ADVFN - SP 19/06/2023
Passadas as definições de política monetária nos Estados Unidos, Europa, Japão e com um corte em algumas taxas chinesas, as atenções dos investidores se voltam para o futuro da taxa Selic no Brasil. O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom/BC) anunciará a sua decisão no final da quarta.
Apesar de toda a pressão exercida pelo governo e das boas notícias recentes para a economia, a Selic deverá ser mantida em 13,75% ao ano. Ao menos este é o sentimento do mercado. As apostas agora são de que o início dos cortes começará em agosto. Diante desta quase certeza, o mercado espera mesmo é pelo comunicado a ser divulgado pelo Banco Central, tentando encontrar indícios que confirmem que o início da redução da Selic está próximo.
A segunda semana de junho foi positiva para os mercados. Externamente, destaque a pausa na elevação do juro básico americano e o apoio à economia chinesa. A aversão ao risco diminuiu e ajudou os mercados brasileiros. Aqui, os investidores comemoraram a revisão para positiva para a projeção da economia brasileira pela S&P, o novo corte no preço da gasolina e o IBC-Br acima do esperado.
Com exceção da reunião do Copom, que inicia na terça e que terá sua definição anunciada no final da quarta, a agenda doméstica de indicadores está esvaziada para a semana. Como destaque, o boletim Focus no início da segunda com as revisões a serem feitas pelo mercado nas suas projeções após a série de notícias positivas divulgadas nos últimos dias.
Merece atenção também as movimentações em Brasília, principalmente a tramitação do arcabouço fiscal no Senado e os avanços na discussão sobre a reforma tributária. A força da articulação do governo e a batalha com o presidente da Câmara Arthur Lira seguem no radar. Lula cobra avanços dos seus ministros e melhor comunicação sobre os feitos recentes do governo.
Internacional
Para a semana que entra, teremos a decisão do Banco do Povo da China (PBoC) de política monetária da sua principal taxa de juros outras duas taxas, de curto e médio prazo, já passaram por cortes. No Japão, o Bo divulga a ata da reunião de 16 de junho e a inflação.
No Reino Unido, o Banco da Inglaterra (BoE) também divulga sua nova política monetária, os índices de preços ao consumidor e ao produtor, e as vendas no varejo. A Alemanha divulga o índice de preços ao produtor. A zona do euro publica o saldo em conta corrente e a confiança do consumidor.
Nos Estados Unidos é feriado na segunda-feira, o Juneteenth, que celebra a emancipação dos escravos afro-americanos, mas há indicadores a serem divulgados nos dias seguintes, como o índice de confiança das construtoras, construção de imóveis, estoques de petróleo, pedidos de seguro-desemprego, o índice de atividade nacional do Fed Chicago e vendas de imóveis usados.
Serão divulgadas também as leituras preliminares dos PMIs de indústria e comércio do Japão, zona do euro, Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido.
NOVIDADE ADVFN: Acesse o calendário completo dos principais indicadores do mundo!
Calendário Econômico semanal
Segunda-feira (19/06/2023)
- Feriado – Juneteenth – Bolsas permanecem fechadas
- Índice NAHB de confiança das construtoras (11h00)
- Índice IPC-Fipe semanal (07h00)
- IPC-S capitais (08h00)
- Relatório Boletim Focus (08h25)
- Balança Comercial semanal (15h00)
Terça-feira (20/06/2023)
- Taxa Prime de 1 ano da China (*22h15) ??
- Atas da Reunião da RBA (*22h30)
- Produção industrial do Japão (01h30)
- Índice de preço ao produtor (PPI) da Alemanha (03h00)
- Saldo da conta corrente da Zona do Euro (05h00)
- Saldo da conta corrente da Itália (05h00)
- Monitor do PIB (10h15)
- Construção de novas residências dos Estados Unidos (09h30)
Quarta-feira (21/06/2023)
- Índice de preço ao produtor (PPI) da Coreia do Sul (*18h00)
- Índice Tankan da Reuters do Japão (*20h00)
- Ata da Reunião do BoJ (*20h50)
- Inflação ao consumidor (CPI) do Reino Unido (03h00)
- Índice de preço ao produtor (PPI) do Reino Unido (03h00)
- ICOMEX (08h00)
- Fluxo cambial semanal do Brasil (14h30)
- Decisão da Taxa de Juros do Brasil (18h30)
- Pedidos de Hipoteca MBA (08h00)
- Redbook (09h55)
- Discurso do presidente do Fed
- Variação de estoques de petróleo API (17h30)
Quinta-feira (22/05/2023)
- Feriado – Festival do Barco-Dragão
- Decisão da Taxa de Juros do Reino Unido (08h00) ??
- Confiança do consumidor da Zona do Euro (11h00)
- Confiança empresarial da França (03h45)
- Saldo da conta corrente dos Estados Unidos (09h30)
- Pedidos de seguro-desemprego dos Estados Unidos (09h30) ??
- Índice de atividade nacional Fed Chicago (09h30)
- Índice de indicadores antecedentes dos Estados Unidos (11h00)
- Vendas de casas dos Estados Unidos (11h00)
- Variação de estoques de petróleo EIA (12h00) ??
Sexta-feira (23/06/2023)
- Inflação ao consumidor (CPI) do Japão (20h30)
- PMI Industrial, serviços e composto do Japão (21h30)
- PMI Industrial, serviços e composto da Australia (20h00)
- Índice GfK de confiança do consumidor do Reino Unido (*20h01)
- Vendas no varejo do Reino Unido (03h00)
- PMI Industrial, serviços e composto do Reino Unido (05h30)
- PMI Industrial, serviços e composto da França (04h15)
- PMI Industrial, serviços e composto da Alemanha (04h30)
- PMI Industrial, serviços e composto da Zona do Euro (05h00)
- IPC-S (08h00)
- PMI Industrial, serviços e composto dos Estados Unidos (10h45)
- Contagem de sondas Baker Hughes (15h00)
??? Fique de olho
AGENDA DO INVESTIDOR
Na próxima semana, os investidores acompanham indicadores da indústria do aço, prévias operacionais das empresas do Ibovespa relativas ao segundo trimestre de 2023 e possíveis desdobramentos da disputa pela Braskem, além de eventos corporativos.
As empresas que divulgam números de produção e vendas antes dos balanços financeiros do trimestrais são Petrobras, Vale, Embraer (release de entregas e backlog), as educacionais Cogna e Ydugs, as varejistas Grupo Soma, Pão de Açúcar e Carrefour; shoppings e construção Iguatemi, Multiplan, Eztec, Cyrela; energia: Copel, Equatorial e EDP-Energias do Brasil; além de Méliuz e Braskem. Outras divulgam mensalmente: B3, Petro Rio, 3R Petroleum, Energisa e BB Seguridade.
Na última quarta-feira (14), a MRV divulgou uma prévia dos dois primeiros meses do segundo trimestre de 2023, chegando a um com volume geral de vendas líquidas (VGV) R$ 1,46 bilhão vendido e com um ticket médio de R$ 226 mil em abril e maio. A empresa também costuma divulgar a prévia operacional trimestral.
Segundo notícias que circularam na imprensa, a Petrobras poderá cobrir a oferta da Unipar, de R$ 10 bilhões, em dinheiro. A proposta da Unipar foi considerada melhor do que a recebida anteriormente do consórcio formado pela Adnoc (estatal de petróleo de Abu Dhabi) e do fundo de private equity americano Apollo, formada por títulos e debêntures. A estatal tem direito de preferência sobre as ações da companhia petroquímica, com 47%, enquanto a Novonor (ex-Odebrecht) controla a Braskem com 50,1%. Outros 2,9% de ações ordinárias estão no mercado de ações.
Na terça-feira (13), a Petrobras disse que o futuro da sua participação na Braskem segue indefinido e que sua atuação no setor petroquímico é um dos elementos estratégicos do seu Plano Estratégico 2024-2028. Com isso, disse estar desenvolvendo análises para definir a melhor alternativa de execução da estratégia, sem qualquer decisão da diretoria executiva ou do conselho de administração em relacão ao processo de desinvestimento ou de aumento de participação na controlada.
No calendário corporativo, na segunda (19), a São Martinho apresentará o seu balanço financeiro do quarto trimestre do ano safra 2022-2023. No dia seguinte, realiza a teleconferência com analistas e investidores. Os resultados devem vir mais fracos no 4T23, sem grandes mudanças nas tendências observadas nos últimos trimestres, que indicaram compressão de margens devido ao aumento de custos de insumos e frete, comentou a XP, em análise prévia sobre os resultados da companhia.
Na terça (20), a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) realiza o “4° Fórum de Inovação e Liderança da Incorporação (FILI 2023)”, das 8h30 às 17h20, em São Paulo (SP). O evento tem como objetivo promover debates e disseminar conhecimentos por meio de pesquisas e estudos inéditos para esmiuçar o ecossistema de startups, produtos e serviços inovadores e tecnológicos a serviço do mercado imobiliário. Participarão dos painéis representantes do BNDES, B3, Caixa, Totvs, políticos e representantes do governo do Estado e da prefeitura de São Paulo, entidades, entre outros.
Na mesma data, a agência de classificação de risco Fitch Ratings realiza o evento virtual “Fitch on Banking
2023 Latinoamérica”, das 10h30 às 12h30. Os analistas da Fitch apresentarão aspectos-chave sobre o setor bancário.
Na quarta (21), das 8h30 às 18h, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) realizará o evento ANTT Day, para informar o público externo sobre os principais acontecimentos do cenário atual dos transportes terrestres no país e apresentar o portfólio de projetos prioritários da ANTT e os principais avanços tecnológicos, regulatórios e contratuais da agência. Também será um encontro para reunir investidores, setor regulado, parlamentares, órgãos parceiros e usuários para dialogar e esclarecer dúvidas. O evento será presencial e aberto ao público externo, limitado à capacidade de 320 lugares do auditório do edifício-sede da Agência, em Brasilia (DF).
Na quinta-feira (22), o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Jorge Loureiro, fará a apresentação dos números de fechamento do mês de maio de 2023 e as previsões para junho.
Na semana, também são esperados os dados da produção de aço nacional e mundial de maio pelo Instituto Aço Brasil e World Steel Association (WSA).
Vale a pena ver de novo
Muitos dados chamaram a atenção dos investidores nesta semana. A inflação dos Estados Unidos foi divulgada antes da reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), e ela indicou uma tendência de queda embora o núcleo ainda permaneça em ritmo de alta. O índice de preços ao produtor também caiu ligeiramente.
