Valor - SP 17/09/2024
O avanço do aço chinês afetou a indústria siderúrgica global, mas a Gerdau estava preparada para enfrentar períodos de crise
Os bons manuais de administração costumam trazer a recomendação, nem sempre seguida, de preparar as empresas para os momentos de crise, que são recorrentes. Foi o que fizeram os gestores da Gerdau. “A indústria siderúrgica global passa por um momento muito difícil, que estamos superando na Gerdau sem sustos em nosso balanço financeiro”, diz Gustavo Werneck, CEO da empresa.
Com receita líquida de R$ 68,9 bilhões em 2023, uma margem Ebitda de 19,6% e uma alavancagem financeira sobre o Ebitda de 0,41 ponto, a Gerdau se estabeleceu como a líder do setor de metalurgia e siderurgia do ranking Valor 1000. “Temos uma boa rentabilidade e um baixo endividamento, nosso balanço está muito saudável”, diz Werneck.
O bom desempenho foi obtido em meio a um cenário adverso em que a China inundou o mercado internacional com seu excedente produtivo de aço, estimado em mais de 100 milhões de toneladas em 2023. Países europeus, os Estados Unidos e o México rapidamente adotaram políticas de defesa comercial. No Brasil, passou a vigorar em junho deste ano um sistema de cotas para o aço importado.
De acordo com o Instituto Aço Brasil, nos 12 meses terminados em junho, as importações de aço no Brasil foram 66% superiores à média histórica, totalizando 4,8 milhões de toneladas. “Enfrentamos uma concorrência predatória, com o aço chinês sendo vendido no Brasil com preço abaixo de seu custo de produção”, diz Marco Polo de Mello Lopes, presidente do instituto.
Companhia está investindo R$ 6 bilhões no Brasil em 2024 – em expansão, manutenção e atualização tecnológica — Foto: Julio Bittencourt// Valor
Várias siderúrgicas no país reestruturam suas atividades para absorver o impacto da concorrência chinesa. A Gerdau optou por hibernar duas usinas: Barão de Cocais, em Minas Gerais, e a Cearense, na região metropolitana de Fortaleza. “Reduzimos custos, concentrando as atividades nas unidades mais produtivas”, diz Werneck.
Para o executivo, ainda é muito cedo para avaliar o sucesso da política de cotas adotadas no Brasil, que estabelece uma tarifa extra de 25% para as importações de 11 tipos diferentes de aço, quando o volume importado superar em 30% a média das compras realizadas entre 2020 e 2022. “Os primeiros sinais são positivos, a movimentação dos importadores está menos agressiva, mas só com o tempo poderemos entender qual vai ser o real impacto da medida”, afirma.
A Gerdau começou a se preparar para enfrentar cenários turbulentos, como o atual, em 2015. Naquele momento, a companhia atuava em 13 países e somava uma capacidade produtiva de 20 milhões de toneladas por ano. A visão de negócio que prevalecia então era expandir volumes e ganhar escala. A mudança veio com a decisão de enxugar as atividades em busca de maior rentabilidade.
Hoje a companhia está em sete países das Américas, sendo as principais operações no Brasil, nos Estados Unidos e no México. A capacidade total agora soma 12 milhões de toneladas por ano.
Os últimos dois desinvestimentos ocorreram em janeiro deste ano, com a venda das operações de aços longos na Colômbia e na República Dominicana. “Agora temos uma boa estrutura financeira e estamos prontos para voltar a crescer nos sete países que escolhemos como prioritários”, diz Werneck.
Os estudos para uma nova unidade no México já estão adiantados. A Gerdau já possui três usinas de aços longos naquele país, agora planeja uma planta “greenfield” (construída do zero) de aços especiais que atenderá o crescente mercado automotivo local, estimulado pelo movimento de “nearshoring” nos Estados Unidos, que busca fornecedores em países próximos, reduzindo sua dependência de sistemas produtivos na Ásia.
“O México se transformará em uma grande plataforma do negócio automotivo para os Estados Unidos. Atualmente o México consome 1,2 milhão de toneladas por ano de aços especiais, sendo que 70% desse volume é abastecido com importações”, diz Werneck. “Nada mais natural do que a gente estudar a implementação de uma nova usina para atender essa demanda no país.” A decisão final sobre a unidade mexicana deverá ocorrer em dezembro. Por ora, a estimativa é que a nova usina, se confirmada, deverá ter uma capacidade produtiva na casa de 500 mil toneladas anuais.
“A indústria siderúrgica global passa por um momento muito difícil, que estamos superando na Gerdau sem sustos em nosso balanço financeiro”, diz Gustavo Werneck, CEO da empresa — Foto: Julio Bittencourt// Valor
No Brasil, a Gerdau está investindo R$ 6 bilhões em 2024, voltados à manutenção, expansão e atualização tecnológica de suas operações. O maior investimento, de R$ 3,2 bilhões, é em uma unidade de produção de minério de ferro na mina de Miguel Burnier, distrito de Ouro Preto (MG), com capacidade anual de 5,5 milhões de toneladas de minério com alto teor de ferro, que está prevista para entrar em operação no fim de 2025. Toda a produção será para consumo próprio da siderúrgica. “Será uma plataforma de mineração ambientalmente sustentável”, diz Werneck. A unidade não terá uma barragem de resíduos, uma vez que adotará a técnica de empilhamento a seco dos rejeitos. Um mineroduto levará o minério até a usina siderúrgica do grupo em Ouro Branco (MG). “O mineroduto vai evitar o trânsito diário de 400 caminhões nas estradas de Minas Gerais, reduzindo as emissões de gases estufa na atmosfera e também os riscos de acidentes”, afirma o executivo.
A usina de Ouro Branco, a maior da Gerdau, está no centro da estratégia de expansão da companhia no país. A unidade tem capacidade instalada de 4,5 milhões de toneladas de aço líquido por ano em seus altos-fornos. Inicialmente a usina produzia apenas aços longos. Em 2013, a companhia instalou um laminador de bobinas a quente, marcando a entrada da Gerdau na produção de aços planos no Brasil.
No momento, a companhia executa a instalação de um novo laminador de bobinas a quente com capacidade de 250 mil toneladas por ano, que está previsto para entrar em operação ainda em 2024. “Já estudamos uma terceira fase de expansão da usina, mas os planos ainda não estão maduros”, diz Werneck.
A companhia também faz planos para uma ampliação gradual de sua capacidade produtiva nos Estados Unidos. O executivo, por ora, prefere não detalhar as ações previstas. “Há um grande interesse nos Estados Unidos por energia renovável, o que gerou um aumento do consumo de aço para a construção de estruturas de painéis solares, por exemplo. Vamos estar preparados para atender à demanda”, afirma Werneck.
A Gerdau também está investindo em energia renovável para reduzir a pegada de carbono de suas operações. Em junho, inaugurou um parque de energia fotovoltaica ao lado de sua usina em Midlothian, Texas (Estados Unidos), com capacidade de 80 megawatts (MW), que reduzirá em 65 mil toneladas anuais as emissões de CO2 da unidade.
No Brasil, a Gerdau, em parceria com a Newave Energia, está investindo R$ 1,5 bilhão em um parque solar em Arinos (MG), com capacidade de 420 MW. A previsão é iniciar a operação ainda em 2024 e destinar 30% da energia à produção de aço da Gerdau, proporcionando uma redução de emissões estimada em até 22 mil toneladas de CO2 por ano.
O Estado de S.Paulo - SP 17/09/2024
O que está acontecendo na economia brasileira? O economista global do Citi, Robert Sockin, tem se feito essa pergunta diante das surpresas de crescimento do País, mas ainda não tem a resposta. Ele pensa que o cenário, no entanto, indica que a economia do Brasil é capaz de crescer com uma taxa de juros mais alta. “Esperamos vários aumentos de taxas nos próximos meses por parte do Banco Central do Brasil, provavelmente algo em torno de 100 pontos base no total (1 ponto porcentual)”, afirmou Sockin, em entrevista ao Estadão. “Parece que a economia simplesmente tem uma taxa de juros natural mais alta. Parece que o País tem sido capaz de crescer com taxas de juros muito altas, o que sugere que, para moderar a economia, as taxas de juros provavelmente terão de ser mais altas, o que é bastante impressionante”, afirmou.
A alta nos juros esperada no Brasil, segundo ele, será uma exceção ao que se vê em outros lugares do mundo. Nos países desenvolvidos, o economista diz que há um deslocamento da preocupação dos bancos centrais, antes voltada para a inflação, para a desaceleração do crescimento. “Estamos no meio de um ciclo de corte de taxas globais, e acho que isso é porque o risco de queda do crescimento aumentou e o risco de alta da inflação diminuiu”, afirma.
Segundo ele, outros países emergentes tendem a cortar também os juros conforme o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) liderar esse movimento. Ele espera um corte de 0,25 ponto porcentual na taxa de juros americana na reunião do Fed desta semana.
Nesta entrevista ao Estadão, Sockin fala sobre a perspectiva da economia dos EUA e como eleições nos EUA podem afetar o trabalho do Fed e, por consequência, os juros.
Como o sr. descreveria o estado atual da economia dos Estados Unidos?
É um ambiente muito desafiador, porque estamos em um ponto de inflexão, e é difícil avaliar quão grande é a inflexão desse ponto, e se a economia está moderando para uma aterrissagem suave, ou se está desacelerando para algo mais grave, um tipo de cenário de recessão. Se você comparar com o ano anterior ao segundo semestre do ano passado e ao primeiro semestre deste ano, a economia estava crescendo muito acima da tendência. E agora os dados do terceiro trimestre surpreenderam em grande parte para o lado negativo. Assim, passamos de um período de surpresas positivas para um período de dados decepcionantes, na sua maior parte, no terceiro trimestre. Agora pode ser que os dados sejam decepcionantes porque as expectativas eram muito altas, porque a economia estava tão forte, algumas pessoas pensaram que isso continuaria e estamos obtendo uma moderação maior do que o esperado. Em termos do quadro geral, eu diria por mim mesmo que o risco de recessão aumentou, ao longo deste trimestre. Se você falasse comigo há alguns meses, eu diria que o risco de recessão era muito baixo. Atualmente, aposto em algo como 30% a 35%. Então é elevado, mas ainda acho que estamos naquele campo de pouso suave.
E, diante desse cenário, qual sua expectativa para a próxima reunião do Fed? (O Citi acredita que haverá corte na reunião de setembro de 0,25 ponto)
A defesa do (corte de) 0,50 ponto é muito difícil, porque 0,50 é uma espécie de movimento emergencial, e não parece que a economia esteja em estado de emergência com esses dados. Se olharmos para todos os outros bancos centrais em todo o mundo, nos mercados desenvolvidos, Banco do Canadá, Banco da Inglaterra, BCE, todos eles têm sido muito graduais nos seus ciclos de flexibilização. Quero dizer, o BCE cortou uma vez, depois fez uma pausa e todos avançaram com movimentos de 25 pontos base. Acredito que o Fed realmente quer ir para (um corte de) 0,25 ponto, que eles provavelmente continuarão de forma bastante gradual.
Qual o cenário para os investimentos nos mercados emergentes, tendo por base essa expectativa para o Fed?
Os mercados emergentes resistiram extremamente bem neste ciclo. Tivemos um crescimento agregado de 4% no ano passado e um crescimento agregado de cerca de 4% este ano, então não estamos vendo nenhum tipo de desaceleração agregada nos mercados emergentes. Agora, há alguma mudança na composição. O México desacelerou um pouco. Algumas das economias do Leste Asiático recuperam um pouco, mas, no geral, há um quadro bastante resiliente. Os mercados emergentes iniciaram os seus ciclos de redução de taxas de juros mais cedo do que os mercados desenvolvidos, mas muitos deles foram menos agressivos do que o inicialmente esperado. O México é um grande exemplo. Eles cortaram no primeiro trimestre, pensamos que iriam fazer um ciclo de flexibilização bastante contínuo, e então fizeram uma pausa durante grande parte deste ano e fizeram seu segundo corte recentemente. Outros mercados emergentes também. Parte disso se deve a fatores internos.
Nos serviços, a inflação se revelou globalmente mais rígida do que inicialmente esperado, e penso que isso levou à cautela em muitos cálculos dos bancos centrais. No entanto, penso que estamos chegando em um ponto em que esses riscos têm diminuído. Embora isso ainda seja uma preocupação, é menos preocupante do que era há alguns trimestres.
O segundo fator, porém, e este é um grande debate, é sobre para onde vão os fluxos de investidores. Temos um debate acalorado dentro da equipa econômica sobre isto. Penso que os mercados emergentes estão limitados em quanto podem cortar de juros, tendo em conta o que o Fed tem feito. O Fed acabou cortando muito menos do que o esperado. E os emergentes, em parte, estão ligados a isso, e só podem desviar-se até certo ponto do Fed sem arriscar grandes movimentos nas suas taxas de câmbio. Penso que, quando o Fed começar a cortar as taxas, isso poderá abrir a porta para os mercados emergentes começarem a flexibilizar novamente a política (monetária). O Brasil está indo na direção oposta, mas, de modo geral, acho que assim que os mercados desenvolvidos começarem a cortar as taxas mais rapidamente, isso poderá abrir a porta para uma segunda etapa de cortes nas taxas de juros.
Qual sua leitura sobre o panorama econômico brasileiro?
Excluindo a China, os mercados emergentes demonstraram uma resiliência bastante notável. E até a China, até certo ponto, ao longo do ciclo. Os bancos centrais reconheceram a inflação mais cedo, começaram a apertar mais cedo.
Mas, em geral, parece haver algum tipo de mudança nos motores de crescimento destas economias emergentes e muitas delas tiveram um desempenho melhor do que o esperado. E o Brasil é uma história notável. Ainda estamos debatendo sobre os impulsionadores disso, há um crescimento muito mais forte do que esperávamos no primeiro semestre, e principalmente no segundo trimestre. Então há um ambiente interessante.
