Portal Fator Brasil - RJ 13/11/2023
Impulsionado por importações extra-regionais, enquanto a produção local diminui. Comparado a 2022, o consumo de laminados aumentará 2,4% (71Mt), enquanto a produção local registrará uma queda de 7,5% (58Mt) em 2023. A participação das importações extra-regionais no consumo deverá aumentar três pontos percentuais na região, passando de 31% para 34%. Alacero reforça a importância de blocos comerciais bem estruturados e do uso de medidas de defesa comercial para cumprir as regras de comércio justo.
A Alacero, Associação Latino-Americana de Aço que reúne a cadeia de valor do aço na América Latina, realizou nos dias 08 e 09 de novembro(quarta e quinta-feira), o Alacero Summit, evento no qual mais de 700 executivos do setor se reuniram para falar sobre os desafios e oportunidades do setor de aço, além de abordar o panorama geral da indústria e a influência externa no mercado regional.
A Alacero estima que, ao longo de 2023, o consumo de laminados aumentará 2,4% em relação ao ano anterior, atingindo 71Mt, enquanto a produção local registrará uma queda de 7,5%, totalizando 58Mt. O aumento do consumo será impulsionado pelo crescimento da participação das importações extra-regionais, que em 2022 representou 31% (21,2 Mt) e deverá ser de 34% (24,3 Mt) em 2023, registrando um crescimento de três pontos percentuais. Em relação a 2022, o volume de exportações apresentará uma redução de 2,6 Mt, registrando 7,9 Mt, enquanto o volume de importações aumentará 2,1 Mt, totalizando 26,5 Mt. Os números mostram que ainda há forte atividade extrarregional na cadeia. De 2015 a 2023, 88% do aço consumido na América Latina veio de importações extra-regionais, devido a assimetrias competitivas que impactam a oferta local.
Nesse sentido, durante o Alacero Summit 2023, foi destacado um risco iminente em relação ao comércio desleal proveniente do mercado chinês: atualmente, a China continua a ser a principal origem do aço extra-regional importado, representando 29%. Isso se reflete no número de ações antidumping abertas na Latam ao longo do primeiro semestre de 2023: 63% são dirigidas contra a China.
—Na América Latina, produzimos aço com uma pegada de carbono 15% inferior à média global e 30% inferior à da China. Porém, hoje, boa parte do aço consumido na região vem direta e indiretamente do país, em condições que não são de mercado justo, substituindo empregos de qualidade e afetando o meio ambiente— reforça Alejandro Wagner, diretor executivo da Alacero.
Dados recolhidos pela Alacero e pela worldsteel mostram que, em 2022, a quantidade média global de CO2 emitida por tonelada de aço bruto produzido foi de 1,91t, enquanto a da China foi de 2,24t e a da América Latina foi de 1,55t, o que significa uma queda de 7% em relação ao ano anterior.
As empresas que produzem aço na América Latina estão fazendo progressos constantes ao tomar medidas que reduzem a sua pegada de carbono. A América Latina precisa de uma transição justa: tem vantagens em termos de recursos naturais, mas também prioridades sociais e econômicas que os países desenvolvidos já resolveram.
—Temos uma matriz produtiva sofisticada, com um tecido industrial robusto de grandes empresas e PMEs. No entanto, uma maior estabilidade econômica e política e regimes fiscais e laborais modernos são essenciais para gerar mais incentivos ao investimento, ao emprego e, acima de tudo, à competitividade. Condições tão fundamentais quanto básicas para enfrentar o enorme desafio que temos pela frente— concluiu Wagner.
O balanço de 2023.: Consumo aparente por país — Os dados apresentados pela entidade no Alacero Summit demonstram também o consumo aparente de laminados por país em 2022 e a expectativa para 2023. O México registrou -2% no ano passado e atinge estimativa de 9,7% para este ano. O Brasil, por sua vez, fechou 2022 com -10,6% e deverá fechar 2023 com -1,5%. A Argentina fechou 2022 com 1,2% e planeja fechar 2023 com 0,7%, enquanto a Colômbia registrou -13,7% em 2022 e 2,4% em 2023.
Consumo aparente por setores — O setor da construção segue à frente dos segmentos que mais consumiram aço ao longo de 2023, com 48,5%; seguido pelo automotivo com 17,5%; produtos de metal com 14,5%; máquinas mecânicas com 13,3%; equipamentos eletrônicos com 2,9%; uso doméstico com 2,5% e outros transportes com 0,9%.
Potencial de criação de empregos — O evento Alacero Summit também destacou como a promoção da indústria impacta o desenvolvimento econômico dos países. O setor siderúrgico na América Latina é um importante motor de criação de empregos, agregando 1,4 milhão de funcionários em 2022: 230 mil diretos e 1,15 milhão indiretos. Ou seja, para cada emprego na indústria, são criados outros 5 na cadeia de valor. Por isso, os executivos salientam que, para que o mercado continue e prospere com o seu potencial de criação de oportunidades, é cada vez mais essencial tomar medidas contra o domínio chinês e a favor da valorização da produção e dos empregos locais.
Alacero — A Associação Latino-americana de Aço é uma entidade civil sem fins lucrativos que integra a cadeia de valor do aço latino-americano com o objetivo de promover emprego industrial de qualidade, integração regional, inovação tecnológica, cuidado com o meio ambiente, excelência em recursos humanos, segurança no trabalho, desenvolvimento integral de suas comunidades e responsabilidade corporativa. Fundada em 1959, é composta por mais de 60 empresas produtoras e afins e mais de 1,4 milhão de trabalhadores, cuja produção se aproxima de 60 milhões de toneladas por ano. A Alacero é reconhecida como Organização Especial de Consultoria pelas Nações Unida e representa a cadeia latino-americana perante organismos internacionais como worldsteel, OCDE, Agência Internacional de Energia (IEA), ONU (Unctad) e BID, aos quais leva as ideias e posições de seus parceiros.
O Estado de S.Paulo - SP 13/11/2023
O IPCA, índice oficial de inflação do País, em outubro ficou em 0,24%, com impacto maior dos grupos Transportes e Alimentação e Bebidas, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira, 10, pelo IBGE. O índice veio um pouco abaixo das previsões do mercado, que projetava 0,29%.
Com o resultado, no ano, o IPCA acumula alta de 3,75% e, nos últimos 12 meses, de 4,82%, abaixo dos 5,19% observados nos 12 meses registrados até setembro. Em outubro de 2022, a variação havia sido de 0,59%.
De acordo com o IBGE, os preços de oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta no mês passado. “Transportes (0,35%) e Alimentação e Bebidas (0,31%) contribuíram com 0,07 ponto porcentual cada para o índice geral. O grupo Comunicação (-0,19% e -0,01 ponto porcentual) foi o único em queda. Os demais grupos ficaram entre o 0,02% de Habitação e o 0,46% de Artigos de residência”, diz o instituto.
No grupo Alimentação e Bebidas, segundo os dados divulgados nesta sexta-feira, a alimentação no domicílio subiu 0,27%, após quatro quedas consecutivas. “Destacam-se as altas da batata-inglesa (11,23%), cebola (8,46%), frutas (3,06%), arroz (2,99%) e das carnes (0,53%). No lado das quedas, foram destaques o leite longa vida (-5,48%) e o ovo de galinha (-2,85%)”, diz o IBGE.
Já no grupo dos Transportes, o resultado foi influenciado pelo aumento nos preços da passagem aérea (23,70%), que foi o subitem com a maior contribuição individual (0,14 ponto porcentual) no índice do mês. “Em relação aos combustíveis (-1,39%), somente o óleo diesel (0,33%) apresentou alta. A gasolina (-1,53%), o gás veicular (-1,23%) e o etanol (-0,96%) caíram de preço.”
De acordo com a nota do IBGE, “no grupo Habitação (0,02%), a alta da taxa de água e esgoto (0,37%) foi influenciada pelos reajustes de 6,75% em Salvador (6,75%), a partir de 25 de setembro e que não havia sido incorporado no IPCA de setembro; e de 14,43% em Fortaleza (0,90%), a partir de 29 de outubro”.
IstoÉ Dinheiro - SP 13/11/2023
Um trilhão de dólares ao ano. Essa é a cifra com a qual o presidente Lula sonha para o comércio exterior brasileiro. O número foi anunciado em tom de provocação na terça-feira (7), durante o discurso no Palácio do Itamaraty que abriu o 6º Fórum Brasil de Investimentos. “Queremos garantir a possibilidade de vocês colocarem a inteligência empresarial para que este país cresça cada vez mais”, afirmou Lula à plateia formada por empresários brasileiros e estrangeiros. “Ao invés de 600 e pouco bilhões de dólares, por que a gente não estabelece a meta de chegar a US$ 1 trilhão de comércio exterior?”, indagou.
Ainda que o valor em si pareça fora de alcance por significar quase o dobro do fluxo de transações atual, o momento é extremamente oportuno para que o Brasil ocupe mais espaço em uma nova ordenação das relações comerciais do planeta. E o principal fator para isso não é o ufanismo lulista e sim a crescente disputa entre Estados Unidos e China pela liderança global nos âmbitos mercantil, econômico, político e militar.
Começando pelas Américas, historicamente uma área de influência natural dos EUA tanto pela proximidade geográfica quanto pelos valores republicanos. Ainda que falem línguas distintas, os países que formam o continente americano foram colonizados por nações europeias, são predominantemente democráticos e cristãos.
Ainda assim, nos últimos 20 anos, todo o Cone Sul se aproximou muito mais da China como principal parceiro comercial, deixando os EUA em segundo plano.
Mas isso pode começar a ser revertido rapidamente a partir de uma iniciativa do governo de Joe Biden, anunciada em junho de 2022 durante a Cúpula das Américas, em Los Angeles. Na sexta-feira (3), o presidente dos EUA se reuniu com líderes dos outros 11 países da Parceria das Américas para a Prosperidade Econômica (Barbados, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai) e anunciou o plano para impulsionar o crescimento inclusivo e fortalecer cadeias consideradas estratégicas:
• energia limpa,
• semicondutores,
• suprimentos médicos.
São áreas que a China tem dominado.
Biden anunciou ainda a criação da Plataforma de Parceria das Américas para construir portos modernos e infraestruturas digitais necessárias para o que considera “uma economia competitiva e resiliente”.
Almirante Ilques Barbosa, consultor do BNDES“A importância atribuída ao Brasil decorre, em maior grau, das possibilidades que se abrem para a China e menos do que o País realmente significa.”
Ilques Barbosa, Almirante
Embora o Brasil não integre os grupos de trabalho da Parceria das Américas, a condição de líder da economia sul-americana abre perspectivas importantes de parceria com os países do continente.
Para o almirante Ilques Barbosa Junior, que comandou a Marinha Brasileira de 2019 a 2021 e hoje atua como consultor do BNDES, a estratégia de Biden pode ser considerada um novo Plano Marshall, em referência ao esforço empregado durante a guerra fria para conter o avanço da União Soviética.
“A diferença é que desta vez os Estados Unidos não estão na ofensiva e sim reagindo a um fato consumado: a perda da hegemonia comercial na América do Sul”. Segundo o almirante, enquanto os EUA se desgastaram ao entrar em sucessivas guerras e conflitos desde o Vietnã, a China investiu recursos na criação da mais poderosa rede logística mundial, que o governo de Pequim chama de nova rota da seda.
“O comércio mundial está cada vez mais nas mãos da China”, disse Barbosa Junior. Para ele, o que resta ao Estados Unidos é tentar frear a expansão chinesa no âmbito econômico e tecnológico. “Nesse contexto, a importância atribuída ao Brasil decorre, em maior grau, das possibilidades que se abrem para a China e menos do que realmente significa o Brasil. A realidade da política internacional impõe esse entendimento”, afirmou.
Energia limpa
Ainda que a posição do Brasil no jogo global dependa da estratégia das duas maiores potências, há fatores que podem beneficiar e acelerar a participação brasileira no comércio internacional. É evidente que não basta escolher um número aleatório como alvo. Mas é inegável que há espaço para o Brasil crescer em pelo menos uma das três áreas prioritárias no plano de Joe Biden: energia limpa.
Segundo o economista Marcos Troyjo, ex-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (mais conhecido como Banco do Brics, hoje presidido por Dilma Rousseff), o Brasil tem um perfil de mercado muito interessante para os Estados Unidos, tanto por ser uma democracia consolidada e com alto nível de desenvolvimento digital quanto por ter um mercado muito atraente e com um manancial de potencialidades que não é visto no restante do mundo.
“O Brasil é a resposta estratégica para dilemas como segurança alimentar, proteção ambiental e segurança energética”, disse Troyjo. “Acima de tudo, tem experiência em aplicação de escala em energias limpas como solar, eólica e biocombustíveis.” Ainda segundo ele, há um processo de redesenho das cadeias de valor no mundo.
Por razões geopolíticas, tributárias e de um novo alinhamento da Ásia, países como Índia e Bangladesh terão prioridade nos investimentos chineses. “A China deixou de ser um low cost country, fenômeno que pode beneficiar países como México e Brasil.”
Marcos Troyjo, economista, ex-presidente do Banco dos Brics“O Brasil é a resposta estratégica para dilemas como segurança alimentar, proteção ambiental e segurança energética.”
Marcos Troyjo, Economista
Essa reconfiguração da cadeia de valor traz uma boa previsão meteorológica para o Brasil, mas as condições reais do clima só serão vistas no decorrer dos próximos anos.
O País precisará vencer seus obstáculos internos em questões fiscais, tributárias e de infraestrutura. Segundo dados da Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2022 o Brasil ocupou apenas a 24ª posição entre as nações que mais exportaram.
De janeiro a outubro deste ano, as exportações brasileiras somaram US$ 282 bilhões. Se o número reflete as limitações do País para estar entre os líderes do comércio global, a realidade dos demais países também sinaliza que há espaço para o Brasil ocupar.
Coordenador do núcleo de estudos Brasil-China da FGV, Evandro Carvalho avalia que a economia chinesa está lutando para se recuperar de três anos de duras restrições decorrentes da política de Covid zero. “A confiança dos investidores está diminuindo e uma crise demográfica se aproxima, uma vez que o país registrou seu primeiro declínio populacional em seis décadas”, afirmou.
À medida que as antigas estruturas globais de suprimentos foram desintegradas, o Brasil, naturalmente, fica mais próximo dos Estados Unidos. O que não é exatamente algo novo.
Para o diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Valente Pimentel, o Brasil sempre foi um parceiro estratégico dos EUA. “O maior estoque de investimentos no Brasil é americano. Às vezes nuances políticas, falta de convergências entre presidentes acabam afastando um pouco, mas temos uma relação histórica”, afirmou.
Segundo ele, neste momento, com os EUA dispostos a criar novas alternativas de suprimentos com base nas questões geopolíticas e para aumentar a segurança do fornecimento, o Brasil fica numa posição vantajosa em relação aos demais países. “Temos bioeconomia e biodiversidade. Ninguém pode ignorar o Brasil nessa agenda”.
Porém, essa aparente vantagem não se traduz em competitividade. “Produzir no Brasil custa R$ 1,7 trilhão a mais por ano do que a média dos países da OCDE. Estamos falando de insegurança jurídica, insegurança física e patrimonial, custo do emprego, conformidade tributária, infraestrutura”, afirmou Pimentel. “Temos uma agenda interna, que é reduzir o Custo Brasil, e também temos o obstáculo da falta de acordos internacionais com grandes países.”
Jefferson de Paula, presidente da ArcelorMittal“É difícil conceber o fortalecimento da competitividade regional e da indústria das Américas sem a participação do Brasil.”
Jefferson de Paula, da ArcelorMittal
Ele cita como exemplo o setor têxtil. “Uma calça jeans do Brasil para entrar no mercado americano paga 17% de imposto. Já o México, que superou a China neste ano em exportações para os EUA, paga 0%”. Ainda segundo o diretor da Abit, muitas marcas brasileiras estão se instalando no mercado americano, mas ainda há espaço para ser explorado. “Temos de avançar em acordos que permitam aos nossos produtos entrarem mais facilmente lá e nas Américas como um todo”, afirmou.
