Infomoney - SP 11/06/2025
Os EUA e o México estão próximos de um acordo que removeria as tarifas de 50% sobre importações de aço impostas pelo presidente Donald Trump, até um certo volume, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.
Trata-se de uma reformulação de um acordo semelhante entre os parceiros comerciais durante o primeiro mandato de Trump. Trump não tem participado diretamente das negociações e precisaria aprovar qualquer acordo.
As conversas estão sendo lideradas pelo Secretário de Comércio Howard Lutnick, segundo as fontes, que pediram anonimato devido à privacidade das discussões. As pessoas disseram que o acordo ainda não foi finalizado.
Nos termos atuais, o acordo permitiria que compradores dos EUA importassem aço mexicano sem tarifas, desde que mantivessem os embarques totais abaixo de um nível baseado nos volumes históricos de comércio, segundo as fontes. O novo limite seria maior do que o permitido no acordo semelhante durante o primeiro mandato de Trump, que nunca foi um número fixo, mas projetado para “prevenir aumentos repentinos”.
A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. O gabinete da presidente mexicana Claudia Sheinbaum também não respondeu ao pedido.
As ações de aço dos EUA caíram no final do pregão após o relatório da Bloomberg. Cleveland-Cliffs Inc. caiu mais de 7%, e Nucor Corp. caiu mais de 4%. O peso mexicano reduziu as perdas.
Em um evento na terça-feira, o ministro da Economia do México, Marcelo Ebrard, disse que informou autoridades dos EUA em reuniões na semana passada que as tarifas sobre aço não são justificadas no caso do México, porque os EUA enviam mais aço para o México do que o contrário. Na sexta-feira passada, ele postou uma foto mostrando um aperto de mãos com Lutnick sorridente em Washington.
“Estamos aguardando a resposta deles, porque na sexta-feira demos os detalhes do argumento do México e estamos certos”, disse Ebrard a repórteres na terça-feira. “Então vamos esperar a resposta deles, que provavelmente será ainda esta semana.”
Na semana passada, Trump anunciou que dobraria as tarifas sobre o aço para 50%, após dizer que aprovaria a compra da United States Steel Corp. pela japonesa Nippon Steel Corp., uma medida que, segundo ele, protegeria a indústria doméstica e a segurança nacional. Enquanto os produtores domésticos de aço recebem bem a medida, os usuários finais têm pedido ao governo que alivie as tarifas.
As negociações ocorrem enquanto Sheinbaum busca um acordo com Trump sobre imigração e tráfico de drogas na fronteira compartilhada, que o líder dos EUA exige que o México interrompa. A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, acusou Sheinbaum na terça-feira de “incentivar” mais protestos contra deportações em Los Angeles, onde os EUA enviaram tropas. Sheinbaum chamou a alegação de Noem de “absolutamente falsa”.
As conversas também acontecem antes da cúpula do Grupo dos Sete no Canadá, onde os dois presidentes provavelmente se encontrarão.
As importações de aço dos EUA vindas do México totalizaram cerca de 3,2 milhões de toneladas métricas no ano passado, representando 12% do total de embarques do material, segundo dados do Departamento de Comércio. Um acordo anterior entre os EUA e México em 2019, durante o primeiro mandato de Trump, concordou em prevenir volumes de importação que excedessem níveis médios do período de 2015 a 2017.
Valor - SP 11/06/2025
As principais commodities estão em queda por conta da expectativa de desaceleração da economia global e do comércio internacional, causada pela guerra tarifária de Donald Trump
O tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começa a afetar a balança comercial brasileira. Mas o pior está por vir, uma vez que Trump dobrou para 50% a tarifa sobre as importações americanas de aço e alumínio. O Brasil é um dos principais fornecedores desses produtos, ao lado do Canadá e do México.
A queda do superávit comercial de maio é sinal da piora da atuação do Brasil no comércio internacional. No mês passado, o superávit ficou em US$ 7,2 bilhões, segundo a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria e Comércio, resultado 12,8% inferior ao registrado no mesmo mês de 2024. No acumulado no ano até maio, o superávit despencou 30,6% na comparação com o mesmo período do ano anterior e foi de US$ 24,4 bilhões.
Apesar do aumento do volume exportado das principais commodities brasileiras, a receita diminuiu devido à queda de preços. A Secex informou que o preço da soja, que liderou as exportações em maio, caiu 8,4% em comparação com o mesmo mês de 2024. Os preços do petróleo e do minério de ferro tiveram queda de 15,2% e 11,3%, respectivamente, na mesma base de comparação. Por isso, a receita da soja caiu 3,9%, a do petróleo, 9,7%, e a do minério de ferro, 4,7%. Os três são os produtos mais exportados pelo Brasil. Já as importações, apesar de terem desacelerado, continuam crescendo acima do esperado.
As principais commodities estão em queda por conta da expectativa de desaceleração da economia global e do comércio internacional, causada pela guerra tarifária de Donald Trump. O Fundo Monetário Internacional (FMI) diminuiu a estimativa de expansão da economia mundial de 3,3% em 2025 e 2026 para 2,8% e 3% respectivamente, entre janeiro e o início de abril. O FMI também prevê uma queda de 7,9% dos preços das commodities energéticas e aumento de 4,4% das não-energéticas.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) foi na mesma direção, em tom mais pessimista, com base nas medidas adotadas pelos EUA até 14 de abril, e reduziu a projeção do avanço do PIB mundial de 2025 de 2,8% para 2,2%, e o de 2026, de 2,6% para 2,4%. Para a OMC, o comércio mundial de bens pode ter uma contração de 0,2% neste ano, com recuperação e expansão de 2,5% em 2026. Já a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é um pouco mais otimista. Ela reduziu a projeção de expansão do PIB global de 2025 de 3,1% para 2,9%. Para os EUA, prevê crescimento do PIB de 1,6% neste ano (2,8% antes). Para o México, projeta 0,4%, quase um terço do 1,5% anterior; e, para o Canadá, 1%, abaixo do 1,5% anterior.
O Brasil também teve as previsões de crescimento reduzidas, não só pelos problemas no comércio global, como pelas questões internas fiscais e dos juros elevados. O FMI estima que o PIB do país vai desacelerar para 2% neste ano, percentual que deve ser mantido em 2026. Já a OCDE manteve a expectativa de aumento de 2,1% em 2025 e elevou a taxa esperada para 2026 de 1,4% para 1,6%.
Essas previsões não levam em conta o fato de Trump ter dobrado as apostas nas tarifas para o aço e o alumínio no início deste mês, nem o impacto da chegada da gripe aviária ao país. Mesmo quando a alíquota sobre o aço e o alumínio subiram para 25%, o impacto foi significativo. Em abril, um mês após o início de sua vigência, as exportações de produtos semiacabados de ferro e aço brasileiros caíram 30,7% em relação ao mesmo mês de 2024. Estatísticas da Aço Brasil, entidade que representa o setor, mostram que as exportações de semiacabados caíram 14,2%, as de aços longos, 10,4% e as de aços especiais, 19,1% no primeiro quadrimestre em relação ao mesmo período de 2024.
Agora, com a alíquota de 50%, o efeito será mais dramático. Os EUA são o destino de 73,7% das exportações brasileiras de aço. Os países da América Latina, com 19,3% do total, são o segundo maior destino, e nela o Mercosul tem fatia de 7,9%. Brasil, Canadá e México juntos forneceram 15,5 milhões do total de 26,2 milhões de toneladas de aço e alumínio importados pelo mercado americano em 2024, quase um terço da produção doméstica.
O Brasil perde também no campo do alumínio. O Canadá é o principal fornecedor para os EUA e compra do Brasil 70% da matéria-prima utilizada. Nos dois casos, a indústria brasileira sofre, pois as usinas chinesas vêm despejando aqui seu excedente, ao mesmo tempo em que despencam os preços mundiais. As importações brasileiras de aço subiram 21% em volume e 7,1% em valor no primeiro quadrimestre, e mais da metade veio da China.
Como se tudo isso não bastasse, a balança comercial brasileira refletiu o impacto da chegada da gripe aviária ao país. Restrições ao frango brasileiro, principalmente de China, África do Sul e México, causaram a queda nas exportações de aves de 12,9% em valor e 14,4% em volume, em maio, em comparação com o mesmo mês de 2024.
Não se sabem os próximos passos de Trump, embora se saiba a direção - mais protecionismo. As negociações com o governo americano, para obter cotas para aço e alumínio, não prosperaram. O Brasil está certo em insistir nesse caminho.
O Estado de S.Paulo - SP 11/06/2025
Não bastassem as incertezas tão recorrentes em um ano eleitoral, as projeções para 2026 de variáveis importantes da economia, em especial as de inflação e de PIB, tanto do mercado quanto do Banco Central, embutem um grau de dúvida maior do que o habitual.
Tome-se o consenso das projeções de inflação da pesquisa Focus. O mercado prevê que o IPCA irá desacelerar de 5,44%, neste ano, para 4,50% em 2026. Mas há alguns analistas que, fora das suas projeções oficiais, admitem que há uma probabilidade não desprezível de que a inflação de 2026 fique próxima ou até acima da variação deste ano.
Essa suspeita é alimentada em grande parte pelo risco de expansão fiscal: na busca pela reeleição em 2026, o presidente Lula poderia gastar muito mais do que já está na conta dos analistas. E isso sustentaria o emprego e a demanda, pressionando para cima os preços, como os de serviços.
Tome-se ainda a estimativa de inflação do próprio BC para 2026, de 3,6%, muito abaixo do consenso de mercado. Nesse ponto, a crítica é de que a projeção do BC para o hiato do produto, que mede o grau de ociosidade da economia, está bastante subestimada.
No último Relatório de Política Monetária, o BC calculou em 0,6% o hiato no primeiro trimestre deste ano. Também previu que, no terceiro trimestre de 2026, o hiato estaria negativo em 0,8%. Até lá, alguns diretores do BC — na interpretação de analistas — deram a entender que o hiato iria fechar, chegando ao fim deste ano na neutralidade.
Um hiato negativo mostra que há maior ociosidade na economia. Já se positivo, a economia estaria mais aquecida, operando acima do seu potencial e, assim, gerando maior pressão sobre a inflação.
O problema é que quase ninguém acredita que o hiato irá fechar no fim deste ano, diante das surpresas para cima nos últimos dados de atividade.
No questionário pré-reunião do Copom enviado pelo BC a economistas, em março passado, a mediana das respostas de 77 analistas indicou um hiato positivo de 0,5% no quarto trimestre deste ano.
No último trimestre de 2026, esse número ainda estaria positivo em 0,1%. É bom lembrar que o hiato é um parâmetro importante na projeção de inflação.
Será o nível restritivo da taxa Selic, a 14,75%, suficiente para esfriar a atividade e fechar o hiato? Será que, além de Lula, governadores e prefeitos buscando reeleição também vão gastar mais? E se o dólar não ficar comportado como está agora? Muitas dúvidas turvam o cenário de 2026. Por ora, a única certeza absoluta é de que todas as palavras proparoxítonas são acentuadas.
O Estado de S.Paulo - SP 11/06/2025
Os Estados Unidos e a China, tentando aliviar as tensões econômicas entre as superpotências, concordaram com uma “estrutura” para estender a trégua comercial alcançada no mês passado, disseram autoridades de ambos os países nesta terça-feira, 10.
