Money Times - SP 17/02/2023
A Ativa Investimentos atualizou a sua recomendação para a Usiminas (USIM5), indicando a venda das ações e cortando o preço-alvo a R$ 7, frente R$ 7,24 anteriormente.
A reavaliação acontece diante do momento da retomada chinesa, que os analistas da corretora avaliam já estar precificada pelas empresas do setor de mineração e siderurgia na bolsa.
“No momento, as vemos apresentando relações risco x retorno [da Usiminas] que não nos parecem atrativas”, explica Ilan Arbetman, analista que assina o relatório.
O especialista vê o nível de produção de aço na China apresentando “dificuldades em se mostrar mais forte”.
A Ativa avalia que, ainda que a retomada chinesa seja um vetor positivo para a Usiminas, as assimetrias com relação ao cenário siderúrgico doméstico e as metas relacionadas a despesas de capital e capital de giro tendem a continuar pesando sobre as ações.
O analista acredita que o mercado precificará novamente o papel somente após o êxito dos grandes projetos atualmente empreendidos e a total compreensão sobre seus impactos.
Principais riscos
A Usiminas registrou prejuízo líquido de R$ 838,78 milhões no quarto trimestre de 2022, em relatório divulgado na última semana.
Os números representaram uma queda de R$ 1,4 bilhão em relação ao trimestre anterior, quando a companhia registrou lucro de R$ 609 milhões.
Mas alguns dos principais riscos para a companhia no futuro estão atrelados ao custo dos insumos para a Usiminas e o momento macroeconômico, conforme pontua a Ativa.
O primeiro está relacionado à ocorrência de disfuncionalidades de preços em insumos, como coque, carvão, energia e frete, que prejudicam os resultados da empresa e devem seguir como parte da conjuntura durante os próximos trimestres.
Enquanto isso, o momento atual do país, que reúne juros altos e forte inflação, é negativo para o ambiente de negócios de Usiminas. Isso porque a sua divisão siderúrgica vem sofrendo influência dos setores industrial, automotivo e de distribuição. A correlação com o ambiente de negócios nacional é grande.
Diário do Comércio - MG 17/02/2023
A Boston Metal vai investir R$ 500 milhões na construção de uma indústria em Coronel Xavier Chaves, município próximo a São João del-Rei, no Campo das Vertentes. A unidade vai recuperar metais de alto valor agregado a partir de rejeitos de mineração. O processo será feito por meio de uma tecnologia inovadora denominada de eletrólise de óxido fundido (MOE). A previsão é de geração de cerca de 200 empregos diretos e mais de 1.000 indiretos.
Esta será a primeira planta produtiva da startup nascida no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos. No País, a empresa mantém uma escala menor para demonstração do MOE e realização de pesquisas, sendo o foco principal a produção de aço verde. Apoiada por gigantes como Bill Gates, Vale, BHP, BMW e ArcelorMittal, a companhia é liderada pelo ex-presidente da mineradora CBMM, Tadeu Carneiro.
“É um projeto revolucionário com baixíssimo impacto ambiental e geração de CO2 extremamente baixo em relação aos processos tradicionais. Vamos trabalhar basicamente reciclando escórias existentes no mercado, aproveitando para extrair materiais de maior valor agregado como tântalo, nióbio e estanho, metais de significância para indústria tanto local quanto mundial”, destaca o presidente da Boston Metal do Brasil, Itamar Resende.
De acordo com o chefe da subsidiária brasileira, inaugurada em agosto de 2022 em meio a um exponencial crescimento da startup, as obras já se iniciaram e o projeto será dividido em três etapas. A primeira se refere à fase piloto, com término previsto ainda para este ano. A segunda se trata da fase de demonstração, estimada para o ano que vem. A última corresponde à fase final, ou seja, o projeto todo instalado em 2026. Ainda segundo ele, a planta em Minas Gerais ocupará cerca de três hectares de uma área total de 20 hectares.
Inicialmente, os rejeitos utilizados na planta serão oriundos da Mineração Taboca, produtora nacional de minerais industriais, incluindo, as ligas necessárias para o desenvolvimento do projeto. A mineradora assinou um memorando de entendimento para explorar o uso da tecnologia MOE. Por consequência, a Boston Metal do Brasil ajudará a solucionar o gargalo do passivo ambiental do setor, além de aumentar a eficiência da produção de metais.
“Vamos saber com certeza depois que começar a operar, mas estimamos que só o material da Taboca nos dá praticamente 30 anos de operação. Porém, é óbvio que assim que a gente disparar essa primeira fase, vamos começar uma busca estratégica de outros rejeitos de mineração que possam ser utilizados na nossa tecnologia. Ainda não temos nada firme, nada mapeado, estamos começando os contatos para buscar outros”, ressalta o vice-presidente da subsidiária, Alexandre Quinze.
Conforme o vice-presidente, a unidade no Estado será de extrema importância para a empresa demonstrar que a aposta feita pelos investidores está na direção certa. Ele explica que em laboratório e em escala piloto a tecnologia já se demonstrou viável, no entanto, a prova será, de fato, quando a fábrica estiver em funcionamento. Quinze ainda aponta outro fator relevante da construção que diz respeito a comprovar que a plataforma da startup é flexível para trabalhar com outros metais para além da produção de aço verde.
Escolha do local
A decisão por Coronel Xavier Chaves, no Campo das Vertentes, decorreu de alguns fatores. Segundo o vice-presidente da Boston Metal do Brasil, a região possui vocação para mineração e metalurgia; grandes indústrias como a AMG; mão de obra qualificada; e energia em abundância e limpa para o processo de eletrólise. Além disso, atende ao critério de busca pela área que proporcionasse o menor impacto ambiental na construção.
“Para se ter uma ideia, nessa primeira fase, não teremos impacto algum. Não vamos ter que fazer remanejamento em nada. Tem impacto praticamente nulo. Então juntamos todas essas condições e chegamos à conclusão que aquele terreno seria o mais adequado”, afirma Quinze.
Valor - SP 17/02/2023
Brasil é afetado por queda nos preços da sucata ferrosa no mercado mundial, alta na importação de vergalhão e retração na demanda de ferro-gusa
Os terremotos que devastaram partes da Turquia e da Síria na semana passada (dia 6) causaram pesados danos diretos e colaterais na indústria siderúrgica do país. A Turquia, que ocupa o oitavo lugar no ranking mundial de aço, é o maior importador de sucata ferrosa do mundo e relevante exportador de aços longos, como vergalhões, usados na construção.
De acordo com as últimas informações, o desastre já causou morte de mais de 42 mil pessoas nos dois países, deixando mais de 114 mil feridos e cerca de 2,4 milhões de pessoas desalojadas. Estima-se 6,5 mil edifícios foram destruídos, com danos à propriedades entre US$ 50 bilhões e US$ 85 bilhões.
País exporta cerca de 17 milhões de toneladas de aço acabado ao ano, sendo 70% de vergalhão, inclusive para o Brasil
As operações das siderúrgicas locais foram afetadas por problemas na infraestrutura. “Não se tem notícias que as siderúrgicas tenham sido impactadas fisicamente, mas o sistema logístico (portos e vias de transporte) e o fornecimento de energia elétrica e gás natural foram afetados”, informa Germano Mendes de Paula, especialista no setor e professor titular da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Segundo ele avalia, a siderurgia turca tem algumas importantes particularidades, que tendem a gerar alguns desequilíbrios no mercado global de insumos e produtos siderúrgicos. É a maior importadora mundial de sucata ferrosa - 24 milhões de toneladas em 2021 (24,5% do mundo) e 21 milhões de toneladas no ano passado. Desse total, 19% foram provenientes dos Estados Unidos.
“Estima-se que cerca de 30% da capacidade instalada da siderurgia turca tenha sido paralisada. E, nas regiões atingidas, a produção é fortemente concentrada em aços longos (destaque para vergalhões)”, diz. A expectativa é que as operações fiquem paralisadas durante o restante de fevereiro, e até avancem para março.
A Turquia produziu 35 milhões de toneladas de aço bruto no ano passado, sendo 10,5 milhões da maior produtora integrada de aços longos e planos do país, a Iskenderun Demir ve Celik (Isdemir), que fica a 180 km do epicentro do terremoto. A empresa suspendeu sua produção no sudeste, região atingida, segundo informou a própria companhia nesta semana.
Informações de fontes do setor disseram a agências de notícias especializadas que os efeitos na siderurgia turca devem resultar em preço da sucata de aço mais fraco no curto prazo devido à forte posição como importador. Por outro lado, os preços globais de vergalhão devem subir, pois a Turquia exporta cerca de 17 milhões de toneladas por ano de aço acabado, sendo mais de 70% desse produto. Cerca de 60% vai para a União Europeia e o Brasil também importa. Outro efeito: redução nas exportações de vergalhão no médio prazo em decorrência da reconstrução da zona de desastre, levando a uma forte reposição de estoque desse tipo de aço a partir do segundo trimestre. O país deve acelerar a reconstrução porque estão previstas eleições em maio e junho.
