Consultor Jurídico - SP 19/09/2024
O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, deve decidir, proximamente, se um grupo empresarial que assume o controle de uma companhia deve fazer oferta pública de aquisição de ações aos acionistas minoritários da empresa, como prescreve a Lei das S.A. (Lei 6.404/1976). O caso envolve a compra do bloco de controle da Usiminas pelo grupo ítalo-argentino Ternium.
A provocação ao STF partiu de uma associação de importadores e exportadores (AEB), em nome da Ternium, por meio de uma ação direta de inconstitucionalidade contra decisões do Superior Tribunal de Justiça que desfavoreceram o controlador da Usiminas.
O STJ entendeu que a Ternium deve pagar a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) pelos prejuízos causados aos sócios minoritários por assumir o controle da Usiminas fora dos caminhos previstos na legislação brasileira.
Entre 2011 e 2012, a Ternium adquiriu 25% das ações ordinárias da Usiminas do consórcio Votorantim/Camargo Corrêa e da Caixa de Empregados da Usiminas. Em 2023, a empresa admitiu formalmente ser dona de 49% das ações ordinárias com a compra da participação da Nippon Steel — o que a levou a ter 61% do bloco de controle da companhia.
Mesmo tendo o comando absoluto da companhia, conforme se vê nos autos, para alegar a desnecessidade da oferta pública, porém, o grupo nega que tenha adquirido o bloco de controle da siderúrgica.
Ação judicial
Quem procurou a justiça, em busca de reparação, foi a Companhia Siderúrgica Nacional, que se viu prejudicada com as operações da Ternium. Na argumentação da CSN e dos demais sócios que se sentiram lesados, camuflou-se uma operação de troca de controle que defraudou os minoritários.
Embora conteste a aquisição do controle, a Ternium pagou as ações que comprou, com um ágio de 90% do valor das ações preferenciais. Posteriormente, a Nippon, que compunha o bloco de controle antes da entrada da Ternium, ainda foi favorecida com contratos da ordem de R$ 60 bilhões — interpretados como pagamentos retroativos pela alienação disfarçada do controle, para evitar a oferta pública (OPA). Ou seja: não houve mera aquisição de ações minoritárias, mas a compra do controle de fato, segundo a CSN. As transações teriam sido camufladas por meio de acordos paralelos.
O artigo 254-A da Lei das S.A. estabelece que a alienação, direta ou indireta, do controle de uma companhia aberta só pode ser contratada sob a condição de que o adquirente faça uma oferta pública de aquisição das ações com direito a voto dos demais acionistas. Essa oferta deve assegurar um preço mínimo igual a 80% do valor pago por ação com direito a voto que integra o bloco de controle.
Para que o STF se substitua ao STJ, contudo, há uma preliminar. A pouco conhecida associação de comércio exterior do Brasil deve passar pelo crivo da sua legitimidade. A entidade que tem a Ternium na sua direção, tem que demonstrar a pertinência temática da sua representação.
Paradigma constitucional
Outro desafio, além de comprovar sua presença em pelo menos dez estados brasileiros, é que a ADI tem no seu bojo uma tese jurídica com paradigma constitucional — e não um caso concreto, que só seria examinado em sede de Recurso Extraordinário. Nesse plano, a ADI se torna um recurso a mais e o STF uma quarta instância para o caso.
O caso da Usiminas, porém, ainda tramita perante o STJ, já que o grupo Ternium opôs embargos de declaração do acórdão pelo qual foi dado provimento ao recurso da CSN e dos demais autores.
Embora não especifique qual dispositivo constitucional tenha sido violado pela decisão do STJ, a AEB/Ternium argumenta que o entendimento da corte ameaça a segurança jurídica, a livre concorrência e o desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro. É um leading case: trata-se da única ação no judiciário que contesta a obrigatoriedade de OPA em alienação de controle de companhias.
Investing - SP 19/09/2024
O painel de segurança nacional dos EUA, o Committee on Foreign Investment in the United States (CFIUS), adiou sua decisão sobre a aquisição de 14,9 bilhões de dólares da US Steel (NYSE:X) pela Nippon Steel (TYO:5401). O processo de revisão foi estendido para depois da eleição presidencial de 5 de novembro, já que as empresas reenviaram sua solicitação. Esta ação reinicia o período de revisão para um novo prazo de 90 dias, que se espera seja utilizado integralmente.
A fusão proposta tem estado sob escrutínio desde que o CFIUS expressou preocupações em 31.08.2022 sobre possíveis riscos à segurança nacional e à cadeia de suprimentos de aço doméstica. O reenvio fornece ao painel tempo adicional para avaliar as implicações do acordo e se envolver com as partes envolvidas.
O adiamento é visto como um desenvolvimento positivo para as empresas, reduzindo a pressão política imediata e permitindo que a decisão seja tomada em uma atmosfera menos carregada após a eleição.
Tanto a Vice-Presidente Kamala Harris quanto seu oponente Donald Trump expressaram intenções de manter a US Steel sob controle americano, um sentimento que repercutiu entre os trabalhadores sindicalizados e tornou o acordo uma questão política controversa.
O United Steelworkers Union continua se opondo à aquisição, citando riscos inalterados para a segurança nacional e preocupações com a cadeia de suprimentos. A oferta da Nippon Steel inclui bilhões de dólares em investimentos na US Steel e garantias de manter e potencialmente aumentar a capacidade de produção de aço nos EUA. A empresa também se comprometeu a não transferir capacidade de produção ou empregos para fora dos EUA e a não influenciar as decisões comerciais da US Steel.
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O resultado da revisão do CFIUS, que pode resultar em aprovação com condições, uma recomendação para bloquear o acordo, ou uma extensão adicional, está sendo observado de perto tanto nos EUA quanto no Japão. A relação econômica entre as duas nações é de importância estratégica, como observado pelo Vice-Secretário Chefe do Gabinete japonês, Hiroshi Moriya.
Após a notícia, as ações da Nippon Steel viram um leve aumento em Tóquio, enquanto as ações da US Steel experimentaram uma diminuição marginal na terça-feira. O processo de revisão, que comumente inclui a opção para as empresas reenviarem suas solicitações, faz parte do escrutínio robusto do CFIUS sobre acordos envolvendo investimento estrangeiro e preocupações de segurança nacional. O painel permitiu um reenvio anterior em junho, que concluiu em 23.09.2022, de acordo com um relatório da última sexta-feira.
IstoÉ Dinheiro - SP 19/09/2024
A Gerdau anunciou nesta quarta-feira, 18, que sua controlada na América do Norte, a Gerdau Ameristeel US Inc., celebrou contrato para aquisição de ativos de uma empresa de operação, processamento e reciclagem de sucata ferrosa denominada Dales Recycling Partnership, por aproximadamente US$ 60 milhões.
Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa destaca que o conjunto de ativos inclui os terrenos, estoques e ativos fixos associados às operações da Dales Recycling nos estados do Tennessee, Kentucky e Missouri, nos Estados Unidos. “A aquisição tem como objetivo aumentar a captura de sucata ferrosa cativa pela Gerdau por meio de canais próprios, para fornecimento dessa matéria-prima às suas operações, com custo competitivo”, afirma.
A empresa ressalta que o fechamento da operação está condicionado à verificação de condições precedentes usuais para este tipo de operação. “Essa aquisição está alinhada à estratégia de crescimento e competitividade das operações, através dos ativos com maior potencial de geração de valor no longo prazo e ampliação da presença em mercados de maior rentabilidade para seus negócios”, afirma.
O Estado de S.Paulo - SP 19/09/2024
O Comitê de Política Monetária deve aumentar o ritmo de alta da taxa básica de juros para 0,50 ponto percentual na próxima reunião, em novembro, avalia o superintendente de Pesquisa Econômica do Itaú, Fernando Gonçalves. Nesta quarta-feira, 18, o Copom subiu a Selic em 0,25 ponto porcentual, para 10,75% ao ano, na primeiro alta de juros do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
“Pode perfeitamente ter um quadro em que a inflação não necessariamente precisa estar tão alta para acelerar para um ritmo de (alta) 0,50 ponto se tiver um hiato do produto mostrando uma atividade econômica mais acelerada”, afirma Gonçalves. O banco projeta que a Selic deve encerrar este ano em 11,75% e subir 12% em janeiro de 2025.
O hiato do produto mensura se a atividade econômica está pressionando ou não a inflação. Quando está positivo, como é o caso agora, indica que há uma demanda maior do que a capacidade de produção.
Em relação ao Federal Reserve (Fed, na sigla em inglês), o Itaú esperava um corte de 0,25 ponto porcentual, mas a decisão foi por uma redução de 0,50. Ao todo, o ciclo de corte do banco central norte-americano deve ser de dois pontos percentuais.
“Os movimentos de hoje (quarta) representam um aumento do diferencial de juros que é favorável para o real. Tudo mais constante, poderemos ter mais fluxo de entrada no Brasil, mas acho apenas que esse fluxo de entrada não vai ser tão intenso, porque temos um prêmio de risco muito elevado”, afirma.
A seguir trechos da entrevista concedida ao Estadão
Como avalia a decisão do Copom de subir os juros nesta quarta?
(A decisão) Veio em linha com o que a gente esperava. Esperávamos uma alta de 0,25 ponto percentual, e projetamos uma aceleração de 0,50 ponto na próxima reunião. O comunicado não cravou o ritmo para a próxima reunião e colocou uma projeção de inflação de 3,5% no horizonte relevante, o que, para nós, indica um ciclo de alta de 150 pontos base (1,5 ponto porcentual). No comunicado, o comitê também menciona um hiato do produto, agora, positivo e diz que vai monitorar o comportamento do hiato para decidir os próximos passos de política monetária, junto com outra variáveis que costuma olhar como, por exemplo, inflação, especialmente os componentes mais ligados à atividade econômica, expectativa de inflação, o balanço de riscos e a própria projeção dele.
E o que isso significa?
Pode perfeitamente ter um quadro em que a inflação não necessariamente precisa estar tão alta para acelerar para um ritmo de 0,50 ponto se tiver um hiato do produto mostrando uma atividade econômica mais acelerada. O comunicado indica que o próximo movimento deve ser de 0,50 ponto, a não ser que alguma coisa mude de forma muito substancial. Essa aceleração a gente já tinha no nosso cenário. Não vamos mudar.
Na última revisão de cenário, o Itaú passou a prever que a Selic alcançará 12% ao ano em janeiro de 2025. Poderia detalhar quais fatores levaram o banco a aumentar a projeção para a taxa básica de juros?
A atividade econômica está mais forte do que se imaginava. Temos números fortes de consumo, investimentos, além dos gastos do governo. O crescimento está acima do potencial e, claro, existe uma discussão importante sobre a aceleração do potencial no Brasil, dadas as reformas recentes. O termômetro muito importante que sugere que, de fato, estamos crescendo acima do potencial é a inflação em si. A desancoragem das expectativas também piorou. É algo que dificulta a convergência da inflação. A taxa de desemprego está cerca de dois pontos abaixo do seria o razoável imaginar que é o equilíbrio. Isso pressiona salários, pressiona a inflação. Por todos os lugares que você olha, fica bem claro que o juro no nível que está não está sendo suficiente para controlar a inflação. A economia está acelerada demais, com pressões inflacionárias de todos os tipos. E, para nós, o que mudou foram os dados de atividade mais fortes. Os dados de atividade econômica foram a razão fundamental para partimos para um cenário de alta de juros.
Por que a atividade vem surpreendendo?
