IstoÉ Dinheiro - SP 07/11/2025
A gigante siderúrgica ArcelorMittal informou nesta quinta-feira, 6, que teve lucro líquido ajustado de US$ 474 milhões no terceiro trimestre de 2025, um pouco menor do que o ganho de US$ 488 milhões registrado em igual período do ano passado. O resultado, porém, superou a expectativa de analistas, que previam lucro de US$ 404 milhões, segundo consenso fornecido pela própria empresa.
O Ebitda da ArcelorMittal, que tem sede em Luxemburgo, caiu quase 5% na mesma comparação, a US$ 1,51 bilhão, mas também superou o consenso do mercado, de US$ 1,46 bilhão.
A ArcelorMittal disse estar otimista de que o apoio estatal à indústria siderúrgica impulsionará seus negócios no próximo ano e além, enquanto busca fortalecer seus resultados financeiros.
A siderúrgica prevê um aumento potencial no Ebitda de US$ 2,1 bilhões nos próximos anos, incluindo US$ 700 milhões este ano e US$ 800 milhões no próximo.
Exame - SP 07/11/2025
No ponto mais icônico do Autódromo de Interlagos, o aço da Gerdau ganha novo destaque. A empresa brasileira, maior produtora de aço do país e uma das líderes globais no setor, inaugurou, nesta quinta-feira (6), novas estruturas feitas com aço 100% reciclável, em parceria com o Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1.
O projeto, que marca o terceiro ano consecutivo da colaboração entre a Gerdau e o GP, reforça o compromisso das duas marcas com a sustentabilidade e a inovação. Entre as novidades estão a nova plataforma de bandeirada — instalada na linha de chegada da corrida —, os suportes para repetidores do sinal de largada e a revitalização do pórtico do grid.
“Após o sucesso da parceria com o Grande Prêmio de São Paulo nos últimos dois anos, a Gerdau está orgulhosa de retornar a esse evento tão icônico para a cultura e o esporte brasileiros. Estamos muito satisfeitos em levar, mais uma vez, o aço Gerdau 100% reciclável e de baixo carbono para um dos maiores eventos esportivos do mundo, oferecendo uma alternativa mais sustentável e deixando novas estruturas de legado para a capital paulista”, afirmou Gustavo Werneck, CEO da Gerdau.
União de propósitos
Segundo Alan Adler, CEO do GP São Paulo, a parceria entre as duas empresas vai além da visibilidade no evento. “O GP São Paulo e a Gerdau firmaram, acima de tudo, uma parceria de propósitos. A Gerdau tem a sustentabilidade ambiental como um dos pilares de sua estratégia, assim como o GP São Paulo também tem compromisso com o meio ambiente e com a qualidade de vida das pessoas. Por isso, acredito que estaremos juntos por muito tempo.”
Nos últimos anos, a colaboração já modernizou diversas áreas do circuito, como os mastros onde são hasteadas as bandeiras do Brasil, do Estado e da cidade de São Paulo. Para Pedro Torres, diretor global de Comunicação e Relações Institucionais da Gerdau, ver o aço da empresa na linha de chegada da corrida é simbólico. “Levar o aço Gerdau à linha de chegada da maior prova do automobilismo brasileiro é motivo de orgulho e celebra nossa conexão com a história e a emoção do brasileiro”, afirmou.
Mais do que um projeto de engenharia, a parceria representa o avanço de um modelo de produção que aposta na economia circular. A Gerdau é a maior recicladora de aço da América Latina e transforma cerca de 10 milhões de toneladas de sucata metálica por ano em novos produtos — um processo que envolve mais de 1 milhão de pessoas, incluindo catadores e cooperativas. A companhia mantém uma das menores médias de emissão de gases de efeito estufa do setor: 0,85 tonelada de CO2 equivalente por tonelada de aço, aproximadamente metade da média global.
Entre os números que reforçam esse impacto:
• Mais de 1 milhão de pessoas participam do processo de reciclagem;
• 70% do aço produzido vem da reciclagem de sucata metálica;
• 10 milhões de toneladas de sucata são transformadas em novos produtos todos os anos;
• A emissão de CO2 por tonelada de aço é metade da média mundial.
Com 124 anos de história, a Gerdau se tornou uma das principais referências em produção sustentável de aço. No Brasil, a empresa também produz aços planos e minério de ferro para consumo próprio e opera a maior base de florestas plantadas do setor, em Minas Gerais, que abastece a produção de carvão vegetal renovável. A companhia tem como meta reduzir ainda mais suas emissões até 2031.
Portal Fator Brasil - RJ 07/11/2025
Com produtos certificados e presença nacional, ArcelorMittal desenvolve soluções de alto desempenho e reitera compromisso com segurança e inovação.
A necessidade de ganhos de produtividade nos setores da construção civil torna a escolha por materiais certificados e de boa procedência ainda mais estratégica. O aço produzido no Brasil, como a linha de transformados da ArcelorMittal, passa por rigorosos testes e certificações que garantem desempenho, qualidade e segurança na sua utilização. Esse é um dos temas centrais do reality show Pedreiro Top Brasil Quartzolit 2025, que estreou no dia 18 de outubro, na Band, com patrocínio oficial da ArcelorMittal.
Líder global na produção de aço e maior fabricante do setor no Brasil, a empresa apoia o programa, que valoriza os profissionais da construção civil, desafiando dez participantes a demonstrarem suas habilidades práticas em um canteiro de obras real, utilizando produtos transformados da marca.
Os produtos transformados, somados às soluções da ArcelorMittal, têm papel essencial em obras de todos os portes, desde pequenas reformas até grandes empreendimentos. Entre os principais estão a trelifácil, telas soldadas, treliças, arames recozido, espaçadores, telhas galvanizadas e painéis termoacústicos, todos fabricados de acordo com normas técnicas que asseguram qualidade, durabilidade e segurança estrutural.
—No mercado, ainda é comum a aquisição desses produtos e soluções de fornecedores sem controle de qualidade, o que representa riscos à segurança das construções e pode gerar altos custos de manutenção ou retrabalho. Apostar em produtos certificados, como os da ArcelorMittal, é investir em desempenho e tranquilidade ao longo de toda a vida útil da construção”, afirma Gustavo Canaan, CMO de Aços Longos da ArcelorMittal Brasil.
—O segmento de aços planos tem buscado aumentar sua presença na construção civil, expandindo o portfólio com soluções em aço eficientes e inovadoras. “Nosso objetivo é sempre colaborar com o desenvolvimento desse setor, fornecendo produtos que geram qualidade e segurança comprovadas —complementa Alexandre Kalil, vice-presidente comercial de aços planos da ArcelorMittal.
A empresa também se destaca por contar com a maior rede de distribuição e serviços do país, com mais de 100 unidades entre operações próprias e parceiras, presente em todas as regiões do país. Essa capilaridade garante agilidade na entrega, atendimento especializado e proximidade com o consumidor final. Além da construção civil, a empresa também fornece soluções para segmentos estratégicos como automotivo, agro, indústria, saneamento e óleo e gás, entre outros.
Alguns produtos e benefícios da linha de transformados e soluções da ArcelorMittal Brasil:
Trelifácil: Produto inovador da ArcelorMittal, que substitui vigotas de concreto em lajes, oferecendo leveza e praticidade. Ideal para autoconstrução e obras que exigem agilidade e ergonomia.
Tela Soldada: Certificada pela ABNT e Inmetro, a tela soldada é uma armadura pré-fabricada em aço, utilizada em lajes, pisos e fundações. Garante resistência, produtividade e qualidade, sendo também utilizada em conjunto com o sistema
Trelifácil— Treliça: Produzida com aço CA60 nervurado em todos os fios, proporcionando maior aderência ao concreto, resultando em estruturas mais seguras e duráveis. É ideal para aplicações que exigem resistência a cargas elevadas com pouco uso de escoramentos. O produto segue rigorosamente as exigências da norma ABNT NBR 14859-3, possui certificação do Inmetro e conta com o Rótulo Ecológico da ABNT, atestando seu compromisso com a sustentabilidade.
Vergalhão ArcelorMittal 60: Totalmente nervurado, o que garante a aderência ao concreto, maior resistência e muito mais segurança na obra. Além disso, é certificado pela ABNT/Inmetro.
Espaçador: Os espaçadores garantem a precisão no posicionamento das armaduras, contribuindo para a integridade estrutural e a durabilidade das obras.
Arame recozido: O material oferece alta maleabilidade, evita desperdícios durante a obra, vem em embalagens sob medida e garante alta produtividade.
Telha Galvanizada: Telhas em aço são amplamente utilizadas em coberturas e fechamentos laterais de galpões por oferecerem alta resistência mecânica, durabilidade e desempenho contra corrosão. As bobinas galvanizadas, Extragal® , Galvalume® e Magnelis® da ArcelorMittal atendem os limites da ABNT NBR 14513:2022 garantindo qualidade e desempenho estrutural.
Painel Termoacústico (Termilor): Os painéis Termilor Roof® , para coberturas, e Termilor Wall® , para fechamentos, da ArcelorMittal Perfilor garantem conforto térmico nas edificações. A combinação de duas chapas metálicas aderidas a uma camada de PIR forma um painel único, rígido e resistente, fácil de transportar e manusear.
Steel Deck (Polydeck 59S® ): Solução de lajes mistas com formas colaborantes que se destaca pela praticidade. O sistema Polydeck 59S® pode ser aplicado sem escoras, liberando as áreas de imediato para outros serviços.
ArcelorMittal Brasil — Maior produtor de aço no Brasil e líder no mercado global, o Grupo ArcelorMittal tem cerca de 125 mil empregados, sendo 20 mil no Brasil, e atende a clientes em 129 países, com o propósito de criar aços inteligentes para as pessoas e o planeta.
A empresa tem unidades industriais em oito estados (MG, ES, RJ, SC, CE, BA, SP e MS), além da maior rede de distribuição do país. Foi a primeira empresa das Américas com uma unidade certificada pelo ResponsibleSteel, uma das certificações em ESG mais respeitadas no mundo.
As plantas brasileiras têm capacidade de produção anual de 15,5 milhões de toneladas de aço bruto e de 5,1 milhões de toneladas de minério de ferro e atendem às indústrias automobilísticas, de eletrodomésticos, construção civil, óleo e gás, máquinas e equipamentos, dentre outras. A empresa atua, ainda, em áreas como geração de energia para consumo próprio, produção de biorredutor renovável (carvão vegetal a partir de florestas plantadas de eucalipto) e tecnologia da informação.
O Estado de S.Paulo - SP 07/11/2025
Diante do tarifaço imposto pelo governo Donald Trump aos produtos brasileiros, as exportações para os Estados Unidos caíram 37,9% em outubro em comparação ao mesmo mês de 2024 - totalizando US$ 2,217 bilhões, o menor volume desde 2020.
Os números foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) nesta quinta-feira, 6.
Esta é a terceira queda consecutiva nas vendas aos EUA, neste que foi o terceiro mês de vigência da alíquota de 50% aplicada por Trump ao País. No ano (de janeiro a outubro de 2025), as vendas de produtos brasileiros aos EUA caíram 4,5%, somando US$ 31,460 bilhões, ante US$ 32,949 bilhões no mesmo período de 2024.
Já as importações de produtos americanos cresceram 9,6% em outubro em relação ao mesmo mês de 2024. Nos dez meses de 2025, as compras vindas dos EUA cresceram 11,6%, o equivalente a US$ 38,297 bilhões. Neste período, a balança comercial com os EUA apresentou déficit de US$ 6,84 bilhões.
Já as exportações de produtos brasileiros para a China cresceram 33,4% em outubro, somando US$ 9,209 bilhões no mês). Nos dez primeiros meses do ano, as vendas para o país asiático cresceram 1,7%, totalizando US$ 84,733 bilhões.
Pelo lado das importações, houve queda de 3,2% nas compras vindas da China em outubro (totalizando US$ 6,438 bilhões) e alta de 13,0% (US$ 59,852 bilhões) no acumulado do ano.
Balança comercial tem superávit US$ 6,9 bi em outubro
A balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 6,964 bilhões em outubro de 2025, após saldo positivo de US$ 2,941 bilhões em setembro. O valor foi alcançado com exportações de US$ 31,975 bilhões e importações de US$ 25,011 bilhões.
