Valor - SP 16/01/2023
Grupo alemão faturou R$ 5,2 bilhões no ano fiscal de 2022, com negócios nas áreas automotiva, de plantas industriais, defesa e trading na América do Sul
Paulo Alvarenga, CEO na América do Sul: “Há uma renovação industrial, global, de construção de uma economia verde. O grupo seguirá junto nesse caminho” — Foto: Carol Carquejeiro/Valor
O gigante industrial de bens de capital Thyssenkrupp, que no Brasil atua em três grandes áreas de negócios, além do serviço de trading de matérias-primas e aço, fechou o ano fiscal de 2022 (em 30 de setembro) com resultado positivo - crescimento de 11%, em reais, na receita (ou 21% em euros). “Foi um ano bom para nós”, resumiu Paulo Alvarenga, CEO do grupo na América do Sul.
O desempenho envolve a América do Sul, mas desde o ano passado o Brasil passou a concentrar 90% das operações na região após a venda da divisão de equipamentos para mineração, que tinha grande peso no Chile e Peru. “O grupo não quer mais se relacionar com atividades de mineração, em especial de carvão”, afirmou.
O faturamento na região atingiu R$ 5,2 bilhões (ou € 900 milhões), mesmo com a perda de duas importantes áreas de negócios - primeiro, aço, vários anos atrás; em 2020, a de elevadores. “Na pandemia, fizemos um plano de dobrar de tamanho em três anos. Já quase conseguimos isso em dois”, comemora Alvarenga.
O executivo destaca que contribuiram para o resultado a forte recuperação da área automotiva, com mais de 30% de expansão. Foi impulsionada pela demanda de veículos pesados e por exportação de componentes e autopeças.
Em Campo Limpo Paulista (SP) fica a principal fábrica da Thyssenkrupp, que é a maior do mundo na produção de virabrequins forjados, além de outras autopeças. A empresa passou também a importar amortecedor de alta performance da marca do grupo Bilstein, que veio para ocupar fatias no mercado de reposição.
Outro pilar do grupo que ganhou robustez é a área de defesa. Por meio de um consórcio, que inclui subsidiária da Embraer, em 2022 o negócio começou a deslanchar, com a construção, após as fases preliminares, da primeira fragata encomendada pela Marinha. A entrega está prevista para o final de 2025 - no todo, são quatro embarcações a serem montadas no estaleiro do próprio consórcio, em Itajaí (SC)
O terceiro negócio, que vem ganhando expressão dentro grupo, mundialmente, é o de plantas industriais diversas. Por exemplo, unidades de hidrogênio verde. “Não somente verde, pois já temos expertise em tecnologia de produção de outros tipos de hidrogênio”, afirmou Alvarenga.
Essa divisão tem crescido também no fornecimento de componentes (como rolamentos de grande porte) para torres eólicas, uma área em forte expansão no Brasil. Ha ainda plantas químicas - a Thyssen fechou novo contrato para uma instalação de dessulfuração de gases da ArcelorMittal no país, na usina de aço de Serra (ES).
A unidade vai recuperar, com mais eficiência, gases das coquerias (unidades de preparação de carvão para uso no alto-forno). O contrato foi assinado em dezembro e a obra será concluída em 30 meses, empregando 400 pessoas.
Em julho, o grupo firmou com o grupo químico Unigel contrato de fornecimento de equipamentos e tecnologia da primeira unidade de hidrogênio verde do país em escala industrial por meio da Thyssenkrupp Nucera. A primeira fase do projeto ficará pronta ao final deste ano, apta a fazer 10 mil toneladas ao ano, que serão convertidas em 60 mil toneladas de amônia verde.
Segundo a Unigel informou recentemente, o plano é quadruplicar a produção até 2025. O investimento previsto é de US$ 120 milhões. Numa terceira fase, a meta é atingir 100 mil toneladas de HV ao ano e 600 mil de amônia verde.
“O foco futuro da companhia, no mundo, é tudo que está relacionado à ‘tecnologia verde’, em projetos para substituição de combustíveis fósseis”, diz Alvarenga. A estratégia passa pela transformação verde e pela questão climática mundiais, desenvolvendo novas tecnologias. “Na siderurgia, já estamos desenvolvendo e aplicando isso dentro de casa”, informa.
Na Alemanha, a Thyssenkrupp Steel Europe, importante siderúrgica da Europa, está aplicando mais de € 2 bilhões para substituir o carvão metalúrgico por hidrogênio verde na “alimentação” do alto-forno 1 da sua siderúrgica de aços planos. Com uso de carvão, que se junta ao minério de ferro no processo de fabricação do aço, é emitida uma grande quantia de CO2 na atmosfera.
Ao se utilizar hidrogênio verde, e não carvão, o processo vai liberar água (H2O). “É quase uma outra linha de produção de aço. O conselho supervisor aprovou o investimentos depois de testes iniciados em 2019”. Serão três anos de obras. O “novo alto-forno” começa a operar em 2026 e a primeira fase do projeto vai até 2030. A previsão é ter os quatro altos-fornos da siderúrgica com a tecnologia verde em 2045.
Nessa área, o grupo conta com a Thyssenkrupp Nucera, braço que desenvolve as plantas de eletrólise de hidrogênio - de todos tipos. Houve tentativa de uma oferta pública de ações (IPO) da empresa, sem sucesso, e agora aguarda-se momento propício para retomar o processo, diz o executivo. “Há uma renovação industrial, global, de construção de uma economia verde. O grupo seguirá junto nesse caminho”.
Segundo Alvarenga, o mundo terá mais de 5 mil GW de eletrólise até 2050, que terão o papel de substituir os combustíveis fósseis - petróleo, gás natural, carvão..., o que demandará muita energia renovável para o processo. A Thyssenkrupp faz 1 GW ao ano de plantas de eletrólise e tem plano de saltar para 5 GW até 2025. “Isso é para atender os contratos que temos hoje no mundo, tanto de hidrogênio verde como cinza.
Para 2023 e próximos anos, a meta é intensificar essa estratégia na região, em especial no Brasil. “Ha uma transformação verde em curso, com uma economia nova, sem uso dos combustíveis fósseis, o que nos abre uma avenida de crescimento. A visão da Thyssenkrupp é ser um “gigante verde” nesse novo cenário”, diz.
Na área automotiva, informa, o grupo já desenvolve peças voltadas a carros elétricos. “Desponta uma nova indústria automotiva. Na Alemanha, após 2035, não vai mais rodar carro a combustão”.
O Estado de S.Paulo - SP 16/01/2023
A economia brasileira engatou a quarta queda consecutiva em novembro, conforme o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerando a série histórica já revisada. O indicador caiu 0,55%, na série livre de efeitos sazonais (um tipo de compensação para comparar meses diferentes).
De outubro para novembro, o índice de atividade calculado pelo BC passou de 143,85 pontos para 143,06 pontos na série dessazonalizada. Olhando para trás, esse é o menor patamar desde maio (142,09 pontos), conforme a série histórica iniciada em 2003.
Conhecido como uma espécie de “prévia do BC” para o Produto Interno Bruto (PIB), o IBC-Br serve mais precisamente como parâmetro para avaliar o ritmo da economia brasileira ao longo dos meses. A projeção atual do BC para a atividade doméstica em 2022 é de crescimento de 2,9%.
O resultado de novembro veio perto do piso de queda de 0,60% do intervalo de estimativas do mercado financeiro coletadas pelo Projeções Broadcast. A mediana era negativa em 0,20% e o teto era de alta de 0,20%.
Na comparação entre os meses de novembro de 2022 e de 2021, houve crescimento de 1,65% na série sem ajustes sazonais. Esta série registrou 142,53 pontos no penúltimo mês do ano, o melhor desempenho para o período desde 2014 (144,92 pontos).
O indicador de novembro ante o mesmo mês de 2021 ficou dentro do intervalo projetado pelos analistas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast, que esperavam de queda de 1,00% a crescimento de 3,20%, mas abaixo da mediana positiva de 2,25%.
No acumulado de janeiro a novembro deste ano, ainda segundo o Banco Central, o nível de atividade da economia brasileira registrou expansão de 3,26% (sem ajuste sazonal).