Desafios
A falta de um acordo de livre comércio com os EUA é o que explica o fato de o Brasil não fazer parte da Parceria das Américas lançada por Biden no ano passado (Apep, na sigla em inglês). Porém, os governos dos dois países estão neste momento discutindo oportunidades para a participação de empresas brasileiras nos chamados pacotes de apoio e de subsídios criados no esforço norte-americano para reduzir sua própria dependência da economia asiática.
Para Jefferson De Paula, presidente da ArcelorMittal Brasil e do Conselho Diretor da entidade que representa as empresas brasileiras produtoras de aço, “é difícil conceber o fortalecimento da competitividade regional e da indústria das Américas sem a participação do Brasil”.
Segundo ele, o Brasil tem vantagens comparativas que podem se transformar em vantagens competitivas. “A matriz energética majoritariamente renovável e a capacidade tecnológica para realizar a transição energética para uma economia verde reduzem custos, oferecendo uma solução climática que poderá ser lucrativa para o meio ambiente e para os negócios”, afirmou.
Fernando Pimentel, da ABIT“À medida que as antigas estruturas globais de suprimentos foram desintegradas, o Brasil, naturalmente, fica mais próximo dos Estados Unidos.”
Fernando Pimentel, da ABIT
Especificamente sobre o setor em que atua, De Paula entende que a integração da indústria do aço brasileira às cadeias produtivas dos EUA oferece possibilidades promissoras, como o aumento da exportação de aço e produto acabado e elevação dos investimentos de empresas norte-americanas no Brasil em infraestrutura.
“Além disso, o crescimento da economia americana induz o crescimento de outras economias, inclusive a latino-americana, gerando mais oportunidades de comércio com o Brasil”.
Assim, quem sabe, o sonho de ver 1 trilhão de dólares na conta-corrente do comércio internacional brasileiro se torne realidade em um futuro nem tão distante.
O Estado de S.Paulo - SP 13/11/2023
A economia brasileira caminha para um horizonte delicado nos próximos anos. Na previsão de analistas, a dívida do País deve se aproximar de 90% do Produto Interno Bruto (PIB) entre o final desta década e o início da próxima.
Se confirmada, essa conjuntura vai reforçar uma tendência bastante negativa para o Brasil. Isso porque o País já tem um elevado endividamento para uma economia considerada emergente.
“O nosso cenário básico é de uma dívida crescente”, afirma Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências. “E, por trás disso, está a dificuldade que o governo vai ter para chegar a um resultado primário zero e fechar as contas.”
Na previsão da Tendências, a dívida bruta deve subir a 88,4% do PIB até 2029 e se estabilizar nesse patamar. Uma queda está prevista para 2031, quando deve recuar para 88%.
“A dívida deve subir sem parar nos próximos dez anos”, afirma Gabriel Leal de Barros, sócio da Ryo Asset e ex-diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI). Ele prevê o pico de 89,7% do PIB em 2031 e um recuo a partir de então, chegando a 87% do PIB em 2034.
Em nota ao Estadão, o Ministério da Fazenda afirma que o novo marco fiscal e “medidas de recomposição da base fiscal e de melhoria do ambiente econômico” (como a reforma tributária e novo marco de garantias) permitem ao Tesouro Nacional estimar uma estabilização da trajetória da dívida em 2026 abaixo de 80% do PIB.
Por que é um problema?
Mais endividado do que países emergentes de economia similar — a média desse grupo é de uma dívida bruta de 57,7% do PIB, segundo a Tendências —, o Brasil acaba lidando com uma série de limitações. Tem, por exemplo, uma margem menor para reagir a choques externos e internos.
Para responder aos estragos provocados pela pandemia de covid, o País teve de ampliar os seus gastos para socorrer empresas e pessoas. De 2019 a 2020, a dívida bruta aumentou de 74,4% para 86,9% do PIB.
“Com esse nível elevado, qualquer choque pode jogar a dívida para um campo muito mais complicado”, afirma Alessandra.
A trajetória da dívida brasileira também é observada de perto pelas agências de classificação de risco — a economia perdeu o grau de investimento em 2015 — e faz com que os investidores exijam um juro mais alto para financiar a dívida brasileira.
“Na década passada, houve um aumento muito forte de gastos e uma queda da arrecadação. Ou seja, o País começou a ter uma política fiscal mais expansionista. Passamos de um superávit primário para um déficit muito forte, e a dívida começou a subir”, diz Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank.
Mudança de meta
Para conseguir estancar o endividamento, o País precisa entregar superávit primário — o resultado positivo entre receitas e despesas, sem contar o gasto com juros. Entre os analistas, essa conta varia, mas um saldo positivo ideal ficaria na faixa de 1,5% a 2% do PIB.
“Uma regrinha de bolso seria um superávit primário de cerca de 2%”, diz Salles. “Seria compatível com a estabilização da dívida, mas ainda estamos lutando para sair do negativo e ir para o zero.”
Quando apresentou o arcabouço fiscal, a equipe econômica prometeu entregar um resultado primário zero já em 2024 e chegar a um superávit de 1% do PIB em 2026. Mas esse plano de voo pode mudar.
No fim de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil “dificilmente” atingirá o resultado primário zero no ano que vem.
Com os indícios de que a economia brasileira deve desacelerar em 2024, ano de disputa eleitoral nos municípios, Lula tem deixado claro que não planeja fazer um controle rígido de gastos, como contingenciamento. Já afirmou, por exemplo, que, “para quem está na Presidência, dinheiro bom é dinheiro transformado em obras”. Por ora, a sinalização é que o governo deve propor um déficit de 0,25% ou 0,5% do PIB como meta para o ano que vem.
“Será preciso ver qual é a capacidade do Lula de aguentar a desaceleração econômica”, afirma Barros. “Desaceleração econômica bate em popularidade, e o governo pode tomar decisões, que ampliam o risco fiscal, para evitar isso.”
Os sinais de uma economia pior se somam à dificuldade do governo em colocar de pé as medidas arrecadatórias que foram enviadas para o Congresso. Com base no roteiro original, para zerar o déficit das contas públicas no próximo ano, a equipe econômica depende dos parlamentares para conseguir ampliar a receita em R$ 168,5 bilhões.
Difícil subir a carga
O que os economistas dizem, no entanto, é que ficou mais difícil para o governo conseguir melhorar o quadro das contas públicas apenas com aumento de carga tributária. O ideal também seria rever os gastos realizados.
“A gente chegou num ponto de carga tributária muito elevada no Brasil. A gente roda há 10, 15 anos com uma carga próxima de 33% de PIB”, diz Rafaela Vitória, economista-chefe do banco Inter. “Existe uma incapacidade na economia de fazer mais aumentos de carga tributária.”
“Apesar de ter de um amplo espaço para cortar despesa, o governo fez uma escolha de fazer o ajuste via carga tributária. Pelas minhas contas, são R$ 700 bilhões de espaço para cortar em despesas em dez anos, com reforma administrativa, fusão de políticas sociais”, acrescenta Barros.
O grande nó é que mexer em gastos passa por uma agenda impopular. Não há muito mais o que cortar de despesas discricionárias e o que o futuro reserva, de acordo com analistas, é um encontro com as despesas obrigatórias.
O cenário deve ser ainda mais difícil porque governo tem patrocinado aumento de despesas. Garantiu, por exemplo, o ganho real do salário mínimo, com impactos nos gastos com Previdência e programas sociais, e reajustes para funcionários públicos.
“O governo subiu a barra e está gastando mais em coisas que não consegue cortar”, afirma Alessandra, da Tendências. “A dinâmica de gastos obrigatórios está pior do que a gente viu nos últimos anos.”
Pela regra desenhada do arcabouço fiscal, se o governo não cumprir e meta de resultado primário, as despesas só poderão crescer 50% da variação de receita, em vez de 70%, como prevê o desenho original. A meta de cada ano tem uma margem de tolerância de 0,25 ponto porcentual para mais ou para menos.
Nas contas feitas por Rafaela Vitória, do Inter, o arcabouço é suficiente para devolver ao País um superávit capaz de estacar o aumento da dívida. “Como o arcabouço permite o crescimento de gastos, o ajuste acaba sendo um pouco mais lento. Considerando o desenho de hoje, a nossa previsão é chegar nesse superávit de 1,5% por volta de 2028", afirma. “A questão é: o arcabouço vai ser cumprido?”
O Estado de S.Paulo - SP 13/11/2023
Os preços estão caindo novamente na China após uma pausa de dois meses, com as famílias e as empresas cautelosas em relação aos gastos, mesmo com os bancos controlados pelo Estado injetando dinheiro na construção de mais fábricas.
A queda nos preços pode colocar a China à beira de uma condição econômica perigosa chamada deflação, na qual as empresas e os trabalhadores descobrem que recebem menos dinheiro por seus produtos ou por seu trabalho, enquanto suas dívidas permanecem mais pesadas do que nunca.
Nos Estados Unidos, por outro lado, a inflação foi reduzida substancialmente, embora os preços ao consumidor ainda estejam mais altos do que antes da pandemia. A Europa ainda está lutando contra a inflação.
Os preços ao consumidor na China caíram 0,2% em outubro em comparação com o ano anterior, informou o Escritório Nacional de Estatísticas na quinta-feira. A queda dos preços dos alimentos desempenhou um papel importante, principalmente a queda de 30% nos preços da carne suína, uma vez que os agricultores chineses começaram a criar mais porcos.
As mudanças nos preços dos alimentos podem ser abruptas e não necessariamente levam à deflação ou à inflação, que são mudanças no nível geral de preços de uma economia. Excluindo os preços dos alimentos, bem como os preços da energia - a gasolina ficou ligeiramente mais cara na China no mês passado - os preços ao consumidor em outubro subiram 0,6% em relação ao ano anterior, informou a agência de estatísticas.
Gita Gopinath, primeira vice-diretora administrativa do Fundo Monetário Internacional, disse em uma coletiva de imprensa em Pequim na terça-feira que acredita que a China conseguirá evitar a deflação. Os preços fracos dos alimentos e da energia reduziram as medidas gerais de inflação, mas podem não persistir, disse ela.
“Não esperamos ver uma tendência geral de deflação na China - esperamos que, daqui a um ano, a inflação esteja diretamente no território positivo”, disse ela.
Preços ao produtor
Mas a queda nos preços dos alimentos não explica um declínio muito mais amplo nos preços de atacado cobrados pelas fábricas e outros produtores. O índice de preços ao produtor da China caiu 2,6% em outubro, em comparação com o mesmo mês do ano passado; nessa base anual, ele vem caindo há 13 meses consecutivos.
Os preços ao produtor caíram em outubro em relação ao ano anterior para mercadorias que variam de aço e carvão a carros elétricos, embora tenha havido indícios de uma estabilização nos preços dos carros elétricos neste outono.
As ações subiram nas negociações iniciais de quinta-feira em Xangai e Shenzhen, embora a queda nos preços ao consumidor tenha sido um pouco maior do que a queda de 0,1% esperada pelos economistas. Os preços ao consumidor ficaram estáveis em setembro em relação ao ano anterior, subiram 0,1% em agosto e caíram 0,3% em julho.
A fraqueza econômica era visível em um dia de semana recente em Weifang, uma cidade na província de Shandong, no centro-leste da China. Uma rua de quarteirões com lojas que vendiam materiais de construção como tinta, gesso e pisos estava completamente vazia de clientes pouco antes da hora do almoço.
Liu Xinjiang, proprietário de uma pequena loja que fornece aos apartamentos fogões e armários de cozinha novos ou reformados, disse que os preços do aço e do cimento haviam caído drasticamente, enquanto os preços dos materiais de decoração para casa também estavam em baixa. Os preços dos apartamentos nas torres com vista para a rua caíram de 30% a 40% nos últimos anos, disse ele, mas ainda não há compradores e, portanto, ninguém que esteja gastando dinheiro em interiores de cozinha.
“Os apartamentos não podem ser vendidos na China agora”, disse Liu.
A queda dos preços na China é um reflexo da fraca demanda e do excesso de oferta de uma série de produtos. Os apartamentos são os principais ativos das famílias chinesas, representando de três a quatro quintos da riqueza das famílias. As quedas nos preços dos apartamentos deixaram muitas pessoas relutantes em gastar dinheiro.
Os preços das casas existentes em 100 cidades da China caíram em média quase 18% desde agosto de 2021, de acordo com o Instituto de Pesquisas Beike, uma empresa de pesquisa de Tianjin.
As rigorosas restrições da pandemia na China também parecem ter tido um efeito duradouro sobre a disposição dos consumidores e das empresas para gastar, embora a China tenha abandonado abruptamente essas medidas há 11 meses. A confiança do consumidor despencou em todo o país durante os dois meses de lockdown da covid em Xangai na primavera do ano passado, caindo muito mais do que durante a crise financeira global de 2008 e 2009.
Quando as pesquisas de confiança do consumidor não mostraram uma recuperação na primavera passada, o Escritório Nacional de Estatísticas parou temporariamente de divulgar os dados. Mas agora voltou a fazê-lo, e os dados mostram que, após uma pequena recuperação nos primeiros três meses deste ano, depois que as medidas de controle da covid foram suspensas, a confiança do consumidor caiu para níveis quase tão baixos quanto no final do lockdown de Xangai.
O Estado de S.Paulo - SP 13/11/2023
Os líderes políticos da China, sob pressão por causa da frágil recuperação do país, estão lentamente conduzindo a economia para um novo rumo. Não podendo mais depender de dívidas imobiliárias e locais para impulsionar o crescimento, eles estão investindo mais fortemente em manufatura e aumentando os empréstimos do governo central.
Pela primeira vez desde 2005, quando a manutenção de registros comparáveis na China começou, os bancos controlados pelo Estado iniciaram uma redução sustentada nos empréstimos imobiliários, segundo dados divulgados na semana passada. Em vez disso, enormes somas estão sendo canalizadas para os fabricantes, especialmente em setores de rápido crescimento, como carros elétricos e semicondutores.
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O arcabouço como ele é: um esquema de expansão de gastos
O déficit zero que subiu no telhado
Há riscos nessa abordagem. A China tem um excesso crônico de oferta nas fábricas, bem mais do que precisa para seu mercado interno. Uma maior ênfase na fabricação provavelmente levará a mais exportações, um aumento que poderia antagonizar os parceiros comerciais da China. Os empréstimos adicionais da China também representam um desafio para o Ocidente, que está tentando promover investimentos adicionais em alguns dos mesmos setores por meio de legislação como a “Inflation Reduction Act” do governo Biden.
A mudança para empréstimos para manufatura ressalta a relutância de Pequim em socorrer o mercado imobiliário chinês, sobrecarregado de dívidas. A construção e a habitação representam cerca de um quarto da economia e agora estão sofrendo quedas acentuadas nos preços, nas vendas e nos investimentos.
O impulso de investimento da China pode estimular mais crescimento nos próximos meses, compensando parcialmente os problemas no setor imobiliário. No entanto, mais empréstimos do governo central, em substituição aos empréstimos locais, pouco contribuirão para neutralizar o entrave de longo prazo ao crescimento causado pelo acúmulo de dívidas.
“Não acho que haja um problema para o desenvolvimento de curto prazo, mas temos de nos preocupar com o desenvolvimento de médio e longo prazo”, disse Ding Shuang, economista-chefe do Standard Chartered para a China, em um recente fórum de economistas e especialistas em finanças chineses em Guangzhou. “É justo dizer que o setor imobiliário não está em um patamar mínimo.”
A crise imobiliária da China tem suas raízes em quatro décadas de especulação alimentada por dívidas que elevaram os preços a níveis muito acima do que normalmente poderia ser justificado por aluguéis ou renda familiar. Os formuladores de políticas da China desencadearam o recente declínio do setor ao começar a controlar os empréstimos há vários anos e agora estão relutantes em resgatar o setor, dando início a outra farra de empréstimos imobiliários.
O governo acreditava que a economia da China voltaria a crescer em 2023, depois que os líderes do país suspenderam a maioria das restrições de “covid zero” que reprimiram a economia no ano passado. Porém, após um surto inicial de atividade, o crescimento ficou para trás na primavera e no verão. As vulnerabilidades permanecem: a atividade manufatureira voltou a cair no mês passado, após apresentar crescimento em agosto e setembro.
