O Estado de S.Paulo - SP 19/08/2024
O Brasil está entre os dez maiores produtores de aço no mundo - ocupa atualmente o nono lugar. Mas, com produção de 32 milhões de toneladas em 2023, está muito longe da líder China e bem abaixo de Índia, Japão, EUA, Rússia e Coreia do Sul. De acordo com números do Instituto Aço Brasil, há em território brasileiro hoje 31 usinas que fazem aços planos, longos, inox e especiais.
Essa operação está a cargo de 13 companhias que são controladas por nove grupos. Sete desses grupos são de tradicionais clãs familiares, estrangeiros e nacionais, e respondem por 95% do volume de aço produzido. O parque fabril tem capacidade de fazer 51 milhões de toneladas por ano, mas tem operado, na média, com 63% de ocupação.
Executivos e especialistas do setor consideram que esse é um índice baixo para gerar rentabilidade ao negócio. No ano passado, e até junho de 2024, o setor enfrentou alta competição de aço estrangeiro, principalmente da China. Veja abaixo quais são as famílias que dominam a produção de aço no País:
Família Mittal (ArcelorMittal)
O grupo ArcelorMittal, que tem várias usinas de aço no País, pertence à família de origem indiana Mittal. É o segundo maior produtor global e líder no Ocidente. Lakshmi Mittal, apesar de indiano, iniciou seu império siderúrgico com uma pequena fábrica na Indonésia. De lá, avançou para Europa e Estados Unidos. No Brasil, fez vários investimentos e aquisições desde 2006 - quando, globalmente, a Mittal Steel incorporou a franco-belga Arcelor. O mais recente movimento do grupo no País foi a compra, em 2022, da Siderúrgica de Pecém, no Ceará, que pertencia à Vale e dois sócios asiáticos, por R$ 11 bilhões. A família Mittal também controla a Aperam, de aços inox e especiais, que tem uma operação separada no Brasil. Juntas, as duas empresas produziram 14,2 milhões de toneladas no ano passado, respondendo por 42% da produção nacional.
Família Rocca (Ternium/Techint)
A Ternium, controlada pelo conglomerado ítalo-argentino Techint, passou a operar no Brasil no início de 2012 com a aquisição de uma fatia acionária da Usiminas. O grupo tem origem na Itália, em 1945, com um investimento do industrial italiano Agostino Rocca na siderurgia. Depois, ele migrou para a Argentina, onde passou a atuar em engenharia e construção e montou uma fábrica de tubos de aço, a Siderca. À frente do grupo desde o início de 2000 está Paolo Rocca, neto de Agostino. O passou seguinte no Brasil foi a compra da CSA, do Rio de Janeiro, ativo da ThyssenKrupp, renomeada como Ternium Brasil. No início de 2023, a Ternium, em acordo com a sócia Nippon Steel, assumiu o controle e a gestão da Usiminas. Juntas, as duas siderúrgicas da Ternium produziram 6,44 milhões de toneladas de aço bruto no ano passado, ou 20% da produção brasileira.
Família Gerdau Johannpeter (Gerdau)
Maior produtor siderúrgico de capital nacional, o grupo de origem gaúcha Gerdau tem 123 anos de existência. Surgiu a partir de uma fábrica de pregos em Porto Alegre fundada pelo imigrante alemão João Gerdau em 1901. A fabricação de aço ganhou impulso na gestão de Curt Johannpeter, genro de Hugo Gerdau. O grupo está na quinta geração familiar. Jorge Gerdau Johannpeter, da quarta, foi um dos expoentes da companhia - esteve à frente da gestão, junto com três irmãos, de 1983 a 2007. Desde 2018, a empresa deixou de ser comandada por membros da família, que foi para o conselho de administração. No Brasil, faz desde aços semiacabados (placas e tarugos) até produtos laminados longos, planos e especiais, além de mineração de ferro para consumo próprio. No ano passado, o grupo fez 5,84 milhões de toneladas de aço bruto no País, o equivalente a 18% da produção nacional.
Família Steinbruch (CSN)
Desde 1993, quando foi privatizada, a CSN está sob o comando da família de Benjamin Steinbruch, cujos negócios têm origem no setor têxtil. O pai, Mendel Steinbruch, com um irmão, fundou a Vicunha, que se mantém como outro ramo de negócio, junto com o banco Fibra. A CSN, situada em Volta Redonda (RJ), diversificou: expandiu-se para minério de ferro, cimento, geração de energia e logística ferroviária e portuária, além do aço. É dona também de uma usina de aço longo (perfis) na Alemanha. Nos últimos anos, o grupo CSN, sob a batuta de Steinbruch, abriu o capital da mineradora e fez várias aquisições de ativos nos setores cimenteiro e de energia. No ano passado, produziu no País 3,06 milhões de toneladas de aço (9,5% da produção nacional), sendo cerca de 200 mil toneladas de aço longo. Encerrou 2023 com receita líquida consolidada de R$ 45,4 bilhões.
Família Vigil (Simec)
O grupo siderúrgico Simec foi fundado em 1969 na cidade mexicana de Guadalajara como Companhia Siderúrgica de Guadalajara S/A por três irmãos da família Vigil. À frente do conglomerado, que se especializou em aços longos e especiais, está o empresário Rufino Vigil González. A Simec, com ações negociadas na Bolsa do México, expandiu-se para os EUA e chegou ao Brasil em 2012 com projeto de um siderúrgica de vergalhão e fio-máquina em Pindamonhangaba (SP). Com capacidade de 500 mil toneladas/ano, começou a produzir em 2015, após investir US$ 400 milhões. Em 2018, a Simec adquiriu da ArcelorMittal a usina de perfis de Cariacica (ES) e uma laminadora em Itaúna (MG). No momento, está em fase de duplicação da unidade de Pindamonhangaba e ampliação e modernização da usina de Cariacica. No ano passado, produziu no País 911 mil toneladas de aço bruto, ou 2,8% da produção nacional.
Família Ferreira (Sinobras/Aço Cearense)
O grupo tem origem em 1979, a partir de uma distribuidora de ferro e aço de Fortaleza com o nome Ferro OK. O fundador, Vilmar Ferreira, em 1984 muda o nome para Aço Cearense, visando a atuar em todo o Estado do Ceará. Com a Aço Cearense Industrial, ele entrou no negócio de beneficiamento de aço. No início dos anos 2000, Ferreira decidiu construir a Sinobras, de aço longo, em Marabá (PA), que começou a operar em 2008, utilizando carvão vegetal de florestas plantadas na região e sucata de ferro e aço. Após investir R$ 1 bilhão, a Sinobras elevou a capacidade de laminação de aço de 380 mil para 850 mil toneladas no final de 2023. O grupo tem capacidade para produzir e beneficiar 1,5 milhão de toneladas de aços planos e longos por ano. Em 2022, teve o aval final da Justiça da recuperação judicial pedida em 2018, pedida por conta da grave crise do setor e às dívidas contraídas em dólar. Fechou aquele ano com faturamento consolidado de R$ 6,5 bilhões. Em 2023, respondeu por 1,5% da produção nacional.
Família Nascimento (AVB/Grupo Ferroeste)
A siderúrgica AVB, que começou a operar em 2015, em Açailândia (MA), pertence ao grupo mineiro Ferroeste, que atua na produção de ferro-gusa, etanol e cimento. Foi fundado em 1968 pelo empresário Ricardo Nascimento com o nome de Empresa de Mecanização Rural, prestando serviços no setor agrícola, de silvicultura e movimentação interna de materiais em siderúrgicas. A expansão ocorreu em 1978, ao adquirir a produtora de ferro-gusa Ferroeste, de Divinópolis (MG), e depois avançou para o Espírito Santo e Açailândia. Daí nasceu o projeto da AVB, focada em aço longo (vergalhões e fio-máquina), usando carvão vegetal de florestas próprias de eucalipto. Com capacidade de fazer 860 mil toneladas de aço bruto (tarugos) e 720 mil de produtos laminados por ano, tem o selo de primeira siderúrgica do mundo de carbono neutro. A família Nascimento controla 100% da AVB, que gerou receita líquida de R$ 1,7 bilhão em 2023 e produziu o equivalente a 1,2% do aço brasileiro.
Bloomberg – SP – 19/08/2024
‘Inverno rigoroso mais longo, mais frio e mais difícil de suportar do que esperávamos’, segundo o chairman da China Baowu, Hu Wangming, se reflete em aumento do aço direcionado a outros mercados
Bloomberg — Na semana que passou, o maior produtor de aço do mundo fez um alerta que preocupou o mercado sobre uma crise industrial na China, com potencial de se espalhar pelo mundo e aprofundar a queda do setor.
As condições no setor siderúrgico da China são como um “inverno rigoroso” que será “mais longo, mais frio e mais difícil de suportar do que esperávamos”, disse o presidente do conselho da China Baowu Steel Group, Hu Wangming, aos funcionários na reunião semestral da empresa, em um alerta para um desafio pior do que os grandes traumas de 2008 e 2015.
Investidores globais estão atentos à economia em dificuldades da China, enquanto também contemplam como a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos, combinada com a desaceleração da inflação, levará o Federal Reserve (Fed) em direção a cortes nas taxas de juros nos próximos meses.
Para as commodities, incluindo o aço, a advertência de Baowu ressalta os riscos para a demanda e os preços, bem como o que a ArcelorMittal, a segunda maior empresa do setor, chamou de um aumento “agressivo” das exportações da China.
Margens da indústria do aço sob pressão na China à medida que a demanda enfraquece
O mercado siderúrgico da China — de longe o maior do mundo — emite vários sinais de alerta, já que a prolongada desaceleração do setor imobiliário não mostra sinais de fim, enquanto a atividade fabril permanece fraca.
Somente a Baowu produz cerca de 7% do aço do mundo, e seus comentários são acompanhados de perto para avaliar o humor do mercado no país asiático.
A mensagem severa de Hu provavelmente será uma preocupação para os rivais na Ásia, na Europa e na América do Norte, já que eles enfrentam uma nova onda de exportações chinesas, muitas vezes pressionando por medidas comerciais de proteção da indústria doméstica.
Os embarques da China estão a caminho de atingir cerca de 100 milhões de toneladas neste ano, o maior desde 2016, à medida que os produtores do país se esforçam para compensar a desaceleração interna.
Leia mais: Gerdau: nossa visão não é subir o preço do aço, mas reduzir custos, diz CEO
Gigante alemã do aço, a ThyssenKrupp destacou na quarta-feira (14) os desafios do setor ao divulgar uma grande queda nos lucros. No início deste mês, a ArcelorMittal disse que o aumento das exportações da China havia colocado o mercado global em uma condição “insustentável”.
Os futuros do minério de ferro em Cingapura caíram para o nível mais baixo em quase dois anos na semana que passou. A queda nos mercados de aço foi ainda mais acentuada, com os futuros do vergalhão em Xangai em queda para o nível mais baixo desde 2017.
A ação da australiana BHP (BHP), que obtém grande parte de sua receita com a venda de minério de ferro para a China, caiu mais de 6% neste mês; da brasileira Vale (VALE3), cerca de 8%.
O setor siderúrgico da China sofreu quedas devastadoras durante a crise fnanceira global de 2008-2009 e novamente em 2015-2016. Em ambos os casos, as crises acabaram sendo resolvidas por meio de estímulos massivos — uma perspectiva que parece mais remota em 2024, à medida que o presidente da segunda maior economia do mundo, Xi Jinping, se empenha em remodelar a economia.
Hora de preservar o dinheiro
Baowu não falou muito sobre as causas da atual desaceleração e se concentrou na mensagem como os funcionários devem reagir: preservando o caixa e minimizando os riscos.
“Os departamentos financeiros em todos os níveis devem prestar mais atenção à segurança do financiamento da empresa”, disse a administração da empresa em comunicado, com a necessidade de fortalecer os controles, inclusive para pagamentos em atraso e detecção de negociações falsas. “No processo de atravessar o longo e rigoroso inverno, o dinheiro é mais importante do que o lucro.”
