Valor - SP 16/08/2024
Queda de 9% da produção chinesa em julho foi mais acentuada do que o esperado, diz analista
As siderúrgicas chinesas cortaram a produção de aço em julho, numa reação à fraca demanda pela commodity. A redução foi de 9% tanto na comparação com junho como na base anual. De acordo com dados divulgados na quinta-feira (15) pelo departamento de estatísticas da China, saíram dos altos-fornos no mês passado apenas 82,9 milhões de toneladas, a mais fraca marca deste ano.
"A produção geralmente cai no verão [setentrional], mas a queda de julho foi mais acentuada do que o esperado", disse Xu Xiangchun, analista da Mysteel Global, que espera mais cortes neste mês. “O ânimo do mercado está realmente retraído”, disse. A produção total dos sete primeiros meses atingiu 613,7 milhões de toneladas - um recuo de 2,2% em relação ao ritmo de 2023.
O pessimismo é compartilhado pelo maior produtor de aço do mundo, que soou o alarme sobre uma crise na China que tem o potencial de provocar ondas de choque em todo o mundo e alertou para uma desaceleração mais profunda do setor do que os grandes traumas de 2008 e 2015. O presidente do grupo China Baowu Steel, Hu Wangming, disse a seus funcionários na reunião semestral da empresa que as condições no país asiático são como um “inverno rigoroso”, que será “mais longo, mais frio e mais difícil de suportar do que esperávamos”.
Os investidores internacionais estão focados nas dificuldades da economia da China, embora também cogitem a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos, em que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) caminha para cortes nas taxas de juro. No caso das commodities, que incluem o aço, o alerta do Baowu ressalta os riscos para a demanda e os preços, assim como para o que a ArcelorMittal, a segunda maior empresa do setor, chamou de um aumento “agressivo” das exportações da China.
O mercado de aço da China - que é de longe o maior do mundo - tem emitido muitos sinais de alerta, enquanto a retração prolongada do setor imobiliário local não dá indicações de terminar e a atividade fabril se mantém contida. O Baowu sozinho produz cerca de 7% do aço do mundo, e seus comentários são acompanhados com atenção para medir o clima do mercado no país asiático.
A dura mensagem de Hu provavelmente será uma preocupação para rivais por toda a Ásia, a Europa e a América do Norte, enquanto eles lidam com uma nova onda de exportações chinesas, muitas vezes pressionando pela adoção de medidas comerciais. As remessas da China estão no rumo de chegar a cerca de 100 milhões de toneladas este ano, o maior volume desde 2016, enquanto os produtores locais lutam para compensar a desaceleração interna.
No início do mês, a ArcelorMittal informou que o aumento das exportações da China deixou o mercado mundial em condição “insustentável”.
A gigante siderúrgica alemã ThyssenKrupp ressaltou os desafios do setor na quarta-feira (14), ao registrar uma grande queda nos ganhos. Os novos pedidos da companhia recuaram quase 11% no segundo trimestre deste ano, e a siderúrgica informou que a fraca demanda que está pressionando as vendas deverá continuar enquanto clientes dos setores automotivo, de máquinas e de construção perdem impulso. A empresa já reduziu suas perspectivas para o ano três vezes nos últimos meses.
Os departamentos financeiros devem prestar mais atenção à segurança do custeio da empresa”
— Baowu Steel
A ThyssenKrupp, com prejuízo líquido de € 33 milhões (R$ 198,23 milhões) no último trimestre, avalia que o mercado não deve se estabilizar no curto prazo devido à demanda persistentemente fraca e aos altos custos de energia e planeja cortar 400 vagas em uma unidade de produção na Alemanha. Em abril, a companhia anunciou que planeja reduzir a sua capacidade de produção em cerca de 20%, o que também deve incluir demissões de parte de seus 26 mil empregados naquele país.
Outras companhias do setor também estão fazendo ajustes. A alemã Kloeckner avança em seus planos de cortar 10% de sua força de trabalho na Europa. Segundo a agência Reuters, na quinta-feira (15), o governo britânico decidiu destinar 13,5 milhões de libras (R$ 94,6 milhões) para ajudar trabalhadores da Tata Steel, que havia anunciado a demissão de 2.800 funcionários e o fechamento de fornos em suas operações no Reino Unido.
Os futuros de minério de ferro em Cingapura caíram até 3,4%, para US$ 95,20 (R$ 520) por tonelada, o menor nível desde maio do ano passado. A debandada nos mercados de aço foi ainda mais acentuada: em Xangai, os futuros de vergalhão caíram mais de 4%, para o nível mais barato desde 2017. A BHP, que obtém grande parte de suas receitas com a venda de minério de ferro para a China, teve uma queda de quase 3%.
O setor siderúrgico chinês sofreu quedas devastadoras durante a crise financeira mundial de 2008 e 2009 e de novo no período de 2015 a 2016. Nos dois casos, as crises só foram resolvidas por estímulos maciços - uma perspectiva que parece mais remota em 2024, já que o presidente Xi Jinping tenta reformular a economia.
O Baowu não ofereceu muito em termos de apontar as causas da retração atual, e preferiu se concentrar em como os funcionários devem responder a ela: preservando dinheiro e minimizando riscos.
“Os departamentos financeiros em todos os níveis devem prestar mais atenção à segurança do custeio da empresa”, explica o comunicado do grupo, que aponta a necessidade de fortalecer controles, inclusive sobre pagamentos em atraso e detecção de negociações falsas. “No processo de atravessar o longo e rigoroso inverno, o dinheiro é mais importante do que o lucro.”
Enquanto as usinas passam por dificuldades, os estoques de minério de ferro aumentam, ao mesmo tempo em que as barras de reforço, usadas na construção civil, estão mais baratas do que em qualquer outro momento desde 2017. Fabricar aço é cada vez menos lucrativo, o que põe as siderúrgicas sob pressão para cortar a produção. Enquanto isso, as exportações devem ultrapassar as 100 milhões de toneladas, o maior número desde 2016.
Valor - SP 16/08/2024
País planeja descarbonização apenas para 2070
Após décadas de crescimento vertiginoso, a indústria siderúrgica chinesa ensaia estabilizar a produção de aço, abrindo caminho para que outro país asiático amplie, também aceleradamente, sua participação no mercado mundial dessa commodity: a Índia. “Nos próximos dez anos, o consumo indiano de aço deve saltar dos atuais 8% para 17%”, prevê Thaís Terzian, da consultoria inglesa CRU Group, que participou de painel no Congresso Aço Brasil, no início de agosto, em São Paulo.
Trata-se de uma expansão apoiada no carvão barato de que a Índia dispõe, sem grandes preocupações com o processo de descarbonização na siderurgia para conter o aquecimento global, providência considerada indispensável pelo Acordo de Paris, assinado por 195 países em 2015.
Vale lembrar que a Índia só se comprometeu em reduzir as emissões de CO2 - como estabelecido naquele tratado internacional sobre mudanças climáticas - em 2070. É o compromisso de mais longo prazo entre os grandes produtores mundiais de aço. A título de comparação, a União Europeia e o Japão se comprometeram a zerar as emissões até 2050, e a China, até 2060.
Além de se consolidar como o segundo maior produtor mundial de aço em 2035, a Índia também deverá assumir o posto de terceira maior economia global nesse mesmo ano, superando Japão e Alemanha e ficando atrás apenas de China e Estados Unidos. Esta, pelo menos, é a projeção de outra consultoria inglesa, a Centre for Economics and Business Research (CEBR), baseada na sustentação, ao longo da próxima década, da taxa atual de crescimento do PIB indiano, em torno de 6,5% ao ano.
Ao considerar as tendências do mercado de aço num período maior, envolvendo os próximos 25 anos, estudo do CRU Group já posiciona a Índia como o maior exportador mundial de aço em 2050. Um dado curioso no cenário traçado por essa consultoria, especializada em metais e mineração, é a aposta no Oriente Médio como futura região exportadora de aço verde. O início dessa história, aliás, pode ter sido a assinatura, um ano atrás, de acordos da brasileira Vale com autoridades de Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Sultanato de Omã para a produção de aço com fornos alimentados por gás natural, num primeiro momento, e depois por hidrogênio verde. A entrada em operação do primeiro hub dessas parcerias está prevista para 2027.
Valor - SP 16/08/2024
Construção civil e indústria automobilística são os segmentos que puxam o consumo
Executivos do setor siderúrgico já trabalham com uma expansão da demanda no mercado interno similar, ou até um pouco maior, que as expectativas para o crescimento do Produto Interno Brasileiro (PIB), que está na casa dos 2%. A projeção do Instituto Aço Brasil (IABr), por enquanto, é de alta de 1% no consumo aparente de aço em 2024, totalizando 24,2 milhões de toneladas. É um número conservador.
“Com uma expansão do PIB de 2%, o consumo de aço no ano deve crescer entre 2% e 3%”, avalia Jefferson De Paula, presidente da ArcelorMittal Brasil. Os elementos para uma expectativa mais otimista para o ano estão relacionados com a expansão da demanda proveniente da construção civil, da indústria e do setor automobilístico. “Os indicadores para o mercado brasileiro são positivos no segundo semestre”, afirma Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, que se diz “cautelosamente mais otimista”.
Werneck cita como exemplo de um mercado promissor a previsão da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) de um aumento de 8,5% nos lançamentos de imóveis em 2024. Em julho, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que engloba dados do mercado imobiliário e também de construção pesada, anunciou que espera um crescimento de 3% para o setor no ano.
Outro sinal positivo vem da indústria automobilística. A projeção da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) é de um aumento na produção de 4,9% em 2024. O destaque é a expansão da produção de veículos pesados - caminhões e ônibus -, que deve chegar a 32,1% no ano. Por outro lado, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), setor que se posiciona entre os grandes consumidores de aço no mercado brasileiro, estima uma retração de 7% em suas atividades no ano.
Quando se olha o conjunto da produção industrial, o primeiro semestre de 2024 registrou um crescimento de 2,6% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O crescimento da renda e do poder aquisitivo da população gera expectativa de aumento do consumo. No primeiro semestre foram criados mais de 1 milhão de postos de trabalho com carteira assinada. O IBGE calcula que a expansão da massa salarial no país foi de 9% em um ano, entre o trimestre terminado em maio de 2024 e o mesmo período de 2023.
Para De Paula, as condições conjunturais deverão permanecer estáveis em 2025, devendo proporcionar um avanço na casa de 2% na demanda de aço no país. “Deve ser um bom ano”, diz.
O consultor Helcio Takeda, sócio-diretor da Pezco Economics, avalia que o consumo aparente de aço no Brasil deverá permanecer em crescimento pouco acima da evolução do PIB do país nos próximos anos, podendo alcançar 28,8 milhões de toneladas em 2027 e 2028, igualando o patamar de antes da recessão de 2015-2016. “Parte importante desse crescimento será resultado do investimento em infraestrutura contratado pelos leilões de concessões e PPPs [parcerias público-privadas] realizados entre 2017 e 2022”, afirma Takeda.
A efetivação dos investimentos públicos e privados de R$ 1,7 trilhão previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) é outro fator que gera expectativa no setor. Passado um ano desde o lançamento do programa, no entanto, pouco foi efetivado. “Ainda não é possível constatar demanda de aço proveniente de obras do PAC”, diz De Paula. “São projetos necessários para o país, que precisam sair do papel.”
Parte desse crescimento será do investimento em infraestrutura pelos leilões de concessões e PPPs”
— Helcio Takeda
A Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) estima que o Brasil precisa de investimentos anuais de 4,31% do PIB durante uma década para superar as suas principais deficiências em infraestruturas de saneamento básico, transportes, energia elétrica e telecomunicações. Nos últimos dez anos, esse investimento foi, em média, menos de 2% do PIB.
A expansão dos aportes em infraestrutura é vista pelos executivos da indústria siderúrgica como o grande fator capaz de elevar de forma sustentável o patamar da demanda de aço no Brasil, estagnado há anos na casa de 110 quilos por habitante ao ano, contra 230 kg/hab. da média mundial. A superação desse gap é o que motiva o programa de investimentos siderúrgicos no país, que soma R$ 100 bilhões de 2023 a 2028, de acordo com o IABr. “Os investimentos são uma aposta no futuro. Uma hora o Brasil vai ter que enfrentar seus problemas de infraestrutura e a demanda de aço crescerá. Vamos estar preparados”, diz De Paula.
O maior plano de investimentos em marcha é da ArcelorMittal, que detém por volta de 42% da capacidade produtiva brasileira, com 15,5 milhões de toneladas anuais. São R$ 25 bilhões programados entre 2022 e 2026, sendo que R$ 11 bilhões foram para a compra em 2023 da Companhia Siderúrgica de Pecém. Os demais R$ 14 bilhões envolvem projetos de geração de energia renovável, mineração, modernização e aumento de capacidade siderúrgica, que deve alcançar 17,5 milhões de toneladas por ano em 2026.
A CSN anunciou investimentos entre 2023 e 2028 de R$ 15,3 bilhões em projetos de mineração e outros R$ 7,9 bilhões destinados à modernização do parque siderúrgico.
A concorrência chinesa levou a Gerdau a readequar suas atividades e hibernar sua usina em Barão de Cocais (MG). A companhia, porém, manteve seu plano de investimentos de R$ 6 bilhões em 2024 voltados à manutenção, expansão e atualização tecnológica de suas operações. Uma nova capacidade de produção de minério de ferro, de 5,5 milhões de toneladas, está prevista para entrar em operação no final de 2025, em Ouro Preto (MG). Na usina de Ouro Branco (MG), um novo laminador de bobinas a quente com capacidade de 250 mil toneladas por ano está previsto para entrar em operação ainda em 2024.
“A indústria brasileira investe constantemente e possui processos produtivos que a tornam bastante sustentável e competitiva”, diz Werneck. “Mas não é o suficiente.” Para o CEO da Gerdau, um novo ciclo de crescimento sustentável do setor depende de o país corrigir assimetrias competitivas, como o custo Brasil. “As empresas brasileiras, em um ambiente de negócios mais competitivo, poderiam gerar uma receita 20% maior”, diz o executivo.
