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14 de Agosto de 2023

SIDERURGIA

Valor - SP   14/08/2023

Proposta de compra foi feita pela rival Cleveland-Cliffs, maior produtora dos EUA de aços planos, após ter informado a contratação de bancos para avaliar ofertas

A US Steel rejeitou neste domingo (13) uma oferta de US$ 7,3 bilhões para ser comprada pela rival Cleveland-Cliffs, maior produtora norte-americana de bobinas de aço laminado, horas depois de ter informado que havia contratado assessores financeiros para avaliar propostas pela empresa.

A Cleveland-Cliffs anunciou ter oferecido US$ 35 em ações e dinheiro por ação da US Steel, 43% a mais do que a cotação de fechamento na sexta-feira - US$ 22,72 -, mas que a oferta foi rejeitada. Pelo preço de fechamento da sexta-feira, a US Steel tem um valor de mercado de US$ 5 bilhões.

Horas antes, no próprio domingo, a US Steel havia informado que estava estudando opções estratégicas e que havia recebido diversas ofertas não solicitadas de compra de toda a empresa e de operações específicas.

O executivo-chefe da Cleveland-Cliffs, Lourenço Gonçalves, disse em comunicado que esperava continuar a tratar um possível acordo com a US Steel. A US Steel não quis comentar a oferta do domingo.

A aquisição criaria a única siderúrgica americana entre as dez maiores do mundo, segundo a Cleveland-Cliffs. Com sede em Ohio, a empresa tem sido uma grande compradora de operações siderúrgicas na América do Norte nos últimos anos.

Em 2020, adquiriu a maior parte dos ativos de aço nos EUA da ArcelorMittal, de Luxemburgo, segundo maior grupo global de aço, por US$ 1,4 bilhão em dinheiro e ações. Um ano antes, comprou a siderúrgica americana AK Steel, por US$ 1,1 bilhão.

A Cleveland-Cliffs informou que tem o apoio do sindicato United Steelworkers para a compra e que a organização “não apoiará ninguém além da Cliffs numa transação”.

A US Steel, de Pittsburgh, é símbolo da indústria dos EUA desde que foi criada em 1901. O financista J. P. Morgan comprou a siderúrgica de Andrew Carnegie e a combinou com uma rival para formar “o núcleo” da US Steel. A empresa divulga que seu aço ajudou a construir a Willis Tower, em Chicago, e o edifício da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, e que forneceu milhões de toneladas de aço às Forças Armadas dos EUA na Segunda Guerra Mundial.

No entanto, nos últimos anos, a empresa teve dificuldades e suas ações seguiram um rumo diferente ao dos papéis da Cleveland-Cliffs. As ações da US Steel valem 24% a menos do que há cinco anos e mostram um desempenho inferior ao do índice referencial de insumos S&P. As ações da Cleveland-Cliffs subiram 42% nos últimos cinco anos.

No balanço trimestral divulgado em 28 de julho, a companhia informou que o executivo-chefe David Burritt adotou um plano de venda de ações em 6 de junho que prevê a venda apenas se ações chegarem a um mínimo de US$ 49,47, segundo a VerityData.

Valor - SP   14/08/2023

O cofundador e Head da CSN Inova, criada no final de 2018, vê na plataforma uma rota para ancorar com novas tecnologias e parcerias o futuro da CSN

“Temos de criar um negócio grande, robusto, dentro da CSN”, afirma Felipe Steinbruch — Foto: Leonardo Rodrigues/Valor

Quando a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) foi arrematada em 1993 pelo grupo Vicunha, em leilão de privatização das siderúrgicas do país, Felipe Steinbruch ainda nem havia nascido. Hoje, aos 29 anos, e um dos acionistas do grupo CSN junto com sua família, ele tem como meta transformar a plataforma de inovação CSN Inova, da qual foi co-fundador em 2018, no sexto principal negócio da companhia, que tem a gestão sob comando de seu pai, Benjamin Steinbruch.

Atualmente, aço e mineração de ferro tem o maior peso na receita anual de R$ 40 bilhoes do grupo CSN, seguidos por cimento, energia e logística. Ao longo das três décadas, a CSN foi incorporando novos negócios, deixando de ser apenas aquela fabricante de aço plano da fase de estatal.

“Desde a criação da CSN, em 1941, inovação e excelência operacional eram pulverizadas na empresa. Agora, a CSN Inova busca e reúne tudo o que há de novo”, diz. “O que vai ser a CSN no futuro?”, pergunta Steinbruch, executivo-chefe da plataforma, que atualmente reúne várias frentes de startups e tem uma equipe estruturada com 22 profissionais. “Eram apenas dois no início”.

Um dos caminhos seguidos pela CSN nos últimos anos foi se posicionar ativamente no ecossistema de inovação, trazendo para dentro de casa, via startups e projetos, soluções que contribuam em vários aspectos na siderurgia, fabricação de cimento, na mineração e nos outros negócios. A substituição de combustíveis fósseis é um exemplo. Iniciativas em projetos de produção de hidrogênio verde é outro, assim como soluções ligadas a ESG (sigla práticas ambientais, sócio-econômicas governança).

“Já começamos a gerar ganhos para o grupo, com as inovações adotadas nos negócios. O montante de geração de valor dos projetos escalados, informa Steinbruch, já atinge R$ 300 milhões. Ele cita a UTIS, empresa fruto de parceria, em hidrogênio verde na fábrica de cimento mineira de Arcos, responsável por R$ 60 milhões de ganhos e produtividade.

Até o final deste ano, a previsão é ter um piloto bem sucedido, com eletrólise, para a usina de aço de Volta Redonda (RJ). Objetivo: menor geração de CO2 e ganhos de custos e mais competitividade.

Passados esses anos e com a evolução da CSN Inova, o tema ganhou prioridade dentro da companhia, tanto que Benjamin mencionou na última reunião com investidores a relevância da inovação nas decisões futuras.

“Meu objetivo é ter uma área protagonista, mas preciso continuar ajudando os negócios do grupo. Mais à frente, sim, se tornar um negócio novo e com independência de aportes da CSN. Já gerando caixa nas empresas e startups investidas”, afirma.

A plataforma está estruturada em quatro pilares e um deles é o fundo de venture capital, o CSN Inova Ventures. Em 2020, recebeu aporte de R$ 100 milhões para investimentos em startups e empresas com tecnologias disruptivas. Ao todo, já são nove, com o recém-investimento na startup de monitoramento e gestão de máquinas móveis, a GaussFleet.

Vale mencionar a 2DM, de Cingapura, no desenvolvimento de usos do grafeno; Oico (marketplace), clarke (energia) H2PRO e 1s1 Energy (hidrogênio) e i,Systems (inteligência artificial). Todas estão vinculadas a três verticais: indústria do futuro, transição ESG e B2B/Novos Negócios.

As outras três são CSN Inova Open (execução de projetos piloto e em escala e adotando inovação aberta), a Tech (novos produtos e novas rotas tecnológicas e tendências) e a Bridge (de temas integrados ao ESG). O foco dos quatro pilares passa por descarbonização, logística, recuperação ambiental e reutilização de resíduos e rejeitos, uso de dados para otimizar processos e novos produtos e materiais.

“A nossa ideia, desde o começo, era conseguir ajudar o grupo a se posicionar de forma estratégica no ecossistema de inovação global. A indústria pesada, como siderurgia, cimento e mineração, não estava nos locais avançados de inovação, como Vale do Silício, Israel e outros hubs”, afirma o empresário. Ele ressalta que na CSN Inova “todos têm de estar sempre incomodados; se não, não é uma área de inovação”.

Um diferencial com a plataforma, diz Steinbruch, é a agilidade que trazem as soluções de inovação. “Na CSN, o tempo médio de implantação de um projeto é de seis anos. Agora, constatou-se que em seis meses podemos ter já um piloto”, afirma. Segundo ele, muitas coisas podem ser feitas de forma compartilhada. “Ao trabalhar mais com startups, verificamos que ocorre um impacto cultural grande no grupo”, comenta.

No momento, a CSN Inova contabiliza 23 projetos pilotos concluídos. Desses, oito foram escalados com sucesso: o Circula Mais (spin-off operacional), o GaussFleet e o i,Sistems (investimento derivado). Este último usa inteligência artificial na área industrial visando reduzir o consumo de combustíveis fósseis na siderurgia, mineração e nas cimenteiras.

Segundo o empresário, outros 40 projetos do portfólio atual estão com os pilotos em andamento.

A CSN Inova soluções - criação de spinoffs com participação majoritária e acordos de cooperação tecnológica - tem como bases economia circular, e-fuel e B2B software. Um dos filhotes é o Circula Mais (gestão e venda de produtos e bens inservíveis por meio de plataforma digital). “É um piloto bem sucedido que já fatura R$ 500 mil. Conta com clientes de fora e até concorrentes. O Circula Mais já movimenta de R$ 400 milhões a R$ 500 milhões”, informa.

Um fundo novo da CSN Inova Ventures, de maior valor que o primeiro, estava previsto para ser estruturado neste ano, focado em “participação ativa, mais sinérgica e maior valor de investimento. Porém, segundo Steinbruch, a decisão foi postergada, sem data.

Formado em Comunicação Social na ESPM, com extensão na Columbia University - em desenvolvimento econômico de países emergentes -, o empresário trabalhou antes numa startup de microcrédito para micro empreendedores. Em 2018 passou um ano em Israel. Ao voltar começou a elaborar a CSN Inova, que saiu do forno no final daquele ano.

“Nasci e quero morrer dentro na CSN, mas não me identifico com finanças e operações. Passei por outras áreas, morei em Israel e aí me envolvi com startups e tive a ideia de tropicalizar. Então, criamos a CSN Inova”, diz Felipe.

Ele é o segundo filho de Benjamin Steinbruch e de dona Carolina. A primogênita é Victoria, assessora da presidência da CSN e conselheira em algumas das empresas. Alessandra, terceira dos filhos, também trabalha na companhia e chefia um escritório recém-criado nos EUA. Mendel, por enquanto, só estuda.

ECONOMIA

Agência Brasil - DF   14/08/2023

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, ficou em 0,12% em julho deste ano. A taxa ficou acima das observadas no mês anterior (-0,08%) e em julho de 2022 (-0,68%), segundo os dados divulgados nesta sexta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com o resultado, a inflação oficial acumula taxa de 2,99% no ano. Em 12 meses, a taxa acumula alta de preços de 3,99%, acima dos 3,16% acumulados até junho.

A alta da inflação foi puxada principalmente pelos transportes, que registraram alta de preços de 1,50% em julho, influenciado principalmente pelo aumento de 4,75% na gasolina. Também tiveram inflação o gás veicular (3,84%) e o etanol (1,57%), além da passagem aérea (4,97%) e os automóveis novos (1,65%).

“A gasolina é o subitem de maior peso na cesta do IPCA, então a alta de mais de 4% da gasolina foi o maior impacto do IPCA de julho. Se excluísse a gasolina do índice, o IPCA teria sido de -0,11%, menor do que o IPCA do mês passado”, destaca o pesquisador do IBGE André Almeida.

Os alimentos continuaram registrando deflação (queda de preços), ajudando a evitar uma alta maior do IPCA. O grupo alimentação e bebidas registrou variação de -0,46%, puxado por itens como feijão-carioca (-9,24%), óleo de soja (-4,77%), frango em pedaços (-2,64%), carnes (-2,14%) e leite longa vida (-1,86%).

Outro grupo que registrou deflação importante foi habitação (-1,01%), devido principalmente à queda de 3,89% na energia elétrica residencial.

A queda da tarifa das contas de luz nas residências, aliás, foi o subitem que mais contribuiu para frear a inflação. “A queda na energia elétrica está relacionada à incorporação do bônus de Itaipu, que foi creditado nas faturas emitidas no mês de julho”, explicou Almeida.

Entre os outros grupos de despesa, quatro tiveram inflação: artigos de residência (0,04%), saúde e cuidados pessoais (0,26%), despesas pessoais (0,38%) e educação (0,13%). Comunicação teve estabilidade de preços e vestuário apresentou deflação (-0,24%).

O Estado de S.Paulo - SP   14/08/2023

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira, 11, que a alta de 0,12% no IPCA de julho ficou um pouco acima do que o mercado esperava, mas considerou que a inflação está voltando para a meta.

“A inflação em 12 meses é um pouco poluída porque tivemos a desoneração (dos combustíveis) no segundo semestre de 2022 que jogou a inflação muito para baixo. Sempre uso para comparar que a nossa inflação de seis meses está igual à de um ano”, afirmou, em palestra no Fórum de Gestão Empresarial da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap), em Curitiba.

Campos Neto repetiu que o BC tem olhado com mais atenção a inflação de serviços, que tem caído mais lentamente. “A gente vê principalmente a questão de mão de obra, tem sido difícil contratar em alguns setores, e em outros casos há mão de obra sobrando. A parte de núcleos de serviços está bem acima da meta, mas o número de hoje nessa parte foi um pouquinho melhor”, completou.