Na semana passada, em uma conferência presidida por Xi Jinping, o principal líder da China, autoridades do Partido Comunista e do governo se reuniram em particular para discutir a política financeira. De acordo com uma declaração oficial posterior, a conferência determinou que mais recursos financeiros fossem canalizados para os setores de manufatura avançados, bem como assistência aos governos locais.
Enquanto o mercado imobiliário enfrenta dificuldades, a construção de fábricas impulsionada pelo financiamento apoiado pelo governo está em alta velocidade.
A China já construiu fábricas de painéis solares suficientes para suprir as necessidades do mundo inteiro. Construiu fábricas de automóveis suficientes para produzir todos os carros vendidos na China, na Europa e nos Estados Unidos. E até o final de 2024, a China terá construído, em apenas cinco anos, tantas fábricas petroquímicas quanto todas as que estão em funcionamento na Europa, além do Japão e da Coreia do Sul.
Os economistas presentes na recente reunião em Guangzhou, realizada pelo International Finance Forum, um think tank chinês, reconheceram que o país enfrentava desafios que não eram encontrados desde os anos imediatamente após a morte de Mao, em 1976. Mas eles previram que os grandes investimentos em novas tecnologias de fabricação seriam recompensados.
“Hoje temos dificuldades comparáveis às de 1978, então a questão agora é qual será o futuro do crescimento impulsionado pela inovação?”, disse Zhang Yansheng, ex-funcionário sênior da agência de planejamento econômico do governo central, que agora está no China Center for International Economic Exchanges.
A mudança do sistema bancário chinês de empréstimos imobiliários para manufatura começou há vários anos, disse Bert Hofman, diretor do Instituto do Leste Asiático da Universidade Nacional de Cingapura, no evento de Guangzhou.
Antes da pandemia, os bancos chineses estavam aumentando seus empréstimos para imóveis em mais de US$ 700 bilhões por ano. Nos 12 meses até setembro, o total de empréstimos pendentes para o setor imobiliário caiu ligeiramente. Os bancos emprestaram menos para incorporadoras, e as famílias pagaram hipotecas antigas e contraíram menos hipotecas novas.
Em comparação, os empréstimos líquidos para empresas industriais dispararam de US$ 63 bilhões nos primeiros nove meses de 2019 para US$ 680 bilhões nos primeiros nove meses deste ano. Esse dinheiro foi destinado, em parte, à construção de um setor de semicondutores que pode permitir que a China se livre das importações e contorne os controles de exportação americanos, bem como a categorias como fabricação de carros elétricos e construção naval.
Muitos economistas expressaram preocupação com o fato de que aplicar mais dinheiro no setor de manufatura pode não consertar a economia. O setor imobiliário continua em decadência e é tão grande que não será fácil compensar seus problemas com o crescimento de setores como a fabricação de automóveis, que representa de 6% a 7% da produção econômica.
O aumento da construção de fábricas ameaça antagonizar outros países: É provável que grande parte da produção adicional seja exportada porque muitas famílias chinesas reduziram seus gastos.
Mas os Estados Unidos e a União Europeia estão cada vez menos dispostos a aceitar novos aumentos em seus déficits comerciais com a China. A União Europeia já está investigando o uso de subsídios governamentais pelo setor de veículos elétricos da China, abrindo uma nova brecha comercial entre Bruxelas e Pequim.
Ciente desses riscos, a China está cortejando os países em desenvolvimento. Esses países ainda têm setores manufatureiros consideráveis, mas muitas vezes envelhecidos, que oferecem uma abertura para as exportações de fábricas recém-construídas e altamente eficientes na China. Muitos países em desenvolvimento estão lutando para renegociar grandes dívidas com Pequim para projetos de infraestrutura, o que os coloca em uma posição fraca para aumentar as tarifas sobre os produtos chineses.
As fábricas da China vêm ganhando domínio há décadas. A participação do país na fabricação global cresceu quase cinco vezes, chegando a 31%, desde 2000, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial. A participação dos Estados Unidos caiu para 16%, enquanto a participação dos países em desenvolvimento, excluindo a China, permaneceu estável em 19%.
Obviamente, uma coisa não está mudando na abordagem da China: sua dependência de empréstimos para impulsionar o crescimento.
As autoridades têm tentado repetidamente, há anos, domar seu vício em dívidas. Liu He, um vice-premiê, prometeu em um discurso em 2018 que isso aconteceria em três anos.
Em vez disso, a dívida do governo local aumentou desde 2020, chegando a quase US$ 8 trilhões no ano passado, e as unidades de empréstimo semi-independentes dos governos locais acumularam trilhões de dólares a mais em empréstimos. A dívida geral da China aumentou até se tornar consideravelmente maior, em relação à produção econômica do país, do que a dívida dos Estados Unidos e de muitos outros países desenvolvidos.
Yao Yang, diretor da Escola Nacional de Desenvolvimento da Universidade de Pequim, disse em setembro que os esforços de controle da dívida não foram bem-sucedidos.
“Entre 2014 e 2018, que deveria ter sido uma janela para a redução da dívida, a dívida disparou; a situação piorou após 2020", disse ele em um discurso. “Isso indica que as medidas anteriores de redução da dívida foram ineficazes e, em alguns casos, contraproducentes.”
CNN Brasil - SP 13/11/2023
Xi Jinping tem um plano sobre como o mundo deveria funcionar e, um ano após o seu terceiro mandato como líder chinês, que quebra as normas, está intensificando o seu esforço para desafiar a liderança global americana – e colocando a sua visão como peça central.
Essa aposta esteve sob os holofotes como nunca antes no mês passado em Pequim, quando Xi, acompanhado pelo presidente russo, Vladimir Putin, pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e por cerca de duas dezenas de altos dignitários de todo o mundo, saudou a China como o único país capaz de navegar pelos desafios do século 21.
“Mudanças no mundo, nos nossos tempos e de significado histórico estão se desenrolando como nunca antes”, disse Xi à sua audiência no Fórum do Cinturão e Rota. A China, disse ele, “faria esforços incansáveis para alcançar a modernização de todos os países” e trabalharia para construir um “futuro compartilhado para a humanidade”.
A visão de Xi – embora envolta em linguagem abstrata – resume o esforço emergente do Partido Comunista Chinês para remodelar um sistema internacional que considera injustamente favorável aos Estados Unidos e aos seus aliados.
Visto como um rival por esses países à medida que se torna cada vez mais assertivo e autoritário, Pequim passou a acreditar que agora é o momento de mudar esse sistema e o equilíbrio global de poder para garantir a ascensão da China – e rejeitar os esforços para o combater.
Nos últimos meses, Pequim promoveu o seu modelo alternativo através de documentos políticos robustos e novas “iniciativas globais”, bem como de discursos, reuniões diplomáticas, fóruns e reuniões internacionais, grandes e pequenas – com o objetivo de ganhar apoio em todo o mundo.
Para muitos observadores, esta campanha suscitou a preocupação de que um mundo modelado segundo as regras de Pequim seja também um mundo onde as características do seu governo autocrático e com mão de ferro – como a vigilância pesada, a censura e a repressão política – possam tornar-se práticas globalmente aceitas.
Mas o impulso da China surge em um momento em que as guerras americanas no exterior, a política externa instável, de eleição a eleição, e a profunda polarização política intensificaram as questões sobre a liderança global dos EUA. Entretanto, problemas urgentes como as mudanças climáticas, a guerra da Rússia na Ucrânia e guerra entre Israel e o Hamas acirraram a discussão sobre se o Ocidente está adotando a abordagem correta para responder.
Tudo isto coincide com os apelos de longa data dos países do mundo em desenvolvimento para um sistema internacional onde tenham mais voz.
Muitos desses países reforçaram substancialmente os seus laços econômicos com Pequim durante o governo de Xi, incluindo durante uma década da sua campanha de construção de infraestruturas globais de até US$ 1 trilhão, que os líderes se reuniram para celebrar no mês passado na capital chinesa.
Resta saber quantos acolheriam favoravelmente um futuro que se adaptasse à visão de mundo da China – mas o esforço claro de Xi para amplificar a sua mensagem no meio de um período de tensões implacáveis com Washington eleva os riscos da rivalidade EUA-China.
E como deixa claro a procissão de líderes mundiais que visitaram Pequim nos últimos meses, incluindo para a reunião de Xi no mês passado: embora muitas nações possam estar céticas em relação a uma ordem mundial lançada pela China autocrática – outras estão ouvindo.
“Futuro compartilhado”
Um documento de políticas com mais de 13 mil palavras divulgado por Pequim em setembro descreve a visão da China para a governança global e identifica o que considera ser a fonte dos atuais desafios globais: “As ações hegemônicas, abusivas e agressivas de alguns países contra outros… estão causando grandes danos” e colocando em risco a segurança e o desenvolvimento globais, diz.
Sob a “comunidade global de futuro compartilhado” de Xi, diz o documento, o desenvolvimento econômico e a estabilidade são priorizados à medida que os países se tratam como iguais para trabalharem juntos para a “prosperidade comum”.
Nesse futuro, também estariam livres da “política de bloco”, da competição ideológica e de alianças militares, e de serem responsabilizados pela defesa de “‘valores universais definidos por um punhado de países ocidentais”, diz o documento.
“O que os chineses estão dizendo… é ‘viva e deixe viver’, você pode não gostar da política interna russa, pode não gostar do regime político chinês – mas se quiser segurança, terá que dar espaço para eles sobreviverem e prosperarem também”, disse Yun Sun, diretor do programa para a China no think tank Stimson Center, em Washington.
Esta visão está tecida através de três novas “iniciativas globais” anunciadas por Xi nos últimos dois anos, centradas no desenvolvimento, na segurança e na civilização. As iniciativas refletem alguns dos pontos de discussão de longa data de Pequim e são, em grande parte, carentes de detalhes e ricas em retórica.
Mas, em conjunto, dizem os analistas, apresentam um argumento de que um sistema liderado pelos EUA já não é adequado para a era atual – e sinalizam um esforço combinado para remodelar a ordem pós-Segunda Guerra Mundial defendida por eles e por outras democracias ocidentais.
O atual quadro internacional foi concebido para garantir, pelo menos em teoria, que, embora os governos tenham soberania sobre os seus países, também compartilham regras e princípios para garantir a paz e defender os direitos políticos e humanos básicos das suas populações.
A China se beneficiou dessa ordem, impulsionando a sua economia com empréstimos do Banco Mundial e ampliando as oportunidades no âmbito da Organização Mundial do Comércio, à qual Washington apoiou a adesão de Pequim em 2001, na esperança de ajudar a tornar liberal o país comunista.
Pouco mais de duas décadas depois, Pequim está irritada com isso. Os EUA e os seus aliados observaram com cautela que Pequim não só se tornou economicamente competitiva, mas também cada vez mais assertiva no Mar do Sul da China e fora dele e mais repressiva e autoritária a nível interno.
Isto impulsionou os esforços de Washington para restringir o acesso chinês a tecnologia sensível e impor sanções econômicas, que Pequim vê como ações descaradas para suprimi-la e contê-la.
Os EUA e outras nações condenaram a intimidação de Pequim à democracia autônoma de Taiwan e tentaram responsabilizá-la por supostas violações dos direitos humanos no Tibete, Hong Kong e Xinjiang, este último dos quais um escritório de direitos humanos da ONU disse no ano passado podem constituir “crimes contra a humanidade” – uma acusação que Pequim nega.
Em resposta, Xi intensificou esforços de longa data para minar o conceito de direitos humanos universais.
“Diferentes civilizações” tinham as suas próprias percepções de “valores” humanos compartilhados, disse Xi aos líderes de partidos políticos e organizações de cerca de 150 países no início deste ano, ao lançar a “Iniciativa de Civilização Global” da China. Os países não “imporiam os seus próprios valores ou modelos aos outros” se a China estivesse definindo a agenda, sugeriu ele.
Isto se baseia no argumento de Pequim de que os esforços dos governos para melhorar o estatuto econômico dos seus povos equivalem à defesa dos seus direitos humanos, mesmo que essas pessoas não tenham liberdade para se manifestar contra os seus governantes.
Isso também está relacionado com o que os observadores dizem ser uma confiança crescente entre os líderes chineses no seu modelo de governança, que consideram ter desempenhado um papel genuinamente positivo na promoção do crescimento econômico a nível mundial e na redução da pobreza – em contraste com os EUA que travaram guerras, desencadearam uma grande crise financeira global e enfrenta políticas tensas em casa.
“Tudo isto faz a China pensar que a América está em declínio rápido”, disse Shen Dingli, analista de política externa baseado em Xangai, que afirma que isto alimenta o esforço de Xi não para derrubar a ordem mundial existente, mas para renová-la.
Pequim, acrescentou ele, vê os EUA apenas como uma pessoa que “prega da boca para fora” a “ordem liberal” para prejudicar outros países.
“(A China pergunta) ‘quem é mais propenso à paz e quem é menos capaz de liderar o mundo?’ Isto reforçou a autoimagem da China, (e esta ideia de que) ‘Somos grandes e deveríamos ser maiores – e nós devemos deixar o mundo perceber que é a nossa hora’”, disse ele.
Quem está ouvindo?
Para líderes fortes e governos autocráticos, a visão de Xi tem um apelo óbvio. Embora Putin, da Rússia, acusado de crimes de guerra e de continuar a sua invasão brutal à vizinha Ucrânia, e os líderes talibãs do Afeganistão sejam evitados no Ocidente, ambos foram recebidos na mesa de nações de Xi em Pequim no mês passado.
Poucas semanas antes, o ditador sírio Bashar al-Assad – que foi acusado de usar armas químicas contra o seu próprio povo – foi festejado nos Jogos Asiáticos em Hangzhou, onde chegou de jato fretado pela China e visitou um famoso templo budista.
Uma manchete do jornal estatal Global Times retratou a visita de Assad como sendo a do líder de um “país devastado pela guerra e respeitado na China em meio ao isolamento ocidental” – proporcionando um vislumbre dos cenários através do espelho que poderiam se tornar a norma se a visão de mundo de Xi ganhar força.
Mas o argumento mais amplo de Pequim, que implica que um punhado de países ocidentais ricos detêm muito poder global, ressoa em um conjunto mais vasto de governos do que apenas aqueles que estão em desacordo com o Ocidente.
Estas preocupações ganharam maior destaque nas últimas semanas, à medida que a atenção global se concentrou no ataque implacável de Israel a Gaza, após o ataque de 7 de outubro ao seu território pelo Hamas.
Os EUA têm estado na minoria que se opõe ao amplo apoio global a uma trégua humanitária imediata – e o seu apoio a Israel é visto em grande parte do mundo como uma forma de permitir ao país continuar a sua retaliação, apesar do aumento das baixas civis.
Nos últimos anos, mesmo alguns países que durante décadas abraçaram uma parceria estreita com os EUA aproximaram-se da China e da sua visão.
“O Paquistão se alinha com a visão do líder chinês Xi Jinping de que está emergindo uma nova era global, caracterizada pela multipolaridade e pelo afastamento do domínio ocidental”, disse Ali Sarwar Naqvi, ex-embaixador do Paquistão, agora diretor executivo do Centro de Estudos Estratégicos Internacionais em Islamabad.
Mas há também muitos governos que permanecem cautelosos às suas políticas e ambições, ou em parecerem estar do lado de Pequim em detrimento ao Ocidente.
“Mantivemos aberto o nosso relacionamento com todas as nações”, disse o primeiro-ministro da Papua Nova Guiné, James Marape, à CNN no Fórum do Cinturão e Rota no mês passado, onde fez um discurso apelando a mais investimentos em energia verde no seu país sob a iniciativa liderada pela China.
“Nós nos relacionamos com o Ocidente, nos relacionamos com o Oriente… Mantemos uma linha reta, não comprometemos a nossa amizade com todas as pessoas”, disse ele.
Presidente russo, Vladimir Putin, recebe o líder chinês, Xi Jinping, em Moscou / 20/03/2023 Sputnik/Sergei Karpukhin/Pool via REUTERS
E embora outros possam estar dispostos a apoiar a China no apelo a um sistema internacional mais representativo – há dúvidas sobre o que isso significa sob a liderança de Pequim.
