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16 de Agosto de 2023

SIDERURGIA

Valor - SP   16/08/2023

As vendas internas das siderúrgicas tiveram recuo de 8,4% na comparação com o volume comercializado um ano atrás.

O mercado de aço no país continua com a demanda em baixa. Os números de julho, divulgados pelo Instituto Aço Brasil na segunda-feira (14), confirmam o cenário de retração das vendas internas das siderúrgicas — recuo de 8,4% na comparação com o volume comercializado um ano atrás.

Para complicar esse cenário, que se arrasta desde o início de 2023, as importações ganharam velocidade com a queda de preços no aço no exterior, tornando viável a compra de material na China, Coreia do Sul, Rússia, Turquia e até do Japão.

As importações tiveram expressiva alta de 78,5% no mês passado, ante um ano atrás, para 481 mil toneladas. Esse comportamento vem incomodando em demasiado as siderúrgicas do país. No acumulado do ano, o volume de importações já soma 2,69 milhões de toneladas, aumento de 48,4% sobre o mesmo período do ano passado.

Nesse cenário, empresas do país tem importado até placas, oriundas da China, Rússia, Japão e outros países. Aí se enquadram Usiminas e CSN, para complementar as produções próprias devido a reformas e problemas de alto-forno, respectivamente.

Isso explica o fato de o consumo aparente de produtos siderúrgicos ter mostrado leve alta no mês, de 0,8%, enquanto as vendas internas desabavam. O consumo é formado pelas vendas internas mais material importado. O consumo fechou em 1,98 milhão de toneladas, engordado pelo material estrangeiro.

A taxa de penetração de aço importado de diversas fontes cresceu 8 pontos percentuais desde julho de 2022, para 19,2%. No acumulado de sete meses, essa taxa de penetração de aço de fora do país ainda teve queda de 0,5%, mas com uma participação de 17%.

Nas vendas internas, segundo o Aço Brasil, verificou-se maior queda, de 13%, no comércio de aços longos — material como vergalhão, barras e perfis usados na construção civil e imobiliária e em obras de infraestrutura — em relação ao mesmo mês de 2022. No acumulado do ano, o decréscimo ficou em 8,4%.

Todavia, nos aços planos, que são usados na indústria automotiva, de máquinas e equipamentos, construção civil e bens de linha branca, a retração foi menos impactante — de 6% no mês, na mesma base comparativa. De janeiro a julho, o recuo foi de 2,8%.

Se não bastasse o enfrentamento das importações, que força a derrubar preços e queimar margens, as exportações — produtos semi-acabados (placas e tarugos) mais material laminado —, também fecharam julho em queda, de 13,8%. Janeiro a julho registram baixa de 6,2%, em 7,08 milhões de toneladas.

A produção de aço bruto, informou o Aço Brasil, também fechou em queda, de 4,7%, resultado da depressão do mercado e da reforma do alto-forno da Usiminas, que deve retornar até o final deste mês. O volume do mês ficou em 2,71 milhões de toneladas. No acumulado de sete meses, 18,61 milhões de toneladas — menos 8,6%.

Nesse ritmo, tudo indica que a produção de aço bruto das siderúrgicas neste ano ficará no máximo em 32 milhões de toneladas, marcando um segundo ano de retração.

Diante disso, a indústria do aço no Brasil viu a utilização de sua capacidade instalada, de 51 milhões de toneladas, baixar de 67% para 63,9% em julho. Na média do ano, o uso da capacidade está em 62,6%, bem abaixo do nível considerado saudável ao negócio siderúrgico — de 80% para cima.

ECONOMIA

Agência Brasil - DF   16/08/2023

A atividade econômica do país cresceu 1,3% em junho, na comparação com maio. No segundo trimestre do ano, a economia brasileira teve alta de 0,2%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (15) pelo Monitor do PIB da Fundação Getulio Vargas (FGV). O indicador mostra a prévia do Produto Interno Bruto (PIB, todos os bens e serviços produzidos no país).

No primeiro trimestre, o Monitor do PIB apontou um crescimento de 2% (valor revisado). “Após o forte crescimento registrado no primeiro trimestre do ano, a atividade econômica mostrou desaceleração. Apesar da forte retração registrada pela agropecuária, os modestos crescimentos do setor industrial e de serviços colaboraram para o resultado positivo de 0,2% no segundo trimestre”, explicou Juliana Trece, coordenadora da pesquisa.

“Em linhas gerais, esse resultado mostra uma certa resiliência da economia, que segue em terreno positivo mesmo com grande parte do bônus da agropecuária tendo se reduzido. Por outro lado, esse fraco crescimento também ilustra a pouca capacidade de reação da economia para crescer de forma mais robusta em um ambiente de baixo investimento, juros altos e elevado grau de endividamento das famílias”, disse.
Influências

Ao detalhar o resultado, a FGV identifica uma alta de 2,3% no consumo das famílias no segundo trimestre. Esse crescimento tem se reduzido desde o fim de 2022. A menor contribuição do consumo de serviços e de produtos não duráveis é a principal razão para essa desaceleração.

A formação bruta de capital fixo - indicador que reflete o nível de investimento, como aquisição de máquinas e equipamentos - teve retração de 2,5% no trimestre.

As exportações de bens e serviços cresceram 14,1% no segundo trimestre. Praticamente todos os componentes das vendas para o exterior cresceram no período, mas apenas dois explicam a maior parte do resultado: produtos agropecuários (30,1%) e minérios (23,8%) foram responsáveis por cerca de 80% do desempenho.

Pelo lado das importações, o crescimento foi de 6,8% no trimestre. As compras externas de bens de consumo (29,7%) e de capital (18,2%) responderam por mais de 60% do resultado.

Em valor corrente, a FGV estima o PIB brasileiro em R$ 5,74 trilhões.

A prévia da FGV vai ao encontro do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado na segunda-feira (14), que também aponta desaceleração do PIB no segundo trimestre. O IBC-Br teve alta de 0,43% de abril a junho em relação ao período de janeiro a março. No primeiro trimestre do ano, o crescimento foi de 2,41%, se comparado ao trimestre anterior (outubro a dezembro de 2022).
PIB oficial

Os números oficiais do PIB são divulgados trimestralmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados do segundo trimestre serão conhecidos no dia 1º de setembro. Em junho, o IBGE anunciou que o PIB do primeiro trimestre cresceu 1,9% na comparação com os últimos três meses de 2022.

O Estado de S.Paulo - SP   16/08/2023

Após ruídos na sua chegada ao Banco Central, o novo diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, adotou um tom apaziguador e de conciliação na sua primeira participação pública no cargo e depois da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a taxa Selic de 13,75% para 13,25% ao ano.

Durante debate organizado pelo Conselho Federal de Economia (Cofecon), o ex-braço direito do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentou afastar um postura conflituosa dentro do BC. Galípolo elogiou a qualidade técnica da reunião da reunião Copom.

Galípolo disse que nunca tinha participado de uma reunião tão bem “brifada” do ponto de vista de quantidade e qualidade de informações como a do Copom. Segundo ele, a sua primeira reunião aconteceu em clima cordial e educado.

“Isso é uma resultado de uma capacidade técnica enorme que existe dentro do BC”, afirmou. “A cada reunião que eu faço com técnicos eu queria sair com um diplominha de horas de curso que eu fiz adicional. Eu aprendo demais”, disse. Na sua avaliação, a última ata do Copom teve “coragem” de explicitar os debates que foram realizados, com posições técnicas e defensáveis. Ele, no entanto, não fez nenhuma referência ao presidente do BC, Roberto Campos Neto - nem a favor e nem crítica. Campos Neto votou por um corte maior dos juros, desempatando a decisão do comitê.

O novo diretor também disse que as decisões do Copom foram técnicas e todos os argumentos apresentados, válidos. Ele foi questionado sobre as divergências entre os grupos de diretores do BC na última reunião. Respondeu apenas que estavam relacionadas ao tamanho do corte: 0,25 ou 0,50 ponto porcentual. Mas sinalizou que há convergência sobre os próximos passos.

‘Mensageiro’

Indicado pelo presidente Lula para o cargo em meio a uma sequência de ataques de integrantes do governo a Campos Neto contra os juros altos, Galípolo é visto como um mensageiro do governo para acelerar a queda da taxa Selic e garantir maior diversidade de opinião no Copom.

As críticas do governo ao BC continham justamente a visão de que Campos Neto não estava sendo técnico ao manter os juros em patamar elevado por muito tempo, prejudicando a condução da atividade econômica e a gestão do governo Lula.

Os ruídos aumentaram com informações de que haveria uma espécie de “mordaça” no BC para tolher falas do novo diretor, o que foi negado pelo banco. O novo diretor é apontado como possível sucessor de Campos Neto. No debate, ele citou a escassez de pessoal, falta de concursos e a demanda por mudança na carreira dos servidores do banco. O governo e BC buscam uma transição suave até o final de 2024, quando termina o mandato de Campos Neto.

‘Economia real’

No debate, Galípolo apoiou proposta do ex-presidente do Cofecon, Antônio Corrêa de Lacerda, para ampliar o processo de captura de expectativas de inflação do Copom com outros segmentos da sociedade. Ele disse que o diretor de o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, tem falado sobre o tema.

Lacerda também propôs a criação de um conselho consultivo do Copom de experts sobre política monetária, formado por integrantes de fora do mercado. O economista, que foi professor de Galípolo, defendeu maior clareza no processo de operacionalização da autonomia do BC. Sobre esse ponto, Galípolo não comentou e nem respondeu pergunta do Estadão se o Copom precisa de mais diversidade de opinião.

Como antecipou o Estadão, Campos Neto se comprometeu a fazer pesquisas frequentes com empresários para captar o pulso da economia real do Brasil. A ideia do BC é fazer um novo indicador para monitorar as expectativas do ponto de vista das empresas. O Banco Central hoje capta as expectativas de mercado por meio do boletim Focus, uma pesquisa coletada apenas com representantes do mercado financeiro.

O Estado de S.Paulo - SP   16/08/2023

O novo arcabouço fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para substituir o teto de gastos, pelo qual o total de despesas de um ano é limitado ao valor do ano anterior corrigido pela inflação, nem foi aprovado ainda em definitivo pela Câmara, depois de ter sido modificado pelo Senado. Mas, segundo os analistas de mercado, já se tornou uma peça de ficção.

De acordo com os dados mais recentes do Boletim Focus, do Banco Central, as metas fiscais previstas pelo novo arcabouço para o período de 2023 a 2026– calculadas com base no aumento de receitas e não no corte de despesas – estão bem mais otimistas do que apontam as estimativas dos economistas dos bancos.

Pelas previsões do governo, as contas públicas devem fechar 2023 com um déficit primário de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto). Depois, a previsão é zerar o déficit em 2024 e transformá-lo em superávits de 0,5% do PIB em 2025 e de 1% do PIB em 2026, com uma tolerância de 0,25 ponto percentual, para mais ou para menos, durante todo o período.