Em outubro, as exportações registraram alta de 9,1% na comparação com o mesmo mês de 2024, com crescimento de 21,0% em Agropecuária, que somou US$ 6,800 bilhões; crescimento de 22,0% em Indústria Extrativa, que chegou a US$ 7,707 bilhões; e, por fim, crescimento de 0,7% em Indústria de Transformação, que alcançou US$ 17,295 bilhões.
O diretor do Departamento de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior, Herlon Brandão, destacou que o crescimento de 9,1% nas exportações de outubro é inédito para meses de outubro, atrás apenas do crescimento registrado no mesmo mês de 2024.
“Tivemos um mês de outubro com exportação crescente e importação em desaceleração”, resumiu ele em entrevista coletiva para detalhar os resultados da balança comercial brasileira de outubro, divulgados há pouco pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
“O que motivou o crescimento das exportações foi, principalmente, o aumento dos embarques”, explicou o diretor do Mdic. O volume exportado no mês passado cresceu 10,3%, ao passo que os preços dos bens exportados apresentaram ligeira queda de 0,9%.
Brandão frisou que houve crescimento das exportações das três principais categorias de produto - os bens da Agropecuária cresceram 21,0% em valor, os da Indústria Extrativa cresceram 22,0% e os da Indústria de Transformação cresceram 0,7%. “Todos eles motivados por aumento de volume, com redução de preço apenas para os bens da Indústria de Transformação”, acrescentou o técnico.
Segundo ele, ao passo que os volumes crescem, os preços também têm crescido, notadamente na Agropecuária e na Indústria Extrativa.
As importações caíram 0,8% em outubro ante o mesmo mês do ano passado, com crescimento de 3,5% em Agropecuária, que somou US$ 483 milhões; queda de 30,1% em Indústria Extrativa, que chegou a US$ 1,074 bilhão; e, por fim, crescimento de 1,0% em Indústria de Transformação, que alcançou US$ 23,293 bilhões.
“O que levou a essa queda foi a redução do volume das importações de 2,0%”, disse Brandão.
De acordo com o diretor, a desaceleração da importação nos últimos meses está ligada a uma menor atividade econômica e menor demanda de importados.
“A principal determinante da importação é a demanda interna, principalmente a industrial”, explicou, lembrando que o Brasil é grande importador de insumos e bens de capital. “Na medida que a economia desacelera, cai a demanda por importados”, completou.
Acumulado do ano
No ano, o saldo positivo é de US$ 52,395 bilhões, ante US$ 62,794 bilhões no mesmo período de 2024. Nas exportações, comparado o valor de janeiro a outubro de 2025 (US$ 289,730 bilhões) com o do mesmo período de 2024 (US$ 284,307) houve crescimento de 1,9%.
Em relação às importações, houve crescimento de 7,1% entre o valor dos dez primeiros meses de 2025 (US$ 237,336 bilhões) na comparação com o mesmo período de 2024 (US$ 221,513 bilhões).
IstoÉ Dinheiro - SP 07/11/2025
Os juros futuros se ajustam nesta quinta-feira ao tom conservador do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que deve pressionar para cima as taxas mais curtas, com desinclinação da curva. O BC manteve a Selic em 15% ao ano pela terceira vez, em decisão unânime, e permaneceu no comunicado a frase sobre manter a taxa no nível atual por um “período bastante prolongado”.
O recuo dos rendimentos dos Treasuries pode ajudar a aliviar a ponta longa da curva. A agenda do dia traz leilões do Tesouro de LTN e NTN-F às 11h, e os dados da balança comercial de outubro às 15h.
Com isso, a curva deve apagar qualquer precificação que ainda existia de corte da Selic em dezembro, enfraquecer as apostas para janeiro e o mercado deve começar a colocar mais fichas para a reunião de março.
“O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, disse o comunicado.
O Rabobank mantém seu cenário-base de início de um ciclo de cortes da Selic somente a partir do segundo trimestre de 2026.
Para o Citi, o comunicado “aponta para uma autoridade monetária “ainda mais comprometida” com objetivo de levar a inflação à meta de 3%”, mas mantém a previsão de que o Copom inicie um ciclo de cortes da Selic em janeiro de 2026.
Já Daycoval avalia que a probabilidade de corte de juros em janeiro passe a ser pequena. O Barclays diz que o comitê não parece mais ter dúvidas sobre se a manutenção do juro básico no nível atual seria suficiente para a convergência da inflação à meta.
A B.Side Investimentos afirma que o comunicado jogou um “balde de água fria” nos que esperavam qualquer tipo de flexibilidade. Para a XP, o Copom reconhece a melhora do cenário inflacionário, mas com bastante cautela.
Os aluguéis residenciais aumentaram 0,57% em outubro, após terem subido 0,30% em setembro. Os dados são do Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (IVAR), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). O índice acumulou uma alta de 5,58% nos 12 meses encerrados em outubro, ante um avanço de 4,04% nos 12 meses terminados em setembro.
O Estado de S.Paulo - SP 07/11/2025
O governo dos Estados Unidos formalizou, por meio da assinatura de uma ordem executiva, a decisão de suspender por um ano a elevação de tarifas aplicada sobre importações da China, no âmbito do acordo econômico firmado entre os dois países após encontro entre Donald Trump e Xi Jinping na Coreia do Sul.
O documento, que deverá publicado nesta sexta-feira, 7, no Federal Register (o diário oficial dos EUA), aponta que o país manterá a suspensão das tarifas recíprocas até 10 de novembro de 2026. A elevação da tarifa estava prevista para entrar em vigor em 10 de novembro de 2025.
O texto destaca que a decisão vem em linha com os compromissos assumidos por Pequim nas semanas anteriores. A Casa Branca avalia que o pacto “ajudará a corrigir práticas comerciais não recíprocas e a reduzir o déficit comercial dos EUA”.
Segundo o decreto de Trump, o governo americano destaca que a China se comprometeu a adiar e eliminar “controles coercitivos de exportação” sobre terras raras e outros minerais críticos, além de suspender tarifas sobre produtos agrícolas dos EUA até 31 de dezembro de 2026. Em contrapartida, Washington decidiu “continuar a suspensão das tarifas recíprocas elevadas” impostas em 2025.
Trump voltou a salientar que o acordo é “histórico e monumental” e que as medidas contribuirão para “fortalecer a base industrial e de defesa dos Estados Unidos”, bem como garantir acesso a insumos estratégicos para energia e segurança nacional.
IstoÉ Dinheiro - SP 07/11/2025
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, disse nesta quinta-feira (6) que o governo espera uma redução da taxa de juros na próxima reunião do Copom.
Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve nesta quarta-feira (5) a Taxa Selic, juros básicos da economia, em 15% ao ano.
“A taxa de juros está muito elevada. Esperamos que na próxima reunião do Copom ela já comece a curva de redução, ela retrai a atividade econômica, especialmente bens duráveis de custo mais alto, mas acho que será transitório. Estamos tendo grandes investimentos no Brasil”, disse, ao participar de evento em Minas Gerais.
Alckmin citou que o país tem uma safra agrícola recorde, com percentual 17% acima, queda do dólar e da inflação, como importantes indicadores econômicos.
A próxima reunião do Copom será nos dias 9 e 10 de dezembro.
Selic
Em nota, o Banco Central informou que o ambiente externo se mantém incerto por causa da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, com reflexos nas condições financeiras globais, o que levou à manutenção da taxa de juros.
No Brasil, destacou o comunicado, a inflação continua acima da meta, apesar da desaceleração da atividade econômica, o que indica que os juros continuarão alto por bastante tempo.
Foi a terceira reunião seguida em que o Copom manteve os juros básicos. A taxa está no maior nível desde julho de 2006, quando estava em 15,25% ao ano.
O Estado de S.Paulo - SP 07/11/2025
Era bola cantada que o Comitê de Política Monetária (Copom) manteria a taxa básica de juros em 15% ao ano. Não havia nada a justificar uma mudança de rota por parte do Banco Central (BC), a não ser as tradicionais pressões de integrantes do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Nesse sentido, a unanimidade em torno da decisão enfatizou a coesão e a coerência de seus membros na definição da política monetária.
Os indicadores não ajudam muito. A economia desacelerou, mas a taxa de desemprego no trimestre encerrado em setembro atingiu 5,6%, menor nível da série histórica, iniciada em 2012. A inflação arrefeceu, mas tanto o índice cheio como os núcleos, que excluem os itens mais voláteis, permanecem acima da meta de 3%, assim como as expectativas para o IPCA deste ano e o de 2026. As projeções para o segundo trimestre de 2027, horizonte que guia as decisões do Copom, recuaram de 3,4% para 3,3%, mas ainda estão em nível acima da meta.
Não havia, portanto, como sinalizar algum alívio no curto prazo. Para marcar essa posição, o BC preferiu repetir uma frase mencionada em divulgações anteriores, segundo a qual é preciso manter as taxas de juros elevadas por período “bastante prolongado”. Assim, foi praticamente sepultada a possibilidade de que a Selic possa cair ainda em 2025, além de ter sido reduzida sobremaneira a aposta em uma queda em janeiro. Agora, a maioria do mercado passou a acreditar que os cortes só devem começar em março.
A boa notícia é que o BC cravou que os juros em 15% ao ano, no maior nível em quase 20 anos, serão suficientes para assegurar que a inflação convirja rumo à meta. Pode parecer pouca coisa em um comunicado tão duro, mas, até então, o Copom ainda manifestava dúvidas sobre a eficácia dessa estratégia. Isso, de certa forma, deixava implícita a possibilidade de que a Selic teria de ir além para alcançar a meta de 3%.
O governo chiou, mas parece ter sido mais para cumprir tabela. Um dia antes da decisão do Copom, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que, se fosse diretor do BC, votaria pela redução dos juros. Convenientemente, no entanto, preferiu responsabilizar os bancos em vez de culpar o BC ou a si mesmo – Haddad, afinal, foi um dos que votaram pela manutenção da meta de inflação em 3%.
Nas redes sociais, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disse que a manutenção dos juros era prejudicial aos investimentos produtivos, ao acesso ao crédito, à geração de empregos e ao equilíbrio das contas públicas. “Nada justifica uma decisão tão descasada da realidade, dos indicadores econômicos, das necessidades do País”, disse. Para quem já foi chamada de pitbull do governo, pode-se dizer que são críticas leves.
Já o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), optou por ignorar o assunto nas redes sociais. O deputado preferiu comemorar a aprovação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, defender o projeto de lei antifacção do governo e celebrar a eleição do democrata Zohran Mamdani para a prefeitura de Nova York.
A verdade é que fica cada vez mais difícil para o governo manter uma postura aguerrida contra o BC. De um lado, a maioria dos diretores do Copom foi indicada por Lula, a começar pelo presidente da autoridade monetária, Gabriel Galípolo. De outro, é inegável que uma inflação mais baixa beneficia Lula.
Se o tarifaço imposto pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros deu ao petista o discurso da soberania, Lula sabe que preços sob controle são um excelente ativo eleitoral. A se confirmarem as projeções do BC e do mercado, os juros podem começar a cair em março, às vésperas do início da campanha eleitoral.
A maior ameaça a esse cenário é o próprio governo, que, com tantas medidas populistas, é quem mais contribui para desancorar as expectativas de inflação. Uma política fiscal mais austera certamente ajudaria a compor um cenário mais favorável à redução dos juros, mas o governo optou pelo caminho oposto e não vê relação entre o aumento do gasto público e a inflação. Falta coerência ao governo, mas felizmente sobra no Banco Central.
IstoÉ Dinheiro - SP 07/11/2025
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americanos) de Chicago, Austan Goolsbee, afirmou nesta quinta-feira, 6, que está “desconfortável com um corte de juros sem acesso a dados de inflação”, em referência à paralisação parcial do governo americano, que interrompeu a divulgação de indicadores oficiais. “Não temos informações suficientes sobre a inflação” com o shutdown, disse.
Ele também expressou desconforto ao “ver os dados ficarem indisponíveis justamente no momento em que a inflação de serviços estava subindo”.