Após dois dias de negociações maratonas em Londres (Reino Unido), as principais autoridades econômicas dos EUA e da China devem agora apresentar a nova estrutura aos seus líderes, o presidente Donald Trump e o presidente Xi Jinping, para aprovação final.
O acordo, cujos detalhes completos não foram divulgados imediatamente, tem o objetivo de consolidar os termos de um acordo firmado entre Estados Unidos e China em Genebra, na Suíça, em 12 maio, que se desfez nas últimas semanas.
O secretário de Comércio, Howard Lutnick, que integrou a equipe de negociação, afirmou que as preocupações americanas com as restrições chinesas à exportação de minerais de terras raras e ímãs foram resolvidas.
“Chegamos a uma estrutura para implementar o consenso de Genebra”, disse Lutnick a repórteres em Londres, descrevendo o acordo como um “aperto de mão”.
Ele acrescentou que Trump e Xi Jinping seriam informados sobre o acordo antes que ele entrasse em vigor.
“Eles estavam focados em tentar cumprir o que o presidente Xi disse ao presidente Trump”, disse Lutnick. “Acho que ambos os lados tinham um ímpeto extra para fazer as coisas.”
O representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, que participou das discussões, afirmou que o foco também está em garantir o cumprimento do acordado em Genebra sobre exportações e tarifas de minerais de terras raras. Ele afirmou que as duas partes manterão contato regular enquanto tentam resolver suas divergências econômicas.
A pausa de 90 dias em algumas tarifas, acordada em Genebra, está prevista para expirar em agosto. Greer disse que caberia a Trump decidir se ela seria prorrogada à medida que as negociações adicionais prosseguissem.
Discurso chinês adota cautela
A agência de notícias oficial chinesa Xinhua emitiu um comunicado cauteloso, afirmando que as duas partes haviam concordado “em princípio” — termo usado pela mídia estatal e diplomatas para indicar que os detalhes ainda não foram acertados. Segundo a Xinhua, as discussões foram “profissionais, racionais, aprofundadas e francas”. A mídia estatal chinesa costuma usar o termo “franco” quando há divergências consideráveis.
Os países fizeram o anúncio pouco antes de o governo Trump obter uma vitória inicial, porém importante, na disputa pela legalidade de suas tarifas.
Em Washington, um tribunal federal de apelações concordou na terça-feira em permitir que Trump mantenha muitas dessas tarifas de importação, que um tribunal inferior declarou ilegais no final de maio.
A suspensão preservará o ponto central da agenda comercial do presidente enquanto advogados federais lutam com estados e empresas que alegam ter sido prejudicados por tarifas que Trump não tinha autoridade para emitir.
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, que liderou a delegação americana, abandonou as negociações na noite de terça-feira e retornou a Washington para audiências no Congresso na quarta-feira. Do lado chinês, as negociações foram lideradas por He Lifeng, vice-primeiro-ministro responsável pela política econômica.
No front da guerra comercial
Os dois lados buscavam uma solução para as dolorosas medidas econômicas que haviam imposto um ao outro nos últimos meses. Depois que Trump aumentou as tarifas sobre produtos chineses em abril, Pequim reprimiu as exportações de minerais e ímãs essenciais , ameaçando fechar as operações de fabricantes americanos, empreiteiros de defesa e outros.
Em uma reunião em Genebra no mês passado, autoridades americanas e chinesas concordaram em reduzir tarifas e outras medidas retaliatórias. Mas autoridades do governo Trump ficaram consternadas com a escassez de embarques chineses de minerais de terras raras e dos ímãs feitos com eles, e acusaram a China de violar o acordo em Genebra.
Autoridades americanas responderam reprimindo as exportações de produtos e tecnologias americanas para a China, incluindo software para a fabricação de semicondutores, gases como etano e butano, e componentes nucleares e aeroespaciais. Autoridades americanas também propuseram proibir a matrícula de estudantes chineses nos Estados Unidos.
O governo chinês negou que suas medidas sobre terras raras tivessem como alvo os Estados Unidos e disse que autoridades americanas foram as que quebraram o acordo feito em Genebra.
A dependência americana da China em metais de terras raras e ímãs de terras raras deu a Pequim uma ferramenta formidável para pressionar a economia americana, cortando repentinamente muitos desses fornecimentos desde o início de abril.
Os Estados Unidos possuem uma única mina de terras raras em Mountain Pass, Califórnia, e têm capacidade muito baixa para processar terras raras em produtos químicos necessários e, posteriormente, em ímãs.
Ainda não está claro se a estrutura mais recente será mantida, e analistas estavam céticos de que um pacto mais amplo fosse iminente.
“Dois dias de negociações são melhores do que nenhum, mas, francamente, já vimos negociações tão longas no passado”, escreveu Henrietta Treyz, diretora de política econômica da Veda Partners, em nota de pesquisa. “Há muito tempo gasto traduzindo, confirmando significados e reiterando o enquadramento que ocorre nessas negociações, o que as torna demoradas, mas, em última análise, preservam muito do status quo, que parece ser o que saiu de Londres.”
Diário do Comércio - MG 11/06/2025
O Banco Mundial espera que o ritmo de crescimento da economia brasileira desacelere. O Produto Interno Bruto (PIB) doméstico deve crescer 2,4% neste ano e 2,2% no próximo, o que representa uma queda de um terço em relação ao avanço de 3,4% visto no ano passado, conforme as novas projeções da organização, divulgadas nesta terça-feira (10).
O menor ritmo de crescimento deve ser causado pelos juros altos e menor apoio fiscal, segundo o Banco Mundial. “As políticas monetárias restritivas do País e o apoio fiscal limitado pesarão sobre os investimentos e os gastos dos consumidores”, alerta o organismo, com sede em Washington, nos Estados Unidos.
Por sua vez, o crescimento da América Latina e Caribe deve se manter estável em 2025 e 2026, com índices de 2,3% e 2,4%, respectivamente, projeta o Banco Mundial. O organismo revisou suas projeções para baixo de mais da metade das economias da região, sendo que a maioria deve desacelerar o passo, a exemplo do Brasil, exceto Argentina, Colômbia, Equador e Caribe.
Um dos países que sofreu uma revisão significativa nas projeções foi o México, que tende a ser o mais afetado pelas novas políticas comerciais dos Estados Unidos na gestão do presidente Donald Trump. O Banco Mundial projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) mexicano cresça apenas 0,2% em 2025, um corte de 1,3 ponto porcentual em relação à projeção anterior, mas retorne para um patamar de alta de 1,1% em 2026.
“O aumento das barreiras comerciais e dos níveis de incerteza no mundo todo estão pesando sobre a atividade comercial na América Latina e Caribe, principalmente no que diz respeito a exportações, investimentos e canais de confiança”, avalia o Banco Mundial, em relatório.
De acordo com o Banco Mundial, a forte recuperação dos setores agrícolas do Brasil e do México compensou a contração da atividade industrial e a quase estagnação do setor de serviços no primeiro trimestre de 2025. Mas os indicadores de atividade econômica apontam para um crescimento regional mais fraco, considerando-se dados até maio, diz.
Destaque de crescimento na região, a Argentina manteve a trajetória de “forte recuperação” iniciada no final de 2024, observa. O Banco Mundial espera que o país governado por Javier Milei cresça 5,5% em 2025 e 4,5% em 2026, graças à estabilização macroeconômica após dois anos de recessão.
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A Colômbia deve crescer 2,5% em 2025 e 2,7% em 2026, com a recuperação do consumo e do investimento à medida que a inflação se moderar. Já a economia do Chile deve avançar 2,1% e 2,2%, respectivamente, impulsionada por investimentos em mineração e o aumento da exportação de metais. A expansão projetada para o Peru é de 2,9% em 2025 e 2,5% em 2026, também com impulso do setor de mineração.
No Caribe, o Banco Mundial prevê crescimento de 3,9% em 2025 e 5,8% em 2026, liderado pela expansão do setor petrolífero da Guiana na Margem Equatorial, área para a qual o Brasil busca aval para explorar. Sem o País, a expectativa para avanço do PIB se reduz para 3% em 2025 e 3,1% em 2026.
Riscos
O Banco Mundial alerta ainda que as previsões para a economia da América Latina e Caribe estão sujeitas a vários riscos negativos bem como restrições comerciais adicionais, menor crescimento dos EUA e da China, bem como condições financeiras globais mais apertadas. “Condições financeiras globais mais restritas podem prejudicar os esforços contínuos de consolidação fiscal”, alerta o organismo.
Ainda que a América Latina e Caribe enfrente “obstáculos econômicos significativos” em 2025, o Banco Mundial espera que a região consiga se recuperar em 2026 e 2027 graças à queda da inflação e dos juros. Alerta, contudo, que fatores internacionais influenciarão mais do que nunca o desempenho econômico doméstico, com os preços das commodities e a demanda global desempenhando papéis importantes nesse processo.
Crescimento global será afetado por tarifas elevadas
Washington – O Banco Mundial reduziu nesta terça-feira (10) sua previsão de crescimento global para 2025 em 0,4 ponto percentual, para 2,3%, afirmando que as tarifas mais altas e o aumento da incerteza representam um “obstáculo significativo” para quase todas as economias.
Em seu relatório semestral Perspectivas Econômicas Globais, o banco reduziu suas previsões para quase 70% de todas as economias – incluindo Estados Unidos, China e Europa, bem como seis regiões de mercados emergentes – em relação aos níveis projetados há apenas seis meses, antes da posse do presidente dos EUA, Donald Trump.
Trump afetou o comércio global com uma série de aumentos de tarifas e desencadeou retaliações da China e de outros países.
O Banco Mundial é o mais recente órgão a cortar sua previsão de crescimento como resultado das políticas comerciais erráticas de Trump, embora as autoridades dos EUA insistam que as consequências negativas serão compensadas por um aumento nos investimentos e por cortes de impostos ainda a serem aprovados.
O banco não chegou a prever uma recessão, mas disse que o crescimento econômico global este ano será o mais fraco fora de uma recessão desde 2008. Até 2027, o crescimento do Produto Interno Bruto global deve ficar em média em apenas 2,5%, o ritmo mais lento de qualquer década desde os anos 1960.
O relatório prevê que o comércio global crescerá 1,8% em 2025, abaixo dos 3,4% registrados em 2024 e cerca de um terço do nível de 5,9% nos anos 2000. A previsão baseia-se nas tarifas em vigor no final de maio, incluindo uma tarifa de 10% dos EUA sobre as importações da maioria dos países. Ela exclui os aumentos anunciados por Trump em abril e depois adiados até 9 de julho para permitir negociações.
O banco disse que a inflação global deve chegar a 2,9% em 2025, permanecendo acima dos níveis pré-Covid devido aos aumentos de tarifas e aos mercados de trabalho apertados.
“Os riscos para a perspectiva global permanecem decididamente inclinados para o lado negativo”, escreveu o banco. Segundo a instituição, seus modelos mostraram que um novo aumento de 10 pontos percentuais nas tarifas médias dos EUA, além da taxa de 10% já implementada, e uma retaliação proporcional por parte de outros países poderiam reduzir em mais 0,5 ponto percentual as perspectivas para 2025.
