IstoÉ Online - SP 13/02/2023
A Usiminas divulgou nesta sexta-feira prejuízo para o quarto trimestre, revertendo resultados positivos obtidos um ano antes e nos três meses imediatamente anteriores, com quedas nas vendas de aço e minério de ferro e reconhecimento de impairment de 1,7 bilhão de reais relacionado ao valor de seus ativos.
A companhia, que se prepara para iniciar uma grande reforma no maior alto-forno de sua usina em Ipatinga (MG), teve prejuízo líquido de 839 milhões de reais no quarto trimestre, revertendo lucro de 2,49 bilhões obtido um ano antes. As vendas de aço recuaram 9% e as de minério de ferro caíram 8%.
Com isso a receita líquida se retraiu em 5% na comparação anual, para 7,66 bilhões de reais.
A companhia afirmou que prevê investimento de 3,2 bilhões de reais em 2023, alta de 46,5% sobre 2022, impulsionada pelos custos bilionários com a reforma do equipamento em Ipatinga. A empresa já vem há alguns meses montando estoques de placas de aço compradas de terceiros para lidar com a parada de vários meses do alto-forno para a reforma.
A geração de caixa medida pelo lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização da Usiminas no quarto trimestre foi de 579 milhões de reais, queda de 76% sobre o desempenho de um ano antes. A margem passou de 31% para 8% no período.
Analistas esperavam Ebitda de 481,5 milhões de reais para a Usiminas no período, com receita de 7,33 bilhões, segundos dados da Refinitiv. A expectativa para a linha final do balanço era de prejuízo de 22,8 milhões de reais.
Valor - SP 13/02/2023
Companhia destacou também que reajustou em 12% o preço dos contratos de fornecimento ao setor automotivo que venciam em janeiro e que agora esses acordos serão reajustados a cada seis meses
A Usiminas prevê aumentar a sua produtividade em pelo menos 20% a partir de 2024, quando a reforma do alto-forno 3 já estiver concluída.
Para este ano, a perspectiva é de estabilidade. “Com os investimentos no alto-forno, na coqueria e nos equipamentos periféricos deste ano, a expectativa é retornar principalmente em 2024 com um salto de produtividade de pelo menos 20%”, afirmou o vice-presidente de finanças da Usiminas, Thiago Rodrigues, em teleconferência de resultados para analistas.
Muito questionado por analistas a respeito do aumento da previsão de investimentos neste ano, de R$ 2,4 bilhões para R$ 3,2 bilhões, Rodrigues disse que a Usiminas fez uma revisão no plano de investimentos e decidiu manter neste ano o mesmo nível de investimento feito em 2022 em projetos para manutenção das operações correntes (capex de “sustaining”).
Em paralelo à reforma do alto-forno 3, a Usiminas vai reformar uma operação de lingotamento contínuo na usina de Ipatinga, com investimento estimado de aproximadamente R$ 500 milhões e ampliar o reparo nas coquerias iniciado em 2022.
“O capex de ‘sustaining’ varia de R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão por ano na siderurgia. Na mineração vamos avançar na descaracterização da barragem Samambaia”, acrescentou Rodrigues.
Em relação à compra de placas de aço para abastecer a Usiminas no período em que o alto-forno ficará em manutenção, a companhia informou que atingiu 351 mil toneladas de estoque no fim de 2022 e espera chegar a 450 mil a 470 mil toneladas até abril.
Sobre o ciclo de caixa, a Usiminas informou que o impacto dos investimentos da companhia no caixa será maior no segundo e no terceiro trimestres deste ano. “Quando o alto-forno 3 retomar a produção haverá uma reversão do capital de giro. Mas é algo que a companhia consegue suportar, não vai passar nem perto de caixa mínimo. Estamos em uma situação confortável em termos de liquidez”, afirmou Rodrigues.
O executivo destacou ainda, em relação a bonds no valor de US$ 750 milhões que vencem em 2026, que monitora o mercado e no momento que achar adequado pode tomar uma decisão, mas que não é uma preocupação no momento. No ano passado, a companhia fez uma rolagem de dívidas que venceriam entre 2023 e 2025. A companhia só terá dívida significativa a pagar em 2026, que são os bonds, de R$ 3,9 bilhões.
“O nosso foco neste ano é essa grande intervenção na usina de Ipatinga, que vai transformar a nossa unidade produtiva, levando a um outro patamar, para que possamos desfrutar os resultados a partir do próximo ano”, afirmou o presidente da Usiminas, Alberto Ono.
Contratos com o setor automotivo
A Usiminas informou que reajustou em 12% o preço dos contratos de fornecimento ao setor automotivo que venciam em janeiro.
O vice-presidente comercial da Usiminas, Miguel Homes, acrescentou que a empresa mudou a vigência desses contratos, que agora serão reajustados a cada seis meses, e não mais a cada 12 meses. A mudança também deve valer para os contratos que vencem em abril.
“A vigência dos contratos será de seis meses dada a volatilidade que encontramos no cenário siderúrgico nacional e local”, afirmou.
Demanda
O executivo também disse que enxerga uma demanda estável para o mercado de aço no Brasil. “Não vejo nenhum setor com destaque, salvo o setor de óleo e gás. No geral, a demanda deve ficar bastante estável em comparação com o que se viu nos últimos seis meses”, afirmou Homes.
Em relação ao negócio de aço, o executivo disse que as exportações também devem manter uma certa estabilidade em relação ao que foi visto no último trimestre. Para o negócio Soluções Usiminas, a expectativa é que as vendas acompanhem o movimento dos mercados de aço e do setor automotivo, que têm projeção de aumento de 1,5% e 2%, respectivamente.
O CEO da Mineração Usiminas, Carlos Rezzonico, observou que na área de mineração a expectativa também é de um desempenho similar ao do ano passado, com produção entre 8,5 milhões a 9 milhões de toneladas.
A unidade de negócios informou que espera um aumento importante na exportação, principalmente de finos de minério. A produção de granulado será destinada sobretudo para o mercado doméstico. Sobre a possibilidade de aumentar a produção após a reforma do alto-forno 3, Rezzonico disse que vai acompanhar a evolução da demanda no mercado.
Valor - SP 13/02/2023
Empresa chamou atenção hoje após anunciar aumento nos investimentos de R$ 2,4 bi para R$ 3,2 bi
A Usiminas mantém o plano de discutir a sua política de dividendos no fim do ano, após a conclusão dos investimentos no alto-forno 3 e em outras áreas da companhia. Chamou a atenção hoje dos analistas de mercado o anúncio pela companhia de aumento de R$ 2,4 bilhões para R$ 3,2 bilhões nos investimentos em 2023.
Os investimentos mais altos sem ganhos significativos em custos reduzem o espaço para uma mudança na política de dividendos após a conclusão dos investimentos.
“Isso é algo que temos conversado. Vai ser necessário esperar a conclusão dos investimentos para poder reavaliar. Esses investimentos são estratégicos para que a Usiminas tenha um diferencial de competitividade relevante. A empresa acredita no seu potencial e no mercado, por isso está fazendo um investimento dessa magnitude”, afirmou o vice-presidente de finanças da Usiminas, Thiago Rodrigues.
Por enquanto, a companhia mantém a política de distribuição de 25% do lucro líquido. Em 2022, a Usiminas registrou lucro líquido de R$ 2,09 bilhões, em queda de 79% em relação ao ano anterior. O caixa e equivalentes de caixa somaram R$ 5,07 bilhões, com redução de 28% sobre 2021.
“A gente estima um ganho de pelo menos 20% de produtividade com a volta da operação do alto-forno 2, em comparação ao que era produzido em 2022”, disse o executivo. Rodrigues acrescentou que a companhia também investe na reforma das coquerias, que permitirão à companhia voltar a ter produção própria de coque para a produção de aço.
Por enquanto, a companhia trabalha com um cenário de custos praticamente estáveis em relação ao ano passado.
“Este não vai ser um ano que a empresa vai conseguir ter um ganho significativo em custos. É um ano para se preparar para ter ganhos significativos”, afirmou o vice-presidente.
IstoÉ Online - SP 13/02/2023
(No 1º parágrafo, empresa esclareceu posteriormente que palavra “ajuste” usada durante teleconferência se referia a desconto de 12%, e não a aumento do preço em 12%)
SÃO PAULO (Reuters) – A Usiminas concedeu descontos em preços de aço a montadoras de veículos de 12% em média para os contratos que se iniciaram em janeiro, afirmou o diretor comercial, Miguel Camejo, a analistas, nesta sexta-feira.
Segundo o executivo, os contratos de janeiro em sua maioria tiveram prazo de 6 meses, ante 12 anteriormente. Ele afirmou a analistas que a mudança deve-se à “volatilidade que temos encontrado no setor internacional e local”.
Camejo afirmou que o vê o mercado brasileiro de aço em estabilidade neste ano e que a Usiminas seguirá elevando o estoque de placas em preparação para a reforma do alto-forno 3 da usina de Ipatinga (MG), cujos trabalhos começam em abril.
Segundo o executivo, a Usiminas terminou dezembro com estoque de 351 mil toneladas de placas e vai elevar esse volume para entre 450 mil e 470 mil toneladas até o início da reforma do equipamento.
O diretor financeiro, Thiago Rodrigues, comentou que com a reativação do alto-forno no início de 2024 a usina de Ipatinga vai ter um ganho de produtividade de “pelo menos 20%”.
A Usiminas vai reformar também, em paralelo ao alto-forno 3, uma operação de lingotamento contínuo da usina de Ipatinga, algo que deve consumir investimentos de mais de 500 milhões de reais, afirmou o executivo.
Money Times - SP 13/02/2023
Os resultados divulgados pela Usiminas (USIM5) nesta sexta-feira (10) contaram com algumas surpresas agridoces, como um prejuízo pior que o esperado, mas um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) acima do consenso.
A companhia apresentou prejuízo de R$ 839 milhões no quarto trimestre de 2022, enquanto as estimativas do mercado marcavam um saldo positivo de R$ 38 milhões, de acordo com o levantamento da Bloomberg.