Goolsbee ainda defendeu cautela na condução da política monetária. “Eu tendo mais a pensar que, quando se está na neblina, devemos ser cuidadosos e desacelerar”, afirmou, em metáfora sobre a falta de dados. O shutdown entrou nesta quinta em seu 37º dia.
Segundo ele, “o ponto de equilíbrio das taxas ficará bem abaixo do nível atual”, mas o Fed “não pode contar com a hipótese de que a inflação será transitória”.
O presidente da distrital do BC de Chicago avaliou que a maioria dos indicadores mostra estabilidade no mercado de trabalho e que a taxa de desemprego está “basicamente inalterada”. Apesar disso, reconheceu que existe um “pequeno risco negativo” para o emprego, mas destacou que o atual cenário não se assemelha a uma recessão. “Inícios de recessões não são marcados por baixa contratação e baixa demissão”, afirmou. Para ele, o ambiente atual é de incerteza: “baixa contratação e baixa demissão são características de ambiente incerto”.
Em entrevista à CNBC, o dirigente do Fed acrescentou que, diante da falta de dados recentes, “talvez eu esteja relutante em seguir com um ciclo de corte de taxas de juros”. “Eu não tenho uma postura hawkish em relação aos juros no médio prazo”, ressaltou ele na sequência.
O Estado de S.Paulo - SP 07/11/2025
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 3,2% em 2023, segundo dados anuais definitivos do Sistema de Contas Nacionais, divulgados nesta quinta-feira, 6, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O PIB somou R$ 10,9 trilhões naquele ano, o PIB per capita foi de R$ 51.693,92.
“Nesta publicação, o Sistema de Contas Nacionais terá como base os resultados do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, já que o IBGE está com o projeto de reformulação da série do Sistema de Contas Nacionais, ano base 2010 para ano base 2021. Com isso, estamos publicando as tabelas atualizadas somente até 2023, quando houver informação, e as notas técnicas”, ponderou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, em nota oficial.
Sob a ótica da oferta, o PIB dos Serviços cresceu 2,8% em 2023, o da Indústria teve elevação de 1,7%, enquanto o da Agropecuária saltou 16,3%.
Pelo lado da demanda, o consumo final cresceu 3,4%: o consumo final das famílias subiu 3,2%, enquanto o consumo do governo avançou 3,8%. Já a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimentos do PIB) encolheu 3% em 2023, após ter aumentado 1,1% em 2022. A taxa de investimento foi de 16,4% no ano de 2023.
Na ótica da demanda, o crescimento de 3,2% do PIB teve contribuição de 2,0 pontos porcentuais da demanda interna, puxada pelo consumo das famílias, e 1,3 ponto porcentual da demanda externa, que também subiu, já que as exportações brasileiras de bens e serviços cresceram mais do que as importações.
O valor adicionado bruto cresceu 3,4% no ano de 2023, com contribuição de 1,9 ponto porcentual dos Serviços, 0,4 ponto porcentual da Indústria, e 1,1 ponto porcentual da Agropecuária.
O IBGE ressaltou, em nota, que a divulgação detalhada do PIB anual definitivo está temporariamente suspensa, mantendo-se apenas estimativas agregadas, em razão da transição para a nova base 2021.
“A exigência de realização desse projeto leva à definição de um período de transição em que a divulgação da série mais detalhada é suspensa temporariamente. Tais resultados não incluirão, então, o detalhamento propiciado pelas Tabelas de Recursos e Usos (TRU) e pelas Contas Econômicas Integradas (CEI) publicadas anualmente. No entanto, serão mantidas as estimativas mais agregadas, publicadas com a metodologia em vigor, e divulgadas com uma especial ênfase em seu caráter preliminar que terão como base o Sistema de Contas Nacionais Trimestrais que divulga TRU 12 atividades por 12 produtos e as Contas Econômicas Trimestrais com a economia nacional agregada”, concluiu.
IstoÉ Dinheiro - SP 07/11/2025
Impulsionada pela recuperação nos embarques de soja e pela alta internacional do preço do café, a balança comercial registrou o segundo melhor resultado para meses de outubro, divulgou nesta quinta-feira (6) o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). No mês passado, as exportações superaram as importações em US$ 6,964 bilhões, alta de 70,2% em relação ao superávit de US$ 4,091 bilhões no mesmo mês de 2024.
Esse é o segundo maior superávit da balança comercial para meses de outubro desde o início da série histórica, em 1989. Só perde para outubro de 2023, quando as exportações superaram as importações em US$ 9,181 bilhões.
O valor das exportações e das importações ficou o seguinte:
Exportações: US$ 31,975 bilhões, alta de 9,1% em relação a outubro do ano passado; Importações: US$ 25,010 bilhões, queda de 0,8% na mesma comparação
O valor das exportações bateu recorde para meses de outubro desde o início da série histórica, em 1989. As importações registraram o segundo melhor valor para o mês, só perdendo para 2024.
Acumulado
De janeiro a outubro, a balança comercial registra superávit de US$ 52,394 bilhões. O valor é 16,6% inferior ao registrado nos dez primeiros meses do ano passado e o quarto maior da série histórica para os dez primeiros meses do ano.
A composição ficou a seguinte:
Exportações: US$ 289,731 bilhões, alta de 1,9% em relação ao registrado no mesmo período do ano passado. Importações: US$ 237,336 bilhões, alta de 7,1% na mesma comparação.Setores
Na distribuição por setores da economia, as exportações em outubro cresceram da seguinte forma:
Agropecuária: +24%, com alta de 15,9% no volume e de 4,4% no preço médio Indústria extrativa: +22%, com alta de 20,1% no volume e de 1,5% no preço médio Indústria de transformação: +0,7%, com alta de 5,5% no volume e queda de 3,5% no preço médioProdutos
Os principais produtos responsáveis pelo crescimento das exportações em outubro foram:
Agropecuária: soja (+42,7%), café não torrado (+16%) e milho moído (+7,2%) Indústria extrativa: minério de ferro e seus concentrados (+29,5%), minérios de cobre e seus concentrados (+198,5%) e óleos brutos de petróleo (+9%) Indústria de transformação: carne bovina fresca, refrigerada ou congelada (+40,9%), outras máquinas e equipamentos especializados (+87,2%) e ouro, não monetário (+71,7%)Projeções
Para este ano, o Mdic projeta superávit comercial: subiu de US$ 60,9 bilhões. As exportações devem encerrar o ano em US$ 344,9 bilhões; e as importações, em US$ 284 bilhões.
As projeções são revisadas a cada três meses. A estimativa anterior, divulgada em julho, ainda não considerava os efeitos do tarifaço dos Estados Unidos. No ano passado, a balança comercial registrou superávit de US$ 74 bilhões. O recorde de superávit foi registrado em 2023, quando o resultado positivo ficou em US$ 98,9 bilhões.
As estimativas do Mdic estão mais pessimistas que a das instituições financeiras. Segundo o boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central com analistas de mercado, a balança comercial encerrará o ano com superávit de US$ 61,99 bilhões.
Money Times - SP 07/11/2025
As exportações da China despencaram inesperadamente em outubro, à medida que os pedidos do exterior diminuíram após meses de antecipação de embarques para escapar das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump, enquanto compradores aguardavam para ver como se desenrolaria um mês volátil nas relações comerciais entre Estados Unidos e China.
Os embarques externos da China encolheram 1,1% no mês passado, o pior desempenho desde fevereiro, revertendo o aumento de 8,3% registrado em setembro e ficando bem abaixo da previsão de crescimento de 3,0% em uma pesquisa da Reuters, segundo dados alfandegários divulgados nesta sexta-feira (7).
O resultado foi influenciado por uma base de comparação elevada em outubro do ano passado, quando as exportações cresceram no ritmo mais rápido em mais de dois anos, à medida que fábricas aceleravam o envio de estoques para grandes mercados, antecipando o retorno triunfal de Trump à Casa Branca.
As importações também cresceram em ritmo bem mais lento, de apenas 1,0%, em comparação com 7,4% em setembro e abaixo da previsão de alta de 3,2%.
Indicadores preliminares mostraram que a economia perdeu parte do ímpeto no mês passado. O PMI caiu para o nível mais baixo em seis meses, sugerindo que o restante do mundo já havia absorvido tantos produtos chineses quanto podia no momento, com donos de fábricas relatando queda acentuada em novos pedidos de exportação.
As tensões entre China e Estados Unidos aumentaram inesperadamente no início de outubro, depois que Trump ameaçou impor tarifas de 100% sobre produtos chineses, em resposta à decisão de Pequim de ampliar dramaticamente seus controles de exportação sobre metais de terras raras.
O clima se acalmou após o encontro entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping, na semana passada, na Coreia do Sul, quando ambos os lados concordaram em estender a trégua comercial, que expiraria em 10 de novembro, por mais um ano.
Ainda assim, os produtos chineses destinados aos EUA continuarão sujeitos a uma tarifa média de cerca de 45%, acima dos 35% que alguns economistas apontam como o limite que elimina as margens de lucro dos fabricantes chineses.
Economistas estimam que a perda do mercado americano reduziu o crescimento das exportações em cerca de 2 pontos percentuais, o que equivale a aproximadamente 0,3% do PIB.
Para compensar o impacto da ofensiva tarifária de Trump, a China tem buscado diversificar seus mercados de exportação este ano. No entanto, exportadores relatam que muitas vezes precisam vender para outras regiões do mundo com margens mais estreitas para manter participação de mercado.
Somando-se à pressão sobre os fabricantes, o crescente superávit comercial do país com outras nações tem provocado reações protecionistas, em meio a preocupações de que seus produtos de baixo custo possam inundar mercados estrangeiros.
Em resposta, a China anunciou nesta semana uma iniciativa para aumentar suas importações, com o objetivo de transformar o país no “melhor destino de exportação” e “abrir uma cooperação de ganhos mútuos”.
O premiê Li Qiang, em discurso na Exposição Internacional de Importação da China, em Xangai, na quarta-feira, afirmou que a economia ultrapassará 170 trilhões de yuans (US$ 23,87 trilhões) até 2030, acima dos 140 trilhões de yuans projetados para 2025.
A insuficiência da demanda interna, porém, continua sendo um obstáculo.
Autoridades afirmaram no mês passado que a China pretende aumentar “significativamente” a parcela do consumo das famílias em relação ao PIB nos próximos cinco anos, após um importante conclave do Comitê Central do Partido Comunista definir metas econômicas e políticas para o período de 2026 a 2030.
O superávit comercial da China totalizou US$ 90,07 bilhões em outubro, ligeiramente abaixo dos US$ 90,45 bilhões do mês anterior e inferior à previsão de US$ 95,6 bilhões.
O Estado de S.Paulo - SP 07/11/2025
Para se afastar das polêmicas e reforçar sua presença nacional, a BYD estuda uma nova estratégia: abrir as portas da sua recém-inaugurada fábrica em Camaçari (BA) para visitas guiadas. A informação, apurada pelo Jornal do Carro, indica que a montadora avalia receber clientes e interessados para “virar a página” de controvérsias recentes.
Interlocutor da marca aponta que a estratégia é reforçar que agora a companhia monta carros localmente - por enquanto, a partir de kits importados da China.
Visitas ajudariam a ‘limpar a imagem’: as polêmicas da BYD em Camaçari
O movimento também teria potencial para colocar panos quentes em algumas polêmicas envolvendo a fábrica nacional da empresa. A BYD fez dois eventos para inaugurar a unidade, um em julho e outro em outubro de 2025. Ainda assim, os carros que saem da linha de montagem baiana têm baixíssimo conteúdo nacional.
Entre protestos da concorrência, a companhia costurou um acordo com o Governo Federal para importar kits SKD e CKD da China e montar na unidade com isenção fiscal. A alíquota, que normalmente vai de 18% a 20%, ficará zerada por seis meses para todo o mercado, favorecendo a chegada da BYD.
Outra polêmica que a companhia quer deixar para trás com esse movimento é o flagra de trabalho análogo à escravidão durante as obras da unidade, no fim de 2024. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) encontrou pessoas em situação degradante, submetidas a jornadas exaustivas, na construção da unidade. Eram profissionais chineses, contratados por empresas terceirizadas, porém atuando dentro dos portões da BYD no Brasil.
