Infomoney - SP 09/08/2023
A Gerdau (GGBR4) registrou um lucro líquido ajustado de R$ 2,143 bilhões, cifra 50,1% inferior à reportada no mesmo período de 2022, de R$ 4,298 bilhões.
Conforme a empresa, quando comparado à igual período de 2022, o resultado recuou devido à forte base de comparação, somado à retração do consumo mundial de aço.
No trimestre, questões como o nível de atividade econômica na China, provável desaceleração da economia norte-americana e dificuldades de acesso ao crédito no Brasil impactaram o consumo global do produto.
Resultados Gerdau (GGBR4)
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) alcançou R$ 3,8 bilhões, 43,2% abaixo de um ano antes, com margem de 20,8%, ante 29,1% de um ano antes.
O resultado financeiro apresentou despesas líquidas de R$ 423 milhões no 2T23, ante despesa líquida de R$ 361 milhões de um ano antes.
Conforme a empresa, o resultado financeiro foi influenciado, na comparação anual, principalmente, pelo maior efeito da variação cambial, que reflete as oscilações na taxa de câmbio das moedas locais frente ao dólar.
A receita líquida totalizou R$ 18,3 bilhões no segundo trimestre, montante 20,5% menor do que um ano antes. Enquanto isso, o lucro bruto somou R$ 3,3 bilhões, queda de 44,5%.
Diário do Aço - MG 09/08/2023
A Usiminas interrompeu nesta terça-feira (8), as obras para reparo paliativo da Bateria 5 da Coqueria 3, na planta industrial em Ipatinga. A estrutura conta com duas baterias, sendo que a segunda bateria, número 6, já estava com a produção paralisada desde fevereiro 2023. A empresa iniciou o serviço de recuperação das coquerias em abril de 2022 com uma produção controlada de coque para analisar o desempenho da estrutura.
Conforme a companhia, a bateria 5 vinha operando com apenas 25% da sua capacidade e a empresa definiu suspender temporariamente a produção por uma prevenção ambiental. “Desenvolvemos durante 16 meses diversas técnicas no processo de reparações parciais da Coqueria. Fizemos uma análise crítica e o aumento do número de fornos na bateria 5 poderia afetar no desempenho ambiental da Usina de Ipatinga. De forma preventiva, suspendemos a operação da Coqueria 3. Nossa prioridade absoluta é o cumprimento rigoroso dos parâmetros exigidos pelas normas e legislação ambientais. Por isso, foi definido o abafamento a quente”, explicou o Vice-Presidente Industrial, Américo Neto.
O processo de abafamento a quente da bateria 5 da Coqueria 3 está planejado e será acompanhado pela equipe de segurança, meio ambiente, operação e manutenção. O procedimento não gera risco para a comunidade mas poderá gerar emissões visíveis e ruídos pontuais. A produção de Coque, material que é usado nos altos-fornos no processo de produção do aço, continuará na Coqueria 2, com complemento de material adquirido no mercado.
A empresa está analisando as alternativas para garantir a sua produção de coque próprio no longo prazo.
Globo Online - RJ 09/08/2023
A ata do Copom tentou dar um ar de normalidade à divisão do comitê de política monetária, que pelo placar de 5 a 4, com voto de minerva do presidente do BC, Roberto Campos Neto, decidiu por um corte maior da Selic.
O documento apontou que, apesar da decisão final ter sido por uma redução de meio ponto, os integrantes do colegiado julgaram “haver mérito” em uma queda de 0,25 ponto, e que qualquer das opções pode levar a inflação à meta no futuro.
- [...] ambas as opções, a depender do ciclo empreendido, seriam compatíveis com a convergência da inflação para a meta tanto nos cenários de referência do Comitê, como em outros cenários apresentados na reunião - aponta trecho.
Há sinais da economia que pedem uma postura conservadora do comitê, frisou a ata. São eles: as expectativas para o IPCA no longo prazo (ainda fora do centro da meta de 3%), núcleos de inflação acima do desejado e a alta de preços de serviços ainda incomodando, assim como sinais de atividade econômica resiliente.
- Durante o debate, o Comitê julgou haver mérito tanto na opção de reduzir a taxa Selic em 0,25 ponto percentual como em 0,50 ponto percentual, reforçando que, qualquer que fosse a decisão, era consensual que um cenário com expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial, núcleos de inflação ainda acima da meta, inflação de serviços acima do patamar compatível com a meta para a inflação e atividade econômica resiliente requer uma postura mais conservadora ao longo do ciclo de flexibilização da política monetária - aponta o comitê.
Ainda na linha de tentar esfriar os ânimos do mercado – parte dos investidores viu na decisão do Copom a senha para apostar em cortes maiores, de 0,75 ponto - o colegiado apontou que um ritmo mais forte de queda da Selic é “pouco provável”.
- O Comitê julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva - diz trecho da ata. - Tal confiança viria apenas com uma alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação, tais como uma reancoragem bem mais sólida das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto ou uma dinâmica substancialmente mais benigna do que a esperada da inflação de serviços.
Na ata, é possível acompanhar o detalhamento dos diferentes pontos de vista dos membros do Copom. Aqui dos mais conservadores:
- Um grupo defendeu uma redução da taxa de juros mais parcimoniosa. Para esse grupo, a própria sinalização do Comitê já enfatizava a cautela e a parcimônia em tal conjuntura e, na opinião desses membros, não se observaram alterações relevantes no cenário ou projeções do Comitê que justificassem uma reavaliação dessa sinalização - diz trecho do documento.
E aqui dos que defenderam o corte de meio ponto:
- Outro grupo considerou que a postura de política monetária em patamar significativamente contracionista permite um início do ciclo já no ritmo moderado considerado para as próximas reuniões, sem detrimento do comprometimento com a meta e a credibilidade da política monetária. Esse grupo enfatizou alguns desenvolvimentos desde a última reunião, como a dinâmica recente de inflação mais benigna do que era esperado, a reancoragem parcial relativamente célere após a definição da meta pelo CMN e a adequação de recalibrar a taxa de juros real em função dos movimentos nas expectativas de inflação.
IstoÉ Dinheiro - SP 09/08/2023
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central afirmou na ata da reunião da semana passada divulgada nesta terça-feira, 8, que após “debate profundo sobre o atual estágio do processo desinflacionário”, que os indicadores recentes da inflação de serviços apontam para uma continuidade da desinflação observada no período recente, apesar “alguma oscilação em níveis ainda acima do patamar compatível com a meta”.
Nessa avaliação, o BC ressaltou que é mais relevante focar nos fundamentos subjacentes da inflação de serviços, principalmente possíveis mudanças no mercado de trabalho e na dinâmica da atividade econômica, do que “em movimentos pontuais da inflação de serviços, relativos a algum componente ou algum período”.
Na semana passada, o Copom iniciou o ciclo de afrouxamento da Selic com uma queda de 0,50 ponto porcentual, de 13,75% para 13,25% ao ano, após um ano de estabilidade.
No debate sobre a inflação, o BC manteve a avaliação de que a dinâmica da desinflação segue caracterizada por um processo com dois estágios distintos, sendo que o estágio inicial se mostrou mais profundo do que o esperado em função da dinâmica mais favorável de alimentos, industriais e do comportamento dos preços no atacado.
Nesse sentido, o BC disse que a dinâmica recente da taxa de câmbio e do preço das commodities internacionais, ainda que exibindo maior volatilidade, contribuiu para arrefecer as pressões internacionais sobre a inflação no Brasil.
“Por um lado, esse fenômeno melhora a dinâmica do segundo estágio da desinflação, com uma inércia menor sobre os núcleos de inflação e sobre a inflação de serviços. Por outro lado, a volatilidade inerente aos componentes ligados a alimentos e bens industriais sugere a possibilidade de reversões abruptas, recomendando cautela”, ponderou o BC.
Nesse debate, o comitê informou que foram mencionados os riscos, parcialmente incorporados no cenário-base, referentes a El Niño, assim como os referentes à evolução do preço internacional do petróleo, que seguiu a governança usual do Comitê em suas hipóteses. “Ao fim, concluiu-se unanimemente pela necessidade de uma política monetária contracionista e cautelosa, de modo a reforçar a dinâmica desinflacionária.”
IstoÉ Dinheiro - SP 09/08/2023
O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pode manter as taxas de juros na próxima reunião de política monetária, em setembro, afirma o presidente do Fed da Filadélfia, Patrick Harker. Com direito a voto nas decisões de política monetária deste ano, ele pondera que, caso não haja novos dados alarmantes, a autoridade monetária pode optar por uma pausa e “deixar o aperto monetário trabalhar”.
Em discurso no fórum State of the Economy, do Philadelphia Business Journal, ele afirmou que, quando a pausa no aperto chegar, os juros devem ficar estáveis por muito tempo, e dificilmente haverá um cenário para flexibilização da taxa em 2023.
Segundo Harker, o atual cenário possibilita o tão almejado “pouso suave”, que permitirá que os EUA escapem de uma recessão, mesmo que apenas com crescimento baixo.
De acordo com o presidente do Fed da Filadélfia, o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), medida de inflação preferida da autoridade monetária, deve terminar 2023 um pouco abaixo de 4% ao ano.
Já em 2024, a expectativa é que a taxa de inflação encerre o ano abaixo de 3%, e volte à meta de 2% em 2025.
Para o restante do ano atual, Harker prevê um aumento leve nas taxas de desemprego.
O Estado de S.Paulo - SP 09/08/2023
As exportações da China caíram 14,5% em julho em comparação com o ano anterior, aumentando a pressão sobre o Partido Comunista no poder para reverter uma queda econômica. As importações despencaram 12,4%, conforme dados divulgados na terça-feira, 8, prejudicando os exportadores globais que veem a China como um dos maiores mercados para materiais industriais, alimentos e bens de consumo.
As exportações caíram para US$ 281,8 bilhões, à medida que o declínio se acelerou em relação à queda de 12,4% de junho. As importações caíram para US$ 201,2 bilhões, ampliando-se em relação à contração de 6,8% do mês anterior. O superávit comercial global do país diminuiu 20,4% em relação ao recorde anterior, há um ano, para US$ 80,6 bilhões.
Os líderes chineses estão tentando fortalecer a atividade empresarial e de consumo após um aumento depois do fim dos controles de vírus em dezembro que se esgotou mais cedo do que o esperado. O crescimento econômico caiu para 0,8% nos três meses encerrados em junho em comparação com o trimestre anterior, baixando dos 2,2% do período de janeiro a março. Isso equivale a um crescimento anual de 3,2%, que seria um dos mais fracos da China em três décadas.