Na reunião do Fed, os membros decidiram manter a taxa de juros, mas mudaram as projeções para os próximos anos, com mais altas de juros o que surpreendeu o mercado. Em um primeiro momento, bolsas americanas e petróleo caíram, mas se recuperaram nos dias seguintes.
Já o Banco Central Europeu (BCE) manteve sua postura hawkish e subiu seus juros em 0,25 pp, para 3,5%, e a presidente do banco, Christine Lagarde, avisou que vem mais por aí, porque há muito trabalho a fazer e ‘terreno para cobrir’.
O Banco do Japão (Boj), por sua vez, não surpreendeu na sua decisão de política monetária, e manteve a ultra-acomodatícia taxa de juros a -0,1%. Segundo o comunicado do Bo divulgado logo depois da reunião, a economia do Japão se recuperou, apesar de ser afetada por fatores como a alta das commodities no passado, e o ritmo de recuperação das economias estrangeiras diminuiu.
Farol Político
Em Brasília, o mercado centra suas atenções em dois pontos na próxima semana: a tramitação do arcabouço fiscal no Senado e a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Em segundo plano, vale acompanhar a questão da desoneração da folha de pagamentos, a reforma tributária, as movimentações para melhorar a articulação política do governo e os avanços das CPIS.
Em relação à nova regra fiscal, a semana que fecha hoje foi de negociações entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e os representantes do Senado. A intenção é modificar o mínimo possível o texto aprovado por ampla vantagem na Câmara. Em reunião na terça-feira (20), a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) deverá apreciar o projeto de lei
Até o momento, foram apresentadas 41 emendas ao texto aprovado na Câmara, que é relatado pelo senador Omar Aziz (PSD-AM). Embora ainda não tenha apresentado relatório sobre a proposição, o relator já adiantou que o limite de gastos do novo arcabouço fiscal não se aplicará ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) nem ao Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF).
Os senadores também deverão apreciar, em turno suplementar, o substitutivo apresentado ao projeto de lei que prorroga a desoneração da folha de pagamento até 2027 para 17 setores da economia. Aprovado na CAE no último dia 13, o projeto precisará passar por uma segunda votação no colegiado, chamada turno suplementar. Se a aprovação se confirmar, seguirá direto para análise da Câmara, a não ser que haja pedido para votação no Plenário do Senado.
O Copom se reunirá na terça e na quarta. Apesar de dados apontando melhora na situação econômica do país e de toda a pressão exercida pelo governo, a Selic deverá ser mantida em 13,75% ao ano. A maior parte do mercado acredita que o início do ciclo de cortes da taxa acontecerá em agosto. A dúvida do mercado está nas sinalizações que virão no comunicado do Copom. A expectativa é por acenos do BC ao governo.
O presidente Lula reuniu os seus ministros na última quinta. Após nove horas de conversa, fica como saldo do encontro a tentativa do governo em comunicar melhor os seus avanços e aprimorar a articulação junto ao Congresso, após mais uma rodada de farpas entre os interlocutores de Lula e o presidente da Câmara, Arthur Lira. Ameaçada no cargo, a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, ganho sobrevida, mas que promete ser curta. A mudança na pasta deve ocorrer na próxima semana.
Money Times - SP 19/06/2023
A Gerdau (GGBR4) esclareceu algumas informações referentes ao anúncio de investimento bilionário na área de mineração em Minas Gerais.
O investimento de R$ 3,2 bilhões anunciado pela companhia será realizado ao longo dos próximos anos e visa garantir a autossuficiência de minério de ferro de longo prazo com alta qualidade usando as melhores práticas de mineração, afirmou a companhia, em comunicado divulgado nesta sexta-feira (16).
Segundo a Gerdau, o investimento contará com o método de empilhamento a seco para disposição de 100% dos rejeitos de mineração, eliminando a necessidade do uso de barragem.
O investimento será diluído entre os anos de 2023 e 2026. A Gerdau esclareceu que o valor destinado a 2023 já está dentro do guidance de R$ 5 bilhões em capex anunciado pela companhia no início de março deste ano.
“Dessa maneira, a informação veiculada na notícia não altera nem substituí o guidance divulgado pela companhia, portanto, desnecessária sua divulgação como fato relevante ou comunicado ao mercado”, explicou a Gerdau à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Ao Valor Econômico, Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, disse que a produção de minério de ferro a partir desse investimento será totalmente destinada à fabricação de aço da companhia e atenderá o mercado doméstico.
Segundo o jornal, a Gerdau prevê criar 5 mil postos de trabalho nas fases de implantação e operação do empreendimento.
O investimento reforça a #MineraçãoSustentável e conta com as + avançadas tecnologias. É o caso do uso de mineroduto para transporte do minério de ferro e o método de empilhamento a seco p/ disposição de 100% dos rejeitos de mineração, eliminando a necessidade do uso de barragem. pic.twitter.com/CMIDpacOFL
Portal Fator Brasil - RJ 19/06/2023
Em valor US$ 1,0 bilhão, o que resultou em alta de 12,5% e de 2,4%, respectivamente, na comparação com o ocorrido no mesmo mês de 2022. Mas Frente ao mesmo mês de 2022 houve queda na produção de aço bruto e de laminados, já os semiacabados teve aumento dede 51,6%. Recuo no consumo e vendas internas, e forte aumento nas importações do mês e do acumulado do ano, frente aos mesmos períodos em 2022.
A produção brasileira de aço bruto em maio foi de 2,8 milhões de toneladas, uma queda de 5,5% frente ao apurado no mesmo mês de 2022. Já a produção de laminados foi de 1,9 milhão de toneladas, 5,7% inferior à registrada em maio de 2022. A produção de semiacabados para vendas foi de 939 mil toneladas, um aumento de 51,6% em relação ao ocorrido no mesmo mês de 2022, dados divulgados pelo Instituto Aço Brasil, no dia 16 de junho(sexta-feira).
Consumo e vendas — As vendas internas recuaram 6,9% frente ao apurado em maio de 2022 e atingiram 1,7 milhão de toneladas. O consumo aparente de produtos siderúrgicos foi de 2,0 milhões de toneladas, 3,0% inferior ao apurado no mesmo período de 2022.
Exportações — As exportações de maio de 2023 foram de 1,2 milhão de toneladas, ou US$ 1,0 bilhão, o que resultou em aumento de 12,5% e de 2,4%, respectivamente, na comparação com o ocorrido no mesmo mês de 2022.
Importações — As importações de maio de 2023 foram de 388 mil toneladas e de US$ 499 milhões, um aumento de 40,8% em quantum e de 16,3% em valor na comparação com o registrado em maio de 2022.
Produção até o quinto mês de 2023 — A produção brasileira de aço bruto foi de 13,4 milhões de toneladas no acumulado de janeiro a maio de 2023, o que representa uma queda de 8,1% frente ao mesmo período do ano anterior. A produção de laminados no mesmo período foi de 9,2 milhões de toneladas, redução de 8,0% em relação ao registrado no mesmo acumulado de 2022. A produção de semiacabados para vendas totalizou 3,9 milhões de toneladas de janeiro a maio de 2023, um aumento de 11,3% na mesma base de comparação.
Vendas — As vendas internas foram de 8,1 milhões de toneladas de janeiro a maio de 2023, o que representa uma redução de 4,6% quando comparadas com igual período do ano anterior.
Consumo — O consumo aparente nacional de produtos siderúrgicos foi de 9,6 milhões de toneladas no acumulado até maio de 2023. Este resultado representa uma retração de 1,3% frente ao registrado no mesmo período de 2022.
Exportações — As exportações de janeiro a maio de 2023 atingiram 5,1 milhões de toneladas, ou US$ 4,4 bilhões. Esses valores representam, respectivamente, redução de 7,0% e de 5,1% na comparação com o mesmo período de 2022.
Importações — As importações alcançaram 1,8 milhão toneladas no acumulado até maio de 2023, um aumento de 35,7% frente ao mesmo período do ano anterior. Em valor, as importações atingiram US$ 2,3 bilhões e avançaram 16,1% no mesmo período de comparação.
O ICIA — Índice de Confiança da Indústria do Aço referente o mês de junho de 2023, chegou aos 44,1%, com crescimento de 6,1%, segundo análise do IABr, embora próximo a linha divisória de 50 pontos —entre confiança e falta de confiança—, ainda aponta falta de confiança da indústria do aço.
Investing - SP 19/06/2023
O conselho de administração da Companhia Siderúrgica Nacional (BVMF:CSNA3) (CSN) aprovou nesta sexta-feira a 14ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, no valor de 700 milhões de reais.
A emissão ocorrerá em até três séries, sendo a primeira com prazo de vencimento de sete anos; a segunda, dez anos; e a terceira, de 15 anos. Os prazos são contados a partir da data de emissão, segundo fato relevante divulgado pela companhia ao mercado. As debêntures terão valor nominal de 1.000 reais.
Os recursos serão utilizados exclusivamente para pagamentos futuros ou reembolsos relacionados ao projeto de investimento em infraestrutura no setor de logística e transporte da Ferrovia Transnordestina, disse a companhia.
Diário do Aço - MG 19/06/2023
A indústria siderúrgica, responsável pela produção de aço e ferro, é um dos setores industriais mais intensivos em energia do mundo. Tradicionalmente, essas indústrias dependem de combustíveis fósseis para alimentar seus processos de produção, o que resulta em altas emissões de gases de efeito estufa. Além disso, os custos das operações são altos, uma vez que a energia representa em média 40% do total do orçamento empresarial.
Entretanto, uma mudança para fontes de energias renováveis pode mudar esse quadro e aumentar a produtividade das empresas. Atualmente, há uma política de renovação energética em andamento e, desse modo, as empresas siderúrgicas devem ficar atentas. Nesse sentido, mudar a matriz energética de fóssil para renovável representa uma oportunidade para as empresas do Vale do Aço.
Energia deixará de ser vilã para se tornar aliada
De acordo com um artigo publicado no blog da ExpressVPN entre os maiores consumidores de energia estão aparelhos de uso cotidiano, muitos deles utilizados em empresas. Entre esses dispositivos estão os celulares, computadores e aparelhos de ar-condicionado. Analisados separadamente, esses aparelhos podem parecer irrelevantes para o consumo energético. Porém, quando considerados em sua totalidade, exercem um papel central no consumo e no custo energético de grandes empresas, tais como as siderúrgicas.