Voltando ao tema do PIB potencial, eu acho que existem razões para imaginar que o PIB potencial é maior do que costumava ser. Houve reformas importantes, como a trabalhista, e marcos regulatórios, como, por exemplo, do saneamento, que colocam uma perspectiva de muito investimento adiante. Claramente, temos sinais de um PIB acima do que seria esse potencial pela inflação e pela aceleração das importações recentes. E a dúvida que fica é a seguinte: como pode estar uma atividade econômica tão acelerada com juros que já são bastante altos? Eu acho que o principal suspeito são os estímulos do governo. Do lado do consumo, houve aumento do salário mínimo acima da inflação, antecipação de precatórios, aumento de benefícios sociais.
Do lado do investimento, estamos tendo alguns outros fenômenos como, por exemplo, um mercado de capitais bastante acelerado e que pode ter a ver com reformas do passado recente também, como a diminuição do tamanho do BNDES, que tende a propiciar um aumento importante do mercado de capitais. Hoje, o mercado de capital de dívida está muito presente na economia. Mas mesmo do lado do investimento, tem alguns sinais de estímulos do governo. O BNDES já vem aumentando um pouco o crédito e tende a aumentar mais. Tem programas, como o Finep, do Ministério de Ciências e Tecnologia, que também teve um crescimento bem importante recente. E, além disso, o gasto do governo vem crescendo bastante, num ritmo superior ao do PIB.
Note a maneira como eu estou descrevendo esse crescimento. É um crescimento forte, mas com sinais de estar acima do potencial e com muitos estímulos do governo. Isso explica porque nós temos um PIB forte e coloca uma dúvida sobre a sustentabilidade desse ritmo mais adiante.
A expectativa é de uma desaceleração?
Nós temos uma expectativa de desaceleração no ano que vem, em parte porque a alta de juros tende a desacelerar um pouco a atividade econômica e há uma dúvida sobre a sustentabilidade das medidas que estão sendo feitas, de estímulos à atividade econômica, de quão intensas elas serão. Este ano nós temos um crescimento do PIB de 3% e projetamos 2% para 2025.
Esse estímulo do governo preocupa dada a incerteza com o cenário fiscal?
Sim, o quadro preocupa. O arcabouço fiscal não tem sido capaz de conter o crescimento dos gastos. Eu acho que há uma premissa importante no arcabouço fiscal de recomposição de receitas que estariam baixas em relação a outros momentos. Portanto, há uma ênfase em medidas arrecadatórias. Ao mesmo tempo, tem um arcabouço que, quando as receitas aumentam, os gastos aumentam, e há um foco em geração de superávits primários, mas que deixa em aberto uma discussão de tamanho de governo, de tamanho dos gastos públicos.
E eu acho que é uma discussão importante porque, no final das contas, se não tem esse controle do tamanho do governo, a gente acaba criando uma situação em que as receitas crescem, os gastos crescem, o tamanho do governo cresce. E acabamos financiando isso por meio de receitas extraordinárias e gera uma situação de dificuldade fiscal em algum momento. Olhando para a dívida como proporção do PIB, por exemplo, nós temos projeções de crescimento nos próximos anos de três a quatro pontos percentuais do PIB por ano. Isso mostra um pouco esse desafio fiscal, mostra por qual motivo o prêmio de risco sobre os ativos brasileiros tem andado também no nível bastante alto.
Mas é um cenário que pode levar a uma crise?
Eu acho que tem tempo para mudar essa trajetória. Existe a necessidade de pensar o tema do tamanho do governo e dos gastos. Mas não necessariamente eu acho que o Brasil entra numa crise. Na verdade, a foto da economia brasileira é excelente, com uma taxa de desemprego baixa e um crescimento que vem sendo revisado para cima. Não é uma discussão de uma crise iminente, mas é uma preocupação de médio e longo prazo bastante relevante.
E como fica o BC para tentar levar a inflação para a meta de 3% com o fiscal tão desajeitado? Ele está sozinho na batalha?
O Banco Central está focado na sua missão de entregar a meta de 3%. Só que está fazendo isso num ambiente de bastante estímulo. Não é à toa que a gente, agora, discute a alta de juros a partir de um juro que está bastante alto. Esse desequilíbrio entre estímulos fiscais e contração monetária acaba produzindo um ambiente de juros elevado. Tem um governo cujo tamanho é crescente, cresce, inclusive, acima do potencial, e tem de ter um certo encolhimento do setor privado para que as coisas caibam na economia. A variável que faz esse ajuste é os juros. Os juros acabam sendo mais altos para cumprir esse papel.
E qual pode ser o impacto da seca para a inflação?
É um choque que pode aumentar os preços no Brasil, mas acho que é cedo para afirmar qual seria o tamanho desse efeito, mas é um risco a se monitorar. E eu entendo que um ponto relevante é como o Banco Central deve reagir a um choque como esse. É um choque de oferta e, portanto, em princípio, o BC não reage a choque de oferta, a não ser que tenha os efeitos secundários, os efeitos que afetam as expectativas de inflação. E como a gente está num ambiente de expectativas desancoragem, a gente tem de estar de olho nos impactos que os choques como esse podem ter em termos de transmissão para o resto da economia.
E qual é a avaliação da troca de presidência do BC com a escolha do Gabriel Galípolo?
Foi muito bem telegrafada essa mudança. Ele (Galípolo) tem dados sinais de compromissos com a meta que são bem importantes e ajudam. A continuidade dessa comunicação é muito importante para reancorar as expectativas de inflação. Hoje, no Brasil, as expectativas de inflação dois anos à frente estão bastante distantes da meta de inflação de 3%. Então, daqui a dois anos, os choques atuais da economia já vão ter passado. Essa desancoragem em horizontes tão longos é uma perda de credibilidade que precisa ser readquirida e só é readquirida se a gente realmente agir de forma bastante firme com relação à inflação.
Em relação ao Fed, o banco esperava um corte de 0,25, mas a decisão foi por uma redução de 0,50 ponto. Como avalia?
Nós esperávamos 0,25 ponto (porcentual) e veio (um corte de) 0,50. Isso demonstra uma preferência por fazer um corte que dê um espécie de seguro para a economia americana. Acabou sendo uma preferência do banco central começar com cortes maiores. A gente acha que a economia americana segue resiliente. E, para a próxima reunião dá para afirmar novamente que caberia um corte de 0,25 (ponto porcentual), mas essa preferência revelada pelo comitê por um corte maior deixa uma barra baixa para um ritmo de 0,50 na próxima reunião.
Agora, se esse ritmo mais forte de cortes se repetir em novembro, a nossa visão comitê de política monetária dos Estados Unidos vai ter optado por antecipar um afrouxamento monetário. No Itaú, a gente espera que o Fed corte (os juros) em 2 pontos percentuais, e essa projeção não ficou alterada pela reunião de hoje (quarta-feira). Vai depender dos dados adiantes, claro, mas a nossa visão é uma alternativa válida de começar com corte maiores para diminuir a chance de uma desaceleração mais forte (da economia) ou algo assim.
Qual é o saldo para o Brasil desse cenário de alta de juros por aqui e corte nos Estados Unidos?
Os movimentos de hoje (quarta) representam um aumento do diferencial de juros que é favorável para o real. Tudo mais constante, poderemos ter mais fluxo de entrada no Brasil, mas acho apenas que esse fluxo de entrada não vai ser tão intenso, porque temos um prêmio de risco muito elevado, um risco país elevado, sugerindo que existe uma percepção de volatilidade, de risco, que acaba inibindo fluxos baseados apenas no diferencial de juros. Ao longo do tempo, eu acho que, daqui até o final do ano e também em 2025, esse movimento descasado com juros para cima aqui e para baixo lá tende a levar o real para um nível um pouco mais apreciado. Mas a gente acha bem difícil voltar para o nível que estava no início deste ano.
Esse risco tem a ver com a política fiscal?
Tem uma origem fiscal, sem dúvida. E tem outros riscos na economia brasileira. Tem uma transição no Banco Central que certamente está sendo observada. O comunicado de hoje (quarta) ajuda um pouco a construir a credibilidade do BC futuro, mas ainda tem uma fonte de risco. É principalmente o risco fiscal, mas também tem algum aspecto monetário que a gente tenha de ficar atento em termos de risco.
Exame - SP 19/09/2024
Em janeiro de 2023, economistas de todo o mundo se perguntavam se a economia americana, que representa 26% do PIB global em dólares correntes, faria um pouso “suave” ou “forçado”. A terminologia diz respeito à capacidade do Fed, o banco central dos Estados Unidos, de controlar a inflação — na época, acima de 6% — cortando juros sem causar uma recessão econômica no país. Àquela altura, a OCDE, organização de paí-ses desenvolvidos, previa um crescimento na economia global em 2023 de 2,2% — e agentes de mercado falavam em 1%, numa leitura de que o mundo evitaria uma recessão generalizada “por pouco”. O tempo passou e a economia global mostrou sua força: um avanço de 3,2% no ano passado. O “pouso suave” ou “forçado” segue por vir nos EUA — com mais risco de recessão em 2025 —, mas para a maioria dos países o último ano serviu para debelar a inflação galopante dos tempos de pandemia. Para outros, como a China, a segunda maior economia do mundo, foi hora de pisar no acelerador. O gigante asiático se aproveitou da reabertura de sua economia após a pandemia. A produção cresceu, mas novos riscos, como o arrefecimento do setor de construção e imobiliário, causam preocupação. E para outros, como o Brasil e outros emergentes, foi um ano para crescer — a Índia e seu crescimento de 7,8% que o digam. “Em 2023, a economia surpreendeu. E o tópico geral foi: até quando os juros vão ter de subir para declarar vitória no combate à inflação, particularmente nos EUA?”, diz Celso Toledo, diretor da consultoria E2 Economia. “E é um assunto que não foi resolvido, se estendeu para 2024.”
Ou seja, a história econômica de 2023 passa invariavelmente pela inflação global, que seguiu uma trajetória alucinante de 2020 a 2022. No final de 2019, girava em torno de 2,9% ao ano. O mundo de então era de juros baixos de bancos centrais. Veio a pandemia de covid-19 em março de 2020, que desorganizou as cadeias de suprimento, e os preços globais já rondavam os 5,6% por volta de fevereiro de 2022. Nesse momento, a Rússia invadiu a Ucrânia, o que causou um choque na oferta de energia e de alimentos para a Europa e o mundo. No começo de 2023, portanto, a inflação mundial havia ultrapassado os 10% (veja o quadro na página 38). Foi nesse contexto que os agentes econômicos navegaram. “A inflação estava em patamares que esses países não tinham atingido. Foram taxas pesadas e longas para conseguir trazer essa inflação para baixo nesse ano”, diz Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados. “Na Europa, já foi. Nos EUA, está quase lá.”
Como efeito dessas restrições monetárias, um número crescente de economias experimentou recessão técnica em 2023, com duas ou mais quedas consecutivas na produção trimestral, segundo a OCDE. Uma análise da organização mostrou que, em um conjunto de 58 economias, 17 tiveram queda no resultado do PIB no último trimestre do ano passado e outras nove estavam na segunda queda sucessiva. Para Andrea Damico, CEO da Buysidebrazil Consultoria Econômica, iniciou-se uma primeira fase da desinflação global. “As commodities caíram, a China regularizou a produção, as cadeias produtivas retornaram a uma normalidade, e isso contribuiu para a desinflação global”, diz Damico. “Mas também começamos a ver uma desinflação de serviços, apesar de a atividade ainda estar em patamar elevado. Essa primeira fase da desinflação de serviços começou a acontecer no ano passado. Isso persistiu ao longo de 2024.”
Nesse contexto, importa sempre olhar para o desempenho dos EUA, que seguiram a tendência de uma economia acelerada (fecharam o ano crescendo 2,5%, ante expectativas de 2% no começo do ano passado) e inflação alta, o que obrigou o Fed a manter as altas taxas de juro — espera-se agora, no último trimestre de 2024, que o banco central americano comece o ciclo de cortes. No país, as taxas de juro subiram do intervalo de zero a 0,25% em fevereiro de 2022 para 4,25% a 4,5% em janeiro do ano passado. E seguiram crescendo em 2023, para 5,25% a 5,5%, patamar em que se mantêm até hoje.