A demanda por exportações chinesas esfriou depois que o Federal Reserve (banco central dos EUA) e os bancos centrais da Europa e da Ásia começaram a elevar as taxas de juros no ano passado para combater a inflação que estava em máximas de décadas. A contração das exportações foi a maior desde o início da pandemia em 2020, de acordo com a Capital Economics. A empresa disse que a queda se deveu principalmente a preços mais baixos, enquanto os volumes de mercadorias estavam acima dos níveis pré-pandêmico
“Esperamos que as exportações continuem a diminuir nos próximos meses antes de atingirem o ponto mais baixo no final do ano”, disse a Capital Economics em um relatório. “A perspectiva de curto prazo para os gastos do consumidor em economias desenvolvidas permanece desafiadora.” O partido no poder prometeu medidas para apoiar empreendedores e incentivar a compra de imóveis e os gastos do consumidor, mas não anunciou gastos em grande escala com estímulos ou cortes de impostos.
“A demanda interna continua a se deteriorar”, disse David Chao, da Invesco, em um relatório. “Os formuladores de políticas prometeram mais apoio político, o que poderia impulsionar os gastos das famílias e levar a uma melhoria no crescimento das importações nos próximos meses.” As exportações para os Estados Unidos caíram 23% em relação ao ano anterior, para US$ 42,3 bilhões, enquanto as importações de produtos americanos recuaram 11,1%, para US$ 12 bilhões. O superávit comercial politicamente sensível da China com os Estados Unidos diminuiu 27%, para ainda robustos US$ 30,3 bilhões.
As importações chinesas da Rússia, principalmente petróleo e gás, diminuíram em pouco menos de 0,1% em relação ao ano anterior, para US$ 9,2 bilhões. As compras chinesas de energia russa aumentaram, ajudando a compensar a receita perdida devido às sanções ocidentais impostas para punir o Kremlin por sua invasão da Ucrânia. A China, que é amigável com Moscou, mas diz ser neutra na guerra, pode comprar petróleo e gás russo sem acionar sanções ocidentais. Autoridades dos Estados Unidos e da França citam evidências de que a China está entregando mercadorias com possíveis usos militares para a Rússia, mas não disseram se isso pode acionar penalidades contra empresas chinesas.
As exportações para a União Europeia de 27 nações caíram 39,5% em relação ao ano anterior, para US$ 42,4 bilhões, enquanto as importações de produtos europeus recuaram 44,1%, para US$ 23,3 bilhões. O superávit comercial da China com a UE diminuiu 32,7%, para US$ 19,1 bilhões. Nos primeiros sete meses do ano, as exportações chinesas caíram 5% em relação ao mesmo período de 2022, para pouco mais de US$ 1,9 trilhão. As importações caíram 7,6%, para US$ 1,4 trilhão./AP
O Estado de S.Paulo - SP 09/08/2023
O presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy, disse nesta terça-feira, 8, que a economia brasileira está na direção certa, e fez elogios ao trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Segundo ele, os dois construíram as condições para que o cenário para o País melhorasse nos últimos meses.
“Vemos sinais benignos e avanços muito positivos na direção correta”, afirmou, durante entrevista para comentar os resultados do banco no segundo trimestre. “O trabalho, tanto do ministro da Fazenda quanto do BC, está na direção correta.”
Maluhy afirmou que a política monetária restritiva, iniciada em 2021 pelo BC, foi correta e ajudou a controlar a inflação antes do que se vê em outros países, o que abriu espaço para que os juros no Brasil também caíssem antes. Do ponto de vista fiscal, ele disse que o arcabouço fiscal e as reformas são positivas, mas voltou a dizer que não podem gerar uma agenda de busca por uma arrecadação maior.
O executivo disse que as perspectivas para a segunda metade do ano são positivas, mesmo com um efeito ainda forte da Selic a dois dígitos. “No segundo semestre, a atividade deve arrefecer por efeito dos juros”, afirmou.
O Itaú Unibanco espera, nesse sentido, que a atividade do mercado de capitais aumente no segundo semestre. E, para Maluhy, essa retomada deve levar ao crescimento de algumas linhas de receita do banco. O Itaú BBA, banco de investimento do conglomerado, é líder na assessoria a operações de mercado de capital no País. “Todo retorno de atividade em mercado de capitais é positivo para o banco”, disse.
Para o executivo, um dos sinais positivos vem da indústria de fundos. Após o impacto inicial do caso Americanas, no início do ano, a captação dos fundos começou a se estabilizar, segundo ele, o que permite antever um cenário mais positivo para os próximos meses.
Falha nos aplicativos
Segundo Milton Maluhy, após atualizar os sistemas tecnológicos e investir no digital, o banco está abrindo contas com uma velocidade muito maior. “Nós levávamos 28 horas para abrir uma conta, o que realmente não fazia sentido. Atualmente, abrimos em quatro minutos”, disse.
Ele também falou sobre a falha tecnológica registrada nesta segunda-feira, 7: durante boa parte do dia, os aplicativos do Itaú, do Itaú Cartões e também do banco digital Iti ficaram fora do ar. O banco estendeu o horário de funcionamento das agências físicas em uma hora, e recomendou aos clientes que fossem até as unidades para buscar atendimento.
Segundo Maluhy, o evento foi “pontual”, em uma aplicação interna. “Durou mais tempo do que imaginávamos”, disse. O executivo pediu desculpas aos clientes, e disse que o banco não está imune a problemas, mas que busca aprender com eles. “A única certeza que eu tenho é que problemas virão, esperamos que sejam problemas diferentes e que a gente aprenda com eles.”
Juros do rotativo
O presidente do Itaú disse tambem, na entrevista, que o banco espera para os próximos 90 dias uma solução para os juros do crédito rotativo. De acordo com ele, a expectativa é de uma solução de longo prazo, que acomode os diferentes fatores envolvidos na indústria de cartões.
“Nos próximos 90 dias, nós vamos conseguir dar esse passo de longo prazo, e depois entender se vai ser necessária uma transição”, disse. Ele não apontou qual seria essa solução, mas disse que o assunto foi discutido entre todos os agentes, do governo e do Banco Central ao setor financeiro, e que o diálogo foi positivo.
O executivo afirmou que todos os agentes de mercado estão conscientes de que renúncias terão de ser feitas, mas que uma solução será encontrada. Ainda de acordo com ele, as bandeiras de cartão de crédito têm um papel importante na discussão, e estão conscientes da posição que ocupam.
Exame - SP 09/08/2023
Considerado um dos fatores de influência na taxa de câmbio, o diferencial de juros entre as economias americana e brasileira deve diminuir ainda mais nos próximos meses, conforme o Banco Central dá continuidade ao ciclo de cortes da taxa Selic.
O Comitê de Política Monetária (Copom) deu inicio à queda de juros na semana passada com um corte de 0,50 ponto percentual (p.p.). Na ata da decisão, divulgada nesta terça-feira, 9, o Copom reafirmou haver entre seus membros uma unanimidade para prosseguir com o mesmo ritmo de corte de juros nas reuniões seguintes. A expectativa do mercado é de que a Selic caia do atual patamar de 13,25% para 9% até o ano que vem, chegando a 8,5% em 2025.
Nos Estados Unidos, por outro lado, espera-se que o Federal Reserve mantenha inalterada sua taxa de juros entre 5,25% e 5,5%, pelo menos, até março do ano que vem, iniciando um ciclo gradual de cortes a partir de então. Investidores precificam como o cenário mais provável uma queda para próximo de 4% para o fim do ano que vem.
Ou seja, por mais que já tem diminuído desde que o Fed começou a subir suas taxas nos Estados Unidos, a queda desse diferencial de juros deve se intensificar nos próximos meses.
Esse declínio, isoladamente, tende a jogar contra o real, uma vez que os títulos brasileiro se tornam relativamente menos atrativos. O mercado, no entanto, não espera que esse fator sirva de gatilho para uma grande apreciação do dólar no Brasil nos próximos meses.
"Esse diferencial já caiu bastante e vai cair mais, mas muito gradualmente, Isso tem algum impacto na taxa de câmbio. Mas, se o diferencial de juros está ficando maior porque o país está melhor e crescendo mais, a tendência é a taxa de câmbio se apreciar", disse Luiz Fernando Figueiredo, chairman da Jive Investments e ex-diretor do Banco Central, em entrevista recente à Exame Invest.
Efeito limitado e dólar mais alto daqui para frente
Por outro lado, Figueiredo também não vê espaço para a moeda cair muito mais a partir daqui. "Acho que o Brasil vai bem, mas, em termos reais, não dá para o cambio se apreciar muito mais. O diferencial de juros, quando muito alto, gera uma pressão para valorização do real e essa pressão tende a diminuir." Sua projeção é de que o dólar termine o ano próximo de R$ 5, mas ainda abaixo da marca. Para os próximos anos, sua expectativa é de o dólar fique levemente mais alto, devido ao déficit nas contas correntes.
Cotado próximo de R$ 4,90, o dólar acumula cerca de 7% de queda no ano frente ao real. Na mínima, quando foi a R$ 4,72, chegou a acumular uma desvalorização de 10%. A apreciação do real se deu principalmente pela balança comercial, avaliou Alfredo de Menezes, CEO da Armor Capital, entrevista à Exame. Mas o gestor, referência quando o assunto é câmbio, espera pela apreciação da moeda no segundo semestre. "O primeiro semestre é o melhor momento de fluxo de dólar para o Brasil e o quarto trimestre é o pior momento. Então, o dólar deverá subir até o fim do ano."
O consenso do Focus indica que a moeda americana deverá encerrar o ano cotada a R$ 4,90, subir para R$ 5 até o fim de 2024 e para R$ 5,08 em 2025.
Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, avalia que a projeção de mercado para o dólar em alta para os próximos anos considera a diferença entre a inflação dos Estados Unidos e a do Brasil, que tende a ser maior no médio e longo prazo.
O tema também foi abordado por Karina Saade, CEO da BlackRock Brasil em balanço do cenário de investimentos para o segundo semestre Segundo ela, a queda esperada do diferencial de juros não deverá reduzir o apetite do investidor estrangeiro pelo Brasil.
"Mas se estivermos errados e o Brasil cortar muito rápido suas taxas de juros ou os Estados Unidos se tornarem muito mais agressivos na política monetária do que esperamos, poderia desacelerar os fluxos estrangeiros para o Brasil", comentou.
O Estado de S.Paulo - SP 09/08/2023
Não são poucos os analistas que acreditam que o Banco Central correu um risco em termos de credibilidade da política monetária ao cortar a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, apesar de a sua projeção de inflação para 2024 ter se mantido inalterada em 3,4%, acima da meta de 3%, e ainda considerando como premissa uma redução menor dos juros, de 0,25 ponto, na reunião do Copom da semana passada.
