O Estado de S.Paulo - SP 18/09/2023
Brasil precisa eliminar custos e incertezas para entrar no jogo do comércio e tirar proveito dos caminhos abertos pela rixa entre EUA e China, que impõe uma nova ordem mercantil
A janela aberta no comércio internacional, movida principalmente pela disputa entre Estados Unidos e China, está modificando relações mercantis entre países com uma amplitude que há muito não se via. O distanciamento das duas potências movimenta o eixo do comércio exterior com base em três pilares: proximidade, relações diplomáticas e negociais e produtividade.
O Brasil se vale de safras recordes e da excelência do setor do agronegócio para expandir suas vendas externas de commodities agrícolas, liderando o mercado de soja, milho e algodão, como já abordado neste espaço (ver o editorial Depois do milho e da soja, o algodão, de 13/9/2023). Mas assiste com inexplicável passividade às mudanças impostas pela nova ordem econômica que se desenha, perdendo ou, quando muito, apenas mantendo posição em manufaturados e produtos de maior valor agregado.
Desde os anos 2000, o comércio de manufaturados brasileiros vem caindo paulatinamente. No início daquela década, representava 59% da balança comercial; no ano passado, recuou para 29%. É como cair de um precipício. Outro exemplo a ilustrar a perda de competitividade, desta vez em valores: em 2005, a balança de manufaturados brasileira registrou superávit de US$ 7,5 bilhões; sucessivas quedas levaram a um déficit de US$ 128 bilhões em 2022.
O comércio agrícola avança, mas fica à mercê da flutuação de preços internacionais, e aqui vale ressaltar que o Brasil, apesar de grande produtor e exportador, não tem a menor influência na formação de preço dessas commodities. Ou seja, não há como os exportadores brasileiros definirem preços de comercialização. Apenas seguem o que ditam os preços internacionais.
A indústria carrega o peso da baixa produtividade e da pífia competitividade, problemas que afinal podem ser atenuados pela reforma tributária, com redução gradual do altíssimo “custo Brasil”. Apesar da tramitação mais lenta do que era previsto e das modificações que o projeto tem sofrido no Congresso, a simplificação tributária proposta na reforma tende a facilitar a atuação brasileira no comércio externo.
A complexidade da estrutura atual dificulta, por exemplo, o funcionamento do Reintegra, benefício fiscal destinado a retornar aos exportadores os resíduos tributários de PIS, Cofins, Imposto de Renda e CPMF remanescentes da cadeia de produção dos produtos. O benefício existe, mas não funciona de fato. Além do mais, o decreto que regulamentou a lei limitou a alíquota de restituição a 0,1% da receita com exportação. O resultado é que a indústria brasileira não vende somente seus produtos, exporta também tributos e fica em desvantagem na competição internacional.
O governo precisa voltar sua atenção às mudanças em curso no mundo todo e promover a abertura comercial do País para não perder a oportunidade de participar da onda que mudará a correlação de forças global. Guinadas no comércio mundial são movidas a circunstâncias como guerras, disputa entre potências e pandemias – a covid, por exemplo, promoveu um êxodo de empresas que haviam montado bases de produção na China em busca de mão de obra barata.
Em 2018, o governo dos EUA, sob Donald Trump, iniciou a guerra comercial com a China, que permanece até hoje, tendo como pano de fundo a disputa pela liderança econômica mundial. O tempo que esta janela permanecerá aberta é imprevisível, mas já arrastou negociações comerciais para países próximos (nearshoring) e promoveu o retorno de fabricantes às suas bases (reshoring).
O México, vizinho dos Estados Unidos, com quem divide, junto com o Canadá, um acordo comercial, é um dos países que mais têm tirado proveito da nova ordem na parcela ocidental. Ásia, Malásia, Tailândia e Indonésia também surfam a nova onda. Enquanto isso, o Brasil, que tem na China e nos EUA seus principais parceiros comerciais, assiste inerte a todo esse movimento.
Em 1980, com participação de 0,99% no comércio mundial, o Brasil estava à frente de países como China, Coreia e México, que detinham, cada um, 0,88%. A China hoje é a primeira do ranking, a Coreia está em 6.º e o México, em 13.º. O Brasil caiu para a 26.ª posição. Está na hora de acordar.
Globo Online - RJ 18/09/2023
Com a aproximação da principal conferência climática internacional, a COP28, o mundo voltará ainda mais suas atenções para discutir a urgente e necessária transição para uma economia de baixo carbono, ponto de virada para um futuro mais sustentável. A humanidade se vê diante de um desafio de dimensões inéditas. Há uma grande lacuna a ser resolvida entre os compromissos para redução das emissões de gases de efeito estufa assumidos pelos países e os avanços obtidos até agora para que o planeta consiga atingir as metas estabelecidas no Acordo de Paris. Nesse cenário, a mineração é peça-chave para descarbonização global e para alavancar o Brasil como um dos protagonistas em energias limpas e economia verde.
Segundo diagnóstico publicado semana passada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 95% do hidrogênio utilizado no Brasil vem sendo produzido a partir de fontes fósseis. O estudo destaca a grande oportunidade que a indústria brasileira tem de protagonizar o desenvolvimento do mercado de hidrogênio de baixo carbono.
Segundo o mesmo documento, o país tem potencial para assumir a vanguarda global na produção de hidrogênio a partir de fontes renováveis: possui vasto potencial de geração de energias renováveis, extensa costa, acesso para o mar e localização privilegiada para entrar nos mercados com as maiores demandas para importação do hidrogênio.
Para isso, é preciso buscar convergência com atores importantes dos setores público e privado, num movimento de união que poderá ter impacto muito positivo para as futuras gerações. Nessa linha, a Vale firmou recentemente acordo com a H2 Green Steel, produtora de aço verde referência em inovação na siderurgia mundial. O projeto prevê a implantação, no Brasil, de um megahub de última tecnologia, com capacidade de reduzir drasticamente as emissões de gás carbônico desse mercado, gerando uma grande revolução. A redução de emissões virá tanto pelos avanços tecnológicos de nossa mineração quanto pela produção e uso de hidrogênio verde.
O combustível desses megahubs pode ser o gás natural, mas o hidrogênio verde é ainda melhor, com a vantagem de consolidar a tão necessária transição energética. A expectativa é que o acordo crie naturalmente grande demanda para o hidrogênio verde. Isso já é precondição para o surgimento de um novo mercado em expansão no país, colocando o Brasil numa posição privilegiada globalmente.
O desafio da neoindustrialização sustentável exige que cada setor cumpra seu papel no desenvolvimento regional. Graças à competitividade já comprovada do país na produção de energia renovável e à crescente demanda mundial pelo uso dessas fontes, cabe às grandes organizações e demais agentes de transformação impulsionar as mudanças. A Vale tem escala e capacidade de investimento para alavancar ações que sejam relevantes para a sociedade como um todo, com geração de resultados ao negócio, renda e empregos qualificados no Brasil.
Precisamos descarbonizar os processos da cadeia de valor como um todo, e o setor de mineração já vem fazendo isso. A Vale alcançará 100% de consumo de energia elétrica renovável no país, e hoje é âncora no fornecimento de minério de ferro e metálicos de baixo carbono. Investimos no aprimoramento tecnológico, em inovações como o briquete de minério de ferro, desenvolvido para reduzir emissões, com possibilidade de uso em fornos elétricos para produção do aço.
O Brasil tem a chance de se consolidar como um dos líderes globais em energias limpas e economia verde. Estamos diante de uma gigantesca oportunidade que colocará o país na vanguarda mundial da produção e uso do hidrogênio verde como vetor energético limpo. É a transformação necessária para consolidar o Brasil como um dos protagonistas na revolução energética e a descarbonização global.
Globo Online - RJ 18/09/2023
O governo da China enfrenta sérias dificuldades naquilo que parecia ser sua especialidade: botar o país para crescer. Há problemas econômicos específicos — como o endividamento das administrações regionais e o esgotamento de grandes projetos de infraestrutura —, mas a questão básica é mais profunda. Trata-se da perda de eficiência do sistema político, aquele que se poderia chamar de ditadura esclarecida.
