IstoÉ Dinheiro - SP 17/07/2023
O presidente da siderúrgica Gerdau, Gustavo Werneck, passou a primeira metade de junho no Butão, pequeno reino budista encravado no alto do Himalaia. Ele foi a trabalho. Apesar de estar longe dos maiores mercados da companhia no mundo — Brasil e Estados Unidos —, Werneck subiu as montanhas para aprimorar suas habilidades em um tema que ele considera fundamental para o sucesso da empresa: a felicidade.
O Gross National Happiness, ou índice de Felicidade Interna Bruta (FIB), criado pelo rei Jigme Singye Wangchuk, é formado por um conjunto de indicadores que mede a satisfação pessoal e espiritual de pessoas e comunidades. Não que Werneck, um autêntico mineiro de Santa Luzia, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, esteja triste.
Ao contrário. Sob seu comando, a maior produtora brasileira de aço e uma das principais no mundo faturou a soma recorde de R$ 82,4 bilhões no ano passado, crescimento de 5,2% sobre 2021 e o melhor resultado em 122 anos de história.
O objetivo daquela imersão, portanto, não era melhorar os resultados financeiros da Gerdau. Os números do balanço mostram que Werneck não precisaria disso. Em vez de transformar minério de ferro em aço, o foco era aprender como transformar gente. “Voltei com uma visão mais atenta para nossos funcionários, fornecedores e clientes”, afirmou Werneck, em entrevista à DINHEIRO.
“Agora, nossa preocupação não está apenas em preços de produtos ou em cifras de investimento, mas como está a espiritualidade das pessoas, em como elas investem seu tempo e até em como está a qualidade do sono. Essa é a grande fronteira de desempenho organizacional que ainda não foi entendida por muitas empresas”, disse o CEO.
O depoimento de Werneck sobre sua experiência na Ásia não tem a pretensão de descrever uma aventura ou de inspirar livros de autoajuda. Trata-se de parte da explicação, segundo ele, de como a Gerdau chegou aos recordes atuais. A motivação da viagem de Werneck surgiu no caos econômico e social durante a pandemia. Nos últimos dois anos, do portão para dentro, a empresa lançou uma série de inciativas para dar suporte a seus mais de 36 mil funcionários em todo o mundo.
Os programas de assistência aos colaboradores e familiares, como atendimento psicológico, flexibilidade de jornada e respaldo financeiro, forjaram também a forma como a Gerdau se relaciona dos portões para fora — e, por consequência, seus resultados no balanço.
Uma gestão vencedora
Logo em 2020, a companhia decidiu, pela primeira vez em mais de um século, encurtar o pagamento de pequenos fornecedores para o mesmo dia, o que antes era praxe em 30 ou 60 dias. “Sem isso, os pequenos fornecedores poderiam não sobreviver. Proteger a empresa é proteger os clientes também”, disse o CEO.
E mais: Werneck determinou que todos os projetos em andamento ou em desenvolvimento fossem mantidos, garantindo que toda a cadeia do setor pudesse participar da execução das iniciativas em um momento crítico para a economia brasileira e mundial.
E parece que ele fez bem. Tanto é que depois de desembolsar R$ 4,3 bilhões no ano passado — sendo R$ 2,6 bilhões em manutenção e R$ 1,7 bilhão em projetos — a Gerdau definiu para este ano um novo plano de R$ 5 bilhões em investimentos para manutenção, expansão e atualização tecnológica de suas operações.
Outros R$ 640 milhões foram destinados a expansão de ativos florestais, atualização e aprimoramento de controles ambientais, com foco em eficiência energética e redução de emissões de gases de efeito estufa. A meta é reduzir em 10% as emissões até 2030 e ser carbono zero até 2050.
Para alcançar essa meta, a Gerdau vai ampliar seus projetos florestais e, em paralelo, acelerar operações de reutilização de metais. Hoje, mais de 70% da matéria-prima da empresa é sucata reciclada, percentual que garante à companhia baixos índices de emissão de carbono.
Além disso, a empresa mantém 254 mil hectares de florestas, sendo 90 mil de área de preservação ambiental, distribuídos em 90 municípios mineiros. “Construímos os melhores resultados da história da companhia em sintonia com as melhores práticas sociais e ambientais”, disse Werneck.
Na área de logística, o plano de descarbonização se resume em trocar parte do transporte feito por caminhões por canos. Entre 2023 e 2025, a Gerdau vai investir R$ 3,2 bilhões para construir um mineroduto ligando a mina da empresa em Ouro Preto à planta de Ouro Branco.
A obra faz parte de programa chamado pela empresa de plataforma de mineração sustentável. A tubulação terá 15 quilômetros e capacidade para escoar 5,5 milhões de toneladas de minério por ano. A previsão é que comece a funcionar em 2026.
Seja pela ótica ambiental ou financeira, os bons resultados do ano passado — e o provável novo recorde neste ano — estão fazendo a alegria da siderúrgica e de seus acionistas.
Com o resultado recorde de 2022, foram distribuídos R$ 6,1 bilhões para os acionistas da Gerdau S.A. (R$ 3,63 por ação) e R$ 1,3 bilhão para os acionistas da Metalúrgica Gerdau S.A. (R$ 1,25 por ação), o que representou um provento total sobre o lucro líquido ajustado do ano de 58,7% e 38,8%, respectivamente.
Na avaliação do economista Pedro Lang, head de renda variável e sócio da Valor Investimentos, a Gerdau tem sido ajudada por um esforço global dos governos de incentivos a obras de infraestrutura, especialmente nos Estados Unidos.
“No Brasil, com o governo Lula, há uma perspectiva boa com a aprovação do novo Minha Casa, Minha Vida, o que é muito positivo para a Gerdau”, afirmou Lang.
“A Gerdau está muito bem posicionada no mercado americano e muito bem no Brasil. Quando os juros começarem a cair, teremos uma demanda habitacional na veia.”
Por dentro da Gerdau
A companhia brasileira vive o melhor momento de sua história
• Fundada em 1901, em Porto Alegre, por João Gerdau e Hugo Gerdau
• 11 milhões de toneladas recicladas anualmente, maior recicladora de sucata metálica da América Latina
• Presença em 9 países nas Américas (Brasil, Argentina, Uruguai, Peru, Colômbia, República Dominicana, México, Estados, Unidos e Canadá)
• +5,2% sobre o resultado de 2021
36 mil funcionários
• 12,7 milhões de toneladas de produção aço bruto por ano
• 71% do aço produzido pela Gerdau tem a sucata metálica como matéria-prima
• R$ 82,4 bilhões de faturamento em 2022
• 32 unidades industriais para produção de aço
• Investimentos de R$ 4,3 bilhões em 2022 e de R$ 5 bilhões em 2023
A Gerdau, vista por fora
• Maior produtora de carvão vegetal do mundo, com mais de 250 mil hectares de base florestal no estado de Minas Gerais
• Possui uma das menores médias de emissão de gases de efeito estufa (CO2e), de 0,89t de CO2e
por tonelada de aço, o que representa aproximadamente a metade da média global do setor, de 1,91t de CO2e por tonelada de aço (worldsteel)
• Ações listadas nas bolsas de valores de São Paulo (B3), Nova Iorque (NYSE) e Madri (Latibex)
Brasil ao cubo
Em paralelo às iniciativas ambientais e de descarbonização está a estratégia de “descomoditizar” o aço. Para os próximos anos, o plano de Werneck é agregar valor ao metal, aumentando a capacidade de produção de aços especiais — mais leves e com mais resistência, como os utilizados em veículos elétricos — e oferecendo serviços associados ao metal na construção civil.
O pilar mais importante desse plano atende pelo nome de Brasil ao Cubo, uma empresa catarinense especializada em steel frame que recebeu aporte de R$ 60 milhões da Gerdau em 2020.
“Em vez de a gente entregar o aço para o cliente, o cliente contrata uma consultoria nossa. E já entregamos a solução.”
Gustavo Werneck, presidente da Gerdau
A construtech executou grandes obras para empresas como Ambev e Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e tem projeção de faturar R$ 650 milhões neste ano. A Brasil ao Cubo, que despontou como uma importante aliada das empresas no combate à pandemia, já que seu modelo de negócio permitiu a construção de grandes prédios e galpões de forma rápida, planeja entrar no segmento residencial de alto padrão.
Toda essa conjuntura interna e externa da Gerdau ajudou a acelerar também a incorporação de novas tecnologia aos processos produtivos. A megafábrica da companhia em Ouro Branco, interior de Minas Gerais, implementou sistemas de algoritmos para tomar decisões antecipadas na parte de manutenção.
A unidade também incorporou o sinal 5G para execução de todos os seus processos, a primeira grande empresa brasileira a tomar essa decisão. Com isso, a empresa reduziu em mais de 90% o tempo de parada das máquinas para reparos, turbinando exponencialmente a produtividade da planta.
“A Gerdau está muito bem posicionada no mercado americano
e muito bem no Brasil. Quando os juros começarem a cair,
teremos uma demanda habitacional na veia.”
Além disso, foram instalados 40 mil sensores em todas as fábricas da Gerdau no País, o que garante coleta de dados com muito mais assertividade. “O que antes era feito com uma planilha e um operador de máquinas hoje está totalmente automatizado”, disse Werneck.
Graças a essas inovações, os algoritmos e a inteligência artificial conseguem prever, segundo o CEO, falha nos equipamentos sete dias antes que aconteça. Com isso, houve também significativa redução dos custos de produção e possibilidade de capturar ineficiências que antes eram imperceptíveis.
A extensa lista de iniciativas, dentro e fora da companhia, tem a tarefa de preparar os negócios para a nova economia e garantir um futuro longevo e saudável para uma das maiores e mais eficientes empresas brasileiras. Missão que, segundo Werneck, só vale a pena para a Gerdau se tiver um único propósito: a felicidade.
Entrevista Gustavo Werneck, presidente da Gerdau
Quais foram as lições da viagem ao Butão?
Fui lá para entender como é que um conceito desse de Estado pode ser aplicado na empresa. Aprendi que não existe empresa de sucesso com funcionários tristes. Temos que criar sempre uma situação muito maior de apoio, de felicidade e de suporte. Esses olhares se ampliaram muito. Da integralidade de entender cada público.
Essa demanda é um legado da pandemia?
A Covid acelerou muita coisa. Na pandemia, mudamos coisas dentro e fora da empresa. Tomamos, por exemplo, uma decisão contrária ao que muitas empresas fizeram. Em vez de adiar o pagamento de fornecedores, segurar dinheiro em caixa e cortar projetos, passamos a pagar à vista o que antes era em 30 ou 60 dias. Sem isso, os pequenos fornecedores poderiam não sobreviver. Proteger a empresa é proteger os clientes também. Então, empresas brasileiras, como a Gerdau, conseguiram entender muito melhor a realidade do Brasil.
As iniciativas não geraram mais custos?
Quanto mais a gente investe em pessoas e em cultura, mais a gente lança o olhar para a sociedade. E mais resultado financeiro a gente entrega. E não abrimos mão de nossos princípios. Quando a gente olha só para o próprio umbigo, destrói a reputação. Se isso acontece, desestrutura toda a cadeia.
A reputação da Gerdau saiu fortalecida?
Talvez sim, mas não é esse o objetivo. Mas os números sugerem que sim. Nosso programa de recrutamento ano passado tinha 200 vagas. Atraímos 40 mil candidatos. Nunca tinha acontecido isso. As pessoas querem trabalhar com empresas que têm um olhar muito mais amplo do que um olhar econômico.
As ações foram iguais em todos os mercados em que a Gerdau atua?
A gente customiza em cada cultura. Programas de diversidade e inclusão nos Estados Unidos são diferentes dos daqui. Lá, não há indígenas. Não é um tema que precisa ser tratado. Então, diversidade e inclusão são iguais em todo o mundo, mas a forma como a gente implanta precisa ser adaptado às realidades locais.