Em outras palavras, o BC minimizou o peso que sempre deu para sua expectativa de inflação para definir os próximos passos da política monetária, preferindo agora, talvez, dar maior importância aos dados correntes de inflação, além de indicadores de atividade.
Essa nova postura de reação do BC será testada nesta sexta-feira, com a divulgação do IPCA de julho. Os analistas vão querer ver se o núcleo da inflação, que exclui os itens mais voláteis de energia e de alimentos, seguirá apontando para uma dinâmica mais favorável dos preços ao consumidor, como ficou evidente nos índices mais recentes.
Ou seja, se o núcleo voltar a recuar será maior a confiança de que a inflação poderá desacelerar e convergir para a meta, permitindo ao Copom baixar a Selic no ritmo sinalizado de 0,50 ponto nas próximas reuniões.
No último IPCA-15, a prévia da inflação de julho, a média dos núcleos acumulada em 12 meses caiu para 5,53%, de 6,19% em junho. Mas essa boa notícia foi relativizada por alguns analistas por causa de um impacto que não deve mais se repetir: o programa de descontos para os carros populares, que já foi encerrado pelo governo.
Ainda preocupa os analistas os preços de serviços, uma vez que um mercado de trabalho apertado sustenta a demanda e pode manter a inflação num patamar indesejado de forma mais persistente. No IPCA-15, esse grupo registrou alta de 0,36%, em comparação ao avanço de 0,56% de junho.
Excluindo itens voláteis, como passagens aéreas, o item “serviços subjacentes”, uma medida de inflação monitorada de perto pelo BC por ser mais sensível à política monetária, caiu de uma taxa acumulada em 12 meses de 6,53%, na prévia do IPCA de junho, para 5,93% em julho. A crítica de analistas é de que essa desaceleração está mais lenta do que o desejado para permitir o corte de juros com maior velocidade.
Para o IPCA fechado de julho, o consenso das projeções é de leve alta de 0,06%, revertendo a deflação de 0,08% em junho. E a taxa anual deverá subir de 3,16% para 3,9%. Essa aceleração da inflação anual já era esperada. O que não está na conta é se a composição do índice voltar a mostrar uma piora qualitativa.
CNN Brasil - SP 09/08/2023
Os preços ao consumidor da China registraram seu primeiro declínio anual em mais de dois anos em julho, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (9). Eles seriam reflexo de uma a demanda fraca pesando sobre a economia.
O índice de preços ao consumidor do mês caiu 0,3% na comparação anual, disse o Escritório Nacional de Estatísticas.
Essa é uma queda ligeiramente mais lenta do que a estimativa mediana de 0,4%, segundo pesquisa da Reuters. Foi a primeira queda ano a ano desde fevereiro de 2021. O índice permaneceu inalterado em junho.
O índice de preços ao produtor (IPP) caiu pelo décimo mês consecutivo, indo a 4,4% em relação ao ano anterior, após uma queda de 5,4% no mês anterior. Isso comparado com uma previsão de queda de 4,1%.
A recuperação econômica da China desacelerou após um início vigoroso no primeiro trimestre, com o enfraquecimento da demanda interna e externa. As autoridades lançaram uma série de medidas políticas para apoiar a economia, com mais medidas esperadas.
A queda nos preços ao consumidor é mais motivo de preocupação com as crescentes pressões de deflação em meio ao crescimento econômico vacilante devido à persistente desaceleração imobiliária e quedas nas importações e exportações.
No entanto, as autoridades minimizaram as preocupações com a deflação.
Liu Guoqiang, vice-presidente do banco central do país, disse, no mês passado, que não haveria riscos deflacionários na China na segunda metade do ano, mas observou que a economia precisa de tempo para voltar ao normal após a pandemia.
O governo estabeleceu uma meta de inflação ao consumidor de cerca de 3% este ano, acima dos 2% registrados em 2022.
Apesar do recente estímulo político, consumidores e fabricantes permaneceram cautelosos em meio ao mercado imobiliário ainda fraco e alto desemprego juvenil, e há um apetite cada vez menor entre as empresas estrangeiras para investir na China.
Os investidores esperavam ansiosamente que os formuladores de políticas injetassem medidas de estímulo após a poderosa reunião do Politburo no mês passado, com o mercado de ações praticamente desapontado com a falta de ações concretas.
O Estado de S.Paulo - SP 09/08/2023
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central afirmou, na ata da reunião da semana passada, que julga como “pouco provável” uma intensificação adicional no ritmo de cortes da taxa Selic, que o colegiado já indicou que deve se manter em 0,5 ponto porcentual nas próximas reuniões. Na semana passada, o Copom iniciou o ciclo de afrouxamento da Selic com uma queda de 0,5 ponto, de 13,75% para 13,25% ao ano, após um ano de estabilidade.
“O Comitê julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva”, disse o BC na ata, divulgada nesta terça-feira, 8.
Segundo o Copom, essa confiança viria apenas com uma alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação, como uma ancoragem bem mais sólida das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto ou um comportamento substancialmente mais benigno do que o esperado da inflação de serviços.
Na semana passada, após a reunião do comitê que decidiu pela queda da Selic, alguns analistas já cogitavam a possibilidade de o ritmo de cortes aumentar nas próximas reuniões, para 0,75 ponto, caso houvesse melhora nas condições do mercado.
No documento, porém, o colegiado voltou a dizer que houve unanimidade sobre a expectativa de cortes de 0,5 ponto porcentual nas próximas reuniões do Copom e que os membros “avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.
O BC indicou que o ritmo de 0,5 ponto é equilibrado, pois conjuga o “firme compromisso com a reancoragem de expectativas e a dinâmica desinflacionária”, assim como o “ajuste no nível de aperto monetário em termos reais diante da dinâmica mais benigna da inflação antecipada nas projeções do cenário de referência”.
“Avaliou-se ainda que não há evidência de que esteja em curso um aperto além do que seria necessário para a convergência da inflação para a meta e que o cenário ainda inspira cautela, reforçando a visão de serenidade e moderação que o Comitê tem expressado”, disse.
Decisão rachada
Após a decisão rachada sobre o primeiro corte da taxa Selic, o Copom esclareceu, na ata, que o colegiado considerou haver mérito tanto em uma redução inicial da taxa Selic de 0,25 ponto porcentual quanto de 0,5 ponto porcentual. Além disso, avaliou que ambas as opções seriam compatíveis com a convergência da inflação para a meta, a depender do ciclo que fosse empreendido.
“Ambas as opções, a depender do ciclo empreendido, seriam compatíveis com a convergência da inflação para a meta tanto nos cenários de referência do Comitê, como em outros cenários apresentados na reunião.”
Por outro lado, houve também consenso que, qualquer que fosse a decisão, um cenário com expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial, núcleos de inflação ainda acima da meta, inflação de serviços acima do patamar compatível com a meta para a inflação e atividade econômica resiliente requer uma postura mais conservadora ao longo do ciclo de flexibilização da política monetária.
A redução de 0,5 ponto na semana passada gerou surpresa em parte do mercado, especialmente diante da projeção oficial de inflação de 2024, de 3,4%, acima da meta de 3%. A decisão foi rachada, com 5 diretores votando a favor de 13,25% e quatro por 13,5%.
Segundo a ata, o grupo minoritário defendeu uma redução da taxa de juros mais parcimoniosa, como havia sido indicada no Copom anterior, em junho, já que não houve nenhuma alteração relevante no cenário para justificar a alteração. “Para esse grupo, a própria sinalização do Comitê já enfatizava a cautela e a parcimônia em tal conjuntura e, na opinião desses membros, não se observaram alterações relevantes no cenário ou projeções do Comitê que justificassem uma reavaliação dessa sinalização”, explicou o BC.
A ala mais agressiva, porém, destacou que o nível significativamente contracionista da política monetária permitiria iniciar o ciclo de cortes da Selic já no ritmo moderado considerado para as próximas reuniões, “sem detrimento do comprometimento com a meta e a credibilidade da política monetária”. “Esse grupo enfatizou alguns desenvolvimentos desde a última reunião, como a dinâmica recente de inflação mais benigna do que era esperado, a reancoragem parcial relativamente célere após a definição da meta pelo CMN e a adequação de recalibrar a taxa de juros real em função dos movimentos nas expectativas de inflação”, informou a ata.
Infomoney - SP 09/08/2023
Os contratos futuros de minério de ferro caíram nesta terça-feira, eliminando os ganhos registrados no início da sessão, uma vez que dados comerciais fracos da China aumentaram a pressão sobre as autoridades para lançar mais medidas concretas de estímulo, enquanto cortes na produção de aço continuaram pesando sobre o mercado.
O minério de ferro mais negociado para janeiro na Dalian Commodity Exchange da China encerrou as negociações do dia com queda marginal de 0,3%, para 716,0 iuanes (99,26 dólares) por tonelada, registrando baixa pela quarta sessão consecutiva.
Na Bolsa de Cingapura, o minério de ferro de referência para setembro recuou 0,4% para 100,6 dólares a tonelada.
As importações de minério de ferro da China em julho caíram 2% em relação ao mês anterior, mostraram dados alfandegários, já que as restrições de sinterização no principal centro de produção de aço Tangshan diminuíram a demanda pelo principal ingrediente siderúrgico.
No geral, as exportações do país caíram 14,5% em julho em relação ao ano anterior, enquanto as importações contraíram 12,4%, mostraram dados, no maior declínio nos embarques da segunda maior economia do mundo desde fevereiro de 2020.
A economia da China cresceu a um ritmo lento no segundo trimestre, com a demanda enfraquecida no país e no exterior, levando os principais líderes a prometer mais medidas de apoio na reunião do Politburo do mês passado.
As preocupações com novos cortes na produção de aço na China também ressurgiram, com a Rio Tinto alertando na semana passada que a produção de aço do país estava atingindo o ponto de saturação, disseram analistas da ANZ em nota.
As siderúrgicas da província de Yunnan, no sudoeste da China, foram solicitadas a se preparar para reduzir a produção para atender a uma determinação do governo de limitar a produção de 2023 ao nível da do ano passado, disseram duas consultorias chinesas em 28 de julho.
Revista Mineração - SP 09/08/2023
Mineradora espera aprofundar sua relação com a China nas áreas de mineração sustentável e soluções de minério de ferro de baixo carbono.
A Vale celebra este ano cinco décadas de relacionamento com a China. O primeiro carregamento de minério de ferro para o país asiático aconteceu em julho de 1973, um ano antes do estabelecimento das relações diplomáticas formais entre Brasil e China.
Desde 2006, a China é o principal mercado para o minério de ferro da Vale e atualmente responde pelo consumo de 60% da produção da empresa. No último dia 4, a celebração do 50º aniversário contou com a realização do evento “50 anos de parceria com a China para um futuro sustentável”, em Xangai.