Já o Ebitda ajustado de R$ 579 milhões, embora represente um tombo de 76% no comparativo anual, superou os R$ 471 milhões projetados graças a preços realizados para aço e volumes de vendas melhores que o esperado, na avaliação do Santander.
Apesar disso, de maneira geral, os números reforçam o cenário desenhado pelos analistas para os resultados do setor e podem dar pistas quanto aos balanços de Vale (VALE3), CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4).
Nas prévias, os analistas sugerem que mineração será o destaque positivo da temporada, enquanto as operações de siderurgia vão capengar.
De fato, os resultados da Usiminas mostraram um desempenho mais fraco da divisão de aço, com o Ebitda recuando 34% no comparativo trimestral e as margens caindo para 4%. Os volumes domésticos de aço decresceram 7%, enquanto as exportações encolheram 16%.
Na divisão de mineração, o Ebitda do segmento apresentou um crescimento trimestral de 10%, a R$ 171 milhões, representando 30% do Ebitda consolidado (contra 19% no terceiro trimestre de 2022).
Segundo o Itaú BBA, o aumento nos volumes dos resultados de mineração mitigou preços realizados mais fracos para minério de ferro. Para a instituição, a divisão deve encontrar ventos a favor pela frente, com os preços do ingrediente siderúrgico atingindo média de US$ 124 a tonelada até agora no primeiro trimestre de 2023, US$ 25/tonelada acima da média do quarto trimestre de 2022.
Guidance
Além dos resultados, a Usiminas atualizou o seu guidance de capex (investimentos) para 2023, de R$ 2,4 bilhões para R$ 3,2 bilhões.
O aumento do capex é uma surpresa negativa para os investidores mais otimistas com as perspectivas de geração de caixa da companhia, avalia o BBA. Analistas destacam, no entanto, que a alavancagem da Usiminas continua saudável em 0,23 vez, apesar do fluxo de caixa livre negativo.
A postura de cautela predomina entre os analistas. O BBA segue com recomendação de “marketperform” (desempenho esperado em linha com a média do mercado) e preço-alvo de R$ 8 ao fim de 2023. O Santander está “neutro” com a ação, com preço-alvo de R$ 9.
Na avaliação do BTG Pactual, que também tem classificação “neutra” para os papéis, os resultados vieram pressionados. O banco cita o cenário operacional desafiador pelo qual a Usiminas está passando. Além disso, a companhia realiza uma grande reforma nas suas usinas no segundo trimestre de 2023, o que deve adicionar mais incerteza e volatilidade aos seus resultados.
“Também temos diversas dúvidas sobre a trajetória de alocação de capital no longo prazo e preferimos ficar de lado até existir mais clareza sobre esses tópicos”, dizem Leonardo Correa e Caio Greiner, em relatório publicado nesta sexta.
O BTG também vê a ação da Usiminas sendo negociada a 4 vezes o Ebitda para 2023, um prêmio de 20% a 30% para os pares na América Latina.
Grandes Construções - SP 13/02/2023
Dados do Hybrit, uma iniciativa de colaboração entre as companhias SSAB, LKAB e Vattenfall para que a indústria do aço enfrente com eficiência o desafio da descarbonização, mostram resultados superiores nas propriedades e qualidade do ferro esponjoso de redução direta de hidrogênio (H-DRI).
Testes comprovam que a redução direta do minério de ferro usando hidrogênio oferece um produto superior, fácil de manusear, transportar e armazenar. Também, praticamente elimina as emissões de CO2 no processo de redução.
O projeto Hybrit (Hydrogen Breakthrough Ironmaking Technology) foi iniciado para desenvolver produção de ferro e aço à base de hidrogênio com o objetivo de estabelecer uma cadeia de valor livre de fósseis desde a mina até o produto de aço acabado.
Novos resultados de testes da planta piloto Hybrit e do Laboratório de P&D revelam que o ferro reduzido direto (DRI) com hidrogênio cria um produto com propriedades e qualidade significativamente melhoradas.
O DRI livre de carbono com redução de hidrogênio produzido com a tecnologia Hybrit na planta piloto é altamente metalizado e possui propriedades mecânicas e de envelhecimento superiores em comparação com o ferro reduzido direto usando gás redutor de base fóssil, como o gás natural.
“Graças a anos de trabalho dedicado da equipe de pesquisa, tornamos o caminho baseado em hidrogênio para descarbonizar a siderurgia mais acessível e eficiente. Pode ajudar a mitigar as mudanças climáticas”, diz Martin Pei, CTO da SSAB e membro do conselho da Hybrit.
“Um elemento por trás da alta qualidade do ferro-esponja produzido é o minério de ferro de alta qualidade da mina de LKAB, que junto com a inovadora tecnologia Hybrit abre caminho para a futura produção de aço livre de fósseis. O projeto piloto Hybrit continua fornecendo pesquisas inestimáveis à medida que continuamos a jornada em direção à produção industrial, começando primeiro com uma instalação de demonstração em Gällivare em 2026”, diz Lars Ydreskog, vice-presidente sênior de projetos estratégicos da LKAB e presidente do conselho da Hybrit.
Em junho de 2021, a iniciativa Hybrit conseguiu produzir o primeiro ferro esponjoso reduzido diretamente com hidrogênio do mundo na planta piloto construída com o apoio da Agência Sueca de Energia.
Em agosto do mesmo ano, a SSAB mostrou a primeira chapa de aço livre de combustíveis fósseis feita a partir de ferro esponjoso com redução de hidrogênio, também produzida na fábrica piloto da Hybrit em Lulea, Suécia.
O método é eficiente para descarbonizar a extração de ferro do minério na produção de aço e reverter as taxas atuais da crise climática, responsável por cerca de 7,2% das emissões mundiais de gases de efeito estufa.
O Estado de S.Paulo - SP 13/02/2023
A economia global pode não ter um ano tão ruim como o esperado há alguns meses. A reabertura da China - com o fim da política de covid zero -, o inverno menos rigoroso na Europa e a sinalização de que a fase mais aguda da inflação nos principais países pode ter ficado para trás têm contribuído para melhorar as previsões para o Produto Interno Bruto (PIB) do mundo.
Apesar das projeções melhores, os economistas ponderam que o cenário não é de otimismo. No caso do Brasil, por exemplo, os números globais mais positivos ajudam, mas não o suficiente para mudar o cenário de fraco crescimento esperado para 2023.
Na última revisão, por exemplo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou a estimativa para o PIB global deste ano de 2,7% para 2,9%, mas ainda abaixo da média observada desde 2000 (3,8%). “As perspectivas globais estão melhores do que há alguns meses, mas eu diria que a foto ainda é de um cenário desafiador”, afirma Eduardo Jarra, economista-chefe da Santander Asset Management.
Na China, depois do fim da política de covid zero, a reabertura da economia tem sido mais rápida do que o previsto. Desde o início da pandemia, o governo chinês adotou um duro controle na mobilidade social para evitar uma grande propagação da doença e o colapso do sistema de saúde. A reabertura contribuiu para que o FMI aumentasse a previsão de crescimento da economia chinesa de 4,4% para 5,2%.
“Há uma incerteza no curto prazo. Nós questionamos no curto prazo como a atividade se comportou com todos esses aumentos de casos, mas a história do filme da China parece melhor, porque houve uma flexibilização mais rápida do que o esperado”, afirma Jarra.
Europa
Na Europa, o inverno menos rigoroso do que o previsto também trouxe um alívio para o cenário econômico da região, bastante afetada pelo conflito entre Ucrânia e Rússia. Havia uma preocupação de que o frio intenso pudesse aumentar a demanda por gás e levasse a região a enfrentar uma falta do produto.
“O inverno mais ameno na Europa reduziu muito a necessidade de utilização de gás para fins de aquecimento”, afirma Alexandre Bassoli, economista-chefe da Apex Capital. “Como consequência, não é necessário reduzir a utilização do gás para outros fins, para a indústria, por exemplo. O temor era de que, se o inverno se mostrasse mais rigoroso do que o normal, seria necessário implementar um racionamento de gás.”
Na virada do ano, muitos economistas enxergavam um risco de que a Europa pudesse enfrentar uma recessão mais profunda, cenário que parece mais distante hoje. O Goldman Sachs, por exemplo, chegou a prever um PIB de -0,1% para a região. Hoje, estima 0,8%.
O clima mais quente ajudou a reduzir os preços do gás, que voltaram para o patamar do início do conflito entre Rússia e Ucrânia. Integrantes do conselho do Banco Central Europeu já indicaram que o custo mais baixo da energia tem contribuído para desacelerar a inflação na região.
“É possível pensar no gás ou no petróleo como um imposto que incide sobre a renda disponível das famílias. Como é uma coisa essencial, quando está elevado, sobra menos renda para consumir outros bens e serviços”, afirma Bassoli.
No início do mês, o BCE elevou as suas principais taxas de juros em 50 pontos-base. Um aumento na mesma magnitude é esperado para o encontro de março.
Estados Unidos
Na economia americana, o cenário de um pessimismo exacerbado com a inflação ficou para trás. Em dezembro, no acumulado de 12 meses, o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) subiu 5%, abaixo dos 5,5% observados em novembro.
O PCE é acompanhado de perto pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) para definir o rumo da política monetária. No seu último encontro, o BC americano reduziu o ritmo de alta das taxas de juros, para 0,25 ponto percentual, alcançando a faixa entre 4,50% e 4,75% ao ano.
“Desde o início dos anos 1980, a gente não assistia um processo tão agressivo de aperto monetário. A política monetária produz um arrefecimento da demanda ao logo do tempo - não é imediato. E desde o final do ano passado, temos sinais nos Estados Unidos e em outras economias desenvolvidas de arrefecimento do crescimento da demanda e isso também tem contribuído para amainar essas pressões inflacionárias”, diz Bassoli, da Apex Capital.
O diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, no entanto, pondera que o nível de desemprego baixo ainda pode pressionar a inflação nos próximos meses. Por outro lado, há fatores que já aliviam a alta dos preços, como a queda no valor do preço devido à regularização das cadeias logísticas globais.
O Brasil pode se beneficiar?