De acordo com o Banco Central, o indicador apresentou crescimento de 3,15% em 12 meses até novembro.
O Estado de S.Paulo - SP 16/01/2023
O recuo de 9,9% das exportações da China em dezembro, em relação ao mesmo mês de 2021, colocou ainda mais no foco as interrogações sobre o desempenho do gigante asiático em 2023, uma das variáveis chave para projetar o que vai acontecer com a economia global este ano. Já o recuo das importações em dezembro, de 7,5% na mesma base de comparação, foi mais bem recebido pelos analistas, já que a queda desacelerou em relação a novembro (-10,6%) e foi menor que a projeção mediana de -9,8%.
De qualquer forma, talvez este seja o momento, nas últimas três a quatro décadas, em que haja mais dúvidas sobre o futuro do modelo de supercrescimento chinês, que representou um dos pilares da economia global nesse período. Questões de curto, médio e longo prazo pesam sobre as perspectivas econômicas chinesas.
O tema mais premente é a reação da atividade ao fim abrupto e desastrado da política de Covid zero.
A corrente otimista aposta que, em que pese o "momento Manaus" da pandemia na China, com um pico intenso de contaminações e mortes (cuja real dimensão está acobertada pela falta de transparência de um governo ditatorial), a tendência é de que o país convirja de forma relativamente rápida para o atual estágio endêmico da Covid na maior parte do mundo - no qual a circulação humana, a economia e especialmente o setor de serviços se normalizam completamente. Se isso for verdade, pode haver este ano uma retomada chinesa com as características exuberantes da reação econômica pós-Covid ocorrida em diversos países durante parte de 2021 e 2022.
Mas há também uma corrente cética em relação a esse desfecho. Relatório recém-lançado da consultoria BRCG, que tem como um dos sócios o economista Livio Ribeiro, especialista em China, prevê que "as mudanças sanitárias não serão suficientes para promover uma rápida aceleração da propensão marginal a consumir das famílias chinesas".
Nessa visão, mesmo com estímulos monetários e fiscais, as famílias chinesas devem permanecer preocupadas com sua situação financeira prospectiva, o que é ampliado pela queda do preço dos imóveis na esteira da crise do setor imobiliário, que é outro componente do quadro de dificuldades econômicas da China.
Além disso, a demanda global pelas exportações chinesas deve enfraquecer diante da forte desaceleração prevista para o PIB global. E permanece ainda o risco de que, no gigantesco criadouro de coronavírus proporcionado pelo fim abrupto e mal conduzido da política de Covid zero num país com 1,4 bilhão de habitantes, surjam novas variantes e novas ondas da doença que interrompam a retomada da economia.
As atuais projeções da BRCG são de que a China cresça 2,9% em 2022 e 4,5% em 2023.
Saindo do curto para o médio e longo prazo, a economia chinesa também enfrenta o desafio da transição de modelo - consumo doméstico e serviços como motor no lugar de investimentos e exportação, que puxaram o crescimento nas últimas décadas - e de uma tendência demográfica desfavorável.
Choque globais, como a crise financeira mundial e a pandemia, e complicações políticas internas, como a virada totalitária e estatizante de Xi Jinping, são obstáculos na transição de modelo econômico, que vem se arrastando com idas e vindas.
Já o problema demográfico é ainda mais difícil de reverter. A população chinesa cresce em ritmo lentíssimo e deve chegar a um pico por volta de 2030, momento a partir do qual deve começar a encolher. A redução da população ativa como parcela da população total e a multiplicação dos idosos é inevitável nesse cenário, com consequências negativas diretas sobre o ritmo de crescimento econômico.
Como analisado pelo economista chinês Cai Fang, vice-presidente da Academia Chinesa de Ciências Sociais, um dos maiores desafios do pais é o de "evitar ficar velho antes de ficar rico".
IstoÉ Dinheiro - SP 16/01/2023
Horas depois de Luiz Inácio Lula da Silva confirmar sua vitória nas urnas, em outubro, o presidente da China, Xi Jinping, enviou uma cordial mensagem de parabéns ao petista. O gesto diplomático — apesar de trivial entre chefes de Estado — não representa, no entanto, o apreço do líder chinês à democracia, mas releva um sentimento de otimismo e esperança no campo comercial. Na ocasião, Xi afirmou estar disposto a trabalhar em conjunto para elevar a parceria estratégica entre os dois países e disse que ambas as nações têm amplos interesses e responsabilidades comuns.
Esse amplo interesse de Pequim tem nome: Mercosul. Em dificuldade para expandir seus negócios com os Estados Unidos e países europeus, que nos bastidores defendem a Ucrânia no confronto com a Rússia (maior aliado da China entre as superpotências), o governo chinês admite que almeja selar um acordo de livre comércio com o bloco sul-americano nos próximos anos. A razão é óbvia. As duas maiores economias da região, Brasil e Argentina, são potências na produção agropecuária e de matérias-primas, como minério de ferro, ouro, prata e lítio. E um contrato de fronteiras abertas é sedutor para os chineses.
A China até começou a negociar um acordo bilateral com o Uruguai em 2020, fora do Mercosul, mas a parceria ainda não vingou por resistência de Brasil, Argentina e Paraguai. Sem a bênção dos membros do bloco e acesso aos maiores mercados consumidores da região, um tratado de livre comércio com um país de 3,4 milhões de habitantes (o equivalente à população da cidade de Brasília) parece fazer pouco sentido para um país de 1,4 bilhão de pessoas (sete vezes o Brasil). Por isso, os chineses querem buscar acordos de livre comércio que eles chamam de “alto padrão”.
“A China encoraja o Brasil a desempenhar papel ativo na expansão da rede de acordos regionais de comércio” Li Chenggang Embaixador da China na OMC.
Para o embaixador chinês na Organização Mundial do Comércio (OMC), Li Chenggang, Pequim acredita que é fundamental melhorar a integração regional do Brasil e a diversificação das exportações. “A China encoraja o Brasil a desempenhar um papel ativo na expansão da rede de acordos regionais de comércio do Mercosul com os principais parceiros comerciais”, afirmou Chenggang, em reportagem ao jornal Valor.
O que é bom para a China, pode ser bom também para o Brasil. O mercado chinês é o principal destino das exportações brasileiras desde 2009. O país asiático é nosso maior parceiro comercial e compra quase um terço de tudo o que sai dos portos nacionais. A participação da China nas transações comerciais globais brasileiras ficou em 27,5% de janeiro a setembro de 2022, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, do então Ministério da Economia. Um ano antes, a fatia da era de 31,3%, mas foi comprimida pelas restrições do governo chinês à carne brasileira em meio aos ataques do ex-presidente Bolsonaro ao regime comunista.
Na avaliação do economista Paulo Morais, coordenador de ciências econômicas da PUC, os atritos internos observados no Mercosul tinham origem mais políticas do que econômicas, o que deve, portanto, ser equacionado com a troca de governo em Brasília. “Os entraves entre Argentina e Brasil eram de governos que se apresentavam com ideologias opostas”, disse.
DIVERSIFICAÇÃO Um eventual acordo com o Mercosul não será a única alternativa de expansão da China fora do eixo Estados Unidos-Europa. Nos últimos cinco anos, Pequim assinou 22 acordos de livre comércio, entre eles com Chile e Peru. Há outros dez em conversas, como com a Colômbia. Para o Mercosul, um acordo com a China pode ajudar a colocar a casa em ordem, já que existem problemas crônicos na relação entre os países, na avaliação de Jose Niemeyer, coordenador do curso de Relações Internacional do Ibmec, no Rio de Janeiro. “O Mercosul não passa de uma união aduaneira imperfeita, criada com objetivo geopolítico, não comercial”, afirmou. “O bloco tem sido uma pedra que acorrenta grande parte da indústria brasileira”, afirmou Niemeyer.
A julgar pelos primeiros movimentos no campo internacional, Lula e sua equipe econômica parecem ter ciência disso. Para acabar com o isolamento causado pelos quatro anos de gestão Bolsonaro, o presidente fará sua primeira viagem oficial à Argentina no final de janeiro, e em seguida visitará Estados Unidos, Portugal e China. Lula também confirmou presença na cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em 23 e 24 de janeiro, em Buenos Aires. Na sequência, o presidente brasileiro deve reunir-se com Joe Biden, em Washington, em viagem ainda sem data definida. Já a visita à China vai ocorrer em março, segundo o governo. Ficará a cargo do novo chanceler, Mauro Vieira, o trabalho de reconstrução depois de um, como ele define, “retrocesso sem precedentes” nas relações internacionais. O futuro do Mercosul e um possível acordo com a China estarão no topo da lista de prioridades.
