IstoÉ Online - SP 19/05/2023
O Instituto Aço Brasil informou que a produção nacional de aço bruto em abril deste ano somou 2,8 milhões de toneladas, uma queda de 5,9% ante o mesmo intervalo do ano anterior. Em igual período, as vendas internas atingiram 1,5 milhão de toneladas em abril de 2023, valor 11,6% menor na comparação anual.
A produção de semiacabados em abril foi de 771 mil toneladas, uma redução de 4,7% ante abril do ano anterior. No mesmo intervalo, a produção de laminados ficou em 1,9 milhão de toneladas, valor 5,7% inferior.
As exportações em abril somaram 880 mil de toneladas, o que representa uma queda de 20,2% na comparação com o mesmo mês em 2022. Considerando igual intervalo, os ganhos com as vendas para o mercado externo totalizaram US$ 795 milhões, queda de 11,2% para o setor.
Já as importações em abril foram de 403 mil toneladas, o que representa um forte aumento de 80,8% na comparação com o ano anterior. Os valores utilizados para a importação foram de US$ 474 milhões, aumento de 35,2% no mesmo período.
Acumulado
No intervalo acumulado de janeiro a abril de 2023, a produção brasileira de aço bruto foi de 10,6 milhões de toneladas, queda de 8,8% ante o mesmo intervalo do ano anterior. Já a produção de laminados foi de 7,3 milhões de toneladas, redução de 8,6% em igual período de comparação. O total de semiacabados produzidos nos primeiros quatro meses do ano foi de 3,0 milhões de toneladas, aumento de 2,7% na comparação anual.
Cadastre-se
As vendas internas foram de 6,4 milhões de toneladas de janeiro a abril de 2023, o que representa uma redução de 4,0% quando comparadas com igual período do ano anterior.
O consumo aparente nacional de produtos siderúrgicos foi de 7,7 milhões de toneladas no acumulado até abril de 2023, uma retração de 0,9% frente ao registrado no mesmo período de 2022.
As importações alcançaram 1,4 milhão de toneladas no acumulado até abril de 2023, um aumento de 34,4% ante o mesmo período do ano anterior. Os valores utilizados para a importação foram de US$ 1,8 bilhão, avanço de 16,1% em igual intervalo.
Já as exportações no acumulado atingiram 4,0 milhões de toneladas, redução de 10,5% na comparação com o ano passado. Os ganhos com as vendas para o mercado externo totalizaram US$ 3,4 bilhões, alta de 6,5% no mesmo período de comparação.
Diário do Comércio - MG 19/05/2023
A confiança entre os empresários da indústria do aço voltou a cair no Brasil. O Indicador de Confiança da Indústria do Aço (Icia) recuou 3,7 pontos em maio, na comparação com abril (41,7), e fechou o mês em 38 pontos. É o que revela o Instituto Aço Brasil.
Essa queda aumentou para 12 pontos a distância do indicador da linha que divide a confiança e a falta de confiança no setor (50 pontos). Já a diferença entre o Icia de maio e a série histórica (55,8) passou para 17,8 pontos. Essa distância aponta que a falta de confiança é maior entre as empresas do setor do aço.
O índice considera dois indicadores, de situação atual e de perspectivas do setor para os próximos seis meses. A queda do Icia tem influência de ambos os casos. Vale ressaltar que a baixa dos indicadores sobre a economia brasileira foi mais intensa do que a dos indicadores referentes à empresa do entrevistado.
Recuo dos indicadores
No caso do índice que mede a percepção da situação atual (36,4 pontos), houve uma redução de 2,3 pontos em maio frente ao apurado no mês anterior (38,7). O indicador de situação atual sobre a própria empresa (40,9 pontos) diminuiu 1,5 ponto. Já o indicador de situação atual da economia brasileira recuou 4,1 pontos e atingiu 27,3 pontos, a menor pontuação entre os componentes.
O indicador que mede as expectativas para os próximos seis meses ficou em 38,8 pontos, retração de 4,4 pontos frente a abril (43,2). O componente de expectativas dos empresários sobre seus negócios ficou em 44,4 pontos, queda de 1,1 ponto. Enquanto o de expectativas sobre a economia brasileira registrou o maior recuo entre os demais componentes do Icia (-10,9 pontos), fechando o mês com 27,7 pontos.
Globo Online - RJ 19/05/2023
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira, em São Paulo, que a Fazenda vai revisar as projeções de crescimento do PIB para 1,9% e da inflação medida pelo IPCA para 5,6% neste ano, devido a um resultado positivo do primeiro trimestre. Pelo último Focus, de 5 de maio, a projeção de IPCA para 2023 era de 6,02% e o crescimento do PIB era de 1%.
— Deve crescer perto de 2% neste ano (o PIB) segundo projeções da Secretaria de Política Econômica. A Secretaria está reprojetando o crescimento para 1,9%. O trimestre foi relativamente bom, surpreendeu os economistas e a gente entende que temos condições de fechar o ano com crescimento entre 1,8% e 2% — afirmou o ministro. Apesar disso, ressaltou que a atividade econômica está em desaceleração devido ao alto patamar das taxas de juros.
Em agenda no escritório do Ministério da Fazenda na Avenida Paulista, o ministro afirmou ainda que a aprovação do regime de urgência do novo arcabouço fiscal no Congresso é uma vitória do governo e que, pelas projeções dos técnicos da Fazenda e do Tesouro, em qualquer cenário o crescimento de despesas do governo seria inferior a 50% da alta de receita até 2024.
— O relator (do marco fiscal) deputado (Claudio) Cajado (PP-BA) foi uma pessoa muito habilidosa em construir essa expressiva votação na Câmara e esperamos que até a semana que vem a gente tenha a tranquilidade de dar um suporte técnico para a Câmara — disse Haddad, acrescentando. — O suporte será dado com as contas que precisarem ser feitas em relação às dúvidas de parlamentares sobre a inclusão de despesas no teto de gastos, na questão da diferença entre inflação projetada ou apurada no final do ano... esses pequenos detalhes que foram alterados no relatório.
Texto foi aprovado por 367 a 102. O projeto irá diretamente ao plenário.
O ministro afirmou que, no pior dos cenários, a despesa vai crescer menos de 50% do incremento da receita, mesmo com a regra de transição.
— O modelo introduziu mecanismos de contingenciamento em caso de não cumprimento da regra fiscal. No ano que vem, que é o primeiro ano de vigência desse novo marco,a despesa vai crescer menos de 50% do aumento da receita em todos os cenários projetados tanto pelo Tesouro quanto pela Receita — afirmou Haddad.
O ministro disse, portanto, que o crescimento de despesa de 2,5% incluído no relatório do novo arcabouço não deverá representar um furo na regra.
— O crescimento máximo de 2,5%, supondo uma despesa primária de 20% do PIB, estamos falando de 0,5% do PIB. Isso se o relator não tivesse incluído no teto uma série de despesas que estão excluídas do teto de gastos que está sendo revogado, como a capitalização das empresas estatais — explicou Haddad.
A receita já contratada por meio de medidas já tomadas pelo governo, como a reoneração dos combustíveis, trará um aumento e receita superior a 5%, segundo Haddad. Defendeu, ainda, a regra de transição para o primeiro ano do novo marco.
— Como ele (Cajado) tem a segurança de que a receita contratada vai dar valor superior aos 2,5%, mais que o dobro disso, ele ficou confortável para fazer uma regra de transição para o primeiro ano, como houve no teto de gastos — defendeu.
Haddad admitiu, porém, que há uma dificuldade de cálculo do ganho de receitas.
— No primeiro ano (de vigência do marco), o problema é calcular. A reoneração dos combustíveis feita por este governo não foi captado o incremento de receita no primeiro semestre. Várias medidas não foram captadas pela Receita Federal. Tudo que implica noventena (...) se perdeu captura de receitas contratadas e não efetivadas. Para evitar a confusão no primeiro ano, o relator nos perguntou qual a projeção do crescimento de receita do ano que vem para se certificar de que a despesa não cresceria mais do que 70%, mas em nenhum cenário ela cresce mais do que 50% — disse.
Ao abordar a política de preços da Petrobras, Haddad ressaltou que, pelas projeções da Fazenda, haveria espaço para uma redução maior do preço da gasolina pelas regras do PPI.
— Mesmo levando em consideração o PPI, havia um espaço maior para corte (do preço da gasolina). O presidente da Petrobras deixou claro que não vai desconectar do preço internacional — ressaltou.