Valor - SP 16/08/2024
Indústria brasileira do aço espera reverter a previsão inicial de um ano de queda na produção após o estabelecimento de cotas para limitar as importações da China
Há uma perceptível mudança de humor entre os executivos da indústria siderúrgica brasileira, que agora projetam uma expansão das atividades do setor em 0,7%, com produção de 32,2 milhões de toneladas de aço bruto em 2024. A expansão é pequena, mas a previsão que vigorava no início do ano era de uma retração de 3% no setor em relação a 2023, ano que já havia sido ruim, com retração de 6,5% na produção. “Não teremos um ano brilhante em 2024, mas sairemos do sufoco”, afirma Jefferson De Paula, presidente da ArcelorMittal Brasil.
O clima de moderado otimismo no setor foi captado pelo Instituto Aço Brasil (IABr) no Índice de Confiança da Indústria do Aço (ICIA), que ficou em 53,4 pontos em julho, o melhor desempenho desde outubro de 2022. Índices acima de 50 pontos indicam confiança. Abaixo, desconfiança. O ano de 2023 encerrou com a confiança abalada, com 37,7 pontos.
O novo ânimo é decorrente da entrada em vigor em junho de uma política governamental de defesa comercial que estabelece um sistema de cotas para o aço importado, que inicialmente valerá por 12 meses. O sistema elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) impactará 11 produtos siderúrgicos. As cotas foram estabelecidas a partir das médias de importações de cada item de 2020 a 2022 acrescidas em 30%. Até esse patamar, o aço estrangeiro continua pagando a tarifa padrão, que varia de 9% a 14% de acordo com a especificação para o produto. O volume que ultrapassar a cota pagará tarifa de importação de 25%.
A política de cotas procura estagnar o grande aumento da participação do aço importado no mercado brasileiro. Em 2023, as importações cresceram em 50%, para 5 milhões de toneladas. No primeiro semestre de 2024, a presença dos importados aumentou em 23,9% frente ao mesmo período do ano anterior, somando 2,7 milhões de toneladas. Essa expansão da importação não foi acompanhada no mesmo ritmo por um aumento de consumo no mercado interno, que cresceu apenas 1,5% em 2023, para 23,9 milhões de toneladas, e 6% (12,4 milhões de toneladas) no primeiro semestre de 2024.
A principal queixa dos executivos da siderurgia, que levou o Mdic a implementar a política de cotas, é o avanço do aço chinês no Brasil. “Enfrentamos uma concorrência desleal e predatória. O aço chinês chega ao Brasil com valores em média US$ 20 por tonelada abaixo de seu custo. Em alguns casos o valor é até US$ 50 negativo”, afirma Marco Polo de Mello Lopes, presidente-executivo do IABr. “Não dá para concorrer com produto subsidiado”, afirma Gustavo Werneck, CEO da Gerdau.
A produção na China em 2023 superou sua capacidade de consumo em cerca de 90 milhões de toneladas de aço e é esperado o mesmo patamar em 2024. O excedente é direcionado aos mercados internacionais. Rapidamente, os países europeus, os Estados Unidos e o México adotaram barreiras para proteger seus mercados, com tarifa de 25% para todo o aço proveniente da China. Era esse também o pleito dos brasileiros. O governo brasileiro, no entanto, demorou para reagir e adotou uma política de defesa comercial mais branda com o sistema de cotas. “Não é o que queríamos, mas deve funcionar”, admite De Paula. “O importante é que o governo está disposto a conversar e comprometido a fazer ajustes nas cotas, se necessário”, diz.
Não teremos um ano brilhante em 2024, mas sairemos do sufoco”
— Jefferson De Paula
As cotas, segundo as contas do IABr, poderão reduzir em 12% as importações totais de aço entre junho de 2024 e junho de 2025. “Agora o vendedor chinês sabe que não vai adiantar reduzir o preço o quanto quiser para inundar o mercado, há um limite para as importações”, afirma a consultora Patrícia Seoane, sócia da PwC Brasil. As cotas vão gerar um “respiro” para a indústria local, diz. “As empresas vão poder planejar a produção sabendo o volume de aço importado que entrará no país e qual a margem de rentabilidade esperada.”
Um horizonte de negócios estável é fundamental para a viabilidade de investimentos. Segundo o IABr, as siderúrgicas brasileiras possuem um pipeline de projetos que somam R$ 100 bilhões entre 2023 e 2028. Esses investimentos contemplam aumento de capacidade produtiva - não tanto por projetos greenfield, mas principalmente por meio de modernização e expansão dos ativos atuais -, investimentos em exploração de minério de ferro, geração de energia renovável para autoconsumo, meio ambiente, inovação e desenvolvimento de novos produtos.
Um estudo do Movimento Brasil Competitivo, divulgado em 2023 pelo Mdic, comparou os custos operacionais de uma empresa no Brasil em decorrência das condições do ambiente de negócios no país, como disponibilidade de infraestrutura, impostos e marcos regulatórios, aos custos operacionais de empresas em países desenvolvidos. A diferença é o custo Brasil, calculado em R$ 1,7 trilhão por ano, 19,5% do PIB de 2022.
Valor - SP 16/08/2024
No Brasil, setor automotivo é um dos que mais demanda novos materiais
Couri, da ArcelorMittal: aços com menor emissão são grandes tendências — Foto: Divulgação
Desenvolver produtos que aumentem a produtividade e que tenham maior resistência, alinhados com exigências de clientes em várias atividades industriais, para redução de custo e mais segurança, é hoje um dos principais desafios do setor siderúrgico. O esforço para criar novas ligas metálicas é global e envolve, além de empresas, cientistas e agentes especializados em tecnologias e sistemas industriais. Em janeiro de 2023, por exemplo, pesquisadores do Lawrence Berkeley National Laboratory, na Califórnia, divulgaram os resultados de seus estudos com uma liga metálica de cromo, cobalto e níquel, provando que o material é o mais resistente no mundo.
A japonesa Nippon Steel está desenvolvendo vários novos usos para titânio e ligas a partir do metal visando aproveitar sua pequena densidade e alta resistência. A chinesa Baosteel investe em pesquisas que produzam soluções abrangentes de materiais de magnésio, alumínio e aço. E a voestalpine AG, siderúrgica austríaca controladora da brasileira Villares Metals, inaugurou no ano passado uma planta de aço especial de última geração em Kapfenberg (Áustria) para atender as indústrias automotiva, energética e aeroespacial.
No Brasil, o setor automotivo é um dos que mais demanda inovações da indústria siderúrgica. “São aços com maior resistência mecânica, e mais leves, que permitem a redução do peso dos automóveis”, explica Miguel Angel Homes Camejo, vice-presidente comercial da Usiminas. O trabalho de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da companhia feito em parceria com clientes trouxe para o mercado brasileiro em torno de 15 novos produtos por ano, principalmente para o setor automotivo.
Camejo, da Usiminas: carteira de P&D com mais de 80 projetos contínuos — Foto: Divulgação
A expectativa é que a produção de ligas metálicas e materiais customizados mais intensivos em conhecimento e tecnologia aumente bastante nos próximos cinco anos no país. A Usiminas, fabricante de aços planos em Ipatinga (MG) com vendas de 4 milhões de toneladas e faturamento de R$ 27,6 bilhões no ano passado, mantém uma carteira de P&D com mais de 80 projetos de forma contínua, segundo Camejo. “Nos últimos cinco anos, investimos pouco mais de R$ 110 milhões no desenvolvimento de novos produtos”, afirma.
Maior empresa brasileira produtora de aço (vendas de 11,3 milhões de toneladas e receita líquida de R$ 68,9 milhões em 2023), a Gerdau também reforça constantemente sua capacidade de se adaptar e inovar em diferentes cenários, aponta Gustavo França, diretor global de TI e digital da companhia. A estratégia é oferecer um amplo portfólio de serviços, produtos e soluções que contribuam para a resolução dos desafios de negócios dos clientes de diversas áreas - siderurgias, papel e celulose, construção, varejo e agricultura -, indica França.
Como exemplo desse relacionamento próximo com os clientes, o executivo cita a recente inauguração do novo lingotamento contínuo de blocos e tarugos na usina de Pindamonhangaba (SP), com investimento de cerca de R$ 700 milhões. “O lingotamento possibilita a produção de aço clean steel, cuja aplicação melhora a limpeza do material, garante maior resistência e aumenta a vida útil dos produtos”.
Na ArcelorMittal, o foco, tanto no Brasil quanto no âmbito global, é desenvolver novos materiais com ligas de melhor desempenho técnico, além de soluções de engenharia para projetos inovadores e aplicações cada vez mais eficientes. No caso da construção civil, de acordo com Paula Couri, diretora de marketing e produtos da unidade de aços longos, busca-se elevar a performance dos produtos para impulsionar o nível de industrialização do mercado e alavancar construções cada vez mais sustentáveis e enxutas. “Já na indústria, aços com desempenho superior e com menor emissão de gases de efeito estufa são as grandes tendências”, afirma.
No âmbito de P&D da companhia - com vendas no Brasil de 14,4 milhões de toneladas e receita líquida de R$ 69,8 bilhões em 2023 - incluem-se hubs de inovação aberta, parcerias acadêmicas e fomento a colaboração interna. A empresa tem mais de 2 mil pesquisadores em 14 centros de pesquisa em todo o mundo, um dos quais localizado na catarinense Tubarão, onde foram investidos, em 2022, cerca de US$ 280 milhões.
“Para a indústria automotiva, por exemplo, o foco é buscar aumento de resistência aliado à redução de peso”, diz Fernando Martinelli, gerente geral do centro de P&D da ArcelorMittal. Veículos mais leves consomem menos combustível, gerando menos emissões de gases.
A tendência é que nos próximos anos sejam feitos investimentos cada vez maiores em pesquisas de tecnologia aplicada. Uma das fontes de recursos é o BNDES, que, de 2002 a maio de 2024, financiou cerca de R$ 14,2 bilhões em projetos de aumento de capacidade e modernização do setor brasileiro do aço. Um dos projetos apresentados no programa Inova Mineral é a construção de uma planta piloto de imãs permanentes, em conjunto com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), com financiamento de R$ 737 milhões.
Muitos investimentos são feitos em parcerias com detentores de tecnologia, laboratórios e empresas especializadas em serviços de engenharia e projetos. Como a Afry, empresa europeia, com forte atuação no setor minero-metalúrgico. “Nossas soluções apresentam o viés de sustentabilidade, focando em ligas que minimizem o impacto ambiental”, diz Tiago Affonso Ferreira Nunes, diretor de mineração e metais Américas.
Valor - SP 16/08/2024
Profissionais das áreas de administração e engenharia são os mais procurados; programas treinam líderes e cursos qualificam mão de obra
Clarisse Drummond, Belgo Arames: busca por quem dissemina a inovação — Foto: Divulgação
Mão de obra qualificada para áreas como manutenção, logística e tecnologia. Essa é uma das principais demandas dos departamentos de recursos humanos das companhias de siderurgia, que também estão à procura de profissionais para áreas como inovação e venture builder (desenvolvimento de startups). A fim de vencer o desafio de preencher posições para projetos em andamento, a estratégia é investir na “prata da casa”, com programas para a sucessão de lideranças e cursos internos. Nas seleções externas, graduados em engenharias e administração estão entre as prioridades.
Empresas como ArcelorMittal e Belgo Arames têm mais de 300 vagas em aberto, com a expectativa de incrementar o número de contratações até dezembro, por conta de projetos de expansão e reforço em áreas como manutenção, tecnologia e inovação.
Na ArcelorMittal, com 20 mil empregados em oito Estados, há 200 posições disponíveis; 49%, para cargos de gerência ou superior. A empresa anunciou investimentos de R$ 25 bilhões até 2026, a maior parte (R$ 11,2 bilhões) na aquisição da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), no Ceará, além de ampliações nas plantas de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa Catarina. No ano passado a companhia admitiu 849 empregados. No primeiro semestre de 2024 foram 522 - desse grupo, 1,5% seguiu para cadeiras de liderança.
“Este ano, em comparação com 2023, projetamos um aumento no número de contratações para projetos que estão sendo lançados”, afirma Sofia Trombetta, diretora de pessoas, saúde e bem-estar na ArcelorMittal Aços Longos e Mineração Latam.
Segundo a diretora, os departamentos com mais dificuldade para preencher vagas são manutenção, logística e tecnologia. “São áreas que demandam especialização”, diz. Para driblar o desafio de garimpar currículos, a estratégia é apostar na “prata da casa”. “Intensificamos a formação interna e práticas de retenção”, diz Trombetta, acrescentando que há programas para sucessão de lideranças e de educação executiva sobre temas como diversidade e inclusão.
Na Belgo Arames, com 3.000 funcionários e fábricas em Minas, São Paulo e Bahia, há 126 vagas, sendo 16% para curso superior. Foram contratados 389 funcionários no primeiro semestre de 2024. Até o final do ano, serão 515 contratações, entre realizadas e previstas, o dobro de 2023. “Precisamos de pessoas que nos ajudem a disseminar cada vez mais a cultura de inovação na empresa”, explica Clarisse Drummond, diretora de gente, cultura e engajamento, destacando que há postos disponíveis no setor de venture builder.
De acordo com a executiva, os diplomas mais procurados pela companhia são os de administração, com 51% das demandas, antes das engenharias (30%). “Os administradores trazem uma combinação essencial de habilidades gerenciais e operacionais”, diz. “Essa abrangência é valiosa em um ambiente industrial complexo, em que é necessário interagir com diferentes áreas para atingir os objetivos da organização.”
Em março, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) anunciou uma ação de qualificação para contratar 300 mulheres para o complexo de Volta Redonda (RJ). A empresa criou uma gerência de D&I em 2021 e tem como meta dobrar a força de trabalho feminina até 2025, de 14% para 28% do quadro. Estudos do Instituto Aço Brasil apontam que a parcela de trabalhadoras na indústria siderúrgica marcou apenas 12,7%, em 2022.