Na avaliação do mercado, porém, conforme os números do Focus, apurados com base nas estimativas dos bancos, o déficit em 2023 deverá chegar a 1% do PIB, o dobro do previsto pelo governo. Nos anos seguintes, a projeção dos economistas das instituições financeiras é de que o Orçamento vai continuar no vermelho, com déficits equivalentes a 0,8%, 0,5% e 0,35% do PIB em 2024, 2025 e 2026, respectivamente.

Considerando um PIB de cerca de R$ 10 trilhões neste ano, isso significa que, em vez da geração de um superávit total de R$ 100 bilhões nos quatro anos do governo Lula, caso as metas previstas no novo arcabouço sejam cumpridas, o que deverá acontecer, pelas estimativas do mercado, é um rombo fiscal de R$ 265 bilhões no período. Ou seja, a diferença entre o que o governo prevê e o que os analistas preveem alcança a “bagatela” de R$ 365 bilhões (3,5% do PIB) até 2026, levando em conta no cálculo a estimativa do PIB para 2023.

É certo que, muitas vezes, as previsões catastrofistas dos economistas acabam desmentidas pela realidade. Foi assim, por exemplo, com a previsão de que a dívida pública alcançaria mais de 100% do PIB no pós-pandemia, mas ela acabou fechando em 73,6% do PIB em 2022, no menor patamar desde 2016. Foi assim, também, em relação à retomada da atividade econômica em 2021, após a recessão de 2020, mas ela voltou “em V”, como previa o ex-ministro da Economia Paulo Guedes. E foi assim, ainda, em 2022, quando as projeções apontavam para uma recessão ou um crescimento muito baixo, mas no fim o PIB fechou em alta de 2,9%. Não seria inusitado, portanto, se os economistas errarem de novo desta vez.

A questão é que, agora, as previsões do mercado já estão sendo confirmadas pela realidade. Até o próprio governo já anda dizendo que o quadro é mais nebuloso do que as projeções embutidas no novo arcabouço fiscal. O próprio Haddad já fala que o déficit em 2023 deverá ficar em 1% do PIB. Mas sua previsão, apesar de estar bem acima do que a do arcabouço, ainda parece otimista demais e não encontra eco nem na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

A última previsão da Secretaria de Orçamento do Ministério do Planejamento já elevou a estimativa de déficit primário para R$ 145,4 bilhões (1,4% do PIB) em 2023, quase três vezes mais que a meta definida no novo arcabouço, o que aumenta as incertezas em relação às metas fiscais propostas por Haddad e ao que deve acontecer nos próximos anos com as contas públicas.

Muitos analistas colocam em xeque a previsão de que o governo conseguirá obter as receitas adicionais necessárias para cumprir as metas previstas no arcabouço, mesmo com uma eventual aceleração da atividade econômica e com a adoção de medidas que aumentem a carga tributária no País, como a volta do chamado “voto de qualidade” no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), que está em análise no Congresso, cujo objetivo é beneficiar o Fisco nos julgamentos que terminarem empatados no órgão.

Embora algumas medidas arrecadatórias propostas por Haddad só comecem a ter efeito em 2024, o resultado da arrecadação federal no primeiro semestre ficou muito aquém do esperado, emitindo um sinal preocupante em relação à real capacidade de o governo entregar o que está prometendo.

Segundo dados do Tesouro Nacional, as receitas no primeiro semestre ficaram 5,1% abaixo do mesmo período de 2022, já descontada a inflação, enquanto as despesas subiram, em termos reais, os mesmos 5,1% ante os gastos do ano passado. Com isso, as contas federais fecharam com um déficit de R$ 42,5 bilhões no semestre, quase atingindo o rombo previsto para o ano todo no novo arcabouço.

Desconfiança

Hoje, não há consenso nem mesmo em relação a quanto o governo precisa de recursos adicionais para viabilizar as metas definidas nas novas regras fiscais. Haddad fala em R$ 100 bilhões. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, no entanto, estima que seriam necessários R$ 150 bilhões, isto é, 50% a mais. O ex-secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, hoje economista-chefe do Banco BTG Pactual, vai além. Para ele, seria preciso viabilizar uma arrecadação adicional de R$ 200 bilhões para o novo arcabouço “parar de pé”, o que parece difícil de obter no momento e oneraria ainda mais o setor produtivo e os cidadãos, já sufocados por uma carga tributária de 33% do PIB, a mais alta entre os países emergentes.

Diante deste quadro, o mais provável é que as previsões do mercado se concretizem e o País continue a registrar déficits primários até 2026, ampliando a dívida pública, principalmente se o governo Lula insistir na ideia de buscar o equilíbrio fiscal não apenas sem cortar gastos, mas ampliando de forma considerável as despesas.

No fim, isso vai acabar fazendo com que os juros se mantenham em nível elevado, ao contrário do que quer o governo, turbinando o custo de rolagem da dívida e contendo a expansão da economia, com o aumento da desconfiança do setor privado em relação à situação fiscal e ao futuro dos negócios.

IstoÉ Dinheiro - SP   16/08/2023

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que tentativas de se reduzir a Selic no passado em um processo pouco crível tiveram o efeito inverso, gerando aumento de juros. Ele alertou para o risco de se cortar os juros curtos e provocar uma elevação na curva de juros. “Se eu não consigo fazer uma queda de juros com credibilidade, eu não vou atingir meu objetivo. O objetivo da queda de juros é gerar liquidez”, afirmou Campos Neto nesta terça-feira, 15, em evento na sede da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE).

Para ele, sem credibilidade, uma queda da Selic vai afetar negativamente o ambiente econômico, piorando indicadores de crédito, emprego e atividade. Ele ainda reiterou que o País não terá juros e inflação baixos e estáveis se o lado fiscal estiver descontrolado.

“Precisa ter as coisas alinhadas. É muito difícil imaginar juros baixos e estáveis, inflação baixa e estável, se isso (gastos do governo) não estiver controlado”, disse o presidente do Banco Central.

Investing - SP   16/08/2023

As condições colocadas pelo Banco Central para eventualmente intensificar os cortes na taxa básica de juros nos próximos meses são “bastante difíceis de serem atingidas”, disse nesta terça-feira a diretora de Assuntos Internacionais da autarquia, Fernanda Guardado, ressaltando que será preciso haver surpresas positivas muito substanciais para que isso ocorra.

Em evento promovido pela XP (BVMF:XPBR31), Guardado afirmou que o BC está muito comprometido com o ritmo de flexibilização já anunciado, de 0,50 ponto de corte na Selic nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

"Teriam que ser surpresas muito substanciais para haver essa reavaliação", disse. "Deixamos claro que essas condições são bastante difíceis de serem atingidas (...), é uma barra muito alta, a gente só quis deixar claro quão alta é essa barra".

O BC decidiu neste mês iniciar o ciclo de afrouxamento monetário com uma redução de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros, a 13,25% ao ano, indicando novas baixas equivalentes à frente. A decisão sobre o corte inicial não foi tomada de forma unânime pelos diretores, com Guardado se alinhando ao grupo que pregava uma redução mais moderada, de 0,25 ponto.

Na ata da reunião, o Copom traçou como critérios para uma eventual intensificação no ritmo de afrouxamento uma reancoragem "bem mais sólida" das expectativas, "abertura contundente do hiato do produto" ou "dinâmica substancialmente mais benigna" do que a esperada da inflação de serviços.

Na apresentação desta terça, a diretora destacou que os adjetivos usados na comunicação do BC não foram incluídos "levianamente", mas como forma de mostrar o tamanho da surpresa que precisará ser observada para justificar uma mudança de rumo na política monetária.

Segundo ela, uma surpresa substancial na inflação de serviços não seria um movimento 0,05 ponto percentual "para lá ou para cá", mas algo que empurre as expectativas para o comportamento de preços no setor "substancialmente para baixo".

Perguntada se uma mudança de visão do BC viria caso alguma das condições fosse cumprida ou apenas se todas fossem alcançadas, ela afirmou que "estaria muito mais no espírito" de alcançar "um e outro" do que "um ou outro".

A diretora ponderou que essas condições estão conecatadas e que provavelmente a mudança ocorreria em conjunto.

Em relação à divergência entre os diretores, ela afirmou que uma decisão inicial de cortar 0,25 ou 0,50 ponto faria pouca diferença nas expectativas de inflação. Para ela, porém, acelerar o afrouxamento para 0,75 ponto no meio do ciclo indicaria um novo ritmo para os cortes, algo que não está no cenário do BC.

Guardado enfatizou que a reancoragem das expectativas de inflação observada até agora foi apenas parcial, ainda permanecendo em grau "desconfortável".

A diretora disse que o trabalho do BC está rendendo frutos e vindo em linha com o esperado, ressaltando que a autoridade monetária vai perseverar até que haja consistência no processo de desinflação.

O Estado de S.Paulo - SP   16/08/2023

Em um dia de verão quente e úmido de Pequim, com os termômetros marcando 39 graus, centenas de crianças fazem fila na entrada do Templo do Céu, um complexo de templos taoístas construído no ano de 1420 que se tornou uma das principais atrações turísticas da capital chinesa. Separadas em grupos por cores de camisa, tentam se aliviar do calor com ventoinhas enquanto guias dão instruções segurando diferentes bandeiras. São férias de verão na China, e centenas de crianças de outras cidades estão em Pequim para programas turísticos.

Quase um ano depois da política de covid zero chegar ao fim no país, a população da China voltou a se movimentar e viajar intensamente, com incentivo do governo para tentar acelerar o processo de recuperação econômica pós-pandemia. Em Pequim, isso é visível nas atrações turísticas históricas, nas ruas comerciais e nos restaurantes, quase sempre lotados de chineses do interior do país com famílias ou em excursões escolares.

Mas, enquanto o setor de serviços está aquecido com a reabertura, o restante da economia patina para se recuperar. Os números do PIB revelados em julho mostram um crescimento de 6,3% no segundo trimestre do ano em comparação com o mesmo período do ano passado, quando a economia estava em baixa por causa dos lockdowns. Isso torna a taxa de crescimento menos impressionante e abre o olhar para outro dado: em comparação com o primeiro trimestre deste ano, a economia cresceu apenas 0,8%.

O desemprego entre jovens continua em alta (21,9%), o setor privado ainda não recuperou a confiança para fazer novos investimentos e o valor de exportações caiu 12% em junho, em comparação com o ano anterior. A venda de imóveis caiu 27% no mesmo período e mostra a dificuldade que o setor imobiliário, descrito por analistas como “espinha dorsal” do crescimento chinês durante anos, tem em se recuperar.

O mais recente risco foi indicado pela queda dos preços ao consumidor em julho pela primeira vez desde 2021. Agora, o país convive com o fantasma da deflação, o mesmo que assombrou o Japão na estagnação econômica da década de 1990. Tecnicamente, um país é considerado em deflação quando os preços caem por três meses consecutivos.

