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09 de Outubro de 2024

SIDERURGIA

Revista Mineração - SP   09/10/2024

A Gerdau e a Metalúrgica Gerdau atualizaram a previsão de investimentos de R$ 9,2 bilhões em Capex Estratégico até 2027. Deste total, R$ 3,4 bilhões já foram investidos e os R$ 5,8 bilhões restantes também foram revistos para os próximos anos.

A projeção atualizada, apresentada durante o “Gerdau Investor Day 2024”, aponta ainda que os investimentos em Capex Estratégico têm o potencial de gerar um retorno de Ebitda anual no valor de R$ 2,8 bilhões.

Conforme informações divulgadas anteriormente, a previsão era de um total de R$ 11,9 bilhões em investimentos de Capex Estratégico entre 2021 e 2026 e de um crescimento potencial do Ebitda anual projetado era de R$ 4 bilhões.

As atualizações das projeções desconsideram projetos já concluídos; a inclusão de projetos de downstream na América do Norte e a readequação de investimentos florestais em função das hibernações de Barão de Cocais e Sete Lagoas (Rota Bio).

As outras estimativas permanecem inalteradas e, segundo a Gerdau, as previsões estão sujeitas a riscos e incertezas do mercado, uma vez que o levantamento dos dados foi realizado com base em premissas da administração das companhias considerando as informações disponíveis.

Além disso, a Gerdau e a Metalúrgica Gerdau destacam que as projeções não caracterizam promessas de desempenho, sendo que os resultados reais das duas empresas para tais indicadores poderão ser materialmente diferentes dos resultados previstos expressa ou implicitamente em tais dados.

ECONOMIA

IstoÉ Dinheiro - SP   09/10/2024

O diretor de Política Monetária do Banco Central e indicado à presidência da instituição a partir de 2025, Gabriel Galípolo, disse que a reação do BC sobre a taxa de juros “é uma reação de quem está buscando ter segurança de que o patamar da taxa de juros está equilibrado para se buscar a meta de inflação”.

Galípolo argumentou que o Brasil vive um momento diferente de outros países e outros blocos. “No sentido da dissonância que pode existir com o momento da política monetária nacional e internacional, é que estamos em momentos distintos. A Europa vem sofrendo desaceleração mais acentuada. Nos Estados Unidos, a volatilidade foi grande sobre o que poderia ocorrer”, declarou.

Segundo o indicado à presidência do Banco Central brasileiro, “a situação do Brasil é outra. Todos os dados que a gente olha demonstram uma economia que parece que a discussão feita por economistas”.

“A reação do BC é uma reação de quem está buscando ter segurança de que o patamar da taxa de juros está equilibrado para se buscar a meta de inflação, que é o nosso mandato, com uma economia mostrando uma pujança maior do que a maior parte dos economistas esperava na virada do ano, mais uma vez”, declarou.

IstoÉ Online - SP   09/10/2024

As expectativas dos investidores com o anúncio de novas medidas de estímulo à economia da China foram frustradas nesta terça-feira, 8. O chefe da Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento (NDRC) do país, Zheng Shanjie, disse em entrevista coletiva que o governo está confiante em manter um crescimento econômico estável e saudável e atingir a meta de crescimento anual, mas não apresentou medidas de grande abrangência para reativar a economia chinesa.

A expectativa dos analistas era pelo anúncio de um pacote na casas dos trilhões de yuans, mas Zheng falou apenas na antecipação de 100 bilhões de yuans (US$ 14,1 bilhões) do orçamento para investimentos do ano que vem e outro montante equivalente para projetos de construção, segundo a imprensa local.

Zheng ressaltou a recuperação do índice de gerentes de compras (PMI) do setor de manufatura, o aquecimento do mercado de ações e a elevação do consumo durante o feriado dos últimos dias, após a implementação de políticas de estímulo. *Com informações da Dow Jones Newswires.

O Estado de S.Paulo - SP   09/10/2024

Coube ao senador oposicionista Marcos Rogério (PL-RO) dar o melhor recado ao economista Gabriel Galípolo, durante a sua sabatina no Senado para ser aprovado para a presidência do Banco Central.

“Vossa senhoria sabe como está entrando para a presidência do Banco Central, mas, se vai sair como Mantega (no caso, o correto seria dizer Alexandre Tombini) de Dilma, ou com a imagem de Meirelles, de Lula, ou Campos Neto, de Bolsonaro, são suas escolhas que vão decidir”, afirmou.

O placar de 26 votos a favor da sua indicação pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), o mesmo de Campos Neto em 2019, indica que Galípolo não deu motivos para maiores preocupações entre os senadores. Nos bastidores, os relatos foram de que ele foi hábil no “beija-mão” feito no mês passado com pelo 65 parlamentares, não só ouvindo com atenção, mas explicando o funcionamento do Banco Central e a política de juros, e isso tornou o clima extremamente ameno durante a sabatina.

Na CAE, o economista lembrou que durante seu mandato como diretor de Política Monetária ele já cortou a Selic, manteve a taxa, e agora está votando pela elevação dos juros. Ou seja, já vivenciou as três possibilidades e não cedeu a nenhum tipo de pressão política.

O início do ciclo de alta dos juros pelo Banco Central na última reunião do Copom esvaziou o discurso da oposição. Ficou mais difícil colocar em xeque a autonomia de Galípolo em relação ao governo federal se ele está seguindo exatamente o que manda o manual da política monetária e acompanhado Campos Neto: os juros sobem se as expectativas de inflação estão desancoradas, exatamente o que acontece agora.

O grande deslize de Galípolo desde que entrou para o BC, assim como o dos outros três diretores indicados por Lula, foi a reunião dividida em 5 a 4, em maio, mas o episódio está cada dia mais superado. Na época, os cinco diretores herdados do governo Bolsonaro votaram por um corte de 0,25 ponto, enquanto os quatro de Lula foram vencidos, ao propor a uma redução de meio ponto.

A volatilidade foi grande, o dólar e as taxas de juros futuras subiram. Com as decisões unânimes nas últimas três reuniões, contudo, a confiança foi praticamente restabelecida.

No mercado, sempre haverá quem questione as suas decisões, já que o economista não é uma “cria da Faria Lima” e estudou na PUC de São Paulo, uma instituição com visão mais heterodoxa no combate à inflação. E, entre os petistas, haverá o receio constante por ele não ser quadro histórico do partido e ter acompanhado Campos Neto em quase todas as decisões do Copom.

Pela sabatina, Galípolo passou fácil. O seu grande desafio, contudo, será desempenhar o papel de equilibrista, ignorando as pressões que certamente irão acompanhar os seus quatro anos de mandato.

O Estado de S.Paulo - SP   09/10/2024

O número de empresas brasileiras que exportam aos Estados Unidos alcançou o recorde de 9,6 mil companhias, conforme estudo, com dados relativos a 2023, feito pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) em parceria com a Amcham Brasil.

O levantamento foi apresentado nesta terça-feira, 8, em encontro empresarial na sede da câmara americana de comércio. Conforme o estudo, os Estados Unidos se consolidaram como o principal destino de produtos industrializados e de alta tecnologia fabricados no Brasil, como aeronaves, motores, equipamentos de telecomunicação, medicamentos e equipamentos médicos.

Em 2023, as exportações de manufaturas brasileiras para os Estados Unidos atingiram US$ 29,9 bilhões, superando com folga a União Europeia (US$ 23,5 bilhões) e o Mercosul (US$ 19,4 bilhões).

Já há duas décadas, os Estados Unidos mantêm, entre os países, a liderança no ranking de destinos das exportações brasileiras em termos de número de empresas. Ainda que seja o mercado onde o Brasil tem o maior volume de exportações, a China compra produtos, sobretudo commodities, de apenas 2,8 mil empresas brasileiras. Se considerados os blocos econômicos, contudo, há mais exportadores — um total superior a 11 mil — que vendem produtos ao Mercosul.

O levantamento sobre o comércio bilateral mostra que as exportações aos Estados Unidos cresceram em todas as regiões do Brasil nos últimos cinco anos, sendo que o maior crescimento aconteceu no Centro-Oeste, cuja alta no período foi de 40,4%.

CEO da Amcham, Abrão Neto defende que o fortalecimento da relação com os Estados Unidos seja prioridade na agenda da política externa brasileira. “Esse caminho oferece um enorme potencial para alavancar o crescimento do Brasil, promovendo uma maior participação da indústria no comércio exterior e no PIB do país, incentivando a inovação e a tecnologia, além de gerar empregos qualificados e bem remunerados”, declarou.