Ditadura, pelo óbvio. A sociedade vigiada e controlada pelo Partido Comunista. Na economia, ampla abertura para o investidor privado nacional e estrangeiro. Por trás disso, o comando de uma burocracia formada nas melhores universidades ocidentais e treinada em grandes companhias.
Um pequeno exemplo: a política monetária é aplicada pelo Banco do Povo da China. O povo não manda nada. Mandam economistas que trabalham exatamente como os mais eficientes banqueiros centrais do mundo.
Há uma ideologia por trás disso. Sustenta que a democracia política, estilo ocidental, não funciona e, pior, atrapalha o crescimento econômico. Muito debate, parlamentos atrasando a aplicação dos programas, imprensa incomodando, sociedade reclamando e resistindo a medidas do governo — não há como ter eficiência, diz essa doutrina. Mas, para que isso seja verdade, é preciso admitir que a tecnocracia é eficiente e sabe claramente os interesses atuais e futuros dos cidadãos e do país. Logo, não erra.
Pois o governo do presidente Xi Jinping vem cometendo erros sucessivos. O mais desastroso foi o programa Covid Zero. A ideia era bloquear a transmissão do vírus. Um teste positivo numa fábrica — e se fechava toda a fábrica, trabalhadores e funcionários lá dentro, por quantos dias fosse necessário para testar todo mundo e isolar os doentes. Um caso num bairro, e todos os moradores eram simplesmente trancados em suas casas, com barricadas à frente dos prédios. Se o vírus escapava do bairro mesmo assim, regiões inteiras eram isoladas. Um caso num porto, e se fechavam todas as operações ali.
Sendo essa a política, o governo se descuidou da vacinação — e deu tudo errado. A Covid Zero paralisou seguidamente a economia e não impediu a transmissão. Quando, finalmente, se abandonou a política, a economia estava desorganizada, a sociedade cansada e não vacinada. Depois o governo se equivocou em várias tentativas de recuperação, e o resultado aí está: a China crescendo muito pouco, os ganhos de renda bloqueados.
Como se chegou a esse ponto? Pela natureza do regime. Sem democracia, sem livre debate, os médicos e cientistas que alertavam sobre os erros da Covid Zero eram simplesmente presos ou trancados em casa. Incipientes debates em alguma imprensa regional, reportando reclamações de moradores, foram rapidamente abafados.
O mesmo acontece nas decisões de política econômica. Quando o presidente e a administração central erram, a burocracia mantém esse erro, insiste, até que as próprias instâncias superiores, o presidente e a cúpula do partido percebam a besteira. De novo, como não há debate sobre a falência de certas políticas, não há base para a procura das mais corretas. Erro atrai erro.
E quer saber? É bom que isso esteja acontecendo. O povo chinês paga um preço e também muitos países cujas economias se ligaram mais fortemente à China. Mas era preciso desmistificar o sistema e derrubar a ideia de que a democracia atrapalha. É notável também a perda de prestígio da China como parceiro econômico e geopolítico. Se o governo lá muda suas políticas sem consultar seu próprio povo, por que consultaria outros governos?
Assim é que os países ocidentais no sentido amplo, democráticos e desenvolvidos — incluindo Japão, Austrália e Coreia do Sul —, buscam parceiros confiáveis. Países emergentes democráticos são candidatos. Alguns pularam na frente. O México ultrapassou a China como maior fornecedor dos Estados Unidos. Canadá também. A União Europeia, outro exemplo, procura fontes de energia fora da Rússia.
Enquanto isso, o Brasil de Lula, antiamericano, se alinha com China e Rússia.
O Estado de S.Paulo - SP 18/09/2023
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deve reduzir a taxa Selic em 0,5 ponto porcentual na próxima quarta-feira, 20, segundo avaliam economistas dos bancos internacionais Goldman Sachs e Barclays.
Para o banco americano Goldman Sachs, o colegiado deve sinalizar que manterá esse ritmo de cortes ao menos na reunião seguinte, em 1º de novembro.
O Barclays também avalia que, na próxima reunião do Copom, o BC deve seguir o plano de voo divulgado na sua última reunião e reduzir a taxa Selic de 13,25% para 12,75%. Também espera a manutenção do ritmo de quedas em 0,5 ponto porcentual por reunião, mas reconhece que uma aceleração é possível.
“Esperamos que o BC corte a Selic em passos de 0,5 ponto porcentual no futuro próximo, mas não podemos descartar a possibilidade de cortes maiores mais adiante no ciclo, à medida que o horizonte relevante da política monetária gradualmente muda para 2025", afirma o economista para Brasil do Barclays, Roberto Secemski, em relatório.
Na semana que vem, o analista espera poucas mudanças no comunicado do Copom. Ele destaca que, desde a última decisão de política monetária, em agosto, as expectativas de IPCA de longo prazo continuaram em 3,5% - 0,5 ponto porcentual acima do centro da meta, de 3% -, o PIB do segundo trimestre cresceu mais do que o esperado e a inflação de serviços não desacelerou substancialmente.
Barra alta
“Esperamos que o Copom mantenha uma barra relativamente alta para acelerar o ritmo de cortes no curtíssimo prazo”, afirma o diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos.
O economista lembra que as expectativas de inflação acima das metas, o crescimento resiliente da economia e o mercado de trabalho apertado ainda exigem “prudência” do BC na calibragem da política monetária.
Também pesam contra uma aceleração do ciclo, o aumento do risco fiscal e os riscos altistas para o IPCA via alimentos e combustíveis.
Para o banco americano, as projeções de inflação do Copom no cenário de referência devem avançar para o fim de 2024 (3,4% para 3,5%) e para o fim de 2025 (3% para 3,1%), considerando a depreciação do real, o aumento dos preços de petróleo e a redução da trajetória de taxa Selic embutida no relatório Focus.
“Essas projeções e o balanço de riscos geral para a inflação serão a chave para calibrar a trajetória da Selic, em particular a taxa terminal e o espaço para aceleração do ciclo de afrouxamento até o fim de 2023", afirma Ramos. “Na ata, vamos procurar a discussão sobre o hiato do produto, dada a recente dinâmica sólida de crescimento.”
Infomoney - SP 18/09/2023
A produção industrial dos Estados Unidos subiu 0,4% em agosto ante julho, segundo dados publicados nesta sexta-feira (15) pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). O resultado superou a expectativa de analistas: o consenso Refinitiv previa alta de 0,1% no período. A produção industrial total em agosto ficou 0,2% acima do nível do ano anterior.
A taxa de utilização da capacidade instalada subiu 0,2 ponto porcentual em agosto nos EUA, para 79,7%.
O Fed também revisou dados da produção de julho, de ganho de 1% para acréscimo de 0,7% ante o mês anterior, assim como a taxa de utilização da capacidade, de 79,3% para 79,5%.
Segundo o Fed, a leitura de agosto para a indústria foi prejudicada por uma queda de 5% na produção de veículos automotores e peças. O índice da mineração subiu 1,4% e o índice dos serviços públicos avançou 0,9%.
Globo Online - RJ 18/09/2023
Com a força do agronegócio, a balança comercial brasileira vem renovando recordes e já acumula superávit de US$ 62,4 bilhões até agosto, salto de 43% ante o ano anterior. Diante desse cenário, especialistas estimam que o saldo entre as vendas externas e as compras internacionais possa superar US$ 90 bilhões até o fim do ano, o maior desde o início da série, iniciada em 1989.
Soja, milho e celulose estão entre os produtos que cresceram com força na pauta de exportações, reforçando o perfil do país como um grande fornecedor global de commodities. O Brasil tem ocupado espaços importantes no mercado mundial, aproveitando-se da reorganização das cadeias globais de produção após choques como a guerra na Ucrânia e as relações conturbadas entre Estados Unidos e China.
A pujança deste ano decorre principalmente do aumento do volume exportado, não de uma elevação dos preços. A queda nas importações também ajuda a explicar os superávits. No ano, as exportações somaram US$ 224,578 bilhões, estáveis em relação a igual período do ano passado. Já as importações recuaram 10,4%, para US$ 162,168 bilhões.