No evento, Eduardo Bartolomeo, CEO da Vale, ressaltou o compromisso de longo prazo e as parcerias ao longo desses 50 anos, além de destacar que a Vale não apenas continuará sua busca pela prosperidade compartilhada, mas também se unirá à China para enfrentar as mudanças climáticas, um dos maiores desafios de nosso tempo.
“Esperamos que, com nosso portfólio mineral de classe mundial e soluções de minério de ferro de baixo carbono, como pelotas, briquetes, Tecnored e biocarbono, a Vale possa seguir apoiando seus clientes siderúrgicos em sua jornada de descarbonização, ajudando assim a China a atingir suas metas de mudanças climáticas”, destacou o executivo.
A comemoração contou com a presença de diversas autoridades, entre as quais Marcos Galvão, embaixador do Brasil na China, Augusto Souto Pestana, cônsul-geral do Brasil em Xangai, e Marcos Caramuru, ex-embaixador do Brasil na China, além de líderes chineses, como Yu Jianlong, vice-presidente do Conselho Chinês para a Promoção do Comércio Internacional (CCPIT), Zhou Xiaoyan, vice-presidente do Conselho de Promoção de Investimentos Internacionais da China (CCIIP), Wang Yingsheng, economista-chefe da Associação de Ferro e Aço da China (CISA) e Zhu Yi, vice-diretora da Comissão Municipal de Comércio de Xangai. Participaram ainda líderes e representantes de clientes, fornecedores e parceiros da Vale na China.
“Na nova era de desenvolvimento de produtos de alta qualidade que contribuem para a descarbonização, a Vale espera aprofundar continuamente sua relação com a China nas áreas de mineração sustentável e soluções de minério de ferro de baixo carbono”, ressaltou a empresa em nota.
Valor - SP 09/08/2023
A companhia disse que aumentaria seu dividendo em US$ 1 bilhão e recompraria mais US$ 1,2 bilhão de suas próprias ações
A Glencore Plc reportou uma queda acentuada no lucro do primeiro semestre e reduziu os retornos para seus acionistas, uma vez que a decepcionante demanda chinesa pesa sobre os preços das commodities, enquanto a volatilidade que alimenta seus traders diminuiu drasticamente desde o ano passado.
A Glencore reportou ganhos básicos de US$ 9,4 bilhões no primeiro semestre, metade do número recorde registrado um ano atrás, embora ainda seja um de seus melhores desempenhos de todos os tempos.
A trader e mineradora de commodities viu os lucros dispararem no ano passado quando a invasão da Ucrânia pela Rússia elevou os preços da energia a recordes e deslocou os fluxos comerciais globais, mas muitas dessas pressões agora diminuíram, enquanto uma recuperação econômica hesitante na China, principal consumidor, prejudicou os preços, derrubando a lucratividade em todo o setor de mineração.
O amplo negócio de comércio de commodities da empresa também registrou uma queda acentuada nos lucros do primeiro semestre, no mais recente sinal de que os retornos de grande sucesso vistos em todo o setor no ano passado começaram a diminuir. Seu lucro comercial de US$ 1,8 bilhão caiu 52% em relação ao ano anterior, mas ainda acima dos US$ 1,1 bilhão a US$ 1,6 bilhão por semestre que a Glencore almeja.
“Após 2022, um ano caracterizado por extrema turbulência geopolítica e econômica global, gerando deslocamento extraordinário do mercado de energia, volatilidade, interrupção do fornecimento e preços recordes para muitas referências de carvão e gás, 2023 viu, em sua maior parte, os fluxos comerciais de energia se reequilibrarem e normalizarem”, disse o CEO Gary Nagle em comunicado.
A Glencore disse que aumentaria seu dividendo em US$ 1 bilhão e recompraria mais US$ 1,2 bilhão de suas próprias ações - também muito abaixo do ano anterior, em parte porque a empresa diz que está retendo dinheiro enquanto faz uma oferta para comprar o negócio de carvão da Teck Resources Ltd.
As duas empresas passaram grande parte deste ano em uma briga contundente depois que a Teck rejeitou publicamente e repetidamente uma oferta de aquisição da Glencore, que disse querer criar duas novas empresas mais especializadas de seus negócios combinados de carvão e metais, respectivamente.
A última reviravolta na saga ocorreu em junho, quando a Glencore propôs comprar o negócio de carvão siderúrgico da Teck por cerca de US$ 8 bilhões como alternativa à sua oferta total de aquisição. A empresa está retendo US$ 2 bilhões em dinheiro caso seja bem-sucedida na oferta, disse a Glencore na terça-feira.
Em suas próprias minas, a Glencore disse que o lucro foi prejudicado pelos preços mais baixos do carvão e do cobalto em particular, bem como pela inflação de custos em todo o mundo e pelos níveis mais baixos de produção em algumas operações.
Valor - SP 09/08/2023
Novo projeto do grupo tem as reservas certificadas em 476 milhões de toneladas pela SRK, visando um produto de alto teor de ferro (65%) a partir do final de 2025
Japur, CFO: “Vai ser uma alavanca para o futuro, abrindo novas possibilidades” — Foto: Anderson Rodrigues/Divulgação
O grupo Gerdau terá pela frente 40 anos de produção garantida de minério de ferro, dentro do escopo de seu novo projeto em Minas Gerais, cujo investimento orçado será de R$ 3,2 bilhões. Essa vida está definida pelas reservas de minério existente em linha com o volume previsto de 5,5 milhões de toneladas produzidas ao ano, com teor de ferro de 65%.
A empresa independente SRK Consulting finalizou o relatório de certificação das reservas na mina de Miguel Burnier, no distrito de Ouro Preto, próximo de sua siderúrgica em Ouro Branco. O relatório identificou 476 milhões de toneladas de reservas provadas e prováveis de minério de ferro nas jazidas com direitos de concessão.
A atividade de mineração de ferro da Gerdau, que passa por reformulação e expansão, faz parte da unidade de Negócio Brasil do grupo. Gustavo Werneck, CEO da empresa, disse ao Valor que o novo projeto visa trazer mais competitividade ao grupo, que já opera com utilização de 75% de sucata de ferro, e mais sustentabilidade ao negócio, com redução dos níveis de emissão de carbono.
“Em Ouro Branco, a competitividade passa por investimento no novo modelo de mineração, que vai atender as necessidades da usina e de outras três menores no Estado, a carvão vegetal”, diz o executivo. A prioridade nessa usina, reforça, é agregar mais valor, elevando a oferta de material acabado. Hoje já faz perfis estruturais, laminados a quente e chapas grossas.
Rafael Japur, vice-presidente financiero e diretor de RI, aponta que o projeto abre possibilidades no longo prazo, para investimentos em pelotização do minério fino e até uma unidade de redução de direta (DRI, na sigla em inglês)
O investimento de R$ 3,2 bilhões será destinado para novas frentes de lavra, unidades de britagem e concentração, um mineroduto de 13 km, um rejeitoduto de 10 km, além de instalações na usina de aço (como uma desaguadora, pois o minério chegará na forma de polpa) e em filtros-prensa para secagem do rejeito.
Segundo Japur, apenas com a elevação do teor de ferro dos 62% atuais para 65% serão reduzidas por ano 200 mil toneladas de CO2 que seriam geradas. O minério extraído, bruto, conforme a SRK, tem teores de 35% a 37%: com o processamento será enriquecido a ao nível de 65%.
“Vai ser uma alavanca para o futuro, dando competitividade e contribuindo na descabonização da usina de Outro Branco e permitindo ampliar a produção nas usinas a carvão vegetal em Divinópolis, Barão de Cocais e Sete Lagoas”, afirma o diretor.
Na siderurgia o maior gerador de CO2 são usinas integradas a minério de ferro e carvão metalúrgico. Ouro Branco e centenas no Brasil e no mundo são desse modelo.
A Gerdau já iniciou processo para obter, até o final do ano a IRMA, sigla de Iniciativa pela Garantia da Mineração Responsável, que aponta que impactos sociais e ambientais negativos podem ser evitados se as minas operarem de acordo com as principais práticas de sustentabilidade. “Já estamos na fase de auditoria e consulta publica e a certificação é um passo para se tornar em uma B Corp no Brasil”.
O investimento será diluído de 2023 a 2026, incluído nos R$ 5 bilhões anunciado em março, informou Werneck. Segundo o executivo, a Gerdau, mesmo em cenário mais difícil, não vai alongar o programa de capex. “Já consideramos os cenários e hoje temos posição sólida no balanço, com menor patamar de dívida bruta em 15 anos. O maior vencimento é um bond em 2027”, acrescentou Japur.
Ontem à noite, a Gerdau divulgou balanço do segundo trimestre: teve lucro líquido de R$ 2,1 bilhões (menor 50%), receita líquida de R$ 18,2 bilhões (-21%) e Ebitda ajustado de R$ 3,8 bilhões (-43%).
Diário do Comércio - MG 09/08/2023
A paralisação total dos servidores da Agência Nacional de Mineração (ANM), iniciada ontem, pode impactar em problemas para o setor mineral de Minas Gerais e de outras regiões do País caso se prolongue por um tempo significativo. A greve geral dos funcionários visa reivindicar uma reestruturação do órgão regulador. Desde maio, paralisações parciais vinham sendo realizadas.
Para o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), organização que representa as principais empresas e instituições ligadas à atividade, os impactos vão depender de quanto tempo vai durar a interrupção dos trabalhos. Porém, a paralisação pode levar, além dos atrasos no cálculo e repasse da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) – que já vem ocorrendo há alguns meses – na extensão de prazos para emissão dos alvarás de pesquisas e concessões de lavra.
“É necessário dotar a ANM de recursos humanos e financeiros para que ela possa desenvolver bem sua tarefa. Esta é a reivindicação dos servidores. O repasse dos 7% da Cfem previstos na lei sanaria o problema dos recursos financeiros”, ressaltou a entidade, em nota.
O presidente do Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências), Cleber Ferreira, por sua vez, afirma que os efeitos da greve não serão imediatos. No entanto, haverá problemas além do não pagamento dos royalties da mineração aos municípios, utilizados dentro do orçamento para investimentos em áreas essenciais à população.
“O impacto é evasão, sonegação, risco, segurança, burocracia, etc. As demandas do setor não andam dentro da agência, as outorgas, os leilões de áreas. Entram em um ritmo que não conseguem dar respostas às necessidades de crescimento. É por isso que a Amig (Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil) e outras entidades estão querendo que se resolva logo a questão da ANM para o Brasil poder progredir, gerar empregos e riquezas”, diz.
“É um jogo onde todo mundo perde. Somos servidores públicos. Estamos aqui para servir, não estamos aqui para ficar paralisados. Mas às vezes é a única forma de chamar a atenção de forçar que as autoridades competentes façam alguma coisa para resolver”, salientou.
