O Estado de S.Paulo - SP 19/04/2023
O grupo siderúrgico ArcelorMittal anunciou nesta terça-feira, 18, a criação de uma joint venture com a Casa dos Ventos para o desenvolvimento de um projeto de energia eólica na Bahia, com investimentos de US$ 800 milhões (cerca de R$ 4 bilhões). A ArcelorMittal Brasil terá 55% de participação na joint venture e a Casa dos Ventos, do setor de energias renováveis, os 45% restantes.
O acordo foi aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 13 de abril, e será concluída nos próximos 15 dias, acrescentou a ArcelorMittal.
O projeto, batizado de Babilônia, tem por objetivo garantir e descarbonizar uma parcela considerável das necessidades futuras de eletricidade da ArcelorMittal Brasil. A estimativa é que o projeto forneça 38% das necessidades totais de eletricidade da ArcelorMittal no País até 2030.
O projeto Babilônia será localizado na região central da Bahia, devido a várias vantagens competitivas, incluindo uma curta distância (23 quilômetros) para conexão à rede elétrica nacional, explicou o grupo siderúrgico.
Além disso, acrescentou, existe a possibilidade de expandir a capacidade do projeto, adicionando mais 100 MW de energia solar, aos 554 MW de energia dos ventos previstos no lançamento do projeto. O investimento encontra-se atualmente em fase de licenciamento regulatório e ambiental, com início das obras previsto para este ano e entrada em operação em 2025.
.
A ArcelorMittal Brasil assinará contrato de compra e venda de energia por 20 anos com a joint venture para fornecimento de energia elétrica.
O projeto Babilônia é a terceira parceria estratégica de energia renovável que a ArcelorMittal estabeleceu no ano passado. Em março de 2022, a empresa anunciou uma parceria com o grupo Greenko, na Índia, para desenvolver um projeto de energia com 975 MW de capacidade solar e eólica.
Na Argentina, a ArcelorMittal desenvolveu uma parceria com a PCR para um projeto de capacidade eólica e solar de 130 MW, que supre mais de 30% das necessidades locais de eletricidade da ArcelorMittal. / EFE
Money Times - SP 19/04/2023
As ações de mineração e siderurgia listadas na Bolsa vão na contramão do Ibovespa (IBOV) no pregão desta terça-feira (18). Em dia fraco para o principal índice da B3, CSN Mineração, Usiminas, CSN, Gerdau, Vale e Metalúrgica Gerdau figuram entre as maiores altas do dia.
Por volta das 10h50, o setor de siderurgia saltava 1,21%, enquanto mineração subia 1,17%. Os destaques eram:
O movimento em bloco do segmento não é por acaso. As ações pegam carona nos dados positivos de crescimento da China, divulgados na noite de segunda-feira (17), explicam analistas.
O Produto Interno Bruto (PIB) chinês do primeiro trimestre de 2023 (1T23) avançou 4,5% na comparação anual, acima dos 4% esperados pelo mercado. Especialista afirma que a atividade foi impulsionada pelo consumo doméstico. Além disso, a taxa de desemprego do país recuou para 5,3% em março, em linha com a expectativa de 5,5%.
O analista da Empiricus Investimentos, Fernando Ferrer, explica que, como o maior mercado consumidor da Vale é a China, dados positivos vindos de lá são animadores para a companhia. Ilan Arbetman, analista Ativa Investimentos, ainda afirma que, no ramo de mineração em geral, há um peso grande de China.
Para outras empresas, principalmente as de siderurgia, a conexão existe, mas é indireta — como é o caso de Gerdau, por exemplo. A Gerdau não exporta para China, mas dados melhores da atividade chinesa impulsionam o preço do minério de ferro e, consequentemente, o do aço, que é o produto que a empresa fabrica, diz Ferrer.
O ano será positivo para mineração e siderurgia?
O ano será desafiador para mineração e siderurgia. O analista da Empiricus explica que a retração no preço de commodities e uma economia global mais fragilizada do que no ano passado preocupam o setor.
A incerteza em relação à reabertura da economia chinesa também é um ponto de atenção. Segundo Ferrer, os dados recentes são positivos, mas será importante observar os próximos para ter certeza de que se trata de uma recuperação estrutural ou apenas de algo pontual.
Além disso, ele ressalta o acompanhamento de estímulos à construção e à infraestrutura por lá.
O analista da Ativa destaca que os números de ontem são positivos, mas “não brilham os olhos”. “Números muito próximos da expectativa do mercado mostram que não tem por que ter uma animação muito grande com os dados”, diz Ilan.
Vale a pena se posicionar no setor?
Para Ferrer, da Empiricus, as ações da Vale são uma boa pedida no setor de mineração e siderurgia.
Segundo ele, no atual patamar, VALE3 negocia a 3,5 vezes o valor da firma sobre o Ebitda estimado para este ano, “o que é barato quando comparamos com suas pares globais”, avalia. Em termos de preço sobre lucro, Vale negocia a “atrativos” 5 vezes o valor.
Além disso, o analista ressalta que a empresa deve distribuir dividendos e fazer recompras robustas ao longo do ano, de modo que o retorno para o acionista será da ordem de 10% a 15%. Por fim, existem oportunidades de destravamento de valor para a Vale, como eventual transação em sua linha de negócios de metais básicos.
Apesar do otimismo em relação à companhia, Ferrer prefere outra ação no setor. Ele afirma que a Gerdau deve se destacar no ano, pois tem atuação focada em EUA e Brasil e em linhas que ainda demandam bastante aço: óleo e gás, construção civil, infraestrutura. Além disso, as unidades dos EUA estão rodando com 90% de capacidade de utilização.
IstoÉ Online - SP 19/04/2023
A economia da China cresceu em um ritmo mais rápido do que o esperado no primeiro trimestre, já que o fim das rígidas restrições contra a Covid aliviou empresas e consumidores afetados pelos problemas causados pela pandemia, embora a desaceleração global apontem para uma jornada acidentada pela frente.
O Produto Interno Bruto cresceu 4,5% nos primeiros três meses do ano em relação ao mesmo período do ano anterior, mostraram dados do Escritório Nacional de Estatísticas nesta terça-feira, acelerando ante taxa de 2,9% registrada no trimestre anterior.
O resultado ainda superou as previsões dos analistas de uma expansão de 4,0% e marcou o crescimento mais forte em um ano.
Os investidores têm observado de perto os dados do primeiro trimestre para avaliar a força da recuperação depois que Pequim suspendeu abruptamente as restrições contra a Covid em dezembro e aliviou uma repressão de três anos a empresas de tecnologia e incorporadoras. O crescimento do PIB no ano passado caiu para um dos piores em quase meio século devido às restrições pela Covid.
“A recuperação econômica está bem encaminhada. O ponto positivo é o consumo, que está se fortalecendo à medida que a confiança das famílias melhora”, disse Zhiwei Zhang, economista-chefe da Pinpoint Asset Management. “O forte aumento das exportações em março provavelmente também ajudou a impulsionar o crescimento do PIB no primeiro trimestre.”
As autoridades chinesas prometeram aumentar o apoio à economia de 18 trilhões de dólares para conter o desemprego, mas enfrentam espaço limitado de manobra enquanto as empresas lidam com riscos de dívida, problemas estruturais e preocupações com a recessão global.
A recuperação da China até agora permaneceu desigual, já que a mudança do crescimento alimentado por investimentos para uma atividade dependente do consumo enfrenta desafios.
Os gastos com consumo, serviços e infraestrutura aumentaram, mas a produção industrial ficou para trás em meio ao fraco crescimento global, enquanto a desaceleração dos preços e o aumento da poupança bancária estão levantando dúvidas sobre a demanda.
As exportações da China aumentaram inesperadamente em março, mas analistas alertaram que a melhora reflete em parte os fornecedores que estão tirando o atraso de pedidos não atendidos após as interrupções da Covid-19.
O porta-voz do escritório de estatísticas, Fu Linghui, disse em coletiva de imprensa que, embora tenha sido um bom começo para a economia, “o ambiente internacional ainda é complexo e em constante mudança, as restrições da demanda doméstica insuficiente são óbvias e a base para a recuperação econômica não é sólida”.
O crescimento da China no segundo trimestre pode aumentar acentuadamente devido ao baixo efeito de base do ano anterior, disse Fu.
Na comparação trimestral, o PIB cresceu 2,2% entre janeiro e março, em linha com as expectativas dos analistas e acima de um aumento revisado de 0,6% no trimestre anterior.