Analistas da China atribuem essa fraqueza às mudanças nos preços globais das commodities, como a queda do preço do petróleo, e à guerra comercial com os Estados Unidos. Outros analistas, no entanto, discordam da primeira afirmação com o argumento de que o PIB conta apenas o valor adicionado a um bem no próprio país, excluindo o valor de commodities que foram importadas.

Dificuldades domésticas também desafiam o crescimento do país, justamente em um ciclo econômico que prioriza o consumo interno e a demanda para tornar a economia menos dependente do comércio exterior. “Existe um cenário doméstico de falta de confiança do consumidor e de empresários do setor privado (para investir)”, declarou Aline Tedeschi, doutora em Relações Internacionais e Desenvolvimento e membro do centro de estudos Observa China.

Governo dá respostas cautelosas

Esses desafios são reconhecidos pelo próprio governo e debatidos na China. Segundo o Politburo, principal órgão decisório na China, uma série de medidas para impulsionar a economia estão em análise. “O principal desafio é a demanda interna insuficiente, dificuldades operacionais de algumas empresas, altos riscos em setores-chave e ambiente externo complicado e severo”, disse o órgão em um comunicado divulgado em julho pela agência de notícias chinesa Xinhua.

Na mesma declaração, o Politburo definiu a recuperação econômica pós-covid como “desenvolvimento em forma de ondas e avanços com alguns retrocessos”.

As respostas têm sido cautelosas até o momento, ao contrário do que aconteceu em outros momentos de crise. Quando o comércio mundial despencou na crise financeira de 2008, vastos pacotes de estímulo foram lançados para impulsionar o crescimento econômico do país. Hoje, no entanto, as medidas estão limitadas a cortar as taxas de juros, dar incentivos aos consumidores para aumentar a demanda interna, como acesso ao crédito para compra de eletrodomésticos e automóveis, e encorajar o setor privado a expandir investimentos.

Para alguns economistas, a cautela representa o cuidado do governo para não haver inflação ou uma explosão de empréstimos que corroa a lucratividade de bancos e possa aumentar as taxas de inadimplência, que cresceram durante a pandemia com a quebra de muitos negócios. Para outros, também mostra uma confiança do governo para cumprir suas metas anuais, incluindo um crescimento do PIB em 5%.

Segundo a economista Isabella Weber, autora do livro “Como a China escapou da Terapia de Choque: o debate da reforma de mercado” (editora Boitempo, 2023), o temor da inflação está ligado a um histórico chinês: na década de 1940, quando houve a Revolução Comunista e a fundação da República Popular da China, um fator que foi determinante para a revolução foi a incapacidade dos nacionalistas de controlar a inflação. “Acredito que o fato de não terem feito grandes estímulos da maneira que esperávamos tem a ver com esse controle”, disse.

Risco de deflação desafia planejamento econômico

A queda de preços em junho desafia o planejamento econômico chinês (modelo que caracterizou em grande parte o sucesso da transformação da China nas últimas quatro décadas) de alterar a estrutura para ser menos dependente do comércio externo e valorizar o consumo e a demanda interna. Com preços em declínio, os consumidores costumam esperar para adquirir bens na expectativa de encontrar valores cada vez mais baixos.

Esse comportamento se soma à desconfiança de investidores do setor privado e às altas despesas de famílias durante a pandemia como fatores que dificultam a demanda doméstica. Como consequência, corre-se o risco de cair em um ciclo: com menos atividade econômica, trabalhadores sofrem cortes salariais e renda instável, o desemprego tende a crescer e o consumo a cair.

As políticas de estímulo do governo são implementadas para reverter esse processo, mas em um dos setores-chave, o do mercado imobiliário, existe o risco de contrariar outros planos econômicos. Hoje, o setor é visto por muitos analistas como o maior desafio para a China.

Em 2017, o presidente Xi Jinping iniciou uma política de moradia para evitar a especulação imobiliária com a declaração que “moradia é para morar, não para especular”. A especulação aconteceu enquanto o setor foi responsável por 25% do PIB e resultou em grandes incorporadoras e acumulação de propriedade por parte de famílias que viam os imóveis como um meio de investir dinheiro.

Por seis anos, o princípio de Xi Jinping sustentou a política contra a especulação imobiliária e expansão desenfreada do crédito, mas nos últimos meses a regulação passou a ser afrouxada em diversas cidades chinesas para o setor voltar a aquecer e ajudar a recuperação. Compra de casas e regulamentos de financiamento para incorporadoras imobiliárias foram facilitadas.

O grande esforço é recuperar a confiança dos investidores, em baixa desde o caso da Evergrande, que ficou à beira da falência após acumular dívidas estimadas em 2021 em mais de US$ 300 bilhões, e incentivar os residentes que desejam comprar imóveis. “O governo deve adaptar a nova situação na qual a dinâmica de oferta e demanda do mercado imobiliário está mudando significativamente”, disse o Politburo no fim de julho.

Apesar da nova direção, analistas da China esperam que os reguladores continuem a se abster de fortes medidas de estímulo, em meio a preocupações de que elas possam inflar ainda mais a bolha imobiliária. “O governo não quer resolver os problemas de hoje apenas criando uma bolha maior para esvaziar no futuro”, afirmou Wei He, da Gavekal Dragonomics, ao jornal chinês South China Morning Post no mês passado.

Recuperação precisa do setor imobiliário e áreas menos desenvolvidas

Em julho, 28 medidas foram anunciadas para impulsionar o setor privado, que incluem a desburocratização para facilitar a participação de empresas em grandes projetos nacionais de infraestrutura e investir no setor imobiliário. O país mira em projetos em áreas menos desenvolvidas, como as zonas rurais e províncias mais ao oeste. “A China é um país gigantesco e ainda há uma vasta área no interior do país que são muito pobres. E isso é algo que eles falam, e acho que isso terá grandes implicações para o desenvolvimento macroeconômico”, declarou Isabella Weber.

Para Aline Tedeschi, esse foco no setor de construção tem uma ligação indissociável com o incentivo ao consumo. “A maior parte do consumo de grande orçamento pelos chineses (que tem sido incentivado pelo governo), incluindo carros e grandes eletrodomésticos, está ligada ao setor imobiliário”, declarou. “Portanto, o apoio ao setor imobiliário é fundamental para estimular o consumo em outras áreas.”

Entre as medidas de estímulo, estão a garantia aos compradores de primeira casa e aos que buscam melhorar condições de moradia de serem apoiados com acesso ao crédito. Os governos locais também estão proibidos de restringir compras de veículos, que foram impostas nos últimos anos para reduzir as emissões de carbono.

Como faz há quarenta anos, o governo chinês estuda a resposta aos desafios e experimenta soluções, com políticas de incentivo que visam, ao mesmo tempo, evitar o retorno de antigos problemas e impulsionar a economia dentro da nova direção estabelecida sob a liderança de Xi Jinping. Mesmo que as férias de verão deem um alívio momentâneo para a economia, o governo sabe que o setor de serviços e o consumo de itens de baixo custo, como as ventoinhas que se tornaram febres no verão chinês na mão das centenas de crianças em visita à cidade, são insuficientes para crescer. As temperaturas logo vão baixar.

O Estado de S.Paulo - SP   16/08/2023

Após o impulso da safra recorde de soja no primeiro trimestre, a agropecuária devolveu parte dos ganhos no segundo trimestre. No entanto, indústria e serviços mostraram crescimento, mesmo em meio ao cenário de taxa de juros elevada, apontou o Monitor do PIB, apurado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

O indicador calcula que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro teve ligeira alta de 0,2% na passagem do primeiro trimestre para o segundo trimestre deste ano.

“Tem uma certa resiliência da economia. Porque, apesar de estar num ambiente de juros elevados, que obviamente está afetando a economia, ainda assim esses setores estão crescendo”, argumentou Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB.

O PIB vinha de uma elevação de 2,0% no primeiro trimestre do ano, ante o quarto trimestre de 2022, turbinado pelo salto de 20,6% na agropecuária, ao passo que indústria (0,2%) e serviços (0,4%) tiveram resultados mais modestos.

No segundo trimestre de 2023, em comparação com o primeiro trimestre do ano, a agropecuária caiu 8,0%, mas a indústria cresceu 1,1%, e os serviços avançaram 0,3%.

“Já era esperada essa desaceleração (no PIB geral no segundo trimestre), mas tinha essa expectativa se o número seria positivo ou negativo. Mas a gente conseguiu, devido a essa contribuição da indústria e dos serviços, manter essa estabilidade, pelo menos não caiu”, pontuou Trece. “A gente deve ter um segundo semestre mais desafiador. Esse segundo trimestre já está mostrando isso, embora seja positivo.”

Segundo a pesquisadora do Ibre/FGV, a agropecuária já garantiu “um bônus” na economia este ano, graças à safra recorde, especialmente de soja. O setor deve entregar uma contribuição de 0,7 ponto porcentual para a taxa de crescimento do PIB brasileiro de 2023, prevê. “Não é pouca coisa”, ressalta.

Ela lembra que 90% da colheita de soja acontece até abril, então o grosso dessa contribuição do campo para a economia já ocorreu. Daqui em diante, Trece espera uma influência maior, especialmente dos serviços e da indústria extrativa.

“A extrativa mineral também está sendo um benefício este ano. A gente está com um número bom tanto para petróleo quanto para minério de ferro este ano, os principais produtos da extrativa”, apontou a economista, que prevê um avanço em torno de 2,5% no PIB brasileiro de 2023.

Embora espere um possível impacto positivo do programa de governo Desenrola, para renegociação de dívidas, Trece acredita que o consumo das famílias ainda permaneça contido pelos altos níveis de endividamento no País, mas se sustente em território positivo no segundo semestre graças à demanda por serviços e bens não duráveis.

No segundo trimestre de 2023 ante o primeiro trimestre deste ano, os dados do Monitor do PIB apontam que houve uma alta de 0,4% no Consumo das Famílias, mas queda de 0,3% no Consumo do Governo. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB) subiu 0,2%. As exportações avançaram 4,0%, e as importações aumentaram 11,8%.

O Monitor do PIB antecipa a tendência do principal índice da economia a partir das mesmas fontes de dados e metodologia empregadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo oficial das Contas Nacionais. O resultado oficial do PIB apurado pelo IBGE referente ao segundo trimestre será divulgado no próximo dia 1º de setembro.

Em relação ao segundo trimestre de 2022, o Monitor do PIB aponta crescimento de 2,6% na economia no segundo trimestre de 2023. A atividade econômica registrou uma elevação de 1,3% no mês de junho ante maio. Na comparação com o mês de junho de 2022, houve expansão de 2,7% em junho de 2023. Em termos monetários, o PIB alcançou aproximadamente R$ 5,075 trilhões no primeiro semestre de 2023, em valores correntes.

