Piracicaba (SP). Na quarta-feira, 22, a Stellantis dispensa por 20 dias os funcionários do segundo turno da fábrica da Jeep em Goiana (PE) e, uma semana depois, os operários do primeiro e do terceiro turnos, por dez dias, período em que toda a produção dos SUVs Renegade, Compass, Commander e da picape Fiat Toro estará paralisada.

A General Motors também suspenderá a produção da picape S10 e do SUV Trailblazer na planta de São José dos Campos (SP) de 27 de março a 13 de abril. No fim de fevereiro, a fábrica que produz os modelos das marcas francesas Peugeot e Citroën, também do grupo Stellantis, encerrou o segundo turno de trabalho em Porto Real (RJ) e antecipou a dispensa de 140 funcionários com contratos temporários.

Ainda faltam semicondutores

As montadoras afirmam que o motivo das medidas é a queda da demanda e a consequente necessidade de adequar os níveis de produção. No caso das duas marcas francesas, o impacto é maior nas exportações. “Ao contrário do último biênio, em que a oferta era a principal fonte de desafios da indústria automobilística, a demanda deve ser o fator-chave para o cenário de 2023-2024", assinala o Depec, em relatório assinado pelo economistas Renan Bassoli Diniz e Myriã Bast.

Em 2019, as vendas de veículos no Brasil foram de 2,787 milhões de unidades – patamar já considerado baixo. No ano passado, esse número caiu para 2,104 milhões de unidades, ou 24,5% menos.

O setor já vinha de um desgaste forte, com a falta de semicondutores para a produção que levou a uma perda de 630 mil veículos que deixaram de ser produzidos nos últimos dois anos. O problema é bem menor no momento, embora ainda persista. A Volkswagen vai suspender toda a produção na planta de Taubaté (SP) por dez dias também a partir do dia 27. Entre fim de fevereiro e início deste mês a marca já tinha paralisado as linhas das outras três unidades no País alegando falta de componentes.

A melhora no fornecimento global de componentes, especialmente de semicondutores, ajudou as fabricantes de veículos a recomporem os estoques. No auge da pandemia os estoques caíram para volumes próximos a dez dias de vendas, e alguns automóveis chegaram a ter fila de espera de até seis meses.

No fim de fevereiro havia 187,4 mil carros nos pátios das montadoras e das concessionárias, suficientes para 40 dias de vendas, acima da média normal que é de 30 35 dias. Os preços dos carros usados, que haviam apresentado alta valorização no período de escassez dos novos, pararam de subir e até promoções nas vendas dos zero quilômetro, que estavam raras nos últimos meses, estão de volta.

Diante desse cenário, as paradas que estão ocorrendo nas fábricas visam segurar a produção para evitar um grande acúmulo de estoques, algo que pressionaria para baixo os preços dos automóveis. “Não há outra alternativa para as empresas, pois se não readequarem a produção para a nova realidade vão perder muito dinheiro”, avalia Fernando Trujillo, consultor da S&P Global Brasil.

Em sua opinião, o problema de demanda já vinha ocorrendo, mas no ano passado foi, de certa forma, “maquiado” pela falta de chips. O crescimento de vendas previsto para este ano, na casa dos 4% nas contas da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) é pequeno e muitas montadoras continuarão fazendo ajustes. “No ano passado não teve essa necessidade porque houve muitas paralisações por causa da falta de semicondutores”, diz Trujillo.

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A previsão do setor era de que boa parte dos mais de 600 mil carros que deixaram de ser produzidos nos últimos dois anos por falta de peças seria vendida neste ano. “Isso não deve ocorrer diante da perda do poder de compra do consumidor, inflação e juros altos, restrição dos bancos na liberação de crédito por causa da inadimplência e indefinições de políticas econômicas por parte do novo governo.”

Estudo recém-concluído pela S&P Global mostra que a indústria automotiva brasileira opera com quase 40% de ociosidade. A capacidade produtiva do setor é de 3,6 milhões de veículos ao ano com a maioria das fábricas operando em dois turnos. Se fosse em três turnos, seria de 4,3 milhões de unidades.

”Além de ajustes com férias coletivas, como já está acontecendo, é possível que ocorram demissões”, prevê Trujillo.

No início do mês, quando avisou o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos sobre as férias coletivas, a General Motors demitiu cerca de 40 funcionários, segundo Renato Almeida, secretário-geral da entidade.