Analistas consultados pela Reuters esperam que o crescimento da China em 2023 acelere para 5,4%, ante 3,0% no ano passado. O governo estabeleceu uma modesta meta de crescimento do PIB de cerca de 5% para este ano, depois de não cumprir o objetivo de 2022.
Dados separados sobre a atividade em março mostraram que o crescimento das vendas no varejo acelerou para 10,6% em relação ao ano anterior, superando as expectativas e atingindo picos próximos de dois anos. Mas isso se deveu a um efeito de base baixa e há sinais de cautela entre os consumidores.
O crescimento da produção industrial também acelerou, a 3,9%, mas ficou um pouco abaixo das expectativas.
A taxa de desemprego baseada em pesquisa nacional da China caiu para 5,3% em março, de 5,6% em fevereiro, mas a taxa de desemprego para pessoas de 16 a 24 anos avançou para 19,6% no mês passado, de 18,1% em fevereiro.
O investimento em infraestrutura da China aumentou 8,8% no primeiro trimestre em relação ao ano anterior – superando um aumento de 5,1% no investimento geral em ativos fixos, enquanto o investimento imobiliário caiu 5,8%.
Investing - SP 19/04/2023
A forma de aferir a inflação no arcabouço fiscal para estabelecer os limites de gasto do governo tem potencial para ampliar a margem das despesas em 2024, conforme regra estabelecida no projeto a ser enviado ao Congresso, o que contraria posição apresentada mais cedo este mês pela equipe econômica.
A regra proposta estabelece que as despesas públicas não poderão crescer mais do que 70% da variação da receita líquida do governo e define ainda que a alta dos gastos só poderá variar entre 0,6% e 2,5% anualmente acima da inflação.
O período de apuração do índice de preços interfere, portanto, nos limites de gasto do ano seguinte. E o governo escolheu período que deve registrar inflação maior, gerando autorização para despesa mais alta em 2024.
Para guiar a correção real das despesas no ano, o texto estabelece que será observado o índice de preços de janeiro a junho do ano anterior, acrescido da projeção para o dado até dezembro.
Essa definição deve gerar um ganho ao governo em 2024 porque a inflação em 12 meses até junho deste ano deve ser mais baixa do que até dezembro. Isso ocorrerá porque houve deflação no fim do ano passado e, por base de comparação, a inflação acumulada do fim deste ano tende a ser maior.
Na prática, o governo manteve o período de apuração vigente no teto de gastos hoje. Originalmente, a aferição era feita nos doze meses encerrados em junho, mas o governo Jair Bolsonaro mudou o cálculo para dezembro em um momento em que essa alteração também daria uma folga para gastos no ano seguinte.
O IPCA acumulado em 12 meses medido até março deste ano ficou em 4,65%, mas o mercado espera uma gradual alta ao longo deste ano, com o índice chegando em dezembro em 6,01%, conforme boletim Focus do Banco Central.
Em entrevista à Reuters neste mês, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse que a inflação seria medida “exatamente” conforme a regra original do teto, o que acabou não sendo concretizado no texto do projeto de lei, e criticou a adoção de medidas para melhorar pontualmente as contas.
“Para poder tentar ter alguma coisinha no ano seguinte, você fica ‘não ótimo’ na regra mais para frente. Acho que houve uma compreensão geral de que o arcabouço importa mais do que o micro detalhe aqui para você ter um tiquinho mais (de recurso)”, disse.
Monitor Digital - RJ 19/04/2023
O resultado da balança comercial em março de 2023 surpreendeu. Foi o maior saldo na série histórica do mês de março. Contribuiu o fim do lockdown (confinamento) na China, que permitiu um aumento de 29,6% no volume exportado para esse país. Ao mesmo tempo, as previsões de taxas de crescimento abaixo de 1% para a economia brasileira desaceleram o ritmo de crescimento das importações. É possível que o saldo em 2023 supere o de 2022. Os dados são do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas.
Em março, a balança comercial registrou o maior saldo da série histórica desse mês, US$ 10,9 bilhões. Um aumento de US$ 3,3 bilhões em relação a março de 2022.A melhora do saldo da conta de petróleo e derivados passou de US$ 1,7 bilhões para US$ 3,5 bilhões e a dos demais produtos de US$ 5,9 bilhões para US$ 7,4 bilhões. Em valor, as exportações totais aumentaram em 12,3% e as importações, 1,4%.
A melhora do desempenho exportador é liderada pelo aumento do volume exportado, que cresceu 17,5% na comparação mensal, enquanto os preços exportados recuaram em 4,7%. No caso das importações, o volume importado caiu 1,4% e os preços subiram 2,8%.
No trimestre, o saldo da balança comercial foi de US$ 15,8 bilhões, superior ao do primeiro trimestre de 2022, que foi de US$ 12,2 bilhões. Em valor, as exportações aumentaram 4,8% e as importações recuaram 0,3%. A variação no volume exportado (4,7%) explica o desempenho positivo, em valor, das exportações. O recuo das importações foi liderado pela queda do volume (4,0%), pois foi registrado um aumento de preços de 3,8%.
Espaço Publicitário
Na comparação com 2022, os preços recuaram e/ou registraram variações abaixo dos 2 dígitos, o que foi um dos fatores de pressão inflacionária naquele ano. Até o momento, o comportamento em valor dos fluxos de comércio está sendo liderado pelos volumes.
As exportações de commodities, em março, cresceram em valor 13,8% e a de não commodities, 9,1%. Na comparação do mês de março, o volume das commodities cresceram 19,5% e das não commodities, 6,1%. A variação dos preços foi negativa para as commodities (-5,0%) e positiva para as não commodities (2,7%).
No trimestre, a variação do volume exportado das commodities (3,1%) supera o das não commodities (1,6%), enquanto que para os preços o resultado é o inverso, o aumento de preços das não commodites supera o das commodities. Em valor, as exportações de commodities aumentaram 3,6% e das não commodities 7,2%.
As importações, em valor, das commodities aumentaram 11% e das não commodities, 0,3%. A variação do volume importado das commodities foi de 20,5%, mas os preços recuaram em 8,2%, o que explica o aumento em valor de 11%. As importações, em volume, das não commodities recuaram em 3,5% e os preços aumentaram 4,0%.
Na comparação entre os primeiros trimestres de 2022 e 2023, o levantamento observou o aumento em 20,1% do volume importado das commodities e o recuo em 6,3% das não commodities. A variação dos preços foi positiva para os dois grupos com percentuais abaixo de 4%.
O desempenho exportador por setor, em termos de volume, mostra que, em março, a indústria extrativa liderou o percentual da variação, em relação a março de 2022 em 59%, seguida da agropecuária (11%) e da indústria de transformação (8,1%). O principal produto exportado da extrativa foi o petróleo em bruto, com variação em tonelada de 102,7%. Em termos de variação dos preços, houve recuo da extrativa (20%) e aumento de 2,9% para a agropecuária e 1,2% para a transformação. Em março, a participação da extrativa no valor exportado total (25,8%) ficou próxima à da agropecuária, 26,9%, e o da transformação foi de 47,3%. A variação positiva do volume em todos os setores, em especial o aumento acima de 50% da extrativa, contribuiu para o aumento do volume exportado em 17,5%, entre março de 2022 e 2023.
Na comparação interanual trimestral, a extrativa liderou a variação no volume exportado, 19,5%, seguida de aumento de 1,3% da agropecuária e de 0,4% da transformação. Os preços caíram para a extrativa (13,3%) e aumentaram para a agropecuária (7,6%) e para a transformação (4,1%). No trimestre, foi destaque a variação de 174% das exportações de milho.
Entre março de 2022 e 2023, o volume importado caiu para a agropecuária (18,4%) e para a extrativa (15,8%) e aumentou 0,5% para a transformação. A variação dos preços foi positiva, mas abaixo de 3% para todos os setores. Na comparação trimestral, o volume importado caiu para todos os setores e os preços aumentaram para a agropecuária (8,6%) e transformação (4,5%), enquanto recuaram na extrativa (0,8%).
O recuo nas importações está associado a uma expectativa menos favorável em relação ao crescimento econômico do país. O World Economic Outlook de abril, publicado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), prevê uma redução na taxa de crescimento do Brasil de 2,9% em 2022 para 0,9%, em 2023, enquanto no modelo de previsão do IBRE, a projeção é de 0,3%. Nesse cenário, é esperado que as importações desacelerem. As importações de bens intermediários para a indústria recuaram, na comparação trimestral; e mesmo para agropecuária, com previsões de crescimento ao redor de 8%, também registrou uma pequena queda (1,7%). Vale notar a variação nos preços: queda de 23,1% para a agropecuária e aumento de 3,5% para a indústria. Nesse mesmo período em 2022 em relação a 2021, os preços de bens intermediários da agropecuária cresceram 123% e da transformação 32%. No primeiro caso, foi o efeito da guerra na Ucrânia sobre os adubos e fertilizantes, já no segundo, refletiram os gargalos ainda existentes nas cadeias produtivas relacionadas à Covid-19.