O Estado de S.Paulo - SP   16/08/2023

As expectativas inflacionárias de médio prazo pararam de cair e seguem estáveis num patamar acima das metas de inflação perseguidas pelo Banco Central, numa clara indicação de que as recentes sinalizações da política monetária e os ruídos do noticiário fiscal azedaram o humor do mercado.

As projeções para o IPCA de 2025 estão paradas em 3,5% há três semanas, enquanto as de 2026 estão estacionadas há seis semanas, também em 3,5%, conforme a pesquisa Focus. Ambas já estiveram em 4% antes de o Conselho Monetário Nacional (CMN) ter decidido manter a meta de inflação a partir de 2024 em 3%, alterando apenas o seu horizonte de aferição do ano-calendário para um objetivo contínuo.

Ou seja, passado o efeito positivo sobre as expectativas de médio prazo da decisão do CMN as projeções para a inflação ficaram mais sensíveis à percepção de risco do mercado em relação às políticas fiscal e monetária.

Do ponto de vista monetário, alguns analistas consideraram que o balanço de riscos não corroborava a decisão do Copom de cortar a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual na sua última reunião, mas uma redução menor, de 0,25 ponto. Como em janeiro de 2024 a diretoria do BC terá dois novos integrantes indicados pelo governo Lula, há ainda o temor de que a nova composição do Copom seja mais agressiva ao cortar juros, independentemente de o cenário de inflação endossar tal postura.

Do lado fiscal, cresceu a desconfiança sobre se o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conseguirá realmente cumprir as metas de resultado primário que prometeu entregar, sendo forçado a revisá-las, o que tornaria a política fiscal mais frouxa. No projeto do arcabouço fiscal, o governo prometeu um déficit primário de 0,5% do PIB neste ano, zerando esse déficit em 2024 e produzindo um superávit de 0,5% do PIB em 2025.

Mas o mercado está prevendo um déficit de 1% do PIB neste ano, ou seja, o dobro do prometido por Haddad, além de um rombo de 0,8%, em 2024, e outro resultado negativo de 0,6% em 2025.

Não será um problema tão grande Haddad entregar o dobro do que prometeu no rombo nas contas do governo neste ano, desde que tenha sucesso em concretizar uma série de medidas cruciais para a elevação da receita tributária, permitindo que o resultado primário convirja para as metas nos próximos anos. Entre essas medidas, estão, por exemplo, a aprovação final pelo Congresso da volta do voto de qualidade do Carf. Só assim o governo ajudará o BC a reancorar as expectativas inflacionárias. Até lá, as projeções do IPCA poderão ficar empacadas.

MINERAÇÃO

Money Times - SP   16/08/2023

Os contratos futuros de minério de ferro subiram nesta terça-feira (15), com traders avaliando a última onda de dados decepcionantes da China contra a perspectiva de aumento das importações e pressão sobre Pequim por mais estímulos.

O minério de ferro mais negociado para janeiro na Dalian Commodity Exchange da China encerrou as negociações do dia com alta de 1,6%, a 740 iuanes (US$ 101,67 ) por tonelada, subindo pelo quarto dia consecutivo.

Na Bolsa de Cingapura, o minério de ferro de referência em setembro subiu 0,6%, para US$ 101 a tonelada.

A produção de aço bruto da China em julho caiu 0,34% em relação ao mês anterior, disse o departamento de estatísticas na terça-feira, em meio a restrições de produção na cidade de Tangshan, no norte da China, e na província de Sichuan, no sudoeste.

A produção industrial de julho e o crescimento das vendas no varejo desaceleraram e ficaram abaixo das previsões.

Os ganhos também foram limitados, já que o investimento imobiliário na China estendeu sua queda pelo 17º mês consecutivo em julho, e as vendas de casas caíram em meio a uma crise de dívida cada vez mais profunda, especialmente na gigante imobiliária Country Garden.

As ações chinesas caíram nesta terça-feira, mesmo depois que o banco central cortou inesperadamente as principais taxas de juros para apoiar o crescimento.

Ainda assim, os analistas de commodities estão estimando que as importações de minério de ferro da China em agosto chegarão a 100 milhões de toneladas pela primeira vez desde março.

As exportações de minério de ferro de 19 portos e 16 mineradoras na Austrália e no Brasil reverteram a queda da semana anterior e saltaram 3 milhões de toneladas, ou 13,1% na semana, para atingir 25,8 milhões de toneladas entre 7 e 13 de agosto, segundo o último relatório da Mysteel.

AUTOMOTIVO

Valor - SP   16/08/2023

Em teleconferência com analistas sobre o balanço do 2º trimestre, a companhia também comentou quais serão suas apostas de crescimento para os próximos seis meses.

A Medida Provisória (MP) do governo, que entrou em vigor no início de maio, para oferecer descontos nos preços de carros populares, ainda tem efeito sobre os preços de carros seminovos, disse nesta terça-feira (15) Rodrigo Tavares, diretor financeiro da Localiza, em teleconferência com analistas sobre o balanço da companhia no segundo trimestre. Já em carros zero quilômetro, especialmente nos modelos 2024, as montadoras estão retomando os preços de tabela.

“Não devemos ver deflação [nos preços de veículos novos], no curto prazo”, projetou o diretor financeiro.

Tavares recorda de um segundo trimestre “desafiador’ com a entrada da MP em vigor, inicialmente restrita a pessoas físicas. Entre 10 e 12 de maio a companhia suspendeu todas as compras de carros.
“No dia 25 de maio, quando o governo deu alguma sinalização sobre como funcionaria o programa, decidimos diminuir a desativação e venda de veículos para termos mais tempo para reduzir o fluxo de compra e venda sem impactar o aluguel”, detalhou Tavares.

Quando o governo liberou o desconto do programa a empresas, a Localiza comprou quase 30 mil carros entre o fim de maio e o início de julho, informou o executivo.

Carro por assinatura

Com o crescimento forte de demanda, a gestão de frotas corporativas de veículos e a oferta de carros por assinatura são apostas da Localiza para os próximos trimestres.

A demanda por locação de veículos apresenta sinais de recuperação para os próximos trimestres, sinalizou Tavares. “O terceiro trimestre já tem uma demanda mais robusta para locação, embora nem tanto aquecida”, disse o diretor financeiro da empresa, na teleconferência.

Para ele, a queda da taxa básica de juros traz um ponto de inflexão ao negócio e “colabora com geração de caixa no segundo semestre”, ajudando a empresa a ocupar maior parte do mercado, ampliando sua frota de veículos.

Tavares sinalizou que a depreciação de veículos em locação deve continuar, “mas de forma mais suave”. A estimativa é de uma depreciação média de 7% a 8% em locação.

Após a compra da Unidas, finalizada em meados de 2022, a Localiza se concentra, atualmente, em reduzir custos nos processos internos.

A migração para um sistema de gestão empresarial (ERP) único e a redução de custos de manutenção estão entre as prioridades atuais, segundo o executivo.

Compras integradas

Na teleconferência, a Localiza informou que iniciou conversas com montadoras de automóveis para avaliar compras integradas de veículos tanto para o Brasil como para o México, onde a empresa estreou uma operação internacional em março. “Há conversas com montadoras para unir compras entre Brasil e México”, disse Tavares.

Tavares ponderou, entretanto, que a “operação no México não é um movimento de globalização da empresa”.

“O México tem tarifas mais altas [de locação], carros mais baratos e juro menor, mas ainda é um mercado-teste”, comentou o executivo.

Segundo ele, a prioridade da Localiza, por enquanto, é estar presente em todos os aeroportos mexicanos e tornar a marca conhecida naquele país.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Money Times - SP   16/08/2023

Um novo capítulo da crise imobiliária chinesa ganhou repercussão nesta semana. Desta vez protagonizada pela Country Garden Holdings (CGH), uma das maiores incorporadoras da China.

As ações da Country Garden Holdings despencaram 20% na segunda-feira (15) na Bolsa de Hong Kong, levando o papel da companhia ao menor preço desde o seu IPO. No ano, a derrocada do ativo é de 70%.

O sell-off das ações foi desencadeado por dois anúncios que acenderam o alerta vermelho do investidor sobre a saúde financeira da companhia.

Na semana passada, a Country Garden Holdings disse que perdeu o prazo vencido no último dia 7 de agosto para realizar pagamentos a credores internacionais que compraram dois títulos da dívida da companhia, avaliados em US$ 22.5 milhões.

A empresa agora tem um “período de graça” de 30 dias para executar o pagamento antes que entre em um default, situação na qual cada um dos títulos emitidos passariam a ter um preço de US$ 500 milhões.

O temor sobre um possível calote se somou à informação divulgada aos investidores de que a Garden Company, em seu balanço trimestral, irá reportar um prejuízo de US$ 7.6 bilhões no primeiro semestre de 2023.

No mesmo período do ano passado, a segunda maior incorporadora em receita da China havia reportado um lucro de US$ 1.91 bilhões, segundo o jornal Asia Financial Times.

Diante da questão, analistas do Morgan Stanley rebaixaram a recomendação da ação para venda, citando a possibilidade de que a empresa não consiga honrar seus compromissos financeiros já mesmo no curto-prazo.

Para analistas do mercado chinês, a fraturas da Country Garden ilustram a crise de liquidez que perdura no setor imobiliário chinês desde a falência da Evergrande, em 2021. Ao longo dos últimos dois anos, mais de uma dúzia de incorporadoras chinesas decretou falência, sem que houvesse resgate do governo central.

O país tentou emplacar um processo amplo de desalavancagem do setor imobiliário a partir de 2020, cerceando o acesso à crédito rápido para incorporadores privados com o objetivo de diminuir o preço dos imóveis.

Agora, diante da estagnação da economia chinesa, e do temor de uma onda de calotes causados pela fraqueza na atividade, o discurso de autoridades de Pequim começou a mudar, mas não se sabe se isso se dará a tempo de resgatar a Country Garden.

A crise de valor na China

A segunda maior potência do mundo está atolada em uma crise deflacionária, um cenário frontalmente oposto ao que se esperava no início do ano, quando se ensaiava a reabertura econômica do país.

Nas últimas semanas, pegaram o mercado de surpresa os índices de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) e ao produtor (PPI, na sigla em inglês) para o mês de julho. Enquanto o CPI mostrou uma deflação de 0,3% em 12 meses, fato não visto desde 2021, o PPI deflacionou ainda mais: 4,4% no confronto anual.

Dados de investimento, vendas do varejo, desemprego e produção industrial divulgados hoje sobre o mês de julho complementaram o cenário de desaceleração da economia, a qual o governo tem respondido com cortes nas taxas de empréstimo.

Até aqui, as autoridades chinesas tem hesitado em tomar passos mais ousados para estimular a economia, dado o impacto que pacotes fiscais de larga escala podem causar ao já desvalorizado yuan/reinmibi chinês.

