O Estado de S.Paulo - SP 18/04/2023
A produção de aço no Brasil caiu 6,8% no primeiro trimestre, somando 8,043 milhões de toneladas em 2023, ante 8,629 milhões de toneladas em 2022, segundo dados do Instituto Aço Brasil sobre o setor siderúrgico.
As vendas internas registraram alta de 2% no primeiro trimestre ante o primeiro de 2022, de 4,886 milhões para 4,982 milhões de toneladas. Já as exportações somaram 3,195 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 6,1% em relação ao último ano, quando foram exportadas 3,405 milhões de toneladas.
Em volume para o ano, o Aço Brasil prevê a produção de aço bruto de 34,665 milhões de toneladas, e vendas internas de 20,082 milhões de toneladas. Em relação a previsão de consumo aparente, o indicador registrou 23,187 milhões de toneladas, ante 23,782 milhões de toneladas.
As exportações de aço bruto ficaram em 12,845 toneladas, ante 12.1921 milhões de toneladas.
Diário do Comércio - MG 18/04/2023
A indústria siderúrgica nacional não está nada otimista com o desempenho de 2023 e acaba de revisar a projeção de resultados para o exercício. Embora mantenha a estimativa de produção em 34,655 milhões de toneladas de aço bruto neste ano, a expectativa é que as vendas internas e o consumo aparente sejam menores, enquanto as exportações devem crescer acima do inicialmente esperado.
Os dados foram divulgados pelo Instituto Aço Brasil, que atribui a revisão às baixas expectativas de seus principais clientes: construção civil, máquinas e equipamentos e setor automotivo. As vendas internas estão estimadas em 20,082 milhões de toneladas, representando recuo de 0,7% sobre 2022. As primeiras projeções davam conta de um avanço de 1,9%, alcançando 20,605 milhões de toneladas.
O consumo aparente deverá ser de 23,187 milhões de toneladas (-1%). Antes, a projeção era 23,782 milhões de toneladas, que representaria avanço de 1,5% sobre o ano anterior. As exportações estão esperadas em 12,845 milhões de toneladas (7,6%) contra as 12,191 milhões de toneladas estimadas em novembro do ano passado (2,1%). E as importações deverão manter o volume de 3,432 milhões de toneladas, com alta de 2,5% frente ao apurado em 2022.
Para 2024, projeta-se consumo aparente de 23,883 milhões de toneladas. O volume representa alta de 3% sobre o consumo aparente estimado para 2023.
“Não temos nenhum indicador que mostre otimismo para 2023. A partir dos dados do primeiro trimestre, não vemos perspectiva de que haverá crescimento, mas esse cenário pode ser revertido se as questões que consideramos prioritárias forem enfrentadas”, disse o presidente-executivo do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes. Ele também citou as condições de mercado e a deterioração dos cenários nacional e internacional como fatores para a revisão.
Conforme o Instituto, no primeiro trimestre, a produção de aço no Brasil somou 8,043 milhões de toneladas, volume 6,8% menor que as 8,629 milhões de toneladas da mesma época do ano passado. No período, as vendas internas aumentaram 2%, saindo de 4,886 milhões de toneladas para 4,982 milhões de toneladas.
Já as exportações passaram de 3,405 milhões de toneladas para 3,195 milhões de toneladas, caindo 6,1%, e as importações subiram 22,2%, saindo de 847 mil toneladas para 1,035 milhão de toneladas. E o consumo aparente foi de 5,917 milhões de toneladas, 3,4%, superior às 5,724 milhões de toneladas do ano passado. As previsões consideram as elevações do PIB mundial, do Brasil e da China de para 2023.
O presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração Latam, Jefferson De Paula, reforçou o argumento de que uma série de preocupações no cenário que impedem a manutenção de uma perspectiva predominantemente otimista para o ano neste momento. Segundo ele, o que puxou o desempenho do primeiro trimestre foram compras estratégicas por parte dos distribuidores.
O executivo disse ainda que, mesmo com previsão de crescimento apresentada pela indústria automobilística, a tendência da economia brasileira e da siderurgia é de queda nos próximos meses, acompanhando a expectativa de retração dos setores de construção civil e máquinas e equipamentos.
“Acreditamos que a compra foi maior do que o consumo real em março, o que elevou a média dos primeiros três meses do ano. A reversão do quadro doméstico nos próximos meses depende fundamentalmente da melhora da perspectiva conjuntural e da sinalização de avanços na agenda de competitividade do País. Dentre esses avanços esperados e necessários, a reforma tributária é o principal. Se aprovada, trará um efeito positivo para toda a economia, no caminho da retomada do crescimento sustentado”, citou.
Valor - SP 18/04/2023
Aço Brasil revisou a projeção que fez em novembro de crescimento de 1,5% no consumo aparente de aço em 2023 para uma retração de 1%
Lopes, do Aço Brasil: cenário difícil com juro elevado e crédito escasso: “Não temos nenhum indicador para otimismo neste ano” — Foto: Divulgação
Após um início de ano fraco no consumo de aço no mercado brasileiro, as expectativas para o setor foram jogadas para 2024. Os fabricantes de aço revisaram nesta segunda-feira (17) as projeções de um cenário de crescimento, ainda que modesto, em 2023, para um ano negativo em vendas e no consumo de material.
Jefferson De Paula, presidente do conselho diretor do Instituto Aço Brasil e executivo-chefe do grupo ArcelorMittal no Brasil, apontou vários fatores para o setor siderúrgico vir com desempenho positivo no próximo ano.
Em primeiro lugar, está a estimativa de PIB para 2024, de expansão de 2% a 2,5%, ante os 0,9% ou 1% deste ano. “Consideramos ainda que a reforma tributária vai passar, o juro vai cair, os programas de obras de infraestrutura que o governo está anunciando, o programa de saneamento já resolvido no Congresso e a aceleração do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida”.
Para o executivo, 2023 será um ano de transição, que vai carregar a inércia que existe até a reforma tributária passar. “Isso ocorrendo, vai influenciar positivamente o ambiente de negócios do país”, afirma De Paula.
O cenário deste início de ano, e que promete continuar para o restante de 2023, envolve questões conjunturais - locais e do exterior - afirmou Marco Polo de Mello Lopes, presidente-executivo do Aço Brasil Ele pontua, por exemplo, no país, os juros elevados, o crédito escasso e a inflação. “A reforma tributária será um divisor de águas para o país”, diz.
Representando 11 grupos, donos de 31 usinas produtoras de aço, a entidade revisou as projeções feitas em novembro. A nova estimativa para o ano é de queda de 1% no consumo aparente, descendo a 23,2 milhões de toneladas. A anterior previa crescimento de 1,5%. O juro elevado é visto como um motor de desaquecimento.
“Não temos nenhum indicador para otimismo neste ano de 2023”, diz Lopes. Ele aponta que dois dos três grandes consumidores de aço no país - construção civil e máquinas e equipamentos - mostram recuo nas suas atividades. Junto com automotivo, que deve crescer sobre uma base baixa, os três respondem por 82% do aço consumido no país. O setor imobiliário desacelerou o ritmo de lançamentos de imóveis
Conforme o Aço Brasil, o primeiro trimestre ainda mostrou recuperação em março - principalmente por formação de estoques nos distribuidores - e maior número de dias úteis. Terminou com alta de 2% nas vendas das usinas e de 3,4% no consumo aparente, na mesma base de comparação.
Uma certa compensação do recuo da demanda interna é esperada nas exportações, que registraram 6,1% de retração até março, mas que projeta alta de 7,6% no ano, indo a 12,85 milhões de toneladas. “As empresas, com a retração interna, vão buscar mercados para vendas spot onde houver comprador”, observou De Paula.
A produção de aço bruto indica fechar o ano com alta de 2%, em 34,65 milhões de toneladas.
As importações, um fantasma que ronda a siderurgia no país, deram um salto de 22,2% de janeiro a março, mas a projeção para o ano indica acomodação, ficando em 2,5%, em 3,4 milhões de toneladas - quase o volume de vendas locais de uma siderúrgica como a CSN. No ano, para as vendas internas das usinas, a projeção do Aço Brasil é de queda de 0,7%, ficando em 20,1 milhões de toneladas.
De Paula disse que a visão do setor, apesar do momento difícil, é de longo prazo. “Continuamos confiantes no potencial do Brasil e fazendo investimentos da ordem de R$ 10 bilhões ao ano, de agora até 2026”. Os aportes envolvem novos projetos, modernização e expansões de usinas existentes.
A capacidade produtiva do setor é de 51 milhões de toneladas de aço bruto por ano, mas o índice de utilização foi de 64% em março. “Há uma concorrência global, com excesso gigantesco de capacidade, principalmente na China, país que responde por 54% de todo aço que entra no Brasil”, afirmou Lopes.
O setor vê como agenda de prioridades a retomada do crescimento econômico, recuperação da competitividade sistêmica (reduzir custo Brasil) mais reforma tributária e transição energética (sucata, gás natural e energia renovável).
IstoÉ Dinheiro - SP 18/04/2023
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse nesta segunda-feira, 17, que o Brasil tem uma possibilidade grande de receber um aumento “enorme” dos investimentos chineses, após a visita de Estado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada a Pequim.
Durante abertura de seminário sobre gás realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Alckmin citou o interesse brasileiro em ter fábricas de placas fotovoltaicas, assim como de equipamentos de energia renovável, inclusive eólica.
A China promete investimentos no setor. “A China é o maior parceiro comercial do Brasil e temos grande possibilidade de ter aumento de investimento enorme da China no Brasil, além, das compras de produtos brasileiros”, declarou o vice-presidente.
Ao justificar as viagens ao exterior do presidente Lula, Alckmin defendeu os acordos que estão sendo costurados com parceiros internacionais, uma vez que países que não realizam acordos perdem a preferência para os que os fazem.
