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14 de Setembro de 2023

ECONOMIA

Globo Online - RJ   14/09/2023

A inflação comportada deve permitir ao Copom (Comitê de Política Monetária do BC) acelerar o corte da taxa básica de juros para 0,75 ponto em dezembro, o que fará com que a Selic encerre o ano em 11,50% ao ano.

A avaliação é do Itaú Unibanco, que antes da divulgação do IPCA de agosto, acreditava em juros básicos de 11,75% ao ano no final de 2023. O banco espera que a taxa básica encerre 2024 em 9% ao ano. No próximo encontro do colegiado, na semana que vem, a expectativa é de manutenção do ritmo atual de reduções, de 0,50 ponto, o que levaria a taxa a 12,75% ao ano.

Após a divulgação do IPCA de agosto mostrar uma inflação de serviços comportada, de somente 0,08%, o banco também revisou sua projeção para a alta de preços deste ano, de 5,1% para 4,9%.

- Por ora o comitê não deve abrir espaço para discussão de aceleração do ciclo de cortes, repetindo que há unanimidade para manutenção do ritmo de 50 pontos base no curto prazo - apontou o banco em relatório. - No entanto, a dinâmica mais benigna da inflação de serviços, bem como a esperada desaceleração da atividade econômica (que deverá ficar mais evidente ao longo da segunda metade do ano), devem permitir aceleração do ritmo de cortes a partir da reunião de dezembro.

Alta maior do PIB em 2023 e 2024

Após o dado do PIB do segundo trimestre vir acima do esperado, a instituição financeira também revisou para cima sua expectativa para o PIB de 2023, para 2,9% (a estimativa anterior era de alta de 2,5%). Para 2024, a expectativa é de crescimento de 1,8% (contra 1,5% na avaliação anterior).

- O consumo das famílias deve continuar impulsionando o crescimento da economia, em meio à resiliência do mercado de trabalho - apontou o banco.

IstoÉ Dinheiro - SP   14/09/2023

A inflação interanual de agosto nos Estados Unidos subiu pelo segundo mês consecutivo e pressionou as autoridades monetárias, que tentam conter o aumento dos preços.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 3,7% interanual, frente a 3,2% de julho, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (13) pelo Departamento do Trabalho.

O percentual ultrapassa os 3,6% previstos pelos analistas, segundo o consenso do Market Watch, embora a inflação tenha sido de 0,6% em um mês, comparado a 0,2% em julho, conforme o esperado.

O preço da gasolina é o principal fator do aumento mensal, “representando mais da metade do aumento”, detalhou o Departamento do Trabalho em um comunicado para a imprensa, no qual destacou “o contínuo aumento do índice de moradia, que subiu pelo 40º mês consecutivo”.

Após um ano sem aumento, a inflação voltou a crescer no mês de julho, impulsionada, sobretudo, pelos preços de moradia.

Apesar do crescimento do preço da gasolina, os preços da energia caíram 3,6% desde agosto de 2022.

Em agosto, a chamada inflação subjacente ficou em 0,3%, sem contar com os preços mais voláteis de energia e alimentação, face a 0,2% do mês anterior.

No entanto, a taxa interanual deste índice caiu de 4,7% em julho para 4,3% em agosto.

– Reunião do Fed –

Os valores são divulgados uma semana antes de o Federal Reserve (Fed, Banco Central americano) se reunir para decidir se volta a aumentar as taxas, na esperança de reduzir a inflação, ou se as mantém no nível atual para não afetar muito a atividade econômica.

A taxa de referência se encontra agora em um intervalo entre 5,25% e 5,50% – seu nível mais elevado em 22 anos, depois de ter sido aumentada 11 vezes desde março de 2022.

Para a tomada de decisões, no entanto, o Fed dá prioridade ao PCE – um índice de inflação que subiu para 3,3% interanual em julho e que o Fed deseja situar em torno de 2%.

A inflação é um tema fundamental na campanha eleitoral dos EUA, antes da eleição presidencial em novembro de 2024.

O democrata Joe Biden defende que sua política econômica permitiu conter a inflação, que disparou em junho de 2022 para 9,1% interanual, o valor mais alto desde o início da década de 1980.

Embora os salários nos Estados Unidos tenham aumentado em 2022, a subida da inflação causou uma perda de 2,3% no poder de compra.

A escassez de mão de obra na principal economia do mundo fez os salários dispararem e, consequentemente, os preços.

O Estado de S.Paulo - SP   14/09/2023

O governo tem muito a perder, ou muito a ganhar, na decisão sobre mexer ou não na meta de resultado primário de 2024 (déficit zero), na visão do economista Alexandre Manoel, sócio e economista-chefe da gestora AZ Quest, e com experiência no setor público em passagem pelo Ministério da Fazenda.

A posição de Manoel é clara: o governo deve manter a meta de primário zerado para 2024.

O economista da AZ Quest se destaca por, desde o início do terceiro mandato de Lula, ter mantido uma posição bem menos cética sobre a qualidade da atual política econômica do que a média do mercado financeiro.

E é a partir dessa premissa que ele estrutura o seu raciocínio sobre as vantagens para o governo de manter a meta de primário para 2024 (e sobre as desvantagens de mudar).

Manoel considera que a equipe econômica do atual governo, liderada por Fernando Haddad, ministro da Fazenda, conseguiu afastar, dos temores do mercado, o chamado "risco de cauda" (diz-se de evento de probabilidade muito baixa mas que, por vezes, ocorre), isto é, uma deterioração explosiva da política fiscal.

Apesar disso, na sua opinião, o consenso de mercado permanece muito cético em relação à política econômica. Para ele, há analistas que não compreenderam o quão restritivo o novo arcabouço fiscal é (principalmente a partir de 2025), e outros que compreenderam mas pensam que o governo vai tentar contornar ou mudar as regras quando bater nessas restrições.

Em relação a 2024, o que está "pegando" é a meta de primário, e muitos no mercado consideram que, diante da grande dificuldade de cumpri-la, o governo poderia mudar a meta.

Manoel recorda que os analistas duvidavam que o teto seria substituído por um arcabouço com restrição efetiva de despesas, mas isso acabou ocorrendo. Duvidaram e duvidam das metas de primário até 2026, mas o governo está correndo atrás de um pacote de receitas para tentar viabilizá-las.

Existe também muito ceticismo em relação às projeções das receitas que o governo pretende obter com suas diversas medidas, como a estimativa de R$ 54,7 bilhões no caso do voto de qualidade do CARF (voto de Minerva a favor do governo em disputas tributárias), recém-aprovado pelo Congresso. Mas há, por outro lado, gente que conhece o assunto e que pensa que pode ser até mais, contrapõe Manoel.

O analista da AZ Quest nota que Haddad e as equipes técnicas da Fazenda e do Planejamento estão com um discurso bastante harmonizado de cumprir a meta de 2024 recorrendo às ferramentas disponíveis: a ampliação das receitas, busca eventual de receitas "one-off" (que só ocorrem uma vez) e, se tudo isso for insuficiente, contingenciamento de despesas. Em termos de cumprir o arcabouço no médio prazo, é preciso reavaliar em algum momento a atual regra de gastos com saúde e educação (vinculadas à variação da receita).

"O problema é que o mercado não acredita que o governo vai topar fazer contingenciamento caso não consiga as receitas suficientes", diz Manoel. Nesse caso, a meta de 2024 precisaria ser mudada no processo legislativo do Orçamento. Isso se daria ou no final deste ano ou no primeiro bimestre do próximo.

Na abordagem do sócio da AZ Quest, diante do ceticismo do mercado, o governo está numa situação parecida com a da história de São Tomé, em que é preciso ver para crer - isto é, o mercado só vai reagir favoravelmente à medida que o governo for provando que entrega seus compromissos.

Isso, por sua vez, na interpretação de Manoel, tem consequências econômicas muito relevantes.

"Se o mercado acreditasse nas metas e compromissos do governo, os preços dos ativos brasileiros hoje seriam muito melhores, o que afeta especialmente os juros futuros, que têm muito o que andar [no sentido de caírem]".

O economista aponta, inclusive, que o Brasil está bem em termos de esforço fiscal na comparação internacional. Tendo saído da pandemia com dívida pública como proporção do PIB igual ou até um pouco menor do que entrou, o País aprovou regras restritivas ao crescimento da despesa com um governo de esquerda, enquanto outros países estão fazendo ajustes fiscais mais lentos ou nem estão fazendo. Ele menciona o recente anúncio pelo governo mexicano de um substancial aumento do déficit público em 2024, ano de eleições gerais.

Porém, como o mercado não compra essa visão de credibilidade fiscal da gestão de Lula 3, não entregar a meta de 2024 (isto é, modificá-la) seria - na visão do analista - jogar fora todo o esforço do governo até agora de controlar as expectativas fiscais.

Por outro lado, acrescenta Manoel, "se o governo cumprir, o prêmio será gigante".

Ele considera inclusive que essa conquista final da confiança do mercado na política fiscal pode ser o "gatilho" que finalmente fará os investidores internacionais cristalizarem a visão de que o País é hoje um destaque entre emergentes como Chile, Colômbia, México e Argentina, e passarem das palavras à ação em termos de investir no Brasil.

Para Manoel, "a meta de primário é bastante desafiadora, mas a essa altura o governo não tem outra opção melhor do que cumpri-la". Ele lembra que há o contingenciamento, em último caso, mas também a possibilidade de receitas "one-off", como a antecipação de recebíveis do pré-sal que cabem à PPSA (estatal criada para gerir o óleo-lucro da partilha), com grande potencial.

IstoÉ Dinheiro - SP   14/09/2023

A Fitch Ratings elevou a previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil este ano, de 2,3% para 3,2%, como resultado da resiliência do consumo em meio a força do mercado de trabalho, maiores gastos sociais e aumento do salário mínimo.

Esses fatores ajudam a mitigar os efeitos do aperto monetário e de um nível de investimentos mais fraco, segundo a agência, em relatório trimestral de perspectivas globais. O desempenho econômico no segundo trimestre foi surpreendente, apesar da base muito forte nos três primeiros meses do ano, conforme a análise.

A instituição, por outro lado, manteve expectativa de desaceleração da atividade em 2024, a uma expansão de 1,3%, diante da normalização da produção agrícola e da estabilização da demanda doméstica. Já para 2025, a projeção é de um elevação de 2,1% do PIB brasileiro.

