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16 de Junho de 2025

SIDERURGIA

Valor - SP   16/06/2025

O plano, anunciado em dezembro de 2023, enfrentou longos atrasos devido a "preocupações de segurança nacional" e disputas políticas na maior economia do mundo

O presidente dos EUA, Donald Trump, reverteu a decisão do ex-presidente Joe Biden de bloquear a aquisição da U.S. Steel pela Nippon Steel, marcando um marco importante nos esforços prolongados para selar o acordo de US$ 14,9 bilhões.

O plano, anunciado em dezembro de 2023, enfrentou longos atrasos devido a "preocupações de segurança nacional" e disputas políticas na maior economia do mundo.

Aqui estão 5 coisas para saber sobre o negócio.

Como a decisão de Trump aconteceu?

Em 13 de junho, Trump assinou uma ordem executiva dizendo que a proibição do negócio por Biden, emitida em janeiro, seria suspensa se a Nippon Steel e a U.S. Steel firmassem um acordo de segurança nacional (NSA) com o governo dos EUA até a data de fechamento do negócio.

Nippon Steel e U.S. Steel anunciaram no sábado, horário do Japão, que haviam feito tal acordo.

"O NSA prevê que aproximadamente US$ 11 bilhões em novos investimentos serão feitos até 2028", disseram as empresas. O acordo também inclui "compromissos relacionados à governança", incluindo uma “golden share” a ser emitida para o governo dos EUA.

"Agradecemos ao presidente Trump e sua administração por sua liderança ousada e forte apoio à nossa parceria histórica", disseram as siderúrgicas em seu comunicado.

Em uma postagem no Truth Social em 23 de maio, Trump descreveu o acordo como uma "parceria" entre as duas empresas, "que criará pelo menos 70 mil empregos e adicionará US$ 14 bilhões à economia dos EUA".

A decisão de Trump foi baseada em uma segunda revisão do acordo pelo Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos, ou CFIUS, que submeteu uma recomendação ao presidente em 21 de maio.

O CFIUS, um comitê interinstitucional liderado pelo secretário do Tesouro, atua como um examinador de investimentos estrangeiros nos EUA. Ele revisa transações envolvendo empresas americanas para ver se elas representam um risco à segurança nacional, como se a transação pudesse levar ao controle de tecnologias sensíveis ou infraestruturas críticas.

A segunda revisão do CFIUS seguiu uma ordem de Trump em abril para reexaminar o acordo depois que Biden o bloqueou em janeiro.

O anúncio de Trump foi um alívio para ambas as empresas, já que o acordo de aquisição entre as duas estipulava um prazo final de meados de junho, bem como uma taxa de rescisão reversa de US$ 565 milhões a ser paga pela Nippon Steel caso o negócio fracassasse.

Por que o negócio foi bloqueado inicialmente?

Biden bloqueou o negócio depois que o CFIUS não conseguiu chegar a uma conclusão unânime sobre a proposta.

"Essa aquisição colocaria um dos maiores produtores de aço da América sob controle estrangeiro e criaria risco para nossa segurança nacional e nossas cadeias de suprimentos críticas", disse Biden na época, chamando a U.S. Steel de "empresa americana vital".

Foi a primeira vez que um presidente dos EUA emitiu uma ordem para interromper a aquisição de uma empresa americana por uma empresa japonesa.

O negócio enfrentou oposição nos EUA desde seu anúncio em dezembro de 2023 e foi uma questão polêmica durante a campanha presidencial de 2024. Tanto Trump quanto Biden, assim como a eventual candidata democrata Kamala Harris, criticaram o acordo, enquanto tentavam obter votos sindicais no Estado-chave da Pensilvânia.

A empresa japonesa também estava em desacordo com o sindicato United Steelworkers (USW), que se opôs ao acordo durante todo o processo.

Após a decisão de Biden em janeiro, ambas as empresas entraram com uma ação judicial contra ele e outros altos funcionários do governo por exercerem "influência política ilegal" sobre o negócio, embora as empresas e o governo dos EUA mais tarde tenham pedido a um tribunal de apelações que pausasse o litígio.

O que o presidente Trump disse sobre o acordo no passado?

Trump havia criticado a venda de uma empresa que é um símbolo da manufatura americana. Um mês após o anúncio do acordo, ele disse que "bloquearia [o acordo] instantaneamente", descrevendo a aquisição como "uma coisa horrível".

Sua postura amoleceu um pouco depois de assumir o cargo, ilustrado por sua ordem em abril para o CFIUS revisar novamente a transação proposta.

Após uma reunião com o primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba em fevereiro, o presidente disse que a Nippon Steel faria "algo muito emocionante sobre a U.S. Steel", descrevendo o movimento como um investimento em vez de uma aquisição.

Alguns dias depois, no entanto, Trump disse que "ninguém" pode ter uma participação majoritária na U.S. Steel. "Não quero que a U.S. Steel seja propriedade de um país estrangeiro... Mas eles podem investir nela, e isso é diferente", disse ele. Mesmo após sua ordem ao CFIUS, Trump disse que não quer ver a U.S. Steel "ir para o Japão".

Apesar da pressão, a Nippon Steel não cedeu em seu compromisso de uma aquisição total da U.S. Steel. O vice-presidente Takahiro Mori disse em maio: "Estamos transferindo toda a nossa tecnologia de fabricação de aço de alta qualidade, e não podemos fazer investimentos sem retorno."

Um porta-voz da Nippon Steel disse no sábado que a empresa japonesa "entende e espera" obter 100% das ações ordinárias da U.S. Steel.

Por que a Nippon Steel quer comprar a U.S. Steel?

A Nippon Steel vê o acordo como uma prioridade máxima para seu crescimento de médio a longo prazo. A demanda por aço deve crescer nos EUA para coisas como veículos elétricos, construção e renovação de infraestrutura, enquanto a demanda deve cair no Japão devido a uma população em encolhimento.

A introdução da tarifa de 25% de Trump sobre produtos de aço e alumínio, que foi aumentada para 50% em 4 de junho, dificultou a exportação de aço de outros países para os EUA.

"Os EUA são um grande produtor de aço, mas [a produção doméstica] não é suficiente para atender à sua própria demanda", disse Leif Eskesen, economista-chefe da CLSA. "Com o tempo, essa pode ser uma área em que veremos algumas reversões, mas minha suposição por enquanto é que elas permanecerão em vigor por um tempo."

Embora a U.S. Steel esteja lutando financeiramente – tendo registrado seu segundo prejuízo líquido trimestral consecutivo nos três meses encerrados em março – espera-se que os lucros melhorem à medida que a política tarifária de Trump eleve os preços do aço doméstico.

A Nippon Steel acredita que uma aquisição total da empresa americana contribuirá com US$ 690 milhões para o lucro.

A empresa japonesa buscou adoçar o acordo para obter maior apoio à transação.

Em agosto e setembro, disse que estava disposta a investir US$ 2,7 bilhões nas instalações da U.S. Steel, ter cidadãos americanos assumindo cargos de gerência chave e manter as fábricas abertas.

E poucos dias antes do novo prazo do CFIUS se aproximar, foi revelado que a empresa japonesa havia aumentado significativamente seu compromisso de investimento para US$ 14 bilhões, o que está de acordo com a agenda econômica de Trump de fomentar investimentos estrangeiros diretos no país.

"O valor do investimento seria muito maior do que o planejado anteriormente, e achamos que isso tornaria o investimento proposto bastante atraente", disse Yu Shirakawa, analista de ações da Morgan Stanley MUFG Securities, em nota.

Qual é o estado geral do mercado de aço?

A proposta da Nippon Steel visa, em parte, proteger-se do excesso de capacidade na China. A capacidade de produção da China aumentou rapidamente a partir da década de 1990 e agora representa mais da metade da produção global de aço bruto.

Isso significou que, quando a demanda interna caiu, as siderúrgicas chinesas exportaram sua capacidade excedente para a Ásia, o que resultou na queda dos preços lá, prejudicando empresas como a Nippon Steel.

Os EUA, por outro lado, estão relativamente isolados dos movimentos da China, dada a distância geográfica. As tarifas de Trump irão isolar ainda mais seu mercado do aço chinês barato, disseram analistas.

"Os preços domésticos do aço nos EUA, sem dúvida, ainda superam os preços na Ásia", disse Siew Hua Seah, chefe de mercados ferrosos da Argus Media, uma agência de precificação, antes do aumento da tarifa de aço dos EUA.

"Isso apesar da diminuição da demanda por bobinas laminadas a quente no mercado doméstico de aço dos EUA nos últimos dois meses, já que os preços são suportados pela tarifa geral de 25% sobre as importações de aço."

Ela acrescentou que a tarifa geral de 25% de Trump sobre as importações de automóveis "tem sido um fator chave" para a queda dos preços do aço na Ásia e continuará sendo um entrave, particularmente para o Japão e a China devido a uma queda na demanda doméstica por aço como resultado da menor demanda por exportações de automóveis.

"O desafio contínuo da China exportando vastas quantidades de aço para o resto do mundo, especialmente a Ásia, enfraquece ainda mais o difícil ambiente de preços do aço na Ásia", disse ela.

IstoÉ Dinheiro - SP   16/06/2025

O presidente Donald Trump assinou nesta sexta-feira um decreto que autoriza a fusão das gigantes do aço US Steel e Nippon Steel, após as empresas chegarem a um acordo sobre as garantias de segurança nacional dos Estados Unidos.

O acordo encerra uma saga sobre a propriedade de um ativo nacional-chave desde que os dois grupos industriais anunciaram, em 2023, um plano para que a Nippon Steel adquirisse a US Steel por US$ 14 bilhões. A operação foi bloqueada pelo ex-presidente Joe Biden, por se tratar, segundo ele, de um assunto de segurança nacional.

No mês passado, Trump expressou seu apoio a uma “associação planejada” entre os dois grupos. “A US Steel PERMANECERÁ nos Estados Unidos e manterá sua sede na grande cidade de Pittsburgh”, publicou na rede Truth Social, na ocasião.

Em comunicado conjunto, US Steel e Nippon Steel comemoraram a decisão: “Trump aprovou a associação histórica entre as empresas, que permitirá investimentos na fabricação de aço nos Estados Unidos, protegendo e criando mais de 100.000 postos de trabalho.

“Adicionalmente ao decreto do presidente que aprovou a parceria, as empresas assinaram o Acordo de Segurança Nacional (NSA, sigla em inglês) com o governo dos Estados Unidos”, que prevê novos investimentos, de cerca de US$ 11 bilhões, até 2028, detalharam.

O anúncio foi feito após uma revisão do acordo pelo Comitê sobre Investimentos Estrangeiros nos Estados Unidos, responsável por analisar as implicações para a segurança nacional das aquisições estrangeiras de empresas americanas.

ECONOMIA

Infomoney - SP   16/06/2025

A Selic deve ser mantida em 14,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima reunião, na quarta-feira, 18, segundo projeção do UBS BB. Em relatório divulgado na sexta-feira, 13, o time de analistas do banco aponta que a decisão deve marcar o fim do ciclo de alta de juros no Brasil.

A instituição aponta que, em seu último comunicado, o BC afirmou que “o comitê seguirá vigilante”.

Desde 2019, observa o UBS BB, depois que esta frase foi usada, o encontro seguinte do Copom nunca terminou com uma mudança na Selic.
“Portanto, acreditamos fortemente que o BC parou o ciclo de alta e vai adotar uma abordagem ‘high for long'”, diz o documento, referindo-se à perspectiva de juro alto por longo tempo.

Como ficam os investimentos no Tesouro Direto com IR de 17,5%?

Medida provisória do governo unifica tributação e acaba com tabela regressiva do Imposto de Renda; mudanças valem para aplicações feitas a partir de janeiro de 2026

Na visão do UBS BB, o que importa agora é a partir de quando o BC dará início a um ciclo de redução da taxa básica de juros – o que, na avaliação do banco, não deve ocorrer antes de abril de 2026, para que a inflação convirja à meta de 3% no horizonte relevante para a política monetária. Um cenário alternativo seria de um corte em março, com maior probabilidade do que em junho, destacam os analistas.

“Acreditamos que quando o BC começar a cortar a Selic, vai adotar um ritmo de 50 pontos-base por reunião, com a taxa encerrando 2026 em 11,75% e possivelmente atingindo 9% no longo prazo”, diz o UBS BB no documento.