Soma-se a isso a necessidade de manter os fornos em funcionamento, o que acaba por tornar a energia uma grande vilã das siderúrgicas. Nesse ponto é que a energia solar pode ajudar os gestores a reduzirem os custos, voltando assim a olhar para a energia como uma aliada. E a boa notícia é que não é necessário fazer altos investimentos para ter painéis solares próprios.
Minas Gerais: referência em energia solar
Recentemente, o Governo do Estado de Minas Gerais anunciou novos parques de energia solar. Com esses parques instalados perto da indústria do Vale do Aço, basta somente formalizar contratos de contração do excedente gerado. Essa visão dos gestores do Estado tem levado a indústria e as suas companhias a se tornarem as mais competitivas do mercado brasileiro. E, desse modo, é importante que o setor de produção de aço fique atento.
A produção desse material é um processo intensivo de energia que contribui de modo significativo para as emissões globais de gases de efeito estufa. Sendo assim, a transição para a energia solar pode ajudar a reduzir essas emissões. De acordo com um estudo da Universidade de Cambridge, a energia solar pode reduzir as emissões de CO2 na produção de aço em até 60%. Além disso, é capaz também de reduzir o peso que os 40% do custo da energia elétrica exercem no bolso das indústrias.
Baixo custo e benefícios a longo prazo
Como visto acima, a energia solar é uma fonte de energia de baixo custo. Conforme a Agência Internacional de Energia (IEA - sigla em inglês), o valor da energia solar por watt caiu mais de 80% na última década. Portanto, além de reduzir as emissões de carbono e melhorar a eficiência energética, essa fonte pode resultar em uma redução de gastos bastante significativa.
Com o apoio do governo estadual, que já implementou energia solar em 100% dos municípios mineiros, o papel das indústrias fica mais simplificado. A demanda global por soluções de energia limpa e sustentável continua a crescer, e é papel da indústria siderúrgica, que representa entre 7% e 9% do consumo de energia mundial, participar ativamente desse processo.
Valor - SP 19/06/2023
A agência de classificação de risco elevou a perspectiva da siderúrgica europeia de neutro para positiva e reiterou a nota de crédito em “BBB-”
O lucro da ArcelorMittal parece estar a caminho de melhorar, diz a S&P Global Ratings, elevando a perspectiva da siderúrgica europeia de neutro para positiva e reiterando a nota de crédito em “BBB-”.
A companhia deve apresentar números resilientes neste ano, apesar das preocupações em torno da recessão global, e a S&P estima que a empresa vai ter ganhos de Ebitda nos próximos anos por conta dos gastos de capital.
“No segundo trimestre de 2023, melhores margens de aço e reestocagem deve acelerar os resultados, mas os temores de recessão podem pressionar os números pelo resto do ano com inflação e juros em patamares historicamente altos”, afirmam.
“Antecipamos uma melhora nas condições com recuperação das economias a partir de 2024”, destaca a agência de classificação de riscos.
Agência Brasil - DF 19/06/2023
A atividade econômica brasileira teve uma elevação em abril deste ano, segundo informações divulgadas nesta sexta-feira (16) pelo Banco Central (BC). O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) apresentou crescimento de 0,56% em abril em relação ao mês anterior, de acordo com dados dessazonalizados (ajustados para o período).
Em abril, o IBC-Br atingiu 148,33 pontos. Na comparação com o mesmo mês de 2022, houve crescimento de 3,31% (sem ajuste para o período, já que a comparação é entre meses iguais). No acumulado em 12 meses, o indicador também ficou positivo em 3,43%.
A alta em abril ocorre após a retração registrada em março, antecedida por uma estabilidade em janeiro e crescimento em fevereiro.
O IBC-Br é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica do país e ajuda o BC a tomar decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic, definida atualmente em 13,75% ao ano. O índice incorpora informações sobre o nível de atividade de setores da economia – indústria, comércio e serviços e agropecuária –, além do volume de impostos.
A Selic está em 13,75% desde agosto do ano passado e é o maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava nesse patamar. Ela é o principal instrumento usada pelo BC para alcançar a meta de inflação, porque a taxa causa reflexos nos preços, já que juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, evitando a demanda aquecida.
Em março de 2021, o BC iniciou um ciclo de aperto monetário, em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Entretanto, o nível da Selic vem sedo criticada pelo governo federal, que cobra uma redução para impulsionar o crescimento da economia.
Na próxima semana, nos dias 20 e 21, o Comitê de Política Monetária do BC faz a quarta reunião do ano para definir a taxa básica de juros.
PIB
O indicador oficial da economia brasileira é o Produto Interno Bruto (PIB), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com resultado trimestral, o PIB do primeiro trimestre de 2023 será divulgado em 1º de junho. O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país.
Em 2022, o PIB do Brasil cresceu 2,9%, totalizando R$ 9,9 trilhões.
O Estado de S.Paulo - SP 19/06/2023
O banco UBS acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantenha a taxa básica de juros do Brasil, a Selic, em 13,75% na reunião da quarta-feira, 21, quando o grupo se reunirá para avaliar o cenário atual da economia brasileira.
“O início do ciclo de flexibilização ainda depende de novas reduções nas expectativas de inflação”, disseram os analistas, afirmando que o Boletim Focus, idealizado pelo Banco Central, tem apontado para a diminuição da expectativa de inflação em 2023.
No entanto, os especialistas afirmam que ela só chegará a um patamar menor realmente em 2024. “A nosso ver, adicionais reduções para a expectativa de 2024 serão impulsionadas pela inflação continuando a surpreender para baixo nos próximos três meses, pela aprovação do novo arcabouço fiscal no Congresso, e pela confirmação da meta de inflação de médio prazo do Copom em 3%.”
Para a instituição bancária, o ciclo de alta de juros só deve chegar em setembro, quando acontecerá, segundo o UBS, o primeiro corte de 0,5 ponto porcentual da Selic acontecendo em setembro. “Esperamos que a Selic encerre este ano em 12,25% e atinja 9% até setembro de 2024", diz o relatório.
Os especialistas afirmam, no entanto, que caso a expectativa de inflação se reduza mais rapidamente, os analistas dizem que um corte em agosto se torna mais provável.
CNN Brasil - SP 19/06/2023
Na próxima terça-feira (20), começa a reunião Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), com a decisão publicada na quarta-feira (21). A expectativa de analistas é de que a autoridade monetária mantenha a taxa de juros em 13,75% ao ano.
Segundo economistas ouvidos pela CNN, todos os fatores econômicos que estão acontecendo no Brasil são positivos para a autoridade monetária. Porém, o cenário internacional preocupa.
Segundo Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, o contexto externo de altas de juros em países com uma economia forte, como Estados Unidos e União Europeia, não irá possibilitar um movimento de corte muito rápido aqui no Brasil.
“A gente vai ver um início de movimento, mas talvez não acelerado, como seria em outros momentos, devido essa questão do diferencial de juros que mexe no fluxo internacional de investimentos”, diz.
“Se você tem um juros subindo nos Estados Unidos e caindo no Brasil ou em outras economias emergentes, você desincentiva a deixar o dinheiro aqui e incentiva a estar lá”, explica Cruz.
O economista diz que, assim como o Brasil, outras economias da America Latina que começaram o aumento de juros mais cedo estão se preparando para começar a cortar juros.
Cenário diferente do Japão, que manteve a política monetária ultrafrouxa nesta sexta-feira (16), apesar da inflação mais forte do que o esperado, sinalizando que continuará sendo uma exceção entre os bancos centrais globais e que se concentrará no apoio à recuperação econômica.
Como esperado, o banco central japonês manteve sua meta de taxa de juros de curto prazo de -0,1% e um limite de 0% no rendimento dos títulos de 10 anos, definido sob sua política de controle da curva de rendimento.
A decisão contrasta com a do Banco Central Europeu, que elevou os custos dos empréstimos para o maior nível em 22 anos na quinta-feira (15) e sinalizou a probabilidade de novos aumentos. A taxa subiu 0,25 ponto percentual, a 3,5%.
Também nesta semana, o Federal Reserve sinalizou na quarta-feira (14) que ainda não encerrou sua luta contra a inflação nos Estados Unidos. O BofA Global Research espera mais dois aumentos de juros de 0,25 ponto percentual pelo Fed neste ano, enquanto o J.P. Morgan vê mais um aumento em julho, depois que o banco central norte-americano sinalizou que novas altas podem ser necessárias.
Economias interligadas
Gustavo Cruz espera que o país terá esse ciclo de queda começando em breve, e que o movimento deve ser longo.
“Não vai ser pouca coisa que vai ser cortada de juros aqui, justamente para subir bastante em outras economias também. E é importante que as economias avançadas continuem a reduzir sua inflação via política monetária, porque uma parte considerável dos itens hoje, de posse de qualquer inflação do mundo, são globalizados.”
Ele explica que, como se viu no ano passado — quando houve um choque na Ucrânia — a inflação do mundo inteiro é impactada via preços de alimentos e via combustíveis.
“Quando a China fecha seus portos, bate no mundo inteiro com insumos mais caros. Não porque não estão chegando com frete mais caro, mas sim porque ele não estão saindo da China. Então, é importante, sim, que essas economias sejam bem sucedidas em levar a inflação para baixo.”
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos Expectativa no Brasil
Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú, diz que o Copom volta a se reunir e deve manter a taxa Selic estável em 13,75% ao ano a fim de assegurar a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante de política monetária.
“Estimamos que as projeções de inflação do comitê no cenário de referência (que inclui taxa de câmbio seguindo a paridade do poder de compra e taxa de juros de acordo com a pesquisa Focus) devem recuar de 5,8% para 5,1% em 2023 e de 3,6% para 3,5% em 2024. Para o próximo ano, a melhora se dá com recuo da inércia e expectativas de inflação, enquanto uma revisão de PIB/hiato deve atuar na direção contrária.”
Para ele, o comitê deve manter a taxa Selic estável na reunião de junho, ajustando a comunicação, mas sem sinalizar ainda que um corte de juros é iminente.
“Acreditamos que a eventual flexibilização da política monetária deveria ocorrer de forma gradual. Por um lado, a queda da inflação corrente tem sido importante. Mesmo que concentrada em itens voláteis e bens industriais, a desinflação tende a ser repassada para itens mais indexados, pela inércia menor. Esses fatores devem permitir o início de um ciclo de cortes em setembro”, avalia Mesquita.
O economista-chefe da Neo Investimentos, Luciano Sobral, acredita que o ciclo de cortes começará em setembro, com a Selic caindo 0,50 ponto percentual. Para o especialista, os índices de inflação (IPCA e IGPs) e o início das quedas nas expectativas do mercado dão esse sinal para o BC.
