Valor - SP 14/08/2024
Companhia busca sócio para o negócio de energia e quer vender fatia minoritária em energia para reduzir alavancagem
Benjamin Steinbruch: “Comprar ativos no exterior é hoje o principal desafio” — Foto: Rogerio Vieira/Valor
Dona de 12,9% da Usiminas, a CSN reiterou nesta terça-feira (13) que vai cumprir a determinação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), e mais recentemente da Justiça, de reduzir sua posição na concorrente. A companhia, contudo, segue sem indicar prazo para esse movimento, definido em processo que corre sob sigilo.
“A venda das ações ainda está dentro do prazo determinado pela Justiça. A CSN está observando o momento ideal para fazer essa monetização e debatendo, internamente e com as autoridades, a melhor forma de fazer isso”, disse o diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, Marco Rabello, a analistas.
O Cade determinou em 2014 que a CSN reduzisse sua participação na Usiminas, para menos de 5%. Desde então, o prazo para a operação foi revisto duas vezes, a última delas em 2022. Há menos de um mês, a Justiça voltou a ordenar a venda das ações e a Usiminas indicou que a CSN descumpriu o prazo legal.
O momento não é o melhor para esse tipo de operação, já que as ações da Usiminas acumulam baixa de mais de 30% no ano. Mas o desinvestimento ajudaria a CSN a reduzir a alavancagem financeira em um momento de investimentos elevados. O interesse em comprar ativos da InterCement tem esbarrado justamente nesse ponto, enquanto a CSN busca alternativas para reduzir seu endividamento.
Em tratativas para trazer um parceiro para o segmento de energia, a companhia de Benjamin Steinbruch também negocia a venda de uma fatia minoritária da mineração. As enchentes no Rio Grande do Sul - a CSN é dona da geradora gaúcha CEEE-G - e a volatilidade dos preços do minério de ferro acabaram alongando as conversas, mas a ambição é fechar negócio ainda em 2024.
Além do compromisso de desalavancagem, outro grande desafio é a internacionalização dos negócios, conforme Steinbruch. “Internacionalização é nosso desafio maior, comprar ativos fora do Brasil. Estamos trabalhando fortemente nisso”, disse o CEO e presidente do conselho de administração. Interessam à CSN, sobretudo, ativos em siderurgia nos Estados Unidos e na Europa.
Conforme o empresário, especificamente no negócio de aço, ainda haverá alguns trimestres de esforços para redução de custos e modernização, embora os resultados já tenham começado a aparecer. “Esse foi o primeiro trimestre depois de muitos em que esboçamos uma reação [na siderurgia]”, disse Steinbruch.
Na mineração, os avanços são mais notáveis. “Estamos trabalhando com perspectivas boas de futuro. Estamos numa crescente e vamos continuar assim”, afirmou. No cimento, a produção já chegou perto da capacidade nominal, com redução de custos, e o desafio é “produzir a pleno”. Steinbruch destacou ainda a contribuição crescente que o negócio de logística tem trazido ao resultado. “Estamos certos que infraestrutura e logística vão valer muito no Brasil em breve”.
Os resultados da CSN no segundo trimestre vieram acima do esperado, em particular na mineração. A receita líquida subiu 12% ante o primeiro trimestre, para R$ 10,9 bilhões, enquanto o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado saltou 35%, a R$ 2,6 bilhões. Na última linha do balanço, a companhia teve prejuízo de R$ 222,6 milhões, refletindo o impacto negativo do câmbio na dívida em moeda estrangeira.
Valor - SP 14/08/2024
Grupo ítalo-argentino classifica como “inacreditável” a reviravolta recente do caso no STJ
Maximo Vedoya, CEO da Ternium: “Acreditamos que a razoabilidade vai prevalecer' — Foto: Carol Carquejeiro/Valor
A prevalecer a última decisão da Justiça na longa disputa com a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em torno da Usiminas, o grupo ítalo-argentino Ternium vai rever seus investimentos no país. Em entrevista ao Valor, o CEO da multinacional, Máximo Vedoya, classificou como “inacreditável” a reviravolta recente no processo judicial iniciado há mais de uma década pela CSN, e disse que a mudança das regras do jogo terá consequências não apenas para o grupo Ternium/Techint, mas para todo o mercado de capitais brasileiro.
“Acreditamos que a razoabilidade vai prevalecer. Mas, se acontece outra coisa, vamos ter de repensar nossa estratégia de Brasil”, disse.
No fim de junho, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) revisou um acórdão que era favorável à Ternium — assim como outras quatro decisões anteriores na Justiça e na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) —, obrigando pela primeira vez o grupo ítalo-argentino a indenizar em R$ 5 bilhões a companhia de Benjamin Steinbruch. Essa mudança radical de direção, apontou Vedoya, estabelece um ambiente de insegurança jurídica que é prejudicial aos investimentos.
Agora sob o entendimento de que houve troca de controle na Usiminas em 2011, quando a Ternium comprou uma fatia inicial de 27,7% do capital votante da siderúrgica mineira que pertencia a Votorantim e Camargo Corrêa e à Caixa dos Empregados da Usiminas, a Corte acabou decidindo a favor do pleito da CSN, que vinha colecionando derrotas no processo. Sócia minoritária da Usiminas, com uma fatia de 17,4% à época da transação, a CSN defende que houve alteração de direitos políticos, o que configuraria troca de controle e levaria à necessidade de extensão da oferta de compra, pela Ternium, aos demais acionistas da companhia.
Hoje, a CSN ainda tem 12,9% na siderúrgica concorrente, e por decisão judicial, tem de reduzir essa fatia a menos de 5%. Já a Ternium assumiu de fato o controle da Usiminas em julho do ano passado, com a compra de ações ordinárias detidas pelo grupo NSC, formado por Nippon Steel, Mitsubishi e MetalOne. Com a transação, de cerca de US$ 111 milhões, o grupo T/T passou a ter 61,3% do bloco de controle da companhia, enquanto o NSC ficou com 31,7% e a Previdência Usiminas (dos funcionários da siderúrgica), com 7,1%.
“A decisão do STJ foi uma grande surpresa, não esperávamos que isso fosse acontecer”, disse Vedoya. O novo entendimento da Terceira Turma, que antes já havia decidido que a compra inicial das ações pela Ternium não disparava a necessidade de oferta pública de aquisição (OPA), foi conhecido no fim de junho, após mudanças na composição do colegiado e um dos ministros ter se declarado impedido de participar da votação. Para o voto de desempate, foi convocado o ministro Antonio Carlos Ferreira, da Quarta Turma, e prevaleceu a posição de que a entrada da Ternium no grupo de controle “resultou em novo pacto entre os acionistas majoritários, com reformulação do bloco (...) e alteração política de sua administração”.
A Ternium recorreu da decisão no STJ, e está avaliando outras medidas para fazer valer seu entendimento, bem como as decisões anteriores. “Vamos usar todos os recursos possíveis para defender nossa posição, que acreditamos que é a razão jurídica”, ressaltou.
A surpresa com essa decisão, de acordo com Vedoya, pode ser explicada por uma série de argumentos, a começar por estudos conduzidos pelo grupo antes de comprar a posição inicial no bloco controle da Usiminas. “Estudamos muito o marco legal, a jurisprudência que havia tanto na esfera judicial quanto na CVM. E estava muito claro que não precisaríamos fazer uma OPA. Não compramos o controle da Usiminas [naquele momento]”, defendeu.
Esse entendimento foi reforçado pelas decisões que se seguiram ao processo iniciado pela CSN: duas favoráveis ao grupo ítalo-argentino na CVM, uma decisão positiva na primeira instância, outra na segunda instância e, finalmente, uma quinta decisão positiva no próprio STJ, em março do ano passado. A essa decisão, a CSN apresentou um embargo de declaração, que acabou levando a novo julgamento do mérito da ação em um momento de mudanças de ministros no colegiado. “Essa decisão coloca em risco os investimentos da Ternium no país. Hoje, não estamos decidindo sobre esse assunto, mas uma ação negativa nos faz repensar qual é nosso futuro no Brasil”, reiterou.
Procurada, a CSN disse em nota que “reafirma seu direito reconhecido por decisão do STJ”. “Em respeito ao Poder Judiciário, a companhia não comentará processos que correm em segredo de Justiça”, acrescentou.