Segundo Toledo, da E2, dois fatores contribuíram para esse crescimento: a resiliência do mercado de trabalho e o consumo das famílias. “A quantidade de dinheiro que o governo americano distribuiu durante a pandemia foi tão elevada que as famílias acumularam reservas financeiras na casa do trilhão de dólares, que foram consumidas ao longo do tempo”, afirma. Nesse sentido, as contas de economistas do Fed mostram que os EUA parecem já ter esgotado seu estoque de poupança excessiva ou estar próximos disso. E, no começo de setembro de 2024, finalmente um dado parece ter cimentado o caminho para que o Fed baixe os juros. Os dados de folhas de pagamento (payroll, em inglês) foram de 142.000 novos empregos gerados, abaixo da expectativa de mercado de 163.000.
Para a Europa, 2023 foi um ano para “andar de lado”, com aperto da política monetária para combater a inflação. “A produção diminuiu em 12 economias da OCDE no ano até o quarto trimestre, incluindo Alemanha e Reino Unido, e estagnou na Zona do Euro”, anotou a OCDE em seu relatório de perspectivas econômicas. “Essa fraqueza na Europa reflete os efeitos persistentes do grande choque nos preços de energia em 2022 e a desaceleração no crescimento do crédito em economias com uma dependência relativamente alta de financiamento bancário.”
Na China, que representa 16,9% do PIB mundial em dólares correntes, foi um ano de recuperação cíclica, na avaliação de economistas. Como o país ficou mais tempo fechado por causa das restrições para a pandemia, a reabertura permitiu que a economia crescesse 5,2% em 2023, nas contas do FMI. Por lá, o cenário inflacionário foi oposto: os preços caíram, empurrados pela queda acentuada nos preços dos alimentos domésticos. “Pensando em China, a surpresa é um fator cíclico. Surpreendeu porque teve a abertura e reagiu bem”, diz Toledo, da E2. Apesar disso, o cenário para o gigante asiático não é positivo. No médio e longo prazo, a perspectiva é de desaceleração. Para Vale, da MB Associados, 2023 foi o ano em que problemas estruturais da economia chinesa ficaram mais claros. “Em termos de população, começamos a ter a ideia de que a China chegou ao seu pico, o que indica menos consumo para o futuro”, diz. Além disso, ficou exposta a chaga do mercado imobiliário e de construção, que representa mais de 30% da economia. Para o futuro, o país segue com um desafio de fazer o consumo per capita crescer — a China concentra, sozinha, 28% da poupança do mundo.
A solução, por lá, foi ampliar a produção e exportar os excedentes. Na prática, o movimento inundou o planeta com produtos baratos e gerou uma onda de contestações de países que alegam concorrência desleal chinesa. O movimento ficou conhecido como overcapacity — a China nega que esse termo sequer exista. Mas o fato é que em 2024 os EUA impuseram uma tarifa de importação de 100% para carros elétricos chineses, e a União Europeia seguiu a tendência, definindo taxas de até 37%, a depender da companhia exportadora. No Brasil, por exemplo, o setor siderúrgico alegou que o excesso de aço chinês importado colocava em risco a produção nacional e, após meses, o governo ampliou as taxas de importação para 11 tipos de produtos siderúrgicos. “O modelo da China depende de aumentar a produção e botá-la para ser exportada. Os preços de diversas commodities e produtos industrializados começaram a cair. Tem um limite, e o limite é o que o mundo comporta”, afirma Vale. “A China tem problemas sérios de alavancagem no setor de construção e o governo tem tido muita dificuldade para estimular a demanda doméstica.”
Com esse cenário das principais economias, o FMI projeta que a inflação mundial deve se reduzir de 6,8% em 2023 para 5,8% neste ano. Para o futuro, portanto, as expectativas são de que o crescimento do PIB global seja estável, por volta de 3% ao ano.
Na prática, a economia global ainda está absorvendo os choques que a pandemia e a guerra da Ucrânia causaram às cadeias de suprimento. E isso acontece em meio a um processo de fragmentação geopolítica. Um dado do FMI ilustra bem o fenômeno. Se pensarmos o mundo em três blocos — um alinhado aos EUA, um alinhado à China e o último de países não alinhados —, o comércio e os investimentos estrangeiros diretos (IED) entre os blocos caíram aproximadamente 12% e 20% a mais, respectivamente, do que os fluxos dentro dos blocos desde a invasão russa na Ucrânia. No limite, isso sugere que as decisões têm sido mais políticas do que econômicas. O FMI ressalva, porém, que o impacto não foi maior por causa do surgimento de “países conectores”, como o México ou o Vietnã, que amortecem a diminuição de comércio entre China e EUA. “Se isso ajudou a diversificar exposições e aumentar a resiliência das cadeias de suprimentos ainda é uma questão em aberto”, escreveu Gita Gopinath, do FMI.
A questão concreta é que o cenário está mais complexo. “Não é só mais uma guerra econômica; é uma guerra política entre duas esferas”, afirma Vale. “Hoje os países comercializam com aqueles que são amigos politicamente. É este o mundo dos próximos anos: mais caro, com produtividades e populações em queda.” Some-se a essa complexidade o fato de que os juros pelo mundo devem ter um “novo normal”, em patamar mais elevado do que antes da pandemia, mesmo depois que a inflação global cair. “Pensando para a frente, o crescimento terá um ritmo razoável, mas o juro de equilíbrio tende a ser um pouco mais alto do que nos anos de pré-pandemia”, afirma Damico, da Buyside.
Nesse diapasão, o Brasil pode ser uma exceção. “Esse é um ponto interessante. Estamos descolando um pouco do global. Continuamos com surpresas positivas”, diz a economista. É o copo meio cheio em um mundo que parece mais meio vazio.
Globo Online - RJ 19/09/2024
Era esperada a decisão do Banco Central (BC) de subir a taxa básica de juros, a Selic, em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano. Não faltam evidências de pressão sobre os preços: a economia segue aquecida, o desemprego cai, a política fiscal do governo é expansionista, e o dólar continua alto. Diante disso tudo, não causa surpresa que as expectativas de inflação para 2024 estejam longe do centro da meta (3%). Levando tudo em consideração, o Comitê de Política Monetária (Copom) fez a opção correta ao colocar o pé no freio. Tomada por unanimidade, a decisão também transmite um recado nítido de coesão no Copom — e contribui para afastar incertezas a respeito da próxima gestão no BC, que começa em 2025.
O anúncio marca uma mudança de rota na política monetária. Entre agosto de 2023 e maio deste ano, a Selic caiu de 13,75% para 10,5%. De lá para cá, ficou estacionada. Com a subida gradual de agora, o mais provável é um novo ciclo de alta. Que ninguém se engane. A perspectiva de juro alto nunca é boa. Ao tornar o crédito mais caro, inibe o consumo e o investimento. Mas vale lembrar que adotar uma política monetária contracionista na hora certa evita males maiores no futuro, com escalada de preços e erosão no poder de compra.
O fato de os diretores do BC terem votado de forma unânime é um sinal de que compartilham essa opinião. E o momento para essa demonstração de sabedoria e unidade não poderia ter sido mais propício. Em janeiro, haverá troca de guarda na presidência do BC. Sai Roberto Campos Neto, alvo contínuo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e entra Gabriel Galípolo, ex-secretário executivo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e atual diretor de Política Monetária. A promoção de Galípolo, ainda dependente de confirmação do Senado, coincidirá com a chegada de mais diretores indicados por Lula. Tal cenário chegou a levantar dúvidas pertinentes sobre a atuação do Copom a partir de 2025. Seguiria a rotina de decisões técnicas ou abriria as portas para opiniões heterodoxas, como as que vigoraram durante o governo Dilma Rousseff? O anúncio desta quarta-feira ajuda a dissipar as dúvidas e sugere que a gestão Galípolo deverá seguir os mesmos parâmetros da atual.
Ele também contará com uma ajuda externa para calibrar os juros. No mesmo dia em que a Selic subiu por aqui, o Fed, banco central americano, cortou a taxa de juros em meio ponto percentual, na primeira redução desde o início de 2020. Foi um corte ousado, além do que o mercado esperava. A perspectiva é que, até o final do ano que vem, o juro americano esteja em 3,4% ao ano (2 pontos abaixo de onde estava ontem). Quando a maior economia do planeta muda a política monetária, a decisão reverbera mundo afora.
No Brasil, a consequência previsível é a entrada de mais dólares em busca de retornos maiores, com possível valorização do real. O movimento alivia o efeito cambial na inflação e permite uma trajetória menos íngreme para os juros por aqui. Em declarações públicas e decisões recentes, Galípolo tem demonstrado ter amplo conhecimento da sua responsabilidade e, até o momento, independência em relação ao Planalto e ao Ministério da Fazenda. Para o bem de sua biografia e, acima de tudo, do poder de compra dos brasileiros, é crucial que mantenha a posição.
IstoÉ Dinheiro - SP 19/09/2024
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de interromper o ciclo de cortes da taxa Selic, juros básicos da economia, recebeu críticas de políticos e do setor produtivo. Na avaliação deles, a elevação dos juros em 10,75% ao ano ameaça a recuperação da economia, especialmente quando os Estados Unidos começaram a cortar os juros.
Em postagem na rede social Bluesky, a presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffman (PR), classificou de injustificada a decisão do Copom.
“No dia em que os Estados Unidos cortam 0,5 ponto nos juros, tendência mundial, o BC [Banco Central] do Brasil sobe taxa para 10,75% [ao ano]. Além de prejudicar a economia, vai custar mais R$ 15 bi na dívida pública. Dinheiro que sai de educação, saúde, meio ambiente para os cofres da Faria Lima. Não temos inflação que justifique isso!”, criticou a parlamentar.
Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a decisão do Copom foi excessiva para controlar a inflação. Segundo a entidade, a medida só vai impor restrições adicionais à atividade econômica, com reflexos negativos sobre o emprego e a renda, enquanto as economias desenvolvidas começam a reduzir os juros.
“Os cenários econômicos, atual e prospectivo, principalmente de inflação, mostram que um aumento da Selic seria equivocado e um excesso de conservadorismo da autoridade monetária, com consequências negativas e desnecessárias para a atividade econômica. Além disso, colocaria o Brasil na contramão do que o mundo está fazendo nesse momento, que é a redução das taxas de juros”, afirmou em comunicado o presidente da CNI, Ricardo Alban.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) considerou precipitada a decisão do Copom de aumentar a taxa básica de juros. Segundo a entidade, a atual conjuntura exige atenção, mas o risco inflacionário ainda não está claro.
“O elevado patamar de juros vem comprometendo setores estratégicos, em especial a indústria, e minando qualquer possibilidade de aumento da taxa de investimento do país. O setor industrial, embora tenha esboçado uma tímida recuperação nos últimos meses, ainda opera 15% abaixo de sua máxima histórica, registrada em maio de 2011”, diz a Federação.
A Associação Paulista de Supermercados (Apas) informou que a decisão do Copom não surpreendeu, mas advertiu para os efeitos dos juros altos sobre o nível de atividade doméstica.
“Vale lembrar que o Brasil já possui uma das maiores taxas reais de juros do mundo, o que agrava ainda mais os desafios ao crescimento econômico do país. Com uma taxa de juros tão elevada, é difícil fomentar o nível de investimento necessário para um crescimento sólido e consistente no médio e longo prazo da economia do país”, advertiu o economista-chefe da Apas, Felipe Queiroz.