Na avaliação de Wellington Messias Damasceno, diretor administrativo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Paulo, o setor metal-siderúrgico é caracterizado por baixa rotatividade de funcionários. Dados do Instituto Aço Brasil indicam que o tempo médio de trabalho no setor é de 9,6 anos (2022). A siderurgia empregava, em 2022, 73 mil funcionários, segundo o levantamento mais recente do instituto. Em 2020, eram 64,5 mil trabalhadores. Sobre a oferta de empregos, Damasceno vê um cenário de estabilidade. “Fizemos diversos acordos [coletivos] ao longo dos últimos anos para superar períodos de crise, sem demissões”, afirma. “Agora, há um acomodamento no número de trabalhadores, mas já percebemos, em alguns lugares, a necessidade de contratações.”
Valor - SP 16/08/2024
Negócios oferecem contagem de vergalhões com ajuda de imagens, venda on-line de excedentes e desenvolvimento de novos materiais
Startups estão ampliando contratos com o setor siderúrgico. Com modelos de negócios que incluem de contagem de vergalhões com ajuda de imagens a vendas de excedentes de aço em marketplaces, as empresas contam com um cenário positivo para contratos, embaladas por aportes de investidores e soluções capazes de atrair a atenção de grandes fabricantes.
Para Patrícia Seoane, sócia da consultoria PwC Brasil, a perspectiva é de aumento no volume de investimentos em startups. “A demanda por inovação na siderurgia está crescendo com a necessidade de atender regulamentações ambientais e a pressão de reduzir custos.” A tendência aponta para negócios que exploram nichos como inteligência artificial (IA), análise de dados para otimização da produção e sustentabilidade.
“Um estudo do Global Steel Innovations Forum prevê que novas tecnologias de captura de carbono poderão reduzir em até 30% as emissões de CO2 da indústria siderúrgica até 2030”, afirma Seone. “As startups devem mostrar que as soluções que criam estão em sintonia com as demandas do setor, como sustentabilidade e transformação digital, com benefícios tangíveis em termos de eficiência.”
É o que procura fazer a Gerdau Graphen, empresa da Gerdau Next, braço de novos negócios da produtora de aço Gerdau. Criada em 2021 para diversificar o portfólio do grupo em segmentos adjacentes ao aço, a startup desenvolve produtos com nanomateriais de carbono, como o grafeno. “Temos sete produtos e esperamos chegar a dez, até o final do ano”, revela Valdirene Peressinotto, diretora-executiva e de inovação da Gerdau Graphene. Um dos itens do portfólio é um aditivo para tintas à base de grafeno, concebido para aumentar a resistência à corrosão.
A empresa, que atende a Gerdau com a oferta de uma embalagem para pregos que leva grafeno na composição, não divulga outros clientes, mas Peressinotto afirma que há mais 30 leads de contrato no Brasil. “Também estamos focando na abertura do mercado externo, com mais de 65 leads”, acrescenta.
Na gaúcha Pix Force Tecnologia, o interesse é desenhar sistemas que utilizam sensores, câmeras, IA e machine learning (aprendizado de máquina) na proteção de funcionários, inspeção e contagem de ativos. Um dos softwares analisa imagens e indica se os profissionais estão usando equipamentos de proteção nas fábricas, diz Daniel Moura, CEO da Pix Force. “Também podemos realizar a contagem de vergalhões, eliminando os cálculos manuais”, afirma o executivo. “Tudo é feito com a captura de imagens, analisadas com algoritmos de visão computacional.”
Fundada em 2016, a Pix Force faturou R$ 9 milhões no ano passado e a estimativa é crescer 50% em 2024. O número de clientes passou de 16, em julho de 2023, para 25. A ArcelorMittal e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) estão na lista. A startup também busca a internacionalização. “Já tínhamos um escritório na Finlândia e agora abrimos em Houston [EUA]”, conta Moura. A companhia recebeu US$ 850 mil em duas rodadas de investimentos e foi selecionada este ano pelo programa de mentorias e aportes do Oxygea Ventures, fundo da Braskem voltado para startups que atuam com sustentabilidade e indústria 4.0.
Na avaliação de Eduardo Breda, CEO da Bubuyog, novos modelos de negócios podem evitar desperdícios de material. Conhecida como um “Tinder” do aço, a startup opera um marketplace que conecta companhias que precisam de matéria-prima com outras que têm sobras em estoque. A Bubuyog fechou 2023 com entregas avaliadas em R$ 880 mil e a estimativa para 2024 é ultrapassar R$ 2,4 milhões em vendas. “O número de ‘membros’ [compradores e vendedores] foi de 13 a 182 no último ano”, garante. Um dos chamarizes é a possibilidade de efetuar as compras a prazo, em até seis parcelas.
Valor - SP 16/08/2024
Siderúrgicas adotam boas práticas com foco na necessidade de descarbonização do setor
A indústria siderúrgica nacional tem pela frente o desafio de compatibilizar aumento da produção e redução das emissões de gases de efeito estufa de todo o seu ciclo de atividades. O processo está em curso. Grandes empresas do setor aderiram à agenda ESG, priorizando o E, letra em inglês para “ambiental”, com investimentos em descarbonização. Hoje, a siderurgia responde por cerca de 4% das emissões brasileiras de CO2. O patamar é inferior aos 7% da produção de aço global, mas, ainda assim, requer ações efetivas para sua redução.
O ponto de partida é positivo para o país. “O aço brasileiro, quando se considera a matriz elétrica e energética, tem um dos maiores níveis de descarbonização do mundo”, diz Uallace Moreira, Secretário do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), referindo-se à elevada participação de fontes renováveis nas matrizes brasileiras.
O caminho rumo ao aço verde também demandará menor dependência de combustíveis fósseis e, em contrapartida, uso em escala industrial de combustível renovável, como hidrogênio verde, cujo desenvolvimento faz parte da agenda do governo. Mas há outras opções. A Aço Verde Brasil (AVB), criada em 2008, saiu na frente na pauta ESG utilizando carvão de reflorestamento, o vegetal, além de um processo a partir da rota de oxigênio (sem uso de combustível fóssil) e energia elétrica 100% limpa e certificada.
“Este ano conquistamos o menor indicador mundial de emissões do mundo, de 0,02 tonelada de CO2 para cada tonelada de aço”, diz Sílvia Nascimento, presidente da AVB. As emissões médias do setor são de 1,7 tonelada de carbono por tonelada de aço (tCO2 e/t aço) no Brasil, segundo o Instituto Aço Brasil, contra 1,89 tCO2 e/t aço da média global.
Grandes indústrias com parque instalado no século passado enfrentam processos mais complexos. “A descarbonização é o grande desafio da indústria do aço. Precisamos de um cartucho de prata. Não existe uma solução única”, diz Frederico Ayres Lima, presidente da Aperam South America. No Brasil, as emissões de CO2 da companhia já são neutralizadas com remoções e estocagem de carbono nos 100 mil hectares de suas florestas. “Todo ano fazemos inventário de carbono. Há quatro, comprovamos nossa neutralidade”, diz o executivo.
A empresa, que produz a partir de altos fornos e fornos elétricos, passou a operar, desde 2011, exclusivamente com carvão vegetal, em substituição ao coque, mais poluente. Para os próximos anos, o foco está em ganhos de eficiência. “Mesmo sendo neutro, queremos emitir cada vez menos. Futuramente, poderemos até vender créditos de carbono”, afirma Lima. A meta até 2030 é reduzir em 50% as emissões de CO2 em relação às de 2015.
Outra grande do setor, a ArcelorMittal criou um plano de trabalho global com base nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, da ONU. A empresa no Brasil adotou critérios ESG da legislação europeia, em linha com sua sede, em Luxemburgo. “Tratamos as informações de sustentabilidade no mesmo nível das financeiras. É uma mudança tectônica do ponto de vista ESG”, diz Guilherme Abreu, gerente geral de sustentabilidade da siderúrgica. A meta é reduzir em 25% suas emissões até 2030 e se tornar carbono neutro até 2050.
Os projetos no Brasil incluem ganhos com eficiência energética, que reduz uso de combustíveis fósseis, e aumento do uso de biomassa nos altos-fornos e de sucata. Além disso, a siderúrgica aumentou o uso de gás natural, passo fundamental para chegar à tecnologia de hidrogênio verde, prevista para entrar em operação na próxima década. Em 2030, 100% da energia elétrica deverá ser renovável. Na etapa seguinte, entram em pauta iniciativas disruptivas como produção via redução direta, altos fornos inteligentes e captura e armazenamento de carbono (CCUS).
A brasileira Gerdau, que tem 70% de seu aço produzido a partir da reciclagem, assumiu a meta de reduzir a intensidade de suas emissões para 0,82 tCO2 e/t aço em 2031, quando 100% da energia será renovável. Hoje, está em 0,91 tCO2 e/t aço. Para atingir o compromisso, ampliará eficiência energética, fontes de energia renovável e o uso de sucata, que hoje já responde por 75% da produção, ao lado da biomassa, segundo Cenira Nunes, gerente geral de meio ambiente da Gerdau. A empresa quer se tornar carbono neutro em 2050.
“O setor automotivo tem metas de descarbonização e para atender esse cliente, temos que demonstrar alinhamento com essas metas”, afirma Nunes.
A cadeia do aço tem na Vale uma de suas principais fornecedoras. Além do minério de ferro, a empresa passou a produzir briquetes, em 2023, o que, segundo Vivian MackNight, gerente-geral de mudanças climáticas da companhia, têm potencial de reduzir em até 10% as emissões de CO2 na produção de aço. O produto é desenvolvido a partir da aglomeração a baixas temperaturas de minério de ferro, sem uso de água, e também com menos emissões particulados e gases como dióxido de enxofre e óxido de nitrogênio (NOX). Ainda segundo a empresa, pode utilizar areia proveniente de rejeitos de mineração em sua produção.
Quanto ao S, de Social, as siderúrgicas criaram políticas para aumentar o número de mulheres em cargos de liderança de um setor tradicionalmente masculino. Há cerca de dez anos, era comum a falta de banheiros femininos nos pátios de produção de aço.
Valor - SP 16/08/2024
Papel da China e medidas protecionistas põem investimento em inovação no centro de ações em favor da indústria brasileira
Investir em modernização e inovação para ganhar produtividade e produzir aços de alta performance, buscar acordos comerciais e enfrentar questões como o chamado custo Brasil devem ajudar a indústria siderúrgica brasileira a elaborar um produto mais competitivo nos mercados interno e internacional em meio a um cenário de mudança na ordem econômica mundial.
“Conflitos potenciais [entre os países], ondas de protecionismo e vácuos de poder estão redesenhando cadeias de suprimentos globais e a composição de alianças. Desde 2019, o número de restrições comerciais impostas mundialmente cresceu 200%”, afirma Daniel Martins, sócio da Strategy&, consultoria da PwC, com base em dados da Global Trade Alert e World Bank Group.
No centro desse quadro desafiador está a China e o excesso de capacidade da indústria. “O descasamento entre a oferta e a demanda global gera desafios e dificuldades, como o aumento de medidas restritivas e a mudança nos fluxos e padrões de comércio”, analisa o Ministério das Relações Exteriores, em nota.
Dados da World Steel Association mostram que em 2023 a China produziu 1,019 bilhão de 1,89 bilhão de tonelada de aço fabricada no mundo. Entre os dez maiores produtores, o segundo lugar está com a Índia, com 140,8 milhões de toneladas. O Brasil ocupa a décima posição, com 31,8 milhões de toneladas. A associação estima que em 2022 a demanda mundial esteve 550 milhões de toneladas abaixo da capacidade global de produção.
“Não há jogo fácil em siderurgia com a China com 1 bilhão de toneladas”, diz o professor Ricardo Machado Ruiz, da Faculdade de Economia e do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Se a China exportar 20% do seu aço, estará exportando quase sete vezes a produção da indústria brasileira inteira, mais de duas vezes a produção japonesa, e mais de uma vez a produção da Índia. Ou seja, ela tem muito aço”, diz Ruiz. “A consequência é preço para baixo”, ressalta Yuri Pereira, analista do banco Santander.
Em 2023, o país asiático foi o maior exportador de aço do mundo, colocando no mercado internacional 94,3 milhões de toneladas. E importou 11 milhões de toneladas. União Europeia e Estados Unidos são os dois maiores importadores de aço do planeta com, respectivamente, 39,2 milhões de toneladas e 26,4 milhões de toneladas. “É improvável que países com grandes mercados queiram depender de aço fabricado em rivais geopolíticos. O que vai acontecer, acredito, é que os países que quiserem ter produção siderúrgica vão ter que, de alguma forma, adotar incentivos, via impostos ou outro tipo de medida”, avalia Pereira.
Para ele, a adoção de medidas tarifárias pode ser instrumento para provocar um efeito mais rápido de proteção ao setor, mas não resolve o problema. Em abril, o Brasil estabeleceu cotas máximas para limitar a entrada de aço importado. Se ultrapassadas, a tarifa de importação aplicada será de 25%. Antes, eram 10,8%. A medida tem duração de 12 meses.
“Esse tipo de medida tem de vir acompanhado de investimento, de modernização, para que a estrutura produtiva do setor possa ter nível de competitividade”, diz Uallace Moreira, secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic).
É improvável que países com grandes mercados queiram depender de aço fabricado em rivais”
— Yuri Pereira
De acordo com Ruiz, a indústria siderúrgica brasileira deve usar a inovação para produzir aprimoramento tecnológico. “Vai ter que fabricar produtos de alta performance, com alta tecnologia”, defende. “Deve começar a produzir ligas especiais”, acrescenta. Nesse sentido, deve começar a usar compostos de metal especiais, níquel e nióbio. Isso poderia facilitar maior inserção do Brasil na cadeia de comércio mundial.
Moreira diz que incentivar a produção interna também pode ajudar o setor no mercado global, na medida em que proporciona mais escala à produção, o que resultaria em ganhos para investimentos. Além do estabelecimento da cota-tarifa, afirma, programas como o Mover e o Novo PAC também vão nessa direção. O Mover prevê R$ 19,3 bilhões em créditos financeiros entre 2024 e 2028, que podem ser usados pelas empresas para abater tributos federais em contrapartida às ações de sustentabilidade e aos investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I). “Este ano está previsto um crescimento de 14% do setor automotivo no Brasil”, lembra ele. Em abril, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, destacou que o setor planeja investimentos de R$ 130 bilhões até 2032.