“O impulso fiscal se tornará negativo, à medida que as autoridades buscam cumprir consolidação prevista no seu novo quadro fiscal, mas a flexibilização da política monetária e outras medidas políticas (por exemplo, o programa de alívio a devedores ‘Desenrola’) devem fornecer apoio de compensação à demanda”, prevê.

A Fitch espera que a Selic termine 2023 em 11,75%, antes de cair a 9,0% em 2024 e 8,5% em 2025. Para a inflação, a estimativa é de 4,9% no fim deste ano e uma desaceleração a 4,0% no próximo e a 3,5% em 2025. “Preocupação reduzida sobre mudanças substanciais no regime de meta de inflação provocou uma moderação das expectativas inflacionária”, avalia.

No câmbio, a agência de classificação de risco vê o dólar a R$ 5,00 na virada do ano corrente para o seguinte, com aumento a R$ 5,10 no final de 2024 e R$ 5,20 em 2025. A tendência é de que a moeda brasileira continue sensíveis aos desdobramentos fiscais, ressalta a Fitch.

O Estado de S.Paulo - SP   14/09/2023

A surpresa positiva do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre e uma expectativa favorável para os últimos três meses do ano deverão fazer com que a economia brasileira certamente cresça entre 3% e 3,5% em 2023. É o que estima o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, que falou em entrevista ao Estadão/Broadcast sobre o resultado dos oito meses de governo Lula e as perspectivas de crescimento para os próximos anos.

Apesar de uma desaceleração em 2024 estar no radar, Mello diz acreditar que a composição da alta do PIB no próximo ano vai apontar para um crescimento mais sustentável da economia brasileira, com melhor desempenho da indústria e dos serviços. “E são setores com maior potencial de arrecadação”, disse o economista, para quem há espaço para o PIB potencial brasileiro crescer caso haja avanço nas reformas.

O secretário de Política Econômica respondeu também sobre o ceticismo do mercado em relação à meta de déficit zero do próximo ano, o que considera “natural”, mas endossou ser “plenamente possível” alcançar o resultado neutro em 2024. Mello reconheceu que a velocidade da recomposição do resultado primário depende do ritmo do restabelecimento das receitas e das medidas para recompor a base fiscal, mas disse ver “compromisso” na entrega dessa agenda, inclusive por outros atores além da Fazenda.

Mello ainda admitiu que a projeção de IPCA, hoje em 4,85%, deve subir um pouco com as pressões inflacionárias contratadas para o fim do ano, mas avaliou que existe “espaço relevante” para o Banco Central trazer a taxa de juros mais próxima do campo neutro, considerando a expectativa de convergência para meta nos próximos anos. Para Mello, a perspectiva de maior equilíbrio entre a política fiscal e a monetária cria um “pano de fundo macroeconômico perfeito para promover um crescimento mais sustentável”.

Na entrevista, o secretário avaliou que os números da economia acima do esperado refletem um sucesso da política econômica adotada pelo governo, que também compensou o efeito contracionista da taxa Selic. Ao longo do quarto trimestre deste ano e do primeiro semestre de 2024, Mello prevê que o Brasil poderá ver uma resposta do investimento privado - ainda tímido -, enquanto o Executivo adota uma política fiscal mais expansionista.

Confira os principais trechos da entrevista:
O PIB do segundo trimestre surpreendeu. Como o sr. avalia o dado e por que a gente segue se surpreendendo com o resultado ante as projeções?

Para nós o resultado foi bastante positivo. Do ponto de vista de composição, (teve) a queda menor do PIB agro, e vieram outras novidades positivas. A indústria, puxada pela extrativa, mas, no geral, indo bem. E, do lado da demanda, o consumo das famílias em um ritmo bom, o que aponta, na nossa concepção, para o sucesso já inicial das medidas e dos programas que foram implementados ao longo do primeiro semestre. Tem o aumento do salário mínimo, a questão da tabela do Imposto de Renda, a recomposição de vários programas sociais. O mercado de crédito está começando um ciclo de recuperação. Então, mais do que só o número, esse conjunto ampliado de indicadores macroeconômicos nos dá uma expectativa positiva para o restante do ano e para o próximo ano.
Mas há perspectiva de desaceleração do ritmo da atividade no 3º trimestre. Qual é a projeção?

Não fechamos a nova grade de parâmetros, devemos fechar na quarta-feira. Mas, sim, existe uma visão de que o 3º trimestre tende a ser um pouco mais fraco do que o 2º trimestre. Nós vamos ver nos últimos dois trimestres deste ano, mas em particular no terceiro, um momento em que a política monetária restritiva vai demonstrar os seus maiores efeitos acumulados ao longo do tempo. Então, por mais que haja impulsos positivos em um conjunto de indicadores, os efeitos da política monetária devem desacelerar a taxa de crescimento no terceiro trimestre. Nós não temos uma expectativa de queda da atividade, nem na margem. É impossível essa queda? Não, impossível nada é, mas nós não achamos que vá haver uma queda ou seja um PIB negativo na margem.
E no quarto trimestre?

Há uma tendência de recuperação. Isso porque os efeitos das políticas públicas levam tempo. Então, é bastante razoável acreditar que, por exemplo, o Programa Desenrola vai ter um impacto maior no último trimestre do que no terceiro. As informações que nós temos de rodadas de negociação salarial têm vindo melhores do que antes. O fato da inflação estar em uma trajetória controlada ajuda. Já há sinais de recuperação no mercado de crédito bancário. Temos a renda se recuperando, a massa salarial tem crescido bem. No quarto trimestre, a política monetária ainda estará no campo contracionista, mas esse conjunto de fatores pode sobrepujá-lo e ‘reacelerar’ a economia.

Já que não há perspectiva de PIB negativo, podemos considerar que a nova estimativa de PIB da secretaria irá superar a herança estatística de 3,1%?

Isso é uma possibilidade. Vamos ter de rodar os modelos, mas certamente é algo entre 3% e 3,5%. Tem havido uma subestimação recorrente do potencial de crescimento do Brasil, não é um fenômeno apenas deste ano, mas é curioso. Antes da crise da covid-19, havia uma superestimação da expectativa de crescimento. E, após a covid, há uma subestimação do crescimento. Tem muitos fatores que podem explicar isso, inclusive comportamentais, problemas de sazonalidade. Mas uma coisa que me parece clara é que, talvez, nesse período entre 2017 e 2019, tenha se observado uma superestimação dos impactos da estratégia de política econômica, que era de contração fiscal e redução da taxa de juros. Esperava-se que essa combinação, naquele momento, pudesse gerar um crescimento mais forte. Durante os poucos anos em que isso ocorreu, não se verificou esses fatores. E, a partir de 2020, há uma subestimação do impacto da política fiscal. Eu acredito que nós temos pela frente um cenário que tende a um maior equilíbrio, o que pode projetar um crescimento em um patamar um pouco mais alto e mais consistente, menos volátil do que a gente tem visto.
Por que maior equilíbrio?

Em primeiro lugar, teremos um panorama fiscal mais estável para os próximos anos. Uma expansão da despesa, mas dentro de um intervalo conhecido. Ou seja, é uma política fiscal consistente. Ao mesmo tempo, esse sinal da política fiscal começa a ter uma resposta do lado da política monetária, com uma aproximação, que eu creio que vai ser gradual, da taxa de juros para um campo mais próximo da neutralidade. Tudo isso com inflação sob controle e uma taxa de crescimento do PIB que tem se mostrado sistematicamente maior do que o projetado. Ganha força nesse cenário, salvo choques de outras ordens que sempre podem acontecer, um cenário de um crescimento um pouco mais elevado, consistente e com um pano de fundo macroeconômico perfeito para promover um crescimento mais sustentável. E, a partir daí, as estratégias de desenvolvimento têm maior possibilidade de sucesso.
E qual seria a estratégia de desenvolvimento?

Nosso trabalho nesse primeiro semestre foi de criar as condições para uma nova estratégia de desenvolvimento, com o plano de transformação ecológica, neoindustrialização e infraestrutura com o PAC. Nove meses depois do início do governo, nós estamos bem mais próximos de ter variáveis macroeconômicas razoavelmente equilibradas do que estávamos nove meses atrás. Conquistamos a retomada da previsibilidade, da credibilidade.
Mas ainda temos um desempenho fraco da formação bruta de capital fixo, embora atravessando uma política fiscal expansionista. É nesse ponto que vemos o efeito do freio monetário? O senhor acha que isso está em processo de reversão?

É natural que o investimento demore mais a responder no ciclo de recuperação econômica por vários motivos. Como havia a combinação da baixa taxa de ocupação da capacidade com elevadas taxas de juros, isso criava um ambiente desfavorável ao investimento. Junte-se a isso uma incerteza sobre as principais variáveis macro no início do ano. Eu acredito que a reversão dessas condições já teve início. Talvez a gente ainda não veja no terceiro trimestre de maneira tão clara. Mas, ao longo do 4º primeiro trimestre e do primeiro e segundo trimestre do ano que vem, talvez se comece a ver uma resposta dos investimentos.
Houve evolução mais favorável dos itens do PIB ligados ao ciclo monetário no 2º trimestre. Concorda com Campos Neto de que o BC conseguiu reduzir a inflação com o menor custo possível, com um “pouso suave”?

Eu não tenho dúvida que o processo de convergência da inflação para dentro da meta no Brasil foi anterior ao de muitos outros países e a política monetária tem o seu papel nisso. Mas também é evidente que esse processo não teria ocorrido da forma que ocorreu se não houvesse esse enorme esforço de reconstruir a credibilidade. A recomposição dos programas sociais, das políticas públicas, teve a capacidade de sopesar um pouco esse processo contracionista e permitir exatamente esse pouso suave. Se tivéssemos um cenário de enfraquecimento dessas políticas públicas, como era previsto originalmente no projeto de lei orçamentária montado no governo anterior, certamente o pouso não seria suave. Na verdade, ao que tudo indica, a gente vai ter um PIB maior que o do ano passado. Então, estamos em uma decolagem, não em um pouso. É uma decolagem que combina um maior crescimento econômico com a convergência da inflação para a meta. O que é um caso de sucesso, não tenha dúvida. E cada um tem os seus méritos aqui nesse processo.
Mas terá um desafio fiscal grande, uma vez que o sucesso do arcabouço depende da arrecadação, do crescimento, enquanto que há um espaço cada vez mais limitado para gasto discricionário pelo governo...