Clineu Alvarenga, presidente do Instituto Nacional da Reciclagem (Inesfa), que representa recicladores de aço e outros metais, disse ao Valor que os preços da sucata já sofrem queda de até US$ 10 a tonelada no mercado mundial. “No nosso caso, que não exportamos para a Turquia, o impacto ocorre na Ásia, para onde embarcamos 90% das exportações. Haverá um desvio para este mercado com a retração nas compras pelas usinas de aço turcas”. As exportações de sucata, diz, com certeza, serão afetadas em função dos problemas econômicos decorrentes do terremoto.
A Turquia, informa Mendes de Paula, é um grande importador de ferro-gusa - 1,3 milhão de toneladas em 2022, sendo 66% da Rússia e 20% do Brasil. Isso significa impacto nas vendas dessa matéria-prima por produtores brasileiros. O país compra ainda placas e tarugos (semiacabados), num total de 4,9 milhões em 2022 - 71% oriundos da Rússia, que enfrentou dificuldades para exportar devido à guerra na Ucrânia. O Brasil é um produtor relevante.
Em relatório, o analista do Itaú BBA, Daniel Sasson, destacou que, como maior exportador global de vergalhão, a interrupção da produção de aço e/ou atrasos nos embarques na Turquia podem sustentar os preços globais mais altos do vergalhão e reduzir as vendas de sucata dos EUA para o país, potencialmente baixando os preços da sucata no mercado americano. “Ambos os impactos podem beneficiar levemente a dinâmica operacional da Gerdau [nos EUA]”, disse.
O epicentro do terremoto, informou, está próximo à região do Mediterrâneo, que responde por cerca de 33% da capacidade instalada de produção de aço do país.
Segundo Mendes de Paula, a queda da produção siderúrgica na Turquia - de 40 milhões para 35 milhões de toneladas - foi atribuída principalmente ao aumento do custo de energia elétrica. Antes do terremoto, a expectativa da Associação Siderúrgica Turca (TCUD) era voltar a produção para o patamar de 40 milhões de toneladas em 2023.
Mesmo assim, o país é o maior exportador mundial de vergalhões: 7,4 milhões de toneladas em 2021 e 5,6 milhões no ano passado. Por isso, o preço de venda é uma das principais referências para a precificação de vergalhão em vários países, inclusive no Brasil. “As exportações de vergalhão também estão paralisadas. Isso tenderia a gerar, no curto prazo, uma tendência altista dos preços mundiais do vergalhão, inclusive no Brasil”, afirma.
Para o especialista, as repercussões do terremoto na siderurgia tendem a extrapolar consideravelmente as fronteiras da Turquia.
O Estado de S.Paulo - SP 17/02/2023
Em um ano marcado pela normalização completa da atividade após os efeitos da pandemia de covid-19, a economia brasileira cresceu 2,9% em 2022, depois de ter subido 4,68% em 2021. O porcentual foi medido pelo Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) na série sem ajustes sazonais, que permite comparações entre os anos.
Conhecido como uma espécie de “prévia do BC” para o Produto Interno Bruto (PIB), o IBC-Br serve mais precisamente como parâmetro para avaliar o ritmo da economia brasileira ao longo dos meses. De responsabilidade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB do ano passado será divulgado apenas em 2 de março. A projeção atual do BC para a atividade doméstica em 2022 é de crescimento de 2,9%. Para 2023, é de avanço de 1%.
A alta do IBC-Br em 2022 ficou abaixo do intervalo da pesquisa realizada pelo Projeções Broadcast, cujas estimativas iam de 3% a 3,2%, com mediana de 3,1%.
Embora 2022 tenha se iniciado com uma forte onda de covid-19, o processo de vacinação iniciado em 2021 permitiu o retorno à normalidade da atividade econômica ao longo do ano, especialmente no setor de serviços - o mais afetado pela pandemia.
Por outro lado, as vendas no varejo e a produção industrial tiveram desempenho mais fraco do que em 2021, justamente pela redução da demanda de bens, mas também pelos efeitos contracionistas da política monetária, especialmente nos meses finais do ano.
Em dezembro, o IBC-Br voltou a crescer depois de quatro dados mensais negativos seguidos. A alta foi de 0,29%, na série já livre de influências sazonais. Em novembro, a queda havia sido de 0,77% (dado revisado hoje).
De novembro para dezembro, o índice de atividade calculado pelo BC passou de 142,54 pontos para 142,95 pontos na série dessazonalizada. O resultado veio abaixo da mediana das estimativas do mercado financeiro, que era positiva em 0,30%, na pesquisa Projeções Broadcast, mas ficou dentro do intervalo das previsões, que ia de recuo de 0,50% a avanço de 1,10%.
Na comparação entre os meses de dezembro de 2022 e de 2021, houve crescimento de 1,42% na série sem ajustes sazonais. Esta série registrou 143,62 pontos no último mês do ano, o melhor desempenho para o período desde 2014 (145,48 pontos).
O indicador de dezembro de 2022 ante o mesmo mês de 2021 também ficou dentro do intervalo projetado pelos analistas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast, que esperavam de alta de 0,6% a aumento de 2,7% (mediana de alta de 1,4%).
IstoÉ Online - SP 17/02/2023
Apesar da desaceleração marginal do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), de 0,52% para 0,51% na segunda quadrissemana de fevereiro, o coordenador do índice, Guilherme Moreira, elevou a projeção para o indicador ao final do mês de 0,44% para 0,45%. De acordo com Moreira, a mudança acontece pela pressão positiva do grupo Saúde (0,16% para 0,33%), na esteira dos reajustes dos planos de assistência médica (0,45% para 0,76%).
“Na ponta, esses contratos variaram 1,23%, o que indica que o componente vai seguir pressionado”, afirma o coordenador.
Na leitura quadrissemana do IPC-Fipe, apesar da aceleração marginal do grupo Alimentação (0,19% para 0,22%), Moreira destaca o arrefecimento observado nos alimentos industrializados (0,47% para 0,24%).
“Não víamos desaceleração nesse item desde o início da pandemia”, pontua Moreira, que calcula que, entre janeiro de 2020 e dezembro de 2022 os alimentos industrializados tiveram alta acumulada de 52,4%, enquanto o IPC-Fipe do mesmo período foi de 24,4%. “Essa desaceleração dos alimentos industrializados, provavelmente resultado da queda no preço de alguns insumos, como papelão e frete, traz boas perspectivas para o arrefecimento da inflação como um todo”, observa o coordenador.
Entre as contribuições para a desaceleração do IPC-Fipe na quadrissemana, Moreira destaca a variação de Transporte (0,39% para 0,25%), puxada pelo aumento de ímpeto na queda de gasolina (-0,36% para -0,50%) e a queda de etanol (0,48% para -2,14%).
Na ponta, Moreira calcula alta de 0,19% para gasolina nesta quadrissemana e queda de 3,62% para o etanol. “Isso indica que o etanol deve continuar caindo, sob efeito da sazonalidade de bons resultados da safra nesse período do ano”, diz.
Em contrapartida, Moreira destaca Habitação (0,74% para 0,83%) como pressão de alta para o IPC-Fipe nesta quadrissemana, como resultado dos reajustes de energia elétrica (0,71% para 0,85%) e dos serviços de comunicação (1,35% para 1,45%).
O Estado de S.Paulo - SP 17/02/2023
Qual a taxa de juros correta num determinado momento histórico? Perguntar isso a quem não tem profundos conhecimentos econômicos me faz lembrar uma peça de Harold Pinter na qual mendigos entram numa cozinha de restaurante e são bombardeados por pedidos de pratos sofisticados e não têm mais do que um modesto sanduíche no farnel. Mas há uma intensa discussão sobre o assunto. Precisamos saber por que isso influencia nossa vida. Quem tem razão? Um dos critérios é escolher o que se preocupa com os mais pobres.
Lula quer taxas mais baixas porque isso poderia não só garantir sua política social, mas ajudar os que precisam de emprego. Ele tem os mais pobres no seu horizonte. O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, defende as taxas altas porque baixá-las, segundo ele, impulsiona a inflação e prejudica os pobres.
É difícil de declarar empate nesse quesito, isto é, supor, simultaneamente, que altas taxas de juros e baixas taxas de juros representem o interesse dos mais pobres.
Então, é preciso ir um pouco adiante para ver se a inflação é resultado de uma alta atividade econômica que precisa ser contida no momento.
Há economistas que acham que a inflação no momento é provocada por outros fatores, como, por exemplo, a queda da produção durante a pandemia e o aumento do preço da energia e de fertilizantes por causa da guerra na Ucrânia. Esses últimos fatores influenciando também o preço de alimentos. Isso nos leva, pobres mortais, a supor que a economia está patinando e que as altas taxas de juros podem impedir que ela decole.
Há outro impasse de grandes dimensões. Quando se fala em aumentar investimentos públicos, entra em cena o fantasma do desequilíbrio fiscal. Algum investimento público é algo consensual, exceto entre os que acham que o Estado não serve para nada. Há quem diga que a relação dívida/PIB, de 70%, não é assustadora e que as contas do País estão relativamente em ordem. Como arbitrar essa dúvida? De um lado, gente dizendo que os investimentos públicos vão gerar inflação; de outro, gente que afirma que o aumento da taxa de juros amplia nossa dívida num nível ainda maior.