O crescimento da economia global maior que o esperado deve ter um efeito positivo - ainda que limitado - no Brasil. Com a China avançando mais do que se projetava inicialmente, a tendência é que as commodities se aqueçam. Ramos, do Goldman Sachs, destaca que a China deve movimentar principalmente os mercados de petróleo e cobre. No ano passado, o banco projetava um crescimento para o país oriental de 4,5%. Agora, a estimativa é de 5,5%.
Ramos pondera, porém, que a expansão chinesa também não vai ter um impacto aqui como se via no passado. Isso porque, antes, o crescimento do País era baseado em investimento em infraestrutura, o que demandava, por exemplo, mais minério de ferro, commodity amplamente produzida no Brasil. Agora, a China está impulsionando a economia através do consumo interno. “Esse tipo de crescimento chinês não beneficia muito o Brasil, mas ajuda”, diz Ramos.
O Estado de S.Paulo - SP 13/02/2023
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse nesta sexta-feira, 10, que a pasta não levou o debate sobre a revisão das metas de inflação ao Conselho Monetário Nacional (CMN). Ao citar as notícias de que a proposta de subir a meta pode ser levada ao conselho pelo Banco Central (BC), ele adiantou, porém, que a sua secretaria vai levantar ao ministro Fernando Haddad, que preside o colegiado, subsídios técnicos sobre os prós e contras de cada escolha.
Durante live da Bradesco Asset Management, Mello observou que o debate sobre as metas de inflação não acontece apenas no Brasil, já que o surto inflacionário global, na esteira da pandemia e da guerra na Ucrânia, aumentou o desafio das autoridades monetárias em controlar os preços.
Ele pontuou que a discussão sobre a meta de inflação no CMN estava prevista para junho, porém lembrou das notícias veiculadas pela imprensa de que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, pode antecipar o debate no colegiado.
O secretário de Haddad comentou que, mesmo sendo um dos primeiros países a voltar a subir os juros após o choque da pandemia, tendo agora a maior taxa de juros real do mundo, a inflação no Brasil estourou a meta em 2021, 2022 e, provavelmente, em 2023. Mello disse acreditar que a agenda de reformas econômicas e fiscais não será afetada pelas discussões sobre a meta de inflação.
“Acredito que nossa agenda de reformas econômicas e fiscais independe da discussão de metas para inflação”, assinalou o secretário, acrescentando que a estratégia da equipe é recuperar a credibilidade e a previsibilidade da política econômica para, assim, melhorar a qualidade das políticas públicas.
Reforma tributária
Durante o evento, Mello disse ainda que não é preciso aumentar o gasto público ou a tributação para que o governo faça mais e melhor na gestão pública. Segundo ele, a reforma tributária tem potencial de aumentar o crescimento econômico em 12 pontos porcentuais em uma década.
“Não precisamos, necessariamente, aumentar muito a tributação ou o gasto em proporção do PIB para fazer melhor. É possível construir um cenário de melhora da tributação e do gasto público que vai permitir o País a aumentar o PIB potencial, o crescimento e reduzir a taxa de juros neutra, o risco país, ganhar competitividade e produtividade. Tem uma agenda que vai além do número fechado de crescimento. Por isso discutimos o novo arcabouço fiscal que vai incluir o debate sobre avaliação de políticas públicas”, declarou.
Segundo ele, há uma injustiça na tributação da renda no Brasil, que cobre uma alta carga tributária dos mais pobres e menos impostos dos mais ricos. A reforma da renda, diz, deve ser proposta pelo governo após a aprovação da reforma dos impostos que incidem sobre o consumo.
Novo arcabouço
Mello falou também sobre a construção do novo arcabouço das contas públicas. Segundo ele, o governo tem a preocupação de combinar sustentabilidade fiscal com políticas sociais.
“Temos preocupação de que o ritmo de crescimento das despesas viabilize políticas sociais e investimentos públicos, além da sustentabilidade fiscal”, declarou.
O secretário disse que a ideia é reverter o modelo, em vigor desde a implementação do teto de gastos, que não permitiu aumentos acima da inflação do salário mínimo e dos vencimentos de servidores.
“Estamos falando aqui de regras que garantam previsibilidade para essas variáveis [aumento de salários] e permitam, com base nessa previsibilidade, algum nível de crescimento real. Ainda será discutido qual”, afirmou Mello.
Ele disse que a nova regra fiscal precisa ser crível, transparente e sustentável, mas também flexível. “Regras muito rígidas deixam de ser cumpridas, como aconteceu no Brasil”, disse Mello, acrescentando que o teto de gastos perdeu a credibilidade e foi sistematicamente alterado.
Segundo ele, a equipe econômica tem recebido propostas do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial na costura da proposta da regra que vai substituir o teto de gastos.
Além de afirmar que o objetivo é garantir um horizonte de planejamento para o Estado, Mello pontuou que não existe uma regra fiscal perfeita ou ideal a ser usada por qualquer país. “O debate mostra que algumas regras funcionam melhor que outras.”
Segundo o secretário, a ideia de cenários fiscais de curto prazo tem avançado na literatura global.
Mello considerou ainda que uma série de desafios precisam ser superada para o Brasil crescer mais, criticando, nesse ponto, as limitações do Orçamento deixado pelo governo anterior, considerado “fictício”.
IstoÉ Dinheiro - SP 13/02/2023
Os preços nos portões das fábricas chinesas caíram em janeiro mais do que os economistas esperavam, sugerindo que o impulso da demanda doméstica que havia elevado os preços ao consumidor após o fim da política de Covid zero ainda não é forte o suficiente.
O índice de preços ao produtor caiu 0,8% em janeiro em relação ao ano anterior, após queda de 0,7% em dezembro e ante expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de 0,5%, embora a atividade manufatureira tenha voltado a crescer em janeiro.
O índice de preços ao consumidor subiu 2,1% em janeiro na comparação anual contra 1,8% em dezembro, mostraram dados da Agência Nacional de Estatísticas nesta sexta-feira, pouco abaixo do aumento de 2,2% previsto em pesquisa da Reuters.
Os preços ao consumidor foram impulsionados por um aumento sazonal dos gastos durante o festival de Ano Novo Lunar, com tarifas aéreas, ingressos de cinema e preços de viagem subindo 20,3%, 10,7% e 9,3% respectivamente, de acordo com os dados da agência.
Economistas preveem que o custo de vida na China aumentará durante os próximos meses, agora que a política de Covid zero foi abandonada. Observadores esperam que a China mantenha uma meta de inflação de cerca de 3% este ano, a mesma do ano passado.
A segunda maior economia do mundo continua a enfrentar obstáculos significativos, incluindo um setor imobiliário em dificuldade, enfraquecimento da demanda externa dos exportadores chineses e níveis quase recordes de desemprego juvenil.
O declínio mensal de 0,4% nos preços ao produtor foi surpreendente e parece sugerir que o setor manufatureiro ainda não estava funcionando a toda velocidade, disse Zhou Hao, economista-chefe da Guotai Junan International, em uma nota.
A queda nos preços às fábricas foi inesperada porque a atividade econômica da China retornou ao crescimento em janeiro. O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) oficial, que mede a atividade manufatureira, cruzou o limiar de 50 pontos pela primeira vez desde setembro.
Globo Online - RJ 13/02/2023
A Nortec, instalada no município de Duque de Caxias, no Estado do Rio, fatura R$ 230 milhões por ano produzindo insumos farmacêuticos para medicamentos como anestésicos locais e antirretrovirais. Exporta de 10% a 15% de sua produção de 300 toneladas para América Latina, Europa e EUA. Com a reabertura da economia da China, após três anos de isolamento do país por causa da Covid, abriu-se uma nova janela de exportação. A Nortec já começou negociações para vender seus insumos ao mercado chinês, que considera estratégico. Espera ter a aprovação da “Anvisa da China” este ano e já em 2024 iniciar as vendas, que devem ficar inicialmente entre R$ 10 milhões e R$ 20 milhões, subindo para R$ 50 milhões nos anos seguintes.
Se a reabertura da segunda maior economia do mundo já traz novos negócios para a Nortec, também está sendo comemorada globalmente, por empresas e governos. Economistas avaliam que uma retomada consistente do crescimento chinês nos próximos anos terá impacto positivo no Produto Interno Bruto (PIB) mundial. E países emergentes como o Brasil, que têm na China seu principal parceiro comercial, devem se beneficiar.
— Este mês, vamos mandar nossa primeira missão para a China desde 2019. Era complicado negociar com o país fechado. Agora estamos bem otimistas — diz Marcelo Mansur, diretor-presidente da Nortec.
Mudança de modelo
O banco Goldman Sachs só esperava a reabertura chinesa no segundo trimestre. Com a antecipação, revisou sua projeção para o crescimento da China de 4,5% para 5,5%. O banco estima ainda um aumento de 10% no preço das commodities, especialmente minério de ferro e soja, pode acrescentar 0,5 ponto percentual no crescimento do PIB brasileiro. Já um aumento de 10% nas exportações (em volume) tem impacto de 0,3 ponto no PIB do país, segundo estudo feito por Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs.
Analistas de bancos estrangeiros já preveem alta de até 5% no preço do petróleo. Já a tonelada do minério de ferro pode atingir US$ 130 (em 2022, encerrou a US$ 111), com a demanda mais forte estimulada pela reabertura da China, estima o Citi.
Empresas que já fazem negócios com os chineses estão mais otimistas. Produtoras de frango e suínos, por exemplo, esperam crescimento global de 12% nas exportações de porcos e 3% a 4% nas de aves este ano, segundo estimativas da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Só no ano passado, foram quase US$ 2,5 bilhões.
— A China é nosso principal comprador. Adquiriu 43% da carne de porco exportada ano passado e 12% da de aves — diz Luís Rua, diretor de Mercados da ABPA, que desde o fim de 2022 tem uma gerente em Pequim.
O governo Luiz Inácio Lula da Silva prepara uma visita à China para o fim de março, e a ABPA vai pedir a habilitação de novas fábricas para exportação e o reconhecimento de Paraná e Rio Grande do Sul como estados livres da febre aftosa sem vacinação.