Essa escalada nas barreiras comerciais resultaria “em um colapso do comércio global no segundo semestre deste ano (…) acompanhado por um colapso generalizado da confiança, aumento da incerteza e turbulência nos mercados financeiros”, disse o relatório.
No entanto, o banco afirmou que o risco de uma recessão global é inferior a 10%.
“Neblina”
“A incerteza continua sendo um forte obstáculo, como a neblina em uma pista de decolagem. Ela desacelera os investimentos e afeta as perspectivas”, disse a economista-chefe adjunto do Banco Mundial, AyhanKose, em entrevista à Reuters.
No entanto, ele afirmou que há sinais de maior diálogo sobre o comércio que podem ajudar a dissipar a incerteza, e que as cadeias de oferta estão se adaptando a um novo mapa do comércio global, e não entrando em colapso. O crescimento do comércio global pode ter uma recuperação modesta em 2026 para 2,4%, e os desenvolvimentos em inteligência artificial também podem impulsionar o crescimento, disse ele.
“Acreditamos que, em algum momento, a incerteza diminuirá”, afirmou. “Quando o tipo de neblina que temos se dissipar, o motor do comércio poderá voltar a funcionar, mas em um ritmo mais lento.”
Kose disse que, embora as coisas possam piorar, o comércio continua, e China, Índia e outros países ainda estão apresentando um crescimento robusto. Muitos países também estão discutindo novas parcerias comerciais que podem render dividendos mais tarde, segundo ele.
Cenário vem piorando desde janeiro
Washington – O Banco Mundial afirmou que a perspectiva global se “deteriorou substancialmente” desde janeiro, principalmente devido às economias avançadas, que agora registram crescimento de apenas 1,2%, queda de meio ponto, após expansão de 1,7% em 2024.
A previsão para os EUA foi reduzida em 0,9 ponto percentual em relação a janeiro, para 1,4%, e a perspectiva para 2026 foi cortada em 0,4 ponto percentual, para 1,6%. O aumento das barreiras comerciais, a “incerteza recorde” e um aumento na volatilidade dos mercados financeiros devem pesar sobre o consumo privado, o comércio e o investimento, segundo o relatório.
As estimativas de crescimento na zona do euro foram cortadas em 0,3 ponto percentual, para 0,7%, e no Japão em 0,5 ponto percentual, para 0,7%.
Segundo o relatório, os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento deverão crescer 3,8% em 2025, contra 4,1% na previsão de janeiro.
O Banco Mundial deixou sua previsão para a China inalterada em 4,5%, dizendo que Pequim ainda tem espaço monetário e fiscal para sustentar sua economia e estimular o crescimento.
Infomoney - SP 11/06/2025
O setor produtivo brasileiro está cada vez mais preocupado com o avanço de medidas arrecadatórias que, na avaliação de lideranças empresariais, podem sufocar ainda mais a indústria, encarecer o crédito e prejudicar o crescimento econômico. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, afirma que não é aceitável que o governo continue recorrendo a aumentos de tributação sobre quem produz como solução para os problemas de caixa do Estado.
“O setor produtivo já está sufocado por juros abusivos e spreads bancários distorcidos. Agora, o crédito vai ficar ainda mais caro. No fim das contas, quem vai arcar com isso é o consumidor. É inadmissível continuar prorrogando essa situação. O Brasil precisa, com urgência, de uma reforma que traga justiça tributária de verdade”, afirmou Alban.
A CNI defende que o governo concentre esforços em outras frentes para melhorar as contas públicas, como avançar na reforma administrativa para enxugar a máquina; reavaliar e modernizar as leis trabalhistas; gerir com mais racionalidade os gastos públicos, e aumentar a tributação sobre setores pouco regulados, como as apostas online (bets).
Além disso, Alban lembra que o governo já arrecadou R$ 170 bilhões em dois anos com medidas extraordinárias, incluindo receitas extras e mudanças em tributos, o que reforça o argumento de que o setor produtivo não deve ser o próximo a pagar a conta.
Novas propostas
Entre as alternativas estudadas pelo Ministério da Fazenda para reforçar o caixa, está a tributação de 5% sobre os rendimentos de títulos hoje isentos, como LCI (Letras de Crédito Imobiliário) e LCA (Letras de Crédito do Agronegócio). Outra frente prevê aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) de instituições financeiras.
Além disso, o governo prepara o envio de um texto alternativo para a medida provisória que aumentou as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O imposto tem natureza regulatória, e não arrecadatória, o que gera críticas entre representantes do setor privado.
Para Flávio Roscoe, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), a nova proposta para o IOF não resolve o problema e apenas agrava o custo do crédito. “As alíquotas já eram altas e teremos um novo aumento do custo do crédito e dos investimentos no Brasil”, disse. Segundo Roscoe, as demais medidas propostas ainda precisam ser detalhadas, mas, de qualquer maneira, cobrar de quem já estava endividado é injusto. “O IOF é um imposto regulatório, não arrecadatório. Não é o instrumento certo para aumentar a arrecadação.”
Desempenho industrial
O setor industrial já começou a sentir os impactos do ambiente de negócios mais difícil. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, no primeiro trimestre de 2025, a indústria foi o único dos três principais setores da economia a registrar retração.
Enquanto o PIB cresceu 1,4% no período, a indústria recuou 0,1% em relação ao trimestre anterior. Segundo a CNI, juros elevados, crédito caro e aumento das importações prejudicaram o desempenho do setor e devem continuar pressionando a atividade industrial ao longo do ano.
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Alternativas
Diante desse cenário, representantes de diferentes segmentos econômicos — incluindo CNI, CNC, CNT, CNF e CNSeg — entregaram recentemente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante evento em Paris, propostas para promover o equilíbrio fiscal sem penalizar ainda mais quem produz no país.
Para Alban, as soluções devem priorizar o corte de gastos e a eficiência do Estado, além de tributar atividades pouco reguladas como as apostas esportivas. “O aumento de impostos sobre quem produz e gera empregos não pode ser o caminho. O Brasil precisa de uma política fiscal justa e eficiente, e não de medidas emergenciais que colocam em risco a competitividade da economia”, conclui.
Money Times - SP 11/06/2025
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do Brasil, subiu 0,26% em maio — uma desaceleração em relação à alta de 0,43% apurada em abril.
O resultado foi influenciado, principalmente, pelo avanço em habitação (1,19% e 0,18 p.p. de impacto), após aumento na energia elétrica, devido à mudança na bandeira tarifária. Entre as quedas, os transportes foram destaques, com deflação de 0,37%.
O indicador veio abaixo das projeções do mercado, que apontavam para um avanço de 0,34%, segundo a mediana das projeções coletadas pelo Money Times.
De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (10), o IPCA soma alta de 2,75% no ano. Já em 12 meses, o acumulado é de 5,32% — abaixo da expectativa de 5,40%.
Ainda assim, a inflação segue acima da meta perseguida pelo Banco Central, de 3% com tolerância de 1,5 p.p. para cima ou para baixo.
Os grupos do IPCA
O grupo habitação avançou de 0,14% em abril para 1,19% em maio, com alta de 3,62% na energia elétrica residencial — principal impacto no índice do mês, com 0,14 p.p.
Já o grupo alimentação e bebidas subiu 0,17% (0,04 p.p. de impacto), a menor variação mensal desde agosto de 2024, quando havia recuado 0,44%.
Contribuíram para esse resultado as quedas do tomate (-13,52%), do arroz (-4,00%), do ovo de galinha (-3,98%) e das frutas (-1,67%). No lado das altas destacam-se: batata-inglesa (10,34%), cebola (10,28%), café moído (4,59%) e carnes (0,97%).
Por outro lado, a queda de 0,37% dos transportes contribuiu para a desaceleração do IPCA de maio, exercendo -0,08 p.p. de impacto, com destaque para os recuos na passagem aérea (-11,31%) e combustíveis (-0,72%).
Todos os combustíveis pesquisados registraram queda: óleo diesel (-1,30%), etanol (-0,91%), gás veicular (-0,83%) e gasolina (-0,66%).
O Estado de S.Paulo - SP 11/06/2025
O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, defende que o Copom mantenha a taxa Selic em 14,75% ao ano na próxima reunião, que acontecerá na semana que vem. Embora parte do mercado preveja uma nova alta dos juros, na avaliação dele, alguns componentes do IPCA de maio, divulgado nesta terça-feira, 10, apontam para uma possível inflexão da inflação, mesmo com sinais ainda desfavoráveis em itens como serviços e energia.
“Neste quadro, a grande expectativa fica em torno de qual será a decisão do Copom na semana que vem, pois há argumentos tanto a favor de uma alta dos juros, devido, por exemplo, à inflação de serviços ainda elevada e à atividade resiliente, quanto, posição a que me filio, para a manutenção da Selic, dados os sinais de alguma inflexão do processo inflacionário, ainda que na margem”, afirmou ele em nota.
De acordo com Isaac, o IPCA de maio indica que a inflação em 12 meses pode ter atingido um pico, com desacelerações na média dos núcleos acompanhados pelo Copom e também em bens industriais.
“Aparentemente, penso, a inflação em 12 meses pode ter atingido o pico, refletindo a apreciação mais recente do câmbio, queda dos preços das commodities no mercado internacional, fruto da guerra comercial, e melhora mais perceptível das condições de oferta dos alimentos”.
Por outro lado, a inflação continua pressionada em serviços, e os preços de energia elétrica devem ter fatores de pressão nos próximos meses.
“Vale lembrar que o principal vetor de alta da inflação de maio foi a energia elétrica (+3,62%), com acionamento da bandeira amarela em razão da piora das condições hídricas, sendo que, em junho, como agravante, haverá o acionamento da bandeira vermelha”, afirmou ele.
IstoÉ Online - SP 11/06/2025
Embora ainda não esteja preparada para a mineração submarina, a China já está se projetando nos oceanos, uma estratégia econômica e geopolítica em um mundo ansioso para obter minerais cruciais.
O fundo do mar é rico em cobalto, níquel e cobre, minerais estratégicos para a transição energética, sobretudo para baterias de veículos elétricos.
A China “é um país com enormes necessidades de energia. Busca recursos em toda parte”, mas “não está particularmente preocupada”, diz Julia Xue, da Universidade Jiao Tong, em Shangai.
Entretanto, os últimos acontecimentos podem “pressionar os cientistas chineses”, afirma a especialista.
Aproveitando a porta que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, abriu para a mineração em águas profundas, a empresa canadense The Metals Company solicitou a primeira licença de mineração comercial em águas internacionais.
Com esta manobra, contorna a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA, na sigla em inglês), órgão competente nesta área, mas da qual os EUA não são membros.
A TMC justificou sua decisão devido à lentidão da ISA em adotar um “código de mineração” para estabelecer padrões para esta atividade em alto-mar.
Ainda que a empresa canadense seja a primeira a lançar este novo setor criticado pelos defensores do oceano, para os chineses “trata-se de dominar e manter a competitividade no jogo”, diz um observador veterano das negociações da ISA, sob condição de anonimato.
Para isso, o país está “desenvolvendo a tecnologia e estabelecendo acordos estratégicos”, afirma Alex Gilbert, pesquisador da Colorado School of Mines.
Pequim concluiu recentemente um acordo com as Ilhas Cook, no Pacífico, para a mineração em suas águas territoriais, e ensaiou uma aproximação com as Ilhas Kiribati, na mesma região.
