IstoÉ Online - SP 19/01/2023
A empresa de pesquisa de mercado Corporate Knights anunciou nesta quarta-feira que a Schnitzer Steel Industries, uma recicladora de aço dos Estados Unidos, superou a fabricante de turbinas de energia eólica Vestas Wind como a empresa mais sustentável do mundo.
A empresa também listou o Banco do Brasil na 15ª posição entre as 100 empresas mais sustentáveis do mundo. O banco é o único representante brasileiro na relação, subindo da 21ª posição em 2022 para 15ª no ranking publicado neste ano.
A Schnitzer Steel, segundo a Corporate Knights, teve melhorias de produtividade em energia, emissão de carbono, água e resíduos em 2021 e liderou a lista do que a empresa considera como as “companhias que fazem mais bem para as pessoas e o planeta”.
“A Schnitzer Steel é a primeira companhia do setor de aço a liderar a Global 100”, afirmou o presidente-executivo da Corporate Knights, Toby Heaps.
“Se um dos setores mais sujos do mundo pode produzir a companhia mais sustentável do mundo, então não há desculpa para qualquer empresa de qualquer setor não avançar.”
As companhias da lista, segundo a Corporate Knights, são avaliadas em 25 indicadores, incluindo receita e investimento sustentáveis, produtividade de carbono, diversidade racial e de gênero, e precisam ter soluções sustentáveis no centro de seus modelos de negócios, além de investir para reduzir suas pegadas de carbono.
A Schnitzer Steel, que no ranking anterior aparecia na 15ª posição, liderou a lista com aumento de 74% na produtividade de energia, 69% de crescimento em produtividade de água e 55% de expansão na produtividade de carbono em 2021. Produtividade no caso significa uso mais eficiente versus receitas. A companhia também teve 100% do faturamento de 2,8 bilhões de dólares derivado de projetos sustentáveis em 2021, bem como todo o investimento de 100 milhões de dólares. O relatório da Corporate Knights, porém, não detalhou os projetos.
A lista Global 100 da Corporate Knights é usada por grupos como o Goldman Sachs para montagem de portfólios de investimento e também como guia para um novo ETF da canadense Mackenzie Investments este ano.
Apesar de o índice não levar em consideração a lucratividade, o ranking superou o MSCI All Country World Index (ACWI) em sete dos últimos 11 anos. Entre 2013 e 2022, o Global 100 teve retornos de 145,1% ante 115,4% do MSCI ACWI.
A diretora de sustentabilidade da Vestas, Lisa Ekstrand, afirmou que o ranking tem valor por comparar companhias em diferentes setores com base em uma mesma escala transparente, o que é “notoriamente difícil”.
Diário do Comércio - MG 19/01/2023
Minas Gerais foi novamente o estado que mais produziu aço no País. Ao longo do último ano, foram 10,1 milhões de toneladas de aço bruto produzidos pela siderurgia mineira, o que equivale a 29,8% da produção nacional. Na sequência aparecem Rio de Janeiro (9,7 milhões de toneladas e 28,5% de share) e Espírito Santo (7 milhões de toneladas e 20,7% de share). Os dados são do Instituto Aço Brasil.
Na produção de semiacabados e laminados, Minas também se sobressaiu. Foram 9,5 milhões de toneladas fabricadas no Estado, o que representa 30,1% da fabricação no País. Em seguida, também vieram a indústria siderúrgica carioca (8,8 milhões de toneladas e 27,9% de share) e a capixaba (4,9 milhões de toneladas e 15,7% de share).
Apesar do destaque, os números do fechamento de 2022 foram menores se comparados aos de 2021. Na época, o Estado produziu 10,8 milhões de toneladas de aço bruto e 9,8 milhões de toneladas de semiacabados e laminados, o que indica quedas de 6% e 3,2%, respectivamente.
Da mesma forma, os resultados no mês de dezembro do ano passado foram inferiores em relação a dezembro imediatamente anterior. No que se refere ao aço bruto, foram 793 mil toneladas fabricadas em 2022, contra 857 mil toneladas em 2021 (-7,5%). Quanto aos semiacabados e laminados, foram 683 mil toneladas, contra 782 mil toneladas (-12,7%).
Recuo nacional
Os dados do Instituto Aço Brasil também apontaram recuo mensal e anual na produção da siderurgia brasileira. Ao todo, foram 34 milhões de toneladas de aço bruto produzidas em 2022, uma queda de 5,8% na comparação com o ano anterior. Em dezembro, foram 2,5 milhões de toneladas, o que representa uma retração de 5,2% frente a dezembro de 2021.
Quanto aos laminados (23,4 milhões de toneladas no ano e 1,4 milhões de toneladas no mês), as quedas foram de 10% e 21,1%, respectivamente. Já os semiacabados (8,1 milhões de toneladas no ano e 761 mil toneladas no mês), apresentaram recuos de 6,7% e 12,3%, na mesma ordem de comparação.
Ainda em âmbito nacional, as vendas internas do ano (20,3 milhões de toneladas) caíram 9,1% em relação a 2021 e o consumo aparente de produtos siderúrgicos (23,5 milhões de toneladas) recuou 10,9%.
As importações entre janeiro e dezembro (3,3 milhões de toneladas) também apresentaram redução, de 32,9%. Em valor, os desembarques atingiram US$ 4,8 bilhões, uma queda de 3,2%. No sentido oposto, as exportações (11,9 milhões de toneladas) subiram 8,8%. O montante apurado foi de US$ 10,9 bilhões, o que também indica alta, de 16,4%.
Investimentos
Divulgado pelo Instituto Aço Brasil, o Indicador de Confiança da Indústria do Aço (Icia) referente ao mês de janeiro de 2023 retraiu cinco pontos – a terceira queda consecutiva. O recuo fez com que o Icia atingisse o quarto menor patamar da série histórica iniciada em abril de 2019 (37,6 pontos).
Embora a confiança dos CEOs tenha diminuído, o parque siderúrgico do País deve receber grandes aportes nos próximos anos. Conforme anunciado anteriormente pelo presidente executivo do instituto, Marco Polo de Mello Lopes, a previsão do setor é de investimentos da ordem de R$ 52,2 bilhões no período de 2022 e 2026.
Somente para Minas Gerais, estão previstos aportes de pelo menos cerca de R$ 14 bilhões. A ArcelorMittal anunciou que vai investir R$ 4,3 bilhões no Estado até 2024. A Gerdau já iniciou o seu plano de investimentos de R$ 6 bilhões até 2026. E a Usiminas anunciou ontem que pretende aportar R$ 3,6 bilhões na usina de Ipatinga, no Vale do Aço, entre este ano e 2026.
Usiminas vai investir R$ 3,6 bilhões
O governador Romeu Zema recebeu, ontem, na Cidade Administrativa, o diretor-presidente da Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas), Alberto Akikazu Ono, e o diretor Corporativo de Sustentabilidade e Relações Institucionais, André Chaves, que apresentaram o plano de investimento da empresa de R$ 3,6 bilhões, entre 2023 e 2026, no Estado.
De acordo com Ono, do valor que será aportado, R$ 2,7 bilhões serão destinados à reforma do Alto-Forno 3 (iniciada em 2019) da usina em Ipatinga, no Vale do Aço. As obras trarão melhorias operacionais e benefícios ambientais para o equipamento que está em operação há 23 anos. “Somente o Alto-Forno irá gerar cerca de 8 mil empregos temporários”, afirmou.
Já nas aciarias serão investidos R$ 893 milhões também em reformas, além de R$ 1,1 bilhão na recuperação e reformas das Coquerias 2 e 3.
Zema comemorou o plano de investimentos da siderúrgica e reafirmou a importância da companhia não só para a Região Metropolitana do Vale do Aço, mas para toda Minas Gerais. “Investimentos dessa grandeza geram oportunidades para uma grande cadeia de fornecedores, local e estadual”, disse.
Em 2021, o Grupo Usiminas gerou R$ 499 milhões de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS). Em 2022, até novembro, o valor foi de R$ 577 milhões. Dos 15 mil funcionários do grupo, 12 mil estão em Minas. (Agência Minas)
CNN Brasil - SP 19/01/2023
Em entrevista à CNN, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, disse que “há uma vontade do mundo em voltar a investir na América Latina”, especialmente no que concerne questões climáticas, infraestrutura e conectividade global.
“Há um desejo mundial de participar da região”, declarou ele em Davos, na Suíça, palco do Fórum Econômico Mundial.
“O mundo quer voltar a investir na América Latina, principalmente nas áreas de clima, infraestrutura, coletividade e digitalização, no sentido de colocar todo mundo conectado para incluir mais gente, seja financeiramente ou socialmente.”
Para Goldfajn, a região latino-americana pode oferecer soluções para problemas globais, como abastecimento de alimentos e produção de energia limpa.
“A América Latina pode ser mais do que uma região que busca ajuda e, sim, oferecer soluções para o resto do mundo. Vejo duas questões muito relevantes. A primeira é a produção de alimentos, onde o BID pode ajudar na produtividade da agricultura, facilitar transportes… Tudo isso pode baratear os alimentos, ainda mais ao levar-se em conta a crise causada pela guerra na Ucrânia”, disse ele.
“Outra questão é o aquecimento global e a proteção do meio ambiente.” Na visão dele, a região pode se tornar a maior produtora de energia limpa do mundo e se tornar “parte da solução” contra as mudanças climáticas.
“O BID pode ser o caminho para ajudar outros países a atingirem esse potencial”, declarou.
Goldfajn é o primeiro brasileiro a ocupar a principal cadeira do BID. Confira a entrevista na íntegra no vídeo acima.
Infomoney - SP 19/01/2023
A produção industrial dos Estados Unidos teve queda de 0,7% em dezembro, na comparação com o mês anterior, informou nesta quarta-feira (18) o Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano). Analistas previam queda menor, de 0,1% no período, segundo o consenso Refinitiv.
A produção industrial total em dezembro ficou 1,6% acima do nível do ano anterior. No quarto trimestre, a queda anualizada atingiu 1,7%.