A Petrobras também está animada. A reabertura e a recuperação econômica da China trazem impactos muito positivos para o mercado em geral e “também para a companhia, que tem no país asiático um importante mercado consumidor de petróleo”, diz a empresa em nota.
No ano passado, a China cresceu 3%, um número pífio se comparado à expansão de dois dígitos registrada no início dos anos 2000. Entre 1978 e 2018, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês passou de US$ 150 bilhões para US$ 12,2 trilhões. Este ano, as estimativas indicam crescimento entre 5% e 5,5%. O governo chinês anunciou recentemente uma série de reformas no sentido de mudar a estratégia de crescimento, com uma substituição gradual do modelo de exportações pelo consumo interno, de olho em uma expansão sustentável a longo prazo.
Essa guinada traz desafios, como aumentar salários sem cutucar a inflação. E a crise de liquidez no setor imobiliário, com queda nas vendas e prédios inacabados, também preocupa. O governo barateou o financiamento a fim de estimular o setor, mas analistas lembram que, na pandemia, muitos empregadores de pequeno e médio porte faliram, e os padrões de consumo podem ter mudado bastante.
— A reabertura da China deverá reverberar no mundo todo. Mas será preciso observar se o efeito será mais interno ou externo, com essa mudança de modelo econômico. De qualquer forma, a força da economia chinesa, a segunda maior, é um amortecedor para o mundo e um vetor de crescimento para países emergentes — diz Matheus Spiess, analisa da Empiricus Research.
Spiess observa que os preços das commodities já estão elevados. Se isso se mantiver, puxado por um crescimento sustentável da China, há chance de um novo ciclo de commodities, e o governo Lula se beneficiaria desse movimento já a partir de 2024. Para este ano, Spiess projeta que a China cresça 5%.
O estrategista-chefe do banco Mizuho no Brasil, Luciano Rostagno, concorda que a reabertura chinesa é uma notícia boa, mas lembra que outras grandes economias tiveram recuperação forte no pós-Covid para em seguida perder força. Por isso, diz, será preciso observar os fundamentos da economia chinesa e seus ganhos de produtividade.
De olho no baixo carbono
Segundo Rostagno, a reabertura chinesa abre o apetite de investidores estrangeiros por mercados emergentes, mas haverá mais seletividade, e países com a macroeconomia estável levam vantagens.
— O Brasil tem muitos desafios neste início de governo e, para se beneficiar, precisa fazer a lição de casa, apresentando seu novo arcabouço fiscal e medidas que melhorem o ambiente de negócios, como segurança jurídica, reforma tributária. É isso que vai definir o fluxo de investimentos para cá, e não apenas a recuperação da economia chinesa — diz Rostagno.
Ele lembra que tanto o ambiente interno como o externo eram diferentes no primeiro governo Lula. Hoje, a economia global está desacelerando, e o avanço da inflação é global. Os juros internacionais estão mais altos, e o risco de problemas com dívidas é maior.
— O ambiente econômico atual é muito mais desafiador do que naquela época — avalia Rostagno.
Larissa Wachholz, sócia da assessoria Vallya, pesquisadora do Cebri e especialista em China, observa que o país asiático está cada vez mais preocupado com questões ambientais, e o Brasil tem potencial em agricultura de baixo carbono, energia renovável e produtos estratégicos, como lítio e biofertilizantes.
Lacalle Pou: Uruguai vai avançar nas negociações com a China, e Brasil seguirá com seu caminho paralelamente, diz presidente uruguaio
— A reabertura da China é importante porque chinês gosta de negociar olho no olho. O governo brasileiro pode ajudar tirando barreiras, mas o setor produtivo precisa se movimentar para aproveitar as novas oportunidades — diz Larissa.
A Vale, que exporta minério de ferro para a China, já vê oportunidades também em produtos de baixo carbono. A companhia desenvolveu o briquete verde, espécie de combustível que pode ser usado na siderurgia, reduzindo emissões em mais de 10%.
“Como um dos maiores produtores mundiais de níquel, matéria-prima chave para baterias de veículos elétricos, também vemos oportunidades do rápido crescimento do setor de veículos de energia nova da China, que aumentou sua produção em 97% e suas vendas em 93% em 2022”, afirmou a Vale em nota.
Globo Online - RJ 13/02/2023
A possibilidade de mudança da meta de inflação está sendo vista com preocupação pelo mercado financeiro. Para Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original, e Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, a alteração pode ter o efeito contrário e elevar mais a inflação e os juros. Leia abaixo o depoimento dos economistas para o blog:
Marcos Caruso, economista-chefe do Banco Original
O sucesso de uma mudança de meta de inflação para cima está na resposta das expectativas de inflação depois disso. Isto está sendo feito porque quer aumentar a leniência com a inflação? Essa é a pergunta que economistas, os analistas vão se fazer. Se a percepção for de que é aumento, vamos acabar colhendo mais inflação e mais juros, o que seria um tiro no pé.
Em 2002, houve uma mudança de meta e houve corte de juros depois e que se mostrou totalmente contraproducente. Porque logo depois teve que subir os juros de novo. Mas este ano houve uma eleição que trouxe bastante volatilidade para o mercado, então talvez não valha de exercício.
Em 2003, há uma nova subida da meta de inflação, só que ali pra tentar compensar o que o governo fez foi subir o superávit primário para 4,5% do PIB. Se houvesse um movimento nessa direção hoje poderia ser positivo. Desde que seja crível. Mas enfim, juntando tudo me parece que o sucesso de uma empreitada dessa vai depender da percepção dos analistas sobre os motivos de estar subindo essa meta de inflação. Desconfio de que vai acabar colhendo mais inflação e mais juros
Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter
O debate sobre a meta de inflação veio em momento bastante inoportuno e trouxe ainda mais incerteza, o que resultou em alta das expectativas longas e deve dificultar ainda mais a convergência da inflação. A meta de 3% é sim alcançável, como já vimos no passado recente, inclusive com juros menores que o previsto hoje. A dificuldade da convergência hoje se dá devido à expansão fiscal em curso e a ausência de um arcabouço fiscal crível após o fim do teto de gastos, o que gera riscos, uma vez que o impulso fiscal pode manter reajustes de preços em alta, e déficits fiscais recorrentes podem acelerar ainda mais a inflação.
Indicando que prefere uma meta maior, o governo quer permitir espaço para a redução da Selic, mas, na ausência de um ajuste fiscal crível, podemos continuar com o cenário de desancoragem e a inflação pode voltar a subir e continuar acima da meta, mesmo ela sendo maior. Lembrando que inflação alta tem impacto justamente nas famílias de mais baixa renda, ou seja, inflação de 4% vai prejudicar mais a população mais carente, além aumentar a indexação da economia, o que dificulta ainda mais sua futura queda.
O Estado de S.Paulo - SP 13/02/2023
O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), publicou, em sua conta no Twitter, um quadro comparativo com os juros e a inflação de alguns países do mundo. O Brasil figurou entre os destaques, com a maior taxa entre os selecionados e uma inflação superior apenas à da China e do Japão. Na lista do senador, também estavam Turquia, Rússia, África do Sul, Índia, Estados Unidos, União Europeia, todos com juros mais baixos e inflação mais alta que os brasileiros.
Pelo tom da publicação, supõe-se que o senador tinha a intenção de expor o que considera um capricho do Banco Central (BC) e criticar sua autonomia. Na busca obsessiva por uma inflação baixa, o Brasil teria elevado demais a taxa básica de juros, superando até mesmo o rigor de países ricos, dispostos a manter juros mais civilizados e inflação mais elevada para não sacrificar sua economia. Até aí, tudo bem. O que chamou a atenção na publicação de Randolfe, no entanto, foi a infeliz escolha que ele fez para defender sua posição: a Turquia.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, demitiu o presidente do banco central local para derrubar os juros na marra de 20% para 8% – mesmo nível que o senador defende para o País. Em contrapartida, colheu moeda desvalorizada, reservas em níveis críticos e inflação completamente fora de controle. Logo, se há algo a depor a favor da autonomia do Banco Central brasileiro é o caso turco.
Desde a desorganização das cadeias globais proporcionada pela covid-19, a inflação tem dominado as discussões econômicas em todo o mundo. Mesmo economistas ortodoxos têm tido divergências sobre o nível inflacionário aceitável no pós-pandemia. Tal debate pode até vir a mudar conceitos consagrados sobre a dosimetria de juros adequada para conter preços, mas ainda está em fase incipiente. No Brasil, no entanto, a discussão nem sequer resvala nessas questões e está contaminada por questões políticas.
A inflação só encerrou o ano em 5,79%, ainda fora da meta e pelo segundo ano consecutivo, porque o governo e o Congresso mudaram a tributação sobre combustíveis. Não fosse isso, o IPCA de 2022 teria ficado em 9,56%. O exemplo é excelente para expor, de um lado, os limites da atuação do BC, e, de outro, o quanto decisões de governo podem até deturpar indicadores macroeconômicos, mas são incapazes de mudar o cenário geral da inflação – basta perguntar a percepção que a população tem sobre os preços.
O governo de Lula da Silva certamente tem legitimidade para mudar as metas para 2024 e 2025 de 3% para 3,5%. É, afinal, uma decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN), um órgão que leva em consideração a dimensão econômica e, também, aspectos políticos. O BC é autônomo, mas não é infalível. Pode e deve ter o trabalho avaliado e criticado, desde que essas críticas partam de premissas técnicas e passem longe da superficialidade e da mera politicagem. Não há como discutir o tema de forma séria sem considerar nosso histórico de hiperinflação e nosso maior problema: o desequilíbrio crônico na área fiscal.
IstoÉ Online - SP 13/02/2023
Os contratos futuros de minério de ferro da bolsa chinesa de Dalian subiram após uma sessão volátil na sexta-feira, com traders reduzindo seu otimismo sobre as perspectivas de demanda, levando em consideração as perspectivas econômicas globais.
O minério de ferro mais negociado encerrou o comércio diurno com alta de 0,8%, 863,50 iuanes (126,98 dólares) a tonelada, revertendo as perdas iniciais. A commodity subiu 1,7% na semana.