À medida que as usinas enfrentam dificuldades, os estoques de minério de ferro aumentam, enquanto a barra de reforço, usada na construção, está mais barata do que em qualquer outro momento desde 2017.
A produção de aço está cada vez menos lucrativa, o que pressiona as usinas a cortar a produção.
Valor - SP 19/08/2024
Cotação da tonelada do minério de ferro caiu de US$ 130 no início do ano para US$ 105
A queda das cotações do minério de ferro ao longo deste ano, associada à entrada desenfreada de produtos siderúrgicos chineses no mercado brasileiro, provocou uma tempestade perfeita nas finanças das siderúrgicas com ações negociadas em bolsa de valores. Tempestade, não; a julgar pelo que aconteceu com o preço das ações de Usiminas, CSN e Gerdau na B3, o cenário está mais para o de um tornado.
De janeiro até o final de julho, os papéis mais negociados da Gerdau tiveram queda de 9%, as ações mais líquidas da Usiminas perderam 35% do seu valor, enquanto as da CSN amargaram redução de 39,7%. Para comparação, o Ibovespa, o índice composto pelos títulos mais negociados na B3, teve retração bem menor, de 4,87%, nesses sete meses.
Os balanços das siderúrgicas de capital aberto são o retrato bem-acabado desse cenário. A Usiminas viu sua receita cair 7,8% no segundo trimestre do ano, para R$ 6,35 bilhões, na comparação trimestral. O resultado final do período foi um prejuízo de R$ 99,7 milhões, revertendo o ganho que a companhia havia tido de abril a junho de 2023, de R$ 287,4 milhões.
“O resultado reportado pela Usiminas trouxe números fracos, pressionados pelo desempenho aquém do esperado no segmento de siderurgia, cuja rentabilidade operacional reverteu a melhora apresentada no trimestre anterior e voltou a se deteriorar”, afirma Mary Silva, analista da BB Investimentos, em relatório divulgado em 26 de julho.
“Nem mesmo a recuperação parcial do resultado do segmento de mineração foi suficiente para compensar a queda de 41% (trimestral) no Ebitda ajustado consolidado, que ficou em R$ 247 milhões, e elevou a margem a apenas 3,9% (queda de 2,8 pontos no trimestre)”, afirma Mary, que tem recomendação neutra para as ações da Usiminas. Segundo ela, o volume de vendas de aço da companhia se manteve estável no trimestre, muito por conta da alta de 5,9% nas vendas ao mercado interno.
“Por uma decisão de dez anos atrás, de desativar a área de laminação, a Usiminas hoje tem boa parte da laminação de placas exposta a terceiros, e isso impacta nos seus custos, já que parte é importada e tem efeito do câmbio”, dizem Yuri Pereira e Arthur Biscuola, analistas do Santander.
De acordo com eles, a empresa teve melhorias de eficiência na operação do alto-forno 3, em Ipatinga (MG), mas não o suficiente para fazer frente ao aumento de custos. Pereira e Biscuola também têm recomendação neutra para as ações da Usiminas. Eles são unânimes ao dizer que a importação de aço chinês foi o principal fator no desempenho da companhia no trimestre.
Na Gerdau, a queda na receita líquida foi ainda maior, de 9%, para R$ 16,6 bilhões. O resultado ainda no azul foi um lucro líquido de R$ 867 milhões, embora muito abaixo dos R$ 2,1 bilhões de um ano antes. Segundo a companhia informou na apresentação do balanço, a produção de aço bruto pela empresa encolheu 5,3% no trimestre, para 2,9 milhões de toneladas. As vendas de aço somaram 2,7 milhões de toneladas, com queda de 7,5% sobre os mesmos meses do ano passado. “A alta penetração de produtos importados continua afetando o volume de vendas no mercado doméstico dado que o sistema de cotas implementado pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento e Comércio) ainda não apresentou impacto relevante para o mercado interno de aço no 2T24”, escreveu a companhia.
O sistema de cotas foi implementado em maio a pedido dos empresários do setor como forma de frear a entrada de aço importado da China. A importação de aço no Brasil cresceu 23,9% no primeiro semestre, enquanto o consumo aparente de aço cresceu apenas 6%. A tarifa média imposta, pelo sistema, dependendo do produto, é de 11%. Para os analistas do Santander, a sobretaxa não deve conter a entrada de importados, mas frear sua evolução, o que já beneficia o setor.
Além do avanço da importação de aço, o preço do minério de ferro no mercado internacional deu um empurrão para o fraco desempenho das companhias do setor. Da casa dos US$ 130 a tonelada no início do ano, hoje o mineral é negociado na casa dos US$ 105 a tonelada.
Pereira e Biscuola lembram que as atividades da Gerdau nos Estados Unidos responderam por 52% do Ebitda da empresa no trimestre. “As margens estão crescendo nas operações nos EUA, enquanto no Brasil, estão caindo.” A razão é que o mercado americano já é protegido contra importações de aço desde 2018, com tarifa de 25%. “Outros motivos são que ela se desfez dos negócios de vergalhão e das usinas menos eficientes nos EUA, e grande parte da produção é destinada à construção pesada, que é bastante resiliente”, acrescentam. Eles recomendam a compra das ações.
A CSN fechou o segundo trimestre com receita líquida consolidada de R$ 10,9 bilhões, com queda de 1% na comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo a empresa, as vendas de aço aumentaram 7% no trimestre, para 1,124 milhão de toneladas, puxadas pela alta de 8% das vendas no mercado interno. A companhia reportou um crescimento no Ebitda trimestral de 31%, para R$ 2,53 bilhão, mas o resultado final do balanço foi um prejuízo de R$ 223 milhões, revertendo os ganhos de R$ 283 milhões de um ano antes.
Diário do Aço - MG 19/08/2024
A Usiminas realizou, nesta semana, mais uma série de encontros para fortalecer a relação com a comunidade de Ipatinga. Parte de uma agenda contínua de diálogo e proximidade, a iniciativa permite que a empresa aborde os desafios em relação ao meio ambiente e também escute os moradores.
As reuniões com as comunidades dos bairros Ferroviários e Novo Cruzeiro, segundo a empresa, está dentro do programa Usiminas na Comunidade, que promove o diálogo com membros das associações de moradores locais. Já o encontro com os aposentados da Associação dos Metalúrgicos Aposentados e Pensionistas de Ipatinga (AAPI) integrou a agenda do Conexão Usiminas, um programa que realiza reuniões mensais com os aposentados que atuaram no Centro Industrial de Ipatinga. Durante as reuniões, a equipe de Meio Ambiente da Usiminas apresentou iniciativas e investimentos que vêm sendo realizados para reduzir as partículas sedimentáveis, conhecidas como “pó preto”. Os participantes tiveram a oportunidade de esclarecer dúvidas e discutir suas preocupações relacionadas ao tema.
“Enfrentamos muitos desafios relacionados aos cuidados com o meio ambiente, e essa troca de informações nos permite não apenas demonstrar nossos esforços, mas também entender a comunidade. A transparência é a chave para um diálogo contínuo e construtivo, e estamos comprometidos em ser bons vizinhos", afirmou Mônica Lima, gerente de Meio Ambiente da Usiminas.
Nilton Geraldo de Oliveira é morador de Ipatinga e diretor da AAPI, e participou de um dos encontros. “É bom conhecer as ações da Usiminas e todos os seus esforços. Estamos com uma abertura maior para dialogar com a empresa. Eles estão esclarecendo os problemas que existem e o que estão fazendo para melhorar”, destacou.
Usiminas na Comunidade e Conexão Usiminas são iniciativas permanentes e realizadas de forma periódica junto à comunidade do Vale do Aço.
Valor - SP 19/08/2024
Vida útil de equipamentos atuais é de décadas, afirma Marcelo Chara, da Usiminas
Reunidos em São Paulo, no início de agosto, no Congresso Aço Brasil 2024, CEOs das principais empresas do setor discutiram como cortar as emissões de um setor responsável por entre 7% e 9% da geração de CO2 no mundo — e como pagar a conta. Estimativas apontam para o aumento de até 80% no valor do aço até 2050 para perseguir a descarbonização do setor.
Para zerar as emissões, será preciso ampliar o uso de eletricidade de fontes renováveis. No entanto, a vida útil dos alto-fornos siderúrgicos é de décadas, e cerca de 70% deles, no mundo, são alimentados com carvão coque, calcula o setor. Portanto, a transição energética demandará necessariamente grandes investimentos. “Não há bala de prata. Migrar a este nível requer investimentos monstruosos”, afirma o presidente da Usiminas, Marcelo Chara. “Temos alto-fornos para décadas”, explica.
Chara lembra que o Brasil é grande produtor de etanol, combustível verde que é uma das fontes para a produção do hidrogênio. De acordo com ele, é possível fazer um processo de transição energética nas siderúrgicas, mas para isso é preciso ter custo competitivo. “Quem deve pagar essa conta não é o capital privado. A conta paga o cliente, a sociedade como um todo, com os impostos. Ou seja, tem uma complexidade, que não é pequena, mas sem dúvida o que pode ser feito precisa de um componente enorme e importante de política de Estado”, diz.
O CRU Group estima que a transição para o aço verde — que hoje representa apenas 2% da produção mundial — exigirá um sobrepreço de US$ 600 bilhões por ano a ser absorvido pelo mercado. O custo não é só de capital. A consultoria estima que, até 2050, serão necessárias seis vezes mais eletricidade, 12 vezes mais hidrogênio, duas vezes mais gás natural e 25 vezes mais captura de carbono nos processos para reduzir as emissões.
Jota - DF 19/08/2024
Os desembargadores da 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6) negaram os embargos de declaração opostos pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e mantiveram a obrigação de a empresa reduzir a participação no capital da Usiminas a menos de 5% do capital social total e votante, sob pena de multa diária de R$ 100 mil.
O prazo de um ano para o cumprimento da obrigação, de acordo com a decisão, se iniciou com a intimação da sentença, que foi prolatada em junho do ano passado. A CSN, por sua vez, divulgou ao mercado no final de julho que "não está descumprindo decisão judicial, uma vez que não houve o decurso do prazo estipulado pelo juízo para a alienação das ações" e que "ainda pendem recursos" no processo, que "tramita sob segredo de Justiça".
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O recurso mais recente ajuizado foi negado no dia 5 de agosto, por unanimidade. Os desembargadores decidiram manter a decisão tomada em 26 de abril deste ano, quando consideraram que a operação realizada pela CSN caracteriza ato potencialmente lesivo à ordem econômica e à livre concorrência.
Para o desembargador Ricardo Machado Rabelo, relator da ação, o fato de a CSN ser a maior acionista individual de sua principal concorrente "implica na possibilidade de ter acesso a informações privilegiadas, bem como manipular o preço da ação".
Entenda a disputa entre a Usiminas e a CSN
A controvérsia diz respeito à aquisição de ações da Usiminas pela CSN, nos anos de 2011 e 2012, quando a segunda companhia chegou a deter 16,42% do capital social total da empresa concorrente.
Em 2014, o Cade entendeu que a aquisição de ações da Usiminas por parte da CSN configurava uma conduta anticoncorrencial, e firmou com a empresa um Termo de Compromisso de Desempenho (TCD), no qual a siderúrgica assumia a obrigação de vender a participação excedente a 5% no prazo máximo de 5 anos.
Entre os potenciais riscos à concorrência, foram citados "a diminuição dos incentivos do adquirente em concorrer com a empresa objeto, uma vez que passa a participar dos lucros por esta aferidos" e "a facilitação de acertos colusivos entre empresas adquirente e empresa objeto”.
O período foi prorrogado em 2019, por meio de um aditivo, e em 2022, o Cade estabeleceu que o prazo para a venda das ações seria indeterminado, o que permitiria à CSN, na prática, manter as ações adicionais da Usiminas pelo tempo que desejasse.