Esperamos vários aumentos de taxas nos próximos meses por parte do Banco Central do Brasil, provavelmente algo em torno de 100 pontos base no total. Mas a questão mais profunda é: o que está acontecendo na economia? Parece que a economia simplesmente tem uma taxa de juros natural mais alta. Parece que o País tem sido capaz de crescer com taxas de juros muito altas, o que sugere que, para moderar a economia, as taxas de juros provavelmente terão de ser mais altas, o que é bastante impressionante.
O que realmente surpreende no segundo trimestre é que não foi apenas o setor de serviços (que cresceu). O setor de serviços têm sido um impulsionador do crescimento durante grande parte do ciclo, não apenas no Brasil, mas em outras economias. Mas o setor industrial também teve um bom desempenho no Brasil. Uma história que estamos ouvindo - e não tenho tanta certeza se o Brasil é um grande beneficiário disso - é que alguns dos setores manufatureiros na Ásia estão relativamente bem agora. Parte dessa história é que os mercados emergentes estão se beneficiando de uma rotação longe da China, da saída da produção da China, e também da demanda para as economias do Leste Asiático. Talvez o Brasil esteja recebendo um pouco dessa história do lado industrial, sobre a qual não tenho tanta certeza. Mas, seja o que for, o Brasil está muito mais forte do que o esperado. E acho que o Fed vai cortar juros e o Banco Central do Brasil vai aumentar juros.
O sr. disse que há uma preocupação menor com a inflação agora. Isso é algo disseminado? A preocupação nos EUA e em outros países se deslocou da inflação para a desaceleração do crescimento?
Penso que estamos no meio de um ciclo global completo de redução das taxas, e penso que em parte isso se deve ao risco negativo para o crescimento ter aumentado e o risco para a inflação ter diminuído. Se voltarmos ao início deste ano, o risco ascendente para a inflação ainda estava presente. As economias ainda eram resilientes, mas vimos na área do euro, por exemplo, mencionei também os EUA, muito mais surpresas negativas nos dados, muito mais preocupações sobre o risco de diminuição do crescimento e, ao mesmo tempo, penso eu, menos preocupação sobre o risco da inflação.
Não estou dizendo que todo o risco de inflação desapareceu, mas penso que a mudança é muito interessante, mais no sentido das preocupações com o crescimento do que das preocupações com a inflação. Em todos os bancos centrais, nos mercados desenvolvidos, você vai conseguir um ciclo de flexibilização bastante consistente nos próximos trimestres, então as taxas serão muito mais baixas daqui a seis meses, um ano, do que são agora, com o Brasil sendo uma exceção, como dissemos.
Sobre os EUA, o sentimento dos americanos sobre a economia não tem sido tão positivo quanto os dados. O que explica isso?
Eu estava conversando com algumas pessoas ontem à noite em um evento e alguém me disse: “Nos EUA o sentimento tem sido tão ruim que parece que o país está em recessão há um ano”. E eu disse a ele: “Não, na verdade, se você olhar para os números reais do PIB, estamos crescendo muito acima do crescimento potencial durante esse período. Portanto, não só não é uma recessão como é um crescimento muito forte”.
Há definitivamente essa sensação de que o tipo de vibração, a confiança e as opiniões têm sido muito diferentes do que está acontecendo. Grande parte disso é devido ao fato de que há sempre um enorme elemento político nessas pesquisas e os EUA vivem um debate político muito intenso. Por exemplo, em algumas pesquisas de confiança do consumidor, quando um democrata está no cargo de presidente, a confiança dos democratas é alta, a dos republicanos é muito baixa, e vice-versa quando os republicanos estão no cargo.
Mas penso, de forma mais ampla, que o que realmente aconteceu é que as pessoas estão muito insatisfeitas com o nível dos preços e tomemos como exemplo a inflação dos alimentos. Os economistas dizem “a inflação dos alimentos voltou aos níveis anteriores à pandemia”, o que é verdade. Caiu significativamente. O problema, porém, é que tivemos um período de inflação muito alta. Portanto, o nível dos preços dos alimentos é cerca de 20% mais elevado. As pessoas vão ao supermercado e ficam chateadas com o quanto os preços dos alimentos estão altos em relação a onde estavam há vários anos. E mesmo que a renda tenha aumentado muito nesse período, ainda é um grande choque e tudo parece muito caro.
O que é interessante é que a confiança do consumidor tem sido um indicador muito fraco dos gastos do consumidor. Os consumidores dizem que estão muito insatisfeitos nos EUA, mas continuam a sair e a gastar. Então, algo mais está acontecendo, e eu realmente acho que tem a ver com o nível de preços, porque se você olhar para outros elementos, durante grande parte deste ciclo, o mercado de trabalho tem estado muito apertado, a renda tem sido alta. O patrimônio líquido das famílias nos EUA está muito acima dos níveis anteriores à pandemia. Portanto, os balanços das famílias estão saudáveis e os mercados de trabalho estão saudáveis. E então eu realmente acho que se resume ao nível de preços.
E uma área onde você tem visto mais estresse e as pessoas expressaram mais preocupação é em famílias de baixa renda nos EUA. Temos escrito muito sobre isso há alguns anos. À medida que esse segmento drena as economias que tinha durante a pandemia, você vê mais sinais de estresse, como inadimplência elevada de subprime, dívida crescente de cartão de crédito, e esse grupo em particular é atingido mais duramente por coisas como o aumento dos preços dos alimentos. Aí você vê um estresse real e genuíno. Enquanto o mercado de trabalho se mantiver um pouco forte, não creio que essas tensões irão piorar muito, especialmente à medida que as taxas de juro começarem a descer e a inflação continuar moderada, mas nesse espectro de renda se vê a maior preocupação.
As eleições nos EUA podem mudar o cenário que você prevê de ciclo de juros do Fed? Podem alterar o funcionamento do próprio Fed?
Não temos uma visão sobre quem vai ganhar, é uma disputa muito acirrada. O primeiro ponto que quero ressaltar é que, no início deste ano, vimos preocupações quando os mercados pensavam que Donald Trump iria ganhar com certeza, eles começaram a precificar as negociações de Trump, e baseavam-se em pressupostos de uma inflação mais elevada, de que Trump teria um déficit muito grande e talvez influenciasse o Fed.
Uma coisa que diria é que ainda acho que, sob qualquer um dos presidentes, o Fed permanecerá independente. Acho que se você olhar para o primeiro mandato de Trump, sim, ele tentou levar algumas pessoas para o Fed não tão qualificadas, mas há muitos freios e contrapesos no sistema dos EUA. E esses candidatos não passaram. E os candidatos que acabaram indo, a maioria das pessoas de ambos os lados diria que eram escolhas muito qualificadas. Embora ele tenha dito que o presidente deveria ter voz e participar do Fed, ainda acho que a independência provavelmente permanecerá consolidada sob a presidência de Trump. Sob este aspecto, estou um pouco mais preocupado se ele se tornar presidente do que se Kamala Harris vencer, mas ainda acho que o Fed permanecerá independente.
Sobre o segundo ponto: penso que o déficit continuará elevado sob ambas as presidências. O Gabinete de Orçamento do Congresso nos EUA projeta que os déficits serão superiores a 6% do PIB para os próximos 10 anos. Antes da pandemia, eram de 3,5% do PIB. Não creio que os políticos tenham muitos incentivos para reduzi-los, porque há um grande custo para o crescimento. E, os mercados até agora ainda estão engolindo tudo isso, toda essa dívida. Haverá diferenças nas políticas. Os republicanos de Trump tendem a gostar mais de fazer coisas no lado tributário, os democratas mais no lado dos gastos. Mas penso que estamos num mundo onde os déficits continuarão elevados e a dívida continuará a aumentar sob ambas as administrações.
Em termos do que isso pode significar para a política do Fed. Depende. Se os déficits crescerem ainda mais e isso tivesse um efeito de estímulo sobre a economia, significaria provavelmente que o Fed teria de agir de forma mais gradual, e pode significar menos cortes nas taxas de juros do que o esperado. Mas neste momento, como eu disse, não está muito claro qual caminho isso tomará. Depende da composição do Congresso e de qual presidente vencer as eleições. Então, meu cenário básico é que, sob qualquer presidente, o Fed continuará no mesmo caminho de cortes.
Para o lado internacional, acho que ambos os partidos continuarão a ser duros com a China. Se Trump se tornar presidente, potencialmente obteremos mais tarifas, e talvez mais tarifas sobre a China do que obteríamos sob Harris, e mais tarifas sobre outros países do que obteríamos sob Harris. Mas não creio que Harris vá remover as tarifas ou evitar usá-las, só será mais cirúrgica. Ambos os partidos terão uma postura pró-industrial Made in America. Eu não acho que isso vai desaparecer. As relações com os diferentes países irão variar. Os democratas estão muito mais preocupados em construir consenso, construir relacionamentos. A relação com a Europa será mais forte sob Harris. Trump tem uma relação muito mais controversa com a Europa. Vai variar bastante, mas acho que uma coisa certa é que a China tem um caminho difícil pela frente, independentemente de quem for eleito.
Globo Online - RJ 17/09/2024
Enquanto cresce a expectativa de que o Brasil finalmente anuncie sua adesão ao megaprojeto chinês de infraestrutura conhecido como a “Nova Rota da Seda” (NRS), um movimento paralelo ganha força discretamente em Pequim. Embalado pelo bom momento das relações bilaterais, o governo chinês tornou-se mais ativo no esforço de aproximar o Brasil de outra parceria, está com consequências econômicas bem mais concretas.
Trata-se de um acordo de livre comércio (ALC) Mercosul-China. A ideia circula há mais de uma década, mas ficou na geladeira devido à resistência de setores da indústria, sobretudo de Brasil e Argentina. Ocorre que a posição argentina mudou com a troca de governo em Buenos Aires, no fim do ano passado. Embora tenha manifestado antipatia tanto à China como ao Mercosul em sua campanha, o presidente Javier Milei é um ultraliberal na economia e gosta de acordos comerciais. Mesmo que seja com os “comunistas” de Pequim.
Isso deixou o Brasil exposto como o principal opositor da iniciativa no Mercosul. Talvez o único. Até o governo do Paraguai, que nem relações diplomáticas tem com a China, já declarou que está aberto a um ALC com o país asiático. A Bolívia, que aderiu ao Mercosul este ano, mantém relação estreita com a China. A mudança de ares na Argentina motivou o governo chinês a recolocar o ALC na pauta com o Brasil.
Segundo fontes próximas ao tema, é uma ação sutil e cautelosa, fiel ao estilo chinês de manter sangue frio e “paciência estratégica”. O cuidado de evitar movimentos bruscos é ainda maior por se tratar de uma região tida como esfera de influência dos Estados Unidos. Os novos ares também animam o Uruguai, maior defensor de um ALC Mercosul-China.
Cansado de esperar, o país decidiu abrir uma negociação com a China no ano passado, com vistas a um tratado bilateral. Mas apesar de bem recebido publicamente pelo governo chinês, a coisa não andou. Na verdade, o Uruguai é usado como uma espécie de “despertador” por Pequim para alertar o Brasil de que esta é uma janela de oportunidade que não ficará aberta para sempre, diz um diplomata com extensa milhagem no assunto.
Por que não ao menos tentar um acordo que poderia resultar na ampliação daquele que é, de longe, o maior mercado para as exportações brasileiras?, questiona o diplomata. Um estudo lançado há poucos dias pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) prevê que o ALC com a China traria ganhos de 1,43% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Obviamente, o grande beneficiado seria o agro, que tem na China seu principal mercado, enquanto a indústria sofreria perdas diante da competitividade da manufatura chinesa.
A principal mensagem do estudo, apontam seus autores, é que a discussão sobre um ALC com a China não pode se restringir apenas a questões comerciais. É preciso ter em mente uma ideia mais ampla dos possíveis ganhos, como a criação de cadeias de produção regionais. Mas isso demanda uma visão estratégica e capacidade de negociação.
Em junho, o tema só apareceu de forma breve nas minutas da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), reunida em Pequim. E só por insistência da China. Após o encontro, o vice-presidente Geraldo Alckmin disse que o acordo “não é uma decisão do Brasil”, mas do bloco. Com a mudança de atitude na Argentina, ficou mais difícil usar esse argumento para evitar o assunto.
IstoÉ Dinheiro - SP 17/09/2024
O mercado amplia a precificação majoritária de que o Federal Reserve (Fed) abrirá o ciclo de relaxamento monetário com um corte de 50 pontos-base nos juros na quarta-feira, 18, conforme indica a plataforma do CME Group que monitora o comportamento da curva futura.
Na manhã desta segunda-feira, 16, a ferramenta mostrava 59% de chance de os juros passarem do nível atual (de 5,25% a 5,50%) para o intervalo entre 4,75% e 5,00% esta semana, comparado com 41% de probabilidade de haver uma redução de 25 pontos-base. Na última sexta-feira, as duas hipóteses apareciam empatadas em 50%.
Para o acumulado do ano, o cenário mais provável é o de uma baixa de 125 pontos-base até dezembro (43,5%), enquanto a possibilidade de uma retração de 100 pontos-base perde força, agora em 30,6%.
Na semana passada, dados de inflação haviam consolidado a aposta de que o Fed optaria por um corte mais tímido de 25 pontos-base. No entanto, reportagens do The Wall Street Journal e do Financial Times sugeriram que ainda há dúvidas no Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) e, dessa forma, embaralharam o quadro traçado pela curva futura.
Infomoney - SP 17/09/2024
Quando o Federal Reserve realizar um corte na taxa de juros amplamente esperado na quarta-feira, o primeiro em quatro anos, a medida repercutirá muito além dos Estados Unidos.
O tamanho de um primeiro movimento e a escala do ciclo de afrouxamento monetário permanecem abertos para debate, enquanto a iminência da eleição presidencial nos EUA é outro fator complicador para investidores globais e analistas de juros que buscam uma orientação do Fed e têm expectativa de um pouso suave da economia.