Na última segunda-feira, o yuan internacional (offshore) alcançou a mínima do ano, sendo negociado a US$ 7,30.

Os cortes de juros se mostram inócuos para ressuscitar o problemático mercado doméstico. Desdobramentos recentes mostram que a crise do setor imobiliário, que vem dando sinais de esgotamento desde 2021, começam se espalhar para o setor financeiro.

Nesta semana, um conglomerados financeiro do país com valor superior a US$ 130 bilhões, o Zhongzhi Enterprise Group, pode estar com problemas devido à alta exposição de seus produtos de investimento em empreendimentos imobiliários que perderam mercado nos últimos anos.

 

Valor - SP   16/08/2023

Segundo trimestre trouxe melhora operacional e aumento de receita, mas lucro líquido recuou no consolidado; queda de juros e o MCMV são sinal positivo para o futuro


André Mazini: “Não vemos grande problema de distrato, parece que o pior já passou” — Foto: Divulgação

Levantamento feito pelo Valor Data com 26 incorporadoras aponta queda de 13,9% no lucro líquido no segundo trimestre. Porém, as vendas subiram 15% e elevaram a receita líquida em 17,5%.
O desempenho das principais incorporadoras listadas foi, em geral, além do que era esperado pelos analistas do setor, e há boas perspectivas para o futuro.

No segmento de média e alta renda, a maior parte desses especialistas prefere a Cyrela, que aumentou suas vendas em 45% e os lançamentos em 52% no segundo trimestre, na base anual. “A Cyrela está com volume de venda e lançamento incrível”, diz André Mazini, analista do Citi Bank.
A margem bruta, em 32,3%, excedeu a expectativa, segundo relatório de Rafael Quick, do banco Inter. O motivo seria uma maior participação de empreendimentos de alta renda.

Hugo Grassi, também analista do Citi, chama a atenção para o fato de a Cyrela ter um banco de terrenos em São Paulo menor do que o da Even e da EZTec. O que poderia ser um problema para a empresa conseguir manter seu ritmo forte de projetos, virou um benefício com a revisão do Plano Diretor Estratégico (PDE) da capital paulista, explica. “O PDE foi uma redenção para a Cyrela”.

Como as novas políticas aumentam o potencial construtivo dos terrenos, a empresa pode criar novos projetos já com o ganho.

Companhias mais carregadas em terrenos terão que rever e aprovar seus projetos novamente para poder aproveitar essas mudança, o que também está acontecendo. “A Helbor é quem mais explicitou o ganho de valor geral de venda (VGV) que terá com seu banco de terrenos”, diz Grassi. A empresa deve reprotocolar a maior parte dos projetos.

Para a dupla do Citi, os incorporadores estão demonstrando pouca empolgação com o novo PDE para não chamar a atenção da concorrência e dos donos dos terrenos. “O modus operandi é de comer quieto”, afirma Grassi.

A incorporadora EZTec é a principal escolha do Itaú BBA para o segmento de média e alta renda, de acordo com relatório da equipe liderada por Daniel Gasparete. Para eles, a empresa fez um trimestre com margens melhores do que o esperado (32,4%, alta de 4 pontos percentuais sobre o primeiro trimestre). A XP também ressalta o resultado positivo da EZTec, com lucro líquido maior do que o previsto, de acordo com relatório do analista Ygor Altero.

Even, Melnick e Trisul passam por situação similar de terem suas margens pressionadas pela concessão de desconto nas vendas de estoque, segundo Altero.

O segmento de média renda é dependente do financiamento imobiliário, mas as taxas estão altas e não devem cair no curto prazo. Para Mazini, o momento mais difícil para a concessão de financiamento é agora, mas há boas notícias. “Não vemos nenhum grande problema de distrato”, diz. “Como esperamos que vai melhorar daqui para a frente, parece que o pior já passou”.
Grassi analisa que isso se deve mais à qualificação dos compradores que estão recebendo as unidades, que compraram em 2020. “Tinha excesso de liquidez no mercado, com juros muito baixos, era uma forma de alocação alternativa para cliente mais investidor, de alta renda”, afirma.
Prova disso seria a média atual de 50% de pagamento do imóvel na entrega das chaves, enquanto o valor mínimo seria de 20%.

Para o próximo ano, os compradores são “heterogêneos” e uma restrição de crédito pode pesar mais. No entanto, a expectativa é que haja queda das taxas de financiamento até lá.
No segmento de baixa renda, a Cury atraiu elogios e foi considerada a melhor escolha da categoria pela XP e o melhor resultado do trimestre pelo Citi. “Foi uma geração de caixa muito parecida com o lucro, o que chamamos de resultado de alta qualidade”, diz Mazini. A Cury fechou junho com lucro líquido de R$ 121,4 milhões (mais 41%).

A Plano&Plano teve “resultados impressionantes” segundo Altero, com “sólida combinação de crescimento e lucratividade”.

A Direcional também teve resultados celebrados: para analistas do Itaú BBA, há uma combinação atrativa de operacional que deve seguir crescendo e tendência de melhora nos ganhos, com as mudanças do Minha Casa, Minha Vida e economia de custos de construção conforme o preço dos materiais recua.

Grassi lembra que o orçamento de muitas companhias está conservador quanto à inflação dos custos de obra, depois de trimestres complicados com forte alta. Agora, a tendência é de deflação, o que pode ocasionar ganhos de margem.

As mudanças no MCMV, com novo teto de R$ 350 mil para as unidades, e a ampliação do uso de financiamento de 35 anos, em vez dos tradicionais 30, podem ajudar as incorporadoras econômicas a continuarem melhorando o desempenho.

A Tenda teve um segundo trimestre “decente”, segundo relatório do BTG Pactual, e parece estar a caminho de recuperar mais a margem bruta. “As mudanças no MCMV são altamente favoráveis para a empresa”, diz o texto.

Maior operadora do segmento, a MRV&Co apresentou resultado “neutro, mas encorajador em termos de recuperação da rentabilidade” no segundo trimestre, na avaliação de Altero.

Infomoney - SP   16/08/2023

O índice de confiança das construtoras dos Estados Unidos, medido pela Associação Nacional de Construtoras (NAHB, na sigla em inglês), recuou seis pontos em agosto ante julho, para 50, e ficou abaixo das previsões de analistas consultados pela FactSet, que esperavam 56.

O relatório mostra que este é o primeiro dos últimos oito meses em que a confiança dos construtores recuou, com taxas de hipotecas próximas a 7% ao ano e motivado pela “inflação teimosamente alta, que dificultou ainda mais a acessibilidade dos imóveis e prejudicou a demanda do consumidor”.

FERROVIÁRIO

Revista Ferroviaria - RJ   16/08/2023

Estão em andamento as obras dos primeiros quilômetros da Ferrovia de Integração Estadual de Mato Grosso. O cronograma para a construção dos trilhos, que ajudará a promover o desenvolvimento da economia promovendo competitividade do setor produtivo mato-grossenses, foi apresentado pela empresa Rumo, na sede Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), hoje, na reunião com representantes do Governo do Estado e dos setores da construção civil, construção pesada, vestuário e alimentação, entre outros.

Conforme o cronograma, até o fim de 2025, o trecho entre Rondonópolis e Campo Verde deve estar concluído, com um total de 210 km de ferrovia até a capital. O primeiro viaduto por onde passarão os trens foi concluído, em Rondonópolis, recentemente.

O vice-presidente da Fiemt, Edgar Borges, destacou a importância da obra para o setor produtivo de Mato Grosso. “A indústria não vê a hora dessa ferrovia estar pronta. É o investimento que está próximo da realidade e vai trazer muitos benefícios para toda a economia mato-grossense, aproximando a produção dos portos de escoamento, reduzindo custos e dando condições de competitividade das empresas instaladas no estado”.

Além do aumento de competitividade para o setor produtivo do estado, o estágio de construção também é importante momento para o estado, com aquecimento do setor de construção pesada e outros segmentos correlacionados. Durante o encontro, a Rumo informou que o consórcio “Ferrovia Lucas do Rio Verde”, formado por três empreiteiras foi contratado para fazer os 34 km iniciais de ferrovia.

Duas empreiteiras (uma sedida em Mato Grosso) estão contratadas para iniciar duas pontes ou viadutos ferroviários. Os outros trechos serão liberados conforme emissão de licença de instalação e elaboração do projeto executivo, etapa em que o ramal de Cuiabá se encontra.

O diretor de Suprimentos da Rumo, Felipe Bertoncelo, destacou que uma obra dessa magnitude movimenta diversos outros fornecedores e que a empresa tem uma política de desenvolvimento de setores locais. Durante a reunião, foi apresentada uma plataforma para mapeamento de fornecedores.

Entre os setores que as empresas contratadas devem terceirizar estão alimentação, vestuário, vigilância armada, transporte de pessoas, banheiros químicos, EPI’s, coleta seletiva, pré-moldados, plantio de gramas, ferramentas, materiais de limpeza, materiais de escritório, entre outros. A empresa disponibilizou online um cadastro de fornecedores.

No total, a ferrovia que irá ligar Rondonópolis a Lucas do Rio Verde e Cuiabá tem 743 km de extensão e 48 obras de artes especiais. Estão previstos 215 milhões de m³ de movimentação de terras, 1,4 milhão m³ de concreto, com previsão de término das obras em 2030.

TN Petróleo - RJ   16/08/2023

Com grande satisfação, neste mês de agosto, Algás alcança a marca de 600 km de extensão de rede de distribuição de gás natural de Alagoas. Muito representativo, o número mostra o compromisso da Companhia em desenvolver o Estado através do gás natural, trazendo todos os seus benefícios para o setor industrial, energético, comercial, residencial e veicular.

“A expansão dos gasodutos representa desenvolvimento no Estado, aumentando as possibilidades para a instalação de novas empresas em Alagoas. Conseguimos ampliar e mostrar que as condições estruturantes estão permitindo um número maior de negócios e investimentos, com mais empregos e renda”, ressalta o Governador do Estado, Paulo Dantas.

Com a ampliação da rede, será possível atender os alagoanos em maior escala, entregando as vantagens do gás natural para o consumidor. O grande feito torna o gás natural ainda mais competitivo para contribuir com o crescimento da economia alagoana e desenvolver o mercado.

“Sendo um combustível que apresenta uma série de vantagens, o gás natural possui um menor custo de manutenção, menor custo de manuseio de combustível, sua combustão é facilmente regulável e há uma menor corrosão de equipamentos, se apresentando, assim, uma excelente opção para economia”, aponta o Diretor-Presidente da Algás, Ediberto Omena.