Ele voltou a dizer que um processo de queda dos juros sem credibilidade tem efeitos contrários no crédito, no crescimento da economia e no emprego. “O importante não é o que você faz com os juros, mas como você faz isso. Se fosse apenas apertar um botão para subir ou cair os juros, seria muito fácil, não teria crise nunca. Mas, infelizmente, essas soluções fáceis são enganosas”, disse.

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) optou por iniciar o ciclo de afrouxamento monetário com uma queda de 0,5 ponto porcentual dos juros básicos, para 13,25% ao ano, o que surpreendeu uma parte do mercado, que apostava majoritariamente em uma queda mais “parcimoniosa”, de 0,25 ponto. O colegiado sinalizou ainda a manutenção desse ritmo de cortes nas próximas reuniões.

IstoÉ Dinheiro - SP   14/08/2023

Em julho, pela primeira vez em mais de dois anos, a China registrou deflação mensal de 0,3%. Economistas do país disseram que o recuo seria momentâneo, mas o índice se soma a outros indicadores negativos recentes sobre a saúde da segunda maior potência econômica do mundo – levantando dúvidas sobre seus efeitos para outros países.

Também em julho, as exportações recuaram 14,5% em relação a julho do ano passado, enquanto as importações encolheram 12,4% na mesma base de comparação. Além disso, no trimestre encerrado em junho a economia chinesa cresceu apenas 0,8%, depois da alta de 2,2% registrada entre janeiro e março. Anualizado, o número corresponde a uma variação de 3,2%, o menor patamar em três décadas.

Esses dados também fizeram soar o sinal de alerta sobre os reflexos dessa desaceleração sobre o Brasil. Mas, na opinião de economistas, os efeitos não serão drásticos na economia brasileira como um todo, embora o país asiático seja o principal importador de produtos brasileiros.

No ano passado, a China respondeu por mais de um quarto das vendas externas do Brasil, que somaram US$ 335 bilhões. Dos US$ 89,4 bilhões despachados para a China, quatro produtos ficaram com mais de 80% das vendas. Quem liderou o ranking foi a soja (US$ 31,7 bilhões), seguida pelo minério de ferro (US$18,1 bilhões), óleo bruto e petróleo (US$ 16,5 bilhões) e carnes (US$ 7,9 bilhões), apontam dados da Secretaria de Comércio Exterior.

“A desaceleração chinesa tende a afetar mais as commodities metálicas como minério do que o agro”, afirma o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. Silvio Campo Neto, economista e sócio da Tendências Consultoria, concorda com Vale. “O impacto nas exportações de alimentos é muito pequeno.”

A resiliência das exportações do agronegócio decorre da combinação de vários fatores. Por questões sazonais, a maior parte da safra deste ano de soja foi vendida para a China.

Campos Neto também observa que a China tem população bem avançada em termos de consumo. “Mesmo com o ritmo de crescimento mais comedido, certamente a demanda por alimentos não deve esfriar, pelo contrário: deve crescer, conforme a renda per capita do país for subindo”, afirma.

Vale diz que, historicamente, os chineses tendem a fazer todo o possível para evitar problema no abastecimento de alimentos. O economista destaca ainda que não há alternativas de fornecedores na escala do Brasil nesse momento. “Os Estados Unidos, cada vez mais, serão parceiros comerciais não confiáveis para os chineses, e isso nos aproxima deles no agro cada vez mais.”

‘Turbinas’

Roberto Dumas, professor do Insper da disciplina Economia Chinesa, compara a China a um avião com três turbinas. Duas delas – o investimento e as exportações – estão cada vez mais fracas. Sobra a do consumo, que o governo quer aumentar e transformar em força motriz. Isso dá uma certa garantia para as compras do setor agronegócio, especialmente de grãos destinados à ração de suínos.

Livio Ribeiro, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas e sócio da BRCG Consultoria, também acredita que o impacto será mais intenso sobre o minério de ferro, e observa que os preços da commodity estão recuando ao longo do tempo. Na quarta-feira, a tonelada do produto estava cotada a US$ 100,40 na Dalian Commodity Exchange da China.

Presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo faz uma avaliação diferente do quadro. Por meio de nota, o executivo diz que a empresa continua mantendo uma visão positiva da economia chinesa. “A Vale acredita que a demanda de aço da China ainda é resiliente e se mantém em níveis elevados, apoiada por fundamentos sólidos no longo prazo.

CNN Brasil - SP   14/08/2023

A volta da inflação em julho, depois da deflação de 0,08% registrada pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em junho, não deve afetar a expectativa dos agentes econômicos, que acreditam que a trajetória de queda dos juros deve ser manter consistente ao longo dos próximos meses.

A avaliação é de economistas ouvidos pela CNN após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar, nesta sexta-feira (11), que a inflação oficial do país registrou alta de 0,12% em julho.

A preocupação do mercado é que o ritmo de aceleração dos preços interfira na projeção para os juros até o final do ano. Na última semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) afirmou que irá manter em 0,5 ponto o ritmo de cortes da Selic nas próximas reuniões.

Segundo o último Boletim Focus, os economistas esperam que o IPCA encerre 2023 em 4,84%, enquanto a Selic esteja em 11,75%.

Especialistas destacam que a composição positiva do índice de preços de julho corrobora a intenção do BC de afrouxamento da política monetária. “A inflação no ciclo atual não chega a assustar”, afirma Samuel Barros, doutor em administração e reitor do Ibmec no Rio de Janeiro.

“O resultado de hoje certamente melhorou nossa perspectiva para a inflação no ano”, confirma Rafael Costa, economista e integrante do time de estratégia macro da BGC Liquidez.
Composição positiva

O comportamento dos tens que da composição do IPCA é positiva, ainda que o resultado final tenha vindo acima do esperado, avalia Gustavo Cruz, Estrategista Chefe da RB Investimentos.

O economista destaca a desaceleração da inflação de serviços, de 0,62% para 0,25%, e uma redução no índice de difusão do IPCA como os principais fatores para o resultado.

Já o índice de difusão da inflação — que marca o quanto o aumento de preços está disseminado na economia — está bem mais controlado, opina Cruz. O indicador desacelerou de 49,6% para 46,15% no último mês.

“Acredito que a composição é positiva para que a inflação tenha uma trajetória mais fácil para o Banco Central trabalhar com os cortes de juros adiante”, avalia o especialista.

Marco Caruso e Igor Cadilhac, analistas do PicPay, ainda destacam outros dois itens que reforçam uma “composição saudável” do índice.

A variação historicamente baixa da média dos núcleos (0,18%), que desconsideram do cálculo itens com maior volatilidade. Além da descompressão nos núcleos que guardam maior relação com a atividade econômica.

Olhando adiante, os especialistas destacam que a leitura qualitativa dos núcleos, incluindo serviços, vem se mostrando mais positiva. “Esse ponto, aliás, é mais relevante para a política monetária”, avaliam.

Enquanto isso, Samuel Barros destacou que o período de julho conta com os efeitos das férias de inverno no consumo turístico (passagens aéreas). Além disso, a inflação do mês sentiu o impacto da mudança na regra do preço dos combustíveis, destaca.

Segundo o IBGE, o grupo Transportes apresentou o maior impacto (0,31 ponto) e a maior variação (1,50%) no IPCA do mês.

Além disso, a gasolina, subitem de maior peso individual no índice (4,79%), foi o produto que mais impactou no resultado de julho, com uma variação de 4,75% e contribuição de 0,23 ponto percentual.

André Almeida, gerente do IPCA, explica que esse aumento capta a reoneração de impostos, com a volta da cobrança da alíquota cheia de PIS/COFINS
Trajetória em linha

Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, pontua que o resultado de hoje pode ser considerado positivo se analisado sob a perspectiva da busca pela retomada da estabilidade de preços, que é o objetivo atual do Banco Central.

Para a especialista, existe uma continuidade dos efeitos positivos sobre a inflação, que acontece por meio do encarecimento do crédito destinado aos consumidores e tem inibido o acesso à bens como eletrodomésticos e eletroeletrônicos.

“Como é sabido, esses bens são extremamente sensíveis às variações do ciclo econômico e alterações da taxa de juros”, ressalta.

Além disso, ela destaca que os serviços subjacentes também são representativos dos impactos da política monetária e se somam aos bens industriais, cuja evolução positiva pôde ser verificada desde o início do ano.

Samuel Barros concorda que o aumento da inflação no mês ainda pode ser considerado pequeno, e que ele ainda não chega a assustar.

O professor avalia que, agora, cabe ao Banco Central acompanhar os próximos meses, principalmente agosto e setembro.

O Estado de S.Paulo - SP   14/08/2023

Na direção certa. É assim que os presidentes dos principais bancos privados do Brasil veem a política econômica do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) até aqui, capitaneada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O andamento do arcabouço fiscal e da reforma tributária ajudaram a criar um cenário otimista que, afirmam, vai destravar a economia. Mas há discordâncias: os bancos são contrários a mudanças que o governo cogita propor na segunda etapa da reforma tributária, que atingirá os impostos sobre a renda.

“É natural, do ponto de vista dos juros, que neste segundo semestre a atividade arrefeça um pouco, mas todo o trabalho que vem sendo pelo ministro da Fazenda, pela equipe econômica e pelo próprio Banco Central (BC), está na direção absolutamente correta”, disse o presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy, em coletiva de imprensa para comentar os resultados do banco no segundo trimestre, divulgados na segunda-feira.

De acordo com ele, o BC fez o certo ao começar a aumentar os juros em 2021, enquanto outras autoridades monetárias do mundo relutavam em apertar os cintos. Isso permitiu que a Selic também começasse a cair agora - e o trabalho de Haddad ajudou. “As condições foram criadas pelo trabalho conjunto que foi feito, Ministério da Fazenda, Banco Central, todos olhando para o longo prazo.”

Visão parecida foi manifestada pelo presidente do Santander Brasil, Mario Leão. O balanço do banco foi divulgado no mesmo dia em que a agência de classificação de risco Fitch elevou a nota de crédito do País, citando a consolidação da agenda fiscal entre os motivos.

“[A elevação mostra o País] Na direção certa, faz parte da lição de casa. Eu não estava na turma dos pessimistas no começo do ano, não estou surpreso com a boa vontade maior da Faria Lima com o governo, o Haddad se consolidando, tudo isso eu de verdade visualizava”, disse ele a jornalistas. “Claro que tem que continuar entregando, como em tudo. A direção parece boa.”

Destravando negócios

A temporada de balanços do segundo trimestre foi “atravessada” pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de cortar os juros básicos da economia brasileira em 0,5 ponto porcentual, para 13,25%. Na visão dos bancos, o afrouxamento monetário é parte de um ambiente mais positivo para os negócios.

Nas coletivas e teleconferências de resultado, os bancos afirmaram que a demanda por crédito começa a voltar, em especial entre grandes e médias empresas. Os dois segmentos ficaram distantes do mercado financeiro no primeiro trimestre diante dos efeitos da Selic sobre a atividade econômica, e também após o baque da recuperação judicial da Americanas sobre o mercado.

“O segundo semestre tem bons sinalizadores, tem boas notícias”, afirmou o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior. “A própria redução dos juros pelo Banco Central traz um novo ânimo, a expectativa dos agentes econômicos melhora, e já percebemos no mês de julho uma nova disposição das empresas em tomar crédito.”

De acordo com ele, há inclusive operações de mercado de capitais prontas para sair. Para os bancos, essa é uma boa notícia: no primeiro semestre, as receitas dos bancos de investimento caíram diante da paradeira das emissões, em especial as de renda variável, que pagam comissões mais robustas.

“O que imaginamos nesse segundo semestre é um início de atividade mais forte no mercado de capitais, que andou bastante de lado no primeiro semestre”, disse Maluhy, do Itaú. A fraca atividade de mercado fez com que o banco tivesse quedas nas receitas com assessoria financeira e com administração de fundos, e levou a uma redução na estimativa de alta das receitas com serviços neste ano, da faixa de 7,5% a 10,5% para a faixa entre 5% e 7%.

Contrários

Os bancos, porém, são contrários à ideia do governo de extinguir os juros sobre capital próprio (JCP). O mecanismo permite a distribuição de resultados pelas empresas com dedução do valor da base de cálculo do imposto de renda devido. Existente desde 1995, o JCP substituiu a dedução fiscal da correção monetária após o Plano Real, que controlou a inflação do País.

Empresas de todos os setores pagam JCP. Os bancos argumentam que, para as financeiras, o peso é grande, porque as instituições são obrigadas a manter reservas de capital pelo regulador, o BC. Por isso, o JCP serviria para compensar assimetrias tributárias.