“Ainda não sabemos que tipo de ciclo será esse – será como em 1995, quando houve apenas 75 pontos de cortes, ou em 2007-2008, quando houve 500 pontos?”, disse Kenneth Broux, chefe de pesquisa corporativa, câmbio e taxas do Société Générale.
Veja a seguir o que está em foco nos mercados mundiais:
1) SEGUIR O LÍDER
Na primavera (no hemisfério Norte), como a inflação dos EUA se mostrou mais rígida do que o esperado, investidores questionaram até que ponto outras autoridades monetárias, como o Banco Central Europeu ou o Banco do Canadá, poderiam cortar os juros se o Fed não se movimentasse neste ano, antes que suas moedas se enfraquecessem demais, elevando as pressões dos preços.
O início dos cortes nos EUA conforta as regiões com economias mais fracas do que a norte-americana.
Operadores aumentaram as apostas em reduções nos juros de outros bancos centrais, uma vez que as expectativas de corte pelo Fed cresceram recentemente.
No entanto, eles preveem menos reduções na Europa do que no Fed, com o BCE e o Banco da Inglaterra parecendo mais vigilantes em relação aos riscos de inflação remanescentes.
2) ESPAÇO PARA RESPIRAR
Juros mais baixos nos EUA poderiam fornecer aos bancos centrais de mercados emergentes mais espaço de manobra para afrouxarem sua política monetária, sustentando o crescimento doméstico.
Cerca de metade da amostra de 18 mercados emergentes monitorados pela Reuters já começou a cortar os juros neste ciclo, antecipando-se ao Fed, com os esforços concentrados na América Latina e na Europa emergente.
Mas a volatilidade e a incerteza em torno da eleição presidencial dos EUA obscurecem as perspectivas.
“A eleição dos EUA terá um impacto importante sobre isso porque, dependendo de várias políticas fiscais, ela realmente complica o ciclo de cortes”, disse Trang Nguyen, chefe global de estratégia de crédito para mercados emergentes do BNP Paribas. “Poderemos ver mais ações idiossincráticas entre os bancos centrais por conta disso.”
3) ALÍVIO PARA O DÓLAR?
As economias que esperam que os cortes de juros dos EUA enfraqueçam ainda mais o dólar, elevando suas moedas, podem ficar desapontadas.
O JPMorgan observa que o dólar se fortaleceu após um primeiro corte do Fed em três dos últimos quatro ciclos de afrouxamento.
A perspectiva do dólar será impulsionada em grande parte pela posição dos juros dos EUA em relação às demais.
A menos que o dólar se torne realmente de baixo rendimento, ele continuará mantendo seu apelo entre investidores de fora dos EUA.
4) BUSCA POR RISCO
Um avanço das ações globais, que recentemente despencaram devido a temores de recessão nos EUA, pode ser retomado se os juros mais baixos do Fed impulsionarem a atividade econômica e significarem que a contração será evitada.
“Sempre há uma oscilação no mercado em torno do primeiro corte, porque o mercado se pergunta por que os bancos centrais estão cortando”, disse Emmanuel Cau, chefe de estratégia de ações europeias do Barclays.
“Se houver um corte sem recessão, que é o roteiro do meio do ciclo, geralmente os mercados tendem a voltar a subir”, disse Cau, acrescentando que o banco favorece os setores que se beneficiam de juros mais baixos, como o imobiliário e o de serviços públicos.
5) HORA DE BRILHAR
Nas commodities, metais preciosos e básicos, como o cobre, devem se beneficiar dos cortes do Fed e, para este último, a perspectiva de demanda e um pouso suave são fundamentais.
Juros mais baixos e um dólar mais fraco, reduzindo não apenas o custo de oportunidade de manter os metais, mas também de comprá-los para aqueles que usam outras moedas, podem alimentar o impulso.
“Os juros elevados têm sido um obstáculo importante para os metais básicos, gerando uma distorção negativa significativa na demanda física devido à desestocagem e pesando sobre os segmentos de demanda final de capital intensivo”, disse Ehsan Khoman, do MUFG.
Globo Online - RJ 17/09/2024
Às vésperas da decisão do Banco Central do Brasil (BC) sobre o patamar da taxa básica de juros, a equipe econômica aposta na elevação da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom). O time do ministro Fernando Haddad acredita, no entanto, que a opção será por uma alta pequena, de 0.25 ponto percentual (p.p).
A projeção está em linha com o que espera a maior parte dos analistas do mercado financeiro. A diretoria do BC irá se reunir a partir de hoje e o anúncio sobre os juros será feito na quarta-feira. Se a aposta se confirmar, a taxa irá para 10,75% ao ano, retomando a trajetória ascendente, o que não ocorria desde 2022.
Integrantes do Ministério da Fazenda entendem que a alta no juros neste momento tornou-se inescapável diante dos últimos movimentos de membros do Copom. Na avaliação de parte do time de Haddad, houve uma comunicação excessiva do BC, o que levou o colegiado a ter de entregar algum aperto monetário, ainda que marginal.
Além da indicação da última ata do Copom, de que o BC não hesitaria em elevar os juros caso isso se mostrasse necessário, o diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, reforçou semanas depois que a alta da Selic estava "na mesa". Com isso, a alta da Selic entrou de vez no radar dos investidores e do time de Haddad.
O diagnóstico é que, de certa forma, se tornou uma “profecia autorrealizável”, já que as indicações pressionaram a curva de juros e a alta da Selic passou a ser vista até como uma forma de preservar a credibilidade das sinalizações do BC.
Apesar da deflação registrada em agosto, a surpresa recente com o crescimento da economia e a forte estiagem tendem a pressionar a inflação. O relatório Focus mostrou que os analistas ajustaram para cima o IPCA do ano. Ainda assim, apostam em 4,35%, dentro, portanto, do intervalo de tolerância da meta.
Para integrantes do time de Haddad, isso reforça que a alta da Selic só virá para ajustar as expectativas e deixá-la em linha com a comunicação do BC — e não necessariamente como resultado de uma necessidade evidente de alta de juros neste momento.
O argumento da Fazenda é que o mercado vem se alinhando às projeções do governo em relação ao resultado fiscal, o que mostraria que a equipe econômica está entregando sua parte no esforço para a contenção da inflação e, em consequência, dos juros.
Essa será a primeira reunião do Copom com Galípolo como escolhido para suceder Roberto Campos Neto no comando da autoridade monetária. A taxa básica de juros começou a cair em agosto de 2023, quando o BC a reduziu de 13,75% para 13,25% ao ano. Desde então, o comitê promoveu sucessivos cortes até decidir mantê-la em 10,5% em junho deste ano.
O Estado de S.Paulo - SP 17/09/2024
O projeto da desoneração da folha de pagamentos, aprovado pelo Congresso com o aval do governo, reforça as divergências entre Banco Central e Ministério da Fazenda sobre o tamanho do rombo fiscal. Num cenário já marcado pela incerteza com o rumo das contas públicas, especialistas alertam para a perda de transparência e credibilidade em relação ao resultado primário do País – que leva em conta o saldo entre receitas e despesas e serve de parâmetro para a verificação da meta fiscal.
O texto da desoneração, que ainda aguarda a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), permite que o Tesouro Nacional contabilize como receita primária – ou seja, computada para a meta – os valores esquecidos por pessoas físicas e jurídicas em contas de instituições financeiras, como bancos, corretoras e cooperativas. Serão R$ 8,6 bilhões a mais no cofre do governo, um valor que não será considerado pelo BC no seu cálculo de resultado primário. Pelo arcabouço fiscal, porém, a verificação da meta é atribuição do Banco Central.
BC e Tesouro sempre tiveram metodologias distintas para aferir esse resultado. A grande questão é que essa diferença deixou de ser residual e se aprofundou. No acumulado em 12 meses até julho, o rombo calculado pelo BC é superior em R$ 39,7 bilhões ao verificado pela Fazenda. Em valores corrigidos pela inflação, essa discrepância chega a R$ 41,1 bilhões – a maior diferença da história, segundo levantamento do economista-chefe da Tullett Prebon Brasil, Fernando Montero. Procurado, o Tesouro não se manifestou.
Boa parte dessa divergência é explicada pelos R$ 26 bilhões deixados por trabalhadores nas cotas do PIS/Pasep, os quais foram incorporados pelo Tesouro em setembro do ano passado.
Na ocasião, o governo contabilizou essa cifra no resultado primário, melhorando o dado fiscal de 2023. Isso ocorreu com o respaldo do Congresso, por meio da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, aprovada no fim de 2022. Esses valores, no entanto, não foram computados como receita primária pelo BC, levando a uma diferença expressiva nos números apurados pelos dois órgãos.
A diferença de quase R$ 40 bilhões ainda inclui cerca de R$ 8 bilhões de ajuste metodológico em relação às compensações aos Estados pela redução do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) e discrepâncias estatísticas mensais – que sempre existiram.
“Cria um problema grande de apuração (da meta) e de credibilidade sobre o conjunto de regras fiscais que a gente tem”, diz Gabriel Barros, economista-chefe da ARX Investimentos e ex-diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão atrelado ao Senado Federal.
O resultado primário é apurado com base na diferença entre receitas e despesas, sem considerar os juros da dívida pública. Ou seja, é o número que determina se o governo fechou o ano no azul ou no vermelho e se cumpriu ou não a meta estabelecida pela equipe econômica.
“O (resultado) primário serve para avaliar como está sendo o desempenho da administração pública para conseguir reduzir a sua dívida a partir da política fiscal, se (ela) está sendo expansionista demais, contracionista demais, se está investindo nos lugares certos”, ressalta João Pedro Leme, analista da consultoria Tendências.
Mais do que reforçar a incerteza em relação às contas públicas, o que chama a atenção dos analistas é que a Fazenda, ao sustentar o seu número de primário, vai na contramão do que diz a lei do arcabouço fiscal, de que o cálculo da meta é de responsabilidade do BC. Isso, avaliam os especialistas, pode trazer o Tribunal de Contas da União (TCU) para o centro do debate, com o objetivo de arbitrar a questão.
“Fica uma dúvida gigante. Ninguém sabe como vai ser apurado (o resultado primário). Certamente, o TCU vai ter de entrar na jogada. Criaram um imbróglio jurídico, de como vai ser feita a apuração. O arcabouço diz claramente que o cumprimento é feito pelo dado divulgado pelo BC”, afirma Barros.
Questionado pelo Estadão, o TCU informou que ainda não “examinou formalmente” a aprovação do projeto de lei da desoneração, mas ponderou que a questão “poderá ser analisada futuramente, seja por provocação ou por iniciativa do tribunal durante os trabalhos de acompanhamento da gestão fiscal”.
A corte diz, ainda, que se preocupa em garantir não apenas o cumprimento da legislação vigente, “mas também a adoção das boas práticas de contabilidade pública e de estatísticas fiscais, conforme padrões internacionalmente aceitos”. E que, caso necessário, adotará os procedimentos para informar a questão ao Congresso Nacional e ao Poder Executivo.
Com o transcorrer dos meses, o valor de R$ 26,6 bilhões originário do Pis/Pasep sairá do montante acumulado em 12 meses, uma vez que foi computado em setembro passado, e a discrepância entre Tesouro e BC tende a diminuir. Novos valores, porém, devem voltar a elevar essa diferença, como é o caso dos recursos esquecidos nas instituições financeiras.
Na véspera da aprovação do projeto da desoneração na Câmara, o BC enviou uma nota técnica aos deputados esclarecendo que a incorporação desse montante bilionário no cálculo primário das contas públicas estava “em claro desacordo com sua metodologia estatística”. Pressionados, os parlamentares aprovaram uma nova redação para o texto, que desobriga o BC de computar esse valor.
Mesmo assim, o projeto autoriza o Tesouro a considerar esses montantes na conta e vai além: diz que eles serão “considerados para fins de verificação do cumprimento da meta”. Procurado para se manifestar no contexto dessa reportagem, o BC não respondeu ao contato até a data da publicação.
“É uma decisão esdrúxula. O BC não vai contabilizar como primário, mas o Tesouro vai e o que contará, para a meta, será o dado do Tesouro. Claramente um gol de mão sem direito a VAR”, afirma Marcos Mendes, pesquisador do Insper.
Mendes também avalia que a medida, em si, é questionável. “Está tirando recursos privados (esquecidos nas contas), que têm dono, e transferindo ao Tesouro de uma forma que me parece açodada. Parece um movimento de quebrar todos os cofrinhos que estão disponíveis para fechar a conta”, diz.
Em busca da meta
A preocupação do governo com o valor computado para fins de cumprimento da meta fiscal não é uma mera formalidade. Esse número será determinante para a equipe econômica saber o quanto terá de dinheiro para gastar em 2026, ano de eleição presidencial.
O governo se comprometeu com uma meta de déficit zero em 2024 e 2025, e disse que alcançaria um superávit de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2026.
Se descumprir o objetivo, o Planalto será obrigado a acionar uma série de gatilhos de corte de despesas no último ano de mandato, às vésperas do pleito presidencial. É essa conta que está sendo feita pelas alas política e econômica do governo, em meio a manobras no Congresso e sob o escrutínio do mercado financeiro.
O Estado de S.Paulo - SP 17/09/2024
A mediana do relatório Focus para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2024 subiu pela nona semana consecutiva, de 4,30% para 4,35%, aproximando-se ainda mais do teto da meta, de 4,50%. Um mês antes, estava em 4,22%. Nos últimos cinco dias úteis, 116 instituições revisaram as estimativas de IPCA e, nessa base, a mediana seguiu em 4,37%.
A mediana para o IPCA de 2025 passou de 3,92% para 3,95%, de 3,91% um mês antes. Considerando apenas as 116 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 4% para 3,97%.