– Atraso –
Por meio de empresas estatais como a China Minmetals, a China Ocean Mineral Resource R&D Association e a Beijing Pioneer Hi-Tech Development Corporation, Pequim assinou cinco dos 22 contratos de exploração feitos com a ISA.
Eles não apenas cobrem a maior área, mas, ao contrário da maioria dos outros países, mas incluem três tipos de recursos minerais (nódulos polimetálicos, crostas e aglomerados de sulfeto) em várias áreas dos oceanos Pacífico e Índico.
Em julho de 2024, o protótipo de extração “Pioneer II” da Universidade Jiao Tong passou com sucesso em um grande teste a mais de 4.000 metros de profundidade, um recorde para o país.
A Beijing Pioneer disse à AFP que planeja realizar um teste de extração de nódulos polimetálicos no segundo semestre de 2025.
No entanto, vários especialistas acreditam que a China não é tão avançada tecnologicamente quanto a TMC. Ela está “entre dois e quatro anos” atrasada, de acordo com Gilbert, embora Emmanuel Hache, do Instituto Francês de Relações Internacionais e Estratégicas, acredite que este número está em “torno de cinco anos”.
Entretanto, de acordo com os especialistas, a China possui a vantagem de ter suas empresas apoiadas pelo Estado, além de ter a infraestrutura necessária para processar os metais, diferentemente de companhias como a TMC, que dependem de parceiros.
Neste contexto, se os chineses apoiarem o desenvolvimento de um código de mineração, “não precisam dele agora e não o pressionarão até que decidam que estrategicamente estão prontos”, diz Gilbert.
Ao insistir na jurisdição da ISA nesta área e acusar os EUA de violar o direito internacional, Pequim também está enviando “uma mensagem ao mundo” de que está “do lado certo desta questão, do lado da lei”, insiste Hache.
Infomoney - SP 11/06/2025
Os preços futuros de minério de ferro estenderam sua queda para uma segunda sessão consecutiva nesta terça-feira, arrastados pelas expectativas de aumento da oferta, embora a demanda resiliente do principal consumidor, a China, e as esperanças de rompimento nas negociações comerciais entre a China e os EUA tenham redução nas perdas.
O contrato de setembro na bolsa de Dalian encerrou as negociações diurnas com queda de 0,85%, a 698,5 iuanes (US$97,16) por tonelada métrica.
A mineração de ferro na Bolsa de Cingapura operou em leve queda no início da manhã no Brasil, a US$ 94,40 a tonelada, depois de atingir o valor mais baixo desde 3 de junho, a US$ 93,9, no início da sessão.
Os embarques do principal ingrediente siderúrgico dos principais fornecedores, Austrália e Brasil, subiram quase 2% em relação à semana anterior, atingindo 29,19 milhões de toneladas até 8 de junho, o nível mais alto em uma única semana desde dezembro, segundo dados da consultoria Mysteel.
As importações de minério de ferro em junho devem aumentar, uma vez que as usinas aumentaram o uso de cargas importadas devido à sua competitividade de preços e porque as mineradoras aumentaram os embarques até o final do mês para atingir as metas trimestrais, disseram analistas da consultoria Shanghai Metals Market em uma nota.
“Como as margens do aço são saudáveis, é provável que a produção de metais quentes se consolide em um nível elevado”, afirmaram os analistas da Hongyuan Futures em uma nota.
Essa produção é normalmente usada para medir a demanda de minério de ferro, com uma média diária de 2,42 milhões de toneladas, até 5 de junho, 2,6% maior do que no mesmo período do ano anterior, de acordo com dados da Mysteel.
Valor - SP 11/06/2025
Mobilização é orquestrada pela Anfavea, a associação que representa o setor e que não tem a BYD como sócia
Os lobistas da indústria automobilística têm tido dias intensos em Brasília desde que a chinesa BYD encaminhou ao governo federal pedido de redução de Imposto de Importação para carros semidesmontados. Os fabricantes que já operam no país usam como argumentos, para se posicionar contra eventual redução do tributo, o robusto parque fabril de autopeças e veículos já instalado, a quantidade de empregos envolvidos nessa cadeia e os elevados programas de investimentos em curso.
A mobilização é orquestrada pela Anfavea, a associação que representa o setor e que não tem a BYD como sócia, apesar de a montadora chinesa estar se preparando para inaugurar uma fábrica na Bahia no fim do mês. E tem, como forte retaguarda, toda a indústria de autopeças.
A chinesa pede redução de imposto para importar no sistema conhecido na indústria como SKD ("semi knocked down"). No SKD, os veículos chegam com as peças de aço estampadas já soldadas e a carroceria já pintada.
Na linha de montagem local são agregados os demais componentes, como bancos, pneus, vidros... Uma parte desses itens também será importada. A BYD ainda não revelou qual será o conteúdo de peças compradas no Brasil nessa primeira etapa.
Iniciar a produção de veículos por meio da importação de conjuntos de peças ou o carro semidesmontado é normal nessa indústria. O imposto serve para regular essa importação e, ao mesmo tempo, estimular a compra de autopeças nacionais. Mas a BYD argumenta que leva a desvantagem de a sua fábrica estar na Bahia, numa região onde montadoras estabelecidas há mais tempo já usufruíram, durante muitos anos, incentivos fiscais do programa automotivo do Nordeste e Centro-Oeste.
Avanço dos importados
A discussão chega num momento em que os modelos importados avançam no mercado brasileiro, principalmente com os modelos chineses. De janeiro a maio, enquanto as vendas totais de automóveis e comerciais leves cresceram 6,2%, a de importados avançou 19,1%, sendo que o volume de veículos vindos da China cresceu 35,9%.
O novo embate entre chineses e indústria já instalada também ocorre num momento em que a BYD se destaca no mercado. Em maio, a marca chinesa ultrapassou a Toyota no varejo e tornou-se a quarta marca de veículos leves mais vendida no Brasil. O resultado exclui a venda direta, para locadoras, principalmente – um setor em que a chinesa não atua e que em maio representou 52,6% do mercado.
Segundo dados de emplacamentos, divulgados pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave), a BYD alcançou participação de 8,86% do mercado brasileiro de carros e comerciais leves no varejo. No ranking total, a BYD ficou em sétimo lugar em maio.
Além de passar à frente da Toyota, a chinesa vendeu mais do que Hyundai, Honda, CAOA Chery e Jeep. Foi, também, líder no topo do ranking dos carros 100% elétricos, com 80,62% desse mercado.
Alento vem das exportações
Alenta a indústria local o aumento das exportações, o que se reflete no aumento do ritmo das linhas de montagem. A produção cresceu 28,8% em maio, com 214,7 mil veículos, e no acumulado do ano avançou 10,7%, com 1,02 milhão de unidades.
Puxado, sobretudo, pela demanda da Argentina, o crescimento na exportação alcançou 92,6% em maio na comparação com o mesmo mês do ano passado. De janeiro a maio, o volume aumentou 56,6%.
Já o aumento dos juros tem se refletido no segmento de caminhões pesados, cujos volumes de vendas caíram 14,1% de janeiro a maio. Em um ano, a participação dos pesados nas vendas totais de caminhões caiu de 50% para 41%.
Valor - SP 11/06/2025
No Brasil, 100 mil modelos híbridos e elétricos já somam cerca de 34 mil toneladas do produto, das quais 30 mil estão no fim da vida útil
O setor de transportes é responsável por cerca de 21% das emissões globais de gases de efeito estufa, liderado por carros e ônibus. Diante de metas de descarbonização e pressões regulatórias, a eletrificação se tornou uma aposta das montadoras para reduzir impactos e manter competitividade. Porém, o avanço traz desafios, como a gestão de baterias usadas e a adaptação da cadeia de fornecedores.
Em 2024, as vendas globais de carros elétricos superaram 17 milhões, aumento de 25% em relação a 2023, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE). A previsão para 2025 é de novo crescimento de 25%, podendo fazer com que um em cada quatro carros vendidos no mundo seja elétrico.
A Nissan planeja investir US$ 17 bilhões para que 50% de seus carros sejam eletrificados até 2030. A estratégia inclui ampliar o portfólio, com 30 novos modelos até 2026 (16 elétricos ou híbridos), e melhorar a autonomia, como no novo Leaf, que alcança até 598 km por carga.
Hoje, a Nissan fabrica motores com tecnologia e-POWER também nas plantas no México, de onde envia automóveis para 60 países, e abastece todo o mercado mexicano, onde é líder há 16 anos. A tecnologia dispensa recargas, pois usa combustível (gasolina ou etanol) para gerar eletricidade para alimentar um motor elétrico, responsável por mover as rodas. Entre os modelos e-POWER e o X-Trail e-POWER, já são mais de 20 milhões de unidades produzidas em território mexicano.
“Sabemos que o mercado de veículos - especialmente os elétricos - está crescendo, e estamos sempre avaliando, avançando, para agir no momento certo”, afirma a jornalistas Óscar Posada, diretor regional de Total delivery Cost (TdC) e de Estratégia na Nissan Mexicana. Sobre produção de novos motores e/ou produtos elétricos no país, o executivo diz estarem preparados com estrutura e pessoal, mas não adiantou datas.
Veículos elétricos podem desempenhar um papel fundamental na redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE). Segundo pesquisa do International Council on Clean Transportation (ICCT), os elétricos emitem até 67% menos do que os modelos flex e os híbridos elétricos 14% menos em relação aos a combustão interna.
A eletrificação dos veículos traz desafios à sustentabilidade, especialmente no descarte das baterias, que são muito mais pesadas que as de veículos a combustão e têm vida útil de 10 a 15 anos.
No Brasil, 100 mil veículos híbridos e elétricos já somam cerca de 34 mil toneladas de baterias, das quais 30 mil estão no fim da vida útil, segundo estudo da Universidade Veiga de Almeida (UVA). O impacto ambiental dessas baterias inclui extração de matérias-primas e uso intensivo de energia. Tecnologias de diagnóstico e reparo ajudam a estender sua durabilidade.
Reciclar a matéria-prima das baterias é um processo caro”
— Marcos Ponce
No Japão, o modelo 4R (Remanufaturar, Revender, Reutilizar e Reciclar) é adotado desde 2010 para monitorar e prolongar a vida das mesmas.
De acordo com a empresa de pesquisa britânica IDTechEx, o mercado de baterias de segunda vida pode atingir US$ 4,2 bilhões na próxima década. Além de gerar menos lixo, a necessidade de extrair mais matérias-primas pode diminuir.
A Nissan do Brasil se destaca no reaproveitamento de baterias com um projeto inovador em parceria com o Laboratório de Energia Solar da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Desde 2019, cinco postes de luz no campus da universidade utilizam baterias usadas do Nissan LEAF, combinadas com painéis solares e lâmpadas LED, para operar de forma totalmente autônoma, sem conexão com a rede elétrica.
Coordenado pelo professor Ricardo Rüther, o sistema é alimentado exclusivamente pela energia do sol, economizando cerca de 500 Wh por poste diariamente. “Este é um exemplo real das diversas possibilidades de aplicação das baterias elétricas de segunda vida”, comenta. A tecnologia também pode ser uma solução sustentável para levar energia a regiões sem acesso à rede convencional.