Cobranças ao governo federal e reunião com ministério
O início da greve geral coincidiu com o dia em que a Comissão de Negociação do Sinagências se reuniu com representantes do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) para cobrar respostas. A pasta é responsável pela estrutura das carreiras e remunerações de todos os servidores da área pública federal. No encontro, a entidade também discutiu sobre a promessa do governo de instalar uma mesa específica para discutir a reestruturação da ANM.
Conforme Ferreira, a reunião foi proveitosa, o diálogo está aberto e o processo de negociação em andamento. Segundo ele, o governo federal apresentou uma proposta e o Sinagências ficou de avaliar e apresentar uma contraproposta. Hoje, às 17h, a entidade vai realizar uma assembleia com os servidores da ANM para deliberar sobre o assunto, mas a paralisação total permanece.
Solicitação da Amig para reunião com o ministro ainda não foi atendida
Na última semana, o consultor de Relações Institucionais e Desenvolvimento Econômico da Amig, Waldir Salvador, disse ao DIÁRIO DO COMÉRCIO que a associação enviou um ofício ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, solicitando uma audiência urgente para discutir a calamidade da ANM. Ele atribui o colapso do órgão regulador à inércia da pasta.
O documento pede que sejam tomadas providências para evitar o colapso do setor mineral, em função da falta de estrutura da agência. Segundo Salvador, caso o Ministério não apresente uma reação do governo em relação aos pedidos, haverá consequências. A assessoria da Amig informou, porém, que não houve retorno e a entidade segue sem ter uma agenda com o ministro.
Minério cai com números fracos da China
Cingapura – Os contratos futuros de minério de ferro caíram ontem, eliminando os ganhos registrados no início da sessão, uma vez que dados comerciais fracos da China aumentaram a pressão sobre as autoridades para lançar mais medidas concretas de estímulo, enquanto cortes na produção de aço continuaram pesando sobre o mercado.
O minério de ferro mais negociado para janeiro na Dalian Commodity Exchange da China encerrou as negociações do dia com queda marginal de 0,3%, para 716,0 iuanes (U$ 99,26) por tonelada, registrando baixa pela quarta sessão consecutiva.
Na Bolsa de Cingapura, o minério de ferro de referência para setembro recuou 0,4% para US$ 100,6 a tonelada.
As importações de minério de ferro da China em julho caíram 2% em relação ao mês anterior, mostraram dados alfandegários, já que as restrições de sinterização no principal centro de produção de aço Tangshan diminuíram a demanda pelo principal ingrediente siderúrgico.
No geral, as exportações do país caíram 14,5% em julho em relação ao ano anterior, enquanto as importações contraíram 12,4%, mostraram dados, no maior declínio nos embarques da segunda maior economia do mundo desde fevereiro de 2020.
A economia da China cresceu a um ritmo lento no segundo trimestre, com a demanda enfraquecida no país e no exterior, levando os principais líderes a prometer mais medidas de apoio na reunião do Politburo do mês passado.
As preocupações com novos cortes na produção de aço na China também ressurgiram, com a Rio Tinto alertando na semana passada que a produção de aço do país estava atingindo o ponto de saturação, disseram analistas da ANZ em nota.
As siderúrgicas da província de Yunnan, no sudoeste da China, foram solicitadas a se preparar para reduzir a produção para atender a uma determinação do governo de limitar a produção de 2023 ao nível da do ano passado, disseram duas consultorias chinesas em 28 de julho.
Valor - SP 09/08/2023
Interessados buscam proteção para esse benefício no Nordeste no período de transição da reforma tributária, em discussão no Congresso Nacional
A política de incentivos fiscais para montadoras no Brasil sempre foi uma história mal-contada, sujeita a brechas e com ramificações difíceis de acompanhar. A proposta de prorrogar por cinco anos, a partir do fim de 2025, o programa que beneficia empresas no Nordeste e Centro-Oeste veio à tona com a reforma tributária e provocou a ira dos fabricantes instalados no Sul e Sudeste. Mais do que uma briga entre montadoras, a questão, que envolve renúncia fiscal de R$ 5 bilhões ao ano, pode ser a chance de parlamentares e Executivo analisarem o quanto esses programas agregam aos planos de desenvolvimento regional no país.
A proposta de prorrogação de incentivos no Nordeste, a quarta da lei criada em 1997, entrou, inesperadamente, como destaque, na votação do texto da reforma tributária na Câmara. Não passou, por um voto. Ressurge, agora, no Senado. Os interessados buscam proteção para esse benefício no período de transição da reforma.
Embora a necessidade de buscar meios de facilitar a instalação de uma fábrica da chinesa BYD na Bahia esteja no radar do governo, a prorrogação dos incentivos atende principalmente a interesses da Stellantis, com fábrica em Pernambuco. E, em escala menor, à Caoa Chery, com unidade em Anápolis (GO), e ao grupo HPE (Mitsubishi e Suzuki), em Catalão (GO).
No caso da maior delas, a Stellantis, os incentivos fazem com que cada emprego criado em Pernambuco custe R$ 34 mil por mês aos cofres públicos. A conta faz parte de um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), que questiona o programa tanto sob o ponto de vista do impacto no desenvolvimento econômico regional e da efetiva criação de polos industriais como destaca, ainda, que a ausência de governança pública impede que o governo federal tenha um controle e acompanhamento mais efetivo do custo/benefício desses incentivos.
Conduzido pela SecexDesenvolvimento em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU), entre 12 de abril e 29 de setembro de 2022, o trabalho teve o ministro Antonio Anastasia como relator e o acórdão assinado em 29 de março. O texto, de cem páginas, destaca que o programa de incentivos “possui falhas profundas na formulação e de governança, além de ter produzido impactos limitados, com um alto custo de renúncia de receita por emprego gerado”.
O relatório destaca, ainda, que o programa “não alcançou o objetivo de descentralizar a indústria automotiva” No caso da Stellantis, o TCU avalia “um impacto significativo na região imediata de Goiana-Timbaúba, mas não na região intermediária do Recife”.
Por meio de nota, a Stellantis aponta o programa como um “mecanismo de desenvolvimento regional para compensar o gap logístico e competitivo, que ainda não foi equacionado”. “Hoje, a operação instalada em uma região sem tradição industrial no setor continua sendo penalizada pela baixa formação da cadeia de fornecedores, e pela distância em relação aos maiores centros consumidores”, completa a nota.
“Nossos estudos mostram que para cada real de incentivo, retornam outros R$ 5 de arrecadação para o Estado e governo federal - com impacto social notável, conforme aponta o levantamento conduzido pela consultoria Ceplan a pedido da Fiepe”, completa a Stellantis.
Não somos contra incentivo, mas alegria de um lado não pode ser a lágrima do outro”
— Moisés Selerges
Sem consenso no setor, o assunto provocou um dos maiores rachas da história da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). No dia 26 de julho, três montadoras - General Motors, Toyota e Volkswagen estiveram com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo a agenda pública do ministro, foram tratados “assuntos relacionados ao setor automotivo na área de eletrificação e incentivos”.
Além das bancadas de parlamentares, a discussão chegou as governadores de Estados onde há fábricas das montadoras se que se sentem prejudicadas - Eduardo Leite (PSDB), no Rio Grande do Sul, Ratinho Júnior (PSD), no Paraná, e Tarcísio de Freitas (Republicanos), em São Paulo, que tem exposto sua posição em redes sociais.
Fontes contam que nas conversas com os políticos, a turma do Sul e Sudeste se queixa da concorrência dos produtos fabricados no Nordeste, que, segundo alguns, chegam a ter abatimentos de mais de R$ 30 mil. Os representantes das empresas relatam aos parlamentares que os benefícios fiscais estaduais seriam suficientes para compensar o “gap logístico”, que resulta da distância das fábricas dos maiores centros consumidores e polos de produção de autopeças.
O programa do Nordeste oferece crédito presumido do IPI devido por veículo produzido. O valor é usado no pagamento de contribuições à seguridade social (PIS e Cofins), mas já serviu também para outros tributos federais. Ao longo das prorrogações, as alíquotas de PIS/Cofins mudaram, alterando o tamanho do crédito. Em determinado período, um multiplicador tornou o incentivo maior.
Segundo fontes, as empresas que rejeitam a extensão do benefício não são contra incentivos para atrair uma nova montadora, como é o caso da BYD, pronta para se instalar na Bahia.
Há um debate em torno da possibilidade de criar plano de incentivo para novas tecnologias. “Estamos na transição dos carros a combustão para veículos híbridos e elétricos. Isso envolve uma tremenda mudança de itens. É muita inovação. Por isso, precisamos de planejamento estratégico”, diz Alexandre Baldy, consultor da BYD.
Em entrevista ao programa “Roda Viva”, da “TV Cultura”, na segunda-feira, o senador Eduardo Braga (MDB-AM), relator da reforma tributária, disse que a questão dos incentivos “deve dar ênfase em novas tecnologias”. Segundo ele, “exceções tributárias para implementar nova tecnologia é uma coisa; outra é promover incentivos de tecnologias já vencidas”.
A chinesa GWM (Great Wall Motor), escolheu São Paulo para produzir veículos a partir de 2024. Comprou a fábrica que pertenceu à Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP). Por isso, também está do lado dos que não querem a prorrogação dos incentivos no Nordeste. “Quem quiser investir em novas tecnologias pode usar os incentivos do programa Rota 2030, específicos para isso e que entrarão em nova fase”, afirma Ricardo Bastos, diretor da GWM.
Ao divulgar os resultados do setor, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, disse, na segunda-feira, que a entidade não se envolve nessas questões porque tem “outras prioridades”. Por meio da assessoria, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio informou que vai aguardar a decisão do Congresso para se manifestar a respeito do tema.
O assunto fez parte de entrevistas recentes que executivos dos dois lados da discussão concederam ao Valor. Para o presidente da GM na América do Sul, Santiago Chamorro, a postergação dos benefícios “criou a falta de isonomia”. “O esforço de reindustrialização no país é sempre bem-vindo. Mas o que temos são condições não assimétricas”, destacou.
Já o presidente da Stellantis na América do Sul, Antonio Filosa, lembrou o esforço do grupo para levar fornecedores próximos à fábrica em Pernambuco. “Começamos com sete, serão 50 neste ano, mas precisamos chegar a cem em cinco anos”, disse. Ele apontou, ainda, dado da Ceplan que registrou queda da evasão escolar na região de Goiana: “Quando crianças que ficavam na rua e hoje estão na escola veem um primo mais velho com emprego são estimuladas a continuar os estudos”.