No último ciclo de comunicações, o Comitê de Política Monetária (Copom) informou que considera o primeiro trimestre de 2026 como o seu horizonte relevante. O colegiado espera que a inflação acumulada em 12 meses atinja 3,4% no período, no cenário de referência, ou 3,2%, no cenário com a Selic estável em 10,5%.
O Banco Central espera inflação de 4,2% este ano e de 3,6% no ano que vem, no cenário de referência. No cenário alternativo, projeta IPCA de 4,2% em 2024 e 3,4% em 2025.
As medianas para os horizontes mais longos também se mantiveram descoladas do centro da meta. Para 2026, oscilou de 3,60% para 3,61% após 14 semanas de estabilidade. Para 2027, seguiu em 3,50% pela 63ª semana consecutiva.
Crescimento do PIB
A mediana para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2024 saltou de 2,68% para 2,96%. Há um mês era de 2,23%. Considerando apenas as 81 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa intermediária para o crescimento do PIB de 2024 seguiu em 3%.
A mediana do relatório Focus para a alta do PIB de 2025 seguiu em 1,90%. Quatro semanas antes, estava em 1,89%. Considerando só as 81 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 1,88% para 1,90%.
Os economistas do mercado não alteraram as projeções de crescimento da economia em 2026 e 2027. Ambas permaneceram em 2%, como já estão há 58 e 60 semanas, respectivamente.
A última estimativa divulgada pelo BC, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho, indicava crescimento de 2,3% para o PIB brasileiro este ano. O Ministério da Fazenda espera que o PIB brasileiro cresça 3,2% em 2024, de acordo com revisão publicada na última sexta-feira, 13.
Dólar a R$ 5,40
A mediana para o dólar no fim de 2024 oscilou de R$ 5,35 para R$ 5,40, de R$ 5,31 um mês antes. A estimativa intermediária para o fim de 2025 passou de R$ 5,30 para R$ 5,35, ante R$ 5,30 de quatro semanas atrás.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o Banco Central espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
Selic segue em 11,25%
Depois da forte correção na semana passada, a mediana do relatório Focus para a taxa Selic no fim de 2024 continuou em 11,25% ao ano. Um mês antes, estava em 10,50%. O Copom do Banco Central se reúne nesta semana.
Já a projeção para a Selic no fim de 2025 passou de 10,25% para 10,50% ao ano. Há quatro semanas, estava em 10%.
Considerando apenas as 107 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para a taxa Selic no fim de 2024 continuou em 11,25%. A estimativa intermediária para os juros no fim de 2025 seguiu em 10,50%, também incorporando apenas as 106 atualizações da semana passada.
Os analistas de mercado mantiveram a mediana das expectativas para a Selic em 2026 em 9,50%. Um mês atrás, era de 9%. A Focus também traz a continuidade da projeção de 9% em 2027, mesmo patamar das últimas 17 semanas.
Valor - SP 17/09/2024
Empresa australiana vê cenário positivo para minério de ferro e para potássio no Brasil
Carla Wilson, da BHP, diz que companhia, que é acionista da Samarco, está otimista de que um acordo sobre tragédia de Mariana será alcançado em breve — Foto: Divulgação
Em um cenário global de disputa pelos depósitos de cobre, devido à alta demanda para uso em veículos elétricos, baterias e redes de transmissão de energia, a australiana BHP segue com apetite por aquisições, inclusive na América Latina, de acordo com Carla Wilson, gerente-geral da BHP Brasil. A companhia tem como foco atual investir principalmente em minerais críticos, voltados para atender à procura relacionada à transição energética e à segurança alimentar, como cobre e potássio. A empresa também vê cenário positivo no Brasil para potássio e minério de ferro.
No fim de julho, a BHP anunciou a formação de uma joint venture com a Lundin Mining para adquirir conjuntamente a canadense Filo por US$ 2,96 bilhões e formar uma parceria para manter o projeto Josemaria da Lundin Mining, de cobre e em estágio avançado, e o projeto Filo del Sol, um dos maiores depósitos não desenvolvidos de cobre, ouro e prata do mundo, ambos na Argentina.
“A joint venture se alinha à estratégia da BHP de adquirir ativos de cobre em estágio inicial atraentes, junto com parceiros estratégicos. Essa foi uma aquisição muito importante para a BHP em termos de perspectiva de crescimento futuro”, afirmou a executiva ao Valor.
Brasil é relevante em termos de potenciais transações futuras”
— Carla Wilson
Sobre a possibilidade de fazer novas aquisições na América Latina, Wilson disse que a companhia segue de olho em oportunidades. “A BHP está continuamente avaliando oportunidades de aquisição em qualquer país onde atuamos. O Brasil é uma jurisdição muito importante em termos de potenciais transações futuras de fusão e aquisição”, disse.
A companhia concluiu em 2023 a compra da Oz Minerals, que tinha operações de ouro e de cobre no Brasil. Na semana passada, anunciou a venda dos ativos de ouro no país. “Foi o resultado de uma revisão estratégica realizada pela BHP. O ouro não é um dos minerais em que estamos focados. Acreditamos que esses ativos serão melhor mantidos por uma empresa especializada em metais preciosos”, afirmou a gerente-geral.
Nas Américas, o maior investimento em execução pela BHP é o projeto de potássio Jansen, no Canadá, com aportes de US$ 5,7 bilhões na primeira fase da operação. A unidade deve entrar em produção em 2026 e terá capacidade de 4,2 milhões de toneladas de potássio por ano. A BHP prevê uma segunda fase de investimentos, de US$ 4,9 bilhões, para dobrar essa capacidade.
“Quanto estiver com a produção totalmente acelerada, será uma das maiores minas de potássio do mundo. Deve fornecer 10% do suprimento global de potássio. Obviamente, dada a dependência do Brasil em fertilizantes, esperamos que o país seja um dos três principais mercados para a operação de potássio da BHP no futuro”, afirmou a executiva.
Wilson acrescentou que a empresa começou a construir relacionamentos para atender a clientes no longo prazo no país. Ainda não está definido como será feita a distribuição local do potássio.
A empresa atua diretamente no Brasil com a operação de cobre e também na área de minério de ferro, por meio da joint venture que mantém com a Vale na Samarco. A executiva demonstrou otimismo em relação à operação de minério de ferro.
A Samarco anunciou recentemente que vai começar 2025 produzindo 60% do volume de pelotas de minério que produzia antes do rompimento da barragem de Mariana (MG), em 2015. A empresa voltou a operar em 2020, hoje com 30% da capacidade instalada. A Samarco estima produzir 9 milhões de toneladas neste ano. “No próximo ano, veremos a Samarco dobrando a produção, o que é realmente ótimo”, disse Wilson.
Em relação às negociações com o governo federal e os governos de Minas Gerais e Espírito Santo para a repactuação do acordo de Mariana, Wilson disse que as equipes das empresas e dos governos estão em Brasília há várias semanas para avançar no tema, mas ainda não há um acordo final em termos de valor.
Em 2015, o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), que pertencia à Samarco, causou a morte de 19 pessoas e um desastre ambiental sem precedentes no país.
A proposta original feita pelas mineradoras Vale, BHP e Samarco era de R$ 72 bilhões, mas não foi aceita pelas autoridades. Na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), disse que a renegociação deve atingir R$ 167 bilhões, sendo R$ 100 bilhões em repasses diretos para União, Estados e municípios.
“Estamos otimistas de que um acordo será alcançado em breve. Da perspectiva da BHP e também da Samarco e da Vale, estamos 100% comprometidos em chegar a uma solução que ofereça compensação completa e justa às pessoas afetadas e ao meio ambiente”, afirmou Wilson.
Sobre a ação movida no Reino Unido pelo escritório Pogust Goodhead, representando 700 mil vítimas do rompimento da barragem, que começa a ser julgada em outubro, Wilson disse acreditar que o Brasil tem a jurisdição apropriada para resolver problemas relacionados à reparação.
“Não acreditamos que o Reino Unido seja a jurisdição certa e também não acreditamos que o Reino Unido deva resolver ou dar às pessoas acesso a uma solução mais rápida. Mesmo que o caso do Reino Unido seja mantido, há uma série de outras etapas no processo. Isso significa que levará muitos anos para que as pessoas recebam qualquer compensação”, afirmou a executiva.
De acordo com a BHP, mais de R$ 37 bilhões já foram utilizados em ações de reparação e indenização, sendo R$ 17,5 bilhões pagos diretamente a 430 mil pessoas afetadas. A companhia também informou que mais de 90% dos reassentamentos já foram concluídos.
Sobre a possibilidade de uma nova oferta pela Anglo American, a empresa não quis comentar. No fim de abril, a BHP ofereceu US$ 39 bilhões pelos ativos da Anglo American, proposta recusada pela rival, e elevou a oferta para US$ 43 bilhões, recebendo nova negativa. A BHP indicou que elevaria o preço a US$ 49 bilhões, mas se retirou das conversas antes de fazer proposta firme. A empresa tem a opção de apresentar nova oferta pela concorrente em novembro deste ano.
Revista Mineração - SP 17/09/2024
Em um contexto atual no qual as micro e pequenas empresas respondem por cerca de 90% do setor mineral do Brasil, o Sebrae e o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) firmaram um convênio de cooperação para promover o fortalecimento e a competitividade desses pequenos negócios.
A parceria foi apresentada durante a Expo & Congresso Brasileiro de Mineração (Exposibram), em Belo Horizonte (MG). Na ocasião, a APEXBrasil integrou a estratégia e ficará responsável pela internacionalização dos pequenos negócios deste setor.
“Abraçar o processo da mineração no país é dar oportunidade, qualificação, qualidade e fazer com que esse setor realmente possa contribuir com um conceito que não tem mais volta no mundo: o da sustentabilidade e fazer uma economia que respeite a natureza, com inovação e tecnologia, com isso produzir resultados. O Brasil está vivendo um momento sem igual na sua história. E este acordo é parte deste processo”, afirmou o presidente do Sebrae, Décio Lima.
O diretor presidente do Ibram, Raul Jungmann, destacou que atualmente são 230 filiados ao instituto, que respondem por aproximadamente 85% da produção mineral brasileira. Ele considera o convênio estratégico, uma vez que há ainda cerca de 9 mil mineradoras com potencial de expansão.
“Essas mineradoras têm um potencial enorme, mas precisam de governança, de informações, de treinamento, elas precisam se tornar mais e mais competitivas. O Sebrae tem essa capilaridade e a competência necessária. Isso significa um reforço extraordinário para que o Brasil reduza a simetria entre a sua potencialidade mineral e a sua efetividade mineral”, salientou.
Décio Lima falou ainda sobre a retomada econômica do Brasil e o protagonismo internacional que o país está vivendo e como esses fatos refletem no aumento do nosso Produto Interno Bruto (PIB).
“O Brasil vive uma empregabilidade quase plena, a economia mostra os elementos que realmente se traduziram em conceitos que nós não podemos mais negligenciar. O setor da mineração sustentável, inovado, vai gerar ainda mais inclusão social e renda para o nosso povo”, concluiu.
Exame - SP 17/09/2024
A Agência Nacional de Mineração (ANM) disse, nesta segunda-feira, 16, que acompanha a situação na barragem Forquilha III, da Vale, em Ouro Preto, após a formação de trincas na estrutura ter sido identificada na última sexta-feira.
Segundo a ANM, não foram identificadas alterações no comportamento da barragem até o momento. “Após a identificação de três trincas longitudinais, técnicos da ANM realizaram uma inspeção presencial no local. As fissuras, a princípio, parecem ser superficiais, contudo, a Vale será responsável por injetar cal nas trincas para determinar a profundidade”, disse o órgão por meio de nota.
A ANM afirma ter exigido da Vale a intensificação do monitoramento da barragem e a entrega de relatórios diários sobre as condições da estrutura. A barragem Forquilha III está localizada na mina de Fábrica, e as fissuras teriam sido encontradas pela empresa durante uma inspeção de rotina.
Em nota, a Vale informa que está conduzindo verificações adicionais na barragem, mantendo os órgãos públicos competentes informados e executando um plano de ação para investigação e correções. A companhia ressalta que as condições de estabilidade da estrutura seguem inalteradas.
As trincas são de 1 centímetro de espessura e de comprimento aproximado entre 2 e 5 metros.
A barragem está em nível 3, o mais alto da escala de risco, e, por isso, precisa ser monitorada de forma permanente. A estrutura possui 77 metros de altura e armazena 19,4 milhões de metros cúbicos de rejeitos.
As medidas preventivas em andamento incluem uma "Zona de Autossalvamento evacuada" . As imediações da barragem já estavam esvaziadas, não havendo presença de comunidades na zona de risco em caso de rompimento.
“A agência permanece vigilante quanto às ações corretivas e medidas de segurança que a Vale deve implementar”, disse a ANM.
Barragens a montante são aquelas cujo corpo é construído com o uso de rejeito, através de alteamentos sucessivos sobre o próprio material depositado.
Veja a nota da Vale na íntegra:
“A Vale informa que está conduzindo verificações adicionais na barragem Forquilha III, na mina de Fábrica, em Ouro Preto (MG), após inspeção rotineira que identificou trincas superficiais. A companhia mantém os órgãos públicos competentes informados e executa um plano de ação para investigação e correções, conforme necessário.
A Vale ressalta que as condições de estabilidade da estrutura seguem inalteradas. A barragem Forquilha III está em nível de emergência 3 e é monitorada em caráter permanente. Ela conta com uma Estrutura de Contenção a Jusante e tem a respectiva Zona de Autossalvamento evacuada, sem a presença de comunidades. A Vale mantém seus compromissos de avançar na descaracterização da estrutura e de buscar a redução de seu nível de emergência.”
Revista Mineração - SP 17/09/2024
Com o objetivo de aumentar performance, produtividade e segurança nas operações, a Anglo American inaugurou uma perfuratriz autônoma na operação de minério de ferro em Conceição do Mato Dentro (MG).