Não é verdade que o novo arcabouço depende de maiores receitas. Ele é fundamental numa regra de crescimento do gasto, combinado com uma meta de resultado primário. O que o governo controla é o crescimento do seu gasto, de 0,6% a 2,5%. Dentro desse intervalo, vai ter de fazer escolhas de priorização, que estão muito claras para esse governo. O que depende da arrecadação é o resultado. E nós acreditamos que é plenamente possível alcançar o déficit zero no ano que vem, e para isso nós anunciamos um conjunto de medidas. Se nós conseguirmos manter um ritmo de crescimento minimamente robusto junto com a aprovação de um conjunto de medidas de recomposição da base fiscal, nós vamos zerar o déficit público no ano que vem.
Mas há muito ceticismo...

Sempre. É papel de vocês e papel do investidor questionar, e nosso papel é entregar.

Mas enquanto houver um nível de incerteza, dificilmente os preços vão ficar estáveis, ter previsibilidade...

Eu acho que o nível de ceticismo mudou muito do começo do ano para cá. O nível de incerteza que se tinha era total. Mas a estratégia começou a se mostrar viável e mostrar seus efeitos positivos. Qual é hoje a grande discussão do ponto de vista fiscal? Se no ano que vem o déficit vai ser zero, ou vai ser 0,5%. É o que o mercado discute. Alguns podem estar com 0,7%. Mas, no fundo, é um intervalo. O que estamos falando é o seguinte: há absoluta condição de entregar o resultado primário dentro do intervalo previsto no arcabouço, com a meta de zero. Obviamente que a velocidade da recomposição do resultado primário depende do ritmo de recomposição das receitas. Se a gente conseguir avançar na agenda proposta, será muito mais veloz o processo de recuperação do resultado primário, e os benefícios que advêm disso. O ceticismo é natural que exista, mas vai reduzindo à medida que explica o caminho. É óbvio que há ruídos, e é natural que haja. Mas me parece haver um compromisso em entregar essa agenda.
E para 2024, vocês enviaram o orçamento com 2,3% de crescimento. Já pode ter uma atualização desse dado na próxima grade? O mercado ainda tem uma projeção bem diferente...

Hoje nós temos um cenário para 2024 que, de fato, é mais otimista que a mediana do mercado. Eu acredito que uma parte das projeções para o ano que vem está muito ancorada ainda numa visão de que o PIB potencial do Brasil seria algo próximo de 1,5%. E essa é uma leitura que começa a ser discutida e questionada dentro dos próprios operadores e analistas do mercado financeiro. Talvez isso seja subestimado. Talvez ainda não capture, até pela distância que a gente tem daqui para o ano que vem, os efeitos defasados de um conjunto de políticas públicas que certamente vão ter impacto em 2024. Acredito que será um ano talvez não com o mesmo ritmo de crescimento desse, mas ainda tende a ser um ano muito positivo do ponto de vista do crescimento, com uma diferença importante de composição. Estamos com uma expectativa, por exemplo, que tenhamos talvez um desempenho melhor do que esse ano de indústria e de componentes ligados à demanda que impactam os serviços. E são setores com maior potencial de arrecadação.
Mas já pode ter uma revisão do PIB de 2024 junto do PIB de 2023?

Pode, mas, para nós, o mais importante é conseguir vislumbrar a direção. Às vezes, você erra na intensidade, mas se você lê corretamente a direção, a questão de composição, para nós é mais importante do que cravar o número em si. O importante é entender qual é a direção que a economia está tomando. É por isso que, tendo construído o pano de fundo do crescimento, o comportamento daqui para frente pode variar de ano para ano, mas ele fica mais sustentável e com uma composição mais equilibrada. E aí você pode vislumbrar um crescimento médio, ou que alguns chamariam de PIB potencial, um pouco maior do que temos hoje.
Com qual patamar vocês trabalham hoje?

Hoje trabalhamos com 2,5%, mas achamos que há espaço para o Brasil crescer mais sem pressão inflacionária desde que se avance nas agendas relevantes (reforma tributária, plano de transformação ecológica, novo marco de garantias, recomposição da base fiscal). Tanto do ponto de vista macroeconômico quanto do ponto de vista da agenda do desenvolvimento. E as agendas estão aí, sendo desenhadas, discutidas. Hoje trabalhamos com esse número, mas sempre sujeito a potencial revisão.
Sobre o IPCA, nós temos a reoneração dos combustíveis e dólar ainda forte, principalmente com as sinalizações sobre o patamar de juros americano. Isso tudo gera uma pressão inflacionária para o Brasil. Diante disso, o BC vai ter espaço para continuar o corte da Selic em 0,5p.p.?

Veja, obviamente que quando o BC toma uma decisão está olhando o horizonte relevante da política monetária. Você tem obviamente alguns ajustes de preço, derivados do aumento do petróleo, e provavelmente vai provocar uma revisão do IPCA um pouquinho para cima, nada muito relevante, mas um pouco para cima é possível que tenha. Mas também é verdade que os IGPs vêm seguidamente abaixo das expectativas, com os IPAs em deflação. O que tende ao longo do tempo ser repassado ao preço do consumidor. Então, nós continuamos com uma visão bastante bem comportada da inflação para o ano que vem e os próximos anos. Convergindo para a meta. Não só o número como a composição do IPCA é boa, principalmente a inflação das classes mais baixas de renda. Então, eu acredito que haja um espaço relevante, considerável, para você trazer a taxa de juros para mais próxima do campo neutro. Isso é uma coisa que o Banco Central decide. Há um horizonte muito positivo para esse processo que a gente chama de harmonização da política monetária.

Diário do Comércio - MG   14/09/2023

A produção industrial de Minas Gerais retraiu 0,9% em julho frente a junho, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na quarta-feira (13). Esse foi o segundo mês consecutivo de retração, indicando uma perda acumulada de 2,4% no período.

De acordo com o levantamento, a redução mensal no Estado foi superior à do Brasil, de 0,6%. O resultado mineiro foi a quinta influência negativa sobre o índice nacional. A perda de ritmo na atividade da indústria também foi observada em outras treze das quinze localidades pesquisadas, sendo a exceção, o Ceará, que registrou, no sétimo mês de 2023, um crescimento de 1,2%.

Segundo a analista de pesquisas por empresas do IBGE em Minas Gerais, Alessandra Coelho de Oliveira, o recuo mineiro foi influenciado, principalmente, pelas atividades de fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias, e de fabricação de produtos de borracha e de material plástico. Os dois grupos compõem o segmento da indústria de transformação.

Na avaliação dela, vários fatores podem ser apontados como motivadores para o desempenho negativo da produção industrial do Estado. Entre eles, estão: o alto custo de insumos e a ausência de matéria-prima para o processo produtivo de alguns setores. O volume de desocupação e a ainda elevada taxa básica de juros (Selic) também continuam impactando os resultados do setor.

A analista ressalta, entretanto, que não é possível falar em uma tendência de queda nos próximos meses, pois o estudo reporta somente dados concretizados, sem indicativos para projeções.
Resultados positivos na comparação interanual e no acumulado do ano

Embora tenha assinalado uma retração no comparativo mensal, a produção industrial mineira cresceu quando se observam outros períodos. No confronto entre julho deste ano e igual intervalo de 2022, a atividade subiu 0,8%, enquanto no acumulado dos oito primeiros meses de 2023, em relação à mesma época do exercício passado, a alta foi de 5%. Nesses dois casos, o desempenho do Estado foi melhor do que o nacional, que registrou quedas de 0,4% e 1,1%, respectivamente.

“Temos uma estrutura produtiva regional que se diferencia em relação à nacional. Temos setores que têm se destacado em Minas Gerais. Na comparação entre julho e julho, por exemplo, as maiores influências positivas foram as atividades de refino e biocombustíveis e de produtos de metal. Então, são atividades que, na estrutura do Estado, dada a variação que tiveram e a contribuição que elas têm nessa composição, auxiliaram no resultado positivo”, explicou.

“O resultado acumulado também se deve à estrutura produtiva do Estado, com uma grande força da indústria extrativa, a atividade que mais influenciou o desempenho positivo na sequência do refino e biocombustíveis. Essas duas atividades têm uma participação significativa na composição industrial e, dado o peso disso, essa influência fica ainda mais evidente”, completou.
Produtos que mais influenciaram o desempenho das atividades

Citadas pela analista do IBGE como as principais influências para o desempenho no comparativo interanual, a fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis subiu 6% no período, e a fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos, teve um aumento de 19,5%. Segundo ela, o item que se destacou no primeiro grupo foi o álcool etílico. Já no segundo segmento, as estruturas de ferro e aço em chapas ou outras formas foram destaque.

Com relação ao confronto entre acumulados do ano, a fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis aumentou 11,3%, sendo que o item de destaque foi o óleo diesel. Já a produção industrial extrativa cresceu 9,9%, e o minério de ferro em bruto se destacou.

Globo Online - RJ   14/09/2023

Uma mudança relevante está em curso no comércio internacional — e o Brasil já deveria estar preparado para aproveitá-la melhor. De acordo com dados divulgados em agosto pelo Federal Reserve de Dallas, que acompanha de perto a economia americana, o México se consolidou como maior parceiro comercial dos Estados Unidos, tendo ultrapassado a China no último trimestre de 2021.

O comércio com a China cresceu a partir da aceitação na Organização Mundial do Comércio, em 2001. Desde 2014, ela liderava a lista de parceiros americanos, respondendo por mais de 15% da soma de importações e exportações. A guerra comercial deflagrada no governo Donald Trump, porém, afetou as exportações chinesas, com a imposição de tarifas sobre vários produtos, além de outras restrições.

O México soube aproveitar a oportunidade para atender o mercado americano. Nos primeiros quatro meses deste ano, respondeu por 15,4% do comércio internacional dos Estados Unidos, ante 12% dos chineses. As exportações mexicanas alcançaram US$ 157 bilhões, sobretudo de produtos industrializados (só como comparação, as brasileiras foram menos de um décimo disso, ou US$ 10,7 bilhões).