Por que a Gerdau decidiu sair de alguns mercados, como a Espanha?
Porque passamos a focar nos mercados em que a gente é mais relevante, como Brasil e Estados Unidos. E abrimos mão de países onde a gente não tinha tanta relevância, como na Espanha. Hoje, pela primeira vez na história, nossa operação nos Estados Unidos é maior do que no Brasil. E o potencial do Brasil é imenso. Então, estamos mais focados.
O mercado americano ficou maior do que o do Brasil pela questão cambial?
Não só por isso. A economia americana está muito forte. Os investimentos em infraestrutura na América do Norte estão superaquecidos. O fenômeno do reshoring, ou seja, a repatriação de empresas que nas últimas décadas haviam deixado os EUA para produzir em outros países, está demandando muito aço. Além disso, o governo está investindo muito em energias renováveis, como eólica.
É difícil para uma empresa de perfil industrial e centenária fazer mudanças?
Com certeza é mais difícil fazer essa transformação digital. Muitas empresas tradicionais acabam morrendo por não querer deixar a zona de conforto. É arrogância. Quando você acha que tá bem, é aí que começa a baixar a guarda e achar que nenhuma transformação consegue te pegar. Nosso pensamento na Gerdau não é esse. Temos medo de desaparecer. Então, a gente fica o tempo todo pensando o que pode causar uma transformação no mercado que a gente não está vendo.
Questões como recessão, guerra e o dólar não preocupam?
A gente tem como filosofia interna não se preocupar com fenômenos macroeconômicos que a gente não controla. Não dá pra ficar arrancando os cabelos com dólar barato ou dólar alto. Por mais que tudo esteja incerto, a Gerdau segue em frente, trabalhando.
Dá para continuar crescendo nesse cenário mais desafiador?
Sim. Vamos crescer de forma diferente do que a gente cresceu no passado, com menos aquisições, com menos alavancagem. A nossa estratégia é muito mais focada nos nossos clientes, criar valor para os nossos clientes, entrar em mercados mais de nicho, entregar mais serviços conectados ao aço. Cada vez mais a gente vê que os nossos clientes estão buscando isso: não só comprar o aço, mas o aço com serviço agregado. Então, olhando os próximos dez anos, vamos continuar operando nas Américas, muito mais centrados em criar serviços e valores aos clientes.
Valor Investe - SP 17/07/2023
Essa será a 14ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações.
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) informou ao mercado na noite de sexta-feira (14) a oferta pública de distribuição de sua 14ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária. O montante total informado é de R$ 700 milhões, em até três séries – a primeira de R$ 320 milhões, a segunda de R$ 180 milhões e a terceira de R$ 200 milhões.
De acordo com o comunicado, enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o aviso complementa a comunicação feita ao mercado em 19 de junho deste ano, ocasião em que a 14ª emissão de debêntures foi aprovada pelo Conselho de Administração.
Fonte: CSN - usina em volta redonda - RJ — Foto: Gabriel Borges/CSN
Petro Notícias - SP 17/07/2023
Dados da Alacero, Associação Latino-Americana do Aço, indicam que, nos primeiros 4 meses de 2023, a produção de aço bruto foi 6,6% menor que no mesmo período do ano anterior, totalizando 19,4 milhões de toneladas (Mt). Em abril, a produção foi de 4,9 Mt, valor 5,6% inferior ao de abril de 2022 e 0,6% inferior ao do mês anterior. Os números são explicados pela queda mensal de 8,1% na produção de Forno Elétrico (2,3 Mt), enquanto Altos Fornos aumentou 7,2% (2,6 Mt) em relação a março de 2023. Em abril, a produção de laminados foi de 4,5 Mt, ou seja, 1,1% menor que abril de 2022 e 3,7% menor que o mês anterior. Os tubos sem costura caíram 11,6% no mês, enquanto os aços longos -5,4% e os planos -1,5%. Nos primeiros 4 meses de 2023 ficou 2,1% abaixo do mesmo período do ano anterior, com 17,8 Mt total.
Os principais setores consumidores de aço apresentaram comportamento misto em março, com alguns aprofundando ou mantendo a tendência negativa exibida desde o quarto trimestre de 2022 e outros mostrando sinais de recuperação. O setor da construção moderou o seu ritmo de contração. Embora tenha permanecido no vermelho desde setembro-22, a atividade caiu 1,4% a/a em março-23, uma taxa ligeiramente inferior aos -2,4% a/a de fevereiro-23. A queda foi impulsionada pelo fraco desempenho no Peru, Chile e Colômbia (com quedas de 12,4%, 8,4% e 7,5% YoY, respectivamente). A dinâmica positiva mas moderada do setor no México e na Argentina (+2,1% e +1,2% a/a, respectivamente) não conseguiu compensar a queda no restante da região. Por sua vez, a produção industrial voltou a ter terreno positivo em março-23. Depois de cair 0,7% ao ano em fevereiro-23, a atividade manufatureira mostrou uma recuperação moderada durante o terceiro mês do ano (+0,8% a/a). Embora o setor acumule apenas dois recordes negativos nos últimos 15 meses, o comportamento recente denota uma estagnação acentuada (em particular, desde agosto-22). A alta no nível regional foi liderada pela Argentina (+3,1% a/a), seguida do México e do Brasil com avanços mais moderados (+1,1% e +0,9% a/a, respectivamente). Chile, Colômbia e Peru caíram 5,5%, 0,4% e 0,3% A/A, respectivamente.
A produção automotiva desacelerou em abril-23 após a forte recuperação em março-23 (+5,9% a/a versus +18,3% a/a); o sólido desempenho da Argentina (+24,1% a/a) e uma ligeira aceleração do México (+16,9% a/a) conseguiu compensar o vermelho do Brasil, que perdeu o ímpeto exibido no terceiro mês do ano (-3,9 % versus +20,0% A/A). A produção de máquinas, por sua vez, permaneceu em terreno negativo em março-23 (-3,5% a/a), motivada por uma forte perda de dinamismo no Peru (caiu 11,9% a/a), Chile (+1,7% a/a) e México (-1,1%). Por fim, a fabricação de eletrodomésticos se recuperou em março-23, impulsionada pelo bom desempenho do Brasil e da Colômbia (+28,5% e +6,5% a/a, em cada caso), que conseguiram compensar a queda geral ano-a-ano queda no restante da região: Peru (-42,8%); Chile (-26,4%); México (-13,7%) e Argentina (-2,4%). Com relação ao comércio de produtos laminados, em março de 2023 as importações totalizaram 2,3 Mt, 2,9% acima do mês anterior e 16,4% acima do mês anterior. Nos 3 primeiros meses de 2023 ficou 8,5% abaixo do mesmo período do ano anterior, com 6,2 Mt total. As exportações, por sua vez, somaram 894 mil toneladas (ou 0,9 Mt), 16,3% a menos que em março anterior e 18,6% a mais que no mês anterior. Nos primeiros 3 meses de 2023 ficou 23,9% abaixo do mesmo período do ano anterior, totalizando 2,3Mt.
Com relação ao consumo de laminados, em março de 2023 foram consumidas 6,3 Mt, valor 2,5% superior ao de março anterior e 18,1% superior ao do mês anterior. Destaque para os produtos longos, que cresceram 18,6% no mês, enquanto os aços planos cresceram 18,2% e os tubos sem costura, por sua vez, 7,2% a mais. O primeiro trimestre de 2023 adicionou 17,5 Mt de toneladas, sendo o melhor trimestre desde o mesmo período de 2022. Os dados são 6,3% superiores aos do quarto trimestre de 2022 e 0,5% inferiores aos do primeiro trimestre do ano passado.
“Quando olhamos o consumo aparente de aço no primeiro trimestre de 2023, apesar de ter sido 0,5% menor que o mesmo período do ano anterior, vemos que foi 6,3% maior que o trimestre anterior. Em relação aos setores demandantes de aço, observamos que o crescimento em março foi de 18,6%, enquanto os planos aumentaram 18,2%. Por isso, nossas expectativas são de que os setores de construção e automotivo continuem sendo os principais agentes da recuperação do consumo regional ao longo de 2023, principalmente no Brasil e no México”, avaliou o Diretor Executivo da Alacero, Alejandro Wagner.
G1 - RJ 17/07/2023
Moradores de Volta Redonda, no sul do Rio de Janeiro, enfrentam o acúmulo de um pó emitido pela Companhia Siderúrgica Nacional. O estado deixou de monitorar a emissão desse produto há seis anos. Nesta sexta-feira (14), o Instituto Estadual do Ambiente multou a empresa em R$ 1 milhão.
Uma cidade inteira coberta de fumaça e de poeira. Volta Redonda, no Sul Fluminense, tem a mais antiga siderúrgica do Brasil. Com máquina e equipamentos que não conseguem conter a emissão de poluentes, a CSN é hoje uma grande ameaça à saúde pública da região.
“Essa fonte principal de poluição vem dessa principal indústria, que é a Companhia Siderúrgica Nacional. Alguns estudos que já foram feitos em Volta Redonda, já mostraram que tem uma relação muito clara, uma associação, da poluição do ar com efeitos à saúde”, afirma Marcelo Moreno, pesquisador da Fiocruz.
O pó preto que sai da CSN está por toda parte: nas ruas, dentro das casas. Há um ano, o Jornal Nacional esteve em Volta Redonda e mostrou o teste do imã para confirmar que essa poeira tem origem metálica. Este poluente deixou de ser monitorado pelas autoridades ambientais em 2017 por determinação do Conselho Estadual do Meio Ambiente.
O Inea, Instituto de Ambiente do Estado, informou que o conselho tomou a decisão alegando que não há padrões de monitoramento para este material. Mas o Ministério Público afirma que o poluente é fiscalizado em vários estados e em outros países.
“Em diversos países, como Canadá, e em outros estados brasileiros, como Minas Gerais, Espírito Santo, a gente tem. E no Rio de Janeiro, por conta de uma decisão do órgão ambiental estadual, não há mais monitoramento dessa substância”, explica o promotor de Justiça Leonardo Kataoka.
Agora, o Conselho Estadual do Ambiente informou que haverá uma reunião na segunda-feira (17) para revisar as normas.
Para um casal de idosos, cada minuto importa. Eles enfrentam problemas respiratórios agravados pela poluição.
“Eu tenho asma brônquica e alérgica”, diz a enfermeira Maria Aparecida Rodrigues Lima.
“Eu tenho enfisema pulmonar”, conta o aposentado Mauro Lima.
Para proteger a saúde, eles já foram orientados pelos próprios médicos a deixar a cidade.
Nos dias de vento forte, a situação fica ainda pior. Em maio, o flagrante do lançamento de uma fumaça espessa de cor laranja. A empresa chegou a ser multada pelo o Inea. Segundo o instituto, a CSN não seguiu o protocolo de comunicar imediatamente o incidente.
Muitos moradores de Volta Redonda desconfiam das informações que são compartilhadas 24 horas por dia em equipamentos que revelam a qualidade do ar nos bairros da cidade. As informações compartilhadas com a população têm origem em nove estações de monitoramento da qualidade do ar financiadas pela Companhia Siderúrgica Nacional e chanceladas pelo Inea, o órgão ambiental do estado do Rio.
A engenheira ambiental Renata Martins Parreira identificou falhas nos registros.
“Quando nós tínhamos limite muito próximo dos determinados como ruins ou péssimos de acordo com o Conama e o Inea, essas bases apresentavam inconsistência de dados sequencialmente”, diz.
Tão preocupante quanto a fumaça são as milhares de toneladas de escória, o lixo da siderúrgica que é despejado às margens do Rio Paraíba do Sul. Nesta sexta-feira (14), a CSN foi multada em R$ 1 milhão pelo Instituto Estadual do Ambiente.