“O nosso grande problema não é falta de competitividade industrial”, diz Ricardo Martins, presidente da Associação Brasileira da Indústria Processadora de Aço (Abimetal), ao se referir ao custo Brasil. Nesse sentido, vale lembrar que os Estados Unidos são o principal comprador do aço brasileiro, o que demonstraria a qualidade do produto nacional. “O custo Brasil afeta, sim. Infraestrutura, carga tributária, questões trabalhistas, tudo isso tem impacto”, corrobora Moreira, do Mdic. “E os juros altos tornam o investimento proibitivo”, acrescenta. No entanto, lembra o secretário, não é possível mudar essa situação no curto prazo. O que torna ainda mais importantes a modernização e inovação.
Ao mesmo tempo, todos defendem a busca por acordos comerciais. Segundo Moreira, esses tratados têm sido procurados pelo governo. Segundo o Itamaraty, o Brasil tem iniciativas de cooperação internacional no comitê do aço da OCDE e no Fórum Global sobre o Excesso de Capacidade do Aço.
Na rota das políticas restritivas, o Brasil ainda poderá ter enfrentar o “protecionismo verde”, principalmente por parte da Europa, embora o aço brasileiro carregue menos emissões de gases de efeito estufa que a média global, que é de 1,91 tonelada de CO2 por tonelada de aço bruto fundido. No Brasil, a taxa é de 1,7 tonelada. No entanto, ainda não existem critérios definidos. A Europa poderá exigir, por exemplo, emissões que considere adequadas que sejam menores que as da siderurgia brasileira ou exigir neutralidade em determinado prazo, explica o professor Ruiz.
Ele, entretanto, considera que a China seria a maior prejudicada, porque utiliza carvão mineral na produção, que é mais poluente do que o carvão vegetal adotado no Brasil. Se alguma medida restritiva for adotada, um dos caminhos para contornar a questão poderá ser a busca por um acordo comercial.
Valor - SP 16/08/2024
Escória que era passivo ambiental vira matéria-prima
Siderúrgicas vêm transformando subprodutos e resíduos ambientais em matérias-primas e receita. A Aço Verde Brasil (AVB) está concluindo uma unidade de briquete para reutilizar resíduos industriais para os quais ainda não havia destino. O projeto combina diminuição dos pátios de resíduos com economia de cerca de 10% de carvão e de minério.
“Conseguimos utilizar menos matéria-prima virgem. A participação na receita é pequena, mas se paga”, diz Sílvia Nascimento, presidente da empresa. A estratégia é de aproveitamento integral da matéria-prima. “Damos destino total à escória com uma fábrica de cimento do grupo”, afirma.
A companhia ainda usa o gás obtido no forno de ferro gusa na geração de sua termelétrica. A venda de 10% das sobras de oxigênio produzido geram de R$ 5 milhões a R$ 7 milhões anuais em receita. “É pouco, mas ambientalmente nota 10”, diz a executiva.
Tais iniciativas trazem melhoria operacionais a longo prazo, na avaliação de João Vítor Saccardo, chefe de renda variável da Convexa Investimentos. “A siderurgia teve avanços no setor ambiental reconhecidos pelos investidores, já que melhoram a reputação e aumentam a receita. O acesso ao capital fica mais barato”, afirma.
A Gerdau, que incorporou as metas ESG à remuneração dos executivos, também cria receita com subprodutos. “A utilização de sucata como matéria-prima acaba reduzindo o custo de produção do aço”, diz Saccardo.
A siderúrgica, segundo Cenira Nunes, gerente geral de meio ambiente da Gerdau, tem buscado sucatas alternativas para a produção de aço, como a de plataformas de petróleo da Petrobras. Márcio Pereira, sócio da área de direito do ambiente e clima do BMA Advogados, observa que o reaproveitamento desse material, comum no mundo, foi adotado recentemente pelo Brasil. “É um novo mercado que reduzirá a necessidade de extração de minério de ferro”, diz.
A Gerdau também testa resíduos de milho, arroz e feijão para uso como biomassa para substituir o carvão mineral.
Valor - SP 16/08/2024
Exportações da América Latina caíram 87% desde 2000, enquanto as vendas da China para a região saltaram 12.530%
Ezequiel Tavernelli, da Alacero: disparidade entre China e América Latina — Foto: Martina Traverso Brunoldi
“Acabamos de suspender nossas operações, novamente”, conta Margarita Jaque, gerente de marketing da maior siderúrgica do Chile, a Huachipato. O motivo: a impossibilidade de competir com as siderúrgicas chinesas. Em 20 de março, a empresa de mais de 70 anos já havia paralisado sua fundição, decisão revertida um mês depois após ajuda do governo com taxas de importação para fazer frente ao produto importado. As medidas, porém, se mostraram insuficientes, levando a companhia a desligar as máquinas outra vez.
A Huachipato é só um dos exemplos de usinas latino-americanas afetadas pelo aço chinês que vem chegando em enorme quantidade, e barato, à região. Alíquotas de 24,9% a 33,5% não resolveram a situação chilena.
“Essas taxas de importação não atingiram o preço das barras de aço, um dos vários cortes do produto e que a Huachipato é especialista”, diz a diretora do departamento de direito econômico da Universidad de Concepción, Vanessa Elizondo Cerda, que estuda e defende que o que a China pratica é dumping. “As denúncias de fabricação abaixo do custo começaram em dezembro de 2023, o que deu tempo para as empresas importadoras chilenas adiantarem seus pedidos aos chineses. A reação foi lenta”.
A América Latina tem perto de cem grandes siderúrgicas e o Brasil, o nono produtor mundial e com dez usinas de grande porte, também é um dos afetados pelo aço chinês. No final de 2023, a Usiminas abafou seu forno 1 devido ao volume de importação da China e já deu sinais que pode fazer o mesmo com seu forno 2 neste ano.
Dentre outros fatores, a invasão chinesa ocorre após o desaquecimento do mercado imobiliário daquele país. “Desde setembro de 2021, o setor de ‘real state’ e ‘properties’ da China vem enfrentando problemas - sozinho ele representava de 30 a 35% do consumo doméstico do aço chinês”, diz Daniel Sasson, analista de commodities do Itaú BBA. Houve expectativa de retomada após medidas como redução de juros para o setor, mas sem melhora significativa, explica Sasson. “Essa fraqueza, então, foi compensada por bons desempenhos em outros setores, como infraestrutura, produção automotiva e, justamente, exportações. Só no primeiro semestre deste ano, cerca de 11% do que a China produziu de aço foi exportado, o nível mais alto desde 2016.”
A produção de aço na América Latina avança pouco. Cresceu apenas 4% de 2000 a 2023, para 58 milhões de toneladas (35 milhões de toneladas no Brasil), contra 21% da média global excluindo a China. No país asiático o patamar é outro: um salto de quase 692%, para mais de 1 bilhão de toneladas. “Essa incrível disparidade entre a escala da produção na China e na América Latina conta apenas uma parte da história. E, para sermos francos, a parte menos crítica”, afirma Ezequiel Tavernelli, diretor-executivo da Associação Latino-americana do Aço (Alacero, na sigla em espanhol), que tem 373 denúncias de dumping na Organização Mundial do Comércio (OMC) apontadas para a China.
Na avaliação de Tavernelli, houve um processo contínuo de desindustrialização do aço latino-americano, invertendo os caminhos do comércio internacional. “No ano 2000, exportamos 163,4 mil toneladas para a China, enquanto ela vendia para o lado de cá do mundo cerca de metade desse volume. Realizando o comparativo do ano passado com o de 2000, nossas exportações caíram 87%, para meras 20,7 mil toneladas, enquanto as vendas de aço chinês para a América Latina saltaram 12.530%, chegando a 10,1 milhões de toneladas”, afirma o diretor.
A região vem sofrendo um processo de precarização de sua indústria, afirmam especialistas. A partir de 2000, a região transformou-se em uma forte exportadora de minério bruto e perdeu relevância como produtora de itens de valor agregado, diz Paolo Rocca, CEO da Techint, conglomerado ítalo-argentino de engenharia e construção de larga escala. “Cada vez mais, vendemos minério bruto para adquirir bens processados, o que afeta nossa geração de empregos, a renda da população, a balança comercial da região e as perspectivas de geração de um futuro mais próspero”, afirma.
Vendemos minério bruto para adquirir bens processados, o que afeta as perspectivas de um futuro próspero”
— Paolo Rocca
Sasson lembra que a China, hoje, consome 75% do minério de ferro do restante do globo e gera 55% do aço que é produzido no mundo. “As usinas chinesas realmente são muito grandes, então têm mais diluição de custo fixo. São mais eficientes”, analisa. “Isso sem falar no subsídio governamental.” Segundo o analista, companhias chinesas parecem ter margem muito apertada e, em vários casos, negativa. “Como uma empresa que até eventualmente consegue vender no mercado doméstico, consegue ganhar dinheiro exportando o produto, com custos logísticos, entre outros?” questiona.
Competir assim tem sido substancialmente impossível nos últimos 30 anos e está piorando, na avaliação de Rocca. “Não há isonomia de competição. Existe uma ampla presença de estatais, há a influência do Partido Comunista, existe uma distorção do mercado financeiro, a mão de obra barata, a restrição ao investimento estrangeiro, a ausência de entidades sindicais independentes, a redução dos custos com energia e insumos e uma violação de propriedade intelectual”, elenca. “É uma relação China ganha, Brasil perde.”
Isso fora o “custo planeta”, na visão da Alacero. Enquanto os latino-americanos investem em iniciativas ESG, como a redução da pegada de carbono e o desenvolvimento do aço de baixas emissões, isso não é acompanhado pela China, onde o uso de fontes poluidoras continua a passos largos.
A Vale, uma das maiores produtoras mundiais de minério de ferro e níquel, estima que esse movimento de exportação do aço chinês é algo temporário, em função do declínio no mercado imobiliário local. “Para o próximo ano, vemos estabilidade em termos de demanda”, diz Marcelo Spinelli, vice-presidente executivo de soluções para minério de ferro da companhia.
A empresa exportou seu primeiro carregamento para a China em 1973, um ano antes do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países. Desde 2006, a China é o seu maior mercado, e a partir de 2014, o destino de 50% de sua produção de minério de ferro. “Para 2024 e 2025, estamos bem posicionados em um mercado equilibrado”, avalia Spinelli.
O analista do Itaú BBA ressalta que os países da América Latina estão reagindo, citando o aumento de 15% para 25% nas alíquotas de importação do aço no México e as cotas impostas pelo Brasil, que passaram a valer em junho. Porém, ele aponta que o limite definido para a sobretaxa não deve ser atingido, de modo que a medida deve ter pouco efeito real sobre o produto chinês. “Praticamente, não vai adiantar nada”, afirma.
CNN Brasil - SP 16/08/2024
A maior economia do mundo está dando sinais de que deve ter queda nos juros no próximo mês. Desde julho do ano passado, as taxas nos Estados Unidos estão mantidas entre 5,25% e 5,5% — o maior patamar em mais de duas décadas.
Nesta semana, dados da inflação norte-americana reforçaram as expectativas de redução das taxas pelo Federal Reserve (Fed). Antes, outros indicadores já haviam apontado o esfriamento das atividades no país.
O cenário faz com que todas as apostas do mercado estejam no corte dos juros em setembro, com a maior parte enxergando espaço para recuo de 0,25 ponto, segundo a ferramenta CME FedWatch.
Essa expectativa já mexe com negócios globais na medida que investidores passam a mudar suas estratégias, e no Brasil não é diferente.
Analistas ouvidos pela CNN pontuam que o movimento pode ser observado nos indicadores locais, sobretudo na recente perda de fôlego do dólar, que voltou a ser negociado abaixo de R$ 5,50.
O efeito também se manifesta na bolsa na medida que mercados emergentes se tornam mais atrativos. Nesta quarta-feira (14), o Ibovespa renovou a máxima do ano ao fechar acima dos 133 mil pontos, na sétima sessão seguida de valorização.
Efeitos no câmbio e nas bolsas
O economista-chefe da Genial Investimentos e professor da PUC-Rio, José Márcio Camargo, explica que a valorização do real está relacionada à expectativa de que o diferencial de juros entre os EUA e o Brasil vai aumentar.
O movimento atrai mais dólares ao país, contribuindo para tirar parte da pressão sobre o câmbio.
O atual mercado indica que não só as taxas nos EUA vão cair, como, na melhor das hipóteses, os juros no Brasil — atualmente em 10,5% ao ano — vão ficar constantes, conforme análise do economista.
Neste sentido, a renda fixa brasileira se mostra mais atrativa aos investidores por estar pagando mais, enquanto juros em queda nos EUA diminuem o retorno.
“Tendo isso em vista, os investidores estão deslocando recursos da economia americana para a economia brasileira exatamente para conseguir se apropriar desse diferencial de juros.”
No mesmo sentido, a economista-chefe da Galapagos Capital, Tatiana Pinheiro, aponta que o início da queda em setembro já é precificado no mercado de títulos públicos há “algumas semanas”.
Os economistas destacam que o processo de queda de juros nos EUA, em geral, é favorável para a taxa de câmbio de países emergentes, como o Brasil.
Para Pinheiro, no entanto, serão necessários eventos adicionais, tanto no lado internacional, quanto do lado doméstico — como o ajuste fiscal pelo governo federal —, para proporcionar alívio na taxa de juros para além do que já está acontecendo diante das expectativas de corte pelo Fed.
O início do corte de juros nos EUA e a visão de um ciclo longo de reduções devido à convergência da inflação à meta traz mais confiança para os mercados, indica ainda a economista-chefe da Galapagos Capital.
“Isso reduz a volatilidade vista recentemente nos vários ativos financeiros. Essa maior confiança, isto é, menor aversão ao risco, favorece todos os ativos emergentes”, explica.