Infomoney - SP 16/01/2023
A China acumulou em dezembro superávit comercial de US$ 78 bilhões, maior do que o saldo positivo de US$ 69,84 bilhões de novembro, informou nesta sexta-feira a Administração Geral de Alfândegas (GAC). O dado veio acima do consenso Refinitiv, que era de de US$ 76,2 bilhões. No ano, a China acumulou superávit comercial de US$ 877,6 bilhões, o maior já registrado. O recorde anterior, de 2021, era de US$ 676,43 bilhões.
A pesquisa do órgão alfandegário chinês mostrou que as exportações da segunda maior economia do mundo sofreram um tombo de 9,9% em dezembro ante igual mês do ano anterior, após caírem 8,7% na comparação anual de novembro. A contração do mês passado foi a maior desde fevereiro de 2020.
Também no confronto anual, as importações chinesas tiveram redução de 7,5% em dezembro, menor do que o declínio de 10,6% observado em novembro.
Em todo o ano de 2022, as exportações chinesas subiram 7%, a uma nova máxima histórica de US$ 3,59 trilhões, superando o recorde de 2021, de US$ 3,36 trilhões, enquanto as importações avançaram 1,1%.
“O comércio exterior da China apresentou avanços em escala, qualidade e eficiência no ano passado, o que é um feito duramente conquistado, considerando os ventos contrários na demanda, oferta e expectativas”, disse Lyu Daliang, porta-voz do GAC, à agência Xinhua.
O Estado de S.Paulo - SP 16/01/2023
Ninguém duvida que a política monetária esteja em território fortemente restritivo. Afinal, no fim de 2021 a taxa de juros reais ex-ante de um ano superou 6% ao ano, e desde então veio crescendo até estabilizar-se em torno de 8% ao ano. Apesar disso, devido aos subsídios que reduziram os preços administrados, fechamos 2022 com uma inflação de 5,8%, mas com a inflação dos “preços livres” chegando a 9,4%.
Por que em 2022 a inflação dos preços livres foi tão alta? A razão está no aquecimento da economia, que fica claro observando o crescimento de 3% do PIB em 2022, e a redução da taxa de desemprego para perto de 8%, próxima do pleno emprego. Deduzida a contribuição dos subsídios aos combustíveis, a inflação manteve-se elevada em virtude dos elevados estímulos fiscais que expandiram a demanda, e caso o ministro da Fazenda não consiga reduzir o déficit orçamentário, de R$ 230 bilhões, em 2023, tal expansão continuará.
A redução do déficit não é necessária só para minimizar o inevitável retorno ao crescimento da dívida pública em 2023. Ela é fundamental para evitar que a política fiscal continue operando na direção contrária à da política monetária. Do ponto de vista da dívida, tanto faz reduzir o déficit primário via aumento de impostos ou redução de gastos, mas no que diz respeito à inflação, a diferença é enorme. Se a opção for o corte de gastos, a política fiscal acentuará a potência da política monetária, mas se o fizer eliminando as desonerações para elevar a receita, provocará um aumento instantâneo da inflação.
Este não seria um problema caso as expectativas de inflação estivessem ancoradas. Como a política monetária já é restritiva, bastaria manter a taxa de juros onde está para que os efeitos secundários do “novo choque” se dissipassem. Mas a pesquisa Focus mostra que a inflação esperada ao final de 2023 se situa acima do limite superior do intervalo contendo a meta, e continua crescendo. Se diante deste novo choque o BC alongar ainda mais o período para a convergência da inflação para a meta, afrouxará seu compromisso com ela, caindo a credibilidade que determina sua capacidade de manter as expectativas ancoradas.
Dessa forma, estará em pleno desenvolvimento um “jogo não cooperativo” entre as autoridades fiscal e monetária, cujo resultando é o aumento da inflação. Cabe aos responsáveis pelas políticas monetária e fiscal convencerem o presidente da República a apoiá-los na execução do ajuste que tem os melhores resultados, com a redução do déficit ocorrendo, predominantemente, através do controle dos gastos.
Monitor Digital - RJ 16/01/2023
Os novos casos de Covid-19 na China levantaram preocupações nos últimos dias em todo o mundo. Além da questão sanitária que é, naturalmente, a principal preocupação, outro temor diz respeito aos impactos da doença nos mercados globais. Um dos principais parceiros comerciais de diversos países, incluindo o Brasil, a China tem uma política de combate a Covid muito restritiva. Em diversos momentos cidades inteiras chegaram a ser isoladas.
Com o crescimento de novos casos, o mundo volta-se novamente para a maior nação asiática. Em 2022, as transações comerciais entre os Brasil e China já movimentaram mais de US$ 76 bilhões em exportações e US$ 51 bilhões em importações, o maior volume entre todos os países com os quais nos relacionamos e que pode vir a ser prejudicado em razão dos novos avanços da pandemia.
As consequências de uma nova onda da Covid-19 são imprevisíveis e podem ser desastrosas. Na parte econômica, o mundo ainda se recupera dos efeitos causados pela crise sanitária, que provocou problemas nas cadeias de suprimentos, gerando atrasos e pressão sobre a cadeia produtiva e contribuindo para o aumento da inflação em todo o mundo.
Neste sentido, um novo surto poderia afetar diretamente a economia brasileira, que ainda enfrenta fortes desafios para voltar aos níveis de estoque e produção de antes da pandemia. Um dos maiores exportadores para o país asiático, o Brasil é altamente dependente de insumos dos chineses.
As importações daquele país suprem uma demanda importante do Brasil por meio de produtos como componentes eletrônicos, compostos químicos e equipamentos de telecomunicação. Assim sendo, a paralisação pode trazer sérios problemas para as empresas brasileiras. Como consequência do atraso nas entregas dos produtos importados, a necessidade de capital de giro das empresas brasileiras aumenta, uma vez que essas pagam pelos produtos de forma antecipada. Linhas de financiamento para importação que sejam mais flexíveis se tornam uma ferramenta essencial para a gestão de risco.
Na outra ponta, os consumidores também são afetados com o atraso nos gargalos de produção. Isso significa mais tempo para a produção de produtos e, dependendo do setor, pode ocorrer até mesmo a falta ou escassez de alguns deles. Consequentemente, o consumidor terá mais dificuldade para encontrar o que procura, além de maior tempo de espera para conseguir acesso aos bens de consumo desejados.
Com produtos em falta ou escassos, outra medida consequencial é o aumento dos preços, o que prejudica duplamente o público que, além de ter mais dificuldade para encontrar alguns itens, terá que pagar mais caro por eles. Em suma, o agravamento da crise tem potencial para impactar fortemente a economia brasileira.
A despeito disso, é importante cautela e atenção ao cenário no mercado chinês. A importância da China na economia global, bem como a integração com outros países, a exemplo do Brasil, demandam mais cuidado e adoção de ações para proteger o mercado, sob pena de a população enfrentar novos aumentos no preço dos produtos.
Por fim, o desenvolvimento de novos parceiros comerciais com histórico consistente de exportação tanto para o Brasil quanto para outros países, a utilização de ferramentas de acompanhamento da cadeia de suprimentos e a obtenção de linhas de crédito específicas para o comércio internacional podem ajudar as empresas brasileiras contra eventualidades em razão da pandemia.
O Estado de S.Paulo - SP 16/01/2023
Ao tomar posse como ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, o vice-presidente da República Geraldo Alckmin anunciou que teria como prioridade as negociações de novos acordos comerciais, destinados a criar acesso aos mercados externos do produto industrial do Brasil.
A direção está correta, mas, depois de tanta vacilação dos governos anteriores, os obstáculos ficaram enormes. E, mais que tudo, a definição de uma política industrial deve preceder um novo esforço de abertura comercial no exterior. Mas isso precisa ser mais bem explicado. Ano após ano, a indústria de transformação do Brasil vai sendo desidratada. Há 30 anos, correspondia a 29% do PIB e hoje, não passa dos 12%.