“A China pode contar com o Brasil dia e noite para dizer que o multilateralismo é importante, e temos que revisitar a governança global… no entanto, há um ‘mas’ muito importante”, segundo Rubens Duarte, coordenador do LABMUNDO, um centro de pesquisa com sede no Brasil para as relações internacionais.
Ele aponta para questões que circulam em alguns países, como o Brasil, sobre a razão pela qual a China defende agora conceitos promovidos no Sul Global há 70 anos – e reivindica-os como seus. “A China está realmente tentando promover a multipolaridade – ou será que a China quer apenas (tornar-se um) substituto (para) a influência dos EUA no mundo?” ele perguntou.
Expandindo ambições
Durante décadas, a China construiu a sua influência internacional em torno da sua influência econômica, utilizando a sua própria rápida transformação de um país profundamente empobrecido para a segunda maior economia do mundo como um modelo que poderia compartilhar com o mundo em desenvolvimento.
Foi neste sentido que Xi lançou a sua principal iniciativa de financiamento do Cinturão e Rota em 2013, aproximando dezenas de nações mutuárias de Pequim e expandindo a presença internacional da China um ano depois de se tornar líder com a promessa de “rejuvenescer” a nação chinesa para um lugar de poder e respeito globais.
“O pensamento tradicional (de política externa) da China estava fortemente centrado na capacidade econômica como base para todo o resto. Quando nos tornamos uma potência econômica, também adquirimos naturalmente maior influência política e poder brando, etc. – todo o resto se alinhará”, disse Tong Zhao, membro sênior do think tank Carnegie Endowment for International Peace, em Washington.
Mas como a ascensão econômica da China foi acompanhada de fricções geopolíticas com os EUA e os seus aliados, Pequim viu a necessidade de expandir a sua visão “e também de abordar questões geopolíticas”, acrescentou Zhao.
A guerra na Ucrânia apenas intensificou esta dinâmica. Os principais parceiros econômicos da China na Europa estreitaram os laços com os EUA e reavaliaram as suas relações com Pequim depois de este se ter recusado a condenar a invasão do Kremlin, ao mesmo tempo que Washington reforçou as relações com os aliados na Ásia.
Isto “serviu como um alerta para os chineses de que a competição entre grandes potências com os Estados Unidos, em última análise, tem a ver com (conquistar) o resto do mundo”, disse Sun, do Stimson Center, em Washington.
Depois, confrontado com a pressão crescente do Ocidente para condenar a invasão de um país soberano por Moscou, Pequim aproveitou o momento para defender a sua própria visão sobre a segurança global.
Navio da guarda costeira chinesa é visto bloqueando direção de barco da guarda costeira das Filipinas no Mar do Sul da China / 04/10/2023 REUTERS/Adrian Portugal
Dois meses depois de as tropas russas terem invadido a Ucrânia, Xi anunciou a “Iniciativa de Segurança Global” da China, declarando numa conferência internacional que o “confronto de bloco” e a “mentalidade de Guerra Fria” iriam “destruir o quadro de paz global”.
Foi uma aparente referência não ao agressor russo, mas à Otan, que tanto Moscou quanto Pequim culparam por provocar a guerra na Ucrânia.
As palavras de Xi estavam longe de serem novas para Pequim, mas nos meses seguintes os diplomatas chineses intensificaram a promoção dessa retórica, por exemplo apelando aos seus homólogos nas capitais europeias, bem como aos EUA e à Rússia, para construírem uma “arquitetura de segurança europeia sustentável” para resolver o “déficit de segurança por trás da crise (da Ucrânia)”.
A retórica pareceu pegar, com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, dias depois de regressar de uma visita de estado à China nesta primavera, apelando a Washington para “parar de encorajar a guerra”.
Isto atinge o cerne dos objetivos de Pequim, que os especialistas dizem não ser construir as suas próprias alianças ou usar o seu poderio militar para garantir a paz em situações voláteis, como fizeram os EUA.
Em vez disso, procura lançar dúvidas sobre esse sistema, ao mesmo tempo que projeta a sua própria, embora vaga, visão para os países que garantem a paz através do diálogo e de “interesses comuns” – uma frase que mais uma vez rejeita a ideia de que os países devem se opor uns aos outros com base em diferenças políticas.
“Se um país estiver obcecado em suprimir outros com opiniões diferentes, certamente causará conflitos e guerras no mundo”, disse o oficial do alto escalão militar, general Zhang Youxia, às delegações de mais de 90 países que participaram de um fórum de segurança liderado por Pequim na capital no mês passado.
Pequim disse que o seu modelo já é bem sucedido, apontando para o seu papel na mediação da restauração dos laços entre os rivais de longa data, a Arábia Saudita e o Irã, em março. Também mandou um enviado ao Oriente Médio após a eclosão do último conflito, comprometendo-se a “fazer esforços ativos” para acalmar a situação – embora as leituras de Pequim sobre a sua viagem não fizessem qualquer menção a qualquer escala em Israel ou na Palestina.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontra o presidente da China Xi Jinping / Ricardo Stuckert/PR
Mas a retórica de Xi cai por terra para muitos países que vêem a China e as suas forças armadas em rápida modernização como o principal agressor na Ásia e que questionam o seu apoio à Rússia, apesar da flagrante violação do direito internacional por parte de Moscou ao invadir a Ucrânia.
Em declarações à CNN em setembro, o secretário de Defesa filipino, Gilberto Teodoro Jr., acusou a China de intimidar países menores ao expandir o controle de áreas disputadas do Mar do Sul da China, em violação de uma decisão de um tribunal internacional.
“Se não a fizermos (recuar), a China irá se infiltrar cada vez mais naquilo que está dentro da nossa jurisdição soberana, dos nossos direitos soberanos e dentro do nosso território”, disse ele.
Arquitetura alternativa
O esforço de Pequim para transmitir a sua visão de remodelar a ordem mundial é possibilitado por uma extensa rede de organizações internacionais, diálogos regionais e fóruns que cultivou nas últimas décadas.
Reforçar esses grupos – e posicioná-los como organizações internacionais alternativas às do Ocidente – também emergiu como uma parte fundamental da estratégia de Xi para remodelar o poder global, dizem os especialistas.
Este verão, tanto o grupo de segurança da Organização de Cooperação de Xangai (SCO, na sigla em inglês), fundado pela China e pela Rússia, como o grupo de economias emergentes BRICS aumentaram os seus números – e atuaram como uma plataforma para Xi promover a sua marca de geopolítica.
Os países deveriam “reformar a governança global” e impedir que outros “se unam para formar grupos exclusivos e empacotar as suas próprias regras como normas internacionais”, disse Xi aos líderes do Brasil, Rússia, Índia e África do Sul depois de terem convidado a Argentina, Egito, Irã, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos a aderirem ao BRICS – a primeira expansão do grupo desde 2010.
Semanas mais tarde, ele pareceu sublinhar a sua preferência pela sua própria arquitetura alternativa – faltando à cúpula do G20 organizada em Nova Delhi, onde o presidente dos EUA, Joe Biden, e outros líderes do G7 estiveram presentes.
Mas, além dos eventos espalhafatosos e de alto nível no calendário diplomático da China, as autoridades também estão difundindo a visão do país e apresentando as novas iniciativas através de diálogos ministeriais ou regionais de nível inferior com homólogos do sudeste asiático à América Latina e Caribe – bem como em fóruns temáticos sobre segurança, cultura e desenvolvimento com acadêmicos e grupos de reflexão internacionais, mostram documentos oficiais.
Até agora, a China parece ter pouca dificuldade em fazer com que dezenas de países apoiem, pelo menos superficialmente, aspectos da sua visão – mesmo que normalmente não seja claro quem são todos estes apoiadores ou se o seu apoio vem acompanhado de algum compromisso tangível.
Reunião dos líderes dos BRICS / Ricardo Stuckert/PR
O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou no início deste ano que mais de 80 países e organizações “expressaram aprovação e apoio” à Iniciativa de Segurança Global.
De acordo com Pequim, a “Iniciativa de Desenvolvimento Global”, com enfoque econômico, lançada em 2021 para apoiar os objetivos de sustentabilidade das Nações Unidas, conta com cerca de 70 países no seu “Grupo de Amigos” – hospedado sob os auspícios da ONU.
Isto está de acordo com a estratégia de longa data da China para obter um amplo apoio para a sua posição contra a dos países ocidentais na ONU e em outras organizações internacionais, onde Pequim também tem pressionado por um papel maior.
Mas, além de quanto apoio tangível Pequim pode angariar, também permanece uma questão importante: se as ambições de Xi se limitam aos esforços para dominar a narrativa global e mudar as regras a favor da China ou se ele deseja realmente assumir o papel de potência dominante no mundo.
Existe uma grande lacuna entre o poder e a capacidade militar da China em relação à dos EUA – e o potencial de uma economia em dificuldades abrandar a sua ascensão. Por enquanto, dizem os especialistas, a China parece focada em mudar as regras para minar a credibilidade americana para intervir ou responsabilizar os países por questões internas – sejam elas conflitos civis ou violações dos direitos humanos.
O sucesso ao fazer isso poderá ter implicações na forma como o mundo responderá a qualquer possível movimento futuro que possa tomar para obter o controle de Taiwan – a ilha democrática e autônoma que o Partido Comunista reivindica.
Mas as ações da China na Ásia, onde as suas forças armadas se tornaram cada vez mais assertivas, ao mesmo tempo que condenam a presença militar dos EUA, sugerem a muitos observadores que Pequim espera dominar a região. Eles também levantam questões sobre como uma China mais poderosa militar e economicamente se comportaria a nível global, se não fosse controlada.
A China, no entanto, negou ambições de domínio.
“Não existe nenhuma lei férrea que determine que uma potência em ascensão irá inevitavelmente procurar a hegemonia”, afirmou Pequim no seu documento de políticas de setembro. “Tudo o que fazemos tem o propósito de proporcionar uma vida melhor ao nosso povo, ao mesmo tempo que criamos mais oportunidades de desenvolvimento para o mundo inteiro”.
Depois, em uma aparente referência à sua própria crença, ou esperança, na trajetória dos EUA, acrescentou: “A China compreende a lição da história – que a hegemonia precede o declínio”.
O Estado de S.Paulo - SP 13/11/2023
Após mais de 30 anos de impasse e muitas concessões, a reforma tributária caminha para a reta final no Congresso. Com a aprovação no Senado, resta uma segunda análise na Câmara, com possibilidade de promulgação fatiada dos trechos comuns às duas Casas. Mas a discussão continua longe do fim.
Isso porque o governo empurrou uma série de definições para as leis complementares, que devem ser analisadas a partir de 2024.
No hall de pendências estão o valor de parte dos fundos que serão abastecidos pela União e direcionados aos Estados; a composição da cesta básica isenta; as regras do Imposto Seletivo; o funcionamento dos diversos regimes específicos de tributação; e a operacionalização do cashback, sistema de devolução de tributos. Ou seja, uma nova guerra de lobbies e pressões já está contratada para os próximos anos.
“A PEC dispõe apenas sobre as normas gerais e empurra o restante para a lei complementar”, afirma o tributarista Gustavo Brigagão, sócio do Brigagão Duque Estrada Advogados.
Regimes específicos
A regulamentação dos regimes específicos (veja lista abaixo) é um tema aguardado, já que vai calibrar o tamanho da alíquota de referência. Apesar das estimativas divulgadas pelo Ministério da Fazenda, que já colocam o Brasil no topo do ranking mundial, só será possível definir o porcentual exato após o estabelecimento das regras.
É nessa regulamentação que serão definidos, por exemplo, quais produtos, tipos de serviços ou empresas terão direito a tratamento tributário diferenciado e como será essa cobrança. Por exemplo: o setor de eventos, que é muito grande e diversificado, ou mesmo o de esportes.
Dentre as perguntas que a regulamentação terá de responder, estão: quais produtos da cesta básica ficarão na lista isenta? Todas as proteínas serão contempladas? Ou uma parte irá para a cesta estendida, que tem desconto de 60%? As academias de ginástica poderão ser incluídas na lista das exceções de esportes?
Se o leque das exceções for muito flexibilizado, a alíquota do novo IVA (o Imposto sobre Valor Agregado) vai subir ainda mais. E quem vai pagar a conta são os contribuintes que consomem produtos que não estão nessa lista de excepcionalidades.
O teto da carga tributária, criado pelo relator da proposta no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), pode dificultar esse movimento, mas ele tem um prazo para mediação e posterior revisão.
Percy Soares, diretor-executivo da Abcon, associação que reúne as empresas privadas de concessão de saneamento, avalia que a briga será maior entre os grandes setores que foram parar no regime específico, como transporte, telecomunicações, rodovias e saneamento.
Para ele, será necessário discutir a importância de cada segmento. “É uma escolha de Sofia. O que é mais importante: o transporte de minério ou o saneamento preventivo contra doenças?”, diz Percy, puxando a sardinha para o seu setor. Ele lembra que 50% da população não tem água tratada em casa. Um problema adicional é que a mudança tributária pode levar à revisão dos contratos de concessão no setor.
O segmento de telecomunicações também já está em contato com os parlamentares para reforçar a “essencialidade” do seu serviço. “A gente não vive sem água, luz, esgoto e internet”, afirma Vivien Mello Suruagy, presidente da Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática (Feninfra).
“Vamos buscar uma carga (tributária) que seja compatível com a importância do setor e com o que ele gera de emprego e desenvolvimento”, destaca Vivien.
Alíquota do IVA
Manoel Pires, coordenador do Observatório Fiscal do Ibre/FGV, avalia que há exceções muito mal definidas na reforma, com a possibilidade de setores inteiros poderem ter o tratamento diferenciado. “Se liberarem muito na regulamentação, a alíquota vai lá para cima para manter a carga”, alerta.
“Colocou todo o poder de barganha no Congresso para ficar administrando quem entra e quem tem alíquota y e z. Esse processo vai continuar na lei complementar”, afirma o economista.
À Rádio Eldorado, o secretário extraordinário de Reforma Tributária, Bernard Appy, reforçou que a alíquota padrão, que será adotada para quem não tiver tratamento diferenciado, dependerá dessa regulamentação final.
“Não é determinada agora. Ela vai depender da regulamentação. Por exemplo: quanto será arrecadado de Imposto Seletivo, quantos serão os regimes específicos de tributação e quais bens e serviços estarão na cesta básica nacional e na cesta estendida”, afirmou.
Segundo Appy, essa calibragem dependerá também do impacto da reforma na sonegação. “Temos uma segurança muito grande que vai cair a sonegação e a inadimplência, mas não conseguimos saber com precisão qual será esse efeito”, ressaltou.
O secretário disse que as últimas mudanças feitas pelo Senado não têm efeito “muito relevante” sobre a alíquota de referência. De acordo com ele, é possível que a cobrança fique, na prática, abaixo de 27% — embora o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenha dito após a apresentação do primeiro relatório de Braga que a alíquota poderia subir mais meio ponto, podendo chegar a 27,5%. Posteriormente, porém, foram incluídas novas exceções ao texto.
Atualmente, a reforma estabelece três tipos de exceções: os tratamentos favorecidos (como a Zona Franca e as áreas de livre comércio), os diferenciados (com alíquotas reduzidas) e os específicos (que não têm necessariamente alíquota reduzida). Além disso, será criado o Imposto Seletivo, que incidirá sobre produtos e serviços nocivos à saúde e ao meio ambiente, e sobre a extração de recursos não renováveis, como minério e petróleo.
Destino
Brigagão avalia que, para alguns dispositivos, a definição em lei complementar seja o melhor caminho, já que determinadas regulamentações não devem ficar engessadas na Constituição. Mas alerta que conceitos tidos como fundamentais para o futuro da reforma, como a definição de destino, onde o novo tributo será cobrado, também ficaram pendentes. Hoje, a tributação ocorre na origem, onde o bem ou serviço é produzido.
“Em vez de o Congresso definir (o termo) destino, da melhor forma possível, transformando isso em norma constitucional, para que depois não houvesse questionamento, ele apenas deu uma dica do que poderia ser e jogou para a lei complementar”, diz Brigagão.