O Inea deslocou uma estação móvel de monitoramento da qualidade do ar para Volta Redonda para reforçar as análises dos níveis de poluição.
A ex-ministra do meio ambiente, Izabella Teixeira, que integra uma comissão da Organização Mundial de Saúde sobre a qualidade do ar, diz que é inadmissível o que está acontecendo em Volta Redonda.
“Uma empresa histórica, importante para a economia do país, mas que não se coloca no futuro se não mudar urgentemente as suas práticas de controle e gestão ambiental, mas de relação com a sociedade. É incompreensível que o Brasil tenha ainda isso hoje com a estatura do desenvolvimento e da evolução, não só da legislação ambiental, mas das tecnologias de controle e de eficiência na área da indústria brasileira”, afirma.
A CSN disse que está investindo R$ 700 milhões em equipamentos para aprimorar seus controles ambientais; que até a conclusão das obras em 2024, está adotando medidas para reduzir o impacto da poeira.
O Instituto Estadual do Ambiente disse que enviou uma equipe para fiscalizar as ações tomadas pela CSN; que faz vistorias mensais na montanha de resíduos; e que já emitiu 19 multas nos últimos cinco anos à empresa responsável pelo espaço.
O Estado de S.Paulo - SP 17/07/2023
Quando discutimos a execução da política monetária no regime de metas de inflação há dois conceitos fundamentais de taxa de juros. O primeiro é o da taxa básica de juros, que no Brasil tem o nome de Selic. O segundo é o da taxa neutra de juros, que é a taxa de juros livre de risco, que iguala a demanda agregada ao PIB potencial.
Para controlar a inflação, o Banco Central tem que mover a taxa Selic, colocando-a acima da taxa neutra quando a inflação excede a meta, e abaixo da taxa neutra quando a inflação for inferior à meta.
Quando ao Banco Central é dada a independência no uso do instrumento, ele tem plena liberdade de mover a Selic, porém, não tem nenhum poder de fixar o nível da taxa neutra de juros.
Como a demanda agregada é, por definição, a soma do consumo (das famílias e do governo), e dos investimentos em capital fixo (das empresas e do governo), quando o governo eleva seus gastos (de consumo e/ou em investimentos) o equilíbrio entre a demanda agregada e o PIB potencial só será atingido com uma taxa neutra de juros mais elevada.
A conclusão é que, embora o Banco Central tenha liberdade de mover a Selic para cima ou para baixo, quem fixa a taxa neutra é a política fiscal.
Quando em 2016 os gastos em termos reais (de consumo e de investimentos) do governo foram congelados, a política fiscal deixou de ser expansionista, o que acarretou a queda da taxa neutra.
Foi isso que permitiu que, ao final do ciclo de queda da Selic, iniciado na metade de 2016, a taxa Selic em termos reais (deflacionada pela inflação um ano à frente) tenha caído para 2% ao ano, com as taxas de juros das NTN-b de um ano caindo para 1% e nas NTN-b de 10 anos caindo para 3% ao ano.
O Banco Central ficou com a glória de controlar a inflação, colocando-a na meta, mas o mérito de permitir que a taxa real de juros chegasse a 2% ao ano – um fato inédito na economia brasileira -, se deve apenas e tão somente à política fiscal.
Bancos Centrais ao redor do mundo são vítimas de muitas críticas, em geral emocionais e sem fundamento, e o Brasil não é uma exceção. Se temos, hoje, uma inflação ainda elevada, deveríamos prestar mais atenção para o grau exagerado da expansão fiscal, que se iniciou com a reação à pandemia e que persiste até hoje, indicando que maior atenção deveria ser dada aos efeitos da política fiscal sobre a taxa neutra.
Infelizmente, nas mãos de populistas as críticas ao Banco Central geram dividendos políticos muito maiores, e por isso não tenho qualquer ilusão de que a vida do Banco Central será fácil.
O Estado de S.Paulo - SP 17/07/2023
Entre as emendas enxertadas de última hora no texto-base da reforma tributária está a permissão de que os Estados passem a cobrar um imposto sobre exportação de produtos primários e semielaborados até 2043.
Foi reivindicação dos governadores do Centro-Oeste, liderados pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União). Argumentam que precisam de recursos para financiar investimentos em infraestrutura, como rodovias, ferrovias e centros de armazenamento, que favoreceriam os setores tributados.
O texto, vago, é um coração de mãe, nele cabe qualquer coisa. Não garante que os recursos se limitariam apenas a obras de infraestrutura.
No passado, houve os confiscos sobre exportações do café e do açúcar, destinados a financiar estoques reguladores.
Mais recentemente, o economista que mais batalhou por isso foi o ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira. Seu objetivo era recuperar a indústria. Partia do princípio de que o Brasil sofria de doença holandesa, assim chamada porque, nos anos 70, a Holanda exportou tanto petróleo do Mar do Norte que a forte entrada de dólares produziu forte valorização do florim, a moeda local de então. Com isso, a indústria holandesa não conseguia competir com o produto importado, que chegava muito mais barato do que permitiam os custos da produção local.
A ideia do professor Bresser-Pereira era de que a forte exportação de produtos primários (soja, milho, café, minérios, etc.) do Brasil injeta enxurradas de moeda estrangeira no câmbio interno, o que, por sua vez, reduz a competitividade do produto industrial brasileiro. Daí, concluía ele, a necessidade de cobrar esse imposto, de maneira a arrumar recursos para aumentar a proteção à indústria nacional. Em nenhum momento, Bresser admitia que a entrada de dólares na Conta de Investimentos Estrangeiros Diretos, na época maior do que a receita com exportações de primários, devia ser vista como principal fator de valorização do real.
Se as exportações de produtos primários e semielaborados (potencialmente, farelos e óleos vegetais, álcool, biodiesel) forem taxadas, o Brasil entrará porteira adentro no sistema da Argentina, que cobra as tais retenciones sobre exportação de primários e tornou uma barafunda seu comércio exterior e seu sistema de câmbio, porque os atingidos passaram a subfaturar suas exportações e usar outros meios para fugir desse imposto.
Não é verdade que o agro prejudica a indústria; ao contrário, ele estimula a agroindústria e o setor de serviços ligado a ele, que, por sua vez, aumentam o mercado da indústria de transformação. Dar esse cheque em branco para os governadores contraria um dos princípios básicos da reforma tributária, que é acabar com a escancarada guerra fiscal entre Estados.
Os lobbies do agro e da mineração começaram a se movimentar para barrar esse jogo. Cabe ao Senado consertar o estrago produzido no atropelo pela Câmara dos Deputados.
Infomoney - SP 17/07/2023
O dólar tem desafiado as previsões de uma baixa prolongada desde pelo menos o início do ano. Agora, contudo, os principais gestores dizem que o rali da divisa americana está com os dias contados.
O dólar enfraquece à medida que as taxas de juros nos Estados Unidos se aproximam do pico e o aperto agressivo do Federal Reserve começa a afetar a maior economia do mundo, afirmam os investidores.
Isso abrirá caminho para moedas como o iene, o dólar neozelandês e moedas de mercados emergentes, como o real brasileiro e o peso colombiano, se fortalecerem, de acordo com a AllianceBernstein e a UBS Asset Management.
A resistência global do dólar tem confundido os pessimistas que haviam alertado que a moeda estava caminhando para a maior queda em vários anos após uma alta em 2022.
No entanto, há uma crescente convicção de que eles podem finalmente estar corretos, à medida que a desaceleração da inflação fortalece o argumento para o banco central dos EUA encerrar sua campanha de alta das taxas nos próximos meses.
“O dólar provavelmente atingiu o seu pico e pode haver espaço para outras moedas se saírem melhor na segunda metade de 2023 e em 2024″, disse Brad Gibson, co-chefe de renda fixa da Ásia-Pacífico na AB.
Isso ocorre porque a economia dos EUA desacelerará e o Fed provavelmente começará a flexibilizar sua política monetária, afirmou.
A reação aos dados de arrefecimento da inflação nos EUA divulgados na quarta-feira (12) parece justificar a onda de previsões pessimistas contra o dólar.
O índice Bloomberg Dollar Spot Index, de dólar à vista, despencou durante a semana para o nível mais baixo em 15 meses, com o indicador agora apresentando uma queda de mais de 11% desde o pico registrado em setembro.
Os hedge funds estavam se preparando para a fraqueza, pois se tornaram vendedores líquidos de dólar pela primeira vez desde março, de acordo com dados da Commodity Futures Trading Commission agregados pela Bloomberg.
Iene ganha destaque
Nesse contexto, os investidores estão fazendo suas apostas em quais moedas se beneficiarão da baixa do dólar.
O iene é visto como um dos principais beneficiários, com os otimistas citando fatores como o receio de uma recessão nos EUA, a redução das diferenças de rendimento e especulações de que o Banco do Japão possa ajustar sua política monetária ultraflexível nos próximos meses.
Jim Leaviss, diretor de investimentos em renda fixa na M&G Investments, que supervisiona US$ 366 bilhões, está vendendo dólares em relação ao iene. “Há muitas oportunidades de câmbio no momento”, disse Leaviss. “Muitas moedas de mercados emergentes parecem baratas.”
Dólar mais fraco
Todas as moedas do Grupo dos Dez (G10) se fortaleceram em relação ao dólar nos últimos meses. O iene subiu 4% nas últimas cinco sessões até quinta, o franco suíço atingiu a maior alta desde 2015, enquanto o euro e a libra alcançaram seus níveis mais altos em mais de um ano.
As moedas de mercados emergentes também avançaram, com um índice da MSCI desses ativos subindo 2% este ano após uma queda de 4% em 2022. O índice do dólar da Bloomberg estendeu as perdas nesta quinta-feira (13).
Para Shamaila Khan, da UBS Asset, as moedas da América Latina, incluindo as do Brasil, México, Chile e Colômbia, têm boas chances de apresentar um desempenho superior.
Todas elas se fortaleceram em relação ao dólar este ano, com o peso colombiano avançando 18% em relação ao dólar.
“Gostamos delas devido aos altos rendimentos, com retornos de dois dígitos”, disse Khan, chefe de renda fixa para mercados emergentes e Ásia-Pacífico para a gestora de ativos de US$ 1,1 trilhão. “Esperamos um dólar mais fraco na segunda metade do ano”.
Christian Abuide, do banco suíço Lombard Odier, também vê o real se fortalecendo, juntamente com o franco suíço, o euro e o iene.
“Preferimos o alto rendimento oferecido por mercados emergentes, como o real brasileiro, que se beneficia de um ambiente de queda da inflação e melhora dos balanços fiscais e externos”, escreveu Abuide, chefe de alocação de ativos, em um relatório recente.
Segundo Audrey Childe-Freeman, da Bloomberg Economics, faz sentido pensar em desempenho mais fraco do dólar no segundo semestre se acreditar que a taxa do Fed em breve atingirá o pico, em uma história de desaceleração do crescimento dos EUA e se acreditar em um contexto de mercado favorável ao risco contínuo.
Visões divergentes
Outros têm menos certeza de que o dólar enfraquecerá ainda mais. “Não temos assumido muitos riscos” no mercado de câmbio, disse Brendan Murphy, gestor de fundos da Insight Investment, que supervisiona mais de US$ 880 bilhões.
“Ainda temos essas taxas reais altas e crescentes, e há preocupações com o crescimento global e os EUA – em termos relativos – estão realmente se saindo melhor do que a Europa e a China.”
Há argumentos a favor de um dólar mais forte. O Fed pode manter as taxas mais altas por mais tempo se a inflação não recuar dentro da meta do banco central.
A moeda de reserva mundial também tende a se fortalecer em meio à aversão ao risco e o agravamento dos temores de recessão pode estimular uma força renovada no dólar.