No mesmo ano, a Usiminas foi ao Judiciário para buscar o "imediato cumprimento" do TCD firmado em 2014, sob o fundamento de que a manutenção das ações seria prejudicial não apenas à empresa, mas também a livre concorrência.
Ao apreciar o caso, o juiz Robson de Magalhães Pereira, da 11ª Vara Federal Cível de Belo Horizonto, considerou que o novo acordo significava "verdadeira rescisão do TCD, tornando inócuas as obrigações assumidas pela CSN, em verdadeiro desafio e menosprezo à decisão proferida pelo Conselho em 2014".
O Cade, por sua vez, argumentou no processo que não havia indícios de efeitos anticompetitivos no mercado depois de 8 anos de manutenção das ações por parte da CSN, além de que a autarquia passou a não mais entender que a detenção de ações de concorrentes seja um problema concorrencial por si só.
O magistrado afirmou que se aceitos os argumentos do Cade, seria conferido à autarquia poderes que nem mesmo o Judiciário detém, já que as decisões judiciais transitadas em julgado estão submetidas à autoridade da coisa julgada material, de forma que elas se tornam imutáveis e indiscutíveis quanto ao mérito, passíveis de modificações em casos muito excepcionais.
Por essas razões, o juiz decidiu suspender os efeitos do ato do Cade que tornou indeterminado o prazo para a CSN reduzir a participação no capital da Usiminas e deu apenas um ano à empresa para cumprir a obrigação de vender as ações.
Ao julgar o recurso, o desembargador Ricardo Machado Rabelo considerou que permitir a manutenção da decisão do Cade, que retira o prazo para desinvestimento pela CSN, "cria o precedente para que empresas rivais adquiram participação significativa em seus concorrentes, o que pode trazer inegáveis prejuízos ao mercado e à coletividade".
"A reversão da decisão, da forma que fora realizada, após reiterado descumprimento dos termos pactuados, abre o precedente para que outras empresas descumpram determinações firmadas por meio do instituto, assim como feito pela CSN no caso em julgamento", votou o desembargador, ao manter o prazo de um ano para que a CSN se desfaça das ações da Usiminas. A decisão foi confirmada de forma unânime na apelação e nos embargos de declaração. A CSN e o Cade ainda podem recorrer.
Procurada, a CSN disse que "não irá contribuir para a criminosa atitude de quebrar um sigilo decretado pela Justiça". Também procurada, a Usiminas não retornou os contatos da reportagem.
Reviravolta no STJ
Em outro caso recente envolvendo as duas empresas, a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) modificou em embargos de declaração um julgamento anterior de mérito e considerou que o grupo ítalo-argentino Ternium deve indenizar a CSN em cerca de R$ 5 bilhões por ter adquirido ações da Usiminas, em 2011, sem a realização de oferta pública para compra das ações dos minoritários.
Anteriormente, o magistrado de primeira instância, os desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) e a maioria dos ministros da 3ª Turma do STJ tinha considerado que o ingresso do grupo Ternium na Usiminas não constituiu hipótese de alienação do controle da sociedade, o que afastaria, assim, a necessidade de realização da oferta pública de aquisição de ações e consequentemente a indenização.
Mas, com a mudança de composição da turma julgadora, diante da morte do ministro Paulo de Tarso Sanseverino e da declaração de impedimento de Marco Aurélio Bellizze, o colegiado, por 3 votos a 2, mudou de entendimento e considerou que como o grupo Ternium passou integrar o Bloco de Controle da Usiminas, teria "efetiva influência na tomada de decisões sensíveis", de forma que teria havido, de fato, a alienação do controle.
A decisão foi tomada nos embargos de declaração no Resp 1.837.538.logo-jota
Kalleo Coura
Editor executivo em São Paulo. Responsável pela coordenação da cobertura do JOTA. Antes, trabalhou por oito anos na revista VEJA, onde foi repórter de Brasil, correspondente na Amazônia, baseado em Belém, e no Nordeste, com escritório no Recife. Email:
O Estado de S.Paulo - SP 19/08/2024
A variação de 1,37% do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em junho, acima do esperado, levou o mercado a aumentar suas estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) no ano. Pesquisa do Projeções Broadcast mostra que a mediana para o crescimento do indicador no segundo trimestre passou de 0,5% para 0,9%, enquanto que para o ano foi de 2,2% para 2,4%, na comparação com o levantamento realizado em 15 de julho.
O IBC-Br é considerado uma “prévia” do PIB oficial, calculado pelo IBGE. Segundo analistas, o avanço em junho confirmou a percepção de que os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul sobre a atividade foram menos intensos do que o esperado. Esse cenário de aquecimento da atividade econômica, com possível pressão sobre a inflação, também reforçou em parte do mercado a avaliação de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central poderá retomar o ciclo de alta da Selic (a taxa básica de juros) neste ano.
“Tanto o ‘headline’ do IBC-Br quanto as pesquisas setoriais do IBGE mostraram que o efeito do Rio Grande do Sul foi pouco expressivo sobre a atividade”, afirmou o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Daniel Xavier. Em maio, a projeção da casa era de expansão de 0,4% para o PIB do segundo trimestre e crescimento de 2,2% para o ano. Agora, ambas as estimativas foram elevadas: para 0,9% e 2,6%, respectivamente.
Xavier atribui as revisões para cima ao efeito positivo do consumo, especialmente no setor de serviços e da produção industrial, e à força do mercado de trabalho, em um contexto de crescimento real (acima da inflação) da renda e da massa salarial. “Tivemos um crescimento disseminado e os vetores que podiam trazer o PIB para baixo não se materializaram.”
Mas o economista também elevou as projeções para a trajetória da Selic neste ano, de 10,50% para 11,25%, e para 2025, de 9,0% para 9,75%, atreladas às últimas falas públicas de diretores do Banco Central defendendo a elevação dos juros no caso de o IPCA se manter fora da meta. Xavier antevê o início da alta na taxa básica de juros já na próxima reunião do Copom, em setembro, com três elevações de 0,25 ponto porcentual até o fim do ano.
O Santander Brasil projeta crescimento de 0,7% para o PIB do segundo trimestre, e elevou a estimativa para a atividade no ano, de 2% para 2,3%. “Esperamos agora uma dinâmica de curto prazo ainda mais forte, à medida que o mercado de trabalho permanece robusto e as enchentes no Rio Grande do Sul tiveram um impacto menor na atividade econômica do que prevíamos”, destacou em relatório a economista-chefe do banco, Ana Paula Vescovi, e equipe.
O banco, porém, revisou para baixo as estimativas para o terceiro trimestre (0,6% para 0,4%) e para o quarto trimestre (0,5% para 0,1%). Para 2025, a estimativa também foi revista para baixo, de 1,8% para 1,5%, como efeito de um juro mais alto no ano que vem, conforme apontou o banco no relatório. O Santander prevê Selic estacionada em 10,5% ao menos até junho de 2025, com retomada de cortes no segundo semestre do ano que vem, levando a Selic a 9,5%. O cenário anterior do banco previa Selic em 9% no fim de 2025.
Já o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, elevou sua estimativa para o PIB do segundo trimestre de 0,8% para 1,2%, após os números fortes de atividade doméstica de junho, divulgados nas últimas duas semanas. Para 2024, a estimativa da MB também foi revista, de 2% para 2,4%.
A expectativa inicial de Vale era de números mais moderados entre abril e junho, dado o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul. No entanto, afirma, ao que tudo indica os esforços de recuperação no Estado mais do que compensaram as perdas com o desastre ambiental, ao menos no que se refere às taxas de crescimento da economia. “Isso ajuda nos dados como um todo na comparação com os primeiros meses do ano”, reforça.
Além da reconstrução do Sul, o economista chama atenção para a continuidade do impulso fiscal do governo, contribuindo para o consumo das famílias em todo o País, e da dinâmica positiva do setor agropecuário, que impulsiona a economia principalmente dos Estados do Centro-Oeste.
A despeito da atividade ainda bastante forte, o economista não vê, por ora, uma materialização da retomada do ciclo de alta na Selic, embora reconheça que esse risco está crescente. “É uma situação que merece atenção. Se as expectativas de inflação não cederem, o BC será instado a subir juro.”
Para a economista-chefe da Galápagos, Tatiana Pinheiro, o resultado mais forte do IBC-Br deverá fazer com que o BC mantenha uma postura cautelosa. “Minha expectativa é de manutenção da Selic em 10,5%, mas a economia mais forte e acelerando mesmo na margem deve manter suspeita do mercado de uma possibilidade maior de novo ciclo de alta”, considera.
A Galápagos espera alta de 0,7% para o PIB do segundo trimestre, mas Pinheiro reconhece que há possibilidade de crescimento ainda maior que o do primeiro trimestre, quando a atividade expandiu 0,8% na margem.
O Estado de S.Paulo - SP 19/08/2024
Mais um indicador apontou para importante melhora na atividade econômica do Brasil. Trata-se do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) que mostrou em junho um avanço de 1,4% sobre o mês anterior e de 1,6% em 12 meses terminados em junho.
O avanço surpreendeu analistas e consultores. Os cálculos eram de que dificilmente o IBC-Br ultrapassaria 0,5%.
Apenas para quem não está habituado com essas siglas e com os medidores oficiais da economia, o IBC-Br é uma ferramenta estatística que procura antecipar, com alguma aproximação, o ritmo da atividade. O Produto Interno Bruto (PIB) sai apenas a cada trimestre e, ainda assim, cerca de dois meses e pouco depois de terminado o trimestre.
A melhora da atividade econômica é reforçada pela revisão do IBC-Br também para cima nos quatro meses anteriores: o avanço trimestral de 1,1% cresceu sobre uma base maior do que a avaliada anteriormente.
Esse reforço é consistente com a redução do desemprego, a 6,9%, e com certo aumento da demanda de bens e serviços que, por sua vez, pode estar freando o recuo da inflação, a ponto de levar o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, a avisar que a possibilidade de alta dos juros está sobre a mesa do Copom.
Uma das razões que levaram os analistas a projetar avanço mais modesto do IBC-Br no período foi a avaliação de que o PIB do Rio Grande do Sul acusaria retração em consequência dos estragos provocados pelas enchentes de abril e maio. Mas parece ter acontecido o contrário. A necessidade de reconstruir habitações, de reequipar as residências com móveis e aparelhos domésticos, de recompor estoques comerciais e de contratar mais serviços pode ter acentuado a atividade econômica na região, graças, em parte, às transferências de recursos do governo federal e de particulares.
A surpresa com esse IBC-Br sugere certas consequências. A principal delas é a de que o PIB deste ano poderá avançar algo mais do que até agora projetado, possivelmente acima de 2,5%. Certas instituições financeiras e escritórios de consultoria já reviram para cima as projeções da evolução do PIB do ano em 1 ou 2 décimos porcentuais.
Também se pode esperar algum aumento da arrecadação em relação ao anteriormente projetado, o que não necessariamente garante melhora dos indicadores fiscais, porque o governo federal continua gastando mais do que o programado.
Uma demanda mais forte de bens e serviços pode contribuir para que a inflação não caia mais. Se isso se confirmar, o Banco Central será outra vez chamado a fazer o seu serviço, menos importando aí o que disso pense o presidente Lula.
O Estado de S.Paulo - SP 19/08/2024
Economistas do mercado falaram na necessidade de uma elevação de até dois pontos porcentuais na taxa Selic em uma reunião com diretores do Banco Central, na manhã desta sexta-feira, 16. Segundo relatos colhidos pelo Estadão/Broadcast, a maioria dos presentes mencionou que aumentar os juros seria o melhor caminho, embora alguns ainda tenham nos cenários a manutenção da taxa em 10,5% ao ano.
“Tinha quem achasse que a Selic poderia ficar relativamente parada, tinha quem achasse que precisaria subir pouco e tinha quem achasse que precisaria subir forte”, relatou um participante, sob a condição de anonimato. “Mesmo para aqueles que não anteveem elevação do juro, há um viés de que, se aumentar, não seria totalmente surpreendente”, disse outro presente.