Infomoney - SP 16/08/2024
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (15), que não fará “loucura” na economia e garantiu que o atual governo será fiscalmente responsável e trabalhará pela manutenção dos índices de inflação em patamares baixos.
Em visita ao estado do Paraná, onde cumpre uma série de agendas ao longo do dia, Lula concedeu uma entrevista à Rádio T, de Curitiba (PR), nesta manhã.
“Nós estamos hoje um pouco pressionados pela inflação americana e pelo dólar. Se os americanos começarem a baixar a taxa de juros, isso vai fazer com que se crie aqui no Brasil mais facilidade para baixar”, disse o presidente da República.
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“O que a gente não pode fazer é loucura. Em economia, não tem loucura, tem bom senso. Se eu fizer uma loucura e perder o controle, a gente vai levar o povo ao desastre. Eu não quero que a inflação volte. Eu já vivi inflação de 80% ao mês”, prosseguiu Lula.
Segundo o petista, “a inflação baixa, o salário mais alto e o emprego garantido é tudo o que nós precisamos para ter paz e tranquilidade no Brasil”.
Na entrevista, Lula também confirmou que deve indicar, em breve, o nome do futuro presidente do Banco Central (BC), que substituirá Roberto Campos Neto, cujo mandato se encerra no dia 31 de dezembro deste ano.
Embora Lula não tenha citado nomes, o mais cotado para a indicação é o atual diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, ex-número 2 do Ministério da Fazenda na gestão do ministro Fernando Haddad (PT). O indicado tem de ser aprovado pelo Senado.
“Eu estou trocando o presidente do BC. Tenho que indicar o presidente do BC agora porque [Campos Neto] será substituído no final do ano”, limitou-se a dizer Lula.
Preços dos alimentos
Ainda falando sobre inflação, Lula revelou preocupação com os preços dos alimentos no Brasil, especialmente alguns itens largamente consumidos pela população mais pobre.
“Nós acabamos de aprovar uma política de reforma tributária no Brasil, que é uma coisa fantástica para o povo brasileiro. E colocamos claro lá que todos os insumos de todos os alimentos consumidos pelas pessoas mais pobres na cesta básica não vão pagar mais impostos, é tudo zero. Inclusive, a carne, a picanha”, afirmou Lula.
Segundo o presidente, “nós estamos vivendo um momento muito bom no Brasil”. “A inflação está estável, os salários estão crescendo, a massa salarial está crescendo, o desemprego está caindo e vai cair mais. Agora, é importante que a gente fique atento aos preços dos alimentos, sobretudo aqueles que têm efeitos sazonais. É preciso que haja um equilíbrio entre a produção e consumo”, observou.
“Nós estamos apenas há 1 ano e 8 meses no governo e já fizemos mais do que feito em 4 anos pelo governo passado. Nós temos consciência de que é preciso a gente ter o alimento barato para o povo comer. O povo precisa comer e comer bem. E isso significa que você tem de aumentar o salário das pessoas. Por isso, nós já aumentamos o salário mínimo duas vezes.”
Taxação dos super-ricos
Lula voltou a defender a taxação global dos chamados super-ricos, proposta apresentada pelo Brasil em fóruns internacionais e encampada pelo Ministério da Fazenda.
No fim do ano passado, o Congresso Nacional aprovou o projeto de lei que mudou as regras de tributação para aplicações financeiras mantidas por brasileiros no exterior e instituiu a cobrança do chamado “come-cotas” para fundos exclusivos.
A proposta de taxação internacional levantada pelo Brasil vem sendo discutida no âmbito do G20, grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia e a União Africana.
Países como França, Espanha, Alemanha e África do Sul já sinalizaram apoio ao projeto, por meio do qual os multimilionários teriam de pagar, todos os anos, impostos no valor de pelo menos 2% da sua riqueza total. Por outro lado, a proposta brasileira tem encontrado resistência nos Estados Unidos e em alguns países europeus.
“As pessoas sempre encontram um jeito de não pagar Imposto de Renda. Só quem não encontra é quem trabalha e vive de salário, que é descontado. Nós já isentamos pessoas de até 2 salários mínimos e eu tenho o compromisso de isentar até 5 salários mínimos. Quem reclama muito do imposto é o rico. Eles não gostam de pagar imposto”, disse Lula.
“Quando chamam o Haddad de taxador, é porque estamos trabalhando a política para fazer taxação dos mais ricos. Estamos propondo ao G20 para que o mundo tome uma decisão de taxar os 2% mais ricos da humanidade. As pessoas muito ricas representam muito pouco, mas é muito dinheiro. É preciso que essa gente pague um pouco de imposto”, defendeu o presidente.
Agro
Na entrevista, Lula foi questionado sobre a rejeição de amplos setores do agronegócio ao seu governo e ao PT, apesar do recente lançamento do Plano Safra – que oferece linhas de crédito, incentivos e políticas agrícolas para médios e grandes produtores e, nesta última edição, destinou R$ 400,59 bilhões para financiamentos, um aumento de 10% em relação à safra anterior.
“Só no estado do Paraná, o crédito agrícola chegou a R$ 53 bilhões. Quando você governa, não faz política esperando agradecimento. As pessoas do agro que não gostam de mim e do PT não gostam dos sem-terra, não gostam da CUT, não gostam de muitas coisas ”, disse Lula.
“Desde o meu primeiro mandato, passando pelo mandato da Dilma [Rousseff] e o meu agora, você pode desafiar qualquer fazendeiro para saber se em algum momento da história deste país um governo colocou tanto dinheiro na agricultura quanto nós”, prosseguiu o presidente.
“A cada ano que passa, é Plano Safra recorde. Eu não faço porque quero agradar um fazendeiro. Eu faço porque o Brasil precisa disso e a agricultura é importante para o Brasil.”
Prisão em 2018
O presidente da República falou, ainda, sobre as lembranças do período de 580 dias em que esteve preso na superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba. Lula foi detido em 2018, no âmbito da Operação Lava Jato, por determinação do então juiz Sergio Moro (hoje senador pelo União Brasil do Paraná).
Mais tarde, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou todas as condenações de Lula, entendendo que Moro havia sido parcial no julgamento e que o caso não poderia ter sido julgado na Vara de Curitiba.
“Eu me sinto bem em Curitiba. Tenho muitos amigos aqui, e o PT tem uma história importante na cidade, com relações políticas muito respeitosas, que nos deram uma liderança da qualidade política da Gleisi [Hoffmann, presidente do PT]”, afirmou Lula.
“Ao chegar aqui, hoje, encontrei uma pessoa que foi muito gentil comigo. Ela me mandava bolos quando eu estava preso, em um momento em que nem todos queriam ser bons comigo”, disse Lula.
O presidente afirmou que pretende, em breve, voltar a Curitiba e visitar a cela em que ficou detido. Ele deve fazer isso ao lado da primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, que não pôde acompanhá-lo nesta viagem.
“Um dia, eu vou querer visitar a cela onde estive preso. Eu acho que eu não vou esquecer esses 580 dias”, afirmou.
“Você não esquece nunca. Você não esquece as coisas boas que te fizeram e as coisas ruins que te fizeram. Você pode perdoar as pessoas, pode não guardar mágoa, mas não esquece.”
Infomoney - SP 16/08/2024
A projeção da XP para o crescimento do PIB em 2024 é de 2,2%, mas com viés de alta por conta dos recentes indicadores, que vieram acima do esperado. Dados mais elevados do que o estimado, no entanto, pressionam a inflação.
Caio Megale, economista-chefe da XP, que comandou nesta quinta-feira (15) o Morning Call da XP, reforçou que a estimativa de crescimento da economia para o último trimestre é de 0,8% contra o primeiro trimestre do ano.
Dólar hoje volta a cair em dia de dados do varejo e desemprego nos EUA
Dólar interrompeu uma sequência de seis sessões de baixa e fechou em leve alta ante o real na véspera
Atividade surpreendeu
“É mais forte do que a gente imaginava um tempo atrás”, disse Megale. “Definitivamente, a atividade econômica no primeiro semestre, apesar de juros altos, continua surpreendendo para cima”, afirmou.
Por outro lado, Megale disse que isso cria uma preocupação a mais para conter os preços de produtos e serviços.
“Com uma demanda interna mais firme, a inflação demora mais a desacelerar – se é que ela está desacelerando”, disse. “Se pegar até o último IPCA (julho), está acelerando. Mas o item serviços ainda continua rodando muito alto”, comentou.
“E (produtos) industrializados começaram a subir impactado pelo aumento de custos das empresas, o que tem a ver com o câmbio se desvalorizando e os pacotes de impostos (do governo)”, acrescentou.
Pressão na inflação
“Isso acaba pressionando a inflação, que está indo para o topo da banda (da meta). E os diretores do Banco Central têm sinalizado que subir os juros está na mesa. Então, enquanto tiver projeções acima da meta, inflação com cara de alta e o Banco Central disposto a agir, o próximo passo, muito provavelmente, será de ajuste dos juros”, afirmou.
A taxa Selic tem viés de alta nas projeções da XP. “Muito provavelmente o Copom (Comitê de Política Monetária) opte em fazer um ajuste, ainda que o resto do mundo esteja cortando (os juros), e comece a subir a Selic a partir de setembro”, comentou.
O que esperar dos EUA?
Já nos Estados Unidos, o tema de inflação está indo na direção de permitir o Federal Reserve (Fed) de cortar os juros a partir de setembro, avalia o economista da XP.
“A grande discussão é se o Fed vai começar com passos de 0,25 p.p. ou de 0,5 p.p.”, disse.
Caio Megale ressalta que, agora, dados de atividade econômica dos EUA têm sido mais acompanhados do que os dados de inflação. Segundo ele, isso se deve porque os índices inflacionários têm andado mais perto da meta de 2%, enquanto dados como de consumo têm surpreendido para cima.
“Nossa visão é de que a desaceleração (da inflação nos EUA) é controlada, mas não tão suave. Não é uma desaceleração que espalhe pela economia, que pegue o setor financeiro e gere crise mais agudas. Parece que é uma desaceleração que se o Fed cortar os juros, consegue controlar”, avaliou.
“Isso é um bom cenário para nós. O mundo vai se reequilibrando, o Fed e o Banco Central na Europa podem cortar os juros e ajudar os mercados aqui em termos de liquidez”, concluiu.
Infomoney - SP 16/08/2024
A produção industrial nos Estados Unidos caiu 0,6% julho, após ter registrado alta de 0,3% em junho, informou o Federal Reserve (Fed, o banco central americano). A piora no desempenho foi atribuída a efeitos das paralisações no início do mês especialmente das indústrias petroquímicas, devido ao furacão Beryl.
Segundo o Fed, a maioria dos principais grupos industriais registrou perdas em julho. O índice de bens de consumo, por exemplo recuou 1%, em grande parte devido a uma queda de 0,7% no índice de produtos automotivos.
A utilização da capacidade caiu de 78,4% em junho para 77,8% em julho, taxa que agora está 1,9 ponto percentual abaixo da média de longo prazo.
Exame - SP 16/08/2024
A economia da China continua a enfrentar dificuldades no terceiro trimestre de 2024, com novos dados apontando para uma persistente fraqueza que desafia as metas de crescimento estabelecidas pelo governo. A desaceleração do investimento em ativos fixos para 3,6% nos primeiros sete meses do ano foi um dos principais destaques dos dados divulgados na quinta-feira, 15.
Apesar de as vendas no varejo terem superado as expectativas devido a um aumento sazonal, elas ainda permanecem muito abaixo dos níveis pré-pandemia. A produção industrial, por sua vez, enfraqueceu levemente, embora continue a superar o consumo. As informações são da Bloomberg.
O yuan offshore manteve suas perdas iniciais após a divulgação dos dados, refletindo a preocupação dos mercados com a economia de US$ 17 trilhões (R$ 92,8 trilhões) da China, que parece estar perdendo dinamismo. As medidas recentes do governo, incluindo cortes nas taxas de juros para estimular o consumo e o investimento, não têm mostrado resultados significativos, deixando o país cada vez mais dependente da manufatura para impulsionar o crescimento.
O governo do presidente Xi Jinping tem como meta um crescimento de cerca de 5% em 2024, mas os desafios são evidentes. Economistas pedem uma aceleração nos gastos com infraestrutura e outros programas para reativar a demanda interna, essencial para atingir essa meta. No entanto, o apoio fiscal tem sido fraco este ano, com os gastos públicos encolhendo no primeiro semestre, enquanto as autoridades arrecadam fundos para projetos de infraestrutura por meio de emissões de títulos de forma lenta.
O setor imobiliário, que enfrenta uma desaceleração prolongada, mostra poucos sinais de recuperação, mesmo com a estabilização no ritmo de queda. Os preços dos imóveis caíram em termos mensais, embora de forma mais lenta, mas a queda anual foi mais acentuada. As novas construções continuam a despencar, com uma retração de cerca de 20% em relação ao ano anterior.
O investimento total em julho cresceu apenas 1,9% em comparação com o ano anterior, um resultado inferior ao aumento de 3,7% registrado no mês anterior, de acordo com cálculos do Goldman Sachs. A análise dos números revela uma desaceleração na expansão dos investimentos em infraestrutura no período de janeiro a julho, em comparação com os primeiros seis meses do ano. O investimento das empresas privadas também piorou, não apresentando nenhuma mudança em relação ao ano anterior.
Sinal de alerta
O investimento em infraestrutura tem sido um dos principais motores da demanda interna, que vem ficando atrás da produção este ano. A desaceleração nesse setor é um sinal de alerta para a economia chinesa, indicando que a fraqueza na demanda pode eventualmente afetar outros setores.
As preocupações com um declínio prolongado na confiança e nos preços aumentaram após a China relatar a primeira contração nos empréstimos à economia real em quase duas décadas. Esse cenário reabriu o debate sobre a possibilidade de a China enfrentar um período prolongado de estagnação, semelhante ao que o Japão vivenciou na década de 1990, quando as famílias e as empresas se concentraram em reduzir suas dívidas, o que levou à retração do consumo e ao enfraquecimento da economia.
