Agência Brasil - DF 10/10/2023
Pela segunda semana seguida, as previsões do mercado financeiro para os principais indicadores econômicos em 2023 ficaram estáveis, de acordo com a edição do Boletim Focus desta segunda-feira (9). A pesquisa - realizada com economistas - é divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC).
Para este ano, a expectativa para o crescimento da economia permaneceu em 2,92%. Já para 2025, o Produto Interno Bruto (PIB - a soma dos bens e serviços produzidos no país - deve ficar em 1,5%. Para 2025 e 2026, o mercado financeiro projeta expansão do PIB em 1,9% e 2%, respectivamente.
Superando as projeções, no segundo trimestre do ano a economia brasileira cresceu 0,9%, na comparação com os primeiros três meses de 2023, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação ao segundo trimestre do ano passado, a economia brasileira avançou 3,4%.
O PIB acumula alta de 3,2% no período de 12 meses. No semestre, a alta acumulada foi de 3,7%.
Inflação
A previsão para este ano do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - considerada a inflação oficial do país – permaneceu em 4,86% nesta edição do Focus. Para 2024, a estimativa de inflação subiu de 3,87% para 3,88%. Para 2025 e 2026, as previsões são de 3,5% para os dois anos.
A estimativa para 2023 está acima do teto da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é de 3,25% para 2023, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,75% e o superior 4,75%.
Segundo o BC, no último Relatório de Inflação, a chance de o índice oficial superar o teto da meta em 2023 é de 67%.
A projeção do mercado para a inflação de 2024 também está acima do centro da meta prevista, fixada em 3%, mas ainda dentro do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Em agosto, influenciado pelo aumento do custo da energia elétrica, o IPCA foi de 0,23%, segundo o IBGE. O índice é superior ao registrado em agosto do ano passado, quando havia sido observada deflação (queda de preços) de 0,36%.
O IPCA acumula 3,23% no ano e 4,61% em 12 meses. Os dados da inflação de setembro serão divulgados na quarta-feira (11) pelo IBGE.
Taxa de juros
Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros - a Selic - definida em 12,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). O comportamento dos preços já fez o BC cortar os juros pela segunda vez no semestre, em um ciclo que deve seguir com cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões. Após sucessivas quedas no fim do primeiro semestre, a inflação voltou a subir na segunda metade do ano, mas essa alta era esperada por economistas.
Ainda assim, em ata divulgada na terça-feira (26), o Copom reforçou a necessidade de se manter uma política monetária ainda contracionista para que se consolide a convergência da inflação para a meta em 2024 e 2025 e a ancoragem das expectativas. As incertezas nos mercados e as expectativas de inflação acima da meta preocupam o BC e são fatores que impactam a decisão sobre a taxa básica de juros.
De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano, de agosto do ano passado a agosto deste ano, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas.
Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica iniciada em 1986. Por causa da contração econômica gerada pela pandemia de covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.
Para o mercado financeiro, a Selic deve encerrar 2023 em 11,75% ao ano. Para o fim de 2024, a estimativa é que a taxa básica caia para 9% ao ano. Para o fim de 2025 e de 2026, a previsão é de Selic em 8,5% ao ano para os dois anos.
Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.
Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.
Por fim, a previsão do mercado financeiro para a cotação do dólar está em R$ 5 para o fim deste ano. Para o fim de 2024, a previsão é que a moeda americana fique em R$ 5,02.
Investing - SP 10/10/2023
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta 2ª feira (9.out.2023) que o “comportamento benigno” da inflação brasileira permite que a autoridade monetária siga com o ciclo de cortes da Selic, a taxa básica de juros.
“O Brasil consegue seguir em um ritmo de corte de juros [ ] porque a inflação vem apresentando comportamento benigno”, declarou Galípolo na reunião do Conselho Empresarial de Economia da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).
Galípolo afirmou que o cenário econômico internacional é “desafiador” no 2º semestre deste ano, mas compensado por resultados “benignos” na economia doméstica.
“[Cenário é desafiador], mas é compensado. Se a gente quiser olhar por um lado positivo, [há] um cenário mais benigno do ponto de vista doméstico, ou seja, ao olhar o comportamento da moeda brasileira, ou olhar o comportamento da taxa de juro mais longas brasileiras”, afirmou.
O diretor do BC disse que o comportamento da economia brasileira está relacionado com o movimento internacional e tem se comportado em “conjunto com países pares emergentes”.
IstoÉ Dinheiro - SP 10/10/2023
O Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) da Fundação Getulio Vargas (FGV) acelerou a 0,34% na primeira quadrissemana de outubro, após ter encerrado setembro com alta de 0,27%. Com o resultado, o índice acumula elevação de 3,81% em 12 meses, ante 4,17% no final de setembro.
Nesta leitura, seis das oito classes de despesa apresentaram aceleração, com destaque para o grupo Educação, leitura e recreação (1,34% para 2,14%) puxado por passagem aérea (8,46% para 12,92%).
Também houve acréscimos em Alimentação (-0,64% para -0,54%), Saúde e cuidados pessoais (-0,10% para 0,00%), Vestuário (-0,09% para 0,12%), Habitação (0,39% para 0,44%) e Despesas diversas (-0,02% para 0,03%) puxados, respectivamente, por frutas (-0,89% para -0,28%), artigos de higiene e cuidado pessoal (-1,31% para -0,92%), roupas femininas (-0,68% para -0,26%), condomínio residencial (0,22% para 0,60%) e serviços bancários (0,00% para 0,12%).
Por outro lado, houve arrefecimento em Transportes (1,06% para 0,71%) e Comunicação (0,15% para 0,13%), com destaque para os itens gasolina (2,62% para 1,49%) e serviços de streaming (0,29% para 0,17%).
Influências
A principal influência positiva desta leitura do IPC-S partiu de passagem aérea (8,46% para 12,92%). Em seguida, aparecem gasolina (2,62% para 1,49%), aluguel residencial (1,53% para 1,54%), plano e seguro de saúde (0,62% para 0,62%) e automóvel novo (0,96% para 0,75%).
Por outro lado, os itens que mais puxaram esta leitura do IPC-S para baixo foram batata-inglesa (-14,87% para -13,85%); leite tipo longa vida (-3,79% para -3,40%); xampu, condicionador e creme (-3,39% para -3,11%); perfume (-2,27% para -1,70%) e ovos (-4,12% para -4,25%).
IstoÉ Dinheiro - SP 10/10/2023
A National Association for Business Economics (Nabe) afirma, em pesquisa publicada nesta segunda-feira, 9, feita com 40 profissionais das projeções, que o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos deve avançar 2,1% neste ano. Os participantes da sondagem também esperam que haverá desaceleração inflacionária, mas há divergências sobre seu ritmo, e a maioria deles acredita que o primeiro corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) ocorrerá no primeiro semestre de 2024.
Os participantes da pesquisa esperam que o PIB dos EUA avance 2,0% no quarto trimestre, na comparação com igual trimestre do ano passado. Na pesquisa de maio, esperavam alta de apenas 0,4%.
Já para todo o ano de 2024, a expectativa é de que o crescimento desacelere a 1,1% (na pesquisa em maio, esperava-se alta de 1,7%).
Há também expectativa por desaceleração “significativa” na inflação, diz a Nabe, mas sem concordância sobre o ritmo. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) deve subir 3,2% no quarto trimestre, na comparação anual no país. No quarto trimestre de 2024, a alta anual deve estar em 2,4%, apontam os consultados.
Já para o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), as expectativas são de 3,1% de alta no quarto trimestre de 2023, ante igual período de 2022, e de avanço de 2,2% no ano que vem. A meta do Fed é de inflação em 2%.
Ainda na pesquisa, 46% dos economistas ouvidos acreditam que o núcleo da inflação irá desacelerar a 2% antes do fim de 2024. Já 54% creem que isso ocorrerá apenas em 2025 ou mesmo depois.
Os especialistas ouvidos acreditam que haverá pouco emprego gerado nos EUA em 2024, e esperam que a taxa de desemprego esteja em 3,5% no quarto trimestre deste ano e em 4,3% no quarto trimestre do ano que vem.
A maioria dos analistas consultados também avalia que o Fed já atingiu o pico em seu ciclo de aperto monetário. Mais de um terço deles acredita que o primeiro corte de juros do BC norte-americano virá já no primeiro trimestre de 2024. Os economistas citam ainda um aperto excessivo na política monetária como o principal risco de baixa para os EUA.
Investing - SP 10/10/2023
Taxas de juros mais elevadas por um período prolongado provavelmente reduzirão em 0,5% o crescimento econômico dos Estados Unidos e podem forçar empresas abertas não lucrativas a começarem a reduzir sua força de trabalho, escreveram estrategistas do Goldman Sachs (NYSE:GS) em nota no domingo.
Os títulos de curto prazo têm oscilado perto de máximas em 17 anos, à medida que o crescimento dos empregos nos EUA continua a sugerir força na economia. A resiliência do mercado de trabalho e dos gastos do consumidor diante do ciclo de aumento agressivo das taxas de juros pelo Federal Reserve provavelmente significa que a taxa neutra -- o nível no qual as taxas de juros começam a pesar sobre a economia -- é mais alta do que na última fase, observou a empresa.