“A empresa informou que 7 mil pedidos de carros foram cancelados e, por isso, precisaria reorganizar a produção”, diz Almeida. O processo foi suspenso após os funcionários ameaçarem greve e foi agendada uma reunião de negociações para 19 de abril. A abertura de um Programa de Demissão Voluntária (PDV) pode ser uma das alternativas, diz ele.

Várias empresas aproveitaram o fim de semana para realizar promoções e baixar estoques. As revendas Fiat ofereceram descontos de até R$ 30 mil, juro zero e tanque cheio (de diesel) por um ano – neste último caso para a picape Toro. A rede Hyundai ofereceu seguro gratuito e condições especiais para troca de usados por novos. Já as 42 lojas da Hyundai/Caoa deram bônus de até R$ 4 mil e juros menores.

Money Times - SP   20/03/2023

A Volkswagen planeja investir em minas para reduzir o custo das células de bateria, atender metade de sua própria demanda e vender para terceiros, disse o membro do conselho da montadora responsável pela tecnologia.

Sua estratégia se alinha com uma tendência mais ampla de montadoras que buscam maior controle sobre partes da cadeia de suprimentos tradicionalmente deixadas para terceiros, desde a geração de energia até o fornecimento de matéria-prima, enquanto competem por recursos escassos de que precisam de maneira urgente para atingir as metas de eletrificação.

A maior montadora da Europa quer que sua unidade de baterias PowerCo se torne uma fornecedora global de baterias, além de atender metade de sua própria demanda com fábricas principalmente na Europa e na América do Norte, afirmou Thomas Schmall em entrevista à Reuters.

A PowerCo começará entregando células à Ford para os 1,2 milhão de veículos que a montadora dos Estados Unidos está construindo na Europa na plataforma elétrica MEB da Volkswagen, disse ele.

“O gargalo para as matérias-primas é a capacidade de mineração – é por isso que precisamos investir diretamente nas minas”, disse ele.

A montadora está fechando acordos de fornecimento com empresas de mineração no Canadá, onde construirá sua primeira fábrica de baterias na América do Norte.

Essas parcerias com garantia de financiamento podem reduzir em anos o tempo de desenvolvimento de minas para mineradoras juniores, disse John Meyer, analista sênior do banco de investimentos SP Angel.

Schmall se recusou a comentar sobre outros locais em consideração ou quando a Volkswagen poderia investir diretamente em minas.

Automotive Business - SP   20/03/2023

As montadoras de veículos articulam meios para aumentar a cota de exportação de veículos para a Colômbia. O país mantém desde 2017 acordo bilateral com o Brasil no setor automotivo.

Pelo acordo, o Brasil pode exportar até 50 mil veículos por ano para a Colômbia. Os embarques, feitos com isenção do imposto de importação, iniciaram com uma cota de 12 mil unidades em 2017, subindo para 25 mil unidades no ano seguinte, até chegar no teto, em 2019.
Exportações de olho em demanda na Colômbia

De acordo com fonte ligada às montadoras, a demanda por veículos que existe no fluxo comercial Brasil-Colômbia supera as 50 mil unidades/ano desde 2021.

Naquele momento, aponta o interlocutor, as montadoras solicitaram ao governo uma espécie de crédito para exportar mais naquele ano: as cotas que não foram utilizadas em 2020, por causa da pandemia, foram adicionadas ao volume exportado para a Colômbia em 2021, atendendo, portanto, a demanda maior.

A demanda alta seguiu em 2022 e agora, no início de 2023, apontou a fonte. O que levou as fabricantes, via Anfavea, a buscar em Brasília (DF) articulação para que a mudança que julgam necessária na cota estabelecida seja feita no texto do acordo, que tem vigência até 2024.

Procurada, a Anfavea afirmou que "tem interesse em ampliar as exportações de veículos para todos os mercados da região, inclusive a Colômbia", e que naquele país "há potencial de crescimento se a cota de veículos exportados com imposto zero for ampliada". A entidade informou, ainda, que "todos os esforços nesse sentido serão feitos para atender às suas associadas".

As vendas de veículos estão aquecidas na mercado colombiano. Dados da Andemos, a entidade que representa o setor automotivo local, mostraram que no ano passado foram vendidos no país 263 mil veículos, volume que superou em 5% as vendas realizadas em 2021.

Há importante crescimento nas vendas de veículos híbridos e elétricos naquele mercado. E seriam exatamente estes os segmentos que demandam volume de exportação a mais de veículos produzidos no Brasil.

"A Toyota, por exemplo, tem exportado um volume grande de veículos híbridos para a Colômbia, que é um mercado aberto, mas que viu nos veículos brasileiros com este tipo de tecnologia uma oportunidade logísitca mais interessante do ponto de vista do custo", contou a fonte à reportagem.