No entanto, de modo geral, parece haver um consenso crescente de que os melhores dias do dólar estão chegando ao fim, pelo menos por enquanto.
“O pico das taxas de juros nos EUA ‘retira um dos suportes para o dólar’”, disse Rajeev De Mello, veterano de 36 anos nos mercados e gestor de fundos na GAMA Asset Management, que está comprando a rupia indiana e o peso mexicano em relação ao dólar.
“Essa primeira fase de compra de outras moedas além do dólar já está em andamento.”
Globo Online - RJ 17/07/2023
A economia da China cresceu 6,3% no segundo trimestre de 2023, em comparação ao mesmo período do ano anterior, apesar da recuperação irregular pós-Covid nos últimos meses, segundo informação oficial divulgada nesta segunda-feira.
No gigante asiático, a economia "apresentou um bom impulso de recuperação", informou o Escritório Nacional de Estatísticas de Pequim, em comunicado, que também revelou um aumento recorde de 21,3% no desemprego entre jovens, em junho, enquanto o desemprego urbano geral permaneceu em 5,2%.
"O PIB cresceu 4,5% ao ano no primeiro trimestre e 6,3% no segundo trimestre", disse o porta-voz do escritório, Fu Linghui.
"A demanda do mercado se recuperou gradualmente, a oferta de produção continuou a aumentar, o emprego e os preços ficaram estáveis e a renda dos residentes cresceu de forma constante", acrescentou.
Crescimento aquém do esperado
Analistas ouvidos pela AFP esperavam um salto de 7,1%, embora tivessem alertado que os números seriam inflados erroneamente, dada à baixa base de comparação com 2022, ano marcado pela pandemia da Covid.
No mesmo período do ano anterior, com restrições como bloqueios repentinos, proibições de viagens e fechamento de fábricas, a China registrou crescimento de 0,4%, um dos valores trimestrais mais baixos dos últimos anos.
O crescimento trimestral, considerado uma base de comparação mais realista, mostra que a segunda maior economia do mundo cresceu apenas 0,8% no período abril-junho.
Esse número é inferior ao crescimento de 2,2% registrado nos três meses anteriores, após a atividade morna registrada entre outubro e dezembro.
Outros dados divulgados na segunda-feira mostraram que a recuperação pós-pandêmica está diminuindo, provavelmente alimentando pedidos de mais estímulos econômicos.
O desemprego juvenil em junho registrou um aumento recorde de 21,3%, um salto de 20,8% em maio, enquanto o desemprego urbano geral manteve-se em 5,2%.
Money Times - SP 17/07/2023
As ações da Vale (VALE3) tentam passar pela turbulência dos preços do minério de ferro no exterior. Parece, no entanto, que o papel tem encontrado dificuldade para retomar a marca dos R$ 70.
Levando em consideração dados ainda pouco animadores vindo da China, o Inter Research estipulou um novo preço-alvo de R$ 77 para a mineradora e reforçou a recomendação “neutro”. O novo alvo implica em um potencial de alta de 12% sobre o último fechamento.
“Os números da economia chinesa seguem indicando uma demanda local fraca, com a população ainda se recuperando dos efeitos adversos da crise no setor imobiliário e partindo agora para um processo de recuperação não só de poupança, mas também de confiança”, destaca a analista Gabriela Joubert, em relatório divulgado nesta quinta-feira (13).
O Inter destaca a fraqueza do ritmo de atividade da indústria no país. O PMI Manufatura chinês segue abaixo dos 50 pontos, o que representa nível contracionista, lembra a instituição.
“Mesmo com estímulos anunciados recentemente pelo governo em setores importantes, como o imobiliário, não temos observado uma resposta adequada da demanda interna”, completa Joubert.
Nem mesmo o aumento das exportações de aço tem conseguido compensar a fraqueza no consumo interno. Segundo o Inter, “não há grandes soluções à vista para o setor imobiliário [chinês], o que limita significativamente o aumento desse consumo”.
Revisão de estimativas
O Inter acabou revisando para cima o preço médio do minério de ferro de referência para US$ 95/tonelada ao fim deste ano. Para o longo prazo, o patamar foi mantido em US$ 60/tonelada.
Houve redução na expectativa de vendas de ferrosos da Vale para 2023. A expectativa é de que o volume fique levemente abaixo de 310 milhões de toneladas, que é o piso do guidance.
Multiplicar o seu patrimônio por até 5x em 36 meses: essa é a possibilidade ofertada pelo vice-presidente da Empiricus Research, Rodolfo Amstalden, a todos os investidores brasileiros que sonham em mudar sua realidade financeira com a bolsa. [CONHEÇA O PLANO AQUI]
Em relação aos custos, que foi um dos pontos negativos do balanço do primeiro trimestre, o Inter avalia melhora no custo caixa C1 com a redução gradual dos preços dos insumos, além de maior diluição do custo fixo com a elevação da produção ao longo do ano, levando a uma menor participação de minério de ferro de terceiros.
Apesar da recomendação neutra, o Inter reforça que a Vale é uma oportunidade para os investidores com uma carteira voltada a proventos, “uma vez que ainda esperamos forte geração de caixa e um dividend yield médio de 10% nos próximos anos”.
Brasil Mineral - SP 17/07/2023
A Mineração Usiminas iniciou, em junho, as obras para descaracterização da barragem Samambaia 0, última estrutura de disposição de rejeitos da empresa no modelo convencional. A barragem já está descomissionada, ou seja, foi desativada e não recebe materiais desde dezembro de 2021.
O processo de descaracterização deve ser executado durante 24 meses e é mais um marco da Mineração Usiminas no compromisso com a segurança das pessoas e a sustentabilidade das operações, iniciando um ciclo de operações sem a utilização de barragens. “Ter operações cada vez mais modernas, seguras e sustentáveis está entre as prioridades estabelecidas pela Mineração Usiminas. Agora, às vésperas do seu aniversário de 13 anos de atuação, a ser comemorado em agosto, a empresa celebra também o início de um novo ciclo de operações, sem a existência de barragens”, afirmou o diretor-presidente da Mineração Usiminas, Carlos Rezzonico.
Money Times - SP 17/07/2023
Os contratos futuros de minério de ferro nas bolsas de Dalian e Cingapura ampliaram ganhos pela quarta sessão nesta sexta-feira (14). A alta é sustentada por esperanças crescentes de medidas de estímulo na China após dados de exportação mais fracos, bem como estoques mais baixos em usinas e portos.
Na Dalian Commodity Exchange (DCE), o minério de ferro mais negociado para setembro atingiu uma máxima de quase quatro meses ao fechar as negociações diurnas com alta de 2,54%, a 849 iuanes (US$ 119,02 ) a tonelada, o maior patamar desde 17 de março.
O minério de ferro de referência em agosto na Bolsa de Cingapura subiu 3,58%, para US$ 113,85 a tonelada, a maior cotação desde 11 de abril.
As exportações da China caíram no mês passado em seu ritmo mais rápido desde o início da pandemia de Covid-19, há três anos.
O minério de ferro subiu em conjunto com as esperanças de que Pequim providenciaria mais ajuda econômica para o setor imobiliário local, já que os investidores ignoraram os dados comerciais decepcionantes, disseram analistas do National Australia Bank em nota.
Enquanto isso, os estoques de minério de ferro em 247 siderúrgicas pesquisadas pela Mysteel caíram 1,3% na semana, para 85,22 milhões de toneladas métricas em 14 de julho, enquanto os estoques nos 45 portos pesquisados recuaram 1,1%, na quarta queda semanal consecutiva, para 124,95 milhões toneladas métricas, segundo dados da consultoria.
Diário do Comércio - MG 17/07/2023
A maioria das usinas da China, maior produtora de aço do mundo, utiliza sucata na produção para melhorar a produtividade. Mas a fraca atividade de construção na China está gerando menos sucata, reduzindo a oferta e tornando-a mais cara.
O consumo de sucata caiu quase 11%, para 110 milhões de toneladas no primeiro semestre do ano, estimou Hu Bin, diretor do provedor de informações Fubao.
O metal quente – um produto intermediário feito em altos-fornos – custou 2.609 iuanes (US$ 366,02 dólares) por tonelada métrica no leste da China em 12 de julho, 48 iuanes a menos que a sucata de aço, mostram dados da Fubao.
Cinco analistas esperam que as importações de minério de ferro aumentem entre 40 e 60 milhões de toneladas este ano ante 1,11 bilhão de toneladas no ano passado, ou até 5,4%. “Elevamos nossa previsão no segundo trimestre porque testemunhamos um menor consumo de sucata no primeiro semestre e a situação deve continuar no segundo semestre”, disse Lawrence Zhang, principal consultor de metais e mineração da consultoria Wood Mackenzie.
A China depende de importações para cerca de 80% de seu consumo total e a oferta doméstica não consegue compensar a demanda mais forte por minério de ferro. A mineração doméstica este ano foi interrompida por verificações de segurança após acidentes em minas.
Suprimento abundante
Os suprimentos de minério no exterior, principalmente do Brasil e da Índia, cobrirão facilmente o menor uso de sucata da China.
Espera-se que as importações da Índia cresçam entre 15 e 20 milhões de toneladas métricas, disseram analistas, depois que o país cancelou seu imposto de exportação de minério de ferro de baixo teor em novembro passado.
As importações de minério de ferro pela China no primeiro semestre de 2023 atingiram um recorde para o período, a 576,14 milhões de toneladas métricas, 7,7% a mais do que no ano anterior, mostraram dados alfandegários.
Isso poderia levantar preocupações para Pequim, que está tentando reduzir sua forte dependência de minério importado. A forte demanda está sustentando os preços globais do minério de ferro, mesmo com a enorme indústria siderúrgica da China lutando contra a fraca demanda doméstica.
Diário do Comércio - MG 17/07/2023
A produção de ferro-gusa pelas usinas independentes de Minas Gerais registrou uma queda de 5% no primeiro semestre de 2023 frente a igual período de 2022, conforme levantamentos preliminares do Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (Sindifer-MG). A baixa demanda, principalmente das exportações, além da relação valor de venda versus custos, atualmente ruim para o setor, foram os principais impulsionadores da retração.
As informações são do presidente da entidade, Fausto Varela Cançado. De acordo com ele, a produção de ferro-gusa vinha em uma crescente há mais de dez anos, com crescimento médio de 7% até 2021. Entretanto, no exercício passado, esse avanço desacelerou – no período, o setor apurou uma leve alta de 1,2% – e o que era visto como pontual passou a ser uma tendência negativa, como pode ser observado nos números da primeira metade do ano.
Cançado explica que a retração se deve pelo recuo da demanda, especialmente das exportações, principal mercado nos últimos quatro anos e que, em 2022, representou 62,3% das vendas. Segundo ele, outro fator que influenciou foram os custos, ainda elevados em relação aos preços praticados. Conforme o dirigente, alguns fornecedores de matérias-primas chegaram a reduzir os valores, porém, a medida não foi suficiente para tornar viável a produção.
Ainda de acordo com o presidente do Sindifer-MG, há um esforço dos produtores para impulsionar as comercializações e reverter a situação no segundo semestre. E como os fatores negativos devem perdurar por mais tempo, a projeção é encerrar o ano no mesmo patamar de 2022, quando foram produzidos 4,1 milhões de toneladas, ou com uma pequena retração.
Produto mineiro atrai investidores devido a sua característica sustentável
A fabricação mineira de ferro-gusa tem uma característica sustentável que vem atraindo interessados pelo mundo. Isso porque se usa uma tecnologia limpa na produção: o carvão vegetal, 100% oriundo de florestas plantadas. Logo, a matéria-prima, que substitui o coque metalúrgico, faz com que o processo total, incluindo o plantio, performe um balanço positivo para o meio ambiente. A cada tonelada produzida, há um sequestro de 1,8 tonelada de CO2 da atmosfera.