As expectativas favoráveis para a agropecuária explicam o aumento das compras de bens de capital (127,7%), que estão associados em parte a máquinas necessárias para a colheita. Para a indústria, o aumento dos bens de capital foi de 6,7%.
A surpresa da balança comercial veio pelo lado das exportações. As previsões são de desaceleração do produto mundial. Segundo o FMI, a taxa de crescimento do produto mundial vai passar de 3,4% em 2022 para 2,8% em 2023. Nos EUA, a variação do PIB cairá de 2,1% para 1,6% e na Zona do Euro de 3,5% para 0,8%. Para o principal mercado de destino das exportações brasileiras, a China, a tendência é o inverso. Com o fim da política de confinamento, associada à Covid-19, o crescimento aumentará de 3,0% para 5,2%.
Na comparação interanual do mês de março, o volume exportado para a China foi de 29,6% e, na comparação do primeiro trimestre, de 9,6%, mostrando que o efeito do fim do confinamento está começando a impactar. Os principais produtos continuam sendo a soja, o minério de ferro e o petróleo. Para os EUA, na comparação mensal, o aumento foi de 9,7% e, no trimestre, de 8,8%. Para o nosso terceiro principal mercado de exportação, a Argentina, os aumentos foram de 20,9% (mensal) e 11,4% (trimestral). A variação mensal para a União Europeia foi de 19,8% e de 7,1%, no trimestre.
Para a Argentina, observa-se que o crescimento está associado ao desempenho do setor automotivo. Entre os primeiros trimestres de 2022 e 2023, as exportações de partes e peças para veículos aumentaram, em valor, 38,6%, e a de veículos de passageiros em 52,9%. Os dois itens explicam 22% das exportações brasileiras para a Argentina.
O aumento de volume está ajudando a variação positiva do valor exportado nesse primeiro semestre. Por outro lado, a queda de preços mais acentuada nas importações tem levado à queda nos termos de troca. Após uma ligeira recuperação, a partir de janeiro de 2022, os termos de troca, em bases trimestrais, mostram tendência de queda, desde dezembro de 2022.
Os dados sugerem que a dependência da China para a melhoria das exportações deverá se acentuar esse ano. A União Europeia tem elevado sua participação na pauta brasileira devido às restrições da Guerra da Ucrânia; mas a desaceleração esperada na região sugere que a contribuição desse mercado não deve aumentar. Por fim temos a Argentina, com crescimento de compras brasileiras, em especial do setor automotivo. Como esse é um comércio administrado, as decisões das multinacionais podem estar influenciando nos resultados, apesar da crise econômica do país.
O Estado de S.Paulo - SP 19/04/2023
Com ajustes de última hora, o governo finalmente encaminhou ao Congresso o projeto de lei de um novo arcabouço fiscal para as contas públicas. Foram três meses até a apresentação das linhas gerais pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no final de março, e mais 18 dias de negociação dos detalhes do texto final de sete páginas e dez artigos.
A equipe conseguiu blindar o texto com pontos que dificultam mudanças para abrir espaço para ampliar despesas, mas perdeu a batalha na tentativa de retirar da lista exceções hoje previstas no teto de gastos, como a capitalização de empresas estatais federais, e evitar erros do passado – como aporte bilionário numa estatal da Marinha no governo Bolsonaro. Essa era a intenção inicial da equipe de Haddad.
Ao todo, o governo incluiu no texto 13 exceções. No anúncio inicial do desenho da regra, o Ministério da Fazenda divulgou apenas que as despesas do Fundeb e do piso da enfermagem não estariam sujeitas ao limite do teto.
Na reta final, houve a decisão de que os bancos públicos federais (BNDES, Caixa, Banco do Brasil, Banco da Amazônia e Banco do Nordeste) não podem receber capitalização fora do limite de gastos, como mostrou o Estadão. Ou seja: esses aportes ficam sujeitos à regra. Esse ponto desagradou os integrantes dos partidos de esquerda.
A “blindagem” a instituições financeiras, segundo apurou o Estadão, foi um pedido do Tesouro Nacional para não haver o risco de a exceção a estatais ser vista pelo mercado como uma brecha para mega aportes em bancos públicos, como ocorreu no passado.
.
Recepção da nova regra
O projeto obriga o presidente da República a explicar os casos de descumprimento das metas fiscais, mas retira a responsabilização por não cumprimento da meta que existia antes na Lei de Responsabilidade Fiscal. O contingenciamento de despesas ficou opcional.
Esses pontos não foram bem recebidos pelo mercado. “Há perda de ‘enforcement’ (força) para a regra, não é positivo”, avaliou Jeferson Bittencourt, ex-secretário do Tesouro e economista da ASA Investments. Segundo ele, a decisão de tornar o contingenciamento opcional não impõe mais nenhum tipo de esforço para Poderes e órgãos entregarem o resultado primário (receitas menos despesas, sem contar os juros da dívida) prometido.
Para o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, o novo arcabouço se caracterizou como mais expansionista, principalmente porque a nova regra já parte de um base alta de despesas deste ano após a aprovação da PEC da Transição. Segundo ele, o crescimento real das despesas em 2024 acabará ficando em cerca de 2,1%, ao invés do que se esperava – um pouco abaixo de 1%, com o modelo que o governo utilizou para fazer a correção monetária do limite de gastos.
“Confirma o viés mais expansionista da política fiscal para frente, vai demandar um esforço de receita. A despesa está aí, é um crescimento importante, e a receita é incerta”, disse ele.
Pelo texto do arcabouço, a variação da receita será medida, em termos reais (acima da inflação), até junho do ano anterior, com base na inflação acumulada até junho, enquanto a correção monetária somada a essa variação real será composta pela inflação acumulada de janeiro a junho, acrescida das projeções do governo contidas na proposta orçamentária para julho a dezembro.
Para Felipe Salto, economista-chefe da Warren Rena, o governo precisa considerar, no limite, a inflação mais próxima da realidade para controlar as despesas do ano seguinte. “Não tem como fugir de uma projeção. Isso não tem problema algum. Estão vendo pelo em ovo. Até porque, se formos pensar dois minutos a mais, vamos chegar à conclusão de que, se houvesse esse maquiavelismo todo, o que fazer quando a inflação apresentasse o movimento oposto, prejudicando o espaço fiscal prospectivo?”, rebateu ele sobre as avaliações de que o governo fez um modelo para pode gastar mais no ano que vem.
Segundo ele, as exceções à regra de gastos do arcabouço representam cerca de 20% do total de gastos do governo, incluindo as transferências.
IstoÉ Online - SP 19/04/2023
Os contratos futuros de minério de ferro nas bolsas de Dalian e Cingapura subiram para máximas de uma semana nesta terça-feira, com o crescimento econômico melhor do que o esperado na China para o trimestre de março impulsionando o sentimento do investidor.
O produto interno bruto da China cresceu 4,5% em relação ao ano anterior, acelerando frente aos 2,9% registrados no trimestre anterior e superando as previsões dos analistas de uma expansão de 4,0%.
O minério de ferro mais negociado para setembro na Dalian Commodity Exchange (DCE) encerrou as negociações diurnas com alta de 2,08%, a 784 iuanes (114,04 dólares) a tonelada.
Na Bolsa de Cingapura, o minério de ferro de referência em maio subiu 0,75%, para 117,65 dólares a tonelada, o maior nível desde 12 de abril.
“A demanda sólida deu certo suporte aos preços do minério de ferro, mas há riscos de queda decorrentes das margens estreitas do aço. Além disso, a produção diária de metal quente pode cair depois de atingir o pico em março”, disseram analistas da Sinosteel Futures em nota.
O clima, que afeta o ritmo dos embarques, não terá muito efeito sobre a oferta geral, acrescentaram.
Os preços do minério de ferro ganharam terreno na semana passada devido a preocupações sobre possíveis interrupções no fornecimento na Austrália em razão de um ciclone tropical. No entanto, o ciclone poupou algumas áreas povoadas, incluindo Port Hedland, o maior centro de exportação de minério de ferro do mundo.