Segundo o texto da proposta, a lei complementar vai definir os critérios para a definição do destino da operação, “que poderá ser, inclusive, o local da entrega, da disponibilização ou da localização do bem, da prestação ou da disponibilização do serviço ou do domicílio ou da localização do adquirente ou destinatário do bem ou serviço, admitidas diferenciações em razão das características da operação”.
Para evitar insegurança jurídica, o tributarista defende que as regulamentações sejam feitas o mais rapidamente possível. “Mas não sei se o Congresso terá energia e disciplina para votar essas leis o quanto antes. Para se ter uma ideia, há temas da Constituição de 1988 que até hoje estão pendentes de legislação complementar”, diz.
A proposta aprovada no Senado determina que os projetos de lei complementares devem ser enviados em até 180 dias após a promulgação da PEC. Para serem aprovados, nas duas Casas, precisam de maioria absoluta (metade dos parlamentares mais um) — exigência maior do que para uma lei ordinária (maioria simples), porém inferior à de uma PEC, que é de três quintos dos parlamentares.
Lista de regimes específicos
Combustíveis e lubrificantesServiços financeirosOperações com bens imóveisPlano de saúdeLoteria (concurso de prognóstico)CooperativasHotelariaParque de diversão e parque temáticoAgência de viagem e de turismoBares e restaurantesSociedade Anônima de futebolAviação regionalMissão diplomáticaSaneamentoConcessão de rodoviasTransporte coletivo de passageirosTelecomunicaçõesReciclagem (economia circular)Micro e minigeração de energia.
O Estado de S.Paulo - SP 13/11/2023
Os Estados Unidos e a China são os dois pesos pesados da economia mundial. Juntos, produzem mais de 40% dos bens e serviços do mundo. Quando Washington e Pequim travam, portanto, uma batalha econômica, como fizeram por cinco anos consecutivos, o resto do mundo também sofre.
E quando eles realizam uma rara reunião de cúpula de alto nível, como farão os presidentes Joe Biden e Xi Jinping nesta semana, isso pode ter consequências globais.
A economia mundial certamente poderia se beneficiar de uma distensão entre os EUA e a China. Desde 2020, ela vem sofrendo uma crise após a outra — a pandemia da covid-19, o aumento da inflação, o aumento das taxas de juros, os conflitos violentos na Ucrânia e agora em Gaza. Espera-se que a economia global cresça uns fracos 3% este ano e 2,9% em 2024, segundo o Fundo Monetário Internacional.
“Ter as duas maiores economias do mundo em conflito em um momento tão tenso”, disse Eswar Prasad, professor de política comercial da Universidade de Cornell, “exacerba o impacto negativo de vários choques geopolíticos que atingiram a economia mundial”.
Aumentaram as esperanças de que Washington e Pequim possam, pelo menos, arrefecer algumas de suas tensões econômicas no Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec, em inglês) no domingo em San Francisco. A reunião reunirá 21 países da orla do Pacífico, que representam coletivamente 40% da população mundial e quase metade do comércio global.
O principal evento será a reunião entre Biden e Xi na quarta-feira, paralelamente à cúpula, a primeira vez que os dois líderes se falarão em um ano, período em que os atritos entre as duas nações pioraram. A Casa Branca procurou reduzir as expectativas, dizendo que não espera avanços.
Ao mesmo tempo, Prasad sugeriu que o limite para declarar um resultado bem-sucedido é relativamente baixo. Impedir qualquer deterioração adicional no relacionamento econômico bilateral”, disse ele, “já seria uma vitória para ambos os lados”.
A relação econômica entre os EUA e a China vinha se deteriorando há anos antes de irromper em 2018, por provocação do Presidente Donald Trump, em uma guerra comercial total. O governo Trump acusou a China de ter violado os compromissos assumidos, ao ingressar na Organização Mundial do Comércio em 2001, de abrir seu vasto mercado para empresas americanas e outras empresas estrangeiras que quisessem vender seus produtos e serviços no país.
Em 2018, o governo Trump começou a impor tarifas sobre as importações chinesas para punir Pequim por suas ações na tentativa de suplantar a supremacia tecnológica dos EUA. Muitos especialistas concordaram com o governo de que Pequim havia se envolvido em espionagem cibernética e exigido indevidamente que empresas estrangeiras entregassem segredos comerciais como preço para obter acesso ao mercado chinês. Pequim revidou as sanções de Trump com suas próprias tarifas retaliatórias, tornando os produtos dos EUA mais caros para os compradores chineses.
Quando Biden assumiu o cargo em 2021, ele manteve grande parte da política comercial de confronto de Trump, incluindo as tarifas da China. A taxa de imposto dos EUA sobre as importações chinesas agora ultrapassa 19%, contra 3% no início de 2018, antes de Trump impor suas tarifas. Da mesma forma, os impostos de importação chineses sobre os produtos dos EUA chegaram a 21%, contra 8% antes do início da guerra comercial, de acordo com cálculos de Chad Bown, do Peterson Institute for International Economics.
Um dos princípios da política econômica de Biden tem sido reduzir a dependência econômica dos Estados Unidos em relação às fábricas chinesas, que ficaram sob pressão quando a covid-19 interrompeu as cadeias de suprimentos globais, e solidificar parcerias com outras nações asiáticas. Como parte dessa política, o governo Biden forjou no ano passado o Pacto Comercial Indo-Pacífico com 14 países.
De certa forma, as tensões comerciais entre os EUA e a China são ainda maiores sob Biden do que sob Trump. Pequim está furiosa com a decisão do governo Biden de impor — e depois ampliar — os controles de exportação projetados para impedir que a China adquira chips de computador avançados e os equipamentos para produzi-los.
Em agosto, Pequim contra-atacou com suas próprias restrições comerciais: ela começou a exigir que os exportadores chineses de metais usados em chips de computador e células solares obtivessem licenças do governo para enviar esses metais para o exterior.
Pequim também tomou medidas agressivas contra empresas estrangeiras na China. Orquestrando o que parece ser uma campanha de contraespionagem, suas autoridades invadiram este ano os escritórios chineses das empresas de consultoria norte-americanas Capvision e Mintz Group, interrogaram funcionários da consultoria Bain & Co. em Xangai e anunciaram uma revisão de segurança da fabricante de chips Micron.
Alguns analistas falam de uma “dissociação” das duas maiores economias do mundo após décadas em que elas dependiam profundamente uma da outra para o comércio. De fato, as importações de produtos chineses para os Estados Unidos caíram 24% até setembro em comparação com o mesmo período de 2022.
O rompimento entre Pequim e Washington forçou muitos outros países a uma situação delicada: decidir de que lado estão quando de fato querem fazer negócios com ambos os países.
O FMI afirma que essa “fragmentação” econômica é prejudicial para o mundo. A agência de empréstimos para 190 países estima que as barreiras comerciais mais altas subtrairão US$ 7,4 trilhões da produção econômica global depois que o mundo tiver se ajustado às barreiras comerciais mais altas.
E essas barreiras estão aumentando: No ano passado, segundo o FMI, os países impuseram quase 3.000 novas restrições ao comércio, em comparação com menos de 1.000 em 2019. A agência prevê que o comércio internacional crescerá apenas 0,9% este ano e 3,5% em 2024 — uma queda acentuada em relação à média anual de 4,9% de 2000-2019.
O governo Biden insiste que não está tentando minar a economia da China. Na sexta-feira, a secretária do Tesouro, Janet Yellen, reuniu-se com seu colega chinês, o vice-primeiro-ministro He Lifeng, em San Francisco, e procurou preparar o terreno para a cúpula Biden-Xi.
“Nosso desejo mútuo — tanto da China quanto dos Estados Unidos — é criar um campo de jogo nivelado e relações econômicas contínuas, significativas e mutuamente benéficas”, disse Yellen.
Xi também tem motivos para tentar restaurar a cooperação econômica com os Estados Unidos. A economia chinesa está sob forte pressão. Seu mercado imobiliário entrou em colapso, o desemprego entre os jovens é galopante e o ânimo dos consumidores está baixo. As invasões de empresas estrangeiras assustaram as empresas e os investidores internacionais.
Com sérios ventos contrários enfrentados pela economia chinesa e muitas empresas americanas fazendo as malas e deixando a China, Xi precisa convencer os investidores de que a China ainda é um lugar lucrativo para se fazer negócios”, disse Wendy Cutler, vice-presidente do Asia Society Institute e ex-negociadora comercial dos EUA. Isso não será fácil de vender”.
Para complicar a situação, as tensões entre Washington e Pequim vão muito além do aspecto econômico. Sob o comando de Xi, o Partido Comunista Chinês puniu a dissidência em Hong Kong e na região muçulmana autônoma de Xinjiang. Seu governo fez exigências territoriais agressivas na Ásia, envolvendo-se em confrontos mortais na fronteira com a Índia e intimidando as Filipinas e outros vizinhos em partes do Mar do Sul da China que reivindica como suas. Ele tem ameaçado cada vez mais Taiwan, que considera uma província chinesa renegada.
As tensões entre os EUA e a China podem se intensificar no próximo ano com as eleições presidenciais em Taiwan e nos Estados Unidos, onde as críticas a Pequim estão entre as poucas áreas que unem democratas e republicanos.
As políticas de Xi parecem estar custando caro para a China na batalha pela opinião mundial. Em uma pesquisa recente com pessoas de 24 países, o Pew Research Center informou que os Estados Unidos eram vistos de forma mais favorável do que a China em todas as nações, com exceção de duas (Quênia e Nigéria).
A China poderia mudar de rumo?
Em discurso no Centro para Estratégia e Estudos Internacionais, em Washington, o deputado Raja Krishnamoorthi, democrata de Illinois que faz parte de um comitê da Câmara que monitora a China, observou com otimismo que Xi já se inverteu antes — notadamente ao declarar um fim repentino às políticas draconianas de covid-19 que prejudicaram a economia da China no ano passado.
Temos que dar uma chance a essa possibilidade, mesmo ao mesmo tempo em que nos protegemos e protegemos nossos interesses”, disse Krishnamoorthi. “É isso que eu espero que saia dessa reunião.”/AP
Money Times - SP 13/11/2023
A CSN Mineração (CMIN3) é a próxima empresa do setor de mineração e siderurgia a reportar os resultados do terceiro trimestre do ano, juntamente com a holding controladora CSN (CSNA3).
A companhia divulgará o balanço na segunda-feira (13), após o fechamento do mercado.
Nessa nova temporada, analistas acreditam que as mineradoras devem ser mais uma vez os destaques positivos do setor, tendo seus números impulsionados pelos preços ainda elevados do minério de ferro.
Segundo a XP Investimentos, a CSN Mineração deve entregar uma “sólida melhoria” de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) devido aos preços mais elevados da commodity e volumes sazonalmente melhores.
O bom desempenho da CSN Mineração deve puxar os números da controladora CSN, inclusive. Com isso, a holding deve ver seu Ebitda avançar 19% sequencialmente, mesmo com o desempenho prejudicado na divisão de siderurgia.
Há, no entanto, quem esteja mais reticente com a ação da empresa controlada. É o caso do Itaú BBA, que iniciou a cobertura do nome na semana com recomendação de “market perform”, equivalente a “neutro”, e preço-alvo de R$ 6 para 2024, o que não dá espaço para valorização, considerando o preço atual e após a forte valorização de aproximadamente 30% nos últimos dois meses.
Uma história de crescimento
Em seu relatório de início de cobertura, o BBA ressalta que a CSN Mineração é “essencialmente uma história de crescimento” aumentada por uma provável melhora na média do portfólio de qualidade de minério de ferro que deve levar a prêmios de preços realizados maiores no médio prazo.
Segundo o time de análise da instituição, a CSN Mineração conta com um plano de expansão robusto que engloba investimentos de mais de R$ 13 bilhões e que deve levar a uma melhora de mais de 60% no prêmio do portfólio da companhia.
Pensando nisso, o BBA está na expectativa de que a CSN Mineração seja beneficiada pelo cenário positivo de vendas e distribuição para minérios de alta qualidade, sob apoio das tendências de descarbonização e de uma oferta limitada de commodities desse padrão.
“Acreditamos que a competitividade da companhia é potencializada pela integração de suas operações (mina-ferrovia-porto)”, acrescenta a equipe de análise.
De acordo com o BBA, isso coloca a CSN Mineração em nível de comparação a grandes players globais em termos de custos de caixa.
“A CSN Mineração mostra performance decente em termos de custos de extração, com o custo C1 comparável aos de Vale (VALE3) e Rio Tinto“, diz.
Então… por que CMIN3 não é compra?
Apesar de aspectos positivos da tese, a CSN Mineração, negociada a 4,9 vezes EV/Ebitda (valor da empresa sobre Ebitda) para 2024, parece justamente precificada, considerando as perspectivas de crescimento de volumes, explica o BBA.
Além disso, o BBA acredita que as ações da CSN Mineração estão precificando uma média de preços de minério de ferro de US$ 105/tonelada para 2024, em linhas com as estimativas da instituição.
“Projetamos uma geração de fluxo de caixa livre de 2024 para 2028, durante a execução do plano de expansão, e vemos um dividend yield médio de ~5% (assumindo um payout de aproximadamente 80%, de acordo com a política da empresa)”, completa o banco, citando esse ponto como um potencial risco.
Outro ponto negativo levantado pelo BBA é que os projetos de expansão impõem um risco de execução que ameaça a rentabilidade de longo prazo.
Diário do Comércio - MG 13/11/2023
Uma joint venture entre a maior produtora de filtros prensa do mundo, a chinesa Jingjin Equipment, e as empresas mineiras, Gaustec e PST Holding, vai investir mais de meio bilhão de reais em Minas Gerais nos próximos cinco anos. O considerável investimento promete ajudar as mineradoras a acelerar o descomissionamento das barragens de rejeitos do tipo a montante e, ao mesmo tempo, permitir que os resíduos sejam reutilizados na produção de minério de ferro.
As companhias desenvolveram, em conjunto, uma usina móvel de concentração magnética, que pode ser instalada próximo das barragens, onde é feita a transformação dos rejeitos em polpa para posterior reprocessamento na unidade. No processo industrial, os resíduos podem ser beneficiados, gerando o concentrado de alto teor – com 40% a 50% de ferro. O beneficiamento pode ocorrer na própria área da barragem, com previsão de início da operação em até oito meses.
Com a planta modular, ainda é possível transformar o restante dos rejeitos em areia para a construção civil. Além disso, o resíduo filtrado no empreendimento é empilhado a seco, dispensando o uso das barragens a montante. Outros benefícios como a possibilidade das mineradoras reutilizarem 95% da água drenada e uma redução do tempo de viagens dos veículos a diesel utilizados pelas empresas na mineração também são proporcionados pela usina móvel.
A tecnologia da joint venture já se encontra em operação em duas barragens de mineradoras no Quadrilátero Ferrífero. O objetivo agora é expandir essa implantação. Para isso, R$ 360 milhões serão aplicados na construção de dez módulos de produção na cidade de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), gerando aproximadamente 600 empregos diretos.
Outros R$ 150 milhões, do total de R$ 510 milhões a serem aportados em Minas Gerais no próximo quinquênio, serão alocados no estabelecimento de um centro de montagem e distribuição de equipamentos e peças sobressalentes. Esse empreendimento atuará como um hub de produtos e serviços para atender a mineração e aos setores de saneamento, indústria química e alimentos.
Estado comemora o novo investimento atraído em missão na China
O anúncio do investimento foi feito pelo governador Romeu Zema (Novo) diretamente da China. O chefe do Executivo estadual comemorou o aporte e disse acreditar que essa tecnologia vai ajudar a agilizar o processo de descomissionamento das barragens. Segundo ele, as mineradoras estão com dificuldades técnicas de cumprir os prazos de descaracterização previstos na lei – o que levou as empresas a firmarem um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público.
“No meu primeiro mês de governo enfrentei a tragédia de Brumadinho, e um dos meus primeiros compromissos como governador dos mineiros foi o de que eu faria de tudo para que nunca mais tivéssemos desastres como aquele e o de Mariana”, ressaltou. “Por isso determinamos o descomissionamento das barragens, mas esse se mostrou um processo muito mais complicado que o previsto inicialmente. Como não sou de me acomodar com problemas, viemos à China buscar soluções tecnológicas que vão solucionar a questão”, enfatizou.