Investing - SP 19/05/2023
A China adotará medidas mais direcionadas para expandir a demanda doméstica e estabilizar a demanda externa, em um esforço para promover uma recuperação econômica sustentável, disse nesta quinta-feira o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, de acordo com a rádio estatal do país.
A chave para promover a recuperação sustentada das operações econômicas é aumentar a confiança no desenvolvimento, disse o primeiro-ministro.
A China acelerará o desenvolvimento de novos modelos de negócios para o comércio exterior e encontrará maneiras de estabilizar sua participação no mercado internacional, acrescentou Li.
Infomoney - SP 19/05/2023
Dois dispositivos inseridos pelo relator do novo arcabouço fiscal na Câmara, Cláudio Cajado (PP-BA), vão permitir que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva possa ampliar as despesas em cerca de R$ 80 bilhões adicionais nos próximos dois anos, segundo estimativas do mercado financeiro. Técnicos da Câmara que assessoram o parlamentar admitem a expansão, mas projetam um valor bem menor, ao redor de R$ 42 bilhões.
Na prática, os mecanismos abrem espaço para o governo inflar os gastos nos dois primeiros anos da regra. Ao Estadão/Broadcast, Cajado afirmou que os dispositivos foram incluídos para compensar os efeitos da desoneração dos combustíveis em 2022, no governo Jair Bolsonaro (PL).
No primeiro ano de funcionamento do novo marco fiscal, em 2024, o governo poderá ampliar as despesas primárias no limite máximo permitido pela regra: 2,5% acima da inflação. A previsão não constava do texto original do Ministério da Fazenda e, segundo parlamentares, foi fruto de negociação de Cajado com a equipe econômica.
O acréscimo no relatório de Cajado determina que, no primeiro ano, o crescimento das despesas se dê no topo da permissão de gastos do novo arcabouço fiscal, que tem como um de seus pilares a regra de que as despesas devem crescer entre 0,6% e 2,5% acima da inflação a cada ano.
Segundo cálculos do ex-secretário do Tesouro Nacional e economista da gestora ASA Investments, Jefferson Bittencourt, a medida pode fazer com que o governo ganhe uma folga de R$ 40 bilhões no primeiro ano de vigência da regra fiscal.
Ele ressalta que a despesa deveria crescer no ano que vem pelas projeções perto do piso de 0,6%. “De uma maneira direta, é incluído na regra que a despesa em 2024 não crescerá pelo piso, mas pelo teto. Tem aí 1,9% de crescimento das despesas que já é definido extra-regra”, afirmou.
Inflação
A segunda brecha abre mais R$ 40 bilhões em 2025, prevê Bittencourt, ao permitir que, naquele ano, seja incorporado à base de gastos um crédito suplementar gerado em 2024 a partir da inflação do segundo semestre de 2023 – já que o relator alterou o cálculo da inflação que irá corrigir o limite de gastos.
O novo arcabouço fiscal prevê que as despesas sejam corrigidas em 70% do aumento da arrecadação nos 12 meses encerrados em junho do ano anterior. A variação da inflação de julho a dezembro deverá ser incorporada aos gastos do governo, segundo a regra, por meio de um crédito suplementar.
O texto de Cajado diz que o crédito suplementar do diferencial de inflação não pode ser incorporado ao limite despesas, com exceção de 2025. “O diferencial de inflação que será verificado entre o acumulado de 12 meses até junho deste ano e o final do ano, vai ser incorporado de maneira definitiva a partir de 2025”, explicou Bittencourt.
Isso representará gasto adicional pelo segundo ano seguido, segundo Bittencourt, uma vez que os economistas projetam que a inflação ao fim do ano de 2023 deverá ser superior ao calculado até junho.
“Esses dois pontos jogam para frente o ajuste que o novo desenho do arcabouço que o relatório do deputado Cajado trouxe”, disse. Na sua avaliação, o relatório contém avanços para forçar a gestão fiscal entregar as metas, mas o “enforcement” (incentivo para atingir os objetivos) foi atenuado por esse dois dispositivos.
Pelas contas de técnicos da Câmara, porém, a ampliação de despesas na largada do arcabouço fiscal ocorreria apenas em 2024, com a incorporação dos valores extras na base. A partir daí, seriam apenas correções do valor ampliado.
O governo já está em um nível mais alto de despesas, após ter elevado em R$ 145 bilhões os gastos em 2023 com a PEC da Transição, aprovada no fim do ano passado. Com as duas brechas extras, Lula terá pelo menos três anos de seu mandato com espaço adicional para gastar.
Outras instituições financeiras, como o BTG, incorporaram em seus cálculos despesas adicionais, como o bônus de investimento em 2023, que daria cerca de R$ 23 bilhões – o que significa que as despesas extras na largada poderiam chegar a R$ 65 bilhões em 2024, nas estimativas do banco.
“Adicionalmente, foi mantido o trecho que incorpora ao teto o valor do bônus de investimento de 2023 (R$ 23 bi)”, diz trecho de relatório enviado a clientes nesta quarta-feira, 17.
Compensação
O relator do texto afirma que esses mecanismos foram inseridos para compensar os efeitos da desoneração dos combustíveis no ano passado pelo governo federal, que baixaram a inflação temporariamente e afetaram o cálculo de 2023.
“No governo anterior, houve uma diminuição da receita pela desoneração dos combustíveis. Então, a receita que você está calculando de junho do ano passado a julho deste ano será impactada pela queda da receita. Além disso, houve uma deflação por conta dessa desoneração. Nós calculamos que isso daria os R$ 40 bilhões, que estamos acrescendo para o ano de 2024, na largada”, disse Cajado ao Estadão/Broadcast.
A partida mais alta virou assunto entre parlamentares já nesta quarta-feira, durante a votação do pedido de urgência. Integrantes do mercado financeiro também procuraram o relator e sua assessoria técnica para buscar detalhes sobre os trechos inseridos.
O deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), que chegou a elaborar um projeto paralelo de arcabouço fiscal, afirma que o espaço para discussão técnica diminuiu com a apresentação do relatório, uma vez que várias críticas foram sanadas, como a previsão de gatilhos para a correção de rota. No entanto, ele afirma que a Casa ainda debate reduzir a permissão de crescimento da despesa em 2024.
Até a votação do texto, prevista para a próxima quarta-feira, 24, esses temas deverão ser discutidos. Cajado afirma que recebeu pedidos de diversas bancadas, que incluem desde a previsão de convocação periódica do ministro da Fazenda para dar explicações sobre o cumprimento da meta até questões sobre como incorporar o bônus do Fundeb (Fundo de Educação Básica no limite de gastos).
“Eu vou avaliar cada uma delas, mas eu não posso dizer que eu vou acatar. Vai ser uma decisão coletiva”, disse.
CNN Brasil - SP 19/05/2023
A Intenção de Consumo das Famílias (ICF), indicador calculado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), avançou 2,4% em maio ante abril, descontados os efeitos sazonais, registrando 81,5 pontos, informou nesta quinta-feira (18) a entidade.
Apesar do indicador estar em zona negativa, abaixo dos 100 pontos, a CNC ressaltou que o consumo avançou devido a uma taxa de inflação menor e emprego mais favorável.
Os consumidores apontaram maior intenção de consumo de produtos duráveis, mas a alta tem maior relação com a base de comparação muito baixa, informou a entidade.
A avaliação da renda atual melhorou 2,9%, e o indicador chegou ao maior nível (115,3 pontos) desde maio de 2015. Cerca de 36,5% dos consumidores consideram sua renda melhor do que há um ano, a maior desde março de 2020, início da pandemia de Covid-19.
“Houve crescimento de todos os indicadores nas comparações mensal e anual, especialmente por conta das sucessivas quedas da inflação além do esperado, o que tem deixado os consumidores mais dispostos a consumir”, disse em nota o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Outro ponto ressaltado pelo presidente da CNC é a maior satisfação dos brasileiros com o emprego, o que permite uma dinâmica mais favorável do nível de consumo atual.
A contínua geração de vagas formais pelo setor de serviços, com contratação de pessoas com menor escolaridade, fez o índice alcançar 121,6 pontos, o maior nível desde abril de 2015.
Renda
A evolução da inflação em abril novamente mostrou desaceleração, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 4,18%, em termos anuais.
O dado situa-se dentro do intervalo da meta de inflação do Banco Central, que é de 4,75%, pelo segundo mês consecutivo.
Além disso, a inflação dos produtos de alimentação e bebidas, itens que mais pesam no orçamento das famílias de renda menor, desacelerou, com alta de 1,52% neste ano.