“A influência macro internacional se intensificou, e a retomada doméstica do trabalho (após o feriado do Ano Novo Lunar da China) é lenta, mas, por outro lado, ainda há confiança na recuperação da economia doméstica”, disseram analistas da Sinosteel Futures em uma observação.
O aumento dos estoques de minério de ferro nos portos chineses, no entanto, pode limitar quaisquer ganhos adicionais, já que analistas disseram que os preços atuais já refletem fortes perspectivas de demanda devido à reabertura da China.
O estoque de minério de ferro portuário da China subiu para 136,5 milhões de toneladas na última semana, o maior desde dezembro, mostraram dados da consultoria SteelHome.
Valor - SP 13/02/2023
A maioria dos brasileiros mal começara a assimilar as diferenças entre um carro totalmente elétrico e as variações de híbridos – a gasolina, a etanol ou plug-in – quando o questionamento em torno da isenção de Imposto de Importação desses veículos, levantado pela indústria na semana passada, provocou ainda mais confusão. É provável que a curiosidade do brasileiro, apaixonado por automóveis, o levasse a buscar mais informações sobre essas novidades. Mas os preços elevados desanimam a maioria. Mesmo assim, os resultados das vendas nos últimos meses já começam a revelar preferências do consumidor, seja por modelos, marcas ou tipos de tecnologia.
A maioria dos brasileiros mal começara a assimilar as diferenças entre um carro totalmente elétrico e as variações de híbridos – a gasolina, a etanol ou plug-in – quando o questionamento em torno da isenção de Imposto de Importação desses veículos, levantado pela indústria na semana passada, provocou ainda mais confusão. É provável que a curiosidade do brasileiro, apaixonado por automóveis, o levasse a buscar mais informações sobre essas novidades. Mas os preços elevados desanimam a maioria. Mesmo assim, os resultados das vendas nos últimos meses já começam a revelar preferências do consumidor, seja por modelos, marcas ou tipos de tecnologia.
Por fim, o 100% elétrico, cujas baterias são carregadas apenas na tomada, somaram 17% das vendas de eletrificados no Brasil em janeiro. Todos os totalmente elétricos (BEV na sigla em inglês) e os híbridos plug-in (PHEV) vendidos no Brasil são importados e têm Imposto de Importação reduzido, a maioria com isenção total, desde 2016. A chegada dos compactos, da China, é o que preocupa uma parte das montadoras, que teme pela concorrência com carros a combustão produzidos no Brasil.
O carro 100% elétrico mais vendido no Brasil em 2022 foi também um dos mais caros: o modelo XC-40, da Volvo, que custa a partir de R$ 330 mil. O curioso no ranking brasileiro dos 100% elétricos é que dos seis primeiros colocados, três são da chamada linha premium, mais caros, e os outros três são compactos na faixa de preços que vai de R$ 146 mil a R$ 150 mil. Os três compactos – iCar, da CAOA Chery, E-JS1, da JAC Motors, e Kwid E-Tech, da Renault – são produzidos na China. Já os três primeiros colocados da linha premium – XC-40 e C40, da Volvo, e E-Tron, da Audi – vêm de fábricas da Bélgica.
O empresário Sérgio Habib, proprietário da SHC, importadora da chinesa JAC Motors, diz que as montadoras não deveriam se preocupar tanto com a concorrência porque, diz ele, os preços são ainda muito elevados para o padrão brasileiro. Os 100% elétricos representaram 0,4% das vendas totais de carros no país em 2022.
Já na China o ritmo é outro. O país asiático vende mais elétricos do que o resto do mundo combinado. Projeções da Statista, consultoria americana especializada em análise de dados de mercado, indicam que os modelos elétricos representarão, no mínimo, um quarto do mercado chinês em 2025. Mas podem chegar até a 50% no mesmo prazo.
Estimativas de consultorias especializadas indicam que em 2022, foram vendidos, no mundo cerca de 8 milhões de elétricos e híbridos plug-in em todos o mundo, cerca de 10% das vendas globais. Segundo previsão da Statista, entre 2021 e 2027, a quantidade de recursos envolvidos no negócio com elétricos deverá aumentar mais de quatro vezes.
Mas o ritmo não é igual em todas as partes do planeta. “Em quase todos os países com renda média similar à do Brasil a venda dos elétricos não passa de 1%”, destaca Habib, ao citar como exemplos países do Leste Europeu. “Carros elétrico é coisa de país rico ou de importador de petróleo; o Brasil não tem recursos nem para o Bolsa Família”, afirma. Mesmo em países mais desenvolvidos, como Itália e Espanha, destaca o empresário, a participação desses modelos gira em torno de 3,5%.
“Ainda é muito cedo para acabar com a isenção de impostos para elétricos carros importados no Brasil”, diz o presidente da ABVE, Adalberto Maluf. Segundo ele, é por meio desse estímulo que marcas chinesas, como a Great Wall e a BYD, baseiam planos de produção no país. O dirigente defende aumento gradativo do imposto “a partir de determinado volume de vendas”.
A General Motors também é favorável à manutenção da isenção tributária. O presidente da companhia na América do Sul, Santiago Chamorro, diz que o incentivo é necessário para estimular a entrada de tecnologia que baseará, futuramente, a produção local.
Já o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, acredita que a isenção do tributo pode ter efeito contrário e levar investimentos do setor para outros países. Segundo ele, por isso a entidade reivindica informações do governo para “saber a regra do jogo e qual será a sua duração”. Para Leite, a isenção tributária se equipara aos bônus que países como alguns europeus e os Estados Unidos dão para o consumidor trocar o carro por um elétrico. Os bônus, nesses casos, somam mais de US$ 7 mil.
Valor - SP 13/02/2023
O fim da isenção do Imposto de Importação para carros elétricos surgiu como questão urgente para o grupo de montadoras que mais teme a concorrência de elétricos importados, sobretudo os da China
Janeiro costuma ser um mês calmo na indústria automobilística. É tempo de retomar a produção após um período de férias coletivas. Não há, também, lançamentos de novos modelos porque, com mais despesas, como IPTU e IPVA, o consumidor passa longe das concessionárias. Janeiro de 2023 foi igualmente tranquilo na rotina produtiva das montadoras. Para os dirigentes do setor, no entanto, a agenda do primeiro mês do ano foi bastante agitada. Não nas fábricas, mas em Brasília.
Os representantes das montadoras pareciam aguardar a chegada do novo governo para iniciar uma rotina de visitas mais frequentes ao Palácio do Planalto. E também para levar aos recém-empossados reivindicações que estavam guardadas à espera do melhor momento.
O fim da isenção do Imposto de Importação para carros elétricos surgiu como questão urgente para o grupo de montadoras que mais teme a concorrência de elétricos importados, sobretudo os que vêm ou podem vir da China.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea) lidera esse grupo e está apenas no início de uma mobilização para conduzir essa bandeira a todas as esferas do governo, desde as equipes técnicas até ministros. E quem imaginava que esses fabricantes se contentariam com uma elevação gradual do tributo, surpreendeu-se quando o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, anunciou o pedido para que o incentivo fiscal, que há oito anos facilita a entrada de modelos híbridos e elétricos no país, seja completamente eliminado, o que significa a elevação da alíquota de zero para 35%.
A questão é polêmica e envolverá resistências não apenas de importadores como também de associadas da própria Anfavea.
As discussões com o governo tendem a ser longas e não se limitam à tributação do carro elétrico. As montadoras têm interesse em participar de muitos outros debates em torno de agendas que o governo começa a sinalizar. A reforma tributária é apenas uma delas.
A Anfavea tem levado esse objetivo tão a sério que decidiu inaugurar uma nova sede em Brasília. Situada no Lago Sul, uma área nobre, com casas de luxo e embaixadas na vizinhança, a nova sede é espaçosa e conveniente para receber autoridades.
Leite disse esta semana prever que a diretoria da Anfavea, que é composta por dirigentes das montadoras, e também os presidentes dessas empresas possam passar mais tempo na nova sede.
A entidade também criou diversas equipes e comitês para atuar em trabalhos com o governo. “Temos muito a contribuir, com propostas e estudos técnicos, para a reindustrialização do país”, disse Leite.
Declarações e acontecimentos durante o primeiro mês de mandato de Luiz Inácio Lula da Silva deram ao presidente da Anfavea a certeza de que o capricho com a nova sede e toda a estratégia de aproximação com o governo não foram em vão.
O presidente da Anfavea mostrou-se satisfeito ao ouvir não só Lula como outros membros do governo, como o novo presidente do BNDES, Aloísio Mercadante, reiterando compromissos com a reindustrialização ao país.
E, um dia depois de Lula ter dito que os empresários precisavam aprender a reclamar do Banco Central e que sem isso os juros não baixariam, Leite elogiou as queixas do presidente da República em relação aos juros. “Não estamos discutindo a forma, mas a essência”, disse Leite durante uma entrevista para a divulgação do desempenho do setor em janeiro. “O consumidor tem saído do mercado com essa taxa de juros”, destacou.
A indústria não está satisfeita com o resultado das vendas em janeiro mesmo com o crescimento de 12,9% em relação ao mesmo mês do ano passado. Leite lembrou que a base de comparação é baixa, visto que em janeiro de 2022, a produção de veículos foi mais fortemente impactada pela escassez de componentes. O avanço na produção foi mais tímido, de 5%.
Já as exportações da indústria automobilística cresceram 19,3% em janeiro na comparação com o mesmo mês de 2022, embora dois dos principais destinos, Chile e Colômbia, tenham reduzido as encomendas. Por outro lado, houve recuperação de vendas para a Argentina.
O segmento de pesados registrou forte queda. Em janeiro, foram produzidos apenas 4,04 mil caminhões, o que representou uma retração de 57,2% em relação a janeiro de 2022 e de 72,3% na comparação com dezembro.
A queda da demanda já era esperada pelos fabricantes. No mês passado entrou em vigor uma nova legislação de emissões para veículos comerciais, o Proconve P8 (ou Euro 6). A adição de mais equipamentos para controlar as emissões provoca aumento de preços nos veículos. Por isso, muitos frotistas anteciparam as compras no fim de 2022.