— A alta (das exportações) está mais associada ao volume, resultado de uma safra recorde de soja e milho safrinha, além de um desempenho bom da indústria extrativa, com as exportações de petróleo — destaca a economista do Itaú Unibanco, Julia Gottlieb.
O Itaú elevou sua projeção para o superávit da balança comercial brasileira em 2023, passando para US$ 80 bilhões, ante US$ 70 bilhões anteriormente. A consultoria Tendências está ainda mais otimista: revisou sua previsão para US$ 93,4 bilhões. Para 2024, ambos estimam saldo positivo em US$ 60 bilhões.
A entrada de dólares no Brasil é um fator positivo para a taxa de câmbio. O real mais apreciado ajuda, por exemplo, a arrefecer a inflação.
Julia destaca que o fato de o crescimento do superávit estar associado ao volume e não ao preço é um fator positivo, uma vez que deixa o país menos sujeito às oscilações de cotações no mercado internacional. Essa vulnerabilidade a preços que não se pode controlar é justamente a fragilidade de se ter uma pauta exportadora concentrada em commodities, dizem especialistas.
Fatia menor da indústria
O presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, lembra que a participação da indústria na pauta de exportações vem caindo. Era 50% em 2000 e, atualmente, está em cerca de 29%.
— A cada US$ 1 bilhão que deixamos de exportar perdemos 30 mil empregos e, nesses 23 anos, perdemos 4 milhões de vagas qualificadas. Na balança comercial de manufaturados, o déficit é crescente — diz.
Neste mês, o IBGE voltou a revisar para cima a projeção para a safra agrícola brasileira. A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas deve registrar novo recorde, totalizando 313,3 milhões de toneladas. O número representa um salto de 19% ante 2022, ou mais 50,1 milhões de toneladas.
Se confirmada a estimativa, será a primeira vez na História que a safra ficará acima de 300 milhões de toneladas. O Brasil superou os EUA como maior exportador global de milho neste ano e está prestes a desbancar o país do topo das exportações globais de algodão também. Ainda assim, ocupa o 26º lugar no ranking mundial de países exportadores.
O consultor de comércio internacional e economia da BMJ Consultores Associados, Guilherme Gomes, destaca que os produtos primários brasileiros se beneficiaram de choques no mercado internacional:
— Desde o ano passado temos a questão da guerra da Ucrânia, e a disputa entre EUA e China, o que faz com que os produtos brasileiros do setor agropecuário sejam bastante demandados no exterior.
Entre grandes exportadoras, há também a Petrobras, que vendeu 571 mil barris por dia (mpd) de petróleo ao exterior no primeiro semestre deste ano. É um avanço de 6,3% ante os 537 mil barris diários registrados no mesmo período do ano passado.
O sócio da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto, avalia que o movimento deve perder força nos próximos meses, mas os superávits ainda devem ficar em patamares elevados:
— Devemos ter no próximo ano a continuidade do ajuste de preços para baixo e sem esse choque tão positivo do agronegócio, além da expectativa de um crescimento internacional menor.
Para os especialistas, a dependência do Brasil em relação às commodities deve continuar. Campos Neto, da Tendências, lembra que, ao longo das últimas décadas, os investimentos em tecnologia por parte do setor agropecuário aumentaram, elevando a produtividade.
— Pode haver uma crítica por (a pauta de exportação) se basear nesses produtos primários, mas é isso que gera moeda forte para que o Brasil consiga honrar seus compromissos. O país tem uma indústria de transformação forte, mas que tem problemas de competitividade. Se há algum alento para o segmento industrial é que o Brasil tem avançado em algumas reformas que tendem a melhorar a competitividade, como a trabalhista e a tributária — afirma o sócio da Tendências.
Ele acrescenta que a carga tributária ainda elevada, as dificuldades com qualificação de mão de obra e de logística pesam contra o setor industrial. Apesar desses entraves, o professor de Economia da FEA/USP, Paulo Feldmann, frisa que os manufaturados têm maior valor agregado e estão menos suscetíveis a choques de preços.
— Commodity é algo que depende muito do mercado de oferta e procura mundial. Volta e meia, os preços caem porque aumentou a produção em algum país. É ruim ser dependente de exportação de commodities. O país deixou de ser um importante exportador de produtos industrializados há quase 40 anos. Dos anos 1980 para cá, perdemos muito a nossa posição — diz ele.
Aeronaves da Embraer
Para a professora do MBA em gestão de comércio exterior da Fundação Getúlio Vargas, Monica Romero Marinho, o país precisa de renovação da indústria, em especial em um momento em que o mundo está reorganizando as cadeias globais de valor. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a AEB, formou uma coalizão empresarial para, em conjunto com o governo brasileiro, renovar o parque industrial.
Entre as poucas exceções na pauta de exportações brasileiras estão as aeronaves, com crescimento de 21,70% no ano. A Embraer, líder no setor, já entregou 62 aeronaves neste ano, avanço de 35% ante o primeiro trimestre de 2022. Nos últimos meses, a empresa tem reforçado suas parcerias comerciais com companhias estrangeiras.
São mais de 500 produtos da empresa lançados ao longo de quase meia década
Na aviação comercial, a American Airlines assinou contrato com a empresa para compra de sete novos jatos. A Embraer também recebeu um pedido firme da alemã Binter para a aquisição de seis aeronaves. A empresa firmou ainda acordos com companhias da Malásia, Cingapura e Índia.
Exame - SP 18/09/2023
O mundo está vivendo uma revolução energética. Fontes renováveis de energia – como solar e eólica –, carros eletrificados e alternativas limpas de combustíveis – como o hidrogênio verde, o etanol e a amônia – são soluções que avançam para, globalmente, reduzirmos as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) e, assim, mitigarmos e combatermos as mudanças climáticas.
O Brasil tem um potencial incrível para protagonizar essa transformação. A mineração e a Vale têm muito a contribuir para o desenvolvimento do País e ajudá-lo a assumir a dianteira na eletrificação e na descarbonização de que o mundo tanto precisa. Temos o melhor minério de ferro do mundo, que é um insumo básico para o aço verde, e oferecemos metais como o níquel e o cobre, essenciais para as baterias de veículos elétricos.
Em minério de ferro, nosso principal negócio, desenvolvemos o briquete de minério de ferro, que terá duas plantas de produção em Vitória, no Espírito Santo, com uma delas já em fase de testes. Com esse insumo, será possível reduzir em cerca de 10% as emissões de CO2 da siderurgia, um setor responsável por cerca de 8% das emissões de gás carbônico no mundo.
Estamos também promovendo a criação de complexos industriais no Oriente Médio focados em produtos de baixo carbono, como o hot briquetted iron (HBI), que utiliza gás natural em substituição ao tradicional alto-forno na produção de aço e, com isso, diminui em 60% as emissões de GEEs. A região tem gás natural a preços competitivos e potencial para o hidrogênio verde.
Temos interesse em implantar esses complexos também no Brasil. E um exemplo disso é a parceria que anunciamos com a startup sueca H2 Green Steel, produtora de aço verde que está na vanguarda da inovação na siderurgia mundial, para realizarmos em conjunto estudos para o desenvolvimento, no País, de um hub em que seja possível ter plantas de briquetes de minério de ferro, que servirão de insumo para uma planta de HBIs movida a hidrogênio verde a partir de fontes de energia renováveis. O Brasil tem todas as condições para se transformar em uma potência de hidrogênio verde, e podemos ser a âncora dessa revolução como indutores de desenvolvimento, papel que a Vale tem desempenhado ao longo de seus 81 anos de história.
Money Times - SP 18/09/2023
Os contratos futuros de minério de ferro subiram nesta sexta-feira (15), com o índice de referência de Cingapura a caminho de seu maior ganho semanal desde junho, impulsionados pela iniciativa da China de reforçar os esforços de estímulos econômicos.
O minério de ferro de referência para outubro na Bolsa de Cingapura (SGX) chegou a ganhar até 2,4%, a US$ 123,50 por tonelada, o maior valor desde de março. Na semana, o aumento superou 8%, o maior desde a semana encerrada em 9 de junho.