No México, o programa da Nissan para reúso das baterias de íons de lítio está apenas começando. “Estamos nos preparando para daqui cinco a dez anos, quando houver um número maior de veículos elétricos circulando no México”, afirma Marcos Ponce, gerente sênior de Estratégia de Manufatura da Nissan Mexicana. Questionado sobre quais os principais desafios hoje para o reúso de baterias, ele diz que é o investimento financeiro. “Reciclar a matéria-prima das baterias é um processo caro, que exige muitas pessoas e tecnologias sofisticadas para limpar e reaproveitar os materiais. O mercado ainda é pequeno, o que dificulta a viabilidade econômica”, diz Ponce.
Ele cita que, por outro lado, materiais como alumínio, provenientes de carros usados, já geram receita. Nos últimos 9 meses foram recicladas 35 toneladas de PET e mais de uma tonelada de alumínio pela unidade mexicana e os recursos, destinados a organizações sociais.
A jornalista viajou a convite da Nissan
Valor - SP 11/06/2025
Para melhorar a lucratividade, a Honda está se voltando para veículos híbridos, após reduzir os planos de investir 10 trilhões de ienes (US$ 69,2 bilhões) em veículos elétricos.
"Os híbridos desempenharão um papel central no período de transição da adoção dos elétricos”, disse o presidente da montadora, Toshihiro Mibe, em maio, anunciando planos para reduzir os investimentos relacionados a elétricoss de 10 trilhões de ienes para 7 trilhões de ienes e retornar à trajetória de lucrar com híbridos.
Ao se tornar presidente em 2021, Mibe estabeleceu a meta de abandonar os motores a combustão e fabricar todos os novos automóveis da Honda com propulsão elétrica ou a célula de combustível até 2040. A montadora planejava produzir 2 milhões dessas unidades no ano fiscal de 2030, mas reduziu a previsão, em maio, para entre 700 mil e 750 mil unidades.
A Honda vendeu 19 mil veículos elétricos no período de janeiro a março, um aumento de mais de cinco vezes em relação ao ano anterior, segundo a empresa de pesquisa MarkLines. Mas, embora a taxa de crescimento tenha sido a mais alta entre as montadoras japonesas, ela se mostrou custosa para a Honda.
A empresa vem oferecendo incentivos de vendas de mais de 1 milhão de ienes — ou US$ 6.900 — por unidade devido à fraca demanda nos Estados Unidos, reduzindo os lucros relacionados a veículos elétricos em 600 bilhões de ienes no ano fiscal encerrado em março. A Honda espera um impacto semelhante no lucro no ano fiscal a encerrar-se em 31 de março de 2026.
A Honda, que estabeleceu algumas das metas mais ambiciosas para veículos elétricos entre as montadoras japonesas, mudou de rumo após o aumento de obstáculos, incluindo as tarifas e as políticas antielétricos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Mas a resposta do mercado à sua mudança tem sido morna. O preço das ações da Honda está oscilando em torno de 10% abaixo da máxima do ano até o momento, de 1.619,5 ienes, estabelecida em janeiro.
Os investidores estão insatisfeitos com a baixa lucratividade do negócio de veículos de quatro rodas da Honda. A margem de lucro operacional no ano encerrado em março para este segmento foi de 1,7%, muito abaixo dos 18,3% para as motocicletas da marca.
Os veículos elétricos são os principais culpados, já que os híbridos da Honda são lucrativos o suficiente para aumentar significativamente a margem do segmento automobilístico.
"Mesmo com a escala anual atual de 800 mil unidades, os lucros estão sendo gerados e, se o número de unidades aumentar, a competitividade de custos aumentará", disse Arifumi Yoshida, do Citigroup Global Markets Japan, sobre os híbridos da Honda.
A Honda estabeleceu anteriormente a meta de atingir uma margem de lucro de 5% para veículos elétricos no ano encerrado em março de 2031. Embora a meta permaneça, os cortes de produção da montadora tornarão as economias de escala menos eficazes e a meta mais difícil de ser alcançada. O mercado não está confiante de que a empresa possa lucrar com seus negócios automotivos.
"A empresa tinha como objetivo lucrar com veículos elétricos, mas sofreu alguns contratempos", disse Takaki Nakanishi, chefe do Instituto de Pesquisa Nakanishi. O negócio de veículos de quatro rodas, quando considerado isoladamente, é um fator negativo, afirmou ele.
As montadoras chinesas, que lideram o mercado de veículos elétricos, estão aumentando sua lucratividade. A margem de lucro líquido da Honda entre janeiro e março foi inferior a 1%. A BYD, maior montadora da China, fabricante de veículos elétricos, teve uma margem de lucro líquido de 5,4%, enquanto a Geely teve 7,8%.
"Não existe tecnologia que gere lucro imediatamente", disse Mibe, referindo-se aos híbridos como um negócio deficitário até cerca de dez anos atrás. "Os veículos elétricos não se tornarão lucrativos a menos que os desenvolvamos."
Ele afirmou que, após 2030, a Honda alcançará reduções de custos e melhorias de desempenho para veículos elétricos e será capaz de satisfazer os clientes.
Por enquanto, a Honda buscará as vendas de híbridos para impulsionar os lucros e, ao mesmo tempo, mostrar aos investidores que pode produzir veículos elétricos lucrativos. É difícil para uma empresa fazer isso sozinha em termos de tempo e financiamento. A montadora pode ter que encontrar áreas para colaborar com a Nissan Motor, com quem as negociações de fusão fracassaram, bem como encontrar novos parceiros.
O índice preço/valor contábil da Honda era superior a 2 em 2007, mas está abaixo de 1 desde dezembro de 2015 e agora está abaixo de 0,5.
Valor - SP 11/06/2025
3,2 milhões de veículos no país já foram montados usando energia renovável
Primeira operação fabril fora do Japão, a Nissan Mexicana deve se tornar uma das principais referências em práticas sustentáveis e tecnologia para as operações do grupo na América Latina. Dos mais de 16 milhões de veículos produzidos desde seu início, há 60 anos, 3,2 milhões foram feitos com energia renovável como insumo em Aguascalientes, no interior do país.
Joan Busquets, vice-presidente de manufatura da Nissan México, afirma que o compromisso com o meio ambiente está enraizado na cultura corporativa. “Estamos aqui para produzir, cuidar das pessoas e também do meio ambiente que o México nos proporciona. É nossa responsabilidade cuidar dele”, diz. “Como fazemos isso? Produzimos veículos com energia sustentável.”
Em 2011, se tornou a primeira fábrica de automóveis no México e também a primeira dentro da Aliança Renault-Nissan global a utilizar energia do biogás gerado a partir resíduos sólidos urbanos do aterro sanitário da cidade de Aguascalientes. Um ano mais tarde, na mesma planta foi introduzido o uso de energia eólica em grande escala. A fonte nuclear, contudo, foi a que melhor se ajustou às metas de redução de emissões diretas (chamados escopo 1 e 2), ligadas ao uso nas operações fabris, segundo o executivo.
Há dois anos, a montadora tem acordo com a distribuidora pública e energia Comisión Federal de Electricidad (CFE), para abastecer 90% do consumo de energia em suas três fábricas no México, ou seja, 360 gigawatts-hora (GWh) dos 400 GWh que consome por ano. Em 2024, só a Nissan foi responsável por cerca de 3% do total despachado pela usina nuclear de Laguna Verde, em Veracruz - a única em operação no México.
A energia solar é uma aposta recente. No início de maio foi inaugurado um pequeno parque fotovoltaico no pátio logístico da planta Aguascalientes II, com investimento de US$ 60 mil. O sistema, conectado à rede da CFE, foi projetado para suprir 100% da iluminação do complexo onde são armazenados os veículos prontos - tanto os produzidos localmente como os importados. “O sistema gera energia durante o dia e injeta no sistema durante a noite”, diz Juan Pablo Chávez, engenheiro responsável pelo projeto. A estimativa é que o parque evite a emissão de 85 toneladas de gás carbônico (tCO2 e) ao ano, o equivalente a absorção de 3.400 árvores. O plano é chegar a um parque de 20 megawatts até 2030.
O Nissan Green Plan visa, até 2030, reduzir em até 52% as emissões de CO2 na fabricação e uso de veículos, aumentando a utilização de materiais sustentáveis, melhorando a eficiência energética, economizando recursos naturais e promovendo a eletrificação e maior durabilidade das baterias.
Óscar Posada, diretor regional de Total delivery Cost (TdC) e de Estratégia de Produção na Nissan Mexicana, conta que a companhia está adotando uma série de iniciativas para diminuir sua pegada de carbono e promover temas sociais prioritários. O grupo quer chegar ao status de net zero até 2050 e, para isso, tem um plano intermediário de descarbonização.
Outra iniciativa que tem sido usada para diminuir emissões das operações fabris é a busca por eficiência energética, redução do uso de recursos naturais e projetos de economia circular. Em 2022, a Nissan Mexicana investiu mais de US$ 700 milhões em automação, infraestrutura e desenvolvimento de talentos no México para se tornar referência em integração à produção de avanços tecnológicos, modelos de capacitação com simuladores e cursos profissionalizantes, além de políticas inclusivas. Hoje, a cada hora, 62 veículos de seis modelos diferentes completem a jornada pelo complexo.
Nas duas plantas de Aguascalientes funcionam 790 robôs simultaneamente. Uma, maior, tem 75% de automação; a outra, chega a 90% de automação na área de carrocerias. Para dar dimensão da evolução tecnológica, apenas um robô da linha de carrocerias lança 3,6 milhões de golpes ao mês.
A fábrica conta também com iniciativas de reúso de água e reciclagem de materiais, entre outros. “Em Aguascalientes, onde a água é um recurso escasso, operamos de forma sustentável. Dependendo das chuvas do ano, conseguimos trabalhar entre 4 a 6 meses apenas com a água da chuva”, conta Busquets.
“Nosso compromisso é, primeiro, reduzir as emissões desde a origem. E só quando não há mais possibilidade técnica de continuar reduzindo, é que recorremos aos créditos de carbono como compensação”, comenta Posada.
A empresa acaba de assinar com o governo estadual de Aguascalientes a compra de créditos de carbono para compensar 513 toneladas de CO2 equivalente emitidas em 2024 em sua nova sede na Cidade do México, o que lhe concedeu o título de primeiro edifício da empresa carbono neutro.
“Já temos 90% de nossos escopos 1 e 2 usando fontes limpas de energia, mas o escopo 3 é um trabalho de longo prazo por envolver toda a cadeia de suprimentos”, comenta Marco Rivera, gerente de Meio Ambiente e energia da Nissan Mexicana. Atacar as indiretas (escopo 3), que envolve fornecedores, concessionárias e o uso dos veículos por clientes, ainda é o grande desafio da Nissan e do setor automotivo.
Em parceria com a Associação Nacional de Distribuidores de Automóveis Nissan (ANDANAC) do México, as concessionárias estão sendo incentivadas a instalar painéis solares. Hoje, 50 das cerca de 200 concessionárias usam o sistema fotovoltaico de 290 painéis, deixando de emitir 114 mil kg de CO2.
Com fornecedores, Posada explica que a montadora os incentiva a adotarem processos produtivos mais limpos, recicláveis e eficientes. Com apoio das equipes de engenharia do Japão, a empresa já começa a incorporar materiais reciclados nos veículos, reduzindo o uso de matérias-primas virgens - sem comprometer os padrões de qualidade japoneses. Não oferece apoio financeiro direto, mas sim colaboração técnica, treinamento e inovação conjunta. “Se estivermos alinhados no mesmo ‘mindset’, conseguimos construir uma parceria de longo prazo e sustentável”, pontua Posada.