O estudo destaca ainda que o efeito das exportações na geração de empregos mais qualificados e com melhores salários é ainda maior no comércio com os Estados Unidos. Conforme dados de 2021, a remuneração média mensal dos trabalhadores de empresas que vendem à maior economia do mundo é de R$ 4,6 mil, 5,4% acima das que vendem para a União Europeia. Em relação aos exportadores para a China, a diferença salarial é de 8,5%, ao passo que frente ao Mercosul, funcionários de empresas que vendem aos Estados Unidos ganham 11,2% a mais.

MINERAÇÃO

Infomoney - SP   09/10/2024

Os preços dos contratos futuros de minério de ferro passaram por uma montanha-russa nesta terça-feira conforme alguns investidores desfaziam posições compradas para garantir lucros, com alguns analistas dizendo que a China não correspondeu às expectativas de revelar medidas de estímulo mais vigorosas em uma coletiva de imprensa.

O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou a sessão do dia com queda de 2,37%, a 783,5 iuanes (111,15 dólares) a tonelada.

No início da sessão, o contrato atingiu o maior valor desde 8 de julho, a 844,5 iuanes por tonelada, impulsionado por esperanças de mais estímulos.

O minério de ferro de referência para novembro na Bolsa de Cingapura caiu 4,97%, para 105,25 dólares a tonelada, o menor valor desde 30 de setembro. Mais cedo, o contrato alcançou uma máxima desde 3 de junho, de 115 dólares por tonelada. O ativo tinha registrado alta de 2,5% enquanto o mercado chinês esteve fechado por causa de um feriado.

A China está “totalmente confiante” em atingir suas metas econômicas para o ano inteiro, disse o planejador estatal em uma coletiva de imprensa em Pequim nesta terça-feira.

“A tão esperada conferência desta manhã não conseguiu dar o sinal esperado de mais estímulos fortes”, disse Pei Hao, analista da corretora internacional Freight Investor Services.

“Portanto, alguns (traders) liquidaram parte das posições compradas para obter lucro.”
Uma série de políticas de flexibilização monetária e estímulos imobiliários na segunda maior economia do mundo nas últimas duas semanas fez com que os preços do principal ingrediente da siderurgia saltassem mais de 20%.

As vendas de imóveis residenciais na China aumentaram durante o feriado do Dia Nacional, após uma série de medidas para impulsionar o mercado imobiliário local desde o final de setembro, informou a mídia estatal no sábado.

Além disso, também pesou sobre o sentimento geral o pedido de órgãos reguladores chineses para que as instituições financeiras fortaleçam controles internos de alavancagem e evitem que empréstimos bancários entrem ilegalmente no mercado de ações.

Infomoney - SP   09/10/2024

As ações de Vale (VALE3, R$ 60,96, -3,28%) e outras siderúrgicas como Usiminas (USIM5, R$ 6,05, -3,66%), CSN (CSNA3, R$ 12,25, -4%) e Gerdau (GGBR4, R$ 19,16, -1,34%) caem forte na sessão desta terça-feira (8), com os investidores atentos às notícias vindas da China.

Os preços dos contratos futuros de minério de ferro passaram por uma montanha-russa nesta terça-feira conforme alguns investidores desfaziam posições compradas para garantir lucros, com alguns analistas dizendo que a China não correspondeu às expectativas de revelar medidas de estímulo mais vigorosas em uma coletiva de imprensa.

O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou a sessão do dia com queda de 2,37%, a 783,5 iuanes (111,15 dólares) a tonelada.
“Os preços das commodities caíram porque a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China (NDRC) não anunciou novas medidas de estímulo, decepcionando os investidores que esperavam gastos agressivos para impulsionar a economia. Embora as autoridades da NDRC tenham frustrado as expectativas dos investidores, continuaremos monitorando novos desenvolvimentos, pois o governo continua comprometido em fornecer mais estímulos para apoiar o crescimento econômico da China”, avalia o BBI.

Também entre as commodities, o petróleo recua abaixo de US$ 80 o barril, com o aumento da aversão ao risco originada na China, apesar dos receios de uma retaliação de Israel ao Irã. O brent caía cerca de 2%, a US$ 79,32. Com isso, Petrobras (PETR3;PETR4) tinha baixa de quase 2%, tanto para os papéis ON (R$ 41,26, -1,90%) quanto PN (R$ 37,68, -1,80%). Brava Energia (BRAV3, R$ 17,82, -3,10%), PRIO (PRIO3, R$ 44,63, -2%) e PetroReconcavo (RECV3, R$ 18,28, -1,46%).

Cabe destacar que os preços do petróleo subiram cerca de 13% até o fechamento de segunda-feira, desde que o Irã disparou cerca de 180 mísseis balísticos contra Israel na semana passada, aumentando os temores de que Israel possa retaliar atingindo a indústria de petróleo bruto do Irã.

Além disso, antes da recente escalada no Oriente Médio, o mercado foi varrido pelo sentimento de baixa sobre a fraca demanda na China, o maior importador de petróleo bruto do mundo, e preocupações de que o fornecimento de petróleo excederá a demanda em 2025. No início de setembro, os preços do petróleo atingiram seu nível mais baixo desde dezembro de 2021.

“Após a alta de ontem, os preços do petróleo estão recuando um pouco, em parte devido ao fato de que o governo chinês não adicionou nenhum novo estímulo ao sistema”, disse Phil Flynn, analista sênior do Price Futures Group, em uma nota na terça-feira.

Valor - SP   09/10/2024

Nos bastidores, as informações indicam, como mostrou o Valor, que Pimenta poderá fazer entre três e quatro mudanças de vice-presidentes

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Gustavo Pimenta deu um sinal de que deve dar ênfase à relação com clientes — Foto: Leo Pinheiro/Valor

Uma semana depois de tomar posse como presidente da Vale, Gustavo Pimenta fez a primeira de várias mudanças que são esperadas no comitê executivo da mineradora, instância que reúne o CEO e oito vice-presidentes. Nesta terça-feira (8), a empresa informou, em comunicado, que Marcello Spinelli deixou a vice-presidência executiva de soluções de minério de ferro. É a principal área de negócios da Vale e responde pela maior parte da receita da companhia.

No lugar de Spinelli, assume interinamente, até 31 de dezembro, Rogério Nogueira, executivo de longa data da Vale e que no momento ocupava a diretoria de desenvolvimento de produtos e negócios da companhia. A saída de Spinelli, que era especulada, mostra que Pimenta começa as trocas na empresa pela área comercial de ferrosos. Dessa forma, o novo CEO busca mostrar que dará ênfase à relação com os clientes.

Nos bastidores, as informações indicam, como mostrou o Valor, que Pimenta poderá fazer entre três e quatro mudanças de vice-presidentes. E poderá ainda ser criada uma vice-presidência nova para tratar de relações institucionais e comunicação. Esse é um cargo novo que atenderia a uma demanda do conselho de administração, para que a Vale melhore o relacionamento com públicos de interesse, incluindo o governo e comunidades, entre outros.

Spinelli é próximo de Eduardo Bartolomeo, o antecessor de Pimenta. No conturbado processo sucessório da Vale, que se estendeu ao longo de 2024, o nome de Spinelli chegou a surgir, nos bastidores, como um dos vice-presidentes que poderiam concorrer pela vaga interna à substituição de Bartolomeo. Os outros dois seriam o próprio Pimenta, que era vice-presidente de finanças, e Carlos Medeiros, vice-presidente executivo de operações. Somente um deles seria apontado para uma lista tríplice de candidatos, a ser formada também por dois nomes externos.

No dia 26 de agosto, a Vale divulgou a escolha de Pimenta como novo CEO. Ele foi selecionado a partir de uma lista que também tinha dois executivos da Anglo American. Spinelli e Medeiros nem teriam chegado a ser avaliados pelo colegiado da Vale, apurou o Valor. Mas, nos bastidores, circularam informações segundo as quais Spinelli teria se movimentado politicamente para ser indicado, o que não foi bem visto por conselheiros.

Spinelli teve longa trajetória na Vale e trabalhou com Bartolomeo, no começo dos anos 2000, na área de logística da mineradora. Em maio de 2019, logo depois de Brumadinho, o executivo assumiu a área de ferrosos da empresa após o próprio Bartolomeo ter sido apontado como CEO no lugar de Fábio Schvartsman, afastado na esteira da tragédia envolvendo o rompimento da barragem, em janeiro daquele ano.

Nos anos seguintes, a Vale teve de fazer um trabalho de retomada da produção de minério de ferro, uma vez que ficou com várias minas interditadas em Minas Gerais e com dificuldades de avançar em processos de licenciamento ambiental. Spinelli teve papel importante na retomada gradual da produção e também na implantação de um novo conceito que a Vale vem desenvolvendo, o de “megahubs”, que são complexos industriais para atender a demandas da indústria siderúrgica, o principal cliente da mineradora.