Como visitar fábricas de carros no Brasil hoje?
Fábricas abertas ao público são relativamente comuns em países da Europa. Na região, as montadoras costumam ter centros de experiência dentro de suas estruturas fabris, de onde partem tour nas plantas e fazem entregas técnicas dos carros aos clientes.
No Brasil, poucas empresas oferecem experiências equivalentes. Sem tanto alarde, a Volkswagen abre as portas ao público da histórica fábrica da Anchieta, no ABC paulista, nas terças e quintas-feiras. Na mesma região, porém no segmento de caminhões, a Scania faz o mesmo.
Entre as marcas premium, a BMW oferece visitas na fábrica de Araquari (SC), que acabaram por entrar para a programação turística da região. Caso se junte a esse grupo, a BYD pretende virar a página de algumas polêmicas e passar a mensagem de que não tem nada a esconder.
O Estado de S.Paulo - SP 07/11/2025
Juro nas alturas, com taxa básica em 15%, restrições ao crédito devido ao alto nível de inadimplência e descapitalização dos produtores do agronegócio são os maiores vilões das vendas da indústria de caminhões este ano no País. Já está patente entre fabricantes que o ano termina com retração de um dígito alto. O maior impacto do mercado vem do segmento de veículos extra pesados — as grandes carretas —, responsável por mais de 40% do volume total.
Os caminhões extra pesados, cuja capacidade de transporte começa a partir de 30 toneladas, formam as frotas que carregam para os portos principalmente grãos, como soja e milho, produzidos na região Centro-Oeste. Há outras cargas relevantes — cana de açúcar, produtos químicos e petroquímicos, combustíveis, madeira, minérios e ainda bens comercializados pelo e-commerce.
Na contramão do mercado de automóveis e veículos leves, que projeta aumento de vendas em 2025, as vendas de caminhões deve encerrar o ano com decréscimo, na média de todos os tipos de veículos — dos leves aos extra pesados —, em torno de 8%, segundo fabricantes ouvidos pelo Estadão. “O impacto maior na fabricação está na categoria extra pesados, que até o momento é da ordem de 26%”, diz José Ricardo Alouche, vice-presidente de Vendas, Marketing e Pós-venda da Volkswagen Caminhões e Ônibus.
Segundo dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), até setembro as vendas de caminhões no País somaram 84.016 veículos, com recuo de 7,7% na comparação com os mesmos nove meses de 2024, que foi um ano bom, de crescimento. A queda foi puxada pelo desempenho negativo em 20,5% no período, e de 28,3% em setembro, nos negócios de veículos extra pesados. No acumulado do ano, a previsão é de recuo em torno de até 9%, para um volume de 112 mil a 114 mil caminhões.
Das seis grandes marcas — Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO), Mercedes-Benz, Volvo, Scania, Iveco e DAF —, conforme informações da Anfavea, apenas a companhia alemã Mercedes-Benz apresentou crescimento de vendas no período, de quase 11%, na comparação com janeiro a setembro do ano passado.
“O que se vê neste ano, como um movimento desde 2023, é a piora da rentabilidade do produtor de soja, mesmo com uma perspectiva de safra recorde de grãos no País”, afirma Fábio Silveira, economista e Sócio-Diretor da MacroSector Consultores. Ele informa que a relação de troca para o produtor de soja piorou, passando de 20 para 24 sacas de 60 quilos necessárias para comprar uma tonelada de fertilizantes.
Com quase metade das suas vendas de caminhões vinculada ao agronegócio, a Scania admite que terá “um ano menor” em 2025, disse Alex Nucci, diretor de Vendas de Soluções da fabricante de origem sueca, em entrevista ao Estadão. Para o segmento de veículos pesados será um ano ruim, diz o executivo, que está à frente de toda a área comercial de caminhões e ônibus da companhia.
Em quarto lugar no ranking brasileiro, com fábrica em São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista, a Scania tem 80% dos seus negócios em oito tipos de cargas: agronegócio (grãos, fertilizantes), cana de açúcar (rodoviário e off-road), madeira, mineração, carga geral, químicos e combustíveis, carga frigorificada e e-commerce.
“O aumento dos custos dos insumos e menor apreciação do dólar na exportação fazem com que a receita do produtor não suporte a renovação de frota. Só o que for necessário, até ter fluxo de caixa mais folgado”, afirma o executivo. A taxa Selic em 15% mais spread de 4% a 5% cobrado pelos bancos pesam na decisão de compra, ressalta Nucci.
No próximo ano, o cenário para o setor não é muito diferente do de 2024, com restrição de crédito e aumento da inadimplência — “mais que dobrou neste ano e continua crescente”, afirma o executivo. Ele destaca, porém, que um ponto positivo é o segmento do e-commerce, com crescimento superior a dois dígitos. “É o novo agro (para venda de caminhões)”, afirma.
Com 237 concessionárias espalhadas no País, a Scania atende desde clientes autônomos até grandes frotistas. “Mais de 50% são clientes ‘de varejo’, ou seja, dono de um a três caminhões”. É justamente esse cliente que sofre com restrição de crédito. Só faz a compra se tiver um contrato assinado. A empresa recorre ao seu próprio banco e a consórcio como pilares de venda.
A fábrica brasileira da Scania destina entre 70% e 75% da produção ao mercado doméstico e de 25% a 30% são embarcados a países da América Latina, principalmente ao mercado argentino, que se recuperou a partir do início de 2024.
Aumento de ‘market share’ na Volkswagen
Com um portfólio mais concentrado em leves, médios e semi-pesados, a VWCO apresenta desempenho bom nas vendas no ano. “O mercado comprador está nessa faixa, onde estamos ganhando ‘market share’ a cada ano”, afirmou ao Estadão o executivo de vendas da companhia, José Ricardo Alouche.
Já o extra pesado, ressalta, enfrenta dificuldades pelos vários fatores (juros altos, perda de rentabilidade, inadimplência e crédito restrito) que afetam os produtores do agronegócio. Essa faixa de produto respondem por 10% a 11% das vendas da fabricante alemã. A empresa fabrica do caminhão leve, de três toneladas, ao extra pesado, de 125 toneladas.
Segundo Alouche, o mercado de caminhões tem comportamento em linha com o Produto Interno Bruto (PIB), com projeção adotada pela indústria de 2,2%, avaliado como moderado, ante 3,4% no ano passado. Os segmentos de médios e pesados, até setembro, mostravam, respectivamente, alta de 11% e 10%, enquanto os extra pesados amargavam retração de 26%.
A projeção de emplacamentos de caminhões de toda a indústria para o ano, em outubro, era de 114,5 mil veículos. Para Alouche, o próximo ano tende a ser, no mínimo, igual a 2025, podendo ser um pouco melhor. “Em ano eleitoral, o mercado costuma a se aquecer no primeiro semestre”.
A companhia exporta cerca de 9 mil veículos por ano, despachados de sua fábrica em Resende (RJ), e tem como principal mercado a Argentina, onde, em março, inaugurou uma fábrica que faz vários modelos da linha de caminhões da VWCO. Isso, afirma, ajudou a triplicar sua participação no mercado local. As vendas ao exterior de modelos extra pesados compensaram, em parte, o recuo de vendas no mercado brasileiro.
A força dos médios e dos semi-pesados
Vice-líder em vendas no País, a Mercedes-Benz trafega na contramão do que o mercado de caminhões vem mostrando até agora. E espera fechar o ano com aumento de dois dígitos. De janeiro a setembro, a empresa atingiu alta de 11%, com ganho quatro pontos porcentuais.
Jeferson Ferrarez, vice-presidente de Vendas, Marketing e Peças&Serviços — Caminhões da marca não crava um porcentual, mas diz que a companhia fechará 2025, mesmo no cenário complicado, com crescimento sobre 2024.
O executivo comenta que o ano foi marcado por uma crise de confiança, juros elevados, preço dos grãos afetados pela geopolítica global, pelo tarifaço de Donald Trump e inadimplência e restrição a créditos no agronegócio. “Ainda assim o Brasil vai ter um mercado acima de 100 mil caminhões; há vários segmentos econômicos em alta”, diz.
Até setembro, a empresa mostrou desempenho positivo de 14% nas vendas de semi-pesados, seguido pelos modelos médios. Nos pesados e extra-pesados, que tem o segundo maior volume de vendas, cresceu apenas 0,4%. “No fim do ano passado lançamos o Accelo (caminhão leve e médio) que tem agilidade e maior capacidade de carga para distribuição urbana e intercidades. Suprimos um gap entre 9 e 14 toneladas”.
Segundo Ferrarez, há carga no País para transportar, mas a conta tem de fechar quando se trata da compra de veículos novos. Considera que há demanda reprimida para os veículos de alta capacidade — de pesados para cima. Tanto que, segundo dados do setor, houve aumento de venda dos seminovos neste ano da ordem de 20%.
No horizonte de 2026, Ferrarez avalia que há várias incertezas, como a geopolítica, um elemento que afeta preços dos grãos e dos seus insumos. No Brasil, aponta alguns fatores que sinalizam um cenário melhor: queda da Selic a partir do primeiro trimestre, frete mínimo (estabilidade e previsibilidade) e injeção de dinheiro na economia no primeiro semestre.
“Hoje vemos investimentos em setores como infraestrutura (rodovias, ferrovias, saneamento e portos), construção civil e setor imobiliário; bebidas se mantém forte e também o de combustíveis. Será um ano pouco superior ao de 2025", prevê o executivo.
A exportação da Mercedes-Benz tem previsão de atingir 10 mil veículos neste ano, sendo 65% para a Argentina. Elas contribuem para amenizar a queda nas vendas no País dos modelos afetados. Com unidade matriz em São Bernardo do Campo e filiais em Itupeva (peças e serviços) e Juiz de Fora–MG (cabinas), a empresa tem 185 pontos de vendas.
Valor - SP 07/11/2025
Montadora cita a escassez de chips da fornecedora holandesa Nexperia para reduzir suas projeções de lucros
A Honda Motor reduziu suas projeções de lucros anuais, citando a escassez de chips da fornecedora holandesa Nexperia, e reportou um lucro líquido menor no primeiro semestre, em parte devido às tarifas americanas.
A montadora japonesa informou na sexta-feira que o lucro líquido caiu 37% em relação ao ano anterior, para 311,83 bilhões de ienes, equivalente a US$ 2,04 bilhões, nos seis meses encerrados em setembro.
O resultado ficou abaixo da estimativa de 342,97 bilhões de ienes em uma pesquisa com analistas realizada pela provedora de dados Quick.
A Honda afirmou que as tarifas americanas impactaram o lucro operacional em 164,3 bilhões de ienes no primeiro semestre.
A montadora reduziu sua projeção de vendas de veículos para o ano fiscal, atribuindo a queda às vendas mais fracas na Ásia e à escassez de chips da Nexperia em meio a uma disputa entre os governos holandês e chinês pelo controle da fabricante de semicondutores. Agora, a empresa espera vendas de 3,34 milhões de veículos, em comparação com a previsão anterior de 3,62 milhões.
A Honda estimou um impacto menor das tarifas americanas do que o previsto anteriormente, afirmando que espera um prejuízo de 385 bilhões de ienes neste ano fiscal, em vez de 450 bilhões de ienes.
Para o ano que termina em março, a empresa projetou uma queda de 4,6% na receita, para 20,7 trilhões de ienes, e uma queda de 64% no lucro líquido, para 300 bilhões de ienes. Anteriormente, a empresa havia projetado uma receita de 21,1 trilhões de ienes e um lucro líquido de 420 bilhões de ienes.
As montadoras globais foram duramente atingidas pelas tarifas do governo Trump, que visam reduzir o déficit comercial e restabelecer a base industrial dos EUA.
A Toyota Motor divulgou no início desta semana um lucro líquido mais forte no segundo trimestre e elevou sua projeção de vendas e lucros para o ano todo, sinalizando sua capacidade de suportar um impacto esperado de US$ 9 bilhões devido às tarifas americanas. Na quinta-feira, a Nissan Motor registrou seu quinto prejuízo líquido trimestral consecutivo, impulsionado em parte por um impacto tarifário de mais de meio bilhão de dólares.