Valor - SP 11/06/2025
Analistas apontam que a combinação de demanda mais fraca e excesso extremo de capacidade reduzirá os lucros das marcas mais fortes
A guerra de preços que tomou conta da indústria de veículos elétricos da China já derrubou os preços das ações e provocou um nível incomum de intervenção de Pequim. O abalo pode estar apenas começando.
Apesar de todos os esforços do governo chinês para impedir que os cortes de preços da líder de mercado BYD se transformem em uma espiral viciosa, analistas dizem que uma combinação de demanda mais fraca e excesso extremo de capacidade reduzirá os lucros das marcas mais fortes e forçará os concorrentes mais fracos a fecharem as portas.
Mesmo depois que o número de fabricantes de veículos elétricos começou a diminuir pela primeira vez no ano passado, a indústria ainda está usando menos da metade de sua capacidade de produção.
"Competição desenfreada"
As autoridades chinesas estão tentando minimizar as consequências, repreendendo o setor pela “competição desenfreada” e convocaram chefes de grandes marcas para Pequim na semana passada. No entanto, tentativas anteriores de intervenção tiveram pouco sucesso.
Pelo menos a curto prazo, os investidores apostam que poucas montadoras escaparão ilesas: a BYD, indiscutivelmente a maior beneficiária da consolidação do setor, perdeu US$ 21,5 bilhões em valor de mercado desde que suas ações atingiram o pico no final de maio.
“O que estamos vendo na China é preocupante, porque há uma falta de demanda e cortes extremos de preço”, disse John Murphy, analista automotivo sênior do Bank of America. Por fim, haverá uma “consolidação massiva” para absorver o excesso de capacidade, observou Murphy.
Para os fabricantes, os descontos contínuos corroem as margens de lucro, prejudicam o valor da marca e forçam até mesmo empresas bem capitalizadas a posições financeiras insustentáveis.
Produtos de baixo preço e baixa qualidade podem prejudicar seriamente a reputação internacional dos carros “made-in-China”, observou o Diário do Povo, um veículo controlado pelo Partido Comunista. E esse impacto negativo viria logo no momento em que modelos da BYD, Geely, Zeekr e Xpeng começam a ganhar elogios no cenário mundial.
Para os consumidores, as quedas de preços podem parecer benéficas, mas mascaram riscos mais profundos. Preços imprevisíveis desestimulam a confiança a longo prazo — as pessoas já estão reclamando nas redes sociais da China, questionando por que deveriam comprar um carro agora, quando ele pode estar mais barato na próxima semana —, enquanto há uma chance de as montadoras, ao cortarem custos para se manter no mercado, reduzirem o investimento em qualidade, segurança e serviço pós-venda.
Autorregulação
Os CEOs do setor automotivo foram informados na semana passada que devem se “autorregular” e não devem vender carros abaixo do custo ou oferecer cortes de preços irracionais, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.
A questão dos carros com quilometragem zerada também surgiu — veículos sem quilometragem no hodômetro são vendidos por concessionárias no mercado de usados, o que é visto amplamente como uma forma de as montadoras inflarem artificialmente as vendas e limparem o estoque.
As montadoras chinesas têm oferecido descontos muito mais agressivos do que suas concorrentes estrangeiras. Murphy, do Bank of America, disse que as montadoras dos EUA deveriam simplesmente sair do país. “A Tesla provavelmente precisa estar presente para competir com essas empresas e entender o que está acontecendo, mas há muito risco nisso para elas.”
Outros não deixam dúvidas de que a BYD, a marca de carros mais vendida da China, está liderando os cortes de preços.
“É óbvio para todos que o maior player está fazendo isso”, disse Jochen Siebert, diretor-geral da consultoria automotiva JSC Automotive. “Eles querem um monopólio em que todos os outros desistam.”
As táticas agressivas da BYD estão levantando preocupações sobre o potencial de dumping de carros, problemas de gestão de concessionárias e “pressão sobre os fornecedores”, acrescentou ele.
A turbulência nos preços também se desenrola em um cenário de excesso significativo de capacidade. A taxa média de utilização da produção na indústria automotiva chinesa foi de apenas 49,5% em 2024, mostram dados compilados pelo Instituto de Pesquisa Automotiva Gasgoo, com sede em Xangai.
Infomoney - SP 11/06/2025
O Banco Central deve apresentar um novo modelo de financiamento habitacional, baseado na captação de mercado e não na caderneta de poupança, segundo Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central. A fala foi emitida durante a FebrabanTech, feira promovida pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo, nesta terça-feira (10).
A razão para a busca de alternativas pelo BC é a diminuição estrutural de recursos na caderneta de poupança, que culmina na redução dos recursos disponíveis para o financiamento imobiliário. A caderneta registrou a captação líquida em maio, de R$ 336,868 milhões, mas foi a primeira vez no ano em que os aportes superaram os resgates.
A solução que está sendo trabalhada pelo BC, segundo Galípolo, é uma ponte entre o modelo anterior, financiado pelo estoque de caderneta de poupança, e um modelo que utiliza captação de mercado. “Isso vai permitir que o crédito imobiliário tenha uma participação adequada no PIB do país”, disse Galípolo.
Historicamente, o crédito imobiliário tem uma fatia um pouco inferior a 10% no Produto Interno Bruto Brasileiro, enquanto países pares do Brasil tem entre 25% e 30%.
Política monetária
O chefe do BC indicou logo no início da sua fala que não faria qualquer comentário sobre política monetária. “Sosseguem”, disse, em tom de brincadeira, a quem chamou de “fiscais de política monetária”.
O período de silêncio do BC começa amanhã (11) e a próxima decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) será divulgada na próxima semana, no dia 18 de junho.
: Pix Automático promete derrubar custos financeiros para empresas
Agenda do BC
Seguindo o mesmo tom de um evento recente do BC, Galípolo destacou os lançamentos na agenda de inovaçõs do Banco Central: o Pix 2.0, a nova fase do meio de pagamento instatâneo, mas agora com Pix Automático, Pix por Aproximação, Pix Parcelado e Pix em Garantia, além da segunda fase do Mecanismo Especial de Devolução, o MED 2.0, que promete uma constestação mais ágil de valores roubados via Pix em golpes ou Fraudes.
O Estado de S.Paulo - SP 11/06/2025
As principais associações de construtoras — Abrainc, Aelo, CBIC, Secovi-SP e Sinduscon-SP — fecharam uma nota técnica conjunta com argumentos contrários à proposta do governo federal de taxar as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e passaram o dia no Congresso, em Brasília, tentando sensibilizar parlamentares a barrar a medida.
Pelos cálculos das associações, a criação de um imposto de 5% sobre o rendimento das LCIs teria como efeito colateral uma elevação de até 0,7 ponto porcentual na taxa do crédito imobiliário das novas contratações. A consequência seria a subida do valor da parcela para os futuros compradores de imóveis.
O mesmo cálculo foi feito pela equipe de analistas de mercado imobiliário do Santander. A conta é parecida. Os analistas preveem alta entre 0,5 e 0,7 ponto porcentual na taxa do crédito habitacional, o que pode ser sentido a partir do ano que vem.
Esse ponto preocupa os empresários, ainda mais se for levado em conta que há milhares de imóveis cujas obras ficarão prontas nos próximos meses. É justamente na entrega das chaves que o comprador do imóvel na planta toma o financiamento bancário para quitar o saldo restante. Quanto mais caro for o crédito, mais difícil fica a conclusão do negócio e maior o risco de distratos.
O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia, e o da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz França, apresentaram o estudo aos deputados federais Joaquim Passarinho (PL-PA) e Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) nesta terça-feira, 10, e estavam prontos para seguir o périplo ao longo da semana.
“Não podemos permitir que o financiamento habitacional se torne ainda mais caro e restrito, pois isso vai na contramão do que o Brasil precisa”, afirmou o presidente da CBIC, Renato Correia. “A moradia é um direito básico, e a construção civil é fundamental para gerar emprego e renda para milhões de brasileiros”, ressaltou.
Crédito mais caro exclui famílias do acesso a financiamento
Com o encarecimento do crédito, o número de famílias que se enquadram nos critérios para obtenção de financiamento continuará a cair, como já vem ocorrendo.
De acordo com uma simulação presente na nota técnica das construtoras, a parcela para financiar um imóvel de R$ 500 mil (com 20% de entrada, em média) cresceu de R$ 3,5 mil em 2021 para R$ 5 mil em 2025. Com isso, o público elegível para comprar um imóvel perdeu cerca de 800 mil famílias no período.
Nesse período, o juro do crédito imobiliário saltou de 7,5% para 12,5% ao ano, no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), conforme dados compilados pelo Banco Central. Essa alta tem por trás o aumento da Selic, a taxa básica de juros da economia nacional. Portanto, uma taxação adicional colocaria ainda mais pressão no segmento imobiliário.
Por sua vez, as LCIs se tornaram a terceira maior fonte de recursos para abastecer as linhas de financiamento para a compra e a construção de imóveis no País. As LCIs representam cerca de 17% do funding (fonte de recursos) para o setor, ficando atrás apenas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), com 27%, e das cadernetas de poupança, com 32%, de acordo com balanço do fim de 2024.
O levantamento indica um crescimento da participação das LCIs no funding na comparação com 2022, quando eram apenas 12% do total, enquanto FGTS respondia por 27% e poupança, 39%, segundo balanço da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Em paralelo, houve queda nos recursos da poupança, que vem sofrendo uma onda de saques. Nos últimos quatro anos, houve uma saída de R$ 248 bilhões (saldo entre saques e depósitos).
Como as cadernetas têm juros reduzidos, elas representam um funding barato para os bancos. Diante do esgotamento, as instituições passaram a procurar fontes alternativas, ampliando as emissões das LCIs. De 2021 para 2025, o estoque de LCIs cresceu 200%, saindo de R$ 141 bilhões para R$ 427 bilhões.
Valor - SP 11/06/2025
Indicador atingiu 5,01% no resultado acumulado em 12 meses, e o custo nacional da construção por metro quadrado avançou para R$ 1.826,53 em maio
A inflação medida pelo Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) subiu 0,43% em maio, ante 0,46% em abril, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com o resultado, o indicador alcançou 5,01% no resultado acumulado em 12 meses, ante 4,74% até abril. O índice de maio de 2024 foi de 0,17%.
O custo nacional da construção por metro quadrado em maio foi de R$ 1.826,53, sendo R$ 1.051,98 relativos aos materiais e R$ 774,55 à mão de obra. Em abril, esse custo totalizava R$ 1.818,64, sendo R$ 1.046,66 referentes aos materiais e R$ 771,98 à mão de obra.
Revista Ferroviaria - RJ 11/06/2025
O Governo do Estado ampliou os incentivos fiscais concedidos a empresa chilena Arauco Celulose do Brasil S.A. para a construção de um novo ramal ferroviário no município de Inocência, que vai ligar a unidade à Malha Norte, oficialmente chamada de Ferrovia Norte Brasil (EF-364).