Desde os anos 50, os empresários argumentavam que a indústria precisava de proteção. Obtiveram favores fiscais, barreiras alfandegárias que mantinham a concorrência externa longe dos portos internos, reservas de mercado, créditos a juros favorecidos colocados à disposição pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e tanta coisa mais.
Desde a década de 70, os dirigentes da indústria repetiam que era preciso garantir mais câmbio (moeda nacional mais desvalorizada em relação ao dólar), para dar competitividade à indústria nacional e juros mais baixos, de modo a reduzir os custos do crédito. E, no entanto, mesmo enquanto o dólar manteve-se caro e o juro baixo, a indústria não se recuperou. E, claro, tem o altíssimo custo Brasil: impostos altos demais, infraestrutura sucateada, inexistente ou cara demais, excesso de burocracia e por aí vai.
Embora tenham de enfrentar essas adversidades, outros setores seguem em franca prosperidade, como acontece com as áreas da mineração e do agronegócio. A diferença é que contam com forte mercado externo, o que mais falta à indústria.
Desde a década de 80, o Brasil e todo o Mercosul perderam a oportunidade de batalhar por novos acordos comerciais que abririam mercados para a indústria. Preferiram se fechar como ostras, para se proteger da concorrência externa. Agora, ficou tudo mais difícil porque Estados Unidos, Europa e Japão adotaram políticas protecionistas, em defesa de sua própria indústria. De todo modo, é preciso fazer escolhas. Uma indústria automobilística baseada na queima de combustíveis fósseis, por exemplo, terá um mercado externo restrito. Não há como competir lá fora com produtos dotados de baixa tecnologia. Em compensação, mil portas podem-se abrir para industrializados que contam com mais vantagens comparativas.
Alguns exemplos: produção de hidrogênio verde, indústria eletrointensiva baseada em energia limpa, processamento de proteína animal e vegetal, papel e celulose e enriquecimento de minérios.
Fazer escolhas implica tirar do foco indústrias de baixa competitividade. É isso que o governo Lula tem de fazer.
Exame - SP 16/01/2023
A China deve ter tido o menor crescimento econômico em quarenta anos em 2022, após a crise da pandemia de covid-19 e do setor imobiliário, disseram analistas às vésperas do anúncio do Produto Interno Bruto (PIB) do país, na próxima terça-feira (17).
Dez especialistas consultados pela AFP antecipam um crescimento de 2,7% do PIB em média na segunda maior economia do mundo, um número bem abaixo dos 8% registrados em 2021.
Poderia ser também o índice mais baixo desde a contração de 1,6% em 1976, ano da morte do ex-presidente Mao Tsé-Tung, sobretudo considerando a pandemia de covid-19 que teve a cidade de Wuhan como epicentro no final de 2019.
Os confinamentos, quarentenas e testes obrigatórios em massa levaram ao fechamento de indústrias e centros empresariais em grandes cidades como Zhengzhou, sede da maior fábrica de iPhone do mundo, e repercutiram na cadeia global de suprimentos.
Pequim retirou as restrições sanitárias no início de dezembro, após três anos de uma política extremamente rigorosa de contenção ao vírus.
Crescimento lento
Como consequência, a China está se recuperando de um aumento acentuado nos casos de coronavírus que sobrecarregou hospitais.
Esta situação pode refletir no resultado do crescimento no quarto trimestre, que também será anunciado na terça junto com outros índices, como o de produção industrial e de emprego.
"O quarto trimestre é relativamente difícil", disse o economista Zhang Ming, da Academia Chinesa de Ciências Sociais de Pequim, acrescentando que "não importa se é pela medida do consumo ou dos investimentos, o crescimento está desacelerando".
Em dezembro, as exportações chinesas tiveram a sua maior queda desde o início da pandemia, com uma contração de 9,9%, enquanto o consumo atingiu valores negativos em novembro e o investimento no país também desacelerou.
"Esses três carros-chefes da economia chinesa enfrentam a pressão da baixa expectativa de crescimento no quarto trimestre", indicou Zhang.
Teeuwe Mevissen, analista da multinacional holandesa Rabobank, observou que este período "quase certamente mostrará um declínio devido à rápida disseminação da covid".
"Isto afetará negativamente as condições de demanda e oferta", disse.
Os problemas no setor imobiliário também têm um importante impacto neste índice, sustentou o analista.
Este setor, que junto com o da construção civil representa mais de um quarto do PIB da China, sofreu desde que Pequim conteve o excesso de crédito e a especulação em 2020.
Estas medidas regulatórias marcaram o início das dificuldades financeiras da Evergrande, ex-líder do ramo imobiliário chinês, que agora acumula uma enorme dívida.
A venda de propriedades na China caiu em várias cidades e muitas incorporadoras enfrentam problemas para se manterem no mercado. Mas o governo parece adotar uma postura mais conciliatória para tentar reacender este setor primordial.
Em novembro, foram anunciadas uma série de medidas para promover o desenvolvimento "estável e saudável" com o fornecimento de crédito para incorporadoras endividadas e assistência para pessoas que forem comprar imóveis.
"O pior já passou"
Alguns analistas veem as medidas com otimismo.
"A fase de transição poderia ser difícil porque o país pode ter que enfrentar um pico de infecções que pressionará o setor da saúde", alertou o analista do HSBC, Jing Liu.
O Banco Mundial previu que o PIB da China crescerá 4,3% em 2023. Em contrapartida, Larry Yang acredita que o próximo ano será o de "retorno à segurança".
Ele disse que espera que o crescimento acelere trimestre a trimestre em 2023 para fechar com uma expansão de 5% no ano. Outros analistas ouvidos pela AFP fizeram a mesma projeção.
"O pior período para a economia já passou", considerou Yang.
IstoÉ Online - SP 16/01/2023
Os contratos futuros de minério de ferro subiram mais de 3% na sexta-feira, com os preços da bolsa de Dalian atingindo o maior nível em 17 meses e estendendo os ganhos na semana devido ao otimismo contínuo sobre as perspectivas de demanda no maior produtor de aço do mundo, a China.
Depois de chegar ao fundo do poço em outubro, os preços do minério de ferro mudaram de rumo, sendo um dos maiores ganhadores no complexo de commodities com a súbita alteração da China de sua estratégia “zero-Covid” e apoio político para seu setor imobiliário em dificuldades.
As preocupações com a oferta global também estão impulsionando os preços do minério de ferro, com analistas citando interrupções relacionadas ao clima no Brasil e possíveis ciclones na Austrália –os maiores exportadores mundiais da matéria-prima siderúrgica– e programas de manutenção de minas no primeiro trimestre.
O contrato de minério de ferro mais negociado na bolsa de Dalian encerrou o comércio diurno com alta de 3,4%, a 881 iuanes (130,96 dólares) a tonelada, depois de atingir o nível mais alto desde agosto de 2021, a 883 iuanes.
Na bolsa de Cingapura, o minério de ferro de referência operava em baixa, a 121,95 dólares/tonelada, por volta das 11h40 (horário de Brasília), após avançar até 3,5%, para 126,40 a tonelada, o maior nível desde junho passado.
Embora a China enfrente desafios no primeiro trimestre devido às altas taxas de infecção por Covid-19, “as perspectivas de crescimento melhorarão a partir do segundo trimestre, ajudadas pela recuperação do consumo doméstico, maior estabilização no mercado imobiliário e medidas monetárias e fiscais de apoio”, disse o UOB Bank em nota.
Brasil Mineral - SP 16/01/2023
A operação faz parte da estratégia da vale de separar o negócio de minério de ferro dos ativos de cobre, níquel e platina.
A Vale selecionou interessados em negociar a venda de 10% de seu negócio de metais básicos, avaliado em quase US$ 2,5 bilhões. A mineradora contratou assessores no final de 2022 para avaliar as possibilidades e os principais licitantes são montadoras, investidores estatais e fundos de pensão.
A operação faz parte da estratégia da vale de separar o negócio de minério de ferro dos ativos de cobre, níquel e platina, em uma nova empresa denominada Vale Base Metals, que ficará sediada no Reino Unido. O spin-off ainda carece da aprovação do Conselho da Vale e teria governança independente e um conselho que inclui mineração subterrânea profunda e especialistas em veículos elétricos.