O contrato de janeiro do ingrediente na Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações do dia com alta de 2,3%, a US$ 120,91 por tonelada.
Na quinta-feira (14), o banco central da China disse que reduziria a quantidade de dinheiro que os bancos devem manter como reservas pela segunda vez este ano para aumentar a liquidez. Esta é a última de uma série de medidas de estímulo, incluindo ações para apoiar um setor imobiliário em dificuldades.
A redução do índice de reservas obrigatórias dos bancos demonstra a determinação da China em aumentar a confiança do mercado, disseram os analistas da Huatai Futures em uma nota.
“Devemos acompanhar de perto as oportunidades de mercado trazidas pelas políticas macroeconômicas e a intensidade da reposição de matérias-primas no próximo inverno”, disseram eles.
Além do clima otimista, dados mostraram que a produção industrial e as vendas no varejo da China cresceram mais rápido do que o esperado em agosto.
Os analistas, no entanto, disseram que uma provável diretriz oficial para limitar a produção de aço deste ano na China aos níveis de 2022, poderia reduzir os preços do minério de ferro nas próximas semanas.
Money Times - SP 18/09/2023
O petróleo não é a única commodity que tem beneficiado certas ações na Bolsa. O minério de ferro também surfa uma maré positiva decorrente dos estímulos à economia chinesa. Nesta sexta-feira (15), os contratos futuros de referência de Cingapura atingiram o maior ganho semanal desde junho.
De acordo com o analista da Empiricus Research, Fernando Ferrer, os estímulos sustentam a resiliência do minério na faixa de US$ 100 a US$ 120 a tonelada pois “um quarto da economia chinesa está ligado à construção civil”.
Na quinta-feira (14), o banco central da China disse que reduziria a quantidade de dinheiro que os bancos devem manter como reservas pela segunda vez este ano para aumentar a liquidez. Esta é a última de uma série de medidas, incluindo ações para apoiar um setor imobiliário em dificuldades.
A redução do índice de reservas obrigatórias dos bancos demonstra a determinação da China em aumentar a confiança do mercado, avaliam os analistas da Huatai Futures.
Na análise de Ferrer, da Empiricus, o minério de ferro deve se sustentar na faixa dos US$ 120 a tonelada até o final do ano. Isso beneficia as ações do setor na Bolsa, diz.
Vale ou CSN Mineração?
O analista da Empiricus explica que a série de estímulos da China à economia, combinado com os preços do minério de ferro mais estáveis, “têm sido muito benéfico para as mineradoras”.
Vale (VALE3) e CSN Mineração (CMIN3) se destacam. Ambas estão “desalavancadas e são boas pagadoras de dividendos“, afirma Ferrer. A preferência da casa, entretanto, é para Vale — com preço-alvo de R$ 95, o que implica potencial alta de 35,5%.
A Vale se destaca por ter uma operação com mix de minério de alta qualidade maior do que a CSN Mineração. O valuation da companhia também é mais atrativo, negociando a 4 vezes o Ebtida, diz.
Além disso, a Vale tem mais oportunidades para destravar valor. Ferrer destaca a venda de 13% da unidade de metais básicos e o fato da Cosan (CSAN3) ter 5% da companhia, que pode ajudar a melhorar processos e desenvolver novas unidades de negócio.
O analista ainda destaca o potencial da Vale com a disparada do minério. Segundo cálculos, cada US$ 10 por tonelada a mais no minério implica em um crescimento de 17% no Ebitda da Vale.
Valor - SP 18/09/2023
Antaq aprovou projeto de construção de porto em Itaguaí e edital vai ao TCU; obra deve viabilizar exportação de minério de ferro das pequenas produtoras de MG
As pequenas produtoras de minério de ferro de Minas Gerais, após anos de pleitos junto a governos estaduais e federais, poderão, finalmente, dispor de um terminal portuário dedicado a embarques de sua produção para o mercado externo.
A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) acaba de aprovar um projeto de construção de novo terminal em Itaguaí (RJ), entre os empreendimentos de Vale e CSN, numa área popularmente denominada de “Área do Meio”. Dentro da agência, o projeto é conhecido como ITG-02.
Ao se concretizar, esse terminal irá mexer com o mercado da commodity no país e ampliar a oferta do produto globalmente. Essas mineradoras, chamadas de “mineradoras sem porto”, terão condições de ampliar a capacidade de produção e de exportação.
Atualmente, elas ficam dependentes de espaços nos terminais portuários de Vale e CSN na região portuária de Itaguaí, litoral do Estado do Rio. Devido à dificuldade de exportar, acabam vendendo grande parte da produção às duas empresas, que são líderes no país e donas de portos.
As pequenas mineradoras têm alegado que, em razão disso, ficam com seus planos de expansão limitados, uma vez que o grande mercado consumidor é o externo, especialmente o da China. Vale e CSN Mineração dão preferência à produção própria.
Segundo a Antaq, a previsão é publicar o edital do leilão do terminal no primeiro trimestre de 2024, considerando que o trâmite no Tribunal de Contas da União (TCU) ainda será iniciado. O edital passa antes no Ministério de Portos e Aeroportos. A proposta do edital do ITG-02 foi aprovada na agência no início de setembro.
Conforme dados da Antaq, o contrato deverá ter prazo de 25 anos e prevê investimentos de R$ 2,7 bilhões no novo terminal, que terá área de 348.937 m² e capacidade estática de 900 mil toneladas. O Valor apurou que o montante poderá atingir até R$ 3,2 bilhões ao longo da concessão, além da outorga. E que a capacidade poderá movimentar até 30 milhões de toneladas por ano.
O empreendimento poderá ser acessado por rodovias e ferrovias e tem como área de influência os Estados do Rio, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. Em Minas, que é o maior produtor de minério do país, a produção está centrada na região do Quadrilátero Ferrífero, onde estão localizadas dezenas de minas de menor capacidade.
O Valor apurou que seriam beneficiadas com o novo terminal mineradoras como J. Mendes, Cedro, Vallourec, Musa (ligada à Usiminas), Herculano, ArcelorMittal Mineração, Itaminas, Minerita, Mineral, Gerdau (se um dia decidir exportar), AVG, Global, Bemisa, Comisa, entre outras pequenas produtoras da commodity do aço.
Conforme informações obtidas pelo Valor, a produção dessas empresas foi de 49 milhões de toneladas em 2020, sendo 63% para embarque ao mercado internacional. Para 2021, a previsão era de 55 milhões de toneladas, com 32 milhões de toneladas para exportação via o Sistema Sepetiba.
A projeção para 2025 é de exportar 73,4 milhões de toneladas de minério com os aumentos de oferta. Estima-se para o ano volume produzido de 101 milhões de toneladas dessas mineradoras. O novo terminal entraria em operação por volta de 2026.
Atualmente, os embarques de minério de terceiros somam em torno 18,4 milhões de toneladas pelo Porto Sudeste, 11 milhões pelo terminal da CSN Mineração e cerca de 5 milhões de toneladas pelo da Vale. No Complexo Portuário de Itaguaí a Vale opera o Terminal da Ilha Guaíba e o Terminal da CPBS, a CSN Mineração tem o Tecar e Porto Sudeste um TUP voltado a cargas de terceiros.
No edital, há uma restrição para que grupos que já atuam na região [casos de Vale, CSN e Porto Sudeste] possam disputar. Segundo a regra, “empresas já detentoras de participação relevante no mercado de movimentação de minério de ferro no complexo portuário do Porto de Itaguaí somente poderão ser declaradas vencedoras no certame em caso de não haver proposta válida de outras empresas”.
Segundo apurou o Valor, já há diversos grupos independentes se movimentando para disputar o leilão de licitação do empreendimento. Eles deverão se organizar para irem sozinhos ou com formação de consórcios.
Valor - SP 18/09/2023
Da Fortescue à BHP, os principais grupos de mineração da Austrália estão acelerando os esforços para diversificar para além do minério de ferro, com a procura na China, o seu maior comprador, em desaceleração devido à perda de força da economia.