Ao Campo Grande News, o titular da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul), Jaime Verruck, detalhou que empresa solicitou um aditivo ao incentivo discal. “Nós fizemos uma adesão a um convênio nacional do Concefaz, que reduz a carga tributária para aquisição de locomotivas, vagões, trilhos, maquinários e dormentes. Então, o aditivo foi para isso. Nós incluímos”, disse.
A chilena recebeu autorização da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) para tocar o projeto em maio e agora está autorizada a promover as desapropriações em nome da União e pode, inclusive, alegar urgência para obter a posse dos terrenos antes do fim do trâmite judicial. Apesar da autorização, a chilena continua obrigada a obter todas as licenças ambientais e cumprir exigências junto aos órgãos públicos antes de iniciar as obras.
O novo ramal terá 47 km de extensão para atender a fábrica de celulose da empresa, que está sendo construída na cidade com investimento estimado em US$ 4,6 bilhões. A planta industrial será construída a 50 km de Inocência, na margem esquerda do rio que dá nome ao projeto. Ficará a 100 km do Rio Paraná, próximo da MS-377. A previsão é iniciar operação no último trimestre de 2027, com capacidade estimada de 3,5 milhões de toneladas de celulose.
Os dados com os valores de incentivos fiscais condidos às empresas que se instalam em Mato Grosso do Sul são tratados com sigilo para proteger as tratativas do Governo do Estado.
De acordo com a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), previsão é a renúncia total de receita do Executivo, seja em isenção, modificação de base de cálculo, anistia ou crédito seja de R$ 11.950.231.200 em 2026; para 2027 o valor pode chegar a R$ 12.667.245.100; já em 2028 a previsão é de R$ 13.401.945.300.
Para 2026, o setor de Agricultura, Pecuária, Produção Florestal, Pesca e Aquicultura receberá o maior valor em isenção, somando mais de R$ 2 bilhões. Já a indústria de transformação terá R$ 110 milhões em isenção.
Valor - SP 11/06/2025
O chefe da operadora do Canal do Panamá advertiu que uma operação de compra de portos por US$ 23 bilhões, que inclui duas instalações no país centro-americano, pode pôr em risco o mandato de neutralidade da hidrovia.
O plano da CK Hutchison, de Hong Kong, de vender 43 portos para um consórcio liderado por subsidiárias da Mediterranean Shipping Company (MSC) e da BlackRock gerou temores entre rivais da MSC de que o controle do grupo suíço-italiano sobre uma parte da infraestrutura portuária mundial lhe daria vantagem injusta.
Ricaurte Vásquez, administrador da Autoridade do Canal do Panamá, afirmou que a concentração de propriedade poderia prejudicar algumas empresas de transporte marítimo de carga e violar o princípio de neutralidade entre países que rege o canal.
“Pelo que podemos entender neste momento, existe risco real de concentração de capacidade se a transação se concretizar da forma como está”, disse ele. “Se houver um nível expressivo de concentração de operadoras de terminais que pertencem a apenas uma empresa de transporte marítimo, ou a uma empresa que faz parte de um grupo, isso se dará em detrimento da competitividade do Panamá no mercado e será inconsistente com o princípio da neutralidade.”
Vásquez fez esses comentários depois das repetidas ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de “retomar” o canal, que foi concluído por engenheiros americanos há mais de um século, mas devolvido de forma gradual ao Panamá entre 1977 e 1999, por um tratado que garante sua neutralidade permanente.
Trump têm argumentado que a influência chinesa no canal - que inclui o controle da Hutchison sobre dois dos cinco portos nas suas adjacências - é um risco para a segurança nacional dos EUA.
Isso colocou o diminuto Panamá no meio da guerra comercial entre EUA e China, com um consórcio internacional de investidores que começou uma operação de aquisição dos portos que é rejeitada pelas agências reguladoras chinesas. O consórcio responsável pela transação tem mantido negociações com o órgão regulador antitruste chinês, pois busca maneiras de garantir sua aprovação.
A situação também acelerou a corrida por rotas logísticas entre grandes grupos do setor. Em abril, a AP Møller-Maersk revelou que comprara a ferrovia que margeia o canal. “Isso se tornou um campo de batalha importante em termos de capacidade de transbordo de carga”, disse Vásquez.
Ele contou ainda que as autoridades do canal estavam preocupadas com a possibilidade de que a aquisição dos portos possa custar ao canal uma parte de seu tráfego de contêineres, se clientes da Hutchison mudarem suas operações para outros lugares.
Há risco real de concentração de capacidade se a transação se concretizar”
— Ricaurte Vásquez
Na sua opinião, em vez de esperar que a transação se efetive, o canal deveria encarar isso como uma oportunidade de se tornar ele mesmo um operador de terminais, com a reativação de um projeto de construção de um terminal no Porto de Corozal, na extremidade do canal que desemboca no Oceano Pacífico. “Em vez de ficar lamentando sobre a situação.... esta é uma grande oportunidade para apresentar uma proposta.”
Em 2023, uma seca recorde que afetou as operações e deu novo ímpeto a um plano da autoridade do canal para diversificar suas fontes de água e linhas de negócios, que ganhou ainda mais impulso no ano passado, quando uma decisão da Suprema Corte do Panamá lhe devolveu áreas próximas ao canal.
Vásquez contou que a autoridade avalia a ideia de construir um gasoduto ao longo de todo o canal para transportar até 1 milhão de barris por dia de gás liquefeito de petróleo (GLP) - uma carga que os EUA têm exportado em volumes cada vez maiores por conta da forte demanda da China e de outros países asiáticos.
Segundo uma proposta em análise pela diretoria da autoridade, navios petroleiros poderiam descarregar GLP e produtos de etano na entrada do canal no Mar do Caribe, que seriam então transportados pelo gasoduto até o Pacífico, onde poderiam ser carregados em petroleiros à espera.
Isso liberaria capacidade no canal para o transporte de outros produtos, como o gás natural liquefeito (GNL), cuja comercialização deve crescer de maneira expressiva nos próximos anos, na sequência do boom de terminais ao longo do Golfo do México. O Canal do Panamá perdeu muitos clientes que transportam GNL como resultado das restrições impostas pela seca e do consequente aumento nas tarifas de trânsito.
Além de tudo isso, a autoridade precisa lidar com as pressões persistentes do governo Trump. Vásquez afirmou que, pelas regras atuais, não é possível atender a um requerimento dos EUA para que seus navios possam passar pelo canal de graça. Ele enfatizou que até mesmo navios da Marinha panamenha têm de pagar tarifas.
“A passagem gratuita não é uma opção, tal como apresentada”, insistiu ele. “Vamos discutir isso. Mas o tratado é lei no Panamá e uma norma legal nos EUA, então ninguém pode obrigar ninguém a infringir a lei.”
O Estado de S.Paulo - SP 11/06/2025
Após um longo período de poucos investimentos fora do País, a Petrobras novamente volta seus olhos para o mercado internacional em busca de reservas. Na semana passada, anunciou mais um mercado para desbravar: Costa do Marfim, na costa oeste africana. Se sair vitoriosa da licitação, os ativos vão se somar a outras iniciativas no mesmo continente, como África do Sul, Angola, Namíbia e São Tomé e Príncipe.
Em 2023, a empresa retomou sua presença na África — continente praticamente abandonado nos governos Temer e Bolsonaro —, com aquisição de participação em três blocos em São Tomé e Príncipe, também na costa oeste africano, uma região que, segundo estudos geológicos, teria sido separada do continente sul-americano há milhões de anos.
Em fevereiro de 2024, a companhia anunciou a aquisição de participação em três blocos exploratórios — 10, 11 e 13 —, operados pela Shell, em São Tomé e Príncipe.
Além disso, celebrou aditivos aos contratos de partilha de produção e Joint Operating Agreements correspondentes, passando a fazer parte dos consórcios dos referidos blocos, que incluem ainda a Agência Nacional de Petróleo de São Tomé e Príncipe e a Galp. Com isso, a petroleira ficou com 45% de participação nos blocos 10 e 13 e 25% no bloco 11.
Potencial
Segundo o analista de energia da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, a empresa ganha tração com o novo acordo de exclusividade para avaliar outros ativos na região.
“Trata-se de um movimento coerente com sua estratégia de expansão seletiva em águas profundas e ultraprofundas, com geologia compatível à sua expertise e bom potencial de descoberta”, afirmou.
Ele explicou que, apesar das diferenças em relação ao pré-sal brasileiro, a bacia offshore da Costa do Marfim compartilha algumas características operacionais semelhantes às do Brasil: lâminas d’água profunda, sistemas petrolíferos ativos e infraestrutura crescente.
O interesse de majors como TotalEnergies, Shell e Eni na margem atlântica africana — e descobertas recentes como o campo Baleine (mais que 2 bilhões de barris de reservas) reforçam o atrativo da região.
“Além do alinhamento técnico, o avanço na África é estratégico: a vida útil média das reservas provadas dispostas atualmente pela Petrobras gira em torno de uma década, o que impõe a necessidade constante de reposição. A Costa do Marfim oferece uma janela oportuna para novos volumes exploratórios, com relação risco-retorno controlado e possibilidade de desenvolvimento competitivo no médio prazo”, disse Arbetman.
A expansão para o continente africano tem como objetivo a busca de reservas, e até mesmo a Índia, um país onde a companhia nunca havia ventilado se instalar, já entrou no rol de possíveis alvos da estatal brasileira. Afinal, os fartos reservatórios do pré-sal não são infinitos e começam a declinar no início da próxima década. Mesmo em meio a uma transição energética, sem novos reservatórios, a produção da companhia tende a diminuir ano a ano sem novas descobertas.
Investimentos
Ainda não está claro, porém, quanto a empresa planeja investir fora do Brasil. Apesar de não citar exatamente a Costa do Marfim no plano atual (2025-2029), a previsão é de aplicar US$ 1,7 bilhão em investimentos exploratórios até 2029 fora das margens Sul, Sudeste e Equatorial brasileiras.
A participação da produção internacional no total consolidado da companhia, no ano passado, não passou de 1,26%. Mas tanto investimento quanto o peso na produção total devem crescer com as novas ambições da atual gestão.
Tanto a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, quanto sua diretora de Exploração e Produção, Sylvia anjos, não poupam declarações favoráveis à atuação internacional da companhia.
“Acreditamos e queremos o Brasil. Por isso a gente está lutando tanto para conseguir a nossa licença (de perfuração na Foz do Amazonas). Mas temos um conhecimento, é sabido que (os territórios de) Brasil e África estiveram juntos. Então a gente sabe que a geologia se espelha uma na outra. Por isso também conhecemos muito bem a África”, afirmou Sylvia no mês passado.
Valor - SP 11/06/2025
A produção de petróleo dos EUA cairá no ano que vem pela primeira vez desde a pandemia de covid-19, de acordo com uma previsão do governo, informou ontem o diário britânico “Financial Times”, com base em números do governo americano. A projeção lança novos desafios sobre a agenda de “domínio energético” do presidente dos EUA, Donald Trump.
A Administração de Informação de Energia (EIA, pelas iniciais em inglês), uma divisão do Departamento de Energia, disse ontem que a produção de petróleo dos EUA cairia do recorde atual de 13,5 milhões de barris por dia para cerca de 13,3 milhões de barris/dia até o final do ano que vem, já que a queda nos preços do petróleo abala o setor.