“O fim do JCP sem uma equação seria movimento ruim, porque seria taxar mais a indústria”, disse Leão, do Santander. “O JCP não é planejamento tributário, é pelo capital que temos de reter por questões regulatórias”, afirmou Maluhy, do Itaú. Segundo os bancos, o movimento aumentaria o custo do crédito.

Em comum, porém, os três maiores bancos privados do País disseram acreditar em uma saída negociada com o governo. “A interlocução com o governo tem sido bastante positiva”, disse Lazari, do Bradesco.

O Estado de S.Paulo - SP   14/08/2023

Há pouco mais de dois anos, a Lei Complementar 179/21, que regulamenta a autonomia do Banco Central (BC), foi aprovada com fanfarras. Parecia algo simples na época, a ponto de se prescindir de um grande debate nacional. Tratava-se de encapsular a excelência técnica da autoridade monetária de influências conspurcadas das conveniências políticas, atribuindo-lhe a função essencial de “assegurar a estabilidade de preços”, nada menos que isso. O combate à inflação passou a estar, supostamente, infenso à mesquinharia ditada pelo calendário eleitoral. Soa bonito, mas seu real desenvolvimento começa a ser testado apenas agora.

O presidente Lula da Silva tem ideias claras sobre as taxas de juros. Seu argumento preferido é que uma autarquia federal, o Banco Central, não pode ter objetivos que se contraponham ao compromisso de um governo eleito de retomar o crescimento e o emprego. Certa ou errada (ela é errada), essa ideia merece ser debatida. Argumentar que cabe ao Banco Central o papel de adulto na sala que impede políticas populistas é migalhice. Não se trata de contrapor avaliações técnicas, que se pretendem exatas e científicas, a interesses políticos de curto prazo. É muito mais complicado que isso, até porque entre os próprios economistas não há consenso sobre a eficácia de combater a inflação apenas através da manipulação da taxa Selic. Não há cálculo técnico incontestável que assegure que os juros no Brasil estão no lugar certo.

A coisa vai pegar mesmo a partir de 2025, quando o presidente Lula tiver a maioria de votos no Copom. É mais que provável que os novos diretores tenham uma visão menos ortodoxa a respeito do sistema de metas de inflação hoje adotado (que, a propósito, não está previsto na lei que regula autonomia). Não é preciso acreditar na ozonioterapia para questionar o que o Banco Central tem feito. Estudo de Z. Zhang e S. Wang (Do actions speak louder than words?, 2022), economistas do FMI, avaliou o desempenho de 68 países na década de 2010 e concluiu que aqueles que tiveram maior sucesso no sistema de metas de inflação não apresentaram melhor performance em termos de crescimento econômico e nem mesmo em relação ao comportamento dos preços.

Não deve ser surpresa se a nova diretoria, alinhada com as teses do presidente eleito, questionar o regime de metas e buscar alternativas para reduzir os juros, provocando cólicas no mercado financeiro. O sistema que temos hoje está longe de estar consolidado. Testaremos na prática, com grandes emoções, as implicações que não foram discutidas a fundo quando da aprovação da lei que regulamentou a autonomia do BC.

MINERAÇÃO

Money Times - SP   14/08/2023

O contrato do minério de ferro negociado no mercado futuro chinês em Dalian fechou em alta nesta sexta-feira (11), subindo mais de 2%. Esse crescimento se dá pelo aumento na produção siderúrgica na China . Porém, o país ainda traz dúvidas aos mercados, após dados econômicos dos últimos meses.

O minério de ferro mais negociado para janeiro na Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações do dia com alta de 2,1%, a 728 iuanes (100,64 dólares) por tonelada.

Na Bolsa de Cingapura, o minério de ferro de referência em setembro saltou 2,2%, para 103 dólares a tonelada, reduzindo as perdas do dia anterior.

Reflexos no setor imobiliário chinês

Os números recentes solidificaram as tendências de contração do país na indústria e construção até julho, prejudicando as perspectivas de demanda por insumos de construção.

Os problemas do mercado imobiliário da China se aprofundaram, enquanto os embarques da Austrália aumentaram, apesar da baixa temporada de construção na segunda maior economia do mundo, disseram analistas do ANZ em nota.

Temores de que a gigante imobiliária chinesa Country Garden estava se preparando para uma reestruturação da dívida levou seus títulos a uma baixa recorde e aprofundou as preocupações com o cenário para o setor imobiliário na ausência de um apoio mais forte de Pequim.

Enquanto isso, os estoques de cinco principais itens de aço carbono mantidos por 184 siderúrgicas chinesas pesquisadas regularmente pela Mysteel aumentaram ainda mais entre 3 e 9 de agosto devido à fraca demanda, com o volume total subindo 4% em base semanal, para 4,55 milhões de toneladas.

AUTOMOTIVO

O Estado de S.Paulo - SP   14/08/2023

Alvo das principais montadoras do Sul e Sudeste, que querem o fim dos incentivos a montadoras do Nordeste, a Stellantis, líder em vendas de automóveis no País e atualmente a única com fábrica na região, em Goiana (PE), afirma que, ao contrário do que dizem as concorrentes e o Tribunal de Contas da União (TCU), o projeto local trouxe avanços econômicos e sociais para a cidade e seu entorno. Na área social, por exemplo, a criminalidade caiu 40%, e a evasão escolar diminuiu de 15% para 0,5%.

“Essas empresas não conhecem o Nordeste e nem o povo nordestino”, diz o presidente da companhia, Antonio Filosa. Segundo ele, várias das montadoras que atualmente criticam os incentivos do regime especial do Nordeste, criado em 1997 e prorrogado várias vezes, também avaliaram a instalação de plantas na mesma época, mas desistiram de investir na região. “Nós corremos o risco, e hoje somos um case de sucesso.”

O incentivo está em vigor para a fábrica da Jeep, uma das marcas do grupo, desde 2015, e deveria se encerrar em 2025. Mas um movimento que envolve parlamentares e até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentar prorrogar o prazo até 2032, por meio de um adendo na reforma tributária.

A seguir, trechos da entrevista concedida na quinta-feira, 10.
Como o sr. avalia o movimento de montadoras do Sul e Sudeste pelo fim dos incentivos fiscais para a fábrica da Stellantis em Pernambuco?

Sou contra etiquetar como incentivo, porque é um regime para o desenvolvimento regional. E o regime para o Nordeste não é o único para a indústria automotiva, tem também o do Centro-Oeste e outros fora dessas rotas, como Manaus (AM). O Brasil é composto por várias regiões, distantes umas das outras, com enormes populações e grandes diferenças econômicas, sociais e culturais. O Brasil não é só o Sudeste, e as outras quatro regiões merecem oportunidades de desenvolvimento, assim como o Sudeste teve e capitalizou muito bem, pois hoje é uma potência.

Um dos argumentos do grupo é que o incentivo foi criado para atrair empresas e já teria cumprido sua função, pois o complexo em Pernambuco é bastante desenvolvido.

O regime do Nordeste existe desde os anos 1990 e nós iniciamos operações em Pernambuco em 2015. Usufruímos de uma primeira parte e depois de cinco anos houve uma redefinição que cortou o incentivo em 44%. Quando falamos de indústria, a diferença entre as regiões se traduz em competitividade ou falta dela. Se você compara São Paulo com o entorno de Recife, onde está nossa fábrica, é possível enxergar uma diferença enorme de infraestrutura logística e de qualidade de rodovias, e de infraestrutura de dados, entre outras. Em São Paulo, por exemplo, o 5G está se expandido em alta velocidade. Lá, a conectividade de internet tem muitas dificuldades. Somando várias questões, a região tem um gap competitivo grande em relação ao Sul e Sudeste. E é esse gap que o regime visa compensar.
Como se mede essa diferença?

Na época que a FCA (empresa que reunia a Fiat e a Chrysler e em 2021 se transformou na Stellantis, juntando outras marcas como as francesas Peugeot e Citroën) estava avaliando a instalação em Pernambuco, o governo federal contratou uma empresa de consultoria (Price), que fez um estudo e concluiu a existência de um gap de 22%, resultante da carência de investimentos em infraestrutura logística, além de vários outros fatores.
E qual era a contrapartida da empresa?

Investir na fábrica, na localização de fornecedores, contratar mão de obra local. Começamos com sete fornecedores e agora temos 50 no entorno da fábrica, nas cidades e Estados vizinhos. Espero rapidamente chegar aos 100. Ter fornecedores próximos reduz parcialmente a diferença de competitividade, mas ainda há outro gap, o de levar nossos produtos para os principais mercados consumidores, no Sul e Sudeste, que custa muito caro.

Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) avalia que não houve muitos avanços no desenvolvimento econômico e na criação de um polo industrial na região.

Eu gostaria de saber de onde saíram esses dados. Quando chegamos a Pernambuco levamos vários benefícios para a sociedade e, recentemente, um estudo feito pela Ceplan (Consultoria Econômica e Planejamento) mostrou dados que nós, inclusive, desconhecíamos. De tudo o que vi nesse estudo, quero destacar dois índices: o nível de criminalidade na região onde estamos caiu 40%, ou seja, tem 40% menos assassinatos, e isso é muito bom. O nível de abandono do ensino primário e secundário de crianças e adolescentes caiu de 15% para menos de 1%. Ou seja, as crianças ficam onde devem estar, nas escolas, e não na rua, onde podem encontrar ambientes muito complicados. Nós levamos para uma região rural a planta tecnologicamente mais avançada do mundo, estamos qualificando trabalhadores como nunca tinha ocorrido antes, tudo isso em nove anos. Outro dado da Ceplan é que a arrecadação fiscal, seja federal ou estadual, aumentou desde 2015. Para cada real do regime do Nordeste nós geramos R$ 5 em arrecadação, sendo R$ 2 pelo aumento da renda da população e R$ 3 pela atividade industrial.
As empresas que questionam a prorrogação do prazo de incentivos afirmam que a Stellantis recebe, em créditos tributários, cerca de R$ 5 bilhões ao ano e que esse incentivo resulta em redução de 20% nos preços dos carros feitos em Goiana, o que seria concorrência desleal.

É interessante ver que esse movimento é feito pelas mesmas empresas que, junto com a gente, estavam conversando com a Secretaria de Desenvolvimento de Pernambuco e de outros Estados a possibilidade de se instalar no Nordeste. Nós decidimos correr o risco e elas decidiram abandonar o projeto porque avaliaram que o risco, em relação ao benefício, era muito desafiador. Acho estranho isso agora, pois me parece que naquela época a visão dessas empresas era totalmente diferente. O tema é que provavelmente a Stellantis virou um case de sucesso em Pernambuco, no mesmo território e no mesmo regime em que a Ford decidiu abandonar o mercado, e isso está gerando algum tipo de interesse negativo. Creio que essas empresas não conhecem o Nordeste nem o povo nordestino. Já não conheciam antes, pois saíram de um projeto que, na nossa visão, era desafiador, mas estrategicamente importante, e conhecem menos agora porque não voltaram lá para ver o que aconteceu depois da nossa chegada.
O que o sr. quer dizer com ‘interesse negativo’?

Acho que muitos preferem ter menos competidores e menos fábricas disputando um mesmo mercado. Nós não temos essa visão. Entendemos que quanto maior e mais qualificado é o nível de competição, melhor. Quando a Ford saiu de Camaçari vimos isso com uma perda, pois diminuiu o número de fornecedores e de clientes dos fornecedores que ficaram, e isso gera aumento de custos por causa da menor escala de produção e menor eficiência.

Com todos os avanços citados, a Stellantis ainda precisa de subsídios até 2032?

Temos planos de investimento imenso de bilhões de reais para depois de 2025 em novas tecnologias, mais fornecedores locais, mais capacidade produtiva, novos produtos (principalmente híbridos e elétricos) e novos serviços. Para isso se materializar, precisamos de previsibilidade econômica. Entendemos que há possibilidade de um terceiro ciclo (o prazo do incentivo já foi prorrogado duas vezes) associado ao prazo estabelecido na Reforma Tributária para o ICMS, o que aumentaria nossa competitividade. Com maior nível de industrialização, a renda per capita das famílias locais aumenta. Quanto mais riqueza é gerada em um Estado, mais aumenta o consumo. Quando o PIB cresce territorialmente, há maior demanda por casas e carros, por exemplo.
Qual a produção em Goiana?

Temos capacidade para 280 mil veículos ao ano. É bom ressaltar também que transformamos Pernambuco numa planta de exportação para os países da América do Sul e para o México. Poderíamos, se quiséssemos, destinar toda a produção para o Brasil e pegar o regime em sua plenitude, pois ele só é aplicado nos modelos vendidos no mercado interno. Já exportamos 200 mil unidades.
Caso a extensão dos incentivos não seja aprovada pelo Senado, haverá mudanças no plano de investimentos?

Certamente muda, porque a previsibilidade econômica mudaria. Teremos de ver que impactos teremos, mas nesse momento não sei quantificar.
O sr. ou sua equipe estão conversando com governos e parlamentares para tentar garantir a prorrogação?