A utilização da capacidade caiu 0,6 ponto porcentual em dezembro, para 78,8%, uma taxa que está 0,8 ponto porcentual abaixo da média de longo prazo
Em dezembro, a produção manufatureira caiu 1,3 % em meio a quedas generalizadas em todo o setor. O índice de serviços públicos saltou 3,8%, com as baixas temperaturas impulsionando a demanda por aquecimento, enquanto o índice de mineração caiu 0,9%.
IstoÉ Dinheiro - SP 19/01/2023
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a independência do Banco Central e questionou de que serve um BC independente se a inflação e taxa de juros estão elevadas.
Em entrevista à Globo News nesta quarta-feira (18), o petista pontuou que no Brasil se “brigou muito” para ter um BC independente “achando que ia melhorar”. “É uma bobagem achar que um presidente do Banco Central independente vai fazer mais do que fez o Banco Central quando o presidente da República é quem indicava. Eu duvido que esse presidente do Banco Central seja mais independente do que foi o Henrique Meirelles”, declarou.
“Por que o banco é independente e a inflação está do jeito que está? E o juro está do jeito que está?”, questionou, em críticas à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na esteira da temática econômica, Lula disse ficar irritado com as cobranças sobre estabilidade fiscal no País. “Ninguém foi mais responsável do ponto de vista fiscal do que eu fui”, disse.
Em sua avaliação, estabilidade fiscal e social são antagônicas por “ganância” de empresários. “Quero que as pessoas que tenham estabilidade fiscal tenham estabilidade social.”
Infomoney - SP 19/01/2023
O presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na Filadélfia, Patrick Harker, reforçou, nesta quarta-feira, 18, que apoiará aumentos de 25 pontos-base (pb) nos juros “daqui para frente”. “Espero que aumentemos as taxas mais algumas vezes este ano, embora, na minha opinião, os dias em que subíamos 75 pontos-base por vez certamente tenham passado”, disse, em discurso durante evento organizado pela Universidade de Delaware.
Harker, que vota nas reuniões deste ano do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), projetou que o núcleo da inflação nos EUA cairá a 3,5% este ano.
“Isso está bem acima da nossa meta de 2%. Mas é sugestivo de um movimento claro na direção certa”, ressaltou o dirigente, acrescentando que espera queda do núcleo inflacionária a 2,5% em 2024 e a 2% em 2025.
Atividade
O presidente da distrital do Federal Reserve na Filadélfia projetou nesta quarta-feira que o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos crescerá 1,0% este ano. Segundo ele, embora modesta, a expansão sugere que a maior economia do planeta evitará um quadro de recessão.
Harker disse que espera retorno do crescimento do PIB à tendência histórica de 2% em 2024 e 2025. Na visão dele, a taxa de desemprego deve ter leve alta a cerca de 4,5% até o final de 2023, antes de voltar aos patamares próximos de 4,0% nos dois anos anos seguintes.
“É uma vantagem subestimada que o Federal Reserve esteja enfrentando a inflação de uma posição tão forte no mercado de trabalho”, disse o dirigente.
O Estado de S.Paulo - SP 19/01/2023
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a aprovação de uma reforma tributária neutra é uma das prioridades do primeiro ano de governo do presidente Lula da Silva. “Se a reforma não for neutra, alguém vai perder, e a gente quer que todos ganhem”, disse ele no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. A disposição do ministro para defender uma reforma tributária já nos primeiros dias no cargo não deixa de ser positiva, mas chegou o momento de detalhar a agenda econômica que pretende de fato apoiar.
O sistema tributário nacional tem inúmeros defeitos. É complexo, fragmentado, cumulativo, regressivo, injusto e desigual. Cobra mais dos mais pobres, onera o consumo em detrimento da renda e do patrimônio, não estimula a eficiência e a produtividade, favorece o litígio, limita investimentos, encarece exportações, estimula a guerra fiscal e impede o crescimento econômico. A existência de múltiplas alíquotas, benefícios fiscais e regimes simplificados reduz a arrecadação, aumenta o déficit da Previdência e não se reverte em empregos formais.
São tantos, tão conhecidos e tão antigos, os problemas do sistema tributário quanto a resistência para enfrentá-los. Afinal, são muitos os setores que se beneficiam dessas distorções, todos muito bem representados no Congresso. A essas velhas dificuldades é preciso somar as desonerações sem critério distribuídas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro no auge da campanha eleitoral, ainda pendentes de reversão.
As reformas tributárias que já estão no Congresso – as Propostas de Emenda à Constituição (PECs) 45/2019 e a 110/2019 – vão na direção correta ao unificar tributos federais, estaduais e municipais sobre bens e serviços. Aprovar essa etapa é importante, mas insuficiente para resolver um problema bem mais amplo e que diz respeito ao tamanho do Estado brasileiro.
Aprovar uma reforma tributária neutra significaria manter a carga no mesmo patamar em que ela está – 33,90% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021. Cobrar mais dos mais ricos e menos dos mais pobres, como defende Haddad, é um objetivo mais do que justo, mas não resolverá o problema do déficit primário que o ministro diz querer enfrentar. O País gasta mais do que arrecada consistentemente desde 2014. Um crescimento econômico mais vigoroso poderia elevar a arrecadação, mas as projeções do mercado mais recentes não inspiram otimismo nessa seara.
Se a intenção é manter a carga pela ótica das receitas, não se pode dizer o mesmo do lado da despesa. Com a Proposta de Emenda à Constituição da Transição, o governo conseguiu autorizar gastos muito além do nível necessário para recompor despesas com programas sociais, ampliando o déficit primário previsto para R$ 231,5 bilhões – ou 2,3% do Produto Interno Bruto. Reduzi-lo a 1% do PIB, meta que Haddad assumiu, não será possível somente com o plano que o ministro anunciou na semana passada, muito mais pautado na recuperação de receitas do que na redução de gastos.
Estabilizar a trajetória de crescimento da dívida pública, outro dos objetivos mencionados por Haddad, tampouco será possível com uma reforma tributária neutra sob o ponto de vista da arrecadação. Se a ideia é impedir que a dívida supere a proporção de 80% do PIB, é preciso gerar superávits primários para pagar, ao menos, seus juros. Qualquer deterioração no ambiente externo tem o potencial de desvalorizar o câmbio, pressionar a inflação e levar o Banco Central a elevar ainda mais a Selic, ampliando o endividamento.
Fica muito claro que manter a carga tributária no nível em que está, reduzir o déficit primário e estabilizar a trajetória da dívida são objetivos incompatíveis com a realidade fiscal brasileira. E, diante da histórica rejeição dos governos petistas a reformas estruturais que revejam a estrutura do gasto público, tudo indica que o ajuste virá do lado da receita, o que reforça a impressão de que a reforma tributária de Haddad poderá ser tudo, menos neutra. É, portanto, hora de o governo apresentar claramente sua agenda econômica, opaca desde a campanha.
O Estado de S.Paulo - SP 19/01/2023
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China de apenas 3% em 2022, o mais baixo desde 1976, levantou apreensões e parece ter acentuado temores com o agravamento da recessão global. Mas é preciso pensar fora dessa caixa e pensar do ponto de vista do Brasil.
A principal causa da desaceleração da segunda usina produtiva mais importante do mundo foi a chamada política “covid zero”, que obrigou a população dos maiores centros do país a permanecer em casa. A menos que ocorra um recrudescimento da pandemia, hoje improvável, essa quebra não vai se repetir neste ano. Ao contrário, não há por que duvidar de que se cumpra a meta do governo Xi Jinping, de um crescimento entre 5,0% e 5,5%, número que atenua a perspectiva de recessão global.
No ano passado, mesmo com esse ralentando da economia chinesa, o Brasil tirou proveito com exportações de commodities. Nada menos que 27% das exportações do Brasil tiveram como destino portos da China.
Para este ano, espera-se certo recuo nos preços das commodities pelo efeito da recessão e da recuperação do dólar diante de outras moedas fortes. Mas há o aumento da demanda da China que pode produzir efeito oposto. Nesta semana, a Agência Internacional de Energia (AIE) previu aumento da demanda global de petróleo em consequência da retomada da produção chinesa.
Não exatamente por causa dos mesmos fatores, parece aumentar o interesse dos capitais internacionais por investimentos no Brasil. O provável aumento da política protecionista dos Estados Unidos e da União Europeia, em resposta à recessão e à competição da China, deve, por si só, empurrar mais capitais para cá. Outro fator de chegada de mais investimentos é a percepção de que o Brasil pode tornar-se grande polo produtor de energia renovável, numa hora em que a transição energética ganha prioridade nas políticas dos governos, especialmente na Europa.
São fortes os sinais de que a área econômica do governo Lula entendeu a importância das janelas que se abrem para o Brasil. Mas isso não basta.
A administração econômica do período Lula 3 é vista com um misto de boa vontade e de expectativa, mas está longe de ter ganhado a confiança dos agentes econômicos. Até agora, a área política vem se impondo sobre a econômica. Autoridades petistas continuam fungando seus foles sobre políticas esquisitas e ultrapassadas, como a da revisão da Lei das Estatais, reversão da reforma trabalhista, investimentos maciços em refinarias e em plataformas made in Brazil com o aço que está entre os mais caros do mundo, e em outras reservas artificiais de mercado para a indústria de transformação. Se essas coisas prevalecerem, a maré de boa vontade pode se inverter.
Investing - SP 19/01/2023
A China pode ver uma forte recuperação no crescimento econômico a partir do segundo trimestre com base nas tendências atuais de infecção no país após o desmantelamento da maioria das restrições contra a Covid-19, disse a vice-diretora-gerente do FMI, Gita Gopinath, nesta quarta-feira.
"Esperamos que o crescimento na China volte, se recupere", disse Gopinath à Reuters em entrevista no Fórum Econômico Mundial em Davos.
"Observando as tendências de infecção, e se elas persistirem, poderemos ver uma recuperação muito rápida após o primeiro trimestre deste ano", disse ela sobre o atual aumento de infecções visto como uma "onda de saída" ligada à reabertura econômica.
A economia da China cresceu 3,0% em 2022, um de seus piores desempenhos econômicos em quase meio século, atingida por restrições rígidas da Covid e uma queda no mercado imobiliário.