O levantamento da Andemos mostra que foram vendidos na Colômbia 28 mil modelos eletrificados no ano passado, 57% a mais do que em 2021. Desse total, mais de 24 mil unidades foram de modelos híbridos.

Vale ressaltar que eventuais modificações no acordo também dependem da chancela do governo colombiano e seu eventual interesse em aumentar suas exportações ao Brasil. No país vizinho, a produção local se resume a uma fábrica que produz veículos Renault, por meio da parceira local Sofasa, e uma outra unidade da General Motors, onde é montado o Chevrolet Joy e, talvez no futuro, modelos elétricos.

NAVAL

Portos e Mercados - SP   20/03/2023

O Porto de Porto Alegre finalizou o primeiro bimestre de 2023 com um crescimento de movimentações de 8.17% em relação ao mesmo período do ano passado. Nos dois primeiros meses deste ano foram 104.552 toneladas, enquanto que em 2022 o número chegou a 96.652 toneladas.A lista de produtos movimentados é liderada pelos insumos para a produção de fertilizantes, com 83.371 toneladas. A cevada aparece na segunda posição, com 15.659 toneladas, seguida pelo sebo bovino, com 5.303 toneladas, e pela carga geral, com 219 toneladas. Até agora, passaram pelo Porto 15 navios.
O mês de fevereiro encerrou com a movimentação de 64.714 toneladas. Uma quantidade tão expressiva para esse mês só tinha sido registrada em três oportunidades nos últimos dez anos, ocasiões em que o porto da capital finalizou o ano com a movimentação acima de um milhão de toneladas.
De acordo com o gerente de operações do Porto de Porto Alegre, Matheus Evangelho, estão sendo realizados investimentos na infraestrutura operacional, com o objetivo de atingir uma maior confiabilidade nas rotinas diárias do cais público. Ele também destacou a contratação de manutenções contínuas dos geradores de energia e das balanças de pesagem.

PETROLÍFERO

Petro Notícias - SP   20/03/2023

A reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) desta sexta-feira (17) trouxe um novo rumo para a política de refino do Brasil. O colegiado revogou uma resolução que estabelecia diretrizes para o processo de desinvestimento de ativos de refino no Brasil. Na prática, isso significa o fim do programa de venda de refinarias da Petrobrás.

Para lembrar, a estatal já conseguiu fechar a venda de três refinarias: Mataripe, antiga Rlam, na Bahia; Isaac Sabbá (Reman), no Amazonas; e a Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), no Paraná. A empresa ainda assinou a venda da Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), mas o negócio ainda não chegou à fase de fechamento. Além disso, a Petrobrás também tentou vender ainda a Regap, em Minas Gerais; a Repar, no Paraná; a Refap, no Rio Grande do Sul; e a Rnest, em Pernambuco. Contudo, nenhum desses processos foi adiante.

O Ministério de Minas e Energia (MME) anunciou hoje que a ampliação da produção de derivados de petróleo no país e a expansão da infraestrutura para garantia do abastecimento nacional são diretrizes estratégicas estabelecidas pelo CNPE para o desenvolvimento do mercado doméstico. “Seja pelo estímulo à maior utilização da capacidade instalada de refino, seja pela ampliação do parque de refino nacional, o foco agora é na segurança energética, manifestada por meio da busca pela redução da vulnerabilidade externa no suprimento de derivados”, afirmou o ministro Alexandre Silveira.

O parque de refino nacional é composto por dezenove refinarias que têm capacidade de processamento de cerca de 2,4 milhões de barris de petróleo por dia. “O Conselho constata oportunidades de investimento em modernização e ampliação das refinarias com a mudança da Política Energética Nacional, visando a garantia do abastecimento e a proteção dos interesses do consumidor brasileiro quanto a preço, qualidade e oferta de combustíveis, objetivos consagrados da Política Energética Nacional”, declarou o MME.

PPSA VAI ESTUDAR CELEBRAÇÃO DE CONTRATOS PARA REFINO DE PETRÓLEO DA UNIÃO

O CNPE determinou ainda que a Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) comece a realizar estudos sobre viabilidade técnica e econômica de mecanismos para priorizar o abastecimento nacional de combustíveis derivados de petróleo. A ideia é que a estatal celebre contratos, representando a União, para refino e beneficiamento de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos, advindos dos contratos de partilha de produção. Atualmente, todo o petróleo da União é vendido em sua forma bruta. Os estudos serão realizados dentro de 180 dias.