O ingrediente siderúrgico vinha enfrentando pressão de queda desde o final de março, em parte devido à demanda de aço mais fraca do que o esperado durante o pico da temporada de atividade de construção na China.
Outros ingredientes siderúrgicos, incluindo carvão metalúrgico e coque, também registraram ganhos na terça-feira. O carvão subiu 2,97% e o coque ganhou 2,55%.
Valor Investe - SP 19/04/2023
Banco vê maior atratividade no cobre do que minério de ferro. Veja recomendação para as ações
O Santander mudou suas preferências no setor de metais da América Latina, deixando de lado companhias que lidam com minério de ferro e vendo maior atratividade em empresas com exposição ao cobre.
Os analistas Rafael Barcellos e Arthur Biscuola escrevem que os dois metais enfrentam questões persistentes sobre aumento na oferta e também são ligadas à recuperação da economia da China.
No entanto, o banco destaca que o cobre tem uma melhor tendência de preços neste ano do que o minério de ferro, em meio à limitação imposta pelo governo chinês na produção de aço no país.
“O cobre também tem demanda tanto de velha quanto nova economia, com tecnologias verdes já representando 8% da demanda global do metal”, diz o banco. O banco agora tem preferência das ações da Southern Copper Corporation sobre Vale.
Nas siderúrgicas, a preferência do banco agora é Gerdau, vendo preços mais atrativos e diversificação geográfica das operações ajudando a companhia em cenário de fundamentos ainda frágeis do setor.
O Santander manteve recomendação de compra para Vale e Gerdau, com preços-alvos em US$ 19 e R$ 35, respectivamente.
O Estado de S.Paulo - SP 19/04/2023
O estrangulamento da força de trabalho da Agência Nacional de Mineração (ANM) levou o Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências) a decretar “estado de greve” no órgão federal. Hoje, a ANM funciona com apenas 32% de seu quadro de servidores, sem ter condições mínimas de realizar seu trabalho, segundo a agência.
Na prática, com a decretação do estado de greve, o governo federal será cobrado, por meio de ofícios, para que tome medidas urgentes e evite a paralisação total dos serviços.
A ANM foi criada em 2017 para substituir o antigo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). A agência é responsável por fiscalizar um setor que movimenta R$ 340 bilhões por ano, o equivalente a 4% de todas as riquezas produzidas no Brasil.
Por lei, a ANM teria de ter 2.121 servidores em plena atividade. Esse é o organograma previsto em sua criação, ou seja, a estrutura necessária para realizar seu trabalho. Hoje, porém, a agência tem apenas 664 servidores, o que significa um rombo de 68% em sua força de trabalho, como mostrou o Estadão.
Mesmo após os rompimentos das barragens de Mariana e de Brumadinho, equipe de fiscalização da ANM voltada exclusivamente para as barragens de rejeito sofre com a falta de 40% da capacidade prevista de pessoal. São apenas 34 pessoas para fiscalizar 928 barragens de rejeito de minério em todo o País.
O colapso já é uma realidade nas fiscalizações dos royalties da mineração, principal fonte de receita que abastece os cofres públicos de municípios, Estados e da União. Apenas cinco servidores estão dedicados, atualmente, à tarefa de fiscalizar cerca de 45 mil processos de pagamento da chamada Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), o encargo bilionário que deve ser pago pelas mineradoras.
Fora as limitações atuais, ainda há previsão de aumento de mais trabalho, com mudanças previstas para fiscalizar a origem do ouro no Brasil e combater as atividades ilegais do garimpo.
“A situação se agravou ainda mais. A instauração do estado de greve na ANM sinaliza a intensificação da mobilização dos servidores para resguardar a regulação do setor de mineração no Brasil, formalizando a busca de um processo negocial com o governo, que até o momento se manteve silente diante nossas reivindicações. A ANM já funciona com 30% de seu efetivo, executando suas atribuições no limite do possível”, diz o presidente do Sinagências, Cleber Ferreira.
A decisão pelo estado de greve foi tomada nesta segunda-feira, 17, durante uma Assembleia Distrital unificada restrita ao corpo de servidores da ANM, filiados ou não ao sindicato.
O estado de greve se distingue da greve ou do indicativo de greve, sendo um estado de mobilização sem nenhuma relação com movimentos paredistas ou que venham a ter impacto na paralisação de serviços ou atividades por parte dos servidores da ANM.
A necessidade de fortalecimento da estrutura organizacional da agência já foi recomendada pela Controladoria-Geral da União (CGU), pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O Tribunal de Contas da União (TCU) também alertou sobre a necessidade de reestruturação do órgão, com 29 áreas que representam um alto risco de paralização, por vulnerabilidade a fraude, desperdício, abuso de autoridade e má gestão.
Hoje as carreiras da ANM possuem ainda um déficit remuneratório de 40%, em média, em relação às demais agências reguladoras federais. Os servidores estão sem recomposição salarial desde julho de 2017, totalizando seis anos de perda de poder de compra. A remuneração inicial atual do cargo de Especialista em Recursos Minerais é hoje menor do que o piso da engenharia, dificultando ainda mais a realização de concurso e seleção de bons profissionais.
Diante do atual quadro, a agência já se encontra em estado de colapso operacional, limitada aos serviços essenciais. “Na prática, os sucessivos governos já colocaram a ANM em estado de paralização operacional parcial onde a agência não possui condições de exercer suas atividades de forma contínua por falta de pessoal”, afirmou Cleber Ferreira.
Em fevereiro, após reportagem do Estadão, a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, autorizou a nomeação de 40 candidatos aprovados em um concurso público da ANM. O processo estava parado desde 2021, quando o concurso foi realizado. O chamamento, no entanto, não estancou a crise. Questionada sobre o assunto, a pasta ainda não se manifestou a respeito.
Infomoney - SP 19/04/2023
A Vale (VALE3) produziu 66,8 milhões de toneladas de minério de ferro no primeiro trimestre de 2023 (1T23), 5,8% acima do mesmo trimestre do ano anterior (1T22), informou a mineradora em seu relatório de produção nesta terça-feira (18).
Segundo a mineradora, o resultado foi impulsionado pelo desempenho mais forte da importante mina S11D, no Pará, e melhores condições climáticas em Minas Gerais.
A produção de pelotas, por sua vez, aumentou 20% na base anual, atingindo 8,3 milhões de toneladas, impulsionada pela maior disponibilidade de pellet feed e menores atividades de manutenção.
Já a produção de níquel acabado foi de 41 mil toneladas, um recuo de 13,5% em relação ao quarto trimestre de 2022 e de 10,5% na base anual, “devido principalmente à transição contínua da mina de Voisey’s Bay para operações subterrâneas e à manutenção programada ligeiramente maior na refinaria Matsusaka em comparação com o 1T22”, explica a mineradora.
A produção de cobre foi de 67 mil toneladas (kt) no 1T23, uma elevação de 18,4% na comparação anual e de 1,1% na base trimestral.
Vendas em queda
O volume de vendas de finos e pelotas de minério de ferro somou 45,9 milhões de toneladas no primeiro trimestre deste ano, valor 10,6% menor que o do primeiro trimestre de 2022 e 43,5% abaixo do quarto trimestre de 2022.
Conforme a mineradora, o recuo se deve a restrições de embarque no Sistema Norte durante o período chuvoso e ao rebalanceamento das cadeias de valor (supply chain), após fortes vendas no 4T22.
“A Vale espera compensar esse impacto no 2º semestre, mantendo seu plano anual de vendas inalterado”, disse no relatório.
As vendas de pelotas foram de 8,1 milhões de toneladas de janeiro a março de 2023, uma redução de 7,5% em relação ao quarto trimestre de 2022, mas um aumento de 16% na base anual.
O volume de vendas de níquel foi de 62,7 mil toneladas no 1T23, 31,1% menor do que 4T22 e 2,8% acima do 1T22.
Já as vendas de cobre somaram 62,7 mil toneladas no primeiro trimestre de 2023, um aumento de 24,7% na comparação com o primeiro trimestre de 2022 e baixa 12,4% frente ao quarto trimestre de 2022.
Valor - SP 19/04/2023
Empresas japonesas, chinesas e sul-coreanas buscam para entrar no início da produção de veículos elétricos na região
A Tailândia e a Indonésia se tornaram dois dos destinos asiáticos mais procurados para investimentos em peças e materiais para veículos elétricos, com empresas japonesas, chinesas e sul-coreanas correndo para entrar no início da produção de veículos elétricos na região.
A fabricante japonesa de plásticos Kuraray inaugurou neste mês sua primeira fábrica na Tailândia.
