Correio Braziliense - DF 07/06/2023
O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) recuou 2,33% em maio, acumulando em 12 meses uma deflação de 5,49%. No mês anterior a taxa caiu 1,01%. Segundo os dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), divulgados nesta terça-feira (6/6), a deflação em 12 meses foi recorde desde janeiro de 1944, quando o índice surgiu.
Os dados mostram que em maio de 2022, o índice havia subido 0,69% e acumulava elevação de 10,56% em 12 meses. Segundo o coordenador dos Índices de Preços, André Braz, a queda dos preços do Diesel (de -3,85% para -14,82%) e de grandes commodities, especialmente do minério de ferro (de -7,94% para -11,89%) e do milho (de -8,06% para -16,85%), explicam o aprofundamento da deflação ao produtor.
“No âmbito do consumidor, as maiores contribuições para a desaceleração do índice partiram de passagens aéreas (de -3,67% para -17,91%) e gasolina (de -0,38% para -1,97%). Na construção civil, a aceleração foi conduzida por acordos coletivos que justificam o acréscimo registrado pela mão-de-obra, cuja variação foi de 1,22% em maio”, afirma Braz.
Consumidor e do Produtor
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) variou 0,08% em maio, após subir 0,50% em abril. Seis das oito classes de despesa componentes do índice registraram decréscimo em suas taxas de variação: Educação, Leitura e Recreação (-0,62% para -3,37%), Saúde e Cuidados Pessoais (1,51% para 0,73%), Transportes (0,19% para -0,22%), Alimentação (0,67% para 0,41%), Comunicação (0,60% para 0,22%) e Vestuário (0,52% para 0,46%).
Segundo o levantamento, as principais contribuições para este movimento partiram dos seguintes itens: passagem aérea (-3,67% para -17,91%), medicamentos em geral (3,23% para 0,81%), gasolina (-0,38% para -1,97%), frutas (-0,33% para -1,76%), tarifa de telefone móvel (1,60% para 0,62%) e calçados (1,13% para 0,72%).
Em contrapartida, os grupos Habitação (0,48% para 0,85%) e Despesas Diversas (0,20% para 0,94%) apresentaram avanço em suas taxas de variação. Nestas classes de despesa, as maiores influências partiram dos seguintes itens: taxa de água e esgoto residencial (0,00% para 2,58%) e jogo lotérico (0,42% para 11,77%).
Já o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) caiu 3,37% em maio. No mês anterior, o índice havia apresentado queda de 1,56%. Na análise por estágios de processamento, a taxa do grupo Bens Finais variou de 0,77% em abril para -0,71% em maio. O principal responsável pela desaceleração da taxa foi o item combustíveis para o consumo, cuja taxa passou de 0,40% para -6,60%. O índice de Bens Finais (ex), que resulta da exclusão de alimentos in natura e combustíveis para o consumo, caiu 0,02% em maio, contra alta de 0,54% em abril.
A taxa do grupo Bens Intermediários passou de -0,89% em abril para -3,24% em maio. O principal responsável pelo aprofundamento da queda foi o subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, cuja taxa passou de -2,85% para -12,28%. O índice de Bens Intermediários (ex), calculado após a exclusão de combustíveis e lubrificantes para a produção, caiu 1,59% em maio, ante queda de 0,52%, no mês anterior.
Infomoney - SP 07/06/2023
O IPCA de maio, que será conhecido nesta quarta-feira (7), deverá apresentar a menor variação mensal desde os meses de deflação no ano passado impulsionado pela redução de tributos federais, segundo projeções de economistas. Assim como ocorreu na divulgação do IPCA-15, é esperada alguma pressão de preços administrados, uma desaceleração mais forte nos preços livres e sinais positivos em serviços e nos núcleos do indicador, que são os mais observados pelo Banco Central para a decisão da política monetária.
Para os especialistas, esse comportamento mais benigno da inflação corrente, entanto, pode até ganhar espaço na comunicação do BC na próxima reunião do Copom, mas não vai alterar a tendência de manutenção da taxa Selic nos atuais 13,75%.
Pesquisa feita pela agência Reuters com 20 analistas aponta que o índice oficial de inflação deve ficar em 0,33% em maio na comparação com o mês anterior, na leitura mais fraca desde setembro de 2022. Já o IPCA acumulado em 12 meses ficaria em 4,04%, a menor taxa desde outubro de 2020.
A projeção de Mirella Hirakawa, economista sênior da AZ Quest, está um pouco mais baixa que a mediana do mercado, de um IPCA de 0,30% na comparação mensal e de uma inflação de 4,01% em 12 meses. “Na margem, o principal vilão devem ser administrados, com uma composição de 23 pontos -base dos 30 bps, com o restante explicado por preços livres”, detalha. Dentro de preços livres, ela destaca a participação de alimentação no domicílio.
Nos preços monitorados, deve aparecer alguma pressão em taxas de esgoto e de energia elétrica, além de produtos farmacêuticos, segundo Mirella.
Nos preços livres a economia da AZ Quest vê os industriais num patamar ainda bem controlado, mostrando desinflação relevante na margem. Com isso, a taxa anula deve sair de uma alta de 6% no final de abril para algo próximo de 5% no final de maio. Ajudado em parte por etanol, mas tem uma contribuição pulverizada em preços de bens industriais”, comenta.
Sobre o comportamento dos preços de serviços, Mirella prevê que os agregados devem ficar levemente negativos, em 0,1%, principalmente pela queda nas passagens aéreas. No IPCA-15, esses preços caíram 17,3% em maio, queda que deve ser replicada no número fechado do mês.
Sobre os serviços subjacentes, deve se conformar uma desinflação relevante, com expectativa de alta próxima de 0,4% no mês, ante 0,6% nos dados de abril. “A principal mensagem dos números que a gente espera para o IPCA de maio é uma conformação de uma contínua desinflação, não só do número cheio, mas também do núcleo de inflação”, diz a economista.
Essa inflação corrente mais benigna reforça a dinâmica de desinflação, mas gera necessariamente mudanças na condução da política monetárias Na reunião de 20 de junho do Copom, afirma Mirella. “Não adianta só ver a inflação corrente melhorando. Precisamos ver também as expectativas da inflação medida pelo Focus”, explica.
Serviços subjacentes
Guilherme Silva, economista da Ativa Investimentos, tem uma estimativa de um IPCA fechado um pouco mais alta, de 0,38%. Ele diz esperar que o índice acumulado em doze meses também siga um curso baixista. Fruto, em grande parte, da política de desoneração de combustíveis do ano passado.
“Sobre os possíveis destaques, ficaremos de olho na inflação subjacente de serviços, destacada como ponto de atenção pelo próprio BC em comunicação oficial. Adicionalmente, entendemos ser importante observar a média dos núcleos para entender a dinâmica estrutural dos preços”, afirma.
Silva concorda que a inflação corrente é uma das variáveis que compõem a análise de condução da política monetária, mas não a única e nem a preponderante.
“Assim, julgamos como mínimo o espaço para corte de juros em junho. Ainda que a inflação corrente apresente resultado marginalmente mais benigno, o país seguirá com o núcleo acumulado de inflação elevado, a perspectiva para a inflação no horizonte relevante (2024) sem convergência para a meta e o IPCA amplamente desancorado”, comenta.
Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos, por sua vez, projeta uma inflação mensal de 0,29% e uma variação em 12 meses de 4,0%. “No mês de maio, devemos ver uma desaceleração relevante dos preços no setor de serviços, tal como vimos no IPCA-15, principalmente por conta da queda dos preços de passagens aéreas. Mas também devemos ver alguma desaceleração nos preços livres como um todo”, explica.
Olhando para frente, o economista acredita que esse movimento deve continuar, mas sendo puxado pelo setor de serviços como um todo e não apenas nas passagens aéreas, que tem um componente mais volátil. “Isso por conta dos efeitos da política monetária sobre a atividade econômica, que estão cada vez mais visíveis”, analisa.
Pacheco complementa que, além disso, no lado da inflação de alimentos, a oferta maior observada nos últimos trimestres deve continuar se transmitindo em uma maior moderação dos preços. “Esperamos que neste ano a safra siga mais favorável para alguns dos principais produtos na cesta de consumo brasileira”, diz.
Ele alerta no entanto, que o índice acumulado em 12 meses tende a voltar a subir no segundo semestre, uma vez que ele não vai mais computar os meses de deflação no ano passado, com a retirada de impostos sobre combustíveis. Esse corte de tributos levou a uma deflação de 0,68% no IPCA de julho de 2022, de 0,36% em agosto e de 0,29% em setembro.
Sobre a reunião do Copom deste mês, o economista da Guide acredita que será reconhecido no comunicado e na ata o fato de a inflação corrente ter mostrado alguma tendência mais favorável em dados recentes. Mas ele lembra que o Copom olha com mais atenção o movimento das expectativas de inflação. “Nessa ótica, os dados correntes parecem que tiveram pouco impacto até então na inflação de 2024, que é o horizonte relevante de política monetária”, pondera
Por cota disso, a desinflação atual não deve ser suficiente para o Banco Central mudar significativamente sua comunicação, diz o economista. Se houver uma mudança relevante, no balanço de riscos ou na prescrição futura, seria pelo conjunto de fatores, como a aprovação do arcabouço na Câmara, moderação da atividade e recuo do dólar,”, lista.