Embora o Banco Popular da China deva cortar as taxas de juros novamente este ano, as medidas provavelmente serão moderadas demais para melhorar significativamente o sentimento do mercado. O espaço para novas flexibilizações monetárias também é limitado por preocupações com o yuan, além da necessidade de conter um possível colapso do mercado de títulos, que poderia causar um choque financeiro na economia.
IstoÉ Dinheiro - SP 16/08/2024
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Saint Louis, Alberto Musalem, disse que “pode estar chegando a hora” do banco central cortar as taxas de juros dos Estados Unidos, em resposta à desaceleração da inflação.
Musalem afirmou que relatórios recentes sobre preços “aumentaram a confiança” de que a inflação está gradualmente retornando à meta do Fed de um aumento anual de 2%.
A ameaça de aumento da inflação parece ter sido superada pela ameaça de aumento do desemprego, disse Musalem.
O Estado de S.Paulo - SP 16/08/2024
A capacidade do Congresso de gerar pautas prejudiciais à dinâmica das contas públicas é espantosa, notadamente em meio ao desafio de recuperação das condições de sustentabilidade da dívida pública.
Está na ordem do dia um projeto que promove verdadeiro calote nas dívidas dos Estados com a União. Na prática, os juros reais seriam reduzidos a zero, tendo como contrapartida a expansão de gastos públicos e a dívida bruta total. Na Warren, estimamos que esse projeto poderia elevar em quase 2,5 pontos porcentuais do PIB as projeções de dívida pública em dez anos.
Em uma segunda frente, a novela da chamada desoneração da folha de pagamentos continua sem solução. O governo havia proposto uma medida de compensação via majoração da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Se as medidas compensatórias apresentadas pelo Senado não fossem suficientes para dar conta da fatura, então a CSLL seria majorada para fazer o serviço. A proposta foi mal recebida e nada veio em seu lugar, a não ser fumaça pura.
A saber, a desoneração da folha deveria se encerrar neste ano. Desrespeitando os preceitos constitucionais da sustentabilidade fiscal e o artigo 113 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), que obriga à explicitação dos custos de medidas com impacto fiscal, como no caso em tela, o Congresso derrubou o veto presidencial à lei que prorroga a desoneração e espetou o boleto no Tesouro. Pague-se.
O Executivo acionou o Supremo Tribunal Federal (STF). Dentro de uma tentativa de acordo, o STF estipulou prazo para as contas serem apresentadas, acompanhadas das devidas compensações. Quem deve explicações e precisa se mexer para apresentar tais medidas é o Congresso, dado que todas as ações sugeridas pelo Ministério da Fazenda foram refugadas. No meu entendimento, a desoneração da folha teria de ser revertida retroativamente a janeiro de 2024, caso não sejam apresentadas medidas à altura, o que não ocorreu até o momento.
Uma terceira frente preocupante, no Congresso, está nas emendas parlamentares. Agora, tenta-se emplacar a impositividade geral para o naco de cerca de R$ 50 bilhões em recursos públicos destinados às emendas parlamentares. Não bastasse a impositividade aprovada para emendas individuais e de bancada, enquanto os investimentos sucumbem, espremidos cada vez mais no exíguo orçamento discricionário, querem mais. Pretende-se um carimbo geral, em resposta à correta atuação do ministro do STF Flávio Dino nas chamadas “emendas Pix”.
Para ter claro, o ministro Flávio Dino suspendeu as emendas individuais na modalidade de transferência especial, conhecidas como “emendas Pix”, determinando a devida fiscalização. O dinheiro sai de Brasília direto para os municípios sem qualquer controle. Isso para falar sobre o que é possível ver a olho nu. A verdade é que o Executivo precisa liderar uma proposta de reforma orçamentária, a partir de uma ampla alteração da Lei n.º 4.320, a Lei Geral de Finanças Públicas, que data do governo João Goulart (1964).
A questão das dívidas dos Estados, da desoneração e das emendas só reforça a percepção de que o Congresso perdeu a mão nas questões fiscais. Retrocedeu à idade da pedra lascada, quando deveria pôr a mão na consciência e colaborar com o governo na tarefa hercúlea de recuperar as condições de sustentabilidade da dívida pública, já próxima dos 80% do PIB novamente.
Nas três temáticas, a tônica é a mesma: torrar dinheiro público sem indicar a fonte de recursos para a gastança, sem a devida transparência e ferindo a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) – Lei Complementar n.º 101, de 2000 – e a própria Constituição.
Os Estados têm direito de renegociar suas dívidas, mas este é um assunto que, em primeiro lugar, deve ser tratado entre credor e devedor. O lugar geométrico dessas discussões deveria ser o Conselho de Gestão Fiscal, previsto na LRF, há 24 anos, mas nunca tirado do papel. Cada Estado, no grupo dos maiores devedores, tem uma situação singular. Soluções genéricas, que criam um passivo estapafúrdio para o erário, deveriam ser abortadas no nascedouro.
A desoneração da folha, por sua vez, precisa ser tratada à luz dos estudos técnicos disponíveis. Não há um especialista que tenha avaliado o tema para concluir ser positiva a medida. Ela não tem o condão de gerar emprego e renda, como se apregoa. Gera, ao contrário, custos altíssimos e, pior, sem compensação, porque o Congresso não quer ferir susceptibilidades de grupos de interesse. Ora, vão desrespeitar a decisão do Supremo?
Quanto às emendas parlamentares, a direção proposta no Senado é a oposta da que se deveria engendrar após tantos desvarios nessa matéria. É necessário um freio de arrumação, um limite. O rigor na fiscalização e no controle deve ser máximo. A prioridade tem de ser o investimento em infraestrutura, sob critérios regionais e sociais, e não dinheiro voando para lá e para cá, pulverizado em emendas desligadas dos objetivos nacionais.
A Fazenda, daqui a pouco, não vai mais conseguir andar, tamanho o peso da bola de ferro que o Congresso está amarrando no seu pé.
Infomoney - SP 16/08/2024
Os preços futuros do minério de ferro estenderam as quedas para a quarta sessão consecutiva nesta quinta-feira, atingindo o nível mais baixo em mais de 14 meses, à medida que dados persistentemente fracos de imóveis na China exacerbaram o pessimismo sobre as perspectivas da demanda.
O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações da manhã com queda de 2,09%, a 703,5 iuanes (98,32 dólares) a tonelada.
O contrato atingiu seu menor valor desde 26 de maio de 2023, a 691 iuanes por tonelada, no início da sessão.
O minério de ferro de referência de setembro na Bolsa de Cingapura caiu 2,81%, para 93,5 dólares a tonelada, o menor valor desde novembro de 2022.
O investimento no setor imobiliário na China caiu 10,2% nos primeiros sete meses em relação ao ano anterior, depois de retrair 10,1% em janeiro-junho. O lançamento de novas construções medido pela área útil caiu 23,2% no ano, após uma queda de 23,7% no primeiro semestre do ano, segundo dados oficiais.
O mercado imobiliário continua sendo o maior consumidor de aço da China, apesar da queda da participação do setor em meio à prolongada crise desde 2021.
“Acreditamos que os preços do minério terão mais espaço para queda em termos de valuation, já que já romperam o nível de suporte de 100 dólares a tonelada”, disseram analistas da Shengda Futures em uma nota.
Os índices de referência do aço na Bolsa de Futuros de Xangai registraram novas perdas, com quedas acentuadas de preços que azedaram o sentimento, disseram os analistas.
Em julho, a produção de aço bruto da China caiu pelo segundo mês consecutivo, diminuindo 9,5% em relação a junho, já que muitas siderúrgicas realizaram trabalhos de manutenção em meio a uma ampliação das margens de lucro já negativas.
Investing - SP 16/08/2024
Com negociação do acordo da Samarco em fase final, segundo notícias na mídia, o Bank of America (NYSE:BAC) (BofA) estimou alguns cenários para possíveis provisões da Vale, além de implicações para dividendos e outros indicadores. No entendimento do banco, no entanto, haveria espaço para distribuição de dividendos extraordinários em todos os cenários, conforme relatório divulgado a clientes e ao mercado nesta quinta-feira, 15.
O BofA considerou três cenários: a proposta das mineradoras, a sugestão do governo e um ponto intermediário. "Na proposta intermediária (entre a oferta informada da Vale e a oferta informada do governo), estimamos novas provisões de US$ 1 bilhão. Pela proposta da Vale, as disposições deveriam permanecem muito alinhados com o que já está reservado. Na proposta divulgada pelo governo, provisões adicionais poderiam ser de US$ 2,5 bilhões", calcularam os analistas Caio Ribeiro, James Redfern, Jason Fairclough, Leonardo Neratika, Guilherme Rosito, Carlos Assumpcao.
Os analistas pontuam que, em todas as propostas, considerando que as contribuições da Samarco não devem ser esquecidas, a expansão da dívida líquida deve ficar em menos de US$20 bilhões até o final de 2024, "o que poderia abrir espaço para potenciais dividendos extraordinários".
O cálculo da dívida líquida considera que os R$16 bilhões mencionados pela imprensa poderiam ser parcelados e podem substituir investimentos em ferrovias nos próximos anos
O BofA possui indicação neutra para Vale, com preço-alvo de US$13 para American Depositary Receipts (ADRs) nos Estados Unidos, diante de perspectiva cautelosa para o minério de ferro, enquanto o valuation parece justo, de acordo com os analistas.
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Às 10h31 (de Brasília) desta quinta, 15, as ações da Vale (BVMF:VALE3) perdiam 0,21%, a R$55,89, enquanto as ADRs (NYSE:VALE) estavam em acréscimo de 0,15%, a US$10,18.
A média das estimativas de modelos do InvestingPro estima um preço-justo de R$82,13 para as ações da Vale, upside de 47%, com grau de incerteza baixo. Para as ADRs, o alvo é de US$14,95.
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Valor - SP 16/08/2024
Negócio de US$ 91 bilhões exige mineração em um dos lugares mais quentes do mundo
Trens intermináveis com mais de 1,5 quilômetro de comprimento serpenteiam a longínqua vastidão avermelhada do Outback australiano, transportando minério de ferro, o maior produto de exportação do país, através de uma região mineradora crucial e cada vez mais vulnerável à volatilidade do clima, onde as temperaturas chegaram a igualar o recorde de 50,7°C do hemisfério Sul.
As ondas de calor do verão australiano mais recente chegaram a novos extremos na região de Pilbara, que tem cerca de duas vezes o tamanho da Espanha. Isso tem trazido complicações para uma força de trabalho de mais de 60 mil pessoas, muitas das quais operam ao ar livre em uma rede de dezenas de minas a céu aberto, usinas de processamento, ferrovias e portos. Os mineiros dizem que muitas vezes as condições são comparáveis a entrar em um forno.
Em 30 de dezembro, o calor atingiu 49,3°C em Marble Bar e igualou o recorde registrado na cidade desértica em 122 anos de observações do serviço meteorológico da Austrália. Naquele dia, uma linha ferroviária de minério de ferro próxima cedeu sob o estresse e fez um trem da Fortescue Ltd. descarrilar, tombando vários vagões de minério de ferro. Embora a tripulação não tenha se ferido, a ferrovia da empresa exportadora ficou quatro dias interrompida.
Quando você tem esse calor e está exausto, erros acontecem e os trabalhadores correm riscos”
— Shane Roulstone
Produtores de metais e gás natural na região de Pilbara, assim como as comunidades locais, incluindo aborígenes australianos cujas raízes remontam pelo menos 40 mil anos, há muito tempo lidam com os riscos climáticos, enfrentando ciclones tropicais na costa noroeste, incêndios florestais frequentes e inundações repentinas.
Preparar-se para um futuro de ameaças ainda piores provocadas pelas mudanças climáticas é vital para proteger uma indústria de minério de ferro que prosperou por décadas, suprindo materiais para a produção de aço em usinas na China e no resto da Ásia, um comércio que impulsiona a economia australiana e gerou cerca de 138 bilhões de dólares australianos (R$ 497 bilhões) em receitas de exportação no ano encerrado em 30 de junho.
“Pode ser um ambiente implacável”, disse Matthew Holcz, diretor-gerente das minas da Rio Tinto em Pilbara. “Quando olhamos para o aquecimento global sob toda uma série de cenários diferentes - em termos de emissões de carbono -, esses períodos de temperaturas extremas podem se prolongar ainda mais.”
A Rio Tinto, cuja sede fica em Londres, prevê que, no cenário pessimista para as emissões mundiais, sua operação em Gudai-Darri, quase 1.100 km a nordeste de Perth, verá o número de dias acima de 40°C dobrar para 80 por ano até meados do século, o que aumenta as preocupações quanto à saúde dos funcionários e à confiabilidade das fontes de energia e da infraestrutura elétrica.
A BHP, a mineradora de maior valor de mercado do mundo, prevê que o número de dias acima de 40ºC na parte oeste de Pilbara pode aumentar para 124 por ano na década de 2070, em comparação aos atuais cerca de 54. Uma análise dos prováveis efeitos sobre mais de 140 equipamentos concluiu que esse cenário traria novos problemas para itens como cabos de transmissão e superfícies de estradas.
Embora essas análises se refiram a décadas à frente, os possíveis impactos já são relevantes para produtores de commodities, que investem bilhões de dólares em instalações mineradoras muitas vezes planejadas para operar por 40 anos ou mais. Os maiores produtores de minério de ferro da Austrália, como Rio Tinto, BHP e Fortescue, gastaram cerca de 16 bilhões de dólares australianos (cerca de R$ 58 bilhões) em novos projetos em Pilbara nos últimos dez anos.
A proporção de ativos da BHP no mundo que corre risco diante das ondas de calor aumentará para 96% até meados do século, em comparação aos cerca de 75% em 2030, de acordo com dados sobre a exposição de ativos físicos às mudanças climáticas reunidos pela Bloomberg. Por sua vez, a exposição da Rio Tinto aumentará de 79% para 88% no mesmo período, segundo esses dados.