Economistas consultados pela Reuters veem o crescimento chinês em 2023 em torno de 4,9%, com alguns deles atualizando recentemente as previsões para cerca de 5,5%.
Gopinath disse que uma taxa de crescimento "no patamar de mais de 4%" provavelmente significaria que quaisquer pressões inflacionárias globais seriam contrabalançadas pela desaceleração da demanda em outros lugares.
"Mas se o crescimento na China for muito mais forte, o que é uma possibilidade, poderemos ver outro aumento nos preços do petróleo ou da energia", disse ela.
Questionado sobre as leituras recentes da inflação nos EUA que sugerem um arrefecimento, Gopinath disse que é muito cedo para dizer com certeza se elas significam que a inflação está voltando para a meta de 2% do Federal Reserve dos EUA.
"Se obtivermos leituras semelhantes às que vimos no último mês ou dois por mais alguns meses, estaremos em um bom lugar", disse ela, observando que o mercado de trabalho continua apertado.
Diário do Comércio - MG 19/01/2023
Os contratos futuros de minério de ferro subiram nesta quarta-feira em um salto por compras de barganha após algumas sessões em queda, quando investidores permaneceram à margem com a decisão do planejador estatal da China de reprimir a especulação excessiva do mercado.
O minério de ferro mais negociado para maio na Dalian Commodity Exchange da China encerrou o dia de negociação com alta de 0,9%, a 841,5 iuanes (US$124,27) a tonelada.
Na Bolsa de Cingapura, o minério de ferro de referência de fevereiro subiu 0,7% para US$121,40 a tonelada.
O planejador estatal da China emitiu na quarta-feira seu terceiro alerta este mês contra a especulação excessiva no minério de ferro, acrescentando que aumentará a supervisão dos mercados spot e futuro do país.
O resultado da reunião de terça-feira não trouxe consequências práticas, então os mercados o assimilaram e seguiram em frente. Na verdade, alguns traders estão usando esses eventos como uma oportunidade de “comprar na baixa”, disse Atilla Widnell, diretor-gerente da Navigate Commodities.
O setor imobiliário da China caiu 5,1% em 2022 em relação ao ano anterior, mostraram dados de valor agregado do Escritório Nacional de Estatísticas (NBS) nesta quarta-feira, aumentando a pressão sobre os formuladores de políticas para reviver o setor em 2023.
IstoÉ Online - SP 19/01/2023
Num momento em que avança na oferta de soluções mais sustentáveis para a siderurgia e de metais básicos – essenciais a baterias elétricas -, a Vale acaba de estrear no mercado de crédito de carbono. A companhia fechou a compra de 133 mil créditos de carbono florestais de alta integridade, o equivalente à proteção de 50 mil hectares de floresta, de uma fazenda no Pará.
A aquisição foi feita junto ao Grupo Algar, que mantém, no Pará, uma fazenda com área maior que o município de São Paulo. Os 133 mil créditos equivalem a 133 milhões de toneladas de carbono não emitido, que, neste mês, está cotado a cerca de 80 euros a tonelada nos mercados voluntários.
A meta da mineradora é recuperar e proteger mais 500 mil hectares de floresta até 2030. Pelos termos do acordo com a Algar, a compra de 133 mil créditos foi feita ainda em 2022. A operação se dá por meio do Fundo Vale e da Algar Farming.
É a primeira vez que a Vale adota um projeto REDD+ (Reducing Emissions from Deforestation and Forest Degradation ou Redução de Emissões do Desmatamento e da Degradação de Florestas). O mecanismo serve para recompensar empresas e países que mantenham estoque de carbono por meio de manejo de florestas ou que reduzam emissões derivadas de desmatamento.
Atualmente, a Vale ajuda a proteger um milhão de hectares, sendo 800 mil na Amazônia. Em dois anos, a mineradora desenvolveu cinco negócios e startups, totalizando mais de 7 mil hectares de plantio, e firmou contrato com sete unidades de conservação, que somam cerca de 115 mil hectares.
Benefício para quem vive da floresta
A partir desta primeira experiência com o projeto REDD+ da Algar, o plano é usar o Fundo Vale para fomentar outras iniciativas do gênero e, ao mesmo tempo, apoiar o desenvolvimento de cadeias e comunidades – a região tem cinco, inclusive uma quilombola. “O Fundo pretende apoiar o crescimento do mercado de carbono a preço justo que seja atraente ao consumidor, justo com o desenvolvedor, mas, sobretudo, que o benefício do carbono seja revertido para quem vive da floresta e ajuda a protegê-la, o que chamamos de Carbono de Impacto”, explica o gerente de Participações do Fundo Vale, Gustavo Luz.
O projeto, iniciado em 2017, está na Fazenda Pacajá, da Algar Farming, nos municípios de Portel e Bagre, na região do Marajó, norte do Pará. A fazenda tem 145,68 mil hectares, e a ideia é preservar mais de 140 mil hectares de floresta nela, uma das maiores áreas de manejo florestal sustentável no País.
Estima-se que em 30 anos de duração, o projeto evitará a emissão de 40 milhões de toneladas de carbono. O projeto está na fase final de certificação. “O manejo florestal sustentável prioriza a permanência da floresta em pé, já que sua existência é o que garante a sobrevivência econômica da atividade florestal”, diz a executiva de florestas da Algar Farming, Luciana di Paula.
Todas as árvores da propriedade localizadas dentro da Unidade de Produção Anual (UPA) são inventariadas e georreferenciadas. Após a colheita florestal, os produtos recebem um QR Code, para a identificação da espécie e localização, garantindo a rastreabilidade e transparência do manejo. A atividade se baseia em uma colheita florestal de baixo impacto ambiental, sendo proporcional à taxa de regeneração florestal, com o mínimo impacto.
Diário do Comércio - MG 19/01/2023
As exportações de Minas Gerais para os Estados Unidos cresceram de forma expressiva em 2022. Os embarques, entre janeiro e dezembro, chegaram a US$ 4,1 bilhões, superando em 60,4% os US$ 2,5 bilhões registrados em 2021. Com o resultado, do valor total exportado pelo Estado em 2022, 10% tiveram como destino o país norte-americano, que é o segundo maior parceiro comercial do Estado, perdendo apenas para a China.
De acordo com os dados do Ministério da Economia, entre janeiro e dezembro de 2022, Minas Gerais exportou um total de US$ 40 bilhões, valor que cresceu 4,4% frente a 2012.
Em relação ao volume, em 2022, Minas Gerais destinou em torno de 167,4 milhões de toneladas de produtos para o mercado externo. Deste total, 2,5 milhões de toneladas tiveram como destino final os Estados Unidos. Levando em consideração o volume, frente a 2021, os embarques para o mercado norte-americano ficaram 16,2% superiores.
No País, de acordo com a Análise do Monitor de Comércio Brasil-EUA da Amcham, as trocas comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos em 2022 atingiram o patamar histórico de US$ 88,7 bilhões. O valor superou em US$ 18,2 bilhões ou em 25,8% o recorde anterior estabelecido em 2021.
De acordo com o superintendente de Relações Governamentais da Amcham Brasil,
Fabrizio Panzini, os resultados das exportações tanto do Brasil como de Minas Gerais para os Estados Unidos foram muito positivos.
“O ano de 2022 superou as expectativas no comércio entre Brasil e EUA. De forma geral, crescemos acima da média do Brasil para o mundo. No caso de Minas Gerais, o resultado foi ainda mais exitoso. As exportações do Estado para os Estado Unidos tiveram uma alta de 60% e as importações de 41%. O Brasil teve um desempenho muito forte, e Minas foi ainda mais”.
Importações em alta
Ainda segundo Panzini, o resultado positivo também foi visto nas importações. Segundo os dados nas importações foi registrado um aumento importante de US$ 670 milhões, chegando a um valor de US$ 2,3 bilhões, ante US$ 1,6 bilhão, uma alta de 41%.
Dentre os produtos mais importados estão os adubos e fertilizantes com variação positiva de 75%, passando de US$ 91 milhões para US$ 158 milhões em 2022 e fungicidas e herbicidas, com aumento de 99%
“Minas Gerais, ao contrário do Brasil, que fechou o ano com déficit, Minas registrou um superávit em 2022 foi de R$ 1,8 bilhão no comércio com os Estados Unidos. Com a guerra entre Rússia e Ucrânia, Minas diversificou as origens das compras de fertilizantes e outros produtos, o que é importante para a diversificação”.
Produtos
Em relação aos produtos mineiros destinados aos Estados Unidos, o café não torrado, não descafeinado foi o maior destaque. O faturamento gerado pelos embarques feitos por Minas Gerais, que é o maior produtor do grão, alcançou US$ 1,4 bilhão. O valor corresponde a 34,14% do faturamento total das exportações voltadas para o mercado norte-americano. Os R$ 1,4 bilhão ficaram 63,6% maiores que o valor gerado em 2021.
Quanto ao volume, foram 356,2 mil toneladas de café não torrado, não descafeinado destinadas aos EUA, o que representou um aumento de 7,93%.
Além do maior volume, a alta expressiva no faturamento do café se deve também à valorização do preço da tonelada do grão, que passou de US$ 2.612 em 2021 para US$ 3.965 em 2022, uma diferença de 51,8%.
“A produção de café, apesar de maior, cresceu em níveis menores que o esperado, o que atrelado a outros fatores mundiais, fez com que os preços subissem no mercado internacional”, explicou Panzini.
Conforme os dados do Comex Stat, também foram registrados resultados positivos nos embarques de ferro-gusa, com receita de US$ 1,031 bilhão e 1,53 milhão de toneladas enviadas. Alta de 77,4% em faturamento e de 33,0% em volume.
“Em Minas Gerais, café e ferro gusa representam a maior parte do faturamento gerado com as exportações para os Estados Unidos e foram produtos que tiveram um crescimento importante, colaborando para a alta geral. O Estado também tem outros produtos, como ferronióbio com alta de 10%, aeronaves 128%, barra de ferro e máquinas. É importante ressaltar que a alta vem ocorrendo tanto em faturamento quanto em volume”.