Os cenários de aumento dos juros foram divergentes. Ao menos um participante esperava quatro altas seguidas de 0,25 ponto porcentual, que levariam a taxa Selic a 11,5% na primeira reunião do próximo ano. Mas pelo menos outro economista presente citou a expectativa de que o ciclo comece com uma elevação maior, de 0,5 ponto, e seja seguido por mais três altas da mesma magnitude.
Isso se explica, segundo os relatos, pela avaliação unânime de que a economia continua mais forte do que se esperava — isto é, com um hiato do produto (indicador que mensura as oscilações cíclicas da economia) mais apertado do que as estimativas do BC —, com um mercado de trabalho aquecido. Soma-se a isso o temor de que a política fiscal continue expansionista e estimulando a demanda doméstica, em meio às já desancoradas expectativas de inflação do mercado.
Diante desse quadro, alguns participantes questionaram o peso dado pelo Copom à taxa de câmbio para as projeções de inflação e à condução da política monetária. “Teve quem criticasse uma superficialidade da discussão sobre alta de juro baseado apenas no câmbio, destacando que o hiato do produto é relevante”, disse um analista que participou do encontro.
Depois das últimas declarações do diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, pelos menos dois presentes mencionaram que um aumento dos juros seria importante para que a autoridade monetária preserve a sua credibilidade. Também houve quem dissesse que o Copom deveria elevar as taxas mais do que o mercado precifica atualmente, para antecipar-se às pressões.
Os analistas mencionaram projeções de dólar entre R$ 5,50 e R$ 5,60 no fim de 2024. As estimativas para o IPCA ficaram em torno de 4% tanto este ano, como no próximo.
Um economista relatou haver dúvida sobre o real impacto que o início do afrouxamento monetário nos Estados Unidos trará para a cotação do real. Houve, por um lado, a ponderação de que os cortes no Federal Reserve podem ser suficientes para aliviar o câmbio doméstico. Outros analistas, porém, consideram que o afrouxamento monetário americano já está precificado atualmente, então não haveria alívio adicional no câmbio.
Segundo os relatos, o corte de juro pelo Fed em setembro é a visão unânime dos economistas, embora ainda haja divergência sobre a magnitude da redução.
IstoÉ Dinheiro - SP 19/08/2024
A China se afastará do foco em metas quantitativas e dará maior ênfase ao uso de ferramentas com base em preços, como taxas de juros, disse o presidente do Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês), Pan Gongsheng, em uma entrevista exclusiva à Xinhua, principal plataforma de comunicação do país na quinta-feira, 15.
O país buscará avançar de forma constante e prudente na internacionalização do yuan e no desenvolvimento de centros financeiros internacionais para criar um ambiente de negócios mais amigável e inclusivo, prometeu o presidente do BC chinês.
O BC da China pretende melhorar a estrutura regulatória da política monetária e macroprudencial para manter a estabilidade do valor da moeda e do sistema financeiro do país. Pan afirmou que serão feitos esforços para aumentar a transparência e melhorar o mecanismo para prevenir e neutralizar riscos sistêmicos, fortalecendo o mercado financeiro e sua infraestrutura com o intuito de construir um sistema mais aberto e de padrão elevado.
O presidente do BC disse que o BC implementará uma política monetária de apoio e intensificará ajustes anticíclicos e intercíclicos para estabilizar as expectativas e ajudar a consolidar a tendência de recuperação econômica do país.
Em sua regulamentação da política monetária, o banco central concentrará esforços para atingir um equilíbrio entre objetivos de curto e longo prazo, entre estabilização do crescimento e prevenção de riscos e entre demanda doméstica e condições externas, segundo Pan.
O presidente prometeu empenho para evitar o surgimento de riscos sistêmicos. O BC também buscará resolver riscos em áreas como dívida do governo local, imóveis e bancos de pequeno e médio porte, disse Pan.
CNN Brasil - SP 19/08/2024
A eventual entrada do Brasil na Iniciativa Cinturão e Rota – conhecida também como Nova Rota da Seda – incentivará a participação de mais empresas chinesas em novos projetos de investimento no país, afirma o embaixador da China em Brasília, Zhu Qingqiao.
Em entrevista à CNN, Zhu disse que Pequim facilitará a entrada de produtos brasileiros de alto valor agregado no mercado chinês e citou 271 categorias de bens industrializados com grande potencial de exportação para a China, podendo chegar a US$ 110 bilhões.
O intercâmbio comercial entre os dois países cresceu quase 50 vezes desde que o gigante asiático entrou na Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2001, mas o Brasil ainda concentra suas vendas à China em três produtos: soja, minério de ferro e petróleo.
Zhu inaugura a seção Vozes da Diplomacia, que terá entrevistas semanais com personalidades relevantes da comunidade diplomática no Brasil ou no exterior.
“[A Iniciativa Cinturão e Rota] dará uma expectativa positiva, estável e de longo prazo para o empresariado de ambos os países”, afirmou Zhu, que assumiu a embaixada no Brasil em dezembro de 2022, após ter chefiado a representação chinesa no México.
Mais de 140 países fazem parte da BRI, sigla em inglês da iniciativa, e a adesão brasileira será discutida na visita que o presidente Xi Jiniping fará ao colega Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em novembro. “A China acolhe a entrada do Brasil nesse jogo”, observou.
A Nova Rota da Seda já financiou mais de 5 mil projetos, mas também recebe críticas por suposta falta de transparência e por ter estimulado uma “armadilha da dívida” em muitos países que recebem crédito da China — e depois se veem encurralados para pagar seus empréstimos.
Nesta entrevista, Zhu ressaltou que a China não busca criar “esferas de influência” e nunca participou de “disputas estratégicas”, em referência à crescente rivalidade geopolítica com os Estados Unidos. Leia abaixo:
O presidente Xi Jinping virá ao Brasil em novembro, para a cúpula de líderes do G20, e também terá reuniões bilaterais com Lula. Quais serão as principais mensagens e propostas que Xi deverá trazer em sua visita?
A diplomacia presidencial tem um papel fundamental para orientar o desenvolvimento das relações sino-brasileiras. Em abril de 2023, a visita bem-sucedida do presidente Lula à China deu um forte impulso ampliação e ao aprofundamento da cooperação em todas as áreas entre nossos países. Sob a liderança estratégica do presidente Xi Jinping e do presidente Lula, as relações bilaterais estão entrando em uma nova era. Os dois presidentes vão manter intensos contatos para traçar a evolução desse relacionamento a partir de uma perspectiva estratégica e de longo prazo.
A China valoriza altamente a posição e a influência internacional do Brasil, e apoia a realização da cúpula de líderes do G20 no Rio de Janeiro. Como um grande país em desenvolvimento, o Brasil escolheu como tema da cúpula deste ano “Construir um mundo justo e um planeta sustentável”, com três frentes prioritárias: a inclusão social e o combate à fome e à pobreza; a promoção do desenvolvimento sustentável e das transições energéticas; e a reforma das instituições de governança global. Essa temática está em plena consonância com a visão do presidente Xi Jinping de construir uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade. A China está disposta a estreitar ainda mais a coordenação com o Brasil e assumir a missão de construir uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade. Juntos, seremos uma força central na manutenção da paz, uma força vital no desenvolvimento e na abertura e uma força construtiva na governança global.
A China tem defendido a entrada do Brasil na Iniciativa Cinturão e Rota (BRI). Do ponto de vista prático, o Brasil já recebe investimentos na área de infraestrutura, como energia e portos. Empresas chinesas já podem participar dos leilões. Que diferença fará o Brasil estar ou não na BRI?
A Iniciativa Cinturão e Rota, proposta pelo presidente Xi Jinping, é uma medida importante para a abertura da China em nível mais elevado e uma plataforma internacional de cooperação que fomenta uma globalização econômica inclusiva e benéfica para todos. A iniciativa já atraiu a participação de mais de três quartos dos países do mundo, resultou em mais de 5 mil projetos de cooperação e investimentos superiores a US$ 1 trilhão. Criou 420 mil empregos nos países participantes e tornou-se a maior plataforma de cooperação internacional em termos de abrangência e escala, o que impulsiona o crescimento inclusivo e sustentável da economia global.
Ela está muito alinhada com as estratégias de desenvolvimento do governo Lula, como o Nova Indústria Brasil e as Rotas de Integração Sul-Americana. Recentemente, o presidente Lula declarou seu interesse em discutir a Iniciativa Cinturão e Rota com a China. A China acolhe a entrada do Brasil nesse jogo.
Essa participação não apenas incentivará a participação de mais empresas chinesas em projetos de investimento no Brasil, de acordo com regras de mercado, como também dará uma expectativa positiva, estável e de longo prazo para o empresariado de ambos os países. Isso permitirá que as empresas chinesas e brasileiras aproveitem as oportunidades e enfrentem os desafios trazidos pela nova revolução tecnológica e pela transformação industrial para explorar o potencial de cooperação, expandir os espaços de colaboração e promover uma parceria estratégica e duradoura em setores prioritários da modernização dos dois países, trazendo benefícios concretos aos dois povos.
Desde que a China entrou na Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2001, o intercâmbio comercial com o Brasil cresceu 49 vezes. No entanto, mais de 75% das exportações brasileiras ao mercado chinês se concentram em apenas três produtos: soja, minério de ferro e petróleo. Na relação comercial com a China, estamos condenados a vender commodities e comprar bens industrializados? O que fazer para mudar isso?
O comércio entre China e Brasil tem como características o grande volume, a alta complementaridade e a forte resiliência. Nos últimos 15 anos, a China tem sido o maior parceiro comercial e a maior fonte de superávit comercial do Brasil, enquanto o Brasil é o maior parceiro comercial da China na América Latina, com exportações para a China acima de US$ 100 bilhões por ano. A atual estrutura do comércio bilateral, determinada pelas dotações de recursos, pelos estágios de desenvolvimento e pelas demandas mútuas dos dois países, reflete as leis do comércio, as escolhas do mercado e as vantagens comparativas do Brasil.
Na realidade, enquanto as exportações brasileiras para a China têm crescido de forma constante, elas também estão se diversificando. Nos últimos cinco anos, as exportações brasileiras de máquinas e equipamentos para a China quase dobraram, e a China se tornou o nono maior destino desses produtos. Em 2023, as exportações brasileiras de café para a China ultrapassaram 1 milhão de sacas pela primeira vez, um aumento de 278% em relação a 2022. As exportações de produtos de consumo diário, como castanhas e sucos, também cresceram muito mais rápido do que os produtos tradicionais do comércio bilateral. Ao mesmo tempo, o valor agregado do comércio de commodities também está aumentando. A colaboração da Vale com parceiros chineses para utilizar tecnologias 5G e de energia renovável vem promovendo a mineração inteligente e de baixo carbono. A Suzano abriu um centro de pesquisa e desenvolvimento de materiais renováveis em Shanghai. Em maio deste ano, a China recebeu o primeiro lote de soja brasileira livre de desmatamento e totalmente rastreável pelo Grupo COFCO. As tecnologias 5G e de inteligência artificial da Huawei estão ajudando os agricultores brasileiros a realizar operações inteligentes.
A Terceira Sessão Plenária do 20º Comitê Central do Partido Comunista da China, realizada em julho deste ano, fez um planejamento sistemático para aprofundar ainda mais as reformas e promover a modernização ao estilo chinês. A decisão aprovada na sessão propõe mais de 300 importantes medidas de reforma. A China continuará a expandir a abertura institucional e a desenvolver um ambiente de negócios mais orientado para o mercado, alicerçado no Estado de Direito e alinhado com os padrões internacionais. Essas medidas visam conferir vitalidade e impulso contínuos à modernização chinesa. A entrada de mais de 1,4 bilhão de pessoas na modernização significa a criação de um mercado gigantesco, maior do que a soma dos países desenvolvidos existentes, e abre um espaço mais amplo para produtos de qualidade de todos os países. De acordo com o último relatório da ApexBrasil, 271 categorias de produtos industrializados brasileiros têm potencial grande de exportação para a China, com um valor total estimado em cerca de US$ 110 bilhões.