“Estamos criando a energia verde para substituir os combustíveis fósseis – projetando tecnologia verde para permitir zero[emissões reais”, disse o presidente executivo do Fortescue Metals Group, Andrew Forrest, em um importante fórum de negócios no fim de agosto.
A Fortescue disse em julho que adquiriu a operadora de um projeto de
produção de hidrogênio nos Estados Unidos por US$ 24 milhões. O projeto, que produz anualmente até 12 mil toneladas de hidrogênio liquefeito usando energia renovável, deverá ir ao conselho da Fortescue para uma decisão final de investimento este ano.
A mineradora australiana planeja investir US$ 400 milhões em hidrogênio e outras tecnologias de energia limpa para o ano fiscal que termina em junho de 2024. O grupo costumava limitar esses investimentos a 10% do lucro líquido, mas descartou o limite em agosto.
A Fortescue Energy, braço de energia verde do grupo, também deverá tomar decisões de investimento em projetos na Austrália, Brasil, Noruega e Quênia este ano.
O impulso da Fortescue para a energia limpa surge num momento em que o abrandamento econômico da China destaca a importância da diversificação.
Forrest fundou a Fortescue em 2003 e desde então transformou o grupo em uma das principais empresas de commodities do mundo. A sua ascensão foi impulsionada em grande parte pelo apetite voraz da China por recursos naturais, incluindo o minério de ferro, que é utilizado para produzir aço.
O material, que a Fortescue ainda envia em grande parte para a China, gera hoje mais de 90% da receita do grupo. Mas a crise imobiliária na China comprimiu a procura de produtos siderúrgicos utilizados na construção, fazendo baixar o seu preço. O lucro líquido da Fortescue após impostos caiu 23% no ano fiscal encerrado em junho, para US$ 4,8 bilhões.
O apetite da China pelo minério de ferro deverá continuar a cair no longo prazo. A procura poderá recuar 7%, para cerca de 867 milhões de toneladas em 2030, prevê a empresa de investigação alemã Agora Industry. A diminuição da população e a mudança para fornos eléctricos de arco, que são mais ecológicos do que os altos-fornos, também desempenham um papel importante.
A procura global também deverá estagnar. Em outubro de 2022, o Grupo BHP, que depende do minério de ferro para obter cerca de metade das suas receitas, previu que o consumo de aço cresceria apenas 2% até 2030.
A BHP planeja investimentos de US$ 11 bilhões por ano no médio prazo, 70% dos quais irão para cobre, níquel e carbonato de potássio.
Em maio, o grupo concluiu a aquisição da empresa australiana de cobre e níquel OZ Minerals. A procura de cobre e níquel está aumentando, ligada aos veículos eléctricos e às energias renováveis. Espera-se que o carbonato de potássio, utilizado em fertilizantes, tenha maior procura à medida que a população mundial cresce.
A BHP também está explorando oportunidades de investimento na Argentina e no Equador. Está investindo US$ 5,7 bilhões no Canadá para desenvolver uma mina de carbonato de potássio, com produção prevista para começar em 2026.
“Com o tempo, a concorrência vai se tornar muito mais acirrada no mercado de minério de ferro”, disse um executivo da BHP. "Isso ocorre porque o crescimento econômico chinês se tornará menos intensivo em aço. A demanda por aço diminuirá, portanto, o mercado de minério de ferro encolherá."
Sobre o efeito nos negócios da BHP, o executivo disse que “o minério de ferro diminuirá como proporção da receita, quase certo, e isso é impulsionado pelas nossas ambições de crescimento em outras commodities”.
A mineradora anglo-australiana Rio Tinto fortalecerá seu negócio de lítio, com o executivo-chefe (CEO), Jakob Stausholm, dizendo aos repórteres em agosto que a empresa estava “olhando para uma série de oportunidades” no lítio. Em 2022, a empresa adquiriu um projeto de lítio na Argentina, da Rincon Mining, por US$ 825 milhões.
As empresas dmineradoras australianas poderão enfrentar dificuldades na reestruturação. Três executivos da Fortescue, incluindo a ex-CEO Fiona Hick, deixaram abruptamente a empresa durante uma semana em agosto. Embora nenhum motivo tenha sido anunciado, pode ter havido diferenças de opinião em relação à estratégia de Forrest.
O preço das ações da Fortescue caiu 8% no início de setembro, em comparação com o mês anterior às saídas. Embora alguns fundos estejam a fluir para a empresa em antecipação às suas perspectivas de hidrogênio, o futuro não é claro.
"Isso é sustentável? Há problemas de execução que significam que o valor não é totalmente realizável? Essa é a questão-chave que os investidores querem compreender”, disse Robert Stein, da gigante financeira CLSA, sobre o negócio de hidrogênio da Fortescue.
Money Times - SP 18/09/2023
A Vale (VALE3) disparou nas últimas semanas e diminuiu o tombo que acumula no ano. Para o Goldman Sachs, o sentimento do investidor se tornou mais positivo em relação à empresa à medida que o minério de ferro salta.
“O consumo e os preços do minério de ferro na China foram uma surpresa positiva, com os preços do minério de ferro apenas 6% abaixo dos máximos recentes”, lembram os analistas Marcio Farid, Gabriel Simões e Henrique Marques.
Porém, isso não foi suficiente para alterar a recomendação do banco, que continua neutro no papel. Os analistas enxergam risco relacionado com o potencial corte na produção de aço na China.
“Com base nas estimativas da equipe de materiais básicos do Goldman Sachs China, se a produção de 2023 permanecer estável em relação a 2022, conforme planejado pelo governo, a produção de aço do quarto trimestre teria que cair 15-20% em relação ao 1T-3T23”, colocam.
Eles calculam que isso implicaria um impacto significativo na demanda de minério de ferro de pelo menos 40 milhões de toneladas em um curto período de tempo.
A equipe de pesquisa também observa que os dados da demanda interna de aço da China permaneceram com claros sinais de contração (queda de pouco mais de 4% no acumulado do ano).
“Permanecemos com classificação neutra, pois vemos a Vale precificando o minério de ferro em US$ 107 a tonelada, mas reconhecemos o risco de alta para o preço das ações se o minério de ferro continuar a surpreender e permanecer resiliente em níveis elevados”, colocam.
Na última sexta, os contratos futuros de minério de ferro subiram, com o índice de referência de Cingapura a caminho de seu maior ganho semanal desde junho, impulsionados pela iniciativa da China de reforçar os esforços de estímulos econômicos mesmo com a produção de aço do país encolhendo em agosto.
Valor - SP 18/09/2023
Commodity passou a exibir ganho de 6,3% em setembro e de 7% no acumulado de 2023
A nova rodada de estímulos na China segue fazendo preço no mercado global de minério de ferro. Nesta sexta-feira, a principal matéria-prima do aço voltou a romper a marca de US$ 125 por tonelada, o que não acontecia desde o fim de março.
A expectativa, segundo fontes da indústria siderúrgica, é de manutenção da tendência de alta no curtíssimo prazo, apesar dos receios de que Pequim reforce as restrições à produção doméstica de aço.
Ontem, a segunda maior economia do mundo anunciou que vai, mais uma vez, reduzir o nível de reservas que os bancos precisam manter, com vistas a injetar liquidez nos mercados e suportar a retomada da atividade econômica. Além disso, os mais recentes indicadores econômicos, referentes a produção industrial e vendas no varejo, vieram acima do esperado.
Segundo índice Platts, da S&P Global Commodity Insights, o minério com teor de 62% de ferro encerrou o dia no norte da China com alta de 1,3%, para US$ 125,60 a tonelada. Com isso, a commodity passou a exibir ganho de 6,3% em setembro e de 7% no acumulado de 2023.
Na Bolsa de Commodity de Dalian (DCE), os contratos mais negociados, com entrega em janeiro, fecharam o dia com ganho de 2,3%, para 879 yuans (US$ 120,90) por tonelada.