Portal Fator Brasil - RJ 07/11/2025
Estrutura integra o estado à Malha Central, ampliando a capacidade de escoamento para o corredor exportador de Santos.
A Rumo, maior concessionária de ferrovias do país, e o Fazendão Agronegócio iniciaram neste mês de novembro as atividades do novo Terminal de Transbordo Ferroviário de Gurupi (TO), na Malha Central da Ferrovia Norte-Sul. O empreendimento marca uma nova etapa da logística no Tocantins, ampliando a capacidade de escoamento da produção agrícola da região.
O novo terminal, viabilizado por investimentos do Fazendão Agronegócio, tem a capacidade de armazenamento estático de 40 mil toneladas de soja e possibilidade de movimentação anual de até 1,5 milhão de toneladas de farelo de soja. A estrutura permite a conexão do polo produtor de Gurupi diretamente ao Porto de Santos (SP), criando um corredor logístico eficiente, seguro e de baixo carbono para o agronegócio.
Segundo Altamir Perottoni, vice-presidente Comercial e de Desenvolvimento de Negócios da Rumo, o novo terminal simboliza um avanço estratégico para a Malha Central
—Esta entrega consolida uma visão de longo prazo que conecta as regiões produtivas do Tocantins à rota exportadora de Santos e amplia a competitividade do agronegócio brasileiro. A ferrovia é, por essência, um vetor de desenvolvimento socioeconômico que une tecnologia, sustentabilidade e eficiência logística para impulsionar o crescimento do país— destacou.
Para o CEO do Grupo Fazendão, Volney Aquino Santos, o novo terminal representa um avanço decisivo na integração entre produção e infraestrutura. —A logística é o elo que transforma o potencial produtivo em riqueza real. O Tocantins tem crescido dentro da porteira, mas precisava de mais alternativas de escoamento para fazer valer todo esse potencial. A conexão ferroviária coloca o estado em outro patamar de competitividade e garante condições para seguir expandindo de forma sustentável —afirmou.
Localizado em uma das principais cidades do estado, o terminal está no coração do Matopiba, região formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, considerada a principal fronteira agrícola do Brasil. A área vive um momento de forte expansão: a safra 2024/25 de Tocantins atingiu 9,17 milhões de toneladas de grãos, alta de 28% em relação ao ciclo anterior, consolidando o estado como o maior produtor da Região Norte.
O terminal se integra à operação da Malha Central, ferrovia de 1.537 km de extensão, que liga Porto Nacional (TO) a Estrela d’Oeste (SP), conectando-se à Malha Paulista e ao corredor de exportação de Santos. Desde que assumiu o trecho em 2019, a Rumo investiu cerca de R$ 4 bilhões em obras, terminais e material rodante, tornando a ferrovia 100% operacional em 2023. Atualmente, a empresa movimenta cerca de 10 milhões de toneladas por ano na Ferrovia Norte-Sul.
Com a nova estrutura, Gurupi ganha protagonismo no escoamento da produção e se consolida como um hub logístico regional. O terminal também deve receber cargas do Leste de Mato Grosso, do Oeste da Bahia e do Norte de Goiás, reforçando a integração entre os polos produtores do interior e os principais portos exportadores do país. A expectativa é de que a operação reduza custos de transporte e aumente a competitividade do agronegócio.
Valor - SP 07/11/2025
Agronegócio defende corredor como opção melhor que estrada; críticos temem desmatamento e questionam viabilidade
Em meio à Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas (COP30) no Brasil, o governo federal planeja avançar com a Ferrogrão, um dos projetos de infraestrutura mais aguardados pelo agronegócio brasileiro, mas também um dos mais controversos do ponto de vista ambiental.
O projeto, que pretende conectar Sinop (MT) a Miritituba (PA), deve dar seus próximos passos logo após o evento global. No fim de novembro, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) pretende aprovar os estudos, para encaminhá-los ao Tribunal de Contas da União (TCU). O Ministério dos Transportes quer fazer o leilão em 2026, e já planeja em fevereiro um “roadshow” internacional, passando pela China, no qual a ferrovia será apresentada a investidores.
O megaempreendimento deverá demandar ao menos R$ 20 bilhões de investimentos, segundo os estudos - embora analistas estimem que o valor seja maior. O contrato prevê nove anos para licenças e obras e 60 de operação.
De um lado, críticos apontam impactos ambientais enormes e questionam a viabilidade econômica da iniciativa. De outro, defensores afirmam que a ferrovia é a opção mais eficiente de escoamento e dizem que o impacto ambiental será compensado e superado por outros benefícios.
Em paralelo ao debate, o Supremo Tribunal Federal (STF) ainda terá que encerrar uma votação necessária para o avanço do empreendimento. Até o momento, já há dois votos que viabilizam o projeto, incluindo o do relator, Alexandre de Moraes. Em outubro, a discussão foi paralisada por pedido de vistas do ministro Flávio Dino. No governo, a previsão é que o placar final dê sinal verde ao leilão.
A votação se dá em torno de ação movida pelo PSOL, que questiona a mudança no perímetro do Parque Nacional Jamanxim, feita pelo ex-presidente Michel Temer em 2016, para viabilizar a Ferrogrão. Em 2021, Moraes travou o avanço do projeto ao conceder liminar na ação. Em 2023, o relator liberou a retomada dos estudos, mas ainda falta a decisão final.
Megaobra prevê ao menos R$ 20 bi e contrato de 69 anos; aporte e risco de demanda ficam com setor privado
Defendida pelo agronegócio há mais de uma década, a Ferrogrão enfrenta forte oposição. Entre críticos estão ambientalistas, indígenas, especialistas e, segundo fontes, a Rumo, empresa de logística da Cosan, cujos corredores concorreriam com a nova rota.
Nesta semana, caravana saiu de Sinop (MT) com mais de 300 representantes de povos indígenas e movimentos sociais com destino a COP 30 para denunciar a ferrovia. A iniciativa da Aliança Chega de Soja, com cerca de 40 grupos.
“Tudo que [outros países] compram aqui, de alguma forma, tem afetado nossa vida. Contaminação de rios e perda da biodiversidade são provocadas por projetos como esse”, disse Viviane Borari, cineasta indígena de Alter do Chão (PA), que participa do movimento.
O desmatamento é uma das principais preocupações em torno da Ferrogrão. Estudo do Climate Policy Initiative (CPI) estima que a ferrovia poderia induzir o desmatamento de 1,2 mil km2 de floresta. O custo associado à emissão de carbono, considerando a precificação de US$ 40 por tonelada de CO2, seria de até US$ 1,9 bilhão - cifra que pode ser maior, considerando preços mais recentes, afirma Gustavo Pinto, analista sênior do centro. “Essa ordem de grandeza não está considerada nos estudos.”
Professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Raoni Rajão diz que o barateamento do transporte com a ferrovia deve estimular o desmatamento. “Se reduzimos o custo, viabilizamos a produção de soja em uma área geográfica maior. Áreas em que antes não se imaginava o produto soja e que, pelo custo de transporte, começam a valer a pena.”
Caso o projeto siga adiante, ele defende a remoção do terminal de transbordo previsto em Matupá (MT) e da pavimentação da rodovia que cruza o Parque Indígena do Xingu. Segundo estudo que ele assina, a ferrovia, ligada a esse terminal e à estrada asfaltada, poderia direcionar fluxo de até 174 caminhões por dia cruzando o parque e a terra indígena Capoto Jarina.
Rajão, que foi diretor de Políticas de Controle do Desmatamento e Queimadas do Ministério de Meio Ambiente (MMA) entre 2023 e 2024, afirma que seria importante o apoio dos Estados no combate ao desmatamento, com a manutenção da Moratória da Soja (acordo em que empresas se comprometem a não comprar grãos de áreas com desmate), que é contestada em diferentes instâncias, inclusive pelo governo do Mato Grosso. “Não resolve totalmente, mas mitigaria [o impacto].”
Pinto, do CPI, aponta que medidas de mitigação devem incluir maior aderência de políticas para coibir o desmatamento ilegal. Cita ainda a fiscalização de crédito, para garantir que recursos não sejam usados em regiões desmatadas.
Cláudio Frischtak, sócio da Inter.B, afirma que há um efeito de desmatamento até mesmo antes da obra. Estudo da consultoria aponta que, mesmo em fase de projeto, a ferrovia já tem incentivado a apropriação ilegal de terras na região do Jamanxim.
Dados do MapBiomas reunidos pela Inter.B indicam que o desmatamento na região se acelerou de forma desproporcional ao resto do Estado a partir de 2017, quando começaram as audiências públicas da Ferrogrão, até 2021 - nesse período, o asfaltamento da BR-163 também pode ter contribuído, aponta a análise. Já a partir de 2022, o desmatamento caiu, segundo a consultoria, devido à liminar do STF que paralisou o projeto.
De outro lado, defensores rebatem críticas. Rebeca Bianco, diretora de operações da EDLP (Estação da Luz Participações), responsável pelos estudos do projeto, afirma que a Ferrogrão terá R$ 800 milhões em contrapartidas sociais e ambientais. Caso as demandas ultrapassem esse montante, o contrato prevê um compartilhamento de 50% dos riscos ambientais, entre concessionária e governo, enquanto os riscos sociais ficam a cargo do poder público, diz.
Bianco defende que os riscos de desmatamento no Mato Grosso são baixos, porque a área de influência da Ferrogrão já tem zonas abertas suficientes para suprir o aumento da produção. “Há uma grande disponibilidade de áreas já abertas. Já há três vezes mais áreas degradadas com potencial agrícola do que precisaria para o incremento previsto com a ferrovia.”
Além do impacto ambiental, há questionamentos sobre a viabilidade econômico-financeira da ferrovia, diante de outras obras que devem ampliar o escoamento do Mato Grosso, como a duplicação da BR-163, a extensão da Malha Norte da Rumo e outros projetos.
O governo sinalizou que não haverá aportes públicos na Ferrogrão, e que a concessão teria viabilidade só com capital privado. Segundo Bianco, o projeto tampouco prevê compartilhamento de riscos de demanda - caso o tráfego fique aquém do esperado, a empresa terá que arcar com os custos.
Nesse contexto, Frischtak diz que dificilmente haverá apetite do setor privado. “A Ferrogrão é um projeto de enorme complexidade e alto investimento. Não enxergo quem iria bancar isso, principalmente assumindo riscos e custos.”
Rajão concorda e diz que, embora o investimento previsto seja privado, o erário público pode ter que cobrir o custo futuramente, caso os resultados não sejam os previstos, e aponta o risco de se criar um “elefante branco”.
Bianco, porém, diz que a Ferrogrão tende a ser mais competitiva que outras opções de escoamento, e que as projeções mostram uma demanda inquestionável. “A produção tem crescido rapidamente na região. [Em 2024] Tivemos que refazer os estudos para atualizar o avanço acima do previsto.”
Ela também afirma que essas projeções já consideram todas as alternativas de escoamento, incluindo as melhorias na BR-163, o projeto da Rumo, a construção do corredor Fico-Fiol (Ferrovia de Integração Centro-Oeste-Ferrovia de Integração Oeste-Leste) e o ramal de Açailândia a Barcarena.
Para o Instituto Pró-Logística de Mato Grosso, a rodovia não será suficiente para escoar a carga crescente de grãos, e a ferrovia é a opção mais sustentável, pela capacidade maior de transporte. “Em cada comboio de trem, com 120 vagões e 100 toneladas, vamos economizar 270 motores”, diz o diretor-executivo, Edeon Vaz.
A Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport) diz que o projeto é menos pior do que rodovias, pela maior capacidade de transporte. “O que temos que avaliar é se os benefícios serão maiores que os malefícios, o chamado ‘balanço ambiental’, que no caso da Ferrogrão, comparativamente à duplicação da BR-163, são infinitamente mais positivos”, diz Flávio Acatauassú, diretor-presidente da entidade.
Procurados, o Ministério dos Transportes e a ANTT não comentaram o tema. A Rumo também preferiu não se manifestar.
Valor - SP 07/11/2025
Com vitória no leilão da Rota Sertaneja e inabilitação da Azevedo Travassos na licitação da Rota Agro, grupo assume R$ 9,7 bi em obras
Em um intervalo de um dia, o grupo da Way Brasil e da gestora Kinea saiu vencedor em duas licitações de concessões de rodovias, com valor de investimento somado de R$ 9,7 bilhões.