Ele disse aos empresários da indústria paulista que as missões internacionais começaram na vizinha Argentina, para onde o Brasil exporta produtos industrializados, ou seja, uma pauta de maior valor agregado.
Já ao falar da visita aos Estados Unidos, segundo destino de Lula após a posse, o vice-presidente lembrou que as placas de aço do Brasil foram retiradas de uma lista antidumping de Washington. “Vai aumentar a exportação da siderurgia”, assinalou.
O Estado de S.Paulo - SP 18/04/2023
A economia brasileira começou o ano em retração. O Índice de Atividade Econômica (IBC-BR) do Banco Central, considerado a “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB), registrou recuo de 0,04% em janeiro na série com ajuste sazonal (uma espécie de “compensação” para comparar períodos diferentes)
Em dezembro, o avanço havia sido de 0,47% (dado atualizado hoje), resultado que interrompeu uma sequência de quatro quedas mensais consecutivas, de agosto a novembro.
De dezembro para janeiro, o índice de atividade calculado pelo BC passou de 142,34 pontos para 142,28 pontos na série dessazonalizada. Olhando para trás, esse é o menor patamar apenas desde novembro (141,67 pontos), conforme a série histórica iniciada em 2003.
O resultado veio dentro do intervalo de estimativas do mercado financeiro coletadas pelo Projeções Broadcast/Estadão, que ia de queda de 1,70% a alta de 0,70%, mas melhor do que a mediana negativa de 0,30%.
Na comparação entre os meses de janeiro de 2023 e de 2022, houve crescimento de 3,03% na série sem ajustes sazonais. Esta série registrou 135,53 pontos no primeiro mês do ano, o melhor desempenho para o período desde 2015 (138,73 pontos).
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Em doze meses até janeiro, o IBC-Br apresentou crescimento de 3%. Nesse caso, o índice foi calculado sem ajuste sazonal.
Conhecido como uma espécie de “prévia do BC” para o Produto Interno Bruto (PIB), o IBC-Br serve mais precisamente como parâmetro para avaliar o ritmo da economia brasileira ao longo dos meses. A projeção atual do BC para a atividade doméstica em 2023 é de crescimento de 1,2%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de março.
Agência Brasil - DF 18/04/2023
A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, subiu de 5,98% para 6,01% este ano. A estimativa consta do Boletim Focus desta segunda-feira (17), pesquisa divulgada semanalmente, em Brasília, pelo Banco Central (BC) com a expectativa de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.
Para 2024, a projeção da inflação ficou em 4,18%. Para 2025 e 2026, as previsões são de inflação de 4% para os dois anos.
A estimativa para este ano está acima do teto da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é 3,25% para 2023, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,75% e o superior, 4,75%. Segundo o BC, a chance de a inflação oficial superar o teto da meta em 2023 é de 83%.
A projeção do mercado para a inflação de 2024 também está acima do centro da meta prevista, fixada em 3%, mas ainda dentro do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Em março, a inflação desacelerou para todas as faixas de renda. Ainda assim, puxado pelo aumento dos preços dos combustíveis, o IPCA ficou em 0,71%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado é inferior à taxa de fevereiro (0,84%). Em 12 meses, o indicador acumula 4,65%, abaixo de 5% pela primeira vez em dois anos.
Juros básicos
Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 13,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A taxa está nesse nível desde agosto do ano passado e é o maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava nesse patamar.
Para o mercado financeiro, a expectativa é de que a Selic encerre 2023 em 12,5% ao ano. É a primeira vez em dois meses que os agentes econômicos preveem uma redução maior da taxa básica de juros para o fim deste ano; anteriormente, ela ficou em 12,75% por oito semanas seguidas.
O patamar da Selic é motivo de divergência entre o governo federal e o Banco Central. Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.
Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.
Para o fim de 2024, a estimativa é que a taxa básica caia para 10% ao ano. Já para o fim de 2025 e de 2026, a previsão é de Selic em 9% ao ano e 8,75% ao ano, respectivamente.
PIB e câmbio
A projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira neste ano passou de 0,91% para 0,9%.
Para 2024, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) - a soma de todos os bens e serviços produzidos no país - é de crescimento de 1,4%. Para 2025 e 2026, o mercado financeiro projeta expansão do PIB em 1,72% e 1,8%, respectivamente.
A expectativa para a cotação do dólar está em R$ 5,24 para o fim deste ano. Para o fim de 2024, a previsão é de que a moeda americana fique em R$ 5,26.
Infomoney - SP 18/04/2023
A balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 2,204 bilhões na segunda semana de abril. De acordo com dados divulgados nesta segunda-feira, 17, pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o valor foi alcançado com exportações de US$ 7,539 bilhões e importações de US$ 5,335 bilhões.
O saldo acumulado em abril chegou a US$ 5,067 bilhões e, no ano, o superávit é de US$ 20,911 bilhões.
As exportações registraram alta de 6,3% na média diária de abril ante o mesmo período do ano passado, com elevação de 21,6% na Agropecuária, expansão de 12% na Indústria Extrativa e queda de 5% nas vendas de produtos da Indústria de Transformação.
Já a média diária de importações caiu 3,1% no período, com queda de 24,5% na Agropecuária, alta de 0,7% na Indústria Extrativa e retração de 3% em produtos da Indústria de Transformação.
Globo Online - RJ 18/04/2023
A economia da China cresceu 4,5% no primeiro trimestre deste ano, segundo informou a agência Bloomberg. O número supera a previsão de 4% consensual no mercado financeiro e indica uma recuperação mais rápida do que o esperado da segunda maior economia do mundo, com o fim da política de Covid zero do presidente Xi Jinping. Apesar disso, o instituto oficial de estatísticas chinês apontou demanda doméstica insuficiente.
Segundo o Departamento Nacional de Estatísticas, o Produto Interno Bruto cresceu 4,5%, no período de janeiro a março, em relação ao ano anterior. A avaliação é que os gastos do consumidor e um aumento nos investimentos governamentais em infraestrutura ajudaram a impulsionar esse crescimento.
No entanto, especialistas apontam que há sinais conflitantes: o crescimento do crédito e das exportações disparou em março, mas a inflação permaneceu fraca.
De acordo com a Bloomberg, os economistas estão divididos sobre se o governo precisa lançar mais estímulos para impulsionar a economia doméstica.
No mês de março, os indicadores de atividade mostraram recuperação mista. As vendas no varejo aumentaram 10,6%, em relação ao ano anterior – as expectativas eram de um salto de 7,5%. Já a produção industrial cresceu 3,9%, quando a projeção era de 4,4%.
Também o investimento em ativos fixos ficou aquém: aumentou 5,1% no primeiro trimestre em relação ao ano anterior, quando a projeção era de 5,7%. Investimento imobiliário continuou a contrair, caindo 5,8% no período. Por fim, a taxa de desemprego urbano caiu para 5,3% no mês passado, contra 5,6% em fevereiro.
Meta cautelosa
No mês passado, o governo chinês estabeleceu uma meta cautelosa de crescimento do PIB, de cerca de 5% para este ano.
O presidente do Banco Popular da China, Yi Gang, reafirmou, na semana passada, que a economia vai crescer de acordo com a meta. Ele destacou que o mercado imobiliário está se estabilizando.
Nessa segunda-feira, o banco central manteve a taxa básica de juros e restringiu injeção de dinheiro no sistema bancário.
O Estado de S.Paulo - SP 18/04/2023
O projeto do novo arcabouço fiscal pode ainda sofrer ajustes de última hora para mostrar maior compromisso com os parâmetros na “largada” da nova regra para as contas públicas.
Segundo apurou o Estadão, a versão final pode ficar com os valores dos parâmetros na lei complementar para os próximos quatro anos, mas deixando a possibilidade de mudança por lei ordinária a partir do próximo governo. O arcabouço fiscal é a regra proposta pelo governo Lula para substituir o teto de gastos, que desde 2017 atrela o crescimento das despesas à inflação. O projeto será enviado ao Congresso nesta segunda-feira, 17, ou amanhã.
Os parâmetros que devem estar no texto tratam do porcentual de 70% da variação da receita, que servirá de referência para crescimento das despesas de um ano para o outro. E também a banda de 0,6% (piso) a 2,5% (teto) que as despesas poderão crescer acima da inflação no orçamento da União. Ou seja, as despesas vão sempre crescer, no mínimo, 0,6% acima da inflação e até 2,5%.
A ideia inicial era deixar os conceitos do arcabouço (o modelo de funcionamento) na lei complementar e os valores dos parâmetros em lei ordinária. Na prática, se confirmada, essa mudança pode deixar mais difícil a alteração dos parâmetros, já que a lei complementar exige uma quórum mais qualificado do que uma lei ordinária. Uma lei complementar é aprovada pela maioria absoluta dos membros de cada casa. Já a lei ordinária é aprovada pela maioria simples.
Em última instância, o próximo governo pode querer mudar a velocidade do ajuste alternando o porcentual da receita que serve de base para o crescimento das despesas acima da inflação, além dos limites superior e inferior da regra de controle de gastos que consta no arcabouço.
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Metas
Como mostrou o Estadão, na semana passada, a trajetória de metas fiscais de resultado das contas públicas, anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não constará do texto do projeto.
O texto do projeto do novo arcabouço fiscal determinará que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) fixe a meta fiscal e estime os valores para os anos seguintes. Trata-se do mesmo modelo usado na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O projeto do arcabouço conterá o intervalo da nova regra de controle do crescimento do gasto, mas a meta fiscal irá fixada no Projeto de LDO, que é encaminhado todos os anos ao Congresso no dia 15 de abril para definir as diretrizes da elaboração do orçamento do ano seguinte.
Segundo apurou o Estadão, a inovação no texto do projeto do novo arcabouço se dá porque será preciso explicitar na LDO o impacto da meta fiscal sobre a evolução da dívida pública.