Rodoviário

Agência Brasil - DF   16/08/2023

O Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado pelo governo federal na última sexta-feira (11), prevê mais de 302 empreendimentos rodoviários e ferroviários, entre obras públicas e concessões à iniciativa privada. O total previsto para rodovias e ferrovias é de R$ 280 bilhões, sendo R$ 79 bilhões em recursos do Orçamento Geral da União e R$ 201 bilhões em investimentos privados.
Rodovias e ferrovias

Com 267 empreendimentos previstos nas rodovias federais, são estimados R$ 185,8 bilhões, sendo R$ 73 bilhões em investimentos públicos e R$ 112,8 bilhões em investimentos privados. Além da construção de novas rodovias, os recursos preveem a manutenção da malha rodoviária em todos os estados.

No setor de ferrovias, uma das obras do Novo PAC é o trecho da Transnordestina em Pernambuco, que irá de Salgueiro ao Porto de Suape, na região metropolitana do Recife.

Outras quatro obras públicas foram contempladas no planejamento do governo: a adequação das linhas férreas de Juiz de Fora (MG) e de Barra Mansa (RJ) e a construção das ferrovias de Integração Oeste-Leste (Fiol 2) e de Integração do Centro-Oeste (Fico 1). Além delas, seis estudos de novas concessões fazem parte do programa, como é o caso da EF-170, a Ferrogrão, outro projeto de extrema relevância.

No total, estão previstos R$ 6 bilhões em investimentos públicos e R$ 88,2 bilhões em investimentos privados para o setor de ferrovias.

As intervenções em ferrovias e rodovias integram o eixo Transporte Eficiente e Sustentável, que também reúne investimentos em portos, aeroportos e hidrovias, com o objetivo de reduzir os custos da produção nacional para o mercado interno e elevar a competitividade do Brasil no exterior. O total destinado para este eixo é R$ 349 bilhões, o segundo maior montante em relação ao volume total de recursos do Novo PAC.
Energia

No setor de energia, o Ministério de Minas e Energia terá 165 empreendimentos no PAC, com um investimento total de R$ 592 bilhões. Além do relançamento do programa Luz para Todos, com previsão de investimentos de mais de R$ 14 bilhões em 11 estados para universalizar o atendimento, estão previstos mais de 28 mil quilômetros em novas linhas de transmissão, projetos em usinas eólicas e fotovoltaicas.

Também se destacam os projetos de usinas termelétricas a gás natural; estudos para geração de hidrogênio verde; extensão da vida útil da Usina de Angra 1 e a UTN Angra 3, que será considerado o estudo de viabilidade técnica, econômica e socioambiental do projeto.

Na área de petróleo, gás e biocombustíveis estão previstas obras como o Projeto Integrado Rota 3; implantação de Biorrefino em refinaria de Mataripe; perfuração de três poços exploratórios dentro da campanha exploratória da Petrobras na Margem Equatorial; Unidade de Captura e Estocagem de Carbono em reservatório subterrâneo e conclusão da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Outros estudos incluídos no PAC são para projetos de minerais de transição energética como urânio, cobalto, níquel, quartzo, lítio, cério-terras raras, cobre, grafita; estudos para avaliação dos depósitos minerais (P, K, N) e de aproveitamento de rochas e rejeitos de mineração.
PAC

Dos R$ 1,7 trilhão de recursos para o novo PAC, R$ 371 bilhões virão do Orçamento Geral da União. O setor privado entrará com R$ 612 bilhões, e as empresas estatais vão aportar R$ 343 bilhões, especialmente a Petrobras. Mais R$ 362 bilhões virão de financiamentos. A previsão é que R$ 1,4 trilhão sejam aplicados até 2026 e o restante após essa data.

O Novo PAC vai investir em todos os estados do Brasil. O programa tem nove eixos de investimentos: Cidades Sustentáveis e Resilientes, Transição e Segurança Energética, Transporte Eficiente e Sustentável, Inclusão digital e Conectividade, Saúde, Educação, Infraestrutura Social e Inclusiva, Água para Todos e Defesa.

Valor - SP   20/01/2023

Associação do setor estima entrega de 140 mil implementos rodoviários em 2023, nova queda anual agora de 9,5%


Sprícigo, da Anfir, estima entrega de 140 mil implementos rodoviários neste ano, nova queda anual agora de 9,5% sobre 2022 — Foto: Silvia Zamboni/Valor

A produção brasileira de implementos rodoviários pode ter o segundo ano consecutivo de queda em volumes em 2023. Após encerrar 2022 com redução de 4,87% no volume de emplacamentos em relação a 2021, com 154,7 mil produtos entregues, a estimativa inicial para este ano fica em torno de 140 mil licenciamentos, 9,5% a menos do que no ano passado. Mas o setor entende que a redução no volume não significa retração, já que houve crescimento da receita em 2022 com lançamento de um produto que mudou o mix de vendas.

A estimativa da Anfir, associação que reúne perto de 150 das maiores montadoras de implementos do país, é que a receita total em 2022 tenha alcançado os R$ 17 bilhões. É uma projeção porque a maioria das associadas ainda não divulgou seus balanços. Se confirmado o valor, trata-se de aumento de cerca de 17%. “Isso deve acontecer como reflexo da entrada do semirreboque 4º eixo no mercado, um produto com maior valor e que em alguns casos foi a opção dos transportadores”, explica José Carlos Sprícigo, presidente da entidade. O uso do 4º eixo permite transportar mais carga no mesmo caminhão. É um produto mais caro, porém mais produtivo para as transportadoras.

Sprícigo avalia que o ano passado foi bom para o setor e que a diferença de 4,87% é “pequena demais para considerarmos como queda”. Ele conta que o desequilíbrio da cadeia logística, surgido a partir de 2020 com a pandemia de covid-19, foi resolvido. Em 2021, o setor enfrentou muitos problemas com abastecimento de insumos e peças, além de alta nos custos. Houve casos até de importação de pneus para que os implementos pudessem ser entregues. Hoje, segundo a Anfir, os prazos de entrega oscilam de 60 a 90 dias dependendo do modelo a ser adquirido.

A expectativa para este ano é de calmaria. “Esperamos seguir com as equações de custo em composições razoáveis para todos. É importante entender que o seu negócio é formado por clientes, sua empresa e seus fornecedores. Só há uma operação saudável se todos os elos estão saudáveis. Não se espreme os parceiros de negócios porque sem eles sua empresa não consegue seguir adiante. É importante a negociação ponderada entre todos os agentes envolvidos porque o objetivo de todos é progredir.”

Mas o ano começou com uma notícia nada boa para o setor: reajuste do aço em torno de 10% no mercado interno. O aço é a principal matéria prima dos fabricantes de implementos. Sprícigo diz que o aumento terá impacto negativo no setor, mas lembra que os preços seguem uma lógica de mercado de oferta e procura, ou seja, ele indica que as negociações é que devem definir o custo final do insumo.

A Anfir trabalha com um cenário para 2023 com a Selic na casa dos 13% e dólar a R$ 5,35. O presidente da entidade classifica a volta do Ministério da Indústria e Comércio como “muito importante para que trace politicas públicas que venham ao encontro do retorno do crescimento da indústria”, mas pondera que ainda existem muitas incógnitas sobre a política econômica do novo governo.

Num setor que se divide em dois segmentos - pesado, com reboques e semirreboques, e leve, também chamado de carroceria sobre chassis - e que tem mais de mil CNPJs espalhados pelo país, não é possível traçar um cenário único. No segmento de pesados atuam as maiores empresas, tem número menor de concorrentes e atendem o Brasil todo. Já a linha leve tem empresas de menor porte, pulverizadas pelo país e com produção mais voltada para o mercado onde estão instaladas.

O segmento de pesados fechou 2022 com 83,1 mil produtos emplacados, queda de 7,97%. A estimativa para 2023 é a entrega de 75 mil implementos, nova redução de 9,8%. Já os fabricantes de leves entregaram no ano passado 71,6 mil implementos, 1,01% a menos na comparação com 2021. Para este ano a previsão é de um volume de 65 mil unidades, outra contração agora de 9,2%. A melhor marca do setor ainda é a de 2011, quando foram entregues 190 mil produtos.

Para além do mercado interno, os fabricantes ampliaram as ofensivas nos países vizinhos e até na África. A expectativa é passar de 7 mil unidades embarcadas em 2023. O que representaria um crescimento significativo. No ano passado foram exportados 4.973 produtos até novembro, último dado oficial até agora, contra 4.632 no mesmo período de 2021.

Para 2023 a Anfir definiu, em parceria com a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), a agenda no exterior que prevê visitas de exportadores a oito países: República Dominicana, Chile, Panamá, Costa Rica, Colômbia, África do Sul, México e Estados Unidos.

PETROLÍFERO

Valor - SP   16/08/2023
É o que projetam economistas de grandes bancos europeus e dos EUA, apesar das preocupações com a fraqueza da economia chinesa.

Embora preocupações com o enfraquecimento da economia chinesa tenham derrubado os preços do petróleo nos últimos dias, em meio a receios de uma queda na demanda da commodity pelo maior importador mundial, o sentimento de economistas de grandes bancos europeus e dos EUA é de que fundamentos construtivos irão fazer com que o petróleo termine o ano em patamares mais elevados que os atuais e sigam em torno de US$ 90 em 2024.

“Vemos fatores do lado da oferta como mais importante para a dinâmica do mercado do que os de demanda e destaco três em particular: o gerenciamento proativo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) em relação à produção, a decisão da Rússia em cortar a oferta e uma pausa dos EUA no uso de suas reservas estratégicas”, disse Jianwen Sun, estrategista de investimento quantitativo do banco suíço Lombard Odier, em entrevista ao Valor.

Nos últimos meses, a redução de oferta Opep – juntamente com cortes voluntários unilaterais da Arábia Saudita – reduziu a disponibilidade do óleo para cerca de 30 milhões barris diários, o que impactou positivamente os mercados de petróleo. Mesmo com as quedas registradas nesta semana, os preços do petróleo WTI – referência americana - registram alta de 5,26% em 2023 e de 7,43% apenas em agosto, em torno de US$ 80 por barril. Já os preços do petróleo Brent – referência mundial – sobem 2,74% no ano e 6,57% neste mês a US$ 85 por barril.

“A oferta mundial do petróleo irá ficar ainda mais limitada no terceiro e quarto trimestres, com déficits expressivos no terceiro trimestre”, diz Sun. Ele cita que a Rússia está tendo um incentivo para cortar sua oferta. “O aumento dos preços do petróleo de exportação da Rússia de maior qualidade tirou a motivação dos compradores dos mercados emergentes pelo petróleo russo. Para voltar a ter poder de barganha, a Rússia agora está mais engajada em cumprir totalmente com os cortes de produção anunciados”, disse.

Além disso, Sun lembra que depois de jogar no mercado uma média de 450 mil barris diários de óleo nos últimos 18 meses, os EUA pausaram o uso de suas reservas estratégicas, removendo uma fonte de oferta. “Nós não podemos descartar também riscos geopolíticos. Além da guerra da Ucrânia, problemas no oeste e norte da África podem atingir países produtores que não são membros da Opep. Tudo isso pode limitar a oferta de petróleo e deixar o mercado ainda mais apertado”.