Sob a gestão de Pimenta, as licenças continuam sendo um desafio para a Vale. Em setembro, a empresa reviu a meta de produção de minério de ferro para o ano para um intervalo entre 323 milhões e 330 milhões de toneladas (ante projeção anterior de 310 milhões a 320 milhões de toneladas).

AUTOMOTIVO

IstoÉ Dinheiro - SP   09/10/2024

O Salão do Automóvel de São Paulo irá voltar, anunciou nesta terça-feira, 8, o presidente da Anfavea, a associação das montadoras do País, Márcio Leite. A notícia foi dada durante reunião da entidade com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, entusiasta do retorno do evento e que também fez o anúncio pelas redes sociais. A última edição aconteceu em 2018 e Lula já chegou a pedir publicamente o retorno do encontro neste ano, mais de uma vez. Segundo a Anfavea, o Salão do Automóvel já está confirmado para os dias 22 de novembro a 1º de dezembro no reformado Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo.

“O presidente Lula sempre nos desafiava e dizia como vocês querem exportar se vocês não apresentam o que vocês sabem fazer de melhor. E isso sempre foi um debate muito grande, dentro das nossas discussões com os produtores, e realmente entendemos que nós vamos voltar, voltar com o brilhantismo”, disse Leite.

A declaração na reunião foi divulgada pelo Palácio do Planalto. Segundo a assessoria da Anfavea, estavam presentes na reunião os ministros da Fazenda, Fernando Haddad; da Casa Civil, Rui Costa; do Trabalho, Luiz Marinho; e o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e doze CEOs de montadoras.

O setor automotivo já anunciou em 2024 investimentos que somam R$ 130 bilhões ao longo dos próximos anos. Na reunião com Lula, o presidente da Anfavea voltou a citar que esse número pode ser ainda maior. “Os nossos investimentos já ultrapassam R$ 130 bilhões, com potencial para aumentarmos muito mais”, disse.

Segundo a Anfavea, o foco do Salão do Automóvel passará a ser total nos produtos, na experiência com test drives, nos serviços aos clientes, e sobretudo nas novas tecnologias de propulsão “ambientalmente amigáveis”, de segurança e de conectividade entre carro e motorista, além da conexão entre veículos e o seu entorno.

“O modelo da exposição deve seguir os padrões da CES Las Vegas e dos reconfigurados Salões de Pequim, Munique e Detroit, todos eles visitados recentemente pela Anfavea”, disse, em nota, a entidade. A expectativa é de que Leite faça na próxima semana uma visita oficial ao Salão de Paris, “na busca contínua pelas melhores práticas de exposição, dentro dos conceitos de mobilidade do futuro”, informou a associação.

Automotive Business - SP   09/10/2024

A operação da Hyundai Motor Brasil (HMB) é uma das mais eficientes entre as montadoras no país. Tanto que a fabricante sul-coreana precisa recorrer a importados e se valer da planta da Caoa em Goiás para ampliar seu portfólio.

O problema é que, ao mesmo tempo em que pretende aumentar o índice de localização em sua fábrica de Piracicaba (SP), a Hyundai não tem para onde correr. Atualmente, a unidade paulista opera em sua capacidade limite, que é de 210 mil unidades por ano.

Inaugurada em 2012, a fábrica de Piracicaba produz 42 carros por hora em três turnos. De lá saem o SUV Creta, que acaba de ser renovado, e a linha HB20 nas variantes hatchback e sedã.

Sem ter para onde crescer por lá - a unidade inicialmente tinha capacidade para 120 mil carros/ano e hoje não consegue ampliar a área construída -, a Hyundai busca uma maior localização.

Atualmente o HB20 tem 70% de índice de nacionalização. Já o Creta chega a 60%. “Queremos chegar a 80% de localização na planta”, diz Airton Cousseau, CEO da Hyundai para Américas do Sul e Central.
Hyundai recorre à Caoa e começa pelo Tucson
Antiga geração do Tucson parece não ter data para morrer no Brasil

Sendo assim, resta à Hyundai se valer de velhos parceiros para atingir o objetivo. Após a reformulação do acordo com o Grupo Caoa, quando a HMB assumiu totalmente as operações da marca no país, é a vez de aproveitar a capacidade ociosa de Anápolis (GO).

Lá a Caoa produz os SUVs da linha Caoa Chery (Tiggo 5X, Tiggo 7 e Tiggo 8), e pelo novo formato da parceria voltou a montar o caminhão leve Hyundai HR para ser distribuído pela rede HMB.

A ideia é ampliar a produção de modelos em Anápolis e desenvolver um parque de fornecedores local. A unidade (que tem capacidade para 90 mil/ano), inclusive, retomou a produção do New Tucson (na verdade, a velha geração do SUV médio), cujas primeiras entregas nas concessionárias HMB começam até o fim de outubro.

A produção do Tucson será tímida - na realidade mais estrategica para marcar território, e não para fazer volume. Serão de 250 a 300 unidades por mês. “Vamos fabricar para manter o nome no mercado porque é muito forte”, explica Cousseau.

A decisão de manter o nome Tucson em evidência é fundamental. Isso porque o plano para os dois próximos anos é aumentar a produção de modelos da Hyundai na fábrica da Caoa. Assim, os mais cotados são justamente o atual Tucson vendido lá fora e a aguardada picape médio-compacta Santa Cruz, que usa a mesma plataforma do SUV.
Picape e elétrico entre os lançamentos da Hyundai em 2025
O (realmente) novo Tucson será uma das estreias da Hyundai no Brasil em 2025

Antes, porém, tanto a Santa Cruz como o (realmente) novo Tucson devem chegar importados. Provavelmente serão dois dos seis lançamentos prometidos pela Hyundai para 2025.

Entre as estreias para o ano que vem, um nome certo é o do novo Santa Fe. Outros cotados para seguir com a eletrificação da marca são o Ioniq 3 e o Kona.

Vale lembrar que a Hyundai Motor Brasil passou a importar neste ano o SUV de 8 lugares Palisade e o crossover movido a baterias Ioniq 5. Ambos servem como vitrines para clientes da marca no país que, acima do Creta, não tinham para onde ir.

“O Palisade e o Ioniq trabalham a imagem de marca. E o Ioniq começa a mostrar o que a Hyundai tem”, conclui o CEO da Hyundai.

Investing - SP   09/10/2024

Em um importante desenvolvimento comercial, Bruxelas rejeitou uma proposta da China para estabelecer um preço mínimo de venda de 30.000€ para veículos elétricos (VEs) fabricados na China e vendidos na Europa. Esta decisão foi tomada no contexto de uma investigação anti-subsídio em andamento pela Comissão Europeia, que pode levar à imposição de tarifas da UE sobre essas importações.

A recusa da Comissão Europeia em aceitar a oferta dos fabricantes chineses de VEs ocorreu há cerca de um mês. A proposta visava evitar tarifas da UE que poderiam entrar em vigor a partir de 31.10.2023, durando cinco anos. O governo chinês esperava que, ao estabelecer um preço mínimo de venda, pudesse evitar uma inundação do mercado com veículos de baixo preço que poderiam prejudicar os fabricantes europeus.

Os detalhes das negociações e das ofertas feitas não foram divulgados ao público, pois as discussões são confidenciais. A rejeição baseou-se não apenas no preço de venda proposto, mas também em preocupações sobre os subsídios que as montadoras chinesas recebem, os quais a Comissão Europeia argumenta que distorcem a concorrência.

As montadoras chinesas, incluindo a SAIC e a BYD (SZ:002594), listada na Bolsa de Valores de Shenzhen, atualmente precificam seus modelos de VEs na Europa um pouco acima do mínimo proposto, apesar de vendê-los por muito menos na China. Esta discrepância indica a importância do mercado europeu para esses fabricantes e sua disposição em adaptar suas estratégias de preços.

A Comissão indicou estar aberta a reconsiderar outras formas de compromissos de preços, como preços mínimos e cotas de importação, à medida que as negociações continuam. Uma possibilidade mencionada é estabelecer preços mínimos calculados individualmente para cada montadora ou até mesmo por tipo de modelo, levando em conta fatores como o tamanho do carro e a autonomia da bateria.

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Com a aproximação do prazo para uma solução negociada, a Comissão alertou sobre tarifas de até 45% sobre VEs fabricados na China se nenhum acordo for alcançado. Enquanto isso, a China implementou recentemente medidas antidumping temporárias sobre importações de conhaque da UE, visando marcas francesas, o que é visto como uma resposta ao voto da UE a favor das tarifas sobre VEs.