Nossos competidores estão conversando muito mais (para evitar a prorrogação).

Valor - SP   14/08/2023

Local estava no centro de uma longa negociação para que a chinesa BYD se instale no Estado

A Ford anunciou que fechou hoje com o governo da Bahia um acordo para reversão da propriedade da fábrica de Camaçari, que estava no centro de uma polêmica e longa negociação com a chinesa BYD. Tudo indica que a reversão da propriedade visa atender o interesse da montadora chinesa de se instalar naquele Estado. Mas a negociação, agora, deixa de ser entre as duas empresas.

Sem acordo, numa negociação que se arrastou por meses, a legislação que prevê reversão de posse foi a alternativa encontrada para pôr fim ao impasse entre as duas companhias. A Ford informou que vai receber pelo imóvel um valor de mercado. Segundo fontes do mercado, o instrumento prevê que uma empresa especializada determine o valor da operação.

“O acordo tem a finalidade de simplificar e agilizar o processo de transição de propriedade da fábrica, contribuindo para geração de valor ao Estado e à comunidade baiana”, destacou a Ford do Brasil por meio de comunicado.

Por meio de nota, o governo da Bahia confirmou o acordo. Sem fornecer detalhes sobre a transação, o governo lembrou apenas que a Ford manterá seu centro de pesquisa no Estado, onde trabalham 1,5 mil profissionais, na maioria engenheiros.

“À atuação dessa importante plataforma de desenvolvimento de inovações da empresa americana soma-se, agora, a implantação em Camaçari da fábrica da chinesa BYD, o que deverá elevar a Bahia a novo patamar no cenário da indústria brasileira. Mais do que atrair um grande fabricante de automóveis, no caso da BYD a Bahia conquista a vantagem de sediar um empreendimento voltado para a solução tecnológica, já que os veículos elétricos, especialidade da empresa, têm agregado uma série de inovações nos últimos anos e devem continuar evoluindo”, destaca a nota.

Já a montadora chinesa BYD informou, em comunicado, que segue com o planejamento de investir na unidade industrial de Camaçari, “mantendo as negociações necessárias com o governo da Bahia”.

“A BYD reforça seu compromisso de investir R$ 3 bilhões no complexo”, destacou a companhia sem fornecer detalhes sobre os próximos passos, já que a fábrica agora pertence ao governo baiano.

Segundo a nota, na Bahia serão instaladas três novas fábricas sendo uma unidade dedicada à produção de automóveis híbridos e elétricos, com capacidade estimada em 150 mil unidades ao ano, outra para à produção de caminhões elétricos e chassis para ônibus e a terceira, ao processamento de células de lítio e ferro fosfato, com a expectativa de geração de 5 mil empregos.

O Estado de S.Paulo - SP   14/08/2023

O futuro da indústria automobilística brasileira não está nos carros elétricos, mas em um híbrido de soluções que possam ser factíveis e viáveis. A afirmação foi feita pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, durante o lançamento da primeira estação experimental de abastecimento de hidrogênio renovável a partir do etanol do mundo, na quinta-feira, 10. A estação é desenvolvida pelo Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) da Universidade de São Paulo (USP).

O governador afirmou que o elétrico puro talvez não seja a saída para o setor devido ao investimento que teria que ser feito em infraestrutura, o peso destes veículos e o reflexo que eles teriam nos pavimentos.

“Vocação da indústria automobilística não está nos carros elétricos. Temos uma solução interessante no Brasil: o híbrido com hidrogênio. Amanhã, vamos ter condição de formular uma política pública para que tenhamos uma frota movida a biometano e hidrogênio”, disse.

Tarcísio, no entanto, destacou que a grande questão a ser resolvida pelo poder público em parceria com a indústria privada é como fazer o modelo ganhar escala em todo o Brasil. “A logística está pronta com o lançamento que fizemos hoje (quinta-feira). Posso ter um reformador em cada posto de combustível.”

O governador afirmou ainda que o Brasil estava se posicionando de forma líder no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, não só com o hidrogênio, mas também com o desenvolvimento do biometano e do combustível de aviação sustentável.

Tarcísio destacou não haver um exemplo mais contundente de economia circular do que a cana-de-açúcar. Segundo ele, o negócio já salvou o Brasil quando houve a crise do petróleo. “Nada tão brasileiro e paulista quanto o etanol. Somos o maior produtor de cana-de-açúcar e etanol do Brasil.”

Durante o evento, houve uma demonstração do Toyota “Mirai” movido a hidrogênio e uma demonstração de um ônibus com a mesma tecnologia. “Fiquei com vontade de ter ônibus com hidrogênio verde em toda a cidade agora”, brincou Tarcísio.

Valor - SP   14/08/2023

As montadoras produziram 122,7 mil unidades no mês passado, crescimento de 17,1% sobre o mesmo período de 2022

A produção de motos somou 122,7 mil unidades em julho, crescimento de 17,1% sobre o mesmo mês de 2022, segundo dados divulgados na manhã desta sexta-feira (11) pela Abraciclo, entidade que reúne 10 fabricantes instalados no Polo Industrial de Manaus. Em relação a junho, a expansão foi de 28,8%. Segundo a associação, foi o melhor mês de julho desde 2014.

No acumulado do ano, as montadoras já produziram 887 mil motocicletas, alta de 14,3% sobre os sete primeiros meses de 2022. A expectativa da Abraciclo para este ano se mantém em 1,56 milhão de unidades montadas, o que representa crescimento de 10,4%.

As vendas acompanharam a produção. Em julho, foram emplacadas 123,1 mil motos, alta de 14,5% sobre o mesmo mês do ano passado, mas queda de 12,3% na comparação com junho.

No acumulado do ano, as vendas atingiram 903,1 mil unidades, crescimento de 21,4% em relação ao mesmo período do ano passado. A previsão da Abraciclo é que sejam licenciadas 1,51 milhão de motocicletas em 2023, crescimento de 10,9% na comparação com o ano passado.

Os modelos de baixa cilindrada (até 160 cc) foram responsáveis por 80,9% dos emplacamentos no mês passado, com 99,6 mil unidades. As motocicletas de média cilindrada (entre 161 cc e 449 cc) somaram 19,4 mil licenciamentos, com 15,8% de participação do mercado. A alta cilindrada (acima de 450 cc) totalizou 4,1 mil unidades (3,3%).

As exportações de motos tendem a terminar o ano no vermelho. Em julho foram embarcadas 3,2 mil unidades, redução de 36% na comparação anual e de 11,1% em relação a junho. De janeiro a julho, o setor exportou 23,7 mil motocicletas, retração de 21,2% na comparação com o mesmo período do ano passado. A projeção da Abraciclo é que sejam embarcadas 49 mil unidades neste ano, retração de 11,5% em relação a 2022.

Valor - SP   14/08/2023

Item foi a segunda maior pressão para a alta do IPCA no mês, com impacto de 0,05 ponto percentual da taxa de 0,12% do IPCA

Após queda de 2,76% em junho, o preço do automóvel novo voltou a subir em julho, com alta de 1,65%, pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O item foi a segunda maior pressão para a alta do IPCA no mês, com impacto de 0,05 ponto percentual da taxa de 0,12% do IPCA.

O movimento está ligado, segundo o gerente da pesquisa, André Filipe Almeida Guedes, ao programa de incentivos fiscais do governo para a compra de veículos novos. “O automóvel novo tinha caído em junho muito influenciado pelo programa do governo para desconto na compra de automóveis novos. Agora em julho, com o fim do programa, teve uma alta de 1,65%”, disse Guedes.

O preço dos automóveis usados também sentiu o impacto do programa, já que segue a variação dos novos, mas continuou caindo em julho. A deflação foi de 0,93% em junho e 1,04% em julho.

Dados do IBGE, da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) registraram o impacto do programa na produção e vendas de veículos no país.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Agência Brasil - DF   14/08/2023

O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) registrou inflação de 0,23% em julho deste ano, inferior ao 0,39% de junho. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Sinapi acumula taxa de inflação de 3,52% em 12 meses, abaixo aos 4,82% acumulados até junho.

O custo nacional da construção passou a ser de R$ 1.710,37 por metro quadrado.

A mão de obra teve alta de preços de 0,53%, passando a custar R$ 708,59 por metro quadrado. Já os materiais variaram apenas 0,01% e passaram a ter um custo por metro quadrado de R$ 1.001,78.

O Estado de S.Paulo - SP   14/08/2023

Os compradores de casas na China aguardam uma queda mais aguda nos preços para reaver a demanda no setor de construção, segundo agentes imobiliários e economistas.

Para os especialistas, as vendas de casas estão caindo novamente porque os cidadãos chineses esperam mais subsídios de compra de imóveis dos governos locais, cortes de preços de incorporadoras e hipotecas mais baratas dos bancos. Por outro lado, os incorporadores precisam aumentar o número de vendas para evitar a inadimplência.

Maior incorporador do país, o Country Garden anunciou enfrentar problemas de liquidez depois que as vendas de apartamentos caíram por quatro meses consecutivos.

“Não é que eles não queiram comprar casas. Eles têm demanda de compra, mas estão apenas esperando”, disse Yan Songsheng, gerente de vendas de uma incorporadora estatal chinesa, sobre seus clientes.

No mês passado, as 100 maiores incorporadoras imobiliárias do país venderam US$ 49 bilhões em novos imóveis - a menor soma mensal em três anos, de acordo com a China Real Estate Information, um rastreador da indústria privada.

A atitude de esperar para ver dos compradores de imóveis é preocupante, dizem os economistas, pois pode retardar a recuperação do mercado imobiliário e, consequentemente, da economia chinesa.

O Estado de S.Paulo - SP   14/08/2023

Engana-se quem pensa que o maior preço por metro quadrado entre os imóveis residenciais no País está em São Paulo ou Rio de Janeiro. As duas cidades nem sequer integram o pódio, composto, respectivamente, por Balneário Camboriú (SC), Itapema (SC) e Vitória (ES). A capital paulista aparece em quarto lugar, seguida por Florianópolis, Itajaí e Rio de Janeiro. As informações são do ranking de julho deste ano elaborado pela FipeZAP+.

Enquanto os preços do metro quadrado dos imóveis em São Paulo e Rio de Janeiro ficam em R$ 10.549 e R$ 9.926, respectivamente, Balneário Camboriú lidera com folga, com preço médio de R$ 12.335.

De acordo com especialistas ouvidos pelo Estadão, o que encarece o preço na cidade, um destino turístico de famosos como Neymar, é o desenvolvimento da região, a facilidade de acesso via estradas e aeroportos e a alta procura por apartamentos.

Fernando de Mello Franco, professor da FAU Mackenzie e ex-secretário Municipal de Planejamento Urbano de São Paulo (2013-16), diz que os imóveis na região litorânea de Santa Catarina têm preços elevados devido a fatores que vão além da busca por um lugar para morar ou passar as férias.

“O preço do metro quadrado em Balneário Camboriú não é uma questão de déficit habitacional, como pode acontecer por oferta e demanda. A cidade é relacionada ao veraneio, e também aos investimentos feitos no alargamento da praia.” Segundo ele, o que impacta os preços dos imóveis não é tanto o valor do metro cúbico de concreto, uma commodity tabelada, mas sim a localização. “Os preços do litoral de Santa Catarina têm muito a ver com a disputa pela praia e pela paisagem.”

No fim de julho, a renomada construtora FG Empreendimentos lançou um comercial estrelado por ninguém menos que o ícone do futebol português, Cristiano Ronaldo. O foco da publicidade, direcionada a atrair clientes no exterior, foi no empreendimento One Tower. Lançado em dezembro do ano passado, o edifício residencial mais alto da América Latina tem 290 metros de altura e 84 andares. Com 20 ambientes de áreas de lazer, cada apartamento foi vendido por cerca de R$ 15 milhões.

O empreendimento não é o mais caro da região atualmente. A própria FG Empreendimentos tem imóveis à venda por até R$ 65 milhões. O mais caro disponível é um apartamento de cobertura do edifício Titanium. Com os próximos lançamentos, a empresa apresentará ao mercado apartamentos de até R$ 120 milhões.

Na plataforma Zap Imóveis, terrenos de 5.000 m² são vendidos a R$ 45 milhões, e de 84 mil m², por R$ 140 milhões. Apartamentos prontos também estão anunciados com valores entre R$ 8 milhões e R$ 12 milhões.

Em Itapema, uma unidade de frente para o mar no edifício Palazzo del Mare, com 300 m², sai por R$ 5 milhões. Em Vitória, o apartamento na cobertura do edifício Life Garden também sai por R$ 5 milhões.

Cyro Naufel, diretor institucional do Grupo Lopes, pondera que o destaque de cidades fora do eixo Rio-SP no topo do ranking da FipeZap+ pode ser explicado pela diversidade de casas e apartamentos vendidos nessas capitais.