A batalha entre Ternium e CSN extrapola o debate sobre uma eventual troca de controle na Usiminas. Conforme o grupo ítalo-argentino, a compra de ações da Usiminas pela CSN foi ilegal, tanto que sua venda já foi determinada pela Justiça. “É uma briga que nunca deveria ter existido”, disse Vedoya, acrescentando que, ao descumprir a obrigação de reduzir sua posição acionária, a CSN também está dando mostras de desprestígio das autoridades.
Junto com a assunção do controle da Usiminas em 2023, a Ternium implementou uma nova estrutura de governança na companhia brasileira, com direito à indicação da maioria dos membros do conselho de administração, do diretor-presidente da empresa e outros quatro nomes da diretoria. Em termos de capacidade produtiva, o país é o de maior relevância para o grupo, responsável por cerca de 50% do aço que produz. Metade da produção local é exportada para operações da Ternium, na Argentina e no México.
O grupo Techint chegou ao país em 1947, mas ganhou musculatura de fato nos últimos 10 ou 12 anos, com pesados investimentos em aquisição — nesse período, os aportes da Ternium no país chegaram a R$ 25 bilhões. Além da fatia na Usiminas, comprou em 2017 a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), que pertencia à alemã Thyssenkrupp, por 1,4 bilhão de euros. Hoje Ternium Brasil, a antiga CSA pode produzir 5 milhões de toneladas de placas de aço por ano na usina de Santa Cruz (RJ).
Apesar de ter presença nos Estados Unidos, a Ternium é uma empresa majoritariamente latino-americana. Considerando-se os números da Usiminas, que passaram a ser consolidados em seu balanço desde julho do ano passado, teve vendas consolidadas de 16 milhões de toneladas de produtos por ano, tendo como principais mercados México, Brasil, Argentina, Colômbia e Estados Unidos.
Valor - SP 14/08/2024
Ainda está no radar da CSN levar a alavancagem financeira de volta a níveis entre 1 vez e 2 vezes, pela relação entre dívida líquida e Ebitda, afirma diretor financeiro e de relações com investidores
O aumento da alavancagem financeira da CSN no segundo trimestre foi pontual e a companhia continua buscando operações estratégicas que contribuirão para a redução desses índices, de acordo com o diretor financeiro e de relações com investidores, Marco Rabello.
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“Houve um aumento pontual em razão do impacto da variação cambial nas dívidas em dólar, notadamente, nos últimos dias do trimestre. A CSN segue firme com foco em redução de alavancagem e segue discutindo trazer um parceiro para a energia e um parceiro estratégico para compra de uma fatia minoritária na mineração”, afirmou o executivo.
Conforme Rabello, a ambição é concluir ainda em 2024 essas operações, que, no segundo trimestre, acabaram sentido os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul, no caso do negócio de energia — a CSN é dona da geradora gaúcha CEEE-G —, e da volatilidade dos preços do minério de ferro. “Mas as conversas continuam e não queremos levar para 2025”, observou.
Ainda está no radar da CSN levar a alavancagem financeira de volta a níveis entre 1 vez e 2 vezes, pela relação entre dívida líquida e Ebitda, acrescentou, mas isso também vai depender do cenário para a siderurgia e de preços do minério, o que pode contribuir para redução da alavancagem via resultado operacional.
Na siderurgia, disse o diretor comercial do grupo, Luis Fernando Martinez, as medidas de defesa comercial adotadas pelo Brasil vão no caminho certo, mas têm intensidade inócua.
“A penetração do aço importado cresceu no segundo trimestre e pode haver alguma melhora, para alguns produtos, no segundo semestre”, afirmou. “Mas a gente continua recebendo estoque de material de baixa qualidade, sem controle de performance”, acrescentou.
Com a retomada da demanda vista no segundo trimestre, comentou Martinez, a CSN foi capaz de registrar preços melhores via redução dos descontos que vinham sendo praticados a partir do início de julho. Já os prêmios em relação à importação ficaram em níveis “bem razoáveis”, da ordem de 6% a 8%.
“No que diz respeito à demanda, se comparar com o que acontece no mundo, o Brasil está em condição melhor do que qualquer outra região. Em termos de mercado, a gente talvez seja a estrela”, ressaltou.
Ações da Usiminas
A venda das ações da Usiminas também pode ser uma das medidas para redução de alavancagem da CSN, afirmou Rabello.
Sobre essa operação, o executivo disse que a companhia entende que está dentro do prazo estabelecido pela Justiça para se desfazer dos papéis e está “observando o momento ideal”.
Valor - SP 14/08/2024
Objetivo é a redução de emissões da companhia na produção de aço
A ArcelorMittal Pecém, unidade do Grupo ArcelorMittal do segmento de aços planos no litoral do Ceará, busca alternativas para o uso do carvão siderúrgico em suas operações para a produção de aço a fim de reduzir as emissões da companhia.
Durante o Fiec Summit 2024, evento promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará, o CEO da empresa, Erick Torres, frisou que o setor siderúrgico tem o compromisso de neutralidade das emissões de gases de efeito estufa até 2050 e vem buscando alternativas de combustíveis menos poluentes e melhorias de processos para reduzir sua pegada de carbono na atmosfera.
Atualmente, a empresa utiliza cerca de 1,5 milhão de toneladas de carvão importado dos EUA e da Austrália para produzir 3 milhões de toneladas de aço. Torres ressalta que a transição energética para combustíveis menos poluentes já está em andamento, com adaptações no alto-forno para o uso de gás natural, embora o alto custo desse energético ainda seja um desafio. “O custo da molécula está entre duas ou três vezes mais caras do que outros mercados que estão próximos da gente”, explica.
Por outro lado, o terminal de gás natural liquefeito (GNL) do Porto do Pecém foi desativado no final do ano passado. Isso pode fazer com que o Ceará fique com a demanda por gás natural restrita ao que pode chegar àquele Estado por gasodutos. Tais fatores dificultam o processo de abertura do mercado de gás por conta da na dificuldade de oferta para grandes consumidores.
“O [consumo do] alto-forno de gás natural é quase igual ao consumo de toda Fortaleza, estamos falando na casa de 500 mil metros cúbicos por dia. Com o custo viável, o projeto, que já está em andamento, em breve terá capacidade para ter consumo”, explica
Com a sanção da Política Nacional do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono, a Lei 14.948, de 2024, que regulamenta a produção de hidrogênio considerado de baixa emissão de carbono, o hidrogênio é visto no horizonte como um importante combustível na transição e o Estado do Ceará é apontado como o principal hub do combustível para atender o mercado externo e num segundo momento, grandes consumidores, como a Arcelormittal.
Contudo, não há uma decisão tomada da empresa sobre isso, já que, segundo o executivo, “é preciso amadurecer processos industriais da siderurgia”. No curto prazo, ele vê como passo importantes para o Net Zero a melhoria de processos baseada em eficiência energética.
“No último ano de 2022 e 2023, nós reduzimos em 4,5% as emissões de CO2 só em aprimoramento na nossa planta de Pecém, só com melhoria de performance e melhor uso de combustível”, diz.
Para os próximos cinco anos, a empresa quer aumentar este percentual com a ampliação da sucata e potencializar o uso de gás natural e biomassa. Para a diretora executiva do instituto E+ Transição Energética, Rosana Santos, não faz sentido as indústrias intensivas em energia e emissões adiarem a descarbonização da produção para além de 2050.
Segundo Santos, a vocação do Brasil para energias renováveis possibilita que estas empresas sejam mais ambiciosas em suas metas. Ela destaca, no entanto, a importância de criar uma demanda por aço de baixa emissão, o que estimularia o desenvolvimento desse mercado e tornaria economicamente viável acelerar investimentos em descarbonização.
*O repórter viajou a convite da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec)
CEO da ArcelorMittal Pecém, Erick Torres — Foto: Divulgação/Vanessa Cordeiro
Infomoney - SP 14/08/2024
A noite da última segunda-feira (12) reservou surpresas positivas para a CSN (CSNA3) e para a CSN Mineração (CMIN3) após a divulgação dos resultados do segundo trimestre de 2024 (2T24) das duas companhias – com destaque para a empresa de mineração. Com isso, às 12h20 (horário de Brasília) desta terça-feira (13), CMIN3 saltava 6,49% (R$ 5,25), enquanto CSNA3 tinha ganhos de 2,65% (R$ 11,99).