Cautela
A projeção do Banco Original também é de alta moderada, de 0,28% na margem, motivada pelo reajustes para baixo da Petrobras no preço da gasolina, diesel e GLP, pelo alívio de itens in natura dentro da alimentação no domicílio, pela atenuação em serviços devido à queda de passagens aéreas, aluguel e condomínio, pela desaceleração em vestuário e artigos de residência, e pelo arrefecimento sazonal dos itens de higiene pessoal, dentro de Saúde e cuidados pessoais.
“Caso esse cenário mais otimista se concretize, entendemos que o mercado irá se empolgar no curtíssimo prazo, mas que ainda é insuficiente para baixar os juros na próxima reunião”, comenta o banco. Isso porque, apesar da atenuação recente nos dados de inflação, o comportamento dos serviços e dos núcleos continua a demandar cautela, tendo em vista que são melhoras motivadas por fatores administrados ou voláteis.
A economista Claudia Moreno, diz que a projeção do C6 Bank é de um IPCA de 0,34% em maio, com pressão maior de preços monitorados e com preços livres mais tranquilos.
Entre os preços administrados, ela vê impactos dos reajustes nos jogos de azar e um resquício da alta de produtos farmacêuticos, que foi mais forte em abril.
“Na parte de serviços, esperamos uma queda no número efetivo, de -0,05%, puxado por passagem aérea, que teve queda de 17,3% no IPCA-15”, comenta.
Claudia Moreno diz que a inflação acumulada em 12 meses deve manter a trajetória de queda até junho. “A partir de julho, no início do segundo semestre, esse número deve voltar a subir. A inflação vai para cerca de 3,6% em junho e depois volta a subir para cerca de 6% até o final do ano”, prevê. Essa alta, já esperada, virá por conta dos meses de deflação do ano passado, em função da queda de impostos.
Mas a economista do C6 Bank diz que o número que importa mesmo para o BC é a parte dos núcleos, uma medida de inflação mais “limpa”, que tenta tirar aqueles efeitos que são mais voláteis e capturar de fato a tendência da inflação. E essa inflação ainda está pressionada.
“O BC vai olhar essa desaceleração dos componentes. Já houve queda, mas segue em patamar muito elevado”, comenta.
Ela também não acredita que o BC deve promover alguma mudança de estratégia nesse mês. “O importante é ver a tendência da inflação para as próximas reuniões. Quando a gente olha para os modelos do BC, ainda vê a inflação desses componentes em patamar elevado e eles ainda não vão mostrar espaço para queda de juros agora”, prevê.
Já Rodrigo Caetano, analista da Toro Investimentos, também tem expectativa de que o IPCA tenha novamente um mês de arrefecimento no indicador. “O recuo do índice deve ser puxado pelo grupo de Transportes, capitaneado pela queda nos preços dos combustíveis. Lembrando que, no IPCA-15, índice utilizado como prévia do IPCA, o grupo de Transportes foi um dos que apresentou deflação para o período de apuração”, destaca.
Além do grupo de Transportes, Caetano sugere observar também o comportamento dos preços do grupo de Saúde e Cuidados Pessoais, que após dois meses de fortes altas – puxadas pelo aumento no preço dos medicamentos – deve apresentar menor crescimento.
Outro fator importante que deve favorecer o menor crescimento do IPCA são os preços das commodities agrícolas, que negociam em níveis de preços abaixo dos patamares observados nos últimos trimestres, afirma Caetano.
“Para a reunião do Copom de junho, projetamos uma manutenção da taxa de juros nos atuais patamares, mas um IPCA se mostrando mais fraco e em trajetória de convergência para a meta, devem colaborar para uma projeção de cortes por parte do Copom para as próximas reuniões.”
Leonardo Costa, economista da ASA Investments, estima um IPCA de maio projetado em 0,35%. “Esperamos desaceleração espalhada pelo índice, com destaque para os serviços, com deflação na passagem aérea a taxas mais baixas para aluguel”, afirma.
Além disso, ele destaca que a queda de preço dos combustíveis no atacado já deve afetar o mês de maio, com deflação na gasolina e no etanol. “A média de núcleos também deve desacelerar, com taxas mais baixas nos serviços e nos bens subjacentes. Em 12 meses, o IPCA deve cair para 4,06%”, prevê.
Para Luis Menon, economista da Garde, a inflação do mês ficará em 0,37% em relação ao mês anterior. Ele diz esperar uma desaceleração significativa nos serviços, de 0,52% para -0,09%, sendo muito influenciada pelo item de passagens aéreas, para o qual a projeção é de deflação de 17,3%, após uma alta de 12% um mês ante.
“Neste mês, também vemos um aumento nos preços dos alimentos, especialmente nos itens in natura. Além disso, é importante destacar certa estabilidade nos preços industriais, de 0,39% para 0,30%. No grupo dos preços administrados, o destaque vai para a deflação de 1,70% na gasolina, refletindo o corte feito pela Petrobras”, comenta0
Menon destaca que, especificamente nesse grupo, há um efeito pontual relacionado aos reajustes dos jogos de azar, com um aumento de 12,5% (loterias), algo que não ocorria desde 2019.
O economista da Garde também afirma que, além da desaceleração do índice geral de inflação, será possível observar uma melhora na qualidade da inflação. “Projetamos uma redução na média dos núcleos, de 0,50% para 0,37%, e nos serviços subjacentes, de 0,56% para 0,36%”, prevê.
Considerando a média dessazonalizada e anualizada dos últimos três meses dessas duas métricas, Menos lembra que elas ainda estão acima do teto da meta de inflação. “Portanto, esperamos que o Banco Central aguarde a continuidade desse processo de melhora da inflação por mais alguns meses antes de considerar mudanças na política monetária”, argumenta.
CNN Brasil - SP 07/06/2023
O Banco Mundial projetou, em sua previsão de crescimento global em 2023, que o Brasil tenha uma desaceleração no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 1,2% neste ano, porém, em seguida, sobe ligeiramente para 1,4% em 2024. No ano seguinte, 2025, a expectativa é de alta de 2,5%.
Os dados foram divulgados nessa terça-feira (6) no último relatório Perspectivas Econômicas Globais. De acordo com o documento, o resultado se deu devido à inflação nominal e o núcleo que caíram de seus picos e, recentemente, abaixo do limite superior da meta do Banco Central.
“Espera-se que as taxas de juros diminuam no segundo semestre do ano, à medida que a inflação recua ainda mais, permitindo a recuperação em 2024.”
Além disso, a instituição ressaltou que a incerteza sobre a política fiscal continua prejudicando a confiança empresarial e o investimento.
A explicação para os resultados de crescimentos tímidos neste e nos próximos anos foi atribuída às exportações agrícolas.
“Elas devem crescer fortemente por causa das colheitas robustas de soja e milho, porém, a demanda externa não deve sustentar o crescimento de forma significativa em 2023.”
Os países vizinhos também serão impactados com este cenário interno do Brasil. O relatório aponta que a produção na Argentina deve cair 2% em 2023 e crescer 2,3% em 2024, à medida que a economia se recupera da grande seca deste ano.
Enquanto isso, a desaceleração econômica deste ano no Brasil, principal parceiro comercial da Argentina, pesará nas exportações de não commodities do país. A resultante escassez de divisas criará dificuldades para os importadores, principalmente os das indústrias não agrícolas.
O Brasil também poderá ter surpresas com a situação externa. Apesar da recuperação do crescimento da China neste ano, seu setor imobiliário permaneceu fraco, contido por ventos estruturais contrários.
“Se deteriorar ainda mais, isso pode afetar significativamente os preços globais do metal. Esse risco negativo é particularmente relevante para Brasil, Chile e Peru.”
Cenário mundial
O Banco Mundial elevou a previsão de crescimento global em 2023, já que os Estados Unidos e outras grandes economias se mostraram mais resilientes do que o previsto, mas disse que taxas de juros mais altas exercerão um peso maior do que o esperado no próximo ano.
O PIB global real deve subir 2,1% este ano. Isso representa um aumento em relação à previsão de 1,7% divulgada em janeiro, mas bem abaixo da taxa de crescimento de 2022 de 3,1%.
O banco cortou sua previsão de crescimento global em 2024 para 2,4%, de 2,7% em janeiro, citando os efeitos contínuos da política monetária mais rígida, principalmente na redução de investimentos comerciais e residenciais.
“O crescimento ao longo do restante de 2023 deve desacelerar substancialmente, pois é pressionado pelos efeitos defasados e contínuos do aperto monetário e das condições de crédito mais restritivas”, afirmou o Banco Mundial.
O relatório mostra que o crescimento dos EUA para 2023 está agora estimado em 1,1%, mais do que o dobro da previsão de 0,5% em janeiro, enquanto a expansão da China deve subir para 5,6%, em comparação com uma previsão de 4,3% em janeiro, após 3% em 2022.