“Em imóveis, São Paulo vai de A a Z. Quando falamos da média, ela é prejudicada ao avaliar lugares bem menores. Para efeito estatístico, as primeiras colocadas têm variação de preço menor, o que faz a média ser alta no raciocínio estatístico. Por terem média alta, há picos de alta de preço muito fortes. Por isso, mesmo sendo cidades pequenas, a média ficou acima de SP”, afirma Naufel.

“Vitória teve um grande empreendimento no ano passado com apartamentos sendo vendidos a R$ 20 mil por metro quadrado. Vitória, assim como Vila Velha, é uma cidade que teve valorização local, não foi em razão de turistas”, afirma.

Em São Paulo, um dos destaques do mercado de luxo residencial é o Bueno Brandão 257, na Vila Nova Conceição. O metro quadrado sai por R$ 50 mil, e cada apartamento custa a partir de R$ 25 milhões. O prédio terá 22 apartamentos de 500 m², uma unidade térrea de 711 m² e uma cobertura duplex de 923 m², com um valor geral de vendas previsto de R$ 575 milhões.

A Even aposta no empreendimento chamado Casa Alto de Pinheiros. O edifício fica a oito minutos a pé do Parque Villa-Lobos, e cada morador tem direito a quatro vagas de garagem e quatro suítes. São 52 unidades com 327 metros quadrados (m²) e outras quatro unidades duplex com 577 m². Cada apartamento sai por R$ 9 milhões.

Luiz França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), afirma que os municípios com mais desenvolvimento econômico geram uma espiral de demanda e valorização do metro quadrado. “Cidades com economias diversificadas e forte atividade empresarial geralmente oferecem mais empregos e oportunidades, o que atrai pessoas que estão dispostas a investir em imóveis na região, impulsionando assim os preços”, afirma França.

Segundo o índice FipeZap, que avalia 50 cidades no País, o preço médio dos imóveis residenciais subiu 5,61% nos últimos 12 meses até junho. A alta foi acima do IPCA, que subiu 3,8% no período, e do IGP-M, que caiu 7,72%.

Diante do início da trajetória de queda da taxa de juros no País, os preços dos imóveis ainda devem se manter ou aumentar até atingirem um ponto de estabilização nos próximos meses. “Pode haver espaço para aumento de preços, mas não inicialmente. Para manter a liquidez da venda, a renda do comprador precisa melhorar. Não adianta subir o preço e não vender. O aumento agora tende a ser menos íngreme do que foi nos últimos anos”, afirma Naufel.

Imóvel como investimento

Para Franco, do Mackenzie, o aumento de construções de prédios nas cidades, como prevê, por exemplo, o novo Plano Diretor de São Paulo, não deve reduzir o preço médio do metro quadrado devido a uma tendência de vender imóveis como forma de investimento, para receber aluguel.

“O mercado sempre fala que aumenta a oferta e cai o preço. Historicamente, o que vemos é que, onde há maior volume de produção imobiliária, há oferta não só de apartamentos, mas uma linha de transporte que se conecta a pontos como universidades ou estádios. A procura não é por moradores, é por investidores. A lógica de remuneração é do AirBnB. É a financeirazação dos imóveis. Quanto mais valorizada uma área, mais gente ela vai atrair”, diz.

França, da Abraint, afirma que o investimento imobiliário é uma opção atrativa para aqueles que buscam segurança e rentabilidade. “Os imóveis oferecem uma vantagem adicional, pois são menos impactados por crises financeiras. Enquanto ativos de renda variável sofrem quedas expressivas durante momentos de crise, o preço dos imóveis é menos afetado, o que torna essa opção mais segura para os investidores. Por fim, a queda nos juros e a perspectivas de outras reduções na Selic cria um ambiente favorável para investir em imóveis valorizando-os ainda mais”, diz.

Se essa é uma tendência nas grandes cidades do País, há uma onda contrária em Balneário Camboriú. Segundo a gerente de planejamento comercial e de marketing da FG Empreendimentos, Patricia Fernandes, o público que compra imóveis na cidade atualmente tende a usá-los como moradia.

“Há alguns anos, tínhamos uma proporção de 70-30 entre investidores e moradores. Hoje, essa proporção está quase 50-50. As pessoas passaram a usar mais os imóveis, especialmente depois da pandemia”, afirma.

FERROVIÁRIO

Infomoney - SP   14/08/2023

Com o lançamento da nova edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) feito nesta sexta-feira (11), no Rio, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passa a nutrir expectativa de atrair parceiros para investimentos em grandes projetos de infraestrutura como a Ferrovia de Integração Oeste Leste (Fiol), a Ferrovia Transnordestina e o projeto da Ferrogrão, linha férrea entre o Mato Grosso e o Pará.

Ao tentar criar condições que estimulem a participação de empresas privadas em obras públicas, o governo também se movimenta para avançar no plano de extrair petróleo na Margem Equatorial, faixa que vai do litoral do Amapá ao Rio Grande do Norte. Recentemente, o veto do Ibama à possibilidade de perfurar poços na região causou atrito entre a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede Sustentabilidade), e alas do governo favoráveis à ideia, como o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG) e o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP).

O lançamento das obras da Fiol ocorreu em julho e na época a ferrovia foi anunciada como “primeira obra do novo PAC”. A conclusão está prevista para 2027. Na ocasião do lançamento, Lula chegou a pedir publicamente aos empresários envolvidos no empreendimento que a ferrovia seja entregue antes do prazo, em 2026. Com 1,5 mil quilômetros de extensão, a ferrovia vai ligar Ilhéus (BA) a Figueirópolis (TO). Para o trecho que vai de Ilhéus a Ipiaú, no interior baiano, está previsto investimento de mais de R$ 1 bilhão.

Também no Nordeste, a Transnordestina foi lançada em 2006, ao fim do primeiro mandato de Lula, e também tem potencial para alavancar o crescimento econômico da região. De acordo com o projeto, são mais de 1,7 mil quilômetros compreendendo os estados do Piauí, Ceará e Pernambuco, ligando o agreste ao litoral. Até o momento, pouco mais de 600 quilômetros da obra foram concluídos, em idas e vindas que envolveram suspeitas de ilegalidade no repasse das verbas.

Já o projeto da Ferrogrão ainda não saiu do papel. O plano é criar um corredor de 933 quilômetros entre o município de Sinop (MT) e o porto de Miritituba, localizado no Sudoeste do Pará. A criação da ferrovia atenderia uma necessidade dos produtores de grãos do Centro-Oeste, que passariam a ter maior facilidade logística para distribuir a produção nos mercados internacionais. O projeto, no entanto, tem esbarrado em entraves ambientais, uma vez que a ferrovia cortaria uma unidade de conservação ambiental.

A Ferrogrão foi incluída na lista divulgada pelo governo nesta sexta na modalidade de “estudo de novas concessões”. Em maio, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, autorizou um pedido da Advocacia-Geral da União para um acordo judicial envolvendo o ICMBio. O instituto alega que a construção da ferrovia poderia fazer com que a área do Parque Nacional do Jamanxim, que fica no Pará, fosse reduzida. Atualmente o processo está no Centro de Soluções Alternativas de Litígios do Supremo.
Rui Costa defende investimentos em ferrovias

Na solenidade de lançamento do novo PAC, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, defendeu os investimentos em ferrovias no País. A previsão é que sejam investidos mais de R$ 30 bilhões na malha ferroviária nacional nos próximos quatro ou cinco anos. “Um País como o Brasil não pode crescer só sobre as rodas dos caminhões. Precisa ter ferrovias”, disse durante a cerimônia no Theatro Municipal, no centro do Rio.

O ministro também lembrou que o Novo PAC prevê aperfeiçoar o ambiente regulatório e licenciamento ambiental, e afirmou que o governo vai conversar com o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Congresso, se necessário, “para melhorar o marco regulatório e não repetir erros do passado”.

Com objetivo de estimular investimentos nas áreas de infraestrutura, a nova edição do PAC contará com recursos de estatais, financiamento de bancos públicos e do setor privado, por meio de concessões e parcerias público-privadas. A previsão é que o total investido chegue a R$ 1,7 trilhão em quatro anos, incluindo investimentos da Petrobras.

A promessa do governo federal é que a nova versão do programa tenha um olhar mais atento para questões ambientais e relacionadas à transição ecológica. Os projetos serão divididos em nove grandes áreas: 1) transporte eficiente e sustentável (R$ 349,1 bilhões); 2) infraestrutura social inclusiva (R$ 2,4 bilhões); 3) cidades sustentáveis e resilientes (R$ 609,7 bilhões); 4) água para todos (R$ 30,1 bilhões); 5) inclusão digital e conectividade (R$ 27,9 bilhões); 6) transição e segurança energética (R$ 540,3 bilhões); 7) inovação para a indústria da defesa (R$ 52,8 bilhões); 8) educação, ciência e tecnologia (R$ R$ 45 bilhões); e 9) saúde (R$ 30,5 bilhões).

Ainda segundo Rui Costa, serão priorizadas obras de maior impacto econômico – o chamado “efeito multiplicador” -, que ao serem concluídas permitam que sejam criadas condições para possibilitar investimentos em outras áreas, com a implementação de políticas públicas.

Durante apresentação da nova edição do programa, no Theatro Municipal do Rio, ele disse que o governo tem trabalhado para identificar e recuperar obras que foram abandonadas anteriormente.

De acordo com relatório divulgado pelo Tribunal de Contas da União em novembro, o percentual de obras públicas paralisadas no país subiu de 29% para 38,5% nos últimos dois anos. De acordo com o levantamento, dos mais de 22,5 mil contratos pagos com recursos da União, 8.674 são considerados interrompidos pelo Tribunal de Contas da União (TCU). As obras suspensas somavam R$ 27,2 bilhoes. O percentual é o maior desde 2018, quando 37,5% dos contratos estavam parados.

Ainda segundo dados do Tribunal, na maioria das vezes obras são interrompidas devido a falhas em projetos; falta de contrapartida de estados e municípios; e falta de capacidade técnica para execucao do empreendimento.
Investimentos por Estado

Na lista de investimentos por Estado, o Rio de Janeiro é o que mais receberá dinheiro pelo programa, seguido por São Paulo, Minas Gerais, Sergipe, Bahia e Paraná. Já os que menos receberão investimentos são Rondônia, com R$ 29,6 bilhões, Amapá e Roraima – estes com a mesma quantia cada, de R$ 28,6 bilhões – e Acre, com R$ 26,6 bilhões.

Investimentos previstos com recursos do Orçamento Geral da União somam R$ 371 bilhões e os das empresas estatais, R$ 343 bilhões. Também entram na conta financiamentos, na ordem de R$ 362 bilhões, e desembolsos do setor privado, em um total de R$ 612 bilhões. O maior volume de recursos é previsto para até 2026, mas parte da lista inclui a previsão de gastos que serão feitos depois.

Confira abaixo a lista de recursos – do maior para o menor – por Estado e as principais obras de cada região contempladas pelo PAC:

Rio de Janeiro: R$ 342,6 bilhões

16 novas plataformas para Desenvolvimento da Produção de Petróleo e Gás Natural; 11 Gasodutos Interligados e 1 Gasoduto de Escoamento – Rota 3, Refinaria Duque de Caxias – Coprocessamento e moradias do Minha Casa, Minha Vida.

São Paulo: R$ 179,6 bilhões

Implantação de túnel Santos – Guarujá, Extensão da Linha 2 Verde do Metrô – Vila Prudente – Penha – Guarulhos, Trem de Passageiros São Paulo – Campinas e moradias Minha Casa, Minha Vida.

Minas Gerais: R$ 171,9 bilhões

Concessão/duplicação da BR 381 – Governador Valadares – Belo Horizonte; as concessões das BR 153, 262 e 040; a construção da BR 367 – Salto da Divisa – Almenara; a Construção da BR 135 – Manga – Itacarambi e moradias do Minha Casa, Minha Vida.

Sergipe: R$ 136,6 bilhões

Duplicação da BR-101 – Sul e Norte; o gasoduto do Projeto Sergipe Águas Profundas e moradias do Minha Casa, Minha Vida.

Bahia: R$ 119,4 bilhões

Duplicações das BR 101, da divisa de Sergipe a Feira de Santana; BR-116, de Serrinha a Feira de Santana; BR 242, de Barreiras a Luis Eduardo Magalhães; Contorno Norte de Feira de Santana; a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL); Duplicação da Estrada do Derba – BRT Águas Claras até o Subúrbio; Barragens Catolé, Morrinhos, Baraúnas e Rio da Caixa; a Adutora da Fé e moradias do Minha Casa, Minha Vida.

Paraná: R$ 107,2 bilhões

Construção do Contorno Leste de Guaíra – BR 163, a Construção da BR 487 (Boiadeira – Serra dos Dourados – Cruzeiro do Oeste), moradias do Minha Casa, Minha Vida e concessão de seis lotes de rodovias.

Goiás: R$ 98,5 bilhões

Hospital do Câncer, o BRT de Luziânia e moradias do Minha Casa, Minha Vida.