É verdade que, assim como o Canadá, o México se beneficia de um tratado de livre-comércio com os Estados Unidos (antes chamado Nafta, hoje USMCA). Também faz fronteira terrestre, uma vantagem logística. E mantém elos históricos. Mas é fundamental entender que o país adotou uma estratégia consistente para se aproveitar da política americana de desvincular sua economia da China, conhecida como “desacoplamento”.

Adotada no governo Trump e mantida na gestão Joe Biden, essa política ganhou impulso com o choque provocado pela pandemia nas cadeias globais de suprimentos. A falta de produtos chineses fez a inflação disparar, e os Estados Unidos decidiram reduzir a dependência de países longínquos. O México se tornou uma alternativa natural para a estratégia de trazer a produção a países próximos, o nearshoring.

De olho no colossal mercado americano, grandes grupos passaram a realocar suas fábricas da Ásia para o Ocidente. O Brasil também poderia se beneficiar desse movimento se estivesse atento ao que acontece no mundo. À medida que a Argentina atravessa mais uma de suas crises periódicas, o mercado consumidor americano se torna o mais importante destino dos produtos manufaturados brasileiros. Não seria difícil apostar na abertura comercial para tornar nossas exportações aos americanos mais competitivas.

Aparentemente, nenhuma autoridade brasileira anteviu no “desacoplamento” das maiores economias globais uma oportunidade para ocupar espaços. Em vez disso, o governo continua acreditando em incentivos artificiais para tentar “reindustrializar” segmentos historicamente protegidos (caso da indústria automotiva). A exemplo do México, o Brasil deveria abrir a sua economia para modernizá-la e diversificar sua pauta de exportações. O exemplo mexicano tem muito a nos ensinar.

MINERAÇÃO

Agência Camara - DF   14/09/2023

A Comissão de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados vai realizar audiência pública nesta quinta-feira (14) para discutir a necessidade de estruturação funcional na Agência Nacional de Mineração (ANM).

A deputada Professora Luciene Cavalcante (Psol-SP) é a autora do requerimento para a realização da audiência. Ela destaca que, desde sua criação, em 2017, a partir da extinção do antigo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), a ANM recebeu 17 novas competências sem adequação da sua estrutura de pessoal.

"A ausência de uma estrutura mais apropriada e robusta reduz o espectro de atuação em termos de estrutura organizacional e de atendimento, o que expõe a União a maiores riscos", definiu a deputada.
Confira a pauta da reunião e sua lista de convidados.

O início da audiência está previsto para as 14 horas no plenário 8.

Brasil Mineral - SP   14/09/2023

O Pará é um dos maiores produtores de minérios do País e do mundo com a produção de ferro, bauxita, cobre, caulim, manganês, níquel, ouro, calcário, entre outros.

A Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) lançou oficialmente na Expo & Congresso Brasileiro de Mineração – Exposibram 2023 o Boletim da Mineração 2023. O documento é disponibilizado para o público no site da Fapespa (www.fapespa.pa.gov.br/publicacoes) e foi desenvolvido pela Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural (Diepsac) da Fapespa. “Nesse trabalho anual fazemos uma análise em uma linha do tempo de como o setor mineral se comporta. É possível constatar que essa é uma cadeia produtiva muito relevante, tanto na geração da produção mineral quanto na geração de empregos. O Pará tem uma variedade de metais com alto valor agregado no mercado internacional, colocando o estado na locomotiva desse processo”, explica Márcio Ponte, diretor da Diepsac.

O Pará tem uma mineração diversificada nas reservas minerais, o que atrai investimentos que contribuem para a geração de renda e empregos no estado. Na geração de emprego, o levantamento indica que o setor mineral paraense registrou mais de 325 mil postos de trabalho, direta e indiretamente, em 2021. Em âmbito nacional, o Pará mantém o índice de mais de 20% na participação brasileira de produção. Segundo a análise de dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), em 2021, o Pará produziu 369,4 milhões de toneladas de minério, equivalente a 21,2% da participação na produção nacional, com destaque para o alumínio, que corresponde a 89,4% de tudo o que foi produzido no País. Já na produção estadual, o ferro bateu a marca de 192,3 milhões de toneladas em 2021 e é o minério mais produzido no Pará, além de representar 33,8% da produção brasileira.

Grande parte da produção paraense é exportada e favorece a balança comercial do estado e o aumento do Produto Interno Bruto (PIB). Na exportação mineral brasileira, em 2022, apenas três estados contribuíram com mais de 70% da comercialização externa do minério do País. O Pará alcançou o segundo maior valor de exportação mineral, com US$ 15 bilhões, ficando atrás só do Rio de Janeiro, com US$ 36,9 bilhões. “Se nós queremos trabalhar cada vez mais com a mineração no Pará, precisamos de dados científicos, de pesquisa. A Fapespa traz um Boletim com informações disponíveis a todo o público. Isso é importante para as empresas que querem trazer os seus investimentos para o estado e as Secretarias que trabalham diretamente com a mineração. Esse estudo vai servir como base para avançarmos nas nossas políticas públicas para o setor e chega em um momento oportuno, na Exposibram, com pessoas do restante do Brasil e do mundo”, disse o secretário de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme), Paulo Bengtson.

O Pará é um dos maiores produtores de minérios do País e do mundo com a produção de ferro, bauxita, cobre, caulim, manganês, níquel, ouro, calcário, entre outros, sendo que a maior parte é usada na construção civil e na indústria de base, impulsionando tanto as receitas municipais via royalties, quanto o mercado de trabalho local, além de dinamizar outros setores econômicos, como comércio e serviços. Os municípios de Canaã dos Carajás, Parauapebas e Marabá contribuem para firmar o Pará como o segundo estado que mais produziu minério em 2021: 369,4 milhões de toneladas, atrás apenas de Minas Gerais, com 588,2 milhões de toneladas.

O Boletim da Mineração 2023 mostra também que a produção de minério gerou R$ 145 bilhões, uma marca recorde para o Pará e equivalente a 42,3% do valor referente ao País. A maior parte em razão do ferro, com R$ 119,9 bilhões. Em uma década, o minério paraense dobrou, saltando de 200 milhões para, aproximadamente, 400 milhões de toneladas produzidas ao ano. “A Fapespa tem a missão institucional de produzir estudos, produzir estudo, conhecimento, inovação. As nossas diretorias de estudo realizam uma série de pesquisas que retornam para a tomada de decisão do Estado. O Boletim da Mineração é apenas um desses. Nós ainda temos o Pará em Números, Notas Técnicas, Barômetro da Sustentabilidade, um conjunto de informação que orienta não só o gestor público, mas a população com os resultados que estamos alcançando ano a ano”, afirma o presidente da Fapespa, Marcel Botelho.

AUTOMOTIVO

Valor - SP   14/09/2023

O governo precisa definir como será o novo formato dos incentivos em razão das mudanças previstas na reforma tributária

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, esteve reunido com a equipe do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio esta semana para tratar dos últimos detalhes da próxima fase do Rota 2030, programa do governo federal para o setor automotivo, que prevê incentivos fiscais para pesquisa e desenvolvimento. Uma das novidades da nova etapa é que o programa passará a chamar Mobilidade verde.

Segundo o dirigente, as montadoras que produzem no Brasil terão benefícios maiores do que as que só importam. Estão previstos também, segundo ele, incentivos intermediários para empresas que já anunciaram planos de investir em fábricas no país.

O governo precisa definir como será o novo formato dos incentivos em razão das mudanças previstas na reforma tributária. Na primeira fase do Rota 2030, em vigor desde o início de 2019, o benefício previa redução nas alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Na nova fase, segundo Leite, haverá uma “compensação financeira”, a ser definida.

Leite veio a Detroit nesta quarta-feira para visitar o Salão do Automóvel. O objetivo é captar ideias da mostra americana para poder organizar a volta do salão do automóvel de São Paulo, cuja última edição foi em 2018.

A mostra brasileira deixou de atrair o interesse da indústria porque, com a evolução tecnológica do automóvel, a exposição estática deixou de fazer sentido. Houve tentativas de algumas organizações de exibir os carros nas pistas de Interlagos como forma de oferecer ao visitante a oportunidade de experimentar os veículos. Mas a Anfavea ainda busca o melhor formato. Leite acredita que será preciso envolver os concessionários, ter pontos de venda num futuro salão. Em Detroit, ele sonda o que pode ser aplicado no Brasil. “Antes do fim do meu mandato vai ter salão”, disse. Leite está no meio do seu mandato à frente da Anfavea. A gestão termina em maio de 2024.

O Estado de S.Paulo - SP   14/09/2023

Durante décadas, a frase “fabricado na Alemanha” indicou tecnologia e design automotivos de ponta. Mas agora as montadoras alemãs estão ficando para trás na corrida global para produzir mais veículos elétricos, e alguns executivos estão usando uma nova expressão para descrever a rapidez com que precisam recuperar o tempo perdido: “velocidade chinesa”.

Ela reflete a rápida transformação da indústria automobilística chinesa numa potência movida a bateria. E essa velocidade ficou evidente no Salão Internacional do Automóvel da Alemanha, um evento enorme do setor, em Munique, no qual as novatas da China roubaram a cena.

A BYD, montadora chinesa de carros elétricos que ultrapassou a Volkswagen e é a marca mais vendida da China este ano, lançou um sedã, novo e elegante, e um utilitário esportivo que ganharam os aplausos do público.

“Acho que os europeus estão basicamente petrificados com o desempenho dos chineses na Europa”, disse Matthias Schmidt, analista independente do mercado de carros elétricos que vive em Berlim.

O evento ocorreu num momento delicado para a indústria automobilística alemã, a maior da Europa, e para a economia alemã com um todo. Outrora um motor fundamental da economia do país, as montadoras alemãs tornaram-se, em vez disso, um empecilho para ela. Em junho, a produção da indústria automobilística diminuiu 3,5% em comparação com o mês anterior, afetando a produção industrial geral do país, que diminuiu 1,5%.

A estagnação não se limita às montadoras. O Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha está estagnado, sobrecarregado pelo alto custo da energia e das matérias-primas, um efeito duradouro da invasão da Ucrânia pela Rússia no ano passado.

As empresas alemãs conhecidas, entre elas a Volkswagen e a gigante química BASF, adiaram os planos de expansão ou anunciaram que construirão suas instalações em regiões com incentivos interessantes, inclusive na China e na América do Norte. A inflação constantemente alta está devorando o poder de compra dos alemães e contribuindo para o pessimismo dos consumidores e das empresas.