Junto com o Brasil, vamos aprimorar os canais de comércio bilateral, expandir a cooperação em áreas como comércio eletrônico transfronteiriço, logística moderna e infraestrutura digital, e facilitar a entrada de mais produtos brasileiros de alto valor agregado no mercado chinês.
O mundo está cada vez mais fragmentado entre Estados Unidos e China. O Brasil tem rejeitado a ideia de que será preciso, em algum momento, fazer uma escolha entre os dois. A visão da China é que os países podem relações políticas, econômicas e comerciais igualmente intensas com Pequim e com Washington? Ou precisarão escolher?
A China sempre adota uma política externa independente e pacífica, defende a igualdade entre todos os países, grandes ou pequenos, promove uma multipolarização mundial ordenada e equitativa, uma globalização econômica inclusiva e benéfica para todos. E busca construir uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade. A China nunca interfere nos assuntos internos de outros países, nunca busca disputas geopolíticas e nunca força outros países a escolherem lados. Como ressaltou o Presidente Xi Jinping, jamais seguiremos o velho caminho da exploração colonial, nem tomaremos o rumo equivocado de uma nação poderosa em busca de hegemonia. Em vez disso, trilharemos o caminho justo do desenvolvimento pacífico. A China está empenhada em promover a coordenação e a interação positiva entre as grandes potências. Buscamos construir um padrão de relações internacionais caracterizado pela coexistência pacífica, pela estabilidade geral e pelo desenvolvimento equilibrado. Somos contra a mentalidade de soma zero, o confronto entre blocos e a “dissociação e ruptura das cadeias de suprimentos”.
Esse é o ponto de partida fundamental da China ao analisar o mundo e as relações sino-americanas. O Brasil é um país soberano e independente. A China sempre colocou as relações sino-brasileiras como uma prioridade em sua diplomacia e apoia firmemente o Brasil no seu desenvolvimento econômico e social e no aumento de sua atuação em assuntos internacionais e regionais. A China nunca teve considerações geopolíticas no Brasil, nunca buscou criar esferas de influência e nunca participou de supostas disputas estratégicas. O desenvolvimento das relações políticas e econômicas entre China e Brasil é uma escolha autônoma e voluntária de ambos os lados, que gera benefícios mútuos e resultados positivos para ambos, e que não visa terceiros e nem deve ser influenciada por terceiros. A China acolhe positivamente o desenvolvimento das relações do Brasil com qualquer outro país e acredita que as parcerias estabelecidas pelo Brasil com outras nações podem coexistir, complementar-se e promover-se mutuamente.
A China gostaria de ver uma nova ampliação dos Brics? E qual é a posição de Pequim sobre uma reforma do Conselho de Segurança da ONU? Está a favor da inclusão do Brasil como membro permanente?
O mecanismo de cooperação dos Brics surgiu no contexto da ascensão coletiva dos mercados emergentes e dos países em desenvolvimento. Nos últimos 18 anos, tornou-se uma força crucial para promover o crescimento econômico mundial, impulsionar a reforma do sistema de governança global e manter a paz e a estabilidade internacionais, com influência e atratividade crescentes. No ano passado, os líderes dos cinco países, incluindo China e Brasil, acordaram em uma decisão política para realizar a histórica ampliação dos Brics, enviando uma mensagem clara de solidariedade e progresso entre os países em desenvolvimento e consolidando a confiança do Sul Global em sua união e autofortalecimento. O Brasil, como membro fundador dos Brics, tem sido promotor e beneficiário do aprofundamento da cooperação no grupo. A China continuará a trabalhar com o Brasil para apoiar firmemente o fortalecimento e a ampliação do mecanismo dos Brics, aumentar a representatividade e a voz dos mercados emergentes e dos países em desenvolvimento nos assuntos internacionais, de forma a promover um equilíbrio mais justo e razoável das forças mundiais.
Diante do atual cenário de complexidade e desordem global, os países esperam que a ONU desempenhe efetivamente um papel de liderança na abordagem dos desafios globais e que o Conselho de Segurança assuma a responsabilidade de manter a paz e a segurança internacionais, conforme estipula a Carta da ONU. Considerando o desenvolvimento de longo prazo da ONU e os interesses comuns de todos os Estados Membros, a China apoia a reforma do Conselho de Segurança de maneira estável e na direção correta, a fim de aumentar a representatividade, a voz e a participação dos países em desenvolvimento nos assuntos globais. O Brasil, como potência da América Latina e membro importante de mecanismos multilaterais como os Brics e o G20, tem uma influência e uma atuação significativas nos assuntos regionais e internacionais. A China reconhece e apoia o desejo do Brasil de desempenhar um papel maior na ONU.
Este ano marca o cinquentenário do estabelecimento de relações diplomáticas entre China e Brasil. Como o sr. vê as perspectivas de desenvolvimento das relações bilaterais?
China e Brasil são os maiores países em desenvolvimento em seus respectivos hemisférios, Oriental e Ocidental. Ao longo de meio século de relações diplomáticas, nossos laços bilaterais resistiram às mudanças no cenário internacional, se tornaram cada vez mais maduros e estáveis, e ganharam uma crescente influência global, estratégica e abrangente. Essa parceria vem promovendo o bem-estar de nossos povos e contribuindo significativamente para a paz mundial e o desenvolvimento comum. Nossa relação estabeleceu um exemplo de respeito mútuo, igualdade e cooperação vantajosa entre os países.
Atualmente, o mundo enfrenta mudanças sem precedentes em um século. Como atores importantes do Sul Global, China e Brasil compartilham amplos interesses comuns e responsabilidades de desenvolvimento. Aproveitando o cinquentenário das relações diplomáticas como uma oportunidade e sob a visão estratégica de nossos líderes, a China está disposta a trabalhar com toda a sociedade brasileira para resumir as experiências de sucesso nessas cinco décadas, fortalecer a sinergia de nossas estratégias de desenvolvimento, aprofundar de forma abrangente a cooperação e o intercâmbio, e adicionar conteúdo do nosso tempo à amizade sino-brasileira, a fim de manter nossas relações sempre na vanguarda dos tempos.
CNN Brasil - SP 19/08/2024
Há poucos dias, mercados ansiosos estavam surtando sobre a economia dos Estados Unidos, convencidos de que a recessão evitada por três anos estava finalmente acontecendo.
Parece ter sido uma reação exagerada e selvagem (amplificada por algumas travessuras financeiras não relacionadas) a um único relatório sobre o mercado de trabalho.
O episódio inteiro ilustra a loucura de ficar obcecado por um único dado ao tentar avaliar o estado da ampla e complexa economia dos EUA.
Visto por si só, o aumento inesperadamente acentuado no desemprego há duas semanas foi uma bandeira vermelha gigante.
Mas o mercado de trabalho não caiu de um coqueiro, como a vice-presidente Kamala Harris poderia dizer. (Ele existe no contexto de tudo em que vivemos e de tudo o que veio antes dele.)
A verdade é que a economia está em forma bastante sólida, e nenhum economista sério está falando sobre uma recessão iminente.
A verdade também é que as pessoas se sentem presas, que a moradia se tornou inacessível para milhões de americanos e que os preços não estão caindo mesmo com a inflação esfriando.
Na preparação para a eleição, os políticos vão aproveitar qualquer narrativa econômica que coloque sua agenda na luz mais favorável.
Uma maneira de fazer isso é focar em um único tópico — preços de supermercado, por exemplo — e evitar quaisquer contradições ou ressalvas que turvem a mensagem.
Isso é política. Quando você afasta o zoom, a economia está contando sua própria história, e ela é cheia de nuances.
“Terapia” de compras
Se você está procurando uma estatística econômica positiva para seu discurso, concentre-se nos gastos.
A história do consumidor americano é totalmente heroica neste ponto. Por mais de três anos, nós compramos em meio a todos os tipos de crises.
Bloqueios pandêmicos? Vamos comprar coisas. Bloqueios suspensos? Compre coisas. Guerras no exterior? Convulsões sociais? Incêndios florestais? Inundações? Compre. Compre. Compre.
Nossa inclinação nacional para a terapia de compras é o que impulsionou a economia para fora da recessão na pandemia de 2020. Mesmo depois que os cheques de estímulo evaporaram e os aumentos nas taxas de juros tornaram os empréstimos mais caros, os americanos mal perderam fôlego.
De junho a julho, as vendas nos varejistas dos EUA aumentaram em impressionantes 1%, de acordo com dados divulgados na quinta-feira (15). Economistas esperavam um ganho de 0,3%.
Agora, um pouco de contexto: os lucros corporativos mostram que os consumidores não estão esgotados, mas estão cada vez mais focados em encontrar uma pechincha.
Marcas de luxo estão sendo espremidas, enquanto Walmart e Costco estão prosperando. Vendas fracas na Home Depot também sugerem que os proprietários estão adiando grandes projetos, refletindo alguma incerteza sobre finanças pessoais.
Conclusão: “Os consumidores continuam gastando em um ritmo sólido, mesmo que sejam mais conscientes do orçamento e busquem mais pechinchas”, disse a economista-chefe da Nationwide, Kathy Bostjancic, em um comunicado na quinta-feira.
Crescimento do emprego
Outro ponto positivo para os democratas fazerem campanha é o mercado de trabalho.
Mesmo com algumas rachaduras se formando recentemente, o estado do emprego está muito melhor agora do que quando o presidente Joe Biden assumiu o cargo. O desemprego disparou em 2020 e ainda estava elevado, em 6,3%, em janeiro de 2021.
Durante a maior parte de seu mandato, ficou abaixo de 4%, em ou perto do seu menor nível em meio século. Em 4,3% agora, o desemprego permanece historicamente baixo.
Mas espere, tem contexto: a criação de empregos tem desacelerado diante das altas taxas de juros, o que torna mais difícil para as empresas se expandirem.
Mais pessoas voltaram a fazer parte da força de trabalho recentemente, o que é uma coisa boa, mas também aumenta a leitura mensal do desemprego.
Após o aumento inesperadamente acentuado do desemprego em julho, a narrativa do mercado de trabalho ficou um pouco mais complicada para a Equipe Harris.
Custos de moradia em alta
Não há muito o que fazer para amenizar a situação: o mercado imobiliário está péssimo no momento, seja para alugar ou comprar.
Os custos de moradia são o principal impulsionador da inflação que a América vem enfrentando nos últimos três anos.
O preço médio de casas que já foram compradas foi de US$ 427 mil, uma alta histórica e um salto de mais de 20% em relação a três anos atrás, de acordo com dados da National Association of Realtors.
As razões são complexas e não é culpa de nenhum partido político, embora isso nunca tenha impedido nenhum dos lados de tentar atribuir culpas um ao outro.
Em resumo: a oferta de moradias já estava apertada quando a pandemia atingiu, provocando um aumento na demanda e, naturalmente, preços mais altos.
Então, a campanha de combate à inflação do Federal Reserve com taxas de juros mais altas ajudou a elevar as taxas de hipotecas — de menos de 3% em 2020 para um pico de 7,2% neste ano.
Há boas e más notícias: as taxas de hipoteca estão caindo (a média foi de 6,5% esta semana) e a oferta está aumentando, o que deve aliviar um pouco a pressão sobre os preços.
E com grandes mudanças chegando na forma como as comissões de agentes imobiliários são tratadas (graças a um acordo com os agentes antitruste particularmente agressivos de Biden), os compradores terão um pouco mais de poder de decisão sobre o que pagam ao seu corretor.
A má notícia é que não vai ficar mais fácil muito rapidamente. Em junho, economistas do Bank of America alertaram que o mercado imobiliário dos EUA está “travado” e pode não se desvencilhar antes de 2026, no mínimo.