Os produtos químicos exportados para os EUA movimentaram US$ 203,3 milhões, com o embarque de 39,57 mil toneladas. Uma alta de 73% frente a 2021.Resultados positivos também em ferronióbio (US$ 131,1 milhões e 5,27 mil toneladas) e pasta química de madeira de não conífera, à soda ou sulfato, semi branqueada e branqueada (US$ 110,6 milhões e 159 mil toneladas).
Infomoney - SP 19/01/2023
A mineradora Vale (VALE3) planeja desembolsar em 2023 cerca de 7,8 bilhões de reais com reparações pelo rompimento de barragem de rejeitos de mineração na cidade mineira de Brumadinho, que completa quatro anos no fim deste mês, disse à Reuters o diretor de Reparação e Desenvolvimento Territorial, Marcelo Klein.
O colapso da estrutura despejou uma onda gigante de lama que deixou 270 mortos, grande parte de funcionários da própria companhia, além de atingir comunidades, florestas e rios da região. Três pessoas seguem desaparecidas, e o executivo frisou que a busca por elas é uma “prioridade máxima”.
Do montante total previsto para o ano, 3,9 bilhões de reais são referentes à provisão para acordo fechado com autoridades e 1,9 bilhão de reais em projetos próprios da Vale fora do acordo. Os 2 bilhões de reais restantes serão empenhados em ações como manejo de rejeitos, monitoramento de barragens, reformas e manutenções de infraestrutura, estudos e desenvolvimento de projetos entre outros, detalhou.
“A gente nitidamente percebe uma rampa de desaceleração do pagamento de indenizações, porque é natural com a passagem dos quatro anos, e uma aceleração dos projetos do programa do acordo de reparação”, afirmou Klein, em entrevista por meio de videoconferência.
No ano passado, os desembolsos por Brumadinho ficaram em cerca de 10,2 bilhões de reais.
Dentre os projetos tocados pela companhia, o executivo destacou iniciativas voltadas ao fomento do turismo local, projetos de capacitação e apoio ao empreendedorismo, manuseio e contenção de rejeitos, dentre outros.
TRABALHOS EM CURSO
No total, a empresa desembolsou aproximadamente 37,2 bilhões de reais com as reparações desde 2019 até o fim de 2022, incluindo montantes relativos a acordo assinado com autoridades, indenizações individuais, trabalhistas e cíveis, além dos projetos não previstos em acordo.
Os acordos de indenização celebrados com a Vale superaram 3,15 bilhões de reais e contemplam, até o momento, 13,5 mil pessoas, incluindo as impactadas pelo rompimento da barragem e aquelas afetadas pelas desocupações em outros territórios.
Pelo menos um familiar de cada empregado, próprio ou terceirizado, falecido no rompimento já fez acordo de indenização com a Vale.
O acordo de reparação fechado com o governo de Minas Gerais e instituições de Justiça em fevereiro de 2021 prevê o empenho de 37,7 bilhões de reais em diversas frentes, dos quais cerca de 23,6 bilhões de reais foram desembolsados pela empresa até agora, em valores corrigidos pela inflação, o equivalente a 58% de execução.
Tal acordo, que encerrou ações coletivas na Justiça, não inclui as indenizações individuais.
“As execuções estão acontecendo e a gente quer transformar isso em valor percebido para a comunidade”, disse Klein.
Cerca de 300 projetos estão em fase de desenvolvimento e outros 24, voltados para os municípios impactados, estão em andamento. Desses, nove são para Brumadinho e 15 para os outros 25 municípios da Bacia do Paraopeba. Entre eles, estão a estruturação de salas de emergência para reforçar os sistemas de saúde locais e a entrega de maquinários para a manutenção de estradas rurais.
“As famílias têm uma mágoa muito grande, um luto muito grande, mas a gente está sempre com eles, a gente tem um diálogo fluido, a gente não consegue concordar em tudo ou atender a todos os pedidos, mas o empenho em viabilizar o máximo possível é contínuo e permanente”, disse Klein.
O executivo destacou que o principal mecanismo de apoio é o Programa Referência da Família, que conta com uma equipe de profissionais para prestar assistência psicossocial, criada em 2019, e que atendeu mais de 3.300 pessoas até agora.
Em outra frente, o executivo reiterou que o desastre foi um “grande ponto de virada da história da companhia”, pela magnitude do evento. Levando a uma reformulação da gestão de barragens da empresa. Desde 2019, 5,8 bilhões de reais já foram investidos no programa de descaracterização de barragens construídas pelo método de alteamento a montante, o mesmo da barragem rompida.
“Brumadinho… foi nosso marco zero em relação a uma grande transformação cultural, para o ponto de vista de reforço da nossa cultura de prevenção… Um dos compromissos da reparação é garantia de não repetição”, completou.
Diário do Comércio - MG 19/01/2023
A depender do interesse do consumidor brasileiro, os carros elétricos tendem a crescer em vendas. Essa é a conclusão que se pode tirar da pesquisa Sustentabilidade e Mobilidade, feita pela Brain Inteligência Estratégica.
Segundo o levantamento, 65% dos entrevistados têm a intenção de dirigir um automóvel 100% elétrico em um futuro próximo. O estudo ouviu 1.200 pessoas nas diferentes regiões do país, em questionários aplicados presencialmente. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Há também um exercício de fé nos dados: 56% dos entrevistados acreditam que, em breve, será mais fácil recarregar um carro em tomadas do que abastecer com combustível. Apesar disso, apenas 26% consideram que a infraestrutura em suas cidades já está adequada aos novos tempos.
Em relação ao preço, as opiniões se dividem: 40% acreditam que, em um futuro não muito distante, esses modelos custarão menos que os equivalentes a gasolina, enquanto outros 40% prevê que serão mais caros.
Os mais esperançosos em relação à popularização dos elétricos são os que têm renda média entre R$ 3.000 e R$ 6.000. Nesse grupo, 42% acham que essas opções serão mais baratas que os automóveis com motor a combustão.
Outro ponto que chama a atenção é a imagem transmitida por esses veículos: 81% dos entrevistados disseram acreditar que tais modelos são menos prejudiciais ao planeta.
“De modo geral, a maioria dos entrevistados percebe os benefícios da aquisição de um carro elétrico, porém, eles não acreditam que o mesmo tenha um preço acessível”, diz a análise divulgada pelos especialistas da Brain.
Ao perceber que há vantagens em dirigir um carro que não emite fumaça, o consumidor coloca sorrisos nos rostos de executivos da indústria automotiva. É sinal de que os produtos desenvolvidos para atender a normas ambientais têm agradado o público, que se torna mais receptivo a outras tecnologias.
No caso brasileiro, a boa aceitação abre caminhos a soluções mais adequadas à infraestrutura disponível.
Em breve o mercado nacional começa a receber mais opções de carros híbridos que podem ser abastecidos com etanol. Fiat, Volkswagen e GWM já revelaram projetos avançados nessa área, mas todas as marcas instaladas no Brasil devem seguir o mesmo caminho.
Conciliar eletricidade ao combustível de origem renovável é uma forma de reduzir emissões e garantir a adequação à próxima etapa do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), que será implementada em etapas entre 2025 e 2029.
A tendência é que diferentes soluções menos poluentes convivam por muito tempo no mercado brasileiro. Com a melhora da infraestrutura e a redução dos custos de aquisição e de recarga, os modelos 100% tendem a crescer e a conquistar cada vez mais espaço nas ruas. (Por Eduardo Sodré)
Valor - SP 19/01/2023
Os esforços da China para colocar mais veículos quase autônomos em suas estradas foram prejudicados pela crescente incerteza sobre o potencial de lucro de curto prazo da tecnologia em um ambiente desafiador.
O país deu passos significativos nos últimos anos sob uma estratégia nacional que prioriza a tecnologia de direção autônoma. Um roteiro divulgado em novembro de 2020 exige que 20% de todos os veículos novos vendidos tenham recursos de nível 4 - permitindo que operem sem motorista sob certas condições - até 2030.
Mas os analistas estão começando a duvidar que essa meta seja atingida, com alguns vendo um percentual baixo, em torno de 3%, já que questões regulatórias e preocupações com o lucro esfriaram o investimento e levaram as startups a buscar outras maneiras de gerar receita.
Owen Chen, da S&P Global Mobility, que prevê que a participação chegará a apenas 7%, argumenta que a China não desenvolveu uma estrutura legal adequada para tecnologia de nível 3 e superior e que, mesmo que uma seja implementada, a expansão dos negócios levará tempo. Os sistemas autônomos de nível 3 ainda exigem motoristas, mas podem deixá-los tirar as mãos do volante.
O progresso mais lento do que o esperado na adoção do robotáxi torna mais difícil ganhar dinheiro para empresas como a startup Pony.ai, que opera 100 táxis autônomos no distrito de Nansha, em Guangzhou, e está de olho em uma expansão para Pequim, Xangai e Shenzhen.
Relatórios no fim do ano passado indicaram que a Pony.ai, que ainda está em fase de investimento inicial, está passando por uma reestruturação. A própria empresa diz que será difícil dar lucro no curto prazo.
A Baidu, líder do setor, disse que seu negócio de direção autônoma não contribui significativamente para as receitas.
Com as perspectivas de lucro cada vez mais obscuras, o investimento caiu drasticamente. A China teve cerca de 130 anúncios de investimentos no ano passado, totalizando 20 bilhões de yuans (US$ 3 bilhões), de acordo com relatos da mídia local - cerca de um quinto do valor total em 2021.
Entre os desafios para as empresas de táxi autônomo está o fato de que as regras sobre direção autônoma são definidas pelos governos locais, sem uma estrutura legal nacional. As empresas são limitadas em onde podem operar geograficamente e devem lidar com diferentes regiões individualmente.
E os testes de veículos autônomos geralmente exigem um supervisor humano no banco do passageiro para garantir a segurança, o que aumenta as despesas de mão de obra e impede que as empresas aproveitem totalmente os benefícios de custo dos robotáxis.