Nesta semana, Zema também anunciou diretamente do país asiático, aportes da XCMG em Pouso Alegre, no Sul do Estado, e da Celer Biotecnologia em parceria com a chinesa Guangzhou Wondfo Biotech, em Montes Claros, na região Norte. No primeiro, estão previstas inversões de R$ 270 milhões e geração de 150 empregos diretos, enquanto no segundo, a estimativa é de aplicações da ordem de R$ 17 milhões, entre 2023 a 2026, e criação de cem postos de trabalho.
Mineradoras descaracterizaram apenas dez barragens em Minas Gerais
As barragens alteadas a montante, que poderão ser descontinuadas mais rapidamente com a expansão da tecnologia da usina móvel, foram proibidas em Minas Gerais no ano de 2019 e, no Brasil, em 2020. Na época, foram contabilizadas 74 estruturas desse tipo no País. Desde então, apenas 15 estruturas foram, de fato, descomissionadas, sendo dez no Estado.
As informações constam no último relatório trimestral de descaracterização de barragens a montante divulgado pela Agência Nacional de Mineração. Conforme o documento, hoje, existem 56 estruturas desse tipo no País, número que também foi reduzido devido a reclassificações após estudos técnicos. Desse total, a maioria delas, 37, estão presentes no território mineiro.
Valor - SP 13/11/2023
Carros 100% elétricos estavam isentos do Imposto de Importação desde 2016. Nos híbridos, hoje as alíquotas variavam até 4%
O aumento do Imposto de Importação para veículos híbridos e elétricos, anunciado pelo governo hoje e que valerá a partir de 2024, levará as empresas com planos de produzir esses veículos no Brasil a rever investimentos no país”, diz Ricardo Bastos, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
Bastos não espera cancelamentos de investimentos. Mas, diz, as estratégias tendem a ser revistas. “Para as matrizes, fica o sinal de que o Brasil ainda vai priorizar carro a combustão”, destaca.
Bastos destaca que a ABVE não é contra uma política de importação que induza a produção local de veículos elétricos. Mas considera que a proposta anunciada nesta sexta-feira apresenta prazos curtos, o que tende a surtir efeito contrário, ao “desestimular as empresas mais comprometidas com a produção local de veículos de baixa emissão”.
O dirigente também critica a decisão do governo de deixar para dezembro o anúncio das regras de cotas livres do tributo. “Por que a pressa numa decisão que não está completa?”, questiona.
Segundo Bastos, os importadores devem manter preços até o fim do ano. Mas a partir de 2024, diz ele, o aumento da carga tributária tende a ser repassado. “A alíquota do híbrido irá a 25% já em julho”, destacou.
Carros 100% elétricos estavam isentos do Imposto de Importação desde 2016. Nos híbridos, hoje as alíquotas variavam até 4%. Nos carros não eletrificados que não são produzidos em países com os quais o Brasil tem acordo de intercâmbio comercial, como México e Argentina, a alíquota do Imposto de Importação é 35%.
A volta da cobrança de Imposto de Importação para carros 100% elétricos e aumento das alíquotas para híbridos, anunciada nesta sexta-feira (10/11) pela Camex estabelece o seguinte cronograma: no caso dos carros híbridos, a alíquota do Imposto de Importação começa com 12% em janeiro; 25% em julho de 2024; 30% em julho de 2025; e alcança os 35% em julho de 2026. Para híbridos plug-in, serão 12% em janeiro, 20% em julho, 28% em 2025 e 35% em 2026. Para os 100% elétricos, o aumento será de 10%, 18%, 25% e 35% em iguais períodos.
Para Bastos, a medida “atende principalmente ao lobby das associações que defendem os combustíveis fósseis”. O dirigente lamenta que a decisão tenha sido tomada “antes de o próprio governo ter definido qual será a futura política automotiva brasileira”, já que a Medida Provisória sobre o novo programa Mobilidade Verde e Inovação-Mover (que substituirá o Rota 2030) ainda não foi enviada ao Congresso Nacional.
Segundo a ABVE, as vendas de veículos elétricos e híbridos no Brasil baterão um novo recorde em 2023, com cerca de 80 mil emplacamentos. Já o ritmo de 2024 tende a sofrer impacto do aumento da carga tributária.
Anfavea comemora
Por meio de nota, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) destacou que “enxerga como um grande avanço a decisão do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex) pela recomposição gradual, e com cotas, das alíquotas do Imposto de Importação para veículos híbridos e elétricos”
Para a entidade, “o longo período de isenção foi importante e suficiente para a introdução dessas tecnologias no Brasil, e o aumento gradual do Imposto permitirá ainda a importação desses veículos sem grandes impactos nos próximos anos”.
“O mais importante dessa medida é a sinalização de que a produção local de veículos eletrificados será uma grande realidade do ponto de vista da concorrência internacional”, destacou a nota.
A Anfavea considera que o anúncio, “garante um horizonte de previsibilidade para tradicionais e para novos fabricantes, de modo a atrair investimentos em produção local de modelos híbridos e elétricos, tão importantes para a sustentabilidade do planeta”.
O Estado de S.Paulo - SP 13/11/2023
O Brasil, assim como o mundo todo, caminha para um futuro em que os veículos não emitam poluição, especialmente o CO2, produzido por combustíveis fósseis, como a gasolina. Em grande quantidade, essas emissões geram o chamado ‘efeito estufa’ na atmosfera, que vai resultar no aquecimento global. Há várias tecnologias em estudo para reduzir e, futuramente, acabar com essas emissões. No caso dos automóveis, as opções são a hibridização (junção de motor a combustão com elétrico), carros 100% elétricos e a célula de combustível a hidrogênio. O mercado brasileiro, por ter etanol, que é renovável, tem opções extras, como os híbridos flex. Como todas as novas tecnologias têm custos maiores, especialmente no período de introdução, os preços dos modelos também aumentam dependendo de sua categoria. Veja a seguir quais são e como funcionam as tecnologias em estudo no País.
Híbrido
Empresas de veículos elétricos recorrem a Lula para tentar barrar volta do imposto de importação
É um carro alimentado por dois motores, um a combustão, que é a principal fonte para mover o veículo, e outro elétrico. A maioria dos modelos importados à venda no Brasil funciona com gasolina (fóssil), que no Brasil leva a mistura de 27% de etanol. O motor adicional armazena a energia por meio da frenagem regenerativa e também através do motor à combustão, que funciona como um gerador para carregar uma pequena bateria. Essa energia é usada para dar partida, frear, acelerar e auxiliar no funcionamento de alguns sistema, como o de ar-condicionado. Os dois motores funcionam de forma individual ou conjunta, gerenciados por um sistema inteligente, de acordo com a forma e velocidade que o condutor dirige. A vantagem é a autonomia de rodagem pela facilidade de abastecimento. Em relação à poluição, emite cerca de 20% menos que um automóvel só a combustão.
Híbrido flex
Exclusividade do mercado brasileiro, tem as mesmas características do híbrido, porém seu motor a combustão pode ser abastecido com gasolina ou etanol, o que significa ter três fontes de energia. Estudos indicam que o uso exclusivo de etanol reduz significativamente a emissão de poluentes, que pode chegar a ser inferior ao de modelos elétricos quando comparado com carros que rodam em países como Europa China, onde atualmente grande parte da energia vem de fontes fósseis, como carvão. Carros híbridos flex já são produzidos no País pela Toyota (Corolla e Corolla Cross). Outras fabricantes como Renault, Stellantis e Volkswagen anunciaram início de fabricação a partir de 2024.
Híbrido plug-in
O híbrido plug-in também tem motor a combustão, que hoje só pode ser abastecido com gasolina, e um elétrico. Também tem uma bateria um pouco maior que a dos híbridos comuns. A energia é obtida por recarga na tomada ou em carregadores, mas parte dela também é gerada nas frenagens. Esse modelo têm condições de percorrer distâncias mais longas no modo 100% elétrico do que aqueles que são auto-recarregados pela energia gerada internamente. Com isso, têm maior autonomia e são menos poluentes em relação aos híbridos comuns ou híbridos flex. Com o preço inferior da energia em relação ao dos combustíveis, também há ganhos financeiros no abastecimento. Algumas montadoras anunciaram projetos futuros para produção local de híbridos plug-in, como a Toyota e a Stellantis, além das chinesas BYD e GWM, recém-chegadas ao País, mas na versão flex, que pode também usar etanol.
Elétrico
Tem apenas um motor elétrico e bateria grande, ou várias baterias normalmente instaladas no assoalho do carro para não ocupar espaço do porta-malas, por exemplo. É totalmente carregado na tomada e, se for feito em casa, uma carga completa leva praticamente a noite toda. Em pontos de carga há carregadores rápidos (em média 2h a 4h) e ultrarrápidos (menos de 1h). Entre as desvantagens estão a menor autonomia em relação aos modelos abastecidos normalmente em postos de combustível e falta de infraestrutura de recarga, principalmente fora das grandes metrópoles. As vantagens são o custo menor de abastecimento e emissão zero pelo escapamento. No caso do Brasil, onde grande parte da energia vem de fontes renováveis (hidrelétrica, eólica e solar), a vantagem ambiental é superior a de outros países onde a eletricidade vem de fonte fóssil. Além disso, tem menos peças que um carro a combustão e, por isso, a manutenção é mais barata. Ainda não há data para produção local de elétricos, apenas intenção de alguns grupos.
Célula de combustível
A célula a combustível é um sistema de conversão que transforma a energia química do hidrogênio em eletricidade. Seu tamanho é quase o mesmo de um motor usado hoje nos automóveis. O hidrogênio verde, ou renovável, pode ser obtido a partir da eletrólise da água ou do etanol, que passa por um reformador e, por reações eletroquímicas, produz energia elétrica. O hidrogênio é armazenado em um cilindro que, na prática, substitui o tanque de combustível. A energia gerada vai para uma bateria pequena e depois para o motor. A emissão desses veículos também é zero. A vantagem em relação ao 100% elétrico é que não serão necessárias baterias de grande porte e nem recargas de energia na tomada. Projeto brasileiro liderado por empresas como Shell e Raízen, em parceria com a USP prevê que o hidrogênio será estocado em tanques de aço nos postos de combustível, passará pelo reformador e irá para a bomba que abastecerá o carro.
O Estado de S.Paulo - SP 13/11/2023
Carros elétricos e híbridos importados pelo Brasil voltarão a recolher, a partir de janeiro, a alíquota de Imposto de Importação. A volta será gradual, até atingir os 35% em 2026. Para os automóveis movidos apenas a bateria, a taxa começa em 10%.
A decisão foi aprovada nesta sexta-feira, 10, pelo Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior Cacex), a pedido do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic)
A medida foi comemorada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), e criticada pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), para quem a decisão representa o fechamento do mercado brasileiro.
A tarifa foi suspensa para os modelos elétricos em 2015, e reduzida para os híbridos. Na época, a justificativa foi o incentivo à entrada no País de veículos com as novas tecnologias de propulsão, mais sustentáveis em termos de emissão de CO2.
Agora, o Mdic e a Cacex atenderam demanda de várias montadoras, lideradas pela Anfavea, de que o incentivo afasta investimentos na produção local pois, de certa forma, seria mais vantajoso continuar importando.
A decisão, segundo o Mdic, visa desenvolver a cadeia automotiva nacional, acelerar o processo de descarbonização da frota brasileira e contribuir para o projeto de neoindustrialização do País, cujas bases são inovação, sustentabilidade e fortalecimento do mercado interno, com geração de emprego e renda.
O vice-presidente Geraldo Alckmin, ministro do Mdic, destaca que o Brasil é um dos principais mercados automobilísticos do mundo. “Temos de estimular a indústria nacional em direção a todas as rotas tecnológicas que promovam a descarbonização, com estímulo aos investimentos na produção, manutenção e criação de empregos de maior qualificação e melhores salários.”
Na visão do vice-presidente, a transição da indústria automobilística mundial para a eletrificação é uma realidade incontornável. “É chegada a hora de o Brasil avançar, ampliando a eficiência energética da frota, aumentando nossa competitividade internacional e impactando positivamente o meio ambiente e a saúde da população.”
Isenção
A tributação será retomada gradualmente, e haverá cotas iniciais para importações com isenção até 2026. O Mdic informa que, em dezembro, será publicada portaria que disciplinará a distribuição de cotas por montadoras e importadores independentes, e a possibilidade de atendimento a novas empresas do ramo.
Os porcentuais de retomada progressiva de tributação vão variar de acordo com os níveis de eletrificação e com os processos de produção de cada modelo, além da produção nacional. No caso dos 100% elétricos, começa em 10% em janeiro de 2024, vai a 18% em julho do mesmo ano, a 25% um ano depois, até chegar em 35% em julho de 2026.
Para os automóveis híbridos, a sequência será de 12% no início de 2024, de 25% em julho; 30% em julho de 2025 e 35% em julho de 2026. Híbridos plug-in vão recolher 12% de Imposto de Importação a partir de janeiro, alíquota que sobe para 20% em julho, 28% julho de 2025 e 35% em julho do ano seguinte.
Para os automóveis elétricos para transporte de carga (como os comerciais leves) , ou caminhões elétricos, a taxação começa em janeiro com 20% e chegará aos 35% já em julho de 2024. O Mdic informa que, nesse caso, a retomada da alíquota cheia é mais rápida porque “existe uma produção nacional suficiente”.
Em sua nota, o Mdic afirma que a existência de um cronograma de reentrada das taxas, “possibilita a continuidade dos planos de desenvolvimento das empresas e respeita a maturidade de manufatura no País para cada uma das tecnologias envolvidas.”
O Mdic informa ainda que as empresas têm até julho de 2026 para continuar importando com isenção até determinas cotas de valor, também estabelecidas por modelo. Para os elétricos, as cotas são de US$ 283 milhões até julho, de US$ 226 milhões até julho de 2024 e de US$ 141 milhões até julho de 2026.
Na mesma sequência de prazos, cotas isentas do imposto para híbridos serão de US$ 130 milhões, US$ 97 milhões e de US$ 43 milhões. Para os híbridos plug-in, serão de US$ 226 milhões, US$ 169 milhões e US$ 75 milhões.
Já os caminhões elétricos terão cotas de US$ 20 milhões, US$ 13 milhões e US$ 6 milhões, respectivamente nos mesmos meses.
Alckmin diz que a deliberação de hoje representa um real incentivo para que novas indústrias se instalem ou iniciem produção de veículos eletrificados, gerando emprego e renda no Brasil. “A sustentabilidade é garantida pelo privilégio às tecnologias de baixo carbono”, afirma.
‘Cota ridícula’
A ABVE critica o fato de medida ter sido tomada ante de ser aprovada no País uma política industrial para a produção de veículos com novas tecnologias de mobilidade, que deve estar incluída no programa Mobilidade Verde (antes chamado de Rota 2030).
“Com a definição de uma política industrial, haveria melhores condições para empresas que estão vindo para o Brasil negociar com suas matrizes, mas, dessa forma, mostra que ainda não tem essa definição e começa o processo com o fechamento do mercado”, diz Ricardo Bastos, presidente da ABVE.
Duas grandes fabricantes da China, a BYD e a GWM, anunciaram investimentos que somam R$ 13 bilhões para a produção local de carros elétricos e híbridos a partir de 2024. Com essa decisão, afirma Bastos, é possível que elas alterem planos de produtos a serem fabricados no País, assim como prazos de investimentos.
“A volta do imposto neste momento deve levar a uma queda das vendas, porque os preços vão subir, e pode atrasar alguns lançamentos previstos, o ritmo de investimentos e o processo de eletrificação no Brasil”, avalia o executivo.
Na opinião de Bastos, o Mdic trabalha com cenário equivocado de que a queda das vendas dos importados vai atrair produção local, pois não é isso que atrai, mas uma política industrial e o mercado maior”.
Segundo ele, “a medida é muito ruim para a eletromobilidade e atende principalmente ao lobby das associações que defendem os combustíveis fósseis, e não aos interesses dos consumidores e da sociedade brasileira, que apoiam um transporte moderno e não poluente”.