As negociações estão em andamento, e a possibilidade de soluções alternativas, como compromissos de preços flexíveis, foi sugerida pelo Ministério do Comércio da China, embora detalhes específicos não tenham sido fornecidos. O resultado dessas conversas será crucial para moldar o futuro do mercado de VEs e as relações comerciais entre a União Europeia e a China.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Valor - SP   09/10/2024

Estimativas apontam que o país pode ter 90 milhões de casas vazias, o que seria suficiente para abrigar toda a população do Brasil

O colapso do mercado imobiliário chinês deixou dezenas de milhões de unidades habitacionais vazias. Agora, esse excesso histórico de imóveis desocupados é agravado com o declínio da população da China, que pode deixar cidades com um excesso de casas que talvez nunca tenham moradores. O país pode ter até 90 milhões de unidades habitacionais vazias. Considerando três pessoas por domicílio, isso seria suficiente para abrigar toda população do Brasil.

Ocupar essas casas já seria difícil se a população da China estivesse crescendo. Mas, por causa da política de filho único do país, espera-se que a população chinesa caia em 204 milhões de pessoas nos próximos 30 anos. “Não há pessoas suficientes para encher essas casas”, disse Tianlei Huang, pesquisador do Peterson Institute for International Economics.

Em grandes cidades como Pequim e Xangai é praticamente certo que se conseguirá absorver seu excesso de moradias, dadas suas economias dinâmicas e o fluxo de migrantes, que ajudam a manter o crescimento populacional.

É um problema demográfico. Cidades fantasmas continuarão sendo fantasmas”

— Tianlei Huang

O problema é muito mais difícil de resolver em cidades menores, que muitas vezes têm perspectivas econômicas mais fracas e populações em declínio. Os jovens estão indo embora. Pelo menos 60% das cidades menores da China viram suas populações encolherem de 2020 a 2023, segundo cálculos com base em dados oficiais.

Essas cidades possuem mais de 60% do estoque de habitação da China, segundo Kenneth Rogoff, professor de economia de Harvard. Muitas encorajaram as empresas a construir mais - mesmo quando suas populações estavam diminuindo - porque as vendas de terras e a construção impulsionavam o crescimento econômico e aumentavam os cofres dos governos locais.

Pequim recentemente aumentou as medidas para apoiar a economia debilitada e o mercado imobiliário, incluindo corte nas taxas de juros, redução no valor da entrada para a compra de uma segunda casa e a permissão para que os compradores refinanciem seus empréstimos imobiliários. No entanto, os economistas disseram que é necessário mais para tirar a economia da China da estagnação.

O Ministério da Habitação e Desenvolvimento Urbano e Rural da China e o Escritório de Informação do Conselho de Estado foram consultados, mas não responderam às perguntas.

Robin Xing, economista-chefe da China no Morgan Stanley, disse que o governo chinês deveria introduzir medidas mais abrangentes que envolvam a compra do excesso de imóveis vazios nas 30 a 50 maiores cidades da China e transformá-los em habitação pública, sem se preocupar com o lucro. Custo estimado: US$ 420 bilhões.

Isso não incluiria as casas vazias nas cidades chinesas menores. Muitos economistas dizem que não faria sentido investir mais nessas unidades, pois não há pessoas para morar nelas. Muitas se tornarão um fardo de longo prazo para cidades. Algumas simplesmente se deteriorarão, dizem os economistas.

A preço de banana. O State Guest Mansions, um empreendimento abandonado nos arredores de Shenyang, uma cidade no nordeste da China, dá uma ideia de como isso poderia ser. A construção parou há anos, com mais de 100 vilas inacabadas no estilo de grandes casas europeias.

Durante uma visita recente, cabras perambulavam pelo complexo. Grandeur Place, o edifício que costumava abrigar o showroom de vendas, parecia uma casa de ópera pós-apocalíptica, com um lustre dilapidado pendurado no teto. Ainda não está claro o que será feito com o complexo, cuja construtora se encontra inadimplente.

Shenyang, pelo menos, tem uma população crescente. Em Hegang, uma cidade fria perto da fronteira da China com a Rússia, a população diminuiu de 1,09 milhão, em 2010, para 940 mil.

Alguns anos atrás, quando o mercado de Hegang estava aquecido, mensagens online exaltavam os imóveis, que para muitos estavam “a preço de banana”.

Agora os preços estão ainda mais baixos, segundo um corretor de imóveis online, e as vendas estagnaram. O estoque de casas não vendidas de Hegang mais que dobrou de 2019 a 2022. Considerando um tamanho típico de casa em torno de 110 m2 - a média na China, segundo o censo de 2020 -, apenas 534 casas residenciais em Hegang foram vendidas em 2022, de acordo com dados oficiais sobre a metragem total de imóveis residenciais vendidos. Um apartamento de 60 m2 no centro da cidade foi recentemente listado por pouco menos de US$ 9,3 mil. O governo de Hegang não respondeu aos pedidos de comentários.

Rogoff, professor de Harvard, disse que acredita que haverá algumas cidades na China onde um quarto dos imóveis residenciais ficarão vazios. Em tais lugares, “é muito difícil manter a lei e a ordem, o é provável que ocorra o mesmo na China”, disse ele. “Acho que isso será um grande problema social e de governança no futuro.”

Questão complexa. O excesso de imóveis na China se desenvolveu ao longo de um boom de construção que durou anos e terminou em 2021, quando Pequim, preocupada com a bolha, apertou o crédito para as construtoras. Logo ficou claro que elas haviam construído em excesso.

É difícil determinar exatamente o tamanho do problema. A China não fornece um levantamento oficial de unidades vazias, então os economistas elaboram estimativas usando taxas de vacância, licenças de construção e outras fontes de dados. Eles estimam que o número esteja na casa das dezenas de milhões - incluindo vários tipos de propriedades vazias, cada uma com seus próprios desafios.

Das até 90 milhões de unidades desocupadas, cerca de 31 milhões foram total ou parcialmente construídas, mas nunca vendidas. Essas propriedades poderiam ser demolidas, mas muitas estão envolvidas em litígios relacionados a falências de construtoras chinesas. Em muitos casos, as cidades e as construtoras esperam finalizá-las.

Outras 50 a 60 milhões de unidades foram compradas, mas permanecem vazias. Muitos chineses, sem opções de investimento, compraram imóveis - muitas vezes em cidades menores, onde os preços eram mais baixos - sem qualquer intenção de morar nelas.

Cerca de 74% das famílias chinesas em cidades grandes possuem mais de uma casa em toda a China, enquanto quase 20% possuem três casas ou mais, segundo uma pesquisa da Citi Research. Essas casas são um problema, pois seus proprietários ainda esperam pela valorização. Muitas estão em prédios parcialmente ocupados que não podem ser demolidos.

Outras 20 milhões de unidades foram vendidas, mas ficaram inacabadas. Os proprietários ainda as querem, mas as construtoras não têm dinheiro para concluí-las.

Venice on the Sea. Muitas construtoras voltaram suas atenções às cidades menores quando o país crescia forte. As grandes estavam caras, e os investidores pareciam dispostos a comprar em qualquer lugar, desde que os preços seguissem em alta.

As cidades menores emitiram previsões robustas de crescimento populacional, apesar de evidências de que a população da China estava no pico. Em Qidong, as autoridades locais lutaram por anos para atrair grandes investimentos, como fábricas. A venda de terras para construtoras os ajudou a atingir metas de crescimento.

As receitas de vendas de terras de Qidong mais do que dobraram, passando de US$ 932 milhões em 2017 para US$ 2 bilhões em 2021, segundo dados compilados pela Wind Information, de Xangai.

As construtoras, por sua vez, comercializaram Qidong como uma cidade dormitório ideal de Xangai, a duas horas de carro. A população da cidade atingiu o pico de 1,1 milhão em 2020 e vem caindo há três anos. Os empregos locais estão em queda desde 2007.

Um dos novos projetos, Venice on the Sea (Veneza no Mar), possui 40 mil unidades, uma praia artificial e um resort cinco estrelas. Os moradores podem desfrutar de canais e caminhos inspirados em Veneza, decorados com estátuas gregas e romanas.

Xiang Dayu, um agente imobiliário local, lembra da demanda intensa durante os anos de pico. Alguns compradores discutiam abertamente a compra de apartamentos para amantes. Outros estavam dispostos a pagar sem inspecionar os imóveis pessoalmente.

A maioria das pessoas - muitas delas de Xangai - comprou imóveis como investimentos e os deixou vazios, diz Xiang. Agora, a maioria das unidades permanece desocupada durante grande parte do ano, com a ocupação subindo para 60% durante o verão.

Muitos proprietários estão tentando vender, com dezenas de unidades listadas em sites de leilão ou nas mídias sociais. Em um vídeo postado, um proprietário mostrou um imóvel de 95 m2 que disse ter comprado em 2016 por cerca de US$ 101 mil após uma viagem à praia em Qidong com amigos. Ele agora está tentando vender o lugar por cerca de US$ 63,1 mil.