Os próprios veículos também são caros. O grupo de investimento chinês Citic Securities estima o preço de um táxi autônomo em cerca de 500 mil yuans, cinco vezes o custo de um táxi padrão. A corretora espera que a tecnologia comece a decolar quando o preço de um carro totalmente autônomo cair para cerca de 200 mil yuans.
Perspectivas de lucro incertas estimularam algumas empresas a ajustar o curso, acelerando os esforços para comercializar seus sistemas para clientes externos como outro fluxo de receita.
A WeRide anunciou um conjunto de sensores na feira de eletrônicos de consumo CES este mês que funciona com aplicativos de nível 3 e é mais barato e mais compacto do que as versões anteriores. A empresa chinesa disse que pretende não apenas trabalhar para comercializar a tecnologia de nível 4, mas também melhorar os produtos para sistemas de nível 3.
A WeRide, fundada em 2017, opera táxis autônomos nas principais cidades chinesas. Após um investimento no ano passado da Bosch, a maior fabricante mundial de autopeças, a empresa anunciou planos de produção em massa para sistemas de Nível 3 e estabeleceu uma estratégia para intensificar seu papel como fornecedora.
A Pony.ai disse na semana passada que começou a fornecer software de direção autônoma para clientes externos. Ela montou uma nova divisão de marketing externo, com o objetivo de torná-la parte central de seus negócios, juntamente com seus robotáxis.
Valor - SP 19/01/2023
A montadora Great Wall defende o atual estímulo tributário
Bastos, diretor da Great Wall Motors: “O que foi feito desde 2014 baseou nosso plano de comprar a fábrica da Mercedes e de tomar decisões de investimento” — Foto: Divulgação
Cautela sempre foi uma característica marcante em fabricantes de veículos orientais no Brasil. Assim foi com os japoneses e volta a se repetir, agora, com os chineses. Em 2021, a Great Wall Motors comprou a fábrica que pertencia à Mercedes-Benz, mas o início da produção está marcado para 2024. Antes disso, serão vendidos só importados. Mas, para que tudo funcione conforme programaram, os chineses querem ter certeza de que o governo não vai mexer no Imposto de Importação de carros elétricos e híbridos, com alíquotas reduzidas desde 2014. Os carros eletrificados são sua especialidade. Por isso, a empresa se prepara para ser uma das primeiras a discutir o assunto com integrantes da nova equipe econômica.
A Great Wall, montadora de capital 100% privado na China, quer mostrar ao governo brasileiro que não teria se interessado em comprar uma fábrica e produzir veículos eletrificados no país não fosse o mercado que surgiu a partir do estímulo tributário que vem sendo oferecido há oito anos. Nesse período, o Imposto de Importação desses veículos foi reduzido de 35% para uma faixa que hoje oscila entre 0% e 7%.
No primeiro ano da mudança, que começou com alíquota zero, a venda de modelos híbridos e elétricos não passava de mil unidades. Já em 2022 foram vendidas 49,2 mil unidades, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), entidade que representa importadores, fabricantes, futuros fabricantes e cujo presidente, Adalberto Maluf, esteve na posse do ministro Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e acompanhou os discursos de outros, como Marina Silva (Meio Ambiente) para ter certeza de que as energias renováveis estão na pauta do novo governo.
A discussão sobre eletrificação tende a se tornar cada vez mais técnica, com diferentes pontos de vista
O caso da Great Wall Motors (GWM) se torna um capítulo à parte nas conversas com o governo porque a empresa sequer começou a vender veículos no Brasil, mas já tem uma fábrica, anunciou investimentos de R$ 4 bilhões até 2025 e mais R$ 6 bilhões até 2032 e, ainda, decidiu dedicar-se exclusivamente à venda de utilitários esportivos e picapes eletrificados - híbridos e elétricos - no país. Inicia a pré-venda neste semestre com dois utilitários esportivos híbridos importados da China e em 2024 começará a produzir uma picape híbrida na fábrica em Iracemápolis (SP).
“O que foi feito desde 2014 baseou nosso plano de comprar a fábrica da Mercedes, de tomar decisões de investimento e de trazer novas tecnologias para o Brasil”, destaca Ricardo Bastos, que acaba de ser contratado como novo diretor de relações institucionais e governamentais da GWM Brasil.
O economista brasileiro leva para a empresa chinesa a experiência de ter trabalhado na mesma área em outras montadoras. Está também acostumado a tratar da tributação de veículos eletrificados com administrações anteriores do PT.
Bastos trabalhava na Toyota e foi um dos articuladores das reduções, tanto do Imposto de Importação quanto do IPI desse tipo de veículo durante o governo de Dilma Rousseff, o que levou a Toyota a começar a produzir híbridos a etanol, em 2019.
“A direção dada pelo governo naquele momento deu certo porque induziu à produção de veículos eletrificados, com uma nova tecnologia”, destaca. O executivo lembra que quase metade dos 49,2 mil elétricos e híbridos vendidos no Brasil em 2022 foi produzida no país. Da Toyota saiu o maior volume. Mas também a CAOA Chery iniciou a produção desse tipo de veículo recentemente.
Para Bastos, por ser “um imposto de controle e não de arrecadação”, o II reduzido para modelos eletrificados tende a ser mantido pelo novo governo. Ao mesmo tempo, ele defende o aperfeiçoamento da legislação, com critérios que privilegiem a eficiência energética (menor consumo e menos emissões). Hoje, a tabela de alíquotas de impostos levam em conta, por exemplo, o peso do veículo. Mas elétricos são às vezes mais pesados em razão das baterias.
Para Maluf, da ABVE, “ainda é muito cedo” para elevar esse imposto para automóveis. Segundo ele, com o estímulo ao produto importado, as vendas continuarão aumentando, o que atrairá o interesse de mais empresas para a produção local.
As vendas de híbridos e elétricos em 2022 representaram 2,5% do mercado brasileiro de veículos leves. Mesmo assim, o avanço foi grande. A fatia foi de 1,8% no ano anterior. A ABVE é, por outro lado, contrária à redução de Imposto de Importação para ônibus elétricos ao argumentar que existe capacidade de produção local.
No caso dos carros e comerciais leves, Maluf defende “aumento gradual” do imposto a partir da produção, em grande escala, de similares nacionais. Por enquanto, híbridos e elétricos estão na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum (Letec), do Mercosul.
Além da Toyota, CAOA Chery e Great Wall, a BYD, que já produz ônibus elétricos em Campinas (SP) está em negociação para comprar a antiga fábrica da Ford em Camaçari (BA) para expandir a atividade no país. Além de presidir a ABVE, Maluf também é diretor na BYD.
A discussão sobre eletrificação tende a se tornar cada vez mais técnica, envolvendo empresas com diferentes pontos de vista. O tema deve suscitar debates em torno do que é ou não feito no Brasil e que, portanto, por isso, precisa de mais ou menos proteção em relação a produtos importados.
O híbrido estará no centro dessa polêmica por ser o veículo com mais chances de produção local. Mas existem dois tipos de híbridos. O convencional, e já fabricado no país, funciona com dois motores - um elétrico e outro a combustão, que se alternam conforme a necessidade de condução. Na linha de importados estão os chamados híbridos plug-in, cuja bateria pode ser recarregada na tomada, assim como o 100% elétrico, que também está disponível hoje no Brasil apenas por meio de importação.
Grandes empresas, como Volkswagen e Stellantis, tendem a entrar na discussão em breve, pois ambas planejam produzir híbridos no país. Desse debate podem surgir defensores de taxação maior em importados com similares nacionais.
Maluf defende critérios. O híbrido plug-in, lembra, leva tecnologia não disponível no Brasil. O dirigente está, no entanto, otimista: “O governo Lula nos dá tranquilidade porque, pelo menos em discurso, se mostra favorável à energia limpa e à industrialização. Além de tudo, tem boa relação com a China”.
IstoÉ Online - SP 19/01/2023
O setor imobiliário da China encolheu 5,1% em 2022 em relação ao ano anterior, mostraram dados de valor agregado da Agência Nacional de Estatísticas nesta quarta-feira, aumentando a pressão sobre as autoridades para reanimar o setor em 2023.
O valor agregado na indústria foi 7,2% menor no quarto trimestre do que no ano anterior, após uma contração anual de 4,2% observada no terceiro trimestre, segundo dados da agência.
Os números indicam que o setor imobiliário foi um dos maiores problemas para a economia chinesa no ano passado.
O crescimento econômico da China em 2022 caiu para uma das taxas mais fracas em quase meio século, atingido por uma queda no mercado imobiliário e por medidas rígidas da pandemia e surtos de Covid-19 que afetaram especialmente o segundo e o quarto trimestres.
As autoridades lançaram uma série de medidas econômicas para ajudar compradores de moradias e construtoras imobiliárias e aliviar um aperto de liquidez de longa data no setor, que atrasou a conclusão de muitos projetos habitacionais.
Apesar desse esforço, o investimento em imóveis em 2022 ainda foi 10% menor do que em 2021, a primeira queda desde que os registros começaram em 1999, e as vendas de imóveis caíram pelo maior nível desde 1992, mostrou a agência na terça-feira.
Valor - SP 19/01/2023
Pressão maior virá de mão de obra, e não mais de material
André Braz vê “queda de braço” nos preços da construção civil em 2023 — Foto: Leo Pinheiro/Valor
A desaceleração da alta do custo da construção civil observada em 2022, depois da disparada de 2021, deve se repetir este ano, apontam especialistas. No ano passado, a grande mudança foi no perfil dessa inflação: se o destaque em 2021 foi no custo do material, o que mais puxou essa alta em 2022 foi a mão de obra, pressionada pelos dissídios. Ao longo do ano passado, a desorganização das cadeias globais de matérias-primas gerada pela pandemia começou a se atenuar, diminuindo a alta dos preços do material.
“Em 2022, a gente já observou desaceleração expressiva da alta de material, e a mão de obra acabou puxando os preços. Para 2023, o cenário é desaceleração de ambos os componentes”, afirma o economista da Tendências Consultoria Matheus Ferreira.
Principal referência para os custos do setor, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) - do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) - disparou de 8,81% em 2020 para 13,84% em 2021. Em 2022, a alta desacelerou para 9,27%.