Conforme a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, a maior intenção de compra entre os mais pobres está relacionada com a melhora da avaliação da renda por esse grupo.
Tanto no mês quanto no ano, a percepção de que o dinheiro está comprando mais cresceu em maior intensidade entre os consumidores de rendas média e baixa (3,1% e 31,2%, respectivamente).
“Além disso, o consumidor de baixa renda está mais seguro no emprego, o que tem levado à maior satisfação no trabalho por esse grupo”, explica.
A dinâmica de aceleração da intenção de compra entre os consumidores de menor renda fez os índices das duas faixas de rendimento se aproximarem.
O volume de consumidores com até 10 salários mínimos que consideram a renda atual melhor do que há um ano chegou a 34,6%, maior porcentual em três anos.
“Mas é justamente entre esses consumidores que o endividamento e a inadimplência cresceram mais em um ano até abril”, avalia Izis Ferreira.
Globo Online - RJ 19/05/2023
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterou que o governo pretende mudar o sistema de fixação de meta de inflação na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), em junho. Tradicionalmente, o colegiado define a meta para a inflação de três anos-calendário à frente, um sistema que ajuda reduzir incertezas e melhorar a capacidade de planejamento do governo e dos agentes econômicos.
Para Haddad não faz sentido discutir no CMN uma meta ano a ano, mas uma meta contínua.
- Não faz sentido ficar discutindo no CMN meta de inflação ano a ano, para 2024, 2025 e 2026. Você analisa a economia do país, define um objetivo e não fixa meta para o ano calendário, mas o que alguns chamam de meta contínua. Ou seja, se são 3% , persegue os 3% - afirmou o ministro em entrevista ao programa do empresário Abílio Diniz, na CNN.
A meta de inflação orienta o Banco Central na hora de definir a taxa de juros básica da economia, a Selic.
- Eu penso que há esse aperfeiçoamento para ser feito e talvez a oportunidade seja agora - disse o ministro.
Indagado sobre as críticas doo governo à política de juros do BC, Haddad disse acreditar que a discussão deve ser mais técnica do que política. Lembrou que a taxa de 13,75% foi herdada do governo anterior devido a desarranjos na economia e no orçamento com objetivos eleitoreiros, como a desoneração dos combustíveis.
Ele admitiu que o presidente Roberto Campos Neto atuou de forma correta ao elevar a taxa de juros em 2022, mas que, diante das medidas que o atual governo vem tomando está na hora de a "política monetária reforçar a política fiscal".
O ministro minimizou atos do presidente Luiz Inácio Lula da Sila para desfazer ações do governo passado considerada exitosas, como o marco legal do saneamento básico e a e privatização da Eletobras. Haddad mencionou que o país vive uma democracia e sendo assim, o Congresso derrubou trechos dos decretos de Lula que alteravam a lei do saneamento.
Disse que Lula ficou "escandalizado", com a lei que autorizou a privatização da Eletrobras, alegando que até mesmo que quem defendia a venda da empresa considerou as regras controversas. Caberá ao Judiciário julgar a legalidade do processo, disse o ministro.
Haddad considerou natural as divergências dentro do governo e afirmou que o ministro da Fazenda deve entender que não vai ganhar todas. Mas tem que desenhar um plano de voo para ser apresentado ao presidente e ser seguido.
Ele defendeu o arcabouço fiscal e assegurou que governo vai zerar o déficit em 2024, cortando parte do gasto tributário, que segundo ele, são "favorres a algumas empresas":
- São 6% do PIB (Produto Interno Bruto) de favores que o Estado faz a algumas empresas - mencionou Haddad, acrescentando que o objetivo é cortar 1,5% do PIB em gastos tributários.
- Mesmo crescendo um pouco a despesa para acomodar o salário mínimo, a correção da tabela do Imposto de Renda, vamos conseguir o resultado primário pretendido - disse o ministro, lembrando que a regra proposta prevê uma margem de tolerância para as metas de resultado primario.
O Estado de S.Paulo - SP 19/05/2023
Em episódio relatado nas memórias de Roberto Campos, o general Artur da Costa e Silva, ouvindo o argumento de que os dirigentes do Banco Central (BC) não poderiam ser substituídos ad hoc, pois isso iria “enfraquecer o papel do BC como guardião da moeda”, reagiu com sua frase lapidar: “O guardião da moeda sou eu”. Quis o destino que, hoje, seu neto esteja assistindo a um revival daquela situação.
O deputado Lindbergh Farias declarou que “manter a taxa de juros é uma covardia. Estão agindo de forma irresponsável para aumentar a recessão e o desemprego e sabotar o governo Lula”. Essa frase e a realidade são duas paralelas que não convergem sequer no infinito. Vamos a alguns fatos.
A Selic foi aumentada no começo do governo Lula da Silva, em 2003, para 26,5%, nível em que foi mantida até meados de junho, quando, após a equipe ganhar credibilidade, a taxa começou a ceder. Lembra o deputado quem era o presidente da República naquela época?
Em setembro de 2004, a taxa estava em 16,0% e a grita era para diminuir. E o que o BC fez? A taxa aumentou, indo até 19,75%, nível em que foi mantida até setembro de 2005. O noticiário da época está cheio de alertas contra a “devastação” que seria causada pelos juros “nas nuvens”.
Na crise de 2008, o BC reduziu os juros? Não: eles subiram! Para quanto? 13,75% (bingo!). E lá ficaram até 2009.
Em termos reais, a Selic foi de 13% tanto em 2003 como em 2005, sendo ainda de 6% em 2008. Talvez o deputado se lembre de quem era o presidente naqueles anos.
O superávit primário médio de 2003/2008 foi de 3,4% do PIB, a inflação estava na meta e o Banco Central fazia o que dele se esperava, respaldado pelo presidente da República. Como corretamente declarou o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva ao Jornal Nacional no dia 25/8/2022, em pleno esforço para seduzir os eleitores da terceira via que, no fim, lhe permitiram vencer a eleição, “tem três palavras mágicas para governar o País: credibilidade, previsibilidade e estabilidade”. Ele não poderia estar mais correto.
Decorridos nove meses desde aquela declaração e assistindo ao festival de ataques dirigidos contra o presidente do BC, cabe lembrar uma frase do arcebispo sul-africano Desmond Tutu, que, tendo aprendido a usar o diálogo num contexto bem mais difícil que o nosso, costumava repetir: “Não levante a voz: melhore seu argumento”. O Banco Central fez muito bem em segurar os juros até agora. Em breve, o País colherá os frutos.
O Estado de S.Paulo - SP 19/05/2023
As boas notícias sobre o desempenho da economia brasileira neste ano, que surpreenderam os especialistas em projeções, significam, como contraponto, que o tão esperado início do ciclo de redução dos juros continua distante. O custo do crédito para consumidores e empresas tende a permanecer alto por meses a fio, enquanto economistas embarcam em um debate sobre por que a política monetária apertada adotada pelo Banco Central (BC) não está fazendo com que a inflação caia mais rapidamente, como se poderia esperar.
Todos os principais indicadores de atividades do primeiro trimestre, segundo a apuração do IBGE, vieram mais fortes do que se esperava. O exemplo mais recente foi o crescimento do comércio varejista em março, de 0,8%, contra uma previsão diametralmente oposta do mercado financeiro, uma queda de 0,8%. Também vieram promissores os resultados mais recentes da indústria e do setor de serviços.
Com base nesses dados, estão sendo revistas as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. Na terça-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou um informe em que se mostra mais otimista, passando a projetar um aumento de 1,2%, acima do 0,9% da previsão anterior. As estimativas dos especialistas do mercado financeiro, recolhidas semanalmente pelo Banco Central para o Boletim Focus, passaram de uma média inferior a 0,8% de expansão econômica, no início de fevereiro, para 1,02%, segundo o levantamento mais recente.
A face complicada desse panorama é o entendimento, pelo Banco Central, de que a inflação está caindo lentamente porque há demanda por bens e serviços, alimentando a pressão sobre os preços. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem batido frequentemente nesta tecla. “Hoje, existem mais componentes de demanda na inflação do que oferta. E as pessoas podem perceber isso. Se você vai nos aeroportos, você vê que o aeroporto voltou a estar cheio. Os bares e restaurantes voltaram a estar cheios”, disse.
No seminário promovido nesta semana pelo BC reunindo autoridades monetárias de vários países e a principal economista do FMI, Gita Gopinath, Campos reiterou que o combate à inflação continua sendo um grande desafio para os bancos centrais, dando a entender, portanto, que não vai abrir mão da sua política monetária de tentar cumprir a meta de inflação o mais rapidamente possível. No seu discurso, Gita Gopinath pregou a necessidade de perseverança no combate à inflação porque, se os índices de preços não caírem agora, essa batalha será mais dura no futuro.