A CSN relatou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 2,645 bilhões para o 2T24, crescendo 35% no trimestre e 17% em um ano, o que foi 13% acima do consenso e 12% maior que a estimativa do Bradesco BBI.
A principal diferença frente o modelo do banco é explicado pelo desempenho de custo melhor do que o esperado nas divisões de Mineração e Siderurgia.
“Em geral, os resultados da CSN foram marcados por números operacionais fortes em todas as divisões, seguindo: (i) a maior produção de minério de ferro desde 2016; (ii) uma recuperação trimestral nos resultados da divisão siderúrgica; e (iii) volumes recordes na divisão de cimento”, ressalta o BBI.
A produção de minério de ferro, por exemplo, atingiu 10,4 milhões de toneladas no trimestre, crescendo 14% frente ao 1T24.
Em termos de lucratividade, o Ebitda da CSN Mineração subiu 44% no trimestre, para R$ 1,6 bilhão, já que os preços realizados mais baixos foram mais do que compensados por volumes sazonalmente mais fortes e custos mais baixos —os custos C1 caíram 10% para US$ 21,20/tonelada. A divisão siderúrgica, por sua vez, se recuperou, impulsionada por volumes domésticos mais fortes (9% maiores no trimestre) e custos mais baixos, levando o Ebitda a atingir R$ 325 milhões (uma queda de 39% no trimestre e de 41% e, um ano), mas com uma margem Ebitda de 6% (de 4% no 1T24). Na divisão de Cimento, os volumes de vendas atingiram um recorde de 3,6 milhões de toneladas, o que, juntamente com custos mais baixos (10% menores), levou a margem EBITDA da divisão a se expandir em mais de 2 pontos percentuais (pp), para 28% (apesar dos preços de cimento realizados maisfracos).
Ainda assim, a CSN queimou quase R$ 1,2 bilhão em caixa, levando a um aumento de sua alavancagem de 0,2x, para 3,4x a relação Dívida Líquida/Ebitda (com dívida líquida subindo 11%, para R$ 37,2 bilhões, o que também é explicado pelo real mais depreciado.
A XP ressalta que a CSN reportou melhora nos resultados do 2T24 em todos os níveis, notando (i) operações de mineração mostrando um controle mais rígido dos custos e volumes de vendas decentes; (ii) melhoria dos resultados da divisão de siderurgia, com margens de até 5,8% no 2T24 devido ao melhor mix de vendas (maiores volumes de vendas no mercado interno), embora os preços tenham permanecido em níveis prejudicados; e (iii) mais um trimestre forte para a divisão de cimento, refletindo volumes de vendas recordes, aliados a um desempenho de custos controlado.
Os analistas ponderam que as variações cambiais trimestrais impactaram negativamente os níveis de alavancagem da CSN, permanecendo como uma das principais preocupações dos investidores sobre a tese de investimento da companhia.
Sobre CSN Mineração, a XP também ressalta que, com preços mais baixos de minério de ferro no 2T24, a CSN Mineração foi capaz de compensar um ambiente de commodities mais fraco trimestre a trimestre com um controle mais rígido sobre os custos, refletido em um nível C1 (Custo do minério, que envolve mina, ferrovia e porto)/t (tonelada) reportado com queda trimestral de 10%. Além disso, os embarques de 10,8 milhões de toneladas contribuíram para uma diluição adicional dos custos fixos, com as indicações da empresa de um mix continuadamente melhor (ou seja: menores compras de minério de terceiros) também apoiando os números do Ebitda ajustado sequencialmente (sem penalidades materiais de preços provisórios neste trimestre).
Apesar dos bons números, tanto o BBI quanto a XP possuem recomendação neutra para CSN e CSN Mineração.
Valor - SP 14/08/2024
"Estamos trabalhando fortemente nisso”, disse ele, em conferência com analistas e investidores sobre os resultados do segundo trimestre
O principal desafio e objetivo da CSN segue sendo a internacionalização dos negócios, de acordo com o CEO e presidente do conselho de administração da siderúrgica, Benjamin Steinbruch. “Internacionalização é nosso desafio maior, comprar ativos fora do Brasil. Estamos trabalhando fortemente nisso”, disse ele, em conferência com analistas e investidores, nessa terça-feira (13), sobre os resultados do segundo trimestre.
Interessam ao grupo, sobretudo, ativos em siderurgia nos Estados Unidos e na Europa, e essa busca tem sido constante. Assim como internacionalização, a redução da alavancagem financeira é prioridade para a CSN, acrescentou Steinbruch.
“A gente tem noção de que é um período de fortes investimentos, que a queda de margem com os importados na siderurgia está penalizando, mas reitero o compromisso total da CSN com desalavancagem”, disse.
Em junho, a relação entre dívida líquida e Ebitda da CSN estava em 3,36 vezes, de 3,13 vezes três meses antes. Conforme o empresário, especificamente no negócio de aço, ainda haverá alguns trimestres de esforços para redução de custos e modernização, embora os resultados já tenham começado a aparecer.
“Esse foi o primeiro trimestre depois de muitos em que esboçamos uma reação [na siderurgia]”, disse Steinbruch, acrescentando que os equipamentos que estiverem hoje ociosos não serão mais religados, como parte dos esforços para alcançar margens mais elevadas. Na mineração, por sua vez, os avanços já são mais notáveis.
"Estamos numa crescente e vamos continuar assim”
“Estamos trabalhando com perspectivas boas de futuro. Estamos numa crescente e vamos continuar assim”, afirmou. No cimento, seguiu, a produção já chegou perto da capacidade nominal, com redução de custos, e o desafio é “produzir a pleno”.
Steinbruch também destacou a contribuição crescente que o negócio de logística tem trazido ao resultado consolidado: “Estamos certos que infraestrutura e logística vão valer muito no Brasil em breve”, comentou. E disse que, no negócio de energia, os problemas causados pelas chuvas no Rio Grande do Sul já foram “dominados”.
Globo Online - RJ 14/08/2024
A inflação está dentro do intervalo de flutuação, mas sexta-feira passada saiu um dado que mostra que o IPCA bateu no teto da meta, no acumulado em 12 meses chegou em 4,5%. O risco inflacionário aumentou. Somado a isso, há ainda o temor no mercado financeiro de que o próximo presidente do Banco Central, seja mais leniente com o controle da inflação. É nesse contexto, como o mais provável candidato assumir a presidência da autoridade monetária ao fim do mandato de Roberto Campos Neto, que Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária da instituição, vem fazendo declarações duras, mostrando seu compromisso com o controle da inflação. Não é novidade, já que as votações no Comitê de Política Monetária do BC têm sido unânimes, mas é preciso repetir novamente. E é o que Galípolo fez na quinta-feira à noite e ontem quando disse que uma alta dos juros está sobre a mesa.
Os juros básicos da economia brasileira estão em 10,5%, já estão altos demais. E sinceramente não há um risco tão alto que leve o BC a aumentá-los, mas Galípolo quer deixar esse porrete em cima da mesa, para provar que mesmo sem Campos Neto, o BC continuará seguindo sua missão de levar a inflação para o centro da meta: 3%.
E quando se olha para frente há boas notícias. Apesar de o IPCA ter batido no teto da meta, a inflação de alimento em julho veio negativa. O que os especialistas estão dizendo é que agora em agosto pode haver deflação. Há quem acredite em dois meses de deflação e depois uma taxa muito baixa. Ou seja, esse acumulado, que chegou a 4,5% em 12 meses fechados em julho, vai diminuir. Os bancos estão prevendo uma inflação no fim do ano perto de 4%, 4,1%. A taxa vai ceder.
Com as falas de Galípolo e outros sinais de compromisso em manter a inflação baixa, o dólar tem caído. Fechou ontem em R$ 5,49, após ter chegado a R$ 5,73 na semana passada. E quando o dólar cai, fica mais possível um recuo da inflação, cria-se esse círculo virtuoso.
IstoÉ Online - SP 14/08/2024
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que apesar de os juros no Brasil serem “absurdamente altos” não é possível afirmar que a taxa de juros seja “exorbitante”. A declaração foi realizada em audiência da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. Ele pontuou que nos últimos cinco anos, entre 2019 e 2024, o Brasil teve uma menor inflação com uma menor taxa de juros.