“Isso levará muitos anos para se resolver. Não há uma solução mágica”, disse Michael Gapen, chefe de economia dos EUA no Bank of America, à CNN. “A mensagem para compradores de imóveis pela primeira vez é de paciência e frustração.”
Inflação x preços
Levou três anos, mas a luta contra a inflação está praticamente encerrada.
Incrivelmente, o independente (e estridentemente apartidário) Federal Reserve conseguiu infligir a quantidade certa de dor em empresas e consumidores para desacelerar a economia sem jogá-la em um buraco.
Mas preços e inflação não são a mesma coisa.
Inflação se refere à velocidade com que os preços se movem. O Fed tem como meta uma taxa em torno de 2% porque ela é quase imperceptível. Se seu almoço de US$ 10 se torna US$ 10,20 ao longo de um ano, bem, é assim que o mundo funciona.
Mas dois anos atrás, quando a economia estava se recuperando da desaceleração causada pela Covid, os preços estavam subindo, em geral a uma taxa de 9%, e todos nós sentimos o impacto.
Os preços não estão subindo tão rápido quanto antes, mas também não caíram.
Desde que a pandemia começou, os preços dos alimentos — uma preocupação particularmente aguda entre os eleitores — subiram 20%. O problema é que todos nós nos lembramos de quão recentemente nossa conta de US$ 200 no supermercado parecia mais com US$ 160.
A demanda é um fator que mantém os preços altos. Corporações aumentando suas margens é outro, e a campanha de Harris sinalizou seu plano de tentar pôr fim à chamada especulação de preços.
Para ser claro: embora preços mais baixos pareçam atraentes, definitivamente não queremos que a prima má da inflação, a deflação, entre na mistura.
O melhor resultado já está acontecendo: o crescimento salarial está ultrapassando a inflação dos alimentos.
O Estado de S.Paulo - SP 19/08/2024
O recuo dos preços do minério de ferro no mercado internacional nos últimos meses, pressionados pelo arrefecimento da economia chinesa - maior consumidor mundial da matéria-prima do aço -, está afetando o valor das ações das maiores mineradoras globais da commodity industrial. As quatro gigantes que atuam na mineração de ferro, e outros metais, são, por ordem de valor de mercado, as australianas BHP e Rio Tinto, a brasileira Vale e a também australiana Fortescue.
De acordo com dados da consultoria Argos, o minério de ferro para entrega em Qingdao (principal porto da região norte da China) caiu para US$ 92,2 a tonelada, a mais baixa cotação desde novembro de 2022 e abaixo do valor de referência dado pelo mercado, de US$ 100 a tonelada. Aponta-se que US$ 100 é o valor de referência, indicando que abaixo desse piso a produção de alto custo começa a se tornar não lucrativa, segundo reportagem do jornal inglês Financial Times deste domingo, 18.
Na bolsa de commodities chinesa de Dalian, na sexta-feira (16), os contratos do minério de ferro com maior negociação, de janeiro de 2025, fecharam em queda de 0,99%, a 697 yuans (US$ 97,12) a tonelada.
O que pressiona na queda dos preços do minério de ferro?
A China importa quase 1,2 bilhão de toneladas de minério por ano para complementar a produção própria e poder alimentar os altos-fornos de seu gigantesco parque fabril siderúrgico.
Um fator que sustentava a alta dos preços até pouco tempo atrás era o setor imobiliário do país.
A crise na indústria da construção de imóveis, principalmente residenciais, levou à retração da demanda por aço na China.
A China exporta mais aço e pressiona os preços do minério
Dentro desse cenário, as usinas de aço chinesas buscaram o mercado externo, ampliando seu nível de exportações desde o início do ano passado.
Em 2023, os embarques ao exterior atingiram cerca de 90 milhões de toneladas. Em 2024, até julho, já foram exportadas 61,2 milhões de toneladas, o que projeta mais de 100 milhões de toneladas ao final de 12 meses, informa a S&P Global Commodity Insights.
A queda dos preços da principal matéria-prima do aço, aponta a reportagem do FT, com uma baixa de mais de um terço desde o início de 2024, está cortando, em valores acumulados, cerca de US$ 100 bilhões em capitalização de mercado de BHP, Rio Tinto, Vale e Fortescue.
Citado no texto, Vivek Dhar, diretor de pesquisa de mineração e energia do Commonwealth Bank, afirma que os mercados estão preocupados que os preços da commodity possam ser sustentados abaixo de US$ 100 a tonelada no curto prazo.
Nesta semana, em reportagem da Bloomberg News, Hu Wangming, presidente da Baowu Steel - a maior produtora de aço do mundo, responsável por 7% do volume global - apontou que o setor, na China, estava em crise, enfrentando um “inverno” que era “mais longo, mais frio e mais difícil” do que as quedas anteriores do mercado de 2008 e 2015.
A Vale e a luta pela liderança mundial na produção de minério de ferro
O plano da Vale, que é a segunda maior do mundo na mineração de ferro, em volume, atrás da Rio Tinto, é produzir 320 milhões de toneladas em 2024, volume ligeiramente superior ao resultado do ano passado.
As quatro grande mineradoras têm na commodity do aço, junto com cobre e níquel (Vale) e cobre (BHP), uma fonte de receita relevante e de geração de retorno aos investidores em seus papéis.
Na Fortescue, 90% da receita vem do minério de ferro. A cotação do cobre também sofreu com o desaquecimento da demanda chinesa - o país é também grande importador de metais não ferrosos como alumínio e o metal vermelho.
O impacto da queda do preço do minério de ferro na Vale
Para especialistas, como José Carlos Martins, da Neellix Consulting Mining & Metals e conselheiro do grupo Cedro Participações, o minério de ferro no patamar de US$ 100 a tonelada ainda gera rentabilidade para as companhias de baixo custo.
No caso da mineradora brasileira, ele ressalta que o preço da ação da companhia já estava bem descontado, “por outras razões”, e que Rio e BHP sofreram mais pela queda de preço.
Neste ano, a cotação dos papéis da Vale, negociados na B3, variaram de R$ 71,15 em 2 de janeiro para R$ 56,08 na sexta-feira (16), registrando decréscimo de 21,2% no período.
As ações da empresa foram também impactadas pelas incertezas vistas desde o início do ano no processo de escolha do novo CEO da companhia.
O contrato de Eduardo Bartolomeo acabou em 26 de maio e não foi renovado, tendo feito um acordo por mais sete meses, até a definição e posse do seu sucessor, prevista para o período entre o fim de setembro e o início de dezembro.
A redução no preço do minério
Martins destaca que o recuo do preço do minério abaixo de US$ 100 a tonelada já aconteceu no final de 2022, mas recuperou-se rápido.
“Acredito que desta vez a queda seja mais sustentada entre US$ 90 e US$ 100. Se desce abaixo de US$ 90, muita produção sai do mercado e equilibra oferta e demanda novamente”, afirmou.
Na sua avaliação, desta vez é a demanda que não está crescendo como o esperado, e até caindo. “Embora a oferta não cresça, ela desequilibra o mercado, e é isso que está acontecendo”.
A geopolítica e a perda de mercado do Brasil para a Austrália
Nos últimos dois anos, informa o consultor, a China vem importando entre 6% e 7% a mais que o volume de anos anteriores.
“Acredito que estão aproveitando para aumentar os estoques de minério nos portos e também substituir produção local. O melhor local para estocar minério é na mina”.
Para Martins, isso faz parte do xadrez geopolítico, em função da grande dependência dos chineses em relação ao minério australiano. A Austrália é um tradicional aliado dos americanos.
“Infelizmente, por idiossincrasias locais, o Brasil não está aproveitando essa oportunidade. Em 2007, o Brasil produzia mais que a Austrália. Hoje, os australianos produzem quase 2,5 vezes o volume do Brasil. Estamos, assim, perdendo US$ 40 bilhões ao ano em faturamento”, afirma o executivo.
Segundo ele, desde 2007 que os australianos crescem ano após ano e o Brasil parou no tempo.
Martins aponta que, além das empresas, os governos que se sucedem desde 2007 têm grande responsabilidade por essa perda de mercado, receita, impostos, investimentos e empregos.
“Agora que os preços estão caindo, além da perda de volume, vamos ter também a perda de preço. Por sua vez, os australianos vão perder preço, mas com volume lá em cima - 1 bilhão de toneladas ao ano contra 400 milhões do Brasil.
Mineradoras globais devem controlam a oferta e evitar crise maior
A Austrália e o Brasil sãos os dois grandes exportadores mundial da commodity. Para analistas ouvidos pelo FT, as grandes mineradoras serão, provavelmente, disciplinadas para evitar que os preços do minério caiam muito.
Os embarques dos dois países começaram a desacelerar, conforme dados de julho, sinalizando declínio acentuado.
Bob Brackett, analista de mineração da Bernstein, observou que a mineração de ferro é uma indústria muito bem estruturada, com as companhias globais controlando suas próprias cadeias de suprimentos.
“Da mesma forma que a Opep [organização de países produtores de petróleo] não inundará o mercado [de petróleo], elas simplesmente desacelerarão um pouco se o mercado não quiser suas toneladas”, afirmou.
Automotive Business - SP 19/08/2024
A tática de esperar primeiro para ver o que vai acontecer parece ter dado certo para a Toyota. Antes vista como um competidor atrasado na eletrificação da sua oferta, hoje a montadora parece ter tirado vantagem sobre os demais porque teve cautela.
À agência Reuters, fontes ligadas à fabricante japonesa disseram que a empresa pretende tornar híbrida toda sua oferta de veículos Toyota e, também, a Lexus.
Na prática, enquanto as demais montadoras agora direcionam seus planos para os modelos híbridos, após verem o mercado de elétricos arrefecer em diversos países por questões ligadas a preço e infraestrutura, a Toyota se mostra estar um passo adiante.
Na contramão das demais montadoras, que investiram em um futuro elétrico que não se concretizou quando imaginavam, a Toyota agora parece ter uma visão melhor a respeito do seu futuro, e isso significa aplicar com mais racionalidade os seus recursos.
À medida que a empresa passa a competir nos principais mercados com produtos híbridos já desenvolvidos, ela consegue, por exemplo, ter tempo para projetar e dar vida a sistemas de powertrain mais limpos e mais modernos do que aqueles que já existem, como célula de hidrogênio.
Em maio, a montadora apresentou um pequeno protótipo de motor de combustão que, segundo ela, poderia um dia funcionar com biocombustíveis ou gasolina sintética de baixo carbono e poderia ser combinado com sistemas de transmissão híbridos.
Mas o ponto principal de reduzir o tamanho do motor, de acordo com a reportagem, era permitir que a montadora desenvolvesse híbridos de uma maneira diferente.
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Em vez de começar a sua ofensiva com um modelo a gasolina e adicionar uma bateria, ela planeja começar com sua nova plataforma EV e adicionar os pequenos motores para criar uma opção híbrida mais eficiente.
De acordo com uma das duas fontes ouvidas pela Reuters, o primeiro híbrido baseado na nova plataforma e motor provavelmente será um Corolla plug-in, que provavelmente chegará ao mercado na China em 2026 e nos Estados Unidos em 2027.
As vendas de híbridos da Toyota nos EUA até 30 de junho aumentaram 66% em relação ao ano passado, com 438,9 mil veículos.
IstoÉ Dinheiro - SP 19/08/2024
Embora o custo da mão de obra tenha subido menos, o aumento de preços de material de construção pressionou a inflação do setor dentro do Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) de agosto, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-10) acelerou a alta de 0,54% em julho para 0,59% neste mês.
O Índice que representa o custo de Materiais, Equipamentos e Serviços saiu de um aumento de 0,35% em julho para uma alta de 0,68% em agosto. Os gastos com Materiais e Equipamentos tiveram aumento de 0,69% em agosto, enquanto os custos dos Serviços tiveram elevação de 0,62% neste mês.
Já o índice que representa o custo da mão de obra passou de um aumento de 0,83% em julho para uma alta de 0,47% em agosto.