“Queremos que o petróleo e o gás natural da União, provenientes dos contratos de partilha de produção, promovam a industrialização do Brasil e garantam a segurança no abastecimento nacional de energia, insumos petrolíferos, dos fertilizantes nitrogenados e de outros produtos químicos, reduzindo a dependência externa, e valorizando o conteúdo local. As nossas empresas precisam priorizar o abastecimento nacional. É isso que vamos buscar”, comentou Silveira.

Petro Notícias - SP   20/03/2023

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) divulgou hoje (17) o Boletim Anual de Autorizações de Infraestruturas do ano de 2022. O documento revela que a previsão de investimentos em infraestruturas de movimentação autorizadas em 2022 é da ordem de R$ 1,15 bilhão. Os recursos serão aplicados ao longo de todo o período de construção das instalações que obtiveram as autorizações. O boletim completo está disponível neste link.

Do total, cerca de R$ 665 milhões serão investidos em terminais, R$ 126 milhões em oleodutos e R$ 341 milhões em gasodutos. A ANP disse ainda que, segundo a metodologia adotada para a construção do Boletim, durante o ano, foram apurados investimentos efetivados da ordem de R$ 400 milhões no setor, sendo a maior parte referente a oleodutos de transporte ou transferência. Além disso, em 2022, a disponibilidade de armazenar combustíveis em terminais brasileiros cresceu em cerca de 175 mil m³.

O Boletim Anual tem como objetivo apresentar os principais atos autorizativos, investimentos e incrementos de 2022 relativos à infraestrutura brasileira de petróleo, derivados, gás natural e biocombustíveis, estando subdividido nas seguintes seções: Investimentos e Incremento em Infraestrutura; Autorizações Outorgadas; Volume de Documentos Protocolizados; Análises Geradas e Indicadores e Itens de Acompanhamento. O Boletim contempla dutos de transporte ou transferência, terminais, empresas de navegação e instalações de distribuição de gás natural comprimido (GNC) ou liquefeito (GNL).

CNN Brasil - SP   20/03/2023

Os contratos futuros do petróleo fecharam em queda, pressionados pelo retorno da fuga de risco e renovação dos temores com sistemas bancários dos Estados Unidos e da Europa. Na semana, as turbulências no setor levaram a commodity a derreter mais de 10%.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para maio fechou em queda de 2,32% (US$ 1,59), a US$ 66,93 o barril, enquanto o Brent para igual mês, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), caiu 2,31% (US$ 1,73), a US$ 72,97 o barril.

Na semana, os petróleos WTI e Brent amargaram perdas de 12,71% e 11,85%, respectivamente.

No início da sessão, o petróleo chegou a ampliar ganhos de ontem na esteira de uma recuperação no sentimento de risco, após os bancos Credit Suisse e First Republic Bank receberem apoio para continuar suas operações.

Contudo, a renovação dos temores minou o movimento e inverteu o sinal da commodity ainda pela manhã. Ao longo do dia, os contratos chegaram a acelerar perdas, com o Brent para maio se aproximando da barreira de US$ 70.

Analista da Oanda, Edward Moya acredita que os preços devem continuar pressionados, considerando que as turbulências bancárias não devem desaparecer “tão cedo”.

Moya aponta que temores sobre os efeitos do aperto monetário do Federal Reserve (Fed) na economia americana também pesam sobre a commodity.

“O petróleo permanecerá pressionado enquanto os investidores tentam descobrir que tipo de recessão os dirigentes de bancos centrais desencadearão nos EUA”, afirma, projetando que uma recessão severa pode levar o petróleo mais próximo ao nível de US$ 60 o barril.

Na visão da Capital Economics, o impacto sobre commodities nesta semana, em especial sobre o petróleo, ainda não alcançou níveis “problemáticos” de volatilidade ou esgotou a liquidez dos ativos.

Porém, a consultoria alerta que os mercados ainda não saíram da zona de risco. “Se os riscos no mercado financeiro se materializarem, eles podem saltar para o mercado das commodities”, avalia.

Já o TD Securities afirma que os preços caíram aos níveis mínimos e deve ter espaço para a recuperação. O banco de investimentos projeta que os fluxos do petróleo russo devem continuar elevando a oferta no curto prazo, mas uma recuperação acentuada da demanda chinesa deve promover gargalos significantes até setembro, o que pode oferecer suporte aos preços.

O Commerzbank corrobora essa visão, vendo como “excessiva” e “especulativa” a queda do petróleo na última semana. Para o banco, a posição equilibrada na cadeia de oferta deve terminar no segundo semestre de 2023, “graças a um aumento acentuado na demanda”.

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