Venice on the Sea foi construído pelo agora falido China Evergrande Group. Ao norte, há outro complexo residencial massivo e em grande parte vazio, construído pela construtora inadimplente Country Garden. Ao sul, encontra-se um complexo inacabado desenvolvido pelo China Sunac Group, que também faliu. A oeste, há acres de terras agrícolas. Os funcionários do governo local não responderam a pedidos de comentários.

Cidade fantasma. Em outros países que tiveram mercados imobiliários superdimensionados, em alguns casos levou anos para que o excesso de oferta fosse absorvido - se é que alguma vez foi.

No Japão, o colapso do mercado imobiliário na década de 1990, com a população encolhendo e envelhecendo, deixou milhões de casas vazias. Derrubá-las provou ser difícil devido a obstáculos legais, como quando o proprietário não pode ser localizado. O número de unidades vazias cresceu para nove milhões no ano passado, em comparação com 8,5 milhões em 2018.

Na China, muitos proprietários de imóveis vazios provavelmente continuarão a manter suas unidades, uma vez que as taxas de administração são baixas e os impostos sobre propriedades são aplicados apenas em casos especiais.

As rígidas regras sobre decretação falência pessoal na China dificultam a desistência de propriedades, e muitos desejam mantê-las na esperança de uma possível recuperação do mercado.

Ainda assim, alguns economistas temem um ciclo negativo em que a queda nos preços das casas leve mais proprietários a tentar vender unidades vazias, depreciando os valores.

Os preços de casas novas nas principais cidades chinesas caíram 5,7% e 8,6% em agosto em relação ao ano anterior, respectivamente, de acordo com dados do Escritório Nacional de Estatísticas. Na maioria das cidades, os preços retornaram aos níveis de 2017 e 2018, disse Yi Wang, chefe de pesquisa imobiliária da China no Goldman Sachs.

Se os preços caírem para os níveis de 2015, muito mais proprietários podem optar por vender propriedades desocupadas. Isso porque 2015 foi o início do último boom, e os proprietários que compraram cedo não querem ver o valor de suas unidades cair abaixo do que pagaram, afirmou Wang.

Isso pode ser inevitável, no entanto, dada a queda da população da China. “Eu realmente não acho que o problema do excesso de oferta de habitação tenha uma solução”, disse Huang, do Peterson Institute. “Fundamentalmente, é um problema de demografia em declínio. Cidades fantasmas continuarão sendo fantasmas.” (Tradução de Samara Leonel)

SEGS.com.br - SP   09/10/2024

Dificuldade para encontrar terrenos na capital mineira tem moldado novas tendências de negócios na região; oferta de permutas com donos de imóveis desativados ou provenientes de heranças são algumas das opções encontradas. Retrofit também é opção para ressignificar espaços.

Segundo o instituto de pesquisas da CMI/Secovi-MG, Data Secovi, no primeiro semestre de 2024, foram comercializados 253 lotes em Belo Horizonte. Nos dois últimos anos, a compra de terrenos na capital mineira teve reduções consecutivas superiores a 20%, tendência que deve se repetir até dezembro deste ano. Por outro lado, o setor mineiro de construção civil não parece temer a escassez de terrenos e, sob novas estratégias, mostra que não perde robustez e que vai estabelecer novas possibilidades para a Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Para a concepção de qualquer tipo de imóvel, o principal desafio tem nome e sobrenome: localização certa. No caso de empreendimentos comerciais, estar perto do público-alvo é a chave para aumentar a conveniência para os clientes e, consequentemente, as vendas. Um exemplo claro disso é como as lojas de varejo ou restaurantes se beneficiam de uma localização central com bom fluxo de pessoas. Por esse motivo, a disputa pelas centralidades belo-horizontinas tem ganhado novas armas.

De acordo com o executivo de Novos Negócios da My Mall, Leonardo Gomes, a escassez de lotes disponíveis em Belo Horizonte muda a forma da empresa trabalhar. A empresa possui 14 empreendimentos em Belo Horizonte e entorno, e tem como prioridade a busca de pontos estratégicos para seus clientes. "Nosso foco é estar 'no caminho de casa' das pessoas, ou seja, sem alterar a logística dos nossos clientes. Buscamos localizações já consolidadas, e uma população passante com fluxo de pessoas e carros", afirma.

O desafio é abrir caminhos para negócios bem localizados em meio a essa escassez da comercialização de lotes. Para Leonardo, a resposta dessa questão veio com uma nova oportunidade de parceria com proprietários de terrenos. Ele explica que passou a observar um público específico de pessoas que possuem lotes desativados, muitas vezes, provenientes de heranças e que geravam despesas de impostos e manutenção, ou mesmo proprietários que não desejam vender seus imóveis, e sim trocar um lote ou imóvel já construído mas sem utilização por um pedaço de um street mall a ser feito no local, auferindo a partir de então renda sem ter o trabalho. A ideia é fornecer a esses proprietários a oportunidade de se tornarem sócios dos empreendimentos, caso não desejem vender seus terrenos ou imóveis.

"Há duas maneiras de se adquirir um terreno: compra e permuta. Nós observamos que existem fatores que muitas vezes dificultam a compra. Por isso, oferecemos também a permuta como uma chance para proprietários tocarem seus terrenos parados por uma participação em um empreendimento construído. Assim, além de driblarmos as dificuldades para conseguir espaços na cidade, estabelecemos um novo negócio de benefício mútuo, no qual conseguimos capitalizar um bem que antes gerava despesas ou que não estava tão bem aproveitado, passando a gerar renda para o resto da vida", relata Leonardo Gomes.

Por meio de contratos de SPE (Sociedade de Propósito Específico), a My Mall garante a esses proprietários uma porcentagem eterna. A marca conta ainda com uma segurança proporcionada por contratos de locação bem elaborados, com inquilinos confiáveis. A presença das lojas âncoras, aliada ao rigoroso critério da empresa na seleção dos locais, assegura que as lojas estejam sempre ocupadas. Leonardo reitera que, dos 14 empreendimentos da My Mall, que totalizam cerca de 130 lojas, a vacância é em torno de 5% apenas e não há inadimplência e isso proporciona ao proprietário a confiança de que o terreno continuará gerando receita.

Legislação restritiva

Do lado das construções residenciais, alguns fatores políticos têm prejudicado a expansão imobiliária. Para muitas incorporadoras, as rígidas restrições impostas pela legislação municipal de Belo Horizonte têm se somado à escassez de terrenos adequados e engrossado o desafio para a construção. Para André Campos, vice-presidente da Emccamp Residencial, empresa que atua há 47 anos no mercado da construção civil de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, existe uma diferença marcante nas restrições da capital mineira para o desenvolvimento urbano.

"Se considerarmos um terreno de metragem e topografia iguais, em São Paulo, é possível construir três torres, já no Rio de Janeiro, duas torres são permitidas, em Belo Horizonte, a legislação restritiva só autoriza a construção de uma única torre na mesma área. Essas limitações são resultado de um conjunto complexo de regras sobre afastamentos, geometria e coeficiente de aproveitamento que, em comparação com outras cidades, são excessivamente rígidas e burocráticas", destaca o especialista em mercado imobiliário.

Para enfrentar esses desafios, os empresários têm buscado expandir os investimentos em outras praças onde o ambiente é mais favorável. A participação dos empreendimentos da Emccamp Residencial em Minas Gerais sofreu uma queda nos últimos anos. Em comparativo com 2020, a participação de lançamentos representava 35% do faturamento da empresa. Em 2023, esse percentual caiu para 14%, chegando a nenhum lançamento no 1º trimestre de 2024, enquanto em São Paulo e Rio de Janeiro nossa curva de lançamentos não para de crescer. No estado paulista, em 2020, a participação de lançamentos representou 65% do faturamento da empresa. Em 2023, esse percentual foi para 73%, e já atingimos a marca de 33% no primeiro semestre de 2024. Já no Rio de Janeiro, em 2020 não tivemos lançamento. Em 2023, tivemos um impacto de 13% em nosso faturamento com os lançamentos no estado. Esse número cresceu significativamente no primeiro semestre deste ano, atingindo 67%.

O vice-presidente da empresa defende que a revisão das legislações urbanas é capaz de corrigir a dificuldade nos processos de compra e venda, além de garantir melhores condições de geração de arrecadação imobiliária para o município. "A capital mineira, que serve como referência para muitas cidades do interior, precisa adotar normas mais modernas e eficientes. BH depende fortemente da arrecadação imobiliária, como IPTU e ITBI, para financiar seu orçamento. Um plano diretor eficiente poderia não apenas melhorar a qualidade de vida na cidade, mas também gerar maiores receitas para o município", alerta.