Também será necessário explicar se houver divergência da meta fixada a cada ano na LDO da meta estimada no primeiro ano do governo para os anos seguintes. Fontes informaram à reportagem que é uma forma de limitar de antemão a variação do gasto.
No anúncio do novo arcabouço, no fim de março, o ministro da Fazenda se comprometeu com uma trajetória de resultados fiscais de déficit de 0,5% PIB em 2023, 0% em 2024, superávit de 0,50% em 2025 e de 1% no fim de 2026, último ano do governo Lula.
Se o resultado primário superar o limite máximo da meta, o excedente arrecadado pelo governo poderá ser direcionado para ampliar investimentos. Se o resultado primário ficar abaixo do limite mínimo da meta, as despesas poderão crescer só 50% do crescimento da receita (e não mais os 70% originais).
Ficarão de fora da nova regra despesas como o fundo da educação básica (Fundeb) e o piso da enfermagem já aprovado pelo Congresso. Os gastos mínimos com saúde e educação também voltam, em 2024, a obedecer a regra prevista na Constituição, apesar da intenção do governo de mudá-la a partir de 2025.
O Estado de S.Paulo - SP 18/04/2023
Os brasileiros não podem contar com um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) significativo neste e no próximo ano, mostram os principais indicadores macroeconômicos. O dado mais recente nesse sentido foi o recuo de 0,04% em janeiro do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR). Com isso, houve uma queda de 1,28% no trimestre encerrado em janeiro.
Na semana passada, foi a vez de o Fundo Monetário Internacional (FMI) acompanhar as previsões de bancos e consultorias ao revisar para baixo a estimativa de crescimento do País. Em janeiro, a entidade esperava um aumento – modesto – de 1,20% do PIB; agora a expectativa é de que a expansão nem chegue a 1% e fique em apenas 0,90%. Essa é também a média das estimativas colhidas pelo BC no mercado financeiro no Boletim Focus. O que significa que vamos crescer em 2023 menos do que países como a Índia e o México e muito menos do que o necessário para reduzir a desigualdade de renda e a criação de empregos com salários menores.
Mais alarmante ainda é a perspectiva de que também 2024 seja um ano muito fraco economicamente, como mostram as projeções do FMI e dos especialistas. Um dos pontos de estrangulamento do PIB é a oferta de crédito muito restrita, como projetam os próprios bancos. Numa consulta feita pela Febraban e divulgada na semana passada, os bancos informaram que vão aumentar em apenas 5,1% a concessão de financiamentos para empresas, para citar só um dado.
Sem crédito, empresas e consumidores já estão com a roda travada. Aumentaram a inadimplência e os pedidos de recuperação judicial, caiu o número de fusões e aquisições, diminuiu ou acabou o interesse em expandir fábricas e lojas e os negócios de forma geral.
Uma das razões para esse cenário, como já foi apontado muitas vezes, é o nível elevado das taxas de juros em termos reais no Brasil. Mas não se pode descartar o impacto de outros acontecimentos, como os problemas contábeis das Lojas Americanas, que tornaram os bancos mais cautelosos em liberar empréstimos. Também pesou o cenário internacional, com o susto no mercado financeiro dado por dificuldades em bancos nos Estados Unidos e na Suíça.
Não há dúvidas também que essa situação é resultado, em parte, da política econômica tocada pelo recém-encerrado governo de Jair Bolsonaro. Seu superministro da Economia, Paulo Guedes, prometeu mundos e fundos na política fiscal e no crescimento do PIB. É certo que houve pandemia e guerra na Ucrânia, fatores que obviamente impactam o resultado, mas a desorganização das contas, promovida pelo populismo eleitoreiro de Bolsonaro, nada teve a ver com a covid-19 nem com a agressão russa.
O governo Lula deu alguns passos importantes para promover o crescimento do PIB, como o anúncio de um programa fiscal, conforme pedia o mercado financeiro, mas é preciso mais. Falta um plano ambicioso, a ser tocado em conjunto com o setor privado, que tire o Brasil de um padrão de crescimento de ridículos 2,3% em média ao ano, como se verificou nos últimos 40 anos. Lula pode se queixar do pessimismo, mas só lamúrias não farão o Brasil sair de sua longa pasmaceira.
Monitor Digital - RJ 18/04/2023
O Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) caiu 0,58% em abril. No mês anterior, a taxa havia sido de 0,05%. Com esse resultado, o índice acumula variação de -0,46% no ano e de -1,90% em 12 meses. Em abril de 2022, o índice subira 2,48% no mês e acumulava elevação de 15,65% em 12 meses.
“O índice ao produtor foi o único componente do IGP-10 a apresentar queda. Contribuíram para este movimento importantes commodities, como: soja (de -2,45% para -7,63%), milho (de -0,94% para -2,61%) e café (de 8,36% para -3,28%). A inflação ao consumidor e para a construção civil registraram aceleração. Para as famílias, o destaque foi a gasolina que avançou 5,87%, ante alta de 2,89% na última apuração. Para a construção civil, as pressões partiram de aumentos registrados para mão de obra e licenciamentos” afirma André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV).
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) caiu 0,96% em abril. No mês anterior, o índice havia registrado taxa de -0,07%. Na análise por estágios de processamento, os preços dos bens finais variaram de 0,31% em março para 0,51% em abril. A principal contribuição para este resultado partiu do subgrupo alimentos processados, cuja taxa passou de -1,14% para 0,08%. O índice relativo a bens finais (ex), que exclui os subgrupos alimentos in natura e combustíveis para o consumo, subiu 0,64% em abril. No mês anterior, a taxa foi de -0,35%.
A taxa do grupo bens intermediários passou de -1,25% em março para -1,59% em abril. A principal contribuição para intensificar a queda do grupo partiu do subgrupo matérias e componentes para a manufatura, cuja taxa passou de -0,29% para -1,14%. O índice de bens intermediários (ex), obtido após a exclusão do subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, caiu 0,98% em abril, após queda de 0,53% no mês anterior.
Espaço Publicitário
O índice do grupo matérias-primas brutas passou de 0,88% em março para -1,62% em abril. As principais contribuições para este movimento partiram dos seguintes itens: soja em grão (-2,45% para -7,63%), minério de ferro (4,11% para 0,58%) e café em grão (8,36% para -3,28%). Em sentido ascendente, os movimentos mais relevantes ocorreram nos seguintes itens: bovinos (-2,66% para 1,30%), aves (0,51% para 2,38%) e arroz em casca (-0,96% para 0,29%).
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,57% em abril. Em março, o índice variara 0,47%. Três das oito classes de despesa componentes do índice registraram acréscimo em suas taxas de variação: transportes (1,24% para 1,86%), alimentação (0,00% para 0,15%) e vestuário (0,25% para 0,45%). As principais contribuições para este movimento partiram dos seguintes itens: gasolina (2,89% para 5,87%), hortaliças e legumes (-5,00% para -2,06%) e roupas (0,21% para 0,57%).
Em contrapartida, os grupos educação, leitura e recreação (-1,04% para -1,37%), comunicação (0,52% para 0,12%), habitação (0,81% para 0,78%), despesas diversas (0,18% para 0,15%) e saúde e cuidados pessoais (0,87% para 0,86%) apresentaram decréscimo em suas taxas de variação. Nestas classes de despesa, as maiores influências partiram dos seguintes itens: passagem aérea (-5,72% para -7,46%), tarifa de telefone móvel (1,29% para 0,40%), aluguel residencial (3,43% para 1,44%), conselho e associação de classe (1,42% para 0,64%) e artigos de higiene e cuidado pessoal (1,66% para 1,20%).
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) variou 0,22% em abril. No mês anterior a taxa foi de 0,12%. Os três grupos componentes do INCC registraram as seguintes variações na passagem de março para abril: materiais e equipamentos (-0,05% para -0,14%), serviços (0,89% para 1,07%) e mão de obra (0,14% para 0,38%).
Valor - SP 18/04/2023
Perdas acumuladas em abril foram reduzidas a 5,7%, e no ano, os ganhos estão em 2,3%
Os preços do minério de ferro iniciaram a semana em alta na China no mercado transoceânico, em meio às expectativas quanto à divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) chinês, marcada para esta segunda-feira (17). Os números do primeiro trimestre vão indicar o ritmo de recuperação econômica do país asiático.
No norte da China, indica o índice Platts, da S&P Global Commodity Insights, o minério com teor de 62% de ferro avançou 0,93%, para US$ 120 por tonelada.
Com isso, as perdas acumuladas em abril foram reduzidas a 5,7%. No ano, os ganhos estão em 2,3%.
Os contratos futuros mais negociados na Bolsa de Commodity de Dalian (DCE), com entrega em setembro, encerraram a sessão diurna praticamente estáveis, em 775,50 yuan por tonelada.
Money Times - SP 18/04/2023
A Vale (VALE3) prevê que a demanda transoceânica de minério de ferro ficará praticamente estagnada nas próximas décadas. No entanto, produtos de alta qualidade, como aqueles vendidos pela empresa, devem continuar ganhando participação no mercado.
A avaliação é de analistas do BTG Pactual, que reiteraram a recomendação de “compra” para as ações da mineradora, a um preço-alvo deUS$23 para a ADR da companhia, o que representa um potencial de alta de cerca de 44%.
A Vale, disseram após evento promovido pela companhia na sexta-feira (14), deve continuar a adicionar produtos premium ao seu portfólio, com produção definida para aumentar para 50-55 Mtpa até 2026 e cerca de 100 Mtpa até 2030.
Vale vê mudanças no mercado
A companhia tem focado muito nas tendências de segmentação do minério de ferro e disse estar bem posicionada para se beneficiar das mudanças de mercado em curso, segundo o BTG.