A inauguração reforça o propósito da companhia de reimaginar a mineração e integra o programa Mina Moderna, uma iniciativa da Anglo American que utiliza tecnologias de ponta para tornar a mineração mais eficiente e sustentável.
“A primeira perfuratriz autônoma entra em operação agora, e a conclusão do projeto está prevista para o segundo semestre de 2025, com a implementação, ao todo, de cinco novas perfuratrizes autônomas, promovendo significativas melhorias no ambiente de trabalho e nas operações. As pessoas que já trabalhavam na área receberam capacitação para operar os novos equipamentos e mais profissionais devem ser contratados”, ressalta o gerente executivo de Operações da Mina da Anglo American, Aurélio Garcia.
Segundo informações da empresa, a automação das perfuratrizes visa melhorar a qualidade de vida de operadores(as), reduzindo a exposição à vibração, aumentando a segurança e a produtividade.
Além disso, o projeto contribui no alinhamento das operações aos princípios ESG (ambiental, social e de governança), buscando inovar para transformar a indústria.
O Programa Mina Moderna abrange diversas frentes de inovação e sustentabilidade, incluindo a adoção de tecnologias autônomas e teleoperadas e a implementação de uma rede que vai proporcionar a conectividade necessária para suportar as inovações tecnológicas nas operações.
“A Anglo American reafirma seu compromisso em transformar o setor no Brasil, por meio de investimentos em tecnologias inovadoras, práticas sustentáveis e com atenção à inclusão e acessibilidade”, completa Garcia.
Automotive Business - SP 17/09/2024
Desde que o navio Explorer #1, de propriedade da montadora BYD, atracou no Porto de Suape, em Pernambuco, o mercado automotivo local nunca mais foi o mesmo. Os cinco mil carros embarcados no compartimento de carga, e a possibilidade da chegada de novas remessas, provocaram mudanças e suscitaram dúvidas.
Primeiro, às mudanças. Um volume expressivo de veículos elétricos importados levou distribuidores a modificarem sua rotina. Não se trata de busca por mais pontos de vendas, de adequá-los segundo a cartilha das marcas, nada disso. Tanto automóvel chegando no estoque criou uma demanda importante por espaço físico.
A reportagem da Automotive Business conversou com fontes em dois grandes distribuidores de veículos BYD em São Paulo, que pediram anonimato. O que eles comentam é que o apetite da montadora no mercado nacional os obrigaram a buscar empresas de logística para estocarem a cota de veículos que compram da fabricante chinesa.
Em visita a uma loja da marca na capital paulista, a reportagem observou que a busca por esses parceiros de armazenagem é algo imprescindível, uma vez que no ponto de venda já não há espaço para alocar mais carros: um showroom abarrotado de unidades do compacto Dolphin, ao lado de caminhões do tipo plataforma, cheios de carros do lado de fora.
"O volume é grande e a cota que o concessionário compra varia segundo o tamanho da rede e o potencial da região onde está instalado. Contratamos um galpão na Grande São Paulo para poder receber os veículos, que chegam dos armazéns que a montadora tem nos portos, e assim fazer a preparação deles para a operação comercial", disse um interlocutor.
Logísitica aumentou o custo dos concessionários de veículos
O cenário, relatam os concessionários, os levou a ter um custo adicional que, de certa forma, não era previsto. E também a temer por um eventual descompasso no escoamento desse estoque. No caso desse concessionário entrevistado, os veículos, por ora, saem mais por meio de contratos de assinatura do que por vendas propriamente ditas.
O que significa que eles, em algum momento, vão retornar à rede, reiniciando um ciclo que poderá se tornar mais inchado caso cheguem outras remessas de veículos elétricos oriundas da China - ou caso o mercado interno não consiga absorver a oferta.
De acordo com Ricardo Bastos, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), será difícil que novos Explorer #1 voltem a atracar no país cheios de modelos de elétricos importados da China, pelo menos ao longo do segundo semestre.
"Tudo indica que não haverá mais remessas como as que vimos no primeiro semestre, salvo lotes de lançamentos que estão programados para ocorrer até dezembro. As montadoras mandaram mais veículos, como vimos, por causa do aumento da alíquota do imposto de importação que ocorreu em julho", disse Bastos na quinta-feira, 12.
A fé da entidade é mantida na expectativa de vendas de modelos eletrificados que projetou para o ano, por volta de 150 mil unidades. Vale ressaltar que nessa conta também estão incluídos modelos híbridos e aqueles denominados por ela de micro-híbridos, que, inclusive, se mostram mais atrativos ao consumidor.
"É um estoque normal para o projetado para o ano", continuou o presidente da ABVE.
Anfavea calcula estoque de 81 mil unidades de elétricos
Mas qual é, de fato, o tamanho do estoque de veículos elétricos que existe no país? Conseguir a resposta exata é algo complexo, uma vez que nenhuma montadora abre o jogo a respeito do assunto, alegando questões estratégicas.
Na primeira semana de setembro, a Anfavea, que é a associação que representa as montadoras com produção local, informou que há, no momento, estoque formado por cerca de 81 mil veículos elétricos chineses. Um volume, segundo a entidade, com lastro em cálculos realizados internamente.
Para o consultor David Wong, da Alvarez & Marsal, o Brasil se tornou uma espécie de bola da vez para uma China que enfrenta dificuldades para escoar uma volumosa produção de veículos elétricos em mercados maiores, como Estados Unidos e União Europeia.
"Não apenas o Brasil, o México e toda a América Latina aparecem como opção interessante para escoar a produção que enfrenta barreiras em outras localidades", contou Wong.
O mercado de carros elétricos no Brasil está praticamente nas mãos da BYD até o momento. No acumulado de vendas de veículos movidos puramente a bateria, de janeiro a agosto, a marca chinesa contabiliza participação de 72%.
Os dados são do Renavam e divulgados pela Fenabrave, a associação das concessionárias. Até agosto, 41 mil unidades de carros elétricos foram licenciadas no mercado.
Locadoras de veículos atentam para custos de manutenção de elétricos
Enquanto a BYD tenta vender mais no país por meio de uma política de preço agressiva, os concessionários entrevistados pela reportagem se mostram otimistas, ainda que apreensivos diante da cesta de incertezas que o negócio proporciona.
Eles consideram como algo preocupante, além do mercado menor do que o esperado, situações como a devolução do lote assinado e/ou alugado em negócios envolvendo frotas, com os modelos voltando à loja já com quilometragem que os habilita para desmobilização - e também para processos de manutenção.
Esse temor, inclusive, é compartilhado por parte das locadoras que compraram modelos elétricos na esteira da novidade.
"Os veículos elétricos nas montadoras ainda representam uma pequena fatia das suas frotas, e o ciclo de vida deles ainda está no começo. De qualquer forma, a desmobilização do ativo é algo que merece uma maior reflexão porque acontecerá nos próximos anos e envolve custos", avalia Paulo Miguel Junior, vice-presidente da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla).
Procurada pela reportagem, a BYD não quis comentar o assunto.
Valor - SP 17/09/2024
A falta de progresso na construção de uma cadeia de suprimentos para veículos elétricos está forçando algumas montadoras americanas a repensarem seus planos de investimento
Mesmo após o grande aumento das tarifas sobre carros elétricos chineses anunciado pelo governo Joe Biden, alguns modelos continuarão mais baratos do que os carros americanos concorrentes, um sinal dos desafios profundos enfrentados pela política de veículos elétricos dos Estados Unidos.
O imposto de 100% sobre veículos elétricos, anunciado na sexta-feira (13) e com vigência a partir de 27 de setembro, segue uma revisão de quatro anos motivada pelo que o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês) chamou de práticas comerciais desleais.
Os EUA importam poucos veículos elétricos da China, de modo que a medida do governo, parte de um aumento mais amplo nas tarifas sobre produtos chineses, é preventiva e visa dar tempo à indústria americana para alcançar.
“As políticas industriais da China voltadas para veículos elétricos podem ameaçar os investimentos federais no setor", disse o USTR em um comunicado sobre as ações de sexta-feira.
Embora o governo Biden tenha buscado acelerar a transição para veículos elétricos com auxílio governamental, a China mantém uma ampla liderança tanto em produção quanto em adoção após uma década de esforços nacionais.
Os veículos elétricos representaram mais de 10% das vendas de automóveis nos EUA em julho, enquanto na China, a proporção foi de cerca de 50% — bem acima da média global de cerca de 20%, segundo a empresa de pesquisa de mercado MarkLines.
Os EUA carecem tanto de infraestrutura de carregamento de veículos elétricos quanto de modelos na faixa de preço de mercado de massa. Grandes montadoras chinesas como a BYD, por outro lado, se beneficiam de amplas cadeias de suprimentos domésticas, que ajudam a competir em um mercado lotado, oferecendo veículos elétricos com preços abaixo de US$ 25 mil.
Nos EUA, nem mesmo a líder de mercado Tesla conseguiu lançar um modelo abaixo de US$ 30 mil. Ainda não há veículos elétricos americanos tão baratos quanto os movidos a gasolina.
CEO da empresa de pesquisa AutoForecast Solutions, Joe McCabe afirmou que o menor preço da BYD nos EUA é de US$ 12 mil. Mesmo com uma tarifa de 100%, a BYD terá o veículo elétrico mais barato do mercado, por menos de US$ 25 mil. As montadoras chinesas não se preocupam com a lucratividade, disse McCabe.
A administração Biden está atenta às tentativas das montadoras chinesas de contornar as tarifas. Mesmo que a BYD construísse uma fábrica no México, por exemplo, "é uma empresa chinesa", disse a secretária de Comércio Gina Raimondo em uma cúpula da cadeia de suprimentos organizada com o Conselho de Relações Exteriores este mês.
Baterias
Outra preocupação para Washington é o lento progresso na redução da dependência da China para baterias, que representam 30% do custo dos veículos elétricos.
As importações americanas de baterias fabricadas na China totalizaram US$ 6,2 bilhões no primeiro semestre do ano. O valor estimado para 2023 é de US$ 13 bilhões, um aumento de cerca de 40% em relação a 2022 e um crescimento de seis vezes em três anos.
A falta de progresso na construção de uma cadeia de suprimentos para veículos elétricos está forçando algumas montadoras americanas a repensarem seus planos de investimento. A General Motors adiou o início da produção em sua fábrica de baterias no estado americano de Indiana em cerca de um ano, projeto que inclui a Samsung SDI como parceira.
A Panasonic Holdings do Japão reduziu sua meta de produção de baterias para veículos elétricos, principalmente na América do Norte, em cerca de 30% em relação ao plano anterior.
“A realidade agora é que não existe uma cadeia de suprimentos nos EUA para mineração e processamento de materiais para baterias”, disse um executivo de uma montadora japonesa em uma subsidiária na América do Norte.
O Ministério do Comércio da China rebateu o anúncio das tarifas dos EUA no sábado (14), afirmando que "a China tomará as medidas necessárias para defender resolutamente os interesses das empresas chinesas".
As tarifas irão perturbar as cadeias de suprimentos globais, mas não contribuirão para resolver os problemas de déficits comerciais e competitividade industrial dos EUA, disse o ministério em um comunicado.
Exame - SP 17/09/2024
A aprovação para financiamento para uma nova rodada do programa habitacional Pode Entrar, do município de São Paulo, deve trazer um vento de cauda para as incorporadoras voltadas para baixa renda – com destaque para a Tenda e para a Plano&Plano, que tem ampla atuação na cidade.
Na semana passada, o diretor-presidente da Companhia Metropolitana de Habitação (Cohab) de São Paulo, João Cury Neto, anunciou, em seu Instagram, a contratação de mais 10.151 moradias para o programa – o maior da história da cidade em termos de moradia popular.
Lançado em 2021, o Pode Entrar permite, entre outras frentes, que a Prefeitura compre imóveis privados para habitação de interesse social (HIS).
O município assinou memorandos com incorporadoras para a primeira fase do programa, mas não adquiriu todas as 40 mil moradias pretendidas.
Por questões de documentação, apenas 20 mil foram aprovadas. E, por restrições de financiamento, entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano, a Prefeitura acabou comprando 10.965 unidades.
Sobraram, portanto, cerca de 10 mil projetos aprovados, mas que aguardavam aquisição. Após uma revisão de orçamento, o poder municipal optou por adquirir um segundo lote de unidades com recursos da Caixa Econômica Federal.
As negociações se estenderam até o último 30 de agosto, quando a Secretaria Nacional do Tesouro aprovou o pedido da Prefeitura junto à Caixa para financiar o programa. Ao todo, foi liberado R$ 1,08 bilhão.
Entre as construtoras de baixa renda, a Plano&Plano pode ser uma das principais beneficiadas da nova frente de aquisição. A empresa foi a incorporadora listada em bolsa que teve mais empreendimentos aprovados pelo programa: 7 mil.
Foram contratados 3.640 na primeira etapa, totalizando um valor geral de vendas (VGV) de R$ 691,8 milhões.
A Plano&Plano acabou retirando 1.492 unidades do Pode Entrar, mas restaram outras 1.907 ainda não contratadas, que representam um VGV de R$ 370,8 milhões.
“Nas nossas contas, isso adiciona um lucro de R$ 100 milhões entre este ano e o próximo, sobre um total de R$ 350 milhões”, pondera um gestor que tem Plano&Plano na carteira.
Menos risco de inadimplência
No caso do Pode Entrar, o atrativo em participar é a oportunidade de reduzir os riscos de inadimplência.
“O programa é um potencializador de caixa porque é como se fosse uma venda no atacado para um único cliente: a Prefeitura”, avalia Daniela Ferrari, diretora executiva de habitação econômica do Secovi-SP.
O programa garante que o valor total seja empenhado pela Prefeitura na assinatura do contrato, eliminando o risco de falta de verba. As empresas receberão 15% no início e os 85% restantes durante as obras, ajustados pela inflação. A correção do fluxo de pagamentos para as construtoras diminui os riscos com imprevistos macroeconômicos, como a alta registrada nos preços de materiais e serviços no pós-pandemia.