Como resultado, a taxa de referência atual do Fed não está alta o suficiente para causar uma recessão, tornando menos provável que o banco central sinta a necessidade de cortar as taxas de juros, escreveram os analistas do Goldman Sachs.
"Os mercados se tornaram menos confiantes de que a queda na inflação será suficiente para provocar cortes em breve", escreveu o banco, acrescentando que um período prolongado de taxas elevadas pesará muito sobre cerca de 50% das empresas de capital aberto que não eram lucrativas em 2022.
Uma onda de empresas cortando custos por meio da redução de gastos ou da diminuição do número de funcionários poderia criar um impacto negativo na taxa de crescimento de empregos em 20.000 por mês e reduzir 0,2% do PIB, estimou o Goldman Sachs.
Taxas mais altas provavelmente também elevarão a relação dívida/PIB dos EUA de 96% para 123% na próxima década, disse a empresa. No entanto, a companhia não vê os níveis crescentes de dívida gerando um acordo fiscal em Washington a curto prazo.
"Acreditamos que é improvável que a preocupação com a sustentabilidade da dívida leve a um acordo de redução do déficit em breve devido ao impasse no Congresso, à falta de atenção política para a redução do déficit e às próximas eleições de 2024", escreveu.
"E com nenhum dos prováveis candidatos à Presidência focados na redução do déficit, não está claro o quanto mudará após a eleição."
O Estado de S.Paulo - SP 10/10/2023
O diretor de política monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse nesta segunda-feira, 9, que a barra para mudar o ritmo de corte da Selic é alta, para cima ou para baixo, mas pontuou que o cenário de inflação é benigno e que a autoridade monetária analisa dados a cada reunião para ajustar os rumos da política monetária. Ele ressaltou que o ritmo de corte de 0,5 ponto porcentual das duas últimas reunião deve permanecer.
Galípolo participou da LiveBC, programa semanal da autoridade monetária, que na edição desta segunda explica como é executada a política monetária para controlar a inflação.
Cenário se mostra desafiador no mercado financeiro
Ao ser questionado sobre o espaço para a continuidade da queda da taxa de juros, ele reiterou que o BC persegue a meta de inflação, que está caminhando em trajetória benigna, mas com pontos de atenção. Ele citou o mercado de trabalho aquecido e o cenário internacional, com o preço do petróleo e câmbio, como exemplos.
“Vou usar uma expressão que eu vi o Roberto (Campos Neto, presidente do BC) usar em uma reunião. Quando a gente diz que a barra é alta para mudar o ritmo (de cortes na taxa Selic) vale para todos os lados, para cima e para baixo. Hoje, o cenário para inflação é mais benigno”, disse.
Galípolo avaliou que o foward guidance (ferramenta para guiar a economia e influenciar a expectativa do mercado) é um “esporte de altíssimo risco”, especialmente para países emergentes. “Estamos analisando os dados reunião a reunião para ver como a economia reage e poder ajustar nossa política monetária”, disse. Agora, por exemplo, o BC monitora os desdobramentos da guerra entre Israel e Hamas.
“Entendemos que o passo de corte de 0,5 ponto porcentual tem sido adequado, e analisamos permanecer. É um passo que permite ajustar o nível de contração da política monetária e ganhar tempo, observar as reações que a economia vai ter em função desses cortes”, disse.
Ambiente de incertezas
Em outro evento que participou mais cedo nesta segunda, o diretor de Política Monetária do BC disse que a instituição deve ter “a devida humildade” no enfrentamento de um ambiente de incertezas e que, por isso, a comunicação da instituição empregou palavras como parcimônia e serenidade para falar com a sociedade.
“Com o caminho que se desenhou, a gente entende que o passo de corte de juros brasileiro, de 0,50 ponto porcentual, permite simultaneamente ajustar o nível de contração em que a política monetária se encontra e ir observando esses fenômenos domésticos e internacionais para entender e depurar o que está acontecendo na economia”, argumentou, na reunião do Conselho Empresarial de Economia da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
Segundo ele, as reações da economia não têm acontecido sempre da forma esperada pelos analistas.
Galípolo citou o caso do mercado de trabalho, que apesar de aquecido, não vem se refletindo em pressões inflacionárias maiores. Este é um tema, segundo ele, que está sendo discutido no mundo todo, e não é uma jabuticaba brasileira.
O diretor também comentou que, apesar da mudança vista recentemente no mercado internacional, o comportamento da moeda brasileira está relacionado com o quadro externo, mas de acordo com seus pares, outros países emergentes.
“O Brasil conseguiu e consegue, apesar disso, seguir corte de juros no passo que foi anunciado pelo BC desde agosto, primeiro porque a inflação vem demonstrando um comportamento benigno, com surpresas positivas tanto do crescimento econômico quanto da inflação”, disse Galípolo. “Além disso, a inflação de serviços tem sido mais resiliente, mas historicamente esse grupo sempre roda acima dos outros preços”, continuou, dizendo que o tema vem sendo olhado com muito cuidado pelo BC.
Moedas dos emergentes
Ele disse que as mudanças recentes no quadro econômico mundial têm feito com que boa parte das moedas de países emergentes percam valor. “Os países emergentes costumam pagar um diferencial de juros como um prêmio para atrair investimentos”, afirmou.
Segundo ele, num cenário de prêmio mais elevado nos EUA, o diferencial se estreita para os emergentes.
Conforme o diretor, o estreitamento leva esses países a ficarem com um espectro da política monetária mais restrito. “A gente tem um cenário internacional agora, no segundo semestre, mais desafiador e desafios novos têm surgido”, pontuou, citando a guerra deflagrada neste fim de semana em Israel.
Variação do dólar e do petróleo
Galípolo comentou que os problemas da Palestina começaram ainda no pós-Primeira Guerra Mundial. “O envolvimento do Irã em conflito pode afetar o preço do petróleo”, disse.
Ele salientou que tanto o dólar quanto o preço do petróleo foram dois riscos já mencionados pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em seus comunicados oficiais e destacou que nesta segunda pela manhã o valor da commodity registrava uma alta próxima a 5% depois que foram feitas correlação do conflito com o Irã, e como isso pode afetar os preços.
A posição do Brasil nesse aspecto, de acordo com Galípolo, é bastante diferente agora em relação ao passado, porque passou a ser produtor. “Passa a ser um alerta para a gente em função dos impactos nos preços domésticos, dado o impacto que o preço do petróleo tem em uma série de insumos e bens que a gente consome aqui e com a correlação com o dólar”, destacou.
O Estado de S.Paulo - SP 10/10/2023
Superávit comercial contribuirá para aumento do PIB, mas dados embutem sinal de alerta
Sucessivos desempenhos positivos da balança comercial projetam para 2023 superávit recorde de US$ 93 bilhões, estimativa tanto do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) quanto da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). De janeiro a setembro, o saldo de US$ 71,31 bilhões já é 16% superior ao registrado em todo o ano de 2022.
A expressiva exportação de commodities agrícolas e minerais fará do resultado do comércio exterior a melhor notícia da economia neste ano, apesar de os preços de alguns importantes produtos, como soja e milho, estarem mais baixos do que no ano passado, como mostrou reportagem do Estadão. O saldo ajudará a empurrar para cima o Produto Interno Bruto (PIB).
No boletim Visão Geral da Conjuntura de setembro, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revisou para cima sua expectativa de alta do PIB, de 2,3% para 3,3%. Além do forte desempenho agropecuário, que estima crescer em 15,5%, o prognóstico tem grande influência da alta das exportações, que se situa em 8,5%, e da queda de 0,5% das importações.
E aí está o ponto de divergência entre governo e exportadores. Enquanto o vice-presidente Geraldo Alckmin, titular do MDIC, usou as redes sociais para classificar o superávit comercial como uma “notícia triplamente positiva” por contribuir para o crescimento econômico, a inovação e a geração de empregos, José Augusto de Castro, presidente da associação de comércio exterior, destacou o caráter negativo do resultado por ser fortemente influenciado pela redução das importações, e não exatamente pelo aumento da atividade.
Há, de fato, no monitoramento dos dados, um importante sinal de alerta a ser observado pelo governo. Ainda que o desempenho extraordinário do agro esteja sendo ditado pela competitividade alcançada pelo setor, o escoamento da produção no mercado internacional tem sido muito beneficiado pelos baques sofridos por concorrentes que tiveram colheitas atingidas por problemas climáticos, como Estados Unidos e Argentina.
O Brasil, que passa, na cultura agrícola, razoavelmente ileso aos prejuízos da crise climática, deve produzir neste ano mais de 300 milhões de toneladas de grãos, outro recorde. É essa supersafra que vem sustentando o bom resultado das vendas, que poderia ser melhor, se os preços continuassem no mesmo ritmo de 2022. Mas, pelo menos, mantêm-se em nível superior ao de antes da pandemia.
A questão, também destacada no boletim do Ipea, é a queda dos investimentos do setor produtivo, destacados pela rubrica Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). A projeção é que, neste ano, o resultado seja 2,1% menor do que o pífio avanço de 0,9% de 2022. O pior é que a queda tem sido constatada especialmente no setor de máquinas e equipamentos, o principal indicador da atividade industrial. Aí está a essência do problema.
A indústria, que respondia por quase 50% das exportações nos anos 2000, não chega a bater 30% atualmente. A agropecuária tem dado suporte fundamental à economia, mas sem a indústria o PIB brasileiro não conseguirá se firmar.