Valor - SP 18/09/2023
Segmento vinha de altas de 2,3% em maio – quando foi anunciada a decisão do governo sobre a redução do imposto – e de 8,8% em junho
Com o fim do programa de incentivos fiscais do governo para a venda de veículos, as vendas de veículos e motos, partes e peças caíram 6,2% em julho, ante junho, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O segmento vinha de altas de 2,3% em maio – quando foi anunciada a decisão do governo sobre a redução do imposto – e de 8,8% em junho. O segmento contribuiu para o recuo de 0,3% do varejo ampliado, onde está inserido. O varejo reúne, além das oito atividades do varejo restrito, veículos e material de construção.
De acordo com o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, o recuo de julho reflete a antecipação de compras em meses anteriores por causa de descontos. “Tem a ver [com o fim dos descontos] sim. Tem a ver com uma demanda um pouco antecipada de compra de veículos por causa do desconto, que acabou se concentrando em junho. É o principal ponto que se coloca”, disse.
Com essa queda de julho, o segmento voltou a operar em patamar de vendas inferior ao do fevereiro de 2020, marco da pré-pandemia. Em julho, estava 2% abaixo daquele momento. “Junho tinha sido a primeira vez que veículos tinham entrado no conjunto de atividades em patamar acima do pré-pandemia. Com o resultado de julho, voltou a ficar abaixo desse patamar”, disse Santos.
No resultado acumulado em 2023, o segmento registra alta de 6% das vendas. Já nos 12 meses até julho o crescimento é de 2,2%.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) já tinham divulgado dados sobre o setor referentes ao mês de julho.
O Estado de S.Paulo - SP 18/09/2023
Os preços do metro quadrado dos imóveis nos bairros paulistanos de Pinheiros, Vila Mariana e Itaim Bibi dispararam nos últimos 12 meses. Segundo dados de agosto da FipeZap, as regiões tiveram alta de preços, respectivamente, de 10%, 8,9% e 7,6%.
Empresas como Tecnisa, Setin, Trisul, Nortis Empreendimentos e Eztec têm lançamentos nos bairros com imóveis entre 23m² e 120m².
Uma das explicações, segundo especialistas ouvidos pelo Estadão, é que o aumento de preços está relacionado à demanda por apartamentos em áreas nobres que ficam perto de estações de metrô ou tenham fácil acesso a bairros com grande concentração de escritórios. Como há escassez de terrenos para construção de novos prédios no centro financeiro da capital paulista, os preços dos imóveis sobem mais do que os dos demais bairros.
A coordenadora da graduação em Economia no Insper, Juliana Inhasz, afirma que parte do aumento de preço dos imóveis em São Paulo vem da correção monetária e outra vem do crescimento do custo de produção, que elevou tanto o preço dos imóveis novos quanto dos já construídos. O Índice Nacional da Construção Civil (INCC), medido pela FGV, teve crescimento de 3,23% nos últimos 12 meses até agosto.
“Existe também um movimento de demolir prédios antigos ou menores e utilizar o espaço para construção de novas unidades. Os construtores acreditam que é melhor perder um pouco demolindo imóveis que eram usuais para construir imóveis muito mais caros”, diz Juliana.
De acordo com a pesquisa Secovi-SP do Mercado Imobiliário (PMI), a venda de novas unidades residenciais em julho em São Paulo foi de 5.825, totalizando um volume geral de vendas (VGV) de R$ 3,16 bilhões. O maior volume de lançamentos e vendas foi de imóveis com preços de até R$ 264 mil. Em seguida, os imóveis mais vendidos do período na cidade foram aqueles com preços de mais de R$ 2,1 milhões.
Henrique Cerqueira, diretor de incorporação da Tecnisa, empresa que tem um lançamento de empreendimento em Pinheiros, afirma que o preço do m² na região é de R$ 16 mil m² e que 70% das unidades já foram vendidas. Chamado Highlights Pinheiros, o prédio residencial tem apartamentos de 77 m² a 86 m². Nas áreas comuns, Cerqueira diz que a companhia buscou se diferenciar, oferecendo piscina com simulação de correnteza e sala de spinning, com telão para tornar a rotina de exercícios mais dinâmica.
“Em Pinheiros, há um público muito grande de investidores. Por ser maior, ele se destaca na região. Mas, no geral, considerando regiões como Perdizes e Saúde, nosso público é para moradia. A média geral da Tecnisa é vender 60% das unidades para moradia e 40% para investimento”, diz.
Para Armando Botelho, diretor comercial da startup de crédito Creditú, a procura por imóveis em regiões nobres da capital paulista se dá por um movimento de retorno a áreas próximas a centros comerciais, depois que a pandemia de covid-19 e o home office levou parte da população para bairros mais afastados ou mesmo para outras cidades próximas.
“O aumento de preços é maior em regiões com boa malha de transporte e em áreas comerciais, como Pinheiros, Vila Mariana e Itaim Bibi. O Plano Diretor incentiva a construção de imóveis menores nessas regiões muito bem localizadas. Por serem muitos pequenos, em alguns casos, o preço do metro quadrado sobe, mas os preços continuam acessíveis”, diz.
Botelho afirma também que o momento do mercado é favorável para buscar imóveis diante da perspectiva de queda de juro anunciada pelo Banco Central para os próximos meses. A ideia é entrar no financiamento quando o juro estiver mais baixo. “Buscando regiões mais afastadas com boa oferta de transporte, é possível conseguir preços ainda mais acessíveis”, diz.
Monitor Digital - RJ 18/09/2023
Relatório da Secretaria Estadual de Planejamento (Seplag), que foi apresentado à Frente Parlamentar Pró-Ferrovias Fluminense, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), em reunião nesta sexta-feira, revelou que somente 7% das cargas movimentadas no Rio por meio de ferrovias são produzidas no estado. O estudo afirma ainda que quase toda a mercadoria que passa pela malha ferroviária do Rio vem de Minas Gerais trazendo minério de Ferro.
As informações farão parte do Plano Estratégico de Desenvolvimento Social (Pedes), elaborado pelo Executivo.
“O nosso tráfego interno ainda é muito tímido. Temos que pensar em ampliar a envergadura de produção e transporte de cargas nas ferrovias do estado, já que a logística pode pavimentar o desenvolvimento econômico do Rio de Janeiro. É importante que a ferrovia seja financiada e isso só vai acontecer quando tivermos demanda, por isso é importante transportar a nossa carga pelas ferrovias”, informou o assessor da Seplag, Eduardo Duprat.
Após estudos, técnicos da Seplag identificaram quais municípios poderiam se beneficiar mais com a ampliação da malha ferroviária, especialmente os das regiões Centro Sul e do Médio Paraíba. Entre eles estão Três Rios, Petrópolis e Nova Friburgo, que têm setores industriais relevantes, com atividades produtivas como confecção de artigos têxteis; produtos de borracha e itens farmacêuticos.
Reforma Tributária
Segundo Duprat, o aproveitamento da malha ferroviária é fundamental para alavancar a economia do Rio. “Agora, precisamos pensar em uma lógica de ligação entre as ferrovias, inclusive de bitolas largas com as estreitas, e também em uma conexão com os portos e as rodovias. Esse é um desafio importantíssimo que temos pela frente”.
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De acordo com o coordenador do colegiado, deputado Luiz Paulo (PSD), a Reforma Tributária discutida no Congresso Nacional poderá beneficiar o Rio e impulsionar novos investimentos na malha ferroviária estadual.
“A Reforma Tributária passa a taxar os produtos no destino e não mais na origem, ou seja, isso liquidou ou vai diminuir muito o incentivo fiscal e, assim, passarão a ganhar mais os estados que têm um forte mercado consumidor, como é caso do Rio de Janeiro, que hoje é o maior estado consumidor no país, se cotejarmos a produção e o consumo. Se essa mudança estiver associada a um plano estratégico, principalmente no setor ferroviário, teremos ganhos enormes. Por isso, esse é o momento de pensarmos na ampliação da nossa malha ferroviária”, disse Luiz Paulo.
Ferrovia EF-118
Outro ponto apresentado foi a concretização da Ferrovia EF 118, que liga o Rio de Janeiro a Vitória, capital do Espírito Santo. Ela será fundamental para suportar o crescimento do país e ampliar a competitividade do setor produtivo, segundo explicou Luiz Paulo. A ferrovia já foi inserida no novo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e vai passar pelo Porto do Açu, preparando para se transformar em um grande hub logístico de excelência para o Brasil.