Valor - SP 19/08/2024
Manutenção da Selic é ponto de atenção para o setor, mas demanda tem respondido bem
André Mazini, analista do Citi: Novos projetos em SP sofreram com a demora na regulamentação da outorga onerosa — Foto: Divulgação
Os juros mais altos do que inicialmente previstos, a desvalorização do real e a tragédia do Rio Grande do Sul que afetaram a maioria das empresas de capital aberto no segundo trimestre tiveram pouco ou nenhum efeito sobre as incorporadoras. De forma geral, o setor apresentou um segundo trimestre positivo, tanto nos resultados financeiros quanto nas vendas, com o programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) favorável às companhias, mesmo diante dos juros elevados para financiar um imóvel.
Levantamento realizado pelo Valor Data com 30 companhias de capital aberto, listadas e não listadas, mostra aumento 67% no lucro líquido dessas empresas, na comparação com o segundo trimestre de 2023, para R$ 1,3 bilhão. A receita líquida avançou 26% no mesmo intervalo, somando R$ 13,86 bilhões.
As vendas líquidas avançaram 29% entre as incorporadoras do segmento econômico, que comercializam no MCMV, e 24% no segmento de média e alta renda -- esses dados correspondem ao consolidado de 22 companhias do setor, que divulgaram suas prévias operacionais.
Os lançamentos cresceram 37% entre as empresas do MCMV, mas caíram 14% no médio e alto padrão. Para André Mazini, analista de real estate do Citi Brasil, os novos projetos em São Paulo foram atrapalhados pela demora na regulamentação da outorga onerosa, taxa paga à prefeitura para construir acima do limite básico, segundo o Plano Diretor revisado da cidade. Sem conseguir aprovar empreendimentos pelo novo plano, mais vantajoso, as empresas tiveram de aguardar.
A Cyrela foi uma das companhias de médio e alto padrão que reduziu lançamentos no trimestre, em 59%. Bruno Mendonça, analista do Bradesco BBI, lembra que a empresa também tinha empreendimentos na fila para serem lançados no Rio Grande do Sul, que tiveram de ser adiados pelas enchentes de maio.
Mesmo assim, a companhia foi mais uma vez o destaque desse segmento do mercado, com lucro líquido “incrível”, segundo Mazini, de R$ 412 milhões, alta de 47% no ano. A empresa está “melhor do que a média do mercado”, de acordo com o analista.
As enchentes também afetaram a incorporadora gaúcha Melnick, que adiou todos os lançamentos do trimestre e teve prejuízo de R$ 29 milhões. Em nota, a Melnick destaca que fez três lançamentos em julho, dos quais 40% já estão vendidos, e que o ritmo de suas obras já se aproxima do pré-enchente, “sinalizando o retorno à normalidade das operações”.
Foi má notícia para o setor de média e alta renda a decisão do Copom de manter a Selic em 10,5% ao ano, com risco de elevação. A expectativa anterior era que a redução paulatina da taxa básica de juros levaria a uma queda no custo do financiamento imobiliário, importante para o segmento. Agora, Mendonça afirma que “dificilmente” a taxa deva cair, mesmo em 2025 - ele ressalta que a opinião é pessoal, e não do banco.
Para o analista, o segmento está “bem, apesar de um monte de poréns”, e resta a dúvida de quanto ainda será possível subir o preço dos lançamentos. Mazini concorda que uma taxa mais alta pode segurar o crescimento do setor de média e alta renda.
Fora do radar de quem acompanha as grandes incorporadoras de São Paulo, a Moura Dubeux tem conseguido destaque. A empresa atua no Nordeste, com menos competição, e faz parte dos seus projetos pelo sistema de condomínio fechado, no qual os compradores pagam o valor total da unidade durante a obra, o que diminuiu o impacto dos juros sobre o negócio.
Segmento de média e alta renda vai bem, apesar da série de poréns”
— Bruno Mendonça
Havia uma preocupação sobre a “profundidade” do público para condomínio fechado, lembra Mendonça, mas a Moura já ultrapassou, e muito, sua meta do IPO, em 2020, de fazer R$ 400 milhões ao ano em lançamentos no formato: chegou a R$ 1 bilhão no ano passado. “Ela tem entregado absolutamente tudo o que prometeu no IPO e mais”, afirma o analista do Bradesco BBI.
No segmento do MCMV, Cury e Direcional se mantêm como destaques positivos, a primeira elogiada pelos incrementos de volume de operação e a segunda pela velocidade de venda crescente, sem perder margem. Mazini nota que o sistema usado pela Cury para compra de terrenos, que privilegia permutas e pagamento apenas após a aprovação do projeto, tem se espalhado pelo setor, por preservar o caixa. Tenda e MRV relataram privilegiar novas compras nesse modelo.
Ambas tentam retomar a lucratividade. O caminho parece mais fácil para a Tenda, aponta Mazini, mas quem aposta contra a MRV também corre riscos. “Se acontece a transação da Resia, a ação sobe 20% em um dia”, diz.
Resia é a subsidiária americana da MRV&Co, e a diretoria da holding tem dito há meses que busca um “parceiro estratégico” para o negócio, grande consumidor de caixa nos últimos trimestres. O mercado lê essa afirmação como a busca por um comprador. Mazini afirma que transações desse tipo têm ocorrido com mais frequência no “sun belt” (cinturão do sol) americano, no sul e sudoeste do país, que é a área de atuação da Resia. “Tem gente alocando capital no setor”.
A Tribuna - SP 19/08/2024
As instalações portuárias são elos logísticos de fundamental relevância para a infraestrutura de transportes do País, responsáveis por aproximadamente 98% da movimentação de cargas destinadas à exportação, segundo dados de 2023. Com taxas de crescimento expressivas - na última década, a média de crescimento anual da movimentação portuária (CAGR) superou o patamar de 3%, muito acima do crescimento anual médio do Produto Interno Bruto (PIB) no mesmo período - pode-se dizer que o setor portuário foi responsável pelo aumento de quase 530% no comércio internacional brasileiro nos últimos 25 anos.
Os números são compatíveis com a grandeza da diversificada economia brasileira, uma das dez maiores economias do mundo, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O País conta com instalações portuárias modernas, com terminais arrendados e autorizados que apresentam índices de eficiência comparáveis aos dos melhores portos do mundo, inclusive os asiáticos, fruto de investimentos, sobretudo privados, em pessoas, maquinário, tecnologia e inovação. Mas nem tudo são flores: segundo o estudo conduzido pela MoneYou , o Brasil figura entre os países com o juro real mais caro do planeta, sendo esse um enorme desafio apresentado à classe empresarial brasileira, impondo ao País a necessidade de promover um ambiente favorável à perenidade de investimentos estruturantes.
Considerando o mercado global altamente competitivo, tecnológico e inovador, é essencial que o Estado brasileiro tenha instrumentos de estímulo ao desenvolvimento da infraestrutura portuária. Um exemplo dessas iniciativas de fomento ao crescimento é o Reporto, prorrogado no ano passado e de especial importância para a modernização dos terminais portuários. Uma conquista de toda a comunidade portuária que contou com irrestrito apoio da ABTP! Mas é preciso refletir sobre a ampliação da captação de recursos para investimentos, a exemplo da Lei Federal 14.801/2024, que cria as debêntures de infraestrutura e altera regras para emissão de debêntures incentivadas. Apesar do avanço rumo à diversificação do financiamento de infraestrutura, deve-se manter um olhar atento às especificidades do setor de portos para a edição da portaria ministerial que estabelece procedimentos e condições complementares para o enquadramento de projetos portuários.
Uma das questões centrais são os projetos de infraestrutura de armazenagem para produtos a granel, incluindo aqueles localizados em áreas física ou operacionalmente contíguas ao porto organizado ou instalações portuárias autorizadas, com acesso por meio de tubulações, esteiras rolantes ou similares, instaladas em caráter permanente. Essas estruturas são fundamentais para a dinâmica das instalações portuárias no atendimento das mais diversas cargas. Por isso, elas devem ser contempladas pelo novo regramento das debêntures de infraestrutura/incentivadas.
Como exemplo da importância dessas instalações há o Porto de Paranaguá, com o corredor de exportação que comporta um silo público e dez instalações, entre as quais algumas localizadas fora da poligonal do porto, movimentou em 2023 mais de 22 milhões de toneladas de granéis agrícolas, conferindo ao porto o status de um dos mais importantes do país no segmento. No Porto de Santos, verifica-se, no mesmo ano, uma movimentação de 5,8 milhões de toneladas de granéis líquidos, voltados quase exclusivamente para as instalações contíguas física ou operacionalmente ao porto.
É inegável a importância de desenvolver e tornar permanente um ambiente favorável à promoção dos investimentos tão necessários ao país. Para essa finalidade, a captação de recursos via debêntures de infraestrutura/incentivadas se mostra promissora, porém, sem deixar de lado que o regramento para a sua emissão deve estar em sintonia com a realidade do setor portuário, em que “terminais” ditos “retroportuários” desempenham um papel fundamental. A ABTP segue atenta às demandas do setor, priorizando sempre pela segurança jurídica e liberdade econômica.
Portos e Navios - SP 19/08/2024
Terminal de minério de ferro do Açu embarcou mais de 24 milhões de toneladas de minério de ferro em 2023, segundo relatório de sustentabilidade. Operadora apurou lucro líquido de R$ 489 milhões no período
A Ferroport, joint venture da mineradora Anglo American e da brasileira Prumo Logística, já consome energia elétrica 100% renovável gerada por usina eólica em suas operações. Esse é um dos destaques do relatório de sustentabilidade 2023, que a empresa divulgará, nesta segunda-feira (19). A publicação menciona que, por ano, são consumidos 37 mil megawatt/hora (MWh) de energia na operação da planta, o equivalente ao consumo de cerca de seis mil residências. A Ferroport apurou lucro líquido de R$ 489 milhões, 3,4% acima do verificado em 2022.
A operadora do terminal portuário de minério de ferro do Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), embarcou mais de 24 milhões de toneladas de minério de ferro em 2023, três milhões a mais em comparação a 2022. Os embarques ocorreram em 145 navios carregados no terminal, totalizando mais de 160 milhões, desde o início das operações em 2014. Os destinos dos navios são: Bahrain (44%), no Golfo Pérsico, China (29%), México (14%), Holanda (5%), Japão (4%), Índia (3%) e Argélia (1%).
Os números constam neste que é o terceiro relatório de sustentabilidade da empresa, elaborado de acordo com as normas da Global Reporting Initiative (GRI). O documento cita a elaboração do plano de descarbonização das operações, que resultou na obtenção, pela primeira vez, do selo ouro do Programa Brasileiro GHG Protocol, referente ao inventário de gases do efeito estufa (GEE) de 2022. Outro destaque foi a evolução no índice de desempenho ambiental (IDA) da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), aumentando a pontuação de 87,14 para 99,18 e alcançando o 5° lugar na categoria de maior IDA para terminais de uso privado (TUPs).
A companhia atua em operações portuárias de armazenamento e embarque de minério de ferro em atendimento a Anglo American, acionista e cliente, responsável pela extração do minério de ferro em mina localizada em Conceição de Mato Dentro (MG). O produto é transportado por mineroduto de 529 quilômetros, percorrendo 33 municípios até o Porto do Açu, onde passa por processo de filtragem e é estocado até ser exportado via navio para diversos países. A capacidade nominal de embarque da empresa é de 10 mil toneladas por hora.
A Ferroport lançou o programa ‘Rumo aos 30!’, mirando uma operação futura de 30 milhões de toneladas de minério por ano. O escopo olha para questões relacionadas à disponibilidade e confiabilidade operacional e práticas ESG, descritas no relatório. “Queremos chegar bem preparados aos 30 milhões de toneladas de minério de ferro. Por isso, mantemos postura proativa, sempre dando passos à frente em busca de uma operação cada vez mais eficiente e sustentável em todos os aspectos”, declarou o CEO da Ferroport, Carsten Bosselmann.