"As montadoras nos disseram que querem ter uma cadeia de suprimentos" na região, disse o presidente Hitoshi Kawahara na cerimônia de abertura.
A nova fábrica faz parte de um número crescente de investimentos relacionados a veículos elétricos na Tailândia, que é o maior produtor de automóveis do Sudeste Asiático, mas ainda é um novo território para modelos elétricos. A sul-coreana Hyundai Motor iniciou a produção de veículos elétricos na Tailândia no ano passado, e a chinesa BYD tem planos de começar a montar veículos na Tailândia em 2024.
Cerca de 70 bilhões de ienes (US$ 520 milhões) foram investidos na planta da Kuraray, que formou joint venture com a petroquímica tailandesa PTT Global Chemical e a trading japonesa Sumitomo Corp.
A Kuraray fabrica uma resina de alto desempenho batizada de Genestar, que tem maior resistência ao calor do que as resinas padrão e é usado para peças de alta tensão em torno de baterias de veículos. A Genestar é produzida no Japão, mas a nova fábrica tailandesa dobrará a produção anual para 26 mil toneladas.
Kawahara disse que a empresa considerará novos investimentos na Tailândia por volta de 2026, aproximadamente na mesma escala da nova fábrica.
Em março, a fabricante japonesa de peças eletrônicas Murata Manufacturing disse que concluiu uma fábrica de capacitores cerâmicos multicamadas na província de Lamphun, no norte da Tailândia.
Essas peças estabilizam o fluxo de eletricidade dentro dos dispositivos. Até 10 mil podem ser necessários em um veículo elétrico. A Murata, líder mundial nesses capacitores, planeja aumentar sua capacidade de fornecimento no Sudeste Asiático.
A Tailândia introduziu incentivos em 2022 para promover a mudança para veículos elétricos, e as montadoras chinesas e japonesas responderam.
A BYD planeja abrir uma fábrica no próximo ano com produção anual de 150 mil veículos. A Great Wall Motor, que já entrou no mercado tailandês, e a MG Motor, de propriedade da SAIC Motor, também planejam iniciar a produção no país.
Os fabricantes de peças japoneses veem a BYD e outras montadoras chinesas como clientes em potencial. Toyota e Honda planejam fabricar veículos elétricos na Tailândia, mas provavelmente começarão em pequena escala.
Quando se trata de baterias de veículos elétricos, as empresas chinesas e sul-coreanas estão de olho na Indonésia, rica em recursos, o segundo maior produtor de automóveis da região.
A chinesa Contemporary Amperex Technology (CATL), maior fabricante mundial de baterias para veículos elétricos, investirá até US$ 6 bilhões para construir uma fábrica com uma empresa local. O objetivo é concluir o projeto até 2026 e estabelecer uma produção verticalmente integrada que inclua processos upstream, como a mineração de níquel, uma matéria-prima vital.
A sul-coreana LG Energy Solution abrirá uma fábrica de baterias na Indonésia com a Hyundai.
As montadoras chinesas e europeias importaram principalmente veículos elétricos produzidos em seus próprios países para venda no Sudeste Asiático.
"Produzir dentro da região se tornará a norma a partir de agora, inclusive no Sudeste Asiático. Os fabricantes relacionados a automóveis precisarão reorganizar suas redes de fornecimento em torno de veículos elétricos", disse Akira Miyakoshi da Organização de Comércio Externo do Japão.
Acredita-se que mais de mil fabricantes de peças japonesas operem no Sudeste Asiático, mas apenas alguns estão envolvidos em redes de fornecimento relacionadas a veículos elétricos. Isso ocorre porque as montadoras japonesas há muito se concentram em tornar os motores de combustão com uso intensivo de peças mais eficientes em termos de combustível. Quando a indústria decidiu se tornar elétrica, eles primeiro se concentraram em veículos híbridos e híbridos plug-in, enquanto os rivais avançaram para os veículos elétricos completos.
As montadoras japonesas têm participação de mercado de cerca de 90% na Indonésia e na Tailândia. Mas em veículos elétricos, um punhado de empresas chinesas e sul-coreanas dominam os dois países.
Apenas 10 mil elétricos foram vendidos na Indonésia e na Tailândia em 2022, mas sua adoção pode acelerar mais rápido do que o esperado. À medida que a produção local dos fabricantes de veículos elétricos chineses e sul-coreanos cresce, "os fabricantes de baterias da China e da Coreia do Sul provavelmente pressionarão pela criação de redes de fornecimento no Sudeste Asiático", disse uma fonte de um fornecedor japonês.
Infomoney - SP 19/04/2023
A Volkswagen anunciou nesta terça-feira que planeja lançar mais 10 modelos de veículos elétricos até 2026 e que continua comprometida com o mercado da China, onde marcas internacionais estabelecidas estão perdendo terreno para rivais locais.
Em fevereiro, a montadora chinesa BYD teve vendas maiores que a marca Volkswagen, se tornando a maior vendedora de carros na China pelo segundo mês seguido.
O presidente-executivo da marca de carros da Volkswagen, Thomas Schafer, revelou nesta terça-feira no salão do automóvel de Xangai o sofisticado modelo ID.7 e afirmou que a companhia planeja lançar 10 modelos de elétricos até 2026.
“Continuamos comprometidos com a China…Nosso princípio é desenvolvimento na China, para a China à toda velocidade”, disse Schafer.
O executivo afirmou que a companhia está investindo pesado em sua joint-venture chinesa em design, produção e pesquisa e desenvolvimento, contratando até 2 mil desenvolvedores para seu centro de inovação na província de Anhui.
Valor - SP 19/04/2023
Contrato de R$ 43,2 milhões com a prefeitura de Cascavel, no Paraná, prevê a entrega de 15 unidades
Barella, diretor para América Latina, já fechou a venda de 200 ônibus elétricos para a capital paulista, através da Enel X — Foto: Silvia Zamboni/Valor
A montadora chinesa Higer vai embarcar para o Brasil, no início de maio, os primeiros 50 ônibus elétricos que vão rodar nas ruas da capital paulista, dentro de um contrato total inicial de 200 unidades. Mas a fabricante de vans, caminhões e ônibus elétricos está comemorando um contrato bem menor, mas considerado muito significativo. A empresa venceu a licitação da prefeitura de Cascavel (PR) para entrega de 15 ônibus, com autonomia de 270 quilômetros e tempo de recarga de 4 horas, em um contrato de R$ 43,2 milhões.
A vitória no Paraná é importante para a companhia, que no Brasil atua em parceria com a TEVx Motors, porque é considerada a primeira licitação para substituição de ônibus a diesel por veículos elétricos. No caso de São Paulo, a Enel X, braço de serviços e soluções de descarbonização do grupo italiano de energia Enel com experiência semelhante no Chile e Colômbia, compra todos os ônibus dos fabricantes e faz o arrendamento para os operadores do sistema. A prefeitura paga a Enel X pelo aluguel dos veículos. A Higer fica responsável pela manutenção dos seus veículos e treinamento dos motoristas.
O centro técnico da empresa em São Paulo será responsável pelo treinamento e manutenção dos veículos
Em Cascavel, a prefeitura compra os veículos, com recursos do Banco Mundial, e fornece para os dois operadores do sistema na cidade. Os 15 ônibus representam 10% do total. Não existe um cronograma definido, ma a expectativa é que o processo avance até atingir praticamente toda a frota. A troca não deve ser de 100% porque a cidade tem uma área rural importante e os modelos elétricos não são apropriados para essas regiões. Além do investimento nos modelos elétricos, a cidade vai construir uma usina de geração solar para abastecer os ônibus.
“São Paulo sempre foi o objetivo de toda a indústria quando se fala da eletromobilidade do transporte urbano. Mas Cascavel fez um trabalho importante. Foram dois anos de estudos e concluíram o processo. Hoje temos vários editais, como em São José dos Campos (SP) e em Goiás, que sofrem com embargos ou suspensões. Cascavel é o primeiro caso de uma licitação pública que foi concluída”, afirma Marcelo Barella, diretor da Higer para a América Latina.
Barella entende que a vitória no Paraná ratifica o trabalho que a empresa vem fazendo no país, onde enfrenta concorrência de companhias estabelecidas no país há décadas. Ele conta que a Higer ficará responsável pela manutenção, fornecimento de peças e treinamento. “Esses carros têm de durar pelo menos os 15 anos previstos no plano de negócios da cidade”, afirma.