A instituição estima que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficará acima da meta em 2025 e também em 2026, com alta de 5% e 4%, respectivamente.

O Estado de S.Paulo - SP   16/06/2025

Em edição extra do ‘Fala, Duquesa!’, a colunista comenta a entrevista dada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre as medidas para compensar o IOF.

Associações dos setores financeiro e produtivo propuseram, em documento, uma série de alternativas para o reequilíbrio das contas públicas neste ano e no próximo. As propostas são feitas após o governo elevar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em operações de crédito, câmbio e seguros, e também diante das propostas de criação de uma tarifa social de energia elétrica e de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 mensais.

As entidades propõem medidas de redução de gastos e também de aumento da arrecadação. Na contenção de gastos, as propostas teriam um impacto estimado de R$ 18,9 bilhões neste ano e de R$ 49,4 bilhões no próximo. Na ampliação de receitas, a conta é de R$ 3 bilhões em 2025, e de R$ 33,4 bilhões em 2026.

As propostas são assinadas pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), pela Confederação Nacional das Instituições Financeiras (Fin, ex-CNF), pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

O documento foi entregue por representantes das entidades ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a viagem dele a Paris, na semana passada, mas só foi divulgado pelas entidades nesta sexta-feira, 13. As entidades têm criticado publicamente as medidas fiscais mais recentes do governo, que afetam parte de seus produtos e serviços, e defendem um ajuste estrutural nas contas públicas também pelo lado da despesa.

Para reduzir as despesas do governo, as associações propõem o contingenciamento de despesas discricionárias neste ano, na ordem de R$ 18,9 bilhões. Para o ano que vem, as propostas são de desvinculação de benefícios sociais, como o BPC, o abono salarial e o seguro desemprego, do salário mínimo. Além disso, as entidades defendem que novos entrantes do BPC passem a receber valor equivalente ao do benefício do Bolsa Família. Essa proposta teria impacto de R$ 9,9 bilhões.

Outra proposta é a de desvincular o piso da previdência social do salário mínimo, com impacto de R$ 10,6 bilhões em 2026. Além disso, as entidades defendem que as despesas mínimas do governo com saúde e educação voltem a ser reajustadas anualmente pela inflação, como aconteceu no período de vigência do teto de gastos, entre 2017 e 2022. Essa medida levaria a uma economia estimada de R$ 28,9 bilhões no ano que vem.

Na frente arrecadatória, a principal medida seria a tributação das apostas virtuais (bets) pela criação de uma Cide específica para o setor, e que teria o potencial de arrecadar R$ 25,2 bilhões em 2026. As associações consideram que o imposto ajudaria a desestimular as apostas online.

Outras propostas incluem a reativação do programa de atualização do valor de imóveis (R$ 1 bilhão em arrecadação neste ano) e do programa de regularização de ativos mantidos no Brasil ou no exterior (R$ 2 bilhões este ano); a tributação de transações realizadas entre empresas de serviços digitais sediadas no exterior e pessoas no Brasil, via IR, com alíquota de 15% (R$ 4,2 bilhões em 2026); e a instituição de um teto de R$ 24.000 anuais para a dedução de despesas com saúde no IR (impacto de R$ 4 bilhões em 2026).

O Estado de S.Paulo - SP   16/06/2025

Os debates a respeito da estabilidade fiscal construíram oportunidade histórica para mudar o Brasil de patamar. Na linha do tempo, quando superamos o problema da dívida externa, vencemos as crises cambiais e derrotamos a hiperinflação, endereçamos a esperança de uma economia mais estável, previsível e de crescimento com desenvolvimento social. No entanto, faltou consolidar medidas para garantir a solidez das contas públicas, o que pode ser feito agora.

Medidas estruturantes são mais difíceis, mas são elas que vão permitir finanças públicas saudáveis e duradouras. Os debates acirrados em torno da proposta de solução das contas públicas no curto prazo, para este e o próximo ano, permitiram o amadurecimento da noção de que é preciso olhar além das medidas temporárias e emergenciais.

Abriu-se caminho para propostas mais ambiciosas de mudanças, que avançaram para medidas de arrumação da estrutura fiscal do País. Esse é um objetivo que poderá dar ao Brasil a conquista do cartão de acesso à disputa da primeira divisão econômica global.

A reconquista do grau de investimento das agências de classificação de risco é o alvo, e significa aumento do fluxo de investimento estrangeiro e redução dos custos de captação internacional, além, e principalmente, da queda da Selic.

O Brasil é hoje uma das dez maiores economias globais, nossa balança comercial é robusta, temos diferenciais competitivos e o PIB cresce. O ajuste fiscal vai permitir saltos nessas qualificações. É um cenário no qual todos serão vencedores.

Mas, no momento, a sensação é de aposta no clima do quanto pior, melhor. O encaminhamento para a solução dos impasses aparentes ainda é o da negociação paciente entre governo e Congresso, com a participação ativa da iniciativa privada. É possível alcançar caminhos de consenso, mesmo num ambiente político polarizado.

É complexo, mas necessário, traçar uma agenda que tenha pontos básicos, como a desindexação da economia, a correção das assimetrias tributárias com redução dos gastos com subsídios, além da garantia de um Orçamento flexível, com as prerrogativas da União no seu lugar de direito.

Cabe posicionar o ajuste fiscal em seu campo técnico. A proposta do governo tem pontos positivos, inclusive com o corte de gastos. Mas há outras que merecem atenção e mais debates. Estamos mais próximos de um avanço fundamental para o Brasil do que do retrocesso. Para isso, é preciso sair da linha de confronto.

Agência Brasil - DF   16/06/2025

Os investimentos em infraestrutura no país devem chegar a R$ 277,9 bilhões este ano, segundo estimativa divulgada nesta sexta-feira (13) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Caso se confirme, o valor será 4,2% superior ao observado no ano passado, de acordo com a CNI.

A proporção dos investimentos em infraestrutura em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), no entanto, deve ser reduzida dos 2,27% observados em 2024 para 2,21% projetados para este ano.

O analista da CNI Ramon Cunha explica que o Brasil historicamente investe pouco em infraestrutura. “Em algumas atividades, o país investe menos do que o necessário para suprir a própria depreciação desses ativos. Isso se reflete, na prática, em estradas com conservação inadequada, instabilidade em termos de fornecimento de energia e serviços de telecomunicações, e, ainda, em precariedade no abastecimento de água e no tratamento de esgoto”.

Segundo a CNI, os setores onde são esperados mais crescimentos no investimento, neste ano, são saneamento básico e transportes.

A confederação também estima que 72,2% dos investimentos virão da iniciativa privada, mantendo a tendência observada desde 2019, quando o capital privado responde por mais de 70% desses aportes.

Para a CNI, apesar dos avanços observados nos últimos anos, a infraestrutura nacional ainda precisa superar deficiências, a fim de dar condições ao país para concorrer internacionalmente. Entre as principais dificuldades apontadas pela confederação estão entraves regulatórios, demora no processo de licenciamento ambiental e investimentos insuficientes.
Recomendações

O estudo da CNI enumerou oito pilares que seriam considerados essenciais para a modernização da infraestrutura brasileira, entre eles tornar o investimento em infraestrutura uma política de Estado e garantir sua melhor governança; e ampliar de forma responsável e com racionalidade econômica os investimentos públicos, direcionando-os para projetos de maior retorno para a sociedade.

Também são recomendações da CNI que o governo seja rigoroso nos critérios de escolha de investimentos públicos e parcerias público-privadas, que haja maior segurança jurídica para os investimentos privados, que seja aprimorada a regulação do setor de infraestrutura, e que seja ampliada a participação dos mercados de capitais no financiamento de projetos de infraestrutura.

Outros pontos considerados importantes são o fortalecimento o papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como estruturador de projetos sustentáveis de infraestrutura e o apoio à expansão gradual dos investimentos em infraestrutura até que seja atingido o patamar de ao menos 4% do PIB.

O Estado de S.Paulo - SP   16/06/2025

As tarifas aumentam os preços ao consumidor. Essa é uma opinião defendida pela maioria dos economistas desde muito antes de Donald Trump entrar na Casa Branca.

Os preços subiram quando Trump impôs taxas sobre a China em seu primeiro mandato, embora isso não tenha se traduzido em uma inflação geral visivelmente mais alta. Os analistas vêm se preparando há meses para que isso aconteça novamente em uma escala muito maior, já que suas tarifas desta vez são substancialmente maiores e mais difundidas.

Porém, os dados divulgados esta semana mostraram que as pressões inflacionárias permaneceram mais brandas do que o esperado nessa fase, levantando uma questão incômoda para os economistas: suas previsões estão erradas?

Os economistas não se intimidam - por enquanto. Não é que as tarifas não estejam afetando os preços, dizem eles. É que isso ainda não está acontecendo de forma suficientemente significativa para aparecer em medidas amplas de inflação, como o Índice de Preços ao Consumidor. Eles argumentam que o impacto será muito mais significativo neste verão.

“É muito provável que a inflação aumente”, disse Marc Giannoni, economista-chefe do Barclays nos EUA, que trabalhou anteriormente nos bancos regionais do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) em Dallas e Nova York. “É uma questão de tempo, não tanto de se.”

As tarifas de Trump já repercutiram na economia de várias maneiras.

As empresas correram para estocar produtos antes que os impostos fossem impostos e agora as importações de produtos estrangeiros estão caindo drasticamente. A incerteza disparou, alimentada pelas frequentes mudanças na política comercial do governo. Na quinta-feira, 12, o governo anunciou que as tarifas sobre o aço seriam aplicadas em breve aos aparelhos fabricados com o metal, incluindo máquinas de lavar louça, máquinas de lavar roupa e geladeiras.

Esse vaivém aumentou a ansiedade sobre as perspectivas econômicas, fazendo com que o sentimento do consumidor caísse e as expectativas sobre a inflação aumentassem. A última pesquisa realizada pela Universidade de Michigan, divulgada na semana passada, mostrou que os consumidores estão um pouco menos desanimados e esperam menos inflação do que no início do ano, embora estejam se preparando para preços mais altos. Os norte-americanos, sob maior pressão financeira, tornaram-se mais seletivos sobre como gastar seu dinheiro nesse cenário.

Porém, nos dados de rastreamento de preços, a evidência é muito mais desigual. Os relatórios de inflação de abril - medindo os preços ao consumidor e ao produtor - mostraram a marca inicial das tarifas. Os produtos mais expostos aos impostos, como móveis e equipamentos de áudio, ficaram mais caros.

Mas em maio, em vez de se estender a outros produtos, como os economistas haviam previsto, os preços que haviam subido recuaram, enquanto os produtos que haviam ficado mais baratos ficaram mais caros.

O Índice de Preços ao Consumidor subiu 0,1% em maio, ou 2,4% em relação ao ano anterior, conforme divulgado na quarta-feira, 11. Um dia depois, o governo informou que os preços no atacado dos EUA haviam subido o mesmo 0,1% no mês passado, registrando um ritmo anual de 2,6%.

Omair Sharif, fundador da empresa de pesquisa Inflation Insights, atribuiu o “padrão de gangorra” de maio ao acúmulo de estoques que os varejistas acumularam no início do ano. Isso criou uma margem para os vendedores oferecerem descontos, como na época do Memorial Day, e, em geral, não aumentassem os preços até que esses estoques acabassem.

A primeira guerra comercial oferece algumas lições

Esse ciclo pode levar vários meses, como demonstrou a guerra comercial do primeiro mandato de Trump. As máquinas de lavar, que foram diretamente afetadas pelas tarifas do presidente em 2018, não ficaram imediatamente mais caras. Mas após cerca de cinco meses, os custos mais altos foram repassados quase “um a um” para os consumidores, disse Sharif.

O aumento da inflação na era da pandemia também oferece algumas lições. Naquela época, os custos de remessa dispararam à medida que as dificuldades na cadeia de suprimentos colidiam com a forte demanda por itens de uso diário normalmente produzidos no exterior. Uma pesquisa realizada pela equipe do Federal Reserve Bank de Kansas City mostrou que foram necessários de 12 a 18 meses para que esses custos mais altos fossem totalmente repassados aos preços ao consumidor.

“É uma questão de tempo até que tudo esteja realmente caminhando na mesma direção”, disse Sharif, acrescentando que isso pode levar apenas alguns meses.

Essa linha do tempo está alinhada com a de Stephen Stanley, economista-chefe do Santander nos EUA.