A história vai se confundindo para o espectador. Não se sabe quem defende os pobres nas posições conflitantes e não se sabe se o estrago maior nas contas é causado pela ousadia do governo ou pelas canetadas do BC.
O interessante é que essa contradição não é antagônica, do tipo em que uma das partes é suprimida pela outra. O Banco Central continuará autônomo e seu presidente, no cargo.
Dizem que o BC brasileiro foi considerado o melhor do mundo no ano passado. Mas o homem comum não votou nem conhece as regras dessa eleição.
Supondo que todos tenham seus argumentos e que seja difícil de eliminar uma das partes, o que nos resta?
O que nos resta é trabalhar para que o tom de confronto seja superado pelo diálogo e que neste período se encontre uma saída conciliatória que possa garantir o desenvolvimento do País.
As eleições de 2022 ocorreram para definir linhas. O presidente do Banco Central afirmou, nos EUA, que os ciclos da economia e da política são diferentes. Acontece que são interligados – na verdade, não existe política monetária pura, dissociada de qualquer traço político, muito menos existe uma política navegando nas nuvens, distante da realidade econômica.
Por isso a expressão independência do Banco Central, conforme lembrou o economista André Lara Resende, não é adequada. É correto dizer autonomia, algo que pressupõe interdependência, um conceito, no meu entender, muito mais próximo da realidade.
Todo este debate, assim como as tentativas frustradas de golpe, acaba atrasando o processo, fixando o esforço de crescimento nas preliminares. Talvez seja preciso encaminhar logo a reforma tributária, a nova política fiscal, que alguns chamam de âncora, outros de arcabouço, enfim, a gente pode escolher pela sonoridade de cada um.
Mais do que isso, é preciso atrair capitais. Os EUA decidiram se associar, modestamente, em termos de cifras, ao Fundo Amazônico. Não creio que devamos considerar as possibilidades de investimento na região apenas levando em conta dinheiro oficial. As possibilidades de atrair ajuda particular, de captar investimentos empresariais, são uma parte essencial do processo.
No passado, mencionei rapidamente aqui o livro de uma economista norte-americana, Mariana Mazzucato, Mission Economy, no qual ela mostra como a conquista da Lua foi um empreendimento de parceria entre governo e iniciativa privada. A preservação e o desenvolvimento sustentável da Amazônia, no meu entender, são uma tarefa de grandes dimensões e têm o mesmo potencial de unir governos e iniciativa privada numa proporção colossal.
A bola continua quicando na área. Não estamos mais de costas para o gol, como no período Bolsonaro. Mas é preciso um pouco da ousadia e da fórmula da conquista da Lua para avançar nessa tarefa.
As discussões preliminares são importantes. Mas chega uma hora em que não podem monopolizar a agenda de um país que precisa encontrar seu caminho.
CNN Brasil - SP 17/02/2023
O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos subiu 0,7% em janeiro ante dezembro, segundo dados com ajustes sazonais publicados nesta quinta-feira (16) pelo Departamento do Trabalho do país.
O resultado superou a expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam alta de 0,4% no período.
O núcleo do PPI, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, avançou 0,6% na comparação mensal de janeiro, também acima do consenso do mercado, de alta de 0,4%.
No confronto anual, o PPI teve alta de 6% em janeiro.
Money Times - SP 17/02/2023
Tomando a frente na briga contra os juros altos para tirar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de uma disputa pública com o Banco Central, resolução do diretório nacional do PT publicada nesta quinta-feira voltou a pedir a queda nas taxas de juro e a revisão das metas de inflação, em defesa de uma política econômica que permita o crescimento do país.
“O programa de governo apresentado pelo presidente Lula, aprovado nas urnas e constantemente reiterado pelo próprio presidente, prevê uma política econômica que permita o crescimento econômico, por isso é essencial a queda nas taxas de juros praticadas pelo Banco Central, bem como a revisão das metas de inflação”, diz a resolução, que traz ainda o apoio a que a bancada do partido no Congresso chame o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para discutir a política de juros na Casa.
A decisão do partido em encampar a briga contra os juros foi tomada na reunião do diretório na segunda-feira, mas o texto final foi publicado apenas nesta quinta, depois de passar por votação eletrônica dos membros do diretório.
As críticas contra os juros e o Banco Central foram iniciadas pelo próprio Lula, que, por diversas vezes, em discursos e entrevistas, questionou a necessidade de se manter a taxa Selic em 13,75%.
No entanto, de acordo com fontes ouvidas pela Reuters, em conversas com seus ministros mais próximos, Lula foi convencido a deixar os ataques para o partido e retirar o governo de uma disputa pública com o BC, em um momento em que a equipe econômica tenta negociar um futuro aumento da meta de inflação.
Caberá ao partido manter a pressão sobre Campos Neto, com um convite — por não ser ministro e sim presidente de um órgão independente, ele não pode ser convocado, como pretende a resolução petista — para debater no Congresso a política de juros.
“Economistas renomados questionam duramente essa política de juros altos e, mais ainda: criticam a maneira leviana e inverídica de justificar essa política de juros altos ao brandir com o temor da inflação, que sabidamente não é uma inflação de demanda, mas sim tem a ver com as consequências da pandemia e a guerra na Ucrânia”, continua o texto petista.
“Nossas bancadas devem propor ao Congresso Nacional a convocação do presidente do Banco Central para que venha debater essa política.”
Enquanto o PT inflama a discussão, dentro do governo a ordem é baixar a temperatura. Lula já tem evitado, nos últimos discursos, falar do tema, e deve continuar assim — ou ao menos não atacar diretamente o presidente do BC, que tem buscado, em entrevistas e discursos, se mostrar disposto a trabalhar com o governo.
Em entrevista ao programa Roda Viva, na segunda-feira, Campos Neto elogiou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e disse querer encontrar novamente Lula — ambos só tiveram uma reunião, antes da posse presidencial. Na quarta, em um discurso em uma cerimônia no Senado, Campos Neto destacou a necessidade de um “olhar social” na política do BC. Os gestos foram entendidos pelo governo.
Nesta quinta acontece a primeira reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que reúne o presidente do BC, o ministro da Fazenda e a ministra do Planejamento, Simone Tebet. Haddad já deixou claro que não será dessa vez que será definida uma nova meta de inflação. A discussão deverá ficar para junho.
O assunto não saiu da pauta, já que o governo vê a necessidade de uma meta não tão apertada para que se possa baixar os juros, mas o clima de pressão interna tende a arrefecer.
O Estado de S.Paulo - SP 17/02/2023
Em 28 de fevereiro, terminam os mandatos de dois dos atuais membros do Copom: Bruno Serra, diretor de Política Monetária, e Paulo Souza, diretor de Fiscalização.
Nas atuais escaramuças entre Lula e o governo, de um lado, e Roberto Campos Neto, presidente do BC, do outro, o tema das nomeações para vagas de diretorescujos mandatos expiram é um dos mais quentes. Aliás, outra nomeações virão no cronograma até o final do ano que vem, quando vence o mandato do próprio Campos Neto.
Na entrevista do presidente do BC no programa Roda Viva da TV Cultura, que foi ao ar na segunda-feira (13/2) à noite, Campos Neto deixou claro que a escolha dos diretores cabe ao governo comandado por Lula, mas que o BC se prontifica a colaborar, apontar possíveis nomes ou analisar aqueles cogitados pelo Executivo.
Segundo Campos Neto, Souza poderia ser reapontado, caso o governo quisesse, mas Serra vai mesmo sair. O seu (de Serra) substituto, disse o chefe da autoridade monetária, deveria ser alguém com experiência de mercado em mesa de operações, já que seu trabalho no BC volta-se em grande parte para essa área.
Aliás, antes de prosseguir no tema dos diretores, é justo registrar que Campos Neto teve bom desempenho na entrevista do Roda Vida, e procurou baixar a temperatura da relação entre BC e governo.
Entre os diversas ataques lançados por Lula, alguns membros do seu governo e parlamentares petistas ao atual bem-sucedido arcabouço de política monetária do Brasil, dois têm poucas chances de prosperar politicamente: remoção da autonomia formal do BC e destituição de Campos Neto pelo Senado.
Mas uma mudança mal concebida e com objetivos errados da meta de inflação e o preenchimento da diretoria do BC com pessoas hostis aos atuais consensos sobre política monetária - que hoje vigoram e dão base ao funcionamento dos BCs na grande maioria dos países economicamente equilibrados - são ameaças reais.
Muito já se falou sobre a questão do aumento da meta de inflação. Não há dúvida de que há uma discussão academicamente respeitável sobre o tema da meta ideal, tanto nos países avançados quanto nos emergentes (embora a problemática num caso e no outro seja bastante diferente).
Mas tampouco há dúvida de que o timing dessa discussão no Brasil, lançada por Lula, é muito ruim. O BC está no auge da guerra da desinflação, com sinais tímidos de alguns primeiros bons resultados. Aumentar a meta agora pode afetar negativamente as expectativas e ferir a credibilidade do BC, atrapalhando a consecução do seu trabalho visando o médio e longo prazo.