A entidade defendia, inclusive em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no início da semana, um cronograma maior, de até cinco anos, para a retomada da taxação e cotas maiores. “A cota definida (que equivale entre 10 mil e 15 mil carros ao ano) é ridícula diante da previsão de vendas de eletrificados para este ano, de 80 mil unidades.” De janeiro a outubro foram vendidas 67 mil unidades.
Neoindustrialização
Já a Anfavea informa, em nota, que a indústria brasileira enxerga a decisão como grande avanço. “O longo período de isenção foi importante e suficiente para a introdução dessas tecnologias no Brasil, e o aumento gradual do imposto permitirá ainda a importação desses veículos sem grandes impactos nos próximos ano”, afirma.
O mais importante, segundo a Anfavea, é a sinalização de que a produção local de veículos eletrificados será uma realidade do ponto de vista da concorrência internacional.
“O objetivo expresso pelo governo federal com esse anúncio, e aqui endossado pela Anfavea, é garantir um horizonte de previsibilidade para tradicionais e para novos fabricantes, de modo a atrair investimentos em produção local de modelos híbridos e elétricos, tão importantes para a sustentabilidade do planeta”, diz a nota.
Acrescenta que “a produção desses modelos no Brasil é um passo fundamental para a neoindustrialização, a geração de empregos de qualidade, a inteligência tecnológica estratégica e a pesquisa e desenvolvimento”.
Valor - SP 13/11/2023
A China continua a ser um mercado-chave para a Rio Tinto, a mineradora anglo-australiana, mesmo que a economia vacilante e o regime autoritário do país preocupem alguns governos e empresas ocidentais, disse o executivo-chefe (CEO), Jakob Stausholm, ao “Nikkei Asia”.
“Existem alguns desafios no setor imobiliário, mas é preciso ter em mente que o setor automotivo está em expansão, especialmente a produção de veículos elétricos e a exportação deles”, disse Stausholm, que tinha acabado de chegar da China para falar no Diálogo de Gestão Global do Nikkei, em Tóquio, na quarta-feira.
"Há também muitos projetos de infraestruturas na China, por isso, se considerarmos tudo em conjunto, a economia é bastante resiliente", disse ele à margem do fórum, observando que "não era um especialista em todas as partes da economia chinesa".
"Como indicador, a produção de aço do país aumentou 4,4% nos últimos 12 meses, disse ele. Isto impulsionou a procura por minério de ferro, um recurso fundamental que a Rio Tinto lidera em nível mundial na produção, para patamares “muito, muito bons”.
A procura de cobre também tem sido “realmente bastante impressionante”, segundo o executivo nascido na Dinamarca. A nova mina de cobre da Rio Tinto na Mongólia, onde a empresa fornece alguns dos seus concentrados de cobre para a China, está “crescendo neste momento” para satisfazer as necessidades dos clientes.
Apesar de Pequim frequentemente exercer pressão sobre as empresas estrangeiras no país, Stausholm disse que os negócios "realmente funcionaram bem" para a Rio Tinto na China, onde se concentra nas vendas e não nas operações de mineração.
As negociações recentes com clientes chineses também foram promissoras. “Quase não vi nenhum lugar onde houvesse tanto foco na descarbonização”, disse ele. “Muitas vezes, a primeira coisa que os CEOs me perguntam é: 'Como vocês podem me ajudar na descarbonização do meu negócio?' Isso é muito encorajador”, afirmou ele.
Mas a forte procura também representa um desafio para as mineradoras, que devem garantir fornecimentos estáveis num contexto de preços incertos das matérias-primas.
No caso do lítio, usado em baterias, a Rio Tinto espera iniciar entregas adicionais a partir de uma reserva na Argentina em 2024.“É muito, muito difícil dizer qual será a rentabilidade”, disse Stausholm, observando que os preços têm subido e descido”.
Os preços atuais caíram para um quarto dos registados há um ano. “Mas isso realmente não importa”, disse ele. “O que importa é o longo prazo. É um fato bastante dado que a demanda mundial por lítio será 10 vezes maior que a de 2020 em 2030”, disse ele.
“Você precisa abrir algumas novas minas de lítio no mundo. A empresa acredita que o projeto na Argentina facilitará a produção mais competitiva de lítio”, disse ele.
Ao mesmo tempo, afirmou o executivo, há muita vontade dos governos dos países em desenvolvimento de África, Ásia Central e América Latina para explorar potenciais minas de lítio.
Porém, disse ele, “a partir de uma indicação de lítio, há um longo caminho até que se tenha um projeto viável.
IstoÉ Online - SP 13/11/2023
Alguns fabricantes da China, como de veículos elétricos e painéis solares, estão reduzindo os preços e se esforçando mais para adentrar nos mercados internacionais, à medida que enfrentam uma demanda interna enfraquecida. No processo, alimentam novas tensões comerciais, com concorrentes vendo chineses como ameaça aos seus resultados financeiros.
As tensões são mais agudas na Europa, onde os reguladores da União Europeia abriram uma investigação antissubsídios, refletindo a preocupação de que a China esteja inundando a região com veículos elétricos de baixo custo. Pequim afirma que a investigação é um “ato protecionista descarado” que vai perturbar a cadeia global de abastecimento de automóveis.
Já os EUA anunciaram recentemente taxas sobre produtos metálicos de folha de flandres (um tipo de chapa de metal) provenientes da China e de dois outros países, depois de afirmarem que os seus produtores de aço estavam vendendo a preços injustamente baixos.
Além disso, a Índia investiga se a China inundou o país com uma série de produtos, desde químicos a peças de construção civil, a preços injustos. O Vietnã começou a examinar se as torres eólicas importadas da China prejudicaram fabricantes nacionais.
As autoridades chinesas afirmaram que os fabricantes do país estão competindo de forma justa e que os seus produtos estão ganhando participação de mercado no exterior porque são atraentes para os compradores estrangeiros.
Valor - SP 13/11/2023
Retomada do tributo vale a partir de 2024 e alíquota deve atingir 35% em 2026
Anunciada na sexta-feira, a retomada da cobrança do Imposto de Importação para carros 100% elétricos e aumento das alíquotas para híbridos a partir de janeiro já era esperada por todo o setor automotivo. E não à toa nas últimas semanas algumas marcas, como as novatas chinesas, capricharam nos volumes importados antes de a medida entrar em vigor.
O governo já havia dado sinais da intenção de aplicar a tarifa máxima, de 35%. Ninguém sabia, no entanto, quanto tempo isso levaria. O prazo é longo - julho de 2026. Mas o primeiro aumento do tributo será rápido - daqui a um mês e meio - e elevado, o que já provocará impacto nos preços.
Isentos do Imposto de Importação desde 2016, os carros 100% elétricos serão tributados em 10% em janeiro e em 18% em julho. Nos híbridos, a alíquota, que hoje varia até 4%, vai a 12% em janeiro e 25% seis meses depois, em julho. Nos híbridos plug-in, segmento que registrou forte crescimento nos últimos meses, o imposto sobe a 12% em janeiro e 20% em julho. Nem híbridos plug-in e nem os 100% elétricos são produzidos no Brasil.
O aumento do tributo não pode, no entanto, ser analisado isoladamente. O primeiro sinal do caminho que o governo brasileiro pretende seguir em relação ao futuro da sua matriz energética veicular foi dado na quarta-feira pelo Congresso.
O texto da reforma tributária aprovado no Senado incluiu polêmico artigo que também envolve a eletrificação dos carros. O texto que inicialmente previa a extensão dos incentivos fiscais nas regiões Norte e Nordeste só para modelos eletrificados recebeu adendos que incluíram os carros a combustão.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, apontou a retomada gradual do Imposto de Importação como forma de promover a produção de veículos eletrificados no país.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) comemorou. A entidade que representa as montadoras instaladas no país sustenta que sem a tributação as marcas optariam pela importação, prejudicando a produção local. Já a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) e a Associação Brasileira das Importadoras (Abeifa) se frustraram. Para essas entidades, ainda que gradual, a elevação do imposto já em janeiro é “punitiva”. Argumentam que a importação incentivada por mais tempo ajudaria o país a assimilar melhor a tecnologia e criar a demanda necessária para justificar a produção local de veículos com essas características.
O consumidor fica confuso ao perceber que tanto os que apoiam uma rápida retomada do imposto como os que defendem prazo maior têm como argumento o benefício à produção local. Qual lado tem razão? A resposta depende do tipo de veículo eletrificado que efetivamente será produzido no Brasil e, igualmente importante, que tipo o consumidor gostaria de ter ou vai poder comprar.
Há vários tipos de híbridos, por exemplo. E, como em qualquer tecnologia, como o celular, por exemplo, com o tempo, o consumidor saberá diferenciá-los.
Parte dos projetos das montadoras favoráveis ao aumento do Imposto de Importação visa o desenvolvimento e produção local de dos chamados híbridos leves - ou “mild hybrids”. A vantagem é que o custo, e consequentemente o preço, desse híbrido, é mais baixo.
A desvantagem é que no híbrido leve, o consumidor não vive a experiência elétrica plena porque os dois motores atuam sempre em conjunto. Esse veículo é um passo ao híbrido convencional e já ajuda a reduzir emissões, principalmente se abastecido com etanol.
No híbrido convencional, os motores se alternam. O carro funciona no modo elétrico ou a combustão conforme uso e condições. Numa subida, por exemplo, que exige mais torque, o veículo acaba funcionando no modo a combustão. Esse modelo é mais econômico e menos poluente que o “mild”.
O híbrido “plug-in” é um passo ao elétrico total. Pode ser carregado em tomada, como um elétrico puro, mas tem, também, motor a combustão, que entra em ação quando a bateria está descarregada. Ajuda em viagens mais longas, em estradas onde não há rede de carregamento de baterias adequada. Na cidade, esse veículo tende a funcionar no modo elétrico em boa parte do tempo.
O 100% elétrico é o que mais atrai a curiosidade do consumidor. Sua configuração chama a atenção pela simplicidade, pois tem muito menos peças do que um a combustão. É bem mais simples, mais inovador. Mas a falta de infraestrutura de pontos públicos de carregamento no país, principalmente nas estradas, ainda atrapalha. O elétrico também é mais caro porque o custo das baterias ainda é elevado. E, no caso brasileiro, a importação com tributos o tornará menos acessível.
O mercado tende a ficar, como sempre, dividido por poder aquisitivo. Os que podem pagar mais terão acesso a carros eletrificados com mais tecnologia e maior autonomia. Esse público é o que rodará pelas cidades com elétricos importados, que, agora, com imposto mais elevado, vão ficar mais caros.
Valor - SP 13/11/2023
No acumulado até setembro, a companhia como um todo realizou R$ 2,5 bilhões de investimentos, e a projeção publicada em agosto previa um investimento anual entre R$ 3,6 bilhões e R$ 3,8 bilhões em 2023
A Rumo, empresa de logística da Cosan, prevê uma aceleração dos investimentos na construção da ferrovia no Mato Grosso, que chegará até Lucas do Rio Verde (MT), segundo Gustavo Marder, diretor de relações com investidores, que falou em teleconferência com analistas nesta sexta (10).
No acumulado até setembro, a companhia como um todo realizou R$ 2,5 bilhões de investimentos. No quarto trimestre, o executivo afirma que haverá uma aceleração e que as projeções para o ano estão mantidas. A projeção publicada em agosto previa um investimento anual entre R$ 3,6 bilhões e R$ 3,8 bilhões em 2023.
No projeto de Lucas do Rio Verde, a companhia neste momento realiza obras de terraplanagem nos primeiros 35 km e obras de arte especiais, como pontes e viadutos.
“A tendência é de aceleração. Em 2024, há uma perspectiva cheia de capex para Lucas do Rio Verde, porque a perspectiva é começar a operar em 2026. Além de Lucas, temos aqui o próprio capex da Malha Paulista e FIPS [linhas internas do porto de Santos], que perfazem o que temos a cumprir no ano que vem. Mas, em relação ao 'guidance', a gente mantém as perspectivas sem mudança, é uma dinâmica natural de mobilização em campo”, disse Marder.
Questionado sobre o impacto do acordo, ainda a ser confirmado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), de reequilíbrio econômico-financeiro da Malha Paulista, o executivo afirma que o aditivo não deverá afetar as projeções. “Não tem mudança no 'guidance', é uma solução favorável a todas as partes envolvidas”, disse.
Em outubro, a empresa informou que o ministro Vital do Rego deu manifestação favorável ao acordo, com pagamento adicional, pela Rumo, de R$ 1,17 bilhão pela renovação. Desse montante, R$ 500 milhões seriam convertidos em investimentos na malha ferroviária.
Diário do Comércio - MG 13/11/2023
Por unanimidade, o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) acolheu os argumentos da Advocacia-Geral do Estado (AGE-MG) e concluiu que a Concorrência Internacional nº 001/2022, que trata da contratação de parceria público-privada para a construção e a operação do Rodoanel da Região Metropolitana de Belo Horizonte, está em conformidade com as normas legais.
Diante disso, a Corte determinou o arquivamento da representação em que os municípios de Contagem e Betim questionavam a legalidade do certame.
Na mesma decisão, o TCE-MG reconheceu que o traçado da Alça Oeste, no município de Contagem, está ajustado com os parâmetros do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental Estadual Vargem das Flores.
O TCE-MG concluiu que o Projeto de Implantação do Rodoanel Metropolitano apresentou critérios de sustentabilidade em busca do desenvolvimento socioeconômico equilibrado e de defesa do meio ambiente, em consonância com o princípio do desenvolvimento nacional sustentável.
O respectivo acórdão aguarda publicação.
O processo no TCE-MG teve início, em 2022, com uma representação do Município de Contagem, com pedido cautelar (liminar), questionando a Concorrência Internacional nº 001/2022, lançada pela Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra). Posteriormente, o Município de Betim foi admitido no processo na qualidade de interessado.
A medida cautelar foi indeferida. Por sua vez, o Ministério Público de Contas opinou pelo arquivamento do processo e expedição e monitoramento de determinações à Seinfra. Em seu parecer, o MPC sublinhou a ausência de transgressão à norma legal ou regulamentar de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional ou patrimonial.
O julgamento foi suspenso, em 2022, após pedido de vista de um dos conselheiros. Agora, retomado o julgamento, o Tribunal Pleno do TCE-MG determinou o arquivamento da Representação, na esteira do voto do conselheiro-relator.
A Tribuna - SP 13/11/2023
Com a implementação de novas tecnologias que agilizaram os processos a partir de 2018, o tempo de importação de mercadorias no Brasil deve diminuir 41% até o ano que vem. Isso quer dizer que desde a chegada de outro país ao porto até ser liberada, a previsão é de que o tempo que a carga fica parada diminua de 17 para 10 dias. Já no caso das exportações, a redução deve ser de 13 para oito dias. As metas são do Governo Federal.
Uma atualização recente do Portal Único Siscomex, feita em agosto deste ano pela Receita Federal, facilitou ainda mais a importação. A diminuição de tempo reflete nos custos, já que a carga fica um menor período em recintos alfandegados.
A atualização do sistema foi tema de um curso dado pela consultora de comércio exterior do Instituto Procomex, Marcia Schaffer, para despachantes aduaneiros de Santos na quinta-feira e ontem, no auditório do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros de Santos e Região (SDAS), no Centro da Cidade. Esses profissionais são habilitados pela Receita Federal para intermediar os processos de importação e exportação.
“Alguns eventos que o deixam o fluxo atual (dos processos) bastante sequencial são eliminados, permitindo que etapas possam ser feitas paralelamente. Isso vai trazer não só ganho de tempo, mas também de custos. Há estudos da CNI (Confederação Nacional da Indústria) que comprovam um grande aumento nas operações de comércio exterior”, explica Marcia.
Mudanças
Uma das alterações diz respeito ao módulo catálogo de produtos, onde o importador ou o despachante vai cadastrar previamente os itens. “Ele vai possibilitar um gerenciamento de risco prévio pela Receita Federal e, consequentemente, trazer agilidade”, lembra Marcia.