Tenho certeza de que a dinâmica do “Menino que gritava lobo” vai entrar em ação para alguns. Se as tarifas não afetaram o CPI em abril ou maio, então talvez todos aqueles alertas sobre o aumento da inflação estivessem simplesmente errados", disse Stanley.

“Eu consideraria essa opinião absolutamente incorreta”, acrescentou. “Os aumentos de preços estão chegando. Tivemos um pouco de sorte, pois os varejistas mostraram moderação.”

Até o final do ano, Stanley espera que os preços ao consumidor acelerem para um ritmo anual de 3%, conforme medido pelo Índice de Preços ao Consumidor, com grandes aumentos em junho e julho.

Os consumidores poderiam manter os preços sob controle

Entretanto, os dados mais brandos podem significar que o próximo pico de inflação pode ser mais contido do que se temia. Essa opinião depende do fato de Trump não aumentar as atuais taxas tarifárias ou ameaçar com novos impostos, uma grande incógnita quando seu governo deu a entender que o prazo para a assinatura de acordos comerciais pode ser adiado.

Isso também depende de como os consumidores estão se saindo. As demissões ainda são baixas, mas está ficando mais difícil para as pessoas que querem trabalhar encontrarem emprego. Os salários também não estão crescendo tão rapidamente quanto na época em que a inflação estava em alta após a pandemia. Em um sinal de que as pessoas estão começando a reduzir os gastos diante desse cenário, as tarifas aéreas caíram novamente em maio.

“Considerando que a inflação aumentou tanto nos últimos anos, cumulativamente, acho que há uma resistência significativamente maior entre os consumidores para aceitar preços mais altos”, disse Thomas Simons, economista-chefe da Jefferies nos EUA. “Eles estão mais propensos a mudar seu consumo para ir atrás de coisas com melhor valor.”

As empresas podem ter mais dificuldade para repassar os aumentos de preços do que em um ambiente econômico mais robusto. Se tornarem os produtos muito caros, correm o risco de reduzir a demanda.

Por esse motivo, Giannoni, do Barclays, não espera que os custos relacionados às tarifas sejam totalmente repassados aos consumidores. Em vez disso, as empresas e os fornecedores absorverão cerca de metade do aumento, reduzindo seus lucros.

Abordagem de “esperar para ver” do Fed continua em andamento

Essa perspectiva incerta para a inflação representa um enigma para o Federal Reserve, cujas autoridades se reunirão na próxima semana. A expectativa geral é de que o banco central mantenha as taxas de juros entre 4,25% e 4,5%, o nível vigente desde janeiro. Por enquanto, seus formuladores de políticas parecem estar comprometidos com uma abordagem de “esperar para ver”: adiar grandes decisões políticas até que tenham mais clareza não apenas sobre as políticas de Trump, mas também sobre o impacto econômico.

Assim como a maioria dos economistas, as autoridades do Fed acreditam que as tarifas aumentarão a inflação e, ao mesmo tempo, afetarão o crescimento, embora tenham deixado claro que ainda é muito cedo para saber qual será a magnitude do impacto em ambas as frentes.

Se os efeitos inflacionários das tarifas acabarem sendo muito mais benignos do que o esperado inicialmente, o Fed terá mais flexibilidade para reiniciar os cortes nas taxas de juros mais cedo. E os economistas estariam repensando suas expectativas.

“Eu ficaria muito, muito surpreso se não víssemos algumas impressões de inflação mais fortes nos próximos meses”, disse Giannoni. “Se a inflação continuar muito baixa, teremos de voltar à prancheta de desenho.”

Money Times - SP   16/06/2025

A produção industrial da China cresceu 5,8% em maio em relação ao mesmo mês do ano anterior, ainda assim, uma desaceleração em relação aos 6,1% registrados em abril, de acordo com divulgação desta segunda-feira (16) do Escritório Nacional de Estatísticas da China.

Analistas esperavam um crescimento de 5,9% na comparação anual. Os dados de maio desde ano mostram o menor nível em seis meses de crescimento da produção industrial chinesa.

Por outro lado, o crescimento de 6,4% nas vendas no varejo em maio no ano contra ano superou as previsões de 5% em pesquisa com analistas, marcando o crescimento mais rápido desde dezembro de 2023.

Os dados mistos surgem enquanto a economia chinesa sofre com a ofensiva tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump, e com a fraqueza crônica no setor imobiliário, onde os preços das casas seguem em queda, sem sinais de reversão.

“A trégua comercial entre EUA e China não foi suficiente para evitar uma perda mais ampla de impulso econômico no mês passado”, disse Zichun Huang, economista da China na Capital Economics. “Com tarifas permanecendo altas, apoio fiscal enfraquecendo e ventos contrários estruturais persistindo, o crescimento provavelmente desacelerará ainda mais este ano.”

Calendário ajudou nas vendas

Dados divulgados no início deste mês mostraram que as exportações totais da China cresceram 4,8% em maio, mas os embarques para os EUA despencaram 34,5%, a maior queda desde fevereiro de 2020.

As pressões deflacionárias do gigante asiático também se intensificaram no mês passado.

Dando suporte às vendas no varejo, houve fortes gastos durante o feriado do Dia do Trabalho e um programa de troca de bens de consumo, fortemente subsidiado pelo governo.

Um festival de compras estendido, o “618” — um dos maiores eventos de varejo online da China em volume de vendas — começou mais cedo do que o habitual este ano, ajudando a impulsionar o consumo.

O Estado de S.Paulo - SP   16/06/2025

Com mais emprego, boa safra e algum recuo da inflação, os brasileiros podem avaliar o resto do ano com algum otimismo, mas o quadro ainda pode ser desarrumado, se o presidente Lula insistir em adiantar, com a gastança, a campanha eleitoral de 2026.

Os ganhos totais dos trabalhadores aumentaram 5,9% em um ano e chegaram a R$ 394,4 bilhões no trimestre de fevereiro a abril. O desemprego nesses três meses ficou em 6,6%, 1 ponto porcentual abaixo do nível de um ano antes e sem variação significativa em relação ao período de novembro a janeiro. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Se as condições do tempo continuarem ajudando, a safra de grãos poderá favorecer tanto o consumo das famílias quanto a receita de exportações.

Estimada em 332,6 milhões de toneladas pelo IBGE, a produção atingirá novo recorde, com a soja (165,2 milhões de toneladas) representando quase metade do total esperado. Também são previstos aumentos importantes nas colheitas de arroz (15,9%), do feijão (4,6%), do milho (14,1%) e do trigo (6,6%).

Em vez de celebrar, o governo ofuscou parcialmente o quadro promissor, ao anunciar nova tributação sobre a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) e sobre a Letra de Crédito Imobiliário (LCI), em busca de mais dinheiro para cobrir seu excesso de gastos.

Agricultores foram surpreendidos pelo novo ataque tributário enquanto cuidavam da passagem da safra de verão para a de inverno, atividade muito mais importante para os consumidores do que boa parte das despesas federais.

Mais impostos podem facilitar a vida de um presidente gastador, mas de nenhum modo garantem contas públicas em equilíbrio duradouro. O risco é evidente, e isso explica a persistência de projeções econômicas sombrias.

Embora a inflação mensal tenha desacelerado para 0,26% em maio, a alta de preços estimada para 2025 permanece longe da meta de 3% e acima do teto de 4,5%. No começo da semana, a mediana das projeções do mercado apontava 5,4% acumulados no final deste ano.

Nem os técnicos do governo têm apostado em sucesso na contenção da alta de preços nos próximos meses. Segundo a última estimativa oficial divulgada pelo Ministério da Fazenda, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve subir cerca de 5% em 2025.

O Banco Central (BC) trem defendido uma desaceleração do crescimento econômico para redução das tensões inflacionárias. Mas a projeção oficial de crescimento foi recentemente revista de 2,3% para 2,4%.

Dirigentes do BC continuam com razões ponderáveis, portanto, para manter juros elevados, num esforço para desaquecer a atividade econômica e derrubar a inflação.

Famílias e empresas poderiam ser menos pressionadas pelo crédito caro, no entanto, se o governo fosse mais prudente em seus gastos e assim contribuísse também para a contenção dos preços.

Além disso, haveria benefícios para os consumidores, para o empresariado e, afinal, para o Tesouro, se o endividamento do poder público fosse freado. Os benefícios de uma boa safra tendem a ser parcialmente perdidos quando a imprudência do governo desarranja os preços.

Globo Online - RJ   16/06/2025

O Copom e o Federal Reserve vão definir os rumos das taxas básicas de juros em um momento delicado, marcado por pressões internas e externas — desde o cenário fiscal doméstico até as tensões geopolíticas entre EUA e China, e agora, o conflito crescente entre Irã e Israel. Esta Super Quarta promete traçar o tom dos próximos capítulos da economia global.

No Brasil, o mercado está dividido, mas tendendo mais pela alta de 0,25pp. A precificação da B3 mostra que 60% dos agentes apostam em uma alta de 0,25 ponto percentual, enquanto menos de 40% esperam a manutenção da Selic em 14,75%. Para muitos, esse seria o ponto final de um dos ciclos mais longos e agressivos de aperto monetário da história recente.

Entre os que defendem a manutenção está Luis Otávio Leal, sócio e economista chefe da G5 Partners, que destaca que, para o nível atual de juros, uma elevação residual de 0,25 ponto percentual teria impacto irrelevante na economia real. Para ele, manter a Selic no patamar atual por um período prolongado pode ser suficiente para que a inflação convirja para a meta entre o primeiro e o segundo trimestre de 2027 — dentro do novo horizonte de política monetária que o Banco Central deverá considerar já na reunião de julho.

Leal argumenta ainda que "uma decisão de manutenção pode ser acompanhada por um comunicado firme — um tom “hawkish” — que deixe claro que o ciclo de alta não está encerrado, apenas interrompido “por enquanto”.

- Esse tipo de sinalização ajudaria a conter uma possível antecipação das apostas em cortes na taxa de juros, o que poderia afrouxar as condições financeiras de forma prematura e atrapalhar o esforço de desinflação.

Na outra ponta, Jonatas Pires Faura, especialista em alocação na WIT Invest, vê espaço para mais uma alta antes do encerramento do ciclo.

- A Selic terminal deve ser 15%. O atual cenário fiscal e o ruído em torno de medidas como o IOF ainda pesam nas decisões do BC.

Segundo ele, o cenário fiscal pode alterar o rumo das próximas reuniões — o que reforça o grau de incerteza mesmo que o ciclo esteja próximo do fim.

A UBS, por sua vez, projeta manutenção da taxa em 14,75% e vê essa decisão como confirmação do fim do ciclo de alta. A instituição também chama atenção para a divulgação do IBC-Br de abril na segunda-feira, com projeção de alta de 0,4% na comparação mensal e 2,5% na comparação anual, o que pode reforçar o argumento de cautela por parte do Copom.

Nos Estados Unidos, o cenário é mais previsível: o consenso é de que o Fed manterá os juros no intervalo atual de 4,25% a 4,50%. A atenção dos mercados estará voltada para o tom do comunicado e para as projeções atualizadas do comitê. A expectativa dominante é de dois cortes de 0,25 ponto percentual até o fim do ano — um em setembro e outro em dezembro.

MINERAÇÃO

Valor - SP   16/06/2025

Os contratos do minério de ferro mais negociados, para setembro, fecharam com baixa de 0,14%

Enquanto os investidores monitoram os conflitos no Oriente Médio, após um ataque israelense atingir a região de Terãa, no Irã, na noite de quinta-feira (12), o minério de ferro cai devido à fraca demanda.

A fraqueza persistente da demanda no setor imobiliário e a baixa entrada de pedidos pelas empreiteiras podem levar a demanda por aço para infraestrutura cair 7% em 2025, segundo cálculo do Citi, citado pelo Dow Jones Newswires.

Os contratos do minério de ferro mais negociados, para setembro, fecharam com baixa de 0,14% na Bolsa de Dalian, cotados a 703 yuan (US$ 97,9) a tonelada.

AUTOMOTIVO

Valor - SP   16/06/2025

Estimativa da Eve é ter seu eVTOL certificado no Brasil e em operação em 2027

A frota global em operação de aeronaves elétricas de pouso e decolagem vertical (eVTOL, popularmente chamado de carro voador) deverá atingir 30 mil unidades até 2045, segundo estudo divulgado pela Eve, subsidiária da Embraer para o desenvolvimento da tecnologia. A estimativa da Eve é ter seu eVTOL certificado no Brasil e em operação em 2027.