Conforme Cançado, nessa perspectiva, o Sindifer-MG apresentou, nos últimos anos, seminários para mais de dez empresas estrangeiras que demonstram interesse em adquirir o produto do Estado. Algumas, inclusive, já vêm adquirindo o ferro-gusa mineiro, porém em pouca quantidade e sem uma regularidade favorável. Mas a expectativa é que o trabalho ainda renda frutos.
“Ainda não estamos conseguindo muito resultados positivos para o setor, mas vai acontecer num dado momento, porque ele é interessante para as empresas que não conseguem reduzir a pegada de carbono e atender o que está sendo exigido nos protocolos de meio ambiente, que é reduzir 50% das emissões de carbono até 2030 e zerar em 2050. Então, ou a empresa consegue mudar o seu processo, ou compra de quem tem crédito, que é o nosso caso”, destaca.
Mitsubishi demonstra interesse em adquirir mais ferro-gusa de Minas
Na última quarta-feira (5), Cançado, inclusive, participou de uma reunião de aproximação com representantes da Mitsubishi, em Belo Horizonte. O encontro também contou com a presença do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) e do CEO da Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas Gerais (Invest Minas), João Paulo Braga.
Conforme Braga, a conversa com o grupo japonês teve como foco as oportunidades de aquisição do ferro-gusa mineiro. Segundo ele, a multinacional tem bastante interesse em aumentar a compra do produto, justamente devido a sua classificação sustentável. Ainda de acordo com o CEO, o diálogo com os executivos da Mitsubishi girou em torno de como fomentar e incrementar essa obtenção, aumentando os números de exportações de Minas Gerais para o Japão.
Globo Online - RJ 17/07/2023
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva faria um serviço ao país se revisasse a ideia de criar um programa de incentivo à compra de eletrodomésticos, nos mesmos moldes do lançado em junho para a indústria automobilística e, mais recentemente, expandido. Não há por que incorrer no mesmo erro. Primeiro porque programas desse tipo têm histórico de resultados pífios. Segundo porque o país não pode se dar ao luxo de abrir mão de receitas neste momento.
Na quarta-feira, em discurso no Palácio do Planalto, Lula disse que tinha falado com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, sobre uma “aberturazinha” para a linha branca. Nas palavras do presidente, “facilitar a compra de geladeira, de televisão, de máquina de lavar roupa”, “se está caro, vamos baratear”. Ontem Lula não tocou no tema em reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Mesmo quando as contas do governo estão em ordem (o que não é o caso no momento), a decisão de subsidiar a aquisição de produtos de consumo corre o sério risco de ser socialmente injusta. O programa para a indústria automotiva mostrou bem isso. Para beneficiar uma parcela remediada da população, o governo separou R$ 1,5 bilhão na primeira fase e mais R$ 300 milhões na segunda. Os compradores dos veículos (125 mil até o início de julho) têm o que comemorar. Todos os outros brasileiros, inclusive os mais pobres, não.
Agora o governo se esforça na tentativa de achar uma justificativa para os eletrodomésticos. Diz que os novos produtos consumirão menos água e energia, mas não há um plano com metas nem estratégia. Declara que é necessário estimular a indústria, esquecendo que políticas semelhantes não funcionaram antes e não funcionarão agora. No caso da venda de carros, são inexistentes os sinais de que as montadoras terão um ano fenomenal depois do subsídio bilionário. Muitos dos beneficiados somente anteciparam a decisão de compra.
Do ponto de vista político, o cálculo é distinto. Agradar à classe média é, sem dúvida, uma das metas do presidente. Programas de subsídios podem ter uma cobertura pequena do total de eleitores, mas ajudam a espalhar a sensação de que algo está sendo feito.
O problema é que essa escolha tem um preço alto para a sociedade, especialmente na atual conjuntura. No mesmo dia do discurso com referência a Alckmin no Palácio do Planalto, o Tesouro Nacional divulgou um relatório, dizendo que o governo federal precisa arrecadar R$ 162,4 bilhões extras em 2024 para cumprir a meta de zerar o déficit. A estimativa contabiliza os R$ 104,4 bilhões esperados para o ano que vem com medidas já adotadas pelo Ministério da Fazenda.
Um governo que promete ser responsável do ponto de vista fiscal e corre atrás de uma quantia equivalente a cerca de 1,5% do PIB não deveria abrir mão de tributos para permitir a troca do carro ou da geladeira que “não está gelando a cerveja bem”, como defendeu o presidente. O populismo econômico costuma provocar consequências muito mais graves que uma bebida alcoólica em temperatura ambiente.
Globo Online - RJ 17/07/2023
Quase quatro anos depois de Elon Musk ter revelado a picape de estreia da Tesla, a empresa construiu o seu primeiro Cybertruck. Neste sábado, pelo Twitter, a montadora compartilhou uma foto do desenvolvimento do veículo elétrico.
A imagem mostra dezenas de trabalhadores com coletes de segurança e capacetes ao redor do Cybertruck. Quando Musk revelou pela primeira vez o protótipo da caminhonete, em novembro de 2019, o plano era que a produção começasse dois anos depois.
Em maio, durante a reunião anual com acionistas, o empresário moderou as expectativas sobre a rapidez com que a Tesla iria aumentar a produção do veículo. A justificativa era a de que o design do Cybertruck apresentava desafios. Segundo ele, o corpo da caminhonete será de aço inoxidável, o que pode ser caro e mais difícil de moldar e soldar.
Modelo já está disponível para pré-venda e será vendido por cerca de US$ 300 mil (R$ 1,4 milhão)
— Vai ser difícil tornar o custo acessível porque é um carro novo e um novo método de fabricação. Em termos gerais, comparada à taxa de produção de todos os outros carros que fabricamos, a produção será pequena. Mas ainda é muito legal — disse Musk.
Concorrentes saíram na frente
Inicialmente, a Tesla informou que venderia o Cybertruck em três configurações distintas. As opções iriam variar de modelos com 400 a 800 quilômetros de alcance e três faixas de preço: US$ 39,9 mil, US$ 49,9 mil e US$ 69,9 mil. Em outubro de 2021, no entanto, a empresa removeu os preços e especificações de sua página de pedidos do Cybertruck, sem dar explicações.
Em abril deste ano, Musk foi questionado sobre especificações e preços atualizados do modelo. O empresário disse que a Tesla deixaria para divulgar essas informações no evento de entrega do Cybertruck, que ele esperava realizar no final do terceiro trimestre.
A demonstração da Tesla de sua primeira picape elétrica não saiu conforme o planejado. As janelas do “vidro da armadura" estilhaçaram-se ao serem atingidas por uma bola metálica. Desde então, montadoras concorrentes apresentaram novidades no segmento. A Ford criou uma versão elétrica do seu F-150 mais vendido e a General Motors lançou a caminhonete R1T.
O analista do Deutsche Bank, Emmanuel Rosner, espera que a Tesla entregue 2 mil Cybertrucks este ano, uma fração dos 1,78 milhão de veículos que ele projeta no total. Em relatório de 26 de junho, ele questionou se o produto aumentaria a lucratividade da empresa, citando a dificuldade de otimizar a produção e a necessidade de baterias maiores para permitir o reboque.
“Isso pode criar um obstáculo adicional à margem na segunda metade” do ano, escreveu Rosner, que mantém a recomendação de compra para as ações da Tesla, om um preço-alvo de US$ 260. Na sexta-feira, os papéis da empresa fecharam em US$ 281,38. No acumulado do ano, eles têm valorização de 128%.
A divulgação dos resultados do segundo trimestre está programada para 19 de julho.
Valor - SP 17/07/2023
Objetivo é substituir o hidrogênio; projeto com outras características é desenvolvido na Unicamp pelo setor automotivo.
A indústria automobilística tem buscado no grafeno recursos para melhorar seus produtos. Como esse material é relativamente novo, muitas vezes é na área acadêmica que as multinacionais vão buscar a inovação. No caso da Volkswagen, a iniciativa partiu da Universidade Federal do ABC (UFABC), de Santo André, com uma proposta que atraiu a montadora: com a ajuda do grafeno, desenvolver células alimentadas com etanol para converter o biocombustível em eletricidade. Nos projetos em teste nos países desenvolvidos, as células que geram energia para carros elétricos usam hidrogênio.
“Quisemos estar junto para entender, pagar para ver”, diz Roger Guilherme, gerente do Way to Zero Center da Volkswagen, departamento ligado ao plano global de descarbonização do grupo. No projeto, orçado em R$ 1 milhão, arcou com R$ 400 mil; a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), R$ 500 mil; e a UFABC, R$ 100 mil. O projeto tem incentivos do programa Rota 2030, do governo federal, de apoio à inovação na cadeia automotiva.
Para produzir os componentes, a ideia é desenvolver módulos de potência de célula a combustível direto para aplicações automotivas por impressão 3D de nanocompósitos poliméricos condutores. “É extremamente complexo”, diz Mathilde Julienne Gisele Champeau Ferreira, professora do Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas da UFABC. Ela trabalha no projeto, coordenado por Danilo Justino Carastan. A impressão 3D será feita pela startup Skintech e Eireli.
No caso da geração de energia para veículos, para Guilherme, uma série de razões confere ao etanol vantagem em relação ao hidrogênio. “Entendemos que [o hidrogênio] é pouco viável no nosso mercado porque é muito perigoso, mais que o gás natural veicular, é abastecido com muito maior pressão, os tanques são mais pesados e é mais caro.” Por isso, a Volkswagen decidiu olhar alternativas. Participa também de um projeto da Universidade Federal de Campinas (Unicamp), com outras montadoras, para possibilitar o uso do etanol em sistemas de propulsão veicular 100% elétrica e híbrida.
Na UFABC, a primeira fase do projeto prevê o desenvolvimento de uma placa bipolar, que conduz o etanol e tem que ser condutiva eletricamente. Os pesquisadores propõem que a placa seja feita com material polimérico (matéria-prima do plástico), de baixo peso e alta resistência, mas que não conduz eletricidade, Como o grafeno faz isso, será misturado ao polímero. Serão feitas uma fita (fio de extrusão) e placas de teste para medir características mecânicas e condutividade elétrica. As peças mais promissoras para compor o carro serão impressas em 3D, explica Guilherme. Mas há outros desafios.
“Vamos fazer um núcleo da célula combustível, um reator que transforma etanol em eletricidade”, diz Thiago Nunes Viana, aluno de pós-graduação em ciência e engenharia de materiais, e pesquisador no laboratório de Ciência, Tecnologia e Inovação em Materiais da UFABC.
Guilherme diz que não imagina ser possível usar célula a combustível em veículo, seja qual for a tecnologia, em menos de cinco anos, e a etanol, antes de dez anos, porque falta infraestrutura.
Valor - SP 17/07/2023
O crescimento de 2,1% ocorreu antes da entrada em vigor do programa do governo com incentivos tributários para reduzir o preço dos carros populares.
Antes do início do programa de incentivo do governo, as vendas de veículos e motos, partes e peças subiram 2,1% em maio ante mês anterior, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada nesta sexta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta, no entanto, só foi suficiente para compensar uma parte da perda registrada em abril, quando houve queda de 5,6%.
“O crescimento de veículos, motos, partes e peças veio de uma queda muito grande em abril. Lá em abril, em anos anteriores, era um período de troca de frotas de empresas de aluguel e isso não aconteceu. Acabou acontecendo um pouco em maio, mas não suficiente para rebater [a queda de abril]”, afirmou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.
O crescimento de 2,1% ocorreu antes da entrada em vigor do programa do governo com incentivos tributários para reduzir o preço dos carros populares, que passou a valer com a publicação da medida no Diário Oficial no dia 6 de junho.