“À medida em que as siderúrgicas continuam a intensificar os esforços para a descarbonização, os produtos de alto teor da Vale serão fundamentais”, afirmaram analistas.
As iniciativas da empresa têm o potencial de adicionar US$ 4 a 10 bilhões em Ebitda daqui para frente, de acordo com o BTG, citando a empresa.
De acordo com o banco, a Vale continua confiante de que a demanda por aço continuará crescendo nas próximas décadas e chegará a 2,3 Btpa em 2040, ante 1,88 Bt em 2022.
O crescimento será impulsionado por megatendências, como crescimento populacional e econômico, urbanização e transição energética, apoiando a demanda por aço verde.
A Vale estima que o crescimento venha principalmente de regiões emergentes como Índia, Sudeste Asiático, o que deve impulsionar o consumo de aço para cerca de 620 Mtpa até 2040 (de 252 Mt em 2022).
Valor - SP 18/04/2023
Volks se soma à Mercedes-Benz e Scania, que já anunciaram a suspensão do segundo turno de trabalho em suas fábricas
A Volkswagen Caminhões e Ônibus confirmou na manhã desta segunda-feira (17) a suspensão temporária dos contratos de trabalho de parte dos empregados de sua fábrica, localizada em Resende (RJ) durante 90 dias a partir de maio.
Por meio de nota, a montadora destacou que “o atual ambiente de negócios no mercado de caminhões e ônibus, com dificuldades tanto no Brasil quanto em alguns de seus principais destinos de exportação, torna necessário adotar medidas para ajuste dos níveis de produção a uma nova realidade”.
A Volks se soma à Mercedes-Benz e Scania, que já anunciaram a suspensão do segundo turno de trabalho em suas fábricas, localizadas em São Bernardo do Campo (SP). Na Mercedes o período vai variar de dois a três meses. A Scania não informou quanto tempo vai durar o trabalho em apenas um turno.
A queda nas vendas já era esperada pelo setor. Desde janeiro está em vigor uma nova lei de emissões, mais conhecida por Euro 6. Com mais equipamentos, os caminhões e ônibus ficaram entre 20% e 25% mais caros. Por isso, os frotistas anteciparam as compras em 2022. A produção de caminhões caiu 28,8% no primeiro trimestre.
Revista Manutenção e Tecnologia - SP 18/04/2023
Produzir caçambas de caminhões altamente resistentes e ao mesmo tempo mais leves para transportar o maior volume possível de rochas, asfalto quente, cascalhos e estruturas metálicas dia após dia é um desafio para muitas indústrias da Linha Amarela.
Mas, a Moser AG, indústria de basculantes e montadora de veículos pesados com sede na Suíça, vem se especializando na fabricação de carrocerias sob medida, de alto valor agregado, a partir de chapas de aço e alumínio, costurados com o que há de mais avançado em tecnologia de soldagem.
Da fábrica da Moser, em Steffisburg, saem mais de 200 caminhões com peso bruto de 18 a 40 toneladas, sendo que os basculantes pesam apenas entre 3 e 4,5 toneladas.
“Os nossos clientes têm uma vantagem de carga útil de 500 a 700 kg por viagem. Isso representa um aproveitamento muito mais eficiente do veículo”, afirma Stefan Rolli, gerente da Moser AG. Assim, um caminhão de 40 toneladas com a carroceria da Moser pode transportar mais de 25 toneladas de carga útil.
Na Moser, as carrocerias são projetadas com a ferramenta de design CAD, a partir das medidas do veículo, e produzidas com aço estrutural convencional S355, aços S690 a S700 e o Hardox 450 em espessuras que variam de 3 mm a 70 mm.
Segundo Rolli, também são utilizadas chapas de alumínio de 2 mm de espessura e de alumínio xadrez de 3/4,5 mm ou 3/6,5 mm de espessura, em para-lamas, coberturas e placas de deslizamento, além de ligas de alumínio leves nos painéis laterais dos basculantes.
Soldagem – O trabalho de soldagem perfeito é importante e presente praticamente em todo processo de montagem, principalmente nas peças que suportam a carga, como a estrutura do basculante ou armação. “Nos canteiros de obras, os componentes devem ser capazes de resistir a solavancos, vibrações e torções. Como cordões com defeitos trazem sérias consequências, nossas exigências sobre o profissionalismo de nossos soldadores e os equipamentos que eles utilizam são extremamente altas“, enfatiza Stephan Zingg, projetista da Moser AG.
A linha de montagem da Moser AG conta com cerca de 35 aparelhos diferentes da marca austríaca Fronius, especialmente o modelo TPS 500i, o mais usado pelos especialistas em soldagem da empresa. O equipamento conta com as funções PMC (Pulse Multi Control), arco voltaico pulsado aperfeiçoado, que permite melhor controle da tocha, promovendo uma soldagem de qualidade superior e livre de respingos.
A grande maioria das peças é soldada à mão pelo processo MAG que, além das consideráveis velocidades de soldagem, oferece altas taxas de deposição nas peças basculantes com menos consumo de energia.
Mas, afirma, o sistema de soldagem da Fronius conta com o recurso PMC, que agiliza significativamente a soldagem dos componentes, em que são necessários vários cordões de solda com um passe de raiz e até dois cordões finais para suportar as altas cargas em canteiros de obras.
Globo Online - RJ 18/04/2023
O governo federal avalia criar um mecanismo de financiamento para concretizar ferrovias autorizadas, mas que até agora não saíram do papel. O modelo de autorização para ferrovias permite que qualquer empresa peça consentimento para criar linhas e ganhe sinal verde para construir do zero um empreendimento todo privado.
Isso é diferente das concessões, em que o ativo é público e tem a gestão por um período determinado disputada em leilão. Em vigor desde 2021, o modelo de autorização ainda não tem obras de ferrovias iniciadas.
Em entrevista ao GLOBO, o ministro dos Transportes, Renan Filho, afirmou que estuda formas de estimular essas obras, para as quais a falta de recursos é um limitador. Até agora, já foram autorizadas 39 ferrovias, de acordo com dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). São projetos de todos os tipos, mas o maior objetivo do marco regulatório é criar shortlines, populares nos EUA, que permitem à iniciativa privada investir em projetos de curta distância.
A autorização apenas dá ao empreendedor o direito de construir e explorar economicamente a ferrovia. Ela não garante que o projeto vai de fato sair do papel.
— A gente tem que criar instrumentos que sejam capazes de, com a lei existente, tirar as obras do papel. Por exemplo, garantir uma linha de crédito específica para uma estrada de ferro que tenha por objetivo retirar veículos pesados das rodovias. A gente está estudando essas frentes. Esse é um caminho — disse Renan Filho.
O ministro vê num instrumento de financiamento específico para ferrovias uma forma de viabilizar titulares de autorização a atrair outros investidores para o projeto:
— Há áreas em que é preciso garantir condições melhores para investimentos. A infraestrutura é assim. Ferrovias, mais ainda. Os investimentos são pesados, o retorno é muito longo. O fato é que nenhuma autorização saiu do papel.
O regime de autorização é mais flexível que o de concessão, que, além de exigir leilão, tem regras rígidas para a participação de grupos empresariais e o pagamento de outorgas (contrapartida financeira) à União. Na autorização, a empresa interessada apenas apresenta um projeto para construção ou reabilitação de um trecho ferroviário.
O projeto é aprovado se houver interesse público e se forem preenchidos os requisitos de admissibilidade.
Uma das autorizações já dadas pela ANTT, por exemplo, é o de construção de um trem-bala entre Rio e São Paulo, projeto público aventado na primeira passagem de Lula pelo Planalto e abandonado. A Empresa Brasileira de Trens de Alta Velocidade (TAV Brasil), uma organização privada, obteve da agência para construir a linha de alta velocidade de 380 quilômetros só com recursos privados.
A empresa, no entanto, tem um capital muito baixo e ainda não demonstrou ter como concretizar a obra. Tem três anos para apresentar o projeto de engenharia e as licenças.
Transporte agrícola
Após conseguir uma autorização, uma empresa precisa desenvolver os projetos de engenharia e de viabilidade socioambiental, obter licenciamentos junto aos órgãos competentes, como licença ambiental prévia e buscar financiamento. Renan Filho disse que o governo não pretende, neste momento, alterar as regras ou acabar com a autorização.
“Há áreas em que é preciso garantir condições melhores para investimentos. A infraestrutura é assim”
O foco é garantir que as ferrovias saiam do papel para atender demandas específicas da economia, como o escoamento de grãos e minérios, particularmente na região central do Brasil.
— A gente não quer mexer na regra das autorizações. A gente quer que as ferrovias se materializem, deixem de ser de papel para se transformar em estradas de ferro. Esse é o desafio. Modernizar o arcabouço a fim de garantir isso é importante. Mas não significa somente mexer na lei. As autorizações são uma boa oportunidade, mas precisam se materializar, porque nenhuma delas saiu do papel.
Pedágio público
Também estão no âmbito do Ministério dos Transportes os investimentos em rodovias federais, tanto as estradas administras pelo setor público como as concessões. Nessa área, o governo avalia formas de acelerar os processos de relicitação de rodovias devolvidas pelos concessionários, de acordo com o ministro.
Arcabouço fiscal: mudança no ICMS não deve ter efeito no curto prazo
Atualmente, há cerca de 4 mil quilômetros nessa situação, além de outras rodovias com problemas. São ativos devolvidos pelas empresas por problemas como redução de fluxo ou falta de financiamento.
— Uma alternativa é o (setor) público reassumir. Mas reassumir cobrando pedágio. Por que quando passa para o privado cobra? A Infra SA, por exemplo, poderia assumir, manter o pedágio, restituir a segurança e relicitar de novo. Talvez fosse mais fácil. Para o público é melhor, porque mantém-se o faturamento para dar manutenção àquela área — disse Renan Filho, citando a estatal que é responsável pela estruturação de projetos na pasta. — Relicitação é um grande problema. Não é fácil relicitar.