Outra empresa que pode se beneficiar é a Tenda. Nas contas do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame), a companhia tem R$530 milhões em projetos já aprovados e ainda não contratados – o que pode adicionar R$ 80 milhões a valor presente líquido, o equivalente a 5% do valor de mercado da companhia.
O banco também vê como uma opcionalidade sendo ignorada pelos investidores as perspectivas para atuação da empresa no Rio Grande do Sul.
A Alea (subsidiária da Tenda) inscreveu até 1,5 mil imóveis no programa habitacional regional do estado, de olho na redução do déficit habitacional após a tragédia das enchentes no primeiro semestre do ano.
“Estimamos que essas casas possam valer R$300 milhões e adicionar um VPL de R$ 75 milhões para a Tenda. Se a Alea for selecionada no programa habitacional do RS, suas operações poderiam facilmente atingir seu plano de lançamento de 4,5 a 5,5 mil imóveis para 2025 – um objetivo-chave para aumentar a escala de seu negócio de casas modulares e melhorar a lucratividade”, escreveram os analistas.
As ações da Tenda avançaram quase 6% no pregão desta segunda-feira após a recomendação. Já os papéis da Plano&Plano ficaram praticamente de lado, em alta de 0,4%.
Valor - SP 17/09/2024
Companhia investe para modernizar a operação da malha ferroviária de 1.643 quilômetros, que atravessa três Estados
Várias estratégias e realizações reforçaram, ao longo do ano passado, o posicionamento da MRS Logística como uma das mais importantes provedoras de transporte de carga por trens no país. A empresa alcançou em 2023 um recorde de 197,5 milhões de toneladas no volume total de carga transportado (contêineres, siderúrgicos, cimento, bauxita, produtos agrícolas, coque, carvão e minério de ferro). Trata-se de um crescimento de 10,8% em relação a 2022, impulsionado principalmente pelo transporte de minério de ferro, que cresceu 18,6%, para 106,9 milhões de toneladas.
A receita líquida da MRS atingiu R$ 6,45 bilhões, um aumento de 15,3% em relação a 2022, enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) cresceu 20,5%, superando R$ 3,4 bilhões. O lucro líquido atingiu a marca de R$ 1,2 bilhão. “A MRS consolidou sua posição de destaque no setor ferroviário, demonstrando um forte compromisso com a excelência operacional e a inovação contínua”, afirma Guilherme Segalla de Mello, presidente da companhia. “Esses resultados refletem a eficácia das estratégias adotadas para expandir suas operações e melhorar sua performance financeira e operacional, mantendo-se competitiva no mercado de transporte e logística.”
Para alcançar esses bons resultados, segundo o executivo, a MRS tem adotado basicamente uma abordagem estratégica centrada em investimentos significativos em inovação e na modernização de sua operação. Em 2023, a empresa investiu R$ 1,8 bilhão, com foco principalmente na sustentabilidade do negócio e no cumprimento das obrigações regulatórias. “Esses investimentos incluem a ampliação da capacidade dos acessos ferroviários à Baixada Santista e melhorias na mobilidade urbana ao longo da nossa malha ferroviária”, informa Mello.
Criada em 1996, quando o governo federal transferiu à iniciativa privada a gestão do sistema ferroviário nacional, a MRS Logística opera com cerca de sete mil colaboradores próprios e três mil terceirizados, 20 mil vagões, 670 locomotivas e mais de cem terminais intermodais. Sua malha ferroviária de 1.643 quilômetros atravessa 107 municípios em três Estados (Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo) e, além de unir os maiores centros consumidores e produtores do país, permite acesso ferroviário a importantes portos brasileiros, como os do Rio de Janeiro, de Itaguaí (RJ) e Santos (SP), e ao terminal privativo de embarque de minério de ferro de propriedade da MBR (uma de suas controladoras), na Ilha de Guaíba, na baía de Angra dos Reis (RJ).
MRS: adoção de boas práticas é fundamental para o sucesso de gestão em operações de alta complexidade — Foto: Ana Paula Paiva/Valor
A adoção de boas práticas tem sido um dos fatores fundamentais para o sucesso da gestão de uma operação de alta complexidade, de acordo com Mello. “A boa administração da MRS Logística é caracterizada por sua estrutura sólida e estratégica, que resulta, entre outros excelentes resultados, na implementação de ações de sustentabilidade.” O executivo diz que a remuneração variável da alta liderança é atrelada a metas e indicadores ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança) e que a empresa iniciou estudos e discussões internas para elaboração de um plano de trabalho plurianual que deve levar à construção de compromissos de longo prazo. Segundo Mello, esse trabalho é constante e implica a percepção de que, quando se trata de sustentabilidade, é necessário contar com a colaboração de todos. “Tudo isso, num esforço integrador, atuando em parceria com todas as nossas partes interessadas para evoluirmos como sociedade”, afirma.
Para o próximo ano, o executivo conta que a MRS Logística planeja continuar sua trajetória estratégica com foco em excelência e inovação. Hoje, a malha ferroviária da MRS conecta regiões produtoras de commodities minerais e agrícolas e alguns dos principais parques industriais do país aos maiores portos da região Sudeste. “Em 2024, pretendemos aprimorar o atendimento aos clientes e expandir nossa atuação em novos segmentos de carga, mantendo o avanço nas agendas ESG e cumprindo os compromissos assumidos na renovação da nossa concessão”, diz.
Na pauta ambiental, a empresa fez avanços importantes em governança climática e evoluções internas, operacionais e estratégicas que permitiram a redução de 3,7% nas emissões específicas da frota ferroviária. Na agenda social, a MRS também alcançou metas significativas, como o aumento da participação feminina na companhia — mais de mil colaboradoras (15,6% do quadro total), nas mais diversas posições e áreas.
Em termos operacionais, no segundo trimestre deste ano, o volume total transportado foi de 53,5 milhões de toneladas, o que, de acordo com o executivo, reflete um crescimento de 2,1 milhões de toneladas em comparação ao mesmo período de 2023. Com relação à receita líquida de serviços, a empresa segue sua trajetória de crescimento constante. “Em 2024, nos primeiros seis meses do ano, crescemos 21,6%, em relação ao período anterior, totalizando aproximadamente R$ 3,5 bilhões”, informa.
“A MRS consolidou sua posição de destaque no setor ferroviário, demonstrando um forte compromisso com a excelência operacional e a inovação contínua”, afirma Guilherme Segalla de Mello, presidente da companhia — Foto: Alexandre Carvalho/Divulgação
A MRS mantém igualmente, de forma crescente, o volume de investimentos ao longo dos últimos anos. Não só pelos compromissos que assumiu com a renovação dos contratos de concessão com o governo federal, mas também pela característica do negócio, que é de capital intensivo. “Para que se tenha uma parcial do volume de recursos que estamos investindo em 2024, somente no primeiro semestre do ano destinamos 50,2% a mais do que no período anterior”, salienta.
Uma das prioridades dos investimentos, segundo Mello, é a modernização de sua frota ferroviária com objetivo de alcançar mais eficiência operacional. Isso incluiu a aquisição, no início deste ano, de 560 novos vagões e 30 locomotivas. Os vagões são equipamentos do tipo gôndola da Greenbrier Maxion (GBMX), utilizados no fluxo de transporte da mineração, com entregas previstas ainda para este ano. E as 30 novas locomotivas são da série Evolution, da norte-americana Wabtec Corporation. No total, a MRS investiu, aproximadamente, R$ 1 bilhão no segmento de material rodante apenas nos dois primeiros meses deste ano.
“Vamos continuar investindo e contribuindo para o desenvolvimento da ferrovia no nosso país e para o aumento do share do modal ferroviário na matriz logística brasileira”, afirma o presidente da companhia.
Jota - DF 17/09/2024
A recente aprovação pela Assembleia Legislativa do Paraná do projeto de privatização da Ferroeste – ferrovia de 248 km sob controle estatal que conecta Guarapuava a Cascavel – representa um marco significativo para a infraestrutura ferroviária do país, já que esta ferrovia (e toda a malha ferroviária do estado) possui um papel importante no escoamento da produção agrícola do interior do Paraná e Mato Grosso até os portos paranaenses.
A desestatização de setores estratégicos da infraestrutura tem sido um movimento relevante e busca modernizar e, principalmente, melhorar a eficiência operacional da ferrovia e, por consequência, do transporte e da logística brasileira.
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No entanto, o processo de privatização da infraestrutura ferroviária traz à tona questões jurídicas, econômicas e institucionais. Este pequeno artigo tem como objetivo examinar o histórico da ferrovia no Paraná, os desafios e oportunidades que a privatização pode gerar, além de analisar o papel do setor privado na gestão de serviços ferroviários essenciais para o desenvolvimento regional e nacional.
Contexto da Ferroeste
A Ferroeste foi constituída em 1988 como empresa privada, mas em 1991 se tornou uma empresa pública e tinha por objetivo melhorar a logística no Paraná, permitindo o transporte eficiente da produção agrícola e industrial do estado para os portos. No entanto, ao longo das décadas, passou por problemas de infraestrutura e gestão, o que resultou em gargalos logísticos que limitaram seu potencial.
Atualmente, apesar dela ser uma peça fundamental para o escoamento da safra agrícola, opera com uma infraestrutura defasada e uma capacidade abaixo da demanda potencial. Por essa razão, o Governo do Paraná reconheceu a necessidade de investimento e, ao que se indica, a ferrovia seria ampliada até Mato Grosso do Sul.
Privatização e expansão da malha ferroviária
Com a privatização, o investimento privado possibilitaria a expansão da malha ferroviária no país e uma facilitação do transporte estadual. Uma das principais promessas da privatização da Ferroeste é essa expansão, com a criação de novos trechos que permitiriam a conexão com outros estados, como Mato Grosso do Sul. A proposta inicial prevê uma ampliação de 1.370 km da ferrovia, o que pode aumentar significativamente a capacidade de transporte de cargas e reduzir a dependência de modais rodoviários.
A expansão da malha ferroviária, porém, traz desafios. Um deles é a necessidade de garantir que a concessão seja desenhada de forma a incentivar a competição entre diferentes operadores logísticos, evitando monopólios ou práticas anticompetitivas. Além disso, a correta integração com o Porto de Paranaguá é crucial.
A concorrência, nesse sentido, é fundamental para garantir que a qualidade dos serviços seja mantida e que os custos de transporte não sejam elevados artificialmente, prejudicando os produtores que dependem da ferrovia para escoar suas mercadorias.
Continuamente, se a desestatização se der por concessão, o modelo desta deve prever mecanismos de regulação adequados para que o investidor privado cumpra as metas de investimento e expansão. A experiência de privatizações anteriores no Brasil, como nas rodovias, mostra que o setor privado pode ser um parceiro eficiente, desde que os contratos estabeleçam claramente os direitos e deveres de ambas as partes, especialmente em relação à manutenção da qualidade do serviço público.
Aspectos jurídicos e regulatórios
Sob o aspecto jurídico, a privatização da Ferroeste levanta uma série de questões, desde a adequação do processo às regras constitucionais, até a parte prática, na qual a iniciativa privada deve seguir os princípios da eficiência, prestar um serviço contínuo e praticar preços justos.
Outro ponto crítico é o papel do Estado na regulação e fiscalização das atividades do novo gestor privado da ferrovia. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) será responsável por garantir que a concessionária privada cumpra com as obrigações estabelecidas no contrato, sobretudo no que diz respeito à qualidade do serviço e à expansão da infraestrutura. A definição de cláusulas de desempenho, penalidades por descumprimento e garantias de investimento será essencial para o sucesso do projeto.
Além disso, pode haver questões ligadas à desapropriação de terras para a expansão da malha ferroviária. O processo de ampliação pode envolver áreas rurais e urbanas, o que exige que as desapropriações sigam procedimentos legais adequados e respeitem os direitos de propriedade dos afetados.
O papel do setor privado e o modelo de negócio
O setor ferroviário brasileiro carece de investimentos há décadas. A entrada do capital privado pode resolver esse problema, injetando os recursos necessários para modernizar a infraestrutura e aumentar a capacidade de transporte de cargas. No entanto, o sucesso da privatização depende de como o modelo da desestatização será estruturado.
Como já mencionamos em textos anteriores desta coluna, a desestatização deve garantir a prestação de serviços contínua, atender as necessidades da região e prever tarifas justas e acessíveis às empresas de logística e transporte, que seriam as utilizadoras do serviço da ferrovia.
Por essa e outras razões, a regulação deve ser clara e transparente, e as obras e a desestatização devem refletir os custos de operação, investimento, ao mesmo tempo que não prejudique a competitividade das empresas atuantes.
Impactos econômicos e sociais
A desestatização da Ferroeste tem o potencial de gerar impactos econômicos significativos não apenas no Paraná, mas em toda a região Sul. A modernização da ferrovia pode reduzir os custos de transporte, aumentar a eficiência logística e melhorar a competitividade dos produtos brasileiros no mercado global.
Do ponto de vista social, a desestatização pode gerar empregos tanto durante as obras de expansão da ferrovia quanto na operação da malha ferroviária modernizada. Além disso, a melhoria da infraestrutura pode impulsionar o desenvolvimento econômico das regiões atendidas pela ferrovia, atraindo novos investimentos e fortalecendo a economia local.
Por outro lado, é necessário que o processo de privatização leve em consideração os possíveis impactos negativos para as comunidades locais. A expansão da malha ferroviária pode envolver desapropriações e deslocamento de populações, como dito anteriormente, o que exige que o governo e o concessionário privado atuem com responsabilidade e garantam que os direitos das comunidades afetadas sejam respeitados.
Por fim, a desestatização da Ferroeste representa uma oportunidade única para modernizar a infraestrutura ferroviária do Paraná e melhorar a logística de transporte de cargas na região. No entanto, o sucesso desse processo depende de uma série de fatores, incluindo a estruturação adequada do modelo de privatização, a regulação eficaz por parte do Estado e a garantia de que o setor privado cumprirá suas obrigações de investimento e expansão.