A chinesa tem São Paulo como o grande impulsionador da eletrificação do sistema de transporte, pelo tamanho da frota e visibilidade, mas vai disputar cada licitação que seja aberta no país. A expectativa é fechar 2023 com a venda e torno de 700 unidades. Até agora são 215 veículos.
“Acredito que ainda vamos conseguir mais 200 unidades em São Paulo. Fora outros projetos que ainda são possíveis de serem fechados, como São José dos Campos (400 unidades), Goiás (114), Cuiabá (59), negociação com aeroportos (55). Nossa perspectiva é 700 unidades neste ano”, afirma Barella. Nesses casos, o modelo de negócio é igual ao de São Paulo e a parceira é também com a Enel X.
Os veículos serão importados prontos para rodar. A empresa está se preparando para construir uma unidade de montagem em Pecém, no Ceará, com previsão de iniciar e concluir as obras em 2024. A partir dai, os ônibus serão importados no sistema de PKD (Partial Knock-Down), com a colocação no Brasil de vidros, assentos e motor, por exemplo.
O passo seguinte é substituir partes e peças por produtos nacionais. A bateria, por exemplo, que representa 46% do custo do ônibus, pode ser brasileira no futuro. O fornecedor original, a CATL, já tem um acordo com a Baterias Moura para transferência de tecnologia. Sistema de direção, eixos e ar-condicionado também podem ser locais. Com produto com índice de nacionalização maior, a Higer pode se enquadrar nas linhas de financiamento de bancos públicos, como BNDES e Banco do Nordeste, destinadas aos projetos de eletromobilidade.
“Temos o compromisso de gerar empregos no Brasil. Somos criticados e nos acusam de que só queremos trazer o veículo importado e vender aqui. Não é isso”, garante o executivo. A empresa deve fechar o ano com pelo menos 300 funcionários. “A parceria com a TEVx é uma empresa brasileira. Por isso adotamos o nome TEVx Higer. Boa parte do investimento é da parte brasileira.”
A Higer está instalando seu centro técnico em São Paulo, em uma área de 6 mil m2, que será responsável pelo treinamento e manutenção dos veículos. Também vai funcionar como depósito de peças de reposição. A empresa está importando US$ 1 milhão em peças de reposição para atender os primeiros ônibus importados.
Paralelo aos ônibus, a Higer mantém os planos de importar também vans e caminhões elétricos. O primeiro lote de vans e ônibus deve chegar ainda neste ano. As vans serão destinadas principalmente à entrega de produtos e o foco são clientes corporativos. “Até o fim do ano nossas vans estarão circulando nas ruas do país”, diz Barella. Antes disso, porém, os primeiros 50 ônibus que chegam em junho já devem estar transportando passageiros em São Paulo.
O Estado de S.Paulo - SP 19/04/2023
A Scania vai passar a operar somente três dias por semana a partir de maio, medida que ocorre pouco depois de a fabricante de caminhões e ônibus ter encerrado o segundo turno de trabalho na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. A maioria das fabricantes de veículos pesados, assim como várias do setor de automóveis, estão adotando medidas de corte de produção em razão da queda das vendas.
Todos os 4,5 mil funcionários da empresa, incluindo pessoal da produção e administrativo, terão a jornada de trabalho reduzida sem alterações nos salários, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que comandou a assembleia na fábrica com os trabalhadores nesta terça-feira, 18.
A medida foi aprovada, pois, segundo o sindicato, é uma alternativa às demissões. Não há prazo determinado para a semana de três dias de trabalho, pois sua duração será avaliada mensalmente.
Também foi decidido que, em julho, haverá dez dias de férias coletivas apenas para o pessoal da produção (cerca de 3 mil funcionários), a partir do dia 10.
No fim de março, a Scania já tinha anunciado o encerramento do segundo turno de trabalho na unidade e os 200 funcionários dessa equipe foram realocados para o primeiro turno. A companhia também não renovou contratos de funcionários temporários.
Segundo o sindicato, os dias não trabalhados serão descontados do banco de horas, sem prejuízos aos salários dos funcionários. O vice-presidente da entidade, Carlos Caramelo, disse que as dificuldades enfrentadas no setor de caminhões “são reflexos da ausência de uma política industrial nacional e que é preciso cobrar também os governos estaduais e municipais”.
“Temos sentido reflexos da ausência de políticas específicas para o setor nos últimos anos. Precisamos de políticas públicas que diminuam o impacto ou que gerem, além de uma cobertura social, trabalho e renda”, afirmou Caramelo. “Tudo isso passa por incentivos à economia, com crédito, linhas de financiamento específicas e, em contrapartida, a garantia de emprego.”
O sindicalista também criticou a manutenção da taxa de juros em 13,75% pelo Banco Central, alegando que os financiamentos ficam mais caros, o crédito mais difícil e os investimentos no País ficam travados.
Efeito dominó
Medidas de corte de produção motivadas pelo desaquecimento do mercado, e em alguns casos por falta de componentes, vêm se espalhando pelo setor automotivo desde o início de março e se intensificaram neste mês, em especial entre as fabricantes de caminhões e ônibus.
Entre os motivos da queda estão a falta de financiamento e a antecipação de compras ocorrida no fim do ano passado. Frotistas correram para adquirir veículos antes da mudança da legislação de emissões (para a chamada Euro 6) a partir deste ano. Com novas tecnologias para atender níveis mais rígidos de emissões, os preços subiram.
Nesse segmento, já anunciaram férias coletivas, lay-off (suspensão temporária de contratos) e suspensão de turnos as fabricantes de veículos pesados Volkswagen Caminhões e Ônibus (WVCO), Mercedes-Benz, Iveco e Volvo.
No segmento de automóveis ocorreram paralisações de produção total ou parcial em fábricas da Volkswagen, General Motors, Jeep e Hyundai.
Monitor Digital - RJ 19/04/2023
O investimento em ativos fixos da China subiu 5,1% em termos anuais no primeiro trimestre deste ano, mostraram dados do Departamento Nacional de Estatísticas divulgados nesta terça-feira. O investimento totalizou cerca de 10,73 trilhões de iuanes (US$ 1,56 trilhão) nos primeiros três meses, informou a entidade em comunicado.
Conceitualmente, ativos fixos podem ser definidos como ativo de ciclo longo (mais de doze meses), destinado à exploração e não à comercialização. Inclui instalações, equipamentos e ativos intangíveis.
No período de janeiro a março, o investimento em construção de infraestrutura aumentou 8,8% em relação ao mesmo período do ano passado, e o investimento em manufatura registrou uma expansão de 7%. No entanto, os fluxos de capital no desenvolvimento imobiliário caíram 5,8% em termos anuais.
Segundo a Agência Xinhua, o investimento em ativos fixos do setor privado subiu anualmente 0,6% durante o mesmo período. As indústrias de alta tecnologia continuaram a mostrar um sólido impulso de crescimento, com o investimento saltando 16% ano a ano.
Espaço Publicitário
Especificamente, o investimento nos setores de manufatura de alta tecnologia e serviços de alta tecnologia cresceu anualmente 15,2% e 17,8%, respectivamente. Mais apoio financeiro foi dado à melhoria da vida da população, já que o investimento em saúde pública e educação aumentou anualmente 21,6% e 6,2%, respectivamente.
Infomoney - SP 19/04/2023
As vendas de moradias na China em valor tiveram expansão anual de 7,1% no primeiro trimestre de 2023, segundo dados do Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês). O resultado mostrou aceleração em relação ao ganho anual de 3,5% observado no primeiro bimestre.
As construções iniciadas – considerando-se tanto residências quanto propriedades comerciais – sofreram um tombo anual de 19,2% no primeiro trimestre, maior do que a queda de 9,4% vista nos primeiros dois meses do ano.
Já os investimentos no desenvolvimento de projetos imobiliários tiveram contração anual de 5,8% no primeiro trimestre, aprofundando levemente o declínio de 5,7% verificado no primeiro bimestre.
IstoÉ Online - SP 19/04/2023
A companhia de logística VLI adquiriu 78 vagões Hopper HTT, próprios para o transporte de commodities agrícolas e fertilizantes, com o objetivo de incrementar a sua capacidade na operação do corredor norte, onde a empresa passará a transportar adubos a partir desse movimento.
A VLI, que tem a mineradora Vale como principal acionista, já é a maior transportadora de fertilizantes por ferrovia no Brasil, com esse tipo de carga respondendo por 11% do “mix” total movimentado pela empresa. Mas, atualmente, ela concentra o transporte de adubos na Ferrovia Centro-Atlântica.