Tanto Chamorro como Filosa apontaram o risco em relação a investimentos futuros. “Limita bastante a casa matriz perceber falta de isonomia”, disse Chamorro. “Somos altos investidores. Mas acreditamos na descentralização regional”, destacou Filosa.
Toda essa discussão tem mais uma peça importante: os sindicatos de metalúrgicos. Entre eles, o reduto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Não somos contra políticas de incentivos. Mas a disputa tem que ser igual. A alegria de um lado não pode ser a lágrima do outro”, afirma Moisés Selerges, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Revista Ferroviaria - RJ 09/08/2023
Recentemente, Bernardo Figueiredo coordenou, pela Fundação Dom Cabral, um estudo para mapear a situação das ferrovias na Bahia. A partir do Plano Ferroviário da Bahia, o economista, que é um dos maiores especialistas em logística do país, chegou à conclusão de que a maior revolução que pode acontecer na infraestrutura de transportes está na recuperação da estrutura que já existe. Para Bernardo Figueiredo, é fundamental que recuperar os mais de 20 mil quilômetros de ferrovias que o Brasil deixou abandonados por mais de 50 anos. E isto inclui, aqui na Bahia, os trechos da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), por onde já foram transportadas pessoas os mais diversos tipos de cargas no passado. “A carga geral é o grande gargalo logístico do Brasil”, aponta. Atualmente, o consultor de logística e mobilidade está à frente da TAV, empresa que vai construir o trem-bala, ligando Rio e São Paulo, mas ainda assim separou um tempo para conversar sobre os desafios logísticos da Bahia nesta entrevista exclusiva.
O Agenda Bahia 2023 é uma realização do CORREIO, com patrocínio da Unipar, apoio institucional da Prefeitura de Salvador, FIEB, Sebrae e Rede Bahia, apoio da Wilson Sons, Salvador Bahia Airport, Suzano, Sotero, Solví, Salvador Shopping Online, Deloitte e 4events e parceria da Braskem, Rede+ e Latitude 13 Cafés.
Quem é
Bernardo Figueiredo é economista e consultor em logística e mobilidade, área que atua há 50 anos. Foi diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), criou e presidiu a Empresa de Planejamento Logístico (EPL) e, atualmente, é CEO da TAV Brasil, empresa que fará o trem-bala entre Rio de Janeiro e São Paulo.
O senhor acompanha o setor ferroviário há algumas décadas. Por que nós temos tão poucos investimentos nesta área?
Eu gosto muito de fazer um corte neste assunto nos 70, que por coincidência, foi quando eu comecei a trabalhar nesta área. O Brasil crescia a uma taxa de 7%, 8% a 9% ao ano. Havia uma preocupação grande com a infraestrutura para suportar este ritmo de crescimento econômico, mas surgiu um fator novo, que mudou todas as questões da logística, a crise do petróleo. O barril, que custava US$ 1, passou para US$ 14. Isso provocou uma crise enorme e não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro. Até 1970, os sistemas ferroviários viviam uma crise que parecia não ter fim, porque rodar com carros e caminhões era muito mais barato e mais simples. A empresa podia pegar o caminhão carregar na porta da fábrica e levar direto para onde precisava. Toda a logística mundial era ancorada em rodovias, aqui no Brasil, os programas de governo para logística eram rodoviários. Aí vem a crise do petróleo e todo mundo acordou, o principal custo do caminhão modificou por 14 vezes. Nos Estados Unidos, foi feita uma reestruturação para que as ferrovias atendessem esta nova necessidade. Na Europa, os estados começaram a investir. Em 1983, a França lançou o primeiro trem de alta velocidade. No Brasil descobriu-se que era necessário fazer um investimento enorme porque as ferrovias tinham sido abandonadas desde 1930, as empresas privadas que operavam faliram, a estrutura foi passada para a rede ferroviária estatal, que não tinha orçamento, nem carga e não eram competitivas. Em 1930, o Brasil tinha 50 mil quilômetros (km) de ferrovias e nos anos 80, 30 mil. Perdemos 20 mil km de trilhos. Aí veio a crise, o país parou de crescer, a principal medida anticíclica passava por manter a indústria automobilística competitiva e, por outro lado, a necessidade de transportes foi lá para baixo. O Estado estava falido, não tinha dinheiro para gastar com ferrovias e, ao mesmo tempo, criaram-se facilidades para ampliar a frota de caminhões. O mundo inteiro começou a tentar reabilitar as ferrovias, enquanto o Brasil se acomodou no transporte rodoviário.
Mas você teve algumas exceções, principalmente no setor mineral, não é?
Sim, exceto o minério, com a Vale, que era uma empresa gigantesca, que tinha muito dinheiro, e investiu na modernização da Vitória-Minas. Você tinha uma produção mineral forte em Minas Gerais, então o governo investiu na Ferrovia do Aço. Mas foram coisas pontuais, para atender setores que não existiriam sem ferrovia. O resumo dos anos 80 foi isso, a infraestrutura seguiu com o mesmo padrão que tinha 1930, com algumas exceções. Nos anos 90, tivemos a estabilidade, com o Plano Real e o governo de Fernando Henrique. A grande questão era como manter as contas em dia e fazer investimentos. Ele fez um plano ferroviário até bastante agressivo, era um investimento de US$ 6 bilhões, mas tinha uma coisa que era uma pérola: 97% dos investimentos serão privados e o governo coloca apenas 3%. Veja, o (ex-presidente José) Sarney tinha lançado a Ferrovia Norte-Sul, que fazia parte deste programa, mas o orçamento era de US$ 20 por ano. Dava para fazer 2 km de ferrovia. Estava tudo parado e a ideia era que a iniciativa privada resolvia. Outro agravante é que a rede ferroviária existente custava US$ 200 milhões por ano aos cofres públicos, aí surgiu a ideia de privatizar.
Como foi feito este processo de privatização?
Este processo foi feito com a lógica de reverter o peso do déficit que ele tinha e, de preferência, ganhar alguma coisa. Por isso tivemos um modelo de concessão em que este custo de US$ 200 milhões por ano passou a ser uma receita de US$ 200 milhões pelo arrendamento da malha ferroviária. Só que esta mágica foi feita sem a obrigação de novos investimentos. A metodologia de valorização era o fluxo de caixa e para ter um bom fluxo era só colocar zero de investimentos. Nem a manutenção era obrigatória. Isso num cenário em que dois terços da estrutura já estava abandonada. Em todo o Brasil. O que as ferrovias fizeram foi priorizar onde o transporte ferroviário já dava um retorno, nos principais corredores de transportes. Os corredores de minério de ferro receberam investimentos. A FCA (Ferrovia Centro Atlântica) tinha como principal negócio a exportação de grãos do Centro-Oeste e foi onde ela investiu. A malha Sul focou no corredor de Paranaguá. No restante, não tinha obrigação, nem interesse em investir.
Qual é o tamanho do déficit que este cenário deixou para o país?
Eu tinha uma malha que já foi de 50 mil km, que quando foi privatizada estava em 28 mil km e, destes, apenas 8 mil km tinham viabilidade pela lógica privada. Tinha 20 mil km sem previsão de investimentos. Neste período, tivemos a FerroNorte, que teve 70% de financiamento do BNDES, e a Vale fez Carajás, só isso e acabou. Seguimos com 20 mil km de ferrovias abandonados. Aí veio o governo Lula, que queria fazer os grandes corredores etc. Ele fez 2,5 mil km da Norte-Sul, mas os 20 mil km continuaram congelados lá.
A gente teve o anúncio de um novo programa para investimentos em infraestrutura. Você acha que ele pode corrigir equívocos do PAC no passado?
Eu não conheço o programa, porque ainda vai ser lançado. O que eu tenho ouvido é que será algo muito mais conceitual. Veja, o grande avanço do PAC foi de garantir os recursos para infraestrutura, porque até então, se colocava uma obra no orçamento, mas com um valor simbólico, então o programa era anunciado, mas a coisa não andava. O que o PAC fez foi assegurar recursos para tudo o que entrava nele para começar e acabar. Era um programa enxuto, de R$ 200 bilhões, mas com os investimentos assegurados. Tinham aqueles encontros que o governo fazia trimestralmente para cobrar resultados. O que distorceu o PAC? Todo mundo queria colocar obras no PAC, aí foi virando um monstro até se tornar insustentável. Aí, o governo Dilma (Rousseff) lançou o PIL, que era um PAC voltado para concessões. Veja, o que viabilizou mais de 2 mil km de Norte-Sul foram investimentos públicos. Eu trabalhei neste programa de concessões, a ideia era fazer uma modernização de Belo Horizonte até Recife e fazer o mesmo no tronco Sul do país. A ideia era criar um eixo de Porto Alegre até Recife e, com a Transnordestina, chegar a Fortaleza. Isso era o principal, mas tinham outros projetos, como a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) e outros eixos para a exportação de grãos. O que matou o PIL? O modelo contrariava grandes concessionárias e empreiteiras, que detonaram o programa. Outro problema foi a pressa para lançar os projetos. Sobrou apenas o segundo trecho da Norte-Sul, que foi licitado depois pelo Bolsonaro. Os 20 mil km voltaram para o limbo.
A gente percebe uma alternância entre duas lógicas, em alguns momentos com volume maior de investimentos públicos e em outros, menor. Qual o melhor caminho?
Cada situação pede uma solução diferente. Mas eu acho que de modo geral, podemos pensar num formato alternativo. Vou pegar um exemplo que interessa à Bahia, quero modernizar a ferrovia entre Belo Horizonte e Recife, que vai custar R$ 20 bilhões. Para a iniciativa privada fazer isso, vai ficar com um valor presente negativo de R$ 10 bilhões. Eu acredito que o melhor caminho é o governo colocar os R$ 10 bilhões para a iniciativa privada fazer os R$ 20 bilhões. Isso traz as empresas para dentro do projeto, de assumir uma parte do risco da obra. Vai ter situação em que o dinheiro público vai ter que ser metade, em outras vai ser 30%, ou 70%. Depende do caso. Pensando na Bahia, o trabalho que a Fundação Dom Cabral fez mostra que para viabilizar um investimento de R$ 20 bilhões, o governo teria que colocar uma contrapartida de R$ 5 bilhões, ou 20%.
O que foi que este estudo mostrou para você?