Com essa perspectiva, o cenário mais provável é de juros elevados, que gradualmente devem corroer as atividades econômicas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seus ministros e outras pessoas da equipe econômica vão continuar dando murro em ponta de faca nas críticas ao BC por manter a taxa Selic em 13,75%, das mais elevadas do mundo pela maioria dos critérios. Como este jornal tem defendido, o caminho para crescimento econômico expressivo e duradouro passa pela adoção por Brasília de uma política fiscal responsável e sustentável.
Infomoney - SP 19/05/2023
Os contratos futuros de minério de ferro na bolsa de Dalian ampliaram ganhos pela quarta sessão consecutiva nesta quinta-feira, apoiados por melhores margens de aço, retomada da produção e estoque persistentemente baixo nas siderúrgicas chinesas.
Uma pesquisa com 114 usinas mostrou que o estoque de minério sintetizado importado caiu pela terceira semana consecutiva, incluindo uma baixa de quase 1% na semana para 24,19 milhões de toneladas em 18 de maio, segundo a consultoria Mysteel.
Isso eleva a queda total nos estoques desde o final de abril para 7,6%, de acordo com cálculos da Reuters com base em dados da Mysteel.
Algumas usinas na província de Shanxi, no norte da China, reiniciaram as operações de altos-fornos que haviam sido suspensas anteriormente, disse a consultoria Shanghai Metals Market (SMM) em um relatório.
A taxa de utilização da capacidade de alto-forno entre as usinas pesquisadas subiu para 94,05% em 17 de maio, de 93,73% na semana anterior, mostraram dados da SMM.
O minério de ferro mais negociado em setembro na Dalian Commodity Exchange (DCE) DCIOcv1 encerrou as negociações diurnas com alta de 1,91%, a 746,5 iuanes (108,00 dólares) a tonelada, a maior alta desde 20 de abril.
“A redução dos estoques (de produtos siderúrgicos) entre as siderúrgicas acelerou desde maio e as margens melhores encorajaram as usinas a construir posições para matérias-primas, dando suporte aos preços”, disseram analistas da Huatai Futures em nota.
No entanto, o minério de ferro de referência para junho SZZFM3 na Bolsa de Cingapura caiu 0,73%, para 107,35 dólares a tonelada, depois de alcançar uma máxima de três semanas de 108,14 dólares na quarta-feira.
A divergência entre os benchmarks de Dalian e Cingapura se deve principalmente a um ajuste de avaliação, disseram dois analistas.
Já em relação a outros ingredientes siderúrgicos, o carvão metalúrgico DJMcv1 subiu 0,21% e o coque DCJcv1 avançou 0,63%.
O vergalhão na Bolsa de Futuros de Xangai SRBcv1 ganhou 0,3%, enquanto a bobina laminada a quente SHHCcv1 avançou 0,53%, o fio-máquina SWRcv1 teve alta de 0,58% e o aço inoxidável SHSScv1 ganhou 0,3%.
“A recuperação das matérias-primas forneceu algum suporte de custo para os preços do aço”, acrescentaram analistas da Huatai.
Valor - SP 19/05/2023
Proposta deverá ser analisada pelo seu conselho de administração no próximo dia 25, quando haverá reunião do colegiado, disseram fontes
A Vale recebeu no início desta semana as ofertas vinculantes para a compra de uma fatia de 10% em sua unidade de metais básicos, apurou o Valor. A proposta deverá ser analisada pelo seu conselho de administração no próximo dia 25, quando haverá reunião do colegiado, disseram fontes, que pediram anonimato visto que as tratativas não são públicas.
A fatia minoritária da Vale à venda é estimada em US$ 2,5 bilhões, de acordo com fontes de mercado.
A gigante da mineração brasileira vai avaliar as propostas recebidas antes de prosseguir com as negociações. “Não é só uma questão de preço. A companhia terá de avaliar o formato dessa venda de fatia. Será vai preferir vender para uma só companhia ou formar um consórcio com um grupo de investidores”, disse uma pessoa a par do assunto. O formato da venda também passará pelo crivo do conselho da companhia.
A divisão de metais da Vale atraiu pesos pesados da indústria automobilística, como GM, além de fundos de pensão e soberanos, como CPP, do Canadá, além dos árabes PIF (Fundo de Investimento Público) e QIA (Qatar Investment Authority), além de tradings, como Mitsui, disseram fontes.
As ofertas não vinculantes tinham sido entregues no início do ano. A companhia anunciou em 2022 que buscaria um sócio estratégico para a unidade de cobre e níquel, de forma a destravar valor do negócio, com a atenção voltada ao aumento da demanda gerada pelo mercado de veículos elétricos.
A Vale já é uma fornecedora da Tesla, fabricante de carros elétricos de Elon Musk. Ainda segundo fontes, a Vale vai avaliar uma possível oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da unidade de metais básicos no próximo ano, quando pode vender uma nova fatia.
No inicio deste ano, o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, disse que “a demanda [do segmento de metais básicos] estava chegando e não estava bem precificada”. O dinheiro da venda deverá ser utilizado no próprio crescimento do negócio, que sempre ficou à margem da sua atividade carro-chefe, a de minério de ferro.
A Vale quer aumentar sua produção de cobre para 335 mil a 370 mil toneladas neste ano para 900 mil toneladas por ano em 2030. Já em níquel o plano é de ir de 160 mil a 175 mil toneladas anuais para 300 mil toneladas no mesmo intervalo.
Procurada, a Vale não vai comentar o assunto.
InfraRoi - SP 19/05/2023
As empresas brasileiras de mineração têm até o mês de julho para se adequarem às exigências elencadas no Padrão Global da Indústria sobre Gestão de Rejeitos (GISTM, na sigla em inglês), protocolo lançado em 2020 em resposta aos acidentes deste tipo em todo o mundo.
O prazo é válido para as barragens com elevado potencial de danos às pessoas e ao meio ambiente operadas por empresas membras do Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM, na sigla em inglês) ou àquelas que aderiram voluntariamente ao protocolo.
Um levantamento realizado pela KPMG mostrou que 65 empresas são responsáveis pelas 257 barragens com alto potencial de dano em operação, segundo dados de 2022 da Agência Nacional de Mineração (ANM). Destas, apenas doze operadoras, ou seja 18%, divulgaram estar comprometidas com o GISTM. Elas são responsáveis por 131 das barragens de alto impacto que existem no país, o que representam 51% do total.
O levantamento da KPMG, baseados em registros da ANM, mostrou que 28% das mineradoras que atuam no Brasil possuem barragens consideradas de alto dano potencial. Dessas, 34% divulgam alguma informação sobre segurança em barragens; 22% possuem planos de resposta a emergências de barragens divulgados; 3% possuem compromisso público de redução do uso de barragens ou novas tecnologias; 20% reportam iniciativas e investimentos em andamento para redução do uso ou novas tecnologias.
O levantamento considerou empresas de mineração em operação com barragens de rejeito classificadas com dano potencial associado “alto” conforme classificação da ANM.
Revista Manutenção e Tecnologia - SP 19/05/2023
Durante a ConExpo-CON/AGG 2023, a Hyundai CE promoveu a estreia na América do Norte do protótipo de sua escavadeira de rodas HW155H de 2ª geração, movida a células de combustível de hidrogênio.
"Você pode pensar nisso quase como uma escavadeira elétrica, mas em vez de contar com uma bateria a bordo, a fonte de eletricidade é a célula de combustível", resumiu o especialista da empresa, Chris Davies.
O desenvolvimento da escavadeira de 14 toneladas é resultado de um acordo assinado em 2020 entre Hyundai CE, Hyundai Motors e Hyundai Mobis, em seu Centro de pesquisas Mabuk, em Yongin-si, na Coreia do Sul.
As empresas têm trabalhado em conjunto para desenvolver células a combustível de hidrogênio para alimentar empilhadeiras e escavadeiras de médio e grande porte.
"Quando o sistema estiver totalmente desenvolvido e pronto para produção, teoricamente poderá ser escalonado e implementado para utilização em quase todas as plataformas existentes, que atualmente utilizam motores de combustão interna", disse Davies.
Assim como os equipamentos com baterias, os equipamentos alimentados por hidrogênio não produzem emissões.
A eletricidade é gerada por meio da reação química entre hidrogênio e oxigênio, que produz apenas água, enquanto um motor elétrico aciona a bomba hidráulica.