O economista também cita a redução dos temores de recessão, com a demanda de países emergentes mostrando-se resiliente, o que deve elevar a demanda global para um recorde neste terceiro trimestre. Segundo ele, os preços devem ser negociados entre US$ 80 a US$ 90 por barril no médio prazo, podendo chegar aos US$ 100 se houver um choque de oferta expressivo.

O Goldman Sachs está projetando para este terceiro trimestre um déficit diário de 2,3 milhões de barris, recorde histórico, fruto de uma oferta de 100,6 milhões de barris diários e demanda superior, de 102,9 milhões. O banco também projeta déficits de oferta tanto em 2023 como em 2024, respectivamente de 400 mil barris diários e 600 mil barris. Daan Struyven, economista do Goldman, projeta um preço de US$ 93 por barril para o segundo trimestre de 2024. Segundo ele, apesar do aumento do déficit, o aumento da capacidade ociosa da Opep, o aumento dos projetos offshore e o declínio dos custos de produção dos EUA podem limitar a alta dos preços.

Já Francisco Blanch, estrategista de commodities do Bank of America (BofA) projeta um preço de US$ 90 para o Brent e de US$ 85 para o barril de WTI em 2024 – US$ 5 acima do preço atual. Segundo ele, os cortes da Opep farão com que os estoques caiam em 5,3 milhões diários. Mesmo com o enfraquecimento da China, este crescimento deve guiar o aumento do crescimento da demanda tanto em 2023 como em 2024.

Blanch espera um crescimento na demanda global de 1,9 milhão de barris diários em 2023 e de 1,06 milhão de barris diários em 2024. “Acreditamos, contudo, que as condições de demanda têm ainda que melhorar materialmente para registrar uma alta sustentada acima de US$ 100 para o Brent”, afirma.

Segundo ele, embora as tendências globais de demanda para 2024 possam impulsionar ainda mais os preços, o BofA está cauteloso. “Nossos economistas aumentaram a expectativa para o PIB global para 3% em 2023 e para 2,8% em 2024”, explica. Porém, o crescimento ficará abaixo dos 3,5% a 4% necessários para compensar os cortes da Opep.

A estratégia de cortar a produção da Opep tem riscos, contudo. Norbert Rücker, economista do banco suíço Julius Baer, acredita que a política de cortar artificialmente a oferta feita pela Opep não está em um equilíbrio estável. “Interesses divergentes entre os produtores e o descontentamento dos preços inflados artificialmente entre os compradores podem eventualmente afetar a estratégia da Opep”, afirma.

IstoÉ Online - SP   16/08/2023

O petróleo fechou em baixa pela segunda sessão seguida nesta terça-feira, 15, após bateria de dados da China renovar preocupações sobre a desaceleração da demanda da maior importadora de commodities do mundo.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para setembro fechou em baixa de 1,84% (US$ 1,52), a US$ 80,99 o barril. O petróleo Brent para outubro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em queda de 1,51% (US$ 1,32), a US$ 84,89 o barril.

O Escritório Nacional de Estatísticas da China (NBS, na sigla em inglês) informou que a produção industrial da China desacelerou a 3,7% em julho, ante igual período do ano passado, ficando abaixo da previsão de analistas da FactSet, de 4,1%. As vendas de varejo desaceleraram a 2,5%, aquém dos 4,5% esperados pelos analistas.

“A fraqueza na China está pressionando as commodities mais uma vez, incluindo o petróleo”, afirmou o presidente da Navellier, Luis Navellier.

O consultor econômico da Remessa Online André Galhardo afirmou ainda que “a possibilidade de uma nova rodada de más notícias relacionadas ao setor imobiliário chinês, com as dificuldades financeiras apontadas pela construtora Country Garden, associada a um quadro crescimento menos intenso, deve aumentar o clima de aversão ao risco”.

O analista da Oanda Edward Moya citou ainda o avanço menor que o esperado da leitura do índice ZEW de expectativas econômicas da Alemanha ao comentar a baixa do petróleo. “O mercado de petróleo pode até continuar apertado, mas a maioria das manchetes estão se tornando pessimistas (bearish) para o lado da demanda. O recuo do petróleo poderá precisar continuar antes de os compradores surgirem”, disse.

No noticiário, os investidores acompanharam uma explosão em um posto de gasolina na Rússia que matou 35 pessoas e feriu outras 115, de acordo com autoridades russas. Na Líbia, as autoridades chamaram o setor privado para investir na área de produção de petróleo.

O Estado de S.Paulo - SP   16/08/2023

Após a crise hídrica de 2021, a segurança energética ressurgiu com força nos debates do sistema elétrico brasileiro (SEB). Com o risco de racionamento e a intermitência da matriz energética, aumentaram as conversas sobre a vulnerabilidade do SEB. Ao mesmo tempo, ganha atenção a discussão sobre a reindustrialização e a percepção de que as políticas industriais e energéticas do País devem andar lado a lado.

Na última década, o PIB cresceu, em média, apenas 0,4% ao ano. Nesse período, enquanto a agropecuária e o setor de serviços apresentaram expansão anual de 2,5% e 0,7%, respectivamente, a indústria de transformação teve redução média anual de 1,5%. O menor crescimento do setor industrial não só diminui a competitividade do Brasil no cenário internacional, como também pode limitar o avanço tecnológico de outros setores.

Para corrigir essa tendência, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) lançou em fevereiro o Plano de Retomada da Indústria, relatório contendo propostas prioritárias para os cem primeiros dias do novo governo. Dentre as 14 propostas apresentadas, uma se referia diretamente ao setor de energia: a promoção da desconcentração e competição no mercado de gás natural.

Os dados referentes ao período de 2020 a 2021 são um bom exemplo para ilustrar a relação da indústria com o consumo de energia. No recorte, o produto das indústrias de transformação cresceu em 4,5%, acompanhado por um incremento de 3,6% no consumo energético. O uso de gás natural, apesar de o combustível não ser a principal fonte de energia utilizada no segmento, foi proporcionalmente o que mais cresceu, com ganhos de 20,8%.

Esse crescimento foi impulsionado por medidas como a Nova Lei do Gás e pela lei da privatização da Eletrobras. A lei da privatização prevê a contratação compulsória de 8 gigawatts de capacidade na forma de térmicas inflexíveis a gás a fim de reforçar a confiabilidade do sistema elétrico.

Dando continuidade aos movimentos de 2021, foi publicada em 2022 a Resolução CNPE n.º 3/2022, fornecendo o arcabouço regulatório para o acesso negociado e não discriminatório às infraestruturas essenciais do mercado de gás.

A redução dos obstáculos físicos e regulatórios no mercado de gás são um ponto-chave para que o gás natural se torne um dos alicerces para a reindustrialização do Brasil. Uma indústria saudável e crescente demanda uma fonte de energia segura e acessível. Nesse contexto, o gás natural é um insumo essencial para a transição e segurança energéticas e para a reindustrialização no Brasil.

AGRÍCOLA

Forbes Brasil - SP   16/08/2023

Saiba o que faz Praveen Penmetsa, CEO da Monarch, empresa que atrai multinacionais como CNH Industrial, Foxconn e investidores milionários, para ser o unicórnio do agro global
Amy Feldman 15 de agosto de 2023

Em uma tarde ensolarada no início do verão norte-americano, em Wente Vineyards, Livermore, na Califórnia, o co-fundador e CEO da Monarch Tractor, Praveen Penmetsa, está mergulhado em seu discurso sobre um certo robô-trator. Ele revela os benefícios de seu veículo de US$ 89 mil (cerca de R$ 445 mil na cotação atual): a máquina é totalmente elétrica. É autônoma. Pode cortar. Pode capinar. Segundo o executivo, embora custe cerca de 80% a mais do que uma máquina similar movida a diesel, ela economizará o dinheiro dos agricultores, aumentará a eficiência de suas fazendas e tornará suas operações menos dependentes de mão de obra e combustível externos.

“Se há uma coisa que os fazendeiros gostam mais do que armas, é ser autossuficientes”, diz ele rindo. “Precisamos mudar, para que os agricultores não sintam que não há futuro na agricultura”, completa.

O potencial comprador da máquina, Bartley Walker, da Pacific Ag Rentals, cuja empresa com sede em Salinas, na Califórnia, aluga equipamentos para agricultores, ouve atentamente. Walker está preocupado com a forma como os agricultores conseguirão manter os tratores carregados nos campos, mas está impressionado com os recursos de direção autônoma. “Entendemos que este é o futuro”, diz ele.

Nos dias atuais, é fácil encontrar Penmetsa, 45 anos – que passou quase duas décadas trabalhando em carros elétricos e autônomos antes de se dedicar à agricultura –, lutando para convencer agricultores, investidores e advogados de que mudar para tratores elétricos e autônomos é importante e viável. Ele prega que os tratores a diesel são uma importante fonte de poluição na agricultura, e os agricultores há muito lutam para contratar trabalhadores suficientes em um ambiente escasso de mão de obra. As máquinas da Monarch prometem resolver ambos os problemas.

Lançar uma empresa de equipamentos agrícolas é difícil. É intensivo em capital e os agricultores pouco capitalizados tendem a ser conservadores e resistentes a mudanças. Mas a Monarch, com sede em Livermore, que levantou US$ 116 milhões (R$ 578 milhões) em ações de investidores e atingiu uma avaliação de US$ 271 milhões (R$ 1,350 bilhão) em seu financiamento de ações mais recente, em novembro de 2021, parece ter atingido um ponto crítico. No ano passado, registrou US$ 22 milhões (R$ 110 milhões) em receita, acima dos US$ 5 milhões em 2021.

Este ano, a Penmetsa espera que a receita aumente de três a cinco vezes. Isso elevaria para mais de US$ 66 milhões, e possivelmente mais de US$ 100 milhões (cerca de R$ 330 milhões), com o número de seus tratores no campo passando de cerca de 100 unidades para 1.000 unidades. À medida que se expande, Penmetsa espera que mais de sua receita venha de assinaturas de software – até US$ 8.376 (R$ 42 mil) por trator, por ano – que fornecem aos agricultores alertas em tempo real sobre plantas doentes e riscos de segurança, além de coletar e processar uma tonelada de dados para melhorar a produtividade das lavouras.

Esses números ajudaram a Monarch a entrar na lista Forbes Next Billion-Dollar Startups deste ano, vitrine anual das 25 empresas com maiores probabilidades de atingirem uma avaliação de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5 bilhões). Penmetsa acredita que pode vender dezenas de milhares de tratores e alcançar uma receita “na casa das centenas de milhões de dólares” em três anos, permitindo que a Monarch abra então seu o capital em bolsa.