Depois que a economia alemã entrou em recessão no final do ano passado e no início deste ano, seu crescimento ficou estável de abril a junho. Recentemente, o banco central do país, o Bundesbank, disse que a expectativa é que o PIB “estagnasse mais ou menos de novo no terceiro trimestre de 2023".

Entre as oito economias avançadas estudadas pelo Fundo Monetário Internacional, a da Alemanha foi a única com projeções de encolhimento este ano, levando alguns economistas a lembrar do fantasma do final da década de 1990, quando o país, prejudicado pelo desemprego recorde e pelo custo da reunificação da Alemanha Oriental e Ocidental, foi chamado pelos economistas de “o doente” da Europa.

Berlim está correndo para reagir à situação. Aprovou uma redução nos impostos sobre as empresas de € 32 bilhões ao longo de quatro anos para ajudar a reanimar a produção.

O governo também propôs diminuir as famosas pilhas de papel da burocracia alemã para as empresas, por exemplo, aceitando cópias digitais, não em papel, de documentos oficiais, na tentativa de levar o país para a era digital. Uma pesquisa recente com 500 empresas revelou que os aparelhos de fax continuam sendo utilizados como a forma de comunicação mais segura.

Agora compare isso com a HiPhi (pronuncia-se “rai-fai”), uma empresa de automóveis de luxo da China fundada em 2019. Ela está produzindo a terceira versão de seus veículos elétricos altamente tecnológicos, com portas que abrem deslizando depois de se apertar um botão e têm luzes na parte interna e externa, que podem piscar e mudar de cor. Os carros agora estão sendo vendidos na Alemanha e na Noruega, por a partir de € 105 mil, e estavam em exibição no salão do automóvel.

A capacidade de produzir o carro tão depressa está associada a uma estratégia diferente no setor automobilístico, disse Mark Stanton, diretor de tecnologia da empresa.

“O medo do fracasso é enorme e essa mentalidade realmente se torna um obstáculo no dia a dia do seu trabalho”, disse Stanton. “Acabamos com isso completamente.”

Um dos principais fatores que preocupam as empresas na Alemanha é o preço sistematicamente alto da energia.

Durante décadas, a Alemanha orgulhou-se de seu abastecimento estável de energia, que mantinha as fábricas produzindo aço e automóveis. Mas a fonte dessa energia era o gás natural canalizado da Rússia, e os alemães recusaram-se a considerar outros fornecedores.

Depois que Moscou interrompeu o fluxo de gás natural para a Alemanha há um ano, como consequência do apoio de Berlim à Ucrânia, o preço do gás mais do que quadruplicou, obrigando muitas empresas a reduzir a produção. Embora os preços tenham caído, continuam quase o dobro daqueles de 2021.

O baque custou às empresas que precisam de quantidades enormes de energia, como os fabricantes de produtos químicos, a sensação de segurança para o planejamento a longo prazo, revelou uma pesquisa anual. A consulta, realizada pela Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio, constatou que a confiança na política energética do governo estava em seu nível mais baixo em mais de uma década.

“Após o choque dos preços da energia no final do ano passado e o inverno relativamente ameno, as empresas estão profundamente preocupadas com os desdobramentos futuros”, disse Achim Dercks, vice-gerente geral da organização.

Esse temor está fazendo com que muitas empresas da indústria alemã reconsiderem os investimentos planejados anteriormente. No início deste ano, a Volkswagen decidiu abandonar os planos de construir uma segunda fábrica de baterias na Alemanha.

A empresa já está construindo uma fábrica de baterias em Salzgitter, perto da sua sede em Wolfsburg, e outra em Valência, na Espanha. No primeiro semestre, a Volkswagen anunciou que tinha escolhido Ontário como o local de sua primeira fábrica de baterias fora da Europa, atraída por incentivos lucrativos e pelos preços da energia para a indústria, mais baratos aproximadamente um terço em comparação com os da Alemanha.

A redução dos preços da energia em apenas um centavo de euro por quilowatt-hora pode se transformar numa diferença anual de custos de até € 100 milhões na produção de baterias para veículos elétricos, disse Oliver Blume, CEO da Volkswagen, em entrevista à emissora alemã ZDF.

“Se observarmos os preços que estão sendo oferecidos atualmente na América do Norte ou em outras regiões do mundo, a Alemanha está muito distante deles”, disse Blume.

A Volkswagen não é a única procurando por locais fora do país para expandir sua capacidade de produção de veículos elétricos. No início deste ano, a BMW, cuja sede fica em Munique, anunciou que iria investir € 800 milhões no México para produzir baterias de alta tensão e seus novos modelos totalmente elétricos. A expectativa é que esses carros comecem a ser produzidos em 2025, na fábrica da empresa na Hungria.

Na China, a incapacidade das montadoras alemãs de atender à demanda crescente por veículos movidos a bateria criou uma oportunidade, que as montadoras chinesas correram para aproveitar, produzindo carros elétricos acessíveis e atraentes que estão tomando conta do mercado doméstico.

A Volkswagen está tomando atitudes para melhorar sua situação na China. No mês passado, ela anunciou que investiria US$ 700 milhões por uma participação de quase 5% na XPeng, uma startup chinesa que fabrica veículos elétricos, numa tentativa de ajudar a montadora a atender às demandas do mercado chinês.

Mas agora as montadoras chinesas estão de olho na Europa, onde os carros movidos a gasolina serão proibidos em 12 anos.

No salão do automóvel, as montadoras alemãs tradicionais apresentaram seus planos para expandir a produção de veículos totalmente elétricos nos próximos anos, porém as chinesas lançaram os novos modelos que estavam trazendo para o mercado europeu.

“A Europa é um mercado estratégico para a BYD”, disse Michael Shu, diretor da BYD Europa. Segundo ele, no mês passado, sua empresa se tornou a primeira montadora do mundo a distribuir cinco milhões de veículos totalmente elétricos ou híbridos.

Ferdinand Dudenhöffer, diretor do Centro de Pesquisa Automotiva de Duisburg, na Alemanha, descreveu o salão do automóvel deste ano como um “Zeitenwende”, ou momento decisivo – o mesmo termo utilizado pelo chanceler Olaf Scholz ao anunciar a transição da Alemanha na política externa após a Rússia invadir a Ucrânia.

“Um Zeitenwende no qual se vê a Europa transformando-se num mercado interessante para os veículos elétricos chineses”, disse ele. “A competição será mais difícil.”

Valor - SP   14/09/2023

Os salões fechados do inverno em janeiro deram lugar aos eventos em locais abertos no verão de setembro e com mais interatividade

Justo, presidente da Ford na América do Sul, defende a isenção de imposto para elétricos importados: “O Brasil já tem uma carga tributária altíssima” — Foto: Silvia Costanti/Valor

Um ano depois de o governo dos Estados Unidos lançar um mega plano para promover a descarbonização no país, a indústria automobilística usa o Salão do Automóvel, em Detroit, berço da linha de montagem, para mostrar seu engajamento nos esforços do presidente Joe Biden para conter as mudanças climáticas.

Os carros elétricos, são, naturalmente, o trunfo do setor nesse sentido. Embora a infraestrutura de pontos de recarga de baterias no país ainda esteja distante do ideal, a indústria se esforça para mostrar ao consumidor que vale a pena comprar um modelo movido a eletricidade não só pelo bônus concedido pelo governo - US$ 7,5 mil em cada veículo, além de alguns extras nos Estados mais envolvidos com a causa ambiental, como a Califórnia.

Para isso, o salão de Detroit se transformou. Praticamente metade do pavilhão do Huntington Place, o centro de exposições localizado no centro da cidade, oferece pistas para test drives. Carros de passeio, picapes e utilitários esportivos híbridos ou 100% elétricos estarão à disposição para serem testados pelos visitantes, até o dia 24.

Há espaços para os testes compartilhados por várias marcas e outros exclusivos. Todos incluem pistas que permitem acelerar o veículo a altas velocidades e enormes estruturas, de dez metros, em média, que simulam as regiões montanhosas por onde os veículos “off-road” passam na vida real.

“A experiência não é apenas com a eletrificação, mas com toda a conectividade e tecnologia que envolvem os veículos hoje”, afirma o vice-presidente da Ford América do Sul, Rogélio Golfarb. A exposição estática dos veículos, nos históricos salões de automóveis não serve mais para mostrar a transformação do automóvel.

É necessário desonerar componentes não produzidos no país”

— Rogélio Golfarb

A Ford anunciou nesta quarta-feira (13) que começará a vender o Mustang elétrico no Brasil em outubro. O esportivo será o primeiro modelo 100% elétrico da marca no país. Hoje a montadora americana já vende no mercado brasileiro a picape Maverick híbrida (com um motor a combustão e outro elétrico) e tem uma van do modelo Transit também totalmente elétrica sendo testada por frotistas da América do Sul.

O Mach-E, nome dessa versão do Mustang, “nasceu” elétrico. Foi lançado nos Estados Unidos em 2021 e custa, no mercado americano, em torno de US$ 45 mil. O preço no Brasil não foi ainda divulgado. Segundo a empresa, o veículo será capaz de percorrer 490 quilômetros com uma carga de bateria.

O veículo será importado do México. Isso abre a perspectiva de, futuramente, o carro ser beneficiado pela isenção do Imposto de Importação, prevista no acordo de intercâmbio comercial entre Brasil e México. Por enquanto, o modelo não poderia ser contemplado pelos benefícios do intercâmbio porque, segundo a Ford, a quantidade de peças produzidas no México não atinge o mínimo fixado no acordo.

Mas o carro se enquadra na isenção do imposto para todos os veículos 100% elétricos, benefício em vigor desde 2015 e que independe do país de origem. Parte das montadoras tem pedido ao governo a suspensão desse benefício. O presidente da Ford na América do Sul, Daniel Justo, diz que é favorável à manutenção do incentivo. “O Brasil já tem uma carga tributária altíssima”, diz.

Para o executivo, a participação dos elétricos no mercado brasileiro ainda é pequena para que o benefício seja retirado. “Se a entrada de novas tecnologias for bloqueada não vamos criar a infraestrutura necessária”, destaca. Segundo Justo, o Brasil tem a possibilidade de também ser um produtor de carros elétricos. Mas, diz, isso requer a adoção de políticas públicas voltadas à eletromobilidade. “É necessário desonerar componentes não produzidos no país, como a parte eletrônica”, diz Golfarb.