O mercado para os eVTOLs provocou uma grande empolgação no mundo nos últimos anos, com muitas empresas lançando projetos. Mas o capital escasso e as dificuldades de certificação têm levado ao desaparecimento de empresas e consolidações, movimentos que tendem a continuar, disse Johann Bordais, CEO da Eve, em entrevista ao Valor.

Segundo o levantamento, a frota projetada será uma necessidade para atender à estimativa de três bilhões de passageiros transportados nesse período, o que deve gerar uma receita potencial de US$ 280 bilhões aos operadores dessa tecnologia – entre os principais clientes estão as companhias aéreas, que já lançaram cartas de intenção de compra.

A análise foi desenvolvida a partir de dados de 1.800 cidades presentes no banco World Urbanization Prospects das Nações Unidas, informações de 1.000 aeroportos e mais de 27 mil helicópteros civis atualmente em operação.

“Hoje, a Mobilidade Aérea Urbana se beneficia do crescimento populacional nas cidades, do aumento dos congestionamentos e da busca por soluções sustentáveis. A demanda é robusta e representa o início de uma profunda transformação na forma como as pessoas vão se deslocar e viver nos grandes centros urbanos”, disse Bordais.

Entre as principais aplicações a impulsionar o crescimento do setor no futuro estão os serviços ponto a ponto em áreas urbanas (como de Alphaville para a avenida Faria Lima, em São Paulo) e o transporte entre aeroportos, que devem representar 80% do uso do eVTOL nos primeiros 20 anos da tecnologia.

Segundo Bordais, um dos objetivos da Eve hoje é trazer soluções de mobilidade às cidades em meio a um cenário de crescimento populacional. De acordo com dados do World Cities Report de 2022 da ONU, até 2035 mais de 800 cidades terão população superior a um milhão de habitantes, somando mais de 2,5 bilhões de pessoas. O crescimento, apontou, intensificará os desafios já enfrentado pelos grandes centros.

Em 2024, o tempo perdido anualmente devido a congestionamentos foi expressivo em cidades como Londres (226 horas), Nova York (196 horas), a indiana Bengaluru (234 horas), São Paulo (222 horas) e Joanesburgo (112 horas).

Separado por região, a Ásia-Pacifica deverá ter a maior participação do mercado nos próximos 20 anos, com 41% da frota global, ou 12,2 mil eVTOLs. A região tem tomado a dianteira no segmento sobretudo ante políticas públicas para incentivar soluções de mobilidade. A realidade chega diante do forte crescimento populacional em grandes metrópoles em países como China.

Já na América Latina a estimativa é de uma frota de 2.060 eVTOLs nos próximos 20 anos, ou 7% da frota global. “A infraestrutura na região, infelizmente, não consegue acompanhar o crescimento da população”, disse Thiago Nico Daffini, líder de inteligência de mercado da Eve, destacando que a tecnologia deve ganhar corpo em grandes centros como São Paulo para preencher essa lacuna de outros modais de transporte.

Apesar das perspectivas positivas, o desenvolvimento pleno da mobilidade aérea urbana depende da superação de desafios importantes. O maior deles seria a regulamentação, que ainda tem caminhado pelo mundo.

Hoje, a Eve avança com seu processo de certificação junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A estimativa é ter o seu eVTOL certificado e pronto para voar em escala comercial em 2027.

Bordais disse que hoje o mercado de eVTOL tem se normalizado após diversas turbulências. Centenas de startups chegaram a lançar projetos nos últimos anos, mas a falta de capital, demora na entrega de resultados e frustração de alguns investidores levaram muitas delas a fechar as portas ou buscar restruturações.

“É fato que todo ciclo de inovação passa por uma fase em que todo mundo quer investir, em que ele é a bola da vez. Depois vem a realidade. Há bons projetos no mercado, mas não é só isso que se precisa para conseguir a certificação. A regulação é um dos desafios”, disse Bordais.

Ainda conforme o executivo, a indústria global deverá fechar essa década com três ou quatro fabricantes de fato conseguindo certificar seus modelos de eVTOL.

Recentemente, o setor foi alvo de um relatório duro da KPMG, em que a consultoria destacou que após o momento de entusiasmo, os passos de desenvolvimento e certificação são desafiadores. O cenário inevitavelmente levará muitos projetos a não ter sucesso, disse a consultoria.

Auto Industria - SP   16/06/2025

Dois dias após receber o presidente da Fenabrave, Arcelio Junior, o vice-presidente e titular do MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, teve reunião com o presidente executivo da Anfavea, Igor Calvet, também na sede do órgão em Brasília.

No caso da entidade dos concessionários, o objetivo principal foi entregar ao ministro convite para participar do Congresso & Expo Fenabrave na capital paulista em agosto. A entidade nada revelou sobre os outros assuntos abordados na ocasião, assim como fez a Anfavea, que oficialmente não comentou a reunião da tarde da quinta-feira, 12.

Fonte de uma montadora, contudo, informou que o programa Mover, Mobilidade Verde e Inovação, esteve no centro dos debates com Alckmin, cuja reunião teve por foco principal mostrar a importância do IPI Verde, aguardado pelo setor desde o ano passado.

Com atraso, o decreto nº 12.435 que regulamentou o Mover foi assinado no dia 15 de abril pelo oresidente Luiz Inácio, estabelecendo parâmetros técnicos e ambientais de eficiência energética, reciclabilidade e segurança que fabricantes e importadores de veículos devem seguir para comercialização no Brasil a partir deste mês.

Algumas regulamentações, no entanto, ainda estão pendentes, dentre as quais a do IPI Verde, referente à criação de alíquotas proporcionalmente menores para veículos menos poluentes. Desde a assinatura do decreto, Alckmin vem prometendo para “breve” a criação de tal imposto, que já foi tema de encontros do ministro com presidentes de montadoras aqui instaladas, caso da Toyota.

Em maio, durante sua primeira coletiva como presidente executivo da Anfavea, Calvet comemorou o decreto do Mover mas disse ser necessário esperar atos subsequentes, como mais detalhes sobre a eficiência energética de veículos leves e pesados e o projeto de reciclabilidade.

Enfim, foi justamente para saber sobre encaminhamentos ainda pendentes do Mover que o executivo que representa as montadoras se reuniu com Alckmin. Se houve avanços, nada foi comentado. Mas é certo que só cresce no setor a expectativa em relação ao tão esperado IPI Verde.

ssinado no mesmo dia da posse de Igor Calvet, o primeiro presidente contratado da Anfavea, o decreto nº 12.435, de 15 de abril de 2025, agradou apenas parcialmente o novo representante da associação das montadoras e também o presidente do Sindipeças, Cláudio Sahad.

Em entrevista conjunta concedida a um pequeno grupo de jornalistas na posse realizada na segunda-feira, 15, à noite, na sede da Fiesp, ambos comentaram serem necessárias medidas complementares para afastar o risco de os investimentos programados para o Brasil serem postergados ou mesmo revisados.

Valor - SP   16/06/2025

Mecanismo será válido para indústria que realizem a montagem de veículos nos EUA

Montadoras poderão solicitar a partir de hoje a “compensação” estabelecida pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos referente às tarifas impostas por Donald Trump sobre automóveis, especificamente sobre peças importadas utilizadas na indústria automobilística americana, que ficaram mais caras após o tarifaço do presidente republicano.

O decreto que inaugura o programa foi publicado hoje no Federal Register, o Diário Oficial dos EUA. A compensação de ajuste de importação será válida para indústrias que realizem a montagem de veículos em território americano, a fim de “incentivar a produção nacional de automóveis e reduzir a dependência americana de importações de automóveis estrangeiros e suas peças”.

Além do requisito geográfico, a elegibilidade para a compensação é baseada no período em que se deu montagem dos automóveis, sendo válida somente para carros montados entre 3 de abril de 2025 e 30 de abril de 2027.

O texto destaca que os reembolsos podem ocorrer para além de abril de 2027, mas somente as relacionadas a pedidos anteriores a essa data. “Nenhum novo valor de compensação de ajuste de importação será concedido para automóveis montados após isso.”

As alíquotas do ajuste de importação serão baseadas na data da montagem e também no valor do preço de tabela dos automóveis:

3,75% do valor agregado para veículos montados entre 3 de abril de 2025 e 30 de abril de 2026;

2,5% do valor agregado para veículos montados entre 1º de maio de 2026 e 30 de abril de 2027.

O texto cita que as compensações não estão sujeitas a negociação, venda ou transferência.

Segundo o Departamento de Comércio, a iniciativa busca “fortalecer as capacidades de montagem de automóveis nos Estados Unidos e garantir que os objetivos de segurança nacional sejam atendidos, reduzindo a dependência da produção e do fornecimento de peças automotivas estrangeiras.”

As tarifas sobre automóveis foram aplicadas no âmbito da seção 232 da Lei de Expansão Comercial dos EUA, cujo objetivo é minar importações que sejam, de algum modo, consideradas uma ameaça à segurança nacional.

Ontem, Trump declarou que as tarifas sobre o setor automobilístico devem aumentar em um “futuro não tão distante", sem dar detalhes. Na semana passada, o presidente americano dobrou as tarifas sobre o aço e o alumínio importado pelos EUA para 50%, o que também deve impactar a indústria automobilística do país.

O presidente dos EUA, Donald Trump, assina decreto que aumenta as tarifas comerciais — Foto: Alex Brandon/AP

O Estado de S.Paulo - SP   16/06/2025

O acordo comercial recentemente anunciado entre Estados Unidos e China representa um cessar-fogo tático, e não uma reestruturação profunda da relação entre as duas maiores economias do mundo. Os Estados Unidos manterão tarifas de 55% sobre produtos chineses, enquanto a China aplicará 10% sobre importações americanas. Entre as concessões mútuas, a China concordou em retomar temporariamente as exportações de terras raras e ímãs, vitais para setores de alta tecnologia, e os Estados Unidos permitirão que estudantes chineses continuem acessando suas universidades.

O acordo, no entanto, é temporário, por seis meses, prazo estabelecido para a definição de um entendimento mais amplo. Para a China, esse intervalo representa uma pausa estratégica em meio a uma conjuntura interna desafiadora. A economia do país atravessa um período de desaceleração estrutural, marcada por um crescimento mais lento, deflação no mercado imobiliário, desemprego juvenil elevado, envelhecimento populacional acelerado e excesso de capacidade industrial.

Esse último fator tem se expressado de forma aguda na indústria de veículos elétricos (EVs). A fraca demanda interna, somada à ociosidade das fábricas, desencadeou uma guerra de preços feroz entre as montadoras chinesas. O governo, embora preocupado com a sustentabilidade do modelo, segue oferecendo estímulos: acesso subsidiado a financiamento, terrenos e energia barata. O resultado é uma avalanche de exportações de EVs compactos a preços extremamente competitivos. Enquanto um modelo básico na China custa entre US$ 7 mil e US$ 10 mil, nos Estados Unidos os equivalentes partem de US$ 20 mil e, na Europa, superam os US$ 25 mil.

Em 2023, a China exportou cerca de 1,28 milhão de veículos elétricos, número que cresceu quase 7% em 2024. Estimativas de mercado indicam que, no ano passado, os fabricantes chineses foram responsáveis por aproximadamente 40% das exportações globais de EVs. O próprio governo chinês passou a se mobilizar para conter os efeitos colaterais dessa guerra de preços: tenta evitar o colapso de empresas endividadas, proteger empregos e manter a competitividade do setor. O risco mais visível é que, se a competição baseada em preço continuar a se intensificar, a indústria pode entrar em uma espiral perigosa – com margens próximas de zero, desincentivo à inovação e retração dos investimentos de longo prazo.

A guerra chinesa dos elétricos não é apenas industrial. É geoeconômica. Os EVs se tornaram instrumentos de projeção global, sustentação econômica e disputa estratégica em uma nova ordem internacional – onde preço, tecnologia e diplomacia atuam no mesmo tabuleiro.