Além disso, a discussão da meta vem misturada aos ataques à autonomia do BC e à própria figura de Campos Neto por Lula e outras figuras influentes da esquerda e do PT, de dentro e de fora do governo. Fragilizar o BC e aumentar a meta certamente é receita para piorar ainda mais a credibilidade da autoridade monetária.
Mas a questão da substituição da diretoria do BC é outro flanco perigoso. Antes de mais nada, é preciso deixar claro quenão faltam economistas com visão contrária aos atuais consensos sobre política monetária, e o governo tem todo o direito de colocar quem bem quiser no Copom, sendo a cobrança mínima a de possuir competência técnica para participar do trabalho que lá encontrará.
Essa legitimidade da nomeação de seja quem for, por outro lado, não significa que vá dar certo ou que o arcabouço de política monetária possa resistir a um Copom que não acredite no sistema de metas de inflação.
Recente artigo de diversos economistas (Vasso Ioannidou, Sotirios Kokas, Thomas Lambert e Alexander Michaelides), publicado pelo site econômico Vox EU, mostra como nomeações politicamente motivadas para a presidência de bancos centrais denotam menor independência da autoridade monetária na prática e estão associadas a piores resultados em termos de inflação de estabilidade financeira.
Os economistas coletaram informações sistemáticas sobre 316 nomeações para presidente de bancos centrais no mundo em 57 países entre 1985 e 2020. Eles classificaram a independência ou não do presidente do BC em relação ao governo por meio de informações biográficas, da imprensa e de especialistas acadêmicos.
Os autores observam que as nomeações para a presidência de bancos centrais podem ter se tornado mais políticas à medida que avançou nas últimas décadas o arcabouço legal de independência em diversos países. Pode parecer paradoxal em princípio, mas seria um reação do sistema político justamente à tendência à autonomia da autoridade monetária.
Os resultados do trabalho mostram que autonomia de fato do BC correlaciona-se melhor com bons resultados inflacionários do que autonomia apenas no papel, e o mesmo ocorre em termos de estabilidade financeira.
Uma das principais conclusões do estudo é de que "influência política indevida em nomeações para o banco central reduz a credibilidade do banco central (...) independentemente do nível de independência legal do banco central".
É claro que o estudo se refere a presidentes, e não apenas diretores. Porém, na medida em que toda diretoria e a presidência do Banco Central será nomeada pelo atual governo ao longo dos próximos anos, é bom ter em mente o risco de que piores resultados em termos de inflação e de estabilidade financeira venham a ser a consequência da eventual nomeação de paus mandados do governo para o Copom.
IstoÉ Dinheiro - SP 17/02/2023
A presidente do Federal Reserve de Cleveland, Loretta Mester, disse nesta quinta-feira que a inflação continua muito alta e se mostrou aberta a aumentar os juros mais do que seus colegas queriam na última reunião de política monetária.
O Fed “percorreu um caminho apreciável para trazer a política monetária de uma postura muito acomodativa para uma restritiva, mas acredito que temos mais trabalho a fazer”, disse Mester em um discurso. “Nesta conjuntura, os dados recebidos não mudaram minha visão de que precisaremos elevar a taxa de juros acima de 5% e mantê-la assim por algum tempo para ser suficientemente restritiva a fim de garantir que a inflação esteja em um caminho sustentável de volta a 2%,” disse ela.
Quando as autoridades do Fed se reuniram no início do mês para deliberar sobre a política de juros, moderaram o ritmo do que havia sido uma série de aumentos e elevaram sua taxa básica em 0,25 ponto percentual, para entre 4,5% e 4,75%. O Fed sinalizou que mais altas virão para ajudar a reduzir os níveis altos da inflação de volta à meta de 2%.
Mester, que não tem direito a voto no Comitê Federal de Mercado Aberto este ano, disse que teria estado aberta a um aumento maior da taxa no encontro. “Deixando de lado o que os participantes do mercado financeiro esperavam que fizéssemos, vi um argumento econômico convincente para um aumento de 50 pontos-base, o que teria levado o topo da meta para 5%”, disse ela.
Algumas outras autoridades do Fed disseram em comentários recentes que concordam com aumentos menores dos juros, à medida que avançam em direção a um ponto de parada incerto para a campanha de altas. Mas dados recentes mostrando que a inflação não moderou tanto quanto se esperava no início do ano aumentaram a perspectiva de que o Fed pode ter de ser mais agressivo ao longo do tempo.
“É uma boa notícia ver alguma moderação nas leituras de inflação desde o verão (no Hemisfério Norte) passado, mas o nível de inflação é importante e ainda é muito alto”, disse Mester. Os dados do índice de preços ao consumidor de janeiro, divulgados no início desta semana, “mostraram um salto na taxa mensal de inflação geral e nenhuma melhora na inflação subjacente” e forneceram “um alerta” para aqueles que acreditavam que a inflação está voltando rapidamente para 2%.
Mester disse que continua a “ver os riscos para a previsão de inflação como inclinados para cima por uma série de razões”. Ela também disse que “a transição de volta à estabilidade de preços levará algum tempo e não será isenta de dores”.
IstoÉ Online - SP 17/02/2023
Os contratos futuros de minério de ferro subiram nesta quinta-feira, com a China, maior produtora mundial de aço, reiterando sua determinação em apoiar o crescimento econômico por meio de estímulos aos gastos do consumidor.
Os ganhos do minério, no entanto, foram limitados, conforme traders continuaram avaliando as perspectivas de demanda.
O minério de ferro mais negociado para maio na Dalian Commodity Exchange da China encerrou o comércio diurno com alta de 1,8%, a 880 iuanes (128,43 dólares) a tonelada, depois de atingir o nível mais alto desde 30 de janeiro, a 883 iuanes.
Na Bolsa de Cingapura, o contrato de março de referência do ingrediente siderúrgico ganhou 1,3%, para 124,90 dólares a tonelada, subindo pelo terceiro dia consecutivo.
As autoridades chinesas disseram na quinta-feira que elaborarão políticas destinadas a estimular os gastos com habitação e desbloquear as economias dos consumidores que se acumularam durante a pandemia.
Também dando suporte aos preços futuros dos ferrosos, os preços das novas residências na China subiram em janeiro pela primeira vez em um ano, à medida que o fim do regime zero-Covid, políticas imobiliárias favoráveis e expectativas do mercado por mais medidas de estímulo impulsionaram a demanda.
Embora mais firme, o minério de ferro permaneceu sendo negociado em uma faixa limitada de preços esta semana, já que a recuperação esperada na demanda chinesa por aço tem sido lenta, enquanto os analistas mantêm uma perspectiva moderada para o mercado imobiliário chinês.
A fraca demanda doméstica por aço e os custos elevados dos ingredientes da produção de aço reduziram a lucratividade das usinas.
O Estado de S.Paulo - SP 17/02/2023
A Vale fechou o ano passado com um lucro de US$ 16,7 bilhões, resultado que representa um tombo de 32,4% frente ao mesmo período do ano passado.
O desempenho mais fraco da mineradora reflete a retração no preço do minério de ferro e a menor produção do insumo, carro-chefe da produção da companhia. Segundo a empresa, a retração no volume foi motivada pela dificuldades na obtenção de licenças ambientais.
A companhia anunciou que pagará mais US$ 9,4 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio, totalizando US$ 12,6 bilhões como remuneração pelo lucro relativo a 2022. Desse total, U$ 1,8 bilhão será pago em março deste ano.
“O ano de 2022 foi marcado por questões com impactos globais, como a guerra na Ucrânia e o quadro econômico desafiador nos Estados Unidos, além dos desdobramentos do Covid-19 na China. A despeito do cenário desafiador e volátil, construímos um resultado sólido e retornamos valor para nossos stakeholders”, afirmou o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo.
No balanço, a mineradora informou que irá investir US$ 6 bilhões em 2023, um aumento de 11,1% com relação ao montante investido em 2022, de US$ 5,4 bilhões. Os valores serão usados para construir um segundo forno associado à mina de Onça Puma, no Pará, e na mina VMBE, em Voisey’s Bay (Canadá), além de um aporte de capital na mina de níquel de Morowali, na Indonésia.
A produção de minério de ferro nas minas de Serra Sul, no Pará, e Capanema, em Minas Gerais também receberão uma parte do investimento, informou a companhia.
Valor Investe - SP 17/02/2023
“Em 2022, alcançamos progressos importantes em nossas prioridades estratégicas”, afirmou o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, nos comentários que acompanham os demonstrativos financeiros divulgados após o fechamento do mercado nesta quinta-feira (16).
O executivo comentou ainda o empenho da empresa em desmontar estruturas semelhantes à da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, palco de um acidente em 2019, quando se rompeu. “Em segurança, estamos orgulhosos de termos eliminado 40% de nossas estruturas a montante [semelhante a de Brumadinho] e retirado a barragem B3/B4 do nível de risco mais alto”, afirmou ele, citando a barragem de Nova Lima, em Minas Gerais.
Eduardo Bartolomeo, presidente da Vale — Foto: Leo Pinheiro/Valor
Bartolomeo comentou ainda planos da empresa para segmento siderúrgico. “Em Soluções para siderurgia, avançamos em nosso caminho para sermos o parceiro de escolha para produtos de alta qualidade, alavancando o ‘endowment’ mineral único da Vale e capitalizando a tendência de descarbonização da siderurgia”, disse.