Com o Mach-E abrindo o caminho para outros elétricos que a companhia pretende vender no país, a Ford dá mais um passo na direção da estratégia que escolheu para o país quando decidiu parar de produzir carros e fechar suas fábricas no Brasil, há dois anos.

Por enquanto, a eletrificação não é condição para a montadora americana produzir num país, segundo os executivos que estão em Detroit. A fábrica da Argentina, onde é produzida a Ranger, com motor a combustão, por exemplo, foi modernizada há pouco tempo.

Já a conectividade ganha impulso importante. O veículo que “conversa” com o celular do motorista e de seus integrantes, e vice-versa, é hoje o sonho de consumo dos fãs dos automóveis. “Não podemos mais ter carros tediosos”, afirma Darren Palmer, vice-presidente para os programas elétricos da Ford nos EUA.

Não é apenas isso o que Detroit mostra. O carro tem que ajudá-lo a ser feliz. Não apenas porque você eventualmente goste de dirigir. Mas, agora, o veículo tem que entender quando você cansou de estar ao volante.

Os modelos autônomos continuam em desenvolvimento. Nos Estados Unidos, que já contam com estradas conectadas, ao conduzir o Mach-E, por exemplo, não é necessário estar com as mãos ao volante. Mas o olhar ainda tem de estar atento à estrada e o carro vai emitir um sinal sonoro se o motorista fechar os olhos. A tecnologia permite, como destaca Palmer, que a pessoa “chegue relaxada”, mesmo depois de quatro horas ou mais na estrada”.

Em tempos de novas parcerias no setor automotivo, o salão de Detroit dedica espaço para empresas - incluindo várias startups - que entram no mundo da mobilidade para fornecer, por exemplo, sistemas para carregamento de baterias e outras soluções.

A Grounded, uma startup do setor, apresenta, por exemplo, um “motorhome” totalmente elétrico. Com esse tipo de veículo, o tempo da parada numa estação de recarga de baterias, numa viagem, por exemplo, não precisa ser preenchido só com o cafezinho na loja de conveniências. Além de cozinha e cama, o veículo tem uma pequena ducha na parte traseira.

E, para entrar no novo clima da transformação dos automóveis, Detroit também mudou a data do salão, que passou do pico do inverno, no início de janeiro, para o clima ameno do fim do verão, em setembro.

Trata-se de uma mudança radical, que oferece a oportunidade de deslocar as antigas prévias do salão, em locais fechados e com público selecionado, para o ar livre, com interação maior com a comunidade.

Na véspera da abertura do salão, a Ford convidou 4 mil pessoas, entre funcionários, revendedores e fornecedores, para irem até a Hart Plaza, no coração da cidade, ao lado do lago Michigan, que faz a divisa com o Canadá. Ali apresentou as novas versões da picape F-150, numa festa que incluiu lanches, bebidas e show de rock.

A repórter viajou a convite da Ford

Valor - SP   14/09/2023

O modelo esportivo será o primeiro modelo 100% elétrico da marca no país

A Ford anunciou hoje a venda do seu Mustang elétrico no Brasil a partir de outubro. O modelo esportivo será o primeiro modelo 100% elétrico da marca no país. Hoje a montadora americana já vende a picape Maverick híbrida (com um motor a combustão e outro elétrico) no país e tem uma van do modelo Transit também totalmente elétrica sendo testada por frotistas da América do Sul.

O Mach-E, nome da versão do Mustang, “nasceu” elétrico. Foi lançado nos 

Estados Unidos em 2021 e custa, no mercado americano, em torno de US$ 45 mil. O preço do modelo no Brasil não foi ainda divulgado.

O modelo será importado do México. Isso abre a perspectiva de, futuramente, ser beneficiado pela isenção do Imposto de Importação, prevista no acordo de intercâmbio comercial entre Brasil e México. Por enquanto, o modelo não poderia ser contemplado pelos benefícios do intercâmbio porque, segundo a Ford, a quantidade de peças produzidas no México não atinge o mínimo fixado no acordo.

Mas o carro será beneficiado pela isenção do imposto para todos os veículos 100% elétricos, benefício em vigor desde 2015 e que independe do país de origem. Parte das montadoras tem pedido ao governo a suspensão desse benefício. O presidente da Ford na América do Sul, Daniel Justo, diz que é favorável à manutenção do incentivo. “O Brasil já tem uma carga tributária altíssima”, destaca.

Uma nova versão do Mach-E está sendo apresentada no salão do automóvel de Detroit, que será aberto ao público nesta quinta-feira (14).

Com a evolução tecnológica dos veículos, o salão de Detroit também mudou. A edição deste ano traz a possibilidade de o visitante fazer test drives dentro do próprio pavilhão de exposições. Praticamente a metade do espaço foi dedicado a esses testes. Algumas marcas compartilham a mesma pista. Ford, General Motors e Ram têm as suas próprias e incluem a simulação de montanhas de mais de dez metros de alturas para dar ao visitante a sensação da experiência off-road. Híbridos e elétricos foram os modelos escolhidos para os test drives.

FERROVIÁRIO

IstoÉ Dinheiro - SP   14/09/2023

A Verde Agritech informou ter recebido autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e do Ministério da Infraestrutura para construir um ramal ferroviário no interior de Minas Gerais. A linha férrea será usada para escoar até 50 milhões de toneladas por ano de fertilizantes potássicos.

“O projeto prevê um traçado entre as instalações da empresa, em São Gotardo e Matutina, até a cidade de Ibiá, no Triângulo Mineiro”, disse em nota. Segundo a empresa, o ramal ficará interligado a uma rede ferroviária que conecta sete estados e o Distrito Federal, que tem parte administrada pela Ferrovia Centro Atlântica (FCA). “As ferrovias FCA são a principal rota entre as regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil”, destaca trecho do comunicado.

A Verde Agritech também cita a importância do projeto para garantir aos agricultores brasileiros acesso ao potássio. A construção do ramal ferroviário por empresas é prevista em uma medida provisória de agosto de 2021, por meio do Programa de Autorização Ferroviária (Pro Trilhos), explica.

“As minas da Verde possuem o maior depósito de potássio identificado no Brasil, com recursos de 3,32 bilhões de toneladas, em conformidade com a norma NI 43-101”, disse o fundador e CEO da Verde Agritech, Cristiano Veloso, em comunicado ao mercado. “Isso representa outro marco importante nos objetivos da Verde: reduzir a dependência brasileira pelo potássio importado e expandir a capacidade da Verde de capturar anualmente até 6 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), contribuindo assim para a mitigação das mudanças climáticas”.

A empresa diz ter apresentado o projeto à ANTT em dezembro de 2022. “A Verde Agritech tem hoje duas plantas em operação, com capacidade de produzir anualmente até três milhões de toneladas de fertilizantes. No ano passado, anunciou investimentos de R$ 275 milhões para a construção da terceira planta, elevando a capacidade de produção para 13 milhões de toneladas ao ano.”

Exame - SP   14/09/2023

O governo americano anunciou que fará três missões comerciais para levar empresários e representantes do setor público do Brasil para conhecerem iniciativas nos Estados Unidos envolvendo energia limpa, transporte ferroviário e redução de emissões de gás metano.

As missões foram anunciadas nesta quarta, 13, pela Ustda (Agência de Comércio e Desenvolvimento dos EUA, na sigla em inglês). As datas exatas e a lista de convidados ainda serão definidas. As viagens devem ser realizadas em 2024 ou começo de 2025 e levar entre 20 e 30 representantes cada uma.

"Eles se encontrarão com investidores, fornecedores e especialistas em regulação e em políticas para aprender mais sobre as últimas tecnologias e práticas dos EUA", disse Enoh Ebong, diretora da Ustda, durante conversa com jornalistas em São Paulo.

Após a missão comercial, a expectativa é que os brasileiros encontrem ideias nos EUA que possam ajudar a resolver questões da realidade local. A Ustda também oferece financiamentos para estudos e testes com tecnologias americanas que possam ser compradas pelo Brasil. Há também apoio para o preparo de compras públicas que envolvem essas novas tecnologias.

"Não podemos vir aqui e trazer a expertise em um vácuo. Temos de fazer isso em parceria com a expertise que encontramos aqui no terreno. Há conhecimento aqui, e estamos trabalhando juntosi", disse Ebong.

A diretora disse ver o Brasil como um país que está liderando esforços de transição energética e que pode dar exemplo por ter grande parte de sua matriz limpa, pelo amplo uso de hidrelétricas. "Nas reuniões, o Brasil tem deixado claro quais são suas prioridades e necessidades. Há clareza de visão", resume Ebong.

A diretora visita o Brasil nesta semana. Ela esteve em Brasília e São Paulo e seguiria para o Rio de Janeiro na noite desta quarta. Ebong veio acompanhar o andamento de outros projetos que a agência têm no Brasil. Desde sua criação, em 1992, a entidade já financiou mais de 300 iniciativas no país.

Atualmente, a Ustda possui algumas parcerias com empresas e entidades brasileiras na área de infraestrutura e transportes, e planeja expandir sua atuação no setor de saúde. Em energia, há cooperações com a Cemig, para ampliar a adesão de geradores de energia solar na rede, e com a Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia) para a melhoria nas redes e distribuição.

Há também acordos com a ANTPTrilhos, para otimizar manutenção de sistemas de transporte de passageiros, com a CPTM, para melhorar a eficiência da operação, e com a Compesa, de Pernambuco, para automatizar sistemas de abastecimento de água e esgoto.

NAVAL

A Tribuna - SP   14/09/2023

A pouco mais de 90 dias para o fim da vigência do Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária (Reporto), o Governo Federal optou por converter a medida provisória (MP) que garantiria a prorrogação do texto em um projeto de lei (PL). O benefício fiscal para importação de equipamentos e investimentos em infraestrutura nos portos brasileiros chega ao fim em 31 de dezembro.

Em agosto, o Ministério de Portos e Aeroportos, então sob gestão de Márcio França, sinalizou que a MP seria elaborada até outubro e que a pasta mantinha diálogos com o Ministério da Fazenda para ajustar o conteúdo. Agora, com a chegada de Silvio Costa Filho à pasta, haverá a conversão do instrumento de garantia do Reporto.