Maranhão: R$ 93,9 bilhões

Adequação da BR-135/316 – Miranda do Norte – Timon; a duplicação da BR-010 – Imperatriz-Açailândia; a universalização do abastecimento de água em Barreirinhas, São Luís e Imperatriz e moradias do Minha Casa, Minha Vida.

Pernambuco: R$ 91,9 bilhões

Transnordestina, a Adequação da BR 423 (São Caetano – Lajedo), a Adequação da BR 104 (Caruaru – Divisa PB), a Adutora do Pajeú (2ª Fase), a Adutora do Agreste Pernambucano (1ª Etapa) e moradias do Minha Casa, Minha Vida.
Rio Grande do Sul: R$ 75,6 bilhões

Duplicação da BR 116 – Porto Alegre – Pelotas, a Construção de acessos à nova Ponte do Guaíba, a Adequação do trecho Porto Alegre – Novo Hamburgo da BR 116, a Duplicação da BR 290, trecho Eldorado do Sul – Pântano Grande, a Barragem Arroio Jaguari, a Barragem Arroio Taquarembó e moradias do Minha Casa, Minha Vida.

Pará: R$ 75,2 bilhões

No conjunto de obras do programa, estão as mais importantes para o Pará, como a Ponte sobre o Rio Xingu BR-230, Duplicação da BR 316 (Castanhal – Trevo de Salinas), a Pavimentação da BR 308 (Viseu – Bragança), a Derrocagem do Pedral do Lourenço e moradias do Minha Casa, Minha Vida.

Ceará: R$ 73,2 bilhões

Duplicação da BR-116 – Pacajus – Boqueirão do Cesário – Tabuleiro do Norte, a Transnordestina, a duplicação do Eixão das Águas do Ceará, o Cinturão das Águas do Ceará – Trecho I, o Ramal do Salgado e moradias do Minha Casa, Minha Vida.

Espírito Santo: R$ 65,9 bilhões

Concessão/duplicação da BR-262; a construção do contorno de Serra Mestre Álvaro – BR-101/ES; a barragem Rio Jucu; o novo Hospital Geral de Cariacica e moradias do Minha Casa, Minha Vida.

Mato Grosso: R$ 60,6 bilhões

Construção da BR-158 – Contorno da Terra Indígena; a construção da BR-242 – Gaúcha do Norte – Santiago do Norte e moradias do Minha Casa, Minha Vida.

Tocantins: R$ 57,9 bilhões

Construção da ponte sobre o Rio Araguaia – Xambioá; a pavimentação da BR-010 – Paranã – Divisa Goiás; a pavimentação da BR-235 – Guaraí – Pedro Afonso; o novo Hospital da Mulher e Maternidade em Araguatins e moradias do Minha Casa, Minha Vida.

Piauí: R$ 56,5 bilhões

Duplicação da BR 343 (Teresina – Altos), a Construção da BR 330 (Divisa MA – Entroncamento PI 392 – Entroncamento PI 397 e Ponto de Ribeiro Gonçalves), a Adutora de Jaicós, a Barragem Nova Algodões e moradias do Minha Casa, Minha Vida.

Santa Catarina: R$ 48,3 bilhões

Nova Sede do Instituto de Cardiologia, moradias do Minha Casa, Minha Vida e Adequação da BR 470 (Navegantes – Rio do Sul), Adequação da BR 280 (São Francisco do Sul – Jaraguá do Sul) e Adequação da BR 282 (Florianópolis – São Miguel Do Oeste).

Distrito Federal: R$ 47,8 bilhões

Expansão do Metrô de Ceilândia, o BRT Norte – Plano Piloto a Planaltina, a adequação da BR-080 e moradias do Minha Casa, Minha Vida.

Amazonas: R$ 47,2 bilhões

Restauração da BR-174, a ampliação do Terminal Manaus Moderna, o Porto de São Raimundo, os aeroportos de Coari, Fonte Boa, Parintins e São Gabriel da Cachoeira; o Luz para Todos e moradias do Minha Casa, Minha Vida.

Alagoas: R$ 47 bilhões

Duplicação da BR-101, a duplicação do Arco Metropolitano de Maceió, o Canal do Sertão Alagoano – Trecho 5, o Novo Hospital Metropolitano do Agreste – Arapiraca e moradias do Minha Casa, Minha Vida.

Rio Grande do Norte: R$ 45,1 bilhões

Duplicação da BR 304 – Reta Tabajara, Duplicação da Mossoró – Entroncamento RN 016, Duplicação da BR 304 – Entroncamento RN 120 – Entroncamento BR 226, Barragem Oiticica, Ramal do Apodi, Novo Hospital de Urgências e Emergências em Trauma e Neurocirurgia Parnamirim e moradias do Minha Casa, Minha Vida.

Mato Grosso do Sul: R$ 44,7 bilhões

Construção do contorno de Três Lagoas; a adequação da BR-267 – Alto Caracol – Porto Murtinho; o aeroporto de Dourados e moradias do Minha Casa, Minha Vida.

Paraíba: R$ 36,8 bilhões

Duplicação da BR 230 (Campina Grande – Farinha), a Adequação da BR 230 (Cabedelo – Oitizeiro), Vertentes Litorâneas da Paraíba (Trechos I e II), e os Hospitais de Clínicas e Traumatologia do Sertão Paraibano – Patos, e moradias do Minha Casa, Minha Vida.

Rondônia: R$ 29,6 bilhões

Ponte Internacional de Guajará-Mirim, a Travessia Urbana de Ji-Paraná, o Aeroporto de Ji-Paraná e moradias do Minha Casa, Minha Vida.

Roraima: R$ 28,6 bilhões

Restauração da BR 174, a Linha de Transmissão Manaus – Boa Vista, o Hospital Geral de Roraima e moradias Minha Casa, Minha Vida.

Amapá: R$ 28,6 bilhões

Construção da BR-156 Norte e Sul, o Porto de Santana e moradias do Minha Casa, Minha Vida.

Acre: R$ 26,6 bilhões

Restauração da BR 364, ponte sobre o Rio Juruá, nova maternidade de Rio Branco e moradias do Programa Minha Casa, Minha Vida.

(Com Agência Estado)

Rodoviário

A Tribuna - SP   14/08/2023

O túnel submerso Santos-Guarujá é uma das obras prioritárias incluídas no novo Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), que está sendo anunciado pelo Governo Federal, nesta sexta-feira (11), no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. O programa prevê R$ 1,7 trilhão em investimentos em todos os estados do Brasil, sendo R$ 179,6 bilhões apenas para São Paulo. Para rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias no Estado de São Paulo, os investimentos somam R$ 81,4 bilhões

A ligação seca metropolitana entre as margens direita e esquerda do Porto de Santos é uma das quatro obras prioritárias de infraestrutura no Estado de São Paulo incluídas no PAC. O conjunto inclui ainda a extensão da Linha 2 Verde do Metrô Vila Prudente - Penha - Guarulhos, o Trem de Passageiros São Paulo - Campinas e moradias do programa Minha Casa, Minha Vida.

A partir de setembro, no âmbito do Novo PAC, o Governo Federal lançará editais, que somam R$ 136 bilhões para a seleção de outros projetos prioritários de estados e municípios nas áreas de urbanização de favelas, abastecimento de água, esgotamento sanitário, resíduos sólidos, mobilidade urbana e prevenção a desastres naturais; Saúde (UBSs, policlínicas e maternidades); Educação (creches, escolas e ônibus escolares) Cultura (CEUs da cultura e projetos de patrimônio histórico) e Esportes (espaços esportivos comunitários),

Segundo o Governo Federal, o Novo PAC está organizado em medidas institucionais e em nove eixos de investimento. As medidas são um conjunto articulado de atos normativos de gestão e de planejamento que contribuem para a expansão sustentada de investimentos públicos e privados no Brasil, organizadas em cinco grupos: aperfeiçoamento do ambiente regulatório e do licenciamento ambiental; expansão do crédito e incentivos econômicos; aprimoramento dos mecanismos de concessão e parcerias público-privadas (PPPs); alinhamento ao plano de transição ecológica; planejamento, gestão e compras públicas.

Dos nove eixos definidos, o eixo Transporte Eficiente e Sustentável reúne os investimentos em rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias em todos os estados do Brasil a fim de reduzir os custos da produção nacional para o mercado interno e elevar a competitividade do Brasil no exterior. O investimento total é de R$ 349 bilhões, sendo R$ 81,4 bilhões para São Paulo.

Em seu discurso, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, declarou que as obras previstas no PAC são consideradas prioritárias e inseridas em uma política de Estado. “Ações definidas sejam por concessão pública ou para um projeto de parceria público-privada são prioritárias”.

Falando diretamente ao setor privado, Rui Costa enfatizou que o Governo Federal prima pelo diálogo e cooperação mútua a fim de concretizar as obras a serem contratadas. “Empresários, se planejem, se organizem, apresentem sugestões às nossas equipes para superarmos todos os entraves, com entendimento e diálogo, para viabilizar todas as obras”.

ICMS zero para ferrovias
Rui Costa anunciou ainda que em consenso com as Secretarias Estaduais da Fazenda, as obras ferroviárias ficarão isentas do recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS). “As Sefaz aprovaram ICMS zero para todas as obras de ferrovias”.

O ministro disse ainda que serão investidos “R$ 30 bilhões na malha ferroviária nacional”.

Juros a menos de 2% para pesquisa e inovação
O vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, ressaltou que a política voltada à reindustrialização nacional inclui inovação e redução da taxa referencial. “A neo industrialização passa por juros de menos de 2% para pesquisa e desenvolvimento, passa por uma indústria verde, descarbonização, exportação, crédito, desburocratização e portal único no PAC para desburocratizar”, declarou.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apontou que um dos objetivos é a integração do setor de pesquisa com o produtivo”, com foco na “bioeconomia”, promovendo a “descarbonização, exportação de aço verde, preservando o meio ambiente”, entre outras ações.

“Acelerar o crescimento do País e ajudar a frear a degradação do planeta, distribuindo renda e gerando emprego de qualidade”, pontuou Haddad.

NAVAL

Agência Brasil - DF   14/08/2023

Quatro terminais portuários em dois estados, Alagoas e Ceará, foram a leilão nesta sexta-feira (11), resultando na arrecadação de R$ 208 milhões em outorgas. Um quinto terminal, em Porto Alegre, seria leiloado, mas a concorrência foi suspensa por falta de propostas.

O leilão, que ocorreu na B3 (bolsa de valores brasileira), em São Paulo, resultará em investimentos de R$ 108 milhões nos próximos 25 anos. Conforme o edital, foram escolhidas as propostas com maior valor de outorga, para a celebração de contrato de arrendamento de área e infraestrutura públicas dentro de portos.

No porto de Maceió, foram leiloados três terminais dedicados à movimentação e a armazenagem de granéis líquidos, como petróleo bruto e combustíveis. O terminal MAC 11A foi arrematado por R$ 41 milhões de outorga pela Origem Energia Canoas, com ágio de 171,22% sobre o valor mínimo de R$ 15,1 milhões no edital. A vencedora terá de investir 46,5 milhões em 25 anos.

O grupo Vibra Energia venceu a disputa pelo terminal MAC 11, com oferta de R$ 60 milhões de outorga. O edital estabelecia a quantia simbólica de R$ 1. A empresa deverá investir R$ 21 milhões também em 25 anos.

O terminal MAC 12 foi arrematado por R$ 107 milhões de outorga pelo Grupo Ipiranga, que terá de investir R$ 37,6 milhões pelo mesmo período.

No Porto de Mucuripe (CE), foi leiloado um terminal voltado à movimentação de passageiros e atividades de entretenimento. A vencedora foi a Aba Infraestrutura e Logística, que ofereceu R$ 100 mil de outorga e deverá investir R$ 3,2 milhões no mesmo prazo de 25 anos.

Construído para a Copa do Mundo de 2014 dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o terminal cearense permite a operação de cruzeiros e a realização de eventos dentro da área.

A Tribuna - SP   14/08/2023

A reforma tributária vai corrigir distorções, resultando em crescimento do comércio, beneficiando também o Porto de Santos, segundo o secretário extraordinário do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, que esteve nesta sexta-feira (11) na Câmara de Vereadores de Santos.

Considerado o idealizador do projeto da revisão dos impostos, Appy, que ocupa a Secretaria Extraordinária da Reforma Tributária, afirmou que, para a expansão do comércio exterior, haverá a eliminação de benefícios fiscais.

“Ela (reforma) vai levar a um aumento do comércio exterior, porque vai corrigir distorções que prejudicam esse comércio, tanto nas exportações como nas importações. Elimina uma série de benefícios fiscais que existem hoje, que fazem com que a entrada de mercadorias no Brasil se dê não em função do que é mais eficiente para as empresas, mas de benefícios fiscais. A eliminação desses benefícios vai favorecer o complexo portuário de Santos”, disse o secretário.