As temperaturas já têm impacto nas grandes mineradoras, não apenas nas minas escaldantes da Austrália, mas em outros locais áridos que abrigam recursos valiosos de metais, como o deserto do Atacama, no Chile. Cerca de 2% das doenças ocupacionais registradas pela BHP estão ligadas a estresse pelas temperaturas, segundo a empresa. Há casos isolados de fatalidades na indústria de mineração nas quais o clima teve influência.
“Sempre que você vai para fora, é como uma parede de calor”, disse Shane Roulstone, organizador nacional do setor de mineração no Sindicato dos Trabalhadores Australianos, que já esteve em locais por quase toda a região de Pilbara nos últimos dez anos. “Quando você tem esse calor e está exausto, erros acontecem e os trabalhadores correm riscos.”
Um técnico de campo de exploração de 49 anos que trabalhava para a Rio Tinto morreu em 2017 após desmaiar ao buscar novos locais de perfuração em Pilbara, de acordo com o Departamento de Energia, Minas, Regulamentação da Indústria e Segurança da Austrália Ocidental. O homem e dois colegas precisavam caminhar mais de 16 quilômetros por dia em temperaturas que provavelmente ultrapassavam 37°C e não perceberam que eram obrigados a fazer avaliações de estresse térmico.
Em 2021, a Rio Tinto foi multada em 80 mil dólares australianos (R$ 289 mil) pelo incidente e por não garantir a segurança dos funcionários. A mineradora tinha políticas sobre as temperaturas em vigor na época e continua a desenvolver formas de responder a temperaturas extremas. Funcionários que realizam tarefas na quais podem se deparar com alto risco de calor são monitorados diariamente para a detecção de sinais de doença, enquanto aqueles expostos a ambientes muito quentes passam por um período de aclimatação antes de começar a trabalhar, segundo relatório publicado pela Rio Tinto em fevereiro.
Nas instalações de mineração em Pilbara, há zonas frescas perto das áreas de trabalho e processos para garantir que haja hidratação adequada e pausas extras para os funcionários, de acordo com Holcz, da Rio Tinto. “Também agendamos trabalhos fisicamente mais extenuantes para a noite, ou garantimos que mais tarefas possam ser feitas em nossas oficinas, que, se não estiverem climatizadas, pelo menos terão ventiladores e estarão fora da luz solar direta”, disse Holcz.
A Fortescue tem medidas em vigor, como sensores de temperaturas ao longo de seus 760 km de ferrovias, e estuda tecnologias que permitam avaliar a hidratação dos funcionários, como testes de saliva, segundo a empresa. Mesmo diante desses desafios, a indústria de mineração continua a expandir-se em algumas das áreas mais propensas a altas temperaturas. Em janeiro de 2022, a cidade litorânea de Onslow, em Pilbara, registrou a temperatura mais quente do hemisfério Sul, igualando uma medição de 1960, em Oodnadatta, na Austrália Meridional.
Em maio, a Mineral Resources Ltd. começou a exportar o minério de ferro de uma nova mina nos arredores de Onslow. As instalações devem operar por pelo menos 30 anos.
Auto Industria - SP 16/08/2024
O número merece mesmo um registro histórico: a Jeep é a primeira marca a superar 1 milhão de utilitários esportivos vendidos no Brasil. A conta, porém, considera apenas os três modelos nacionais fabricados no complexo industrial da Stellantis de Goiana, PE, inaugurado há apenas nove anos.
A história de sucesso e a ascensão dos chamados SUV’s, atual maior segmento do mercado interno, responsável por quase a metade dos licenciamentos de automóveis de passeio, está intimamente ligada à trajetória recente da marca estadunidense e do trio Renegade, Compass e Commander.
Antes do primeiro Renegade sair da linha de montagem pernambucana em 2015, a categoria era apenas a quarta maior, com 10% das vendas. Hatches pequenos e modelos de entrada estavam à frente na preferência do consumidor brasileiro, com 25% dos licenciamentos cada, seguidos pelos sedãs pequenos, que respondiam por 17% do total negociado.
Desde então os SUV’s ano a ano ampliaram sua fatia, também com a chegada de muito concorrentes motivada, em boa parcela, pela súbita ascensão da participação da Jeep. Não fosse ela, talvez o perfil do mercado brasileiro seria diferente, com os utilitários esportivos com menor protagonismo.
O “canto da sereia” dos utilitários esportivos ficou evidente, de fasto, em 2015. Um ano antes, com 3,1 mil licenciamentos de seus modelos importados, a Jeep deteve 0,1% de participação em automóveis e não aparecia nem entre as 20 mais mais negociadas.
Já em 2015, o primeiro de produção em Goiana, a marca venderia 41,8 mil unidades, 12 vezes mais, e saltaria para 2%. A partir de então vendas e participações só aceleraram. De 59 mil e 3,5% em 2016, passaram para 88,2 mil e 4,7% em 2017, 107 mil e 5,1% em 2018, 129,5 mil e 5,7% em 2019, e 110,1 mil e 6,8% em 2020.
Os recordes de emplacamentos de 148,8 mil unidades e de 9,5% de participação foram alcançados em 2021, quando a Jeep, mesmo limitada a um segmento de mercado, alcançou a condição de quinta marca mais vendida do País, atrás somente das montadoras generalistas Volkswagen, Fiat, GM e Hyundai.
Em 2022, com 8,7%, e no ano passado, com 7,3%, a penetração foi menor, mas ainda assim garante à marca a sexta colocação no ranking das mais negociadas. São índices elevados para quem, na prática, tem apenas três veículos em um único segmento.
Nos sete primeiros meses de 2024 a Jeep negociou 65,7 mil veículos, tem 6,4% de penetração, mas sustenta a sexta colocação, apesar da enxurrada de novos concorrentes nacionais e importados de tradicionais e marcas estreantes que aportaram nas revendas de dois anos para cá.
Com 29,3 mil licenciamentos, quase a metade do total, o Renegade é o modelo mais vendido da marca em 2024. O SUV compacto, porém, dispensa o “quase” no levantamento histórico e, de fato, tem a metade de todas as vendas da Jeep ao longo desses nove anos. Atingiu precisos 500 mil emplacamentos há cerca de um mês.
É dele também o maior volume registrado por um Jeep em um único ano. O recorde foi registrado em 2021: 73,9 mil unidades, suficientes para garantir pela segunda vez o título de utilitário esportivo mais vendido do País.
Monitor Digital - RJ 16/08/2024
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, o ministro dos Transportes, Renan Filho e o governador do Paraná Carlos Massa Ratinho Junior visitaram nesta quinta-feira o Complexo Ayrton Senna, da Renault do Brasil, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Na ocasião, a Renault anunciou investimentos de R$ 5,1 bilhões na nova linha de produção da fábrica, que produz atualmente oito veículos, entre eles o novo Kardian, que começou a ser fabricado em março deste ano.
O presidente da Renault do Brasil, Ricardo Gondo, destacou o grande volume de investimentos no parque industrial em empresa. “A Renault confia no Paraná, confia no mercado brasileiro. Por isso estamos investindo R$ 5,1 bilhões no ciclo 2021/2025”, ressaltou.
Esse grande montante de investimentos conta com apoio do programa de incentivos fiscais do Governo do Estado. São investimentos para aumentar a gama de veículos produzidos no Complexo Ayrton Senna. O último deles, no valor de R$ 2 bilhões, foi feito para viabilizar a produção de um C-SUV completamente novo sobre a Plataforma Modular do Grupo Renault, a mesma utilizada na linha de montagem do Kardian, lançado para o mercado neste ano.
Este último investimento faz parte do International Game Plan 2027 da empresa, projeto mundial da Renault que prevê fabricar oito novos modelos, incluindo três SUVs do segmento C, entre 2024 e 2027 para os mercados internacionais. O Brasil é o segundo maior mercado da montadora francesa no mundo.
O Paraná é o segundo maior polo automotivo do Brasil. Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), são dez complexos industriais no estado, que produzem veículos, máquinas agrícolas e rodoviárias, motores, componentes, entre outros produtos.
Renault
A Renault chegou ao Paraná em 1998, com a instalação do Complexo Industrial Ayrton Senna, na RMC, em uma área de 2,5 milhões de metros quadrados, com 40% dessa área de mata preservada. Ao todo, são 5,3 mil colaboradores diretos, com mais de 25 mil empregos indiretos.
A multinacional conta com duas fábricas: a de veículos de passeio (CVP) e a de veículos comerciais leves (CVU). Também abriga um centro de preparação logística, a sede administrativa da Renault do Brasil e Renault América Latina, e o Centro de Engenharia Renault Tecnologia Américas (RTA), que conta com cerca de 800 profissionais de engenharia.
São fabricados os veículos Kwid, Logan, Stepway, Kardian, Duster, Oroch e Master para o mercado interno e para exportação. Nesses 26 anos de história, mais de 3,5 milhões de veículos foram produzidos e mais de um milhão exportados, sendo a Renault do Brasil o hub exportador para a América Latina.
Automotive Business - SP 16/08/2024
A produção de veículos chegou a 1,5 milhão de unidades na primeira quinzena de agosto, segundo Marcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, a associação que representa os interesses das montadores de veículos no país.
O representante da entidade divulgou o dado em evento realizado na fábrica da Renault em São José dos Pinhais (PR), o qual contou com a presença do presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin, ministros e representantes do sindicato local dos metalúrgicos.
O marco produtivo foi a novidade do dia, uma vez que a anfitriã Renault já havia anunciado os seus planos para o seu próximo ciclo de investimentos, em dezembro de 2023. Outro assunto explorado na oportunidade, os mais de R$ 130 bilhões em investimentos anunciados na esteira do Programa Mover, também já é manchete antiga.
De forma que o encontro agendado para ocorrer na fábrica do Renault serviu de palco para que a indústria pudesse indicar que se está produzindo mais veículos no país, a considerar o fato de que a marca das 1,5 milhão de unidades foi alcançada mais rápida em 2024 do que em 2023, quando o marco foi registrado em meados de setembro.
Serviu também para que o governo pudesse consolidar a longa turnê criada em torno dos investimentos e conquistas recentes das montadoras.
A cmeçar lá atrás, na fábrica da Stellantis em Goiana (PE), quando da extensão dos regimes regionais, passando pelo seu desfile em carro aberto na fábrica da Volkswagen, em São Bernardo do Campo (SP), até chegar a essa solenidade na Renault na quinta-feira, 15.
Lula nunca esteve antes na unidade, e o ineditismo do evento foi oportuno - nada como brindar os investimentos recentes aportados na indústria automotiva nacional em uma região considerada aliada às agendas de opositores do atual governo.
Enquanto na Stellantis, em junho do ano passado, o presidente foi aclamado por ampla maioria dos presentes, no Paraná as vaias se fizeram presentes. Não sanaram nem quando o presidente disse estar inclinado a isentar os PLRs de tributos fiscais via Reforma Tributária.
O governo, portanto, se mostra inclinado a reverter o quadro no terreno adversário escorado nos avanços da indústria. Segundo as estimativas da Anfavea, a produção de veículos esperada para acontecer no país este ano será 5% maior do que a registrada no ano passado, algo em torno de 2,4 milhões de unidades. A metade disso já foi superada.
Globo Online - RJ 16/08/2024
O mercado imobiliário do Rio de Janeiro apresentou crescimento expressivo no primeiro semestre de 2024, no Valor Geral de Vendas (VGV) de imóveis novos. Segundo pesquisa encomendada pela Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ) à Brain Inteligência Estratégica, o VGV atingiu R$ 4,61 bilhões nos primeiros seis meses deste ano, marcando um aumento de 66% em relação ao mesmo período de 2023, quando o VGV foi de R$ 2,77 bilhões.
O crescimento é ainda mais acentuado ao se analisar os dados do segundo trimestre de 2024. Entre abril e junho deste ano, o VGV carioca foi de R$ 2,5 bilhões, representando um salto de 94% em comparação aos R$ 1,287 bilhão registrados no segundo trimestre de 2023.
Marcos Saceanu, presidente da Ademi-RJ, destacou que o segundo semestre tende a ser ainda mais dinâmico. “Historicamente, o segundo semestre é mais movimentado, com mais lançamentos de construtoras e incorporadoras. Isso tem sido uma constante em nossa série histórica”, afirmou Saceanu.
Apesar de um número menor de lançamentos no primeiro semestre de 2024 em comparação com o mesmo período do ano anterior, a quantidade de unidades oferecidas foi superior. Foram lançadas 7.949 unidades de imóveis, em contraste com as 5.966 unidades lançadas no primeiro semestre de 2023. Esse aumento reflete a recuperação do segmento Minha Casa, Minha Vida, conhecido por seus edifícios com maior quantidade de apartamentos.
Outro ponto relevante da pesquisa foi a redução do estoque de imóveis novos. Em março de 2024, havia 12.588 unidades disponíveis para venda, número que caiu para 11.518 unidades apenas três meses depois. Marcelo Gonçalves, sócio da Brain Inteligência Estratégica, observou que “o Rio de Janeiro é hoje uma das capitais com menor oferta de imóveis novos em todo o país.”
O cenário otimista para o mercado imobiliário carioca sugere um segundo semestre promissor, com potencial para continuidade no crescimento e dinamismo do setor.
Valor - SP 16/08/2024
Empreendimento prevê a ampliação da Malha Norte, que hoje chega a Rondonópolis (MT), até o norte do Estado, em Lucas do Rio Verde (MT), com mais de 700 km de ferrovias novas
O projeto da Rumo de expandir sua malha ferroviária no Mato Grosso entrou em seu pico de aceleração da mobilização, segundo Rafael Bergman, vice-presidente financeiro, em teleconferência com analistas, nessa quinta-feira (15).
“No segundo trimestre, já teve uma aceleração, entramos no pico de mobilização de mão de obra, temos mais de 4 mil trabalhadores mobilizados em obra. A expectativa é de que agora tenha um ‘capex’ [investimento] maior para cumprir a meta de ter o início da operação do primeiro terminal em 2026”, disse ele.