“Não é possível afirmar que a gente tem uma taxa de juros exorbitante, apesar de ter uma inflação muito baixa. Na verdade, a gente tem é uma taxa Selic menor do que a média e uma inflação menor do que a média, ainda mesmo passando por um período de inflação global muito grande”, defendeu.
Campos Neto admitiu que o País tem tido uma desancoragem das expectativas de inflação que é preocupante e destacou que, embora a inflação implícita também tenha começado a subir, recentemente está se estabilizando. Ele reiterou que o Brasil está no processo de convergência de inflação com custo baixo tanto no emprego quanto no Produto Interno Bruto (PIB), levando em conta as surpresas positivas do mercado de trabalho e da massa salarial.
Ao analisar a evolução da taxa de juros no Brasil, Campos Neto reconheceu que ela é elevada. “Ainda é verdade que as taxas de juros no Brasil são absurdamente altas, isso a gente não discute. O que a gente está querendo mostrar aqui é que, ao longo do tempo, a gente tem sido capaz de trabalhar com taxas de juros mais baixas comparado com outros intervalos na história, tanto na parte real quanto na parte nominal”, disse.
Ele também pontuou que o BC observa a taxa de juros neutra na política monetária. “O Brasil tem uma taxa de juros neutra maior que alguns outros países. A gente vê que em termos de esforço monetário o Brasil está mais ou menos na média de outros países, apesar de ter uma taxa de juros real mais alta, o que significa que a nossa taxa de juros neutra é mais alta também. Precisamos investigar as causas da taxa de juros estrutural ser mais alta, que é um tema que a gente tem discutido bastante recentemente”, disse.
Também ponderou que o juro neutro no País é alto por causa da baixa taxa de recuperação de crédito. A dívida pública elevada, taxa de poupança menor e crédito direcionado maior também influenciam o juro neutro. A autonomia do BC voltou a ser discutida e Campos Neto argumentou que o Brasil teve o maior aumento de juro em período eleitoral em 2022, avaliando todo o mundo emergente.
Globo Online - RJ 14/08/2024
Em sua primeira edição, a pesquisa do Banco Central (BC) sobre as expectativas econômicas das empresas mostra o setor produtivo mais pessimista em relação à inflação que o mercado financeiro. Batizado Firmus, o levantamento com 92 companhias e dados de maio, ainda em fase de teste, mostra uma projeção de 4% para 2024. No mesmo mês, as expectativas das 170 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo BC para o tradicional boletim Focus projetavam inflação de 3,89% neste ano. De lá para cá, as previsões do mercado financeiro pioraram. Em julho, a inflação acelerou e, no acumulado de 12 meses, alcançou 4,5%.
O mérito da pesquisa Firmus está em dissipar dúvidas sobre a visão das empresas. O BC costuma ser frequentemente criticado por dar ouvidos à expectativa do mercado financeiro, tida como mais pessimista. A Firmus desmente esse preconceito ao mostrar que os empresários estão ainda mais preocupados com pressões inflacionárias. Nas três edições da Firmus realizadas até agora, as expectativas de inflação foram “consistentemente maiores” que na Focus, informou o BC.
Entre os principais temores dos empresários está o custo de mão de obra, cuja alta nos próximos 12 meses é estimada em 4%. A preocupação é compartilhada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), responsável por definir a taxa básica de juros. Com o menor nível de desemprego em dez anos e aumento na massa salarial, já houve reflexo na demanda, e os empresários sentem o clima de repasse nos preços.
Na atual conjuntura, a responsabilidade que recai sobre o Copom é ainda maior. Em dezembro, acaba o mandato de Roberto Campos Neto à frente do BC. O governo terá de indicar seu sucessor e mais três diretores. Com o histórico de declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, há dúvidas sobre quão leniente com a inflação será um colegiado dominado por integrantes indicados por ele. Até o momento, felizmente, não há indícios para alimentar os temores. Nas duas últimas reuniões, o Copom decidiu por unanimidade manter o juro básico em 10,5% ao ano. Na segunda-feira, o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, cotado para assumir a cadeira de Campos Neto, afirmou que o aumento da taxa de juros “está na mesa”.
Em repetidas declarações públicas, Campos Neto tem reafirmado confiança no trabalho dos atuais diretores do BC. O próximo teste acontecerá na reunião do Copom marcada para 17 e 18 de setembro. Se houver percepção de maior risco de inflação, como sugerem a Focus e a Firmus, o mais provável será nova alta nos juros. Preocupam dados como a alta de preços no setor de serviços e a taxa de câmbio depreciada. Entre os fatores que podem segurar a inflação, está a desaceleração global mais acentuada que a projetada.
Independentemente do que o Copom decida, Galípolo está certo ao ressaltar o compromisso de cumprir o mandato da instituição: controlar os preços. O desempenho da economia brasileira desde o fim da pandemia comprova que é possível conter a inflação sem maior impacto na atividade econômica. Para isso, credibilidade é essencial. Desacreditado, o Copom teria de apelar a altas acentuadas dos juros quando tivesse de encarar um período de descontrole inflacionário. A consequência seria uma freada brusca no crescimento, com mais desemprego. Costuma ser mais difícil resgatar a confiança do que mantê-la.
IstoÉ Dinheiro - SP 14/08/2024
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou que, se a autoridade monetária baixar os juros sem condições adequadas, haverá reflexos nos juros futuros e no câmbio, que ficará mais desvalorizado. A declaração foi realizada em audiência da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
“Quando os juros futuros começam a subir, você começa a gerar um desequilíbrio. No final das contas, o que você tem é um juros futuro mais alto, um câmbio mais valorizado e vai gerando uma situação na qual você começa a ter uma inflação maior também”, disse Campos Neto.
Ele ponderou que a inflação cria uma falsa sensação de melhora fiscal, porque a arrecadação é nominal, mas o custo danoso é de longo prazo.
“Existe uma tentação no curto prazo de que a inflação é boa para o fiscal e, de fato, é, porque como a arrecadação é nominal, quando a inflação é mais alta, você arrecada mais. Só que você arrecada mais com um custo futuro muito maior. Você está transferindo dinheiro de uma geração para outra, o que, no final das contas, é muito ruim para a história de longo prazo do País. Eu acho que é super importante falar que ajustar os juros artificialmente acaba levando a isso”, reforçou o presidente do BC.
Campos Neto ainda reiterou que reformas que passam percepção de melhora fiscal abrem espaço para juro menor e repetiu que a impressão de contas públicas desorganizadas dificulta a convergência da inflação.
Meta de inflação
O presidente do Banco Central lembrou que é o governo quem define a meta de inflação e cabe ao BC persegui-la. “É importante entender que a gente tenta ter a taxa de juros mais baixa possível, fazendo a inflação convergir para a meta. E, de novo, a meta da inflação não é o Banco Central que decide, é o governo que decide. O governo decide que a meta é 3%, o governo decide a banda, o governo decide que passou a ser contínua. Não é um trabalho do Banco Central. O Banco Central é minoria no CMN. A gente tem uma meta e o que a gente tem é liberdade operacional para atingir a meta. É o que a gente tem feito”, defendeu.
Ele ponderou que se o País tivesse uma taxa de juro neutra menor, a Selic sempre seria mais baixa e observou que, ao longo do tempo, o País fez reformas estruturais que se refletiram em juros menores.
“A gente não pode confundir causa e efeito. Se a gente tivesse uma dívida muito baixa, tínhamos juros muito baixos. Como a dívida é alta, e é igual para todos nós, se a nossa dívida é alta, a gente vai no banco e o banco vai cobrar mais juros. A gente não pode inverter a causa e o efeito. Em todos os momentos onde teve planos fiscais críveis, foi exatamente quando o Banco Central foi capaz de derrubar a taxa de juros”, disse Campos Neto.
Ele voltou a afirmar que a PEC 65, que amplia a autonomia da autoridade monetária, auxiliaria o BC nesse trabalho.
Eficiência do sistema
O presidente do Banco Central afirmou que o sistema de meta de inflação é o que tem mais eficiência no mundo. Ele explicou que há uma pressão sobre o resultado primário, que deve ser melhor, para estabilização da dívida pública.