O hidrogênio é armazenado no lado direito da máquina, em frente à cabina do operador, em tanques de alta pressão que contêm hidrogênio suficiente para gerar eletricidade para até 8 h de operação contínua.
"Dependendo da estação de abastecimento, o tempo de abastecimento é de 10 a 20 min, comparável a uma máquina a diesel similar", assegura Davies.
"A montagem das redes de fornecimento de hidrogênio ainda está em curso, sendo que já há um grande investimento para melhorar essas infraestruturas", aponta.
Segundo ele, a expectativa é de que o modelo esteja disponível dentro de cinco anos ou até menos.
"Essa é uma forma de demonstrarmos à indústria e ao mundo que realmente estamos concentrados na sustentabilidade e em um futuro mais limpo", finaliza.
Valor - SP 19/05/2023
As exportações de automóveis da China nos três primeiros meses do ano saltaram 58% em relação ao ano anterior, para 1,07 milhão de unidades; já o Japão exportou 950 mil veículos
A China ultrapassou o Japão como o maior exportador de automóveis do mundo com os números consolidados do 1º trimestre deste ano. A alta foi estimulada pela crescente demanda por veículos elétricos e aumento das entregas para a Rússia.
As exportações de automóveis da China nos três primeiros meses do ano saltaram 58% em relação ao ano anterior, para 1,07 milhão de unidades, segundo a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis.
O Japão exportou 950 mil veículos durante o mesmo período, um aumento de 6% na comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com a Associação Japonesa de Fabricantes de Automóveis.
As exportações chinesas de automóveis continuam a crescer no trimestre atual. Um grupo industrial que reúne produtores de veículos de passageiros espera que as exportações subam 30% neste ano.
Em 2009, a China ultrapassou os Estados Unidos e se tornou o maior mercado mundial de veículos novos. O governo chinês ajudou a indústria doméstica de veículos elétricos a crescer oferecendo incentivos fiscais e criando infraestrutura de carregamento dos carros.
A mudança para veículos elétricos ajudou na ascensão da China como potência exportadora de automóveis. As vendas para o exterior do primeiro trimestre de veículos elétricos subiram 93% em 2022 para 380 mi unidades. Os veículos elétricos representaram cerca de 40% das exportações de automóveis da China.
Por empresa, o braço da Tesla na China foi a maior exportadora de veículos elétricos do país, exportando 90 mi unidades, de acordo com a mídia chinesa.
Bélgica, Austrália e Tailândia foram os principais destinos dos veículos elétricos chineses. A terceira posição da Tailândia mostra que as montadoras chinesas estão usando veículos elétricos para aumentar a participação de mercado no Sudeste Asiático, uma região onde as montadoras japonesas dominam há décadas.
A Rússia foi o principal destino de exportação de veículos chineses no primeiro trimestre. As exportações para o país em guerra mais do que triplicaram em relação ao ano anterior, para 140 mi unidades.
Depois que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, Toyota, Volkswagen e outras montadoras globais fecharam fábricas russas e saíram do mercado do país. As montadoras chinesas preencheram esse vácuo.
A Chery Automobile e a Great Wall Motor, em particular, expandiram as vendas na Rússia. Ambas as empresas são financiadas por entidades ligadas aos governos municipais chineses.
A China exportou quase 30.000 caminhões - que poderiam ser usados para fins militares - para a Rússia no primeiro trimestre, quase sete vezes o volume do ano anterior. Depois da Rússia, os principais destinos das exportações em ordem são México, Bélgica e Arábia Saudita.
A Tesla posicionou a Shanghai Gigafactory como um centro de exportação de veículos com destino à Europa e Japão, entre outros mercados. As exportações da Tesla no primeiro trimestre da China cresceram 20% em relação ao ano anterior.
Quando a Gigafactory de Xangai iniciou suas operações em 2019, a instalação tinha capacidade para fabricar 250.000 veículos anualmente. Agora a fábrica é capaz de produzir 1,25 milhão de unidades por ano e solicitou licenças para aumentar a capacidade para 1,75 milhão de unidades.
No ano passado, as exportações da Gigafactory foram de 270 mil veículos, representando cerca de 40% do total. A proporção aumentou de quase 30% em 2021.
No mês passado, a Gigafactory começou a produzir veículos utilitários esportivos Modelo Y para exportação para o Canadá.
Auto Industria - SP 19/05/2023
A redução das compras nos dois principais países asiáticos, China e Japão, contribuiu para a desaceleração, mesmo que pequena, das importações de autopeças no acumulado do primeiro quadrimestre deste ano. Em contrapartida, aumentaram as aquisições nos Estados Unidos, México e Alemanha, conforme relatório da balança comercial divulgado esta semana pelo Sindipeças.
Dos US$ 6,3 bilhões em componentes automotivos adquiridos no exterior até abril, US$ 951,75 milhões vieram da China, ainda o maior parceiro do Brasil, com participação de 15,1%. Mas o valor até abril é 12,1% inferior ao registrado nos primeiros quatro meses de 2022, que superou US$ 1,08 bilhão. No caso do Japão, a queda é de 11,1%, de US$ 590 milhões para US$ 524,3 milhões.
Quarto país que mais manda autopeças para o Brasil, o Japão detém fatia de 8% no ranking dos importadores. O segundo colocado é os Estados Unidos e o terceiro a Alemanha, com cifras de, respectivamente, US$ 761,4 milhões e US$ 664,2 milhões no quadrimestre e aumentos de 6,9% e 5,4%, também pela ordem, em relação ao mesmo período do ano passado.
Entre os cinco maiores vendedores de componentes automotivos para o mercado brasileiro, o México foi o que teve maior crescimento este ano. Vieram de lá US$ 489,2 milhões, alta de 22,4% e participação de 7,8%, já vem próxima do Japão.
No caminho contrário, o principal comprador de peças brasileiras é a Argentina, com pouco mais de US$ 1 bilhão negociado no primeiro quadrimestre do ano, acréscimo de 27,3% sobre o mesmo período de 2022 (US$ 818,2 bilhões) e a expressiva participação de 36%.
A indústria brasileira exportou total de US$ 2,9 bilhões até abril, “assegurando performance positiva de 22,7% frente ao mesmo período do ano anterior”, segunto relatório do Sindipeças.
O Estado de S.Paulo - SP 19/05/2023
Um sinal de emergência apareceu nesta semana na combalida indústria automobilística britânica. A Stellantis, empresa por trás de marcas como Peugeot, Fiat e Vauxhall, disse a um comitê parlamentar que as montadoras com fábricas na Grã-Bretanha terão dificuldades para competir nos próximos anos, em meio à mudança para veículos elétricos e aos novos requisitos de exportação pós-Brexit.
A empresa deu a entender que poderia fechar suas duas fábricas na Grã-Bretanha, onde emprega mais de 5 mil pessoas.
“Se o custo de fabricação de veículos elétricos se tornar não competitivo e insustentável, as operações serão encerradas”, disse a empresa em um documento de cinco páginas publicado esta semana. Essas palavras ressoaram em todo o país na quarta-feira, 17, em parte porque a Stellantis planeja desempenhar um papel importante na eletrificação da indústria automobilística britânica.
A empresa está reformulando suas fábricas em Ellesmere Port, perto de Liverpool, para produzir pequenas vans elétricas. Ela já é a maior produtora na Grã-Bretanha das populares vans comerciais Vauxhall. As vans, usadas para entregas de e-commerce, são fabricadas em uma fábrica em Luton, norte de Londres.
Os comentários aumentaram as preocupações sobre o setor automobilístico em uma nação que já construiu carros icônicos como o Jaguar XK-E e o Morris Minor. O número de carros produzidos na Grã-Bretanha caiu drasticamente, para 775 mil no ano passado, de um pico de mais de 1,7 milhão em 2016, ano em que os eleitores aprovaram um referendo para deixar a União Europeia. A produção, no entanto, aumentou 6% no primeiro trimestre de 2023 em relação ao ano anterior, à medida que os problemas com peças diminuíam.
No entanto, a fabricação de veículos continua sendo uma indústria vital na Grã-Bretanha, empregando 182 mil pessoas e respondendo por 10% das exportações de bens, segundo o grupo Society of Motor Manufacturers and Traders.
A saída da Grã-Bretanha da União Europeia criou dúvidas para as montadoras que consideram investir no país. Oito em cada 10 carros fabricados na Grã-Bretanha são exportados, com mais da metade enviados a países da UE, e os exportadores britânicos agora devem seguir novas regras comerciais para vender ao bloco.