Eu falei muito na Bahia, mas não sei se o pessoal entendeu bem. Para mim, não faz sentido ir lá no Centro-Oeste buscar cargas para trazer para a Bahia. Não acredito que isto resolva o problema de vocês. Isso ajuda o Centro-Oeste porque a carga vai passar pelo estado, entrar num navio e ir para o exterior, sem agregar nada de valor. O que a Bahia precisa é de estrutura para transportar o minério dela, o grão que é produzido aí e não tem logística. Mas também para transportar petroquímicos e cargas gerais, que atualmente somam 100 milhões de toneladas em cargas gerais por ano. Isso é o que agrega valor para a Bahia. Se você analisar o Porto de Aratu, é um super porto, natural, tem uma profundidade muito boa. A única coisa que ele não tem é ligação competitiva com o mercado. Você só entra ou sai de lá por caminhão e numa estrada ruim, ainda por cima. Aratu precisa de ferrovia. Hoje, os produtores do Oeste da Bahia estão chegando em Aratu de caminhão.
Se você tivesse que elencar um investimento prioritário para o estado na área ferroviária, qual seria?
Obviamente é necessário concluir a Fiol 2 (entre Caetité e Barreiras), mas se eu fosse o dono da bola, faria uma ligação de Caetité para Aratu com bitola larga, para permitir que o grão possa sair do Oeste até a Baía de Todos os Santos de ferrovia. Hoje ele só chega em Ilhéus, onde ainda não existe um porto. Até 2026, o que é que eu faço? Eu acho importante ter essa alternativa, até porque em Ilhéus você vai ter um porto privado, que vai movimentar minério. Agora, eu acho muito importante que este investimento de Caetité para Aratu siga um novo traçado, no lugar de passar por Cachoeira e Candeias. Vocês têm Feira de Santana, que já é um importante corredor logístico rodoviário. Por que não ter essa alternativa ferroviária, saindo de lá e margeando a BR-324? Feira é um polo logístico importante e ainda nos permite sair do solo massapê na região de São Francisco do Conde. Esse ramal novo poderia inclusive transportar passageiros, se houver uma ferrovia moderna. Se eu puder elencar mais um, o segundo seria a recuperação da ferrovia entre Juazeiro e Salvador, por conta do projeto de mineração em Sento Sé. Mas eu acho também que a Bahia não deveria desistir de ter uma ligação ferroviária com Belo Horizonte. Hoje a gente estima que essa troca seja de 80 milhões de toneladas de cargas e é feita 100% por caminhões.
Todos os seus destaques foram feitos mais ou menos no que é hoje o desenho da FCA na Bahia, mas isso contrasta com as expectativas, principalmente do Poder Público, da Fiol como grande obra indutora de desenvolvimento na Bahia. Por que essa diferença?
Se eu tenho a Fiol até Barreiras, os problemas da Bahia estão resolvidos, é isso que eu estou dizendo. O que se fala é em levar até o Mato Grosso, ligar com a Fico (Ferrovia de Integração do Centro-Oeste). Isso não resolve nenhum problema baiano. Resolve um problema do Mato Grosso. A Bahia precisa resolver como exportar a carga de ferro no Norte do estado, em Piatã. O baiano pensar na Fiol 3 é generosidade, é construir para ajudar o Centro-Oeste, mas a Bahia tem outros problemas. Como é que Salvador manda contêineres para Belo Horizonte? Como é que Camaçari pode enviar insumos petroquímicos para o Sudeste com um custo menor? Eu acho que o problema da Bahia hoje é conectar a Baía de Todos os Santos. O eixo que sai de Belo Horizonte até Recife é o principal eixo de cargas gerais que nós podemos ter no país. Você pode ter em Aratu um hub para distribuir essas cargas. Não podemos esquecer que o Centro-Oeste já conta com a Ferrovia Norte-Sul, ligando a região ao Porto de Santos e Itaqui. Pensando como país, nós precisamos resolver esses 20 mil km de malha ferroviária abandonada.
Por esta lógica, não faria diferença se a conexão da Fiol com o Centro-Oeste vai acontecer em Tocantins ou em Goiás, concorda?
Essa é uma pergunta muito válida. O Porto Sul fica pronto em 2026, a Fico estará finalizada em 2030. Então, este corredor faz sentido para esta data. Eu acho discutível que seja prioridade nacional ou da Bahia. Se eu fosse baiano, não seria minha. Mas, considerando que seja, qual a diferença de chegar a Figueirópolis ou Mara Rosa? É que Figueirópolis aumenta a distância para Ilhéus em mais de 500 km. Eu tiro competitividade de Ilhéus. Eu concordo que deve ser feita uma ligação da Fico com a Fiol, mas não sei se esta deve ser a prioridade da Bahia e do Brasil. Nós precisamos ter mais atenção com as cargas gerais, porque este é o grande risco logístico do país. Tá na hora de olhar para esta malha que está abandonada, não dá para olhar só para minério e grão agrícola. Hoje, 90% dos grãos brasileiros já são escoados por ferrovias.
O senhor está à frente de um grande projeto de infraestrutura, que é o trem bala, ligando São Paulo ao Rio de Janeiro. E aí, esta obra vai sair?
Eu toquei este projeto por sete anos quando estava no governo. Neste período, ele foi debatido exaustivamente com os investidores. Os estrangeiros sempre acharam viável. O que sempre se disse foi que se tem um lugar em que faz sentido ter um trem de alta velocidade é entre Rio e São Paulo. Em 2010, um grupo coreano iria fazer uma oferta numa licitação, as grandes empreiteiras pressionaram e o governo adiou, os coreanos saíram do negócio. Mudou o modelo, para contratar só um operador, aí uma empresa francesa e outra espanhola se prepararam para participar e o governo cancelou a licitação. Ele nunca deixou de andar por falta de lógica ou por não ficar de pé. O que mudou? Hoje, a concessão é de 99 anos, prorrogáveis por mais 99 anos. No projeto antigo tinha teto tarifário, frequência mínima a oferecer e só poderia ser explorado o trem. Hoje, eu tenho absoluta liberdade tarifária, na prestação de serviços e ainda tenho ativo imobiliário que for necessário para ajudar a pagar as contas. Este conjunto de coisas, criadas pela Lei que deu autorização em 2021, criou um cenário de muito mais atratividade. Estive na Europa, conversei com empresas. Eu estou concluindo até o dia 15 de agosto o estudo de viabilidade, mas acho que é viável e tem investidor interessado. Tenho expectativas de que vai sair. Estou dedicado a isso e acredito. Se não ficar de pé, não será surpresa, mas se ficar, estou consagrado.
Valor - SP 09/08/2023
De janeiro a julho, foram licenciadas 85 mil unidades, contra 89 mil nos sete primeiros meses de 2022
Os fabricantes de implementos rodoviários estão apostando na continuidade da redução da taxa básica de juros, a Selic, pelo Banco Central, para que o setor consiga reagir ainda em 2023. Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no dia 2 deste mês, a taxa foi reduzida de 13,75% ao ano para 13,25%.
Segundo números divulgados na manhã desta terça-feira (8) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), o setor acumula queda de 4,41% entre janeiro e julho. No período foram licenciadas 85 mil unidades, contra 89 mil nos sete primeiros meses de 2022.
“Os juros em queda devem impulsionar as vendas de caminhões e de implementos rodoviários”, afirma José Carlos Spricigo, presidente da Anfir, em nota. “Nossas expectativas podem ser superadas, o que seria muito importante ao mercado como um todo”.
A estimativa da associação para este ano, divulgada em janeiro, é de emplacamento de 140 mil implementos. Em 2022 foram entregues 154,7 mil produtos.
É no segmento leve, chamado de “carrocerias sobre chassis” no jargão do setor, que os fabricantes apresentam desempenho negativo. No ano até julho, foram entregues 35,6 mil implementos, volume 14,02% menor do que no mesmo período de 2022. A queda é registrada em seis das sete famílias de produtos. A única que apresenta alta é a de baú lonado, utilizado em operações de carga e descarga, sobretudo com uso de pallets.
No segmento de pesados, de reboques e semirreboques, as entregas somam 49,4 mil unidades, alta de 3,97% sobre os 47,5 mil implementos licenciados há um ano. Nesse segmento atuam as maiores empresas do setor, algumas de capital aberto.
A Anfir destaca o bom momento do agronegócio e da construção civil em 2023 para justificar o crescimento na venda da linha de pesados. A associação cita que a estimativa para o aumento da safra é de 16,5% “segundo a Conab”, e da construção civil é de 4,5% na previsão de analistas.
As exportações crescem 9,11% no ano até junho, último dado oficial, com o embarque de 2.683 implementos.
Valor - SP 09/08/2023
Questionado sobre como vão financiar a construção das novas embarcações, o presidente da empresa afirmou que pode optar por linhas de financiamento do BNDES ou do fundo da Marinha Mercante
O presidente da Transpetro, Sergio Bacci, disse que deve começar a entregar navios para a Petrobras até o fim de 2026. De acordo com o executivo, a subsidiária de logística da petroleira deve fechar os projetos com a holding até o fim deste ano, quando a Petrobras concluir o plano estratégico 2024-2028.
“Hoje a Petrobras afreta navio estrangeiro, o que encarece o processo. O objetivo da Transpetro é baratear os fretes da Petrobras. Ainda discutimos os projetos”, disse no evento Rio Pipeline, organizado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás Natural (IBP).
Segundo Bacci, a expectativa é resolver o processo licitatório em seis meses e começar a construir os navios na segunda metade do ano que vem. “Os navios são para cabotagem, transporte de combustível na costa brasileira. Vamos ter número de navios suficiente para atender a demanda da Petrobras.”
Questionado sobre como vão financiar a construção das novas embarcações, Bacci afirmou que pode optar por linhas de financiamento do BNDES ou do fundo da Marinha Mercante.
“Custo de construir navio é grande, mas acho que a Transpetro tem capacidade de fazer tomando financiamento. Fundo da Marinha Mercante, por exemplo, é uma solução, uma boa linha de financiamento. Agora tem a vantagem de ter frota de navio para usar como garantia, navios estão quase todos quitados.”
Portos e Navios - SP 09/08/2023
Os operadores do Corredor Leste de Exportação do Porto de Paranaguá (Corex) movimentaram 12.975.534 toneladas de granéis vegetais de janeiro a julho. O volume acumulado em sete meses é o maior já registrado pelo complexo e constitui um novo registro histórico. A marca anterior era de 2020, quando 12.924.748 toneladas foram embarcadas no período.
Até julho, os terminais que integram o Corex embarcaram 7.683.434 toneladas de soja em grão, 2.994.725 toneladas de farelo de soja, 2.266.736 toneladas de milho e 30.640 toneladas de trigo. Em 2022, no mesmo período, os embarques reuniram 6.576.387 toneladas de soja em grão, 2.900.373 toneladas de farelo, 1.859.824 toneladas de milho e 32.895 toneladas de trigo.
JULHO – Somente em julho deste ano foram movimentadas 1.875.128 toneladas. O milho foi destaque, com 352.297 toneladas. Ele voltou a ser embarcado pelo Corex depois de um intervalo de três meses. Na comparação ano a ano, a alta foi de 42,7% com o produto em relação às 246.747 toneladas de julho de 2022. No mesmo mês foram embarcadas 1.522.831 toneladas de soja em grão e farelo.