O executivo comentou, ainda, que nesse tópico, há planos da empresa. “Anunciamos hubs para o desenvolvimento de soluções verdes no Oriente Médio”, disse, comentando que a companhia expandiu oferta de produtos de baixo carbono, “como pelotas e briquetes de alta qualidade”.
Segundo Bartolomeo, nas operações, a empresa tomou medidas concretas para entregar projeções de crescimento de longo prazo. “No Sudeste, as plantas de filtragem de rejeitos estão ramping up [aceleração de projeto com aumento de produção] e, no Norte, aprofundamos o conhecimento do corpo mineral em S11D [projeto de minério de ferro em Carajás, no Pará] e, no quarto trimestre, comissionamos o projeto Gelado”, disse. Ele se refere a um empreendimento da empresa que prevê recuperação de mihões de toneladas por ano de minério de ferro, proveniente das barragens de rejeito.
Além disso, o executivo citou negócio de materiais para transição energética. “As operações em Sudbury estão agora estáveis, e Onça Puma teve a melhor produção anual dos últimos cinco anos”, afirmou, citando empreendimento de metais básicos, no Canadá; e projeto de níquel no Pará, respectivamente.
No segmento de cobre, o executivo disse que o desempenho foi retomado após grandes manutenções nas localidades de Salobo (Pará) e Sossego (Pará). “Estamos prontos para um bom começo em 2023”, disse.
“Também redesenhamos o comitê executivo, assegurando uma organização adequada com maior foco em nossas operações e no desenvolvimento de soluções sustentáveis para a revolução energética global”, acrescentou. “Acreditamos firmemente que essas iniciativas continuarão posicionando a Vale de forma única para se beneficiar das tendências seculares que impactam a indústria de mineração, criando valor de longo prazo de forma sustentável para todos os stakeholders”, finalizou.
Diário do Comércio - MG 17/02/2023
Entra ano sai ano, embora o setor extrativo mineral bata recorde atrás de recorde, os investimentos em pesquisa minerária ainda ficam aquém das necessidades e do potencial do território brasileiro, pouco conhecido em termos geológicos. A falta de regulamentação e orientação claras para a atividade e a consequente baixa segurança jurídica estão entre os principais entraves ao desenvolvimento de novos projetos.
As projeções do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) dão conta de cifras de US$ 50,4 bilhões em investimentos entre 2023 e 2027, sendo US$ 11,4 bilhões a serem realizados em Minas Gerais. Ainda assim, o volume destinado à pesquisa não acompanha a pujança do setor nem os aportes bilionários realizados todos os anos.
Tanto que a entidade lançou, no ano passado, uma publicação intitulada “Políticas Públicas para a Indústria Mineral” destacando os desafios a serem superados pelo Brasil para uma mineração cada vez mais evoluída e que gere contribuições ao desenvolvimento do País. Dentre os principais pontos estão o fortalecimento do orçamento da Agência Nacional de Mineração (ANM) e o incentivo à pesquisa geológica em escala mais detalhada, por exemplo.
De maneira complementar, o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa Mineral (ABPM), Luís Maurício Ferraiuoli Azevedo, lembra que, historicamente, a pesquisa mineral no País é financiada por investidores internacionais e que tanto o atual cenário econômico mundial quanto o nacional não favorecem essa atração.
“A América do Sul como um todo tem enfrentado certa desertificação na atratividade de investimentos. Questões como insegurança jurídica e morosidade dos processos têm levado os investidores a optarem por alocar os recursos em seus próprios países de origem. O risco político causado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, por exemplo, poderia beneficiar o Brasil na atração desse capital, mas isso não tem acontecido”, avalia.
Conforme Azevedo, também pesam contra o Brasil o próprio perfil da produção mineral e o papel das instituições. Apesar de o País ser grande produtor, o foco não está nos chamados minerais do futuro como níquel, lítio, cobre, cobalto, grafite ou platinoides. “São eles que ditam o futuro rumo à economia verde e de baixo carbono e o Brasil, mais uma vez, não se apresenta como alternativa e não consegue atrair esse capital. Sem contar que as instituições ainda são muito precárias”, diz.
Morosidade na análise de projetos de pesquisas minerárias atrapalha setor
O melhor exemplo, segundo o presidente da ABPM diz respeito ao volume de pedidos de lavras em análise. Projetos que poderiam estar prestes a gerar emprego, tributo e renda, mas que não passam pelo crivo por falta de preparo, recursos e pessoal da Agência Nacional de Mineração (ANM).
Dados da entidade revelam que o número de pedidos protocolizados, incluindo requerimentos de pesquisa, licenciamento, lavra garimpeira e extração, somaram 14.410 em 2022. Já em 2021 esse número foi de 16.946. Os alvarás de pesquisa publicados chegaram a 9.732 no ano passado e 10.098 um ano antes. Foram apenas 1.510 relatórios de pesquisa aprovados em 2022 e 1.654 em 2021. E a as concessões de lavra outorgadas 661 e 760, respectivamente.
“São mais projetos esperando ser analisados do que minas implantadas. Milhares de relatórios de pesquisa apresentados esperando a agência dizer que estão aprovados para mudarem de fase. No que isso impacta? O investidor não vai sair do país dele para investir US$ 1 milhão numa mina no Brasil, que vai demorar quase dez anos para entrar em operação. O excesso de burocracia injustificada afugenta esses investidores. A ANM não tem pessoal, não tem recursos nem meios para dar conta de suas obrigações”, denuncia.
O que diz a ANM
Procurada, a agência reguladora confirmou a situação à reportagem. Por meio de nota disse que apesar de ser a segunda agência reguladora que mais arrecada no País, é a penúltima em orçamento. E que vem sofrendo com constantes cortes e bloqueios de dotação orçamentária, que se demonstra insuficiente para alavancar sua atuação, principalmente na área de tecnologia da informação.
O orçamento contingenciado é da ordem de 90% do que deveria ser repassado para a agência conforme previsão legal (7% da Cfem, além das demais receitas, como taxas, multa e emolumentos). O órgão ressaltou ainda que o número de servidores alcançou um pico em 2010, totalizando 1.196 e, que atualmente, está em 664.
Por fim, disse que a situação crítica da ANM foi reconhecida pelo TCU, CGU, MPF, OCDE e pelo Gabinete de Transição do novo governo. E que os órgãos de controle já se manifestaram sobre a necessidade de nivelar a remuneração das carreiras da ANM para diminuir a evasão de servidores.
Para o presidente da ABPM, além das revisões junto à agência reguladora, outros pontos devem ser trabalhados a fim de modificar o cenário da pesquisa mineral no País. A começar por uma nova discussão do licenciamento ambiental e a adoção de leis que atendam toda a plenitude das demandas da sociedade.
“Não podemos apenas dizer que não queremos barragens ou mineração. Os acidentes ocorreram e foram seríssimos. Aprendemos com eles e criamos mecanismos. Nem tudo na mineração é ruim. Temos que aperfeiçoar as instituições e lembrar que nossa lei é boa e suficiente e precisa ser aprimorada, não mudada. Temos um código de mineração que inspirou o código de vários outros países. O problema é a conjuntura que não dá meios à agência de atuar com o mínimo de dignidade, frequência e transparência que o setor demanda e precisa. A mineração não pode estar no século XXI e a ANM no XIX”, conclui.
Valor - SP 17/02/2023
Montadora registrou crescimento de 11% na receita em base anual, para 46,39 bilhões de euros
A Renault registrou prejuízo líquido de 338 milhões de euros em 2022, revertendo o lucro de 888 milhões de euros de 2021. A receita cresceu 11% em base anual, para 46,39 bilhões de euros.
A previsão era de lucro líquido de 1,62 bilhão de euros, e receita de 45,38 bilhões, de acordo com uma pesquisa compilada pela FactSet.
O lucro operacional somou 2,22 bilhões de euros, acima do lucro de 900 milhões de euros em 2021. Já o lucro de operações continuadas totalizou 1,62 bilhão de euros, de 549 milhões no ano anterior. A margem operacional ficou em 5,6%, ante uma projeção acima de 5%.
“Enfrentamos desafios fortes relacionados à alienação de operações na Rússia, a crise dos semicondutores e inflação de custos”, diz o diretor-presidente da Renault, Luca de Meo. “Os fundamentos do Grupo Renault foram completamente limpos e não há como voltar atrás. As perspectivas financeiras para 2023 e o retorno de um dividendo ilustram isso.”
A Renault anunciou que pretende aumentar ainda mais sua lucratividade este ano, e disse que pagará um dividendo de 25 centavos de euro por ação no ano, após dois anos sem distribuir proventos.
O Estado de S.Paulo - SP 17/02/2023
A Volvo, com fábrica em Curitiba (PR), inicia no País nas próximas semanas testes com caminhões e ônibus elétricos inicialmente importados da matriz, na Suécia. A produção local desses veículos vai depender da aceitação do mercado e de medidas necessárias para sua viabilidade, como mudanças nas regras de obrigatoriedade de conteúdo de peças produzidas na região.