Expansão para Nova Lima

Enquanto Belo Horizonte escancara números de comercialização de lotes em queda, o município de Nova Lima tem ganhado os olhares e os investimentos das construtoras mineiras. Apenas nos bairros Vila da Serra, Vale do Sereno e Vale dos Cristais, a Prefeitura de Nova Lima registrou um aumento de R$3 milhões na arrecadação de Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) entre 2020 e 2023. Para o gerente de Novos Negócios do Grupo EPO, Guilherme Teixeira, o plano diretor belo-horizontino e a impossibilidade de encontrar bons terrenos na capital atuaram como um agente impulsionador de negócios imobiliários na cidade vizinha.

A construtora, com 32 anos de história no mercado imobiliário mineiro, encontrou na expansão das fronteiras de crescimento uma saída para o desenvolvimento urbano de alto padrão. "A tendência de escapar do elevado valor dos terrenos nas centralidades de Belo Horizonte e a dificuldade de estabelecer negócios imobiliários com os terrenistas da capital tem influenciado fortemente na busca por Nova Lima. É uma realidade de todas as incorporadoras", explica Guilherme Teixeira.

Muito além dos limites municipais, a construtora observa a evolução dos bairros de Nova Lima como receptores do mercado de alto padrão e, especialmente, quanto à infraestrutura de parques empresariais, hospitais, áreas de lazer e comércio. "Sempre brincamos que o nosso lema são os três 'Ps': 'ponto, ponto e ponto'. Mas é inegável que as fronteiras de crescimento se expandindo já são uma realidade, especialmente para o Vale do Sereno e a região do Alphaville. Por isso, valorizamos também a oportunidade de explorar áreas com potencial marcante e descortinar novas paisagens. O resultado disso é um desenvolvimento positivo para toda a região metropolitana", reitera.

Por esses motivos, a região vem recebendo lançamentos residenciais e comerciais inovadores do Grupo EPO. No Alphaville Lagoa dos Ingleses, por exemplo, o Complexo Navegantes, um empreendimento misto com torres comerciais, residencial e um centro comercial, é um marco no crescimento econômico da área. Administrado pela GSA Ativos, o Navegantes é impulsionado por uma tendência de moradias fixas no Alphaville e pelo investimento em infraestruturas completas e oferta de serviços. Hoje o empreendimento reúne 38 lojas e está totalmente locado.

O gerente de Novos Negócios da EPO ressalta ainda que a atuação do grupo no Vale do Sereno também evidencia como a construção pode ultrapassar muros e levar a valorização para novos espaços. Além de empreendimentos no local, a empresa tem investido diretamente no desenvolvimento de espaços públicos e em uma vivência completa, com qualidade de vida diferenciada. "O Vale é um exemplo de como um bairro pode ser elevado para outro patamar", completa. Guilherme afirma ainda que, contornando o que os números de Belo Horizonte estampam, a marca mantém um robusto estoque de terrenos para projetos futuros com planejamento para até depois de 2030.

Ressignificando terrenos existentes

De volta aos limites da capital mineira, uma pequena palavra de origem na língua inglesa também tem apresentado uma nova alternativa para reaproveitar os espaços e, principalmente, ressignificá-los. O termo 'Retrofit' surgiu como uma forte tendência na Europa e trata do processo de restaurar prédios antigos de forma a preservar a arquitetura original, oferecendo novas funcionalidades através da atualização tecnológica e legislativa. Em BH ele se tornou o centro de frequentes debates quanto ao reaproveitamento de estruturas abandonadas na cidade e, consequentemente, de terrenos.

Um exemplo é o lançamento do Espaço 356, do Grupo EPO, o primeiro living center de Minas Gerais e que utilizou do retrofit para restaurar uma área em desuso. O espaço que anteriormente era ocupado por motéis, na saída de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro, na BR 356, foi projetado pelo arquiteto Alexandre Nagazawa, sócio fundador da BLOC Arquitetura Imobiliária. Segundo o especialista, apesar de se tratar de uma metodologia que envolve densos estudos e trabalhos, o retrofit pode ser uma potencialidade para a cidade de Belo Horizonte. "Hoje, encontrar terrenos especialmente nas proximidades da Avenida do Contorno é quase impossível. A oferta é maior saindo para outros bairros, se afastando. O Retrofit entra, portanto, como alternativa em zonas muito centrais e que podem encontrar novas ocupações", explica.

Nagazawa relata ainda que o uso da técnica já vem encontrando respaldo em outras capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro, devolvendo o olhar para áreas mais centrais. Ele defende que Minas Gerais precisa superar o conservadorismo e abraçar as novas estratégias tecnológicas para uma reocupação inteligente dos espaços. "É função do arquiteto observar o valor de diferentes construções e tirar partido disso como estratégia conceitual. Assim podemos descortinar paisagens escondidas e manter ainda a essência e o valor arquitetônico das edificações. Tudo isso abrindo mais oportunidades de mercado", completa.

Money Times - SP   09/10/2024

“O mercado imobiliário está em um nível próximo aos 10% do Produto Interno Bruto (PIB) há 10 anos, mas acredito que ele possa saltar para 20% nos próximos anos”, avalia José Urbano Duarte, ex VP de habitação na Caixa Econômica Federal, em entrevista ao Money Times. O executivo cita ainda que, além do mercado de capitais, outras alternativas devem surgir para que esse crescimento seja possível.

O dado citado por Urbano é do Banco Central e relativo à participação do crédito imobiliário na economia nacional. Segundo o levantamento, de 2000 a 2009, o mercado saiu de cerca de 2% do PIB para um nível próximo aos 10% em 2015 e desde então se manteve no mesmo patamar.

O que tem causado esta limitação, no entanto, é o funding — a captação de recursos para investimento. A pauta já antiga no setor, uma vez que os dois grandes pilares para o financiamento de construção, aquisição e desenvolvimento de imóveis nesse mercado é a poupança e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que têm oferecido riscos de esgotamento.

Mês a mês, a caderneta de poupança tem visto níveis recordes de saques líquidos. Somente este ano, de janeiro a setembro, já foram R$ 11,2 bilhões retirados.

“Nesse contexto, é simples afirmar que o mercado não cresce especialmente porque as condições de financiamento impedem”, alerta Urbano.

Os saques são por motivos diversos, mas especialistas avaliam que é especialmente por conta da remuneração. A rentabilidade atual da caderneta de poupança é dada pela taxa referencial (TR) mais uma remuneração fixa de 0,5% ao mês. Esta fórmula vale enquanto a taxa Selic estiver acima de 8,5% ao ano — a taxa básica de juros está atualmente em 10,75%.

O executivo diz ainda que não é difícil concluir que estes valores estão indo para outros produtos de renda fixa que possam remunerar mais ou até mesmo para o mercado de capitais. Embora essa tendência possa representar um desafio, também abre oportunidades para novas alternativas de financiamento e indica maior maturidade do investido brasileiro.

Não à toa, os dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) mostram que o mercado de capitais tem sido uma alternativa aos tradicionais instrumentos de funding e estão avançando. De 2022 para cá a participação deste mercado passou de 30% para 40%. São utilizados hoje Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), Letras Imobiliárias Garantidas (LIGs) e Fundos de Investimento Imobiliários (FIIs), sejam separados ou até com um “mix” com a poupança.

A Caixa Econômica Federal, inclusive, anunciou na última semana que está aplicada em estruturar operações no mercado de capitais que sirvam como alternativas de crédito para construtoras. Ainda revelou que, junto ao Ministério da Fazenda está trabalhando em uma agenda de ajustes regulatórios para tornar os instrumentos, como LCIs, LIGs e CRIs, mais vantajosos aos fundos.

O ex-VP da Caixa avalia, porém, que o risco de escassez ainda é eminente e que o mercado precisa ter outras estruturas que ajudem a resolver este problema de forma mais profunda e estrutural. Os produtos oferecidos pelas instituições ainda possuem um custo elevado, prazos longos e não são de tão fácil acesso.

“O ponto mais importante é quais são as soluções que vão vir quando estamos em uma fase inicial e para isso o mercado precisa reconhecer que existe um problema ou uma situação a ser resolvida, um desafio”, ressalta.

De olho nessas oportunidades e no crescimento do setor, Urbano começou a fazer parte, em março deste ano, do conselho da Manatí, gestora de recursos independente que é especialista em investimentos alternativos para imobiliário e produtos estruturados.

FIIs como uma ferramenta impulsionadora do mercado de capitais como funding

“Os FIIs são os produtos que têm olhado mais para as oportunidades desse mercado. Os gestores desses fundos são os que mais conhecem e criam novas alternativas. Para mim é bom estar deste lado da mesa também”, avalia sobre seu ingresso no time.

Diversos fundos imobiliários, com destaque para os multiestratégias e de papéis, acabam sendo grandes compradores de CRIs, por exemplo, distribuídos no mercado justamente por possuírem uma capacidade maior de levar esses títulos para o vencimento, que são mais longos por conta da dinâmica do mercado, ou conseguem revender no mercado secundário.