Na passagem de 2021 para 2022, a inflação de mão de obra no setor quase dobrou (de 6,84% para 11,94%), considerando este componente dentro do INCC. Em contrapartida, a inflação de material, equipamentos e serviços, também como o INCC, encerrou o ano passado com alta de 6,79%, ante aumento de 21,28% em 2021.
O desempenho reflete uma mudança de dinâmica de preços, no setor, em 2022, explica o economista do FGV Ibre André Braz. Desde início da pandemia, lembra ele, os empreendedores da construção civil sofreram com inflação mais elevada e persistente de materiais. Isso porque, com a pandemia, ocorreu uma desorganização das cadeias globais de matérias primas, o que gerou gargalos no fornecimento de itens de relevância no setor, principalmente commodities metálicas.
Em 2022, ocorreu normalização maior de atividades, devido ao arrefecimento da gravidade da pandemia. Os preços do material continuam com alta, mas não tanto quanto no passado. Por outro lado, afirma Braz, o maior ritmo de lançamentos em mercado imobiliário ajudou a elevar cadência de abertura de vagas no setor, cujos dissídios salariais também foram puxados pela inflação.
Matheus Ferreira afirma que que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais baixo em 2022 (5,79%, ante 10,06% em 2021) reduz a pressão para os dissídios em 2023. “Os dissídios devem pressionar menos neste ano, embora a gente vá ter alguma influência do reajuste do salário mínimo. Já no caso de material, devem se manter fatores que contribuíram para essa alta menor de preços em 2022, principalmente a questão da queda na demanda”, aponta o economista.
A projeção dele é de uma alta de 5,1% do INCC em 2023, ante 9,27% em 2022 e 13,84% em 2021. A alta de preços de mão de obra deve ficar em 7,6%, e o aumento de material, em 2,6%.
As projeções de alta menor dos preços da construção dão ânimo para construtoras, que veem chance de retomar margens de lucros observadas antes desse período recente. Essa é a expectativa na BRZ Empreendimentos e Construções, que atua em 24 cidades de porte médio nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
“A gente acredita que 2023 vai ser um ano de voltar a recuperar margem, depois das perdas de 2021 e 2022”, diz o diretor financeiro da empresa, Guilherme Dias. Quando os preços começaram a disparar em 2021, diz, foi possível repassar apenas parte da alta dos custos, para os imóveis de lançamentos em curso que ainda não tinham sido lançados. Como são ciclos mais longos, pondera, não se consegue acomodar tudo da alta da inflação.
Isso afetou a margem das empresas, que tiveram que lidar também com alta de custo de material - além de falta dos produtos - e, mais recentemente, com a pressão em mão de obra, tanto em aumento de custo quanto de falta de profissionais.
Para lidar com a situação, afirma Dias, a BRZ passou a privilegiar lançamentos em cidades com a população com maior poder aquisitivo, para venda de imóveis com maior preço médio: “Com base nesse mix de lançamentos, a gente melhora o resultado sem afetar o consumidor”.
Para André Braz, a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) vai nortear preços na construção esse ano. Como tudo indica desaceleração de atividade econômica, diz ele, essa cadência menor na economia vai determinar preço de insumo e de mão de obra.
Na prática, ele vê uma espécie de “queda de braço” nos preços do setor entre dois fatores: economia mais fraca e construção civil mais aquecida. Caso o PIB não avance tanto neste ano, isso representaria menor ritmo de consumo - e também demanda reduzida voltada para construção.
Coordenadora de Projetos da Construção no Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), Ana Castelo diz que a palavra para definir a evolução de preços em 2023 no setor é “incerteza”. A Sondagem da Construção, da FGV, trouxe percepção de negócios futuros mais pessimista, ao término do quarto trimestre, por parte do empresariado do setor - cujas respostas são usadas para elaboração do levantamento.
Questionada se isso poderia influenciar preços para baixo, diz acreditar que a demanda deve se manter em patamar razoavelmente elevado. “Se o nível de lançamentos começar a cair muito, poderá ter efeito sim, mas apenas no fim de ano e início de 2024.”
A grande dúvida, segundo ela, é a evolução do valor do material: “Os preços de material estão evoluindo mais próximos da inflação, mas isso pode mudar a qualquer momento”, afirma.
A expectativa da economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) Ieda Vasconcelos é que a inflação da construção seja menor em 2023 que nos anos anteriores. Isso não significa necessariamente, no entanto, alívio para os empreendedores do setor, segundo ela. “Esperamos que os custos do setor registrem menor variação. Isso não significa queda nos custos, que permanecem em patamar elevado em razão das fortes altas nos últimos anos.”
InfraRoi - SP 19/01/2023
endas de cimento devem cair pela primeira vez em 13 anos nos Estados Unidos, mas o resultado não é alarmante e se apresenta como uma transição para o protagonismo que as obras públicas de infraestrutura devem assumir nos próximos anos.
Em 2023, a indústria de cimento dos Estados Unidos pode experimentar a primeira queda em 13 anos. Mas a projeção, mesmo que negativa, não é alarmante, sendo que algumas medidas – principalmente para incentivar investimentos privados neste ano – podem arrefecer o declínio. Além disso, começam agora os investimentos do pacote trilionário de infraestrutura, cujas obras e aportes devem chegar ao pico em 2024 e consumir grandes volumes de cimento e outros materiais de construção.
As avaliações são da Portland Cement Association (PCA), uma das principais instituições de construção dos Estados Unidos e a quem o InfraROI acompanha desde 2016 nas coberturas anuais da World of Concrete, em Las Vegas.
A PCA avalia que, de modo geral, a economia dos EUA está enfraquecendo gradualmente desde o segundo semestre de 2022, e isso é decorrente do peso da inflação, do aumento das taxas de juros e das turbulências geopolíticas. “Combinadas, essas forças elevaram os custos das mercadorias. Os gastos dos consumidores estão diminuindo e a incerteza dos investidores aumentando. Neste ano, portanto, o crescimento econômico deverá enfraquecer e espera-se que o mercado de trabalho perca alguns empregos”, disse Ed Sullivan, economista-chefe e vice-presidente sênior de Inteligência de Mercado do PCA.
Sem recessão à vista
Nada, como adiantado, deve criar recessões profundas e a projeção da taxa de desemprego nos EUA para 2023 é um exemplo para esse equilíbrio. Sullivan prevê que ela salte de 3,7% para 4,7%, mantendo-se em um patamar razoável para os padrões norte-americanos. “Com a economia mostrando mais resiliência no curto prazo, o Federal Reserve (Fed) pode ser mais agressivo com aumentos de juros. Uma recessão, caracterizada por desemprego acima de 6%, portanto, é improvável”, disse.
Por esse contexto, a PCA espera mais atividades do setor privado de construção durante 2023, com principal impulso das construções residenciais, que têm vivido bons anos passados e contam, atualmente, com preços de locação em alta. “Vale pontuar que o esperado aumento do investimento público – com base na lei bipartidária para investimentos em infraestrutura (IIJA – que deve aplicar 1,2 trilhão de dólares no setor até 2027) começa a se concretizar neste ano, mas em volumes iniciais que podem decepcionar a muitos”, pontua Sullivan.
Construção residencial nos EUA
Nos últimos anos, a construção residencial tem sustentado a indústria de cimento dos EUA. Em 2022, ela respondeu por mais de 80% do volume comercializado, com um crescimento de 4% sobre o ano anterior. Para os próximos 18 meses, a PCA espera que as obras residenciais continuem como carro-chefe, mas sem serem o suficiente para fazer o mercado de cimento crescer sobre 2022.
Para a PCA, a construção residencial é composta por unidade unifamiliar (casa), unidade multifamiliar (prédio) e melhorias residenciais. A construção unifamiliar representa 67% do total de construção residencial e, nos últimos anos, esse nicho tem crescido devido às baixas taxas de hipotecas. “Em meados de 2021, hipotecas de 30 anos poderiam ser obtidas a uma taxa inferior a 3% ao ano. Taxas tão baixas permitiram vendas vibrantes de casas novas, mesmo num contexto de aumentos agressivos dos preços. Com o recente aumento das taxas de hipoteca (impulsionado pela inflação), a acessibilidade às casas novas diminuiu drasticamente. Em comparação com os níveis de 2020, os pagamentos mensais médios de novas casas aumentaram cerca de 90%”, explicou Sullivan.
A PCA revisou os 350 principais termos de preços de novas casas e renda nos EUA, calculando o pagamento da hipoteca como uma porcentagem da renda familiar. Ela também comparou estimativas de acessibilidade antes da Covid-19 (média de cinco anos), durante 2021 sob os preços das casas e taxas de hipotecas predominantes e, por fim, as projeções para 2022/2023. “Com base nesta revisão, a PCA acredita que os riscos previstos para a compra de primeiros imóveis por famílias está em proporção negativa para 2023 e 2024.
Infraestrutura é a esperança
No setor público dos Estados Unidos, o crescimento do comércio de cimento é impulsionado pelas finanças municipais, estaduais e federais. Em suma, quanto mais fortes as finanças de determinada região, maior o consumo de cimento nela.
Segundo Sullivan, as perspectivas financeiras, de acordo com a Associação Nacional do Orçamento do Estado (NASBO), são sólidas, esperando-se um aumento de 4,3% nos fundos dos estados, municípios e federação em 2023. Porém, para 2024, é possível que o aumento do desemprego previsto impacte também nas receitas públicas, reduzindo a sua capacidade de investimento.
O foco do setor público está nas obras de infraestrutura, que aguardam os primeiros reflexos do investimento de 1,2 trilhão de dólares prometido. Parte desse aporte deve atender a extensão de programas de infraestrutura já existentes e, segundo a PCA, isso ajudará a manter o consumo de cimento nos mesmos níveis de anos anteriores. Porém, dentro do IJJA, está estabelecido o aporte de 550 bilhões de dólares em novos projetos. E é sobre essa parcela que a indústria de cimento dos EUA espera obter os próximos níveis de crescimento.