“Com menos sondas de perfuração ativas, prevemos que as operadoras americanas perfurarão e concluirão menos poços até 2026”, afirmou a EIA em um relatório mensal publicado ontem. O número de sondas ativas “diminuiu muito mais” do que o previsto em um relatório anterior, afirmou a agência.
O governo causa muito caos. Estou preocupado por não haver um plano”
— Wil VanLoh
A previsão oficial sombria surge poucos meses após Trump ter sido reeleito ao final de uma campanha presidencial na qual ele prometeu “liberar” a perfuração americana, promover mais produção de petróleo e reduzir os preços da energia.
A crescente produção de xisto nas últimas duas décadas fez dos EUA o maior produtor mundial de petróleo e gás, perturbando os mercados globais de commodities e ao mesmo tempo alimentando a indústria nacional com um fluxo constante de energia barata.
A produção anual caiu pela última vez em 2021, durante a pandemia de covid-19 no primeiro mandato de Trump, mas se recuperou com o aumento dos preços do petróleo durante o governo de Joe Biden.
A nova previsão do governo, que ecoa as previsões dos executivos do xisto, ressalta o estresse enfrentado pelo setor, já que o aumento da oferta do cartel Opep+ (Organização dos países Exportadores de Petróleo, mais aliados independentes) e a ansiedade sobre o impacto das guerras comerciais de Trump na economia global pressionam os preços do petróleo para baixo.
As tarifas de Trump sobre as importações de aço e alumínio também aumentaram os custos do aço e outros insumos cruciais no setor de petróleo, reduzindo as margens das perfuradoras, dizem executivos.
A escala da queda da produção petrolífera americana só não será substancialmente maior em razão de uma antiga fonte da commodity: o Golfo do México. Os produtores da área acrescentarão 300.000 barris à produção diária dos EUA este ano e mais 250.000 barris em 2026 - devido a projetos de muitos anos em andamento, segundo informou a consultoria Wood Mackenzie à agência Bloomberg.
Isso aumentará a produção na região para mais de 2 milhões de barris por dia, cerca de 40% a mais do que a de 2020.
A empresa de serviços de campos petrolíferos Baker Hughes disse na semana passada que o número de plataformas de petróleo operando nos EUA caiu para 442, uma queda de nove em uma semana e 50 a menos que no ano anterior. O West Texas Intermediate (WTI), referência do petróleo dos EUA, fechou ontem em US$ 64,98 o barril, uma queda de 17% desde a máxima deste ano - e abaixo do preço necessário para que muitas empresas de perfuração de xisto atinjam o ponto de equilíbrio.
A EIA afirmou que os preços internacionais do petróleo cairiam para menos de US$ 60 o barril em 2026. “O governo atual está causando muito caos. Estou realmente preocupado com o fato de não haver um plano”, disse Wil VanLoh, chefe da empresa de private equity Quantum Capital Group, uma das maiores investidoras da área de xisto, na Energy Capital Conference, em Houston, há uma semana. Alguns analistas preveem uma queda ainda mais acentuada na produção de petróleo dos EUA nos próximos meses.
Infomoney - SP 11/06/2025
presidente da Petrobras (PETR4), Magda Chambriard, disse nesta terça que a Petrobras é uma impulsionadora da economia brasileira e que se orgulha de produzir petróleo, “que na verdade é da sociedade brasileira”, destacou a executiva durante o lançamento da décima edição do Anuário do Petróleo do Rio 2025, da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).
Magda ressaltou a evolução da produção de petróleo no Brasil que, em dez anos, passou de 10º maior produtor para 7º, com destaque para o Rio de Janeiro, responsável por 87% da produção de petróleo do Brasil, segundo o Anuário.
“Vimos nesses últimos dez anos uma evolução imensa da indústria do petróleo que, no final, pertence à sociedade brasileira. (O campo de) Búzios já produz 800 mil barris por dia e, quem sabe, vai atingir 1,5 milhão a 2 milhões de barris por dia. Hoje, o petróleo é 40% da receita do estado do Rio de Janeiro”, disse Magda.
A executiva destacou, porém, que quando esteve à frente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) tentou descentralizar a produção de petróleo para o Norte e Nordeste, mas que só agora, com a possível exploração da Margem Equatorial, se a estatal conseguir a licença do Ibama, esse objetivo poderá se realizar.
“Queremos e vamos retribuir o amor da sociedade pela Petrobrás. A gente constrói de braços dados com o Estado brasileiro, a indústria nacional e internacional”, concluiu Magda.
Valor - SP 11/06/2025
Real segue levemente mais forte e dólar à vista bate o nível de R$ 5,55, enquanto os juros futuros recuam após dados de inflação melhores do que o esperado em maio
O segundo dia de negociações comerciais entre Estados Unidos e China anima os mercados, em especial os preços do petróleo. Por conta disso, o setor de energia desponta entre os índices setoriais do S&P 500, enquanto no Brasil, as ações da Petrobras disparam. No Brasil, o real segue levemente mais forte, e o dólar bate o nível de R$ 5,55, enquanto os juros futuros recuam após dados de inflação melhores do que o esperado em maio.
Perto das 12h30, o S&P 500 avançava 0,27%, aos 6.022,39 pontos, enquanto o índice setorial de energia apreciava 2,20%, o melhor entre os subíndices, seguido pelo segmento de cuidados com a saúde, em alta de 0,79%.
No Brasil, o índice Ibovespa subia 0,84%, aos 136.840 pontos, enquanto as ações preferenciais da Petrobras ganhavam 3,22%. Já o dólar à vista recuava 0,12%, a R$ 5,5554. O índice DXY, que mede a força do dólar ante moedas pares, avançava 0,15%, aos 99,083 pontos. A taxa de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2029 caía de 13,64% para 13,53%.
Agência Senado - DF 11/06/2025
A Comissão de Infraestrutura (CI) aprovou nesta terça-feira (10) o Projeto de Lei (PL) 3.178/2019, que retira da Petrobras o direito de preferência nos leilões de blocos de petróleo sob o regime de partilha de produção no pré-sal.
A proposta também transfere ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) a prerrogativa de definir, caso a caso, se a exploração será feita pelo regime de partilha ou concessão. O texto segue agora para análise na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
Sob relatoria do senador Marcos Rogério (PL-RO), o projeto, de autoria do ex-senador José Serra, promove uma mudança significativa no marco legal do setor petrolífero ao ampliar a concorrência nos leilões e flexibilizar as regras de exploração.
Para Marcos Rogério, a proposta busca corrigir distorções e ampliar a competitividade.
— Se a mudança de regime de partilha para concessão viabilizar o aproveitamento desses blocos "encalhados", ganham todos: União, estados, trabalhadores e empresas. Trata-se de transformar petróleo enterrado em riqueza de fato — afirmou.
Alterações
A principal mudança é a revogação do artigo da Lei 12.351, de 2010, que garantia à Petrobras o direito de preferência com 30% de participação nos consórcios e a prerrogativa de operar os blocos licitados, mesmo sem apresentar a melhor oferta. O senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) defendeu a aprovação da proposta.
— Todas as vezes em que se fala sobre isso há inúmeras preocupações ambientais, mas temos tecnologias, das melhores do planeta, para que possamos explorar esse petróleo e trazer riqueza para o país. Esse projeto melhora o que tem sido feito, para que possamos partilhar a riqueza do petróleo com mais equilíbrio — argumentou.
Para ele, a medida representa avanço não apenas econômico, mas estratégico, ao permitir que a União escolha a forma mais vantajosa de exploração para cada bloco. O projeto determina que o CNPE, assessorado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), avalie o modelo mais adequado — partilha ou concessão — com base em critérios técnicos, geológicos e de retorno social.
Ao apresentar o relatório, Marcos Rogério destacou o impacto da atual política sobre a atratividade das licitações.
— As últimas rodadas de partilha de produção têm registrado baixa adesão. A alteração legal pode impulsionar a competitividade e garantir melhores resultados para o país — ponderou.
De acordo com o senador, a proposta aprovada contribui para modernizar o setor e trará novos elementos para a discussão sobre a exploração do pré-sal, em especial na chamada Margem Equatorial.
— Estamos destravando um tema essencial ao desenvolvimento nacional — concluiu.
Money Times - SP 11/06/2025
A sonda a serviço da Petrobras (PETR4) que será usada em simulado de emergência em águas ultraprofundas na Bacia da Foz do Amazonas já deixou o Rio de Janeiro rumo à costa do Amapá, afirmou nesta terça-feira a presidente da petroleira, Magda Chambriard.
Na semana passada, a executiva disse à Reuters ter a expectativa de que o simulado possa ocorrer na segunda quinzena de julho, no último passo antes que o órgão ambiental federal Ibama decida se dará uma licença para perfuração na região.
A petroleira busca há anos o aval do Ibama para a realização de um poço exploratório na bacia, onde há grande potencial para descobertas de petróleo, mas enormes desafios socioambientais.
Nesta terça, as ações ordinárias PETR3 encerraram a sessão com alta de 3,65%, a R$ 32,38, e as preferenciais PETR4 registraram avanço de 3,02%, a R$ 30,05 — sendo a ação mais negociada do mercado acionário doméstico, com mais de 46,1 mil negócios.
O contrato mais líquido do Brent, referência mundial, para agosto, chegou a subir mais de 1%, durante a sessão. A commodity perdeu força ao longo do pregão e fechou as negociações com queda de 0,25%, a US$ 66,87 o barril na Intercontinental Exchange (ICE).
Agrolink - RS 11/06/2025
A Bahia Farm Show 2025 está aberta para visitação do público. A maior feira de tecnologia agrícola do Norte e Nordeste promete trazer o que há mais moderno em tecnologia agrícola para produtores rurais, técnicos, empresários e estudantes do agronegócio. Os estandes de 434 empresas expositoras estão prontos para apresentar as mais de mil marcas, dentre máquinas e implementos agrícolas, drones, serviços de aviação agrícola, insumos biológicos e plataformas digitais para otimizar a produção no campo.
Nesta edição, os visitantes terão ainda mais facilidade de navegação dentro do complexo por meio de um mapa digital. O aplicativo pode ser baixado gratuitamente na loja de aplicativo do seu celular. Com o aplicativo, os visitantes poderão traçar rotas a partir da sua posição, buscar por categorias, e acessar informações de produtos e expositores.
Para o presidente da Bahia Farm Show, Moisés Schmidt, a plataforma facilitará achar com mais facilidade as empresas expositoras, restaurantes, lanchonetes, pavilhão coberto, espaço da agricultura familiar, dentre outras. “Estamos aprimorando ainda mais a visitação na feira, com uma navegação mais intuitiva, facilitando o acesso e o deslocamento dentro da feira, otimizando o tempo do produtor que virá fechar negócio, que terá um mapa inteligente com a tecnologia na palma da mão”, afirma.
Como acessar- O aplicativo está disponível gratuitamente na loja de aplicativo Google Play, para o dispositivo com o sistema Android, e APP Store, com o IOS, com o título “Bahia Farm Show Mapa 2025. Depois de instalar, é necessário fazer o registro e ativar a localização para ter acesso ao mapa. A Bahia Farm Show estará aberta para a visitação até sábado (14), das 9h às 19h, com ingresso no valor de R$ 30,00, que pode ser adquirido antecipadamente e sem filas pelo site www.bahiafarmshow.com.br ou diretamente na bilheteria do evento.
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