A Vale Base Metals teria minas de níquel no Canadá e na Indonésia, minas de cobre no Brasil e participações em cobalto e metais do grupo platina. “Para a Vale, separar os negócios é fundamental para acessar o capital necessário para cerca de US$ 20 bilhões em investimentos em metais básicos”, disse Eduardo Bartolomeo, presidente da mineradora. A maioria dos ativos de níquel e cobre que a Vale possui foram adquiridos por meio da aquisição da canadense Inco por US$ 17 bilhões, em 2006.
Valor - SP 16/01/2023
Segundo estimativas da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), a demanda por lítio deve crescer 40 vezes até 2040, e a demanda por cobalto, grafite e níquel entre 20 e 25 vezes até o mesmo ano
O Brasil precisa criar uma política para os chamados minerais estratégicos, defende o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), que reúne as grandes, médias e pequenas companhias de mineração que atuam no país.
São considerados nessa categoria os metais e minerais que têm um papel fundamental na transição para um futuro de economia de baixo carbono. São bens cruciais na forma como a energia é gerada, transportada, armazenada e utilizada. Por exemplo, um carro elétrico requer seis vezes mais insumos minerais do que um carro convencional, afirmam especialistas.
Segundo estimativas da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), a demanda por lítio deve crescer 40 vezes até 2040, e a demanda por cobalto, grafite e níquel entre 20 e 25 vezes até o mesmo ano.
Além do lítio, cuja primeira mina do metal voltada para processar material para baterias de veículos elétricos deve entrar em operação até abril, Raul Jungmann, presidente do Ibram, apontou em entrevista ao Valor que o país dispõe de reservas de nióbio, tântalo, magnésio, grafite, terras raras, entre outros minerais.
O Brasil dispõe ainda de reservas de níquel, bauxita (alumínio), cobre e de manganês, minerais que também se encaixam nesse nicho, que cada vez ganha mais importância global devido à eletromobilidade e a transformação verde.
Segundo o executivo, não há condições de se caminhar para uma emissão neutra de dióxido de carbono (CO2) sem os minerais estratégicos. “É importante que o Brasil tenha uma política para essa categoria de bens”.
No nióbio, a CBMM, em Araxá (MG), vem trabalhando no desenvolvimento há alguns anos de material (placas de ânodo e cátodo) para utilização na fabricação de baterias elétricas para automóveis e outros tipos de veículos automotrizes elétricas.
A mineradora já tem acordos com a japonesa Toshiba e outras empresas envolvidas com projetos de mobilidade elétrica. Cerca de 35% da receita da empresa, no final da década, deverá vir dessa nova frente de negócio.
No norte de Minas, está em fase final de implantação, pela Sigma Lithium Corporation, o primeiro projeto de extração e beneficiamento do lítio em concentrado (carbonato) do país de grau bateria. É um investimento de R$ 2 bilhões em três fases. Ao final de 2024, projeta-se uma capacidade instalada de 104,2 mil toneladas de carbonato de lítio contido em concentrado por ano. A mina e as instalações industriais ficam nos municípios de Araçuaí e Itinga.
O presidente do Ibram ressalta que é prioritário uma diversificação dos bens minerais produzidos pelo país, tanto por categoria quanto geograficamente. A ampliação dos estratégicos vai ao encontro dessa diversificação.
Hoje, o minério de ferro domina a produção mineral brasileira, com pouco mais de 61%. É o principal item da pauta de exportação no setor mineral do país — 73% do total. Minério de ferro, ouro e cobre respondem por três quartos do valor da produção brasileira de metais e minerais.
Por Estados, Minas Gerais fica com 40% do valor da produção do país, seguido de perto pelo Pará, com 37%. Depois, bem abaixo, vêm Bahia (4,1%), Goiás (3,6%), São Paulo (3,1%), Mato Grosso (2,7%), Mato Grosso do Sul (1,2%) e Santa Catarina, com 1%. Há reservas pouco dimensionadas em outros estados que podem ser desenvolvidas para produção.
Os minerais estratégicos, e os chamados críticos, são bens dos quais um país depende de importação em alto percentual para o suprimento de setores vitais da economia; que tenham importância por aplicações em produtos e processos de alta tecnologia; ou que tenham vantagens comparativas e que sejam essenciais para a economia, gerando superávit da balança comercial.
Jungmann ressalta ainda que minerais para a indústria de fertilizantes também deveriam ter uma política específica para elevar a produção local e depender menos de importações. Ele cita as rochas fosfática e potássica e as de calcio-magnésio.
No norte de Minas, está em fase final de implantação, pela Sigma Lithium Corporation, o primeiro projeto de extração e beneficiamento do lítio em concentrado (carbonato) do país de grau bateria — Foto: Divulgação
Grandes Construções - SP 16/01/2023
Aquecida em 2022, a construção civil seguirá sua tendência de expansão. Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a expectativa é de crescimento de 2,5% – o que colocará o setor pelo terceiro ano consecutivo com alta superior à da economia. Já a Prospecta Analytica demonstrou ainda mais otimismo nas projeções: avanço de 4,5% no ano.
Entre os principais fatores responsáveis pelo bom momento do segmento estão a recuperação pós-pandemia, a desaceleração dos custos de materiais de construção e a melhora da economia brasileira. Além disso, a consistência apresentada nos últimos dois anos e a alta demanda do mercado imobiliário possuem grande influência nesta conjuntura.
A divergência entre as projeções de crescimento do setor se deve à expectativa com a política econômica do novo governo. Quem ditará o desempenho da construção civil será o desempenho da política fiscal – que influenciará no preço do dólar e na taxa Selic.
Investimento – Além disso, o investimento no Minha Casa, Minha Vida é outro elemento importante. O Ministro das Cidades Jader Barbalho Filho garantiu o investimento de R$ 10 bilhões de reais no programa habitacional em 2023.
“Para fazer com que o país cresça realmente, para que que ele tenha desenvolvimento social, desenvolvimento humano, é necessário investimento para gerar resultado futuro para as pessoas”, explica o presidente da CBIC José Carlos Martins. Segundo ele, os resultados práticos começarão a ser vistos a partir do segundo semestre.
Outro ponto apontado por Martins é a necessidade de aumentar a participação da construção civil no PIB, o que diminui na última década – de 6,5% em 2012 para 3,3% em 2021. Nas economias mais desenvolvidas, o setor é responsável por 7% do PIB.
Desaceleração do Índice Nacional de Custo da Construção aquece o setor
Mensurado pela FVG, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) fechou o ano com desaceleração. Com alta de 9,4%, está abaixo do crescimento de 13,84% de 2021. Segundo a instituição, houve uma inversão dos fatores que influenciam nos custos.
Esta desaceleração se traduziu nos preços de materiais de construção, equipamentos e serviços, que representam 7,23% do INCC-M em 2022. No ano anterior, eles representavam 21,45% do índice.
Segundo o economista da LCA Consultores Fábio Romão, os custos de preços industriais subiram com dificuldades nas cadeias produtivas nos dois anos de pandemia de Covid-19. “Isso tem passado por um rearranjo no segundo semestre de 2022 e acreditamos que continuará em 2023”, diz.
Já a mão de obra se mostrou o fator que mais influenciou o índice, correspondendo a 11,76% em 2022 – um aumento em relação aos 6,95% do ano anterior. “Ela foi ficando mais cara, muito por conta dos acordos coletivos, que regem os aumentos dos salários”, explica a coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre Ana Maria Castelo.
Segundo ela, ambos os custos com materiais de construção e mão de obra devem ter variações próximas da inflação esperada para 2023 – que deve ficar em torno de 5%.
O Estado de S.Paulo - SP 16/01/2023
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não fechou as portas para a proposta de privatização do Porto de Santos, pleiteada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas avalia uma solução intermediária. Em vez de transferir todo o empreendimento à iniciativa privada, passaria somente o controle dos serviços prestados no local às empresas e manteria a autoridade portuária, responsável por conceder outorgas, sob gestão estatal.