Eduardo Vahan Mekbekian, sócio-fundador na Manatí, também ressalta que a entrada do novo conselheiro tem ajudado a equipe de gestão dos fundos imobiliários da casa a aprimorar o conhecimento nosso imobiliário para proporcionar uma remuneração de CDI + 5%, CDI + 6% nas operações.

“Quando a gente tem a capacidade analítica no detalhe de cada premissa imobiliária, custo de obra, preço de venda, velocidade de execução, velocidade de vendas, execução da própria obra, se tem ou não tem funding disponível, seja via FGTS, via poupança, através da caixa, etc Aí a gente consegue tomar um risco adicional nessa matriz de risco, mas tendo uma rentabilidade maior”, conclui Mekbekian.

Monitor Digital - RJ   09/10/2024

As vendas de cimento em setembro seguiram em curva ascendente totalizando 5,8 milhões de toneladas, um crescimento de 10,4% em relação ao mesmo mês de 2023. No acumulado do ano (janeiro a setembro), os números também foram positivos, alcançando 48,7 milhões de toneladas, aumento de 3,8% comparado a igual período do ano passado. Ao se analisar a comercialização por dia útil em setembro de 257,3 mil toneladas, as vendas também são crescentes com acréscimo de 2,7% sobre agosto deste ano e de 10,7% ante setembro de 2023.

O mercado imobiliário brasileiro, importante indutor no consumo de cimento, segue aquecido no segundo trimestre de 20241. Somente no segmento do Minha Casa, Minha Vida, os lançamentos subiram 86,7% na comparação com o segundo trimestre de 2023 e 65,9% em relação ao primeiro semestre do ano passado. A comercialização de materiais de construção e o financiamento imobiliário também seguiram tendência de alta acumulada em agosto.

“O bom desempenho do programa Minha Casa, Minha Vida somado a retomada das obras de infraestrutura de transporte com a expansão do uso do pavimento de concreto na malha urbana e rodoviária, levaram a indústria brasileira do cimento a rever de maneira positiva suas projeções. A expectativa é fechar 2024 com 2,8% de crescimento, atingindo um volume de 64 milhões de toneladas. O resultado deverá recuperar 1,8 milhão das perdas de 2,3 milhões de toneladas entre 2022 e 2023, ainda longe do consumo recorde de 2014, de 73 milhões de toneladas”, afirma o presidente do Snic, Paulo Camillo Penna.

Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (Snic), diante desse cenário, a confiança do consumidor vem crescendo gradativamente desde junho. Porém, em setembro, houve ligeira piora das percepções sobre a situação atual, que por sua vez, foi influenciado pela piora no indicador de situação financeira das famílias. A maior pressão inflacionária e as incertezas fiscais têm afetado o mercado de crédito, que se tornou mais restrito.

Bets

O sindicato ainda explica que, além disso, o endividamento elevado da população (47,9% em julho), a alta da inadimplência (45% da população adulta), a retomada da trajetória crescente dos juros e a nova mudança no perfil de consumo da população, agora representada pelas apostas online impactam o orçamento das famílias e podem influenciar no consumo de cimento.

Já na construção, a confiança do setor apresentou queda, interrompendo quatro meses seguidos de alta. O principal fator foi a mudança de direção da política monetária, com a alta na taxa de juros ocorrida em setembro e a perspectiva de novas elevações afetaram particularmente as expectativas dos empresários dos segmentos de Infraestrutura e de Edificações Residenciais. No mercado imobiliário, a majoração do crédito pode ter impacto no mercado de média renda e não deve atingir o segmento econômico, que está relacionado ao MCMV e recebe incentivo público.

De acordo com o Snic, a participação do crédito imobiliário no PIB vem perdendo força em função do ambiente de juros elevado e pelo esgotamento da poupança como fonte de recurso para as construções. É consenso do mercado a necessidade de procurar alternativas à poupança como fonte de recursos e aperfeiçoar instrumentos já existentes, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Letras Imobiliárias Garantidas (LIGs) ou mesmo a liberação de parte do compulsório bancário para abastecer o crédito imobiliário.

No cenário macroeconômico, os indicadores de trabalho e renda continuam positivos, porém já acende alerta para uma pressão de custos e logística. O Brasil enfrenta a maior estiagem da história recente. Da baixa dos rios no Norte, que dificulta o transporte de mercadorias, aos incêndios no Centro-Oeste e Sudeste, a seca pode impactar a venda de cimento. A escassez de chuvas e o acréscimo da conta de energia com bandeira vermelha traz preocupações ao setor.

No entanto, o cenário de franca recuperação de empregos, renda, do Produto Interno Bruto e, principalmente, do mercado imobiliário têm potencial para que as vendas de cimento fechem com crescimento em torno de 2,8% em 2024.

FERROVIÁRIO

IstoÉ Dinheiro - SP   09/10/2024

A Supervia, empresa que administra a malha de trens urbanos do Rio de Janeiro, deve fechar ainda este mês um acordo com o governo do estado para devolver a concessão, disseram à Reuters três fontes próximas às negociações.

As tratativas para a devolução estão sendo intermediadas pelo poder judiciário fluminense, onde tramita a recuperação judicial da Supervia.

“O acordo está quase pronto e a devolução está acertada”, disse uma das fontes. “Faltam detalhes para a assinatura”, adicionou uma segunda fonte.

As negociações em cursos preveem que tanto o concessionário quanto o governo do Estado façam aportes na concessão para garantir o funcionamento após a devolução do serviço.

A ideia do governo fluminense é contratar em caráter emergencial uma empresa para operar o sistema de trens fluminenses. Um interventor também deve ser nomeado para cuidar da operação até que o Estado consiga preparar uma nova concessão.

“O serviço tem de melhorar, o Estado quer entrar com dinheiro para aportar na rede e nos dormentes”, disse uma das fontes.

A expectativa é que essa operação dure aproximadamente 6 meses.

O governador do Estado Cláudio Castro disse em evento nessa terça-feira que nos próximos dias haverá uma solução para a concessão da Supervia.

“Estamos perto, muito perto de uma solução para, de forma mediada, arrumar a Supervia”, Castro a jornalistas.

Procurada, a Supervia não se pronunciou.

A concessionária já tinha manifestado em outras ocasiões dificuldade na manutenção dos serviços devido a uma queda no fluxo de passageiros após a pandemia e problemas de segurança. Frequentemente cabos da rede aérea dos trens são roubados e furtados.

A SuperVia opera o serviço de trens urbanos na região metropolitana (Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Nilópolis, Mesquita, Queimados, São João de Meriti, Belford Roxo, Japeri, Magé, Paracambi e Guapimirim), através de uma malha ferroviária de 270 quilômetros dividida em cinco ramais, três extensões e 104 estações.

A Supervia é controlada pela Guarana Urban Mobility Incorporated (Gumi), da japonesa Mitsui, desde 2019. Nos últimos meses, essa é a segunda concessionária de serviços de transportes públicos no Rio de Janeiro que desistem da operação.

PETROLÍFERO

CNN Brasil - SP   09/10/2024

A Petrobras vai abrir um escritório na China após seu Conselho de Administração ter aprovado a constituição de sociedade no país. A informação foi dada primeiramente pelo jornal Estado de São Paulo e confirmada pela estatal à CNN.

Segundo a petroleira, o processo deve ser concluído ainda em 2024.

“O objetivo da abertura do escritório é a prestação de serviços de diligenciamento, inspeção, fiscalização e engenharia aos Projetos de Unidade Estacionária de Produção da Petrobras em construção naquele país”, afirmou a empresa em nota.

A China é a maior parceira comercial do Brasil. Até setembro deste ano, foram exportados mais de US$ 76 bilhões em produtos brasileiros aos chineses, o que representa 30% de tudo que o Brasil vende, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Um dos principais grupos de produtos importados pela China é o de “óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus”, representando 21% (US$ 16,3 bilhões) das encomendas do país ao Brasil.

Agência Senado - DF   09/10/2024

A Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) aprovou nesta terça-feira (8) um projeto de lei que amplia as fontes de recursos da Pré-Sal Petróleo S.A. O objetivo é dar autonomia financeira a essa empresa pública. Agora o projeto (PL 6.211/2019) segue para análise na Câmara dos Deputados.

O texto altera a lei que autorizou a criação da Pré-Sal Petróleo S.A. (Lei 12.304. de 2010) para permitir que a empresa tenha novas fontes de receitas. Uma delas, por exemplo, seria uma parcela dos recursos que seriam destinados originalmente ao Fundo Social.

O autor da proposta é o ex-senador Arolde de Oliveira, que faleceu em 2020. Ele ressaltava que, por causa das determinações da Lei 12.304, de 2010, essa empresa vem obtendo apenas receitas provenientes da gestão dos contratos de partilha de produção, por intermédio de um contrato firmado com o Ministério de Minas e Energia, frequentemente afetado por contingências orçamentárias.