No entanto, reduziu pela metade sua previsão anterior de crescimento dos EUA em 2024 para 0,8% e cortou a previsão da China em 0,4 ponto percentual, para 4,6%.
Estresse bancário
O estresse recente do setor bancário também está contribuindo para condições financeiras mais apertadas que continuarão em 2024, disse o credor.
O Banco Mundial citou um possível cenário negativo em que o estresse bancário resulta em uma grave crise de crédito e em um estresse do mercado financeiro mais amplo nas economias avançadas.
Isso provavelmente reduzirá o crescimento de 2024 quase pela metade, para apenas 1,3% – o ritmo mais lento em 30 anos com exceção das recessões de 2009 e 2020.
“Em outro cenário em que o estresse financeiro se propaga globalmente em um grau muito maior, a economia mundial entraria em recessão em 2024”, acrescentou o banco.
O banco disse que a inflação deve cair gradualmente à medida que o crescimento desacelera e a demanda por trabalho em muitas economias diminui, e os preços das commodities permanecem estáveis. Mas acrescentou que o núcleo da inflação deve permanecer acima das metas dos bancos centrais em muitos países ao longo de 2024.
CNN Brasil - SP 07/06/2023
A discussão sobre a reforma tributária é um tema de “suma importância para toda a sociedade”, segundo o especialista em contas públicas Murilo Viana. À CNN Rádio, ele afirmou que o texto — que deve ter o relatório apresentado na Câmara nesta terça-feira (6) — impactará positivamente tanto o consumidor, quanto os empresários.
“Hoje, o sistema tributário vem aprofundando os problemas estruturais que ocorrem há décadas”, disse.
Segundo Murilo, esse sistema é “anacrônico em relação a práticas internacionais, e distancia muito o Brasil de integrar cadeias produtivas globais e ganhar competitividade nas exportações.”
A reforma tributária é, então, “uma das principais agendas para garantir competitividade ao Brasil.”
Programa de incentivo automotivo
Murilo Viana acredita que o anúncio do governo do programa de incentivo automotivo terá “impacto temporário”, já que terá duração de 4 meses.
“Devido ao custo fiscal, há dificuldade de implementar um programa mais ousado porque não há espaço fiscal”, completou.
O setor automobilístico, segundo o especialista em contas públicas, “houve mudança do perfil de carros, que subiram de patamar de preço, incorporaram tecnologia, mas a renda do brasileiro não acompanhou o movimento.”
“A venda de carros hoje é semelhante ao patamar dos anos 90”, analisou.
Por esse motivo, é “difícil imaginar que programa de curtíssimo prazo, com desconto limitado vai ter impacto muito significativo”.
Infomoney - SP 07/06/2023
Os futuros do minério de ferro subiram nesta terça-feira e tocaram seus níveis mais altos em cerca de sete semanas, com as esperanças de mais medidas de estímulo na China, a maior produtora global de aço.
Os futuros de vergalhão chinês também ampliaram ganhos após ações imobiliárias listadas em Hong Kong saltarem quase 8% na esperança de que Pequim em breve implemente medidas de apoio para fortalecer o setor imobiliário em apuros.
Aumentando o otimismo dos operadores, o China Securities Journal publicou, citando conselheiros de política e economistas, que a China provavelmente reduzirá ainda mais o índice de reserva dos bancos e as taxas de juros no segundo semestre deste ano para apoiar a economia.
As autoridades chinesas, por sua vez, pediram aos maiores bancos do país que reduzissem suas taxas de depósito pelo menos pela segunda vez em menos de um ano em um esforço para impulsionar a economia, informou a Bloomberg News, citando pessoas familiarizadas com o assunto.
O minério de ferro para setembro mais negociado na bolsa de Dalian da China encerrou as negociações diurnas com alta de 1,3%, a 766,50 iuanes (107,70 dólares) a tonelada, após tocar a máxima da sessão de 782,50 iuanes, a mais alta desde 19 de abril.
Valor - SP 07/06/2023
Os analistas consideram que a venda iminente de participação na unidade de metais básicos será um gatilho importante para as ações da Vale
O cenário mais negativo do minério de ferro já está no preço das ações da Vale e a estimativa da matéria-prima em US$ 75 a tonelada deixa seus múltiplos atrativos e aumenta o potencial de criação de valor, diz o RBC Capital Markets.
Os analistas liderados por Tyler Broda escrevem que os preços do minério de ferro devem continuar caindo até patamares próximos a US$ 75 e US$ 80 a tonelada, com menor demanda da China mesmo com medidas para impulsionar o setor de construção.
O RBC Capital Markets elevou sua recomendação de Vale de neutro para compra e o preço-alvo dos recibos de ação (ADRs) negociados na Bolsa de Nova York (Nyse) de US$ 13 para US$ 15, potencial de alta de 10,2% sobre o fechamento de ontem.
Eles também consideram que a venda iminente de participação na unidade de metais básicos será um gatilho importante para as ações da Vale, uma vez que investidores vão começar a considerar as operações de níquel e cobre em suas avaliações de preço.
“Com companhias de metais básicos sendo negociadas a um prêmio considerável, a operação pode ser um primeiro empurrão tangível para separar a avaliação dessas operações das de minério de fero”, comentam.
Revista Manutenção e Tecnologia - SP 07/06/2023
O mercado de locação de equipamentos para construção tem apresentado um crescimento exponencial no Brasil, alterando o fluxo das vendas de fabricantes de máquinas.
Se antes, o grande volume comercializado pela indústria era direcionado a construtoras, empreiteiras e demais empresas do ramo da construção, hoje cerca de 90 a 95% de alguns tipos de equipamentos são adquiridos por empresas de locação.
Os dados foram levantados pela Sobratema – Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração, em parceria com a Analoc (Associação Brasileira dos Sindicatos e Associações Representantes dos Locadores de Equipamentos, Máquinas e Ferramentas).
De acordo com Eurimilson Daniel, vice-presidente de ambas as entidades, as empresas de locação são responsáveis por comprar de 90 a 95% de gruas, guindastes e plataformas de trabalho aéreo; de 70 a 80% de torres de iluminação; 65 a 75% de betoneiras e de 55 a 60% de geradores.
“Como podemos observar, algumas linhas de máquinas pesadas, médias, compactas, leves e manuais estão com altos percentuais de comercialização juntos às locadoras”, aponta Daniel.
Em relação aos equipamentos de terraplenagem – conhecidos como linha amarela – as vendas para locação saltaram de 20% para 30%. Contudo, de acordo com um levantamento apresentado por Daniel, onde vários empresários do setor de construção foram ouvidos, a perspectiva é de que a locação seja o segmento de mercado que lidere as compras de máquinas de linha amarela em 2023 no Brasil.
“Em países europeus, nos Estados Unidos e Japão, por exemplo, cerca de 60% das vendas de equipamentos de linha amarela são destinadas a empresas de locação. Com o passar dos anos, o Brasil tem caminhado nesse sentido”, explica Daniel.
Para ele, o rental sempre tem boas perspectivas de crescimento, porque ainda não chegou a um grau de maturidade que as economias estáveis atingiram. Ou seja, ainda não conseguiu contribuir em todas as áreas na mesma proporção.
Demanda – Vários fatores explicam essa alta na procura pelo rental, como a busca por maior eficiência operacional, redução de custos e flexibilidade nas operações de construção. As pessoas passaram a entender que a locação atende a necessidades peculiares de cada obra, oferecendo soluções completas, e principalmente que as construtoras, concessionárias e órgãos públicos não precisam comprometer capital com financiamento de máquina, mas sim com os projetos de engenharia que executam.
Os números obtidos pela Analoc junto à Receita Federal mostram que o setor de rental conta com aproximadamente 40.100 empresas no Brasil, que movimentam R$ 28 bilhões em negócios.
“O aumento na quantidade de locadoras é recorrente, o que muda é a intensidade”, observa o presidente da Analoc, José Antônio Miranda. “Em mais de 80%, o setor é formado por micro e pequenas empresas, e microempreendedores individuais (MEI). Quando o mercado está mais comprador, mais empresas surgem, ou seja, tudo está interligado ao sucesso da economia”, diz.
Feira – Diante desse novo cenário, surgiu a necessidade da realização de uma feira de negócios focada nos locadores de equipamentos, com viés comercial apropriado. A 1ª Analoc Rental Show vai acontecer de 12 a 14 de julho, no Centro de Eventos Positivo, em Curitiba (PR), com o propósito de promover um verdadeiro megaencontro com exposição de equipamentos e congresso, onde locadores de todo o Brasil poderão estar frente a frente com os fabricantes, fazer networking com empresas contratantes e se atualizar com os principais temas do seu mercado de atuação.
Em paralelo à feira, acontecem o 9º Congresso Nacional de Valorização do Rental e o 4º Encontro Locadores BR, duas importantes conferências do calendário de atrações. Dessa maneira, a Analoc Rental Show movimentará todo o ecossistema do locador, num ambiente onde será possível estreitar relações, gerar negócios, conhecer tecnologias, obter condições especiais de compra, além de participar de palestras gratuitas.