O projeto prevê a ampliação da Malha Norte, que hoje chega a Rondonópolis (MT), até o norte do Estado, em Lucas do Rio Verde (MT), com mais de 700 km de ferrovias novas, e será construído em etapas. A primeira fase, em curso, terá cerca de 210 km, de Rondonópolis (MT) até Campo Verde (MT).
No primeiro semestre, a Rumo investiu R$ 2,1 bilhões. Segundo as projeções atualizadas divulgadas na quarta (14) pela empresa, o investimento total do ano deverá ficar entre R$ 5,4 bilhões e R$ 5,7 bilhões.
Questionado sobre o novo projeto do terminal de grãos em Santos, que será construído na área da DP World e em sociedade com a CHS, o executivo disse que se trata de um projeto que mira a expansão de capacidade do Porto de Santos para o médio e longo prazo, para acompanhar os novos investimentos na infraestrutura ferroviária de acesso ao porto.
“O terminal novo será um segundo bloco, ainda em processo de licenciamento. É um projeto vislumbrando capacidade para o médio prazo, também relevante. O Porto de Santos é estratégico principalmente no destino para a Ásia e para acompanhar investimentos na ferrovia. Ao longo do tempo a empresa vem fazendo investimentos em originação. A extensão no Mato Grosso traz possibilidade de expandir a originação. Foi por isso que a gente tomou a decisão de dar esse primeiro passo. Apesar de não se ver necessariamente como dono dos terminais, nosso histórico demonstra isso, com a reciclagem de ativos, mas esse papel de, em momento inicial, mover o projeto adiante é um papel relevante e temos sido bem sucedidos nessa iniciativa”, disse.
Valor - SP 16/08/2024
Impõe-se como desafio, segundo a empresa, a destruição gerada pelo desastre climático no Rio Grande do Sul; as enchentes no Estado chegaram a interromper a operação da malha ferroviária
A Rumo prevê um cenário de maior complexidade para a renovação da concessão da Malha Sul, diante da destruição gerada pelo desastre climático no Rio Grande do Sul, segundo Rafael Bergman, vice-presidente financeiro, que falou em teleconferência com analistas nesta quinta-feira (15). A provisão para “impairment” (baixa contábil por perda de valor de ativos) de R$ 2,575 bilhões, realizada pela companhia no balanço do segundo trimestre, reflete essa situação, disse ele.
O desastre climático no Estado chegou a interromper a operação da malha ferroviária. O fluxo de grãos que interliga o interior do Estado ao terminal de Rio Grande ficou parado por cerca de dez dias e foi retomado, mas o fluxo logístico de granéis líquidos e produtos industriais que interliga os Estados da região Sul segue bloqueado, devido a vários danos estruturais em áreas de encosta que a ferrovia atravessa.
“No momento, a empresa faz a avaliação de complexidade de eventual reconstrução e se depara com a complexidade de discussão da renovação da Malha Sul, daí a necessidade de ajuste contábil, que reflete a complexidade e um horizonte de tempo, sem a potencial renovação, se isso não acontecer, para recuperar o valor dos ativos”, disse.
Ele destaca que a Rumo segue interessada na renovação. “A discussão contábil está desvinculada da discussão regulatória. O fato da empresa ter feito a provisão não significa que não tem interesse de seguir com potencial renovação, o processo segue seu curso, mas a discussão contábil traduz a complexidade do processo.”
Gustavo Marder, diretor de relações com investidores da empresa, afirma que a companhia busca uma renovação com rentabilidade e diz que os danos na estrutura são fruto de eventos de força maior, e que por isso não necessariamente o ativo precisa ser devolvido reconstruído.
“É uma malha bastante antiga que apresenta desafios, a companhia segue buscando uma discussão com o governo que seja sustentável para que o negócio tenha um mínimo de rentabilidade. Não são discussões simples, leva tempo, e companhia segue engajada para buscar eventual oportunidade de renovar com geração de valor”, afirmou.
“Em relação ao trecho, não seria uma reconstrução rápida. Tem áreas de encosta que são problemáticas, e contratualmente dispara evento de força maior no contrato. É discussão que deve levar bastante tempo, por isso há imprevisibilidade de quando vai acontecer. Não há obrigação de devolver o trecho operacional dado o evento de força maior. A estratégia vai ser discutida com agência reguladora para formato de recuperação”, disse.
Money Times - SP 16/08/2024
A produção das refinarias de petróleo da China em julho caiu 6,1% em relação ao ano anterior, mostraram dados oficiais nesta quinta-feira (15), marcando a quarta queda mensal, já que as margens de processamento reduzidas e a fraca demanda por combustível desencorajaram a produção.
As refinarias processaram 59,06 milhões de toneladas de petróleo bruto em julho, mostraram dados do Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês), o equivalente a 13,91 milhões de barris por dia (bpd), o menor desde outubro de 2022.
A taxa de julho caiu frente aos 14,19 milhões de bpd em junho e aos 14,87 milhões de bpd em julho de 2023.
A produção dos primeiros sete meses do ano foi de 419,15 milhões de toneladas, ou 14,37 milhões de bpd, uma queda de 1,2% em relação ao período correspondente do ano passado, mostraram os dados.
Esse é o segundo mês consecutivo em que os dados mostram que os volumes acumulados no ano caíram em relação ao período do ano anterior desde o final de 2022, de acordo com os registros da Reuters.
A demanda por gasolina permaneceu moderada, apesar de um aumento nas viagens durante as férias escolares de verão, que se estendem por julho e agosto, já que os consumidores escolheram viajar para o exterior ou optaram pelo trem de alta velocidade para viagens de longa distância em vez de dirigir.
A consultoria chinesa JLC estimou que o consumo aparente de combustível para motores em julho aumentou 3,3% em relação a junho, uma taxa de crescimento significativamente mais lenta do que no ano anterior.
Uma maior penetração de veículos elétricos no maior mercado automotivo do mundo também continuou a reduzir o uso de gasolina. Metade de todos os veículos vendidos na China em julho eram novos veículos elétricos ou híbridos plug-in.
Os dados do NBS também mostraram que a produção de petróleo bruto da China em julho aumentou 3,4% em relação ao ano anterior, para 17,9 milhões de toneladas, ou cerca de 4,22 milhões de bpd. No acumulado do ano, a produção de petróleo bruto aumentou 2,1% em relação ao ano anterior, para 124,96 milhões de toneladas, ou 4,28 milhões de bpd.
Nos últimos anos, as empresas petrolíferas nacionais aumentaram a produção de campos offshore e de reservatórios onshore mais profundos para compensar o declínio das reservas em campos maduros, como Daqing e Shengli, a fim de aumentar a segurança do fornecimento.
TN Petróleo - RJ 16/08/2024
A produção mensal de petróleo da União alcançou novo recorde em junho, chegando a 71 mil barris por dia (bpd). O volume é referente aos oito contratos de partilha (66 mil bpd) e aos Acordos de Individualização da Produção (AIPs) das áreas não contratadas de Tupi e Atapu. O resultado é 26,7% acima da produção de maio e foi influenciado pela redução de recuperação de custos de Mero e pelo aumento da participação da União nos AIPs das áreas não contratadas de Tupi e Atapu. O campo de Mero foi responsável por 73% da produção da União. Os dados fazem parte do Boletim Mensal da Produção, divulgado nesta quinta-feira pela Pré-Sal Petróleo (PPSA).
Segundo Tabita Loureiro, Diretora Técnica e Presidente Interina da PPSA, o novo recorde coloca a União com a 8ª maior produção do país no mês e, até o final do ano, os números serão ainda maiores. "Pelos nossos estudos, no final do ano podemos atingir quase cem mil barris por dia", disse ela.
A produção total dos contratos em regime de partilha tem se mantido estável, com média diária de 1 milhão de barris. O resultado de junho foi 3% maior do que o período anterior, em função da melhoria operacional da P-70, no campo de Atapu. Búzios foi o maior produtor com 509,9 mil bpd. Desde 2017, início da série histórica, a produção acumulada em regime de partilha de produção é de 842,5 milhões de barris. A produção acumulada da União soma 45,83 milhões de barris de petróleo.
Em relação ao gás natural exportado, em junho, a produção média em regime de partilha foi de 3,72 milhões de m³ por dia. O resultado do mês foi 0,5% menor em relação ao período anterior, devido à estabilidade na exportação em Búzios e pequena redução de exportação de gás no campo de Sapinhoá. Deste total, a União teve direito a uma produção de 113 mil m³ por dia. Somando os resultados do AIP de Tupi, o volume total de gás natural disponível para comercialização da União foi de 166 mil m³ por dia em junho.
TN Petróleo - RJ 16/08/2024
Trabalhar para a expansão do gás natural em Mato Grosso do Sul, com resultados positivos para investidores, os atuais e novos usuários, e como instrumento de desenvolvimento sustentável do Estado é meta compartilhada entre a Agência Estadual de Regulação (AGEMS) e a MSGÁS.
A economista Cristiane Alkmin Junqueira Schmidt (foto), que assumiu há cerca de um mês a presidência da MSGÁS, traz uma visão de futuro focada em três pontos: a lucratividade da empresa, o fortalecimento do papel social e a vertente da transição energética, com o gás ocupando cada vez mais o espaço de combustíveis poluentes. Recebida pela Diretoria da AGEMS na última terça (13), a executiva buscou informações sobre a atuação da Agência, explanou os objetivos imediatos, e citou entre as metas principais o fomento às condições para aumentar o uso do GNV.
“O Brasil já tem uma matriz energética extremamente limpa, mas pode melhorar mais”, avalia, apontando as oportunidades para ter em Mato Grosso do Sul muito mais caminhões de cargas utilizando o GNV em lugar de combustível fóssil.
Nessa primeira reunião institucional, o diretor-presidente, Carlos Alberto de Assis, e a diretoria-executiva da Agência reforçaram o compromisso de uma regulação forte e alinhada com a relevância que o gás vem ganhando no cenário nacional.
“Nós temos como principal compromisso a segurança jurídica e a busca do equilíbrio na regulação, e estamos à disposição nesse novo momento da empresa, nos novos projetos, no trabalho conjunto para aproveitar todo esse potencial”, assegurou Carlos Alberto.
Reforma tributária
Outro ponto de discussão integrada entre as instituições é a Reforma Tributária e seus efeitos para o setor. O assunto já foi pauta no seminário promovido pela AGEMS no dia 8 de agosto, com presença de Cristiane e dirigentes de outras empresas reguladas, e deverá ser ainda bastante debatido nos próximos meses.
O diretor de Gás e Energia, Matias Gonsales, ratificou convite à presidente da MSGÁS para participação em painel no 1º Seminário do Gás de Mato Grosso do Sul, que acontece em novembro, em Bonito, com o tema Um Encontro sobre a Abertura do Mercado de Gás Natural no MS e os Cenários Nacional e Internacional.
“Nós temos nosso plano de fiscalização, temos legislação recente que produzimos e temos muito interesse em participar dessa renovação que o gás representa para o nosso Estado”, destacou Matias.
AGEMS e MSGÁS ainda alinharam proposta para eventos técnicos conjuntos de capacitação, inclusive contando com apoio da Associação Brasileira de Agências de Regulação (ABAR), ideia que já teve tratativas iniciadas pela diretora de Inovação e Relações Institucionais, Rejane Monteiro.
Participaram também da reunião institucional a diretora Caroline Tomanquevez (Transportes, Rodovias, Ferrovias, Portos e Aeroportos), a ouvidora Cristiane Leite e a procuradora Priscila de Siqueira.
Veja - SP 16/08/2024
No acumulado de janeiro a julho de 2024, a balança comercial do agronegócio paulista apresentou um resultado positivo de 13,5 bilhões de dólares, ou 74 bilhões de reais na cotação desta quarta-feira, 14. O número, levantado pelo Instituto de Economia Agrícola, vinculado ao governo do estado de São Paulo, configura um incremento de 9,7% em relação ao superávit do mesmo período de 2023. Compondo a balança, a exportação de produtos agropecuários paulistas atingiu 16,8 bilhões de dólares até julho, contra um fluxo de importações de 3,2 bilhões de dólares. Tanto as exportações quanto as importações cresceram pouco mais de 9% ante os primeiros sete meses de 2023. As exportações do agronegócio representaram 42,8% do total exportado pelo estado de São Paulo no período, enquanto as importações do setor responderam por apenas 7,6% do total das importações paulistas. O bom desempenho do agronegócio ajudou a evitar um déficit comercial maior no estado, uma vez que os outros setores da economia paulista registraram, juntos, um déficit de 17,2 bilhões de dólares.
Os principais produtos exportados pelo agronegócio de São Paulo entre janeiro e julho foram: açúcar e etanol, que movimentam 6,5 bilhões de dólares; papel e celulose (1,8 bilhão de dólares); carnes (1,8 bilhão de dólares); soja (1,7 bilhão de dólares); e sucos (1,3 bilhão de dólares). Esses cinco grupos de produtos representaram quase 80% das exportações do agronegócio paulista. O segmento de açúcar e etanol apresentou a maior alta em valor exportado, de quase 32% entre janeiro e julho. Por outro lado, a soja registrou uma queda expressiva de 36,7%. No agronegócio, São Paulo representou 17,2% das exportações brasileiras, um aumento de 1,4 ponto percentual em relação ao mesmo período de 2023. O estado fica atrás apenas de Mato Grosso, que foi responsável por 18,5% das exportações do agronegócio nacional.
As exportações do agronegócio brasileiro cresceram 1% em relação aos primeiros sete meses de 2023, atingindo 97,8 bilhões de dólares, representando quase metade (49,3%) das exportações totais do país. As importações do setor também registraram um aumento, de 15,9%, totalizando 11,25 bilhões de dólares, que correspondem a 7,6% das importações brasileiras. O saldo da balança comercial do agronegócio nacional foi positivo, com um superávit de 86,5 bilhões de dólares, apesar de inferior (-0,7%) ao registrado no mesmo período de 2023. Assim como em São Paulo, o desempenho ajudou a evitar um déficit comercial maior no Brasil, já que os demais setores da economia apresentaram um déficit de 37 bilhões de dólares nos primeiros sete meses de 2024.
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