Valor - SP   16/06/2025

Sua experiência no governo pode ser significativa num momento em que a indústria reivindica políticas para estimular a produção local

Para Calvet, a chegada dos chineses “traz novas tecnologias num contexto geopolítico e geoeconômico instáveis” — Foto: Rogerio Vieira/Valor

Desde criança, Igor Calvet compreendeu o sentido da expressão ganhar a vida. Aos seis anos, acordava cedo para ajudar a mãe a preparar a massa das pizzas vendidas na cantina de uma escola em São Luís, capital do Maranhão. Exceto por alguns momentos de sorte, o trabalho árduo definiu sua trajetória de vida. Depois de longa carreira no governo, chegou a hora de testar no setor privado a disciplina aprendida na infância. Desde abril, Calvet está no comando da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Ele assume em meio à forte concorrência de produtos chineses, mas diz que pretende lutar pela “industrialização do setor”.

Calvet nasceu paulistano, há 40 anos, quando o pai trabalhava num banco em São Paulo. A família logo decidiu voltar às origens, no Maranhão. A vida mudou quando o casal se separou. A mãe de Igor, Marla, encontrou no preparo e venda de marmitas e pizzas uma forma de sustentar os dois filhos, Igor e a irmã mais velha.

Era uma correria para preparar o molho de tomate e ralar o queijo na véspera e, às 5h da manhã ajudar no preparo da massa e, depois, a bordo de ônibus urbanos, fazer as entregas. “Era uma rotina pesada”, lembra.

O sacrifício valeu a pena. Foi na escola particular onde entregavam as pizzas que ele e a irmã conseguiram bolsas de estudo. E, mais tarde, a mãe foi contratada como administradora.

Foi uma decepção, no entanto, para Marla, quando o estudioso Igor lhe contou que embora tivesse passado em terceiro lugar no vestibular para o curso de Direito na Universidade Federal do Maranhão, ele preferia o de Relações Internacionais na Universidade de Brasília. O que teria feito o jovem abrir mão da promissora carreira como juiz ou mesmo um advogado? Igor queria ser diplomata.

Estudar longe representava mais despesas. Mas o jovem logo conseguiu dois estágios para garantir a sobrevivência em Brasília. Ele rápido descobriu que não tinha vocação para diplomata, mas aproveitou o curso de Relações Internacionais para expandir o conhecimento em economia, história e geografia. Mais tarde, concluiu o mestrado em Ciência Política. Fez doutorado na mesma área, mas a rotina de trabalho não permitiu que ele defendesse tese.

A aproximação com o mundo empresarial começou num emprego na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). Dali, ele foi para o Ministério de Planejamento, na área de gestão pública em orçamento. A rotina mudou completamente no Ministério da Saúde, onde trabalhou com a indústria farmacêutica.

Certo dia, seu chefe, Carlos Gadelha, foi convocado para ser secretário no Ministério Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e levou Calvet.

No MDIC, ele assumiu a coordenação da indústria automotiva e, assim, começou a sua aproximação com as montadoras. No MDIC trabalhava na elaboração de um novo programa de incentivos para o setor, o Inovar-Auto, que vigorou entre 2012 e 2017 e cujo protecionismo foi contestado pela Organização Mundial do Comércio.

O impeachment da então presidente Dilma Rousseff estava para acontecer quando Gadelha decidiu deixar o cargo. Calvet, que ocupava uma posição mais técnica, assumiu, então, como secretário.

Um dos momentos mais constrangedores dessa fase foi quando lhe pediram para representar o ministério numa reunião no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A conversa foi tensa. Os sindicalistas tinham à sua frente um representante do governo que chamavam de golpista.

Além da discussão, o que mais o incomodou naquele dia, em São Bernardo, era a falta de refrigeração na sala onde ele era o único engravatado. Por fim, os ânimos esfriaram quando o visitante aceitou convite para o almoço. E, para surpresa dos sindicalistas, Calvet saboreou uma dobradinha, com gosto.

Calvet permaneceu no MDIC até o fim do governo de Michel Temer, quando começou a elaboração de um novo programa automotivo, o Rota 2030, chamado hoje de Mover. O programa trazia metas de descarbonização e incentivos atrelados a investimentos em pesquisa e desenvolvimento de produtos.

Depois de 130 reuniões, o Rota 2030 foi publicado. Temer assinou o decreto na abertura do Salão do Automóvel de 2018, em meio às preocupações do setor do que viria no governo liberal de Jair Bolsonaro, que acabara de ser eleito.

A indústria percebeu que precisava ter a representatividade que o agronegócio conquistou”

— Igor Calvet

Com a mudança de governo, Calvet preparava-se, mais uma vez, para deixar Brasília. Tinha conversas avançadas para trabalhar no setor privado quando foi convidado para ser secretário especial adjunto de produtividade e competitividade do então recém-criado Ministério da Economia, sob comando de Paulo Guedes.

Nove meses depois, foi convidado a assumir a presidência da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Com recursos do S, do setor privado, a ABDI havia sido criada para dar suporte à política industrial. Mas, com o tempo, perdeu relevância.

Como resgatar o papel da agência num governo que não tinha política industrial como prioridade? Ele pensou, então, em aproveitar a fase de transformação digital para fazer da ABDI um meio de auxiliar as empresas no processo de digitalização.

Três meses depois, veio a pandemia, que, de certa forma, ajudou no plano de digitalização. “Embora eu ache que nada supera o trabalho, existe também uma dose de estar no lugar certo, na hora certa”, destaca.

O início do governo Lula coincidiu com o último ano do seu mandato na presidência da ABDI. Ao deixar o cargo, em setembro de 2023, Calvet recebeu telefonema do então presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, que o convidou para ser diretor-executivo da entidade.

Começava, naquele momento, uma discreta discussão interna para a Anfavea ser dirigida por um executivo independente. Até então, o comando da entidade seguia um estranho rodízio de executivos de montadoras e do qual participavam só as maiores empresas. Total de 20 presidentes passaram pelo rodízio em 68 anos da entidade.

Calvet foi escolhido num processo que envolveu outros candidatos. Sua experiência no governo pode ser significativa num momento em que, diante da concorrência chinesa, a indústria, reivindica ao governo políticas para estimular a produção local.

Calvet, que continua morando em Brasília com a esposa e dois filhos, diz que o peso dessa indústria sempre chamou a atenção dos governos. “São empresas de grande porte que representam 20% do PIB industrial, carregam 1,3 milhão de empregos e somam R$ 300 bilhões de faturamento”, destaca.

Para ele, outros setores industriais, como o farmacêutico, têm buscado a mesma representatividade que o agronegócio conquistou. “A agricultura sempre teve ministério e uma bancada no Congresso”, diz. “A indústria começou a perceber que precisava disso. Acho que a virada foi quando o governo Bolsonaro desfez o Ministério de Desenvolvimento e Indústria. Na época não houve nenhuma manifestação mais dura. Mas hoje a indústria reagiria de maneira diferente.” Além disso, diz, se antes o setor privado limitava as conversas com o Poder Executivo, hoje precisa se voltar também para o Legislativo.

Na agenda de trabalho na Anfavea, Calvet diz que vai buscar o que chama de equilíbrio competitivo. Ele se refere ao Imposto de Importação, tema que ganhou polêmica no setor desde que a chinesa BYD pediu ao governo a redução do tributo para carros semidesmontados.

“Não quero crer que isso passe pela cabeça do governo porque significa uma desindustrialização”, afirma. O risco, no entanto, existe. “Sei que um governo, na verdade, são vários governos.”

Segundo ele, a redução no imposto para carros semidesmontados provocaria a imediata reação das matrizes das montadoras: “Por que vamos investir bilhões para produzir se podemos importar com imposto menor?”

O dirigente admite, porém, que a chegada dos chineses é diferente do que foi com japoneses e coreanos no passado. “Não são só novos competidores, mas também novas tecnologias, num contexto geopolítico e geoeconômico instáveis.”

Outra prioridade do dirigente é o aumento da nacionalização de tecnologias”. “O que tem de tecnologia no produto chinês é brutal. Não podemos ter amarras que impeçam que essas tecnologias cheguem e sejam desenvolvidas e compradas no Brasil. Daí nossa briga pelos recursos para pesquisa e desenvolvimento”. Para ele, o aumento da nacionalização de componentes é também uma defesa contra flutuação cambial, tarifas globais e insegurança geopolítica.

A primeira visita que Calvet fez, como presidente da Anfavea, foi no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Não só em retribuição ao dia em que comeu dobradinha. Mas, principalmente por ver na representação sindical um forte aliado para sua luta pela reindustrialização. Calvet aproveitou a visita para perguntar aos dirigentes do ABC se não foi de propósito que eles desligaram o ar condicionado naquela primeira visita. Eles garantem que não.

Automotive Business - SP   16/06/2025

A Volvo promoveu ajuste de produção na fábrica que mantém em Curitiba (PR), onde produz caminhões e chassis de ônibus. A montadora concedeu folga aos funcionários das linhas por pelo menos um dia na semana, desde março.

A medida foi adotada por causa da queda nas vendas no mercado de caminhões pesados. Em maio, as vendas totais realizadas no país caíram 4,2% ante maio do ano passado.

Os dados do segmento de pesados mostram uma retração de 11%, nas vendas, e de 28,3%, na produção, de acordo com balanço da Anfavea, a associação que representa as fabricantes no país, divulgado na primeira semana de junho.

Os altos juros praticados nos últimos meses têm impactado fortemente o mercado de caminhões. Esse cenário já havia sido previsto no início do ano, implicando em ajustes para adequar a produção ao ritmo de vendas atual, que tem se reduzido mês a mês desde marco, informou a Volvo por meio de nota.

A redução eventual de dias trabalhados na semana foi uma das medidas pontualmente adotadas ao longo deste período, seguiu o texto.

A Scania foi outra montadora de caminhões pesados que adotou algum tipo de ajuste de produção, no caso, férias coletivas que serão concedidas aos seus funcionários a partir de 10 de julho.

A Volvo foi uma espécie de oráculo a respeito do mercado de ônibus em 2025.

Em fevereiro a montadora cravou que as vendas neste ano seria menores este ano na comparação com 2024. Seu palpite, naquela oportunidade, era de uma redução de 10%.

Valor - SP   16/06/2025

Pequim age para aliviar as tensões de uma guerra de preços prejudicial, pressionando montadoras a quitarem faturas em até 60 dias

Uma análise do “Financial Times” revela que a guerra de preços das montadoras chinesas está pressionando o balanço do setor, com Pequim exigindo mais para proteger os fornecedores no maior mercado automotivo do mundo.

As obrigações de curto prazo superaram os ativos de curto prazo em mais de um terço das montadoras de capital aberto da China no fim do ano passado, segundo os cálculos do “Financial Times” baseado nos relatórios mais recentes dessas empresas.

O quadro de liquidez em deterioração mostra como as principais montadoras chinesas estão sendo forçadas a apertar os fornecedores para manter o capital de giro e financiar a disputa por fatias de mercado em meio a fortes descontos.

A BYD, principal fabricante de veículos elétricos, lidera a lista das montadoras com capital de giro mais negativo, seguida das concorrentes Geely, Nio, Seres e as estatais BAIC e JAC, enquanto o total de ativos circulantes líquidos de 16 grandes montadoras chinesas de capital aberto caiu para 104,3 bilhões de yuans (US$ 14,5 bilhões) em 31 de dezembro – uma queda de 62% em relação ao pico de 290,5 bilhões de yuans registrado no primeiro semestre de 2021.

Yin Xinchi, analista da indústria automobilística da Citic Securities, disse que a queda nos ativos líquidos de curto prazo indica um ritmo crescente de consumo de caixa, com risco de liquidez à medida que os números ficam negativos.

“Dado o atual ritmo de deterioração, a indústria automobilística da China deverá entrar em uma fase generalizada de consolidação... no mais tardar em 2026”, alertou ele. “Durante o processo, algumas empresas vão sucumbir a crises de liquidez.”

Na semana passada, Pequim demonstrou preocupação com a situação do mercado. Em uma reunião com 16 grandes montadoras nacionais, autoridades do governo emitiram alertas verbais sobre os descontos agressivos e pagamentos em atraso aos fornecedores, segundo duas fontes a par do assunto. A prática de “quilometragem zero” de vender carros novos como veículos usados com descontos também foi criticada.

Esta semana, as empresas que participaram da reunião, como BYD, Geely, Xiaomi e as estatais GAC e FAW, se comprometeram em liquidar as contas em 60 dias, com o objetivo de “garantir a estabilidade da cadeia de abastecimento”.

Analistas do Citigroup observaram em um relatório que apenas umas poucas fabricantes chinesas de veículos elétricos – BYD, Li Auto, Xpeng, Leapmotor e Changan – possuem no momento caixa líquido suficiente para suportar a redução nas reservas de capital que viria com a adoção de um ciclo de pagamentos mais curto.