Valor - SP 17/09/2024
Medida Provisória autoriza adoção de benefício fiscal para novos navios-tanque construídos no Brasil e estabelece que CNPE fixe índices mínimos de conteúdo local para essas embarcações
Para Claudio Frischtak, risco da medida é elevar custos e reduzir qualidade — Foto: Leo Pinheiro/Valor
O governo quer estabelecer indicadores de conteúdo local para navios-tanque voltados para a cabotagem de combustíveis, como parte de criação de uma política industrial para o setor naval. A medida provisória (MP) publicada pelo governo em 27 de agosto autoriza a adoção do benefício fiscal da depreciação acelerada para os novos navios-tanque construídos no Brasil, e estabelece que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) possa fixar índices mínimos de conteúdo local para essas embarcações, destinadas ao transporte de petróleo e derivados. A medida é vista com críticas por especialistas consultados pelo Valor, que defendem medidas que, além de garantir demanda para os estaleiros nacionais, elevem a competitividade das unidades.
O governo estima que as medidas estabelecidas na MP 1.255/2024 podem gerar R$ 2,4 bilhões em investimentos, com a construção de 15 navios-tanque de médio porte nos estaleiros do país, numa nova tentativa de retomar a atividade da indústria naval, malsucedida no passado, mas vista pelo atual governo como uma atividade geradora de empregos.
A descoberta do pré-sal, em 2006, ressuscitou o setor naval e offshore, com a construção e a modernização de grandes estaleiros. Foram construídas novas unidades na Bahia, Pernambuco, Espírito Santo e Rio Grande do Sul para atender a demanda da Petrobras para construção de sondas de perfuração e plataformas de petróleo. Porém, o setor foi alvo de denúncias de corrupção, e a exigência de elevados percentuais compulsórios de conteúdo local atrasou projetos, elevou preços e dificultou a contratação de fornecedores que atendessem aos requisitos exigidos. Para Claudio Frischtak, sócio da consultoria Inter.B, a fixação de percentuais de conteúdo local é uma política que não traz benefícios para a indústria, que precisa ser mais competitiva em vez de contar com reserva de mercado.
O problema é introduzir graus irrazoáveis de rigidez”
— Claudio Frischtak
Ele ressalta que é preciso aguardar como será a nova política de conteúdo local. Na visão de Frischtak, se a ideia do governo é replicar as práticas que foram adotadas no passado recente, com índices elevados de conteúdo local, o risco de novo fracasso é real. “O problema é introduzir graus irrazoáveis de rigidez. Porque também introduz ineficiência nos custos, na qualidade e no tempo de entrega”, disse.
O texto da MP estabelece que a definição dos índices mínimos de conteúdo local deve observar o “dinamismo inerente” aos setores de petróleo e gás e se basear em “dados concretos” sobre a capacidade produtiva da indústria, para garantir que os custos reflitam de forma proporcional os benefícios concedidos pelo governo.
Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), o objetivo do incentivo para a construção dos navios no país é reduzir o impacto da oscilação de preços do frete. Além dos percentuais de conteúdo local, os navios-tanque construídos no país poderão ter o benefício da depreciação acelerada.
A depreciação acelerada é um mecanismo tributário que permite reduzir o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) nos primeiros anos da vida útil de um ativo.
Pela regra padrão da depreciação tributária, o investimento feito em um navio-tanque com vida útil de dez anos deve ser deduzido do lucro real da empresa durante esses dez anos. Dessa forma, a cada ano, 10% do valor pago pelo navio é abatido da base de cálculo sobre a qual incidem o IRPJ e a CSLL.
Na depreciação acelerada, a empresa pode deduzir 50% do valor no primeiro ano e 50% no ano seguinte. Ou seja, a companhia consegue usufruir todo o benefício tributário nos dois primeiros anos, em vez de ter que receber aos poucos, ao longo de dez anos. O mecanismo equivale a uma antecipação do valor a ser deduzido no IRPJ e na CSLL, sem reduzir a tributação, e libera fluxo de caixa das empresas no momento dos investimentos, sem que o governo abra mão de receita com os tributos.
A MP limita o benefício fiscal a R$ 1,6 bilhão e valerá para navios-tanque comprados até 31 de dezembro de 2026 e que entrem em operação a partir de 1° de janeiro de 2027. A MP estabelece também que a renúncia fiscal deve ser prevista pela Lei Orçamentária.
Joelson Sampaio, professor de finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV), diz que uma boa previsão de demanda e medidas que aumentem a produtividade dos estaleiros nacionais são aspectos estratégicos que podem garantir a sustentabilidade do setor. Para ele, a MP visa a fomentar a produção nacional e tem como característica a exigência da contrapartida para a concessão do benefício da depreciação acelerada, em vez de um simples subsídio ao setor.
Karine Fragoso, gerente geral de petróleo, gás, energias e indústria naval da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), ressalta que a indústria naval no mundo é suportada pelo Estado, com entrega de produtos customizados às necessidades locais e com o desenvolvimento de engenharia própria e geração de empregos. Na visão dela, a MP atende à necessidade de estabelecer ferramentas para um planejamento de longo prazo na indústria naval, com percentuais viáveis de conteúdo local e transparência nos planos de investimentos.
Parte do esforço de ressuscitar a indústria naval se deu em julho, quando a Transpetro, subsidiária de logística da Petrobras, anunciou a abertura de licitação para compra de quatro navios. Na ocasião, o presidente da Transpetro, Sérgio Bacci, afirmou que a aquisição de navios evita a oscilação de preços de frete para a Petrobras.
O edital prevê condições melhores para estaleiros nacionais, com taxa de financiamento mais barata pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM) e evita impostos de importação. A Transpetro prevê adquirir 25 navios, com custo estimado de US$ 2 bilhões a US$ 2,5 bilhões.
Investing - SP 17/09/2024
A Petrobras (BVMF:PETR4) terá uma visão mais voltada para a exploração e produção de petróleo e gás natural em seu próximo plano estratégico 2025-2029, em relação ao planejamento realizado pela gestão anterior, afirmou o diretor-executivo financeiro e de Relacionamento com Investidores, Fernando Melgarejo, à Reuters.
"Temos mais uma visão focada no 'upstream'... cada gota de óleo, na nossa visão, ela é importante pra companhia. Obviamente, tendo viabilidade econômica. Isso é uma grande mudança em relação ao anterior", afirmou Melgarejo.
O executivo destacou ainda que a empresa buscará com maior foco a recomposição das reservas de petróleo e gás.
Ele lembrou que no atual planejamento há uma previsão de redução das reservas já a partir de 2030.
"É um desconforto para a atual diretoria a gente ter essa redução a partir de 2030. O foco é tentar ter recomposição de reservas o máximo possível sem deixar de ter o olhar na transição energética, mas um não pode ofuscar o outro", afirmou.
Melgarejo assumiu a cadeira de CFO da petroleira em meados do ano, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidir apontar Magda Chambriard como presidente da companhia, no lugar de Jean Paul Prates, em medida que visou reforçar a atuação da estatal na geração de empregos e no impulso da economia brasileira.
Chambriard vem reforçando a importância de a empresa buscar novas reservas e de avançar em sua exploração na Margem Equatorial brasileira, que vai do Rio Grande do Norte ao Amapá, com áreas de grande potencial para descobertas, mas enormes desafios socioambientais.
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Em seu atual plano estratégico, a Petrobras prevê investir 102 bilhões de dólares entre 2024 e 2028, o que representou uma alta de 31% em relação ao previsto no plano quinquenal anterior. No mesmo período, a petroleira elevou em 14% seus investimentos previstos para exploração e produção, a 73 bilhões de dólares.
Em paralelo, a Petrobras prevê em seu atual plano até 11,5 bilhões de dólares para projetos de baixo carbono no período, ou 11% do investimento total da companhia, considerando os investimentos transversais nos diversos segmentos de negócio. A previsão para ativos de baixo carbono representou um avanço ante o plano anterior de 2023-2027, que previa 4,4 bilhões de dólares.
O executivo evitou fazer previsões sobre se os investimentos vão crescer ou como serão distribuídos, uma vez que a elaboração do plano ainda está em curso.
Sobre transição energética, disse que sempre estará no planejamento, pois ela "é uma realidade" e toda companhia precisa "pavimentar uma estrada" nesse sentido. Entretanto, indicou que poderá haver mudanças em relação a expectativas de curto prazo.
"A questão não é o 'se', é o 'quando'... várias empresas estão redimensionando esses pontos no sentido do 'quando'; quando isso vai acontecer", afirmou, pontuando que o Brasil, é um dos países "mais limpos" em termos de emissão de CO2.
O Brasil tem grande parte de sua matriz elétrica formada pela geração hidrelétrica, enquanto é um dos líderes em consumo de biocombustíveis, como etanol e biodiesel, além de ver crescente a geração de energia solar e eólica.
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"A Petrobras não é um grande problema nesse sentido. Nós somos um país limpo... cada dia que passa, a gente quer deixar também uma produção cada vez com menor emissão de CO2."
POUCAS MUDANÇAS DA DÍVIDA
Do lado financeiro, Melgarejo adiantou que a companhia não vê mudanças significativas que exijam uma necessidade de um endividamento "muito maior", nem de ter um caixa muito maior em seu próximo planejamento, previsto para ser publicado no fim do ano.
"A gente vai transitar aí numa certa normalidade, sem grandes ou sem abruptas mudanças nesses pontos", pontuou.
Segundo o executivo, a companhia também "não vê nenhum grande M&A (sigla em inglês para fusões e aquisições)" no horizonte do próximo planejamento estratégico, mas não citou nenhuma operação em específico.
Recentemente, a Reuters publicou que a companhia havia feito uma oferta não vinculante por uma fatia em mega bloco da portuguesa Galp na Namíbia e que uma eventual operação poderia ocorrer por meio de parceria.
Ele comentou ainda, na entrevista para falar sobre conclusão de uma emissão de 1 bilhão de dólares feita pela Petrobras, que o resultado positivo apurado na operação reflete a confiança do mercado na nova gestão de Magda Chambriard no comando da empresa.
Segundo o executivo, a Petrobras vê o maior número de bancos recomendando compra de ações desde fevereiro de 2022.
Valor - SP 17/09/2024
Estatal aposta em alternativas de energia mais limpa ao mesmo tempo que tenta alcançar novas fronteiras na exploração
A Petrobras, que fechou 2023 com recordes nos segmentos de exploração e produção e de refino, planeja investir entre US$ 13,5 bilhões e US$ 14,5 bilhões em 2024. O montante pode representar um aumento de até 15% sobre o valor do ano passado, quando a estatal teve uma produção total operada de 3,87 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed, inclui gás) e de 2,17 milhões de boed de produção própria no pré-sal.
As refinarias alcançaram 92% de utilização, quatro pontos percentuais acima do índice de 2022, produzindo 428 mil barris diários de diesel S10. Os principais números da companhia em 2023 foram os segundos mais altos de sua história: lucro líquido de R$ 124,6 bilhões, lucro antes de juros, impostos depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 262,2 bilhões e fluxo de caixa operacional com R$ 215,7 bilhões.
O bom desempenho da empresa esteve ancorado na disciplina de capital, endividamento sob controle e forte governança, segundo a presidente da companhia, Magda Chambriard. “Podemos destacar duas importantes medidas: o aperfeiçoamento da nossa política de remuneração aos acionistas e a nossa estratégia comercial para gasolina e diesel, que foram bem recebidos pelo mercado”, diz ela.
O foco da petroleira é a exploração e produção, de olho na reposição das suas reservas de petróleo e gás — entendida como uma prioridade —, ao mesmo tempo que projeta a neutralidade das suas emissões de gases de efeito estufa (GEE), como CO2, chegando ao net zero até 2050. Para isso, tem iniciativas visando à diversificação de fontes de energia, apostando em alternativas mais limpas.
O gás natural, observa a executiva, “é o combustível de transição energética por excelência”. A companhia pretende aportar recursos na ampliação da infraestrutura, especialmente na conclusão do gasoduto Rota 3 e na unidade de processamento de gás natural (UPGN), prevista para este ano. Esse gasoduto escoará gás natural do Polo Pré-Sal da Bacia de Santos até o ex-Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, atual Polo GasLub, onde está localizada a UPGN Rota 3.
Colaboradores da Petrobras realizam avaliação morfológica de células em laboratório do Cenpes — Foto: Julio bittencourt/Valor
Para ampliar o mercado de gás natural, a empresa pretende investir em fertilizantes e petroquímica, aproveitando as sinergias que esses segmentos têm com o parque de refino. Um exemplo concreto desse apetite é o investimento de R$ 870 milhões que a Petrobras vai fazer para retomar a operação da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados S.A. (Ansa), uma subsidiária integral da companhia. Localizada no Paraná e hibernada desde 2020, tem previsão de voltar a produzir a partir do segundo semestre de 2025.
Segundo Chambriard, a produção de óleo e gás ainda será necessária por mais algumas décadas, de forma a garantir o suprimento de energia ao crescimento do país. Isso implica um duplo desafio: continuar a repor reservas — os especialistas no setor apontam para o declínio do pré-sal a partir de 2030 — e manter a atividade petrolífera em paralelo com o movimento para a transição energética. “Também avançaremos em energias eólica, solar e hidrogênio”, acrescenta a executiva.
Embora ainda existam oportunidades no pré-sal e nas bacias do Sudeste, a Petrobras, de acordo com sua presidente, não pode renunciar à “exploração responsável” das bacias da Margem Equatorial. Essa região, no Brasil, contempla a área costeira que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte e inclui as bacias Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar.