Estimou que um resultado primário entre 2% e 2,5% do PIB ajudaria a estabilizar a dívida, com reflexo positivo para a taxa de juros.
“É verdade, tem que fazer um primário grande para estabilizar porque o País é bastante endividado. Mas, de novo, quem faz essa política ao governo, quem faz o orçamento do governo. Ao Banco Central, cabe cumprir o atingimento da meta e zelar pela estabilidade do sistema financeiro”, disse ele.
Globo Online - RJ 14/08/2024
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a angústia do mercado financeiro sobre uma possível recessão nos Estado Unidos é um pouco “antecipada e equivocada”, mas destacou que há elementos estruturais vinculados à eleição americana que podem gerar pressão inflacionária por lá.
Uma desaceleração econômica desorganizada nos EUA pode trazer turbulência financeira para o mundo, com impactos negativos em países emergentes, como o Brasil.
Na semana passada, os temores com uma possível recessão nos EUA geraram forte estresse nos mercados globais. No Japão, que passou por um aumento de juros recente, o principal índice inflacionário teve o maior baque em um único dia desde 1987.
— Mais recentemente, quase que a preocupação mudou de uma inflação muito alta para uma desaceleração da economia americana. Achamos que é uma angústia um pouco antecipada e um pouco equivocada. Trabalhamos com desaceleração dos EUA, mas de forma mais organizada, mas reconhecemos os riscos — disse, nesta terça-feira, em reunião das comissões de Desenvolvimento Econômico e de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
Segundo ele, a turbulência nos mercados pode estar relacionada a fatores estruturais para uma inflação mais alta nos EUA, como as políticas propostas pelos candidatos à presidência americana: a atual vice-presidente, Kamala Harris, e o ex-presidente, Donald Trump.
— Temos um conjunto de políticas que levam a crer que a inflação americana será mais alta — afirmou, citando a questão fiscal, as tarifas de importação e uma política anti-imigratória nas promessas de campanha dos candidatos.
Uma análise apresentada pelo presidente do BC na reunião mostra que a deportação de 7,5 milhões de pessoas dos EUA aumentaria a inflação muito rapidamente, superando 3,0%. Já o aumento de imposto de importação em 10% no mundo para todos os importados elevaria a inflação no país em 1,1%.
— Promessas de campanha nem sempre são realizadas. As pessoas não entenderam o que isso pode significar. Pode significar uma dificuldade dos EUA atingirem uma inflação mais baixa e juros mais parecidos com antes da pandemia, que era o que o mundo gostaria de ver.
Sobre a inflação brasileira, Campos Neto disse que está convergindo, mas que houve uma aceleração recentemente no acumulado de 12 meses, de 4,0% para 4,5%, acompanhada também com uma piora de preços mais relacionados com a atividade.
Segundo ele, um dos elementos de pressão é o custo dos alimentos, algo que também ocorre em outros países da América Latina.
— O que tem mais subido é a alimentação em domicílio. O BC está atento ao movimento de preços de serviços. Até agora tem sido capaz de ter crescimento acima do esperado, com emprego, sem grande pressão em serviços, mas começa a ver uma pressão.
O presidente do BC também destacou a importância da autonomia da instituição e repetiu que as pessoas vão perceber ao longo do tempo que o órgão é técnico. No mercado financeiro, há um temor de que o BC seja mais leniente com o combate à inflação quando a maioria da diretoria for formada por diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
— A autonomia está passando pelo seu primeiro teste. As pessoas vão entender ao longo do tempo que o BC é técnico, que cumpre um trabalho para cumprir a meta do governo.
Campos Neto vem sendo alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Através dos questionamentos, acreditam os opositores, o presidente do BC poderia admitir que as falas de Lula vêm causando instabilidade no cenário econômico, por exemplo.
Campos Neto deixa o BC no fim deste ano. A expectativa majoritária é de que Lula indique o diretor de Política Monetária e ex-número 2 do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, para liderar a autarquia.
O Estado de S.Paulo - SP 14/08/2024
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira, 13, que, apesar de os juros no Brasil serem “absurdamente altos”, não é possível afirmar que a taxa de juros no País seja “exorbitante”. Ele participou de audiência da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados e lembrou que, nos últimos cinco anos, entre 2019 e 2024, o Brasil teve uma menor inflação com uma menor taxa de juros.
“Não é possível afirmar que a gente tem uma taxa de juros exorbitante, apesar de ter uma inflação muito baixa. Na verdade, a gente tem é uma taxa Selic menor do que a média e uma inflação menor do que a média, ainda mesmo passando por um período de inflação global muito grande”, defendeu.
Campos Neto admitiu que o País tem tido uma desancoragem das expectativas de inflação que é preocupante e destacou que, embora a inflação implícita também tenha começado a subir, recentemente está se estabilizando. Ele reiterou que o Brasil está no processo de convergência de inflação com custo baixo tanto no emprego quanto no Produto Interno Bruto (PIB), considerando as surpresas positivas do mercado de trabalho e da massa salarial.
Ao analisar a evolução da taxa de juros no Brasil, Campos Neto reconheceu que ela é elevada. “Ainda é verdade que as taxas de juros no Brasil são absurdamente altas, isso a gente não discute. O que a gente está querendo mostrar aqui é que, ao longo do tempo, a gente tem sido capaz de trabalhar com taxas de juros mais baixas comparado com outros intervalos na história, tanto na parte real quanto na parte nominal”, disse.
Ele também afirmou que o BC observa a taxa de juros neutra na política monetária. “O Brasil tem uma taxa de juros neutra maior que alguns outros países. A gente vê que, em termos de esforço monetário, o Brasil está mais ou menos na média de outros países, apesar de ter uma taxa de juros real mais alta, o que significa que a nossa taxa de juros neutra é mais alta também. Precisamos investigar as causas da taxa de juros estrutural ser mais alta, que é um tema que a gente tem discutido bastante recentemente”, disse.
Ele também ponderou que o juro neutro no País é alto devido à baixa taxa de recuperação de crédito. A dívida pública elevada, taxa de poupança menor e crédito direcionado maior também influenciam o juro neutro. A autonomia do BC voltou a ser discutida e Campos Neto argumentou que o Brasil teve o maior aumento de juro em período eleitoral em 2022, avaliando todo o mundo emergente.
O presidente do Banco Central disse que a autoridade monetária terá de perseverar no processo de convergência do IPCA para a meta, já que o ritmo da desinflação tem arrefecido no Brasil, e destacou o caráter técnico das decisões da autoridade monetária.
“O Banco Central tem atuado de forma técnica e autônoma para cumprir as suas missões”, disse. “Mais recentemente, as decisões têm sido todas unânimes no colegiado (o Comitê de Política Monetária)”, ele acrescentou.
Política fiscal
Campos Neto disse ainda que, apesar de não caber ao BC comentar sobre a política fiscal no País, a percepção do mercado é de que o tema será difícil para o País nos próximos anos, o que adiciona prêmio de risco ao Brasil.
Ele avaliou que parte da acelerada depreciação recente do real foi provocada por um movimento global, mas que características específicas do Brasil e de emergentes provocaram maior desvalorização.
Sobre o Sistema Financeiro Nacional (SFN), Campos Neto disse que os bancos estão saudáveis, com índices de liquidez e capitalização adequados. “Na verdade, juro alto é ruim para o banco. Banco tem uma carteira de crédito que precisa ter securitização, que precisa ter giro, e quando o juro é muito alto, isso não acontece”, disse.
Ele ainda disse que o crédito do SFN está relativamente saudável e que o patamar da Selic não faz o crédito subir. “A gente teve vários movimentos no passado em que caiu a Selic sem credibilidade, e o crédito até caiu. É importante que a gente faça uma queda de Selic que tenha credibilidade para que o crédito possa cair”, disse, lembrando que nem sempre há sincronia entre juro longo e Selic.
Intervenção
O presidente do Banco Central disse que a autoridade monetária tem muitas reservas em dólares e intervirá no mercado de câmbio, se necessário. Mas reforçou que, até agora, não foi identificada nenhuma disfuncionalidade que exija a intervenção.
“O Banco Central tem muita reserva, vai fazer a intervenção se precisar”, afirmou, respondendo a indagações de um deputado petista durante uma audiência da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara. “Inclusive, o diretor da área de câmbio (Gabriel Galípolo, de Política Monetária) foi nomeado pelo governo.”