O governo também avalia reequilibrar alguns contratos em vigor para evitar devoluções. São os casos, por exemplo, da BR-163, em Mato Grosso, e da BR-101, em Santa Catarina e no Espírito Santo.
— Estamos estudando caminhos para agilizar a reabilitação e, eventualmente, dependendo de cada caso, reequilibrar alguns contratos. Isso fazendo uma discussão ampla com o ministério, a concessionária e o Tribunal de Contas da União (TCU). Porque poderia destravar bastante investimentos nessa área.
O ministro diz que tem como meta estruturar 31 projetos de concessão de rodovias no atual governo Lula. Serão seis leilões neste ano: três lotes no Paraná, o trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares da BR-381, e dois lotes da BR-040. Para o próximo ano, diz ele, o objetivo é fazer 12 leilões, se houver apetite no mercado.
— Mas, para isso, tem que baixar um pouco a taxa de juros e aumentar os players (empresas interessadas) — disse.
Renan Filho faz coro com o presidente Lula e outros integrantes do governo sobre a necessidade de o Banco Central (BC) reduzir a taxa básica de juros (Selic), hoje em 13,75% ao ano, mas evita atacar a autoridade monetária. Para ele, é possível criar as condições para a queda da Selic. Citou, por exemplo, a nova regra fiscal apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para manter sob controle gastos e dívida públicos sem prejudicar investimentos do governo:
— O importante é cair juro, com naturalidade, aprovando o arcabouço (no Congresso).
Piso de investimentos
Com relação aos investimentos públicos, Renan Filho diz que sua pasta vai investir neste ano quatro vezes mais que no ano anterior, por conta da ampliação em R$ 169 bilhões nos gastos do governo viabilizada pela chamada “PEC da Transição”, em dezembro de 2022. A pasta ficou, em 2023, com cerca de R$ 17 bilhões para investir. O valor para 2024, porém, depende do que for aprovado no novo arcabouço fiscal.
A regra estabelece um piso de R$ 75 bilhões por ano para investimentos, atualizado pela inflação, e dividido em diferentes áreas.
— Tem uma meta de entregar neste ano quatro vezes mais do que o governo Bolsonaro entregou no ano passado. Quatro vezes mais de estrada nova, quatro vezes mais de duplicação. Porque nós temos quatro vezes mais recursos. Nós estamos nos esforçando para usar esses recursos.
Porto Gente - SP 18/04/2023
Fazendo mais ágil e intenso os fluxos portuários
As declarações do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), insistindo em influenciar o governo Lula (PT) a privatizar o Porto de Santos, mesmo com a falta de clareza das suas intenções, transparecem uma estratégia maquiavélica, “de que nada faz que um príncipe seja estimado do que os grandes empreendimentos”. Portanto, quando busca demonstrar que vem mantendo um bom diálogo, no sentido de provar que sua proposta de privatização é o melhor caminho, pelo visto, pavimenta o seu futuro político.
Esse assunto já foi amplamente debatido, e o artigo do engenheiro Frederico Bussinger, no Veja Mais seguinte, faz uma radiografia de uma situação bem representativa desse caso, na gestão anterior. Por isso, a determinação do atual governo de não desestatizar os portos, anunciada pelo ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), situa-se num horizonte logístico e portuário alinhado com a realidade brasileira, um processo de aprimoramento iniciado com a Lei 8.630/93.
O fato do Porto de Santos não constar na lista das empresas retiradas do programa de desestatização, tem sido interpretado pelo governador como possibilidade de ser desestatizado. Por outro lado, o ministro Márcio França afirma que não há uma decisão do governo federal sobre privatizar. Ou seja, acontece um vácuo de uma administração que se desmanchou e de outra que ainda não chegou. Entretanto, pode ser afirmado de véspera que, esta que chega, será bem melhor do que a anterior.
A inovação do Porto de Santos está definida por três eixos alavancadores: o túnel submerso na travessia rodoferroviária do canal de acesso ao porto; o porto oceânico em São Vicente-Praia Grande, para receber os maiores navios do mundo e a privatização da dragagem, atrelada à manutenção das profundidades de projeto. Todos eles como concessões e orientados por metas. E os investimentos privados. Desse modo, transformando áreas burocratizadas e implantando governo empreendedor.
A autoridade portuária precisa enfrentar desafios para garantir eficiência e competitividade, atendendo às necessidades da sua comunidade, que serve aos interesses dos clientes. É um ambiente de intensa negociação e planejamento. Dentro de quinze dias, após a posse da diretoria nesta semana, será possível perceber um discurso com capacidade analítica e conhecimento profundo do Porto de Santos. Uma liderança que demonstra competência robusta para elaborar um bom plano de ação. Assim, traçar caminhos e metas exitosos, quanto corretos com os interesses nacionais.
As viagens do presidente Lula ao exterior, anunciam a intensificação do comércio marítimo brasileiro. Num tempo de profundas mudanças dos mercados e de uma escala ampliada nas movimentações de mercadorias pelas novas tecnologias. Por tudo isso, como aconteceu no final do século XIX, nossos portos terão que atender às exigências da nova era.
Globo Online - RJ 18/04/2023
A Nova Lei do Gás não reduziu o custo do insumo e nem a dominância da Petrobras. Estudo da consultoria Gas Energy estima que a estatal será responsável por cerca de 80% do volume novo de gás natural que deve entrar em produção até 2030, estimado em cerca de 55 milhões de metros cúbicos por dia.
Embalada sobretudo pelo pré-sal e a perspectiva de uma rede de gasodutos na Bacia de Sergipe-Alagoas, a produção de gás no Brasil deve alcançar a faixa inédita dos 180 milhões de metros cúbicos diários em 2032, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Atualmente, são 130 milhões de metros cúbicos diários, mas ao menos metade não é aproveitada e acaba reinjetada nos poços de petróleo no mar.
Hoje, 65% da produção de gás natural do país vêm da Petrobras. A estatal concentra ainda 85% de toda a matéria-prima comercializada para o segmento não-térmico (que exclui as usinas de geração de energia elétrica) no país, que inclui indústrias e refinarias.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou recentemente que pretende investir mais na infraestrutura de escoamento para aproveitar melhor todo esse gás e usar o insumo na retomada da construção de fábricas de fertilizantes, suspensa em 2014.
Essa perspectiva levou o governo a criar um grupo de trabalho para desenvolver um novo programa de incentivos ao gás no âmbito do Comitê Nacional de Política Energética (CNPE).
—O novo marco do gás e a venda de ativos da Petrobras foram essenciais para se iniciar um ambiente de concorrência no segmento, mas a guerra na Ucrânia afetou os preços em todo o mundo. Agora, é preciso permitir o desenvolvimento da demanda para o uso desse gás no Brasil — diz Rivaldo Moreira Neto, sócio da Gas Energy.
— O maior desafio não é o escoamento desse gás. A questão é saber o que fazer com ele, criando política de consumo para o gás por parte da indústria, como siderurgia e fertilizante. É necessário criar uma política específica de venda desse gás para esses setores com preços diferentes e condições específicas.
Para o consultor Pedro Rodrigues, sócio do CBIE, a possibilidade de a PPSA trocar óleo por gás pode estimular o mercado e a construção de gasodutos:
— Quando se constrói uma infraestrutura é porque esse gás já está contratado. O Brasil está injetando (nos poços) um produto que vale mais que o petróleo hoje. Estamos na era de ouro do gás, o combustível da transição energética. Do ponto de vista econômico, é um contrassenso jogar fora esse gás.
Entre as empresas privadas do setor, há expectativas sobre os planos do governo para o gás natural e os ajustes que a Petrobras está fazendo em seu plano de negócios 2023-2027, que prevê investimentos de US$ 5,2 bilhões em infraestrutura de gás. A estatal continua o principal parâmetro para quem atua na área.
Segundo um executivo de uma petroleira, há a indicação nos bastidores de que a estatal dê até maio sinais mais concretos sobre as fábricas de fertilizantes e a busca de parcerias para novos projetos de infraestrutura de gás.
Erick Portela, CEO da NTS, que conta com mais de dois mil quilômetros de gasodutos comprados da Petrobras, ligando Rio, Minas e São Paulo, diz que a estatal ainda é a grande parceira das empresas do setor em novos investimentos ao manter participação relevante no mercado. Ele vê uma demanda potencial no Sul e no Sudeste e não descarta atuar também nos dutos de escoamento no mar:
— Estamos aqui para agregar valor a qualquer produtor e consumidor de gás. A Petrobras passa a ser um potencial grande parceiro. Somos uma plataforma de investimento. Se há espaço para trabalhar rotas submarinas, entramos. Nosso planejamento olha soluções estratégicas em mar.
A NTS também aguarda definições na estatal para iniciar a duplicação de um eixo de 300 quilômetros de gasodutos entre Rio e São Paulo, a fase 2 de um projeto que integra os planos de R$ 12 bilhões em investimentos da companhia.
A TAG, que também administra uma rede de gasodutos comprados da Petrobras, planeja investir até R$ 3,3 bilhões nos próximos cinco anos em ampliação e manutenção, dos quais 70% na Região Nordeste.
Ovidio Quintana, diretor Comercial e Regulatório da empresa, também vê a Petrobras como um agente que continua relevante, mas ressalta que o transporte do gás de outras companhias já representa 23% da receita da TAG.
— A Petrobras vai continuar sendo um player relevante principalmente na agenda dos novos investimentos, mas estamos num momento em que a cooperação entre os elos da cadeia para fazer um planejamento coordenado é importante para ter um investimento eficiente para o usuário final. Vamos ter mais gás do pré-sal entrando no sistema. É como garantir que a oferta nova pode chegar ao mercado e coordenar os gatilhos de decisão de investimento — afirma Quintana.