Fonte: Concessionária — Foto: Lucas Tavares/Agência O Globo
O Estado de S.Paulo - SP 17/07/2023
A melhora da conjuntura econômica no Brasil e a iminente queda dos juros aumentou o apetite de investidores pelas propriedades comerciais no País. Ao longo do segundo trimestre, foram registradas 31 transações de compra e venda de imóveis de grande porte nas áreas de varejo, logística e escritórios. Juntas, elas movimentaram R$ 2,6 bilhões, uma alta de 53,7% em relação ao primeiro trimestre. O volume também é o maior em mais de dois anos, de acordo com monitoramento da consultoria imobiliária Cushman & Wakefield.
Essa alta expressiva no valor das transações é um sinal claro de que os negócios envolvendo propriedades comerciais estão em rota de crescimento, avalia o diretor geral da consultoria, Daniel Battistella. Diante da esperada queda nas taxas de juros em breve, o retorno sobre os investimentos em imóveis voltará a ficar mais atrativo, e os compradores já se dispõem a pagar mais pelos ativos. Na outra ponta, o vendedor se animar a vender.
O levantamento da Cushman & Wakefield mostra ainda que houve uma queda no cap rate no segundo trimestre. Leia-se aí: os imóveis estão sendo vendidos por valores mais altos. O indicador é a razão entre o faturamento anual com aluguéis do imóvel sobre o seu valor de venda. Na média, as transações resultaram em um cap rate de 7,4% no segundo trimestre, queda de 2,5 pontos porcentuais ante o primeiro trimestre. Com a procura crescente por esses ativos, os vendedores estão subindo o sarrafo.
Setor de galpões logísticos foi o destaque em volume de negócios
O setor de galpões logísticos teve o maior volume de negócios: R$ 1,3 bilhão, espalhados por sete transações. Em seguida vêm os imóveis de varejo - que abrangem shoppings e grandes lojas de rua - com R$ 1,1 bilhão em seis transações. Aqui, o maior negócio foi a venda de uma fatia de 33% do Shopping Cidade Jardim pela Gazit para um fundo sob gestão da JHSF Capital por R$ 560 milhões - operação antecipada pelo Broadcast no início de junho.
No fim da fila ficaram as transações envolvendo prédios corporativos. Foram 18 operações de pequeno porte, no valor de R$ 215 milhões. Aqui, o maior negócio foi a alienação de 100% do Edifício Itaim Center pela São Carlos Empreendimentos para a Diálogo Engenharia, no valor de R$ 90 milhões.
Apesar do reaquecimento das atividades comerciais, o time da Cushman & Wakefield mantém uma visão moderada sobre os rumos da economia brasileira e do mercado imobiliário local. Embora o Produto Interno Bruto (PIB) tenha crescido acima do previsto, essa melhora tem sido puxada pelo agronegócio, enquanto comércio e serviços ainda mostram mais dificuldades. Assim, as expectativas para os setores de logística e varejo seguem conservadoras. Para o segmento de lajes corporativas, a previsão é de continuidade na queda nas taxas de vacância, mas de modo gradual.
O Estado de S.Paulo - SP 17/07/2023
Enquanto em países da Europa o trem é um dos mais populares meios de transporte de pessoas e de carga, no Brasil o setor ferroviário ainda é um modal pouco utilizado, com muito espaço para crescer além dos serviços para os segmentos de mineração e agronegócio.
Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que mais de 30% da malha ferroviária está inutilizada e 23% sem condições operacionais. Pelo restante das linhas é transportada anualmente a maior parte das cerca de 500 milhões de toneladas que movimentam o setor, em sua maioria minério de ferro (73% do total) e soja em grãos ou farelo (7% do total).
Mas esse cenário poderá ser revertido. Como primeira ação, tivemos a publicação em 2021 do Marco Legal das Ferrovias, que pretende ampliar os investimentos privados no setor, permitindo a construção de mais linhas por autorização, princípio adotado em setores como o de energia elétrica e o portuário.
E a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) já autorizou a exploração de ferrovias pela iniciativa privada, o que deve gerar investimentos de R$ 295 milhões e 3,6 milhões de empregos em todo o Brasil.
Esse crescimento deverá acompanhar as tendências tecnológicas do setor, aumentando a produtividade e reduzindo custos, sejam de combustível ou na manutenção da malha, além de aumentar a segurança com processos em conformidade com sistemas de gestão de prevenção de perigos alinhados às normas Cenelec 50126, 50128 e 50129 de segurança, além da ISO 28000, com sistemas modernos de sinalização e outros sistemas complementares. Cabe ressaltar, ainda, a importância de uma supervisão da integração dos sistemas nos projetos ferroviários, na qual a TÜV Rheinland tem grande experiência.
No quesito segurança, o Brasil tem apresentado bons índices. Segundo a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), graças aos investimentos contínuos em modernização tecnológica, treinamentos, manutenção e campanhas regionais, o setor ferroviário de carga conseguiu atingir padrões internacionais de segurança. Entre 1997 e 2021, a redução no índice de acidentes foi de mais de 86,65%.
E não posso deixar de ressaltar mais um quesito que deve fortalecer o setor: a sua baixa emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa. Num cenário que cada vez mais privilegia as boas práticas ambientais, investir no setor ferroviário parece ser uma forte tendência para 2023 e anos futuros.
O Estado de S.Paulo - SP 17/07/2023
A Secretaria de Agricultura do governo de São Paulo entregou ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP) um relatório em que aponta “graves irregularidades” no programa Melhor Caminho, de construção de estradas rurais, entre os anos de 2021 e 2022. Segundo o documento, foram pagos cerca de R$ 200 milhões por obras que não foram concluídas. Outros R$ 300 milhões foram gastos, conforme a análise da gestão de Tarcísio Freitas (Republicanos), sem passar pelo protocolo de processos internos que garantem a qualidade das obras. Os atos aconteceram nas gestões de João Doria e Rodrigo Garcia.
Em alguns casos, transferências foram efetuadas às empresas contratadas sem que os despachos em que os fiscais atestam a realização do serviço fossem registrados no sistema eletrônico. Ao todo, 420 obras foram paralisadas, canceladas ou nem iniciadas, o que corresponde a mais de 2,4 mil quilômetros de estradas – ou a distância entre São Paulo e Maceió.
A instrução incorreta teria causado, além de gastos com projetos não executados, o pagamento duplicado pela pavimentação de um mesmo trecho e o descumprimento de requisitos de qualidade previstos em contrato. A Controladoria Geral do Estado solicitou acesso aos processos, mas parte deles ainda não se encontra digitalizada.
O Estadão acionou o TCE-SP, que recebeu o relatório em maio. Segundo a assessoria, ainda não há nenhuma decisão sobre as irregularidades apontadas no documento. A Secretaria de Agricultura foi procurada, assim como os ex-governadores João Doria e Rodrigo Garcia, mas também não se manifestaram.
As informações levantadas são sobre o programa Melhor Caminho, relançado em outubro de 2021, na gestão do deputado estadual Itamar Borges (MDB) à frente da Agricultura. Na época, ele prometeu asfaltar 5 mil quilômetros de vias rurais em um ano. A meta representaria um aumento de dez vezes no ritmo de execução em comparação à versão anterior do programa, criada em 1997, que entregou 12 mil quilômetros em 24 anos.
No entanto, somente 1,6 mil quilômetros foram concluídos até maio deste ano, um terço do total previsto. Ao todo, foram contratados R$ 844 milhões para tirar as obras do papel, com a contratação de 59 empreiteiras, de uma empresa para elaborar os projetos e de outra para gerenciá-los. Apesar do atraso nos cronogramas, mais da metade deste montante já foi pago. Borges foi procurado pela reportagem, mas não quis e manifestar.
A LBR Engenharia, responsável por garantir o cumprimento dos prazos e dos parâmetros técnicos das obras, recebeu R$ 23 milhões, o equivalente a 93% do valor previsto em contrato por todo o serviço.
É justamente no gerenciamento em que a maior parte dos problemas foi detectada pela atual gestão da pasta. A Coordenação de Logística Rural emitiu ordens de serviço para o início de obras que ainda não tinham licenciamento ambiental ou liberação de terrenos pelas administrações locais.
Trocas de e-mails entre empreiteiras contratadas e funcionários do governo mostram que a falta de condições legais para o início das obras comprometeu os cronogramas. Algumas empresas chegaram a pedir a rescisão amigável dos contratos.
Segundo o planejamento inicial, o programa seria concluído em 24 meses, durante os quais seriam emitidas 90 ordens. No entanto, em julho de 2022, já haviam sido emitidas 770. Esse excesso de ordens de serviços é apontado como um reflexo da falta de controle dos processos internos e significa, na prática, aditivos, com consequente aumento do gasto público.
Quatro obras no valor de R$ 5,4 milhões foram autorizadas sem que houvesse convênio firmado entre a Secretaria e os municípios. Destas, uma está em andamento na cidade de Sales e outra em estágio inicial, em Piracaia. Uma terceira está parada em Araçatuba e outra, prevista para Ilha Solteira, sequer foi iniciada.
Relatório apronta graves irregularidades em programa de construção de estradas rurais
Documentos anexados ao relatório mostram ainda que a secretaria ignorou laudos de vistorias que constataram, em pelo menos 15 municípios, o descumprimento de requisitos de qualidade das obras, como baixa densidade do chamado “revestimento primário” e falta de escoamento adequado das águas das chuvas.
Após os alertas, a pasta cobrou apenas a atualização de cronogramas de execução, sem se atentar à baixa qualidade das estradas, e chegou a emitir novas notas de pagamentos. Em Jarinu, por exemplo, uma via pavimentada pela LF Locação de Bens continha um terço a menos de brita em relação à quantidade exigida no contrato, segundo os fiscais.
Em Itajobi, duas empresas ganharam a licitação para pavimentar exatamente os mesmos dois trechos. Em uma concorrência, a Planex Engenharia foi a escolhida para um contrato de R$ 888 mil. A Saize Engenharia ficou encarregada do mesmo trajeto, mas por um valor maior, de R$ 966 mil.
Mesmo com os problemas identificados, o governo pagou, no fim de dezembro, no apagar das luzes do governo de Rodrigo Garcia, R$ 50 milhões em aditivos de reequilíbrio econômico financeiro. A obra em Jarinu, por exemplo, recebeu R$ 41 mil. A justificativa utilizada foram os impactos econômicos da guerra na Ucrânia.
O desembolso deste valor revelou mais um problema, segundo a secretaria: a terceirização das obras por empresas contratadas para executá-las, o que era proibido pelo edital. O relatório contém a cópia de um contrato de R$ 500 mil firmado pela CCL Construtora Capital com uma terceira para a construção de um trecho em Penápolis de responsabilidade da empreiteira.
Em dezembro do ano passado, a contratada enviou um e-mail ao então coordenador de Logística Rural com um pedido para que ele interviesse em um impasse com a CCL, que teria se negado a repassar R$ 68 mil referentes a um aditamento pago pelo governo para a conclusão do trecho. Em abril, a empresa ainda tentava receber o valor da CCL.
As empresas citadas na reportagem foram procuradas, mas não se manifestaram, exceto a Saize que não foi localizada.
Reformulação do programa
Tarcísio Freitas retirou o Melhor Caminho da alçada da Agricultura e o transferiu para o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, chefiada por Natália Resende.
O DER é comandado pelo coronel do Exército Sergio Codelo, ex-superintendente regional do DNIT em São Paulo durante a gestão de Tarcísio no Ministério da Infraestrutura, no governo de Jair Bolsonaro. Trata-se de um homem de confiança do governador.
No início do governo, aliados pediram a Tarcísio que mantivesse o programa sob o guarda chuva da Agricultura. Ele, no entanto, avaliou que não havia sentido em um programa de construção de estradas ser conduzido pela pasta e o repassou para Codelo.