A Anfavea não espera um 2023 muito melhor do que foi 2022. Para o mercado interno, por exemplo, a entidade projeta expansão de 3%. Mas não é a preocupação com os resultados de vendas deste ano que fará seus dirigentes passar mais tempo em Brasília. Essa indústria almeja se envolver nas discussões e dar palpites na organização das políticas econômicas que podem definir os rumos do setor produtivo no país.
Money Times - SP 13/02/2023
A Volkswagen acelerará a mudança de sua linha de produtos para carros elétricos e reformulará sua estratégia de software em um plano de investimento de cinco anos apresentado nesta sexta-feira.
A companhia discutiu como reorganizar a rede de produção do grupo alemão para acelerar a mudança, afirmou a empresa em comunicado sem dar detalhes.
A Volkswagen, cujas marcas incluem Audi, Porsche, VW e Seat, também está procurando como consertar uma estratégia de software atormentada por atrasos e custos excessivos.
Os detalhes do novo plano serão apresentados na conferência anual da empresa, marcada para 14 de março.
O plano é o primeiro desde que o presidente-executivo da Volkswagen e Porsche, Oliver Blume, assumiu o comando da empresa no ano passado.
Blume varreu os planos estratégicos da montadora desde que assumiu de olho em opções de simplificação de operações, um contraste marcante com o presidente-executivo anterior, Herbert Diess, conhecido por planos ambiciosos, mas criticado por alguns, incluindo sindicalistas, por não promover uma execução clara deles.
Valor - SP 13/02/2023
Hoje, todos os carros totalmente elétricos vendidos no país são importados
Chamorro, da GM: “Mercado avança porque há incentivos. É bom retirá-los? Não” — Foto: Ana Paula Paiva/Valor
Muitos duvidam que o Brasil possa ser produtor de carros 100% elétricos. Não é o que pensa o presidente da General Motors na América do Sul, Santiago Chamorro. Para ele, além de a região ser fonte de elementos utilizados em baterias, como níquel, cobre e lítio, numa primeira fase esses veículos poderiam ser produzidos a partir da montagem local de células de baterias importadas. Hoje, todos os carros totalmente elétricos vendidos no país são importados.
A indústria de caminhões já produz veículos elétricos no Brasil a partir da montagem de células de baterias importadas. Com componentes enviados da China pela CATL, o grupo Moura, por exemplo, monta kits de baterias que são, posteriormente fornecidos à Volkswagen Caminhões para a produção do elétrico e-Delivery, usado em entregas urbanas.
Três dias depois de a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) anunciar a decisão de pedir ao governo o fim da isenção do Imposto de Importação para modelos elétricos, o presidente da GM, montadora que defende a eletrificação total dos veículos, disse, na sexta-feira, que os incentivos precisam ser mantidos até que o Brasil esteja preparado para produzir carros elétricos.
Há quem duvide que as montadoras, que hoje gastam bilhões no desenvolvimento de baterias, por meio até de parcerias, incluam o Brasil no mapa de produção desse tipo de componente e, consequentemente, tenham linhas de produção de carros elétricos no país. Mas Chamorro diz acreditar nessa possibilidade.
“Até agora o Brasil acompanhou a indústria global de veículos. A pergunta é: vai ficar por aí ou vai acompanhar?”, destaca. “Deveríamos ir na vanguarda e não permanecer retrógrados. Se não abraçarmos as novas tecnologias vamos ter que fechar as portas. E para chegar até lá temos que abrir as fronteiras”, completa.
A GM é contra a produção de híbridos, como defendem outras montadoras. Para essas empresas, o híbrido, que funciona com dois motores, um elétrico e outro a combustão, é a melhor opção até o país estar pronto para a eletrificação total. Isso também ajudaria a manter o parque industrial atual, incluindo as autopeças. Além disso, o híbrido brasileiro leva a vantagem de poder ser abastecido com etanol.
A GM, segundo Chamorro, pretende manter a produção de carros a combustão no Brasil até chegar à eletrificação. O executivo acredita que numa fase inicial modelos a combustão e elétricos serão produzidos ao mesmo tempo. A direção mundial da companhia já anunciou que a partir de 2035 abandonará completamente a produção de carros movidos a combustão em todo o mundo.
Embora a participação dos 100% elétricos no mercado brasileiro seja pequena - 0,4% em 2022 -, as vendas estão em ascensão, com crescimento de 40,7% no ano passado na comparação com 2021. “Esse mercado avança porque há incentivos. É bom retirá-los? Não é”, diz Chamorro. “O cliente se mostra interessado, está curioso”, completa.
Chamorro aponta, ainda, o potencial de produção e de exportação de países como México e Coreia, que costumam ser citados como exemplos de competitividade no setor. O executivo não comenta, porém, a possibilidade de que os investimentos das multinacionais instaladas no Brasil comecem a migrar para países que definirem de forma mais clara políticas de estímulo à eletrificação. “A visão da GM é produzir nos lugares em que vendemos”, afirma.
O executivo espera que a próxima fase do Rota 2030, programa automotivo do governo federal que oferece incentivos à pesquisa e desenvolvimento, defina as diretrizes da eletrificação do setor automotivo no país. “Não será uma transição rápida”, destaca.
O presidente da GM reconhece que preço é um fator que ainda inibe o aumento de vendas dos elétricos, que chegam a custar o dobro de um modelo convencional. Admite também as dificuldades do Brasil para bancar o mesmo sistema de benefícios que existem na Europa e Estados Unidos. Para acelerar a descarbonização os governos dessas regiões oferecem bônus de mais de US$ 7 mil para o consumidor que troca o carro por um elétrico. Mas considera possível o Brasil criar algum estímulo se a troca incluir a retirada de carros velhos das ruas.
Para ele, os incentivos de hoje tendem a acabar porque, diz, até meados desta década o custo global de produção de um carro elétrico vai praticamente se igualar ao de um a combustão.
Segundo ele, o veículo a combustão tende a ficar até mais caro no futuro. “As legislações para reduzir emissões serão cada vez mais exigentes; por isso, a inclusão de mais equipamentos para esse controle provocará elevação de preços”, destaca.
Com o tempo, afirma, “o consumidor também perceberá no custo de manutenção que o elétrico leva vantagem em relação ao modelo a combustão. “O gasto com energia é mais baixo e a quantidade de peças, bem menor”, diz.
Petro Notícias - SP 13/02/2023
Os portos de Niterói, Rio de Janeiro, Itaguaí e Angra dos Reis, movimentaram um total de 61,5 milhões de toneladas em 2022. O desempenho do ano passado praticamente se manteve estável em relação a 2021, segundo os dados estatísticos consolidados pela companhia Portos do Rio. A movimentação de cargas entre janeiro e dezembro de 2022 foi 0,9% inferior ao volume movimentado no mesmo período de 2021, porque foi impactado pela queda na movimentação de minério de ferro no 1° quadrimestre do ano. Porém, apresentou uma boa recuperação de 4,7% a partir do 2º quadrimestre.
O resultado do Porto do Rio de Janeiro em 2022 foi positivo, superando em 7,7% o volume movimentado em 2021. O crescimento foi influenciado pela alta na movimentação de carga conteinerizada: foram movimentados 549.553 TEUs, o que representa um crescimento de 15,4%, na comparação dos números registrados de 2022 x 2021.
A movimentação de cargas do Porto de Itaguaí apresentou queda de 2,5%, em 2022, em função da estabilidade na movimentação de minério de ferro, principal carga movimentada no porto, e do recuo na movimentação de carga conteinerizada (40,5%) e carvão (32,0%). O destaque foi o crescimento na movimentação de Produtos Siderúrgicos (113,1%) e coque (17,6%), que compensaram, em parte, a queda no desempenho registrado no porto. Mensalmente, a PortosRio publica em seu site dados atualizados sobre a movimentação dos portos.
CNN Brasil - SP 13/02/2023
Os portos de Paranaguá e Antonina movimentaram em janeiro 4,208 milhões de toneladas entre embarques e desembarques, volume recorde para o mês, informou a Portos do Paraná. O volume é 1% maior que as 4,157 milhões de toneladas movimentadas no mesmo período em 2022.
“O aumento registrado entre os granéis foi o que mais contribuiu para a nova alta”, disse em nota o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia.
Granéis sólidos representaram quase 60% de tudo o que foi movimentado no mês (com 2,475 milhões de toneladas). Na exportação, o destaque foi o milho, com alta de 189% em janeiro em relação a janeiro do ano passado.
Farelos de soja e de milho tiveram alta de 17% e o açúcar avançou 15%. Na importação, trigo (+93%), cevada/malte (+26%), sal (+100%), metanol (+67%) lideraram as altas. Entre os granéis líquidos, o aumento da movimentação nos portos foi de 12% na comparação entre janeiro de 2022 e 2023, com 722,073 mil toneladas.
De carga geral foram 1,011 milhão de toneladas movimentadas, volume 7% menor ante janeiro de 2022. “A queda foi impactada, principalmente, pela redução nos volumes de açúcar em saca e celulose no sentido exportação”, afirmou a autoridade portuária.
Os volumes de contêineres ficaram em linha com o ano passado, com movimento de 88.038 TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés de comprimento).
Valor - SP 13/02/2023
Maior risco será no 2º semestre, com “disputa” entre milho e açúcar
Em 2019, o Ministério da Agricultura projetou que o Brasil produziria 300 milhões de toneladas de grãos na safra 2028/29. Esse volume, porém, deverá ser colhido neste ciclo 2022/23, seis anos antes, e o recorde tende a pressionar a logística de escoamento, o que tem preocupado os exportadores do agro - de soja, milho e também de açúcar, que “disputa” espaço com grãos em ferrovias e terminais portuários. Há gargalos à vista, e os custos poderão subir.
O porto de Santos (SP), por exemplo, tem capacidade máxima de embarque de 8 milhões de toneladas de granéis agrícolas sólidos por mês. Ocorre que em 2021, esse limite quase foi atingido em março, quando foram exportadas 7,5 milhões de toneladas mesmo com colheitas menores que as atuais. No ano passado, recordes de embarques foram quebrados em diversos meses.