A ampliação da movimentação de fertilizantes será possível com a inauguração do fluxo dessa carga no corretor que liga o Porto do Itaqui, no Maranhão, ao Terminal Integrador de Palmeirante (TIPA), onde a multinacional Mosaic prevê instalar uma nova unidade de mistura, armazenagem e distribuição de adubos.
“Temos resultados crescentes ano a ano no corredor Centro-Norte… Os novos vagões chegam para dar vazão a este crescimento natural de carga, acrescido dos volumes da nova operação de fertilizantes”, disse o diretor de Operações do Corredor Centro-Norte da VLI, Daniel Schaffazick, em nota antecipada à Reuters.
A iniciativa integra projeto para a implantação de um hub industrial, com empresas do segmento de fertilizantes, tradings do agro e outros setores no TIPA, em Tocantins.
Produtores situados numa área que abrange os Estados do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Bahia e Piauí, além de Tocantins, Maranhão e do Distrito Federal, poderão ser atendidos pelo projeto, que tem investimentos iniciais em torno de 200 milhões de reais.
A VLI estima que os novos vagões, que também podem transportar grãos, permitirão comportar 1,5 milhão de toneladas ao ano de potenciais novos volumes no corredor de fertilizantes do corredor norte.
Em 2022, a companhia movimentou 15 milhões de toneladas pelo corredor norte, versus 12,7 milhões de toneladas em 2021.
A companhia não revelou o valor do investimento na aquisição dos vagões por sigilo de contrato.
Os vagões Hopper HTT, desenvolvidos e produzidos pela Greenbrier Maxion, possuem três principais diferencias: redução do comprimento sem perda de volume, diminuição da tara (peso) e aumento da vida útil.
“Com todas essas otimizações, há um incremento na capacidade de carga por trem”, disse a empresa, destacando que outros diferenciais são o sistema descarga rápida e o revestimento interno com pintura especial, que não retém a carga no interior do vagão.
Seis locomotivas foram incorporadas à frota da VLI desde 2020 para aumento de capacidade da operação no Arco Norte. No mesmo período, a companhia adquiriu mais de 300 vagões para sua frota no corredor.
Portal Fator Brasil - RJ 19/04/2023
É recorde na movimentação do mês.
O Porto Itapoá bateu seu recorde histórico de movimentos de contêineres neste mês de março. Foram 51.615 movimentos ao todo, superando o mês de julho de 2022, quando 49.762 contêineres foram movimentados. O mês fechou um trimestre bastante produtivo, com 138.255 contêineres movimentados, número 14,5% maior do que o mesmo período do ano passado. Além disso, o Terminal bateu diversos outros recordes em sua operação.
Para o presidente do Porto Itapoá, Cássio Schreiner, o crescimento de volume de cargas é um sinal de que o mercado vem demandando a cadeia de serviços logísticos como portos, armazéns, transportadoras, despachantes, etc. —Esperamos que ainda neste ano estes recordes sejam novamente batidos —diz e complementa: —Com investimentos na infraestrutura de acessos rodoviários e aquaviários de Santa Catarina, podemos avançar ainda mais nessas projeções—
O relacionamento com os clientes tem sido um grande diferencial do Porto Itapoá. Neste ano, o Terminal atingiu o melhor índice de satisfação de clientes do Brasil, segundo Instituto Ibero-Brasileiro de Relacionamento com o Cliente (IBRC). O Terminal também foi, pelo quinto ano consecutivo, o dono do maior índice NPS (Net Promoter Score), que avalia o quanto os clientes do porto estão dispostos a recomendar seus serviços para outros.
Cargas refrigeradas — A exportação de cargas refrigeradas pelo Porto Itapoá também teve recorde histórico em março de 2023. Com 2.715 contêineres movimentados superou a marca de 2.550 de março de 2014.
— O marco consolida o Terminal como um dos mais importantes do Brasil para exportação de cargas refrigeradas— explica o presidente do Porto Itapoá, Cássio Schreiner. —Contamos hoje com 2.892 tomadas dedicadas a contêineres refrigerados e queremos chegar a cinco mil no futuro — explica Schreiner.
Schreiner ressalta que infraestrutura atraiu importantes linhas de conexão para o porto, tornando-o cada vez mais significativo no contexto nacional. “Somos o único porto de Santa Catarina com o serviço ASAS, da Maersk. Esse serviço nos permite oferecer o menor transit time de importação da Ásia entre todos os portos do Sul do Brasil”, reforça o executivo. No Brasil, este serviço só faz double call (parada do navio na ida e na volta do trajeto) em Itapoá e Santos.
Movimentos no Gate — O Gate do Porto Itapoá também conquistou novos recordes. Em março foram 42.921 movimentos registrados, superando o número de agosto do ano passado de 35.911. O mês também teve recorde de movimentação diária — 1.803 movimentos.
O Estado de S.Paulo - SP 19/04/2023
A maré está a favor das lanchas e iates produzidos no Brasil. Pela primeira vez, em 2022 as exportações de embarcações superaram as importações, e cada vez mais modelos nacionais navegam em águas de diversos países, incluindo os principais mercados, como as nações europeias e os Estados Unidos.
De acordo com dados da Associação Brasileira dos Construtores de Barcos e seus Implementos (Acobar), no ano passado, as exportações do setor bateram recorde histórico e somaram US$ 30,1 milhões, volume quase quatro vezes superior às importações (US$ 7,6 milhões). Como comparação, em 2021, o País já havia exportado quase a mesma cifra (US$ 29,9 milhões), mas na época as importações chegaram a US$ 75,7 milhões.
Para o presidente da Acobar, Eduardo Colunna, o setor está “começando a colher os frutos” de uma iniciativa que nasceu há quase uma década, e que ganhou força nos últimos quatro anos. “(O setor) Sempre ficou de fora (das exportações) por erro dos próprios estaleiros, que não investiram na operação.” Agora, porém, ele acredita que o segmento está “sólido” e que a tendência é “crescer e se perpetuar”. Segundo ele, a expectativa é de crescimento anual em torno de 20% só com exportações.
Fatores como taxa de câmbio favorável e o desenvolvimento de modelos atraentes para o público estrangeiro favoreceram as vendas externas. Além disso, Colunna diz que, durante o período de isolamento imposto pela covid-19, houve uma “descoberta do mar”. “Da pandemia para cá, o mercado melhorou muito no mundo todo e abriu oportunidades”, diz.
De acordo com ele, em fevereiro, pelo menos seis empresas brasileiras expuseram seus barcos no Miami Boat Show - considerado o maior evento náutico do mundo -, prova de que os estaleiros nacionais estão investindo no mercado externo. “Tem empresa exportando mais de 40% da produção”, garante ele, acrescentando que os barcos nacionais “não devem nada (em relação aos estrangeiros) em termos de qualidade técnica, design e acabamento”.
.
O atual momento do segmento náutico (de embarcações voltadas à recreação) contrasta com o setor naval (de construção de navios de grande porte e plataformas marítimas para exploração de petróleo), dependente de contratos com o governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que pretende incentivar a construção de navios. No discurso de 100 dias de seu governo, completados em 10 de abril, ele disse que pretende ampliar a frota de navios da Transpetro, braço logístico da Petrobras.
No primeiro mandato de Lula, a Transpetro lançou o Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), que foi desativado em meados da década passada, na esteira dos escândalos de corrupção deflagrados pela Operação Lava Jato. Dados do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) mostram que, em 2014, a indústria naval brasileira tinha contratos que chegavam a R$ 9,5 bilhões, volume que baixou para R$ 570 milhões em 2021.
Como reflexo, o setor, que chegou a empregar 82 mil trabalhadores em dezembro de 2014, fechou mais de 60 mil vagas e registrou 21 mil postos de trabalho em maio de 2022. Como comparação, o setor de náutico gera 30 mil empregos diretos e 50 mil indiretos, de acordo com a Acobar.
Venda para a ‘Mamma”
Em março, pela primeira vez a marca italiana Azimut Yachts - que produz iates em Itajaí (SC) desde 2010 - exportou para a Itália uma unidade do megaiate 27 Metri, embarcação de luxo que no Brasil custa a partir de R$ 54 milhões. De acordo com o CEO da fábrica no País, o italiano Francesco Caputo, a única unidade fabril da marca fora da Itália nasceu para atender o mercado brasileiro, mas segundo ele havia um cliente com “urgência” em receber o iate a tempo de aproveitar a temporada de navegação europeia, que tem início em abril.
“A Páscoa é o momento em que começa a temporada na Europa, e o único barco que poderia respeitar esse prazo era o daqui do Brasil”, afirma. “Vendemos para a ‘mamma’, na Itália, e ela repassa para o distribuidor.”