Infomoney - SP 10/10/2023
As ações da Vale (VALE30 registram uma sessão de queda nesta segunda-feira (9), acompanhando o minério de ferro na volta do feriado chinês. Às 10h27 (horário de Brasília), os ativos VALE3 caíam 1,39%, a R$ 65,93.
Os contratos futuros de minério de ferro caíram nesta segunda-feira, com o índice de referência de Dalian atingindo seu nível mais baixo em quase seis semanas após o feriado chinês da Golden Week, já que as margens negativas das siderúrgicas, as restrições à produção e a recuperação econômica incerta na China pesaram sobre o sentimento.
O minério de ferro mais negociado para janeiro na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com queda de 2,8%, a 828 iuanes (US$ 113,50) por tonelada, depois de ter atingido mais cedo 822,5 iuanes, seu nível mais baixo desde 30 de agosto.
Na Bolsa de Cingapura, o contrato de referência do ingrediente siderúrgico para novembro recuou 2,3%, a US$ 112,25 por tonelada, ampliando as perdas para a quinta sessão consecutiva.
Após os ganhos robustos do terceiro trimestre, impulsionados pelas medidas de estímulo da China para sua economia em declínio e para o setor imobiliário em dificuldades, os preços do minério de ferro podem se suavizar no curto prazo, uma vez que os fundamentos do mercado estão enfraquecidos e a recuperação da China permanece incerta, disseram os analistas.
“Neste mês, os fundamentos do mercado de minério de ferro na China… podem começar a se deteriorar”, disse a consultoria Mysteel em sua perspectiva mensal, citando o aumento da oferta e a redução da demanda no país, que responde por mais da metade da produção mundial de aço.
Algumas usinas membros da associação de minério de ferro e aço da província de Yunnan decidiram reduzir a produção de aço em outubro para conter as perdas, segundo a Mysteel.
Os dados comerciais da China para setembro, incluindo as importações de minério de ferro, serão divulgados na sexta-feira e poderão fornecer uma nova visão sobre a demanda de aço e minério de ferro.
Os sinais de aprofundamento da crise no setor imobiliário da China também mantiveram o mercado nervoso, com a mídia local informando que a incorporadora Country Garden pode anunciar uma reestruturação de dívida offshore em breve, enquanto os detentores de títulos da China Evergrande Group levantaram preocupações sobre uma possível liquidação.
Valor - SP 10/10/2023
Com isso, as perdas acumuladas pela commodity em outubro chegaram a 2,9%. No ano, a principal matéria-prima do aço voltou ao terreno negativo, com baixa de 0,9%
Os preços do minério de ferro ampliaram o ritmo de queda no mercado à vista nesta segunda-feira, com o fim do feriado prolongado na China e preocupações renovadas com a capacidade de retomada da segunda maior economia do mundo.
O dia também foi de queda no mercado futuro, que ficou fechado durante o feriado, levando as cotações aos níveis mais baixos em seis semanas.
Em relatório publicado ontem, a consultoria Mysteel destacou que a maior disponibilidade de minério no mercado global, em um momento de enfraquecimento da demanda por parte das siderúrgicas chinesas, deve desenhar um cenário de sobreoferta em outubro, com potencial queda acentuada dos preços.
No norte do país asiático, segundo índice Platts, da S&P Global Commodity Insights, o minério com teor de 62% de ferro encerrou o dia com baixa de 2,6%, para US$ 116,35 a tonelada.
Nas últimas sessões, as variações diárias foram levemente negativas, mas a liquidez no mercado transoceânico estava reduzida pelo feriado.
Com isso, as perdas acumuladas pela commodity em outubro chegaram a 2,9%. No ano, a principal matéria-prima do aço voltou ao terreno negativo, com baixa de 0,9%.
Na Bolsa de Commodity de Dalian (DCE), os contratos mais negociados, com entrega em janeiro, fecharam o dia com queda de 2,8%, para 828 yuan (cerca de US$ 113,50) por tonelada.
Exame - SP 10/10/2023
Chegou o momento de parar de vender as ações da Vale (VALE3). A avaliação é dos analistas do UBS BB, que elevaram a recomendação para os papéis de “venda” para “neutra”, com preço-alvo de US$ 14 – um potencial de valorização (upside) de 9,7%.
O principal motivo para a virada é a perspectiva para os preços do minério de ferro, que também foi revisada para cima. “Agora esperamos que o minério se mantenha na faixa atual de negociação, de US$ 100 a US$ 130 por tonelada, durante os próximos seis meses”, afirmaram os analistas.
E esse cenário, por sua vez, deve repercutir nos dividendos. “Em nossa opinião, isso permitirá à Vale pagar dividendos atraentes nos próximos 12 meses, em torno de US$ 4,6 bilhões”, informou o relatório.
Valor - SP 10/10/2023
Governo do Estado se comprometeu com o benefício para veículos com valores até R$ 300 mil; acima desse montante a alíquota será fixa em 2,5%
Chuanfu, fundador da BYD: “Queremos apoiar a Bahia, especialmente Camaçari, a se tornar o Vale do Silício do Brasil” — Foto: Divulgação
Em evento na antiga fábrica da Ford, na cidade baiana de Camaçari, a chinesa BYD formalizou na segunda-feira (9) seus planos para iniciar a fabricação de carros elétricos no Brasil. A intenção é que a produção comece entre fins de 2024 e início de 2025. Pelo cenário traçado pela empresa, a produção anual será de 150 mil veículos.
Durante o evento de lançamento da pedra fundamental da futura fábrica, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), anunciou um projeto de lei do governo do Estado, a ser discutido pelo Legislativo, que prevê isenção de 100% de IPVA de carros elétricos até R$ 300 mil e IPVA fixo de 2,5% para veículos elétricos acima desse preço. Segundo ele, isso havia sido pactuado com os chineses.
A BYD promete investir R$ 3 bilhões na sua primeira fábrica de carros híbridos elétricos fora da Ásia. Os chineses dizem que serão criados mais de 5 mil empregos.
O senador baiano Otto Alencar (PSD) afirmou que, além da isenção prevista pelo governo baiano, está encaminhada no Senado estímulos ao setor que beneficiariam a BYD. Além de carros, a companhia planeja fabricar ônibus e caminhões elétricos em Camaçari.
O projeto da fábrica da empresa no Brasil tem sido objeto de intensas discussões - e envolveram diretamente o presidente Lula e o CEO global e fundador da companhia, o bilionário Wang Chuanfu.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que Lula telefonou para o empresário pouco antes do evento para cumprimentá-lo pela fábrica. Chuanfu veio ao Brasil para participar da cerimônia.
Para que um empreendimento pudesse ser anunciado, o governo na Bahia precisava formalizar com a Ford um contrato que estabelecesse que o complexo industrial e também o Porto de Aratu passasse para as mãos do Estado. Esse contrato foi assinado no dia 4. A Ford encerrou suas atividades em Camaçari em 2021.
As instalações da futura fábrica têm um ar de abandono. As paredes dos prédios estão com a pintura gasta e o mato em volta cresceu. Na entrada, a placa já exibe a logomarca da montadora chinesa.
Nos discursos que se seguiram durante o evento, nenhum deles tratou de um ponto específico do projeto da BYD: quanto a empresa pagará ao Estado para assumir tanto as instalações industriais quanto as instalações do porto.
Após as apresentações o Valor fez essa pergunta à vice-presidente-executiva e CEO para as Américas do grupo, Stella Li. Ela afirmou que os detalhes ainda estão sendo discutidos.
Algumas horas depois, por meio de nota, a empresa afirmou: “O termo de concessão onerosa entre o governo da Bahia e a BYD tem o compromisso de investimento, a geração de empregos e o desenvolvimento econômico e social como pilares estruturais. Não havendo valores de aquisição, pois é uma concessão com o fim de produzir automóveis.”
A BYD já tem plantas de chassis de ônibus e de painéis solares em Campinas (SP) e em Manaus (de baterias veiculares).
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, afirmou durante o evento que a futura fábrica de carros elétricos em Camaçari se encaixa no que o governo tem chamado de neoindustrialização, com desenvolvimento e sustentabilidade.
A perspectiva dos chineses é que gradualmente empresas brasileiras que fornecem peças para o setor aumentem sua participação na cadeia de fornecimento para os carros elétricos que serão produzidos na Bahia.
Em um discurso lido, em mandarim, Wang Chuanfu, apresentou a empresa como sendo a maior do mundo em veículos movido, segundo ele, à nova energia, com projetos em mais de 75 países.
E, com uma dose de exagero, falou dos planos da BYD para a Bahia, para além da fábrica. “Nós queremos apoiar a Bahia, especialmente Camaçari, a se tornar o Vale do Silício do Brasil. Por isso, nós vamos construir um centro de pesquisa e desenvolvimento em Salvador”, disse. A capital baiana fica cerca de uma hora de Camaçari.
“Ao mesmo tempo nós já estamos trabalhando duro para criar uma solução brasileira para o nosso carro híbrido: combinação de etanol e energia elétrica.”
O repórter viajou a convite da BYD
Valor - SP 10/10/2023
Mitsubishi Chemical Group e Asahi Kasei estão entre as empresas japonesas que pesquisam meios de aumentar a produção de materiais que permitem aos veículos eléctricos viajar mais longe.