Candidata a nova fronteira do setor de óleo e gás, a atividade exploratória na Margem Equatorial tem sido objeto de grande controvérsia, por conta de sua complexidade e sensibilidade ambiental. A Petrobras já obteve, em 2023, licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para perfurar dois blocos da bacia Potiguar. Achou indícios de hidrocarbonetos nos dois: no primeiro em janeiro; no segundo em abril passado. No entanto, ambos ainda necessitam de estudos complementares e aprofundados para avaliar a viabilidade comercial.
A empresa aguarda permissão do órgão ambiental para perfurar no bloco FZA-M59, na bacia Foz do Amazonas. “Se confirmado o potencial da área, poderemos garantir nossa segurança energética e gerar emprego e renda para a região Norte”, ressalta Chambriard. Por isso, acrescenta, é fundamental para a Petrobras e para o Brasil obter licença para perfurar os poços exploratórios necessários. “Não podemos arriscar que o Brasil volte a ser importador de petróleo.”
De acordo com a executiva, a companhia “tem empenhado todos os esforços”, visando à obtenção da licença, fornecendo estudos e exigências solicitados pelo Ibama. A Petrobras segue “aberta a atender novas solicitações, caso o órgão licenciador entenda haver necessidades adicionais”. De acordo com o Plano Estratégico 2024-2028+, a empresa reservou, só para a Margem Equatorial, US$ 3,1 bilhões para investimentos, prevendo a perfuração de 16 poços.
O bom desempenho da empresa esteve ancorado na disciplina de capital, endividamento sob controle e forte governança, segundo a presidente da companhia, Magda Chambriard — Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil
No total, o plano indica US$ 102 bilhões em investimentos, dos quais US$ 73 bilhões em exploração e produção. Outros US$ 17 bilhões vão para refino, transporte e comercialização, US$ 9 bilhões para gás e energias de baixo carbono e US$ 3 bilhões para a área corporativa. As metas de produção total são de 2,8 milhões de boed por dia em 2024, chegando a 3,2 milhões em 2028.
Além da Margem Equatorial, a petroleira tem olhos para outra área promissora: a bacia de Pelotas, no offshore do Rio Grande do Sul, onde defende avanços na atividade exploratória. Em dezembro de 2023, a estatal adquiriu, em consórcio com outras empresas, 29 blocos nessa área, ofertados no 4º ciclo da oferta permanente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A Petrobras também vê oportunidades em territórios estrangeiros, especialmente na América do Sul e nas bacias da margem atlântica da África. No fim de julho passado, a empresa relatou a descoberta de gás natural na costa da Colômbia em um bloco com elevado potencial para novas descobertas. Essa atividade é feita em consórcio, tendo a Petrobras como operadora (participação de 44,44%), em parceria com a colombiana Ecopetrol (55,56%).
No primeiro semestre de 2024, a Petrobras produziu um total de 2,7 milhões de barris de óleo equivalente, dos quais 1,8 milhão vieram do pré-sal. A companhia já está trabalhando no plano estratégico do próximo ciclo. “Todas as avaliações de oportunidades de investimento e retomada de operações sempre respeitarão a governança e a lógica empresarial, com critérios técnicos e de rentabilidade”, destaca a presidente da Petrobras.
IstoÉ Dinheiro - SP 17/09/2024
Governo federal quer ampliar produção de gás natural para diminuir dependência externa e baratear os preços. Medida, porém, vai na contramão de iniciativas para diminuir emissões que causam aquecimento global.A queda nos reservatórios de água diante da seca histórica que o Brasil enfrenta ameaça a oferta de energia das hidrelétricas, o que leva o país a apostar mais no uso do gás natural para garantir o fornecimento. Recentemente, o governo anunciou uma série de medidas para ampliar a produção do recurso. Por sua vez, o investimento nesta matriz energética é bastante criticado, pois reforça a dependência de combustíveis fósseis, que são justamente apontados como causadores da crise climática atual.
Um decreto governamental do final de agosto promete baratear o gás natural por meio de um “choque” de oferta. A intenção é aumentar a produção dando mais poder à agência reguladora. Com ele, a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) poderá determinar o aumento da produção em campos de petróleo e gás natural que já estejam em desenvolvimento.
Seguindo a assinatura do decreto, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que a medida iria aumentar a disponibilidade de gás natural, reduzindo a dependência externa de insumos estratégicos para as cadeias produtivas nacionais. “Vamos, com isso, melhorar o aproveitamento e o retorno social e econômico da produção nacional de gás natural”, afirmou.
O papel do gás na transição energética é um tema de grandes discussões ao redor do mundo. Segundo Sylvie D´Apote, diretora executiva de gás do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), diante da dinâmica do Brasil, atualmente se trata de uma fonte “acessível e segura”, e que tem um papel importante na segurança energética brasileira, especialmente em um quadro em que estratégias mais limpas, como o hidrogênio verde, ainda demorarão a estar disponíveis em larga escala.
Por outro lado, há críticas aos incentivos do governo, e temor de que os investimentos em fontes mais limpas possam ser atrasados. A coordenadora de projetos do Instituto ClimaInfo, Carolina Marçal, aponta que a “expansão do uso dos combustíveis fósseis atrasa a transição energética, pois, entre outros fatores, pode gerar um bloqueio de investimentos no setor elétrico por até 30 anos, além de aumentar custos da eletricidade e agravar ainda mais a crise climática que estamos vivendo”.
Além disso, há a crítica de que o ambiente atual abra espaço para a aprovação do método conhecido como fracking, uma prática para extração de petróleo e gás proibida em países como a Alemanha e Reino Unido, e recentemente cogitada pelo ministro de Minas e Energia. Neste cenário, o método, “que tem alto impacto ambiental e social, continua ameaçando o Brasil”, afirma Marçal.
“Há reservas potenciais de gás que podem ser extraídas por fraturamento hidráulico no Amazonas, Pará, Piauí e Maranhão. Nesses locais, onde não há nenhuma barreira legal para o uso da técnica, empresas já pressionam e demonstram interesse para usar o faturamento”, indica.
Para Marçal, as medidas atuais, “além de comprometerem a imagem do Brasil como líder da transição energética, colocam em xeque a sua capacidade de implementar seu discurso na agenda climática como um todo”.
Cenário de avanço no país
O setor brasileiro de gás vem se movimentando por novos projetos. Segundo estimativas da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), os investimentos no ramo podem alcançar R$ 94,6 bilhões nos próximos anos. O Gasoduto Rota 3, que visa ampliar o escoamento do gás da Bacia de Santos, deve ser inaugurado em breve. Já o Projeto Sergipe Águas Profundas (SEAP), na Bacia de Sergipe-Alagoas está previsto para começar a operar 2028.
O Brasil ainda depende da importação para suprir a demanda de gás natural. Apesar de a produção nacional de gás natural ter batido recorde em 2023, chegando a 150 milhões de metros cúbicos por dia (m³/dia) – 8,7% a mais do que no ano anterior –, o país importou ainda 17,7 milhões de m³/dia. Bolívia e Estados Unidos são os principais fornecedores estrangeiros.
Segundo D´Apote, o gás natural é usado principalmente no setor elétrico e, diante do quadro de poucas chuvas e nível baixo de água nos reservatórios hidrelétricos, é previsto um despacho elevado das térmicas movidas a gás nos próximos meses.
Além deste quadro, a “demanda de gás natural no Brasil é, sobretudo, no setor industrial, enquanto o uso residencial e comercial é baixo, ao contrário do que acontece na Europa”, afirma a diretora do IBP. O país utiliza ainda o gás em parte de sua frota automotiva, com destaque para o Rio de Janeiro.
Quais os efeitos práticos?
Há certo ceticismo sobre o governo alcançar os objetivos anunciados, além dos temores como uma maior intervenção no setor. “As recentes medidas tiveram um efeito maior na produção doméstica de gás e nas perspectivas de mercado do que um impacto direto nos negócios”, indica Vínicius Romano, especialista em gás natural da América Latina da consultoria norueguesa Rystad Energy.
Na sua opinião, no Brasil, o gás natural é “uma fonte chave de fornecimento flexível que se adapta bem à forte matriz energética renovável, o que segue mesmo após o decreto”. Por outro lado, ele avalia que a determinação, que reduz o controle sobre os planos de produção, pode aumentar os riscos e afetar negativamente os investimentos no setor.
“O problema com este excesso de oferta forçada é que a maior parte da produção de gás do Brasil está associada ao petróleo. Isto significa que, para produzir menos gás e equilibrar o mercado, a produção de petróleo também poderá diminuir, comprometendo as receitas dos investimentos ou a atratividade de novos projetos”, pondera. Ainda assim, ele acredita que o governo pode ter êxito em reduzir os preços aos consumidores através da alta na oferta.
Cenário internacional
A guerra na Ucrânia levou muitos países, especialmente na Europa, a reorientar o seu setor de gás, seja usando fontes alternativas de energia ou buscando outros fornecedores. D´Apote explica que, no caso do Brasil, alguns setores sentiram os efeitos da alta dos preços no mercado internacional, mas que foi um ano de pouca importação devido ao regime de chuvas.
Na visão de D’Apote, diante de um cenário no qual o gás brasileiro costuma ser mais caro que outras ofertas internacionais, “ter muitas fontes é positivo”, já que há a possibilidade de negociar contratos diversas opções e buscar melhores ofertas.
Para Romano, em curto prazo, não há alterações sobre a autonomia do Brasil no setor. Já no longo prazo, as medidas podem implicar a produção adicional de gás doméstico, o que poderá mudar a forma como o mercado funciona neste momento. “Se o decreto for bem-sucedido, os volumes adicionais implicarão em menores necessidades firmes de importação” avalia.
Startups - SP 17/09/2024
Com seis anos de mercado, a Yak Tractors tomou o seu tempo para desenvolver e crescer no mercado com seus tratores elétricos. Entretanto, agora com investidores estratégicos entrando em cena – e um plano de captar R$ 30 milhões até o próximo ano, a montadora quer escalar agressivamente.
Aliás, o plano já começou este ano: no fim do primeiro semestre, a companhia captou R$ 10 milhões com um investidor privado do setor agropecuário, já de olho em expandir sua capacidade de fabricação e de força de vendas, assim como o desenvolvimento de novos produtos, com foco redobrado no setor agro.
“Esses R$ 10 milhões, eles vão nos levar a dois novos produtos para o setor de agricultura, e também para evoluir de forma mais rápida o Yak Cloud, nossa plataforma que conecta os tratores, trazendo uma camada de telemetria e gestão de frotas”, explica o cofundador João André Ozório, em conversa exclusiva com o Startups.
Segundo João, até 2026 a companhia quer ampliar a capacidade de produção em sua sede em Joinville, chegando a uma média de 250 a 300 unidades fabricadas anualmente. Até o momento, a Yak vendeu cerca de 40 unidades, a um preço médio de R$ 300 mil.
Fundada em 2018 em Joinville, pelos sócios João André Ozório e Adriano Schalinski, a Yak nasceu de uma pesquisa que identificou grande potencial no mercado de tratores elétricos. “Até então só existiam grandes esforços em pesquisa e desenvolvimento de veículos elétricos de uso convencional, como carros e motos”, comenta João, em conversa com o Startups.
Nos primeiros anos de sua existência, o projeto dos fundadores ainda era uma ideia, mas já tinha recebido investimentos para ser desenvolvido: R$ 60 mil obtidos em um prêmio de inovação e um investimento anjo de R$ 150 mil recebido no final de 2018. Entretanto, foi em 2020, quando captou R$ 1,2 milhão no programa Finep Startup, foi que a Yak começou a dar seus primeiros passos para se tornar uma fabricante de fato.
“A gente conseguiu uma ‘mini evolução’ com estes pequenos aportes, mas ainda era pouco para fazer o primeiro produto. Mas este reconhecimento nos rendeu uma pré-venda para um primeiro cliente, que foi o aeroporto de Florianópolis”, explica João.
Apesar do primeiro modelo de trator da Yak não ter sido para o meio agrícola, João explica que foi a base para a companhia se ver como uma montadora, definindo os componentes que seria feitos em casa e os que seria importados (baterias, por exemplo). “Essas primeiras vendas foram muito importantes para validar a tecnologia e preparar o próximo passo”, explica João. Hoje os modelos da Yak atendem a setores como agrícola, aeroportuário e indústria.
O que vem pela frente?
Captada a primeira tranche dos planejados R$ 30 milhões, João não descarta a possibilidade de voltar a conversar com fundos, entretanto ele frisou como eles são fechados para o mercado de hardware. “Já gastei muita saliva falando com fundos, mas todos eles tem um pé atrás com negócios de hardware como o nosso”, avalia.
Aliás, a história da Yak, de impulsionar sua operação a partir da pré-venda dos produtos junto a compradores-investidores, lembra o modelo que a vizinha gaúcha Arrow Mobility utilizou para tirar do papel o seu projeto de um furgão elétrico, vendendo modelos para o Mercado Livre.
Entretanto, neste meio tempo, com alguns contratos já engatilhados e o primeiro cheque na conta, a Yak está determinada a impulsionar sua força de vendas. Para chegar a mais locais e atrair mais compradores, a empresa está montando uma rede de concessionárias.
“Já temos em Santa Catarina, São Paulo, e já estamos negociando para abrir em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul. Fazemos algumas vendas diretas pontuais em mercados onde não temos concessionárias, mas a intenção é fazer apenas por meio dos canais. A partir de 2025, nossa força de venda será concentrada em concessionárias”, pontua.
Além disso, João revelou que o interior de São Paulo será um mercado em que a Yak dará uma atenção expecial. Comercialmente, a companhia está preparando a sua primeira megaloja, um espaço de mais de 200 metros quadrados que será em Ribeirão Preto.
“Para o segundo semestre de 2026, mais ou menos, a gente também quer lançar uma unidade de fabricação e montagem em São Paulo, também próximo de Ribeirão Preto. Aquela região será meio que nosso segundo centro nervoso para a distribuição dos produtos da Yak“, finaliza o executivo.
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