“O que contribui para essa percepção é nos índices de inflação, sobretudo as quedas recentes nos preços de commodities agrícolas e petróleo. Quanto às expectativas, a impressão de que as metas de inflação não serão significativamente alteradas pelo CMN na reunião de junho.”
Sobral pontua que a inflação de demanda já está impactando nesse cenário de possíveis cortes de juros. “Os preços de serviços estão desacelerando lentamente; se estivessem mais perto da meta de inflação, provavelmente os juros já estariam caindo.”
Na visão de Pedro Oliveira, tesoureiro do Paraná Banco Investimentos, o corte na taxa Selic deverá ser anunciado pelo colegiado para a reunião seguinte, em agosto.
“O maior motivo para o Banco Central manter a Selic em 13,75% até o momento é a preocupação com as expectativas de inflação no longo prazo, os núcleos de inflação elevados e a incerteza fiscal. Desde a última reunião do Copom, em 3 de maio, todas essas variáveis mudaram para melhor, principalmente a incerteza fiscal, após a aprovação do novo arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados”.
Oliveira explica ainda que a inflação projetada na curva de juros para os próximos dois anos, chamada inflação implícita, era de 6% no início de maio e recuou para 4,95% nas negociações mais recentes.
“A inflação projetada pelo Boletim Focus para 2025 e 2026, recuou abaixo de 4% na última divulgação e deve continuar esse movimento de queda, convergindo para algo em torno de 3,5% até a reunião de agosto, criando um cenário favorável para o Banco Central cortar os juros.”
CNN Brasil - SP 19/06/2023
Recuos nos preços de grandes commodities garantiram a manutenção da deflação no atacado dentro do Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) de junho, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV).
O IGP-10 passou de uma queda de 1,53% em maio para um recuo de 2,20% em junho. O índice acumula redução de 6,31% em 12 meses, queda mais acentuada da série histórica.
Em junho de 2022, o IGP-10 foi de 0,74%, acumulando elevação de 10,40% em 12 meses.
“A inflação medida pelo IGP-10 registra novo recuo e a taxa interanual acumula queda de 6,31%, a menor da série histórica do indicador. Os preços de commodities de grande importância seguem em queda e puxam para baixo o resultado do índice, com destaque para: óleo Diesel (de -5,63% para -15,80%), milho (de -12,48% para -15,63%) e bovinos (de -1,05% para -6,17%)”, afirmou André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), em nota oficial.
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-10) passou de queda de 2,25% em maio para uma redução de 3,14% em junho.
Na análise por estágios de processamento, os preços dos Bens Finais arrefeceram de alta de 0,29% em maio para queda de 1,01% em junho, tendo como principal contribuição o subgrupo combustíveis para o consumo, cuja taxa passou de 0,42% para -9,73%.
O grupo Bens Intermediários caiu de -1,08% em maio para -3,36% em junho, puxado pelo subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, cuja taxa passou de -3,93% para -12,77%.
O grupo Matérias-Primas Brutas passou de -5,88% em maio para -5% em junho.
As principais contribuições para a taxa menos negativa do grupo partiram dos itens: soja em grão (de -10,41% para -5,16%), minério de ferro (de -11,50% para -8,04%) e algodão em caroço (de -9,48% para -4,16%).
As taxas foram mais baixas nos itens: bovinos (de -1,05% para -6,17%), leite in natura (de 3,87% para 0,34%) e café em grão (de -0,07% para -5,57%).
CNN Brasil - SP 19/06/2023
Os contratos futuros de minério de ferro fecharam a semana com ganhos pela terceira semana consecutiva, beneficiando-se de fortes expectativas de mais estímulos a serem implementados para ajudar a economia combalida pós-Covid-19 na China, principal consumidora de aço.
Os preços futuros da commodity ficaram praticamente estáveis nesta sexta-feira (16), em meio a sinais mistos do mercado.
O minério de ferro mais negociado em setembro na Dalian Commodity Exchange (DCE) encerrou as negociações diurnas com alta de 0,12%, a 815 iuanes (US$ 114,48) a tonelada, registrando um ganho semanal de 2,4%.
O minério de ferro de referência em julho na Bolsa de Singapura subia 0,2%, a US$ 113,6 a tonelada, o maior nível desde 12 de abril. Na semana, registra ganho de 4,3%.
Um aumento nos estoques de minério de ferro nas usinas e nos portos pesou nos preços de Dalian e Cingapura no início da sessão, mas depois eles recuperaram o terreno perdido, apoiados por uma demanda relativamente estável.
O estoque portuário em 45 portos pesquisados pela consultoria Mysteel subiu cerca de 2%, para 128,5 milhões de toneladas esta semana até agora, enquanto o estoque das usinas aumentou 0,16% na semana, para 84,84 milhões de toneladas, após cair por seis semanas consecutivas.
As usinas siderúrgicas ainda precisam repor minério de ferro para sustentar a produção no curto prazo devido às melhores margens e ao baixo estoque do insumo nas usinas, disseram analistas da Huatai Futures em nota.
Money Times - SP 19/06/2023
As ações da Vale (VALE3) já acumulam uma desvalorização de 21,6% no ano, superando até as perdas da CSN (CSNA3), de 7,76%, e abaixo do desempenho positivo de 9,55% da CSN Mineração (CMIN3).
O minério de ferro tem sido o principal vilão da história. Após o rali iniciado no fim do ano passado por especulações envolvendo a retomada da atividade econômica da China, os preços da commodity chegaram a superar os US$ 130/tonelada.
Porém, o mercado começou a corrigir para baixo nos últimos meses os preços negociados pela matéria-prima siderúrgica, após dados econômicos indicarem que a retomada da segunda maior potência do mundo se daria em ritmo mais lento do que o esperado.
O balde de água fria nas expectativas dos mercados teve impacto direto nas ações expostas à economia chinesa, com Vale saindo dos R$ 80 para ser atualmente negociada no patamar dos R$ 60.
Exposição à China
Mas por que a Vale, considerada uma tese consolidada do setor, cai mais do que outras ações que dependem do minério de ferro?
O que tem pressionado as ações da mineradora é a sua exposição ao “fator China”, explica André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital. Ele destaca que, como a Vale tem grande parte de sua receita proveniente da China, a companhia acaba sofrendo com a retomada mais lenta do país.
Isso explica também por que ações como CSN e CSN Mineração não caíram tanto quanto a Vale em 2023.
“Essas empresas não têm uma correlação tão alta com a China como a Vale, e isso justifica o porque de terem sofrido menos ao longo do tempo”, afirma Fernandes.
Heitor De Nicola, especialista em renda variável e sócio da Acqua Vero, ligado ao BTG Pactual, também destaca que a CSN tem outros mercados que a Vale não atinge, o que contribui para um desempenho “mais positivo” das ações.
No caso da Usiminas (USIM5), que acumula valorização de pouco mais de 3% em 2023, além da menor exposição ao mercado chinês, a companhia sinalizou melhorias operacionais em seus últimos resultados, referentes ao primeiro trimestre, o que ajudou a melhorar o sentimento do mercado em relação a ela.
O especialista da Acqua Vero lembra que a Usiminas já vinha de um cenário complicado, marcado por problemas operacionais e de alocação de capital. Além disso, o desempenho das ações ocorre mais pela melhora local do que pela recuperação do setor de mineração e siderurgia.
“Com a melhora local, as ações, que também estavam bastante descontadas, acompanharam o boom do mercado”, destaca.
Vale investir em VALE3?
Heitor De Nicola avalia que todo o cenário chinês atual (recuperação mais lenta, demanda fraca, menores investimentos em infraestrutura) está precificado nas ações da Vale.
“Fato é que as ações estão descontadas, porque todo esse cenário está precificado, dentro do preço de VALE3”, diz.
O sócio da Acqua Vero sinaliza melhora no quadro econômico da China, o que pode impulsionar tanto o segmento de mineração quanto o de siderurgia. Porém, vê potencial para novas quedas devido a eventuais ruídos econômicos chineses e domésticos.
O sócio da A7 Capital lembra que, para reduzir a dependência do minério de ferro, a Vale tem buscado diversificar sua linha de receitas desde 2021.
“A mineradora está alinhada com o caminho que o mundo está seguindo hoje, de transição energética e demanda por matérias primas mais sustentáveis. Nessa linha, a Vale é uma das grandes mineradoras de níquel e cobre, dois minérios essenciais para baterias de carros elétricos”, reforça Fernandes.
Para analistas, há motivos para seguir otimista com a Vale. O Bradesco BBI tem recomendação de compra para os papéis da mineradora, bem como o BTG e a Genial Investimentos.
Segundo a Genial, o momento atual se configura como uma “boa oportunidade a entrada no papel a um valuation barato”, mesmo com todas as dificuldades atuais.
Analistas da corretora destacaram a qualidade do ativo, conhecido pela boa geração de caixa, o que leva a bons pagamentos de dividendos.
Enquanto isso, o Goldman Sachs alerta que o mercado entrando em ponto de inflexão, para uma fase de sobreoferta no segundo semestre deste ano.
O banco avalia que o risco de downside (queda) prevalece. Em relatório publicado no início do mês, a instituição reforça que tanto a produção quanto a demanda por aço do país caíram. E, por mais que exista expectativa de novos estímulos para o setor imobiliário, a medida do governo chinês deve aliviar a queda, e não servir de gatilho para uma retomada significativa no curto prazo.
Valor - SP 19/06/2023
Segundo Guillaume Légaré, Head da Toronto Stock Exchange & TSX Venture Exchange na América Latina, foco é buscar principalmente as chamadas “junior companies” e empresas de médio porte
Pelo potencial que tem, a indústria de mineração no Brasil, que é a maior da América Latina, ainda é pouco representada no mercado de capitais. Apenas quatro empresas — Aura Minerals, CBA, CSN Mineração e Vale estão listadas na B3. Pode se considerar ainda Usiminas e Gerdau, que produzem minério de ferro (em uma escala menor), todavia a atividade principal de cada uma dessas empresas é a fabricação de aço.
É muito pouco para a dimensão do setor mineral no Brasil e pelo potencial que tem o país nessa área, avalia Guillaume Légaré, Head da Toronto Stock Exchange & TSX Venture Exchange na América Latina, em conversa com o Valor.
O trabalho de Légaré, que está baseado em São Paulo, é atrair empresas de mineração do país, e também de fora com projetos aqui, para se listarem na Toronto Stock Exchange (TSX) e na Toronto Stock Exchange Venture (TSXV), ambas baseadas na cidade de Toronto, Canadá.