A Mitsubishi Chemical aumentará a produção de substratos para semicondutores de potência mais modernos, feitos de nitreto de gálio (GaN), para uso em motores de veículos elétricos.
A empresa busca reduzir custos e, eventualmente, realizar a produção em massa com um método de fabricação de cristal GaN que aumenta em dez vezes a eficiência da produção.
A Mitsubishi Chemical fornecerá matérias-primas e terceirizará a fabricação de substratos para uma fábrica da Japan Steel Works em Hokkaido, com o objetivo de quintuplicar sua capacidade de produção até 2025 em relação ao nível registrado em 2022.
Os semicondutores de potência controlam e convertem energia elétrica e são usados em dispositivos que conectam motores e baterias de carros elétricos.
Reduzir a perda de potência pode aumentar a autonomia de cruzeiro de um veículo elétrico. O GaN, por exemplo, reduz a perda de energia em mais de 10% em comparação com o silício, que é atualmente o material de substrato mais usado
A Sumitomo Chemical, maior fabricante mundial de substrato de GaN, lançará um produto em 2026 que duplicará a área de superfície máxima atual. Quanto maior a área de superfície, maior o número de chips que podem ser cortados de uma só vez, aumentando a eficiência dos fabricantes de equipamentos eletrônicos.
A Shin-Etsu Chemical também desenvolveu tecnologia em conjunto com a Oki Electric Industry para fabricar materiais semicondutores de energia usando GaN a um custo mais baixo. As empresas pretendem aumentar o tamanho dos substratos até o final do ano fiscal de 2025.
A maior parte do gálio vem da China, que introduziu restrições à exportação baseadas em licenças em agosto.
“Temos estoques domésticos mantidos por nossos fornecedores, portanto não há problemas de abastecimento no momento”, disse um representante da Mitsubishi Chemical.
A Asahi Kasei está aumentando a produção de materiais de resina usados para revestir baterias de veículos elétricos. O tempo frio pode limitar o desempenho das baterias de ions de lítio utilizadas nos veículos elétricos, encurtando a autonomias.
Revestir uma bateria com um material de resina semelhante à espuma pode melhorar o isolamento. A autonomia do carro pode ser ampliada em vários pontos percentuais, mesmo em locais com temperaturas tão baixas quanto 20°C negativos, afirma a empresa.
A capacidade de produção numa fábrica na província de Mie mais do que triplicou, para aproximadamente 2 mil toneladas por ano, o suficiente para cerca de 2 milhões de veículos elétricos a uma taxa de 1 quilograma por veículo.
Para aumentar a autonomia, melhorar o desempenho do motor também é essencial. A JFE Steel está considerando investir cerca de 95 bilhões de ienes (US$ 636 milhões) para expandir as instalações de produção de chapas de aço elétrico de alto desempenho, o que pode reduzir a perda de energia nos motores.
A Nippon Steel também planeja investir cerca de 90 bilhões de ienes para aumentar a capacidade de produção de chapas similares.
Além disso, a Daikin Industries está desenvolvendo um material refrigerante que economiza energia em sistemas de ar-condicionado, como forma de ajudar a aumentar a autonomia. Como os aparelhos de ar-condicionado consomem grandes quantidades de eletricidade, o refrigerante permitiria que mais energia fosse alocada para outros sistemas do veículo.
A empresa investirá vários bilhões de ienes para instalar uma planta de testes em uma fábrica na província de Ibaraki, iniciando a produção de amostras em 2024. A ideia é apresentar o produto já em 2027.
As vendas globais de veículos elétricos atingirão 36,9 milhões de unidades em 2030, um aumento de 2,6 vezes em relação à previsão para 2023, representando mais de 35% das vendas de veículos novos, de acordo com a Agência Internacional de Energia.
CNN Brasil - SP 10/10/2023
Cerca de dez mil veículos produzidos no Brasil esperam em portos argentinos autorização para entrar no país vizinho. A demora se deve a barreiras do governo de Alberto Fernández às importações, para evitar a saída dos dólares das reservas argentinas.
Segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Estatísticas da Argentina, em agosto, o total de importações do país foi 12,4% menor do que no mesmo período do ano passado.
As importações de veículos caíram 17,8% nos oito primeiros meses do ano em relação a 2022 e, quando comparado somente com agosto, um dos meses de mais restrições deste ano, a queda foi de 88,1%.
E o Brasil, que produz cerca de 80% dos carros importados pelo país, é fortemente afetado pelas restrições.
O argentino Francisco Olivera conta que precisava trocar de carro, mas soube na concessionária que teria de esperar vários meses pelo modelo que queria, que era fabricado no Brasil.
“Nos disseram que o prazo mínimo para a entrega era maio do ano que vem”, afirma Francisco.
Além de entrar em uma lista de espera, havia incerteza sobre o custo do carro quando entrasse no país. A solução foi buscar um modelo de outra marca.
“No fim das contas, como eu tinha que trocar de carro, tive que comprar um que eu não queria, mas que era o que tinha”, acrescenta.
Até setembro, cerca de 20 mil veículos fabricados no Brasil se acumularam em portos argentinos esperando autorização para entrar no país vizinho.
Hoje, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) estima que 10 mil unidades estejam esperando liberação.
“Cerca de 50% dos carros não estão com importação aprovada, a entrada ainda está pendente. Isso faz com que não haja certos produtos, principalmente os que vêm do Brasil, e se sente um pouco no abastecimento”, explica Horacio Jack, diretor da Associação de Concessionárias da Argentina.
Com falta de importados, alguns usados estão mais caros do que carros zero quilômetro.
“Quanto vale um litro de água no meio do Saara? Você fica com um mercado mais restrito, com menos unidades e com menos para escolher. Você tem duas opções: ou compra nesse mercado o que tem, ou vai ao mercado de usados que é muito mais amplo, encontra o produto que você gostaria de ter um zero quilômetro e tenta buscar o mais novo possível. E você paga”, avalia Alejandro Lamas, secretário da Câmara de Comércio Automotor da Argentina.
Para liberar parte dos veículos que esperam para entrar no país, o governo fez um acordo com as montadoras. Os carros deveriam ser importados com dólares próprios e não com o oficial, que seria mais barato.
E pelo menos um modelo de cada marca deve ter preço congelado até o fim deste mês, quando acontecem as eleições presidenciais.
Mas as restrições também preocupam outros setores de bens e serviços. E empresários estão reorganizando estoques e manufaturas que dependem de importados.
“As empresas estão readequando seus níveis de produção e de utilização de planta em função de quando vão chegando os insumos, sem poder planejá-la normalmente”, explica Federico Amos, presidente da Câmara de Comércio Argentino Brasileira.
O Estado de S.Paulo - SP 10/10/2023
Em cerimônia com apresentação de um grupo de samba, que levou o reservado fundador e presidente da BYD mundial, Wang Chuanfu, a seguir o vice-presidente Geraldo Alckmin e dar, em sua primeira visita ao Brasil, uns passinhos de dança, o grupo chinês assumiu oficialmente nesta segunda-feira, 9, as instalações da antiga fábrica da Ford na Bahia.
No ato simbólico de lançamento da pedra fundamental, a empresa confirmou a produção de três modelos, o híbrido flex Song e os elétricos Dolphin e Yuan, além de ônibus e caminhões.
O investimento já anunciado de R$ 3 bilhões será gasto na remodelação da fábrica para novas linhas de produtos eletrificados, equipamentos para a produção e desenvolvimento de uma tecnologia inédita de sistema flex a etanol para o Song. O início da produção está previsto para o final de 2024.
A unidade de automóveis terá capacidade inicial de 150 mil unidades ao ano, volume que, a partir de 2025, deverá ser ampliado para 300 mil unidades, com novos aportes. O grupo já chegou a falar em até R$ 10 bilhões.
Na segunda fase também está prevista uma unidade de processamento de lítio, completando assim as três fábricas que o grupo prometeu ao governo da Bahia. A intenção é gerar cerca de 5 mil empregos diretos e indiretos.
Renovação de incentivos para o Nordeste
Durante a cerimônia, o governador baiano, Jerônimo Rodrigues (PT), afirmou já ter enviado à Assembleia Legislativa um projeto que isenta de IPVA carros elétricos de até R$ 300 mil. Já o senador pelo Estado, Otto Alencar (PSD), disse já ter encaminhado ao Senado um artigo que inclui no texto da reforma tributária a ser votado a extensão de incentivos para o Nordeste até 2032. “O Senado vai aprovar”, afirmou.
O programa especial, que também envolve montadoras do Centro-Oeste, oferece descontos no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e está previsto para acabar em 2025. A extensão por mais sete anos já vinha sendo defendida pelo grupo Stellantis, que tem fábrica em Pernambuco, e ganhou o reforço da marca chinesa.
A prorrogação do prazo, entretanto, tem forte oposição das montadoras do Sul e do Sudeste, num movimento liderado por General Motors, Nissan, Volkswagen e Toyota. Elas veem na medida uma concorrência desleal com a Stellantis (dona das marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën), embora concordem com exceções para as montadoras recém-chegadas, como é o caso da BYD.