Centrais sindicais
O aumento dos juros básicos também recebeu críticas das centrais sindicais. Para a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a medida boicota a economia e aprofunda a carga pesada de juros sobre o governo e a população.
“O Banco Central, por meio do Copom, segue praticando uma política monetária proibitiva para o desenvolvimento do país. Mesmo tendo sofrido algumas reduções, nos últimos dois anos, a Selic foi mantida elevadíssima, fazendo o Brasil figurar entre os três países com as maiores taxas de juros reais (que é o resultado da Selic menos a inflação) do mundo”, destacou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidenta da CUT, Juvandia Moreira.
A CUT citou um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), segundo o qual a elevação de 0,25 ponto na Selic aumentará em R$ 13 bilhões os gastos da União com os juros dos títulos públicos. O impacto é apenas da alta da última reunião, desconsiderando novos aumentos nos próximos meses. Cada 1% de aumento na Selic, informou o estudo, eleva em R$ 40 bilhões os custos com os títulos.
A Força Sindical classificou a decisão de “prêmio aos especuladores”. Em nota, o presidente da entidade, Miguel Torres, disse que o Banco Central vai na contramão do desenvolvimento do país.
“Essa estratégia de gradualismo, subindo a taxa aos poucos, penaliza de forma nefasta, principalmente, os menos favorecidos economicamente e irá atrapalhar as campanhas salariais deste semestre bem como a produção e o consumo das famílias. Elevar os juros nesse momento traz mais incertezas. O aumento dos juros tende a desestimular o investimento e o consumo no país. Um Brasil próspero, democrático, soberano e voltado para o bem-estar do seu povo depende de economia forte e juros baixos.”, destacou Torres.
IstoÉ Dinheiro - SP 19/09/2024
O Comitê de Política Monetária (Copom) informou nesta quarta-feira, 18, que a projeção do Banco Central para o IPCA acumulado em 12 meses até março de 2026 passou de 3,4% para 3,5% no cenário de referência. O Copom retirou do comunicado o cenário alternativo de inflação.
O anúncio da atualização de sua previsão consta do comunicado sobre a decisão do colegiado de subir em 0,25 ponto porcentual a Selic em 10,50% ao ano/para 10,75% ao ano. “O Comitê avalia que há uma assimetria altista em seu balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação”, diz o comunicado, que destacou “uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado; e uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada”.
No documento, a instituição também revelou que sua estimativa para a inflação de 2025 subiu de 3,4% para 3,7% no cenário de referência, com o IPCA superando o centro da meta de 3%. Na reunião de 31 de julho, a mediana das projeções para o IPCA de 2025 no relatório Focus estava em 3,96% e, no mais recente, em 3,95%. Para 2024, a projeção do BC no cenário também de referência subiu de 4,2% para 4,3%.
O cenário de referência usado pelo Copom considera a trajetória para a taxa de juros extraída da pesquisa Focus e a taxa de câmbio parte de R$ 5,60/US$, evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC); os preços do petróleo conforme a curva futura por seis meses e, depois, aumentando 2% ao ano; e a hipótese de bandeira tarifária “amarela” em dezembro de 2024 e de 2025. A moeda americana negociada à vista fechou em R$ 5,6553 na noite da reunião do Copom de julho e ontem em R$ 5,4882, uma redução de R$ 0,20, que, segundo analistas, dá alívio para a decisão de hoje, mas ainda não teria força para mudar o quadro macroeconômico.
O Copom ainda atualizou a sua projeção de inflação de preços administrados, de 5,0% para 4,2% em 2024 e manteve a projeção de alta de 4% em 2025, também no cenário de referência. O comunicado inclui ainda uma projeção para inflação de preços administrados em quatro trimestres terminados no primeiro trimestre de 2026, de 3,9%.
Além as projeções de inflação para IPCA e preços administrados, o Copom inclui a previsão para alta dos preços livres no IPCA. A projeção para esse indicador é de inflação de 4,4% dos preços livres em 2024; 3,6% em 2025; e 3,4% no acumulado de 12 meses encerrados no primeiro trimestre de 2026. Todas essas projeções foram apresentadas no comunicado por meio de uma tabela.
Juro real
Com a decisão de alta de 0,25 pp de hoje, o juro real ex-ante – ou seja, descontada a inflação prevista para os próximos 12 meses – do Brasil está em 7,33%, segundo levantamento do site MoneyYou. O País está atrás apenas da Rússia (9,05%). A média das 40 economias pesquisadas é de 0,63%. Segundo o BC, o juro neutro brasileiro, que não acelera nem alivia a inflação, é de 4,75%.
O Estado de S.Paulo - SP 19/09/2024
O mercado financeiro já esperava esse aumento dos juros básicos (Selic) de 0,25 ponto porcentual para 10,75% ao ano. Mas o governo Lula, grande parte dos políticos do PT, sindicalistas e os dirigentes do empresariado voltaram a fulminar a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), de resto acompanhada de duras advertências.
Não entendem como os membros do Copom podem ser tão sádicos a ponto de puxar os juros para cima a fim de combater o aumento de preços, dias depois de a inflação ter apresentado em agosto variação negativa de 0,02%. Além disso, tomaram essa decisão justamente no dia em que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) derrubou os juros em 0,50 ponto porcentual pela primeira vez em 4 anos.
Afora a renitente tentativa de usar o Banco Central como tábua de tiro ao alvo para tirar o foco das mazelas da economia, boa parte dessa megadivergência acontece porque esses críticos ignoram que o BC não é uma lancha que pode fazer uma curva instantânea de 180 graus. É um transatlântico, que tem de preparar seus movimentos com grande antecedência.
A inflação do Brasil foi negativa em agosto, mas está apontando para novas altas, por seis fatores rastreados há semanas: o governo volta a acionar o tacão da gastança e transforma a meta fiscal em matéria de pura ficção; a seca e o fogaréu que tomou o País acenam para aumento dos preços dos alimentos e da energia elétrica; a demanda leva a economia a avanços maiores do que suas pernas aguentam; os preços dos serviços seguem produzindo inflação; a alta do dólar em reais também puxa pelos preços; e o BC está sob risco de perder o controle das expectativas.
Como das duas vezes anteriores, a decisão do Copom foi tomada por unanimidade. Até mesmo os dirigentes nomeados pelo presidente Lula divergem frontalmente do diagnóstico curtoprazista do governo.
Do ponto de vista global, a decisão mais importante foi o passo dado também nesta quarta-feira pelo Fed. Boa parte dos analistas recomendava novos cortes de 0,5 ponto, em novembro e dezembro, mas o presidente do Fed, Jerome Powell, preferiu esvaziar esse balão. Em todo o caso, juros mais baixos implicam circulação maior de dólares nos mercados e, a partir daí, certa desvalorização do dólar ante as outras moedas, inclusive o real. Mas a falta de um sinal de que o ritmo de cortes se mantenha pode voltar a fortalecer o dólar em vez de enfraquecê-lo. Nos próximos dias ficarão mais claras as proporções do ajuste.
O Copom não apontou seus movimentos seguintes. Como, no entanto, a inflação ameaça escapar da meta, ficam inevitáveis novos apertos. Falta saber se continuarão sendo de 0,25 ponto ou se um deles será de 0,5.
Exame - SP 19/09/2024
No fim do ano, acaba o mandato de Roberto Campos Neto no Banco Central. E agora? Com a indicação de Gabriel Galípolo pro cargo, Será que haverá continuidade nas atuais políticas? A independência da instituição será resguardada? E o mercado, como reagirá? Sobre esse assunto, o Instituto Millenium entrevistou o economista Rubem de Freitas Novaes, PhD pela Universidade de Chicago e ex-presidente do Banco do Brasil, indicado por Paulo Guedes.
Para ele, o BC já tem uma governança relativamente instituída, ficando livre de discricionaridades de seus dirigentes. “O Galípolo parece ter entendido bem as amarras a que está submetido e por isso mesmo teve sua indicação bem aceita pelo mercado. Resta ver se o Presidente Lula tem o mesmo entendimento do processo, e como reagirá quando seus indicados tiverem necessidade de elevar os juros”, avaliou.
Novaes também comentou o atual cenário de dominância fiscal, quando a subida dos juros, necessária para combater a inflação, acaba agravando o endividamento público: “É uma situação tão ruim, de desdobramentos tão sérios, que prefiro acreditar que nossas autoridades econômicas serão capazes de encontrar meios de combater o ímpeto reinante na direção do populismo fiscal”.
O especialista também fez duras críticas à sede tributária do governo. Para ele, a nossa carga tributária “já ultrapassou os limites do suportável”, e esse processo (de elevação de tributos) “enfraquece quem realmente gera riqueza e cria uma multidão de dependentes do Estado”.
Confira a entrevista na íntegra:
Instituto Millenium - Este ano termina o mandato de Roberto Campos Neto no Banco Central, e o presidente Lula já indicou o atual diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, para o seu lugar. Pelo histórico de cada um, e declarações públicas, se percebe que seguem linhas econômicas distintas. Até onde isso representa uma guinada na condução do BC? Acredita que haverá continuidade nas atuais políticas?
Rubem Novaes - O regime de metas de inflação é robusto no sentido de que idealmente independe da vontade ou da ideologia dos dirigentes do BACEN para o seu bom funcionamento. Fixada a meta pelo Conselho Monetário, modelos econométricos, que relacionam os juros à inflação futura, orientam a diretoria no rumo a tomar, sem dar muita margem a discricionaridade. O Galípolo parece ter entendido bem as amarras a que está submetido e por isso mesmo teve sua indicação bem aceita pelo mercado.
Resta ver se o Presidente Lula tem o mesmo entendimento do processo, e como reagirá quando seus indicados tiverem necessidade de elevar os juros.
Se posso sugerir algo aqui é no sentido de que o Presidente da República tenha maior participação na fixação da meta de inflação. Estando corresponsável, terá maior empenho em facilitar a tarefa do BACEN, principalmente no que diz respeito à condução da política fiscal.
IM - Como o mercado está vendo essa mudança? Acredita que, ao menos num primeiro momento, os investimentos serão mais tímidos, ou sua indicação já está precificada, uma vez que ele já faz parte da equipe?
RN - O mercado encaixou muito bem a indicação do Galípolo e aguarda com serenidade as novas indicações para a diretoria. Não vejo que possa haver qualquer barreira também nas aprovações dos novos diretores no Senado. Onde há realmente muita dúvida é sobre as reações do Lula quando o BACEN começar a apertar o torniquete, tentando trazer a inflação futura para o centro da meta. Aceitará tudo na boa ou se insurgirá contra o regime e sua essência? Nesta dúvida é que reside o risco de consequências bem ruins para a nossa economia.
IM - Num contexto de dívida pública elevada, mas de inflação ainda não controlada, você é a favor de subir a taxa de juros? Qual seria a melhor forma de proceder?
RN - Se não agirmos rápido na contenção de despesas públicas, caminharemos céleres para o abismo, dado o tamanho da dívida pública em relação ao PIB, e o nível já exagerado de nossa carga tributária.
Já está diante de nós o fantasma da “dominância fiscal”, situação em que uma elevação dos juros, necessária para combater inflação, torna-se impraticável, por agravar um quadro já dramático de endividamento público. É uma situação tão ruim, de desdobramentos tão sérios, que prefiro acreditar que nossas autoridades econômicas serão capazes de encontrar meios de combater o ímpeto reinante na direção do populismo fiscal.
IM - O governo deu ao ministro Haddad a missão de equilibrar as contas pelo lado das receitas, com foco em aumentar a arrecadação. Até onde isso é sustentável? Já chegamos ao limite do que o brasileiro está disposto a gastar em impostos e taxas?