O foco é buscar principalmente as chamadas “junior companies”, mineradoras de pequeno porte, além de empresas pequenas e de médio porte, mas que tenham uma gestão bem estruturada, informa o executivo.
A TSX é a bolsa de acesso das empresas com boa equipe de gestão e qualidade do ativo e comprovação de reservas minerais, explica Légaré. “O Brasil se tornou ainda mais um país atrativo para os minerais da transição energética”, afirma o executivo canadense. “Queremos atrair essas mineradoras”, acrescenta.
A participação inexpressiva do setor mineral brasileiro no mercado de capitais, especialmente na bolsa paulista, a B3, onde poderia levantar recursos para desenvolver e alavancar diversos projetos, vem sendo também objeto de questionamento de Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração, o Ibram. O ex-ministro tem como uma de suas bandeiras na entidade quebrar essa barreira.
Um dos últimos exemplos de empresa com operação no Brasil que foi à Bolsa de Toronto é a canadense Bravo Mining, em meados de 2022. A Bravo tem um projeto de exploração do grupo da platina, além de níquel e ouro no Pará, em fase preliminar de implantação. Localizadas na região de Carajás, as áreas foram adquiridas anos atrás da Vale.
Ao todo, com operações na exploração de diversos minerais no Brasil, em abril havia 40 mineradoras listadas nas duas bolsas. Desse número, 24 estavam na TSX; outras 16 companhias faziam parte da TSXV.
Entre essas companhias abertas estão a Aura Minerals, que produz ouro no Brasil e que se listou também na B3 logo após abri o capital em Toronto, na TSX. Outra empresa é Largo, que extrai e processa vanádio na Bahia.
Na TSXV destaca-se a canadense Sigma Lithiun, de Vancouver, cujo único, e já bilionário projeto, de produção de lítio grau bateria está montado no Vale do Jequitinhonha, no norte de Minas Gerais. A empresa tem o fundo A10 Investimentos como maior acionista, com 46% do capital, além de fundos de investimentos e investidores institucionais.
Comandada pela brasileira Ana Cristina Cabral, a Sigma chegou à bolsa de Toronto em 2018, levantando US$ 20 milhões. Já com as obras avançadas, em 2021 a empresa se listou também na bolsa americana Nasdaq. Em abril deste ano a empresa iniciou a produção de lítio grau bateria e neste mês está prevista o primeiro embarque do produto para a Ásia.
Atualmente, a Sigma tem valor de mercado na casa de US$ 4 bilhões, com base no valor da ação negociada na Nasdaq. Na cotação da TSXV, o valor é de 5,8 bilhões de dólares canadenses.
As 40 mineradoras operam 94 propriedades no país. Mesmo com o potencial que dispõe, o Brasil não é líder na região — à frente estão México (127 empresas), Peru (60), Argentina (52) e Chile (43), de um total de 316 mineradoras listadas na TSX e TSXV com operações na America Latina ao final do ano passado.
Companhias com projetos de mineração no Brasil levantaram, no ano passado, US$ 420 milhões em capital na TSX e na TSXV
Conforme o MiG Report, da bolsa canadense, no último ano, até maio, 97 companhias globais se listaram na TSX (57) e na TSXV (40), levantando US$ 5,3 bilhões. Desse número, 14 empresas são do setor de mineração.
O Estado de S.Paulo - SP 19/06/2023
Diante da pressão para o governo ampliar o programa de créditos ao setor automotivo, reforçada na quinta-feira, 15, durante reunião interministerial, técnicos da equipe econômica já começam a defender uma saída menos nociva do ponto de vista fiscal para atender aos apelos do Planalto.
Além de avaliarem que ainda é cedo para estender a medida, lançada há menos de duas semanas, entendem que uma alternativa viável seria fazer um remanejamento de recursos no próprio programa, capaz de atender a demanda mais alta por desconto nos carros. Outra opção seria buscar outras áreas para reoneração de tributos.
Originalmente, o programa havia sido desenhado apenas para os automóveis de passeio, que levariam à totalidade de R$ 1,5 bilhão em créditos tributários para o setor. Nos últimos dias antes do anúncio, porém, houve uma guinada para o transporte de cargas e de passageiros, com vistas a impulsionar a atividade.
Em seu formato final, a medida destinou R$ 700 milhões para caminhões, R$ 300 milhões para ônibus e R$ 500 milhões em compensações de impostos para os carros.
Como mostrou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) na quarta-feira, as nove montadoras de automóveis que aderiram ao programa já solicitaram R$ 150 milhões em créditos, ou 30% do previsto para os carros. Em caminhões, porém, a demanda até agora foi de R$ 100 milhões, ou apenas 14,28%.
Na reunião ministerial no Palácio do Planalto, na quinta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva — que cobrava resultados concretos das Pastas — elogiou o programa automotivo e pediu a prorrogação da medida. Após o encontro, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, minimizou a ordem do presidente e a chamou de “brincadeira”.
O vice-presidente e o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, foi quem ressaltou o “sucesso” da política emergencial durante a reunião. Um dia antes, ele havia desconversado sobre a possibilidade de o governo ampliar o programa, mas não fechou a porta em definitivo para a questão. “Cada coisa a seu tempo”, respondeu aos jornalistas.
Nos bastidores, seu entusiasmo com a medida é muito comentado entre o time econômico. O Estadão/Broadcast questionou a pasta sobre um eventual remanejamento de créditos para atender a maior demanda por desconto para carros. O ministério respondeu não haver “nenhuma orientação” nesse sentido. Já a Fazenda afirmou que não iria se manifestar.
No dia do anúncio das medidas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que sempre teve um pé atrás com o programa automotivo, foi categórico ao rechaçar qualquer possibilidade de aumento do teto de créditos.
“Quando atingir R$ 1,5 bilhão, o programa será encerrado. Além disso, se o teto for atingido, significa que a indústria vendeu muito”, afirmou na ocasião. Nesta semana, antes da reunião ministerial, Haddad já tinha afirmado que não haveria prorrogação dos créditos.
O setor automotivo tem grande impacto no resultado do Produto Interno Bruto (PIB), e o presidente Lula, como ele mesmo diz, tem “obsessão” por crescimento econômico. Não apenas porque acredita que uma expansão da atividade ajudaria os mais pobres, mas também porque deixaria clara uma diferença com o governo anterior, de Jair Bolsonaro.
Técnicos da Fazenda engrossam o coro de Haddad e avaliam que abrir novos créditos para o programa seria um sinal ruim para as contas públicas e lembram que o desenho atual está coberto no limite pela reoneração do diesel a partir de setembro. Ou seja, para dar mais créditos à indústria, seria necessário aumentar mais impostos, seja no combustível ou em outros setores.
Pragmáticos, mesmo não sendo favoráveis ao aumento do programa, avaliam ser possível reonerar produtos ou serviços de alguma outra área para haver compensações de receitas. “A vida real é assim”, comentou um deles.
“As fábricas de carros não usaram nem metade dos créditos ainda, os caminhões nem 15%. Tem margem de manobra dentro do programa e não há pressa”, minimizou outro membro da equipe. Ainda assim, reconhecem que terão de encontrar uma solução caso Lula realmente decida pela prorrogação.
O primeiro balanço sobre a demanda pelo programa reforçou a avaliação, já feita no setor automotivo, de que os créditos irão acabar em cerca de um mês para a parcela destinada a descontos nos carros. Nesta semana, o secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, Uallace Moreira Lima, elogiou o desenho do programa e observou ser possível que a medida não dure “nem um mês”.
O sucesso do programa já era esperado, até mesmo porque a medida não é uma novidade em governos petistas. No auge da crise financeira internacional de 2008/2009, em busca de um impulso adicional à atividade econômica, o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou desoneração total do IPI de “carros populares 1.0", de até 1.000 cilindradas. A medida durou até 2010 e foi retomada em maio de 2012. Em ambos os casos, também houve redução das demais alíquotas para automóveis de até 2.000 cilindradas e utilitários.
O relançamento da isenção — cujo desenho previa uma desoneração tradicional, e não tinha um teto para créditos tributários — duraria apenas quatro meses, a um custo de R$ 2,1 bilhões. No entanto, o governo de Dilma Rousseff seguiu renovando os descontos por inúmeras vezes. As alíquotas cheias só retornaram em janeiro de 2015, mais de dois anos e meio após a retomada da medida.
O Estado de S.Paulo - SP 19/06/2023
O programa de estimulo às vendas de carros já consumiu mais de 60% dos recursos ofertados pelo governo federal em créditos tributários, pouco menos de duas semanas após o seu lançamento oficial. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), desde 5 de junho até sábado, 17, foram consumidos R$ 300 milhões dos R$ 500 milhões destinados ao programa de crédito tributário para estimular a indústria automotiva. Se o ritmo for mantido, os recursos devem acabar nesta semana.
Uma equipe do MDIC está de plantão em Brasília para monitorar o volume de vendas neste domingo, já que aos fins de semana os negócios nas concessionárias costumam ter maior volume. Um balanço deve ser divulgado na segunda-feira, 19. Estima-se que 60 mil unidades já foram vendidas. Os dados foram publicados pela CNN Brasil e confirmados pelo Estadão.
No lançamento do programa, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, no entanto, calculou um volume de vendas extras de cerca de 100 mil a 110 mil veículos em razão dos incentivos.
Nove montadoras de carros aderem ao programa
Ao todo, nove montadoras de carros aderiram ao programa, que permite a compra de carros com novos descontos de R$ 2.000 a R$ 8.000. Os critérios para os descontos obedecem a três regras: maior eficiência energética, maior densidade industrial e menor preço.
Entre as fabricantes de carros de passeio, aderiram ao programa Renault, Volks, Toyota, Hyundai, Nissan, Honda, GM, Fiat e Peugeot. De acordo com a Pasta, essas montadoras oferecem 233 versões de 31 modelos de veículos para compra com desconto.
Pela medição feita pelo MDIC, só 2 modelos, o Fiat Mobi, em suas três versões, e o Renault Kwid terão o desconto máximo de R$ 8 mil em incentivos fiscais. Os dois compactos são os únicos da lista dos chamados carros de entrada, os mais baratos do mercado.