Arolde de Oliveira também argumentava que, como a gestão de comércio do petróleo e do gás natural da União se trata de competência exclusiva da Pré-Sal Petróleo S.A., a empresa deveria estar mais estruturada e dotada de plena sustentabilidade orçamentária e financeira.

A Pré-Sal Petróleo S.A. foi formalmente criada em 2013 e está vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Quando apresentou o projeto, Arolde de Oliveira afirmou que a iniciativa vai permitir que a empresa deixe de depender exclusivamente de recursos vinculados a um contrato com esse ministério, conquistando maior autonomia financeira em relação a possíveis cortes no orçamento público.
Substitutivo

Na Comissão de Serviços de Infraestrutura, a matéria foi aprovada sob a forma de um texto alternativo (substitutivo) apresentado pelo senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP). Ele foi o relator do projeto.

Esse texto alternativo busca assegurar a remuneração da empresa de maneira mais ampla, sem limitá-la às despesas de custeio e investimento e o pagamento de tributos. O substitutivo determina que, no cálculo dos recursos que serão destinados ao Fundo Social, seja descontada a remuneração da Pré-Sal Petróleo S.A.

O substitutivo também prevê a remuneração da empresa pelos seus gastos na execução de gestão dos contratos de partilha de produção e de comercialização, sem especificar despesas de custeio, investimento e tributos.

Ainda durante a discussão na CI, o relator acatou emenda de redação apresentada pelo senador Esperidião Amin (PP-SC) para determinar que a nova regra será regulamentada por ato das pastas responsáveis pelo setor, no âmbito do Executivo federal. O projeto inicial estabelecia ato conjunto dos ministros da Fazenda e de Minas e Energia, mas Esperidião Amin alertou para possíveis mudanças de nomes dos ministérios a cada mudança de governo.

Pontes também propôs, em seu texto alternativo, que a futura lei entrará em vigor na data de sua publicação, a fim de manter a cláusula de vigência inicialmente estabelecida pelo projeto de Arolde de Oliveira.

O relator destacou a importância da matéria para a autonomia financeira e operacional da empresa.

— Isso dá à empresa mais previsibilidade na sua parte financeira e é importante para que a sua operação da empresa seja mais fluida, para que não fique dependente de acordos do Ministério de Minas e Energia a cada ano.

A votação foi conduzida pelo presidente da comissão, senador Confúcio Moura (MDB-RO).

 

Globo Online - RJ   09/10/2024

As cotações do petróleo operam em forte queda nesta terça-feira, apesar da recente escalada de tensões no Oriente Médio. As Forças Armadas de Israel anunciaram nesta manhã que vão ampliar suas operações terrestres no Líbano, com o envio de novas divisões do Exército ao Sudeste do país. E o Hezbollah, grupo que atua no Líbano e apoia o Hamas, realizou seu maior ataque com foguetes contra Haifa, terceira maior cidade de Israel.

Mesmo assim, as cotações do petróleo chegaram a cair mais de 4% no mercado internacional nesta manhã.

Na semana passada, quando o Irã — um dos maiores produtores de petróleo do mundo e país que controla uma rota importante na logística de distribuição do insumo para o Ocidente — entrou no conflito disparando mísseis contra Israel.

Mesmo assim, as cotações da commodity não chegaram a superar o patamar de US$ 80.

Mas, por que, mesmo com a escalada de tensões no Oriente Médio, o preço do petróleo ainda está hoje do pico de quase US$ 90 que atingiu em maio?

A explicação está longe dali, na China.

Há alguns meses, analistas chegaram a prever que o barril do petróleo iria superar US$ 200 caso o Hezbollah entrasse na guerra — o que já aconteceu —

Embora alguns analistas projetassem que o barril pudesse chegar a US$ 200 há alguns meses, com uma eventual entrada do Hezbollah na guerra — o que já aconteceu. Mas, apesar da escalada da guerra, a demanda mundial por petróleo está pesando bem mais nos preços do produto. Em particular, o crescimento econômico menor da China.

E é este o fator que explica a queda nas cotações da commodity nesta terça-feira. Havia a expectativa, no mercado, que o governo chinês anunciasse novos estímulos à economia após o fim do feriado do Dia Nacional no país.

Afinal, antes do feriado, foram vários dias seguidos de medidas de incentivos ao mercado imobiliário, de alívio de juros e outras para tentar acelerar o crescimento do país. As iniciativas anunciadas hoje, porém, foram genéricas. E os analistas estão cada vez mais céticos de que Pequim vá atingir sua meta de fazer o PIB crescer 5% este ano.

Pedro Rodrigues, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) explica que, desde a pandemia, quando os preços chegaram a superar os US$ 100 por barril, diversos países aceleraram a produção de petróleo, como Estados Unidos, Guiana e o próprio Brasil.

— Esse aumento de oferta não foi acompanhado pela expansão da demanda. Hoje, se olharmos para a China, há uma grande incerteza. Isso tudo fez o petróleo chegar a US$ 70 por barril. Com a guerra entre Ucrânia e Rússia, o preço subiu, mas logo o mercado se acomodou, pois a Rússia conseguiu escoar sua produção. Então, sem questões geopolíticas, o petróleo tende a se manter nesse patamar, por conta da China.

Rodrigues explica que o Irã exerce influência no preço do petróleo não só por ser um grande produtor, mas porque o Estreito de Ormuz, na entrada do Golfo Pérsico, é rota por onde passa mais de 30% do petróleo no mundo. O estreito fica entre Omã e Irã:

— Com o risco de um eventual fechamento do Estreito de Ormuz, o frete e o seguro ficam mais caros.

Sergio Araújo, presidente-executivo da Abicom, que reúne os importadores de combustíveis, ressalta que o momento é de incerteza:

— Apesar da escalada da guerra e dos ataques a instalações de petróleo, a retomada da China é cercada de dúvidas, o que mitiga a alta do preço do petróleo.

E o preço no Brasil?

Segundo especialistas, a dúvida recai ainda sobre como a Petrobras pode lidar com essa variação de preços no cenário internacional. Nas semanas anteriores à escalada das tensões no Oriente Médio, a estatal estava vendendo gasolina e diesel mais caros em relação ao exterior. Após rumores de que a companhia poderia reduzir os preços, fontes indicam que a Petrobras tirou o tema do radar.

— Acredito que a Petrobras vai aguardar para fazer qualquer movimentação. O diesel está com preço congelado neste ano todo — diz Araújo.

AGRÍCOLA

Valor - SP   09/10/2024

Setor industrial avançou 1,8% em Minas Gerais no mês, frente a julho, enquanto no Ceará a alta foi de 2,7%

O aumento da produção em agosto em Minas Gerais e no Ceará ajudou a manter a indústria no campo positivo, mostram os dados da Pesquisa Industrial Mensal Regional (PIM Regional), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O setor industrial avançou 1,8% em Minas Gerais em agosto, frente a julho, enquanto no Ceará a alta foi de 2,7%.

Em Minas Gerais, a alta foi a terceira seguida, com ganho acumulado de 9,2% no período. “Os setores extrativo e de produtos químicos foram os maiores responsáveis pelo resultado positivo da indústria mineira”, afirma o analista da pesquisa, Bernardo Almeida.

No Ceará, crescimento da produção também foi o terceiro consecutivo, com alta acumulada de 6,2%. Neste caso, o que mais contribuiu para o aumento foram os setores de artefatos do couro; artigos para viagem e calçados; e produtos químicos.

Os outros três locais com expansão da produção industrial em agosto, frente a julho, foram Bahia (0,8%); Mato Grosso (0,8%); e Rio de Janeiro (0,2%).

Pelo lado das influências negativas, a maior veio de São Paulo, com queda de 1% da produção em agosto e perda acumulada de 2,4% nos meses de julho e agosto.

Além de São Paulo, outros nove locais pesquisados pelo IBGE apontaram queda na produção. Pará (-3,5%), Paraná (-3,5%) e Rio Grande do Sul (-3,0%) registraram as taxas mais expressivas.

A segunda maior influência negativa veio do Paraná, que ocorre após dois meses de crescimento na produção, com ganho acumulado de 7,7%. A queda foi puxada pelos setores de derivados do petróleo e de alimentos.

Em seguida, vem o Rio Grande do Sul, onde a produção tinha crescido 36,4% em junho e julho, após a retração de maio provocada pelas enchentes no Estado. Ali, o impacto negativo veio das atividades de celulose, papel e produtos de papel; e de produtos do fumo impactaram negativamente.

No Pará, o recuo foi o segundo seguido, com perda acumulada de 7% no período. As maiores influências vieram dos setores de metalurgia e de minerais não metálicos.

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