Aliados do ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, dizem que ele e o presidente costuram essa solução de meio-termo para o impasse com Tarcísio. Argumentam que essa ideia também evitaria questionamentos do Tribunal de Contas da União, que manifestou resistência à proposta de transferir a tarefa de fiscalização das atividades no porto para empresas privadas - essa operação seguiria sob gestão da parte estatal do porto.
Logo que assumiu o ministério, França chegou a dizer que o Porto de Santos não seria privatizado, mas Tarcísio, que trata a venda como a principal marca de sua gestão à frente do Ministério da Infraestrutura, insiste na ideia e defendeu a operação em conversas que manteve com Geraldo Alckmin e com Lula.
Portos e Mercados - SP 16/01/2023
Na comparação com o ano de 2021, a queda do Porto do Rio Grande foi de 17.70%, enquanto o de Pelotas foi de 10.77% e o de Porto Alegre chegou a 29.26% A Portos RS divulgou, na manhã de quinta-feira (12), o balanço geral do ano de 2022 dos portos públicos gaúchos. Os dados são levantados pelo setor de estatística da Empresa Pública e levam em consideração os números obtidos pelas movimentações dos portos de Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre, além dos terminais que compõem a estrutura do Superporto.
Na comparação com o ano de 2021, a queda do Porto do Rio Grande foi de 17.70%, enquanto o de Pelotas foi de 10.77% e o de Porto Alegre chegou a 29.26%.O principal motivo para a diminuição dos números foi a estiagem que ao longo do ano já vinha refletindo seus efeitos nas movimentações e ao final do ano apenas confirmou a tendência projetada.
Vale destacar que ano de 2021 registrou um aumento considerável da produção que ficou conhecido como supersafra e que contribuiu para a contabilização da maior movimentação da história dos portos gaúchos. No entanto, se a comparação for realizada com 2020, as diferenças são menores e a queda não é tão significativa.
Em Rio Grande, somente os meses de janeiro e fevereiro de 2022 registraram aumentos em relação aos mesmos dois meses de 2021, depois disso as variações foram negativas. O mês de menor impacto foi o de março, que registrou uma queda de apenas 1.59% e o maior foi o de junho, com 37.37% de queda.
Ao total, o Porto do Rio Grande movimentou 37.190.078 toneladas, com destaque para a soja em grão que atingiu 5.824.853 toneladas. A segunda carga mais movimentada no cais público rio-grandino foi a de celulose, que atingiu 3.800.653, um aumento de 8.55% em relação a 2021, quando foram movimentadas 3.501.239 toneladas.
A variação positiva mais expressiva do porto marítimo gaúcho foi a do trigo que em 2022 chegou a 3.213.689 toneladas, números que são 130.09% maiores que o de 2021, quando o cereal movimentou 1.396.711 toneladas. Na sequência aparece o arroz, com 2.470.927 toneladas (13.04%) e o cavaco de madeira, com 1.407.328 toneladas (10.00%).
As exportações por Rio Grande tiveram como destino a China (30.52%), que foi seguida pela Espanha (5.22%), pelos Estados Unidos (4.50%), por Portugal (4.32%) e pela Arábia Saudita (4.07%). Já a origem das importações é liderada pela Argentina (13.19%), seguida pela China (10.95%), pela Arábia Saudita (7.49%), pelo Canadá (6.76%) e pelos Estados Unidos (6.33%).
O Porto de Pelotas movimentou ao longo de 2022 1.215.46 toneladas, que foram divididas em toras de madeira, com 1.041.534 toneladas, clinquer, com 161.752 toneladas, e pela soja em grão movimentada entre os meses de junho, julho e agosto que atingiu 12.179 toneladas. Em 2021, foram 1.362.180 toneladas.
Já o Porto de Porto Alegre movimentou 492.675 toneladas de fertilizantes, 120.054 toneladas de cevada, 98.590 toneladas de produtos diversos, 47.503 toneladas de sal e outras 20.485 toneladas de trigo, totalizando 77.307 toneladas movimentadas. Em 2021, foram 1.101.645 toneladas.
Para o presidente da Portos RS, Cristiano Klinger, “apesar da queda na movimentação em 2021, provocada pela estiagem, o balanço final da Empresa Pública é positivo, pois conseguimos cumprir o plano de investimentos projetado, com a realização de obras importantes, como dragagem e pavimentação”.
O gerente de planejamento e desenvolvimento da Empresa Pública, Fernando Estima, destacou a variação positiva do trigo e do cavaco de madeira. Ele também lembrou que a Portos RS está se preparando para que com a retomada das condições climáticas e o sucesso da safra possa haver o retorno dos números positivos das movimentações.
“Assim que a safra for positiva, estaremos prontos para também voltarmos a ter números satisfatórios. Enquanto isso nos preparamos com obras importantes, como pavimentação e dragagem de manutenção, para que em 2023 possamos nos recuperarmos e até mesmo ultrapassarmos os anos anteriores”, afirmou Estima.
A segunda carga mais movimentada no cais público rio-grandino foi a de celulose, que atingiu 3.800.653, um aumento de 8.55% em relação a 2021, quando foram movimentadas 3.501.239 toneladas Já o diretor de gestão, administrativa e financeira, João Alberto destacou que a Portos RS encerrou 2022 com superávit financeiro. “Nós temos um resultado positivo mesmo com todos os investimentos realizados em 2022. São investimentos importantes que passam dos R$ 120 milhões nesses oito meses e que foram aplicados em ações necessárias para que pudéssemos modernizar a Portos RS”, disse ele.
João também lembrou da série de ações realizadas em razão do longo período sem investimentos. A autonomia administrativa e financeira trazida pela mudança de Autarquia para Empresa Pública mostrou a possibilidade e a potencialidade que a Portos RS tem de entregar aquilo que o estado necessita no que diz respeito à logística, além de oportunizar e ser o grande mediador de novos negócios com vistas ao desenvolvimento econômico e social do estado.
Fonte: Portos RS
Portal Fator Brasil - RJ 16/01/2023
Implantado em junho deste ano, o plano já permitiu um ganho de R$ 1,229 milhão.
Com o objetivo de melhorar a eficiência operacional do embarque de navios, a VLI — companhia de soluções logísticas que opera terminais, ferrovias e portos — desenvolveu um software que permite criar planos otimizados para movimentar mais volumes com os mesmos recursos operacionais, respeitando os limites de estabilidade e segurança do navio. Essa iniciativa de otimizar o embarque de navios é pioneira no mundo e coloca a empresa como protagonista nesse processo de propor planos para os navios.
Além disso, ela reduz a quantidade de passadas e troca de porões, aumenta a captura de volume de grãos e açúcar, melhora a taxa comercial e reduz o tempo de inicialização da rota de carregamento. O gerente de Transformação Digital para Portos e Terminais da VLI, Luciano Gonçalves Pereira, explica que essa tecnologia, anteriormente usada para desembarque, agora também é utilizada para os embarques de navios nas operações da VLI. —É uma solução inédita mundialmente para embarque de produtos granéis. A única otimização para embarque, até então, era voltada para contêineres — ressalta.
Antes da criação deste software, os planos de embarque feitos exclusivamente pela tripulação do navio. Eles não consideravam a estratégia e a capacidade operacional da VLI. A plataforma foi lançada em junho de 2022 e passou a ser usada nas operações da empresa no Terminal Portuário de São Luís (TPSL), no estado do Maranhão. Por sua vez, em setembro deste ano, foi implantada no Terminal Integrador Portuário Luiz Antonio Mesquita (Tiplam), localizado na Baixada Santista, em São Paulo.
Resultados — De junho até novembro, a tecnologia permitiu a redução de pouco mais de 34 horas no carregamento de navios no TPSL. Por sua vez, no Tiplam, a diminuição total de horas, entre outubro e novembro, foi de mais de 121 horas. A meta prevista de ganhos financeiros até novembro era de R$ 1,170 milhão. Esse número já foi superado e os ganhos acumulados do TPSL e Tiplam chegaram a R$ 1,229 milhão nesse período.
Essa iniciativa do carregamento inteligente foi desenvolvida pela área de Tecnologia, Inovação e Logística Digital da companhia, em conjunto com o setor de negócio. —A ideia é levar o software para a Gerência de Operações Marítimas da VLI, para que ela possa atender a todos os portos da empresa —destaca Luciano Pereira.