Os números mais recentes, de 2 de agosto, mostram que o BC dispõe de US$ 366,356 bilhões em reservas internacionais. No fim de 2023, eram US$ 355,034 bilhões.
Campos Neto lembrou que o BC só intervém no mercado de câmbio quando identifica alguma disfuncionalidade, já que o câmbio flutuante serve para absorver choques. Na recente desvalorização aguda do real, ele disse, os diretores debateram e chegaram à conclusão de que não havia razão para interferir, já que a mudança na cotação do real teria sido causada por uma piora na percepção de risco.
Ele lembrou que uma intervenção equivocada no câmbio poderia levar a uma piora de outras variáveis, como a taxa longa de juros.
Eventos externos
O presidente do Banco Central ressaltou que o Brasil está sendo muito afetado por eventos externos. “A gente está num contexto onde o que tem acontecido no mundo tem influenciado bastante e a gente viu uma sincronia muito grande de políticas monetárias e fiscais”, disse.
Ele afirmou que a autoridade monetária trabalha com a expectativa de desaceleração da economia dos Estados Unidos. E observou que o panorama mudou de ter preocupação com inflação alta para a desaceleração forte no crescimento. “Nós entendemos que é uma preocupação, vamos dizer assim, uma angústia um pouco antecipada e um pouco equivocada. A gente trabalha com o cenário mais provável de desaceleração nos Estados Unidos, de uma forma mais organizada, mas, sim, reconhecendo os riscos que isso pode causar”, disse.
Ele acredita que há novos desafios globais, que impactam na volatilidade dos mercados, a começar pela eleição americana. “Quando a gente olha a eleição americana, as campanhas e o que está sendo dito pelos candidatos, a gente tem basicamente um conjunto de políticas que leva a crer que a inflação americana vai ser mais alta”, disse.
A análise é que tanto democratas quanto republicanos falam de um fiscal mais solto. “O que isso pode significar — e de novo, promessas de campanha nem sempre são realizadas — é uma dificuldade maior dos Estados Unidos trabalhar com uma inflação bem mais baixa e, por consequência, ter um juro muito parecido com o que tinha antes da pandemia, que é o que hoje o mundo gostaria de ver”, disse.
O presidente do BC lembrou que, hoje, a expectativa dos Estados Unidos é de queda de juros. “A gente vê que tem uma sincronia grande entre países, geralmente quando os Estados Unidos começam a ter uma precificação de maior queda, os outros também. No mundo emergente a gente tem o caso do Brasil e da Rússia, uma exceção, onde o mercado precifica alta de juros, e não queda de juros. Então, aqui é uma exceção”, disse.
Para ele, se houver uma desaceleração lenta e organizada nos Estados Unidos, a desorganização temida pelo mercado não deve ocorrer.
O Estado de S.Paulo - SP 14/08/2024
As cidades mineiras poupadas das mudanças na distribuição da Compensação Financeira pela Exploração Mineral poderão aumentar em quase cinco vezes o valor que vão receber com os chamados royalties do minério de ferro.
Como mostrou o Estadão, a Agência Nacional de Mineração (ANM) alterou as regras para a divisão da Cfem-estruturas, que é distribuída a cidades que sediam estruturas de apoio à mineração, como pilhas de minérios ou barragens. Das 100 cidades aptas a receber a Cfem-estruturas no ciclo passado, apenas 31 permaneceram na lista do atual ciclo (2024/2025) – das quais só quatro fora de Minas Gerais, Estado natal do ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, a quem a agência é vinculada.
Destas, dez devem ficar até o final do processo (veja lista abaixo), segundo apurou a reportagem, tornando a lista ainda mais restrita. Isso deverá ocorrer porque os prefeitos podem escolher se preferem receber a Cfem como cidades afetadas pela mineração ou como cidades produtoras de minério – o que for maior.
Como a lista de 31 cidades contempla municípios que são grandes mineradores, como Parauapebas (PA), Itabira (MG) e Conceição do Mato Dentro (MG), elas devem sair do rol de beneficiárias pela Cfem-estruturas e optar por receber como produtoras.
Dessa forma, as dez cidades remanescentes beneficiárias da Cfem-estruturas vão dividir toda a verba, permitindo que pequenos municípios do interior de Minas Gerais possam até quintuplicar o que recebem em royalties da mineração.
É o caso de Resende Costa, na região central de Minas, com pouco mais de 11 mil habitantes. No último ciclo, a cidade recebeu R$ 4,5 milhões por ser afetada com uma estrutura industrial usada no apoio à mineração.
Segundo informações da ANM, está instalada no município uma usina de beneficiamento de minério de ferro. No próximo ciclo, Resende Costa poderá receber R$ 21,2 milhões graças à nova – e restrita – repartição da Cfem-estruturas.
O município é governado desde 2021 por Lucas Paulo de Assis Vale, do PSD – mesmo partido do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e tentará a reeleição. Procurado, o prefeito em exercício não retornou.
Das dez cidades que repartirão a Cfem-estruturas, oito são geridas por políticos de partidos da base aliada do governo Lula e duas são do PL. Todas ficam em Minas, com exceção de Caetité, na Bahia, governada por um político do PDT.
Após a publicação da reportagem que mostrou que a alteração normativa levou à concentração de pagamentos em Minas Gerais, a ANM informou que vai rever a lista e estender o prazo de recurso, ainda sem data definida. Procurados, o Ministério de Minas e Energia e Alexandre Silveira não se manifestaram.
Novo rateio
A alteração das regras para a divisão da Cfem-estruturas feita pela ANM fez com que a lista de municípios atendidos fosse reduzida em 70% e alcançasse majoritariamente cidades de Minas Gerais, Estado natal de Alexandre Silveira, e do seu indicado para à diretoria da agência, Caio Seabra. Municípios do Rio Grande do Norte, Amapá e Tocantins foram cortados.
A mudança ocorreu após o ministério publicar, no ano passado, um decreto estabelecendo que essas estruturas devem ser remuneradas quando vinculadas à produção. A ANM, por meio de um parecer elaborado por Caio Seabra, determinou que o principal critério é a informação, prestada pelas mineradoras, sobre se houve produção e se as empresas recolheram a Cfem.
A Cfem é uma taxa cobrada das mineradoras. A legislação determina que cidades produtoras repartam 60% de toda a arrecadação da Cfem, os Estados produtores recebem 15%, a União recebe 10% e os municípios afetados, 15%.
Essas cidades são subdivididas de acordo com a influência exercida pela mineração: portos, ferrovias, minerodutos e estruturas produtivas. Foi neste último conjunto que a ANM baixou a mudança da norma, que não leva mais em conta apenas a área ocupada por essas unidades industriais, mas a informação prestada pelas empresas mineradoras.
Uma lista com as cidades atendidas foi publicada no último dia 24 de julho, com prazo para recurso de municípios prejudicados até segunda-feira.
Veja quanto as dez cidades que devem ficar na lista de beneficiárias da Cfem-estruturas podem receber:
Alvorada de Minas: R$ 30,075 milhõesGuanhães: R$ 58,094 milhõesIgaratinga: R$ 8,658 milhõesItaúna: R$ 24,455 milhõesItaverava: R$ 17,296 milhõesPassa Tempo: R$ 22,531 milhõesResende Costa: R$ 21,273 milhõesSabinópolis: R$ 49,574 milhõesTeixeiras: R$ 59, 048 milCaetité (BA): R$ 47,980 milhões
Infomoney - SP 14/08/2024
Os preços futuros do minério de ferro em Cingapura caíram pela segunda sessão nesta terça-feira, atingindo o valor mais baixo em quase duas semanas, com a demanda vacilante em meio aos cortes na produção de aço na China superando o suporte dado por atividades de cobertura de posições vendidas.
O minério de ferro de referência para setembro na Bolsa de Cingapura caiu 0,36%, para 98,95 dólares a tonelada. No início da sessão, o contrato atingiu o nível mais baixo desde 31 de julho, em 98,25 dólares a tonelada.
O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia estável em 734,5 iuanes (102,39 dólares) a tonelada, depois de subir mais de 1% no início da manhã.
“Os fundamentos fracos acabaram se firmando após uma recuperação de curta duração. Como podemos esperar uma recuperação sustentada dos preços em meio a uma grande redução na produção de metais quentes?”, disse um analista do norte da China, que pediu anonimato por não estar autorizado a falar com a imprensa.