Ele também não descarta investir em novas rotas submarinas. E acrescenta:
— O mercado está crescendo, e a oferta está mudando de lugar. Você tem que planejar a rede para garantir o atendimento. Se tiver sinergia com a TAG, a gente não descarta investir em novas rotas para promover a monetização do gás nacional. Vemos potencial em diversos setores, como a integração com o setor elétrico. Mas não basta ter gás se ele não estiver disponível. Nosso papel é que o gás esteja disponível para o maior número de clientes.
Outras oportunidades
Também no Nordeste, a estratégia da Origem Energia é criar centrais de estocagem de gás. Nathan Biddle, diretor técnico da empresa, lembra que já está em conversa com as produtoras, mas ainda depende do aval da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
O plano é reduzir os preços do mercado com ofertas mais flexíveis de venda do gás sem as exigências atuais de take or pay, quando uma empresa é obrigada a pagar mesmo que não consuma.
— O mercado precisa ser mais dinâmico e com mais operadores. Esse é o desafio atual do setor. Só assim o preço vai cair. A estocagem do gás vai poder atender a várias demandas diferentes.
No segmento de biometano, a intenção da Petrobras de produzir dois milhões de metros cúbicos do biogás por dia a partir de 2027 também é vista com atenção pelas outras empresas da área. Segundo Marcel Jorand, CEO da Gás Verde e sócio do Grupo Urca Energia, a estatal pode estimular ainda mais o desenvolvimento desse mercado:
-- A companhia tem tamanho para induzir o crescimento. Estamos abertos ao diálogo. Hoje, o segmento de biometano produz 400 metros cúbicos por dia, e nós temos metade desse total. O Brasil tem potencial para produzir até 70 milhões de metros cúbicos por dia a partir de aterros, etanol e resíduos do agronegócio.
Jorand diz o Grupo Urca está investindo R$ 500 milhões neste ano na ampliação de uma planta de produção de biometano em Seropédica e na criação de unidades em Nova Iguaçu e São Gonçalo. O executivo ressaltou os planos da companhia para estimular o uso desse combustível mais limpo para a indústria de veículos pesados, com a criação de postos de abastecimento.
-- Além disso, é importante definir o uso do gás no Brasil pelo sistema elétrico com térmicas na base. Isso tudo ajuda a viabilizar o consumo do gás. Não se pode esquecer ainda de criar o arcabouço legal para que as distribuidoras ofereçam tarifas competitivas para transportar o gás.
Valor - SP 18/04/2023
O alerta diz que portos da Rússia estão sendo usados para vender o petróleo russo por preços acima dos limites estabelecidos
O Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC, na sigla em inglês) do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos emitiu alerta nesta segunda-feira (17) sobre potenciais evasões das sanções impostas pelo país sobre o petróleo da Rússia e disse que o produto pode estar sendo vendido por valor acima do limite de preço estabelecido pelo G7, de US$ 60 por barril.
O alerta diz que portos da Rússia, como o de Kozmino, no Mar do Japão, e o oleoduto da Sibéria estão sendo usados para vender o petróleo russo por preços acima dos limites estabelecidos, acusando embarcações com seguros de empresas americanas de estarem driblando as sanções.
A entidade diz que empresas burlam o teto ao alterar serviços de monitoramento dos barcos, fazendo com que essas empresas acessem portos da Rússia - como o Kozmino - ou façam trocas de petróleo entre barcos em alto mar sem que isso seja rastreado.
Pelas regras do teto de preços, embarcações de países do G7 ou que contrataram seguro de empresas sediadas em nações do grupo só podem transacionar petróleo russo dentro do limite estabelecido.
A OFAC diz que muitas empresas americanas podem não estar cientes de que estão fornecendo serviços a companhias que estão burlando o teto, que se utilizam do método de “spoofing” para driblar as sanções.
Valor - SP 18/04/2023
Processo envolve o impacto no recálculo de royalties e participação especial relativas à produção de petróleo no ativo nos períodos de agosto de 2009 a fevereiro de 2011 e dezembro de 2012 a fevereiro de 2015
A Petrobras anunciou nesta segunda-feira (17) que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprovou proposta de acordo para pagar R$ 780 milhões e encerrar processo judicial sobre atualização de corrente no Campo de Jubarte.
Segundo a companhia, o processo envolve o impacto no recálculo de royalties e participação especial relativas à produção de petróleo no ativo nos períodos de agosto de 2009 a fevereiro de 2011 e dezembro de 2012 a fevereiro de 2015.
O acordo diz respeito a um auto de infração aplicado em 2016 pela agência, que apurou que a companhia não atualizou a corrente de petróleo usada para calcular o preço de referência.
Os valores do acordo referente às participações governamentais seriam pagos 35% à vista e o restante em 48 parcelas corrigidas pela Selic.
A proposta ainda será analisada pelo Ministério de Minas e Energia, Advocacia Geral da União e pela governança da Petrobras.
A empresa diz que a proposta encontra-se em trâmite de aprovação e ainda não há decisão definitiva a respeito do tema. Os valores já estão provisionados pela Petrobras.
IstoÉ Online - SP 18/04/2023
Os contratos futuros do petróleo recuaram 2% nesta segunda-feira, devolvendo parte dos ganhos da semana passada, pressionado pelo dólar forte no exterior. Investidores de energia também estão monitorando sinais de demanda e aguardando dados da China – em especial, o Produto Interno Bruto (PIB) – que serão publicados nesta noite.
O petróleo WTI para maio fechou com perda de 2,05% (US$ 1,69), a US$ 80,83 por barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para junho recuou 1,79% (US$ 1,55), a US$ 84,76 por barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
O óleo iniciou a sessão oscilando próximo à estabilidade, contudo firmou queda ao longo da manhã. As perdas foram acentuadas com o fortalecimento do dólar no exterior e a piora do sentimento de risco em Nova York, após dados dos EUA indicarem melhora acima das expectativas nas condições da manufatura e incentivarem apostas por aperto monetário do Federal Reserve (Fed).
Em nota, o ING avalia que o mercado também está ponderando sobre preocupações com a demanda da commodity, mesmo diante de expectativas de oferta mais apertada.
Gerente de Pesquisa e Análise da Schneider Electric, Robbie Fraser aponta que os preços do petróleo estão “começando a semana na defensiva” e destaca que os ganhos na semana anterior foram sustentados principalmente pela queda nos estoques dos EUA. Hoje, o Departamento de Energia (DoE) americano anunciou que vendeu na semana passada mais 1,6 milhão de barris de petróleo bruto da Reserva Estratégica de Petróleo do país para o lado comercial, reduzindo as reservas totais para 368 milhões de barris, o menor nível desde 1983.
Ainda no radar, investidores aguardavam a divulgação dos dados da China, em especial do PIB e da produção industrial, monitorando sinais de demanda do gigante asiático.
Petro Notícias - SP 18/04/2023
Um pequeno comentário feito pelo presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, pode trazer grandes repercussões para o setor de óleo e gás. O dirigente da estatal escreveu em uma rede social que a Petrobrás vai desistir da ideia de vender o controle da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG) – operadora do Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol). Respondendo a um comentário que defendia o fim da privatização da TBG, em seu perfil no Instagram, Prates disse: “Não vai haver. TBG fica!”.
A Petrobrás está tentando vender seus 51% de participação na TBG desde 2020, mas ainda não conseguiu avançar para o encerramento do processo de alienação. Atualmente, a venda está na fase vinculante. O negócio faz parte do Termo de Compromisso de Cessação de Prática (TCC) firmado entre a Petrobrás e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).
Pelo acordo, a Petrobrás se comprometeu a vender alguns ativos dentro do setor de gás natural, como forma de estimular a entrada de concorrentes no segmento. O TCC firmado com o CADE previa que o encerramento da operação fosse formalizado até 31 de dezembro do ano passado.
Antes dessa declaração de Prates, a Petrobrás chegou a solicitar mais prazo para apresentar um novo cronograma de venda da TBG. Conforme noticiamos na semana passada, a Superintendência-Geral do CADE deu parecer opinando pelo deferimento do pleito, mas isso ainda deverá ser homologado pelo Tribunal Administrativo, o que não ocorreu ainda.
O Petronotícias solicitou um posicionamento formal à assessoria de imprensa da Petrobrás sobre o tema. A empresa ainda não havia respondido o pedido de comentário até o momento da publicação desta reportagem.
PRESIDENTE VISITA FPSO ANITA GARIBALDI E FALA DE PLANOS PARA O ESPÍRITO SANTO
No final da última semana, Jean Paul Prates esteve a bordo do FPSO Anita Garibaldi, que está em processo de comissionamento e testes operacionais no Estaleiro Jurong Aracruz, no Espírito Santo. A planta deve entrar em operação no segundo semestre do ano no campo de Marlim, na Bacia de Campos.
A visita de Prates acontece justamente no momento em que a Petrobrás concluiu a venda do Polo Norte Capixaba para a Seacrest. Havia um desejo e um movimento promovido por petroleiros para a suspensão do negócio. Além disso, o presidente Lula já afirmou em diversas ocasiões que era contrário à venda de ativos da Petrobrás. Nessa mesma linha, o Ministério de Minas e Energia chegou a pedir por duas vezes a suspensão de todos os desinvestimentos da Petrobrás.
Contudo, Prates não suspendeu a venda do Polo Norte Capixaba, alegando que todos os desinvestimentos que tiveram contratos assinados deveriam ser cumpridos. A visita ao Espírito Santo serve como uma forma de tentar reduzir o desgaste causado pela venda do ativo e para reforçar a ideia de que a petroleira não abandonará o Espírito Santo.