Valor - SP 19/06/2023
Setor imobiliário vê avanços e inclusão social, mas especialistas alertam sobre riscos de verticalização e de perda de recursos para moradia social
Raquel Rolnik: “Em vez de corrigir as distorções, esse substitutivo piora e intensifica, basicamente”, diz a urbanista — Foto: Marcos Santos/USP Imagens - 06/02/2023
A Câmara Municipal de São Paulo deve aprovar nesta quarta-feira (21), em segunda votação, a revisão do Plano Diretor Estratégico da cidade, em meio a divergências entre urbanistas e construtoras. Especialistas e vereadores da oposição criticam a proposta em tramitação e alertam sobre os riscos de o projeto aumentar a verticalização na capital e reduzir os recursos do fundo municipal voltado para moradias populares e transporte coletivo. Entidades do setor imobiliário, no entanto, defendem a medida e avaliam que trará “inclusão social”. Na primeira votação, a proposta de revisão teve o apoio de 77% dos vereadores.
Nesta segunda-feira (19), os vereadores devem apresentar um novo texto, com mudanças negociadas entre a base do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e a oposição. Apesar da pressão do PT e Psol, essa nova redação deve ter apenas alterações pontuais em relação ao substitutivo do vereador Rodrigo Goulart (PSD), aprovado no fim de maio, em primeira votação, por 42 votos a favor e 12 contrários, dos 55 vereadores.
Presidente da Comissão de Política Urbana da Câmara Municipal e responsável por conduzir as audiências públicas sobre o tema, Rubinho Nunes (União) diz que “a maior parte do substitutivo deve ser mantida”. “Não vai ser uma alteração visceral. Vão ser ajustes pontuais”, afirma.
A proposta é criticada por especialistas por facilitar a verticalização nos miolos de bairro, com o aumento do coeficiente construtivo, e por ampliar a área ao redor dos eixos de transporte para a construção de prédios sem limites de altura, passando de 600m para 1km das estações de metrô e de trem, e de 300m para 450m dos corredores de ônibus.
Segundo um estudo do Insper, feito pelo Arq.Futuro, a revisão do plano diretor poderá dobrar as regiões verticalizadas da capital. As áreas em que não há limite de altura para a construção de prédios, ao redor dos eixos de transporte, poderão aumentar em até 160%.
Essas mudanças [no plano diretor] comprometerão as próximas gestões”
— Bianca Tavolari
Para o mercado imobiliário, isso significa ter mais possibilidade de terrenos e projetos. É uma demanda antiga do setor, que reclama da dificuldade para encontrar áreas viáveis e do preço dos terrenos.
Especialistas e vereadores, no entanto, reclamam da falta de estudos sobre os impactos dessas medidas e temem a dispersão de grandes construções em áreas mais distantes dos eixos de transporte, como no miolo dos bairros. Professora do Insper e pesquisadora do Cebrap, Bianca Tavolari diz que dados da prefeitura não foram usados na construção do substitutivo. “O que está sendo feito não se baseia em evidências”, diz. “Abriram mão de se basear em dados”, afirma Bianca, citando o aumento do potencial construtivo sem a apresentação de estudos.
Outra crítica recai sobre a mudança na outorga onerosa, taxa cobrada para construir acima do limite estabelecido. Em vez de pagar em dinheiro, as empreiteiras poderão fazer obras de mobilidade, drenagem e habitação, com um desconto de 10% do valor. Um dos problemas apontados é como será o controle dessas obras: como serão definidas e como serão controlados o custo, a execução e a qualidade dos serviços.
Uma outra preocupação é sobre o possível esvaziamento do Fundurb (Fundo de Desenvolvimento Urbano), que é usado pela prefeitura para investir em moradia popular, transporte coletivo e conservação ambiental. Como esse fundo recebe os recursos da outorga onerosa, a redução do valor captado poderá afetar os investimentos para a população mais carente. Além do possível esvaziamento, o Fundurb poderá ser usado para recapeamento, reduzindo recursos para habitação popular.
“Essas mudanças comprometerão as próximas gestões”, diz Bianca Tavolari. “Seca a fonte de financiamento de política urbana.”
A oposição, minoritária na Câmara, tenta mudar o substitutivo para barrar as alterações previstas no Fundurb, na outorga onerosa, e a permissão para construir prédios mais altos no miolo dos bairros.
O presidente da Comissão de Política Urbana, no entanto, reforça que serão feitas poucas mudanças e diz que um dos pontos que deve ser alterado, a pedido do Executivo, é o artigo que permite obras no entorno do Mirante de Santana, o que poderia afetar o mais importante instituto meteorológico da cidade.
O atual Plano Diretor é de 2014, da gestão Fernando Haddad (PT). A revisão estava prevista para 2021, mas foi adiada. Um novo plano deve ser feito em 2029. O plano em vigor tem ressalvas e até o relator da proposta de 2014, o urbanista e professor da USP Nabil Bonduki, afirma que é preciso corrigir distorções.
Uma delas é expansão dos microapartamentos de até 30m2 perto do metrô, trem e corredores de ônibus, com metro quadrado que chega a R$ 24 mil e privilegia a alta renda e investidores, afastando a população de baixa renda. Nos eixos de transporte, parte significativa dos empreendimentos classificados como Habitação de Interesse Social, voltados para quem recebe até seis salários mínimos, foi vendido para investidores, que alugam os imóveis por temporada, por exemplo.
Professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, a urbanista Raquel Rolnik reforça que muitas das habitações registradas como de interesse social (HIS) “não têm nada de social”. “Isso se constituiu em um dos grandes produtos de investimento, com vistas a uma rentabilidade de aluguel, aluguel de curta duração, ‘Airbnb’, moradia para estudante. Um produto que caiu muito bem para investidores. É ‘fake’ HIS”, diz. “É muito importante que a revisão corrija essas distorções.”
Para especialistas, em vez de resolver, o substitutivo agravou problemas do plano anterior. E no lugar de uma revisão, os vereadores fizeram um novo plano. “Em vez de corrigir as distorções, esse substitutivo piora e intensifica, basicamente””, diz Raquel Rolnik. Nabil Bonduki critica a possível descapitalização do Fundurb e a ampliação da área de influência dos eixos de transporte. “A ideia de concentrar [a verticalização] no eixo de transporte é ter uma área com prédios altos, um ao lado do outro. Quando expande isso para uma área maior, vai ter mais prédios altos no meio de casas. Isso, sob vários pontos de vista, é muito ruim”, diz. “Vai espalhar a verticalização.”
O relator do texto tem dito que o substitutivo corrige problemas e deve trazer a população de baixa renda para morar perto dos eixos de transporte. Procurado desde terça-feira, Goulart não quis dar entrevista.
O Secovi, sindicato do setor imobiliário, defende a revisão e diz que a proposta “segue a lógica das metrópoles saudáveis que focam a inclusão” social. “(...) amplia o que deu certo na sua concepção e permite maior inclusão de pessoas em áreas dotadas de infraestrutura urbana”.
O Estado de S.Paulo - SP 19/06/2023
O projeto de revisão do Plano Diretor que será votado pelos vereadores na quarta-feira, 21, vai permitir a expansão da área urbana da cidade de São Paulo que poderá receber prédios sem limite de altura e com incentivos municipais atrativos para o mercado imobiliário. Essa fatia do território vai crescer de 5,6% para 14,5%, segundo cálculo inédito do laboratório Arq.Futuro, do Insper, divulgado nesta sexta-feira, 16. O estudo identificou que a nova proposta estende esses benefícios para mais 81,6 km² da capital, majoritariamente de imóveis a até 25 minutos a pé de estações de metrô e trem e de corredores de ônibus.
A mudança está no texto substitutivo apresentado pelo relator, o vereador Rodrigo Goulart (PSD), aprovado em 1ª discussão no fim de maio. Uma nova versão será apresentada na segunda-feira, 19, dois dias antes da votação definitiva, mas, como o Estadão mostrou, os trechos que envolvem a expansão dos chamados “eixos de transporte” serão mantidos. A ampliação dependerá de alterações no zoneamento da cidade, o que será revisto pela Câmara nos próximos meses. Isto é, não entrará em vigor imediatamente se for promulgada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB).
O Plano Diretor é a mais importante lei urbanística municipal, com uma série de regras e incentivos construtivos. Algumas das mudanças que a atual versão propõe são evidentes na cidade, como a concentração da maioria dos apartamentos lançados perto de metrô, trem e corredor de ônibus, em distritos como Brooklin, Butantã e Pinheiros. O atual plano está em vigor desde 2014 e a versão revisada permanecerá ao menos até 2029.
Uma das mudanças propostas para esses locais é que os incentivos municipais para a verticalização alcancem imóveis a até um quilômetro de distância da maioria das estações de trem e metrô. Hoje, esse limite é válido para quadras até 600 metros.
No caso de corredor de ônibus, a abrangência inclui quadras até 300 metros e passará a se estender para lotes até 450 metros. A ampliação não afeta a todas as quadras igualmente, pois alguns zoneamentos da cidade (como em áreas exclusivamente residenciais e de proteção ambiental) vetam a verticalização, mesmo quando perto de transporte.
A nova proposta permitirá que imóveis vizinhos em uma mesma quadra tenham regras distintas. Isto é, um terreno poderá receber prédios mais altos enquanto o vizinho ao lado (por estar a mais de um quilômetro) terá restrição maior. Hoje, como o raio incide sobre toda a quadra, as normas são mais uniformes. Em geral, áreas passíveis de maior verticalização são valorizadas no mercado imobiliário.
Na prática, esses eixos de transporte poderão mais do que dobrar, pois hoje são de 51,5 km² e poderão ganhar mais 81,6 km². Outro motivo para a expansão é um trecho que destrava os incentivos para as quadras vizinhanças a corredores, Metrô e CPTM do entorno da Marginal do Tietê, como as Estações Lapa e Piqueri, da Linha 7-Rubi, e Santana, Carandiru e Portuguesa-Tietê, da Linha 1-Azul.
Originalmente, a ativação dependia de um projeto específico a ser avaliado pelos vereadores. Como a Prefeitura não cumpriu todos os ritos dentro do prazo exigido, esses locais passarão a receber oficialmente os incentivos de eixo (prédio sem limite de gabarito e outros) até o Projeto de Intervenção Urbana (PIU) Arco Tietê ser entregue (o novo prazo será 2024) e aprovado pela Câmara (sem data máxima fixada).
O Plano Diretor prevê esses incentivos para os eixos a fim de aumentar a construção de apartamentos e, consequentemente, a população que mora perto e é usuária frequente de meios de transporte coletivo. Além disso, em geral, são locais com maior oferta de infraestrutura, comércios, emprego e serviços, reduzindo os longos deslocamentos pela cidade. Na prática, contudo, ainda não há estudos suficientes para identificar se a lei conseguiu alcançar o objetivo, ainda mais diante do boom de microapartamentos e volume de empreendimentos de alto padrão em parte desses endereços.