Outros analistas também observaram que a BYD tem recorrido fortemente ao capital de giro, em vez de financiamento por endividamento, para sustentar seu crescimento acelerado.

“Nenhum dos crescimentos recentes da BYD foi financiado por dívida convencional. Em vez disso, ela tem contado com recursos vindos do capital de giro”, diz Nigel Stevenson, analista da GMT Research de Hong Kong, que também mencionou outras práticas da companhia, como o adiamento de pagamentos a fornecedores para manter o fluxo de caixa. “Isso significa que o endividamento, quando medido pelos parâmetros tradicionais, está subestimado.”

No final de 2024, os ativos circulantes da BYD somavam 371 bilhões de yuans, enquanto suas obrigações de curto prazo excediam 496 bilhões de yuans. Isso ampliou o déficit de capital de giro da companhia para 125,4 bilhões de yuans – 36% maior em relação a dois anos antes, quando a guerra de preços começou.

Em comparação, suas concorrentes menores – Geely, Nio, Seres (parceira da Huawei em veículos elétricos), BAIC e JAC – registraram, juntas, um déficit de capital de giro de 17,8 bilhões de yuans.

Recentemente, a BYD passou a sofrer pressão para defender seus números financeiros e suas práticas de negócios, depois que Wei Jianjun, presidente da concorrente Great Wall Motor, pediu uma auditoria completa de todas as grandes montadoras nacionais.

“Há uma Evergrande no setor automobilístico chinês neste momento – ela só ainda não explodiu”, disse ele à mídia local, levantando o alerta de que a indústria poderá seguir o mesmo caminho do setor imobiliário rumo a uma crise de endividamento em espiral.

Em resposta, o porta-voz da BYD, Li Yunfei, chamou as declarações de Wei de “surpreendentes”. Em uma postagem nas redes sociais, ele disse que a dívida onerosa da BYD em 2024 era de 28,6 bilhões de yuans – significativamente menor à de concorrentes como Geely, com 86 bilhões de yuans, e Volkswagem, com 1 trilhão de yuans.

“Quanto maior o porte de uma empresa e maior sua receita, maior também será seu volume de compras e parcerias”, acrescentou Li, em defesa da prática da BYD de estender os prazos de pagamento. Procurada pelo “Financial Times”, a BYD não quis comentar.

Em outro sinal de aumento da concorrência, as margens estão se tornando extremamente estreitas. No primeiro trimestre de 2025, as margens operacionais médias das montadoras ficaram em 3,9%, uma queda de 0,7 ponto porcentual em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da Agência Nacional de Estatísticas, embora as margens da BYD tenham melhorado. Já os lucros agregados do setor caíram 6,2% no trimestre em relação ao ano passado, para 95 bilhões de yuans.

As preocupações com um possível cenário de “crescimento sem lucros” levaram associações do setor e autoridades reguladoras e emitirem uma série de alertas sobre o boom dos veículos elétricos na China.

“As guerras de preços... estão empurrando o setor para um ciclo vicioso”, afirmou no mês passado a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis, pedindo que as “empresas líderes” não monopolizem o mercado nem comprometam a sobrevivência de outros grupos.

O Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China, principal autoridade reguladora automotiva do país, disse em um comunicado que apoia a associação e vai aumentar seus esforços para evitar uma “corrida desenfreada” e uma concorrência “desleal”.

“É difícil fazer qualquer coisa no mercado nacional”, reclamou um executivo de uma montadora estatal, que pediu para ficar no anonimato. “Tudo é extremamente competitivo, criando um campo de batalha cruel e sangrento.”

Embora analistas prevejam há anos que a concorrência acirrada levará a uma consolidação do setor, com a eliminação das empresas de pior desempenho esse processo tem ocorrido mais lentamente do que o esperado.

O apoio estatal ao setor continua firme. Um exemplo disso é o resgate da Nio em 2020, com um aporte de quase US$ 1 bilhão por investidores estatais da província de Anhui, no leste da China.

O Estado de S.Paulo - SP   16/06/2025

A General Motors reviu seus planos para a fábrica de Orion, em Detroit, no estado de Michigan, e decidiu abandonar, ao menos por enquanto, o projeto de transformar a unidade em um centro exclusivo de produção de veículos elétricos. Em vez disso, a fábrica passará a produzir também utilitários e picapes com motor a combustão a partir de 2027 — entre eles os futuros Chevrolet Silverado, Tahoe e Suburban, além dos GMC Sierra, Yukon e Yukon XL.

Inicialmente, a Orion Assembly seria responsável pela produção das versões elétricas da Silverado e da Sierra já a partir de 2024, prazo depois postergado para o fim de 2025 sob a justificativa de “alinhar os investimentos com a demanda por elétricos”. No entanto, diante das vendas fracas, apenas 2.383 unidades da Silverado EV e 1.249 da Sierra EV no primeiro trimestre de 2025, a montadora optou por mudar de estratégia.

Com isso, a produção dos modelos elétricos será concentrada na Factory Zero, em Hamtramck, também no Michigan. A planta já é responsável por montar os GMC Hummer EV, além do Cadillac Escalade IQ.

Segundo a GM, a nova orientação exigirá investimentos de aproximadamente US$ 4 bilhões, valor similar ao que havia sido previsto para a eletrificação da fábrica de Orion. Em comunicado, a CEO Mary Barra afirmou que a decisão reforça o compromisso da empresa em produzir veículos nos Estados Unidos e preservar empregos locais. “Estamos focados em oferecer aos consumidores uma ampla gama de veículos que eles adoram, com liberdade de escolha”, disse a executiva.

A GM não citou diretamente os desafios na adoção de veículos elétricos ou a possibilidade de tarifas comerciais, mas a mudança ocorre em um contexto de vendas muito aquém do esperado e crescente cautela por parte das montadoras diante dos altos custos de eletrificação e da resistência de parte dos consumidores.

Outras fábricas da GM também devem passar a operar em modelos de produção mista. A unidade de Spring Hill, no Tennessee — atualmente dedicada aos modelos elétricos da Cadillac, irá produzir o Chevrolet Blazer a combustão a partir de 2027. Já a fábrica de Fairfax, no Kansas, onde será relançado o Chevrolet Bolt EV, também montará o Equinox com motor a combustão, ajudando a transferir parte da produção do México para os EUA.

Valor - SP   16/06/2025

Empresa lucrou cerca de US$ 4 por ação em 2022, e lucro por ação caiu em 2023 e 2024, devendo cair novamente em 2025; segundo a FactSet, o mercado espera uma recuperação em 2026

Aparentemente, chegaram ao fim os embates entre Trump e Musk, e empresa tem outros desafios à frente — Foto: Bloomberg

Após o aparente fim dos embates entre Donald Trump e Elon Musk, os investidores da Tesla estavam ansiosos pelo lançamento do serviço de robotáxis da empresa. Mas, agora, um novo fator deve agitar as ações: os créditos de veículos de emissão zero (ZEV).

As ações não pareceram reagir com força a essa nova preocupação no pregão desta sexta-feira (13). Os papéis da Tesla chegaram a cair para US$ 313,30, mas se recuperaram e fecharam em US$ 325,31, com alta de 1,9%, acumulando ganho de mais de 10% na semana. Os índices S&P 500 e Dow Jones recuaram 1,1% e 1,8%, respectivamente.

Na quinta-feira (12), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sancionou uma resolução conjunta do Congresso que elimina a autoridade da Califórnia para regular emissões atmosféricas. Essa autoridade era essencial para a Tesla vender créditos ZEV nos Estados Unidos, o que vinha gerando centenas de milhões de dólares por trimestre.

“A Califórnia discorda profundamente do voto inconstitucional, ilegal e insensato de hoje, que tenta enfraquecer proteções cruciais ao ar limpo”, disse Liane Randolph, presidente do Conselho de Recursos do Ar da Califórnia, num comunicado por e-mail. “A Califórnia buscará todos os meios legais disponíveis para contestar essas ações e defender nosso direito de proteger o público da poluição atmosférica perigosa”.

Isso significa uma batalha judicial, mas, por ora, os investidores devem considerar a possível perda de parte dessas receitas com créditos.

Gary Black, cofundador do Future Fund, afirmou que a revogação foi uma das razões para a fraqueza das ações no início desta sexta. No primeiro trimestre, disse ele, “os créditos representaram cerca de 20% do lucro bruto da Tesla e todo o lucro antes dos impostos”.

“A Tesla consegue lidar com isso, mas não é o ideal”, disse Dan Ives, analista da Wedbush. “Não é algo que mude radicalmente o cenário”.

Ives mantém recomendação de compra para as ações da Tesla, com preço-alvo de US$ 500. Segundo ele, a maior parte do valor da empresa vem dos esforços em inteligência artificial, e não da divisão automotiva.

Apesar do impacto, os investidores já esperavam por isso. As ações da Tesla foram relativamente pouco afetadas pelo conflito entre a Califórnia e Trump. Antes do pregão de quinta-feira, os papéis haviam caído cerca de 2% desde que o Congresso começou a discutir o tema, em abril.

Os investidores estão mais focados nas iniciativas de inteligência artificial da companhia. A Tesla planeja lançar o seu serviço de robotáxis treinado com IA em Austin, no Texas, em 22 de junho, segundo o seu diretor-presidente, Elon Musk. Os investidores mais otimistas acreditam que os robotáxis e outras aplicações de IA, como robôs humanoides, podem gerar uma nova onda de crescimento nos lucros da Tesla.

E isso chegaria na hora certa. A Tesla lucrou cerca de US$ 4 por ação em 2022. O lucro por ação caiu em 2023 e 2024, e deve cair novamente em 2025. Segundo a FactSet, o mercado espera uma recuperação em 2026.

CONSTRUÇÃO CIVIL

O Estado de S.Paulo - SP   16/06/2025

A cada lançamento imobiliário, algumas centenas de apartamentos chegam ao mercado e nem todos são vendidos logo no primeiro mês. Essas unidades passam a compor o que o setor imobiliário chama de “estoque”, e são vendidas ao longo dos meses seguintes. Os motivos para os apartamentos ficarem no estoque das construtoras são variados, indo desde lançamentos muito recentes que aumentam o volume de moradias de um mês para o outro até aquelas unidades que só conseguem encontrar um comprador depois que o empreendimento já está erguido e com chaves entregues.

Um levantamento da consultoria de inteligência de dados Brain feito a pedido do Estadão mostra onde estão os imóveis de lançamento que ainda não foram vendidos na cidade de São Paulo neste mês de junho. A Vila Mariana, a Mooca e Santo Amaro são os bairros que têm atualmente o maior volume de unidades disponíveis para a venda na capital paulista.

A Vila Mariana recebeu lançamentos de médio e alto padrão nos últimos meses, elevando a quantidade de imóveis disponíveis na região. Um exemplo de lançamento deste ano é o Cyrela The Palace. Na torre Royal, serão 274 unidades residenciais, com 195 apartamentos entre 139 m² e 177 m², opções de três a quatro dormitórios e duas vagas de garagem. A torre Oasis, com entrada pela Rua Dona Avelina, número 294, contará com 250 unidades, com plantas de 76 m² a 129 m², de dois a três dormitórios e até duas vagas.

O preço das unidades parte de R$ 16 mil o m², resultando numa faixa de preço estimada entre R$ 1,2 milhão e R$ 2,8 milhões. A velocidade de venda da incorporadora nos últimos 12 meses terminados em março era de 52,6%. Em outras palavras, um ano após o lançamento, em média, metade das unidades dos projetos imobiliários são vendidas.

Na cidade de São Paulo, a velocidade de venda é mais acelerada por contar com imóveis mais baratos e que, muitas vezes, se enquadram no programa Minha Casa, Minha Vida, com propriedades de até R$ 500 mil para a baixa renda e a classe média. Segundo dados do Secovi-SP, a velocidade de vendas de imóveis novos na cidade foi de 14,4% em março, e de 61,8% em 12 meses.

Na Mooca, a maior parte dos lançamentos imobiliários foi de imóveis para a baixa renda. O bairro foi o que mais recebeu novas unidades em 2024 e, só nos primeiros dois meses de 2025, já tinha recebido 1,5 mil moradias.

A região também conta com empreendimentos de alto padrão, como o Mooca Cittá, feito pela incorporadora EZTec em parceria com a empresa de desenvolvimento imobiliário Aguassanta DI. Serão duas torres com plantas de 66 m² a 135 m².