Na visão do presidente da empresa na América Latina, Wilson Lirmann, o Brasil precisa se integrar mais à cadeia global de componentes, pois não é possível produzir veículos elétricos com 100% de peças nacionais ou regionais. Hoje, a norma exige 60% de nacionalização para que as empresas de ônibus e caminhões possam vendê-los com financiamento do Finame, programa do governo que já foi importante indutor do mercado de pesados.
“Não é possível produzir 100% aqui”, afirma Lirmann. A produção de baterias elétricas, por exemplo, exige elevado investimento, cita ele. O Imposto de Importação (II) é outro inibidor de negócios – os caminhões dos segmentos em que a Volvo atua são taxados com alíquotas de 35%.
O executivo defende o imposto zero para os veículos eletrificados, mas somente para empresas que se comprometam a investir na produção local, como ocorreu com os automóveis durante a vigência do programa Inovar-Auto.
Atualmente, caminhões de pequeno porte e automóveis elétricos são isentos do II, mas a própria Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automtores (Anfavea) quer rever a norma com o governo, por acredita que ela inibe investimentos.
Vendas devem cair 23% este ano
Preocupado com o retrocesso do mercado de caminhões, que este ano deve ser 23% inferior ao de 2022 e ficar próximo de 75 mil unidades no segmento de semipesados (médios) e pesados (grandes), o presidente da Volvo defende a redução dos juros, mas “com certas condições”.
Ele cita a necessidade de redução de gastos por parte do governo que, em sua opinião, “toma muito recursos da sociedade, mas devolve pouco em áreas como educação, saúde e infraestrutura”.
Para Lirmann, a discussão política é normal, mas é preciso adotar medidas econômicas responsáveis que levem a uma trajetória de queda de juros mais adequada e o mais rápido possível. “A discussão atual está atrasando e não ajudando a reduzir os juros”, diz ele, referindo-se aos embates entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Indústria automobilística defende taxa para importação de carros elétricos
Anfavea avalia que isentar imposto de importação pode atrasar projetos de investimentos para a produção local de modelos movidos a bateria elétrica
Em 2022, as vendas totais de caminhões semipesados e pesados somaram 98 mil unidades. A previsão de queda de 23% para este ano, segundo Lirmann, está relacionada aos juros altos e à antecipação de compras ocorrida no final do ano passado em razão da mudança de tecnologia dos veículos a partir deste ano. Com mais tecnologia e menos poluentes, os novos veículos também ficaram mais caros neste ano.
A marca sueca vendeu 24,1 mil caminhões em 2022, volume recorde e 10% maior em relação ao ano anterior, dos quais 18,7 mil foram do segmento de pesados, os mais caros. “Ficamos com 29% de market share, quase um terço do mercado de pesados. É uma marca histórica”, disse Alcides Cavalcanti, diretor executivo de caminhões da Volvo do Brasil. As vendas de ônibus aumentaram 79%, para 658 unidades.
Monitor Digital - RJ 17/02/2023
A construção civil deve chegar ao seu terceiro ano consecutivo de crescimento. Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), as projeções apontam um aumento de 2,5% no setor em 2023, considerando o ritmo de expansão acima da economia nacional.
O número de trabalhadores e vagas em aberto foi um dos fatores que contribuíram para o aumento dos últimos anos. Em 2022, o número total de trabalhadores na área chegou a 2,5 milhões e o número de vagas totalizaram 288 mil. Para 2023, existe uma expectativa de investimento público em programas habitacionais, beneficiando ainda mais o setor e fortalecendo a cadeia produtiva.
As vendas de cimento no Brasil em janeiro totalizaram 4,9 milhões de toneladas, um aumento de 6,3% em relação ao mesmo mês de 2022 e de 7,9% frente a dezembro último, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (Snic). A venda por dia útil – que considera o número de dias trabalhados e tem forte influência no consumo – de 201 mil toneladas no mês de janeiro representa um aumento de 2,4% comparado ao mesmo mês do ano anterior e de 8,1% em relação a dezembro de 2022.
Segundo a entidade, “apesar do bom desempenho, o resultado requer uma avaliação cautelosa. Verificamos que o considerável crescimento tem como principal origem uma base ainda bastante fraca registrada tanto em janeiro como dezembro que tiveram os piores desempenhos do ano passado.”
Ainda assim, o setor segue impactado pelas incertezas da situação econômica do Brasil. As altas da inflação e dos juros, o endividamento das famílias – que só deve se alterar com a sustentação da recuperação do mercado de trabalho – apontam para um horizonte ainda preocupante.
De acordo com a entidade, “o mercado da construção continua em queda, tanto na venda de materiais, quanto no número de financiamentos imobiliários, fazendo com que o índice de confiança do setor registrasse a quarta queda consecutiva, resultado da piora no ambiente de negócios, diante da possibilidade de manutenção das taxas de juros em níveis elevados por mais tempo. O pessimismo também é verificado pelo consumidor, que permanece reduzindo as intenções de compras para os próximos meses.
“Ainda que o cenário não seja favorável, a indústria do cimento segue otimista com a retomada dos investimentos em infraestrutura e com a possibilidade de elevar a presença do cimento em programas habitacionais e saneamento e, do pavimento de concreto como opção nas licitações de ruas, estradas e rodovias. Há uma efetiva movimentação da equipe governamental incorporando novos modelos arquitetônicos e recursos destinados a impulsionar o programa Minha Casa, Minha Vida. De qualquer forma, o reflexo dessas mudanças deve ser sentido na demanda de cimento e de materiais de construção apenas no segundo semestre.”
De acordo com Paulo Camillo Penna, presidente do Snic, “em razão de uma base mais fraca em 2022 devemos ter resultados positivos no início de 2023. Apesar do crescimento no período temos que ter cautela. O grande desafio do setor do cimento diante de um ano tão imprevisível será assegurar um crescimento de 1%, atingindo um patamar próximo a 64 milhões de toneladas, e nos trazer de volta a uma trajetória de expansão de comercialização sustentável do produto, contribuindo para o desenvolvimento do país.”
Valor - SP 17/02/2023
Hoje a relicitação depende de três órgãos: a AGU, porque há uma ação de reequilíbrio econômico-financeiro contra o poder concedente; a agência reguladora e o Ministério de Transportes
A expectativa da Rumo é concluir em 2023 o processo de devolução da Malha Oeste, segundo o presidente da empresa, Beto Abreu. Porém, ele destaca que os prazos necessários ao processo estão fora do controle da companhia.
Ele explica que hoje a relicitação depende de três órgãos: a AGU (Advocacia Geral da União), porque há uma ação de reequilíbrio econômico-financeiro contra o poder concedente; a agência reguladora e o Ministério de Transportes.
“O processo está praticamente encaminhado do ponto de vista regulatório, mas são órgãos que têm uma velocidade que temos que acompanhar. Do ponto de vista comercial, operacional, a Malha Oeste tem um volume pequeno. Então, se trata basicamente de uma manutenção até que o processo seja concluído. O processo tem que considerar o requilíbrio, a devolução e a relicitação”, disse ele, em teleconferência com analistas. “A expectativa é concluir em 2023, mas nem todos os prazos estão no nosso controle”, afirmou.
Ferrovia Norte-Sul
A Rumo também planeja concluir a obra do ramo central da Ferrovia Norte-Sul em abril deste ano. Hoje, resta finalizar um último trecho entre o norte de Goiás e Tocantins.
“Temos uma nova geografia a ser explorada pela Rumo que é o Norte do Goiás e Tocantins, com a conclusão do final da Malha Central. Isso vai ser concluído em abril. Então a partir de maio haverá uma nova geografia a ser explorada”, disse Abreu.
Estudo sobre Fico
A Rumo não tem interesse em analisar uma concessão da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), porém, deverá estudar a Fico (Ferrovia de Integração Centro-Oeste), uma vez que a obra for concluída e o governo conduzir a licitação.
“A Fiol tem desafios logísticos, não tem porto. Não é um ativo que interessa. E a Fico ainda está sendo construída. A obra foi iniciada, vamos ver como vai avançar do ponto de vista de engenharia e, quando for concluída, não se sabe quando ainda, o governo poderá licitar. É um ativo que vamos olhar a avaliar”, disse ele, em teleconferência com analistas.
Em relação às autorizações, o executivo afirma que ainda há tempo para avaliar os projetos. Dos dez pedidos feitos, já há três contratos assinados pela Rumo. “É uma discussão que vai acontecer com o ministério. Temos cinco anos para iniciar qualquer tipo de obra ou investimento. Então temos tempo necessário, caso faça sentido”, disse.
Questionado em relação ao processo de renovação antecipada da Malha Sul, Abreu disse que a companhia irá tomar o tempo necessário. “À medida que o tempo passa, a tese de vantajosidade perde força, mas não é uma preocupação neste momento. Vamos tomar o tempo necessário para que seja feito em bases aceitáveis. Isso não vai fazer com que a companhia acelere para renovar antes do vencimento. Vamos priorizar as condições que consideramos saudáveis para o negócio”, afirmou.