A possibilidade de existir um licenciamento de importação único é outra mudança. “Se você importa toda semana o mesmo produto e ele está sujeito ao licenciamento de um órgão anuente, o importador tem que fazer toda semana, ainda que seja o mesmo produto. Pela Licença Flex, o importador poderá registrar um documento só de importação, que vai ser utilizado em várias operações”.
O controle de saldo também pode ser realizado. “Além de você ter um documento único, o próprio módulo faz um controle do saldo que você tem em cada licença, possibilitando que o importador e o despachante aduaneiro tenham essa gestão em relação ao controle administrativo”.
Para o processo como um todo, a possibilidade do registro prévio da declaração é outro ponto importante. “Atualmente, há necessidade de a carga chegar ao País, entrar no recinto alfandegado e só neste momento, salvo algumas exceções, que o importador e o despachante aduaneiro podem registrar a declaração de importação. No novo processo, ela pode ser registrada antes da chegada, trazendo também agilidade para a operação”, afirma Marcia.
Outra grande modificação, na visão da consultora de comércio exterior, diz respeito aos atributos do produto. Ou seja, na forma de descrevê-lo. Atualmente, há o campo texto, onde é colocada a informação.
“A legislação exige que seja uma descrição completa, mas é muito subjetivo: o que é isso? Os atributos vêm para solucionar essa questão. Ele está ligado ao código da NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) do produto importado. Sendo assim, conforme o código, o próprio sistema já vai pedir informações a respeito em campos estruturados. O importador pode saber previamente informações quais informações de fato a Receita, órgão anuente, precisa para controlar aquela carga”, detalha ela. O levantamento dos atributos foi feito em parceria com o setor privado, envolvendo 46 setores da economia do País.
Valorização
Apesar das mudanças que facilitaram os processos, Marcia acredita que o despachante aduaneiro ainda será importante. “Entendo que subiu de patamar, é um consultor. Valorizou a profissão. Por isso a capacitação é importante”, justifica.
“O despachante aduaneiro está inserido neste contexto, participando efetivamente e contribuindo para essa evolução”, diz o presidente do SDAS e Região, Carlos Melo.
Valor - SP 13/11/2023
Já o aumento nos custos de exploração e produção no trimestre foi resultado da devolução à ANP de seis blocos nos quais a estatal detinha a concessão em conjunto com a Exxon
Os custos de produção da Petrobras subiram no terceiro trimestre em razão da inflação que se dá sobre a cadeia de suprimento de óleo e gás, de acordo com o diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, Sergio Caetano Leite, nesta sexta-feira (10).
Em entrevista coletiva para tratar dos resultados trimestrais, Leite afirmou que houve aumento de custos no fornecimento de bens e serviços de modo que acabaram refletindo no aumento de 53% nas despesas operacionais no trimestre passado.
Ana Zettel, gerente executiva de gestão integrada de ativos de E&P da Petrobras, explicou que o aumento nos custos de exploração e produção no trimestre foi resultado da devolução à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) de seis blocos nos quais a estatal detinha a concessão em conjunto com a Exxon.
Os blocos não apresentavam viabilidade econômico-financeira e com a devolução, houve a baixa contábil dos bônus de outorga dos campos, causando variação na despesa.
Carlos Travassos, diretor executivo de engenharia, tecnologia e inovação, destacou que a redução de projeção dos investimentos para 2023 se deu por causa do desafio do mercado fornecedor de exploração e produção. Segundo ele, apesar disso, a empresa não reduziu as projeções para a curva de produção de petróleo e gás natural.
Guerra não interrompeu importação de petróleo
A guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas não causou interrupção nos fluxos de petróleo, afirmou Claudio Schlosser, diretor executivo de logística, comercialização e mercados da Petrobras. A estatal importa petróleo da Arábia Saudita.
Schlosser destacou que o balanço entre oferta e demanda está muito volátil e que está acompanhando os movimentos no mercado internacional.
Segundo o executivo, caso haja consolidação de novo patamar de preços para a gasolina e o óleo diesel, a empresa fará ajustes de preços, como realizou em outubro. Na ocasião, a petroleira reduziu os preços da gasolina e elevou os do diesel nas refinarias. “Mas por questões concorrenciais não podemos antecipar movimentos”, disse Schlosser.
Obras da Rota 3 estão dentro do esperado para o 2° semestre de 2024
As obras do gasoduto Rota 3 estão dentro do cronograma de implantação, e a expectativa de início de operação comercial está mantida para o segundo semestre de 2024, afirmou Carlos Travassos, diretor executivo de engenharia, tecnologia e inovação.
O executivo destacou que dos 24 contratos de implantação falta apenas finalizar a construção da unidade de processamento de gás natural (UPGN), que será localizado no polo Gaslub, em Itaboraí (RJ).
“Está absolutamente em dia, é uma obra desafiadora, mas que apresenta bons resultados e com expectativa de cumprir prazo”, disse Travassos.
Presente à coletiva, Mauricio Tolmasquim, diretor executivo de transição energética e sustentabilidade, afirmou que a conclusão do gasoduto Rota 3 vai reduzir a dependência da importação de gás natural liquefeito (GNL).
O Rota 3 é um gasoduto com 355 quilômetros de extensão que vai interligar campos do pré-sal da Bacia de Santos ao Polo GasLub. A capacidade do gasoduto é de aproximadamente 18 milhões de metros cúbicos (m³) de gás por dia.
Plano estratégico
O plano estratégico 2024-2028 da Petrobras ainda não foi apresentado ao governo ou a outros agentes porque ainda não foi finalizado, afirmou o diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, Sergio Caetano Leite, nesta sexta-feira (10). Em entrevista coletiva sobre os resultados trimestrais, Leite afirmou que não há novas informações ou novidades sobre o plano estratégico apresentadas ao governo ou a investidores por estar em elaboração.
Leite acrescentou que o plano também não foi apresentado ao conselho de administração e que boa parte do que estará previsto nele já é de conhecimento público, porque já integra o atual plano 2023-2027. “Temos a expectativa de cumprir o prazo de divulgação, entre novembro e dezembro”.
O atual plano tem previsão de investimentos de US$ 78 bilhões em cinco anos. Mudanças nas diretrizes estratégicas elevaram a meta de investimentos de 6% do total de investimentos para uma faixa entre 6% e 15%.
Petro Notícias - SP 13/11/2023
Pelo menos até aqui, a Petrobrás garante que o calendário de construção do gasoduto Rota 3 está andando dentro dos conformes. Assim, o tão aguardado projeto, que vai ampliar significativamente a quantidade de gás natural no mercado natural, deve iniciar sua operação no segundo semestre de 2024. A informação foi apresentada hoje (10) pelo diretor executivo de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobrás, Carlos Travassos.
O executivo disse que, dos 24 contratos de implantação, falta apenas finalizar a construção da unidade de processamento de gás natural (UPGN), que será localizada no polo Gaslub, em Itaboraí (RJ). “Está absolutamente em dia, é uma obra desafiadora, mas que apresenta bons resultados e com expectativa de cumprir prazo”, disse Travassos. Quando estiver em operação, a vazão de escoamento do Rota 3 será de aproximadamente 18 milhões de m³ de gás por dia.
O gás que será escoado pelo Rota 3 será tratado na Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) do Polo Gaslub. O empreendimento terá capacidade para processar 21 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural provenientes do polo pré-sal da Bacia de Santos. Juntos, o Rota 3 e as Rotas 1 (UPGN Caraguatatuba/SP) e 2 (Terminal Cabiúnas/RJ) – as duas últimas já em operação — disponibilizarão capacidade total para escoar 44 milhões de metros cúbicos de gás por dia.
Valor Investe - SP 13/11/2023
Percepção de enfraquecimento da economia global pesaram sobre a demanda por commodities associadas à atividade econômica
Os preços do petróleo encontraram algum suporte nos dois últimos dias, após um início de semana muito negativo para a commodity energética. Assim, os contratos futuros fecharam em alta firme hoje, mas ainda acumularam queda semanal de mais de 4%.
O preço do Brent - a referência global, utilizada pela Petrobras - avançou 1,77%, hoje, a US$ 81,43, o barril. Na semana, registra queda de 4,08%. O barril do petróleo WTI - referência americana - com entrega prevista para dezembro subiu 1,89%, a US$ 77,17, mas perde 4,15%, na semana.
O óleo foi penalizado em sessões recentes pela percepção de enfraquecimento da economia global, que tende a pesar sobre a demanda por commodities associadas à atividade econômica. Para Warren Patterson e Ewa Manthey, analistas do banco holandês ING, o movimento - que chegou a ser de queda de 6% entre segunda e quarta-feira - foi exagerado, uma vez que o mercado de petróleo segue apertado por conta de uma oferta escassa.
“No entanto, os fundamentos não são tão positivos quanto inicialmente previsto, com as exportações de petróleo da Rússia subindo e as margens das refinarias enfraquecendo”, pontuam os analistas. De acordo com eles, as sinalizações do ministro de Energia da Arábia Saudita, Abdulaziz bin Salman Al Saud, de que a demanda por petróleo segue saudável, parecem ter dado algum suporte aos contratos de ontem para hoje.
“O ministro afirmou que o aumento das exportações do Oriente Médio não reflete o aumento da produção, mas sim uma tendência sazonal, já que a demanda mais forte do verão no Oriente Médio diminui”, afirmam Patterson e Manthey.
A oferta de petróleo da Arábia Saudita e Rússia estão sob um corte voluntário de 1 milhão de barris por dia (bpd) e 300 mil bpd, respectivamente, até o fim do ano. Dado o barateamento recente do petróleo - com o Brent perdendo o patamar de US$ 80 nesta semana - analistas estimam que as duas nações podem estender o período dessa redução de oferta.
Conteúdo publicado originalmente no Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico.
Valor - SP 13/11/2023
De acordo com a petroleira, a produção média atingiu 27,3 mil barris de óleo equivalente por dia (boed) no mês passado
A PetroReconcavo registrou produção média de 27,3 mil barris de óleo equivalente por dia (boed) em outubro, um crescimento de 0,6% sobre setembro e queda de 2,3% sobre a média do terceiro trimestre.
De acordo com a empresa, a produção no Ativo Potiguar foi de 14,6 mil boed. No Ativo Bahia, a produção ficou em 12,7 mil boed.
A produção de petróleo da PetroReconcavo foi de 16,2 mil barris por dia, crescimento de 2,2% sobre setembro. Já a produção de gás ficou em 1,7 milhão de metros cúbicos por dia, queda de 1,8% sobre o mês passado.
Valor - SP 13/11/2023
PPSA deve estar à frente de nova política para expansão do uso do gás natural
Tabita Loureiro: “Vamos colocar aqui uma estrutura que dê capacidade de a gente avançar em todas essas frentes” — Foto: Divulgação
Criada sob críticas de que seria apenas mais uma estatal para abrigar apadrinhados de políticos, a Pré-Sal Petróleo S/A (PPSA) completou ontem dez anos de sua entrada em operação com planos de dobrar de tamanho e ingressar em novos negócios. O governo prepara atualmente um pacote de medidas que visa colocar a empresa à frente de uma nova política para expansão do uso do gás natural no país.
Na presidência interina da PPSA desde agosto, a diretora-técnica Tabita Loureiro diz que a gestão do programa Gás para Empregar, ainda em negociação na Casa Civil, e a entrada da estatal no segmento de refino exigirá uma expansão significativa do quadro de funcionários - considerado um gargalo histórico da empresa por antigos gestores. Ela também defende a continuidade da pesquisa e da exploração de petróleo nas próximas décadas, o que enfrenta forte resistência de ambientalistas.
“Vamos colocar aqui uma estrutura que dê capacidade de a gente avançar em todas essas frentes. Chegam novas atribuições. Estamos conduzindo estudos relacionados a refino, conforme orientações do CNPE [Conselho Nacional de Política Energética]. E para fazer frente a todo o crescimento da produção [de petróleo no pré-sal], a gente vem com um concurso público para ter estrutura para avançar”, disse ela em entrevista ao Valor.
O investimento em exploração de combustíveis fósseis é criticada por ambientalistas e especialistas, em meio aos esforços em torno de uma agenda de transição energética.
Segundo Loureiro, está prevista para 2024 a chegada de 70 servidores, número que já supera os 66 atuais. Outros 40 funcionários poderão ingressar nos próximos anos, já que o concurso que foi autorizado prevê 110 servidores.
Havia uma expectativa entre agentes do setor de que Hélvio Guerra, hoje na diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), fosse nomeado para a presidência da PPSA assim que o posto ficou vago. A escolha, contudo, ainda está em negociação e Tabita Loureiro segue no comando da estatal.
Vamos colocar no planejamento estratégico mais ações para a descarbonização nos próximos dez anos”
— Tabita Loureiro
Sobre a estratégia para o gás, ela citou a possibilidade de adoção de um instrumento que viabilize a troca de óleo da União por gás natural a preços competitivos para a indústria. A operação de “swap” está prevista no programa Gás para Empregar, cujos detalhes ainda estão em fase de ajustes entre o Ministério de Minas e Energia e a Casa Civil.
“Mas há também o próprio gás da União. Segundo as nossas projeções, teremos 3 milhões de metros cúbicos por dia até o fim da década e a gente aguarda as políticas públicas que serão endereçadas para este gás”, disse Loureiro. “A PPSA é 100% estatal e instrumento de política pública. O que for determinado pelo CNPE será aplicado aqui, é nosso papel e pode ser que ele cresça”, disse.
Em março deste ano, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, revelou que outra ideia seria usar a PPSA para a construção de gasodutos. A presidente da PPSA preferiu não entrar em detalhes sobre este plano.
No refino, ela explicou que a estatal busca formas de incrementar o abastecimento de combustíveis no país. A PPSA, neste cenário, contrataria diretamente serviços de refino e firmaria contratos de longo prazo de compra e venda de óleo da União para favorecer toda a cadeia do refino.
Após detalhar as projeções para a produção do pré-sal nos próximos anos, Loureiro defendeu a continuidade das ações exploratórias na região, ou seja, a busca por possíveis novos campos comercialmente viáveis. A expansão da produção de petróleo encontra hoje maior resistência, dentro e fora do país, por conta de questões ambientais.
A PPSA gerencia atualmente 23 contratos de partilha no polígono do pré-sal, dos quais oito estão em produção. Com os novos leilões, a expectativa é que a estatal multiplique por dez o volume de óleo de propriedade da União, hoje em 51 mil barris diários. “Vamos saltar para 500 mil antes do fim da década”, estima Loureiro, ao lembrar que tal patamar colocaria a PPSA, hoje, como a segunda maior produtora de petróleo do Brasil.
A execução de todos esses contratos, de acordo com a estatal, viabiliza uma arrecadação de cerca de R$ 2 trilhões para a União na forma de participações governamentais, tributos e comercialização de óleo de gás. Ainda assim, Loureiro defende a abertura de novas fronteiras.
Todo esse potencial fez com que setores do governo passassem a defender uma antecipação de recursos do petróleo para auxiliar na política fiscal, especialmente no cumprimento da meta de déficit primário zero no ano que vem. Questionada sobre essa possibilidade, Loureiro disse desconhecer o plano.
“A gente precisa continuar explorando o polígono do pré-sal. Sabemos que a produção de petróleo sobe até 2030 e depois cai. Se a gente não repuser, em meados da década de 30 já estaremos importando”, disse a executiva. “Por isso que o MME defende tanto a abertura da Margem Equatorial, porque o potencial que o Brasil tem de nova fronteira está muito ali”, completou ela.
Ciente das resistências ambientais à expansão da fronteira petrolífera, inclusive dentro do governo, Loureiro chamou a atenção para a necessidade de reduzir a pegada de carbono da produção. “Cada vez mais a gente se preocupa com isso. Vamos colocar no planejamento estratégico mais ações para a descarbonização nos próximos dez anos.”
Diferentemente do que acontece no pré-sal, a região da Margem Equatorial prevê contratos de concessão. A presidente da PPSA, no entanto, diz querer expandir o número de contratos de partilha e que eles sejam cada vez mais atrativos para os investidores. “É isso que vejo para os próximos dez anos. Eu quero mais contratos de partilha, não apenas os 23.”
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