Segundo a Brain, em São Paulo, 151 mil apartamentos foram lançados no primeiro trimestre deste ano, entre os quais 12,8 mil eram dos segmentos de alto padrão, luxo e superluxo, com preços que partem de R$ 1,5 milhão. Os apartamentos de três dormitórios foram 21,4 mil e os de quatro, 3,5 mil - duas tipologias associadas ao consumidor de alta renda.

O preço médio do metro quadrado de um imóvel residencial de lançamento está em R$ 11,7 mil. Segundo essa estimativa da Brain, um apartamento de 45 m² sai hoje por R$ 526,5 mil, enquanto um de 80 m² fica por R$ 936 mil. Porém, no luxo, os preços chegam a mais de R$ 30 mil nos Jardins e na Vila Nova Conceição ou R$ 40 mil no Itaim Bibi.

No ranking da Brain, os preços dos imóveis de estoque mais altos da cidade são os de Pinheiros e da Vila Olímpia. As duas áreas recebem mais projetos de alto padrão do que voltados para a baixa renda, elevando a média de preços.

Em Pinheiros, incorporadoras como a Stan, a One Innovation e a Cyrela têm projetos imobiliários residenciais para consumidores de alta renda. A média de preço no bairro é de R$ 27 mil por m². Já a Vila Olímpia tem mais projetos com unidades de um dormitório, com 30 m² ou 40 m², devido à vocação corporativa do bairro. Por lá, atuam empresas como You e Benx.

O diretor de relações com investidores da imobiliária Lopes, Cyro Naufel, afirma ser comum que os empreendimentos de médio e alto padrão tenham velocidade menor de venda do que projetos econômicos e afirma que a elevação da taxa de juros não reduziu a demanda do consumidor, mas o deixou mais seletivo.

“A velocidade de vendas hoje é confortável para o mercado. É a mesma comparação com a loja de roupas. Se você não vende bem a coleção de verão, se sobra aquela mercadoria, você não tem espaço na prateleira para a coleção de inverno e tem de fazer liquidação”, afirma. Naufel ressalta que o mercado não passa por uma fase de descontos por dificuldade de vender imóveis.

O CEO da Brain, Fábio Tadeu Araujo, diz que o mercado imobiliário está hoje em uma fase forte de vendas, com escoamento do estoque do que foi lançado em 2024 e vendas de unidades que chegaram ao mercado neste ano.

“O principal motivo de termos estoques maiores nesses principais bairros é que são regiões com muito volume de lançamentos. Poderíamos falar de outro motivo, que seria ter menos vendas, mas não é a realidade hoje da cidade de São Paulo. Enquanto nos primeiros quatro meses do ano foram lançados 35,2 mil apartamentos, foram vendidos 41,7 mil, ou seja, foram vendidos cerca de 6,5 mil apartamentos a mais do que lançados”, afirma Araujo.

Em outras palavras, o mercado imobiliário tem vendido tanto apartamentos lançados neste ano quanto aqueles que não foram comprados no ano passado.

Para Fernando Guimarães, CEO da empresa de desenvolvimento imobiliário FLG, o grande volume de unidades que têm chegado ao mercado de São Paulo tem relação com o estímulo do plano diretor da prefeitura aos estúdios, apartamentos de um dormitório, muitas vezes sem parede entre quarto e sala, e com tamanhos de 20 m² a 35 m². Normalmente, localizados próximos a eixos de transporte, muitos desses imóveis não têm vaga de garagem.

Guimarães lembra que atualmente o mercado imobiliário concentra suas vendas nos apartamentos do segmento econômico e alto padrão, em grande parte, devido à taxa de juros que vem encarecendo o financiamento imobiliário para a classe média. Como consequência, menos projetos para esse público são lançados por entraves de demanda.

“No Brasil, se o imóvel é popular ou de alto padrão, não tem crise. Agora, o meio-termo, o médio padrão tem aqueles clientes que dependem de financiamento, de ter uma renda estável. Essa faixa intermediária geralmente sofre muito”, afirma.

Compra de oportunidade

Segundo especialistas, os imóveis que acabam ficando ainda à venda depois da entrega dos apartamentos podem representar uma boa oportunidade para quem tem dinheiro na mão, podendo conseguir um bom negócio.

Porém, é importante avaliar tanto o entorno quanto características do apartamento e do condomínio para não entrar numa fria. Pontos a serem analisados são o barulho da rua, os índices de segurança pública da área, qualidade das áreas comuns do condomínio, a espessura das paredes, o caimento da água nas áreas molhadas da unidade e possíveis rachaduras nas paredes.

Rodoviário

A Tribuna - SP   16/06/2025

Os ajustes no projeto do túnel imerso Santos-Guarujá, que resultaram na republicação do documento na última terça-feira (10), atendem a sugestões de empresas internacionais e garantirão o sucesso do leilão, marcado para 5 de setembro. A explicação foi dada nesta sexta-feira (13) pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), em Santos, durante solenidade em homenagem aos 262 anos de nascimento de José Bonifácio de Andrada e Silva, no Centro de Santos.

As mudanças elevaram o custo da obra de R$ 5,96 bilhões para R$ 6,8 bilhões. A licitação internacional, na modalidade de parceria público-privada (PPP), dará ao futuro vencedor um contrato de 30 anos para construção, operação e manutenção do túnel.

“Por se tratar de um projeto de grande porte, a gente fez os estudos e submetemos aos grandes players globais que fazem esse tipo de operação para verificar a adequação. Muitas melhorias foram sugeridas na fase de contribuição. Então, em 5 de setembro, a gente vai conhecer o consórcio que vai executar essa obra, para que a gente possa assinar o contrato e, no ano que vem, iniciar esse empreendimento”, disse o governador.

Segundo o Estado, o novo edital torna a concessão mais atrativa ao setor privado, oferecendo garantias de previsibilidade, equilíbrio econômico-financeiro e segurança jurídica. Foram revistos custos relevantes — como concreto, dragagem e paredes diafragma — e a reavaliação da distância média de transporte, agora considerada em 85 km. Também acabaram atualizadas as projeções de tráfego.

Outras mudanças incluem a criação de uma conta desapropriação, ajustes nos critérios de alocação de riscos — especialmente geológicos e de interferências — e soluções provisórias para o cais de Outeirinhos e o pátio ferroviário no Guarujá, que garantirão o funcionamento da infraestrutura portuária e logística durante a execução das obras.

O túnel
Com 1,5 quilômetro de extensão — sendo 870 metros sob o canal do estuário —, o túnel contará com três faixas por sentido, sendo duas para veículos de passeio, ônibus e caminhões e uma exclusiva para Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), além de galeria para pedestres e ciclistas.

Atualmente, a ligação entre Santos e Guarujá é feita por balsas e catraias, que transportam mais de 21 mil veículos, 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres por dia. A estimativa é de geração de cerca de 9 mil empregos diretos e indiretos com a obra.

Restrições para Tecon Santos 10 são criticadas
Questionado sobre a concessão do Tecon Santos 10, o governador declarou que é contra a restrição na licitação do terminal de contêineres que proíbe a participação de operadores com ativos no Porto de Santos, determinado pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). “Não faz sentido justificar a questão da competitividade e determinar quem pode participar”.

Ele argumentou que “a hinterlândia do Tecon Santos 10 é a costa brasileira, porque o ativo será o hub da movimentação de contêineres do Atlântico Sul”, essencial na logística integrada entre os portos paulistas. “Um grande player da navegação poderá ver um cluster que vai conjugar Santos e São Sebastião, onde Santos será o porto de longo curso e São Sebastião, o ‘feeder’ para a cabotagem. Quando você restringe a competição, afasta esse tipo de operação, o que é danoso ao Estado de São Paulo. Então, você tira da competição a Maersk, a Santos Brasil e a DP World, que são os maiores players. Isso não faz sentido”, disse. “O melhor é realizar um leilão com ampla competição. É bom para Santos, para São Paulo e para o Brasil”, enfatizou Tarcísio.

O Tecon Santos 10 ocupará uma área de 621,9 mil metros quadrados (m2) no cais do Saboó, na Margem Direita do Porto de Santos. O investimento previsto é R$ 6,45 bilhões e a capacidade operacional de 3,25 milhões de TEU (medida equivalente a um contêiner de 20 pés) ao ano, além de 91 mil toneladas de carga geral.

O prazo do contrato é de 25 anos, com início da vigência previsto para 2026 e término em 2050. No entanto, ele pode ser prorrogado sucessivas vezes até o limite de 70 anos.

Obra da terceira pista é projetada para o ano que vem
Também nesta sexta-feira, Tarcísio de Freitas projetou o início das obras da terceira pista da Rodovia dos Imigrantes para o segundo semestre de 2026. A elaboração dos projetos básico e executivo está a cargo da Ecovias, concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI). A obra tem investimento estimado em aproximadamente R$ 6 bilhões e deverá ser concluída em 2031.

“Estamos em fase desenvolvimento de projetos, o básico e o executivo. A gente deve obter as licenças todas até o meio do ano que vem, que é o prazo de conclusão dos projetos. A partir do segundo semestre, teremos condições de iniciar a obra”, afirmou o governador.

Com 21,5 quilômetros de extensão, a futura pista é composta prioritariamente por túneis, que somam 17 quilômetros (80% de todo trajeto), além de 4 quilômetros de viadutos. Um dos túneis terá cerca de seis quilômetros de extensão, tornando-se a maior estrutura desse tipo no Brasil.

A pista conectará o Planalto à Baixada Santista a partir do km 43 da Imigrantes (SP-160), permitindo o acesso pelo Rodoanel Mario Covas (SP-021). Na Baixada, a conexão será no km 265 da Rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP-055), próximo ao Polo de Cubatão. A inclinação média da via será de 4%, possibilitando o tráfego seguro de veículos pesados.

“É um investimento de grande porte que vai aumentar muito a capacidade desse sistema que faz a ligação Planalto-Baixada. A capacidade para veículos pesados vai subir em mais de 140%”, ressaltou.

NAVAL

Portos e Navios - SP   16/06/2025

O governo federal anunciou, nesta sexta-feira (13), a criação da 'Nova Hidrovia do Rio São Francisco', com 1.371 quilômetros de extensão navegável, ligando Pirapora, em Minas Gerais, a Juazeiro, na Bahia, e Petrolina, em Pernambuco. De acordo com o Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), a hidrovia permitirá o transporte de cargas entre o Centro-Sul e o Nordeste do país de maneira mais econômica, sustentável e integrada com outros modais, como ferrovias e rodovias.

A expectativa do ministério é que, já no primeiro ano de operação, a movimentação de cargas atinja 5 milhões de toneladas. A descentralização da hidrovia será feita para a Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba), conforme explicou o ministro de portos e aeroportos, Silvio Costa Filho, durante a cerimônia de lançamento, realizada hoje em Petrolina. Ele afirmou que os estudos técnicos serão iniciados em junho, em parceria com a Infra SA.

O secretário nacional de hidrovias e navegação do MPor, Dino Antunes, destacou que essa hidrovia representa um avanço importante para a logística nacional, promovendo um transporte mais limpo, eficiente e competitivo. Entre as principais cargas previstas estão insumos agrícolas, gesso, gipsita, calcário, grãos, bebidas, minério e sal. A hidrovia também tem papel estratégico no desenvolvimento regional, beneficiando uma área que compreende 505 municípios e mais de 11,4 milhões de pessoas ao longo do percurso do Rio São Francisco, que nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e atravessa o Distrito Federal, Goiás, Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco.

O projeto será executado em três etapas. Na primeira, as intervenções se concentrarão em um trecho de 604 quilômetros navegáveis entre Juazeiro e Petrolina, passando por Sobradinho e chegando a Ibotirama, na Bahia. As cargas serão escoadas por rodovias até o Porto de Aratu-Candeias, na Baía de Todos os Santos. A segunda etapa cobrirá 172 quilômetros entre Ibotirama e os municípios baianos de Bom Jesus da Lapa e Cariacá, com conexão ferroviária até os portos de Ilhéus e Aratu-Candeias. Já a terceira etapa adicionará 670 quilômetros, ligando Bom Jesus da Lapa e Cariacá a Pirapora, completando o trajeto total da hidrovia.