RN - Não é correto dizer que o importante é fechar o déficit, pouco importando se é através de redução de despesas ou da elevação dos tributos. O setor público é tremendamente ineficiente e só consegue crescer às custas do setor privado. Estrangular a atividade privada tornando-a não competitiva em relação a países de perfil semelhante ao nosso é receita certa para a perda de produtividade no uso de fatores escassos e para a estagnação econômica.
A nossa carga tributária já ultrapassou os limites do suportável. O governo atual parece querer resolver todos os problemas da população através da ação estatal. No processo, enfraquece quem realmente gera riqueza e cria uma multidão de dependentes do Estado. Basta!
IM - No mês passado, foi divulgado uma previsão de déficit de quase meio trilhão de dólares para este ano. Neste contexto, quais as suas perspectivas fiscais para o ano que vem?
RN - Nossos melhores analistas das contas públicas chamam atenção para uma tendência deste governo em subestimar despesas e inflar receitas esperadas. Tudo indica que nos laboratórios de Brasília está sendo concebida uma ambiciosa reforma da tributação da renda e talvez do patrimônio. A turma mais à esquerda imagina obter, desta caçada aos ricos, os meios necessários para financiar a ampliação de programas sociais e uma máquina pública ainda maior. Talvez não estejam contando com a resistência do Congresso e com a fuga de capitais. É difícil ser otimista com as perspectivas fiscais para o próximo ano diante da mentalidade reinante no Olimpo.
Infomoney - SP 19/09/2024
O índice de evolução da produção industrial brasileira atingiu 52,2 pontos em agosto, informou nesta quarta-feira (18) a Confederação Nacional da Indústria (CNI) em sua sondagem mensal. Embora o indicador tenha ficado abaixo dos 54,3 de julho, a entidade destacou o segundo mês seguido que a atividade ficou acima do patamar neutro de 50 pontos.
O indicador de emprego industrial teve o mesmo comportamento, atingindo 50,7 pontos, após bater em 51,3 um mês antes.
Sobre a produção, o índice de agosto foi puxado pelas médias e grandes empresas, enquanto a leitura para as indústrias de pequeno porte ficou abaixo da linha de 50 pontos, revelando recuo da produção nessas empresas.
O emprego industrial no mês também recebeu mais impulso das médias e grandes empresas, enquanto houve redução no número de empregados no setor nas empresas de pequeno porte.
Em linha com o avanço da atividade, a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) da indústria atingiu 72% em agosto, avançando 1 ponto percentual ante julho.
No mês, também houve redução do nível de estoques frente a julho, ainda que mais branda que em meses anteriores, embora os estoques tenham permanecido em patamar inferior ao planejado pelo setor em agosto.
A pesquisa captou avanço do otimismo quanto às quantidades exportadas pelo setor e redução do otimismo sobre a demanda e compras de matérias primas. O índice de expectativa sobre o número de empregados no setor se manteve estável no mês. A intenção de investir segue elevada
Infomoney - SP 19/09/2024
Os preços futuros do minério de ferro registraram sua maior queda diária em quase dois anos nesta quarta-feira, pressionados pelas perspectivas de maior oferta global e pelo enfraquecimento da demanda chinesa por aço.
O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com perda de 4,12%, a 675,0 iuanes (95,13 dólares) a tonelada, marcando sua maior queda diária desde 31 de outubro de 2022. Os mercados chineses ficaram fechados na segunda e na terça-feira devido a um feriado.
O minério de ferro de referência de outubro na Bolsa de Cingapura recuava 1,85%, a 90,50 dólares a tonelada.
Na segunda-feira, o Goldman Sachs cortou sua previsão de preço do minério de ferro para o quarto trimestre de 2024, citando o excesso de oferta no mercado, embora a demanda da China esteja se estabilizando.
“Observamos potencial suporte de preços com a reposição de estoques do feriado pré-Golden Week nas próximas duas semanas, mas o aumento contínuo nos estoques totais de minério de ferro está preparando o caminho para outra queda de preços em outubro”, disseram os analistas do Goldman Sachs em nota, referindo-se ao feriado de uma semana da China no próximo mês.
O volume de minério de ferro despachado para destinos globais a partir de 19 portos e 16 empresas de mineração na Austrália e no Brasil, entre 9 e 15 de setembro, aumentou 12,3% em relação à semana anterior, atingindo uma máxima de mais de dois meses de 29 milhões de toneladas, informou a consultoria chinesa Mysteel.
Enquanto isso, a produção de aço bruto da China em agosto diminuiu pelo terceiro mês consecutivo, uma vez que as siderúrgicas enfrentam perdas decorrentes de uma queda nos preços do aço, mostraram dados divulgados no sábado.
Os preços dos imóveis vêm caindo ainda mais, já que as vendas de terrenos permanecem em mínimos sazonais de vários anos, deixando pouco espaço para a recuperação da demanda por aço, disseram analistas do ANZ.
Valor - SP 19/09/2024
Vendas externas de minério de ferro cresceram quase 10% no ano passado
Pagamento antecipado pela renovação de concessão de ferrovias, construção de novas malhas e terminais portuários, compra de locomotivas e navios, além da construção de extensos minerodutos, consomem hoje somas consideráveis dos investimentos das mineradoras no Brasil. As empresas alegam bons motivos para isso. O objetivo, afirmam, é ampliar e melhorar os corredores logísticos usados para escoar a produção.
As exportações de minério de ferro subiram quase 10% em 2023, para 378,3 milhões de toneladas, e as receitas, 5,6%, para US$ 30,5 bilhões. De janeiro a agosto deste ano, as vendas externas somaram 252,7 milhões de toneladas (alta de 6,1% sobre o mesmo período de 2023), com receita de US$ 20,7 bilhões (crescimento de 9%). A preocupação com a infraestrutura, portanto, é estratégica. “A Vale investe continuamente na melhoria e expansão das infraestruturas portuária e ferroviária para aumentar a capacidade e eficiência do transporte”, diz Vagner Loyola, diretor da cadeia integradas de valor de ferroso da companhia.
De 2012 a 2023, a Vale investiu cerca de R$ 50 bilhões em portos e ferrovias. Agora prevê mais R$ 24,7 bilhões, sendo R$ 11,8 bilhões em pagamento pela outorga antecipada das estradas de ferro Carajás, que liga províncias minerais no Pará ao porto de Itaqui (MA), e Vitória Minas - que interliga Minas Gerais ao Espírito Santo - e R$ 9,3 bilhões para a construção da Ferrovia de Integração Centro-Oeste.
Responsável pelo transporte de minério de ferro da Usiminas e da CSN, a MRS Logística foca na modernização de seus 1.643 km de trilhos que atravessam 107 municípios de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo e escoam produtos minerais pelos portos fluminenses de Itaguaí e Mangaratiba.
“Em 2023, a empresa investiu R$ 1,8 bilhão, focando, principalmente, na sustentabilidade do negócio e no cumprimento de suas obrigações regulatórias, além da ampliação da capacidade dos acessos ferroviários à Baixada Santista [SP]”, conta Raphael Steiman, diretor comercial da MRS. Neste ano, investiu mais R$ 1 bilhão na compra de novos vagões e locomotivas.
A logística também é crucial para a Bahia Mineração (Bamin), diz Eduardo Ledshman, CEO da subsidiária brasileira da Eurasian Natural Resource Corporation, do Cazaquistão. Em 2023, a Bamin aplicou R$ 1,8 bilhão no projeto integrado que inclui a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), com 537 km de extensão, e suas conexões com a Mina Pedra de Ferro, em Caetité, e o Porto Sul, em Ilhéus (BA). “A previsão é que 200 pacotes de contratação de obras de engenharia, pessoal, fornecedores e materiais sejam lançados no mercado durante a implantação do projeto, no valor total de R$ 25 bilhões, até 2027”, diz Ledshman.
Joint-venture da Anglo American e da brasileira Prumo Logística, a Ferroport decidiu desembolsar R$ 125 milhões para assegurar a plena operação do seu principal ativo, um mineroduto com 529 km que liga uma mina da Anglo American em Conceição de Mato Dentro (MG) ao porto do Açu, em São João da Barra (RJ). “O principal desafio é garantir a movimentação anual de 30 milhões de toneladas de carga utilizando a infraestrutura atual”, afirma Carsten Bosselmann, CEO da Ferroport.
A americana Alcoa vive momentos de euforia com a retomada das operações da fábrica de alumínio Alumar, no Maranhão, que chega atualmente a 3 milhões de toneladas por ano. Para manter essa capacidade operacional, a empresa anunciou este ano o investimento de cerca de R$ 1 bilhão para compor a frota própria com quatro navios para operação de cabotagem na Amazônia. A expectativa é que as embarcações transportem aproximadamente 6 milhões de toneladas de bauxita por ano da mina de Juruti, no Pará, até a refinaria da Alumar, em São Luís, de onde sai boa parte de sua produção para o exterior. “A incorporação de navios na nossa frota própria é uma etapa inédita para a Alcoa no Brasil e faz parte do início do nosso processo de verticalização para integrar ainda mais a operação entre a mina e refinaria”, diz Daniel Santos, presidente da empresa.
Enquanto o setor privado faz seus investimentos em infraestrutura de logística e transporte, o governo incentiva as empresas nos seus planos de aumento de capacidade, analisando e dando celeridade aos projetos e aporte de recursos, de acordo com Alex S. de Ávila, secretário nacional de Portos do Ministério de Portos e Aeroportos. Segundo ele, a intenção do governo federal é promover 35 leilões de arrendamento e concessões até 2026. Pelo menos duas serão em áreas relevantes: nos portos de Itaguaí (RJ), com previsão de investimentos de R$ 3,5 bilhões em um novo terminal, e de Vila do Conde, em Barcarena (PA), com investimento previsto em R$ 1 bilhão. “O objetivo é aumentar a capacidade de atendimento às exportações de minerais brasileiros”, afirma o secretário.
Para Julio Nery, diretor de sustentabilidade do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), no entanto, a limitação de capacidade e opções de escoamento restritas, disputa com outras cargas, malhas rodoviárias precárias, elevados custos do transporte e sistema complexo e burocrático para exportação são obstáculos ao aumento da competitividade do setor mineral no país. “O fundamental ainda são estradas rodoviárias, importantes para minérios como o lítio no vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. São estradas que demandam melhoramentos tanto para escoamento da produção quanto para o recebimento de insumos nas unidades operacionais”, afirma.
Valor - SP 19/09/2024
Commodity perdeu 55% de valor desde 2021 e impõe seletividade em novos projetos
Desaceleração chinesa afeta investimentos no setor mineral — Foto: Valor
A desaceleração da economia chinesa derrubou as cotações do minério de ferro e os agentes do mercado não trabalham com a perspectiva de uma valorização em curto prazo, o que impacta as decisões de investimentos. No início de setembro, a cotação do minério entregue nos portos de destino na China, como o de Dalian, estava abaixo de US$ 100 por tonelada, uma redução na casa de 55% em relação ao recorde de US$ 220 por tonelada alcançado em 2021.
“Há muitas incertezas acerca do crescimento econômico chinês e, por consequência, quanto ao consumo de aço, o que impacta diretamente as cotações do minério de ferro”, diz Jayme Nicolato, CEO da Mineração Morro do Ipê. As perspectivas não são positivas. “Não há sinais de que a demanda chinesa vá aumentar significativamente em um horizonte de um ou dois anos. Sendo assim, a média das projeções do mercado é que o minério de ferro deverá se manter no patamar atual”, afirma o consultor Afonso Sartorio, da EY Brasil.
A China importa por volta de 74% da oferta global de minério de ferro para complementar sua produção própria. O minério abastece siderúrgicas que produzem por volta de 1,1 bilhão de toneladas de aço por ano, mais da metade da capacidade de produção mundial. Nos últimos 12 meses, essa produção superou a capacidade de consumo do país em quase 100 milhões de toneladas, diante da dificuldade do país asiático em manter a expansão planejada em suas atividades da construção civil e da indústria.