Para mais informações sobre o evento basta acessar o link (https://analocrentalshow.com.br/ ) As inscrições são gratuitas.
Valor - SP 07/06/2023
Caberá a cada montadora correr atrás do cliente para oferecer sua linha de carros que atende ao programa — todos os modelos com preços abaixo de R$ 120 mil
A partir de hoje, começa uma corrida inédita na indústria automobilística. O total de recursos concedido pelo governo federal para dar os descontos que vão de R$ 2 mil a R$ 8 mil nos automóveis tem um limite: R$ 500 milhões. A oferta vale, de certa forma, como se diz no comércio, enquanto durarem os estoques — no caso, o estoque de dinheiro público.
O governo estipulou um prazo de quatro meses para a duração do programa de incentivos para o setor. Mas, segundo cálculos da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), os recursos, que têm como fonte a reoneração do diesel, tendem a acabar antes.
Caberá a cada montadora correr atrás do cliente para oferecer sua linha de carros que atende ao programa — todos os modelos com preços abaixo de R$ 120 mil. Isso inclui produção nacional e importados da Argentina ou México, países com os quais o Brasil tem acordo de livre comércio para intercâmbio de produtos automotivos.
“Se uma montadora não aproveitar esses recursos outra vai aproveitar”, disse, nesta terça-feira, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite durante entrevista para apresentar os resultados do mês e para comentar as novas medidas.
Assim, a partir da publicação da Medida Provisória 1175/23, hoje, todas as equipes de venda e de marketing das montadoras já estão em ação. É bem provável que nesse esforço de vendas apareçam outras promoções, oferecendo descontos semelhantes até para modelos que custam acima de R$ 120 mil. Vai depender de cada marca.
É possível também que o consumidor com o dinheiro na mão leve mais vantagem do que aquele que tem que correr atrás de financiamento. Leite reconheceu essa vantagem para o cliente que vai pagar à vista. Mas, ao mesmo tempo, disse que “a indústria tem capacidade para atender a todos”.
O único problema é quando o caixa do programa se esgotar. “A disputa é natural. Mas o fator tempo é fundamental”, destacou o presidente da Anfavea. “É um programa inteligente, de certa duração”, destacou. O dirigente disse, também, que espera que “o governo coloque mais recursos no programa” futuramente.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, participou, de forma on-line, do início da entrevista da Anfavea. “Estamos procurando fortalecer o mercado”, disse Alckmin pouco depois de repassar os pontos do programa.
O programa federal para carros exige que o automóvel fique no nome do comprador durante seis meses. Inclui pessoas físicas e jurídicas. Mas, segundo Leite, nos primeiros 15 dias de vigência, apenas as pessoas físicas serão atendidas. Os descontos serão feitos por meio de uma pontuação que leva em conta valor do carro (o mais barato receberá mais descontos), quantidade de peças nacionais e emissões de poluentes.
Os recursos que fazem parte do programa automotivo incluem, ainda, R$ 700 milhões para caminhões e R$ 300 milhões para ônibus. No caso dos veículos pesados, o programa visa tirar os mais velhos das ruas e estradas. Segundo Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea, o Brasil tem 450 mil caminhões com mais de 25 anos rodando.
O proprietário de um caminhão ou ônibus nessas condições poderá dar o veículo em troca de um novo que terá abatimentos entre R$ 33,6 mil e R$ 99,4 mil, dependendo do tamanho. O velho será entregue a um concessionário, que ficará a cargo de dar baixa na documentação junto aos órgãos de trânsito e encaminhar o veículo para desmontagem. Os detalhes desse processo ainda não estão totalmente claros.
CNN Brasil - SP 07/06/2023
Na contramão da paralisia das vendas provocada pela espera dos consumidores dos descontos prometidos pelo governo, a produção de veículos subiu 10,7% no mês passado frente a maio de 2022. No total, 227,9 mil veículos foram montados no País na soma dos carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus.
Na comparação com abril, maio mostrou crescimento de 27,4% na produção, com a variação neste caso impulsionada também pelos quatro dias úteis a mais do mês passado.
O balanço foi divulgado nesta terça-feira, 6, pela Anfavea, a associação que representa as montadoras. A produção desde o início do ano passou a mostrar crescimento de 6,2%, com 942,8 mil veículos montados de janeiro a maio.
Além dos efeitos do crédito mais caro e restrito, combinados ao maior comprometimento de renda das famílias com dívidas, o comércio de automóveis sentiu em maio o adiamento da compra pelo consumidor, que aguardou até ontem o anúncio das medidas do governo para baratear os preços dos carros.
As vendas diárias, que estavam perto de 9 mil em abril, caíram para a média de 8 mil veículos. Após uma semana de expectativa, em 25 de maio, no Dia da Indústria, o vice-presidente Geraldo Alckmin confirmou que os automóveis teriam descontos, porém só ontem os detalhes foram divulgados e hoje foi publicada a medida provisória.
As vendas de maio, de 176,5 mil veículos na soma das categorias, ficaram 5,6% abaixo das registradas no mesmo mês do ano passado. Nos últimos sete anos, apenas em 2020, com a chegada da pandemia, maio mostrou número mais baixo. Frente a abril, a variação foi positiva — crescimento de 9,8% — em razão do calendário com mais dias de venda do mês passado.
O balanço da Anfavea mostra ainda queda de 3,7% das exportações, no comparativo de maio com igual mês do ano passado. Os embarques, de 44,3 mil veículos no mês passado, tiveram alta de 30,4% contra abril. No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, as vendas de veículos brasileiros ao exterior mostram queda de 4,2%, somando 190,6 mil unidades.
Segundo o levantamento da entidade, 1,05 mil vagas de trabalho foram fechadas em maio nas montadoras, que agora empregam 100,2 mil pessoas.
Investing - SP 07/06/2023
No dia seguinte ao anúncio das medidas do governo para baratear os preços dos veículos, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, participou nesta terça-feira, 6, da apresentação da Anfavea, a associação das montadoras, dos resultados do setor no mês passado. Em intervenção curta, Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, disse estar "muito otimista" com a reação do mercado após a publicação, nesta terça, da medida provisória (MP) que liberou crédito tributário para baratear carros, caminhões e ônibus.
A MP, pontuou o vice-presidente, já está valendo.
Ao considerar a medida "inteligente", por atrelar os descontos a critérios de eficiência energética, conteúdo nacional em uma cadeia muito longa e preços - quanto menor o valor do carro, maior o desconto -, Alckmin afirmou que o anúncio traz também confiança de preservação de empregos, após os mais de mil cortes de vagas nas montadoras durante o mês passado, e fortalecimento da indústria.
Ele reiterou o compromisso do governo com as mudanças climáticas diante das críticas ao programa por beneficiar carros que também rodam a gasolina. Nesse ponto, Alckmin observou que o Brasil tem uma frota de carros envelhecida, que emite 23 vezes mais.
O vice-presidente lembrou ainda que o aperto nas regras de emissões aos veículos a diesel encareceu o preço de caminhões e ônibus mais eficientes. Isso representava um risco de a frota desses veículos ficar ainda mais velha e, consequentemente, mais poluente e menos segura, disse Alckmin quando explicou a inclusão de veículos de carga e de transporte coletivo no programa.
Para mostrar que o governo também age para melhorar a competitividade dos produtos brasileiros no exterior, o ministro da Indústria lembrou que, no mês passado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou uma linha de R$ 4 bilhões a exportadores a um custo "bem mais baixo".
Valor - SP 07/06/2023
No segmento de automóveis, a retração das vendas foi maior, de 8,6%, refletindo a paralisação do mercado, nos últimos dias do mês. Já a produção avançou 15,1%
A venda de veículos caiu 5,6% em maio na comparação com o mesmo mês do ano passado, num total de 176,5 mil unidades. No segmento de automóveis, a retração foi maior, de 8,6%, refletindo a paralisação do mercado, nos últimos dias do mês, provocada pelo anúncio do governo de que os preços dos modelos que custam até R$ 120 mil iriam cair. O programa definitivo, que prevê descontos de R$ 2 mil a R$ 8 mil em carros, foi anunciado nesta segunda-feira.
No acumulado do ano, no entanto, houve uma expansão do mercado, de 9,3% (809 mil veículos), com crescimento também no segmento de automóveis, de 9,8% (754,8 mil unidades).
Para o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, “é natural” que o consumidor tenha se retraído no fim do mês à espera das medidas. Daí a queda.
Segundo Leite, pessoas jurídicas também estão contempladas pelo novo programa. No entanto, nos primeiros 15 dias, somente as pessoas físicas serão atendidas pela indústria automobilística.
Produção
A indústria automobilística acelerou a produção em maio. Foram produzidos 227,9 mil veículos, num crescimento de 10,7% na comparação com o mesmo mês do ano passado.
Segundo Leite, o incremento no ritmo das linhas aconteceu porque as montadoras quiseram se preparar e ter mais veículos para atender ao aumento de demanda que ele espera que aconteça em consequência do programa de incentivos fiscais anunciado pelo governo na segunda-feira.