“Ao olhar para o quadro geral dos gastos reais com construção e consumo de cimento este ano, devemos esperar que ambos os volumes diminuam, com quedas significativas no segundo semestre de 2023”, disse Sullivan. “Espera-se que a desaceleração seja de curta duração, pois as taxas de juros diminuem ligeiramente e os volumes de infraestrutura mais fortes se materializam de 2024 em diante”, conclui Sullivan.
IstoÉ Dinheiro - SP 19/01/2023
O Ministério dos Transportes colocou entre suas prioridades para os primeiros 100 dias da gestão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva a discussão do projeto da Ferrogrão com a pasta do Meio Ambiente, afirmou nesta quarta-feira o ministro Renan Calheiros Filho.
O bilionário projeto de construção da ferrovia para escoar a produção agrícola do Centro-Sul por portos do Norte do país ficou travado durante o governo de Jair Bolsonaro por preocupações ambientais.
“Vamos defender o avanço da infraestrutura do país dentro das condições ambientais possíveis”, disse Renan Filho, durante apresentação das ações prioritárias para seus primeiros 100 dias no comando do ministério.
“De vez em quando, pode haver um ou outro conflito….Mas dá para equilibrar as duas coisas”, acrescentou ao responder questionamento de jornalista sobre como será o diálogo com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, crítica histórica do projeto.
Valor - SP 19/01/2023
Ministro dos Transportes quer acelerar trechos em construção e firmar parcerias com o setor privado
O ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), sinalizou ontem que a concessão do corredor ferroviário da Fico (Integração do Centro-Oeste) e da Fiol (Integração do Oeste-Leste) será feita de forma unificada. Segundo ele, os estudos para a finalização da parceria com o setor privado ficam prontos até abril.
O segundo trecho da Fiol tem 58% das obras concluídas. “A avaliação interna é que, a partir da chegada a 65% de obras do trecho II da Fiol, já há viabilidade para fazer uma concessão 100% com recursos privados. E também com o investimento cruzado que está sendo feito pela Vale na ferrovia Fico. A ideia é essa”, disse, na apresentação do plano dos primeiros cem dias da pasta.
O terceiro trecho, que ainda não iniciou as obras, poderá ser feito totalmente sem aportes públicos, ressaltou o ministro. “Com as obras chegando a 65% em Fiol 2 e com investimento cruzado garantindo o primeiro trecho da Fico, já levantaria as condições econômicas para fazer os investimentos em Fiol 3, que é fundamental para conectar Fiol na Norte-Sul, se não, não integra com a Fico”, detalhou.
O ministro afirmou que a intenção é fazer todo o trecho de Fiol 3 sem aportes públicos. “Esse é um dos modelos que fica de pé sem recursos públicos. Vamos estudar também a possibilidade de colocar recursos públicos para incrementar a viabilidade onde ela não existe”, ressaltou.
A Fico, que está em fase inicial de obras, é executada pela Vale como contrapartida pela renovação antecipada de suas concessões ferroviárias. O primeiro trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) foi concedido em 2021 à Bahia Mineração (Bamin). A Fiol atravessa a Bahia e deverá chegar ao Tocantins, onde se conectará com a Norte-Sul, quando for concluído o trecho 3.
Renan Filho também reiterou que trabalha para liberar o projeto da Ferrogrão, que está suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por questões ambientais e criticou o nome adotado pela gestão anterior. Segundo ele, remete a uma iniciativa que vai “contra o meio ambiente”, mas que tem potencial de ser mais sustentável do que manter a BR-163 como ponto de escoamento de grãos.
“Vamos conversar com a ministra do Meio Ambiente [Marina Silva] para observar qual é a opinião da área ambiental do governo. Na área de infraestrutura, a opinião técnica é que a Ferrogrão tem viabilidade inclusive para ficar de pé com recursos 100% privados”, disse. Para ele, o “equilíbrio” seria a saída para o Brasil. “Não pode ser um país que não faz investimento nem ser um país que não preserva o meio ambiente”, ponderou.
Renan Filho criticou a estratégia do governo Jair Bolsonaro de “passar a boiada”, em referência à fala do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles sobre aprovar medidas pouco sustentáveis enquanto as atenções estavam voltadas para a pandemia de covid-19. “Isso travou todos os investimentos em várias áreas e estabeleceu dificuldades para o Brasil do ponto de vista internacional. Essa agenda não é boa para o país.”
No plano dos cem primeiros dias de governo, o ministro dividiu as ações em cinco eixos: revitalização e retomada das obras ferroviárias e rodoviárias; redução de acidentes de trânsito; medidas para o escoamento da safra recorde de grãos; emergências de chuvas e ações para fortalecimento de atração de investimento privado.
“Houve decréscimo no investimento do Ministério dos Transportes nos últimos anos. Chegamos a ter orçamento de R$ 28 bilhões e caiu para algo em torno de R$ 7,7 bilhões”, disse. Ele ressaltou que o orçamento da pasta voltou ao nível de 2015.
“Vamos viver período de chuvas mais intensas no Brasil e pico de escoamento da safra de grãos, vamos focar o plano nessas duas necessidades. Temos pouco mais de 13 mil km de rodovias concedidas à iniciativa privada, com pedido de revisitação de licitação. Vai ter uma secretaria específica para cuidar de ferrovias para facilitar o escoamento de grãos, aumentar a competitividade da nossa economia, reduzindo fluxo nas rodovias”, complementou.
O plano prevê, ainda, a retomada de 670 km de estradas federais e, até abril, o ministério pretende entregar 861 km de rodovias construídas, revitalizadas ou sinalizadas. No período, os gastos serão de R$ 1,7 bilhão para revitalizar e intensificar obras em rodovias e ferrovias.
Além disso, o ministro reforçou que o foco será em obras estruturantes para o país. “O mais importante da reunião de ontem [terça-feira] com a Casa Civil e com quem será responsável pelo PAC é que vamos priorizar as obras estruturantes para o país. O governo tem interesse em fortalecer o uso dos recursos existentes para obras estruturantes.”
Diário do Comércio - MG 19/01/2023
A duplicação de cinco quilômetros da BR-381/MG, em Ipatinga, na região do Vale do Aço, é uma das obras que deve ser entregue nos primeiros meses de 2023 e faz parte do Plano de 100 Dias do Governo Federal, anunciado ontem. A previsão é que a intervenção seja concluída em abril. Para o mesmo mês está prevista a aprovação do projeto de manutenção entre os quilômetros 0 e 82 da BR-356/RJ, na divisa entre os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais.
As ações prioritárias do Ministério dos Transportes para os setores rodoviário e ferroviário contarão com recursos da ordem de R$ 1,7 bilhão para retomar e intensificar obras, preparar rodovias para o período de chuvas, além de garantir o escoamento da safra agrícola e diminuir o número de acidentes graves. O valor possibilitará a entrega de 861 quilômetros pavimentados, revitalizados e sinalizados até abril deste ano. Ainda haverá a construção e revitalização de 72 pontes e viadutos no mesmo período.
As principais entregas estão incluídas em 12 rodovias que cortam o País: BR-432/RR, BR-364/AC, BR-116/CE, BR-101/SE, BR-116/BA, BR-080/GO, BR-101/AL, BR-381/MG, BR-447/ES, BR-163/PR, BR-470/SC e BR-116/RS.
Com início imediato, os trabalhos de pronto atendimento incluem em Minas Gerais as BRs 262, 265, 354, 367, 381 e 494, além das rodovias federais no Espírito Santo (259, 262 e 342).
No transporte ferroviário, o destaque será a construção da terceira etapa de adequação do ramal na ferrovia EF-222, em Barra Mansa, no Rio de Janeiro. A meta é que os trabalhos comecem em abril deste ano.
De acordo com o ministro dos Transportes, Renan Filho, as obras beneficiarão a cadeia produtiva, assegurando o escoamento da produção agroindustrial. Com a maior participação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o Sudeste é a rota de distribuição da produção nacional de commodities, em setores que vão desde a agropecuária a combustíveis e minérios. “Vamos investir nos grandes corredores de transporte, nas duplicações de rodovias e nas integrações ferroviárias para ampliar competitividade da nossa economia. Estamos fazendo o reordenamento do ciclo de planejamento para os próximos quatro anos”, diz.
Retomada
De acordo com o Ministério dos Transportes, a duplicação da BR-381 é fundamental para a segurança viária e o setor de mineração. A rodovia, que passa pelos estados do Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo, é estratégica na integração dos modais ferroviário e rodoviário no transporte da produção do Vale do Aço.
Conforme o ministro, também haverá a retomada de mais 670 quilômetros de obras hoje paradas por falta de verbas, onde estão previstas revitalização e construção. Até o fim de 2022, havia mais de 100 empreendimentos em rodovias com ritmo lento ou sem continuidade.
O Estado de S.Paulo - SP 19/01/2023
O ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, declarou que não haverá a concessão do Porto de Santos e que as companhias docas continuarão estatais. Já o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o modelo de privatização não está descartado. Houve inclusive uma reunião entre o presidente Lula da Silva e o governador de São Paulo em que o diálogo sobre o tema foi mantido.
Descartar desde logo o modelo de concessão de portos e de privatização das companhias docas é realmente uma boa solução? Para compreender melhor essa problemática, é necessário retroceder no tempo.
O setor portuário no Brasil vem experimentando uma intensificação da participação privada. Desde a Lei de Modernização dos Portos, de 1993, passou-se de um modelo estatizante para uma nova sistemática em que os serviços portuários são desempenhados fundamentalmente pela iniciativa privada.
Essas empresas prestam serviços de movimentação e armazenagem de cargas nos terminais portuários, que são arrendados por meio de licitação. Já as áreas comuns dos portos (canal de acesso, infraestrutura terrestre e outras) são mantidas pelas companhias docas, que são empresas estatais controladas pela União federal.
Pode-se fazer uma analogia a um shopping center. As lojas de um shopping equivalem aos terminais portuários arrendados à iniciativa privada. São eles que desempenham os serviços portuários. A administradora do shopping (que nessa analogia corresponde à companhia docas) desempenha outro papel, também relevantíssimo, que é a manutenção da estrutura do porto.