Segundo Luiz Paulo, com a inclusão da Ferrovia EF 118 no PAC este passa a ser o momento oportuno para traçar o caminho do desenvolvimento, destravando novos investimentos e reduzindo a dependência do transporte rodoviário no escoamento da produção do estado.
“Se você olhar o Norte Fluminense vai reparar que nunca cuidamos seriamente da malha ferroviária. Sinto falta de uma ferrovia que saia do Açu em direção a Minas, por exemplo”.
Segundo a gerente de Relações Institucionais do Porto do Açu, Bárbara Bortolin, fazer com que o Açu seja acessado também por trilhos, com a concretização da Ferrovia EF 118, vai equilibrar o sistema portuário brasileiro e consolidar um dos maiores corredores para exportação do agronegócio no Brasil. Para Bortolin, em 2022, o Porto do Açu movimentou 57 milhões de toneladas de carga.
“A conexão com a ferrovia fará esse potencial de movimentação por ano ficar ainda maior. A previsão é de que ao adicionar a ferrovia a gente consiga aumentar a carga em oito milhões de toneladas. Esse é um valor significativo. A previsão é de que em 2035, só pela ferrovia, seja possível movimentar mais de 20 milhões de toneladas de cargas”.
Monitor Digital - RJ 18/09/2023
Esta foto tirada em 19 de outubro de 2022 mostra o luxuoso navio de passageiros "Ro-Ro" (roll-on/roll-off) Moby Fantasy em Guangzhou, província de Guangdong, sul da China. (Guangzhou Shipyard International Co., Ltd. / Folheto via Xinhua)
Guangzhou, 15 set (Xinhua) — Enquanto o maior navio de cruzeiro de passageiros de luxo do mundo em termos de tonelagem embarcava em sua viagem no Mediterrâneo, um equivalente de igual magnificência estava preparado para entrega ao longo do Rio das Pérolas, no sul da China.
Por trás dessas maravilhas está a Guangzhou Shipyard International Company Limited, fabricante das embarcações.
“No primeiro semestre deste ano, os pedidos da nossa empresa aumentaram 90% em termos anuais, e temos pedidos de produção agendados até 2028”, disse Zhang Qinghuan, vice-secretário do comitê do Partido da empresa.
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A capacidade de atender pedidos prontamente e, ao mesmo tempo, aceitar novos pedidos, dá uma ideia do notável crescimento dos principais estaleiros na China este ano.
De acordo com dados da Associação Chinesa da Indústria Nacional de Construção Naval, de janeiro a julho de 2023, o setor liderou a classificação global em três categorias cruciais: produção de construção naval, novos pedidos e pedidos retidos.
“O volume da produção da construção naval mostra a nossa capacidade de construção naval, o influxo de novas encomendas sublinha a nossa presença robusta no mercado e a extensa retenção de encomendas significa a nossa capacidade de enfrentar riscos”, disse Chen Jianrong, secretário-geral da Associação da Indústria de Construção Naval de Guangdong.
As projeções da Associação Chinesa da Indústria Nacional de Construção Naval pintam um quadro convincente das proezas da construção naval da China este ano. Espera-se que a produção de construção naval do país ultrapassará 42 milhões de toneladas de porte bruto (dwt, sigla em inglês), com novos pedidos de navios atingindo 50 milhões de dwt e pedidos retidos em 120 milhões de dwt.
“Nossa construção de navios evoluiu da especialização de um único produto para uma cobertura abrangente de produtos, integrando-se à cadeia de fornecimento global, enquanto os níveis de localização continuam a aumentar”, disse Chen.
A indústria de construção naval da China, com as suas capacidades avançadas de construção, tem prestado um apoio substancial aos armadores chineses, impulsionando-os para a vanguarda da gestão de frotas globais.
Dados da Clarkson Research, uma renomada instituição de pesquisa naval, revelam que a China ultrapassou a Grécia como principal proprietária da tonelagem da frota global em termos de arqueação bruta (GT, sigla em inglês).
“O transporte marítimo serve principalmente o comércio, e a ascensão da China para se tornar o maior armador do mundo pode ser atribuída ao rápido crescimento da economia e do comércio do país”, disse Zhang Shouguo, vice-presidente executivo da Associação de Armadores da China.
Segundo analistas, a expansão da frota chinesa não é nenhuma surpresa, dado o volume substancial de carga do país, um setor de construção naval bem desenvolvido e um cenário financeiro cada vez mais dinâmico.
Li Yanqing, secretário-geral da Associação Chinesa da Indústria Nacional de Construção Naval, enfatiza a interconexão da indústria de construção naval da China com vários setores, incluindo transporte marítimo, aquicultura e até mesmo a indústria de energia.
“Esta colaboração representa um processo dinâmico de pesquisa e desenvolvimento conjunto”, disse Li. “Ao promover ativamente a sinergia entre os segmentos upstream e downstream da indústria de construção naval e ao promover iniciativas de partilha de mercado, está preparado para gerar mais novas oportunidades.” Fim
A Tribuna - SP 18/09/2023
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, estará no Porto de Santos na próxima quinta-feira. Será a primeira visita dele ao maior complexo portuário do País desde que assumiu o cargo, na quarta-feira. A data foi anunciada na noite de quinta-feira, após reunião com o presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini. O encontro ocorreu em Brasília e teve como pauta a discussão de ações e investimentos para fortalecer o complexo portuário santista.
Em nota para A Tribuna, o ministério informou que, na visita, Costa Filho “conhecerá as instalações do Porto de Santos e se reunirá com a diretoria. Mais detalhes sobre a programação serão divulgados na próxima semana”.
Em vídeo postado nas redes sociais, Costa Filho explicou que Pomini apresentou a ele "todos os projetos, ações e investimentos que estão desenhados para os próximos anos" envolvendo o Porto de Santos. Destacou que o plano estratégico da Autoridade Portuária contempla investimentos em dragagem, infraestrutura e requalificação turística, além do túnel submerso Santos-Guarujá, que ligará as duas margens do Porto e faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
"Conversamos sobre a maior obra do PAC, que é o túnel entre Santos e Guarujá, uma obra de mais de R$ 5,5 bilhões. Investimentos em infraestrutura serão fundamentais para o desenvolvimento econômico de toda a região, do Estado de são Paulo e do Brasil. O Porto de Santos é uma referência hoje no mundo e 30% das importações e exportações do Brasil passam por ele".
Ao falar sobre a obra na cerimônia de posse, o ministro de Portos e Aeroportos destacou que o porto santista é rentável e possui quase R$ 3 bilhões em caixa. Também falou em abertura para o diálogo com o setor e reiterou essa postura ao falar sobre a visita que fará ao Porto.
"Na próxima quinta-feira, estaremos em São Paulo, fazendo a visita para dialogar tanto com ele quanto com todos que fazem o Porto de Santos. Com muito diálogo com o setor produtivo e os trabalhadores, vamos trabalhar muito para ajudar cada vez mais no crescimento da nossa economia".
Por sua vez, Pomini reforçou após o encontro com Costa Filho que o Porto de Santos "tem obras importantes para a infraestrutura e representa o maior equipamento logístico do Hemisfério Sul. O ministro está absolutamente comprometido com essas operações portuárias".
Encontros
Na quinta e na sexta-feira, com o objetivo de avaliar o panorama geral do setor, Costa Filho realizou diversas reuniões em Brasília. Entre outros, ele conversou com o secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Fabrizio Pierdomenico; o diretor de Gestão e Modernização Portuária, Otto Burlier; e o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, com quem debateu a criação da Companhia Docas de Alagoas.
Reforma
Na semana passada, o Palácio do Planalto anunciou o desfecho de uma negociação de dois meses para a entrada de mais dois partidos no governo. Até então deputados federais, André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) foram nomeados, respectivamente, como ministros do Esporte e de Portos e Aeroportos.