A Tribuna - SP 19/08/2024
A Autoridade Portuária de Santos (APS) usará um sistema remoto de fiscalização que permite constatar se os navios que chegam ao cais santista descartaram a água de lastro nas áreas permitidas ou se adotam o sistema de filtragem. As embarcações também deverão apresentar um atestado de conformidade com as regras internacionais de destinação das águas de lastro, caso contrário serão proibidos de atracar no Porto de Santos, garante a APS. A medida vale a partir da próxima quarta-feira.
A Autoridade Portuária estabeleceu essa norma para evitar que materiais tóxicos e espécies marinhas exóticas de outros continentes sejam despejadas na região (bioinvasão), causando impactos ambientais.
A APS afirma que já comunicou o Sindicato das Agências de Navegação Marítima (Sindamar) sobre o cumprimento da norma e que muitos armadores já estão apresentando os atestados.
Sistema
O sistema remoto de fiscalização utiliza inteligência artificial, GPS, entre outras tecnologias, que permitem constatar se os navios descartaram a água de lastro nas áreas permitidas ou se passaram a adotar o sistema de filtragem. Os procedimentos são determinados pela Organização Marítima Internacional (IMO, da sigla em inglês) e em atenção à Norma da Autoridade Marítima (Normam) 401/DPC, da Marinha do Brasil.
A empresa credenciada pela APS, Balance Water Central (BWC), fará a conformidade das normas, baseada em informações que o navio oferece, como as coordenadas geográficas, entre outras. O sistema foi previamente testado pela APS, informou o diretor da empresa, Paulo Andrade.
Antes dessa tecnologia, a fiscalização dos navios era feita por amostragem, com base nas informações dadas pelos comandantes das embarcações. Agora, todos os navios serão rastreados para garantir um controle mais eficiente, informou a Diretoria de Operações da APS, que conta com a atuação dos profissionais da Superintendência de Meio Ambiente, Saúde e Segurança do Trabalho (Sumas) nesse trabalho.
O que é
A água de lastro é coletada em portos e estuários de todo o mundo e armazenada de forma inversamente proporcional à quantidade de carga, para dar estabilidade ao navio. Quanto menos carga, mais água de lastro. Ela é essencial para a segurança da navegação, principalmente quando os navios estão sem ou com pouca carga. Para que possam manter suas hélices propulsoras submersas, é utilizado um peso líquido em tanques localizados nos porões. Após suficientemente carregado, o navio a descarta.
“Esta triangulação de dados públicos disponibilizados em tempo real pelos navios, que deixam os chamados rastros eletrônicos, permitirá sabermos, antes de o navio chegar ao Porto de Santos, se foram cumpridos os dois tipos de soluções aprovadas internacionalmente”, informou o presidente da APS, Anderson Pomini.
Os navios, pela legislação, têm duas opções aprovadas: a D1, que determina o descarte em águas oceânicas, ou a D2, que estabelece o tratamento da água de lastro dentro do navio antes do descarte.
“Assim, damos um importante passo prático na defesa do meio ambiente e da saúde da população mundial”, lembrou Pomini, que vinha cobrando este compromisso, assumido pela agenda ambiental da companhia em 2014.
IstoÉ Dinheiro - SP 19/08/2024
Explosão do gasoduto em setembro de 2022 pôs fim, pelo menos temporário, a um megaprojeto germano-russo que teve muitos opositores desde o início. Agora, Alemanha busca suspeito ucraniano de sabotagem.Em setembro de 2022, seis meses após o início da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, houve uma sabotagem que culminou na explosão do gasoduto Nord Stream, no Mar Báltico, que levava gás da Rússia para a Alemanha.
Esta semana, foi divulgado que o Ministério Público alemão está à procura de um ucraniano suspeito de ter cometido o ato. Ele foi visto pela última vez na Polônia e suspeita-se que agora esteja na Ucrânia.
A seguir uma cronologia da história do Nord Stream.
2005: O governo alemão, sob a gestão do então chanceler federal social-democrata, Gerhard Schröder (SPD), juntamente ao governo russo, já com o presidente Vladimir Putin no poder, assinam uma declaração de intenção para construir o gasoduto Nord Stream 1, destinado a levar gás da Rússia para a Alemanha, através do Mar Báltico. As primeiras propostas da ideia já haviam sido feitas na década de 90.
2006: É fundada a empresa Nord Stream AG para planejar e implementar o projeto. A estatal russa Gazprom e vários fornecedores europeus de energia se envolvem no projeto, porque não só a Alemanha, mas também outros países europeus, têm interesse no fornecimento de gás russo.
2010: Começa a construção do Nord Stream 1. O gasoduto de tubo duplo, cada um com 1.224 quilômetros de extensão, conecta Wyborg, na Rússia, a Lubmin, no estado alemão de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental.
2011/2012: Os dois tubos entram em funcionamento e a operadora informa que eles deverão abastecer a Europa com gás durante pelo menos 50 anos. Os custos de construção são de 7,4 bilhões de euros (R$ 44 bilhões, na cotação atual), segundo a Nord Stream AG.
Vista grossa para a anexação da Crimeia pela Rússia
2013: Começa o planejamento do Nord Stream 2: duas linhas adicionais de 1.250 km de comprimento, que funcionarão paralelas às tubulações existentes da Rússia à Alemanha.
2015: São assinados os primeiros contratos do Nord Stream 2. A Gazprom e vários fornecedores europeus de energia se envolvem novamente no projeto. Apenas um ano antes, a Rússia havia anexado ilegalmente a península ucraniana da Crimeia. No entanto, para a então chanceler federal conservadora, Angela Merkel (CDU), isto não é motivo para parar o projeto.
Cresce resistência ao projeto
2016: Desde o início, a Ucrânia, a Polônia e os Estados Bálticos, em especial, tiveram preocupações sobre o Nord Stream, citando interesses de segurança. Após a anexação da Crimeia, eles começaram a expressar suas dúvidas com mais veemência. A União Europeia também alerta.
Depois da eleição de Donald Trump como presidente americano, a resistência ao Nord Stream nos EUA também aumenta. Trump adverte contra a dependência excessiva da Alemanha do fornecimento de energia russo.
O governo alemão ignora todas as preocupações e apresenta o Nord Stream não apenas como uma resposta à segurança do abastecimento energético da Europa, mas também como um instrumento para garantir a paz através do comércio.
2018: Começa a construção do Nord Stream 2. Merkel admite, pela primeira vez, que não se trata apenas de um projeto do setor privado e que “é claro que fatores políticos também devem ser levados em consideração”. No entanto, parar o projeto está fora de questão para a Alemanha.
2019: Os EUA aumentam o tom, ameaçando sanções. Richard Grenell, então embaixador dos EUA na Alemanha, escreve cartas ameaçadoras para empresas alemãs envolvidas no Nord Stream.
2021: O Nord Stream 2 é concluído. Pouco depois de assumir o cargo, em dezembro, o chanceler federal alemão, Olaf Scholz(SPD), manifesta-se contra a interrupção do projeto por razões políticas. Ele descreve o gasoduto como um “projeto do setor privado” que deve ser avaliado independentemente das relações com a Rússia, que estão cada vez mais complicadas.
Guerra na Ucrânia muda tudo
22 de fevereiro de 2022: na iminência do começo de uma agressão russa à Ucrânia, Scholz ordena que a certificação do Nord Stream 2 e, portanto, o processo de aprovação sejam suspensos.
24 de fevereiro de 2022: A Rússia invade a Ucrânia dando início à guerra – e os críticos do Nord Stream se sentem justificados. O fornecimento de gás via Nord Stream 1 continua, mas devido às sanções da UE contra a Rússia, o volume recebido pelos Estados-membros é reduzido.
Julho/agosto de 2022: A Rússia fecha o Nord Stream 1, alegando manutenção. O fornecimento demora a ser restabelecido e a Gazprom culpa uma turbina defeituosa. O fornecimento de gás é retomado posteriormente, mas de forma limitada. No final de agosto, é interrompido totalmente. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, diz que ele só será retomado quando as sanções contra a Rússia forem suspensas.
Quem está por trás da explosão?
26 de setembro de 2022: Ambos os trechos do gasoduto Nord Stream 1 e um dos dois trechos do Nord Stream 2 perto da ilha dinamarquesa de Bornholm explodem.Alemanha, Dinamarca e Suécia começam investigações.
2023: Com o tempo, várias teorias são apresentadas sobre quem poderia estar por trás dos ataques. O jornalista investigativo americano Seymour Hersh, sem apresentar evidências, afirma que os EUA e a Noruega explodiram os gasodutos.
Agosto de 2024: a Procuradoria-Geral alemã emite uma ordem de prisão contra um ucraniano por suspeita de envolvimento na sabotagem. Segundo a imprensa alemã, Volodimir Z. foi visto pela última vez na Polônia e, desde o começo de julho, estaria na Ucrânia.
As autoridades polonesas afirmam que a fuga do suspeito foi possível porque a Alemanha não havia incluído o nome dele na lista de procurados em todo o espaço Schengen.
“Volodimir Z. cruzou a fronteira antes que pudesse ser preso, e o serviço polonês de proteção de fronteiras não tinha informações nem base para prendê-lo, já que ele não estava listado como procurado”, afirmou uma porta-voz da Procuradoria-Geral da Polônia.
IstoÉ Dinheiro - SP 19/08/2024
As exportações brasileiras de produtos agropecuários alcançaram em julho o recorde de US$ 15,44 bilhões, informou o Ministério da Agricultura, em nota. O valor é 8,8% superior ao obtido em igual mês do ano passado, o equivalente a um aumento de US$ 1,24 bilhão sobre os US$ 14,20 bilhões registrados um ano antes. Além de ser recorde para o mês de julho, o valor é o maior exportado no ano, segundo o Ministério. O setor respondeu por 50% dos embarques totais do País no último mês.
O desempenho das exportações do agronegócio em julho foi puxado, sobretudo, pelo aumento das vendas externas de soja, carnes, do complexo sucroalcooleiro, produtos florestais e café, observou o ministério. Juntos, esses setores representaram 82,5% das exportações do agronegócio no último mês.
A pasta destacou que as exportações do complexo soja aumentaram 11,4% em relação a julho do ano passado, para 13,447 milhões de toneladas, enquanto a receita de carnes avançou 19,2%, para US$ 2,373 bilhões, especialmente de carne bovina e suína. “O desempenho excepcional da balança comercial do agronegócio em julho marcou o melhor resultado para este mês nos últimos anos. A estratégia de abrir cada vez mais mercados e fortalecer as relações diplomáticas tem permitido que produtos como soja, açúcar e carnes atinjam números históricos”, destacou o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Roberto Perosa, na nota.
Em julho, o País desembolsou US$ 1,74 bilhão com a importação de produtos agropecuários, aumento de 25,4% ante igual mês de 2023. O resultado também foi recorde, puxado pelo aumento da internalização de insumos agropecuários, como fertilizantes (+22,5%) e produtos para nutrição animal (+12,4%).
Acumulado do ano
De janeiro a julho, as exportações do agronegócio brasileiro alcançaram US$ 97,80 bilhões, também recorde para o período, alta de 1% ante igual período do ano passado. “Produtos como açúcar de cana em bruto e soja em grãos tiveram aumento expressivo nas quantidades embarcadas, contribuindo para o resultado positivo”, observou o Ministério. Já a participação do agronegócio nas exportações brasileiras recuou levemente de 50,1% nos primeiros sete meses de 2023 para 49,3% no acumulado até julho deste ano.
Nos primeiros sete meses do ano, as importações de produtos agropecuários cresceram 15,8% em relação a igual período do ano anterior, para US$ 11,248 bilhões, equivalente a 7,6% do total internalizado pelo País no período. O saldo da balança comercial do setor ficou positivo em US$ 86,553 bilhões abaixo dos US$ 87,163 bilhões de igual período de 2023.
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