A mudança para veículos elétricos pode ser ainda mais ameaçadora, dizem analistas, porque está forçando as montadoras globais a tomar decisões importantes sobre onde fazer suas apostas para o futuro. “A verdadeira transição é a transição para veículos elétricos”, disse Peter Wells, especialista em automóveis da Cardiff Business School.
Até agora, a Grã-Bretanha não conseguiu atrair os investimentos multibilionários de que precisa para construir fábricas gigantes para construir as baterias que respondem por grande parte do custo dos veículos elétricos.
A falência de uma startup de baterias chamada Britishvolt, em janeiro, acentuou essa deficiência e, até agora, nenhum substituto parece ter sido encontrado.
“Se isso permanecer como o ‘status quo’, eu diria que em dez anos o Reino Unido perderá, em grande parte, sua capacidade de fabricação de veículos”, disse Andy Palmer, ex-diretor de operações da Nissan.
Palmer disse que a Grã-Bretanha pós-Brexit se encontra presa entre os Estados Unidos, que por meio da Lei de Redução da Inflação está oferecendo grandes incentivos fiscais para os fabricantes de baterias, e a União Europeia, que fará de tudo para competir com os Estados Unidos.
“Isso nos coloca em concorrência com a UE e os EUA” disse Palmer.
O governo britânico diz perceber a importância da indústria automobilística e está trabalhando para garantir seu futuro.
“Estamos muito focados em garantir” que a Grã-Bretanha tenha fabricação de veículos elétricos, disse Jeremy Hunt, chanceler do Tesouro (cargo equivalente ao de ministro das Finanças), a uma audiência de negócios em Londres na quarta-feira, 17.
O que preocupa especificamente a Stellantis e outros fabricantes é um regulamento de importação que se enquadra nas chamadas Regras de Origem e deve entrar em vigor no próximo ano. Segundo a regra, pelo menos 45% do valor dos materiais dos carros exportados para a Europa devem vir da Grã-Bretanha ou da União Europeia, se os fabricantes quiserem evitar o pagamento de impostos de 10% — uma penalidade severa no altamente competitivo setor automotivo.
A Stellantis diz que não pode atender a esses padrões por conta do aumento dos custos das matérias-primas, entre outras questões. A empresa quer que o governo britânico negocie um adiamento das regras até 2027.
Mas as preocupações não se limitam a isso. A Stellantis prevê que não haverá suprimentos de bateria suficientes na Grã-Bretanha ou na Europa para atender às ambiciosas metas dos governos de mudar para veículos elétricos nos próximos anos.
Wells disse que a situação prejudicou a indústria automobilística em toda a Europa. “Como a Europa pode continuar a fornecer para um mercado de veículos elétricos em expansão e, ao mesmo tempo, insistir nessas regras de conteúdo local?”, disse.
Money Times - SP 19/05/2023
O montante de dívida das incorporadoras imobiliárias chinesas que corre risco de default equivale a 12% do PIB, um fardo enorme que pode conter o crescimento da segunda maior economia do mundo nos próximos anos, segundo a Bloomberg Economic.
Uma análise de 186 incorporadoras de capital aberto mostra que cerca de 48% do total de endividamento é de empresas que já não pagaram títulos durante a crise imobiliária dos últimos dois anos ou correm um risco “significativo” não pagar, de acordo com o estudo.
Estrapolando este percentual para o setor como um todo — que tinha 28,1 trilhões de yuans (US$ 4 trilhões) de dívida no final do ano passado — as incorporadoras chineses teriam 13,6 trilhões de yuans em risco de default. Isso equivale a 11,9% do PIB do país, disse a Bloomberg Economics.
“Isso representa um risco para a estabilidade financeira”, afirmou. “E esse fardo pode pesar sobre o crescimento por anos, à medida que as empresas direcionam recursos para por seus balanços em ordem.”
O volume de dívida em risco pode ser ainda maior, já que as empresas de capital fechado podem estar em uma situação financeira ainda pior do que as de capital aberto, disse a Bloomberg Economics.
O relatório ressalta profundas preocupações sobre o mercado imobiliário da China, que luta para se recuperar após uma queda histórica de cerca de 18 meses.
O investimento imobiliário está se contraindo, a valorização dos imóveis se enfraqueceu em abril, e as compras de moradias durante o feriado do Dia do Trabalho em maio vieram abaixo dos níveis anteriores à pandemia. Os consumidores também reduziram a tomada de financiamento imobiliário.
O setor imobiliário responde por cerca de 20% do PIB chinês, é era um dos principais motores do crescimento econômico. Seu desempenho fraco tem prejudicado a recuperação econômica e a demanda por commodities como minério de ferro e cobre.
Valor - SP 19/05/2023
Vendas são surpresa positiva para o setor de média e alta renda, que sofre com elevação de juros; FGTS preocupa econômicas
Incorporadoras tiveram queda de lançamentos, lucro líquido e margem bruta no primeiro trimestre, na comparação com o início do ano passado, segundo levantamento feito pelo Valor Data com 26 empresas.
As companhias focadas em médio e alto padrão tiveram as margens mais impactadas, porque o momento não é propício para elevar o preço das unidades e há grande concorrência entre projetos.
Mesmo com o número de lançamentos menor nos últimos trimestres, ainda há muitas obras em São Paulo, onde atuam a maior parte dessas empresas. Dado de março do Secovi-SP aponta que a oferta total de médio e alto padrão na cidade subiu 10% em um ano, para 41,5 mil unidades. A oferta do Minha Casa, Minha Vida caiu 8,9%.
O aumento veio mesmo com o ritmo surpreendentemente positivo de vendas. “O alívio é que, na medida em que as incorporadoras fazem campanhas comerciais e ajustes de preço, se deparam com reação do cliente”, diz Hugo Grassi, analista do Citi Bank.
As companhias devem ter cautela com novos projetos no ano. Como explica Grassi, há dois perfis de empresas: aquelas que decidiram reduzir lançamentos, como a EZTec, e aquelas que estão dispostas a ceder em preço e margem, se preciso, para dar continuidade ao pipeline de lançamentos, categoria em que inclui a Cyrela.
A incorporadora foi destaque positivo no segmento para os analistas consultados. “É impressionante como estão conseguindo entregar acima dos pares, parece que estão em uma ilha à parte”, diz Ygor Altero, analista da XP. A empresa alcançou R$ 875 milhões em lançamentos, alta de 24% sobre o início de 2022, e vendas líquidas de R$ 1,1 bilhão, aumento de 8,6%.
Em entrevista, o diretor-financeiro da Cyrela, Miguel Mickelberg, pontuou que as margens estão menores do que há dois anos, porque não foi possível repassar a inflação no preço das unidades.
Algo comum na média e alta renda tem sido subir cada vez mais o padrão dos projetos, de olho em quem depende menos do encarecido crédito imobiliário.
Leandro Melnick, presidente da Even, disse em teleconferência de resultados que notou no último ano uma concentração de projetos na alta renda. No entanto, ressalta, esse cliente tem mais poder de escolha e os resultados podem variar. “Tem empreendimento indo muito bem e muito mal”.
Na medida em que fazem campanhas e ajustes de preço, há reação do cliente”
— Hugo Grassi
André Mazini, também analista do Citi, lembra que a própria Even adotou essa linha, no Fasano Itaim e no recém-anunciado Faena São Paulo. “Tem muita gente tentando se arvorar no altíssimo padrão, mas o Brasil tem renda concentrada e limite de quem pode comprar apartamento de R$ 20 milhões”.
Para ele, ainda é cedo para se animar com a média e alta renda. Há ações em alta, mas ele credita a uma visão simplificada de alguns investidores. “Acham que os juros vão cair no fim do ano e afetar o preço das ações e a taxa de financiamento, mas não é tão mecânico assim”, diz. “Para o crédito imobiliário, os bancos olham mais a taxa de longo prazo do que a Selic”.
O diretor-presidente da EZTec, Silvio Zarzur, afirmou em teleconferência que a empresa não está contente com os resultados, mas que uma pequena redução na taxa de juros traria resposta nas vendas. A companhia sofreu com estouro no custo de obra no projeto Parque da Cidade e teve queda de 11 pontos na margem bruta. Suas ações acumulavam, até quinta-feira (18), alta de 18,77% em um mês.
As incorporadoras econômicas tiveram um susto em abril, após o fechamento do trimestre. O julgamento no Superior Tributal Federal (STF) sobre o aumento da remuneração do FGTS, para equipará-la ao menos à da poupança, veio como uma “bola nas costas” para quem via o setor como um refúgio no novo governo, afirma Grassi.