Abreu: Temos uma nova geografia a ser explorada pela Rumo que é o Norte do Goiás e Tocantins — Foto: Silvia Zamboni/ Valor
Porto Gente - SP 17/02/2023
O transporte de carga enriquece a vida dos que as mandam e dos que as recebem (Cargas-Greg Clydesdale)
Passados quarenta e sete dias do prazo para os 100 primeiros dias de mandato do presidente Lula é possível identificar, com clareza, as estratégias prioritárias para o principal porto do Brasil: o Porto de Santos. Construir o túnel submerso para ligação a seco das margens nas duas cidades portuárias, Santos e Guarujá, bem como o porto oceânico para receber navios de grande porte. Isto foi posto enfaticamente pelo ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França. É hora de se ouvir a manifestação, em alto e bom som, da sociedade afetada por esses dois revolucionários projetos de repercussão nacional e fomento do progresso.
De pronto e referencial, ambos os projetos não são propostas recentes. Entretanto, a clareza do propósito e, em especial, a fonte de recursos que precisa ainda ser definida, podem e convém acontecer nos próximos cinquenta dias desse emblemático tempo político- administrativo. A implantação dessas duas grandes obras e estruturas afins será um investimento da ordem de dezenas de bilhões de dólares. O Programa de Parcerias para Investimentos (PPI) estruturado pelo banco de fomento BNDES, presidido pelo também santista Aloízio Mercadante, que conhece bem o porto e o dilema da travessia a seco, vai equacionar a captação dos recursos desse projeto consolidado como negócio atrativo ao capital internacional.
Analisar os fatores de escolha de um porto oceânico transcende a sua profundidade. Definir o modelo de negócio desse porto implica uma análise ampla das suas possibilidades para atender satisfatoriamente sua hinterlândia. Além disso, a sua integração à logística do Porto de Santos; aos modais de transporte e tantos outros detalhes, que devem ser examinados por um debate amplo e estruturado no âmbito da secretaria de Portos, com prioridade. Inclusive uma reflexão das funções do porto e dos formadores dos custos logísticos para construção de planos de ação.
Decerto, é inadiável e já está demorado construir um porto de águas profundas que potencialize o Porto de Santos de modo a participar competitivo no novo comércio internacional. Por haver mais de uma possibilidade de local, é adequado que o ministério de Portos defina, dentro do prazo dos 100 dias, onde será construída a extensão oceânica do Porto de Santos. Há elementos que permitem tomar uma decisão que atenda às múltiplas necessidades das cadeias de suprimento que passam pelo porto. Pois esse assunto é abordado há muito tempo.
Considerando já haver estudos sobre o local para construir o porto oceânico em Praia Grande, a partir desse estágio, expor esses dados é um início apropriado para colocar luz no entendimento do desafio. Tratativas havida à época em que o ministro Márcio França era prefeito de São Vicente, ele participou desse debate. Portanto, mais de meio caminho andado, para que nos próximos cinquenta dias haja uma meta definida sobre essa estrutura portuária fundamental.
InfraRoi - SP 17/02/2023
O governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Negócios Internacionais, estuda a implementação de uma nova tecnologia no Porto de Santos. Desenvolvedores do Instituto de Tecnologia de Software da Universidade de São Paulo (ITS/USP) demonstraram o Port Community System (PCS), sistema que permite a integração de todos os agentes envolvidos na operação do porto.
A expectativa é que a solução traga ganhos de eficiência como redução de custos e diminuição de tempo de espera em filas de embarcações e veículos de cargas. Caso seja adotado, a economia em todo o ecossistema do Porto de Santos pode chegar a R$ 1 bilhão por ano, além de benefícios indiretos, como a redução de emissão de gases de efeito estufa.
Segundo a secretaria, todos os portos dos maiores países do mundo já adotaram o PCS, como o de Hamburgo, na Alemanha, de Rotterdam, na Holanda, e o de Valência, na Espanha. Com ele, um porto integra informações sobre chegadas e partidas de navios, além de cargas importadas e exportadas. Da autoridade portuária até os armadores, despachantes e práticos, todos os stakeholders envolvidos estarão dentro do sistema.
Se implementado, em um primeiro momento, apenas o setor privado atuante no Porto de Santos fará parte do sistema de tecnologia. Em uma segunda fase, será possível integrar os sistemas federais. A iniciativa conta com apoio do Prosperity Fund, fundo de cooperação do Reino Unido. Os próximos passos que a Secretaria de Negócios Internacionais deve acompanhar são o modelo de governança mais adequado e o diálogo com os agentes da comunidade portuária de Santos.
Petro Notícias - SP 17/02/2023
De acordo com o Anuário Estatístico Portuário 2022 da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), a navegação interior foi a modalidade que mais se destacou no ano passado para o transporte aquaviário de cargas no Brasil, crescendo 11,2% em relação a 2021. O maior aumento na movimentação de cargas em hidrovias ocorreu na quantidade de granéis sólidos movimentados (+15,36%), seguido de líquidos e gasosos (+14,1%). Mas também houve crescimento na carga conteinerizada (aumento de 3,64%). Nos meses de outubro e novembro, por exemplo, as regiões hidrográficas Amazônica e Tocantins-Araguaia registraram aumentos de 30% e 25,3%, respectivamente, nos volumes movimentados. Essas regiões são responsáveis por 75% do transporte hidroviário interior de cargas no Brasil.
Pierre Jacquin, vice-presidente para a América Latina da project44, plataforma líder em visibilidade da cadeia de suprimentos, explica que “Poucos países têm um potencial hidroviário tão grande quanto o Brasil. No entanto, o transporte de cargas por navegação interior ainda desempenha um papel pequeno no cenário logístico nacional. A navegação interior pode contribuir significativamente para o avanço das operações multimodais que, por sua vez, podem reduzir os custos logísticos no Brasil — que representam 12,5% do PIB do país, contra 10% do PIB europeu e 8% do PIB americano.”
Segundo dados da ANTAQ, o transporte de produtos brasileiros por via hidroviária movimentou cerca de 1,2 bilhão de toneladas em 2022, patamar semelhante ao de 2021. A navegação de longo curso, definida como a logística de embarque que ocorre entre portos de diferentes países, foi responsável pela movimentação de 849, 6 milhões de toneladas, enquanto a cabotagem e navegação interior compuseram as demais operações de logística aquaviária movimentando 283,3 milhões de toneladas e 73,1 milhões de toneladas, respectivamente.
Alguns projetos e iniciativas podem ajudar a sustentar a curva de crescimento do transporte aquaviário de cargas no Brasil. A Secretaria de Logística e Transportes do Rio Grande do Sul, por exemplo, confirmou obras de dragagem e ampliação de hidrovias no Estado para este início de ano. Por sua vez, a cidade de São Paulo tem um projeto-piloto que pretende, até 2024, testar barcos elétricos para transporte de pessoas, veículos e cargas na represa Billings, com potencial para reduzir o tempo em uma hora em relação ao contorno do reservatório. Existem planos futuros para sete hidrovias ligando municípios da região metropolitana da Grande São Paulo. “A expectativa é de avanço de políticas públicas de incentivo às hidrovias. É um modal de excelente custo-benefício, capaz de oferecer ganhos do ponto de vista ambiental e assumir um papel ainda mais estratégico na movimentação de grãos, fertilizantes, minérios, celulose e até contêineres para portos menores“, afirma Pierre Jacquin.
Monitor Digital - RJ 17/02/2023
Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, disse nesta quinta-feira que é necessário conduzir investigações objetivas, imparciais e profissionais sobre as explosões que danificaram os oleodutos Nord Stream e responsabilizar os responsáveis.
A declaração foi feita em uma coletiva de imprensa diária em resposta ao apelo do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, para que a mídia estrangeira investigasse os detalhes sobre as explosões, divulgadas pelo jornalista norte-americano Seymour Hersh.
Uma investigação recentemente conduzida pelo jornalista norte-americano Seymour Hersh atesta que os militares norte-americanos e seus aliados noruegueses cometeram um ataque criminoso a três ramais dos oleodutos Nord Stream no Mar Báltico.
A câmara baixa do Parlamento da Rússia, a Duma Estatal, adotou um projeto de apelo às Nações Unidas, nesta quinta-feira, propondo iniciar uma investigação sobre as explosões do oleoduto Nord Stream, que classifica como “claro ato de terrorismo internacional”.
Referindo-se aos oleodutos como projetos vitais de infraestrutura transfronteiriça, Wang disse que as explosões tiveram um sério impacto negativo no mercado global de energia e no meio ambiente ecológico, além de despertar preocupações da comunidade internacional sobre a segurança das principais infraestruturas transfronteiriças. O porta-voz destacou o silêncio dos meios de comunicação dos Estados Unidos e de outros países ocidentais após as investigações de Hersh, vencedor do Prêmio Pulitzer de jornalismo, terem sido publicadas.
O jornalista revelou que os Estados Unidos fizeram parceria com a Noruega em uma operação ultrassecreta em junho de 2022 para plantar explosivos acionados remotamente que destruíram três dos quatro oleodutos Nord Stream três meses depois.
Solicitada a comentar o relatório, Adrienne Watson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, chamou-o de “ficção falsa e completa”. O Ministério das Relações Exteriores da Noruega também disse que é “absurdo”. Nenhuma das autoridades do gabinete do primeiro-ministro, defesa e justiça da Dinamarca, um dos investigadores da destruição do oleoduto, respondeu aos pedidos de comentários da agência de notícias Xinhua.