“Alguns investidores mais pessimistas recuaram, já que os estoques portuários caíram por duas semanas consecutivas, contribuindo para uma recuperação de preços no início desta manhã”, disse o analista.
Setenta e nove siderúrgicas haviam implementado manutenção de equipamentos na segunda-feira, um aumento de 41 em relação ao final de julho, impulsionado pela redução da lucratividade, disseram analistas da consultoria Mysteel em nota.
Os índices de referência do aço na Bolsa de Futuros de Xangai perderam ainda mais terreno.
O vergalhão caiu 1,95%, a bobina laminada a quente retraiu 1,62%, o fio-máquina perdeu 0,09% e o aço inoxidável recuou 0,58%.
“O mercado de aço ainda está sentindo a pressão da mudança para novos padrões de vergalhões, investigação antidumping no exterior, bem como sinais de abrandamento no setor de manufatura e no mercado de exportação”, disseram os analistas da Galaxy Futures em uma nota.
Auto Industria - SP 14/08/2024
A Stellantis segue diversificando atuação no mercado brasileiro e lança a Stellantis Locadora por meio da sua divisão de Serviços Financeiros, que atenderá pequenas, médias e grandes empresas interessadas no serviço de terceirização de frotas.
Outras montadoras já têm ações semelhantes, como a Toyota, Volkswagen e Audi, mas a Stellantis tem a vantagem de operar de forma multimarca, trabalhando inicialmente com produtos da Fiat, Jeep e Peugeot.
SP 14/08/2024
O sucesso de BYD e GWM abriram as portas para a chegada de várias marcas chinesas ao Brasil: empresas como Omoda Jaecoo e Zeekr vão estrear no país em breve.
Isso encoraja outras montadoras a estudarem o mercado brasileiro antes de se aventurarem de vez. Recentemente, flagrantes divulgados nas redes sociais revelaram a presença de carros da SWM por aqui.
A montadora de carros pertence à Shineray, uma das marcas chinesas de motocicletas mais famosas no Brasil.
Sua origem remonta a 2012, quando a Brilliance Auto Group formou uma joint venture com a Shineray para dar origem à Brilliance Shineray, cuja sede fica em Chongqing. O acordo viabiliza a produção de veículos das marcas SWM e Jinbei.
Marca de carros da Shineray desconversa
Pelo menos dois modelos da SWM rodam pelas nossas ruas. O Tiger é um crossover com ares de minivan capaz de levar sete passageiros. Na versão EDi, tem motor 1.5 a gasolina que serve apenas como gerador para as baterias. Quem traciona o veículo é o motor elétrico dianteiro de 143 cv e 21,4 kgfm de torque.
Já o G01 (que foi flagrado em Recife por Daniel Lapa) é um SUV com visual mais esportivo e projetado pelo departamento de design da empresa, cuja sede fica em Milão, na Itália. Usa motor 1.5 turbo desenvolvido pela Brilliance, capaz de render 158 cv e aproximadamente 22 kgfm de torque máximo.
Procurada por Automotive Business, a assessoria de imprensa da Shineray Brasil disse que os veículos estão sendo utilizados por executivos da marca de motocicletas e que “não há intenção nem planos” de vendê-los por aqui.
Marca só fez primeiro automóvel em 2016
A SWM surgiu após a Shineray adquirir a SV.VM (marca italiana de motocicletas fundada em 1971 por Piero Sironi e Fausto Vergani) em 2014. No mesmo ano, os chineses levaram seis modelos inéditos ao EICMA, o maior salão de motocicletas do mundo e que é realizado anualmente na Itália.
A marca de carros da Shineray só começou a produzir automóveis em 2016, quando lançou seu primeiro modelo, o SWM X7.
Assim como muitos veículos chineses lançados na década passada, o X7 tinha um design que remetia a vários modelos europeus de outras marcas. A dianteira do veículo parecia inspirada no Suzuki S-Cross, enquanto a traseira exibia lanternas que remetiam aos modelos da BMW vendidos na época.
Auto Industria - SP 14/08/2024
A indústria de motocicletas segue em ritmo acelerado em 2024. Levantamento da Abraciclo, Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares, indica que as montadoras instaladas em Manaus, AM, responsáveis pela quase totalidade da produção nacional, atingiram exatas 1.015.201 unidades de janeiro a julho.
O volume representa crescimento de 14,4% sobre igual período do ano passado e é também o maior para o período desde de 2012. Em julho, saíram das linhas de montagem 147,1 mil motos, expressiva alta de 19,7% na comparação com o mesmo mês de 2023 e nada menos do que 38,4% acima da produção de junho.
A Abraciclo enfatiza também que foi o maior resultado para o mês nos últimos 14 anos. Marcos Bento, presidente da entidade, comemora os números dos primeiros sete meses, mas alerta para risco de redução dos volumes até o fim do ano.
“A expectativa de estiagem na região amazônica para os próximos meses do ano exige atenção”, afirma o dirigente, lembrando que boa parte dos insumos e componentes das motos chegam às fábricas de Manaus por meio fluvial.
Preventivamente, assegura Bento, as fabricantes já teriam adotado medidas para minimizar possíveis impactos. “Todas desenvolveram planos de contingência para cumprir o planejamento dos volumes de produção e seguir com o abastecimento do mercado”.
Mercado puxa o ritmo
A aceleração das linhas montagem em 2024 decorre da demanda interna crescente por motos. De janeiro a julho, o mercado local absorveu, no varejo, 1,09 milhão de motocicletas, alta de 20,7% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Novamente, merece registro: foi o melhor resultado para os sete primeiros meses desde 2008 e o segundo melhor desempenho na história do segmento.
Em julho, foram negociadas 156,9 mil motos, crescimento de 27,5% sobre julho de 2023, como as da categoria street respondendo por 47,7% dos licenciamentos, as trail por 18,3% e as motonetas por 15,8%, índices muito próximos da média de todo o ano.
Portos e Navios - SP 14/08/2024
A MRS Logística obteve uma receita líquida de serviços de R$ 1,9 bilhão no segundo trimestre. O número representa um crescimento de 13,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A Malha Regional Sudeste administrada pela companhia cobre 1.643 km nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Segundo a MRS, o aumento obtido reflete não apenas a elevação no volume de transporte, mas também uma bem-sucedida recomposição tarifária.
O volume total transportado no trimestre encerrou em 53,5 milhões de toneladas, marcando um crescimento de 2,1 milhões de toneladas em comparação com segundo trimestre de 2023. No segmento de carga geral, houve um incremento de 700 mil toneladas, resultando em um aumento de 3,4% em relação ao período anterior, encerrando o trimestre com 20,4 milhões de toneladas transportadas. A carga geral própria também registrou um crescimento de 7,5%, com principalmente o transporte de produtos siderúrgicos e celulose.
O transporte de minério de ferro contribuiu com 1,4 milhão de toneladas, destacando-se como um fator chave para o aumento geral. Já o segmento de mineração apresentou um aumento de 4,5%, totalizando 33,1 milhões de toneladas, impulsionado principalmente pelo crescimento de 1,9 milhão de toneladas na demanda por minério de ferro destinado à exportação.
O EBITDA atingiu R$ 941 milhões, com uma margem de 50,8%. O lucro líquido cresceu 5,8% em relação ao segundo trimestre de 2023, em linha com o aumento no volume de transporte.
O trimestre apresentou uma realização 106,4% maior do que o mesmo período do ano anterior e 35,6% superior ao trimestre anterior. O grupo de crescimento e competitividade teve um incremento de R$ 222,6 milhões, em grande parte devido à renovação da frota de ativos com a chegada de novos vagões e à continuidade das melhorias na Baixada Santista.
Grandes Construções - SP 14/08/2024
Recentemente, o Governo Federal divulgou que vai investir fortemente em melhorias na malha de transporte das rodovias paranaenses.
A verba destinada para melhorar a infraestrutura de transporte do Paraná será de R$455,4 milhões até o final de 2024, valor que é 125% maior do que em 2022, quando foram destinados R$202 milhões para a mesma finalidade, conforme consta na plataforma ComunicaBR.