PETROLÍFERO

Valor - SP   16/06/2025

Estudo da federação propõe a criação de polos regionais de produção, fundamentados na localização georreferenciada dos potenciais produtores e na infraestrutura existente

Um estudo feito pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostra que a economia paulista pode substituir até 32% do consumo industrial de gás natural por biometano. A pesquisa identificou uma oferta potencial de 6,4 milhões de metros cúbicos por dia (m³/dia), o que também equivale a 24% do consumo de diesel no transporte no Estado.

Segundo dados apresentados no relatório, o consumo atual de gás natural e São Paulo é da ordem de 14 milhões de m³/dia. O montante de 32% equivale ao consumo industrial de empresas que estariam dispostas a trocar o combustível fóssil pelo gás renovável. Já o investimento necessário nas plantas para processar esse volume de biometano é de R$ 46,2 bilhões.

O biometano, ou gás natural renovável, é obtido a partir da purificação do biogás, uma mistura de gases que têm como origem o processo natural de decomposição de resíduos orgânicos em ambientes onde não há troca de ar – a chamada digestão anaeróbica. Em termos comparativos, 1 m³ de gás é suficiente para ferver 50 litros de água ou aquecer um chuveiro a gás entre 20 a 30 minutos.

A produção estimada, originada em 181 plantas (84% do setor sucroenergético e 16% de aterros sanitários), poderia mitigar até 16% das metas de descarbonização. André Rebelo, diretor-executivo de infraestrutura da Fiesp, explica que o energético pode impulsionar a geração de riqueza por meio da consolidação de uma nova cadeia de valor, com oportunidades para indústrias fornecedoras de equipamentos e prestadoras de serviços especializados.

“Os grandes consumidores de gás natural são o setor químico, vidros e cerâmica. Certamente, a maior parte da demanda está nesses segmentos. Há ainda uma demanda espalhada. O setor têxtil não é um grande consumidor de gás, mas tem subsetores dentro da cadeia que são consumidores”, explica.

Os principais índices de composição do custo da molécula do gás natural são o valor do Brent, o câmbio em dólar e o IGPM. No caso do biometano, os dois principais índices são o custo de produção e purificação da molécula de biometano e a aplicação da inflação apurada pelo IPCA.

Rebelo discorda desta relação de preços de mercado, já que, segundo ele, são informações pontuais espalhadas. Já sobre o chamado “prêmio verde”, ou seja, quanto o consumidor está disposto a pagar a mais por um insumo sustentável, não há ainda muita clareza no padrão de mercado, já que isso varia conforme o porte da empresa, ramo de segmento e margens de mercado.

“No entanto, grandes empresas com compromissos globais por redução de emissões, têm margem para pagar pelo atributo verde”, explica. “Isso é uma coisa de caso a caso e o mercado é muito incipiente para a gente desenhar uma tendência”, acrescenta.

O estudo propõe a criação de polos regionais de produção, fundamentados na localização georreferenciada dos potenciais produtores e na infraestrutura existente.

Foi ainda elaborado um portfólio de medidas de políticas públicas para alavancar o biometano, divididas em quatro eixos prioritários: oferta competitiva de biometano, com incentivos fiscais e valorização ambiental; mercado e infraestrutura, por meio de ferramentas regulatórias e polos produtivos; estímulo da demanda, sobretudo no transporte pesado; e medidas transversais, como fomento à inovação na cadeia de equipamentos e serviços.

Globo Online - RJ   16/06/2025

A ANP anunciou que vai realizar na próxima terça-feira um leilão de blocos exploratórios localizados em cinco bacias sedimentares: Parecis (em terra) e Foz do Amazonas, Potiguar, Santos e Pelotas (no mar). Ao todo, 12 empresas apresentaram declarações de interesse e garantias de oferta para esses setores. Outras 31 empresas estão habilitadas a fazer ofertas durante o leilão. Empresas que não enviaram garantias poderão participar por meio de consórcios com aquelas que manifestaram interesse previamente.

No entanto, o leilão vem sendo duramente criticado por organizações socioambientais, representantes indígenas e especialistas em clima, que apontam riscos socioambientais graves e denunciam a contradição entre a expansão da fronteira fóssil e os compromissos climáticos assumidos pelo Brasil — especialmente diante da realização da COP30, em 2025, na cidade de Belém (PA), no coração da Amazônia.

Entre os 172 blocos que irão a leilão, 47 estão localizados na bacia da Foz do Amazonas, uma área reconhecidamente sensível do ponto de vista ambiental e social, salientam os ambientalistas. A região abriga alta biodiversidade e comunidades costeiras que dependem do mar para sua subsistência. O bloco 59, na mesma bacia, arrematado em 2013, ainda enfrenta forte resistência de comunidades locais e do Ministério Público devido aos riscos associados à exploração petrolífera.

- É inacreditável que, em pleno ano de COP30 no Brasil, a ANP siga com intenções de esburacar a costa amazônica, ofertando 47 novos blocos na região - afirma Mariana Andrade, porta-voz de Oceanos do Greenpeace Brasil.

Segundo estudo do Greenpeace com apoio técnico de pesquisadores, boias com GPS lançadas na Foz do Amazonas demonstraram que a dinâmica das correntes marítimas pode levar rapidamente um possível vazamento de óleo até comunidades costeiras e áreas ambientalmente protegidas, causando impactos irreversíveis.

De acordo com estimativa do Instituto ClimaInfo, a queima do petróleo e gás dos blocos ofertados pode emitir mais de 11 bilhões de toneladas de CO volume superior ao que o agronegócio emitiu por uso da terra nos últimos seis anos e equivalente a 5% de todo o orçamento de carbono restante para manter o aquecimento global abaixo de 1,5ºC.

Segundo o ClimaInfo, só os 47 blocos na Foz do Amazonas podem responder por 4,7 bilhões de toneladas de CO2e. E se todo o potencial de petróleo da Amazônia brasileira for explorado — estimado em 60 bilhões de barris —, as emissões poderiam chegar a 24 bilhões de tCO2e. Isso representa quase metade de todas as emissões globais de 2023.

- Não existe transição energética justa com mais petróleo. Estamos falando de bilhões de toneladas de gases de efeito estufa a mais, quando o mundo precisa parar de queimar combustíveis fósseis - alerta Ilan Zugman, diretor da 350.org para a América Latina e Caribe, em nota.

Valor - SP   16/06/2025

Os mercados estão se preparando para uma nova alta nos preços do petróleo à medida que os ataques de Israel aos ativos de energia do Irã aumentam o risco para as cadeias de abastecimento.

Israel desativou temporariamente uma instalação de processamento de gás natural ligada ao gigantesco campo de South Pars, o maior do Irã, em um ataque no sábado, que teve como alvo tanques de armazenamento de combustíveis como parte da ofensiva contra o programa nuclear de Teerã.

Embora o ataque tenha se concentrado no sistema doméstico de energia do Irã, e não nas exportações para os mercados internacionais, analistas e traders de petróleo estão se preparando para mais turbulências após as cotações terem registrado o maior aumento dos últimos três anos na sexta-feira.

Apesar das sanções dos EUA, o Irã continua sendo o maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Os houthis, aliados do regime iraniano no Iêmen, têm assediado navios na região, e Teerã já ameaçou, no passado, bloquear o Estreito de Ormuz, ponto crítico para o transporte de petróleo no Golfo Pérsico. No entanto, essa medida nunca foi adotada pelo país.

“A escalada, provavelmente prolongada, do conflito e sua expansão para alvos econômicos com riscos civis devem aumentar o prêmio de risco do petróleo no início da semana”, disse Bob McNally, presidente e fundador da Rapidan Energy Advisers e ex-funcionário do setor de energia da Casa Branca.

Os contratos futuros do WTI, a referência nos Estados Unidos, chegaram a subir até 14% na sexta-feira antes de se estabilizarem perto de US$ 73 por barril. Um bloqueio do Estreito de Ormuz poderia impulsionar os preços internacionais para até US$ 130, segundo previsão do JPMorgan & Chase. Um salto nos preços do petróleo aumentaria as pressões inflacionárias em todo o mundo.

O ataque de Israel no sábado provocou uma forte explosão e um incêndio na usina de processamento de gás em terra da Fase 14, forçando o desligamento de uma plataforma de produção no campo de South Pars, de acordo com um relatório da agência de notícias semioficial iraniana Tasmin.

“Agora que esse limite foi ultrapassado, haverá dúvidas se Israel terá como alvos outras infraestruturas energéticas iranianas”, disse Richard Bronze, chefe de geopolítica da consultoria Energy Aspects. “Parece que estamos em um ciclo de escalada [do conflito]”.

Se o fornecimento de petróleo for afetado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, provavelmente recorrerá à Opep+, liderada pela Arábia Saudita, para aproveitar sua considerável capacidade ociosa de produção, segundo Helima Croft, chefe de estratégia global e commodities da RBC Capital Markets e ex-analista da CIA. Mas não está claro se a Opep poderia compensar uma interrupção grave e prolongada no fornecimento do Irã, cuja produção gira em torno de 3,4 milhões de barris por dia.

A tentativa, por si só, poderia colocar a infraestrutura energética dos sauditas e dos Emirados Árabes Unidos em risco. Depois que Riad apoiou a repressão de Trump contra Teerã no primeiro mandato, uma importante instalação de processamento de petróleo em Abqaiq foi atacada pelos houthis em 2019.

“A capacidade ociosa da Opep poderia ser acionada para compensar uma redução nos barris iranianos”, disse Clay Seigle, membro do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, de Washington. “Mas seria politicamente arriscado para a Arábia Saudita e para os Emirados Árabes Unidos se beneficiarem dessa forma às custas de Teerã”.

O fato de as principais instalações petrolíferas terem sido poupadas até agora pode oferecer alguma tranquilidade aos mercados. “Provavelmente precisaríamos ver evidências de uma guerra mais intensa, com danos muito mais generalizados e vítimas civis em massa, para que essa expectativa mudasse e o prêmio de risco do petróleo aumentasse ainda mais”, disse Vandana Hari, fundadora da Vanda Insights, consultoria de energia com sede em Singapura.

A Agência Internacional de Energia (AIE) afirmou que os mercados globais de petróleo estão bem abastecidos em meio à desaceleração da demanda por combustíveis e aos recentes aumentos de produção da Opep+. A entidade disse que está preparada para disponibilizar seus estoques de emergência, se necessário.

Ontem, Trump afirmou em uma postagem na rede social Truth Social que Israel e Irã deveriam e farão um acordo de paz. Antes dos ataques israelenses, o presidente americano havia afirmado que estava insatisfeito com os aumentos dos preços do petróleo.

Hari acrescentou que os temores sobre o Estreito de Ormuz provavelmente também são excessivos. Segundo ela, uma medida tão extrema cortaria a rota de exportação do próprio Irã e alienaria seu maior cliente, a China.

“O Irã nunca bloqueou de fato o canal, apesar das muitas ameaças ao longo dos anos, e não espero que o faça agora”, disse Hari.

O Estado de S.Paulo - SP   16/06/2025

O Ministério Público Federal (MPF) do Pará entrou com uma ação na Justiça Federal, na quinta-feira, 12, para a suspensão imediata do leilão de blocos de petróleo e gás da 5ª Oferta Permanente de Concessão (OPC) da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), previsto para a próxima terça-feira, 17.

A ação, que pede urgência pela proximidade do leilão, busca impedir a oferta de 47 blocos para exploração de petróleo e gás na bacia da Foz do Amazonas, uma das cinco que compõem a Margem Equatorial brasileira, até que sejam cumpridas uma série de medidas previstas na legislação socioambiental.

A ação foi movida contra a União e a ANP. Segundo o MPF, a realização do leilão sem os estudos prévios adequados representa uma grave violação de direitos fundamentais, compromissos internacionais e da legislação ambiental brasileira.

O MPF pede que a Justiça condicione a realização do leilão à execução de quatro medidas principais como o estudo de impacto climático; a Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS): Estudos sobre povos e comunidades tradicionais; e Consulta Prévia.

A ação do MPF segue outra impetrada pela Federação Única dos Petroleiros (Fup) e a Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás (Anapetro) e utiliza argumentos semelhantes.

Na ação, o MPF destaca que a expansão da exploração de petróleo na região representa um “grave contrassenso” diante da emergência climática e dos compromissos assumidos pelo Brasil, como o Acordo de Paris.

O órgão aponta que a decisão de leiloar os blocos sem quantificar previamente os impactos climáticos e socioambientais é “cientificamente insustentável, legalmente indefensável e moralmente injustificável”.

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