Em discurso em mandarim, não traduzido ao público presente, Chuanfu afirmou que sua empresa “quer apoiar a Bahia, especialmente a região de Camaçari, a se tornar o Vale do Silício do Brasil”. O grupo vai construir em Salvador um centro de pesquisa e desenvolvimento.
“Já estamos trabalhando duro para criar a solução brasileira para nossos carros híbridos plug-in, a combinação de etanol e energia elétrica”, disse Chuanfu. Segundo ele, são “duas fontes de energia limpa para levar o Brasil em direção a um futuro mais verde”.
Antes do evento, ele conversou, por telefone, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não foi à Bahia por estar se recuperando de uma cirurgia. Stella Li, vice-presidente global do grupo e presidente para as Américas, reforçou que o Brasil é um país estratégico para a BYD no mundo, pois é o maior mercado consumidor da América Latina, para onde a marca planeja exportar os modelos fabricados na Bahia.
Líder em elétricos no Brasil
A marca vendeu 2,1 mil modelos importados em setembro, ultrapassando a Toyota, que já tem produção local de híbridos flex e sempre esteve à frente dos concorrentes no segmento. O Dolphin, lançado em julho, foi o carro elétrico mais vendido no País, com 1.036 unidades negociadas.
No mercado global, a marca chinesa está perto de ultrapassar a Tesla como maior fabricante de carros elétricos, o que pode ocorrer até o fim do ano, já que a diferença atual é de apenas 3,4 mil unidades.
A fábrica da Ford ficou foi fechada em 2021, quando o rupo desistiu de produzir veículos no País e, desde então, o grupo negociava sua venda. Para efetivar a negociação com a BYD, o grupo americano devolveu as instalações para o governo baiano, que pagou R$ 220 milhões para cobrir gastos de prédios e infraestrutura feitos pelo grupo americano. O repasse para a BYD será feito inicialmente por meio de contrato de concessão./A repórter viajou a convite da BYD
O Estado de S.Paulo - SP 10/10/2023
Criada na China em 1995 como uma empresa de baterias para celulares por Wang Chuanfu, então com 19 anos, a BYD (inicialmente NiMH), abriu seu capital em Hong Kong em 2002. No ano seguinte, o executivo usou parte do dinheiro que ganhou na aquisição de uma estatal quase falida que atuava na fabricação de automóveis.
Em 2005, lançou seu primeiro carro a combustão, o F3, uma cópia do Toyota Corolla. Chuanfu conta ter percebido, logo depois, que “as alterações climáticas e os congestionamentos nas cidades seriam os principais problemas que a sociedade enfrentaria”.
Em 2008, a empresa entrou no segmento de eletrificados e, desde então, cresce em ritmo acelerado. Hoje, a empresa cujo nome são iniciais de Build Your Dreams (Construa Seus Sonhos), está muito perto de desbancar a badalada Tesla como maior fabricante de veículos elétricos do mundo.
Dados recentemente divulgados sobre o balanço de vendas do terceiro trimestre mostram a BYD com 431,6 mil veículos elétricos vendidos, 23% a mais ante o trimestre anterior. A Tesla Motors vendeu 435 mil automóveis em todo o mundo — 3,4 mil unidades à frente.
As duas companhias têm projeções similares para as vendas totais de elétricos no ano todo, de 1,8 milhão de unidades, mas, pela rapidez com que a chinesa tem conquistado mercado com oferta de veículos de bom nível e custo competitivo em relação aos das concorrentes, as apostas de analistas são de que a chinesa fechará 2023 como líder do segmento.
Somando modelos híbridos plug-in, que também produz, o grupo já ultrapassou a Tesla no ano passado, tornando-se a maior produtora global de veículos eletrificados. Na soma das duas tecnologias, a previsão da BYD é de comercializar mais de 3 milhões de veículos até o fim do ano, volume que inclui ônibus e caminhões.
Se a conta incluir os veículos híbridos, a BYD comercializou 822.094 veículos entre julho e setembro, consolidando a empresa como a líder de vendas na indústria automotiva chinesa. O grupo hoje é um conglomerado que atua em vários segmentos, como baterias, automóveis, caminhões, ônibus, trens, e semicondutores.
De estilo totalmente diferente de Elon Musk, dono da Tesla, que constantemente está na mídia, muitas vezes envolvido em polêmicas, Chuanfu não é de falar com a imprensa. Ele costuma viajar em classe econômica e carrega sua própria mala. Hoje com 57 anos, tem fortuna avaliada em US$ 19,9 bilhões, enquanto a de Musk, aos 52 anos, está na casa dos US$ 250 bilhões.
O empreendedor chinês nasceu numa aldeia agrícola em uma das províncias pobres da China. Ficou órfão quando era adolescente e foi criado pelos irmãos mais velhos. Na faculdade, destacou-se na área de tecnologia de baterias. É mestre em Ciências pelo Instituto de Pesquisa de Não Ferrosos de Pequim; e bacharel em Artes/Ciências pela Universidade Industrial de Tecnologia.
Warren Buffett é um dos acionistas
Nos negócios, Chuanfu cuida mais do desenvolvimento de produtos e a vice-presidente global e presidente nas Américas, Stella Li, em apresentar a BYD a potenciais parceiros de negócios. Foi ela que, em 2010, atraiu para o grupo a empresa Berkshire Hathaway, de Warren Buffett. Inicialmente ele ficou com 10% das ações do grupo, e hoje tem 8%.
No grupo há 26 anos, Stella, comandou as instalações das três fábricas do grupo no País entre 2015 e 2020, sendo duas em Campinas (SP), que produzem chassi de ônibus elétricos e painéis solares e uma em Manaus (AM), que faz baterias elétricas para seus ônibus.
Stella tem 53 anos e também esteve à frente de todas as negociações com o governo da Bahia para a instalação da fábrica de automóveis eletrificados em Camaçari, que também deve abrigar uma unidade de chassi de ônibus e uma de baterias.
Em visita ao País em julho, ela disse ao Estadão esperar “que o governo se esforce para criar um plano de incentivo muito forte para subsidiar carros elétricos e torná-los mais acessíveis a todos, do contrário a taxa de adoção dessa tecnologia será lenta e isso deixará o Brasil muito atrás de outros países”.
Sorridente, simpática e muito comunicativa, Stella dançou com o grupo Olodum num grande evento organizado pela marca no Farol da Barra, em Salvador, para anunciar suas fábricas no País e o lançamento no País do Dolphin, um dos mais vendidos da marca no mundo e no Brasil.
A ascensão global da BYD é vista como incomum no setor automotivo por analistas. O grupo levou 13 anos para atingir a produção do primeiro milhão de veículos eletrificados, marca alcançada em 2021. No ano seguinte, chegou ao acumulado de 3 milhões e, neste ano, bateu nos 5 milhões em agosto. Além do mercado chinês, onde é líder de vendas, a marca exporta boa parte de seus produtos.
Uma das estratégias do grupo é fazer parcerias com grandes revendedores de veículos dos países para onde está levando seus veículos. É uma forma de deixar o consumidor que não conhece a marca a se sentir tranquilo na compra por saber que terá assistência do concessionário de sucesso na região.
Nesta terça-feira, 10, por exemplo, Chuanfu e Stella vão participar da inauguração de novas instalações para venda de carros da marca do tradicional grupo brasileiro Dahruj, que revende diversas marcas no País.
Valor - SP 10/10/2023
Acordo Schaeffler-Vitesco combinaria a presença mecânica da primeira com as capacidades da segunda em eletrônica de potência, disse o CEO da Schaeffler, Klaus Rosenfeld
A Schaeffler está se oferecendo para comprar o Vitesco Technologies Group em um acordo de 3,64 bilhões de euros (US$ 3,8 bilhões) que reforçaria a presença da fabricante alemã de rolamentos de esferas na cadeia de fornecimento de veículos elétricos.
A companhia, cujos proprietários bilionários já controlam quase metade da Vitesco, informou nesta segunda-feira (09) que ofereceu 91 euros por ação em dinheiro para a empresa, confirmando um relatório anterior da agência Bloomberg. A Schaeffler espera que a transação aumente os lucros antes de juros e impostos em 600 milhões de euros anuais até 2029.
A família Schaeffler controla os fabricantes de autopeças Vitesco, a Schaeffler e a Continental, e quer remodelar o seu império industrial à medida que a mudança para os veículos elétricos acelera. O acordo Schaeffler-Vitesco combinaria a presença mecânica da primeira com as capacidades da segunda em eletrônica de potência, disse o CEO da Schaeffler, Klaus Rosenfeld.
A Vitesco saltou 21%, fechando a 91,15 euros por ação nas negociações de Frankfurt, enquanto a Schaeffler ficou positiva ao ganhar 3,6%, após ter caído quase 10% anteriormente. Embora as notícias de hoje possam surpreender, porque a Schaeffler está interessada em reduzir a sua exposição ao setor automotivo, o acordo preenche uma lacuna no portfólio de mobilidade elétrica da empresa, escreveram os analistas da Oddo em nota.
A empresa terá a holding da família Schaeffler como acionista conjunta e empregará mais de 120 mil pessoas. A família, que detém 49,9% da Vitesco, adicionou a opção de comprar mais 9% através de instrumentos derivativos.
A empresa espera financiar cerca de 1,8 bilhão de euros da oferta, prevendo-se que os níveis de dívida como parte da aquisição comecem a diminuir a partir do próximo ano, disse Rosenfeld.