Mineradoras com custos elevados podem enfrentar dificuldades”
— Ana Sanches
O patamar de US$ 100 por tonelada de minério de ferro é considerado uma referência no setor. Preços inferiores costumam inviabilizar minerações que exploram jazidas com baixo teor de ferro ou reduzida viabilidade logística. “Uma cotação em torno de US$ 100 por tonelada é economicamente sustentável para mineradoras com operações eficientes e custos baixos, mas mineradoras com custos elevados podem enfrentar dificuldades”, afirma Ana Sanches, CEO da Anglo American no Brasil.
Sanches avalia que grandes players no Brasil e na Austrália não deverão ter dificuldade em manter a produção e a oferta estável, mas o preço atual pode desencorajar novos investimentos em expansão ou em projetos de menor viabilidade econômica, o que pode, a médio prazo, limitar a oferta. O produtor brasileiro, no entanto, tem uma desvantagem em relação ao australiano, que é o custo logístico, devido à maior distância em relação à China. O frete transoceânico entre os portos de Tubarão, no Espírito Santo, e Qingdao, na Província de Shandong, no Leste da China, está próximo de US$ 30 por tonelada. “É um valor superior às médias históricas”, diz Nicolato.
A Mineração Morro do Ipê, que tem os grupos Trafigura e Mubadala como acionistas, concluiu recentemente um investimento de R$ 1,3 bilhão para a implementação da mina Tico-Tico, em Brumadinho (MG). A nova mina, que deverá concluir o processo de “ramp up” produtivo até o final do ano, elevará a capacidade de produção da companhia de 3,5 milhões de toneladas (mt) de minério por ano, realizado na mina Ipê, para 9 mt anuais em 2025.
Tico-Tico produzirá “pellet feed”, o minério em partículas finas, com alto teor de ferro e não usará barragens de rejeito. “É um produto premium de alto valor agregado, de alta demanda, o que protege as nossas operações em relação às flutuações do mercado”, diz Nicolato. Atualmente a China é o principal destino da produção da Morro do Ipê. Com a nova produção, a expectativa da empresa é atender também clientes na Europa e no Oriente Médio.
Os investimentos programados em exploração e extração de minério de ferro no Brasil somam US$ 17,27 bilhões entre 2024 e 2028, de acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O valor representa uma expansão pequena, de 2,1%, em relação ao previsto no quinquênio de 2023 a 2027. Praticamente não há previsão de novos projetos, apenas a execução de expansões já contratadas, refletindo a conjuntura desfavorável da commodity.
Os projetos em execução que vão gerar maior expansão de capacidade produtiva no país são da Vale, que neste ano planeja atingir a margem superior de seu “guidance” de produção entre 323 milhões e 330 milhões de toneladas. A companhia promove uma ampliação de 15 mt por ano da mina Vargem Grande, em Nova Lima (MG), prevista para entrar em operação no final deste ano, e amplia em 15 mt por ano a capacidade da mina Capanema em Santa Bárbara (MG), prevista para meados de 2025.
Para 2026, está prevista a conclusão do projeto de expansão em 20 mt/ano da mina S11D em Canaã dos Carajás (PA), que somará uma capacidade de 120 mt anuais. A projeção da companhia é de uma produção acima de 360 mt em 2026.
Em fevereiro, a Vale e a Anglo American formaram um acordo em relação aos ativos do Sistema Minas-Rio, entre os municípios mineiros de Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas, e os recursos minerais de alto teor de ferro adjacentes da Vale na serra de Serpentina. Pelo acordo, que ainda aguarda a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a Vale passará a deter uma participação de 15% no Minas-Rio, que continuará sob controle e gestão da Anglo American.
O Sistema Minas-Rio, por sua vez, irá integrar os recursos de 4,3 bilhões de toneladas de minério de ferro de Serpentina. As duas empresas ainda não divulgam o projeto de exploração da reserva. “A integração dos recursos minerais do Minas-Rio e Serpentina oferece o potencial de duplicar a produção atual, mas uma decisão ainda depende de uma avaliação da Anglo American e da Vale, seguindo os termos do acordo”, afirma Sanches.
A capacidade produtiva atual do Minas-Rio é de 26,5 milhões de toneladas, e a orientação de produção em 2024 está entre 23 mt e 25 mt. A Anglo American prevê um investimento de R$ 11,5 bilhões entre 2024 e 2028 no projeto. A principal ação no momento é a instalação de uma planta de filtragem de rejeitos, que tem investimento previsto de aproximadamente R$ 5 bilhões. O sistema utiliza uma tecnologia de filtragem a vácuo, com separação da água, que será reaproveitada no processo produtivo do Minas-Rio, e tem potencial de reduzir em 85% o lançamento de rejeitos na barragem.
Money Times - SP 19/09/2024
O BTG continua pessimista com os preços do minério de ferro e, por tabela, com as ações na bolsa. O banco não possui recomendação de compra para nenhum papel no setor.
Segundo os analistas Leonardo Correa, Marcelo Arazi Bruno Lima, a Vale (VALE3) é negociada a 4,3x Ebitda (resultado operacional) para 2025, com rendimentos de dividendos de 6-7% e riscos consideráveis de revisões negativas de lucro ante o consenso.
E mais do que isso, o trio também diz que a CSN Mineração (CMIN3) continua sendo a mineradora de ferro mais cara do mundo, negociado acima de 8x Ebitda 2025, mesmo com a queda da ação. A recomendação para o papel é neutra, com preço-alvo de R$ 6,50.
No ano, o CMIN3 acumula queda de 16%. Nesta sessão, inclusive, a ação cai 4%, enquanto os preços futuro do minério de ferro registraram sua maior queda diária em quase dois anos.
Para os analistas, os fundamentos da commodity permanecem fracos, sem nenhum sinal no radar indicando uma reversão de tendência.
A produção de aço está notavelmente deprimida (a produção de aço bruto em agosto caiu 10%, bem abaixo das expectativas), e o consumo aparente de aço está caindo 4% no acumulado do ano.
“O mercado imobiliário continua a ser um obstáculo à demanda global, com o investimento em ativo fixo no setor imobiliário caindo 10% no acumulado do ano e os decisores políticos até agora incapazes de estabilizar o setor (os preços dos imóveis já estão 5,5% menores em termos anuais)”, destaca.
O setor imobiliário, especialmente o chinês, é um dos grandes responsáveis por alimentar a demanda por minério.
Por outro lado, os analistas dizem que a oferta no mercado marítimo permanece robusta, com a Austrália e o Brasil superando as expectativas.
Na semana passada, a Vale aumentou a expectativa de produção de 323 milhões a 330 milhões de toneladas, ante faixa de 310 milhões a 320 milhões de toneladas estimadas anteriormente. É a primeira vez em anos que isso ocorre.
“Enquanto isso, as siderúrgicas na China estão operando com prejuízos relevantes e os estoques nos portos chineses estão elevados — um aumento de ~40 no acumulado do ano pode prejudicar o processo de reestocagem no curto prazo”, discorre.
Pelos cálculos do BTG, o minério de ferro deverá ficar na faixa de US$ 95/t e US$ 85/t, respectivamente, mas há riscos de redução.
“A questão principal agora reside nos cortes de capacidade em um mercado com excesso de oferta, levantando questões sobre quem sairá do mercado”.
Por outro lado, o custo marginal de produção atual está em torno de US$ 85/t (vs o preço spot de US$ 92/t).
Valor - SP 19/09/2024
Jungmann, do Ibram, durante congresso do setor: mineração é fundamental para garantir a segurança alimentar — Foto: Glenio Campregher
As indústrias de mineração têm à frente um cenário de crescimento global da demanda, impulsionado pela transição energética e preocupações com segurança alimentar. A expansão da produção pelo setor, no entanto, enfrenta alguns desafios de ordem tributária, geopolítica, financeira e socioambiental.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), nas próximas duas décadas, a demanda global deve aumentar 40% para cobre e terras raras, de 60% a 70% para níquel e cobalto, e quase 90% para lítio. Dados do Ministério das Minas e Energia mostram que o Brasil tem potencial de ser um fornecedor relevante de minerais estratégicos para a transição energética, considerando as suas reservas. O país detém, por exemplo, 94,1% das reservas de nióbio do mundo, 17,5% das reservas de terras raras, 16,8% das reservas de níquel, 21,9% da grafita natural.
“Os minerais críticos e estratégicos são decisivos para a transição energética e não haverá saída para a humanidade, em razão do agravamento da emergência climática, sem considerarmos o crescimento da oferta desses minerais”, afirmou Raul Jungmann, diretor-presidente do Ibram, durante a edição de 2024 do Expo e Congresso Brasileiro de Mineração (Exposibram), realizado na semana passada em Belo Horizonte.
Ele acrescentou que a mineração é fundamental para a segurança alimentar. “Não há possibilidade de se contar com a produtividade brasileira se não tivermos potássio, se não tivermos fosfato”, afirmou.
“O Brasil é o maior importador de fertilizantes do mundo, o que torna nossa segurança alimentar vulnerável a qualquer conflito internacional. A guerra entre Rússia e Ucrânia já trouxe incertezas ao mercado”, disse Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de economia e estatística da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).
Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente e integrante do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ONU), avalia que o mundo vive uma “policrise”. “Você não pode falar de insegurança alimentar dissociada da segurança climática, energética, social, dos direitos civis e da poluição. É preciso conectar tudo para oferecer soluções. Mas os sistemas de governança nacional e internacional não dialogam de forma integrada, dificultando a busca por soluções eficazes”, afirmou Teixeira.
Theo Yameogo, sócio-lider de mineração e metais da EY, observou que 60% do Produto Interno Bruto (PIB) do mundo passa por eleições este ano e as incertezas políticas interferem na demanda global por minerais. “Há uma tensão criada pela guerra da Rússia com a Ucrânia e nas relações entre China e países da OCDE”, disse Yameogo.
“Na América latina, o risco é mais elevado paras a mineradoras no Chile e no Peru, por conta de instabilidade política e questões sociais locais. No Brasil, o risco é considerado médio, mais ligado a questões climáticas”, acrescentou Barbara Lanhoso de Mattos, head global de mineração da Moody´s.
Rodrigo Augusto Nunes, diretor de operações da Hochschild Mining PLC, considera a insegurança jurídica um desafio para o setor no mundo. “O Brasil tem um sistema ambiental bastante sólido em comparação com outros países da América Latina, mas a parte tributária ainda é complexa”, afirmou Nunes.
Jungmann cita como outro desafio a falta de recursos para financiar a indústria. Ele observou que o setor financeiro direciona apenas 0,9% dos R$ 2,1 trilhões que aporta na iniciativa privada para o setor minerário. “A mineração é um dos setores econômicos mais importantes, responde por mais de 30% do saldo da balança comercial. Não me parece equilibrada esta relação”, afirmou. A mineração representa cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) e, em 2023, faturou R$ 248,2 bilhões, segundo o Ibram.
Infomoney - SP 19/09/2024
De olho no noticiário micro da Vale (VALE3), o Bradesco BBI reforçou recomendação equivalente à compra (outperform, desempenho acima da média do mercado) para as ações da companhia, ainda que tenha reduzido levemente o preço-alvo de R$ 78 para R$ 77 em 2025 (ainda um potencial de alta de 32% para os ativos).
Embora tenha reduzido sua estimativa de lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) para 2025 para US$ 17,9 bilhões, devido aos preços mais baixos do minério de ferro e níquel, observa que o desempenho operacional geral da empresa melhorou.
O banco vê VALE3 negociando a 3,7 vezes o múltiplo EV (valor da firma)/Ebitda para 2025.