Na tarde de quinta-feira (6), o grupo venceu o leilão da Rota Sertaneja, um corredor de 530,6 km que conecta Goiânia a Uberaba (MG) e à fronteira de Minas com São Paulo, próxima a São José do Rio Preto. A concessão prevê R$ 5,3 bilhões de investimentos. Outros R$ 4,9 bilhões são estimados em custos operacionais durante o prazo de 30 anos da operação.
Na disputa, realizada na sede da B3, em São Paulo, o grupo ofereceu um desconto de 24,8% sobre a tarifa de pedágio, cujo valor máximo era de R$ 0,13482 por km. A proposta também prevê o pagamento de um aporte de recursos, que ficará vinculado ao contrato - o montante deverá ficar entre R$ 480 milhões e R$ 500 milhões, estimou a empresa.
A licitação foi alvo de forte disputa, e oferta da Way teve que superar as propostas de outros três concorrentes: a francesa Vinci Highways fez oferta de 20,11% de desconto; o Consórcio Rota do Cerrado, formado pela XP e por construtoras, ofertou 20,36%; e o Consórcio Caminho do Cerrado, composto pela Construcap e pela espanhola Copasa, fez proposta de 14% de deságio.
A plataforma de rodovias da Way e da Kinea já opera uma concessão rodoviária federal que é praticamente uma continuação da Rota Sertaneja: a Rota do Zebu, que liga Uberaba a Belo Horizonte. A Way Brasil, formada pelas construtoras Bandeirantes, Senpar, Torc e TCL, também opera duas concessões de estradas estaduais no Mato Grosso do Sul.
Após a vitória, Giovanni Mott, representante do grupo vencedor, destacou a importância do projeto para o portfólio do grupo. “É um projeto com 100% de sinergia operacional com a Way262 [concessionária da Rota do Zebu], isso fortalece mais nosso portfólio e mostra que a gente continua investindo e crescendo, temos compromisso grande com infraestrutura e nossa ideia é perpetuar”, disse, em seu discurso.
Antes mesmo do leilão da Rota Sertaneja ter início na B3, a Way e o Kinea já haviam conquistado uma nova concessão rodoviária: a Rota Agro, um corredor de 490 km entre Rondonópolis (MT) e Rio Verde (GO), com previsão de R$ 4,4 bilhões em obras, além de outros R$ 2,8 bilhões em custos operacionais estimados ao longo do contrato de 30 anos.
A vitória do grupo foi confirmada em reunião da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), realizada na quarta-feira (5), com decisão publicada no Diário Oficial de ontem.
A concorrência pela Rota Agro havia sido realizada em agosto, também na B3. Na ocasião, a Azevedo e Travassos, então controlada pela Reag, ficou em primeiro lugar, e a Way, em segundo.
Porém, em outubro, o grupo da Reag foi inabilitado. A agência reguladora afirmou, em sua decisão, que encontrou irregularidades nas certidões trabalhistas dos administradores dos fundos de investimentos consorciados e que o seguro-garantia emitido pela Reag Seguradora “não manteve suas condições regulares, havendo fundado risco à sua exequibilidade e à sua eficiência”.
O grupo chegou a recorrer, mas a ANTT confirmou a inabilitação e convocou a Way a entregar seus documentos, para que possa assumir o projeto.
No fim de agosto, pouco tempo após a licitação da rodovia, a Reag, fundada pelo empresário João Carlos Mansur, foi alvo da operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, que investiga o elo da organização criminosa PCC com diversas empresas. A sede da empresa chegou a ser alvo de buscas busca e apreensão.
Com as duas vitórias, a Way consolida sua presença no Centro-Oeste do país, com cerca de 2091 km de estradas entre Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais.
IstoÉ Dinheiro - SP 07/11/2025
A Norsul já se prepara para acelerar a incorporação das embarcações do tipo mineralheiro (ore carrier) e de suas respectivas tripulações após concluir a compra da operação de navegação costeira (cabotagem) da Hidrovias do Brasil. A transação permitirá ampliar o volume total transportado para 4 milhões de toneladas de matéria-prima sólida a granel por ano. Além disso, a tradicional companhia de navegação segue atenta ao mercado e monitora a crescente demanda do agronegócio por serviços de logística.
Anunciado em fevereiro, o negócio de R$ 715 milhões foi concluído no último sábado, garantindo à Norsul um contrato de longo prazo, até 2034, para o transporte de bauxita da mina de Porto Trombetas até Barcarena, no Pará, onde está localizada a refinaria Alunorte. Serão duas embarcações – Tambaqui e Tucunaré – dedicadas integralmente à rota.
Com 61 anos de experiência em cabotagem, a atuação da empresa nesse trecho já havia sido cogitada há quase uma década, quando a Log-In Logística Intermodal vendeu os ativos. “Mas só agora os números fizeram sentido”, comenta ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) o diretor financeiro e de novos negócios da Norsul, Rodrigo Cuesta.
“É uma aquisição plug-and-play, totalmente dentro do nosso core business, envolvendo navios customizados para o próprio negócio, numa região em que a dependência do modal é total. Ganhamos sinergias e participação de mercado. Sem dúvida, é um marco importante”, afirma.
Com a venda, a Hidrovias do Brasil busca reduzir a alavancagem e concentrar-se em ativos como Arco Norte, Arco Sul e o terminal de Santos. Já a Norsul, que em 2024 transportou 7,5 milhões de toneladas de bauxita, amplia a presença na região Norte ao assumir o transporte da produção de uma das maiores empresas de alumina do mundo. Além do Norte, a companhia também observa as principais regiões produtoras do agronegócio.
“Grande parte da logística que fazemos ocorre dentro da cadeia industrial do próprio cliente, que é concessionário do porto público, como em Barcarena. O agronegócio voltado ao mercado interno utiliza pouco a cabotagem. Há gargalos de infraestrutura, mas é um segmento no qual temos interesse, pois enxergamos um crescimento secular”, diz. “Porém, ainda não temos nenhuma iniciativa pronta”, acrescenta.
Em 2024, a Norsul movimentou 14,2 milhões de toneladas em cabotagem, das quais 700 mil em longo curso (voltado ao comércio internacional), e registrou R$ 1,4 bilhão em receita líquida.
A navegação de cabotagem já representa 12% de tudo o que é transportado no País.
Diversificação
Nos últimos anos, a diversificação tem sido uma estratégia. Segundo a empresa, essa postura ajudou a sustentar um crescimento médio de 19% na receita bruta na última década.
A joint venture com a Hapag-Lloyd, firmada em 2023, resultou na criação da Norcoast, dedicada à cabotagem e ao feeder de contêineres nos portos brasileiros. De acordo com Cuesta, o negócio aumentou entre 15% e 20% a capacidade de cabotagem de contêineres. “Adicionamos oferta a um mercado que já contava com três grandes players. Nosso objetivo é ter mais uma Norsul em volume transportado com os nossos quatro navios”, afirma.
A operação concentra-se nos portos de Manaus (AM), Pecém (CE), Suape (PE), Santos (SP), Paranaguá (PR) e Itajaí (SC).
“É um business muito customizado e, este ano, devemos movimentar cerca de 120 mil TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés)”, comenta.
Além dessas rotas de navegação com janelas fixas e semanais, o executivo aponta que a infraestrutura portuária do Rio de Janeiro também está sendo analisada.
A empresa iniciou ainda, no último ano, operações de bunkering ship-to-ship (abastecimento de combustível de embarcações de grande porte) na costa brasileira.
Portos e Navios - SP 07/11/2025
A administração do Complexo do Pecém (CE) informou, nesta quinta-feira (6), que nos 10 primeiros meses de 2025 a movimentação de contêineres no porto atingiu 582.238 TEUs, superando o total movimentado em 2024, que foi de 555.350 TEUs. Em toneladas, o volume de cargas de janeiro a outubro chegou a 17.045.228, 7% a mais que o registrado no ano passado.
Um dos responsáveis pelo resultado foi o aumento em outubro de 34,3% da movimentação de contêineres, na comparação com o mesmo período do ano passado. No mês, foram movimentados 70.456 TEUs, o maior volume mensal registrado em 22 anos de operação do terminal cearense, contra 52.465 TEUs do décimo mês de 2024.
A autoridade portuária creditou os resultados do mês passado, que influenciaram o volume total, à rota semanal para a Ásia iniciada em abril, que reduziu em 50% o tempo de transporte, de 60 para cerca de 30 dias. Segundo a empresa, a linha, operada pela MSC em parceria com a APM Terminals, foi responsável por quase metade do crescimento registrado no segmento em 2025.
Cresceu também o volume de carga refrigerada, principalmente para os Estados Unidos, com 54% a mais que o registrado no ano anterior e superando o total destinado à Europa, rota em que o incremento ficou em 39%. Já na cabotagem, o aumento da movimentação no ano ficou em 15%, puxado por cargas que chegam pela nova ligação com a Ásia e que, depois de transbordadas em Pecém, são levadas para outros destinos no Brasil, com destaque para Manaus (AM).
Infomoney - SP 07/11/2025
A Petrobras obteve junto ao órgão ambiental federal Ibama uma permissão para ampliar a capacidade de seis plataformas de produção de petróleo em um total de 115 mil barris por dia (bpd), informou a companhia nesta quinta-feira, em apresentação publicada ao mercado.
O impacto dessa ampliação para a Petrobras contribuirá com um aumento de 90 mil bpd em sua capacidade de produção como concessionária, uma vez que a companhia conta com sócios nessas unidades.
Dentre os seis navios-plataforma que obtiveram avanço em sua capacidade, está o FPSO Almirante Tamandaré, no campo de Búzios, que passou de 225 mil bpd para 270 mil bpd.
O empenho em elevar a produção da companhia contribuiu com um recorde nas exportações de petróleo no terceiro trimestre e um crescimento do lucro no período, apesar do recuo do preço do petróleo ao longo do ano.
Diário do Aço - MG 07/11/2025
A Petrobras divulgou, na noite desta quinta-feira (6), que teve um lucro líquido de R$ 32,7 bilhões no terceiro trimestre de 2025. Segundo a empresa, o resultado foi impulsionado pela produção de óleo e gás de 3,14 milhões de barris de óleo equivalentes por dia. O lucro do período é 23% maior do que o do trimestre anterior.
Ainda de acordo com a empresa, o desempenho operacional levou a companhia a registrar um fluxo de caixa operacional de R$ 53,7 bilhões (US$ 9,9 bilhões).
“Os resultados também foram favorecidos por uma ligeira elevação do preço do petróleo em relação ao último trimestre”, apontou a empresa em divulgação publicada na página na internet.
“A Petrobras está gerando resultados financeiros positivos e retorno aos seus acionistas, mesmo diante do novo patamar de preços do petróleo”, disse o diretor financeiro e de relacionamento com investidores, Fernando Melgarejo.
Eficiência
Segundo a divulgação da Petrobras, o diretor entende que houve aumento da eficiência e redução das paradas de produção. Ele ainda destacou que a empresa alcançou o topo da produção do Unidade de Produção, Armazenamento e Transferência (FPSO) Almirante Tamandaré e superou sua capacidade nominal.
“São diversas frentes de trabalho que se traduzem em resultados concretos para a companhia, seus acionistas e para a sociedade brasileira”, ponderou.
A Petrobras contabilizou que, considerando os primeiros nove meses de 2025, foram quase R$ 200 bilhões em tributos para a sociedade brasileira. “Foram aprovados para o período R$ 12,16 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio”, afirmou na nota.
A Petrobras garante que a maior parcela dos investimentos está no segmento de “exploração e produção”, com foco no desenvolvimento da produção no pré-sal, com o avanço na construção de novas unidades para os campos de Búzios, Atapu e Sépia.
Valor - SP 07/11/2025
Com a aproximação da COP30, Brasil e Colômbia apresentam visões distintas de uma “transição energética justa” para os países em desenvolvimento
Na preparação para a cúpula do clima da ONU deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se apresentado como um defensor global do meio ambiente, apontando para a forte redução do desmatamento na Amazônia desde que assumiu o cargo. Por isso, ambientalistas ficaram consternados quando, poucas semanas antes da COP30 o governo Lula aprovou um pedido da estatal Petrobras para explorar petróleo na foz do rio Amazonas, região conhecida como Margem Equatorial.