Essa sistemática, que foi mantida pela atual Lei dos Portos, de 2013, proporcionou uma verdadeira revolução. Os índices de eficiência e produtividade dos serviços portuários melhoraram de modo marcante em comparação com o modelo que vigorou até meados da década de 1990.
Entretanto, a mesma melhora não foi observada na gestão dos portos. Problemas na realização de dragagens e filas de espera de alguns dias para a atracação de navios são frequentes.
Essas dificuldades são atribuídas em grande medida à formatação jurídica das companhias docas. Por serem estatais, elas precisam realizar licitação para a contratação de obras e serviços, o que faz com que o ritmo de investimentos a cargo delas não tenha a agilidade ideal.
Outro problema é a demora nas licitações dos próprios terminais portuários. Os arrendamentos à iniciativa privada precisam de licitações que levam anos para acontecer – desde a sua modelagem até a assinatura do contrato. Além disso, os contratos de arrendamento são submetidos ao regime de direito público, mais rígido e sujeito a controles excessivos. O resultado é a existência de diversas áreas ociosas nos portos que deixam de gerar receitas para investimentos nos próprios portos.
É justamente nesse contexto que se insere o modelo de privatização/concessão. Com a privatização das companhias docas, elas deixam de integrar a estrutura estatal e podem realizar investimentos sem as amarras hoje existentes. Em paralelo, há a concessão do porto à companhia docas privatizada. Passa a caber a ela a concessão de terminais portuários à iniciativa privada – agora por meio de contratos privados, que derivam de procedimentos mais simples e rápidos do que as licitações de contratos públicos hoje existentes.
As vantagens desse modelo decorrem da distribuição eficiente de incentivos. A concessionária do porto amplia suas receitas se for eficiente na gestão. E é mandatório que ela seja eficiente não só porque o poder concedente fiscaliza os seus resultados, mas também porque ela não recebe nenhum centavo do Tesouro.
Apesar do modelo de concessão de portos ser previsto há décadas, apenas o Porto de Vitória foi concedido à iniciativa privada, o que só ocorreu há poucos meses. Nesse breve período, a concessionária daquele porto já divulgou a celebração de novos contratos para exploração de áreas. Trata-se de uma rapidez impensável numa estrutura estatal. Diante disso, já se cogitava empregar o mesmo modelo no Porto de Santos e em outros portos do País.
O descarte do modelo de concessões de portos é uma opção política possível. A concessão de portos é uma ferramenta cabível, não uma imposição.
Entretanto, existem problemas e dificuldades inegáveis na gestão dos portos públicos. Essa é uma realidade que não pode ser ignorada, e sim enfrentada. Se não for pelo modelo de concessão/privatização, precisará ser por outro. Mas qual?
Diversos países estão passando por uma revolução em seus portos, com ampliações de suas estruturas e a utilização de tecnologia de ponta e inteligência artificial (smart ports). Os portos brasileiros não podem ficar para trás. Há uma demanda por investimentos constantes e crescentes que em princípio não podem ser suportados por recursos estatais nem por uma estrutura amarrada.
Se a concessão de portos não for o modelo adotado, deve-se propor uma alternativa para resolver os gargalos atuais. Talvez um aprimoramento das concessões. Deixar as coisas como estão não é uma opção válida.
O Estado de S.Paulo - SP 19/01/2023
A rápida reabertura da China, após anos de lockdowns motivados pela pandemia de covid-19, deverá ajudar a demanda global por petróleo a atingir nível recorde este ano, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE).
Em relatório mensal publicado nesta quarta-feira, 18, a AIE elevou sua projeção para a alta no consumo mundial de petróleo em 2023 em quase 200 mil barris por dia (bpd), para 1,9 milhão de bpd. A demanda extra significa que a agência agora espera que a demanda total por petróleo atinja este ano uma média inédita de 101,7 milhões de bpd, bem acima dos níveis pré-pandemia.
A abrupta reversão da política de “covid zero” na China pegou os mercados de surpresa e alimentou esperanças de que a reabertura leve a demanda do gigante asiático por petróleo a mostrar forte recuperação.
A melhora de perspectiva econômica da Europa e dos EUA também impulsiona expectativas para o consumo de petróleo, destacou a AIE. Espera-se que a Europa tenha este ano desempenho econômico melhor do que se pensava inicialmente, à medida que o inverno mais ameno aliviou a crise de energia deflagrada pela guerra da Rússia na Ucrânia. Ao mesmo tempo, esforços do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) para combater a inflação vêm dando sinais de resultado.
A AIE elevou sua previsão para o consumo chinês de petróleo este ano em 100 mil bpd, para 15,9 milhões de bpd.
Já para 2022, a agência cortou sua estimativa para a alta na demanda global por petróleo em 100 mil bpd, para 2,2 milhões de bpd, o que deixaria o consumo total em 99,9 milhões de bpd.
Em relação à oferta mundial da commodity, a AIE ajustou para cima sua estimativa para 2022 em 100 mil bpd, para 100,1 milhões de bpd, e também a projeção para 2023, em 300 mil bpd, a 101,1 milhões de bpd. / DOW JONES NEWSWIRES
Money Times - SP 19/01/2023
O ministro das Finanças da Arábia Saudita, Mohammed Al-Jadaan, disse que o país está aberto para discutir a comercialização de petróleo em outras moedas que não o dólar americano.
A fala faz parte de uma entrevista concedida à Bloomberg TV, que cobre o Fórum Mundial Econômico em Davos e está sendo considerada um grande aceno à China, país com o qual o governo saudita pretende aprofundar relações comerciais.
Há menos de dois meses, o presidente chinês Xi Jingping fez visita oficial à Riyadh, capital do país árabe, sob votos de laços mais estreitos entre o maior exportador e o maior importador de petróleo.
Na oportunidade, chefes de Estado anunciaram investimentos conjuntos no setor petroquímico e maior colaboração em outras fontes energéticas mais limpas como hidrogênio, eólica e fotovoltaica.
Desde que anunciou o fim das últimas medidas que deram caracterizaram a política ‘Covid Zero‘. a China vem retomando a atenção do noticiário econômico. É, inclusive, a perspectiva de recuperação do consumo chinês por combustíveis que responde pelo rali dos mercados de petróleo em janeiro.
Desde o dia 3 de janeiro, os contratos futuros de petróleo avançaram 6%, o que traz o barril tipo Brent de volta a marca dos US$ 84; o óleo cru, por sua vez, beira os US$ 80.
O petróleo e o gelo diplomático entre EUA e os árabes
Enquanto os laços entre China e Arábia Saudita ficam mais fortes, o mesmo não pode ser dito para a relação dos americanos e sauditas.
A administração de Joe Biden mantém desavenças que datam da sua corrida presencial em 2020. Em um dos debates televisionados, Joe Biden disse que tornaria a Arábia Saudita um “estado párea” ao prometer consequências pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi.
A retórica de Biden cobrou um preço geopolítico aos EUA após a eclosão da guerra da Ucrânia, quando o presidente se viu obrigado a pedir que os sauditas aumentassem a produção de petróleo como forma de atenuar a inflação de combustíveis em seu país. A resposta foi um fragoroso não.
Mais recentemente, a Administração Biden voltou a criticar indiretamente a Arábia Saudita, ao qualificar as últimas decisões da Opep+ — cartel liderado, na prática, pelo maior exportador de petróleo — como “equivocadas” e “de curto-prazo”.
O grupo de produtores decidiu, desde outubro, a manter um corte de produção de 2 milhões de barris por dia.
Petrodólar em xeque?
A declaração do ministro das Finanças em Davos, sugerindo que outras moedas poderiam ser igualmente utilizadas na compra e venda de contratos de petróleo, volta a jogar dúvidas sobre quanto tempo mais durará a sobre a supremacia de cinco décadas da moeda americana como ‘lastro’ do comércio internacional da commodity.
Cunhada de ‘petrodólar’, a adoção da divisa norte-americana pelos principais produtores de petróleo nos anos subsequentes à Primeira Crise do Petróleo (1973) lhes permitiu aumentar consideravelmente a liquidez de seus ativos no mercado internacional, provocando um ‘boom‘ de crescimento econômico.
Consequentemente, o protagonismo do dólar também acabou fortalecendo a influência geopolítica dos Estados Unidos sobre os países produtores.
Valor - SP 19/01/2023
O contrato futuro do petróleo Brent para o mês de março fechou o dia em queda de 1,09%, negociado a US$ 84,98 o barril, e o WTI para março caiu 0,81%, negociado a US$ 79,80 o barril
Depois de passar a maior parte da sessão desta quarta-feira (18) em alta, os contratos de petróleo apagaram os ganhos ao longo da tarde de hoje, com os temores de recessão dominando o mercado após a divulgação de dados mais fracos da economia americana. O sentimento negativo acabou se sobrepondo ao otimismo que vinha embalando os negócios há dias, motivado pela reabertura sanitária da China.
O contrato futuro do petróleo Brent para o mês de março fechou o dia em queda de 1,09%, negociado a US$ 84,98 o barril, na ICE, em Londres. Ao mesmo tempo, a referência americana do West Texas Intermediate (WTI) para março caiu 0,81%, negociado a US$ 79,80 o barril, na Nymex.
Mais cedo, números mostraram que as vendas do setor varejista americano caíram 1,1% em dezembro, em relação a novembro, valor acima das estimativas dos economistas do “Wall Street Journal”, de -1,0%. Além disso, de acordo com o Federal Reserve (Fed, banco central americano), a produção industrial do país teve queda de 0,7% no mês de dezembro. Outro indicador publicado foi o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês), que registrou queda de 0,5% em dezembro.
Outro fator mencionado como impulsionador da queda da commodity foi o discurso do presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, no qual ele sugeriu que, apesar dos dados de inflação do país terem esfriado e as vendas no varejo terem sido fracas, o Fed ainda deve subir os juros a um nível suficientemente restritivo o mais rápido possível, de forma a evitar uma nova aceleração da inflação. Isso "aumentou o temor de que o Fed possa aumentar as taxas novamente na faixa de 50 pontos-base", disse Phil Flynn, analista sênior de mercado do The Price Futures Group.
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