“Temos visto uma antecipação de embarques em relação a anos anteriores, e isso pode pressionar ainda mais o sistema portuário brasileiro neste ano, diante de uma safra de grãos mais volumosa”, disse ao Valor Thiago Péra, coordenador geral do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (EsalqLog), da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP).
Segundo estudo da EsalqLog, em média um aumento de 10% no volume de exportação no porto gera um incremento de 5% no tempo de estadia dos navios em Santos, além de elevar em 1% o volume de tráfego nas rodovias pedageadas com destino ao porto. “Isso pode gerar filas de caminhões e aumentar o preço do frete”, afirmou Péra.
Concorrência com açúcar
Embora as exportações de açúcar sejam mais regulares, há um leve pico em julho e agosto, justamente quando começará o escoamento da segunda safra de milho - para os dois produtos, as estimativas indicam aumentos das produções e das exportações. “No começo do ano, a entressafra do segmento sucroenergético impede que o escoamento de açúcar coincida com a soja, mas o aumento das exportações brasileiras de milho poderá causar uma elevação de preços de frete no segundo semestre”, observou Péra.
Na primeira semana de fevereiro, Paulo Roberto de Souza, CEO da Alvean (trading da Copersucar) disse que o segmento está preocupado com a logística. “As safras estão crescendo e tem previsão de que a supersafra de grãos colhida com a de açúcar a partir de abril”, afirmou em evento da XP, em São Paulo. expectativa da Alvean é que o gargalo limite a exportação de açúcar em 2,5 milhões de toneladas ao mês, enquanto a necessidade seria de cerca de 3 milhões.
Esse cenário, porém, poderá ser evitado porque há espaço para transporte de grãos por outros corredores logísticos, e mesmo Santos fica longe do limite de sua capacidade de escoamento dos granéis depois do pico de transporte da soja (fevereiro e março) e do milho (julho e agosto). Na média, Santos tem escoado cerca de 5,3 milhões de toneladas de grãos por mês.
Arco Norte
Os portos do Arco Norte estão transportando, em média, 3,3 milhões de toneladas por mês, e o volume máximo foi observado em março de 2022 (5,3 milhões de toneladas). “No Arco Norte, as vendas são mais lineares ao longo do ano, porque a safra do Matopiba é mais tardia e porque já são cativas as vendas da região norte de Mato Grosso”, afirmou Péra.
No caso da soja, habitualmente as exportações por Santos alcançam 73% do total anual previsto, na média dos últimos anos, enquanto no Arco Norte o percentual chega a 53,3%. Os embarques de milho são mais equilibrados: chegam a 72,8% no Arco Norte e a 70,5% em Santos em outubro.
Transporte garantido
Segundo a Autoridade Portuária de Santos, desde 2015 houve uma mudança na proporção dos granéis sólidos vegetais exportados pelos terminais açucareiros do porto organizado, que passaram a incluir grãos no mix de produtos movimentados (49% em 2019).
Estudos mais recentes com projeções de capacidade e demanda para granéis sólidos vegetais no porto de Santos apontam para volumes de 80 milhões de toneladas em 2030, ante a uma capacidade estimada em 104 milhões, após investimentos. “O planejamento portuário é constante, e a capacidade integrada dos subsistemas dos terminais do porto naturalmente acompanha os aumentos de demanda”, disse a administração.
O porto de Santos informou que, com a finalidade de proporcionar os incrementos adequados frente aos novos volumes projetados, em março do ano passado foi arrematado o terminal STS 11 pela Cofco International (trading chinesa), com previsão de investimentos de R$ 764,8 milhões que incluem a construção de novos silos e armazéns. Além do STS 11, parte dos terminais de granéis vegetais do porto, a exemplo daqueles localizados na Ponta da Praia e na margem esquerda, estão com obras finalizadas ou em andamento, também para a ampliação de capacidade de movimentação de grãos.
“Complementarmente, em virtude desses investimentos, e já prevendo a necessidade de escoamento de maiores volumes, em dezembro de 2022 foi assinado o contrato com a nova concessionária que será responsável pela gestão, operação, manutenção e expansão da Ferrovia Interna do Porto de Santos (Fips). No âmbito deste contrato, são previstos R$ 891 milhões em investimentos, que aumentarão a capacidade ferroviária atual, de 50 milhões para 115 milhões de toneladas/ano”, afirmou a administração do porto.
Valor - SP 13/02/2023
Moscou reagiu ao teto de preços imposto pelos países ocidentais devido à invasão da Ucrânia
O petróleo encerrou a sessão de hoje em alta firme, reagindo à notícia de que a Rússia deve cortar 500 mil barris por dia de sua produção a partir do mês que vem. A decisão seria uma resposta de Moscou às sanções anunciadas por países do Ocidente.
O contrato futuro do petróleo Brent para abril fechou o dia em alta de 2,24%, negociado a US$ 86,39 o barril na ICE, em Londres. Ao mesmo tempo, a referência americana do West Texas Intermediate (WTI) para março subiu 2,13%, a US$ 79,72 o barril na Nymex.
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, a União Europeia (UE) e os países do G7 vêm impondo novas sanções para reduzir o fluxo de petróleo do país. As medidas incluem a proibição da UE da maior parte das importações de petróleo russo e um teto de preço global de US$ 60 por barril para a commodity. O mecanismo exige que os operadores garantam que o limite de preço seja respeitado.
“A maioria dos analistas ‘já apontou’ a produção de petróleo russa caindo de 700.000 a 900.000 barris por dia em 2023”, disse Rebecca Babin, trader sênior de energia da CIBC Private Wealth US.
Dessa forma, para Babin, “a chave para o petróleo sair de sua faixa de negociação atual é a recuperação da demanda chinesa", disse.
Mesmo com a alta firme de hoje, os preços já estavam subindo antes, em parte por causa das expectativas crescentes de que a demanda por gasolina e combustível de aviação Estados Unidos EUA está começando a se recuperar após um fraco 2022, à medida que os problemas relacionados à covid desaparecem e a inflação diminui.
Jota - DF 13/02/2023
No último dia 23 de janeiro, em encontro entre os presidentes da Argentina e do Brasil, foi anunciada intenção do governo brasileiro em viabilizar investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a construção de um dos trechos do gasoduto Néstor Kirchner.
O financiamento para viabilizar a construção do segundo trecho do gasoduto é da ordem de US$ 689 milhões[1] e servirá para ampliação do escoamento das reservas de gás não convencional[2], também conhecido como shale gas, em Neuquén, próximo à província de Santa Fé. No mapa abaixo é possível verificar a localização do Campo de Vaca Muerta, no oeste da Argentina:
O projeto em questão visa fornecer gás argentino para o Brasil podendo auxiliar o país com a substituição gradativa do gás de origem boliviano, que atualmente é responsável por mais de um quarto[3] do energético consumido no país e é visto pelos especialistas setoriais como uma fonte em declínio, que poderá não ser suficiente para atender a demanda nacional de gás natural em breve. Vale lembrar que o energético em questão continua a ser uma das principais fontes de energia para o setor industrial e para a produção de eletricidade, principalmente nos períodos de estiagem brasileira, quando os recursos hidrelétricos são insuficientes para atender a demanda dos consumidores brasileiros.
Nesse ínterim, o investimento brasileiro é fundamental para a Argentina, pois garantirá a ampliação do gasoduto e será responsável pelo transporte do gás não convencional do campo de Vaca Muerta (Neuquén) até San Jerónimo, na região de Buenos Aires, e de lá poderá atender o mercado doméstico e brasileiro.
Com efeito, vale destacar que atualmente já existe um gasoduto de 25 quilômetros que sai da Argentina e chega no Brasil por meio da cidade de Uruguaiana (RS). Sendo assim, uma nova oferta de gás natural argentino poderá auxiliar com o desenvolvimento do mercado gaúcho e brasileiro, mas faz-se necessário que o projeto seja economicamente viável para o Brasil e que novos investimentos em gasodutos nacionais sejam viabilizados, como a construção de um gasoduto de aproximadamente 565 km que liga Uruguaiana a Porto Alegre.
Sendo assim, a grande indagação que os especialistas do setor se fazem é se o financiamento do gasoduto argentino pelo BNDES faz sentido do ponto de vista econômico. Para que a viabilidade do projeto seja demonstrada é fundamental que o tema seja discutido de maneira ampla e transparente, não só por representantes de ambos os governos, mas também pelos especialistas setoriais, apresentando os pontos positivos e negativos do projeto. Em seguida, deverá ser demonstrada a viabilidade do projeto, assim como as garantias de fornecimento do energético por parte do governo argentino, por preços que sejam economicamente vantajosos e que assegurem o retorno financeiro do investimento brasileiro.
Vale mencionar que a reaproximação dos dois maiores países do continente é um sinal positivo para realizar-se uma maior integração dos dois mercados, que em conjunto com o governo boliviano poderá trazer novos contornos para o desenvolvimento econômico sul-americano e aumentar a eficiência de distribuição do energético no continente.
Além disso, o desenvolvimento do gasoduto binacional poderá representar um importante incremento da oferta energética, que é sempre uma boa notícia para o mercado nacional, que por muitos anos se viu com poucas alternativas de fornecimento de gás natural.
Apesar disso, a realização dos investimentos no gasoduto argentino pelo BNDES também reacendeu um novo questionamento setorial: será que não seria o momento de destinar parte dos investimentos do BNDES para o desenvolvimento das infraestruturas de escoamento de gás natural no país? Também não seria o momento de investir na expansão da produção nacional no pré-sal, estimular o mercado doméstico, ao invés de investir em um gasoduto internacional?
Salienta-se que a demanda atual do energético nacional é de cerca de 58 milhões de m3/dia, sendo que para a maximização da produção de petróleo no pré-sal foram reinjetados cerca de 61 milhões de m3/dia em 2022[4]. Sendo assim, caso a reinjeção do gás natural seja menor, por meio de uma determinação do órgão regulador do setor, o Brasil poderia tornar-se autossuficiente, pois ainda foram importados em média 22,35 milhões de m3/dia no ano passado.