O economista também citou a criação de um regime de tributação voltado a hotéis e restaurantes, que visa impulsionar o turismo. “No ponto de vista de turismo, a reforma tributária, mesmo se tivesse uma alíquota uniforme, já seria positiva para o setor. Além disso, foi colocado dentro da PEC um regime específico de tributação para hotéis e restaurantes, e isso provavelmente vai ter um evento mais positivo para o setor", comentou Appy.

O projeto foi aprovado na Câmara dos Deputados no mês passado, com 375 votos a favor, 113 contra e três abstenções. Com isso, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2019 seguiu para o Senado.

O foco está na simplificação de impostos sobre o consumo. Uma segunda etapa da reforma será voltada aos tributos da renda.

A PEC prevê a criação do Imposto de Valor Agregado (IVA), que será dual (serão eliminados vários, ficando apenas dois). Os federais, como PIS, Cofins e IPI, serão substituídos pela Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), enquanto o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) reunirá o estadual ICMS e o municipal ISS. A alíquota estimada ao consumidor é de 24% a 27%, segundo estudo do Ministério da Fazenda.

Outra novidade é o Imposto Seletivo Federal, que será aplicado em bens e serviços para desestimular o consumo, como cigarros e bebidas alcoólicas. A transição da reforma acontecerá em um período de dez anos, mas o IBS entrará em vigor primeiro.

O secretário especial da Reforma Tributária, Bernard Appy, afirma que o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) passará a ser arrecadado de forma conjunta,por meio de um conselho federativo envolvendo União, estados e municípios, que terãoa autonomia de fiscalização mantida.

Para Appy, isso indica que a arrecadação e a distribuição da receita serão feitas de forma centralizada por um órgão que vai ser gerido conjuntamente por estados e municípios.

Um dos presentes no encontro, o prefeito de Santos, Rogério Santos (PSDB), reforçou a posição favorável do município à reforma tributária. Ele destacou a importância da Cidade ser protagonista na fiscalização dos tributos municipais e estaduais.

“Santos conta com um quadro muito bem estabelecido na sua questão fiscal. Temos as contas controladas, e (estamos) trazendo mais inovações na gestão pública. Não adianta pensar apenas em Santos, temos que pensar em termos de Brasil. Se o Brasil não estiver bem, a cidade não estará bem”.

Valor - SP   14/08/2023

Entre as iniciativas em estágio mais avançado, que poderão compor esses próximos certames, está um terminal em Vila do Conde (PA) e um terminal no porto de Itaguaí (RJ)

O governo federal planeja realizar mais um ou dois leilões de terminais portuários ainda em 2023, afirmou Fabrizio Pierdomenico, secretário nacional de Portos e Transporte Aquaviário. “Temos uma carteira grande sendo analisada”, disse ele, logo após a licitação de quatro arrendamentos nesta sexta-feira (11), em São Paulo.

Entre as iniciativas em estágio mais avançado, que poderão compor esses próximos leilões, está um terminal em Vila do Conde (PA) e um terminal no porto de Itaguaí (RJ), destinado à movimentação de minério de ferro, segundo Eduardo Nery, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).

“O terminal de Itaguaí é importante porque, além de representar investimentos na ordem de R$ 3 bilhões, será uma alternativa que vai ampliar a concorrência. A gente vai atrair novos players e aumentar a competitividade”, afirmou Nery.

Questionado sobre os arrendamentos no Porto de Santos STS 10, de contêineres, e STS 53, de fertilizantes, Pierdomenico disse que os projetos estão em reanálise, sem perspectiva de licitação.

Já em relação ao novo arrendamento de longo prazo em Itajaí, Nery disse que, concluída a etapa de análise concorrencial, os estudos foram enviados ao ministério de Portos e, em breve, deverão ser devolvidos à agência, para que a audiência pública seja lançada.

Em paralelo, a Antaq realiza uma seleção pública para um contrato transitório de dois anos para garantir a movimentação no porto nesse período de estruturação.

O Estado de S.Paulo - SP   14/08/2023

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou nesta sexta-feira, 11, que a companhia vai voltar a “lotar” os estaleiros nacionais, em referência à demanda por embarcações da expansão de seus negócios de óleo e gás nos próximos anos.

Prates fez um discurso de forte caráter político durante o lançamento do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no Rio, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de ministros de Estado.

“Vamos lotar os nossos estaleiros de novo”, afirmou. Segundo ele, serão “pelo menos” 25 novos navios para a Petrobras a frete e 26 projetos de descomissionamento, que é o recolhimento, desmanche e tratamento de estruturas ligadas às atividades de óleo e gás da companhia, na maioria das vezes, offshore.

Prates também listou outras iniciativas da Petrobras, das empresas com participação estatal que mais tem projetos inscritos no novo programa federal. “A Petrobras tem obrigação como estatal de contribuir com o PAC”, disse. Os projetos da companhia integram o montante total de investimentos de estatais previstos no PAC (R$ 343 bilhões), com R$ 323 bilhões previstos em 47 projetos, segundo Prates.

“Vamos entrar no mercado do óleo vegetal, seja biodiesel ou diesel R”, disse o presidente da Petrobras, garantindo que não haverá “briga” com produtores de biodiesel. A Petrobras desponta como fabricante de biocombustíveis de última geração, que podem, no futuro, compor mandatos na mistura do diesel A.

Prates disse, ainda, que a Petrobras vai se “reconectar” com países vizinhos, em referência aos movimentos internacionais da empresa, na direção de Bolívia, Colômbia e Argentina. Na Bolívia, ele busca uma revisão de contratos de gás que viabilize a retomada de atividades de exploração e produção pela Petrobras. A Colômbia, por sua vez, guarda as mais recentes descobertas de óleo e gás da empresa no exterior.

Ele mencionou em seu discurso a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, garantindo que a Petrobras vai voltar à exploração, mas com “muita responsabilidade ambiental”. Nos bastidores, os dois estão em lados opostos com relação às atividades exploratórias de óleo e gás na Margem Equatorial, sobretudo na Bacia da Foz do Amazonas.

Valor - SP   14/08/2023

Grupos conquistam três terminais de combustíveis em Maceió, com desembolso de outorgas que somaram R$ 208 milhões

Eduardo Nery: “Vamos ter mais atores no porto, que vão ampliar a competitividade” — Foto: Cauê Diniz/Divulgação B3

O leilão de terminais portuários, realizado na última sexta-feira (11), encerrou com a vitória da Vibra Energia, da Ipiranga e da Origem Energia. Cada uma das empresas conquistou um arrendamento no porto de Maceió para movimentar granéis líquidos - os chamados MAC 11A, MAC 11 e MAC 12. No total, as companhias deverão fazer R$ 105 milhões de investimentos nessas áreas e terão que desembolsar outorgas de R$ 208 milhões.

Os novos contratos deverão substituir as operações já existentes no porto de Maceió. Hoje, a área licitada é dividida em dois terminais: um deles operado pela Transpetro, e outro por um consórcio de distribuidoras, formado por Petrobras, Ipiranga e Raízen. Agora, serão três terminais.

A ampliação da concorrência dentro na área do porto foi um dos objetivos do leilão, segundo Eduardo Nery, diretor-geral da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários).

“Vamos ter mais atores no porto, novos entrantes, que vão trazer alternativa para os usuários”, disse. “Além das outorgas, teremos mais de R$ 100 milhões de investimentos, que vão recuperar as estruturas de atracação dos navios do TGL [uma área comum do porto organizado], que estavam em estágio muito precário, e aumentar a capacidade do porto.”

A licitação, realizada na sede da B3, em São Paulo, atraiu concorrência nos três ativos.

No chamado MAC 11A, o vencedor da licitação foi a Origem Energia Canoas, empresa da gestora Prisma Capital, que venceu a disputa contra a Petrobras com uma oferta de R$ 41 milhões de outorga. Com a vitória, o grupo terá que fazer cerca de R$ 46,5 milhões em investimentos, ao longo do contrato de 25 anos.

No terminal MAC 11, a Vibra Energia saiu vencedora com uma oferta de R$ 60 milhões, superando a proposta da Ipiranga. Além da outorga, a companhia terá que investir cerca de R$ 21 milhões.

Logo após perder a disputa pela área, a Ipiranga saiu vencedora na licitação do terminal MAC 12, com uma proposta de R$ 107 milhões. A vitória se deu depois de uma competição longa e acirrada, por lances em viva-voz, com a Stronghold Infra Investments. A Vibra Energia também fez uma proposta pelo ativo.

A Ipiranga terá que fazer cerca de R$ 37,6 milhões em investimentos no terminal.

Além dos três arrendamentos no porto de Maceió, o governo federal também licitou, na última sexta-feira, um ativo de menor porte: o Terminal Marítimo de Passageiros (TMP), voltado à movimentação de cruzeiros e à realização de eventos no local. O contrato ficou com a Aba Infraestrutura e Logística, que fez uma oferta de R$ 100 mil, e terá que investir R$ 3,2 milhões.

Um segundo proponente havia apresentado oferta, a Smart Construtora e Administradora. Porém, a empresa não foi habilitada devido a problemas na garantia da proposta apresentada.

O leilão portuário da última sexta foi o segundo da atual gestão. Em fevereiro, já havia sido licitado um terminal de granéis líquidos em Paranaguá (PR).

Até o fim de 2023, o governo planeja fazer mais um ou dois novos leilões do setor, segundo Fabrizio Pierdomenico, secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários. “Temos uma carteira grande sendo analisada”, disse ele, logo após a licitação.

Entre as iniciativas em estágio mais avançado, que poderão compor o próximos leilões, está um terminal no porto de Itaguaí (RJ) destinado à movimentação de minério de ferro, segundo Nery, da Antaq. “O terminal de Itaguaí é importante porque, além de representar investimentos na ordem de R$ 3 bilhões, será uma outra alternativa, que vai ampliar a concorrência. A gente vai atrair novos atores e aumentar a competitividade”, afirmou.

Portos e Navios - SP   14/08/2023

Subsidiária da China State Shipbuilding Corporation, a Huangpu Wenchong, construirá quatro navios multifuncionais de 38.000 toneladas aptos a carga de projeto

Projetado pelo Instituto de Pesquisa e Design de Navios Mercantes de Xangai (SDARI), os navios serão equipados com recursos avançados, incluindo três porões de carga, uma combinação de tampas de escotilha dobráveis hidráulicas e tampas de escotilha de içamento, bem como uma variedade de guindastes, incluindo dois conjuntos de 400 toneladas e um conjunto de guindastes de 200 toneladas.

Os navios também são projetados com a sustentabilidade em mente. Serão equipados com sistemas de limpeza de gases de escape (lavadores) em conformidade com o regulamento IMO 2020 destinado a reduzir as emissões globais de enxofre de navios que entraram em vigor em 2020. As embarcações também serão equipadas com dispositivos de economia de energia, incluindo proas bulbosas e aletas defletoras.

O design versátil desses navios os posiciona como ativos para transporte de diversos tipos de carga, desde granéis sólidos e cargas superdimensionadas até contêineres e materiais perigosos.

A colaboração entre Huangpu Wenchong e a HMM ocorre em um momento de crescente demanda por navios pesados no mercado global. À medida que as empresas de navegação buscam soluções mais especializadas e personalizadas, a necessidade de navios pesados capazes de manusear cargas de projeto cresceu exponencialmente.

PETROLÍFERO

O Estado de S.Paulo - SP   14/08/2023

O aumento da produção do petróleo tem feito com que o produto ganhe cada vez mais destaque na pauta de exportação brasileira. E esse movimento não deve mudar tão cedo. Daqui em diante, o que se espera é que esse crescimento continue e seja capaz de contribuir com resultados robustos para o comércio exterior do País.

Na prática, se esse cenário positivo se confirmar, o petróleo vai representar mais entradas de dólares no País e recursos para Estados produtores por meio dos royalties.

No ano passado, as exportações de óleos brutos de petróleo alcançaram US$ 42,5 bilhões - um valor recorde - e representaram 12,7% de tudo o que o Brasil negociou para o exterior. Foi o segundo principal item vendido pelo País, atrás somente da soja (US$ 46,5 bilhões).

“Nos últimos anos, o Brasil tem aumentado a produção de petróleo e esse movimento deve continuar”, afirma José Augusto de Castro, presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). “À medida que a quantidade (produzida) sobe, e o preço não cai muito, a tendência é ampliar essa participação (na pauta exportadora).”

Em volume, a exportação de petróleo cresceu 1,7% em 2022 na comparação com o ano anterior, para 68,7 milhões de toneladas.

“Eu diria que o setor de petróleo é um dos que mais vão contribuir daqui para frente para o saldo da balança comercial brasileira”, afirma Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Entre janeiro e julho deste ano, as exportações somaram US$ 22,3 bilhões, um pouco abaixo do apurado no mesmo período de 2022 (US$ 23,1 bilhões). “Essa queda já era esperada por causa do menor preço do petróleo”, afirma Castro.