Os executivos das incorporadoras correram para colocar panos quentes e apostar na suavização da proposta. O julgamento está paralisado, após pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques.
“Para manter o spread do fundo, teria que repassar algo no programa”, diz Altero. Alternativas seriam elevar os juros das rendas mais altas no MCMV, hoje em até 7% ao ano, ou dar mais subsídios.
A discussão, ressalta Grassi, lida com a origem e a função do FGTS. “Pelo ângulo do indivíduo, é poupança, mas funciona efetivamente como tributo que é estrutura basilar da política de habitação social”.
Entre janeiro e março, não houve grandes sobressaltos no segmento econômico, com incorporadoras que já vinham com bom desempenho - Cury e Direcional - mantendo bons resultados. A Plano&Plano teve recuperação importante de margem bruta, destaca Altero, e está bem posicionada no programa paulistano Pode Entrar, com 7 mil unidades.
A Tenda também conseguiu incluir mais unidades, passando de 870 para quase 2,9 mil, e ainda quer mais 1,5 mil. A garantia de venda “cai como uma luva” para a companhia, diz Altero, em momento no qual a empresa precisa reduzir sua alavancagem. A incorporadora, que teve prejuízo liquido de R$ 42 milhões no trimestre, conseguiu aumentar a margem bruta em 2,3 pontos percentuais.
A MRV&Co também teve alta na margem, de 1,1 ponto, para 20,9%. A margem de novas vendas ficou em 30,5% e o mercado aguarda ansioso quando esse indicador vai se refletir na margem consolidada, segundo o analista da XP. Sem vendas na subsidiária americana Resia, a empresa queimou R$ 789 milhões de caixa. Ricardo Paixão, diretor-financeiro, afirmou que são esperadas vendas nos próximos trimestres, o que ajudaria a equalizar a queima até o fim do ano.
Construção Latino-americana - SP 19/05/2023
Além de melhorar a infraestrutura do país e gerar empregos, a recomposição do orçamento público tem outro efeito importante: pavimenta o caminho para aumentar o investimento privado em rodovias e ferrovias. A avaliação é do ministro dos Transportes, Renan Filho, ao participar na última quarta-feira (17) da primeira edição do Fórum de Competitividade, em Brasília.
Segundo o ministro, a experiência internacional mostra que o a aplicação maior do orçamento público se torna uma alavanca e estimula a iniciativa privada a investir em concessões e novas parcerias. Porém, um cenário de retração como observado desde 2016, agravado pelo Teto de Gastos, deixa os empresários em dúvida sobre como investir.
“A gente precisa aumentar os investimentos públicos. Demos um passo importante com o aumento de quase quatro vezes em comparação ao ano passado. Aumenta-se o investimento público, aumenta o privado”, afirmou Renan Filho. O ministro ressaltou que “jamais teremos viabilidade privada para todos nossos investimentos em infraestrutura”, o que reforça a necessidade de garantir investimentos públicos, como feito pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Projetos
Para este ano, o Governo Federal, por meio do Ministério dos Transportes, prevê quatro leilões de rodovias. O primeiro será do lote 1 do Sistema Rodoviário do Paraná, previsto para 25 de agosto. Na sequência, ocorrerão o lote 2 das rodovias paranaenses, a BR-040 (Rio-BH) e a BR-381/MG. “Teremos muito investimento privado este ano. São quatro leilões em 2023 e outros seis em 2024. Em comparação, houve seis leilões rodoviários nos últimos quatro anos”, disse Renan.
Também estão previstos investimentos privados em ferrovias. Um deles é da renovação antecipada da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), administrada pela VLI e com investimento estimado de R$ 13,82 bilhões; o outro, da relicitação da concessão da Malha Oeste, estrada de ferro que corta os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, entre Mairinque (SP) e Corumbá (MS).
Petro Notícias - SP 19/05/2023
Pelo jeito a Ministra Marina Silva, que acaba de sair do hospital vítima da Covid, apesar das quatro doses de vacina que tomou, parece querer aumentar sua lista de 12o milhões do país dela que estão passando fome. Ela tomou uma decisão apoiando o Ibama que certamente vai reverberar muito no setor de óleo e gás nos próximos dias: O presidente do Instituto, Rodrigo Agostinho, acompanhou um parecer técnico produzido por técnicos do órgão ambiental e negou a licença solicitada pela Petrobrás para atividade de perfuração no bloco FZA-M-59, na bacia da Foz do Amazonas. A decisão só evidencia um racha existente dentro do governo. De um lado desse ringue, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, já havia se manifestado contra a liberação da licença. No outro corner, estava o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que já deu declarações de apoio à atividade na região. O fato é que o primeiro round foi vencido pelo ministério comandado por Marina.
No despacho em que nega a licença, o presidente do Ibama disse que foram oferecidas todas as oportunidades à Petrobras para sanar pontos críticos de seu projeto. No entanto, segundo ele, ainda existem inconsistências preocupantes para a operação segura em nova fronteira exploratória de alta vulnerabilidade socioambiental. O Ibama, que é ligado ao Ministério do Meio Ambiente, disse ainda que vê a necessidade de se retomar ações que competem à área ambiental para assegurar a realização de Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS) para as bacias sedimentares que ainda não contam com tais estudos e que ainda não possuem exploração de petróleo, no prazo mais breve possível.
O chamado AAAS é uma análise estratégica que permite identificar áreas em que não seria possível realizar atividades de extração e produção de petróleo e gás em razão dos graves riscos e impactos ambientais associados. “A ausência de AAAS dificulta expressivamente a manifestação a respeito da viabilidade ambiental da atividade, considerando que não foram realizados estudos que avaliassem a aptidão das áreas, bem como a adequabilidade da região, de notória sensibilidade socioambiental, para a instalação da cadeia produtiva do petróleo”, escreveu o presidente do Ibama no despacho.
O órgão ambiental detalhou ainda que nunca foi realizada uma AAAS na chamada Margem Equatorial, que fica situada no litoral entre os estados do Amapá e Rio Grande do Norte. O Ibama disse também que a Bacia da foz do Amazonas é considerada uma região de extrema sensibilidade socioambiental por abrigar Unidades de Conservação (UCs), Terras Indígenas (TIs), mangues, formações biogênicas de organismos como corais e esponjas, além de grande biodiversidade marinha com espécies ameaçadas de extinção, como boto-cinza, boto-vermelho, cachalote, baleia-fin, peixe-boi-marinho, peixe-boi-amazônico e tracajá.
IstoÉ Dinheiro - SP 19/05/2023
Os contratos futuros de petróleo registraram queda de mais de 1% hoje, ajustando parte das altas de quase 3% da sessão anterior. A força do dólar pressionou os contratos nesta quinta-feira, 18, com foco também na perspectiva de mais aperto monetário para conter a inflação, o que pesa na atividade e, por consequência, na demanda pela commodity.
O contrato do WTI para julho, agora o mais líquido, fechou em baixa de 1,30% (US$ 0,95), em 71,94 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para o mesmo mês caiu 1,43% (US$ 1,10), a US$ 75,86 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
Entre dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), James Bullard (St. Louis) e Lorie Logan (Dallas) sinalizaram que podem apoiar alta de juros em junho. No monitoramento do CME Group, aumentava a chance de aperto, embora manutenção da política monetária seja vista como o desfecho mais provável. Os juros altos contêm a atividade, e o petróleo também foi pressionado hoje pela força do dólar, já que o movimento do câmbio torna o óleo mais caro para os detentores de outras moedas, contendo a demanda.
A Oanda via os contratos do petróleo pressionados diante da força do dólar. Para ela, boas notícias na economia acabavam por ser negativas para a demanda pelo óleo, já que isso significaria aperto monetário mantido por mais tempo para conter a inflação. Por outro lado, a Oanda avalia que, se a economia da China mostrar impulso, isso pode conter a força do dólar.
No setor, o Departamento do Tesouro dos EUA divulgou nota, na qual chama a atenção para matéria do The New York Times segundo a qual o limite de preço ao petróleo da Rússia ajuda o país a receber menos receita, o que prejudica o esforço de guerra russo na Ucrânia. O Tesouro ainda publicou relatório sobre o tema hoje, no qual afirma que a iniciativa de quase seis meses mostra sucesso em reduzir a receita russa, mas mantendo estáveis os mercados de energia globais.
lValor - SP 19/05/2023
Empresa fez anúncio depois de órgão se manifestar contrário à licença de perfuração na região
Um dia após o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ter se posicionado contrário à exploração de petróleo, pela Petrobras, na bacia da Foz do Amazonas, no Norte do país, a petroleira disse que vai insistir no pedido de licenciamento ambiental. Em comunicado ao mercado na tarde de quinta-feira (18), a companhia informou que ainda não havia sido notificada pelo órgão e acrescentou que tão logo o seja vai formular pedido de reconsideração no âmbito administrativo.