O aumento de produção se concentrou em automóveis e comerciais leves, com avanço de 15,1%.
A indústria de caminhões, no entanto, continua operando com grande ociosidade. A produção em maio (8,3 mil unidades) representou queda de 39,8%. Em ônibus, a queda foi de 35,4% (1,9 mil unidades). As montadoras de caminhões e ônibus ainda enfrentam a retração do frotista, que antecipou compras em 2022, sabendo que os preços dos veículos subiriam este ano em decorrência da necessidade de incluir equipamentos para atender à nova lei de emissões (Euro 6).
Segundo Leite, três montadoras cancelaram acordos de “lay-off” (suspensão temporária dos contratos de trabalho de parte dos funcionários) para acelerar a produção na expectativa de aumento de vendas a partir dos descontos decorrentes do novo programa.
O nível de estoques também subiu com a retração do consumidor no fim do mês. Segundo a Anfavea, o volume aumentou de 206 mil para 251,2 mil veículos. O volume é suficiente para 43 dias de vendas. Um mês atrás o estoque atendia 35 de vendas.
Segundo Leite, dos 251,2 mil veículos estocados, 112 mil se enquadram na MP 1175/23, que regulamentou a concessão de créditos tributários para as montadoras.
Exportação
A retração de mercados como Chile e Colômbia continuam a provocar queda nas exportações de veículos produzidos no Brasil. Com 44,3 mil unidades, a venda ao exterior caiu 3,7% em maio na comparação com o mesmo mês de 2022.
De janeiro a maio, foram embarcados 190,6 mil veículos, uma queda de 4,2%. A receita, no entanto, cresceu. Atingiu aumento de 12,9% em maio (US$ 1,06 bilhão) e 22,4% no acumulado do ano, num total de US$ 4,74 bilhões.
O nível de emprego no setor também registrou queda no mês passado. Com 100,1 mil funcionários, o número de postos de trabalho na indústria automobilística caiu 1,1% em 12 meses.
Para o presidente Anfavea, é natural que o consumidor tenha se retraído no fim do mês à espera das medidas — Foto: Silvia Zamboni/Valor
IstoÉ Dinheiro - SP 07/06/2023
Ao invés de cortar impostos federais, o governo decidiu autorizar créditos tributários para reduzir os preços dos carros, optando por dar o estímulo a partir de um canal que representa uma das maiores reclamações da indústria. As montadoras reclamam há anos que estão com bilhões de créditos represados.
A estimativa atual, feita pela Anfavea, a entidade que representa o setor, é de algo em torno de R$ 15 bilhões em créditos que os fabricantes de veículos ainda não conseguiram compensar, sendo R$ 8 bilhões em tributos federais e R$ 7 bilhões em ICMS dos Estados.
Na apresentação dos resultados de maio à imprensa, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, reconheceu que não há garantias de que as montadoras vão conseguir compensar os créditos desta vez. Ele avaliou, porém, que o programa deve, em geral, atender bem o setor, sem prejudicar o caixa das empresas.
A explicação da tranquilidade transmitida pelo executivo é que os créditos tributários federais – não recuperados na maioria das vezes em exportações – representam um volume baixo nas vendas de automóveis que custam no máximo R$ 120 mil, teto dos carros que terão descontos patrocinados pelo governo.
“Não há garantias, mas não será algo que vai penalizar as montadoras”, disse o presidente da Anfavea. “A maioria das montadoras não possui créditos acumulados nesse segmento até R$ 120 mil”, acrescentou.
A expectativa pela apresentação de medidas de apoio do governo, que inicialmente seria uma tentativa de resgate do carro popular, durou três semanas e levou a um deslocamento, da segunda quinzena de maio para junho, de aproximadamente 27 mil veículos que seriam vendidos no mês passado. Isso porque o consumidor adiou a compra, à espera dos preços mais baixos.
A indústria formou estoques, que chegaram ao total de 251,7 mil veículos, para atender a aguardada corrida às concessionárias, que, pela previsão dos fabricantes, deve consumir em cerca de um mês todos os recursos autorizados para os descontos de automóveis: R$ 500 milhões. “Agora, temos que correr para faturar, e o consumidor correr para comprar”, frisou Leite, ao alertar que os bônus podem acabar rapidamente.
Segundo a Anfavea, a formação dos estoques, junto com os quatro dias úteis a mais e a retomada de fábricas que estavam paradas, levou a um aumento de 27,4% da produção das montadoras na passagem de abril para maio. “Praticamente não tivemos paralisações em maio”, comentou Leite.
Ele considerou natural o mercado “travar” no fim de maio, mas disse que foi por um “bem maior”: a oferta de produtos a um custo mais acessível. A expectativa, continuou o executivo, é que o mercado tenha um crescimento considerável, pelo menos enquanto durar o programa.
O presidente da Anfavea reafirmou, sem citar nomes, que três montadoras decidiram suspender paralisações para atender a demanda, porém algumas fábricas podem voltar a parar para ajustar excessos de estoque.
Entre elas, a General Motors (GM) vai parar nas próximas duas semanas as fábricas de São José dos Campos (SP) e Gravataí (RS), esta responsável pela produção do Onix, o carro de passeio mais vendido do País.
Já a Volkswagen suspendeu na segunda-feira um turno da unidade de São José dos Pinhais, no Paraná, onde produz o utilitário esportivo T-Cross. A paralisação parcial pode durar de dois a cinco meses, período em que os contratos dos trabalhadores afetados estarão suspensos.
Valor - SP 07/06/2023
Programa do governo acirra concorrência no segmento de automóveis, enquanto deixa dúvidas sobre o sucesso em caminhões e ônibus
O programa de subsídios do governo para baratear veículos cria situações inusitadas no setor. No caso dos automóveis, ao deixar o volume total de recursos disponível para todas as montadoras, acirra ainda mais a concorrência num mercado que por natureza já é extremamente competitivo. No caso dos pesados, faltam ainda informações para imaginar como caminhões e ônibus velhos vão efetivamente virar sucata e quem conseguirá ter acesso aos novos.
O acirramento da concorrência entre montadoras de carros ocorre porque o total de recursos concedido pelo governo federal para dar os descontos, que vão de R$ 2 mil a R$ 8 mil nos modelos de até R$ 120 mil, tem um limite: R$ 500 milhões. A oferta vale enquanto durar esse “estoque” de recursos ao qual todos os fabricantes terão direito e acesso.
O governo fixou prazo de quatro meses. Mas pode terminar antes se os recursos, que têm como fonte a reoneração do diesel, se esgotarem. O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, prevê que esses recursos vão se esgotar antes do prazo estipulado pelo governo.
“Se uma montadora não aproveitar os recursos outra vai aproveitar”, disse Leite nesta terça-feira (6), durante entrevista em que comentou as novas medidas.
A partir da publicação da Medida Provisória 1175/23, todas as equipes de venda e de marketing das montadoras entraram em ação. É bem provável que nesse esforço apareçam outras promoções, oferecendo descontos semelhantes até para modelos que custam acima de R$ 120 mil.
É possível, ainda, que o consumidor com o dinheiro na mão leve mais vantagem do que aquele que tem que correr atrás de financiamento. Leite reconheceu essa vantagem para o cliente que vai pagar à vista. Mas, ao mesmo tempo, disse que “a indústria tem capacidade para atender a todos”.
O presidente da Anfavea considera o programa “inteligente” por ser de curta duração. Mas, ao mesmo tempo, diz que espera que “o governo coloque mais recursos”.
Os recursos do pacote incluem, ainda, R$ 700 milhões para caminhões e R$ 300 milhões para ônibus. Nesse caso, a ideia é tirar os mais velhos da frota. Segundo Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea, o Brasil tem 450 mil caminhões com mais de 25 anos.
O proprietário de um caminhão ou ônibus nessas condições poderá dar o veículo em troca de um novo com abatimentos entre R$ 33,6 mil e R$ 99,4 mil, dependendo do tamanho.
Os detalhes desse processo ainda não estão claros. Algumas questões requerem medidas adicionais e outras deixam dúvidas.
Segundo a Anfavea, o caminhão velho será entregue a um concessionário, que ficará a cargo de dar baixa na documentação junto aos órgãos de trânsito e encaminhar o veículo para desmontagem. O custo do descarte ficará por conta do concessionário, segundo a entidade. “É o que determina a MP”, afirma Bonini.
Não é o que pensa o presidente da Federação da Distribuição de Veículos (Fenabrave), Andreta Jr. Por meio de nota, o ele disse que “faltam ser editadas medidas complementares para regulamentar o destino dos caminhões e ônibus mais antigos”. Andreta elogia, porém, o programa, por incluir esses veículos e, no caso dos carros, trazer “soluções inteligentes para o consumidor ter acesso ao primeiro carro ou trocar o usado”.
O programa também não cita linhas de financiamento para que o caminhoneiro autônomo, que, afinal, é o que usa o veículo mais velho, tenha acesso a um novo.
Mesmo com os descontos, muitos terão dificuldades para dar o pulo de um caminhão com mais de 20 anos para um zero-quilômetro. E a condição de autônomo diminui as chances de acesso às linhas de financiamento.