Em nota, o Ministério de Portos e Aeroportos informou que, “em conversa com a Casa Civil, surgiu o entendimento de que a medida provisória fosse convertida em projeto de lei. Feito isso, foi submetido à Casa Civil, que após análise solicitou as contribuições do Ministério da Fazenda e do Ministério dos Transportes , por meio da Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário (SNTF), cujo setor é fortemente beneficiado com o Reporto, assim como o setor portuário”, informou o Ministério de Portos.

“Atualmente, encontra-se em diálogo com a SNTF e Ministério dos Transportes e, posteriormente, será submetido ao Ministério da Fazenda, que também está a par do assunto”, complementou a pasta. O ministério explicou também que “a então MP tramitará como PL normalmente, tendo em vista que o futuro ministro de Portos e Aeroportos já sinalizou como política pública a importância de dar prosseguimento a esse tema”.

Em paralelo, na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 4.885/2016, que trata sobre o Reporto, passou a ter um novo relator na Comissão de Finanças e Tributação da casa: Paulo Alexandre (PSDB). Ele afirmou que dará celeridade à tramitação da matéria. “É importante que seja por meio do projeto de lei, que é o instrumento legal mais avançado, hoje, no Congresso Nacional. O PL está com a relatoria da CFT. Nós vamos fazer esse relatório de uma forma célere, como o tema exige”, disse Barbosa.

“Nós precisamos resolver essa questão com a maior celeridade e garantir presivibilidade a um segmento da economia, porque fica difícil estabelecer um plano de investimento que vai gerar emprego e renda sem ter um mínimo de presivibilidade. Estamos falando de 90 dias, sem saber o que vai acontecer nesse prazo que vai expirar. Isso é muito ruim para o País e para a economia”, ressaltou o parlamentar.

Reforma tributária
Além disso, entidades do setor portuário e industrial articulam a inclusão do Reporto no período de transição da reforma tributária, previsto até 2033, para unificação de impostos federais, estaduais e municipais. A reforma é tema da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2019.

Para A Tribuna, em agosto, o presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Jesualdo Silva, comentou que discutiria com o relator da reforma no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), uma garantia ao tema. “As mudanças ocorrerão gradativamente, então, esperamos uma medida que garanta o Reporto pelo menos até 2027, até que a reforma seja concluída”.

À época, o diretor-executivo da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (Abtra), Angelino Caputo, afirmou que a entidade tem participado das articulações para preservar o Reporto. Segundo ele, o regime é fundamental para que os setores portuário e ferroviário reduzam o Custo Brasil e a infraestrutura não seja um peso no custo da logística. "Se a gente tiver que repassar o custo da aquisição do maquinário ao custo do serviço prestado, isso vai incidir no produto brasileiro que é exportado”.

Valor - SP   14/09/2023

Silvio Costa Filho é do mesmo partido do governador Tarcísio de Freitas, defensor da medida

Após tomar posse, o novo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), defendeu nesta quarta-feira (13) que privatização é um tema que implica uma posição unificada do governo e, por isso, irá trabalhar contra a privatização do Porto de Santos, principal complexo portuário brasileiro. Apesar disso, Costa Filho disse que irá conversar com o setor produtivo sobre o assunto.

A defesa de Costa Filho vai na contramão de uma promessa de campanha do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que é seu companheiro de partido. “O porto de Santos, o nosso desejo é de trabalhar pela não privatização. Mas vamos dialogar com o setor produtivo. Decisão portuária de privatização é decisão de governo. Vou ligar para o [Anderson] Pomini [diretor-presidente da Autoridade Portuária de Santos] para já a partir de amanhã ou sexta-feira fazermos uma reunião sobre o porto de santos”, afirmou.

Costa Filho assume o ministério no lugar de Márcio França, deslocado para a nova pasta do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. As nomeações foram publicadas na edição desta quarta do Diário Oficial da União.

O novo titular de Portos e Aeroportos também disse que vai começar a trabalhar pela redução nos preços das passagens aéreas. Ele deve se reunir ainda nesta quarta, por exemplo, com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), para discutir, por exemplo, o preço do querosene de aviação no país. "Hoje à noite já temos uma reunião com o ministro de Minas e Energia, com o ministro do Turismo, para trabalhar ao lado as companhias aéreas para buscar uma redução no preço da passagem. Não é um desafio fácil, esse é um problema mundial hoje o custo das passagens.”

Por fim, o ministro demonstrou estar alinhado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e endossou o argumento de que é preciso reduzir as taxas de juro no Brasil. "Vamos perseguir a redução da taxa de juros do Banco Central. Tudo isso dialoga com a agenda econômica do Brasil que passa pela infraestrutura de transportes, pela agenda de PPPs, de concessões, e Portos e Aeroportos é uma agenda estratégica para o país”, acrescentou.

“Precisamos mais do que nunca colocar na ordem do dia a agenda portuária e aeroportuária. A partir de hoje vamos ligar para todos os 27 governadores, falaremos com todos os prefeitos e prefeitas de capitais. Nosso gabinete, sob orientação do presidente Lula, estará à disposição das mais de 5 mil prefeitas e prefeitos do Brasil. Nosso papel, como deputado federal e agora como ministro é buscar o diálogo institucional entre o Executivo e o Parlamento brasileiro, para que, de maneira colaborativa, de maneira propositiva, a gente possa avançar na agenda econômica do Brasil."

Lula dá posse a Silvio Costa Filho como ministro de Portos e Aeroportos — Foto: Ricardo Stuckert/PR

PETROLÍFERO

Valor - SP   14/09/2023

Agência estima que o mercado registre um défice significativo de cerca de 1,1 milhão de barris por dia no quarto trimestre com os cortes, algo que deverá forçar a alta dos preços

A decisão da Arábia Saudita de aumentar o período de cortes na produção de petróleo até ao final do ano deverá provocar problemas na oferta do produto no mercado internacional para o resto de 2023, mantendo os preços mais elevados, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE).

Em relatório mensal, a AIE disse que os cortes de produção da Arábia Saudita e de outros membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) levaram à retirada do mercado de 2,5 milhões de barris por dia desde janeiro, embora esse problema tenha sido mitigado pela produção recorde dos EUA e Brasil, fazendo com que a oferta de petróleo de países que não fazem parte da Opep aumentasse em 1,9 milhão de barris por dia.

No entanto, com os cortes de produção da Arábia Saudita e também da Rússia até o final do ano, é provável que o mercado registre um défice significativo de cerca de 1,1 milhão de barris por dia no quarto trimestre, algo que deverá forçar a alta dos preços, disse a AIE. O fim dos cortes em 2024 deverá trazer o mercado de volta ao equilíbrio, segundo a agência.

"A aliança saudita-russa está se revelando um desafio formidável para os mercados petrolíferos", disse a AIE, ressaltando que os cortes no fornecimento de ambos os países, de cerca de 1,3 milhões de barris por dia, levaram a um aumento nos preços, com o petróleo Brent - referência internacional - subindo acima de US$ 90 por barril e os preços atingindo o maior patamar em 10 meses.

Os cortes acontecem em um momento de alta na procura, com a demanda por petróleo subindo em 2,2 milhões de barris por dia em 2023, segundo a AIE. O crescimento da demanda deverá diminuir no próximo ano em 1 milhão de barris por dia, com uma média de 102,8 milhões de barris por dia, disse a AIE.

A queda na demanda no próximo ano deve-se ao arrefecimento da recuperação econômica da China após o fim da pandemia, e também devido ao aumento da frota de carros elétricos no mundo, reduzindo a procura por combustíveis fósseis. No entanto, é esperado que a China seja responsável por 75% do aumento da demanda por petróleo neste ano.

A AIE estima que a oferta de petróleo neste ano cresça 1,5 milhão de barris por dia em 2023, para uma média de 101,6 milhões de barris por dia. A agência espera que este valor aumente ainda mais no próximo ano, em média 1,7 milhões de barris por dia, um aumento de cerca de 200 mil barris por dia em comparação com a previsão do mês passado, e uma média de 103,3 milhões de barris por dia.

Valor - SP   14/09/2023

Penalidade foi aplicada pelo Ibama depois do acidente com a plataforma P-36, no litoral do Rio de Janeiro, em 2001

A 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve, nesta terça-feira (12), decisão que condenou a Petrobras a pagar multa de R$ 5 milhões pelo derramamento de óleo no acidente com a plataforma P-36, no litoral do Rio de Janeiro, em 2001. A multa foi aplicada pelo Ibama devido à poluição ambiental causada pela destruição da estrutura após uma série de explosões. A tragédia ainda deixou 11 mortos.

Os ministros confirmaram sentença e acórdão da Justiça Federal do Rio de Janeiro. Ao não conhecer do recurso da Petrobras, que pedia a anulação do auto de infração, o colegiado lembrou que o acidente, ocorrido há mais de 20 anos, teve repercussão internacional e foi classificado como de extrema gravidade ambiental.

Na época, a P-36 era considerada a maior plataforma semissubmersa de produção de petróleo do mundo.

"A insurgência reiterada da empresa recorrente contra a atuação do órgão ambiental, durante vasto lapso temporal, evidencia, quiçá, a falência absoluta do sistema sancionatório administrativo de proteção ao meio ambiente, contrariando, ainda, os padrões mais comezinhos de responsabilidade social e ambiental", afirmou, no acórdão, o ministro Francisco Falcão, relator, adotando considerações do ministro Herman Benjamin.

Segundo a Petrobras, a pretensão de executar a multa estaria prescrita, em razão do decurso do prazo de cinco anos desde o trânsito em julgado do processo administrativo que confirmou o auto de infração. A empresa também alegou que não teria sido demonstrada nos autos a ocorrência de poluição ambiental, não tendo havido, segundo a petrolífera, comprovação de danos à saúde humana e aos animais da região.

Seis mil litros de óleo

O ministro Francisco Falcão destacou que as instâncias ordinárias afastaram a ocorrência de prescrição no caso e ressaltaram que, ao longo do processo administrativo, a Petrobras buscou todos os meios para o exercício de defesa, não tendo havido inércia da administração pública em concluir o procedimento de confirmação do auto de infração.