“Enquanto o mundo precisar, o Brasil não vai abrir mão de uma riqueza que pode melhorar a vida do povo brasileiro”, disse Lula a jornalistas após a decisão.
Com o mundo passando pela transição multitrilionária para a energia limpa, a ideia de que essa mudança única deveria beneficiar a todos ganhou força rapidamente. Dos planos nacionais de energia verde apresentados este ano antes da cúpula da COP, que começa em 10 de novembro, quase três quartos fazem referência a uma “transição energética justa”.
Embora a expressão seja popular, as interpretações são muito diferentes. Quase todos os países aceitam que em algum momento a produção de petróleo e gás terá de ser interrompida para salvar o planeta, mas muitas nações em desenvolvimento não têm o desejo de liderar esse processo, especialmente no momento em que o maior produtor mundial de petróleo, os Estados Unidos, uma economia rica, não faz nenhum esforço para reduzir a produção.
Países como o Brasil enfrentam um dilema, segundo Alfonso Blanco, que dirige o programa de transição energética do centro de estudos Inter-American Dialogue de Washington. “Se eu me comprometer de parar de produzir petróleo e gás voluntariamente, perco a chance de monetizar minhas reservas enquanto outros estão utilizando seus recursos. Estou perdendo minha chance de desenvolvimento.”
Lula compartilha dessa visão. Para ele, uma “transição energética justa” envolve maximizar a produção de petróleo e gás e dividir parte dos lucros com os mais pobres. Mas, embora esse conceito goze de amplo apoio político, tanto dentro quanto fora do país, não é a única visão existente.
Na vizinha Colômbia, o presidente Gustavo Petro vem tentando inaugurar uma nova abordagem de política ambiental, que ele espera ver copiada por outros países. “Estamos dispostos a migrar para uma economia sem carvão e petróleo”, disse ele em seu discurso de posse em agosto de 2022, nove meses após a conferência da COP26 em Glasgow. “Protegerei nosso solo e subsolo, nossos mares e rios, nosso ar e nosso céu... A Colômbia será uma potência mundial da vida.”
Desde então, ele interrompeu todas as novas licenças de exploração de petróleo e gás, aumentou os impostos sobre as empresas de combustíveis fósseis e vem desenvolvendo uma economia alternativa baseada no turismo e na agricultura sustentável.
Ainda assim, nos três anos desde que Petro assumiu, o entusiasmo por uma transição energética acelerada em algumas partes do mundo em desenvolvimento parece ter diminuído. As economias emergentes têm se mostrado relutantes em eliminar gradualmente os combustíveis fósseis além do carvão.
Com a China sendo, de longe, o maior emissor de carbono do planeta, e as emissões na Europa e nos EUA em queda, as ações dos países em desenvolvimento vão, em grande parte, determinar o ritmo das mudanças climáticas nas próximas décadas.
Mas alguns afirmam que, no modelo defendido pelo Brasil, faltam incentivos para colocar em prática as propostas de descarbonização. “O argumento de que a exploração de petróleo financiará a transição energética carece de mecanismos concretos para que isso aconteça”, diz Juliano Bueno de Araujo, diretor técnico do Arayara International Institute, uma organização não governamental brasileira.
No momento, o Brasil segue em frente com os planos de aumentar a produção de petróleo. O governo Lula quer transformar o país no quarto maior produtor mundial de petróleo até 2030, à frente do Iraque e dos Emirados Árabes Unidos.
Ambientalistas e defensores dos direitos indígenas estão indignados. “Lula acaba de enterrar no fundo do mar sua pretensão de ser um líder climático”, diz Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima, ao se referir à decisão de autorizar a perfuração na foz do Amazonas. O Greenpeace e sete outras ONGs entraram com uma ação judicial, num esforço para anular a licença concedida para um poço exploratório.
“Esse projeto é predatório, ignora a voz dos povos indígenas, os verdadeiros guardiões da floresta, e expõe as contradições do governo ao investir em combustíveis fósseis, a principal causa da crise climática, poucos dias antes da COP30”, diz Kleber Karipuna, coordenador da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil.
Mas o governo Lula argumenta que explorar as abundantes reservas de petróleo em alto-mar do Brasil — em grande parte destinadas à exportação — ajudará a financiar investimentos verdes e programas sociais em uma sociedade marcada por uma profunda desigualdade.
O ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, diz que a geração de energia limpa do Brasil — em sua maioria proveniente de hidrelétricas — e a liderança em biocombustíveis já fazem do país o “líder da transição energética global”.
“Os países que já se industrializaram, com renda per capita muito acima da média do Sul Global e do Brasil, deveriam ter um pouco mais de consciência de que vivemos em um único ecossistema”, disse ele ao “Financial Times” este ano. “Para salvar esse ecossistema, precisamos de uma transição energética justa e não imposta. E, para que ela seja justa, tem que haver dinheiro na mesa.”
Em todo o mundo em desenvolvimento, a visão de Silveira encontra muitos apoiadores. A prioridade da Nigéria, maior produtora de petróleo da África, é transformar petróleo e gás em receita, enquanto a Arábia Saudita pretende descarbonizar o consumo de energia internamente, mas segue investindo para manter sua posição de segundo maior produtor mundial de petróleo.
Na América Latina, a Argentina está aumentando a produção o mais rápido possível a partir de seus gigantescos campos de xisto de Vaca Muerta, na Patagônia. A Pemex, estatal de petróleo do México, pretende reabrir poços antigos para extrair o máximo possível.
Por outro lado, Chile e Uruguai estão na dianteira das energias renováveis, mas ambos têm economias relativamente pequenas.
Na Venezuela, que detém as maiores reservas de petróleo conhecidas do mundo, o aumento da produção é um dos raros objetivos compartilhados tanto pelo presidente socialista Nicolás Maduro quanto por sua inimiga declarada, a líder opositora conservadora Maria Corina Machado.
O Suriname, um pequeno país na costa caribenha que antes se promovia como emissor líquido negativo de carbono, pretende começar a produzir petróleo offshore pela primeira vez em 2028. A operadora do projeto, a TotalEnergies da França, diz que a iniciativa é “um exemplo perfeito de nossa estratégia de transição”. A vizinha Guiana, coberta por florestas em 85% de seu território, está aumentando ainda mais agressivamente a produção de petróleo, com sua economia quase quintuplicando entre 2019 e 2024 como resultado disso, em campos de exploração vizinhos aos que o Brasil pretende explorar na Margem Equatorial.
Nenhum produtor de petróleo da América Latina vem buscando um futuro com emissões líquidas zero com tanto afinco como a Colômbia, sob seu primeiro presidente de esquerda.
Cerca de seis semanas após sua posse, Petro, um ex-gerrilheiro urbano, disse na Assembleia Geral da ONU em Nova York, que o carvão e o petróleo “podem exterminar toda a humanidade”, um fenômeno que atribuiu ao capitalismo.
“O desastre climático que vai matar centenas de milhões de pessoas não está sendo causado pelo planeta, está sendo causado pelo capital”, disse ele. “Pela lógica de consumir cada vez mais.”
Admirador do pouco conhecido economista ecológico Nicholas Georgescu-Roegen — uma das principais influências da corrente do “descrescimento”, que defende a redução das economias para aliviar a pressão sobre os recursos naturais —, Petro agiu rapidamente para transformar em realidade sua visão de um mundo sem combustíveis fósseis.
Ele aumentou os impostos sobre as empresas de petróleo, gás e mineração, impôs uma moratória sobre novas licenças para exploração de petróleo e gás e pressionou pela proibição do fraturamento hidráulico (fracking). Durante a conferência do clima em Dubai, em dezembro de 2023, Petro anunciou que a Colômbia iria se unir a um pequeno grupo de países — em sua maioria, pequenas nações insulares — que buscam negociar um chamado “Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis”, voltado à eliminação gradual do petróleo, gás e carvão.
A inciativa de Petro foi economicamente arriscada. A Colômbia produz cerca de 750 mil barris de petróleo equivalente por dia. Petróleo e minerais, como o carvão, representaram 44% das receitas de exportação da Colômbia em 2022, segundo a OCDE. Um estudo realizado no ano seguinte pelo Ministério das Finanças da Colômbia e a Agência Francesa de Desenvolvimento constatou que os hidrocarbonetos respondiam por cerca de 10% a 15% da receita total do governo.
Os grandes investimentos e petróleo e gás pararam. Chevron, ExxonMobil, ConocoPhilips e Repsol deixaram o país ou reduziram seus projetos na Colômbia nos últimos anos. A Shell anunciou em abril que se retiraria de três projetos de gás offshore que detém em parceria com a estatal de petróleo colombiana Ecopetrol — mesmo num momento em que o país enfrenta escassez de oferta.
Com o declínio da própria produção de gás, a Colômbia passou a depender de importações. Mauricio Cárdenas, um pesquisador sênior da Universidade Columbia e candidato conservador às eleições colombianas, diz que isso não faz sentido, já que o gás importado é mais caro e gera mais emissões de carbono. “A única coisa que nós, colombianos, conseguimos com isso é pagar mais e poluir mais por causa de uma política energética ruim.”
As políticas de Petro contra os combustíveis fósseis, somadas a uma postura mais hostil em relação ao setor privado, também afetaram o crescimento econômico da Colômbia.
A economia ficou praticamente estagnada em 2023, seu primeiro ano completo de governo, com o PIB crescendo apenas 0,7% e depois 1,6% em 2024, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Para este ano, o FMI prevê um crescimento de 2,5%, impulsionado por um aumento nos gastos públicos. O Brasil vem crescendo mais sob Lula do que a Colômbia sob Petro.
Enquanto isso, os ambiciosos planos colombianos anunciados no ano passado para captar US$ 40 bilhões em novos investimentos para financiar uma “transição socioecológica” do petróleo e gás para o turismo de natureza, indústria de baixo carbono e agricultura sustentável, avançam lentamente.
Luis Fernando Mejia, que comanda o centro de estudos econômicos Fedesarrollo, diz que as políticas de Petro estão prejudicando as finanças da Colômbia. “A estratégia do governo abre mão de fontes cruciais de arrecadação que poderiam ser usadas para financiar uma transição energética gradual e sustentável”, diz ele.
O governo de Petro não pretende mudar de rumo. “Precisamos deixar de depender de uma economia rentista baseada nas commodities e avançar para uma economia produtiva, centrada na agricultura e no turismo”, disse o ministro da Energia e Mineração da Colômbia, Edwin Palma, ao Financial Times.
Ele afirma que o governo vem tentando diversificar a matriz energética do país, que depende da geração hidrelétrica para cerca de 68% do abastecimento, complementada por usinas a gás e carvão e por uma participação ainda pequena, mas crescente, de fontes solares, eólicas e de biomassa.
Mas os esforços para ampliar as energias renováveis também enfrentam obstáculos. Em maio de 2023, a empresa italiana Enel desistiu de um projeto planejado de parque eólico de 205GW na província costeira de La Guajira. O projeto ficou parado por dois anos, até ser adquirido pela Ecopetrol, estatal de petróleo da Colômbia, em julho.
Ricardo Roa, ex-chefe de campanha de Petro e atual presidente da Ecopetrol, diz que a companhia quer aumentar os investimentos em energias renováveis. “Nosso foco é aproveitar o grande potencial de La Guajira”, diz ele.
Alexandra Hernández, presidente da associação setorial SER, que representa o setor de energias renováveis da Colômbia, acredita que os investimentos finalmente começam a decolar. Ela diz que a Colômbia vai gerar 14% de sua eletricidade a partir de projetos eólicos e solares até o fim do ano — contra 2,5% há dois anos.
Mas a natureza radical das ambições de Petro tornou tudo mais difícil. “Ele queria mudar o setor de petróleo e gás, queria mudar a saúde, a educação, o modelo de investimentos, a economia, a tributação”, afirma ela. “Ele queria mudar absolutamente tudo. Mas faltou muito na execução.”