“Precisamos recuperar a conexão da Petrobrás com a vocação do Espírito Santo para a logística marítima e ferroviária e, também, revisitar o uso do edifício-sede de Vitória (EDIVIT) para atividades de processamento de dados exploratórios, guarda de testemunhos e amostras, interpretação e trabalhos de geologia e geofísica. Trabalhar a geologia e as ciências naturais a partir do EDIVIT me parece ser também um caminho rumo ao futuro energético e ambiental do Brasil, desde as fontes renováveis até a captura e armazenamento de CO2. As oportunidades são interessantes e a Petrobrás fica no Espírito Santo”, declarou Jean Paul Prates.
Em conjunto com o FPSO Anna Nery, o FPSO Anita Garibaldi compõe o Projeto de Revitalização dos Campos de Marlim e Voador. As duas novas plataformas têm capacidade de produzir, em conjunto, até 150 mil barris por dia(bpd), e substituem as dez unidades que produziam estes campos. O FPSO Anita Garibaldi será interligado a 43 poços, com pico de produção previsto para 2026, e produzirá óleo dos reservatórios de pós-sal de Marlim e Voador e do reservatório de pré-sal de Brava.
O Projeto de Revitalização de Marlim e Voador faz parte do Plano de Renovação da Bacia de Campos, que tem investimento previsto de R$ 18 bilhões no Plano Estratégico 2023-2027.
Além de destacar o trabalho voltado aos campos maduros da Bacia de Campos, em especial a Marlim, Jean Paul Prates reforçou, durante a visita, a importância do Espírito Santo na estratégia e na carteira de ativos da Petrobras. O Plano Estratégico 2023-2027 prevê a entrada em operação de 36 poços, a perfuração de cinco poços exploratórios, a aquisição de dados de reservatório e mais o início de produção do FPSO Maria Quitéria no projeto integrado do Parque das Baleias, em 2024.
IstoÉ Online - SP 18/04/2023
A produção média de petróleo e gás natural do Brasil recuou 11,95% em março ante um recorde registrado no mês anterior, para 3,683 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), mostraram dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) nesta segunda-feira.
Na comparação com um ano antes, houve ainda uma queda de 3,75%, apontaram os dados.
A produção em fevereiro havia atingido um recorde de 4,183 milhões de boed.
A produção média apenas de petróleo em março também registrou queda expressiva de 12,76% na comparação com fevereiro e recuo de 4,55% versus um ano antes, para 2,846 milhões de barris por dia (bpd).
A queda na produção brasileira de março ocorreu apesar de o Brasil ter exportado no mesmo mês um volume histórico de petróleo de 11,31 milhões de toneladas, mais que o dobro ante o mesmo mês de 2022, segundo dados oficiais do governo federal.
Não ficou imediatamente claro se as exportações passaram ilesas à queda na produção em março por conta dos grandes volumes produzidos em fevereiro. A ANP não traz comentários sobre os números divulgados em seu site.
O avanço das vendas externas em fevereiro ocorreu mesmo após o início de um imposto inédito sobre vendas externas de petróleo pelo Brasil em 1º de março, que foi anunciado ao final de fevereiro sem que as petroleiras tivessem margem de manobra para reposicionar embarques, conforme havia adiantado reportagem da Reuters.
A produção média de gás natural no terceiro mês do ano, por sua vez, caiu 9,09% em relação a fevereiro e baixou 0,91% em relação a março de 2022, para 133,22 milhões de metros cúbicos por dia.
Valor - SP 18/04/2023
Camadas subterrâneas no Sul, Sudeste e Nordeste estão no radar de estudos sobre injeção de CO2
Tassinari, da USP: “Neste momento, o que está sendo feito é a identificação de locais que podem servir de reservatórios” — Foto: Silvia Zamboni/Valor
O governo federal planeja mapear neste ano áreas em camadas subterrâneas que poderão servir de locais de armazenamento de dióxido de carbono (CO2), o principal gás de efeito estufa emitido por atividades humanas.
Petroleiras com operação no país, entre elas Petrobras, Shell e Repsol Sinopec Brasil, também buscam áreas no subsolo brasileiro com o mesmo objetivo.
Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), existem hoje cerca de 35 instalações pelo mundo (na Austrália, Canadá, Japão, Noruega, entre outros) que captam e enterram CO2, em vez de deixá-lo na atmosfera.
O modelo é chamado de captura e armazenamento de carbono (CCS, na sigla em inglês) ou de captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS).
Trata-se de uma tecnologia ainda em seus estágios iniciais, mas que aparece em muitas projeções como opção de curto e médio prazos para evitar que o dióxido de carbono - principalmente de processos industriais difíceis de migrarem para combustíveis limpos - continue sendo disperso no ar.
Defensores do método afirmam que ele poderá ter um papel importante na transição energética e na busca de emissões líquidas zero até 2050.
No entanto, injetar toneladas de dióxido de carbono dentro de terra, alimenta uma série de questionamentos e críticas entre especialistas em meio ambiente. Para eles, essa tecnologia poderá representar um sinal verde para que a indústria do petróleo continue poluindo, com a diferença de que parte dos gases que causam efeito estufa passariam a ser escondidos nas profundezas, e não mais lançados na atmosfera. Outra preocupação é que os projetos de CCS e CCUS acabem se tornando, para alguns setores, uma espécie de remendo, adiando investimentos em fontes limpas e inovadoras.
E há, ainda, um temor: o risco de vazamento e de contaminação de áreas subterrâneas por outros gases que poderiam estar junto com o CO2, como o metano.
“A partir deste ano serão mapeadas as áreas mais promissoras para estocagem subterrânea de gás natural, centralizando a captura, armazenamento e utilização de carbono (CCUS) no Brasil”, afirmou ao Valor, por nota, o Ministério das Minas e Energia.
Está prevista a contratação de uma consultoria externa no segundo semestre para execução do mapeamento e que o trabalho deverá ser executado em 18 meses, afirmou o ministério.
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao MME, foi encarregada de conduzir os trabalhos. Heloísa Borges, diretora na área de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE, diz que a intenção é conhecer o potencial do país para eventuais projetos de armazenamento de CO2 no subsolo e que os primeiros locais a serem estudados serão antigos campos de petróleo e gás onshore. Entre eles em Alagoas, Espírito Santo e na região do Recôncavo, na Bahia.
“Já tínhamos mapeado um pouco áreas onde seria possível fazer estocagem de gás natural. Então, essas áreas são as que, num primeiro momento, as que estamos olhando para saber se será possível aproveitarmos para estocagem de CO2 ”, disse Heloísa, referindo-se a um estudo sobre gás natural de 2021 que não saiu do papel.
A Repsol Sinopec Brasil e a Shell estudam outra região, a da bacia do rio Paraná, como possível local para injeção de CO2. As duas empresas buscam não antigos poços de petróleo, mas formações geológicas naturais cujo perfil permita esse tipo de estocagem.
“A Repsol Sinopec Brasil desenvolve projetos que visam realizar a captura do CO2 e avaliar o potencial de armazenamento permanente do CO2 através do processo de mineralização em rochas basálticas”, disse a empresa.
“No Brasil temos um extenso derrame basáltico, a formação Serra Geral, localizado na bacia do Paraná, que engloba os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e sul de Mato Grosso do Sul”, acrescentou a petroleira, ao ser questionada sobre os Estados com rochas subterrâneas apropriadas para seus estudos de armazenamento de CO2.
No caso da Shell, uma das regiões que estão no radar da empresa é o oeste paulista. O projeto tem como “objetivo identificar, quantificar e caracterizar possíveis locais para armazenamento de CO2 na bacia do Paraná”.
Os estudos estão sendo feitos em parceria com acadêmicos e pesquisadores que integram o corpo de especialistas do Research Centre for Greenhouse Gas Innovation (RCGI), um centro copatrocinado pela Shell e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) que tem como objetivo desenvolver pesquisas sobre descarbonização. Entre as pesquisas, as que tratam de captura e armazenamento de CO2.
Críticos questionam se técnica não será sinal verde para que a indústria do petróleo continue poluindo”
A maior parte dos cientistas do RCGI é formada por professores e pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). “Neste momento, o que está sendo feito é a identificação de locais que podem servir de reservatórios”, diz o professor Colombo Celso Gaeta Tassinari, geólogo do Instituto de Energia e Ambiente, da USP.
“O passo seguinte é fazer perfurações para vermos exatamente o tipo de rocha desses locais. Depois, na fase de sondagem, vamos fazer uma série de ensaios com as amostras e dizer se ali poderá ser um reservatório [de CO2 ]. E então começa uma fase de simulação para saber o quanto seria possível injetar”, afirma Tassinari, que é coordenador, no RCGI, dos estudos sobre potencial geológico para armazenamento de CO2.
O projeto no qual Tassinari trabalha com a Shell mira o CO2 emitido nos processos de fermentação da cana-de-açúcar das usinas de bioetanol da Raízen, joint venture entre a Shell e Cosan. A ideia em estudo é captar o CO2 das usinas - localizadas no oeste paulista - e injetá-lo na terra. Um cenário é que o bioetanol exportado para alguns mercados possa, no futuro, obter um preço extra pelo fato de que as emissões da fase de produção terem sido enterradas.
A Repsol fala em um quadro em que poderá ser captadpo e armazenado CO2 de “qualquer tipo de atividade, independente de sua fonte geradora”. A empresa trabalha com pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e investe em tecnologias NET (Negative Emissions Technology). A Repsol aposta em um mecanismo de captação de CO2 do ar; outro sistema é o da captação direta dos processos industriais.
A Agência Internacional de Energia (IEA) afirma que a capacidade anual de armazenamento de CO2 debaixo da terra, nas cerca de 35 instalações em operação, é de 45 milhões toneladas. O custo é ainda um desafio. Uma instalação de captura e injeção de CO2 em um depósito pode demandar um investimento aproximado de US$ 10 milhões, segundo Tassinari.