Segundo Leite, três montadoras cancelaram “lay-off” (suspensão temporária dos contratos de trabalho de parte dos funcionários) para acelerar a produção na expectativa de aumento de vendas com o programa. Em maio, foram produzidos 227,9 mil veículos, um avanço de 10,7% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Já na indústria de caminhões, a produção em maio (8,3 mil unidades) representou queda de 39,8%. Em ônibus, a retração foi de 35,4% (1,9 mil). Muitos frotistas anteciparam compras em 2022 para fugir do aumento de preços, em janeiro, em decorrência dos equipamentos necessários para atender à nova lei de emissões (Euro 6).
No caso dos carros, os estoques subiram em maio porque o consumidor esperou os descontos. Segundo a Anfavea, o volume aumentou de 206 mil para 251,2 mil veículos, o suficiente para 43 dias de vendas. Um mês atrás o estoque atendia 35 dias de vendas. Dos veículos estocados, 112 mil se enquadram na MP que regulamenta a concessão de créditos tributários para as montadoras.
O Estado de S.Paulo - SP 07/06/2023
]Apesar da intenção do governo de reanimar o mercado de carros e, consequentemente, estancar as paralisações das montadoras, bem como sua ameaça sobre o emprego, o incentivo à indústria automotiva trouxe um respiro curto nas fábricas de veículos. Após anteciparem a produção no mês passado, quando reforçaram estoques diante da perspectiva de descontos patrocinados pelo governo, as fábricas de carros beneficiados pela medida voltaram a parar suas linhas.
A avaliação é a de que os estoques são suficientes para cobrir o volume, estimado em algo entre 100 mil e 110 mil carros, atendido pelos bônus de R$ 2 mil a R$ 8 mil. O setor começou o mês com 251,7 mil veículos nos pátios de fábricas e concessionárias, sendo que, deste total, 115 mil unidades são carros aptos a receber os créditos tributários autorizados pelo Ministério da Fazenda.
A Anfavea, associação que representa as montadoras, estimou que os descontos do governo não devem durar muito mais do que um mês, já que, a princípio, o incentivo acaba quando os créditos tributários, que tornam possível a redução dos preços, chegarem a R$ 500 milhões.
Na terça-feira, 6, a Hyundai interrompeu a produção do HB20 em Piracicaba, no interior paulista. Todos os turnos de trabalho, além de departamentos administrativos, tiveram as atividades suspensas por três dias para adequar a produção do mês à demanda à frente. Como já havia folga prevista nos dois últimos dias desta semana em razão do feriado de Corpus Christi, a produção da Hyundai só será retomada na segunda-feira.
No Paraná, a Renault vai parar durante toda a semana que vem a produção de carros de passeio em São José dos Pinhais, apesar de o preço da versão de entrada do compacto Kwid, um dos modelos produzidos na fábrica, ter caído para R$ 58.990 depois do desconto de R$ 10 mil anunciado pela marca francesa. A montadora deixará de produzir cerca de 3,8 mil carros durante a semana, quando os trabalhadores terão férias coletivas.
Depois disso, a partir de 3 de julho, haverá um layoff — ou seja, suspensão de contratos de trabalho — que vai reduzir de dois para um turno a produção de carros de passeio na fábrica da Renault. No total, mil trabalhadores serão afetados, incluindo o pessoal das linhas de motores e injeção de alumínio, que também terão um turno suspenso a partir de 10 de julho.
Os trabalhadores da Renault ficarão afastados pelo período de dois a três meses, em decisão comunicada pela montadora na terça-feira da semana passada, quando a indústria já contava com a promessa do apoio do governo para baratear os preços dos carros.
A partir de segunda-feira, também vai parar por dez dias a fábrica da General Motors (GM) em Gravataí (RS), responsável pela produção do Onix, o carro mais popular do País. Em São José dos Campos (SP), a GM desliga as linhas nas próximas duas semanas. Neste caso, porém, os modelos produzidos no local — a picape S10 e o utilitário esportivo Trailblazer — custam mais do que os R$ 120 mil fixados como teto dos automóveis contemplados pelos bônus do governo.
Nesta terça-feira, durante a apresentação dos resultados do setor em maio, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, informou que três montadoras desistiram de suspender a produção depois de o vice-presidente Geraldo Alckmin anunciar, em 25 de maio, no Dia da Indústria, descontos nos preços dos carros. A promessa, feita antes da publicação, ocorrida apenas nesta terça, da medida provisória de incentivo à indústria de veículos, levou o consumidor a adiar a compra, paralisando o mercado.
Até agora, porém, apenas a Volkswagen anunciou oficialmente a desistência de um layoff em Taubaté, no interior paulista, onde a montadora alemã reduziria de dois para um turno a produção do Polo Track, o sucessor do Gol. Em São José dos Pinhais, a Volks levou adiante na segunda a suspensão de um dos turnos de produção do utilitário esportivo T-Cross. A medida deve durar de dois a cinco meses.
Valor - SP 07/06/2023
O pagamento em parcelas é uma forma de organizar o funcionamento do programa
Foi publicada na terça-feira (6) no Diário Oficial da União a medida provisória com o programa automotivo. O prazo para habilitação das empresas é de 30 dias.
Cada montadora estará habilitada a solicitar até R$ 10 milhões por vez para conceder descontos nas vendas dos veículos que se enquadram no programa. Uma vez comprovadas as vendas dos carros com o uso desse montante a empresa tem o direito de solicitar mais R$ 10 milhões. Trata-se de uma forma de organizar o funcionamento do programa.
O pacote somará R$ 1,5 bilhão a ser gasto em até quatro meses. Desse total, R$ 500 milhões serão destinados à aquisição de automóveis e comerciais leves, R$ 700 milhões para caminhões e outros R$ 300 milhões para ônibus.
O impacto fiscal será coberto pela oneração do diesel em 0,11 por meio do PIS/Cofins, a partir de setembro até dezembro, conforme previsto na MP.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e a Receita Federal poderão, no âmbito de suas competências, editar normas complementares para execução do que está previsto na MP.
Pelas medidas anunciadas, só pessoas físicas poderão comprar veículos de passeio, caminhões ou ônibus nos 15 primeiros dias de funcionamento do programa, com a possibilidade de prorrogação desse prazo para 60 dias. Locadoras, por exemplo, não participarão da etapa inicial.
Carros com menor nível de emissão de carbono, mais baratos e com maior capacidade de gerar emprego e crescimento da atividade terão mais pontos e receberão os maiores descontos.
O Estado de S.Paulo - SP 07/06/2023
Foram quase sete anos de discussões até a formalização de acordo no fim de maio. Nesta quarta-feira, 7, o projeto privado para a construção de apartamentos e equipamentos públicos onde há galpões e áreas industriais na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo, deve ser apreciado em 2ª votação na Câmara Municipal. A perspectiva é de aprovação unânime entre os vereadores.
O Projeto de Intervenção Urbana (PIU) Vila Leopoldina - Villa-Lobos engloba terrenos majoritariamente privados entre a Ceagesp e o Parque Villa-Lobos. A proposta envolve a verticalização e transformação de perímetro de 300 mil m², com a abertura de vias, a construção de prédios para diferentes faixas de renda e a implantação de comércios, serviços e equipamentos públicos ao longo de 15 a 20 anos.
O investimento previsto é de R$ 200 milhões, totalmente pagos em obras, com aumento da área construída mínimo de 203 mil m² e que pode chegar a 500 mil m². A proposta prevê manter as cerca de 1,2 mil pessoas de baixa renda (hoje únicas moradoras do perímetro) e ampliar a população total em mais de 700%, ultrapassando os 10 mil moradores. A estimativa também envolve aumento de empregos de 18 mil para 42 mil no mesmo período.
O PIU é discutido publicamente desde 2016, quando empresas lideradas pela Votorantim apresentaram um Procedimento de Manifestação de Interesse à então gestão Fernando Haddad (PT), que projetava uma aprovação ainda naquele ano. Entre as áreas privadas, o projeto envolve grandes terrenos subutilizados e com passado industrial, como as antigas instalações da metalúrgica Atlas, e lotes hoje ocupados por condomínios de escritórios e um supermercado Carrefour, nos quais não estão previstas mudanças tão significativas.
Já os terrenos públicos do projeto abrangem duas favelas instaladas nos anos 1970, em grande parte sobre vias e ligadas a trabalhadores do Ceagesp: a Favela do Nove (em ruas que contornam o portão 9 do entreposto) e a Favela da Linha (sobre uma ferrovia desativada). Também está incluído o conjunto habitacional Cingapura Madeirite, datado dos anos 1990 e com diversos problemas de regularização fundiária e construções indevidas nas áreas comuns.
O texto a ser votado nesta quarta será um substitutivo, com mudanças acordadas entre a Votorantim e associações de moradores em maio. Entre os ajustes, está o aumento do valor arrecado (de R$ 130 milhões para R$ 200 milhões) e a obrigação que todas as habitações de baixa renda para 853 famílias sejam erguidas em um terreno da Votorantim. No caso do conjunto habitacional, o setor privado fará a reforma e requalificação.