Coordenador do levantamento e professor no Insper, Adriano Borges Costa avalia que a expansão dos eixos territorialmente mantém o objetivo de aproximar a população do transporte. Ele diz que 25 minutos seriam uma distância “caminhável” na maioria dos endereços.
Por outro lado, o pesquisador critica a expansão do raio de influência por lote, e não mais apenas por quadra. Além da questão de uniformidade em uma mesma quadra, avalia que abrirá brecha para uma falta de transparência, pois a ampliação dependerá de aprovação na Câmara Municipal por meio de uma revisão da Lei de Zoneamento ou de um projeto à parte.
“É problemático. Abre espaço para decisões arbitrárias, negociações políticas e pode gerar um mecanismo de negociação individual, com casos de corrupção. É menos possível de controlar”, diz. “Uma pessoa pode comprar um lote na zona mista (fora de eixo) e pleitear o zoneamento como eixo”, exemplifica.
Além disso, não há orientações de como a mudança envolveria remembramentos de terrenos (fusão de um dentro de eixo e outro fora de eixo). “Vincular com a quadra faz mais sentido urbanístico, porque tem características similares”, argumenta.
Coordenador do Arq.Futuro, com passagens pela Câmara como vereador e subsecretário estadual de Desenvolvimento Urbano, José Police Neto argumenta que a expansão mantém o conceito do Plano Diretor (de aproximar a população do transporte). “Não há conflito conceitual. A simulação está comprovando a aderência da revisão ao conceito original.”
Hoje, a maioria dos eixos está a 15 minutos a pé. Com a mudança, 95% estarão a até 25 minutos. “É uma aderência ao sonho parisiense, da lógica da cidade de 15 minutos (de cidade compacta, defendida pela prefeita Anne Hidalgo)”, compara.
Police Neto cita alguns locais que serão majoritariamente formados por eixos, como o distrito da Bela Vista, no qual 72% do território poderá estar na área de influência. “Vai ser a nossa Ilha de Manhattan”, compara. Também destaca que impactará também na periferia, como no entorno do monotrilho da zona leste, atraindo também a população que trabalha em municípios vizinhos, como São Caetano do Sul.
Para a equipe do Arq.Futuro, a ampliação do eixos pode ser um acerto proposto pela revisão do Plano Diretor. Essa posição diverge de parte significativa de pesquisadores da área e de associações de bairro, que se opõem à proposta em manifestações e campanhas. O setor imobiliário tem defendido a expansão e já se manifestou publicamente em defesa da revisão.
Os pesquisadores do Insper são críticos, contudo, a outros pontos do projeto de lei para os eixos, como a ampliação de 80 m² para 120 m² na metragem média máxima dos apartamentos e a criação de unidades residenciais com mais de uma vaga de garagem sem a cobrança de taxa. Isso porque podem incentivar moradias voltadas a um público que possivelmente não utilizará metrô, trem ou ônibus no dia a dia.
Outro ponto criticado é a alteração do “coeficiente de aproveitamento” (limite para a área construida em um terreno) das áreas mais distantes de transporte. Hoje, há a limitação de que as construções nos “miolos” de bairro podem ter até o dobro da metragem do terreno. Com a aprovação do projeto nos moldes atuais, essa ampliação seria de três vezes a área, isto é, um prédio de 300 m² em um lote de 100 m².
Para Adriano, o aumento desse coeficiente pode ser desejável para atrair prédios para as classes mais altas, liberando os terrenos nos eixos para a população que vai usar o transporte público. Ele destaca, contudo, que seria necessário que esse limite também fosse ampliado nos eixos (hoje é de quatro vezes), para mantê-los atraentes para a verticalização.
“O mercado abandonou os miolos. Hoje a conta não fecha. Poderia direcionar o alto padrão para o miolo, que vai continuar se deslocando de carro”, diz. “Mas aumentar no miolo sem aumentar nos eixos é um equívoco.”
Em nota, o relator do Plano Diretor, Rodrigo Goulart, destacou que “ampliação do adensamento nos eixos não é fato consumado com a aprovação da revisão”. Disse que será tratada na Lei de Zoneamento, “caso a caso, lote a lote”.
“O objetivo das mudanças propostas no substitutivo é corrigir distorções do Plano Diretor de 2014, mas, como se trata de uma revisão, manter o principal conceito da lei original, que é o adensamento seguindo os Eixos de Estruturação da Transformação Urbana, ou seja, as áreas ao longo do transporte coletivo”, destacou. “A ideia é incentivar a verticalização, mas de uma forma muito mais justa e qualificada, trazendo pessoas de todos os níveis sociais para morar perto do transporte.”
Ele salientou, ainda, que a Câmara Técnica de Legislação Urbanística (CLTU) vai avaliar “caso a caso a preservação histórica, cultural e de paisagem urbana e excluir dos eixos de verticalização áreas cuja importância seja comprovada”. “Isso sem deixar de lado o controle desse adensamento, pois foram incluídos no texto mecanismos de proteção para que a transformação proposta nos eixos pelo PDE em 2014 não cause uma verdadeira destruição de alguns bairros como se tem observado.”
Nº de andares de edifícios aumentou após lei
Outra pesquisa realizada pelo mesmo grupo neste ano apontou que o Plano Diretor potencializou a construção de prédios mais altos nos eixos de transporte. A média de andares subiu de 11,1 pavimentos, em 2013, para 16,4 pavimentos, em 2021.
Esse mesmo levantamento também já havia apontado que os incentivos municipais atraíram o mercado imobiliário para os entornos de metrô, trem e corredor de ônibus. Os eixos passaram a concentrar 54,1% dos lançamentos voltados ao público em geral de 2019 a 2021, ante 16,7% do período de 2013 e 2015.
Dados têm apontado que a transformação é maior em bairros de classes média e alta, como Brooklin, Butantã e Pinheiros, onde casas, sobrados e outros imóveis mais horizontais e de menor porte estão sendo substituídos por prédios altos. Porém há casos também em outras partes da cidade, como a vizinhança da Linha 15-Prata do Monotrilho, como Vila Prudente e São Lucas, na zona leste.
O conteúdo do substitutivo tem recebido críticas e apoios, além de dividir opiniões entre urbanistas, associações de moradores, setor imobiliário e vereadores. Entre as demais mudanças previstas, estão a ampliação do máximo de área construída permitida nos “miolos” dos bairros (de duas para três vezes a área do terreno), o pagamento da principal taxa pela pelas construtoras em execução de obras públicas e a determinação da implantação e expansão de novos parques – como a ampliação do Burle Marx, na zona sul paulistana, com a anexação de áreas de Mata Atlântica.
Globo Online - RJ 19/06/2023
Símbolo de corrupção quando foi lançada no governo José Sarney, em 1987, a Ferrovia Norte-Sul precisou do setor privado para ser enfim concluída, conectando por trilhos os portos de Itaqui (MA) e Santos (SP). Os novos trechos, operados pelo grupo Rumo, atendem a quatro terminais construídos nos últimos dois anos para permitir o transporte de produtos como soja, milho e açúcar. Ao cortar o país, a ferrovia permitirá escoar com mais eficiência a produção agrícola de Minas Gerais, Goiás e outros estados.
O atraso foi de quase 40 anos, e o custo para o contribuinte chega perto de R$ 45 bilhões em valores corrigidos. Além da corrupção desmascarada desde o início da obra, a Norte-Sul é um exemplo perfeito dos males que acometem os investimentos brasileiros em infraestrutura.
A escolha torta por privilegiar as rodovias transformou o Brasil num país dependente dos caminhões, situação que contrasta com outras nações continentais. Na Rússia, as ferrovias representam 81% da matriz de transportes. Os Estados Unidos têm a maior malha ferroviária do mundo, com quase 300 mil quilômetros, 30 por mil quilômetros quadrados de superfície (só a Índia tem maior densidade ferroviária).
O Brasil, enquanto isso, patina com 30 mil quilômetros, apenas 3,6 por mil quilômetros quadrados de área — um retrocesso em relação aos 38 mil quilômetros que tínhamos em 1960. Ao mesmo tempo, 93% do minério de ferro e 49% dos produtos agrícolas exportados a granel chegam aos portos por trilhos. Qual não seria o impacto na competitividade brasileira de uma malha ferroviária mais robusta?
Tragicamente, os erros no setor se sucederam. Depois da falência de ferrovias nos anos 1950, o governo Juscelino Kubitschek — que sempre preferiu a indústria automotiva — criou uma estatal, a Rede Ferroviária Federal S.A., reunindo empresas em estágio pré-falimentar. A RFFSA padeceu dos males das estatais: virou cabide de empregos e foco de desvios, sem capacidade de investimento, até começar a ser privatizada a partir de 1996. A volta da iniciativa privada ao setor atraiu investimentos de R$ 142 bilhões. De 1997 para 2021, a carga transportada dobrou para 500 milhões de toneladas.
No caso da Norte-Sul, foi preciso esperar diversas tentativas, com licitações e relicitações, até a entrada definitiva do capital privado em 2019. Fora os R$ 2,7 bilhões pagos no leilão pela concessão do último trecho da ferrovia, investimentos de R$ 4 bilhões permitiram enfim concluir a obra. Nas décadas de idas e vindas, quase todos os presidentes da República promoveram inaugurações parciais, mas só na última sexta-feira ela ficou pronta.
A conclusão da Norte-Sul precisa significar a intenção brasileira de dar preferência às ferrovias no transporte de cargas pesadas, principalmente para exportação. Sem a volta da iniciativa privada às estradas de ferro, produtores estariam ainda na dependência de caminhões e de estradas em condições precárias. A concessão da malha ferroviária à iniciativa privada precisa ser um projeto de Estado, não de governos.
CNN Brasil - SP 19/06/2023
O governo federal pretende anunciar oficialmente, no início da próxima semana, um novo sistema de descontos que pode reduzir em até 65% algumas tarifas praticadas para a atracação de navios no porto de Santos (SP) e em até 95% nos portos do Rio de Janeiro.
O cálculo dos descontos será feito de acordo com diferentes critérios, como o tipo de carga transportada, a frequência de uso dos terminais pelas embarcações e o trajeto percorrido (se de longo curso ou de cabotagem).
O objetivo, segundo o Ministério de Portos e Aeroportos, é aumentar a eficiência do sistema portuário como um todo e garantir “modicidade tarifária” aos usuários.
A nova tabela de descontos também serve como um trunfo político do ministro Márcio França (PSB), que se contrapõe ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Os dois estiveram em lados opostos nas últimas eleições.