Por alguns anos, projetos de CCS e CCUS ficaram só no papel, mas, segundo a agência, vários deles ganharam ritmo mais recentemente. A IEA cita um cenário segundo o qual em 2030 mais de 200 instalações de captura e armazenamento de CO2 estarão em operação globalmente, captando 220 milhões de toneladas de CO2 por ano.
No entanto, a própria agência lembra que isso ainda representará muito pouco para o cenário perseguido por países e empresas de emissões líquidas zero até 2050.
A fórmula de capturar e armazenar CO2 parece fazer mais sentido em países que ainda dependem fortemente de petróleo e carvão - entre eles, África do Sul, Índia, China - e que teriam mais dificuldade para converterem os motores de suas economias para fontes limpas.
O Brasil tem uma vantagem nesse quesito: matriz com participação importante hidrelétricas, solar e eólica, o que, em tese, torna mais fácil ao país chegar ao padrão de emissões líquidas zero. Ainda assim, siderúrgicas, cimenteiras, termelétricas, petroquímicas são algumas das indústrias consideradas - no mundo e aqui - como difíceis de serem descarbonizadas. “[CCS] não é uma solução só para indústria do petróleo. Na verdade, é até um novo negócio para as petroleiras porque elas poderão prover esse serviço para outros setores”, avalia Heloísa Borges, da EPE.
“Para alguns processos industriais, tais como a produção de cimento, aço, produtos químicos e fertilizantes, as tecnologias de CCUS ou CCS são as únicas capazes de remover totalmente as suas emissões. Estas indústrias são conhecidas pelo termo em inglês ‘hard-to-abate’, ou seja, indústrias de difícil abatimento de emissões”, disse a Petrobras ao Valor por meio de nota.
A empresa usa o argumento repetido por defensores dos projetos que visam captar e injetar CO2 no subterrâneo. “Tecnologias de CCUS ou CCS irão nos ajudar durante o processo de transição energética, retirando o CO2 do ar, produzido pelas fontes fósseis, enquanto o mundo promove a transição energética de forma gradual e inclusiva.”
A Petrobras se apresenta como a empresa responsável pelo maior projeto de CCUS do mundo em termos de quantidade de CO2 armazenado. E informa reinjetar atualmente CO2 em 21 plataformas de petróleo em águas profundas na bacia de Santos (cerca de 50 poços injetores). A meta, diz a companhia, é dobrar esta reinjeção até 2025, com a entrada em operação de 7 novas plataformas.
Em 2022, a Petrobras diz ter capturado e reinjetado 10,6 milhões de toneladas de CO2. “Esta reinjeção é realizada nos próprios reservatórios produtores do pré-sal, onde o CO2 fica armazenado com segurança”, diz a empresa.
Petroleiras adotam há tempos a reinjeção de CO2 nos poços ativos como forma de ajudar na extração do óleo - EOR, na sigla em inglês. É uma equação distinta da empregada em projetos que visam enterrar o CO2 em poços inativos ou em camadas subterrâneas, de onde não sai mais combustível fóssil.
Na avaliação da Agência Nacional do Petróleo (ANP), “o sequestro de carbono para fins de transição energética deve ir muito além das razões de EOR”.
A Petrobras afirma que, além da injeção de CO2 nas 21 plataformas, está estudando a captura e o armazenamento das emissões de outros processos industriais, incluindo fontes de gases exaustos de refinarias e outras indústrias.
“Para isto, a companhia começou um trabalho de mapeamento de formações geológicas com propriedades e capacidades adequadas para o armazenamento de grandes quantidades de CO2 ”, disse a empresa à reportagem.
“Essas áreas para armazenamento geológico de CO2 ficam em formações geológicas localizadas a mais de 1.000 metros de profundidade nas bacias sedimentares brasileiras. Avaliamos formações localizadas tanto abaixo quanto acima da camada de sal.” E acrescentou: “A nossa intenção é estudar todo o território nacional, mas os primeiros esforços foram concentrados no Sudeste, tanto onshore quanto offshore.”
Joana Chiavari, diretora de pesquisa do Climate Policy Initiative/Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (CPI/PUC-Rio), cita um cenário em que o Brasil conseguirá reduzir significativamente o uso do petróleo e derivados até 2050. Mas que continuará produzindo petróleo no pré-sal. Esse óleo seria destinado em grande medida para economias que ainda demandarão petróleo em suas matrizes de energia. E nesse cenário projetos de CCS e CCUS no Brasil poderiam valorizar o petróleo exportado.
Joana afirma que captar e armazenar CO2 terá importância na transição energética, mas diz que a ideia tende a enfrentar desconfiança. “Na Europa, há grande resistência em algumas regiões em relação a esses projetos. Existem casos de vazamento de CO2 em outras circunstâncias, não em projetos de CCS, que causaram problemas”. É uma tecnologia que demanda não apenas boa regulação, mas que envolve também a percepção e a aceitação pública, aponta ela. A pergunta é: moradores de regiões onde empresas passem a injetar dióxido de carbono debaixo de suas casas aceitarão de bom grado essa novidade?
Estudos que estão sendo feitos por acadêmicos do RCGI, financiados pela Shell, consideram a possibilidade de áreas apropriadas para armazenar CO2 a 800 metros abaixo do Aquífero Guarani, um gigantesco manancial de água subterrânea, que se estende entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Se as pesquisas prosperarem, qual será a reação pública a um eventual projeto de dióxido de carbono abaixo do aquífero?
“O problema é que o mundo está atrasado em fazer a transição energética e quanto mais o tempo passa, menores e mais caras vão ficando as opções”, diz o físico Roberto Kishinami, coordenador sênior do Instituto Clima e Sociedade. Ele defende que sejam feitas pesquisas e estudos no território brasileiro, mas lembra que a tecnologia do CCS não tem um histórico longo de testes e que qualquer tipo de sismo, por exemplo, poderia romper as estruturas geológicas que recebessem injeções de CO2. Kishinami argumenta que o país tem opções melhores, como acelerar renováveis e expandir a cadeia de valor desse novo setor.
Investing - SP 18/04/2023
A Petrobras (BVMF:PETR4) vai mudar a sua abordagem de atuação em relação ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), buscando se "defender" e ficar com ativos de refino e gás, em uma estratégia diferente da vista no governo anterior, disse o presidente-executivo da petroleira, Jean Paul Prates, nesta segunda-feira.
"Nós respeitamos as alegações do Cade, mas temos agora que nos defender, tanto no caso dos combustíveis, que nos obrigaram a vender refinarias, a nosso ver indevidamente, sem a defesa à altura que o caso merecia, como na questão do gás", afirmou ele a jornalistas após evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Prates não deu mais detalhes sobre a estratégia da companhia junto ao Cade, dizendo apenas que vai "argumentar e trabalhar dentro dos canais oficiais normais".
A Petrobras ainda possui a maior parte dos ativos de refino do Brasil, mesmo já tendo realizado alguns desinvestimentos sob um acordo fechado com o órgão antitruste no governo anterior.
Do plano de desinvestimento de oito refinarias, foram alienadas as unidades de Mataripe, antiga Rlam; Isaac Sabbá; a Unidade de Industrialização do Xisto (SIX); e Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor).
As tentativas de venda foram frustradas em relação à Regap, em Minas Gerais; Repar, no Paraná; Refap, no Rio Grande do Sul; e Rnest, em Pernambuco.
A Petrobras já concluiu a venda de grandes redes de gasodutos, como a NTS e o TAG. Mas ainda há a fatia na TBG, operadora do gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol).
Prates disse que vai "averiguar no Cade" como fica este processo da TBG.
A Petrobras assinou em governo anterior um Termo de Compromisso de Cessação (TCC) com o Cade que previa a saída da estatal dos ativos de distribuição e transporte de gás natural.
BOLÍVIA
O CEO da Petrobras comentou ainda que a empresa vai explorar "fronteiras" com a estatal boliviana YPFB.
"(A Bolívia) é um produtor de gás importante na região, me parece que padece de certa crise de recuperação da produção e de novas reservas, vamos buscá-los... Não é difícil, tendo um agente só do outro lado, a gente conversar e ver como a gente pode trabalhar juntos".
Ele não deu detalhes a jornalistas sobre suas intenções em relação à Bolívia, após as relações com o país vizinho terem perdido intensidade no governo anterior.
Mais cedo, em fala no evento da Fiesp, Prates destacou a importância da "reabertura" dessa frente com a Bolívia, uma vez que o gás importado do país vizinho é mais barato do que as compras de gás natural liquefeito (GNL).
DESENVOLVIMENTO DO MERCADO BRASILEIRO
Prates disse ainda nesta segunda-feira que a Petrobras vai trabalhar junto com governo e outros agentes para desenvolver o mercado de gás natural brasileiro, o que permitirá também otimizar a oferta do produto pela Petrobras.
A estatal ainda segue como agente dominante na oferta nacional de gás, apesar dos avanços de desconcentração feitos no âmbito do Cade.
No mês passado, o governo anunciou a criação de um grupo de trabalho para estudar o papel do gás natural na reindustrialização do Brasil. Uma das propostas é utilizar a estatal do pré-sal PPSA no incremento da oferta de gás.
"Vamos participar de tantos quantos grupos de trabalho forem necessários, com governo, agentes, lideranças empresariais e da sociedade para viabilizar a otimização do gás natural que a Petrobras produz", afirmou Prates.
Ele ressaltou ainda que os elevados níveis de reinjeção do gás pela Petrobras decorrem, em parte, de necessidades próprias da produção de óleo, e não por falta de mercado e de infraestrutura.
"A infraestrutura (para aproveitamento do gás) vem a partir do momento em que os contratos de compra (de gás) aparecem. É um pouco (o dilema de) ovo e galinha... Mas é uma situação de impasse que toda indústria de gás no mundo vive".
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