Francisco Monaldi, director do programa de energia para a América Latina da Universidade Rice de Houston, diz que se Petro realmente quisesse ser um líder na descarbonização, deveria ter se concentrado em reduzir ainda mais os subsídios aos combustíveis e reinvestir a economia obtida em energias renováveis. “Acho que a política dele é, no conjunto, um erro – e será um erro duradouro.”
Enquanto isso, o Brasil está aprimorando suas credenciais ecológicas em outras frentes, na preparação para a cúpula da COP. O país tem uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo, com cerca de 90% da eletricidade gerada a partir de fontes renováveis.
A maior nação da América Latina também é líder global em biocombustíveis de baixo carbono – principalmente o etanol derivado da cana de açúcar, que absorve CO2 durante o cultivo e normalmente emite menos dióxido de carbono do que a gasolina comum. A maioria dos automóveis no Brasil é equipada com motores “flex”, capazes de funcionar com álcool, gasolina ou uma mistura de ambos os combustíveis. Além disso, a gasolina vendida no país contém 30% de etanol.
“O Brasil vê a sustentabilidade como uma vantagem competitiva”, diz Luisa Palacios da Universidade Columbia. “É um laboratório de tentativas de produzir combustíveis ou processos de baixo carbono em setores de alta emissão. Isso não é fácil e obviamente há concessões envolvidas. Mas acredito que tanto as empresas quanto o governo estão tentando fazer isso da forma mais responsável possível.”
Assim, Brasília afirma que o país já está bem encaminhado rumo a uma economia de baixo carbono. Quase metade das emissões de gases de efeito estufa do Brasil vem do desmatamento, seguida pela agricultura e pela pecuária, que respondem por 28%, segundo dados compilados pelo Observatório do Clima. A queima de combustíveis fósseis representa uma parcela bem menor.
Mas isso poderá mudar. Nas últimas duas décadas, o Brasil se firmou como uma potência global do petróleo, graças ao aumento da produção em suas reservas em águas profundas, conhecidas como “pré-sal” – assim chamadas por estarem localizadas sob uma camada espessa de cloreto de sódio.
Com a produção desses campos prevista para atingir o pico até o fim da década, a indústria do petróleo acredita que a próxima grande descoberta do país está em um trecho de 2,2 mil quilômetros do Oceano Atlântico ao longo da costa norte, conhecido como Margem Equatorial. O governo estima que a área possa conter até 10 bilhões de barris recuperáveis.
Essa busca por novas reservas foi o motivo da polêmica decisão, em 20 de outubro, do Ibama (o órgão regulador ambiental brasileiro), de conceder à Petrobras uma licença de perfuração exploratória para uma área conhecida como Bloco 59, localizada a 540 quilômetros da foz rio Amazonas e a 175 quilômetros do litoral do Estado do Amapá.
O Brasil e outros países preveem uma lacuna no fornecimento de petróleo no fim desta década e estarão prontos para preenchê-la, afirma Jason Bordoff, diretor fundador do Centro de Política Energética Global da Universidade Columbia.
“A ação mais importante e eficaz para desestimular o Brasil e outros países a seguir adiante com seus planos de produção de petróleo é mudar os incentivos econômicos acelerando de forma decisiva a adoção de veículos elétricos e outras tecnologias que alterem as perspectivas de demanda por petróleo”, diz ele.
Na Colômbia, a guerra de Petro contra os combustíveis fósseis pode estar perdendo força. Candidatos de esquerda e de direita à eleição presidencial do próximo ano prometem reverter as políticas energéticas do presidente. “Se Deus nos deu petróleo, carvão e gás, vamos usar o petróleo, o carvão e o gás”, postou nas redes sociais Claudia López, ex-prefeita de Bogotá e candidata presidencial de centro esquerda.
“É impressionante como Petro gerou uma reação contrária... Antes havia um consenso muito mais voltado às causas ambientais entre a elite colombiana”, diz Monaldi da Universidade Rice. “Agora, o discurso é mais do tipo: ‘Temos que aumentar a produção de petróleo para viabilizar polícias sociais e o desenvolvimento econômico’. Houve uma grande mudança de perspectiva.”
Valor - SP 07/11/2025
A Autoridade do Canal do Panamá está planejando construir um oleoduto paralelo ao canal para transportar gás liquefeito de petróleo (GLP) produzido nos Estados Unidos para embarque rumo à Ásia, uma medida projetada para aliviar o congestionamento no canal.
O GLP será carregado e descarregado por meio de terminais em ambas as extremidades do oleoduto para transferência do Oceano Atlântico para o lado do Pacífico, por meio de um sistema de retransmissão com dois navios. O governo panamenho pretende iniciar a construção em 2027, com o processo de licitação previsto para começar ainda este ano.
O oleoduto de 76 quilômetros custará entre US$ 4 bilhões e US$ 8 bilhões, segundo estimativa do governo. Espera-se que ele seja capaz de transportar até 2,5 milhões de barris por dia.
De acordo com a Autoridade do Canal do Panamá, 95% do GLP que passou pelo canal entre 2019 e 2020 foi produzido nos Estados Unidos. A produção no país já está em expansão, e o governo do presidente Donald Trump, sob o slogan de "liberar a energia da América", busca flexibilizar ainda mais as restrições à produção de combustíveis fósseis.
As exportações americanas de propano — um dos principais componentes do GLP — ultrapassaram 1,8 milhão de barris por dia em 2024, de acordo com a Administração de Informações de Energia dos Estados Unidos, marcando um recorde nos dados que remontam a 1973. O propano é produzido ao longo da Costa do Golfo, em estados como Texas e Louisiana, e exportado para atender à crescente demanda em países asiáticos, incluindo China, Índia e Filipinas.
Mesmo com o aumento da demanda por transporte de GLP, a Autoridade do Canal do Panamá foi forçada a restringir a passagem de navios pelo canal devido à seca em 2023 e 2024. Os navios superam a diferença de nível de 30 metros no canal usando água de um lago artificial. No entanto, a falta de chuvas durante a estação chuvosa de 2023 reduziu o nível da água, forçando o canal a cortar o número de travessias em até 30% em determinado momento.
A conclusão do oleoduto eliminaria a necessidade de grandes navios transportadores de GLP passarem pelo canal. Isso beneficiaria não apenas as empresas de transporte de GLP, mas também outras companhias de transporte marítimo, reduzindo os tempos de espera e a necessidade de pagar uma alta taxa adicional para ter prioridade na fila. Uma reunião informativa sobre o projeto, realizada na Cidade do Panamá em setembro, contou com a presença de representantes da Exxon Mobil e da Shell, bem como da Energy Transfer — uma empresa americana com experiência na operação de oleodutos — e de tradings japonesas.
O traçado específico do oleoduto ainda não está definido, mas a expectativa é que ele passe por terrenos não utilizados pertencentes à Autoridade do Canal do Panamá, ao longo do canal. Infraestruturas importantes, como energia elétrica, estradas e comunicações, já estão disponíveis na região, o que permitirá a redução de custos.
"Devemos aproveitar esta oportunidade para manter a importância do Panamá no comércio internacional", disse o administrador da Autoridade do Canal do Panamá, Ricaurte Vasquez Morales, à mídia local.
O oleoduto também é visto como um desenvolvimento positivo para os Estados Unidos. "Sob a atual administração americana, os produtos energéticos são sempre uma alta prioridade", afirmou Vasquez.
Por volta da época de sua posse, em janeiro, Trump ameaçou retomar o controle do Canal do Panamá. O governo panamenho está tentando resolver problemas de uma forma que esteja alinhada com os desejos do presidente americano.
A CK Hutchison Holdings, uma empresa de Hong Kong que opera os portos em ambas as extremidades do canal e cujas conexões com a China foram um dos motivos pelos quais Trump mirou o canal, está buscando vender seus direitos de operação dos portos, a contragosto do governo central chinês.
Globo Online - RJ 07/11/2025
Depois de quatro anos de discussões, o Ibama concedeu no último dia 20 de novembro a licença para a Petrobras perfurar o primeiro poço exploratório na Bacia da Foz do Amazonas, na polêmica Margem Equatorial. Mesmo sob protestos por parte de ambientalistas, a estatal já iniciou a exploração para estudar o potencial de petróleo da região.
A Petrobras, divulgou hoje os seus resultados financeiros no terceiro trimestre. Nos últimos dias, após o aval do Ibama, a companhia tem destacado a importância de pesquisar na Margem Equatorial, que pode se tornar a nova fronteira de exploração de petróleo do país, depois do declínio da produção do pré-sal.
Mas como será feita a perfuração? Quais são os riscos? E por que a Margem é considerada um marco histórico na exploração de petróleo do país? O GLOBO reuniu imagens e infográficos para você entender o que está em jogo. vai atuar na região.
Sísmica
É a primeira etapa de um processo de exploração de petróleo e consiste de estudos detalhados da região. Funciona assim: um navio lança cabos com sonares, que emitem ondas sísmicas. Outra embarcação captura essas ondas para ter imagens do solo analisado, como uma espécie de tomografia. A partir daí, geofísicos e geólogos interpretam os dados para estimar o potencial de petróleo. Esta etapa já foi realizada na Margem Equatorial.
Exploração
É aqui que entra em ação a primeira broca. Os métodos da fase sísmica são indiretos. Para saber a viabilidade de fato da região é preciso perfurar os poços. É nesta fase que a Petrobras está agora. É um processo complexo que, em sua última etapa, usa uma broca de diamante. Confira abaixo:
Produção
Se as informações coletadas na fase de exploração levarem à conclusão de que há uma jazida e viabilidade econômica para retirar petróleo e gás natural, pode ser necessário perfurar outros poços para dimensionar a reserva. O passo seguinte é apresentar um plano de desenvolvimento à Agência Nacional do Petróleo (ANP) e ao Ibama.
Com aval dos órgãos, a empresa contrata sistemas de produção, definindo o número de navios-plataformas (FPSOs) e sistemas submarinos a serem utilizados.
Se a estimativa da EPE se confirmar, a Bacia da Foz do Amazonas pode levar o Brasil ao grupo dos quatro maiores produtores de petróleo do mundo a partir de 2030, chegando 5 milhões de barris diários, contra 3,9 milhões atualmente.
Nova fronteira petrolífera
Os especialistas afirmam que explorar petróleo na Margem Equatorial pode abrir uma nova fronteira para o Brasil, um marco histórico como foi o pré-sal e, antes disso, a Bacia de Campos.
Os desafios, agora, são diferentes. Na Bacia de Campos, cujas descobertas coincidiram com o choque internacional de petróleo, quando países árabes reduziram drasticamente sua produção jogando o mundo numa recessão, houve o desafio tecnológico de explorar petróleo em águas profundas. Na ocasião, a Petrobras colocou em operação a primeira plataforma flutuante do mundo.
No pré-sal, a expertise em exploração no mar alcançou outro patamar: o das águas ultraprofundas, A profundidade total dos poços ultrapassa 7 mil metros, o equivalente à altura do ponto mais alto da Cordilheira dos Andes, no Chile. E com um complicador: a camada de sal a ser atravessada.
Desafios ambientais
Se na Bacia de Campos e no pré-sal as águas profundas e a distância da costa eram grandes desafios tecnológicos, na Margem Equatorial há ainda as dificuldades logísticas e ambientais. A região é classificada como de elevada sensibilidade ecológica, segundo ambientalistas e o Ibama, por abrigar um ecossistema marinho diverso, com recifes e espécies ameaçadas de extinção, como o peixe-boi-marinho, o boto-cinza, boto-vermelho, entre outros.
O Ibama chegou a ressaltar, em seu parecer que aprovou a perfuração, que é preciso dar atenção especial aos peixes-boi na região, que estariam sob ameaça. O órgão disse que há duas espécies de peixes-boi na região e que 55 deles estão em reabilitação no Pará.
No Amapá, cinco animais estão em cativeiro. Como exigência do Ibama, a estatal construiu dois Centros de Reabilitação e Despetrolização de Fauna — estruturas dedicadas ao resgate e tratamento de animais marinhos em caso de incidentes.
O Amapá também concentra uma grande quantidade de manguezais, com cerca de 141 mil hectares, cerca de 2% da área do estado.
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