Por todo o exposto, para que o mencionado investimento seja realizado pelo BNDES há necessidade de o governo brasileiro se assegurar de algumas premissas anteriormente à sua realização: 1) criação de um grupo de trabalho coordenado por ambos os países com especialistas do setor de forma a intensificar e aprofundar a análise da viabilidade econômica do projeto; 2) estabelecimento de condições contratuais com preços vantajosos de gás natural a ser fornecido pela Argentina ao Brasil; 3) instituição de garantias contratuais de fornecimento do energético ao Brasil.
Ressalta-se que o aumento do intercâmbio de energia entre os países sul-americanos, além de contribuir para o seu desenvolvimento econômico regional, pode trazer diversos benefícios aos países envolvidos, como uma maior segurança energética, o incremento da sua oferta, além de viabilizar uma transição gradual da utilização dos combustíveis fósseis para os renováveis. No entanto, para que isso ocorra, é indispensável que a ampliação do gasoduto Néstor Kirchner assegure ao país um gás natural barato, com uma oferta confiável a curto, médio e longo prazo para o Brasil.
[1] Equivalente a R$ 3,5 bilhões (segundo cotação de 27.01.2023).
[2] O shale gas ou gás de xisto, é o gás natural não convencional encontrado dentro de rochas sólidas de xisto. Para a extração do gás das mencionadas rochas faz-se necessário realizar-se o processo de fraturamento hidráulico (fracking), que consiste em uma tecnologia que utiliza fraturas produzidas pela alta pressão hidráulica e introdução de água com aditivos químicos, além de areia, para permitir a extração do gás. https://cbie.com.br/o-que-e-o-shale-gas/
[3] Segundo o último Boletim de Acompanhamento da Indústria de Gás Natural publicado pelo Ministério de Minas e Energia, de outubro de 2022, o gás de origem boliviana representou 26,22% do gás consumido no Brasil. https://www.gov.br/mme/pt-br/assuntos/secretarias/petroleo-gas-natural-e-biocombustiveis/publicacoes-1/boletim-mensal-de-acompanhamento-da-industria-de-gas-natural/2022-2/10-boletim-de-acompanhamento-da-industria-de-gas-natural-outubro-de-2022.pdf/view
[4] Dados do Boletim de Acompanhamento da Indústria de Gás Natural publicado pelo Ministério de Minas e Energia, de outubro de 2022.
Valor - SP 13/02/2023
Empresas que participaram do Show Rural Coopavel preveem retomada no segundo semestre
As empresas de máquinas agrícolas que participaram da Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR), que terminou ontem, esperam um 2023 com um bom ritmo de vendas. No entanto, a falta de recursos oficiais para subsidiar a aquisição de equipamentos e a alta da taxa de juros no país deverão limitar as compras, pelo menos nos primeiros meses do ano.
Pedro Estevão Bastos, presidente da Câmara de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), diz que o faturamento do segmento vinha crescendo forte até 2021 — quando houve alta de 48% em relação a 2020 —, o que inclusive dificultou um desempenho melhor no ano passado, quando a variação positiva foi de apenas 1,7%, para R$ 91 bilhões.
“Estamos vindo de três anos excepcionais na venda de máquinas agrícolas, mas a alta dos juros e falta de recursos oficiais para investimento começaram a ter impacto nos resultados do setor já no fim do ano passado”, diz Bastos.
Esperança
Ele espera que o Plano Safra 2023/24, que entrará em vigor em julho, possa dar novo fôlego às vendas, uma vez que a taxa Selic ainda deverá ser um impeditivo para as aquisições.
“O produtor precisa de uma política pública clara. Sem recurso equalizável, fica muito difícil fazer um investimento para pagar uma taxa que gira em torno de 16% ao ano. Estamos conversando com o MDA [Ministério do Desenvolvimento Agrário] e pedindo atenção especialmente para as linhas do Pronaf e Moderfrota”, afirma.
Fernando Gonçalves, presidente da Jacto, é um dos que esperam um fluxo menor nas vendas de máquinas durante o primeiro semestre em comparação com o mesmo período do ano passado, diante de uma oferta de crédito escassa. “Esperamos um maior volume de aquisições a partir de julho, quando teremos os recursos para financiamento do Plano Safra”, disse ao Valor, durante o evento.
Sobre as perspectivas até o fim do ano, ele lembra que a conjuntura para as matérias-primas melhorou, o que deve favorecer a manutenção dos preços das máquinas agrícolas em bom patamar.
“A oferta de componentes eletrônicos e hidráulicos para máquinas se estabilizou após dois anos de problemas. Esse é um fator que está melhor na comparação com 2022, por isso vejo boas oportunidades para as vendas neste ano”, ressalta Gonçalves.
Cenário melhor
Alexandre Stucchi, diretor de vendas da Massey Fergusson, também vê essa estabilização do fornecimento de matéria-prima como um fator positivo. Para este ano, segundo ele, o cenário melhorou, e o ambiente positivo para o agro deve motivar um novo aumento nas vendas da empresa.
“Após o crescimento do ano passado, devemos ter bons resultados mais uma vez, com a expectativa de um novo recorde na produção de grãos e uma queda nos preços dos insumos. Diante desse cenário, o produtor passa a ter uma visão melhor sobre a sua rentabilidade. Por isso vejo um incremento de 2,5% nas vendas de máquinas em 2023 no país”, diz Stucchi, citando projeções da Abimaq.
Já Marcelo Lopes, diretor de vendas da John Deere Brasil, diz que, apesar de limitados, os recursos estão disponíveis aos produtores. No entanto, as taxas de juros praticadas não são atrativas, o que provoca lentidão nas negociações, segundo ele.
“O setor não pode ficar dependente somente dos programas oficiais de financiamento. Hoje, o custo do crédito contém o investimento”, ressalta Lopes, que ao mesmo tempo enxerga um cenário favorável para as máquinas. “Também há fatores que impulsionam o mercado, como o aumento de área, e uma produtividade ainda muito forte. Isso encoraja o produtor a continuar investindo nos negócios. Há forças atuando nos dois sentidos e elas tendem a se equilibrar neste ano”, projeta.
Uma pesquisa realizada pela câmara setorial da Abimaq mostrou que a intenção de compra de máquinas agrícolas durante a Show Rural Coopavel subiu 4% neste ano na comparação com o evento do ano passado.
Segundo Pedro Estevão Bastos, esse resultado superou as expectativas da entidade, devido justamente ao cenário de juros caros.
*O jornalista Paulo Santos viajou a convite da organização do evento
Resultados da feira
O Show Rural Coopavel movimentou R$ 5 bilhões em negócios, entre financiamentos, contratos, parcerias e compras, segundo a organização do evento. O valor é mais de 40% superior às expectativas iniciais, que indicavam R$ 3,5 bilhões.
Mais de 380 mil pessoas passaram pelo evento em Cascavel ao longo dos cinco dias do evento, que terminou na sexta-feira. Isso significa quase 100 mil pessoas a mais do que na edição passada, realizada em 2020, e também mais do que a projeção inicial, de 300 mil pessoas. Foi o maior público da história da feira.
“Os resultados alcançados mostram a força do agronegócio e a confiança dos produtores rurais em uma cadeia produtiva fundamental para o Brasil e para o mundo”, disse o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, a jornalistas. Diante dos resultados, os organizadores anunciaram a próxima edição para de 5 a 9 de fevereiro de 2024.
Valor - SP 13/02/2023
Segundo o Ipea, saldo alcançou US$ 8,69 bilhões
A balança comercial do agronegócio iniciou o ano com superávit de US$ 8,69 bilhões, de acordo com cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) de janeiro de 2023. O valor é 3,3 vezes maior que o do mesmo mês de 2022 (US$ 2,61 bilhões).
Em janeiro, as exportações do agro brasileiro renderam US$ 10,22 bilhões, 16,4% mais que um ano antes e novo recorde para o mês. As importações cresceram 37,1% e alcançaram US$ 1,53 bilhão.
Segundo o Ipea, até 2021 janeiro era considerado um mês de "entressafra" para as exportações de commodities, realidade que hoje é difernete por causa dos embarques de soja. Mas, neste ano, foram as vendas de milho que incrementaram os negócios.
O volume de milho exportado em janeiro deste ano aumentou 125,9%, para 6,1 milhões de toneladas. Já o valor dos embarques subiu 166,5%, para US$ 1,7 bilhão. O cereal foi responsável por 17,3% do total exportado pelo agronegócio no primeiro mês de 2023.
"O Brasil é o terceiro maior exportador mundial de milho, atrás dos Estados Unidos e da Argentina. Graças à abertura do mercado chinês (que habilitou mais de 130 novas instalações exportadoras de milho no Brasil) e à queda da safra norte-americana, o Brasil pode aumentar sua participação em 2023", disse o Ipea.
Como informou o Valor, estimativas recentes do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) sinalizaram que o Brasil deverá liderar as exportações mundiais de milho nesta safra 2022/23.
Açúcar (US$ 871,6 milhões), carne de frango (US$ 839,5 milhões) e carne suína (US$ 210,2 milhões) também registraram aumentos nos valores embarcados, de 67,7%, 38,9% e 32%, respectivamente. A quantidade exportada dessa cesta de produtos também aumentou consideravelmente. O trio foi responsável por 36,1% da pauta de exportação total do mês passado junto com o milho.
Importações
O trigo foi o principal produto importado em janeiro, com alta de 13,2% em valor frente ao mesmo mês 2022, para US$ 156,6 milhões, enquanto a quantidade importada caiu 12,3% no mesmo período, para 439,7 mil toneladas.
A importação de malte foi destaque, com incremento de 37,6% e 9,4% no valor e na quantidade, respectivamente.
Para Ana Cecília Kreter, pesquisadora associada do Ipea, apesar das adversidades climáticas previstas para este ano, as perspectivas para a safra de grãos ainda são boas para o agronegócio brasileiro, apesar das revisões nas estimativas de milho e soja em função da estiagem no Sul do país.
"Com expectativa de boa produção no Brasil e de maior participação do milho brasileiro no mercado internacional, o agronegócio poderá fechar 2023 com contribuição ainda maior na balança comercial total do país", destacou Kreter, em nota.
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