Família bilionária
As participações da família Schaeffler na Vitesco e na Continental resultam da aquisição da Continental, alimentada por dívidas, em 2008. A mudança, iniciada pouco antes da crise financeira global, quase derrubou a empresa, que teve de pedir apoio de emergência quando os mercados de crédito paralisaram. A família bilionária ainda detém 46% da Continental, que desmembrou a Vitesco em 2021.
Rosenfeld, que atua como CEO da Schaeffler desde 2014, disse que a empresa sediada em Herzogenaurach tomará medidas para simplificar a sua complexa estrutura acionista. Isto inclui a conversão das ações preferenciais sem direito a voto da Schaeffler em ações ordinárias com direito a voto, abrindo caminho para que a empresa seja incluída no índice MDAX da Alemanha.
A família está entre as mais ricas da Alemanha, com a riqueza combinada de Georg Schaeffler e da sua mãe Maria-Elisabeth Schaeffler-Thumann estimada em 7,8 mil milhões de euros.
Remodelando o Império
A Schaeffler garantiu um pacote de financiamento do Bank of America, do BNP Paribas e do Citigroup para a transação e espera custos de integração únicos de até 665 milhões de euros. A empresa tinha cerca de 628 milhões de euros em fluxo de caixa livre anual no final de junho, segundo dados compilados pela Bloomberg. A expectativa é que o negócio seja concluído no quarto trimestre do próximo ano.
A combinação com a Vitesco poderá prenunciar novas medidas para remodelar as participações industriais dos Schaeffler. O CEO da Continental disse recentemente ao jornal alemão Welt am Sonntag que está aberto à venda de negócios se isso ajudar a criar valor.
A empresa já está considerando alienar peças da ContiTech, uma unidade menor que também fabrica peças automotivas, incluindo correias de transmissão e polias de motor.
O Estado de S.Paulo - SP 10/10/2023
A cidade de São Paulo, assim como muitas outras metrópoles, enfrenta desafios complexos em termos de planejamento urbano e desenvolvimento sustentável. Entre as ferramentas fundamentais para lidar com essas questões está a Lei de Zoneamento, que está sendo discutida agora, desempenha um papel crucial na definição do uso do solo e na ordenação do crescimento da cidade. No entanto, para que essa lei seja verdadeiramente eficaz e benéfica para todos os cidadãos, é indispensável que haja um debate público aberto, transparente e inclusivo.
A revisão da Lei de Zoneamento não é uma tarefa trivial. Ela implica em decisões que afetarão diretamente a vida de todos os habitantes da cidade, determinando onde moraremos, trabalharemos, estudaremos e teremos acesso a serviços básicos. Nesse contexto, a participação da população é fundamental. O debate público não deve ser apenas um ato protocolar, mas sim um espaço genuíno de troca de ideias, no qual as vozes dos cidadãos comuns, assim como de especialistas, urbanistas e gestores, possam ser ouvidas e consideradas.
Em minha experiência como coordenadora do processo participativo da revisão do Plano Diretor em 2021, ficou claro o quão crucial é esse envolvimento cidadão. A participação da população nas decisões de planejamento urbano não apenas é obrigatória e enriquece o processo com perspectivas diversas, mas também garante que as políticas urbanas sejam sensíveis às reais necessidades e aspirações dos paulistanos. Há uma frase que eu sempre repito quando estamos no poder público formulando políticas públicas: “se eu não sou da Brasilândia, como eu vou decidir o que é melhor para quem é de lá?”. As decisões não podem ser tomadas a partir de salas com ar condicionado, elas precisam refletir a realidade de quem vive no local.
A Lei de Zoneamento não é apenas um conjunto de regras técnicas, ela tem um impacto direto na qualidade de vida das pessoas. Ao determinar os tipos de construções permitidas, a densidade populacional e a distribuição de atividades comerciais e industriais, a lei influencia diretamente a acessibilidade aos serviços e a mobilidade urbana. Mudanças na lei podem tornar a cidade mais inclusiva e acessível para todos, ou podem agravar as desigualdades existentes.
As principais críticas à atual revisão da Lei de Zoneamento reside na falta de transparência e participação. É vital que as propostas de mudanças sejam debatidas de forma ampla e compreensível para a população em geral. Informar os cidadãos sobre os impactos práticos das revisões, como a possibilidade de morar próximo ao trabalho e serviços essenciais sem onerar as finanças pessoais, é um passo crucial para fomentar um debate informado e produtivo.
É dever das autoridades proporcionar informações claras e acessíveis à população, garantindo que todos possam compreender e opinar sobre as mudanças propostas na Lei de Zoneamento. Além disso, a educação política é um instrumento poderoso para capacitar os cidadãos a participarem de forma ativa e informada nos debates sobre as políticas urbanas, assegurando que suas vozes sejam ouvidas e consideradas no processo decisório.
Questões como a verticalização da cidade e a criação de zonas de uso misto são complexas e multifacetadas. A verticalização pode ser uma solução para a expansão urbana, desde que seja pensada com cuidado e não resulte em problemas como congestionamentos e falta de qualidade de vida. Da mesma forma, as zonas de uso misto podem fomentar uma convivência harmônica entre atividades comerciais, residenciais e de lazer, mas devem ser planejadas de maneira a não marginalizar ou desfavorecer certas partes da população.
Em conclusão, a revisão da Lei de Zoneamento em São Paulo é uma oportunidade crucial para moldar o futuro da cidade. No entanto, essa oportunidade só será efetivamente aproveitada se houver um engajamento genuíno da população. A transparência, a educação política e um debate inclusivo são os pilares fundamentais para garantir que as mudanças propostas resultem em uma cidade mais justa, acessível e sustentável para todos os seus habitantes.
Valor - SP 10/10/2023
Para o ano, a previsão da FGV é que haja uma queda de 1% no faturamento geral do setor de materiais de construção, ante queda de 6,9% em 2022
O faturamento da indústria de materiais de construção apresentou pouca variação em setembro. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve queda de 0,1% no indicador. Em relação a agosto deste ano, a queda foi de 0,2%. Os dados são do Índice Abramat, feito pela FGV para a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção.
O faturamento caiu 2,2% no acumulado do ano e 3% nos últimos 12 meses até setembro.
Na divisão entre o desempenho do setor de materiais de base e de acabamento, em todos os períodos analisados, os itens de base ficaram estáveis ou elevaram seu faturamento, enquanto os itens de acabamento puxaram o indicador para baixo.
Em relação a setembro de 2022, há aumento de 3,5% no faturamento dos materiais de base e queda de 5,4% nos de acabamento. No acumulado do ano, a alta é de 1,3% para a base, com retração de 7,4% para os materiais de acabamento.
Para o ano, a previsão da FGV é que haja uma queda de 1% no faturamento geral do setor de materiais de construção, ante queda de 6,9% em 2022.
O indicador acumulado no ano vem caindo lentamente a cada mês, tendo passado de queda de 3,3% em junho para 2,6% em julho e 2,3% em agosto.
Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção do FGV/Ibre, afirmou em evento da entidade, na última quinta-feira (5), que havia uma previsão mais otimista para o setor no ano, mas que a evolução recente não permite revisar para cima a expectativa de queda de 1%.
Para o ano que vem, Castelo projeta aumento de faturamento, que pode variar de 0,5% a 3,5%, a depender do cenário.
O presidente da Abramat, Rodrigo Navarro, afirmou que pesam a favor da sua indústria, entre outros pontos, o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a implantação do Minha Casa, Minha Vida e a redução progressiva da taxa de juros com inflação sob controle.
A Tribuna - SP 10/10/2023
Em se tratando de infraestrutura nos acessos aos portos, seja aquaviário, rodoviário ou ferroviário, o Brasil apresenta um atraso de 15 anos em comparação a países com grandes complexos portuários inseridos no comércio internacional. A análise é do Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave).
Além disso, a burocracia nos processos aduaneiros também afeta a competitividade e a eficiência do País no mercado externo, segundo especialista ouvido por A Tribuna.
Para o diretor-executivo do Centronave, Claudio Loureiro de Souza, a profundidade dos canais de navegação dos portos é o grande gargalo do setor, pois as novas gerações de navios demandam profundidades cada vez maiores.
Com isso, sem que haja constantes obras de dragagem, o País não consegue receber embarcações modernas. É justamente a partir disso que Souza calcula o atraso do Brasil em relação ao mundo.
“Nós medimos pelo ano do navio mais antigo que já não consegue navegar pelos nossos portos. Temos modelos de 2008 que não conseguem”.
Na estimativa do Centronave, pela falta de profundidade, apenas o Porto de Santos, o maior da América Latina, deixa de movimentar cerca de 500 mil TEU (contêiner de 20 pés) por ano, o que gera uma perda estimada de US$ 21 bilhões ao ano em receitas de importações e exportações, afetando diretamente a balança comercial do País. Hoje, o Brasil recebe apenas navios de até 11,5 mil TEU, enquanto a Ásia, Europa e América do Norte têm capacidade de operar embarcações de até 24 mil TEU.
“A perda de competitividade nacional atrasa o crescimento econômico, atrasando também o desenvolvimento e a geração de novos empregos no País. Para alcançarmos a média mundial, precisamos promover investimentos em terminais com capacidade para atender navios maiores e mais eficientes energeticamente”, afirma Souza.