“Destacamos também que a demanda sazonalmente mais forte na China (começando em meados de setembro) e novas melhorias nos fundamentos podem ser os catalisadores a serem observados no curto prazo”, avalia o banco.
Entre a percepção de melhora destacada recentemente, o BBI aponta o anúncio do CEO (Gustavo Pimenta) antes do esperado e a maior confiabilidade dos ativos mostrada durante o roadshow com investidores da semana passada.
“Também saudamos a revisão para cima na orientação de produção de minério de ferro da empresa para 2024, sua maior confiança em atingir o nível de produção de 340 a 360 toneladas em 2026 e o tom positivo da administração sobre o desempenho de custos”, avalia o banco.
Com as ações da Vale apresentando fraca performance nos últimos 12 meses (queda de 26% em dólares, contra recuo médio de 9% dos pares globais), o dilema de comprar ou não a correção surgiu como um debate importante para os investidores, ressalta a equipe do banco.
Embora a Gerdau (GGBR4) continue sendo a sua preferida (top pick) no setor de Siderurgia & Mineração, reitera visão positiva para VALE3, esperando que a mineradora se beneficie da demanda sazonalmente mais forte de minério de ferro na China e de uma melhora adicional em seus fundamentos.
Por outro lado, o BTG Pactual ressalta não ter recomendação de compra para as empresas do setor de mineração.
Na visão dos analistas do banco, os fundamentos do minério de ferro permanecem fracos, sem nenhum sinal em nosso radar indicando uma reversão de tendência.
A produção de aço está notavelmente deprimida (a produção de aço bruto em agosto caiu 10% na base anual, bem abaixo das expectativas), e o consumo aparente de aço está caindo cerca de 4% no acumulado do ano, destacam os analistas.
O mercado imobiliário continua a ser um obstáculo à demanda global, com o investimento em ativo fixo no setor imobiliário caindo 10% no acumulado do ano e os decisores políticos até agora incapazes de estabilizar o setor (os preços dos imóveis já estão 5,5% menores em termos anuais). A oferta de minério de ferro no mercado marítimo permanece robusta, com a Austrália e o Brasil superando as expectativas.
O BTG também nota que a Vale revisou para cima suas metas de produção para 2024 pela primeira vez em anos. Enquanto isso, as siderúrgicas na China estão operando com prejuízos relevantes e os estoques de minério de ferro nos portos chineses estão elevados, o que pode prejudicar o processo de reestocagem no curto prazo.
O BTG tem previsão de minério de ferro para 2025-26 de US$ 95/t (tonelada) e US$ 85/t, respectivamente, mas vê riscos de redução.
A questão principal agora reside nos cortes de capacidade em um mercado com excesso de oferta, levantando questões sobre quem sairá do mercado.
O banco estima que o custo marginal de produção atual esteja em torno de US$ 85/t (versus o preço spot de US$ 92/t). Não temos recomendação de compra no setor.
Enquanto isso, a Vale é negociada a 4,3 vezes o Ebitda esperado para 2025 na visão do BTG, com rendimentos de dividendos de 6-7% e riscos consideráveis de revisões negativas de lucro versus o consenso. Já a CSN Mineração (CMIN3) continua sendo a mineradora de minério de ferro mais cara do mundo, negociando acima de 8 vezes o Ebitda esperado para 2025.
Cabe destacar que as ações da Vale caem cerca de 1% e da CSN Mineração por volta de 5% nesta quarta-feira após os preços futuros do minério de ferro registrarem sua maior queda diária em quase dois anos na sessão, pressionados pelas perspectivas de maior oferta global e pelo enfraquecimento da demanda chinesa por aço.
O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com perda de 4,12%, a 675,0 iuanes (US$ 95,13) a tonelada, marcando sua maior queda diária desde 31 de outubro de 2022. Os mercados chineses ficaram fechados na segunda e na terça-feira devido a um feriado.
LogWeb - SP 19/09/2024
As empilhadeiras estão cada vez mais se destacando no cenário empresarial. Com o crescimento constante da competitividade e a valorização da eficiência, esses equipamentos se tornaram cruciais para otimização logística e aumento da produtividade.
De acordo com dados da Business Research Insights, o mercado global de empilhadeiras está projetado para alcançar 27.290 milhões de dólares até 2028, crescendo a uma taxa anual composta de 3,5%.
Esse crescimento será impulsionado principalmente pelo aumento do comércio eletrônico. Segundo a Statista Digital Market Insights, as vendas online em escala global devem ultrapassar os 7 trilhões de dólares até 2025, e a previsão é de que, até 2027, o comércio eletrônico represente cerca de um quarto de todas as vendas no varejo. Com o aumento do número de compras, a necessidade pelo armazenamento eficiente ganha força e as empilhadeiras são empregadas em armazéns, a fim de economizar tempo e espaço.
“Empresas que implementam empilhadeiras não apenas melhoram o fluxo de trabalho interno, mas também reduzem significativamente os custos operacionais, pois a economia pode chegar até 20%. Além disso, a integração delas com outras tecnologias, como sistemas de gerenciamento de frotas e telemetria, pode aumentar a eficiência operacional em até 30%”, afirma Silene Medeiros, CEO da Netmak, considerado o maior e-commerce de empilhadeiras do Brasil.
Medeiros atua no mercado de logística há mais de 15 anos e acredita que a escolha adequada de empilhadeiras e a sua utilização estratégica são fundamentais para maximizar o retorno sobre o investimento em logística. “O setor de empilhadeiras está passando por uma transformação e esses novos avanços estão ajudando empresas a prever e a gerenciar melhor as necessidades de manutenção, segurança e utilização dos equipamentos. Quem adota essas tecnologias modernas e práticas experimenta ganhos substanciais em termos de produtividade e redução de custos”, comenta a CEO da Netmak. Buscando oferecer equipamentos operacionais mais eficientes para os clientes, a empresa liberou no mercado sua nova linha NTK de empilhadeiras elétricas, a diesel e GLP. As máquinas possuem torres duplex e triplex, com variação de elevação entre 2,5 a 6 metros. Com capacidade para cargas de até 3,6 toneladas, as empilhadeiras podem ser utilizadas na movimentação de cargas pesadas, no armazenamento de alimentos, bebidas e remédios, além de estocar insumos agrícolas em estoques verticalizados, empilhar big bags e carregar e descarregar caminhões.
Exame - SP 19/09/2024
Ao caminhar pelas grandes e médias cidades brasileiras, uma percepção é muito evidente: há mais carros chineses circulando nas ruas. Esse sentimento é confirmado pelos números. Em um recorte apenas com veículos eletrificados, principal aposta das montadoras da China, de janeiro a julho o mercado nacional emplacou 94.616 veículos leves eletrificados, superando os 93.927 de todo o ano passado, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico.
A BYD lidera esse movimento, com 25.692 veículos, seguida pela GWM, com 4.085. Chery e JAC também já estão presentes no Brasil. Nos próximos meses, o número de montadoras operando em território nacional deve dobrar, em um cenário de mercado ávido por tecnologia e preços competitivos. Boa parte das montadoras já considera a instalação de fábricas no Brasil. Conferimos algumas dessas apostas no Salão do Automóvel de Pequim no fim de abril.
Neta
A Neta chegará ao Brasil até o fim deste ano, apostando no mercado de SUVs. A marca escolheu o Neta X 100% elétrico para estrear no país. O modelo chega ao Brasil em três versões: 400, 500 e 500 Luxury. A autonomia da bateria foi homologada pelo Inmetro e permite rodar até 317 quilômetros sem a necessidade de carregamento. Além desse SUV médio, a montadora trará o Aya, também elétrico, porém mais compacto, com preço em torno de 130.000 reais, dependendo da versão. Outra aposta é o Neta GT, um cupê de duas portas, com uma aceleração de zero a 100 quilômetros por hora em 3,7 segundos. Entra em um mercado com pouca concorrência no Brasil. O carro deve chegar até janeiro de 2025, mas já está em processo de homologação. O preço ainda vai ser definido pela montadora.
Omoda e Jaecoo
A concorrência na categoria dos SUVs no Brasil ganhará um novo participante no início de 2025. A chinesa Omoda (lê-se “omôda”) desembarca aqui no primeiro trimestre do ano que vem, estreando com o SUV compacto Omoda 5 em versão elétrica. Logo após, serão lançadas duas versões híbridas do Omoda 5, além da marca-irmã Jaecoo (lê-se “djeico”), com o J7, um SUV médio. Ambas pertencem ao grupo Chery, mas atuarão de forma independente no país. A Omoda tem um foco em carros mais sofisticados e tecnológicos, voltados para um público jovem. Já a Jaecoo foca em off-road e SUVs para diversos tipos de terrenos. As montadoras afirmam que, no próximo ano, os carros terão fabricação nacional. Os preços também ainda estão em definição.
Tank e Wey
Na China, a GWM opera suas marcas de forma independente da controladora. Assim, você compra um Haval, e não um GWM. No Brasil, a montadora optou por manter as marcas como modelos de carros, sob um único guarda-chuva. Embora seja uma estratégia local, a GWM vai trazer ao Brasil duas novas marcas que fazem sucesso na China. A divisão de off-road Tank desembarcará aqui no primeiro trimestre do próximo ano, com três modelos, começando pelo Tank 300, um 4x4 robusto. Outra marca que chega em 2024 é a Wey, focada em luxo. O modelo escolhido para o Brasil deve ser o Wey 5, na versão híbrida plug-in, competindo com BMW e Audi. Preço de venda: ainda em definição.
Automotive Business - SP 19/09/2024
A China tenta sensibilizar autoridades italianas sobre a investigação que a União Europeia (UE) realiza sobre os elétricos feitos no país asiático. Em visita à Itália, o ministro do Comércio chinês, Wang Wentao, disse que a apuração feita pelo bloco econômico pode afetar possíveis investimentos de montadoras da China no país.
“A cooperação entre os setores automobilísticos chinês e italiano tem uma base sólida e um potencial enorme”, disse Wang ao ministro do Desenvolvimento Econômico italiano, Adolfo Urso, em uma reunião em Roma na última segunda-feira, 16, informou o Ministério do Comércio da China.
Em comunicado, o ministro chinês disse que seu país está disposto a promover investimentos mútuos entre empresas automotivas das duas nações.
"Mas a investigação da UE sobre os veículos elétricos chineses afetou seriamente a confiança das empresas automotivas chinesas em investir na Itália, o que não é do interesse de longo prazo da Itália", disse Wang em comunicado.
Segundo ele, a expectativa é de que a Comissão Europeia responda “aos apelos de todas as partes e resolva adequadamente as diferenças econômicas e comerciais entre a China e a UE", disse Wang.
O ministro chinês está em missão na Europa para tentar resolver o imbróglio em relação à investigação da União Europeia sobre os veículos elétricos produzidos na China. Segundo a agência de notícias Reuters, Wang deve se reunir com o vice-presidente executivo e comissário de comércio da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, na quinta-feira.
Automotive Business - SP 19/09/2024
A GAC Motor iniciou, de forma oficial, suas atividades no Brasil. O anúncio foi feito na página da empresa no LinkedIn, onde a marca chinesa divulgou várias oportunidades de emprego em diversas áreas.
Entre as posições disponíveis estão cargos de diretoria, gerência, coordenação e especialista. Todas exigem domínio da língua inglesa.
Acordo foi fechado em junho
Feng Xingya, CEO da GAC Motor, posa com Geraldo Alckmin, vice-presidente da República
Uma das primeiras montadoras da China a ter produção de carros movidos puramente a bateria, a GAC revelou investimento de US$ 1 bilhão no Brasil até 2029. Além da fábrica de veículos elétricos, a promessa é de aportes em diferentes áreas.