A média diária de embarque de grãos pelo complexo chegou a 62.504 toneladas em julho deste ano, enquanto no ano anterior foi de 59.058 toneladas/dia. O aumento foi ainda maior na balança dos dias produtivos na operação portuária. Quando chove as movimentações de granéis sólidos são paralisadas por falta de condições climáticas.
Em julho de 2022, foram 4,3 dias de chuva, enquanto no mesmo período deste ano foram 8,4 dias. Considerando somente os dias produtivos (21,6 dias), a média de produção dos berços chegou a 86.805 toneladas/dia em julho de 2023. “Isso é o que chamamos de produtividade líquida, ou seja, sem contar os dias de paralisação por chuva”, afirma Vieira.
CORREDOR – Os embarques do Corredor Leste de Exportação do Porto de Paranaguá são realizados por três berços: 212, 213 e 214. Foram 30 navios carregados em julho, contra 33 de julho de 2022. O berço que mais produziu no embarque foi o 213: 12 navios e 788.415 toneladas de carga.
No complexo, operam interligados por correias transportadoras os silos públicos (vertical e horizontais) operados pelos integrantes da Associação dos Operadores Portuários do Corredor de Exportação (AOCEP); AGTL; Cargill; Cimbessul; Centrosul; Coamo; Coamo II; Cotriguaçu; Interalli; Louis Dreyfus; e Rocha.
Petro Notícias - SP 09/08/2023
A Transportadora Associada de Gás – TAG, que detém a mais extensa rede de gasodutos de transporte do país, terá um destaque na Rio Pipeline 2023, que começou nesta manhã. Atualmente, são aproximadamente 4.500 km, que atravessam quase 200 municípios de dez estados brasileiros. São 3.700 km na região costeira do Brasil – nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro -, e outros 800 km no Amazonas. Na exposição, a empresa quer mostrar a sua transformação nos últimos anos e como pode apoiar a indústria brasileira por meio de seu portfólio diversificado de produtos de oferta de capacidade e soluções logísticas em transporte de gás natural.
Além do seu conhecimento técnico no setor de gás natural, a TAG apresentará em seu estande um simulador da sua Central de Supervisão e Controle (CSC), uma das mais modernas da América do Sul e responsável pela gestão remota do transporte de gás natural da empresa. Nela, os visitantes poderão ver de perto o funcionamento do transporte de gás natural e conhecer as melhores práticas de gestão e segurança da TAG. Além disso, poderão vivenciar também uma imersão completa dentro da empresa em ambiente de realidade virtual com óculos 3D. A empresa colocará todos os dias suas lideranças para conversas estratégicas em seu estande, sobre temas como perspectivas do novo mercado de gás e investimentos estratégicos, novos projetos, boas práticas operacionais e no relacionamento com comunidades e oportunidades de carreira no setor.
Veja abaixo a programação completa da TAG na Rio Pipeline 2023:
CEO Talks
Gustavo Labanca 9 de agosto 16h20 – 16h50
Estande
Dias 8, 9 e 10 de agosto 12h às 18h
Palestras no estande
A TRANSFORMAÇÃO DA TAG NOS ÚLTIMOS ANOS E OPORTUNIDADES DE CARREIRA NO SETOR
Carmina Velasco e Sandra Amaral
8 de agosto 15h – 15h30
TAG NAS COMUNIDADES: A TRAJETÓRIA SOCIAL NOS TERRITÓRIOS NO ENTORNO DOS ATIVOS
Karla Vidal e Thais Soares
8 de agosto 17h – 17h30
PERSPECTIVAS DO NOVO MERCADO DE GÁS BRASILEIRO E INVESTIMENTOS ESTRATÉGICOS
Ana Laura Moreira e Cristiana Abreu
9 de agosto 14h30 – 15h
TAG NO BRASIL: POR DENTRO DA MAIS EXTENSA MALHA DE TRANSPORTE DE GÁS NATURAL BRASILEIRA
Rodrigo Soares e Conrad Fonseca
9 de agosto 15h – 15h30
SISTEMA DE TRANSPORTE DE GÁS NATURAL DA TAG: POR DENTRO DO USO DA CAPACIDADE PARA ATENDIMENTO AO MERCADO
Leonardo Reis e Fernando Silva
10 de agosto 14h30 – 15h
PROJETO SERGIPE: TAG CONECTANDO O ESTADO AO BRASIL
Raphael Flinkas e Ludgy Loiola
10 de agosto 16h – 16h30
Petro Notícias - SP 09/08/2023
Começou oficialmente a Rio Pipeline 2023, edição que marca o retorno do evento à modalidade presencial. A cerimônia de abertura foi realizada na manhã de hoje (8), no centro de convenções ExpoMag, no Rio de Janeiro, e contou com a presença de alguns dos principais nomes da indústria de óleo e gás do país. A tônica da abertura do evento girou em torno dos novos desafios do setor dutoviário brasileiro, que passou recentemente por um processo de abertura e diversificação de atores. O presidente do IBP, Roberto Ardenghy, lembrou da relevância da indústria petrolífera para o país e frisou a importância da exploração de novas fronteiras exploratórias.
“Estamos preparados para os novos desafios e explorar ainda os hidrocarbonetos das reservas brasileiras em outras fronteiras. Só queremos ter a permissão e a oportunidade de mostrar que o Brasil é um dos poucos países do mundo que tem uma condição muito favorável para essa atividade. Além de termos uma geologia favorável à produção de petróleo e gás, temos tecnologias desenvolvidas localmente”, disse.
A cerimônia de abertura teve ainda as presenças do secretário de energia e economia do mar do Rio de Janeiro, Hugo Leal, e do senador Laércio Oliveira (que foi relator da nova Lei do Gás). “Eu quero ouvir os senhores [dirigindo-se à plateia] sobre qual será o próximo passo. A Lei do Gás aconteceu, apesar de todas as dificuldades e foi celebrada em todos os cantos do Brasil e do mundo. Mas qual é o próximo passo? O que devemos fazer para aperfeiçoar aquilo que foi consagrado na lei?”, indagou o senador. Ele também criticou o atual preço do gás vendido para a indústria e fez uma provocação aos executivos para discutir medidas e meios para reduzir o valor do combustível.
O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Rodolfo Saboia, lembrou do momento de grandes transformações pelo qual a indústria de gás natural está passando, com a entrada de novos comercializadores e carregadores do insumo. “Em 2021, um único agente era responsável por toda a comercialização de gás natural na malha integrada de transporte no Brasil. Mas, no ano passado, uma fatia de 17% do mercado nacional foi atendida por produtores independentes. No Nordeste, esse número chegou a 75%. Esse movimento de desconcentração já impacta o preço da molécula e cria as condições para incentivar tanto a produção como o consumo do gás natural”, avaliou.
O dirigente da ANP apontou também para uma mudança no cenário de contratos de transporte do gás por dutos. Em 2021, foram firmados 35 contratos. No ano seguinte, esse número subiu para 211. Já em 2023, o setor já alcançou o número de 186 até o momento. Saboia pontuou, contudo, que o mercado de gás ainda não dispõe de uma plataforma de negociações e avaliou que ainda existe uma concentração de mercado em patamar elevado. “Esses são dois dos principais desafios que o Brasil precisa enfrentar para alcançar um mercado dinâmico, livre e competitivo”, concluiu.
O painel de abertura da Rio Pipeline teve ainda as presenças do presidente da ATGás, Rogério Manso; da presidente interina da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Angela Regina Livino; da presidente interina da PPSA, Tabita Loureiro; e do Chair do Comitê Organizador da Rio Pipeline 2023, Idarilho Nascimento. “O setor de dutos no Brasil reúne números impressionantes. São 660 mil km de linhas de adutoras de água e ainda há o potencial de instalação de mais 30 mil km para atendimento da população”, pontuou Nascimento. “O segmento de dutos opera um dos meios de transportes mais eficientes e seguros, que contribui com a transição e a segurança energética”, acrescentou.
BOL - SP 09/08/2023
Os preços do petróleo se recuperaram nesta terça-feira (8), apesar das preocupações do mercado com a demanda da China, após a divulgação de dados comerciais fracos do gigante asiático.
O barril de Brent do Mar do Norte para entrega em outubro subiu 0,97%, para 86,17 dólares, em Londres, após ter caído 1% durante o dia.
E o West Texas Intermediate (WTI) para setembro cresceu 1,19%, aos 82,92 dólares, depois de ter perdido a mesma porcentagem na sessão.
Os preços caíram inicialmente "devido à fraqueza dos dados comerciais chineses", resumiram os analistas do DNB.
A China registrou no mês passado a maior queda nas suas exportações desde o início de 2020, segundo dados oficiais divulgados hoje, um reflexo dos problemas da segunda maior economia do mundo devido à fraca demanda global e sua própria fragilidade.
"Com a desaceleração da economia chinesa, os operadores revisaram para baixo suas previsões de demanda global por petróleo, o que resultou em uma queda nos preços", explicou Ricardo Evangelista, da ActivTrades.
Os dados chineses também geraram aversão ao risco e os investidores se desfizeram de ativos voláteis como o petróleo, voltando-se para ativos seguros como o dólar.
No final do dia, a tendência se reverteu, após a recuperação dos índices das bolsas de valores.
Valor - SP 09/08/2023
Jorge Hijjar destacou que ainda é necessário avançar na melhoria da infraestrutura; em relação às discussões sobre desinvestimento da Petrobras, disse que a empresa não faz parte das discussões
O diretor comercial da Transportadora Brasileira Brasil-Bolívia (TBG), Jorge Hijjar, disse nesta terça-feira (08) que a companhia está pronta para facilitar a distribuição de gás e atender as necessidades, em meio aos debates sobre aumento de oferta no país. “Por estarmos em regiões de maior consumo de gás, termelétrico, industrial e até petroquímicos, podemos tirar qualquer gargalo que haja ao menor preço possível.”
De acordo com Hijjar, ainda é necessário avançar na melhoria da infraestrutura. “Mercado brasileiro está se abrindo e ainda precisa de acertos na infraestrutura. A vinda do gás do pré-sal para TBG precisa de investimentos na malha da NTS no Sudeste. Trabalhamos junto com a NTS para projetar da melhor forma possível a chegada do gás.”
Quanto às discussões sobre o desinvestimento da Petrobras na TBG, declarada pelo presidente da petroleira, Jean Paul Prates, Hijjar disse que a empresa não faz parte das discussões. “No passado, quando se queria vender, nós fornecemos as informações que pediram, como faríamos com qualquer sócio. Não sabemos como está a discussão atualmente.”
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