Uma parte deste projeto inclui os recentes leilões de concessões rodoviárias por meio de contratos. O plano, cujo objetivo é melhorar rodovias fundamentais para o escoamento de safras até 2025, será conduzido por empresas privadas que venceram os primeiros lotes de concessões para pedágios no Paraná.
Para o gestor da unidade de negócios da De Amorim Construtora, Bernardo Oliveira, essas obras de manutenção vão garantir mais segurança nas estradas, especialmente nas épocas de escoamento dos produtos agrícolas.
“Por muito tempo, grande parte da malha asfáltica das rodovias não recebeu a manutenção adequada, enquanto o escoamento das safras aumentava a cada ano, deteriorando vários trechos. Com os novos contratos, que estabelecem padrões mais rigorosos, o que o setor espera é uma malha muito mais resistente e entregue em tempo recorde.”
Nos próximos 30 anos, todos os 19 trechos leiloados, que abrangem mais de 40 municípios, vão receber diversas intervenções, como terceiras faixas, obras estruturantes em trechos mais críticos e nova sinalização.
Portos e Navios - SP 14/08/2024
No primeiro semestre de 2024, a PortosRio alcançou um expressivo aumento na movimentação de cargas, totalizando 36,7 milhões de toneladas. Este volume representa um crescimento de 23% em relação ao mesmo período de 2023. O resultado positivo é atribuído ao desempenho dos Portos de Itaguaí e do Rio de Janeiro, que apresentaram crescimento de 22% e 28,4%, respectivamente.
O Porto de Itaguaí movimentou 30 milhões de toneladas entre janeiro e junho deste ano, com destaque para o minério de ferro, que atingiu 27 milhões de toneladas, um aumento de 22,5% em relação ao mesmo período de 2023. Atualmente, o porto detém 14,5% de participação na movimentação nacional de minério de ferro, consolidando-se como a terceira maior instalação portuária no manejo dessa commodity, que é a principal carga da pauta exportadora do Brasil.
O Porto do Rio de Janeiro movimentou 6,7 milhões de toneladas, com destaque para a carga conteinerizada, que somou cinco milhões de toneladas, representando um crescimento de 53,9% em comparação com o primeiro semestre de 2023. A movimentação de contêineres no porto alcançou a marca recorde de 430.089 TEUs, um aumento de 64,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Em nível nacional, a movimentação da PortosRio no primeiro semestre de 2024 corresponde a 15,8% do total movimentado nos portos públicos do Brasil e 5,7% de todo o setor aquaviário, incluindo terminais privados.
Infomoney - SP 14/08/2024
A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) manteve inalterada sua previsão de crescimento da demanda global de petróleo para 2024 nesta terça-feira, mas reduziu sua estimativa para 2025, citando o impacto da economia chinesa enfraquecida sobre o consumo.
O relatório da IEA, que assessora os países industrializados, é o segundo nesta semana a sinalizar que uma economia lenta provavelmente reduzirá a demanda na China, o maior importador de petróleo do mundo e o segundo maior consumidor de petróleo.
“O fraco crescimento da China, após o aumento pós-pandemia em 2023, agora prejudica significativamente os ganhos globais”, disse o órgão de energia com sede em Paris em seu relatório mensal sobre petróleo.
Descubra o passo a passo para viver de dividendos e ter uma renda mensal; começando já nas próximas semanas.
Embora o impacto da recuperação econômica pós-pandemia da China tenha diminuído, a IEA espera uma forte demanda nas economias ocidentais, principalmente nos Estados Unidos, responsável por um terço do consumo global de gasolina.
A expectativa é de que a temporada de viagens no verão dos EUA seja a mais forte desde a pandemia, disse IEA, acrescentando que os cortes de oferta da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) restringiram o mercado físico.
“Por enquanto, a oferta está lutando para acompanhar a demanda do pico do verão, levando o mercado a um déficit”, disse.
A demanda mundial de petróleo aumentará em 950.000 barris por dia (bpd) em 2025, segundo a IEA, uma queda de 30.000 bpd em relação à previsão anterior. A previsão de crescimento deste ano permaneceu inalterada em 970.000 bpd.
Fora dos países desenvolvidos da OCDE, a demanda no segundo trimestre deste ano foi a mais lenta desde o ano pandêmico de 2020, disse a IEA.
A participação da China no crescimento dessa demanda deverá cair para cerca de um terço em 2024, em comparação com pouco mais de dois terços em 2023.
Na segunda-feira, a Opep cortou sua previsão de demanda para 2024 pela primeira vez desde julho de 2023, também citando a China.
Mesmo após sua revisão para baixo, o grupo de nações produtoras de petróleo disse que a demanda mundial de petróleo aumentaria em 2,11 milhões de bpd este ano, em comparação com os 970.000 bpd da IEA.
Globo Online - RJ 14/08/2024
A Petrobras afirmou que validou uma nova aplicação da tecnologia de “gêmeo digital”, ou Digital Twins, que cria representações virtuais de instalações operacionais, como fábricas e, no caso da estatal, plataformas de petróleo. O objetivo é permitir simulações fiéis de situações operacionais e antecipar problemas.
Segundo a estatal, ela já utiliza o “gêmeo digital” para criar versões digitais de refinarias, gerando “ganhos de rentabilidade e otimização que já representaram mais de US$ 200 milhões em um único ano”, de acordo com seu portal. Agora, a Petrobras pretende usar a tecnologia para “otimizar a produção e o escoamento de petróleo” — ou seja, a tarefa de extrair o petróleo do fundo do mar para a plataforma.
A validação ocorreu após dois anos de testes nas plataformas FPSO Cidade de Anchieta e P-57, que exploram tanto o pré-sal quanto o pós-sal no campo de Jubarte, no Espírito Santo. Segundo a Petrobras, o “gêmeo digital” mostrou-se capaz de aumentar a produção em cerca de 1%.
A tecnologia utilizada foi desenvolvida pela empresa brasileira ESSS, sediada em Florianópolis. A ideia agora é adotá-la no restante da frota da Petrobras.
— Precisávamos desenvolver um sistema semelhante, porém mais robusto, comercial, sustentável e escalável para todos os poços offshore da companhia — explica a diretora de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Renata Baruzzi.
IstoÉ Dinheiro - SP 14/08/2024
A safra agrícola brasileira de 2024 deve totalizar 298 milhões de toneladas, recuo de 5,5% em comparação com 2023, representando uma redução de 17,4 milhões de toneladas. Os dados são do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de julho, divulgado nesta terça-feira, 13, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Contudo, o resultado é 2,2 milhões de toneladas maior que o previsto no levantamento de junho, alta de 0,7%.
Área
Conforme o IBGE, o Brasil deve colher 78,6 milhões de hectares na safra de 2024, uma alta de 0,9% em relação a 2023, ou 727,2 mil hectares a mais. Em relação à estimativa do mês anterior, a área a ser colhida é 264,48 mil hectares maior.
Em relação a 2023, a área a ser colhida será maior para o algodão herbáceo (13,1%), arroz (4,9%), feijão (6%) e soja (3,2%).
Por outro lado, a expectativa é de redução na área para o sorgo (-5,3%), trigo (-11,2%) e milho (-3,2%).
Mais arroz, feijão, algodão e trigo
O Brasil deve colher mais arroz, feijão, algodão e trigo em 2024, mas menos soja, milho e sorgo.
Para o ano de 2024, são esperados aumentos, em relação ao desempenho de 2023, na produção de algodão herbáceo (10,8%), arroz (1,9%) feijão (7,1%) e trigo (22,7%).
Em compensação, a produção de soja deve recuar 4,3%, enquanto a de sorgo deve encolher 10,9%. A expectativa é de uma produção de milho 10,3% inferior, devido a reduções de 15,7% no milho de 1ª safra e de 8,9% no milho de 2ª safra.
A estimativa para a soja é que alcance uma produção de 145,4 milhões de toneladas em 2024. O milho deve somar 117,6 milhões de toneladas, sendo 23,4 milhões de toneladas de milho na 1ª safra e 94,2 milhões de toneladas de milho na 2ª safra.
A produção do arroz foi estimada em 10,5 milhões de toneladas e a de sorgo em 3,8 milhões de toneladas. Já a produção de trigo alcançaria 9,5 milhões de toneladas em 2024, enquanto a do algodão herbáceo totalizaria 8,6 milhões de toneladas.
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