“Nos próximos cinco anos, a GAC, juntamente com sua cadeia de fornecimento, planeja investir US$ 1 bilhão no Brasil, incluindo planos para estabelecer fábricas, centros de pesquisa e desenvolvimento e armazéns para peças de reposição”, disse Feng Xingya, presidente do Grupo GAC, por meio de nota.
Participe do #ABX24 e tenha a oportunidade de dirigir carros elétricos
Na primeira semana de junho, em visita oficial a Pequim, o executivo se reuniu com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin.
Segundo a GAC, as conversas trataram do aprofundamento da cooperação econômica e comercial entre Brasil e China, e as estratégias da fabricante para o nosso mercado.
GAC pretendia investir no Brasil antes de BYD e GWM
A GAC é uma das principais parceiras das japonesas Honda e Toyota na China. Em 2023, porém, foi a quinta maior fabricante de automóveis no mercado doméstico, com 2,5 milhões de carros entregues.
A fabricante obteve receita de US$ 70 bilhões no ano passado. A meta da empresa é atingir produção e vendas totais superiores a 4,7 milhões de veículos/ano e uma receita de US$ 137 bilhões até 2030.
Os planos de investimento da GAC no Brasil, vale destacar, são antigos - antes mesmo à ofensiva de marcas como GWM e BYD.
A empresa, inclusive, foi uma das primeiras a se interessar pela fábrica de Camaçari (BA) após o encerramento das atividades industriais da Ford por aqui – a unidade acabou sendo adquirida pela BYD.
Quais carros a GAC vai vender pro aqui?
A montadora ainda não deu detalhes sobre quais veículos pretende produzir e vender no Brasil. A marca chinesa, obviamente, vai iniciar as atividades com a importação de modelos.
Curiosamente, a GAC é uma das companhias chinesas com portfólio mais tímido quando se trata de modelos elétricos próprios – à exceção das joint ventures com Honda e Toyota. De qualquer forma, o primeiro carro da montadora cotado para o Brasil é o SUV médio elétrico Aion Y.
O modelo é um pouco maior que o Jeep Compass (são 4,53 m de comprimento e 2,75 m de entre-eixos) e usa motor com potência aproximada de 135 cv e torque de 23 kgfm. As baterias têm capacidade de 63,2 kWh e, pelos padrões chineses, prometem autonomia de 490 km.
Auto Industria - SP 19/09/2024
Na IAA Transportation 2024, até 22 de setembro em Hanover, Alemanha, a Volvo anunciou que aumentará o uso de aço com baixa emissão de CO2 na produção dos caminhões FH e FM. O metal, fornecido pela siderúrgica sueca SSAB, é manufaturado com material reciclado e sem energia proveniente de combustíveis fósseis no processo.
Segundo cálculos da fabricante, as emissões de carbono são reduzidas em torno de 80% em comparação à produção do aço convencional com uso de energia fóssil.
Valor - SP 19/09/2024
Dos 2,8 milhões de veículos particulares registrados no país, 754.303 são totalmente elétricos, em comparação com 753.905 movidos a gasolina
O total de carros elétricos na Noruega superou o total de carros movidos a gasolina pela 1ª vez na história, estabelecendo o país como um dos líderes da transição energética, mesmo sendo um dos maiores produtores de petróleo do mundo.
Dos 2,8 milhões de carros particulares registrados no país, 754.303 são totalmente elétricos, em comparação com 753.905 movidos a gasolina, de acordo com dados da Federação Norueguesa de Estradas.
O país nórdico, com 5,5 milhões de habitantes, tem como meta se tornar a primeira nação a acabar com a venda de novos carros a gasolina e diesel até 2025.
Apesar do movimento em prol de veículos elétricos, modelos movidos a diesel ainda são maiores na frota veicular norueguesa.
As vendas de veículos elétricos foram impulsionadas por isenções fiscais e outros incentivos, financiados em grande parte com o dinheiro que a Noruega ganha com petróleo e gás.
Atualmente, nove em cada dez novos carros vendidos na Noruega são veículos elétricos, segundo dados da indústria local.
CNN Brasil - SP 19/09/2024
O governo federal acaba de atingir a marca de 1 milhão de unidades habitacionais contratadas no âmbito do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) — exatamente metade da meta estabelecida para o programa até 2026.
A marca foi atingida com a assinatura nesta terça-feira (17) à noite de uma portaria pelo ministro das Cidades, Jader Filho, que autoriza a contratação de 3.742 moradias da modalidade rural do MCMV.
Um dos principais símbolos das gestões petistas na área social, o MCMV foi recriado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no início de 2023.
Na nova versão do programa, o governo aumentou os subsídios dados à compra das imóveis e reajustou o valor máximo da renda familiar bruta para enquadramento dos beneficiários.
Do total de unidades contratadas até setembro de 2024, pouco mais de 400 mil foram destinadas à faixa 1 do MCMV — que contempla famílias com renda bruta de até R$ 2.850 mensais.
Outras 256 mil unidades foram voltadas à faixa 2 — com renda familiar bruta de até R$ 4.700 por mês. O faixa 3 contempla renda familiar bruta de até R$ 8 mil.
Os financiamentos do MCMV têm taxas de juros fixas. Não há variação, portanto, conforme a Selic — que pode ser elevada, nesta quarta-feira (18), pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
Atualmente, no faixa 1, as taxas estão em 4% ao ano nas regiões Norte e Nordeste. No Sul, Sudeste e Centro-Oeste, são de 4,25%.
Com a Selic mais alta, no entanto, há pressões sobre as taxas usadas no MCMV — que acabam sendo mais pressionadas e podem subir mais adiante.
Infomoney - SP 19/09/2024
A construção de residências unifamiliares nos Estados Unidos se recuperou de forma acentuada em agosto e as licenças cresceram, mas o aumento da oferta de novas moradias representa um desafio para os construtores.
O início de construção de moradias unifamiliares, que representa a maior parte da construção de casas, aumentou 15,8% no mês passado, para uma taxa anual ajustada sazonalmente de 992.000 unidades, informou o Departamento de Comércio nesta quarta-feira (18).
Os dados de julho foram revisados para cima e mostraram que as construções caíram para uma taxa de 857.000 unidades, em vez de 851.000 como relatado anteriormente. Parte da queda no início das construções em julho foi atribuída ao furacão Beryl.
Um aumento nas taxas de hipoteca pesou sobre as vendas de moradias, resultando em excesso de oferta de casas recém-construídas. O estoque de residências usadas também aumentou, reduzindo o incentivo para que as construtoras façam novas casas.
Desde então, as taxas hipotecárias têm recuado para as mínimas de 1 ano e meio e podem cair ainda mais, uma vez que se espera que o Federal Reserve inicie um ciclo de afrouxamento monetário nesta quarta-feira. Dado o excesso de oferta, os economistas não esperam um aumento acentuado nas novas construções.
A oferta de novas moradias está próxima dos níveis vistos pela última vez no início de 2008. As licenças para construção futura de residências unifamiliares aumentaram 2,8%, atingindo uma taxa de 967.000 unidades em agosto.
Revista Ferroviaria - RJ 19/09/2024
Os primeiros carregamentos de trilhos no canteiro de obras do bairro da Calçada para a construção doVeículo Leve sobre Trilho (VLT) chegaram a Salvador na segunda-feira, 16. A expectativa é que até quinta, 19, mais quatro carretas cheguem à cidade, totalizando o transporte de 369 barras de trilhos, possibilitando o avanço da obra.
Além dos trilhos, também foram adquiridos um conjunto de equipamentos, acordados após negociação entre os governos da Bahia e do Mato Grosso. A novidade inclui também o sistema de rede aérea, subestações, aparelhos de mudança de via (AMV) e de telecomunicações, somando um investimento de R$ 106 milhões. O transporte segue um cronograma planejado, com a entrega realizada em etapas, até março de 2025.
Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
Para a diretora-presidente da Companhia de Transportes do Estado da Bahia (CTB), Ana Claudia Nascimento, a compra gerou uma economia significativa para o Estado.
“Esses materiais estão em perfeitas condições de uso e todos foram atestados tecnicamente. Economizamos em torno de R$ 70 milhões, porque se fôssemos para o mercado comprar, teríamos um gasto muito maior”, explicou.
O VLT vai abranger três trechos, da Ilha de São João à Calçada, de Paripe a Águas Claras e de Águas Claras à orla de Piatã. No total, o percurso será de 36,4 quilômetros, com 34 paradas. O orçamento total das obras, reunindo os três lotes, é de mais de R$ 5 bilhões.
IstoÉ Dinheiro - SP 19/09/2024
A diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia dos Anjos, disse nesta quarta-feira, 18, que a estatal vai buscar renovar plataformas listadas para desmontagem e destinação a fim de reutilizá-las em outros projetos. Isso, afirmou, permitiria alongar a curva de descomissionamentos e reduzir os custos da companhia nesta frente.
Segundo a diretora, a Petrobras tem mais de 50 plataformas a serem descomissionadas e uma pequena parte disso poderá ser reutilizada. No plano estratégico 2024-2028, há previsão de desmontagem e destinação de 23 dessas unidades.
“Vamos revitalizar algumas plataformas. Ainda estamos fazendo estudos de quantas serão. Vamos poder fazer alguns ‘revamps’ (renovação), mas isso depende de análise econômica. É uma reutilização delas para outros projetos. Mas isso é um número muito menor do que essas 50 a descomissionar”, disse.
Ela falou a jornalistas na saída do 1º Seminário de Descomissionamento Offshore, realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio.
Preços altos
Segundo Dos Anjos, os preços de plataformas novas estão altos e, até por isso, a Petrobras busca alternativas. “Vamos ter plataformas revitalizadas, e essa é mais uma oportunidade para a indústria de estaleiros nacional”, afirmou.
Atividade sem retorno
No discurso, a diretora da Petrobras disse que há um “passivo grande” relacionado ao processo de abandono de plataformas, que impõe gastos sem retorno à Petrobras.
“A gente investe, põe uma unidade (em atividade) e tem óleo em troca. Esse investimento em (descomissionamento) não tem isso. Então a gente tem que fazer isso com muita otimização de custo, da melhor forma”, disse a diretora da Petrobras.
A essa altura, ela reforçou que o ideal seria fazer isso de forma gradativa para ainda ter alguma rentabilidade de algumas unidades.
“Vamos ter de descomissionar mais do que comissionar plataformas. Descomissionar estava lá no fim da linha (de atividades), mas chegou. Há muitas unidades hibernadas, precisando ser descomissionadas. Temos hoje um passivo muito grande nesse sentido. Vamos trabalhar com engenharia e inovação para fazer isso da melhor forma possível”, disse.
Supremo Tribunal Federal - DF 19/09/2024
Em audiência de conciliação realizada no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (18), o Estado de São Paulo, a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) concordaram em suspender por 60 dias o processo que discute a competência regulatória referente ao Gasoduto Subida da Serra para buscar tratativas extrajudiciais.
Na Ação Cível Originária (ACO) 3688, o Estado de São Paulo e a Arsesp, autores da ação, se comprometeram a apresentar diariamente dados integrais sobre o volume de gás que sai do Terminal de Regaseificação de São Paulo e que passa pela Subida da Serra, além de fornecer os contratos em vigor até sexta-feira (20/9). Já a ANP se comprometeu a não tomar medidas restritivas operacionais até a próxima audiência, marcada para 26 de novembro.
A audiência foi conduzida pela juíza auxiliar da Presidência e responsável pelo Núcleo de Solução Consensual de Conflitos (Nusol), Trícia Navarro. Além das partes, estiveram presentes representantes da Procuradoria-Geral da República (PGR), da Advocacia-Geral da União (AGU), do Ministério de Minas e Energia, da Associação de Empresas de Transporte de Gás Natural por Gasoduto (Atgás), da Companhia de Gás de São Paulo (Comgás) e da Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (AbeGás).
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