Em sua passagem pelo Ministério da Infraestrutura, no governo Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio conduziu a primeira privatização do setor no país: a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa).
O contrato que transferiu a gestão dos portos de Vitória e Barra do Riacho (ES) à iniciativa privada foi assinado em 2022. O ex-ministro da Infraestrutura costuma destacar os investimentos em dragagem e na modernização dos portos como principais vantagens da privatização.
Márcio França, por outro lado, chama a atenção para o aumento dos custos. Ele ressalta que, sob gestão privada, a tarifa do Sistema de Informação e Gerenciamento de Tráfego de Embarcações (VTMIS) chegou a subir cerca de 1.000% no Espírito Santo.
Tarcísio é forte defensor da desestatização do porto de Santos, que ele planejou fazer ainda em 2022, mas teve o cronograma atrasado. O leilão ficou para 2023. França, então, paralisou seus preparativos e descartou a continuidade do processo.
Ambos disputam a paternidade do projeto do túnel Santos-Guarujá, uma obra que deveria ser assumida pela futura concessionária do porto e que França prefere executar com recursos públicos.
Sistema de descontos
No porto de Santos, o desconto tarifário pode chegar a 65%. De acordo com a autoridade portuária, a ideia é fidelizar o usuário.
Buscando fomentar a sustentabilidade, as chamadas “embarcações verdes” — que têm pontuação alta no Índice Ambiental dos Navios — pagarão tarifas mais baixas.
Nos portos públicos do Rio — Rio de Janeiro, Itaguaí, Niterói e Angra dos Reis — haverá uma readequação na cobrança das taxas portuárias. O valor, até agora, tem sido calculado conforme o peso que o navio foi projetado para transportar as cargas.
Agora, a cobrança seguindo os critérios de tipo de carga transportada e o tipo de navegação (longo curso ou cabotagem). Os descontos podem alcançar até 95%.
Alfinetada
Em vídeo gravado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), França antecipou a medida. “Ele pediu e nós, em seis meses, estamos fazendo a redução das tarifas dos portos do Rio de Janeiro e de Santos”, afirmou.
“É muito importante para reduzir a inflação, porque os portos que foram privados aumentaram os impostos. E nós, nos portos públicos, vamos diminuir as taxas de embarque e desembarque”.
Lula acrescentou: “É muito importante compreender o papel do Estado. Nós não queremos na verdade que as coisas sejam todas estatais, mas algumas coisas importantes, é preciso que o Estado tenha uma ascendência sobre elas”.
Valor - SP 19/06/2023
Ministro Alexandre Silveira acusou o comando da empresa de negligência e desdém com a política de gás
A Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace) defende que a tensão entre o Ministério de Minas e Energia (MME) e a Petrobras sobre a oferta de gás para a indústria nacional deva ser mediada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil (ANP).
Nesta quinta-feira (15), o ministro Alexandre Silveira acusou o comando da Petrobras de negligência e desdém com a política de gás. O ministro disse ainda que “há distorções inexplicáveis” na atuação da companhia, “inclusive do ponto de vista ético e moral”.
A fala foi uma reação às recentes declarações do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates de que não haveria gás sobrando no país. Hoje, o Brasil reinjeta cerca de 40% do insumo, o que reduz a oferta para o setor industrial.
Na visão do presidente da Abrace, Paulo Pedrosa, o Brasil tem um potencial gigantesco de gás no futuro, mas por assimetria de informações, não é possível saber se realmente há ou não gás disponível e que poderia deixar de ser reinjetado. Segundo ele, a ANP deveria fiscalizar este processo e tomar as devidas decisões.
“Achamos que esta discussão deveria se deslocar para a ANP, que existe — entre outras coisas — para definir se a empresa Petrobras está tendo uma estratégia que diminua o resultado para a União na produção de óleo ou de gás”, diz Pedrosa.
A Abrace sempre defendeu que a melhor política é de investimentos em produção, gasoduto de escoamento, unidade de processamento e disponibilizar o gás no sistema. Ele entende que o Brasil tem potencial de triplicar a oferta de gás no Brasil.
O dirigente também defende abertamente que para garantir que o cenário atual mude é preciso de um ambiente mais concorrencial tendo na ponta inicial mais produtores colocando gás no mercado e na outra ponta muitos consumidores comprando gás livremente. Ele sugere ainda que o governo organize leilões, como os feitos pelo setor elétrico, para venda de contratos de longo prazo do gás.
“O ministério, como formulador de política, tem uma posição diferente da Petrobras, que é um agente de mercado e tem um conjunto de estratégias comerciais. É saudável que este diálogo, apesar de intenso, esteja acontecendo”, diz.
O fato é que o fornecimento de gás natural para aumentar a competitividade da atividade industrial no Brasil tem sido uma bandeira do ministro, principalmente depois do lançamento do programa Gás para Empregar, mas tem encontrado resistência do presidente da estatal, Jean Paul Prates.
Procurada, a ANP disse que não irá comentar.
Petro Notícias - SP 19/06/2023
O Paquistão e o Turquemenistão assinaram um Plano de Implementação Conjunta (JIP) para acelerar o trabalho de construção do Gasoduto TAPI, que cruzará quatro países asiáticos, levando gás do Turcomenistão até a Índia. O Paquistão, que será um dos países beneficiados, sugeriu que o Turcomenistão estabelecesse parte da linha de gás até Herat, no Afeganistão, para garantir a propriedade do regime talibã em Cabul. O governo do Paquistão também convidou o Turcomenistão a explorar a conectividade de gás da fronteira de Chaman até Gwadar e construir terminais de GNL em Gwadar, o que expandiria o fornecimento para a Europa e os mercados globais de GNL.
O projeto de gasoduto TAPI – Turcomenistão-Afeganistão-Paquistão-Índia – visa trazer gás natural do campo de gás Galkynysh no Turcomenistão para o Paquistão através do Afeganistão em um gasoduto gigantesco com 56 polegadas de diâmetro. A fonte de abastecimento da rota proposta é Herat, Kandahar, Chaman, Zhob, DG Khan, Multan e Fazilika tem um comprimento de dutos de 1.849 km. Ele transportará até 33 bilhões de metros cúbicos de gás natural por ano durante um período de 30 anos.
O JIP busca a constituição de um Comitê de Coordenação Sênior para agilizar e supervisionar as atividades do projeto. O primeiro-ministro Shehbaz Sharif expressou confiança de que o projeto do gasoduto daria início a uma era de cooperação regional, desenvolvimento e prosperidade. Para ele, o projeto é da maior importância para o desenvolvimento dos quatro países e da região, ajudando a região a garantir o gás natural com garantias concretas e termos e condições mutuamente acordados.
Valor - SP 19/06/2023
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, vê espaço para o preço do gás cair em até 62% para as indústrias.
A pasta está fase final de elaboração do programa Gás para Empregar, que pretende impulsionar a produção e a estrutura de distribuição do combustível.
Cálculos do ministério, aos quais o jornal "Folha de S.Paulo" teve acesso, mostram que hoje o gás para a indústria é comercializado em contratos que vão de US$ 13,34/MMBtu (milhão de BTUs)a US$ 18,44/MMBtu.
Silveira defende que há espaço para aumentar a oferta no mercado, permitindo, assim, a queda no preço. Para isso, precisaria haver uma mudança na estratégia de produção.
Hoje, parte do gás extraído é reinjetado nos poços, o que favorece a produção de petróleo. Ao reduzir em parte essa inserção e, assim, aumentar a oferta, as contas do ministério apostam que o preço pode chegar a US$ 7/MMBtu ou a US$ 8/MMBtu. A redução no preço, portanto, variaria de 40% a 62%.
Às vésperas do aumento dos impostos federais, a Petrobras anunciou, nesta quinta-feira (15), corte de R$ 0,13 por litro no preço de venda da gasolina em suas refinarias. O produto já vinha sendo pressionado pela mudança do modelo de cobrança do ICMS.
Segundo a estatal, a partir desta sexta (16), o litro da gasolina em suas refinarias custará, em média, R$ 2,66. É o menor valor desde fevereiro de 2021, em números corrigidos pela inflação, e R$ 1,50 abaixo do recorde de R$ 4,16 atingido em junho de 2022.
CNN Brasil - SP 19/06/2023
Os contratos futuros de petróleo registraram ganhos, nesta sexta-feira (16). A commodity chegou a cair, mas o quadro melhorou após o dado de sentimento do consumidor dos Estados Unidos trazer número melhor que o previsto, com as expectativas de inflação diminuindo na preliminar de junho. Além disso, potenciais mudanças no próprio mercado estiveram em foco.
O contrato WTI para agosto fechou em alta de 1,58% (US$ 1,12), em US$ 71,93 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para o mesmo mês subiu 1,24% (US$ 0,94), a US$ 76,61 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). Na comparação semanal, o WTI subiu 2,51% e o Brent, 2,43%.
O óleo chegou a cair no início do dia, após ganhos em alguns pregões anteriores nesta semana. O quadro melhorou depois da publicação de um dado nos EUA.
O índice de sentimento do consumidor elaborado pela Universidade de Michigan subiu a 69,3 na preliminar de junho, ante previsão de 60,0 dos analistas ouvidos pela FactSet. Além disso, as expectativas de inflação caíram, para 1 e 5 anos.
O Jefferies comentou que a leitura sobre expectativas de inflação foi bem-vinda, mas também disse que o indicador não deve mudar a chance de alta de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) no próximo mês.
Na avaliação da Oanda, o petróleo é apoiado por um aumento no prêmio do mercado de diesel na Europa, mesmo que a China tenha reduzido sua cota de importações da commodity. Ela ainda menciona que o Irã conseguia avançar em suas exportações, atingindo os maiores níveis desde o início das sanções contra o país, em 2018.
Sobre as sanções americanas, a Eurasia avalia, em relatório, que um acordo entre EUA e Irã segue difícil. Para a consultoria, o retorno do pacto no modelo original teria chance de apenas 5% de se concretizar, com 15% de chance de um acordo provisório, que poderia dar algum alívio real nas sanções.
Com isso, parece mais distante uma grande reviravolta que permitiria a Teerã vender muito mais petróleo no mercado.
Já a Capital Economics observa o quadro para a próxima semana. Entre indicadores, a consultoria notava que leituras do índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) devem estar como foco.
A Capital acredita que os números para EUA, zona do euro e Reino Unido devem mostrar crescimento “ainda contido, potencialmente pesando nos preços do petróleo”.
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