De acordo com o relator, a Justiça Federal de primeiro e segundo graus, com base no conjunto de provas juntado aos autos, analisou com profundidade todas as teses da petrolífera, inclusive a alegação de inexistência de dano ambiental.

Falcão ressaltou que, ao confirmar a multa administrativa, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região mencionou um relatório técnico segundo o qual a destruição da P-36 provocou o derramamento de cerca de seis mil litros de óleo no mar, formando uma mancha contínua de oito quilômetros quadrados que afetou a flora e a fauna.

Em relação ao embasamento legal para aplicação da multa, o relator comentou que o TRF2 firmou a compreensão de que o naufrágio da plataforma – "desencadeado por erro de projeto ou de execução de alguma tarefa a bordo", mas inerente às atividades desenvolvidas pela petrolífera – causou poluição e consequente infração ambiental, "estando o auto lavrado pela autarquia federal devidamente motivado" (AREsp 1423613).

(Com informações do STJ).

DESASTRE ECOLÓGICO - Mancha de óleo — Foto: Custodio Coimbra / Ag. Globo

IstoÉ Dinheiro - SP   14/09/2023

Desde o embargo petrolífero da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) aos EUA na década de 1970 até ao corte de gás da Rússia para a Europa Ocidental no ano passado, regimes desagradáveis transformaram o controle do petróleo e do gás em armas para perseguir objetivos estratégicos.

A transição para a energia verde tem o potencial de neutralizar para sempre a arma do petróleo e do gás. No entanto, podemos simplesmente estar a trocar uma forma de dependência de mercadorias e a sua bagagem geopolítica por outra. Vento, sol e hidrogênio são gratuitos. Mas os equipamentos que os transformam em energia, a armazenam em baterias e a transmitem necessitam de grandes quantidades de minerais cujo abastecimento é mais concentrado que o do petróleo e do gás.

A República Democrática do Congo possui 43% dos depósitos de cobalto do mundo, a Argentina 34% do lítio, o Chile 30% do cobre e a Indonésia 19% do níquel, segundo dados da S&P Global. Todos excedem a quota de 12% da Arábia Saudita na produção global de petróleo e a quota de 16% da Rússia na produção de gás natural.

Entretanto, ninguém utiliza mais a interdependência como arma do que a China. Proíbe regularmente importações e exportações com países que o atravessam politicamente e discrimina empresas estrangeiras para reforçar os seus próprios campeões nacionais. Em julho, o país disse que iria restringir as exportações de dois minerais vitais para semicondutores, sistemas de mísseis e células solares.

Os EUA estão agora lutando para limitar a sua vulnerabilidade. A Lei de Redução da Inflação do ano passado prevê subsídios para veículos elétricos, baterias e energias renováveis, desde que os minerais envolvidos venham dos EUA ou de países com os quais tenha um acordo de comércio livre e não venham da China.

Entretanto, a S&P Global destaca que há problemas com esta estratégia. Primeiro, a procura por estes minerais já está disparando e a lei aumentará essa procura entre 12% e 15% até 2035. O consumo de níquel, cobalto e lítio nos EUA, utilizados em baterias e outras tecnologias verdes, crescerá 23 vezes até 2035.

O Estado de S.Paulo - SP   14/09/2023

Neste mês de setembro, as cotações do barril de petróleo tipo Brent, referência para o Brasil, aumentaram 5,8%. A alta acumulada no ano chegou a 11,9%.

Quem leu com um mínimo de atenção o relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de agosto tem razões para acreditar que os preços tendem a permanecer altos. A demanda global por petróleo em 2023 deve crescer 2,4 milhões de barris por dia e 2,2 milhões em 2024. E, no entanto, a previsão para oferta fora do cartel deve aumentar só 1,6 milhão de barris por dia neste ano e 1,4 milhão em 2024.

Isso não é tudo. A economia mundial crescerá menos do que muitos projetaram, mas crescerá, e a Opep continua determinada a conter a oferta de petróleo. Há nove dias, a Arábia Saudita e a Rússia decidiram manter até o fim deste ano cortes de 1,5 milhão de barris diários na oferta ao mercado comprador.

Como os combustíveis contribuirão para realimentar a inflação mundial, as atenções se voltam para a atuação dos bancos centrais. Por mais que se insista em que o encarecimento da energia não pode ser combatido com aperto da política monetária (mais juros), porque não produz mais demanda de bens e serviços, restam as consequências do principal fator a combater, que é o excesso das despesas dos governos, que vem puxando as dívidas públicas para cima.

Como já foi comentado há dias nesta Coluna, a alta do petróleo não produz apenas efeitos negativos para o Brasil. De longe, o mais positivo é o aumento das receitas com exportações de óleo cru mais valorizado, que devem ultrapassar a marca de 1,5 milhão de barris diários.

No entanto, é preciso levar em conta dois impactos negativos sobre a economia brasileira. O primeiro é a inevitável alta interna do preço dos combustíveis. Mesmo com essa nova política nada transparente dos preços dos derivados, mais cedo ou mais tarde, a Petrobras terá de realinhar seus preços para evitar o desabastecimento.

Pelos cálculos da Associação Brasileira dos Importadores de Combustível (Abicom), os preços do diesel já estão 15% mais baixos do que os vigentes no mercado e os da gasolina, 10% defasados. Manter indefinidamente esses atrasos acabará por produzir impacto no fluxo de caixa e na rentabilidade da Petrobras, o que, por sua vez, implicaria menor transferência de dividendos para o Tesouro – que hoje está exaurido. E há também o efeito sobre as receitas dos Estados. Preços achatados correspondem a receitas igualmente achatadas de ICMS para os Estados e de participação também mais baixa dos municípios nessa arrecadação.

A inflação mais baixa do que a esperada em agosto, apesar dos mais recentes reajustes do diesel e da gasolina, pode encorajar a direção da Petrobras a reajustar mais realisticamente seus combustíveis.

AGRÍCOLA

Valor - SP   14/09/2023

Em Água Boa (MT), projeto de conectividade ajuda a melhorar resultados no campo

Felipe Zmijevski: com mais dados sobre as lavouras, as reuniões de planejamento, que eram mensais, passaram a ser diárias — Foto: Divulgação

Subir na caminhonete, dirigir 23 quilômetros, pegar o pen drive no trator, dirigir mais 23 quilômetros de volta até a sede da fazenda e, enfim, descarregar os dados sobre a operação de plantio ou colheita que ocorreu ao longo do dia. Essa era a rotina de Felipe Zmijevski, gerente da Agropecuária Jerusalém, em Água Boa, no Vale do Araguaia, em Mato Grosso, até 2021, quando a região recebeu suas duas primeiras antenas de telefonia — uma delas dentro da propriedade.

“A gente vem há anos trabalhando com o mapa de colheita para fazer análise de dados, mas sempre teve a parte de levantar o dado e o percurso de retirar, processar e analisar. E esse processo geralmente era feito nas operações mais importantes”, recorda Felipe.

A partir da conectividade e do monitoramento em tempo real de todas as operações, as reuniões de planejamento, que eram mensais, passaram a ser diárias, o que deu mais agilidade à tomada de decisões. Como resultado, a colheita agora leva três dias a menos do que demorava antes, o consumo de combustível diminuiu 25% e a produção ficou 18% maior.

O engenheiro agrônomo não deixa de reconhecer o papel do clima favorável no resultado da última safra, quando a fazenda colheu 12,9 mil toneladas, mas ressalta o ganho de eficiência que se conseguiu com o monitoramento em tempo real do desempenho das máquinas. Assim como Zmijevski, a concessionária em que ele comprou os equipamentos também tem acesso aos dados de operação da máquina, podendo prestar assistência técnica imediata.

“A gente teve um problema com a temperatura de uma das máquinas. Era um radiador entupido, uma coisa operacional simples, que a limpeza já resolveu”, recorda o gerente da Jerusalém. A solução imediata de pequenos problemas operacionais e o uso pleno de toda a tecnologia dos implementos garantiu um aumento de 4,2% no tempo médio de operação.

Gregory Riordan, diretor de tecnologias digitais para a América Latina da CNH Industrial, a fabricante dos tratores usados pela Agropecuária Jerusalém, a oferta de sinal de internet de qualidade é estratégica para a companhia, que tem como objetivo ter 100% de suas máquinas agrícolas com conectividade até 2025. “Imaginar um mundo sem conectividade no campo não é um mundo para o qual as nossas máquinas foram projetadas”, resume.

Fazenda Conectada

Partiu da fabricante de máquinas agrícolas a proposta para a instalação da antena como parte de um projeto batizado de “Fazenda Conectada”, desenvolvido em parceira com a TIM. A empresa de telefonia ficou responsável pela instalação de duas antenas na região, uma na fazenda e outra na cidade.

“Nós escolhemos uma fazenda e uma região que já entregava alta produtividade. Não fazia sentido nós montarmos uma fazenda conectada em uma região de baixa produtividade e aumentarmos o rendimento dela para alegar que tudo isso ocorreu graças à conectividade”, afirma Eduardo Penha, diretor de marketing e comunicação da Case IH — outra das marcas da CNH Industrial — para a América Latina.

Segundo ele, o projeto teve como objetivo mensurar os impactos da conectividade na operação agrícola para mostrar ao produtor os ganhos financeiros que a tecnologia é capaz de oferecer.

Segundo o estudo de viabilidade econômica feito por uma consultoria contratada pelo projeto, em um cenário de ganho de produtividade de uma saca por hectare, o investimento na instalação da antena, manutenção e sistema de telemetria, de R$ 1,4 milhão, se pagaria em até 3,17 anos. A Agropecuária Jerusalém conseguiu um aumento de produtividade de 3,15 sacas por hectare, o que permitiria pagar o investimento em menos de duas safras.

As empresas parceiras do projeto bancaram o investimento. Cada antena cobre até 30 mil hectares. Do ponto de vista comercial, a proposta é que, motivados pelo retorno financeiro gerado pela conectividade, os produtores arquem com esses custos — a TIM já uma cobertura de cerca de 14 milhões de hectares, mas ainda não tinha mensurado os ganhos efetivos de rendimento no campo.

“Agora a gente tem dados que podem mostrar justamente quanto da conectividade pode fazer diferença para produtividade e para a sustentabilidade”, argumenta o diretor de Desenvolvimento de Mercado IoT & 5G da TIM, Alexandre Dal Forno.

O jornalista viajou a convite da CNH Industrial

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