O Nord Stream compreende um par de gasodutos offshore, cada um composto por dois tubos, correndo sob o Mar Báltico da Rússia para a Alemanha. A capacidade combinada dos quatro dutos de aproximadamente 1.200 km de extensão chega a 110 bilhões de metros cúbicos por ano de gás natural.
Em setembro de 2022, os oleodutos sofreram várias grandes quedas de pressão para quase zero, atribuídas a três explosões subaquáticas em águas internacionais, tornando três tubos inoperáveis.
Dinamarca, Alemanha e Suécia estavam investigando a destruição, mas nenhuma revelação foi feita sobre os responsáveis pelos buracos nos oleodutos.
Explosão após ameaça de Biden: ‘Vamos acabar com isso’
Em dezembro passado, um funcionário europeu disse ao The Washington Post que “não há evidências neste momento de que a Rússia estava por trás da sabotagem”, ecoando a avaliação de 23 funcionários diplomáticos e de inteligência em nove países que o Post havia entrevistado.
Em seu post de blog divulgado em 8 de fevereiro, Hersh disse, citando fontes, que depois que mergulhadores da Marinha dos EUA plantaram explosivos C-4 visando os canos em junho de 2022 sob a cobertura de um exercício da Otan amplamente divulgado no meio do verão conhecido como Baltops 22, um avião de vigilância P8 da Marinha Norueguesa em 26 de setembro fez um voo aparentemente rotineiro e soltou uma boia de sonar.
O sinal se espalhou debaixo d’água, inicialmente para Nord Stream 2 e depois para Nord Stream 1. Algumas horas depois, os explosivos foram detonados e poças de gás metano puderam ser vistas se espalhando na superfície da água em minutos, contou Hersh.
Em 7 de fevereiro do ano passado, antes do recrudescimento do conflito Rússia–Ucrânia, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse, em entrevista coletiva na Casa Branca na presença do chanceler alemão Olaf Scholz, que, no caso de uma campanha militar russa, “será… não mais um Nord Stream 2. Vamos acabar com isso. Eu prometo a você, seremos capazes de fazê-lo”, enfatizou.
Seymour Hersh é amplamente celebrado pela revelação do massacre de My Lai, em 1969, pelas tropas norte-americanas no Vietnã, e ajudou a expor os abusos dos EUA contra os detidos iraquianos na prisão de Abu Ghraib, perto de Bagdá, em 2004.
Jeffrey Sachs classifica investigação de consistente
O diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Columbia Jeffrey Sachs considera o relatório de Hersh “crível” e consistente com os fatos existentes, citando “a oposição vociferante de longa data dos EUA ao Nord Stream e o extenso registro de operações secretas dos EUA contra a infraestrutura de outros países”.
“Muito poucos países, se houver, além dos Estados Unidos, têm capacidade técnica para realizar tal ataque sem detecção imediata”, disse ele à Xinhua por e-mail.
“A fina análise de Hersh conta como a destruição foi planejada e realizada, mas a conclusão não é surpreendente. Os Estados Unidos, com a ajuda norueguesa muito importante, cometeram o crime contra um país amigo e aliado, a Alemanha e outros (países da) Europa”, disse Jan Oberg, diretor da Fundação Transnacional para a Paz e Pesquisas Futuras.
Chamando a destruição de “uma guerra econômica dos EUA contra (seus) aliados submissos”, Oberg disse que, “juntamente com sanções econômicas imprudentes e sem fim, a explosão do Nord Stream já causou danos enormes e crescentes aos cidadãos europeus. economia”.
“Mesmo que os próprios alemães, suecos ou dinamarqueses encontrassem alguma evidência do envolvimento dos EUA nas explosões, eles dificilmente falariam sobre eles porque não seriam capazes de assumir tal responsabilidade”, disse Igor Yushkov, um importante analista do National Energy Security da Rússia.
CNN Brasil - SP 17/02/2023
Os contratos futuros do petróleo fecharam em queda nesta quinta-feira (16) pressionados por dados da inflação ao produtor (PPI, em inglês) nos Estados Unidos, que indicaram que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pode continuar aumentando juros, o que pode levar a economia americana a uma recessão e prejudicar demanda da commodity. Também no radar, a reabertura da China ainda não está oferecendo sinais esperados de demanda, apontam analistas.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para abril de 2023 fechou em queda de 0,11% (US$ 0,09), a US$ 78,74 o barril, enquanto o Brent para abril, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), caiu 0,28% (US$ 0,24), a US$ 85,14 o barril.
Em sessão volátil, o petróleo chegou a operar em alta, contudo foi pressionado por dólar forte ante rivais durante parte do pregão e por temor de uma recessão nos Estados Unidos.
Além disso, investidores ainda digerem o grande crescimento nos estoques americanos de petróleo. A CMC Markets avalia que a incerteza sobre a demanda da China e os altos níveis de estoque nos EUA, divulgados na quarta-feira, ajudam a manter os preços sob controle no curto prazo.
Já o analista da Oanda, Edward Moya, aponta que será difícil para os preços do petróleo “expandirem” até que a reabertura chinesa ofereça sinais claros de que está alcançando o nível esperado.
Por outro lado, segundo o TD Securities, o conflito interno do mercado sobre o crescimento dos estoques e a perspectiva de fortalecimento da demanda deve continuar norteando negociações do petróleo.
“A reabertura da China está liderando a carga, já que um aumento nos horários de voos e na mobilidade continua a corroborar a visão de que a demanda por energia será um ponto positivo no complexo de commodities”, observa o banco de investimentos.
Infomoney - SP 17/02/2023
O ministro da Energia da Arábia Saudita, o príncipe Abdulaziz bin Salman, garantiu, nesta quinta-feira, 16, que o acordo de produção firmado no final de 2022 no âmbito da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) permanecerá em vigor até o fim deste ano.
Em entrevista ao site Energy Aspects, bin Salman argumentou que o cartel não deve ampliar a oferta com base apenas em sinais preliminares de demanda.
Segundo ele, a reabertura chinesa pode impulsionar o consumo da commodity energética, mas ainda há incertezas sobre a evolução da inflação e dos juros. “Seguindo a abordagem de cautela, é preciso não apenas ver o início de uma tendência positivo, mas ver que essa tendência pode ser sustentada”, afirmou.
A Arábia Saudita é o principal produtor de petróleo da Opep+. Em outubro do ano passado, o grupo acertou um acordo que prevê metas de produção para 2023.
Agência Brasil - DF 17/02/2023
Pela primeira vez na história, as exportações do agronegócio ultrapassaram US$ 10 bilhões em meses de janeiro. No mês passado, o segmento vendeu ao exterior US$ 10,23 bilhões, crescimento de 16,5% em relação a janeiro de 2022 e o melhor resultado da história para o mês.
Os números foram divulgados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. Em janeiro, o agronegócio respondeu por 44,4% das exportações brasileiras. De acordo com a pasta, o valor recorde decorreu do aumento de 10,5% nos preços de exportação e de 5,5% da quantidade embarcada.
As importações do agronegócio totalizaram US$ 1,54 bilhão em janeiro, alta de 38,3% na comparação com janeiro de 2022 (US$ 1,12 bilhão). O valor compreende apenas alimentos, não insumos utilizados na produção agropecuária, como fertilizantes, defensivos, peças e equipamentos.
Principais destaques
O maior destaque no recorde de exportações foi o milho, cujas vendas para o exterior somaram US$ 1,8 bilhão, alta de 166,4%. O volume exportado correspondeu a 6,2 milhões de toneladas, recorde para meses de janeiro.
Segundo o Ministério da Agricultura, diversos fatores influenciaram o resultado. A pasta cita o ritmo lento da colheita de soja, que viabilizou a logística de transporte para o cereal; a continuidade do conflito na Ucrânia, que reduziu a produção de um importante fornecedor mundial de milho; e a demanda da China, a partir da autorização para comercialização em novembro do ano passado.
As vendas externas de carne (bovina, suína e de frango) atingiram quase US$ 2 bilhões e também bateram recorde para meses de janeiro. As exportações de frango foram favorecidas pela gripe aviária em outras regiões do planeta, o que aumentou a quantidade embarcada pelo Brasil. Além disso, a demanda chinesa por carne continuou alta, influenciada pelas comemorações do ano-novo lunar no país asiático.
Com alta de 68% em relação a janeiro do ano passado, as exportações de açúcar totalizaram US$ 870 milhões. Os principais compradores foram Argélia, Nigéria, Marrocos, Egito e China.
Atraso na colheita
O desempenho da balança comercial do agronegócio poderia ser melhor não fosse a soja. O complexo soja (grãos, farelo e óleo) exportou US$ 1,5 bilhão, recuo de 26,6%. Em relação aos grãos, o volume exportado caiu 66% em relação a janeiro do ano passado.
Segundo o Ministério da Agricultura, o volume de chuvas atrasou a colheita nas principais regiões produtoras. Mesmo assim, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima produção recorde de 152,9 milhões de toneladas do grão no levantamento mais recente, divulgado neste mês.
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