A Autoridade Portuária de Santos (APS) estima que uma obra de dragagem para rebaixar o leito dos atuais 15 para 17 metros terá início ainda no próximo ano.
Para Souza, a expectativa pelas obras é positiva, mas ressalta que se faz necessário um programa de dragagens permanente. “Isso contribuirá para a chegada de uma nova geração de navios maiores e mais eficientes. Com isso, menores serão os gastos com combustível e o impacto ambiental, já que um navio maior consome proporcionalmente até 68% menos combustível por TEU transportado”, acrescenta.
Caminhões
O ex-diretor da Maersk e CEO da MTM Logix, Mario Verlado, afirma que, além de melhorias em infraestrutura, a tecnologia é o caminho para uma logística eficiente.
“O desafio abrange todo o ecossistema logístico. Por exemplo, a falta de visibilidade em tempo real para caminhões que chegam aos portos cria gargalos e atrasos. Isso poderia ser mitigado implementando sistemas de rastreamento avançados. Muitos processos ainda são manuais, o que não apenas desacelera as operações, mas também aumenta o risco de erros. Automatizar esses processos melhoraria significativamente a eficiência”.
Documentação extensa
Velardo diz também que “o gerenciamento eficaz das áreas ao redor dos portos é essencial. Isso envolve não apenas soluções tecnológicas, mas também melhores conexões rodoviárias e ferroviárias. A adoção de soluções de transporte multimodal em todo o País pode melhorar significativamente a eficiência logística”.
Segundo o ex-diretor da Maersk e CEO da MTM Logix, Mario Verlado, é necessário desburocratizar o desembaraço aduaneiro. “A documentação para um único contêiner entrar nas áreas portuárias é extensa. Simplificar isso por meio de soluções digitais poderia acelerar o processo”.
O especialista em logística diz ainda que a tecnologia que sustenta os processos globais de contêineres está desatualizada, muitas vezes por até duas décadas. “Isso é particularmente evidente no Brasil, onde rotas oceânicas limitadas oferecem tempos de viagem inferiores a dez dias para portos internacionais. Utilizar o tempo que os contêineres passam a bordo para preparar processos de importação poderia ser um divisor de águas”.
Além disso, Velardo diz que “a criação de um padrão global unificado poderia reduzir significativamente os encargos e custos administrativos.
Ele acha que a padronização de documentação e processos aduaneiros podem ter um impacto imediato na redução dos custos de transporte. “Isso é particularmente crucial para o Brasil, dado seus desafios geográficos e status como importador líquido de contêineres”.
Autonomia nos acessos
A Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP) está finalizando uma proposta a ser entregue ao Governo Federal em que busca, entre alguns pontos, dar maior autonomia para concessionárias atuarem em melhorias estruturais dos acessos, o que hoje é de responsabilidade da gestão pública.
O presidente da ABTP, Jesualdo Silva, diz que o principal eixo da proposta que será apresentada ao Ministério de Portos e Aeroportos é transformar os contratos de arrendamento nos de exploração, com natureza privada.
“A partir daí, será possível realizar investimentos de acordo com as demandas. A autoridade portuária tem função exclusiva com a dragagem e não é raro ver ineficiência. Não que as pessoas que trabalham lá são incompetentes, mas todo o arcabouço jurídico impõe ineficiência”.
Uma comitiva da ABTP esteve, na semana passada, em Hamburgo, na Alemanha. O principal objetivo do grupo de 38 representantes foi amadurecer as propostas que serão entregues ao Governo Federal.
Segundo o presidente da ABTP, o exemplo visto no Porto de Hamburgo mostra que o modelo de contratos com natureza privada é possível de ser implementado e demonstra a efetividade para a modernização da infraestrutura. Com esse modelo, as empresas podem dividir custos de obras que julgam necessárias, afastando perdas de negócios.
Portos e Navios - SP 10/10/2023
A indústria de construção naval da Coreia perdeu terreno para a sua rival, a indústria de construção naval chinesa, em setembro.
De acordo com a Clarkson Research, analista do mercado de construção naval e transporte marítimo com sede no Reino Unido, as encomendas globais de navios totalizaram 1,86 milhões de CGT (71 navios) em setembro, uma queda de 59% em relação ao mesmo mês de 2022. Destes, a Coreia recebeu encomendas de 120.000 CGT (quatro navios, 6%). A China recebeu encomendas que totalizam 1,53 milhões de CGT (62 navios, 82%).
Os pedidos acumulados de construção naval global nos primeiros nove meses deste ano totalizaram 30,14 milhões de CGT (1.096 navios), uma queda de 23% em relação aos 39,16 milhões de CGT (1.525 navios) do mesmo período do ano anterior.
As encomendas somadas da Coreia e da China totalizaram 7,42 milhões de CGT (168 navios, 25%) e 17,99 milhões de CGT (726 navios, 60%), respectivamente.
O Estado de S.Paulo - SP 10/10/2023
O preço do petróleo abriu a semana em forte alta no mundo, como consequência da guerra em Israel, motivada pelos ataques terroristas ao país feitos no sábado, 7, pelo grupo Hamas. Na manhã desta segunda-feira, 9, o barril do óleo tipo Brent registrava alta de 3,74%, cotado a US$ 87,74. Já o óleo tipo WTI subia 3,94%, sendo cotado a US$ 86,05.
Para especialistas, a tendência das cotações, pelo menos no curto prazo, é de se manterem pressionadas por conta do conflito, que atinge uma região importante para o abastecimento de petróleo no mundo. Adriano Pires, sócio e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), prevê a commodity chegando a US$ 100 o barril, como ocorreu no início da guerra entre Rússia e Ucrânia, em 2022. O tempo que isso irá durar, porém, ainda é uma incógnita, afirmou.
Segundo ele, com o dólar cotado no Brasil acima dos R$ 5, essa situação poderá levar ao aumento dos preços de combustíveis por aqui nas próximas semanas. “Acho que a Petrobras vai esperar uma semaninha, dez dias, para ver como fica a guerra em Israel. Mas, de qualquer maneira, tem sempre aquele medo de ter uma defasagem muito grande, principalmente em relação ao diesel, pelo risco de ter desabastecimento”, disse Pires. “O mercado de petróleo é muito sensível a questões geopolíticas.”
O Brasil importa cerca de 30% do diesel que consome. A boa notícia, destacou Pires, é a volta das exportações russas do combustível, produto que vinha sendo vendido com desconto de até 18% antes da suspensão das importações. Com a liberação das vendas externas, e se mantido os descontos, o diesel russo pode amenizar a necessidade de aumento pela estatal. “Isso se a guerra não atrapalhar”, destacou. Uma das hipóteses é do diesel russo ser vendido sem desconto, principalmente com o inverno no Hemisfério Norte se aproximando, ressaltou.
Segundo Pires, quando o petróleo tocou US$ 97 na semana retrasada e o dólar disparou, o mercado criou a expectativa de um possível aumento de preços pela Petrobras. Na semana passada, porém, a commodity voltou a ceder e fechou na sexta-feira em torno dos US$ 83 o barril. A defasagem dos derivados da estatal em relação ao mercado internacional, principalmente do diesel, chegou a registrar dois dígitos por vários dias nesse período, mas recuou no final da semana.
Diferenças com 1973
Na avaliação de Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, os desdobramentos da guerra entre Israel e Palestina devem jogar para cima o preço do petróleo, mas a situação do mundo hoje é bem diferente de 1973, quando os conflitos entre os dois países geraram embargos no mundo árabe, que discordava da ofensiva judaica, e fizeram o preço do petróleo triplicar.
“Me parece que temos aqui uma situação diferente de 1973. Vimos o preço subindo muito naquela época porque teve embargo, mas os desdobramentos disso podem envolver pontos mais sensíveis, que são o Irã, a Arábia Saudita e como os Estados Unidos vão participar... Isso pode trazer sim um peso maior para os preços”, disse Arbetman, explicando que a proporção da alta será vista nos próximos dias.
Ele destacou que os Estados Unidos têm feito “vista grossa” para as vendas de petróleo acima da cota pelo Irã, “de cerca de 700 mil barris por dia”, o que pode ser interrompido após os ataques do Hamas.
“A gente pode ver os Estados Unidos não mais relaxando os seus embargos com o país (Irã). No sábado (7), quando Joe Biden (presidente dos EUA) falou que está ao lado de Israel, temos de ver o grau desse lado, porque no passado, os Estados Unidos relaxaram o controle sobre a produção do Irã porque eles não queriam dar mais espaço para a Rússia”, explicou.
Segundo Arbetman, pode ter sim complicação para oferta e demanda num primeiro momento, mas ao contrário de 1973, os passos estão sendo dados com cautela e atualmente há muito mais oferta de petróleo do que há 50 anos, por isso ainda há incerteza sobre o impacto da guerra. “Hoje você tem demanda com mais dúvidas, mas existe oferta que pode ser adicionada pela Arábia Saudita, Emirados Árabes, enquanto Irã e Rússia têm embargos”, afirmou, ressaltando ser lamentável ver esses eventos acontecendo agora.