IstoÉ Dinheiro - SP 17/07/2023
O ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, afirmou ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, pode abrir mão da ideia de privatizar o Porto de Santos em troca de um acordo para que o governo federal financie parte das obras do túnel Santos-Guarujá.
Tarcísio defende que o Porto seja entregue à iniciativa privada. A gestão de Jair Bolsonaro (PL) iniciou os trâmites para venda da autoridade portuária, mas o processo foi suspenso no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O petista mantém negociações com o governador para definir o futuro do Porto.
Segundo França, as conversas com a gestão paulista “evoluíram” e a ideia de privatizar o Porto ficou “lá atrás, nas eleições”. “As conversas evoluíram no sentido de que, embora eles pleiteiem a privatização, eles estão aceitando nessa hipótese de ajudar no túnel, fazer uma obra em conjunto. (O túnel é) a obra principal desse governo”, disse o ministro.
“O formato que vamos fazer de desenvolvimento de portos e cidades tem muita relação com o governo do Estado. O governador está ajudando”, enfatizou também França, ao mostrar convergência de visões com o governador.
A ligação seca Santos-Guarujá é uma das principais projetos de infraestrutura da gestão Tarcísio. Como mostrou o Broadcast Político, o governador elencou a obra como prioridade para inclusão na nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo Lula.
O túnel, no entanto, já foi alvo de disputa entre as gestões Lula e Tarcísio. O plano estadual é construir a ligação em formato de PPP, ou seja, com injeção de recursos públicos combinada a uma concessão à iniciativa privada. O governo paulista, inclusive, pediu apoio do governo federal para ajudar a custear o aporte público a ser feito na obra. Já o Ministério de Portos e Aeroportos analisa a possibilidade de o projeto ser executado com recursos da União e do Porto de Santos, sem necessidade de PPP ou de financiamento cruzado com o governo estadual.
A Tribuna - SP 17/07/2023
Sancionada há um ano e seis meses, a Lei Federal 14.301/2022, que institui o Programa de Estímulo ao Transporte por Cabotagem, conhecido como BR do Mar, ainda não foi regulamentada pelo Governo Federal. Aguardada pelo setor portuário, a medida é necessária para tornar efetivos os benefícios do texto sancionado em 7 de janeiro do ano passado. A proposta de regulamentação tramita no Ministério de Portos e Aeroportos e, assim que ficar pronta, será enviada à Casa Civil da Presidência da República. Contudo, ainda não há uma data para isso.
Em nota para A Tribuna, o Ministério de Portos e Aeroportos informou que, no primeiro semestre do ano, foram realizadas consultas "junto aos principais atores e usuários do transporte marítimo de carga", com o objetivo de identificar pontos a serem aprimorados. "A área técnica da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários já concluiu a análise das contribuições e o texto da regulamentação tramita agora no âmbito do Ministério, para ser encaminhado à Casa Civil”.
A pasta destacou, na mesma nota, que “o aperfeiçoamento das políticas públicas, com o objetivo de potencializar o desenvolvimento do transporte marítimo de cabotagem, está entre as prioridades”. Entre especialistas do setor e lideranças de entidades que conversaram com A Tribuna nos últimos dias, uma certeza: a navegação entre portos nacionais precisa ser estimulada, em benefício da cadeia logística nacional.
Para o diretor-executivo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque, a demora na regulamentação da cabotagem é preocupante. “O Sindamar enxerga com muita preocupação a demora na aprovação do BR do Mar, que se arrasta desde o governo passado, com várias interferências políticas, com sugestões diversas, porém, sem resultado prático até o momento”.
Roque observou que o volume na cabotagem tem aumentado consideravelmente e isso pode ser notado pelo crescimento de escalas em Santos, destacando ainda que é um modal mais seguro, com chance mínima de a carga ser avariada e furtada. O diretor-executivo explicou também que os armadores que atuam na cabotagem já se reuniram com o Governo Federal e apresentaram sugestões para o BR do Mar deslanchar.
"A cabotagem deveria usufruir de mais incentivos fiscais para redução dos custos, fortalecendo Santos como um grande hub port, além de baratear as tarifas portuárias. Volume de carga para que isso se consolide existe. Os estaleiros poderão receber novas encomendas dos armadores nacionais e gerar milhares de empregos com a aprovação do BR do Mar. Infelizmente, há muita morosidade na tomada de decisão por parte do Governo Federal”.
O consultor portuário Frederico Bussinger comentou que, dependendo da regulamentação, o BR do Mar pode ser solução a alguns dos gargalos que dificultam um crescimento ainda mais expressivo da cabotagem.
“Falar da importância da cabotagem em um país com 8 mil km de costa é chover no molhado. A cabotagem vem se expandindo vigorosamente desde o final dos anos 1990: cresceu a taxas chinesas em vários anos desse período; 6% em média só nos últimos cinco anos, inclusive e particularmente em contêineres. Em 2022, já foram 203 milhões de toneladas, o equivalente a um sexto da movimentação dos portos brasileiros", comentou.
Mestre em Direito Marítimo, o advogado Larry Carvalho também comentou que “o mercado todo aguarda a regulamentação do BR do Mar”, explicando que o texto não tem aplicação própria sem a regulação.
"É necessário que a lei seja regulamentada para que armadores brasileiros possam se utilizar dos benefícios concedidos no BR do Mar. A cabotagem brasileira foi um mercado restrito por anos. A flexibilização e a entrada de novos players são essenciais para seu desenvolvimento”.
Petro Notícias - SP 17/07/2023
O Porto de Sines, em Portugal, e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) assinaram um Memorando de Entendimento (MoU) como parte da iniciativa Global Gateway da Comissão Europeia. O acordo visa estabelecer o escopo, as regras e os princípios orientadores da ação conjunta para desenvolver corredores logísticos sustentáveis, verdes e digitais para apoiar uma estratégia focada em três pilares fundamentais: resiliência logística; resiliência energética; e resiliência física e conectividade digital.
O documento foi assinado pelo CEO da Autoridade dos Portos de Sines e do Algarve (APS), José Luís Cacho, e pelo diretor da CSN, Pedro Brito do Nascimento, numa cerimônia presidida pelo ministro das Infraestruturas de Portugal, João Galamba. Durante discurso no evento, Galamba destacou “a importância do acordo para a promoção do desenvolvimento das infraestruturas portuárias, dos transportes e da concretização de corredores logísticos sustentáveis, verdes e digitais, com o objetivo de aumentar a conectividade à escala global”.
O presidente da Autoridade Portuária de Sines, por sua vez, assegurou “o empenho da Autoridade Portuária de Sines na conquista dos objetivos do Memorando e destacou as vantagens competitivas do Porto de Sines na promoção do comércio externo brasileiro para a Europa, destacando Sines como porta de entrada para as exportações brasileiras para a Europa, principalmente no ramo agroalimentar”.
Pelo acordo, o Porto de Sines e a CSN irão colaborar em várias frentes, incluindo a troca de conhecimentos técnicos, informações de mercado e melhores práticas. A parceria pretende promover projetos conjuntos de pesquisa e desenvolvimento, bem como identificar áreas potenciais de colaboração na otimização da cadeia de suprimentos, logística e desenvolvimento de infraestrutura.
A Comissão Europeia e o Alto Representante da UE apresentaram o Global Gateway, que visa criar conexões mais inteligentes, limpas e seguras em todo o mundo. Essa estratégia se concentra na melhoria dos setores digital, de energia e transporte, bem como no fortalecimento dos sistemas de saúde, educação e pesquisa. O Global Gateway busca conexões sustentáveis e confiáveis abordando importantes desafios globais como mudança climática, proteção ambiental, segurança da saúde e competitividade global. Tem como objetivo promover colaborações e inovação, garantindo a privacidade e proteção dos dados na esfera digital. No setor de energia, o foco está na promoção de fontes renováveis e na redução da dependência de combustíveis fósseis. Nos transportes, o objetivo é estabelecer sistemas eficientes e sustentáveis, como veículos elétricos e aviação mais ecológica.
Valor - SP 17/07/2023
Alta na semana ocorreu devido ao enfraquecimento do dólar e cortes na oferta por exportadores.
Os contratos futuros do petróleo fecharam a sexta-feira em queda, mas acumularam ganhos expressivos na semana, em meio ao enfraquecimento do dólar americano no exterior e cortes na oferta por países exportadores.
O barril do petróleo do Brent - referência global - para setembro caiu 1,83%, a US$ 79,87, enquanto o WTI, com entrega prevista para o mesmo mês, recuou 1,91%, a US$ 75,42. Na semana, o Brent subiu 1,70%, enquanto o WTI avançou 2,07%.
O recuo da moeda americana, com o índice DXY operando nos menores níveis em 15 meses, se deu após dados fracos de inflação dos Estados Unidos fazerem com que os investidores levassem as apostas de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) possa encerrar seu aperto monetário.
"Os benchmarks do petróleo foram revigorados pelo enfraquecimento do dólar americano, à medida que os mercados aumentam as esperanças de que o ciclo de alta de juros do Fed chegue ao fim em breve", disse Han Tan, analista-chefe de mercado do Exinity Group. Por volta das 16h30, o índice DXY, que mede a relação do dólar com uma cesta de seis moedas de países desenvolvidos, tinha alta de 0,17%, a 99,941 pontos.
O analista complementa que as interrupções na oferta na Líbia e na Nigéria, juntamente com a queda nos embarques da Rússia, também contribuíram para o aumento do preço do petróleo, “permitindo até mesmo que os investidores ignorem as preocupações com a desaceleração da economia da China por enquanto", completa.
Quanto à China, apesar da recuperação mais fraca que o esperado, o BOK Financial destaca que as importações de petróleo bruto do país são 45% maiores do que no ano passado. "Tecnicamente, o petróleo está em uma estrutura de sobrecompra com uma fase corretiva vencida", disse o BOK em relatório.
Fonte: Plataforma da BP no Golfo do México — Foto: Divulgação
Valor - SP 17/07/2023
Ministério defende também que o país teria maior oferta de gás natural caso as obras de infraestrutura fossem concluídas no prazo.
O Ministério de Minas e Energia (MME) e a Petrobras travam mais um capítulo da disputa pelo gás natural. Nesta sexta-feira (14), o MME enviou nota na qual voltou a criticar a política da estatal para o gás, dizendo que as médias de reinjeção de gás da Petrobras são superiores aos volumes de outros países. “As médias de reinjeção da Petrobras estão superiores às médias em outros países, sendo de 12,5% na América do Norte, 21,5% na Europa e na Ásia, 23,3% na África, enquanto no Brasil é de 45,4%”.
O posicionamento do MME vem um dia depois de a Federação Única dos Petroleiros (Fup) divulgar um estudo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo (Ineep) sobre a possibilidade de aumento de oferta de gás no país. Segundo o Ineep, as reservas de gás natural brasileiras possuem baixos volumes e não seria possível aumentar a oferta com a redução da reinjeção. A divulgação da Fup veio no mesmo dia em que o líder do MME, Alexandre Silveira, se encontrou em Brasília com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na nota desta sexta (14), o ministério defende também que o país teria maior oferta de gás natural caso as obras de infraestrutura fossem concluídas no prazo. “Gás natural da Petrobras é o mais caro do país e falta de investimentos contribui para aumentar importações do gás de cozinha”, diz o comunicado do ministério liderado por Silveira. A Petrobras vende o gás natural com preços médios de US$ 14,65/MMBtu no “city gate”, segundo o MME, enquanto a Origem em Alagoas vende a US$ 8,80/MMBtu.