VLI — A VLI tem o compromisso de apoiar a transformação da logística no país, por meio da integração de serviços em portos, ferrovias e terminais. A empresa engloba as ferrovias Norte Sul (FNS) e Centro-Atlântica (FCA), além de terminais intermodais, que unem o carregamento e o descarregamento de produtos ao transporte ferroviário, e terminais portuários situados em eixos estratégicos da costa brasileira, tais como em Santos (SP), São Luís (MA) e Vitória (ES). Por dois anos consecutivos presente no ranking 100 Open Corps – que reconhece o estímulo à inovação aberta –, a VLI transporta as riquezas do Brasil por rotas que passam pelas regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste.
IstoÉ Online - SP 16/01/2023
Os contratos futuros mais líquidos do petróleo fecharam em alta nesta sexta-feira, com otimismo a partir de resultados da balança comercial da China e impulsionados pelo dólar um pouco mais fraco, visto que a commodity é comercializada na moeda americana.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para fevereiro de 2023 fechou em alta de 1,88% (US$ 1,47), a US$ 79,86 o barril, enquanto o Brent para março, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em alta de 1,49% (US$ 1,22), a US$ 85,28 o barril. Na semana, os avanços foram de 8,26% e 8,54%, respectivamente.
Mais cedo, o petróleo avançou com os resultados da balança comercial chinesa, que mostraram que tanto as exportações quanto as importações tiveram uma queda menor que a esperado pelo mercado na comparação anual de dezembro.
Segundo análise da Capital Economics, o petróleo também vem reagindo à mudança “inesperadamente rápida da China para lidar com a covid-19”, o que deve fazer com que as importações de commodities, principalmente petróleo bruto, se recuperem este ano.
Na visão da consultoria, “os dados comerciais da China pintaram um quadro de demanda externa fraca, mas há sinais iniciais de que uma recuperação da atividade doméstica está a caminho”. A demanda da China influencia o preço do petróleo porque o país é um dos maiores compradores da commodity.
Já para o Commerzbank, os preços de petróleo devem subir ainda mais, ainda nas perspectiva de uma recuperação da demanda chinesa, levando à Agência Internacional de Energia, (IEA, da sigla em inglês) a elevar a perspectiva de um aperto mais rápido da oferta e à Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) a aumentar suas previsões de demanda.
Em análise enviada para clientes, o banco ainda considera que “uma considerável falta de oferta estava surgindo no mercado na segunda metade do ano, uma vez que a procura de petróleo nos países da OCDE estava prestes a aumentar por razões econômicas”, indica, mencionando ainda o teto ao petróleo russo por países da União Europeia (UE) e do G7. A previsão é que a recuperação da demanda chinesa e o aperto da oferta russa elevem os preços nas próximas semanas.
O Estado de S.Paulo - SP 16/01/2023
Diante da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da nomeação de Jean Paul Prates para a presidência da Petrobras, muito se tem especulado sobre como será, na prática, a gestão dos ativos da estatal.
Fato é que as atuais condições ambientais e climáticas requerem uma grande e imediata redução nas emissões de gases de efeito estufa. Nesse sentido, o mundo tem se mobilizado para promover mudanças nas matrizes energéticas, o que significa menor utilização de recursos fósseis e promoção do uso de recursos renováveis.
O Partido dos Trabalhadores (PT) registrou perante o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) as Diretrizes para o Programa de Reconstrução e Transformação do Brasil, declarando seu compromisso com a sustentabilidade e enfrentamento de mudanças climáticas e a necessidade de transformação da Petrobras em uma empresa de energia, por meio da utilização de fontes renováveis e mais limpas, ao invés de se limitar ao petróleo e ao gás natural.
Por outro lado, com relação ao desinvestimento de ativos da Petrobras, que vinha ocorrendo desde 2012, Lula e Prates já demonstraram suas intenções de paralisá-lo. Isso se justificaria pela vontade do partido de “abrasileirar” o preço dos derivados de petróleo no Brasil e por sua ideologia estatizante.
Entretanto, tal medida, caso concretizada, conflita diretamente com o plano de transformar a Petrobras em uma empresa de energia, como forma de contribuir para a transição energética.
As grandes “ex-petroleiras” vêm cada vez mais reiterando seu papel no mercado como empresas de energia, com o intuito de contribuir para uma matriz energética mais limpa, investindo em recursos renováveis e se desfazendo de ativos mais poluentes, maduros e considerados não essenciais dentro dessa nova lógica.
No início de dezembro, Patrick Pouyanné, CEO da TotalEnergies, confirmou que a empresa, como parte de sua estratégia para a transição energética, alienará campos maduros no Casaquistão, como o campo de Dunga, para aumentar os investimentos em um grande projeto eólico, Mirny, e incentivar o desenvolvimento de baixo carbono no país.
No mesmo sentido, Andrew Mackenzie, presidente da Shell, declarou que a empresa está promovendo mudanças significativas em seu portfólio de ativos upstream e refinarias como parte da estratégia de descarbonização. No documento Estratégia para Transição Energética da Shell, a empresa declara que, com relação aos ativos upstream, focará seus investimentos nos ativos que possuem maior potencial de crescimento e que colaboram com suas atividades integradas de gás e comercialização. Assim, desinvestirão, por exemplo, ativos onshore no Egito e nas Filipinas, que não são o foco de suas atividades.
Ainda, a Equinor, que compartilha da mesma ambição, declarou que, nos próximos anos, continuará desenvolvendo atividades relacionadas a petróleo e gás, mas somente desenvolverá os projetos upstream mais significativos, considerando sempre os graus de emissões de carbono para a construção de seu portfólio.
Percebe-se que tanto as empresas citadas quanto a Petrobras pretendem trilhar o mesmo caminho, contudo, há diferenças práticas entre o que está sendo proposto para a estatal brasileira em relação às demais. Enquanto a Total, Shell e Equinor têm se preocupado em adequar seus portfólios de ativos à realidade da transição energética, levando o grau de emissão de carbono dos ativos em consideração e focando os investimentos somente nos ativos protagonistas e essenciais em suas atividades, o discurso de Lula e Prates demonstra que a Petrobras irá na contramão e continuará mantendo um portfólio consideravelmente diversificado, entretanto, altamente danoso para o meio ambiente.
Aqui, cabe ressaltar que a Petrobras, como diz em seu próprio site, “é reconhecida mundialmente por sua tecnologia de exploração e produção de petróleo e gás natural em águas ultraprofundas”. Fato é que a contribuição de campos maduros dentro da produção geral do País não é muito significativa, ao mesmo tempo que estes são os mais poluentes, possuindo os reservatórios que mais geram quantitativos de efluentes.
Observe-se que o desinvestimento de ativos da estatal gerou, nos últimos anos, diversos benefícios para o País, incluindo a criação de empregos e pagamentos de tributos por meio de operações e atividades hoje realizadas por empresas brasileiras reconhecidas no Brasil e no exterior, dentre elas a 3R e a PetroRio.
Questiona-se aqui a relevância de tais ativos para o desenvolvimento da Petrobras e o claro conflito entre a ideologia estatizante e a transição energética, ambos valores defendidos pelo governo que se inicia. A nosso ver, assim como no dilema dos prisioneiros, o “dilema da Petrobras” somente poderia levar a um resultado ótimo se houvesse cooperação de estratégias, seguindo a máxima reconhecida pela indústria, ou seja, transição energética com desinvestimento de ativos.
Valor - SP 16/01/2023
Conturbações se acentuaram no início de dezembro, quando o ex-presidente Pedro Castillo tentou fechar Congresso e Judiciário num golpe de Estado fracassado e acabou destituído pelo Legislativo
Manifestantes desafiam emergência no Peru – Foto: Fredy Salcedo/AP
Após dez dias de protestos e bloqueios no Peru, as manifestações que exigem a renúncia da presidente Dina Boluarte já tinham causado nesta sexta-feira (13) pelo menos 50 mortes, segundo a Defensoria Pública, chegavam de forma mais intensa à capital, Lima, e causavam os impactos econômicos mais significantes deste ano no país.
A Organização Regional dos Povos Indígenas do Oriente (Orpio) anunciou o fechamento das atividades de extração de petróleo da região de Loreto, na região de selva ao nordeste do Peru.