Enviada à Câmara em 2019, pela então gestão Bruno Covas (PSDB), a proposta foi aprovada em 1ª votação em 2021. Desde então, esteve quase parada, exceto por audiências públicas pontuais, até o acordo firmado em maio.
Aprovação ocorre após acordo entre moradores e Votorantim
Originalmente, a proposta envolvia a construção da habitação de baixa renda em um terreno da SPTrans, na Avenida Imperatriz Leopoldina. Isso motivou críticas de moradores de condomínios de alto padrão, que criaram um abaixo-assinado com 3,6 mil apoiadores. A situação até foi contestada na Justiça.
O acordo foi chamado de “histórico” entre os diferentes atores envolvidos na última audiência pública sobre o PIU, na manhã desta terça-feira, 6. Na ocasião, secretários municipais e o presidente da Comissão de Política Urbana da Câmara, vereador Rubinho Nunes (União Brasil), sinalizaram o apoio da gestão Ricardo Nunes (MDB) à sanção do projeto.
“É um projeto que está ouvindo a sociedade civil, com algumas alternativas para que pudesse ter esse desfecho final”, disse o secretário da Casa Civil, Fabricio Cobra Arbex. “A votação neste momento é a comprovação de que uma parceria entre poder público e iniciativa privada pode enfrentar os problemas da cidade”, completou o secretário adjunto de Urbanismo e Licenciamento, José Armênio de Brito Cruz. O acordo também foi celebrado por associações de moradores que chegaram a discordar ao longo dos últimos sete anos.
Presidente da Associação de Moradores do Ceasa, Carlos Alexandre Beraldo, o Xandão, destacou a importância de manter a população onde está há décadas. “A minha avó chegou em 1966 , para vocês terem noção de há quanto tempo estamos esperando. Passamos por muitas enchentes, incêndios, fomos privados de muitas e muitas coisas. A gente vem sobrevivendo a trancos e barrancos”, afirmou. “A gente vive em uma situação precária. Esse projeto de intervenção urbana vai impactar nas nossas vidas. Não é só moradia: é trabalho, saúde, dignidade, lazer, educação.”
Já o diretor de Relações de Governo da Associação Vila Leopoldina (ligada a condomínios de classes média e alta vizinhos ao perímetro do PIU), Carlos Alexandre de Oliveira, ressaltou o entendimento encontrado entre os envolvidos. “Vai haver o desenvolvimento urbano na região e isso tudo vai canalizar de maneira positiva. A associação vem aqui apoiar o PIU com as alterações propostas.”
O acordo também foi celebrado por vereadores da situação e da oposição. “As diretrizes de um projeto de intervenção urbana tem de prezar sempre para que a população que vive ali não seja expulsa”, ressaltou Silvia Ferraro, da Bancada Faminista (PSOL). Já o líder do governo na Câmara, Fábio Riva (PSDB), lembrou os “vários embates” ao longo de sete anos: “pessoas que tinham divergências de diversos fatores hoje vêm aqui dar um passo importante.”
Entenda o que é o PIU Vila Leopoldina - Villa-Lobos
O PIU contempla áreas de passado industrial e de ocupação irregulares ligadas à instalação da Ceagesp no entorno, no fim dos anos 1960, que atraiu mão de obra formal e informal de diferentes partes de São Paulo. Em décadas mais recentes, terrenos vizinhos ao perímetro do projeto passaram por valorização imobiliária, com a construção de condomínios de alto padrão e perto do Parque Villa-Lobos, como destaca diagnóstico territorial elaborado pela Prefeitura.
A urbanista Janaína Almeida Stédile explica que a Vila Leopoldina é um distrito diverso, com espaços com características de uso e ocupação muito variados, de condomínios fechados de alto padrão a parques, favelas, presídios, instituições de educação e a Ceagesp, por exemplo. “É caracterizada como lugar de galpões agora em transformação pelo mercado imobiliário. Mas não é só isso.”
Pesquisadora do tema no doutorado, a urbanista avalia que o PIU é “tímido” para as demandas da região. Além disso, lamenta a “morosidade” de sete anos de desenvolvimento até a aprovação.
Já o professor da Mackenzie e urbanista Antonio Claudio Fonseca destaca que o PIU abarca “sobras” da cidade, sem histórico de melhorias na qualidade urbana feitas pelo poder público. “Nunca teve um projeto com qualidade para levantar aquela área.” Para ele, o projeto que será votado nesta quarta ainda é “quebra galho”. “Não vejo com bons olhos.”
Segundo o PL, um dos objetivos é “converter parte da valorização imobiliária decorrente de investimentos privados autorizados e orientados por esta lei em melhorias e benefícios de interesse público”. Se aprovado, ditará regras construtivas específicas para todo o perímetro do PIU, distintas do que incide na maioria da cidade. Entre elas, está a possibilidade de parte das construções ter até seis vezes a metragem do terreno (na cidade, esse limite, geralmente está entre duas e quatro vezes).
O projeto é faseado e deve levar de uma a duas décadas para ser concluído, porém os prazos ainda serão definidos nos termos de compromisso. No primeiro leilão, a iniciativa privada poderá comprar até 266 mil m² de créditos construtivos para verticalizar a região, cujo pagamento será executado em obras de habitação social, instalação de equipamentos públicos e abertura de vias, por exemplo. Os 234 mil m² restantes serão leiloados na fase dois.
Esgotados os 500 mil m², as empresas poderão adquirir um estoque adicional quando for aprovado um PIU de maior abrangência, o Arco de Pinheiros, que engloba o Ceagesp, a vizinhança da USP e outras quadras da região. Em maio, a Câmara aprovou, em definitiva votação, o PIU Arco Jurubatuba, que vai promover a verticalização de Santo Amaro, de Interlagos e da Vila Andrade.
A proposta prevê redesenho urbanístico da região, com grandes quadras industriais fatiadas por novos acessos e a instalação de comércios, serviços e equipamentos públicos no térreo das edificações (como escola de educação infantil, posto de saúde, restaurante escola e outros). Ou seja, não serão erguidos condomínios fechados, como já ocorre em alguns terrenos do perímetro do PIU (com prédios de escritórios).
A construção dos empreendimentos privados poderá ser realizada apenas após o cumprimento das obras obrigatórias previstas no termo de compromisso firmado com a Prefeitura. Além disso, a iniciativa privada será responsável pela gestão condominial dos empreendimentos para baixa renda por cinco anos.
As intervenções são divididas em obrigatórias e eletivas. Na etapa um, a execução compulsória envolve a construção de equipamentos públicos, apartamentos e espaços para moradores e comerciantes da Favela do Nove e a reforma do conjunto Cingapura Madeirite. Já a segunda fase envolve a destinação dos moradores da Favela da Linha para habitações definitivas e outras intervenções. O processo será “chave a chave”, ou seja, com a retirada das famílias apenas quando a moradia definitiva estiver pronta.
Onde hoje estão as favelas (que tem distribuição estreita e linear), serão abertas vias, assim como será criada uma nova entre as Avenidas Manuel Bandeiras e Queiróz Filho. Também está prevista uma maior arborização do entorno, a implantação de ciclovia e a possibilidade de criação de um bulevar nos terrenos do Grupo Votorantim (onde hoje funcionam espaços de eventos, como o Arca e a Spark Arena, por exemplo), ligando a Marginal do Pinheiros e a Avenida Doutor Gastão Vidigal.
Procurado, o Grupo Votorantim confirmou a anuência às mudanças no PL, inclusive a construção de habitação para baixa renda em terreno próprio e salientou que o leilão será aberto a outras empresas. Na prática, contudo, é mínima a possibilidade de empresas não envolvidas no PMI do PIU interferirem no projeto.
No PMI, o grupo argumentou que o projeto vai reduzir “assimetrias socioeconômicas da região”. “A disponibilização de tão significativa metragem na região merece um projeto urbano não convencional, com novas formas de pensar, que não apenas capture o potencial de valorização imobiliária existente, mas atue como polo de revitalização da cidade, principalmente devido às vantagens de sua localização próxima a importantes infraestruturas e equipamentos urbanos”.
Áreas enfrentam problemas com alagamentos
Quando o projeto estava travado, organizações da região chegavam a veicular imagens de enchentes no local. Em postagem, por exemplo, é mostrada a retirada de um morador acamado por vizinhos em meio à enchente. “Sem o PIU Leopoldina, cenas assim, como estas do vídeo aqui postado, continuarão existindo nas comunidades Ceasa”, dizia o post.
O PIU está na planície aluvial do Rio Pinheiros, isto é, em área de várzea e com lençol freático considerado raso – o que deve ser considerado no projeto dos empreendimentos. Para Antonio Claudio Fonseca, da Mackenzie, o ideal não seria aumentar o adensamento construtivo da região. “É uma grande área alagável.”
No diagnóstico da região elaborado pela Prefeitura, aponta-se que a maioria das áreas não tem “indicação de inundações significativas”, com exceção do entorno da Favela da Linha e do Cingapura Madeirite. “Entende-se que implantação do novos empreendimentos não trará impactos relevantes ao sistema drenante existente (não o agravará)”, destacou.