A meta da Azimut do Brasil é exportar 35% da produção este ano, estimada em 42 barcos. O volume deve superar R$ 500 milhões. No ano passado, a exportação representou 20% da produção. Embora o 27 Metri tenha sido o primeiro de sua classe a fazer o caminho de volta para a Europa, o estaleiro tem modelos menores feitos “já pensando em exportação”, diz o executivo.
“A exportação ajuda na economia total, porque nos protege contra a variação cambial”, diz. É o caso do iate Atlantis 51, barco de 16 metros de comprimento. Três unidades do modelo acompanharam o 27 Metri na viagem até a Itália, feita de navio. As quatro embarcações totalizam mais de R$ 140 milhões, informa a empresa.
Mão de obra
Segundo Caputo, o custo menor da mão de obra no Brasil é um fator positivo para a competitividade do produto nacional, mas a vantagem se dilui por causa dos custos de transporte. “No final das contas o produto chega ao destino mais ou menos no mesmo preço, às vezes um pouco mais caro”, garante.
Eduardo Colunna, da Acobar, aponta ainda o sistema drawback como um aliado para a exportação. Por meio dele, itens importados destinados à construção de produtos a serem exportados entram no País sem recolhimento de tributos, como forma de incentivo à exportação. É o caso, por exemplo, de motores e equipamentos eletrônicos.
Outro estaleiro de Itajaí, a Fibrafort sempre manteve o foco na exportação, garante a gerente comercial e de marketing da empresa, Barbara Yamamoto. Ela informa que a empresa chegou a exportar 100 barcos em plena crise econômica de 2009. A “virada de chave” para o mercado externo, segundo ela, foi reforçada logo no início da pandemia. O estaleiro, que tem 32 anos e 300 funcionários, contratou a Porsche Consulting para aperfeiçoar o processo produtivo e a competitividade em termos de eficiência de fabricação e prazo de entrega.
Atualmente a Fibrafort exporta em torno de 15% dos cerca de 600 barcos que produz anualmente. E a meta é elevar o volume de vendas externas, “para compensar a instabilidade do mercado nacional”, diz Barbara. Além do mercado europeu, a Fibrafort envia suas embarcações também para Austrália, Paraguai e Argentina. Barbara informa que agora o estaleiro está se planejando para exportar para os EUA. Segundo ela, a Fibrafort lançou a lancha Focker 370 especialmente para exportação.
O Grupo Okean, também sediado em Itajaí, tem duas linhas de iates: as embarcações que levam o nome Okean se destinam basicamente à exportação, enquanto os iates da italiana Ferretti (da qual é representante desde 2020), são vendidos no Brasil, a partir de kits importados da Europa.
Segundo o CEO da empresa, Roberto Paião, das oito unidades vendidas em 2021, a Okean dobrou o volume em 2022. O objetivo agora é subir para 22 em 2023 e alcançar 25 em 2024. Quanto aos modelos da Ferretti, das cinco unidades de 2022, o estaleiro planeja produzir 10 em 2023, sete dos quais já estão vendidos.
De acordo com Paião, em 2022 o faturamento da empresa foi de cerca de R$ 150 milhões, quase o triplo em relação aos R$ 60 milhões de 2021. Para 2023, Paião projeta faturamento de R$ 400 milhões. Como o modelo italiano é produzido com kits importados e a maior parte das vendas da Okean é exportada, Paião diz que consegue equilíbrio cambial. Entre os países para os quais a Okean exporta estão França, Estados Unidos, Espanha, Japão e Austrália, mercados conquistados nos quase seis anos de existência da empresa.
Embora não haja grandes diferenças entre as embarcações destinadas à exportação e as produzidas para suprir o mercado interno, em geral os modelos feitos para o Brasil têm cabines menores e áreas externas maiores. Isso porque no País o uso das embarcações costuma ser maior durante o dia. Já os modelos destinados à exportação normalmente têm área externa menor e cabines maiores, porque os clientes são mais adeptos do pernoite no mar.
“ABC dos barcos”
Da mesma forma como a região do ABC, na Grande São Paulo, ficou conhecida como um importante polo da indústria automotiva, Itajaí, no litoral de Santa Catarina, é uma espécie de “ABC dos barcos”, por concentrar grande quantidade de estaleiros. “De cada dez barcos produzidos no Brasil, sete saem de Itajaí”, garante o secretário de Desenvolvimento Econômico da cidade, Thiago Morastoni. Ele estima que, desse volume, entre 25% e 30% é destinado à exportação, “com tendência de crescimento”.
De acordo com Morastoni, Itajaí tem a “vida voltada à economia do mar”, com as atividades portuária, pesqueira e da construção naval e náutica formando os três pilares econômicos do município. O secretário informa que a cidade concentra 29 empresas do setor, que geram 1.100 empregos diretos, e que em 2022 contribuíram com R$ 611 milhões em impostos.
Em julho, a cidade irá sediar pela primeira vez uma exposição náutica organizada pela Boat Show Eventos, que há 25 anos realiza mostras náuticas em São Paulo e no Rio de Janeiro. A expectativa, segundo o Grupo Náutica, organizador do evento, é gerar mais de R$ 100 milhões em negócios já na primeira edição. O Marina Itajaí Boat Show nasce como uma evolução do Salão Náutico Marina Itajaí, que já teve cinco edições.
TN Petróleo - RJ 19/04/2023
A ANP realizará, no dia 26/4, a partir das 15h, o workshop "Regulamentação do inciso VI do Art. 7° da Nova Lei do Gás: caracterização de gasodutos de transporte". O evento será online, com transmissão no canal da ANP no YouTube (https://www.youtube.com/user/ANPgovbr).
O workshop tem como objetivo debater junto aos agentes que atuam no mercado de gás natural e à sociedade a regulamentação do disposto no Art. 7º, inciso VI da Lei nº 14.134/2021. Segundo esse inciso, a ANP deverá estabelecer limites de diâmetro, pressão e extensão para auxiliar no processo de classificação de gasodutos de transporte.
O público-alvo do workshop são os transportadores e distribuidores de gás natural, agências estaduais e associações, bem como quaisquer interessados em acompanhar o assunto.
IstoÉ Online - SP 19/04/2023
Os contratos mais líquidos do petróleo fecharam em leve alta nesta terça-feira, recebendo suporte do dólar fraco no exterior e da expansão acima do esperado do Produto Interno Bruto (PIB) da China. Sinais de fraqueza na indústria chinesa, entretanto, deram margem para certa volatilidade durante o pregão.
O petróleo WTI para junho fechou em alta de 0,09% (US$ 0,07), a US$ 80,90 por barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para junho avançou 0,01% (US$ 0,01), a US$ 84,77 por barrill, na Intercontinental Exchange (ICE).
O petróleo ganhou fôlego após a China anunciar crescimento de 4,5% no primeiro trimestre de 2023 ante o mesmo período do ano passado, segundo informações do Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês) do país.
O resultado veio acima de projeções de analistas consultados pelo Wall Street Journal (WSJ), de avanço de 4,0%, e levou analistas a reverem para cima suas projeções de expansão da economia chinesa neste ano.
Para a Capital Economics e a TD Securities, o PIB chinês tem potencial para crescer 6% neste ano, acima da meta de cerca de 5% traçada pelo governo do país. Segundo o Navellier, a recuperação da China “é um bom presságio para o crescimento econômico mundial e a demanda por energia”.
No entanto, a commodity operou em baixa durante parte da manhã, pressionada por outro dado chinês, que demonstrou produção industrial inferior ao esperado em março.
Analista da Oanda, Edward Moya aponta que a recuperação chinesa “ainda não está equilibrada, mas está caminhando”. Ele destaca que próprio NBS indicou que o país está lidando com um cenário internacional complicado e demanda doméstica insuficiente. “Se este trimestre mostrar sinais de que não será impressionante, o PBoC claramente intervirá, o que deve manter os investidores otimistas sobre a recuperação”, avalia Moya.
No radar, investidores aguardam a divulgação dos estoques de petróleo dos Estados Unidos, monitorados pelo American Petroleum Institute (API), no final desta tarde. Analistas consultados pelo WSJ esperam queda generalizada nos estoques do óleo, gasolina e destilados.
Associe-se!
Junte-se a nós e faça parte dos executivos que ajudam a traçar os rumos da distribuição de aço no Brasil.
© 2019 INDA | Todos os direitos reservados. desenvolvido por agência the bag.