As companhias de petróleo, especialmente a Petrobras, devolvem ao subsolo parte do gás extraído para retirar mais petróleo dos poços. A prática da reinjeção pode resultar em até 20% a mais de petróleo - em torno de sete vezes mais valioso comercialmente do que o gás. Mais petróleo produzido, dizem fontes ouvidas pelo Valor, representa mais royalties e participações especiais. Conforme apuração do Valor, a Petrobras reinjeta cerca de 52% do gás produzido.
A produção de gás no Brasil é majoritariamente associada à produção de óleo, o que exige o processo de separação. No Brasil, o custo associado à separação e ao transporte do gás vindo da produção “offshore” encarece o produto, se comparado a países que tem volumes maiores de reserva em terra, em que o custo da exploração é mais baixo, segundo apurou o Valor. A Origem, por exemplo, opera campos de gás “onshore”.
O Brasil tem registradas 12 trilhões de pés cúbicos (TCF) de reservas provadas de gás natural em 2022, contra cerca de 400 TCFs dos Estados Unidos, 870 TCFs do Catar e 1.321 TCF da Rússia, maior exportador de fertilizantes e um dos principais agentes do mercado global de gás natural, entre outros países.
Procurada pelo Valor, a Petrobras não quis comentar.
Entre as obras de infraestrutura citadas pelo MME na nota estão: unidade de processamento de gás natural (UPGN) do Gaslub, que, segundo o ministério, é “fundamental para início da operação do gasoduto Rota 3” e tem obras atrasadas em sete anos; projeto de Sergipe Águas Profundas, que “representa oferta adicional de até 18 milhões de m³ por dia” e teve obras atrasadas de 2026 para 2027; adaptações da UPGN de Caraguatatuba, com previsão de fim de obras de ampliação para 2024.
“O mercado brasileiro não teve etano disponibilizado para indústria química e GLP (gás de botijão) para população mais pobre cozinhar alimentos. Assim, deixou-se de exportar gás de Tupi e a Petrobras precisou pedir waiver da especificação de gás natural junto à ANP”, diz a nota do MME.
“A não conclusão e os atrasos dos empreendimentos demonstram o baixo interesse em viabilizar o mercado de gás natural no Brasil”.
Conforme apuração do Valor, a Petrobras vai investir US$ 5 bilhões em projetos para ampliar a capacidade de produção de gás natural e reduzir a dependência de importação. As novas infraestruturas agregarão uma capacidade de cerca de 50 milhões m³/dia na oferta de gás nacional.
Segundo o ministério, “os valores elevados para escoar e processar o gás natural na UPGN no sistema Petrobras inviabilizam o desenvolvimento de projetos de gás natural no Brasil e a economicidade”.
Fonte: Letreiro no prédio da sede da Petrobras. no Rio — Foto: Alexandre Cassiano/Agência O Globo
Petro Notícias - SP 17/07/2023
A 3R Petroleum assinou contrato com seu primeiro cliente no Espírito Santo para fornecimento no mercado livre de gás a partir do Polo Peroá. A parceria com a ES Gás vai permitir o abastecimento do mercado capixaba. O contrato assinado prevê o fornecimento de 400 mil m³/dia até dezembro de 2025. O gás natural será proveniente do Campo de Peroá, na Bacia do Espírito Santo, anteriormente comercializado exclusivamente para a Petrobras. O Polo Peroá registrou produção de 561 mil metros cúbicos de gás natural em junho de 2023 e, até a assinatura do contrato com a ES Gás, todo volume produzido era vendido para a Petrobrás, na UTGC.
Rachid Félix, Diretor Comercial e Corporativo da 3R Petroleum, disse que a comercialização no mercado livre era uma das oportunidades que a 3R Petroleum já vinha observando. “O contrato firme com a ES Gás é o primeiro celebrado após o acordo com a Petrobrás no Espírito Santo, que permitiu o acesso à infraestrutura de processamento, possibilitando a entrada no mercado livre de gás produzido no Polo Peroá”.
O executivo fez referência ao acordo assinado na última semana entre a 3R Petroleum e a Petrobrás para processamento de gás na Unidade de Tratamento de Gás Natural de Cacimbas – UTGC, em Linhares, no Espírito Santo. O volume de gás produzido em Peroá em maio de 2023 foi de 650 mil m³/dia. Para lembrar, a 3R Petroleum já possui outro contrato de comercialização de gás natural na Bahia, com a Bahiagás, assinado em maio do ano passado, referente à produção dos polos Recôncavo e Rio Ventura, no Cluster Recôncavo.
Valor - SP 17/07/2023
Desde 2020, investimentos de companhias locais ultrapassaram R$ 1 bilhão.
Fonte: Valor Econômico
Para atingir metas de descarbonização e de olho no mercado de créditos de carbono, empresas de petróleo e gás aumentam investimentos em pesquisas para captura, armazenamento e utilização de CO2 no Brasil. O desembolso ultrapassou R$ 1 bilhão entre 2020 e 2023. O valor é quase metade do R$ 1,8 bilhão aplicado em pesquisas sobre descarbonização desde 1999, segundo levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) feito a pedido do Valor.
A técnica de captura consiste em apreender e enterrar o dióxido de carbono no subsolo e encontra-se em estágio de desenvolvimento em alguns países. No Brasil, a atividade ainda não é regulamentada. Tramita no Senado, desde o ano passado, um projeto de lei que trata de regras para projetos de captura e armazenamento de carbono. O PL 1425/2022 foi apresentado pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN) antes de assumir a presidência da Petrobras. O texto foi aprovado na Comissão de Infraestrutura e está agora na Comissão de Meio Ambiente da Casa. Em paralelo, o governo se prepara para apresentar um projeto de lei sobre o tema dentro de um pacote de medidas mais amplo, chamado de “PL do Combustível do Futuro”.
Prates e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, têm se desentendido publicamente sobre a política da estatal. A reinjeção de gás produzido no pré-sal é um dos principais fatores de desgaste entre os dois. Silveira chegou a dizer que a prática é “predatória” e que a estatal infla o preço dos insumos para as indústrias, o que vem sendo rebatido por Prates.
“A proposta do Projeto de Lei do governo avança no ponto que trata do CCS no Combustível do Futuro, ao atribuir à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis a regulação desta atividade no regime de autorização. A alteração, em relação ao PL 1425, em tramitação no Senado Federal, simplifica os investimentos no Brasil, razão pela qual o Ministério de Minas e Energia (MME) entende que o texto do PL do Combustível do Futuro necessita ser aprovado”, informou o MME em nota.
“Falta de regulamentação é principal gargalo para os projetos”
— Nathalia Weber
Especialistas e empresas ouvidos pelo Valor afirmam que não está claro como os dois projetos vão tramitar, mas reforçam que é preciso avançar na regulamentação. Para Nathalia Weber, diretora da CCS Brasil, organização que produz pesquisas e estudos sobre a atividade, esse é o principal entrave ao desenvolvimento de empreendimentos do tipo no país. “Esse é realmente um dos principais gargalos que a gente tem para ter mais desenvolvimento de projetos com armazenamento geológico de CO2. Não é o único, mas é o que traz mais incerteza para os investidores e para empresas que estão em busca de alternativas de descarbonização”, diz.
Defensores do método afirmam que a estocagem de CO2 ajuda na descarbonização e é uma forma mais econômica de zerar as emissões até 2050. A captura de CO2 como forma de reduzir as emissões é vista, porém, com reservas por ambientalistas, uma vez que muitos a consideram como “solução falsa”. Esses ambientalistas alegam que há um lobby das petroleiras para prolongar a produção de combustíveis fósseis e não assumir compromissos concretos com a transição energética, o que o setor refuta.
Estados Unidos, Austrália, Canadá e Japão já captam e colocam CO2 debaixo da terra. A Noruega regulamentou a atividade recentemente e um serviço comercial de transporte e armazenamento de carbono, visitado pelo Valor em junho, está prestes a entrar em operação (ver abaixo). No Brasil, empresas levantam áreas com potencial geológico e desenvolvem tecnologias para aplicar em futuros projetos-piloto. Na área de petróleo e gás, os investimentos são fiscalizados pela ANP.
O superintendente de tecnologia e meio ambiente da agência, Raphael Moura, diz que as cifras devem crescer. “Esses números tendem a crescer nos próximos anos, com o estabelecimento de projetos de maior maturidade tecnológica, como o estabelecimento de plantas-piloto de captura subterrânea e até de captura direta do ar. Além da mudança de estratégia das empresas diante de oportunidades associadas à descarbonização e transição energética”, afirma.
Petrobras e Repsol Sinopec já investem no desenvolvimento da atividade, assim como a FS Agrisolutions, maior produtora de etanol de milho do país. Os projetos estão em fases distintas de desenvolvimento e a continuidade das pesquisas, bem como a exploração comercial dos projetos, dependem de avanços no legislativo.
“Investimentos na área tendem a crescer nos próximos anos”
— Raphael Moura
“Essa é uma oportunidade particularmente interessante para países produtores de petróleo porque a gente consegue fazer a migração da expertise técnica. A gente não é só grande produtor como tem uma cadeia de valores, de suprimentos, de equipamentos, instalada no Brasil”, afirma Heloísa Borges, diretora de estudos de petróleo e gás da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Com o governo federal também interessado na atividade, a EPE vai contratar uma consultoria externa para mapear áreas aptas a armazenar CO2 no país. Os trabalhos devem começar neste ano e durar 18 meses. A Bacia do Paraná e o litoral fluminense são as principais áreas de interesse do governo e do setor privado pela proximidade com as indústrias da região Sudeste.
Apesar de ser uma tecnologia nova, os projetos de CCS têm origem em uma técnica usada há alguns anos por petroleiras. Ela consiste em injetar o gás carbônico num poço já explorado para reanimar a produção de óleo e gás. A Petrobras, por exemplo, adota a captura e utilização de carbono (CCUS) nos campos do pré-sal. Para especialistas, a expertise da indústria de óleo e gás é um ponto positivo para o desenvolvimento da atividade em países como o Brasil.
Ambientalistas veem, porém, a iniciativa com desconfiança. O assessor do programa de defesa dos direitos socioambientais da ONG Conectas, Gabriel Mantelli, diz que a criação da infraestrutura envolve uma espécie de “pedágio ambiental” que pode não compensar os esforços: “Fala-se em pedágio porque se a gente levar em conta que a empresa vai construir plantas e gasodutos, a junção desse passivo ambiental acaba não compensando. Além disso, existe dúvida se a remoção do CO2 do ar chega a 100% e também sobre os riscos geológicos envolvidos na operação.” Mas apesar das dúvidas na sociedade civil, os trabalhos avançam.
A Repsol lançou recentemente o projeto de uma planta-piloto para capturar 5 mil toneladas de CO2 por ano direto do ar com tecnologia inédita na América Latina. A ideia é que a operação comece em quatro a cinco anos, na Bacia do Paraná. A fase inicial vai avaliar o potencial de injetar e “guardar” o gás em rochas subterrâneas. “É um hub de tecnologia para a comunidade científica como um todo aportar conhecimento, não é projeto para comercialização”, diz a gerente de suporte de portfólio de pesquisa da Repsol Sinopec, Cassiane Nunes.
Dona de um dos projetos privados mais avançados, a FS Agrisolutions recebeu, em maio, autorização para a primeira perfuração em Lucas do Rio Verde (MT). A permissão é para explorar um poço de coleta de informações e estudos, etapa que deve começar até setembro. Seu presidente Rafael Abud diz que a área tem capacidade para armazenar 22 milhões de toneladas de CO2. A produção de etanol de milho na fábrica emite 450 mil toneladas por ano.
“Para nós, é um investimento porque essas toneladas todas vão nos gerar créditos que vão ser vendidos no mercado de carbono”, diz Abud. O investimento previsto é de R$ 350 milhões, e contempla desde os estudos preliminares até o início da operação, que depende da regulamentação da atividade de CCS.
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