Ao mesmo tempo, a mineradora Antapaccay, em Cusco, no sul, anunciou a paralisação parcial das atividades e a retirada de 2,4 mil trabalhadores para salvaguardar sua integridade — depois que os manifestantes entraram em suas instalações.
Em suas projeções mais recentes, a Câmara de Comércio de Lima (CCL) estimou que os protestos iniciados em 7 de dezembro devem causar um impacto negativo de 0,2 ponto percentual no crescimento da economia peruana em 2022.
Como o epicentro das manifestações se localiza no sul do país, uma área que concentra boa parte do setor de mineração e do agronegócio peruanos, a continuidade dos protestos pode causar perdas econômicas ainda maiores em 2023, segundo a CCL.
A crise peruana se acentuou no início de dezembro, quando o presidente Pedro Castillo tentou fechar Congresso e Judiciário num fracassado golpe de Estado e acabou destituído pelo Legislativo e substituído por Boluarte — que era sua vice.
Desde então, 50 pessoas — na maioria, manifestantes — morreram nos protestos, segundo autoridades. O episódio mais mortífero se registrou no começo da semana, quando 17 ativistas indígenas e sindicalistas tentaram invadir o aeroporto de Juliaca (no sul do país) e foram reprimidos pelas forças de segurança.
Apesar de as manifestações terem sido pacíficas na capital peruana, Lima, elas foram entre quinta e sexta-feira mais numerosas do que nos dias anteriores. Os ativistas levavam réplicas de caixões e fotos das vítimas da repressão em meio a palavras de ordem que pediam a prisão da presidente.
Nesta sexta-feira, a cidade de Arequipa estava praticamente isolada por terra. E a rodovia entre Puno e Cusco permanecia fechada.
Boluarte, que fez um acordo político para deixar o governo em 2024 depois de promover uma reforma constitucional e organizar eleições gerais, é alvo de investigações preliminares e acusada de responsabilidade pelas mortes.
O Ministério Público informou que, até essa sexta-feira, foram detidos 329 cidadãos "por perturbação da tranquilidade pública durante as manifestações".
IstoÉ Online - SP 16/01/2023
O agronegócio paulista exportou US$ 25,92 bilhões e importou US$ 5,10 bilhões em 2022, proporcionando superávit comercial de US$ 20,82 bilhões, 44,4% maior em comparação com 2021 (US$ 14,42 bilhões). Os dados são do Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio paulista, em 2022, foram: complexo sucroalcooleiro (US$ 8,43 bilhões sendo que, desse total, o açúcar representou 84,1%, e o etanol, 15,9%), setor de carnes (US$ 3,99 bilhões, dos quais a carne bovina respondeu por 86,1%), complexo soja (US$ 3,63 bilhões, tendo a soja em grão 82,3% de representatividade), produtos florestais (US$ 2,73 bilhões, com participações de 48,2% de celulose e 42,8% de papel) e sucos (US$ 1,92 bilhão, sendo 97,1% referentes a suco de laranja).
Esses cinco agregados representaram 79,8% das vendas externas setoriais paulistas, destacam os pesquisadores José Alberto Angelo, Carlos Nabil Ghobril e Marli Dias Mascarenhas Oliveira, do IEA. Já o grupo de café, tradicional nas exportações paulistas, aparece na sexta colocação, com vendas de US$ 1,02 bilhão (72,2% referentes ao café verde).
Entre os maiores itens acima, o setor sucroalcooleiro é o que apresenta a maior participação (32,5%) nas exportações paulistas. Os destinos das exportações desse grupo são bem diversificados em termos de participação dos países, e os resultados apontam como principais compradores: China (15,6%), União Europeia (6,9%), Marrocos (5,9%), Argélia (5,3%), Nigéria (5,1%), Coreia do Sul (5,0%) e demais países (56,3%).
O grupo de carnes tem a segunda posição na pauta do Estado. A carne bovina, com maior contribuição, registrou aumentos de 59,3% em valores e de 39,8% em volume exportado. Os principais destinos em participação são: China (60,8%), Estados Unidos (9,9%), União Europeia (5,8%), Hong Kong (2,5%) e Filipinas (2,4%), enquanto os demais países compradores somam 18,6% de participação.
O grupo complexo soja aparece na terceira posição da pauta paulista. O principal produto deste grupo é a soja em grãos, que apresentou aumento de 37,1% em valores e de 1,6% em quantidades exportadas pelo estado. A China (64,7%) é o principal destino em termos de participação de valores, seguida de Irã (5,2%), Tailândia (5,1%); os demais importadores somam 25,0%.
Os produtos florestais apresentam ganhos em 2022, ficando na quarta posição. Os produtos de celulose obtiveram variação positiva quanto aos valores (124,4%) e volumes (154,6%), passando a ser o principal item do grupo. As exportações dos produtos de papel apresentaram elevação nos valores (36,4%) e nos embarques (8,8%). O principal destino em participação de valores exportados é a China (29,9%), seguida de União Europeia (14,5%), Estados Unidos (10,6%), Argentina (6,9%), Peru e Chile (5,8% cada); outros países somam 26,5% de participação.
O suco de laranja FCOJ (congelado e concentrado) teve aumento de 7,5% no valor e queda de 4,7% em volume exportado. Para o suco NFC (não-congelado), as vendas externas cresceram em valores (25,4%) e em volume (15,0%). A variação total das exportações do grupo de sucos foi positiva de 20,9% em valores e de 10,0% em volume na comparação com 2021. Os maiores compradores desse grupo são União Europeia (56,9%), Estados Unidos (28,7%), China (4,7%) e Japão (2,5%); os demais compradores têm 7,2% de participação.
O grupo do café apresentou em 2022 desempenho positivo em valores (43,5%) e redução nos embarques (3,4%), quando comparado com 2021. O café verde, principal item do grupo, apresentou aumento de 47,5% nas receitas e redução de 4,4% no volume, o que evidencia a valorização do produto no mercado internacional. A União Europeia é o principal destino e suas compras representam 40,9% do valor exportado. Na sequência aparecem Estados Unidos (21,8%), Japão (7,3%), Argentina (5,2%) e Canadá (3,9%); os demais países participam com 20,9%.
Segundo o IEA, as exportações do agronegócio paulista respondem por 37,4% da balança comercial do Estado. Na economia do País, tem participação total de 16,3%.
Valor - SP 16/01/2023
Desempenho aponta que o indicador calculado pelo FGV Agro encerrou 2022 com avanço de 1,4%
Em novembro, o Índice de Produção Agroindustrial (PIMAgro) calculado pelo Centro de Estudos em Agronegócios da Fundação Getulio Vargas (FGV Agro) registrou variação positiva de 3,4% em relação a novembro de 2021, acumulando alta de 1,3% nos primeiros 11 meses de 2022. Com isso, a expectativa é que o resultado de todo o ano passado, que será divulgado em fevereiro, seja um avanço de 1,4%.
“Esse crescimento será derivado de uma expansão de 2,9% no segmento de produtos alimentícios e bebidas e de uma leve queda, de 0,1%, no de produtos não-alimentícios”. Em novembro, o segmento de produtos alimentícios e bebidas subiu 7,9% em comparação com o mesmo mês de 2021, puxado pelos produtos de origem vegetal (21,9%), e o de não-alimentícios caiu 1,2%.
O cálculo do PIMAgro baseia-se em dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), e nas variações do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR), da taxa de câmbio e do Índice de confiança do Empresário da Indústria de Transformação (ICI), da FGV.
O FGV Agro destacou que, em relação a outubro, o PIMAgro subiu, 0,7%, depois de seis meses consecutivos de quedas de um mês a outro. “Em novembro, o desempenho da agroindústria foi notadamente beneficiado pelo aquecimento do mercado de trabalho, bem como pela redução dos custos de produção”, avalia o centro.
Mesmo assim, a alta foi garantida exclusivamente pelo grupo de produtos alimentícios e bebidas (2,1%), uma vez que houve retração de 1% no de não-alimentícios — que só não foi maior por causa do desempenho positivo das áreas de biocombustíveis (que segue em recuperação após patinar nos primeiros anos da pandemia) e de insumos agropecuários.
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