Márcio França, que era titular de Portos e Aeroportos, assumiu o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, criado dois dias atrás. Com a minirreforma ministerial, o Governo Federal espera destravar pautas importantes para o Executivo no Congresso.
Desde o início do mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dispôs as pastas de forma a abranger o máximo de partidos que conseguia. Na época, além dos aliados da campanha eleitoral, o petista agregou União Brasil, MDB e PSD, totalizando dez siglas na Esplanada.
Essa aliança, entretanto, não foi o suficiente para o governo ter seus interesses sustentados nas votações no Congresso Nacional. Com a mudança ministerial, há 12 partidos representados na Esplanada, contando com o PT.
Money Times - SP 18/09/2023
Os preços do petróleo tocaram uma máxima de 10 meses nesta sexta-feira e registraram um terceiro ganho semanal, com o aperto na oferta diante de cortes de produção da Arábia Saudita combinados com um otimismo em torno da demanda chinesa.
Os futuros do petróleo Brent subiram 0,23 dólar, ou 0,3%, a 93,93 dólares por barril, enquanto os futuros nos EUA (WTI) subiram 0,61 dólar, ou 0,7%, a 90,77 dólares por barril.
Ambos os contratos ganharam cerca de 4% na semana.
Os preços do petróleo também estão no caminho para o seu maior aumento trimestral desde a invasão da Ucrânia pela Rússia no primeiro trimestre de 2022.
As preocupações com a oferta continuam a ser uma força motriz para os preços desde que a Arábia Saudita e a Rússia anunciaram este mês uma extensão dos seus cortes combinados de oferta de 1,3 milhão de barris por dia até ao final deste ano, disse Fiona Cincotta, analista do City Index.
Os dados da produção industrial e das vendas no varejo melhores do que o esperado na China também impulsionaram os preços do petróleo esta semana, com as condições econômicas do país consideradas cruciais para a demanda de petróleo durante o resto deste ano, acrescentou Cincotta.
Dados divulgados nesta sexta-feira mostraram que o processamento das refinarias de petróleo chinesas aumentou quase 20% em relação ao ano anterior, à medida que os processadores mantiveram as taxas de operação altas para capitalizar a alta demanda global por produtos petrolíferos.
As expectativas de moderação da produção de petróleo dos EUA também impulsionaram os preços nas últimas semanas, disse Peter McNally, analista da Third Bridge.
“O crescimento da oferta dos EUA parece ser limitado, uma vez que os produtores locais reduziram a atividade de perfuração em quase 20% em relação ao pico do ano passado”, observou McNally.
Petro Notícias - SP 18/09/2023
A produção acumulada em regime de partilha superou a marca de 500 milhões de barris de petróleo. A produção foi iniciada em 2017 com a então chamada Área de Desenvolvimento de Mero. Hoje, sete contratos estão em atividade, com 13 FPSOs que atingiram o total de 518 milhões de barris produzidos até o mês de julho. Os campos de Búzios, Mero e Sépia são os principais produtores nesse regime. Nestes seis anos, a produção acumulada de gás natural com aproveitamento comercial também cresceu e somou 1,44 bilhão de m³. As parcelas acumuladas de direito da União nestes contratos atingiram, no mesmo período, a marca de 30 milhões de barris de petróleo e de 167,20 milhões de m³ de gás natural com aproveitamento comercial. A produção da União leva em conta o percentual de excedente em óleo de cada campo e o volume de custos recuperados em cada projeto. Por esta razão, as principais contribuições vieram dos campos de Mero, Sapinhoá e Búzios. Em relação ao gás natural da União, a maior parte da produção é oriunda do Campo de Sapinhoá.
Os dados fazem parte do Boletim Mensal dos Contratos de Partilha de Produção, divulgado nesta sexta-feira (15) pela Pré-Sal Petróleo (PPSA), gestora dos contratos de partilha. A produção média diária dos contratos continua em ascensão. No mês de julho alcançou novo recorde, com 899 mil barris de petróleo por dia (bpd), com destaque para a produção de Búzios (474 mil bpd) e Mero (217 mil bpd). Deste total, 43,56 mil bpd foram de direito da União. A produção média diária de gás natural disponibilizado para exportação foi de 3 milhões m³/dia, um resultado 11% maior em relação ao período anterior. A média do total do excedente da União no gás natural disponível foi de 46 mil m³/dia, com Búzios respondendo pela maior parte (40 mil m³/dia).
O Estado de S.Paulo - SP 18/09/2023
Em artigo publicado no Financial Times, o diretor executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol, antecipa uma importante informação do relatório anual que será divulgado em outubro. O mundo está testemunhando o começo do fim da era dos combustíveis fósseis, que devem atingir o pico de demanda ainda nesta década para, em seguida, iniciar a curva declinante. É a primeira vez que a AIE prevê para antes de 2030 o auge da demanda.
Nos cenários traçados por Birol para os três principais combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão), uma peculiaridade chama a atenção: não são previstas quedas lineares de demanda, mas picos, quedas e patamares durante todo o trajeto de descida. Por isso, políticas energéticas definidas mundo afora consideram a necessidade da manutenção de pesados investimentos no fornecimento de petróleo e gás.
Como um grande produtor, o Brasil precisa tomar uma decisão urgente sobre o que fazer com suas reservas de petróleo. Cientes de que a transição energética não é um processo disruptivo, com a substituição de fontes de energia num estalar de dedos, companhias produtoras de petróleo participam hoje de uma frenética busca por investimentos que justifiquem custos, riscos e prazos de execução, enquanto trabalham, internamente, em seus próprios planejamentos de transição.
A decisão política do Brasil não pode mais ser protelada, considerando que os trabalhos de exploração em campos marítimos de petróleo demoram entre seis e dez anos até o início da produção. Como não há exploração de novas fronteiras para repor as reservas do pré-sal – já em fase declinante –, não é exagero dizer que o País corre o risco de chegar ao ponto de pico de demanda previsto pela AIE como dependente de importação.
O que está acontecendo hoje pode se traduzir em um hiato na oferta interna em alguns anos. De acordo com monitoramento feito pela própria AIE, em junho o consumo mundial de petróleo atingiu a média de 103 milhões de barris por dia. As estimativas de mercado são de que, em 2050, essa demanda se reduza a algo em torno de 60 milhões de barris/dia. Uma queda forte, mas ainda assim um consumo gigante. Basta compará-lo ao recorde da produção brasileira, alcançado em julho: 4,4 milhões de barris/dia.
Hoje, a Bacia da Foz do Amazonas é o exemplo mais gritante do limbo em que o País se encontra, com o interminável cabo de guerra entre os Ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia. Mas há dezenas de outros casos. No mais recente, a Shell anunciou, em agosto, a desistência de quatro dos dez blocos adquiridos na Bacia de Barreirinhas, no Maranhão, também na chamada Margem Equatorial, pela dificuldade de obter licenciamento para o início da operação.
Quanto mais o tempo passa, mais custoso é o investimento. A antecipação do ponto de virada da transição energética foi atribuída por Birol a questões como o aumento espetacular da energia limpa, com uma frota mundial crescente de carros elétricos, especialmente na China. Ele admitiu, porém, que a procura por fontes alternativas de combustíveis será muito diferente em cada região e que ainda está previsto crescimento na demanda por petróleo em economias emergentes e em desenvolvimento.
O governo brasileiro está permitindo a criação de um vácuo que tem deixado o País em suspenso. A hora de decidir se serão permitidas novas atividades de exploração de petróleo é agora, sob o risco de invalidar investimentos num futuro próximo. Caso a decisão política seja a de deixar as reservas de petróleo onde estão, que isso fique claro, mesmo assumindo o duplo prejuízo de não transformar em capital esses recursos e de aumentar a dependência brasileira de fornecedores externos.
O mercado brasileiro não acompanha, como se sabe, a escalada de eletrificação veicular que vem sendo verificada em outras partes do mundo. A migração do maquinário industrial nacional para fontes mais limpas também é lenta. Já a tecnologia do petróleo no Brasil é uma das mais avançadas do mundo. Uma expertise que não pode ser jogada no lixo.
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