Mudança de patamar

Para um país que sempre politizou a sua relação com o petróleo - a campanha, por exemplo, com o lema “o petróleo é nosso” na era Vargas - e sofreu com os choques nos anos 1970, os números do setor mostram que o País mudou de patamar nos últimos anos.

Em 2022, o Brasil se consolidou como o nono maior produtor de petróleo do mundo e apareceu entre os dez principais exportadores.

O cenário de crescimento da produção pode ser explicado, em parte, pelo desempenho do pré-sal e pelo aumento de preços do petróleo observado ao longo das últimas décadas, o que torna viável e interessante a exploração. Nas décadas de 80 e 90, o valor do barril chegou a US$ 20. Hoje, tem oscilado num patamar acima de US$ 85.

“A valorização do barril do petróleo foi crucial para que novas fronteiras (de exploração) ganhassem economicidade”, diz João Victor Marques, pesquisador da FGV Energia

O pré-sal responde por cerca de 75% da produção e tem uma grande vantagem adicional: o custo de operação é baixo e deixa a produção atrativa, mesmo quando há uma queda nos preços. “As empresas priorizam investir naquelas áreas em que aguentam a volatilidade do preço. Quando está alto, está ótimo. Quando está baixo, ainda é rentável”, afirma Walter de Vitto, economista e sócio da Tendências Consultoria.

Entre 2002 e 2022, a produção de petróleo saltou de quase 1,5 milhão de barris diários para 3,1 milhões no ano passado, de acordo com a consultoria Tendências. Em 2027, deve subir para 3,9 milhões barris. A expectativa é que continue crescendo até o fim desta década, quando a extração do pré-sal deve começar a perder força.

O caminho via exportação também se tornou natural, porque o País viu a sua capacidade de refino estagnada em pouco mais de 2 milhões de barris por dia nos últimos dez anos. Hoje, tecnicamente, o Brasil é autossuficiente na produção de petróleo e, portanto, todo aumento de produção acaba sendo exportado.

“O País tem contratado um aumento da produção de petróleo e, tudo mais constante, deve ter um aumento das exportações”, diz de Vitto. “O que pode fazer com que isso não ocorra, eventualmente, é o aumento da capacidade de refino, porque você não exportaria petróleo e usaria ele aqui.”

Novas fronteiras

A projeção de que a produção do pré-sal deve atingir o seu pico até o fim da década abre uma discussão importante sobre novas fronteiras de exploração num contexto em que transição energética ganha força.

O debate mais recente tem a ver com a Margem Equatorial, que fica entre o Amapá e o Rio Grande do Norte, e é formada por cinco bacias - Foz do Amazonas, Potiguar, Pará-Maranhão, Barreirinhas e Ceará.

“A busca por novas fronteiras exploratórias está relacionada em dar continuidade a esse crescimento da produção do pré-sal”, diz Marques, da FGV Energia.

A exploração da Margem Equatorial virou um tabu dentro do governo Luiz Inácio Lula da Silva. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) negou um pedido da Petrobras de exploração de petróleo próximo à Foz do Amazonas. O tema também opôs a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

No início deste mês, Lula disse que a decisão do Ibama não é definitiva e que uma decisão deve ser tomada em breve. Na declaração da Cúpula da Amazônia, assinada pelos oito países que abrigam a floresta em seu território, não houve menção de eliminar planos de explorar petróleo na região.

“Adotando como premissa de que o mundo continuará precisando do petróleo por algumas décadas, será preciso entregar um petróleo de menor intensidade de carbono, e o Brasil tem condição de fazer isso”, diz o pesquisador da FGV Energia.

No novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), foram incluídos 47 projetos da Petrobras, entre eles novos poços exploratórios na Margem Equatorial.

Valor - SP   14/08/2023

A companhia iniciou no ano passado compra de sondas e equipamentos de fraturamento hidráulico, algo incomum na indústria do petróleo, para a revitalização de campos terrestres no Rio Grande do Norte

A Petroreconcavo aposta na internalização de equipamentos de exploração e produção de petróleo como estratégia de aumentar a oferta de óleo no mercado. A companhia iniciou no ano passado compra de sondas e equipamentos de fraturamento hidráulico, algo incomum na indústria do petróleo, para a revitalização de campos terrestres no Rio Grande do Norte.

Em geral, petroleiras recorrem ao aluguel desse tipo de equipamento, conhecido pelo jargão afretamento, operação que tende a ser menos custosa.

Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores da Petroreconcavo, Rafael Cunha, a companhia adotou a estratégia de formar uma frota própria de equipamentos com a aquisição de unidades nos Estados Unidos e no Canadá, com eventuais trabalhos de tropicalização, a fim de revitalizar seus campos.

No Polo Potiguar, a produção de petróleo em julho foi de 15.765 barris de óleo equivalente (boed), já superando a expectativa de produção média para o ano que vem. A empresa não descarta contratar equipamentos de terceiros, mas a prioridade é ganhar eficiência operacional com a frota própria. Com a tecnologia, a empresa espera alcançar maiores profundidades.

Segundo o executivo, enquanto os atuais equipamentos permitem explorar e produzir petróleo a 2.500 metros de profundidade, a nova frota abre espaço para chegar até 5 mil metros solo adentro, uma nova fronteira para a Petroreconcavo desenvolver.

“Esses últimos meses foram um período intenso, de completar esse processo para trazer equipamentos. O lado bom é que a maior parte do esforço para mobilização de equipamentos de apoio foi concluída em julho”, disse Cunha. Ele destacou que ainda há uma sonda de perfuração em revitalização para depois estar a caminho do Brasil. Comparada a um avião em fase de decolagem, a empresa, agora, está entrando em “velocidade de cruzeiro”.

“Já estamos com uma frota próxima do que a gente enxerga como necessária para os próximos anos. A gente espera colher resultados no segundo semestre”, disse Cunha.

Petroleira independente com operações impulsionadas pela venda de ativos da Petrobras nos últimos anos, a Petroreconcavo entrou numa fase auspiciosa, segundo Cunha. Desde junho, a empresa passou a vender a produção de petróleo para a 3R Petroleum, dona do terminal e da refinaria no Rio Grande do Norte, em condições mais vantajosas do que as estabelecidas em contrato anterior com a Petrobras.

Com duração de um ano, a companhia tem negociado o barril por um preço correspondente ao petróleo Brent com desconto entre US$ 5 e US$ 5,50. Quando a produção era comprada pela Petrobras, os descontos eram superiores a US$ 10.

Outra notícia positiva é a assinatura de um contrato de fornecimento de gás natural com a Copergás por um prazo de dez anos, num valor estimado em R$ 1,6 bilhão.

A companhia descarta, porém entrar em áreas marítimas, como blocos localizados no Rio Grande do Norte, localizados na Margem Equatorial, considerada nova fronteira exploratória do país. O foco da Petroreconcavo é o onshore, em áreas maduras (cuja produção está em declínio, mas com espaço para revitalização), destacou Cunha.

Valor - SP   14/08/2023

O barril do petróleo WTI com entrega prevista para setembro fechou em alta de 0,45%, a US$ 83,19, já o do Brent para outubro teve alta diária de 0,47%, a US$ 86,81

O petróleo fechou em alta nesta sexta-feira (11) no mercado futuro, retomando o bom humor enquanto investidores seguem otimistas quanto ao aperto da oferta global no curto prazo. Com o movimento, a commodity energética acumula uma sequência de sete semanas positivas.

O barril do petróleo WTI, a referência americana, com entrega prevista para setembro fechou tanto o dia quanto a semana em alta de 0,45%, a US$ 83,19. Já o barril do Brent, a referência global, para outubro teve alta diária de 0,47% e semanal de 0,66%, a US$ 86,81.

“Os preços do petróleo estão retomando a alta, já que os traders de energia continuam excessivamente confiantes de que o mercado de petróleo continuará apertado”, diz Edward Moya, analista-sênior de mercados da Oanda.

Esse otimismo se manteve mesmo após a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) divulgar, mais cedo, uma previsão de que a oferta de EUA, Brasil e Guiana vai compensar os cortes adotados pelos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), em especial a Arábia Saudita, que, desde julho, realiza um corte voluntário mensal de 1 milhão de barris por dia (bpd).

Moya alerta que o otimismo atual do mercado de petróleo pode levar a uma forte correção em breve. “Mas, por enquanto, parece que qualquer queda do óleo será comprada”, completa o analista.

Robbie Fraser, da Schneider Electric, acredita que o WTI “construiu uma margem” acima de US$ 80 e deve operar entre US$ 80 e US$ 90 de forma consistente no curto prazo, apesar das leituras de julho da inflação ao consumidor e produtor dos EUA terem preocupado o mercado entre ontem e hoje.

Valor - SP   14/08/2023

Agência Internacional de Energia elevou sua previsão de oferta mundial de petróleo para 1,5 milhão de barris diários em 2024, 300 mil barris a mais que anteriormente

O crescimento da produção de petróleo do Brasil vai ajudar a equilibrar a oferta global da commodity em 2024, e minimizar os efeitos dos cortes na produção anunciados pela Rússia e Arábia Saudita e outros países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) em um tentativa de manter os preços elevados, informa a Agência Internacional de Energia (IEA, da sigla em inglês), em seu relatório mensal.

A agência, com sede em Paris, elevou sua previsão de oferta mundial de petróleo para 1,5 milhão de barris diários em 2024, 300 mil barris a mais que anteriormente. Este aumento será provocado por mais volume vindos do Brasil, Estados Unidos e Guiana, principalmente. Em julho, os três países juntos registraram um aumento de 15% nas exportações da commodity em relação ao ano anterior, diz a agência.

Ao mesmo tempo, a IEA agora espera uma demanda mais moderada no próximo ano, o que também deve limitar os preços do petróleo. Segundo a agência, a demanda por petróleo deve aumentar em 1 milhão de barris por dia em 2024, cerca de metade do crescimento visto em 2023 e 150 mil barris por dia a menos que a previsão do mês passado.

As novas projeções reduzem o déficit de oferta esperado para 2024 para 200 mil barris diários, ante déficit de 700 mil barris registrados este ano. Segundo a agência, este cenário deve fornecer alívio para as economias que ainda lutam com os efeitos prolongados da inflação e impedir a repetição dos preços do petróleo fortemente elevados que se seguiram à eclosão da guerra na Ucrânia. “O cenário econômico global permanece desafiador diante da alta dos juros e do crédito bancário limitado, o que está pressionando empresas que já estão tendo que lidar com desaceleração na atividade e comércio”, afirma a IEA.

Porém, antes que isso aconteça, os preços de petróleo devem subir ainda mais este ano à medida que os cortes na produção feitos por membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) devem provocar uma redução dos estoques mundiais. A IEA estima que os estoques mundiais devem cair em 2,2 milhões de barris por dia no terceiro trimestre deste ano e em 1,2 milhão de barris por dia no quarto trimestre, se os atuais cortes forem mantidos.

Valor - SP   14/08/2023

Companhia está selecionando 47 projetos para a carteira de investimentos do programa, confirmou o presidente da estatal, Jean Paul Prates, tendo em vista que um projeto se refere a um fundo de descarbonização

A Petrobras está selecionando 47 projetos para a carteira de investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) - 2023, confirmou nesta sexta-feira (11) o presidente da estatal, Jean Paul Prates. Desse total, um projeto se refere a um fundo de descarbonização. Prates afirmou o total investido vai ser de R$ 323 bilhões.

"Vamos lotar os nossos estaleiros de novo", disse Prates. Segundo ele, 25 navios serão construídos no governo Lula. O presidente da empresa também acenou aos países vizinhos do Brasil. "Vamos nos reconectar com Bolívia, Venezuela e Argentina", alegou.

Num contexto em que a Petrobras conflita com o Ministério do Meio Ambiente por causa da exploração da Margem Equatorial, Prates direcionou-se à ministra Marina Silva ao defender "muita atenção à Amazônia".

O maior peso da carteira de investimentos da Petrobras no PAC - 90% do gasto previsto - recai sobre 19 sistemas de produção e exploração com projetos nas bacias de Campos e Santos. Também entram nessa conta dois sistemas de produção para Sergipe.

No quesito de novas fronteiras exploratórias em desenvolvimento, estão previstos nove poços exploratórios na Margem Equatorial.

Na área de refino, foram incluídos projetos na Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco, que irão ampliar sua capacidade de processamento para 260 mil barris por dia. Ainda nessa área, a Petrobras tem planos para melhoria do diesel produzido nas refinarias de Paulínia (Replan) e Alberto Pasqualini (Refap).

Além dos 47 projetos, a Petrobras destaca estudos em elaboração pela companhia, como o desenvolvimento de um programa de construção no Brasil de 25 navios, assim como o afretamento de 11 navios para operações de cabotagem de petróleo e derivados.

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