Valor - SP 10/10/2023
Os preços da commodity subiram 4% nesta segunda-feira, para US$ 88 por barril, um aumento significativo, mas nada parecido com os picos anteriores
Nuvem de fumaça surge no horizonte após ataques de Israel contra a Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas — Foto: Fatima Shbair/AP
Uma guerra imprevisível no Médio Oriente há muito que parece ser o maior risco geopolítico para os preços do petróleo. As crises anteriores no Médio Oriente remodelaram os mercados energéticos, forçando tanto mudanças profundas de regime como mudanças mais prosaicas, como reduções nos limites de velocidade nas autoestradas americanas. Os últimos ataques do Hamas contra Israel desencadearam os combates mais intensos em décadas, mas o impacto nos preços do petróleo é notavelmente moderado até agora.
Os preços do petróleo Brent subiram 4% na segunda-feira, para US$ 88 por barril, um aumento significativo, mas nada parecido com os picos anteriores. Os americanos podem nem ver muito impacto na bomba. Apesar de um aumento de 2,7% nos preços futuros da gasolina na segunda-feira, os EUA os preços da gasolina no varejo devem continuar em sua recente trajetória descendente, diz Patrick De Haan, chefe de análise de petróleo da GasBuddy. Os preços médios estão em US$ 3,70 por galão, queda de 11 centavos na semana passada.
“Por enquanto, o petróleo no curto prazo pode se manter na casa dos US$ 80, mas até que a média nacional caia para a casa dos US$ 3,30, corremos um risco muito baixo de qualquer movimento ascendente nos preços da gasolina”, escreveu De Haan no X, anteriormente conhecido como Twitter.
A situação nos mercados energéticos era muito diferente há 50 anos. Em 1973, a Guerra do Yom Kippur ajudou a iniciar um embargo de petróleo por vários estados árabes que protestavam contra o apoio dos EUA à resposta de Israel. Os preços do petróleo quase quadruplicaram nos três meses seguintes e permaneceram em níveis elevados mesmo depois de o conflito ter sido resolvido.
O presidente Richard Nixon ajudou a estimular uma mudança na forma como a América utiliza o petróleo, desde a alteração dos limites de velocidade até à criação de uma reserva estratégica da commodity. Uma segunda crise petrolífera em 1979, causada pela decisão do Irã de fazer reféns americanos, causou outro aumento dramático. Essa época mudou o mundo. Numa base corrigida pela inflação, os atuais preços do petróleo são aproximadamente os mesmos que eram após a segunda crise.
O último derramamento de sangue é tão chocante como as crises passadas e provavelmente conduzirá a mais violência. O ataque surpresa do Hamas a alvos civis israelenses no fim de semana lançou Israel numa guerra que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu alertou que poderia "mudar o Médio Oriente".
Contudo, a extensão do impacto sobre os preços do petróleo será provavelmente modesta. Se o conflito continuar dentro de Israel, as alterações de preços permanecerão silenciosas. “Israel é um produtor de petróleo muito marginal e, portanto, os desenvolvimentos recentes terão pouco impacto direto no fornecimento do óleo”, escreveu Warren Patterson, analista do ING, em nota.
Os traders de petróleo têm sido cautelosos em apostar em aumentos ou quedas de preços motivados pela geopolítica ao longo dos últimos 18 meses, após a invasão da Ucrânia pela Rússia, porque as atuais mudanças na oferta e demanda foram menores do que alguns analistas previam. Os investidores “não devem esperar um grande aumento no preço do petróleo nos próximos dias”, escreveu o gestor de fundos de hedge Pierre Andurant no X.
A história sugere que o impacto pode ser limitado. “Os conflitos envolvendo Israel e os seus vizinhos árabes imediatos não tiveram impacto duradouro nos preços do petróleo neste século”, escreveu Marko Papic, estrategista-chefe do Grupo Clocktower. "Uma das principais razões é que os estados árabes já não estão estreitamente alinhados na forma como veem Israel. Os palestinos têm poucos aliados verdadeiros na região. A Arábia Saudita está focada no desenvolvimento económico interno e na maximização dos seus interesses a longo prazo. O Egito não apoia o Hamas "A Síria está dizimada pela guerra civil. O Irã continua a ser tão anti-Israelense como sempre, mas é pouco provável que arrisque retaliação por parte de Israel e dos EUA pelo bem dos palestianos."
O mundo mudou de outras formas desde as crises petrolíferas anteriores. Os EUA são hoje o produtor dominante no mundo e pode suprir essencialmente todas as necessidades internas. Possui também uma reserva estratégica de petróleo que, embora consideravelmente inferior à que era antes da invasão russa, ainda contém petróleo suficiente para atenuar os picos de preços, se necessário. “Reservas ainda estão bem acima das mínimas legais e dos 90 dias de cobertura líquida de importações recomendados pela AIE”, escreveu Benjamin Hoff, chefe global de estratégia de commodities do Société Générale, por e-mail.
O cálculo para os mercados energéticos ainda poderá mudar dependendo do papel do Irã no ataque do Hamas. O Irã forneceu apoio ao Hamas e ao Hezbollah, segundo os EUA, embora a extensão desse apoio no último ataque ainda não seja clara. O “Wall Street Journal” informou que responsáveis do Hamas e do Hezbollah afirmam que o Irã esteve diretamente envolvido no planejamento do ataque, uma afirmação que o Irã negou. Israelense e EUA Funcionários do Departamento de Estado disseram não ter provas do envolvimento direto do Irã. Se mais provas forem tornadas públicas e levarem Israel a retaliar diretamente contra o Irã, a guerra poderá expandir-se e causar um impacto maior - e mais difícil de quantificar - nos mercados energéticos.
As exportações de petróleo do Irã serão provavelmente afetadas até certo ponto, independentemente de o país se envolver mais diretamente na guerra. O Irã produz atualmente cerca de três milhões de barris de petróleo por dia, cerca de 3% do mercado global. Sua produção e exportações aumentaram este ano, à medida que os EUA parecem ter sido menos agressivos na aplicação de sanções contra o país, dizem os analistas. A produção iraniana aumentou cerca de 600 mil barris por dia desde janeiro. Mas mesmo que os EUA Se começasse a aplicar sanções de forma mais agressiva e todos esses 600 mil barris saíssem do mercado, isso não teria grande impacto na oferta global. Só a Arábia Saudita tem mais de dois milhões de barris de capacidade não utilizada que poderia trazer de volta ao mercado.
Por uma boa razão, os comerciantes de energia estão a observar de perto o conflito de Israel. O impacto, contudo, poderá não balançar muito o mercado petrolífero. “No curto prazo, portanto, acreditamos que outro capítulo do conflito Israel-Palestina é em grande parte irrelevante em termos macro, como sempre foi”, escreveu Papic. “Isso pode agravar-se num contexto macro já otimista do petróleo, mas não de forma significativa.”
Avi Salzman é redator sênior da Barron''s, cobrindo ações, economia e o impacto das novas tecnologias nos mercados financeiros.
Valor - SP 10/10/2023
Prates ponderou, no entanto, que precisaria haver uma mudança legislativa para realizar essas contribuições
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que a companhia pode elevar a contribuição ao Fundo Amazônia com os resultados da exploração e produção na Margem Equatorial. “A Petrobras é contribuinte do Fundo Amazônia, bem como os governos da Alemanha e da Noruega”, disse a jornalistas após participação em evento organizado pela Câmara de Comércio Noruega e Brasil, pelo Innovation Norway e pelo Consulado Geral da Noruega no Rio.
“A Margem Equatorial pode ser mais uma fonte eventualmente, até uma questão voluntária da Petrobras, de fazer contribuições e associar os resultados da produção de petróleo de lá [da Margem Equatorial]. É algo a se pensar. Já havíamos proposto uma forma de dedicação exclusiva de parte dos royalties, parte dos bônus de assinatura, ou dedicar uma parte dessa receita aos estados da Amazônia.”
O executivo ponderou, no entanto, que precisaria haver uma mudança legislativa para realizar essas contribuições.
Segundo Prates, a proposta seria somente referente às bacias da Foz do Amazonas Pará-Maranhão, que são confrontantes com a Amazônia.
Questionado se a Equinor — empresa norueguesa de petróleo e energia – poderia ser parceira na exploração da Margem Equatorial, Prates afirmou que “todo mundo pode ser parceiro desde que haja sinergia”. “A Equinor é uma empresa muito qualificada, que já temos parcerias.”
Em sua apresentação, o executivo ressaltou a parceria que já existe com a Noruega. “A Noruega está conosco, com a Petrobras, no Fundo Amazônia. E com a opinião pública sobre a importância de explorar a Margem Equatorial com responsabilidade e, talvez, contribuir ainda mais com o Fundo Amazônia”, disse Prates no discurso.
Segundo Prates, a Noruega tem R$ 18,7 bilhões em contratos ativos no Brasil e mantém R$ 8,6 bilhões de pagamentos ao país anualmente.
No evento, o presidente da Petrobras sinalizou que a petrolífera também está interessada em parcerias com a estatal norueguesa Equinor em projetos de eólica offshore e captura e estocagem de carbono. “Estamos em um bom caminho”, afirmou.
Segundo Prates, a Noruega tem R$ 18,7 bilhões em contratos ativos no Brasil e mantém R$ 8,6 bilhões de pagamentos ao país anualmente — Foto: Leo Pinheiro/Valor
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