Para atender a demanda, a Monarch fechou neste mês de agosto um acordo com a Foxconn, empresa taiwanesa, famosa por fabricar a maioria dos iPhones do mundo, para fabricar scooters do tamanho de SUVs. Também está licenciando sua tecnologia, principalmente para a CNH Industrial, a empresa com sede em Londres por trás das marcas Case IH e New Holland, que é a segunda maior fabricante de tratores do mundo.

É claro que a Monarch, fundada em 2018 por Penmetsa, Zachary Omohundro, Mark Schwager e Carlo Mondavi, não está sozinha no desenvolvimento de robôs agrícolas. A John Deere, gigante de equipamentos agrícolas, com receita de US$ 60 bilhões (R$ 300 bilhões), anunciou no ano passado que estava trabalhando em um trator autônomo voltado para grandes fazendas que exigem grandes máquinas. Outras startups estão trabalhando em tratores elétricos (Solectrac) e tratores elétricos autônomos (Amos), bem como colhedores de morango autônomos (Agrobot) e robôs colaborativos que trabalham lado a lado com trabalhadores agrícolas humanos (Burro). Mas muitos desses esforços estão nos estágios iniciais e há muito trabalho a ser feito.

“A agricultura é o menos automatizado de qualquer grande mercado industrial”, diz Alastair Hayfield, pesquisador de robótica da Interact Analysis, uma empresa de inteligência de mercado com sede no Reino Unido. “Esta é uma longa transição.”

Por enquanto, os tratores de Penmetsa visam vinhedos e fazendas de frutas e legumes, que exigem máquinas menores do que as gigantes usadas por quem cultiva milho ou soja. Seus tratores existentes são equivalentes a uma máquina de 40 cavalos de potência, enquanto os que a CNH produzirá sob licença serão aproximadamente equivalentes a 75 cavalos de potência.

“Todas as reuniões que tenho terminam com ‘Como você vai enfrentar a John Deere?’ Vejo isso como uma prova de nosso sucesso”, diz Penmetsa. “Eles estão nos perguntando como podemos enfrentar Golias. Isso é extremamente fortalecedor para nós.”
História que começa na Índia

Penmetsa nasceu em Guntur, na Índia, mas cresceu a cerca de 270 quilômetros de distância, em Hyderabad, um centro tecnológico com uma população atual de 11 milhões. Ele foi um garoto da cidade, mas seus avós eram os últimos de uma longa linhagem de produtores de arroz. “Voltávamos todo verão para a casa dos meus avós”, diz ele. “Uma das primeiras vezes que segurei um volante, foi um volante de trator.”

Quando criança, era fascinado por carros velozes. (E ainda é. Muitos anos atrás, Penmetsa comprou um velho BMW por US$ 800 e o transformou em um carro de corrida.) Depois de obter um mestrado em engenharia mecânica na Universidade de Cincinnati, em 2002, ele conseguiu um emprego na MillenWorks, uma Huntington Beach, empresa de carros de ponta com sede na Califórnia, fundada pelo lendário piloto de corridas da Nova Zelândia, Rod Millen. “Sabia o suficiente sobre negócios para entender que as empresas de carros de corrida não são empreendimentos sólidos, então queria encontrar uma empresa que fizesse carros de corrida e também outras coisas”, diz Penmetsa.

Na MillenWorks, ele ajudou a desenvolver um robô experimental para a Darpa, o braço de pesquisa do Departamento de Defesa dos EUA, e projetou uma bateria para um dos primeiros carros elétricos que a Mitsubishi estreou no Salão do Automóvel de Detroit, em 2004. Quando Millen vendeu a empresa para a Textron, em 2010, Penmetsa decidiu abrir sua própria empresa, a Motivo. Juntando-se a ele estava um ex-aluno da MillenWorks, Omohundro, agora com 43 anos, que possui um Ph.D. em robótica pela Carnegie Mellon.

Na Motivo, eles trabalharam com veículos elétricos, inclusive demonstrando como um Toyota Prius poderia ser reaproveitado em um gerador de energia de emergência. Em 2012, Penmetsa voltou para visitar a família na Índia e ficou frustrado com as interrupções regulares de energia. “Eu estava tipo, ‘Gostaria de ter meu Toyota Prius aqui para poder recuperar minha energia'”, diz ele. A ideia, uma espécie de brincadeira na época, o fez pensar em como a eletricidade poderia ser levada para as áreas rurais.

Em 2013, quando Omohundro se deparou com uma doação da USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), para alimentar a agricultura nos países em desenvolvimento, ele e Penmetsa aceitaram o desafio. Na Motivo, construíram seu primeiro trator elétrico, uma pequena máquina movida a energia solar chamada Harvest. Em seguida, construíram três tratores, testando dois deles na aldeia dos avós maternos de Penmetsa, Maharajpei.

Ao conversarem com fazendeiros na Índia e depois nos Estados Unidos, ouviram o mesmo refrão: não há futuro na agricultura. “Há uma escassez global de mão de obra na agricultura; estão lutando com as margens apertadas de lucro e há uma pressão crescente sobre eles por sustentabilidade”, diz Penmetsa.

De volta aos EUA, construíram robôs agrícolas experimentais, incluindo um colhedor de batatas e um coletor de alface. Mas eram equipamentos tão caros (mais de US$ 500 mil) que nunca poderiam ser mais do que projetos de demonstração sofisticados. Mais promissor comercialmente era se debruçar sobre tecnologia para veículos autônomos. Enquanto trabalhavam para a DriveAI (adquirida pela Apple em 2019) e para a Faraday Future, eles começaram a sonhar com um trator elétrico autônomo a um preço que os agricultores pudessem pagar. “A compensação de custo do combustível diesel não é atraente o suficiente, mas se você tiver a compensação de diesel e a compensação de mão-de-obra, isso o torna atraente para o agricultor, e então você tem um negócio viável”, diz Omohundro, agora chefe de tecnologia da Monarch.

Logo, a dupla se uniu a Schwager, 39, que anteriormente liderou a Gigafactory, da Tesla, em Nevada, e que tinha experiência na ampliação de grandes projetos de fabricação. Com Mondavi, 43 anos – neto de Robert Mondavi, que agora administra seus próprios vinhedos na Califórnia e na Itália – como o quarto cofundador e diretor agrícola, a Monarch nasceu em dezembro de 2018. O nome é uma homenagem à borboleta monarca migratória, ameaçada de extinção nos EUA, devido ao uso de produtos químicos nas fazendas.

Apoiando-se na Mondavi, eles visaram os vinhedos, com suas fileiras estreitas de videiras, altos custos de mão-de-obra e clientes dispostos a pagar mais por um produto “verde”. A esperança de Mondavi: com a agricultura de precisão com o robôtrator da Monarch, os produtores podem usar menos produtos químicos sem diminuir o rendimento ou a lucratividade. “Mudamos o roteiro de que fazer o bem pelo planeta custa mais caro”, diz Mondavi. “A parte econômica é onde abrimos a porta.”
Como vender milhares de tratores

Penmetsa acredita que pode vender dezenas de milhares de tratores e atingir uma receita “na casa das centenas de milhões de dólares” em três anos. Construir um trator elétrico autônomo é difícil, e fazê-lo a um preço que os agricultores possam pagar é ainda mais difícil. Nos primeiros dias, os engenheiros da Monarch armaram uma tenda nas vinhas de Wente para desenvolver e testar a máquina. A Monarch fez apenas dois, ao custo de meio milhão de dólares cada. Em 2021, lançou uma segunda versão que custou US$ 250 mil (R$ 1,4 milhão) e começou a testar com vinhedos e produtores de leite. Para manter as coisas simples, eles se concentraram primeiro em automatizar uma das tarefas agrícolas mais básicas: cortar a grama.

Tom Chi, um dos fundadores do Google X e um dos primeiros investidores na Monarch, por meio da At One Ventures, relembra o evento de lançamento. “Eu estava me intrometendo nas conversas e os fazendeiros diziam: ‘Cortar a grama vai mudar o jogo’ ”, diz ele. “Mas meu cérebro dizia: ‘Cortar é tão fácil’. Eu estava tão ansioso pelas coisas que estavam por vir que desconsiderava esse corte, e eles diziam: ‘Temos tanto trabalho no campo que olhando no conjunto cortar grama pode ser visto como um desperdício de dinheiro.’”

Domenick Buck, diretor de serviços de suporte da Coastal Vineyards, uma empresa de gerenciamento de vinhedos, viu o trator pela primeira vez durante uma demonstração, no início de 2021. “Na verdade, funcionou; o trator dirigiu ”, diz ele com uma risada. Como o preço do diesel subiu rapidamente e com os subsídios do estado da Califórnia para tratores elétricos compensando até 75% do custo, Buck se tornou um dos primeiros clientes. Hoje, a empresa opera 18 tratores Monarch para si e para seus clientes. “Muitas pessoas não podem continuar operando na Califórnia”, diz Buck. “Estamos procurando maneiras de ficar à frente.”

Esses incentivos da Califórnia, pelos quais a Monarch fez lobby, são a chave para tornar a máquina acessível. A Penmetsa espera fazer uma versão mais barata, que possa ser vendida por menos de US$ 15 mil (R$ 75 mil) na Ásia e na África. Para isso, ele está fechando uma parceria com um fabricante de tratores na Índia e está focado em alugar as máquinas em vez de vendê-las. Ao mesmo tempo, o acordo de licenciamento da empresa com a CNH (que também é investidor da Monarch) permitirá que sua tecnologia acione tratores utilitários um pouco maiores. Esses devem chegar aos campos no final deste ano ou no início do próximo.

“A Monarch está na vanguarda do desenvolvimento de produtos”, diz Michele Lombardi, vice-presidente sênior de desenvolvimento corporativo e capital de risco da CNH. “Eu acredito que em 10 anos a 15 anos será fácil encontrar colhedores de frutas, equipamentos de colheita e equipamentos de lavoura funcionando de forma autônoma nas lavouras.”
Mas ainda há um grande problema a superar: como carregar as baterias no campo.

As máquinas da Monarch precisam funcionar por muitas horas em campos distantes de quaisquer tomadas elétricas ou até mesmo de estradas. Uma solução potencial é o carregamento solar, mas, por enquanto, a maioria dos robôs requer acesso a uma estação de carregamento que pode custar milhares de dólares para instalar. Outro obstáculo potencial: os regulamentos da Califórnia ainda não permitem que os tratores sejam totalmente autônomos – eles ainda exigem um operador humano para acompanhá-los. A Monarch pediu autonomia total e o estado concordou em reconsiderar, depois de coletar mais dados de segurança.

A longo prazo, porém, a ascensão dos robôs é inevitável, dada a persistente escassez de mão de obra no setor. Antigamente, lembra Penmetsa, os investidores os chamavam de masoquistas. “Eles têm muitos mitos que nos atingiram muito, como ‘os agricultores não vão adotar a tecnologia’”, diz. “Os agricultores são muito experientes e adotarão novas tecnologias se houver um ROI (retorno sobre investimento) para eles.” (tradução: ForbesAgro)

 

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