A discussão entre a Petrobras e o Ibama se relaciona à licença para perfurar um poço no bloco FZA-M-59, em águas profundas, a 175 quilômetros da costa do Amapá e a mais de 500 quilômetros de distância da foz do rio Amazonas. É uma área próxima da fronteira com a Guiana Francesa. O poço seria o primeiro a ser perfurado pela estatal na Margem Equatorial, que se estende da costa do Amapá até o Rio Grande do Norte e é considerada uma das regiões mais promissoras na produção de petróleo e gás natural, porém com alta sensibilidade ambiental. A Margem é tida como uma nova fronteira exploratória no país.
“A Petrobras entende que atendeu rigorosamente todos os requisitos do processo de licenciamento e todos os recursos mobilizados no Amapá e no Pará para a realização da Avaliação Pré-Operacional (simulado para testar os planos de resposta à emergência) foram feitos estritamente em atendimento a decisões e aprovações do Ibama”, disse a estatal no comunicado. Acrescentou que o desenvolvimento deste bloco é um compromisso assumido pela empresa com a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e, que se não for realizada, vai incorrer em multa contratual.
Na quarta-feira (17), antes que a decisão do Ibama fosse conhecida, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse, em entrevista à Globonews, que a empresa ainda esperava resposta para saber se iria explorar petróleo agora naquela região ou se teria que esperar mais um pouco, a partir de estudos mais aprofundados. Naquele mesmo dia à noite o Ibama deu a conhecer parecer técnico, acompanhado pelo presidente do órgão, Rodrigo Agostinho, contrário ao licenciamento da área pretendida pela Petrobras.
Entre os argumentos para recusar a licença, o Ibama mencionou omissões na previsão dos impactos da atividade em terras indígenas da região do Oiapoque (AP) e incertezas relativas ao plano da Petrobras para atendimento à fauna em caso de derramamento de óleo. Também apontou a ausência de uma Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS), que trata da compatibilidade entre a indústria de petróleo e o contexto socioambiental da região. Ontem, em entrevista à Globonews, Agostinho disse que os estudos da Petrobras foram insuficientes e afirmou que a empresa poderá apresentar novo pedido.
Para o consultor Cesário Cecchi, ex-diretor da ANP, a decisão do Ibama não surpreende, visto que foi a mesma tomada para os pedidos feitos pela BP e Total, empresas que também tentaram perfurar um poço na região e devolveram a área após veto do órgão. Segundo ele, a justificativa da exigência da AAAS, para recusar o pedido, não encontra respaldo na legislação e adia a análise ambiental da bacia. Na visão dele, explorar outra bacia dentro da região não seria algo garantido porque a decisão do Ibama cria precedente segundo o qual não se poderia mexer na Margem Equatorial.
“Deveria ser uma decisão de política pública, não de um técnico ou de um órgão técnico, como o Ibama”, disse Décio Oddone, presidente da Enauta e ex-diretor-geral da ANP. Paulo Valois, sócio do Schmidt Valois Advogados, avaliou porém que a decisão não é definitiva: “É um curso normal do processo administrativo de licenciamento, agora a Petrobras vai tentar reverter. Ela pode apresentar novos documentos e esclarecer premissas com base no que o Ibama alegou dentro do mesmo processo. Sempre existe a chance de reverter, mas essa decisão está politizada, não parece ser só questão de estudos.”
Para a Petrobras, a recusa representa repensar o caminho para renovar o portfólio de ativos de exploração e produção de petróleo. No comunicado, a estatal afirmou: “A companhia segue comprometida com o desenvolvimento da Margem Equatorial brasileira, reconhecendo a importância de novas fronteiras para assegurar a segurança energética do país e os recursos necessários para a transição energética justa e sustentável. Para suprir a demanda futura do Brasil por petróleo, o país terá de procurar novas fontes, além do pré-sal.” E prosseguiu: “Neste sentido, a Petrobras está empenhando esforços para obtenção da licença de perfuração na Bacia Potiguar, conforme planejamento previsto no seu Plano Estratégico 2023-27, assim como a execução dos projetos de exploração previstos no Brasil e no exterior. A partir desta decisão, a sonda e os demais recursos mobilizados na região do Bloco FZA-M-59, nos próximos dias, serão direcionados para atividades da companhia nas Bacias da região Sudeste.”
Existe um debate ideológico por trás disso, faltam elementos técnicos”
— Allan Kardec
Em nota, o Ministério de Minas e Energia (MME) disse que já havia solicitado à Petrobras aprofundamento dos estudos para sanar dúvidas quanto à viabilidade da prospecção da Margem Equatorial de maneira ambientalmente segura. O ministério salientou que a negativa do Ibama se refere à possibilidade de verificar a existência de petróleo e gás no bloco FZA-M-59, uma fase inicial antes de explorar de fato o potencial da região. “Trata-se de um processo de reconhecimento do subsolo brasileiro, a partir da perfuração de apenas um poço, para fins de pesquisa, com o objetivo de verificar as potencialidades da região”, diz a nota.
Hoje 75% da produção de petróleo brasileira vem da Bacia de Santos, situada entre os Estados do Rio de Janeiro e Santa Catarina, onde estão os principais campos do pré-sal, mas analistas apontam que o potencial de novas grandes descobertas nessa bacia tem caído.
Guiana e Suriname têm realizado descobertas de petróleo em regiões próximas à Margem Equatorial brasileira. Na costa oeste africana, que tem estruturas semelhantes à da Margem, petroleiras também tem feito descobertas.
A proximidade das bacias com a Floresta Amazônica é um dos pontos que preocupam ambientalistas. Há ressalvas sobre impactos na biodiversidade da região, assim como os efeitos sobre comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas.
O aumento de resíduos, do tráfego aéreo e eventuais impactos sobre as atividades pesqueiras são outras preocupações. Mas especialistas divergem quanto à pertinência da primeira negativa do Ibama.
Para Allan Kardec, professor titular da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e ex-diretor da ANP, a decisão do órgão ambiental é um “equívoco gigantesco” e existem discussões geopolíticas influenciando a discussão. “Existe um debate ideológico por trás disso, faltam elementos técnicos. Falta ouvirem as pessoas da região sobre isso. Concorrentes da Petrobras não querem que a gente evolua na exploração da Margem Equatorial”, afirmou o Kardec.
Para o professor Emilio Lebre La Rovere, que coordena o laboratório interdisciplinar de meio ambiente do programa de planejamento energético da Coppe/UFRJ, a decisão do Ibama não derruba a perspectiva de exploração da área. Ele diz que a região ainda pode se beneficiar financeiramente da atividade a médio e longo prazos.
“A decisão do Ibama era esperada porque a região é sensível do ponto de vista ambiental. Há tempo de ser feito novo estudo para ver quais áreas da Margem podem ser exploradas. A área da Foz do rio Amazonas é mais complicada pela incidência de manguezais, mas também não é de se excluir. Esses estudos podem apontar alguma alternativa”, disse la Rovere.
Fonte a par do tema afirmou que a Petrobras deveria ter saído da região há muito tempo e que com a decisão do Ibama o certo seria desmobilizar a sonda e não gastar mais recursos. “A Petrobras está gastando fortuna com uma sonda parada”, observou.
A questão colocou em campos opostos a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. No primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marina também era ministra quando o governo decidiu a favor da construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, o que foi considerado uma vitória da então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Após o sinal verde do governo, Marina Silva deixou o cargo. No caso da Margem Equatorial, o senador Randolfe Rodrigues (AP), que é líder do governo no Senado, anunciou a desfiliação do Rede Sustentabilidade, mesmo partido de Marina.
Rodrigues criticou a decisão do Ibama em um perfil no Twitter: “O povo amapaense quer ter o direito de ser escutado sobre a possível existência e eventual destino de nossas riquezas”, disse o senador. Ele poderia se filiar ao PT ou ao PSB.
Associe-se!
Junte-se a nós e faça parte dos executivos que ajudam a traçar os rumos da distribuição de aço no Brasil.
© 2019 INDA | Todos os direitos reservados. desenvolvido por agência the bag.