No documento, os técnicos da Prefeitura dizem que intervenções feitas no PIU podem reduzir alagamentos, “em função da implantação de sistema de reservatório de retenção de águas pluviais”. Além disso, destacam que o bulevar funcionará como uma “área de absorção, retenção, retardamento e drenagem de grandes volumes de águas pluviais”.
Revista Ferroviaria - RJ 07/06/2023
O Brasil enfrenta inúmeros desafios na área de infraestrutura, desde grandes gargalos logísticos a regulações defasadas. Os desafios também permeiam as questões sociais e ambientais. Mas há um ponto fundamental que tanto poder público quanto setor produtivo devem encarar de frente: nossa incapacidade de tirar importantes projetos do papel. Os exemplos são quase infinitos em todo o Brasil, mas quero aqui tratar da Ferrogrão.
Trata-se de um investimento privado, desenvolvido e sugerido ao governo federal pelos produtores e pelas tradings de grãos, com a ideia central de criar uma alternativa ao porto de Santos (SP) e melhorar a logística da região centro-norte do país, com uma ferrovia de 1.072 km que ligará a região de Lucas do Rio Verde (MT) a Miritituba (PA).
Essa ferrovia ficaria responsável pelo escoamento de mais de 50% da exportação de grãos de Mato Grosso (22% de todo o grão exportado do Brasil), proporcionando uma redução de R$ 50 por tonelada no frete do escoamento de grãos produzidos no estado.
Os números deixam claro porque o Brasil precisa da Ferrogrão: R$ 21 bilhões em investimentos privados, geração de mais de 400 mil empregos diretos e indiretos e arrecadação de R$ 5 bilhões com a operação.
Os ganhos são inegáveis, com valor do frete despencando e competitividade elevada dos produtos brasileiros no exterior. Temos, portanto, um caminho para justamente atenuar o tão criticado “custo Brasil”.
Mas toda essa vantagem logística não será suficiente para colocar o projeto em marcha se outros aspectos não forem contemplados: o desenvolvimento sustentável do corredor da ferrovia e da BR-163, que andam paralelas em todo o seu traçado, de modo a se tornarem instrumento de combate ao desmatamento ilegal, bem como o respeito às comunidades indígenas e a redução da pobreza e desigualdade.
Nos últimos dois anos, tramita no Supremo Tribunal Federal um processo importante para o andamento do projeto. Esse tempo foi fundamental para gerar na corte um rico debate —jurídico, econômico e socioambiental— com manifestações de ONGs, governos e setor produtivo.
No dia 31 de maio, o STF autorizou estudo do projeto, que estava parado em razão de controvérsia sobre a regulação da faixa de domínio da BR-163 na sua área contígua ao Parque Nacional do Jamanxim. O ponto central é discutir se a faixa de domínio poderia ser definida por medida provisória ou somente por projeto de lei.
Em termos práticos, estamos falando de uma área que equivale a 0,054% do parque. Afinal, é por ali que passa a BR-163 e, nesse trecho do parque nacional, a Ferrogrão vai acompanhar a estrada de forma contígua. Para ser claro, é uma área de 466 hectares, que equivale ao que a floresta amazônica perde a cada quatro horas, segundo dados do Imazon. Mais: a Ferrogrão é a oportunidade de o Brasil fazer um projeto com a premissa do mais rigoroso controle dos impactos socioambientais.
Hoje é inconcebível imaginar que um projeto dessa magnitude não terá a adequação plena às questões sociais e ao meio ambiente. Essa é uma prioridade não só do poder público, mas de grandes investidores, que colocam o desenvolvimento sustentável como exigência básica.
E a Ferrogrão, sim, pode se tornar uma referência dessa visão de mundo e exemplo de sucesso na Amazônia. A estimativa é que, apenas com a diminuição da circulação de milhares de caminhões pela BR-163, haja a redução de 1 milhão de toneladas de dióxido de carbono emitidos na atmosfera por ano.
A concretização desse projeto também será símbolo de algo que devemos valorizar sempre no país: o esforço de diferentes governos. A Ferrogrão, que segue a faixa de domínio da BR-163, pode ser um exemplo dessa união de esforços, assim como é a própria rodovia, cujo trecho da concessão recentemente foi transferido do governo federal para o governo de Mato Grosso por meio de uma solução ousada e pioneira do Executivo estadual.
A Ferrogrão pode seguir essa mesma lógica, numa parceria entre governo federal, estados, municípios e iniciativa privada. Esse é o DNA do projeto: tudo começou sob a gestão de Dilma Rousseff (PT), avançou no governo Michel Temer (MDB) e caminhava para a fase de processo de licenciamento ambiental com Jair Bolsonaro (PL). E segue como prioridade, hoje, no Ministério dos Transportes, do presidente Lula (PT). É, portanto, um projeto apartidário.
O mundo todo procura grandes projetos de desenvolvimento sustentável para investir e, temos certeza, a Ferrogrão estará pronta para ser um exemplo de sucesso. O Brasil pode, e deve, mostrar que é capaz de transformar em realidade esse relevante projeto para o país, que é bom para nossa competitividade, bom para produtores, para sociedade e principalmente para o meio ambiente.
Valor - SP 07/06/2023
Segundo a administração paulista, agenda também envolve a privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), gerida em regime de sociedade anônima de capital aberto
Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas - Foto:Isadora de Leão Moreira/Governo do Estado de SP
O governo de São Paulo anunciou nessa terça-feira (6) que deverá realizar 11 leilões de projetos de infraestrutura com a perspectiva de atrair R$ 42,3 bilhões em investimentos até 2026. Os estudos estão em fase de execução e envolvem a concessão de linhas de transporte público da Companhia Paulista de Trens Urbanos (CPTM), além de mais de dois mil quilômetros de rodovias, informou o governo estadual por meio de nota.
O cronograma de propostas foi apresentado em reunião no Palácio dos Bandeirantes, em que estavam o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e os secretários de Estado Gilberto Kassab (Governo e Relações Institucionais), Rafael Benini (Parcerias em Investimentos), Natália Resende (Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística), Samuel Kinoshita (Fazenda e Planejamento) e Marco Antonio Assalve (Transportes Metropolitanos).
Segundo a nota, a pauta também envolve a desestatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) – gerida em regime de sociedade anônima de capital aberto.
Os estudos sobre CPTM, rodovias e Sabesp estão sendo produzidos pela International Finance Corporation (IFC), instituição do Banco Mundial voltada ao setor privado em mercados emergentes. Segundo o governo paulista, todos os levantamentos estão em fase de análise da pré-viabilidade e, depois dessa etapa, haverá a estruturação dos projetos.
Em rodovias, o governo estadual está avaliando a estruturação de trechos atualmente concedidos e outros sob administração do Departamento de Estradas de Rodagem do (DER) no interior, litoral e na Grande São Paulo. Já a proposta de transporte público envolve a concessão de linhas e a criação de parcerias público-privadas (PPPs) para a expansão de ramais ferroviários.
A avaliação abrange as linhas 10-Turquesa, 11-Coral, 12-Safira, 13-Jade e a futura 14-Ônix da CPTM. A proposta de PPP para implementar o Trem Intercidades Eixo Oeste vai ligar capital paulista e Sorocaba.
Valor - SP 07/06/2023
'Em nenhum local do mundo temos um porto de interesse nacional gerido pelo privado. Os cem maiores portos do mundo são públicos', destaca Anderson Pomini
A privatização do Porto de Santos está completamente descartada, ressaltou o novo presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini.
“Em nenhum local do mundo temos um porto de interesse nacional gerido pelo privado. Os cem maiores portos do mundo são públicos. A China, a Europa mantêm a autoridade pública não é por acaso. Os portos exercem atividade essencial de interesse nacional, são áreas de segurança nacional e gestão pública tem o objetivo de calibrar interesses da sociedade com operações portuárias”, afirmou.
“A função é de regular mercado, controlar o entra e sai do país. E tem uma função social”, completou.
Pomini acrescentou que o Porto de Santos está fazendo novos estudos para a licitação do terminal de contêineres STS10, que poderá ser reduzido. “A previsão inicial era de formado 'max', ou seja, a desocupação total da área, com a saída do Ecoporto, para um novo terminal que poderia dobrar nossa capacidade de contêineres. Mas temos empresas instaladas que fizeram investimentos vultosos no local. Temos outras empresas com cerca de mil empregos. Ao mesmo tempo em que porto demanda infraestrutura, há necessidade de manutenção de empregos. Então estamos fazendo um novo estudo para entender qual formato atende as demandas do porto.”
Ele destaca que haveria outros locais do porto para novos terminais de contêineres, como na margem esquerda e áreas como a prainha, hoje ocupada por palafitas.
Pomini também afirmou que o contrato com a Ecoporto, da Ecorodovias, deverá ser renovado de forma transitória, por um prazo de seis meses, em um acordo que deverá ser firmado nesta semana.
Valor - SP 07/06/2023
Companhia docas pretende assumir construção de túnel Santos-Guarujá e o projeto de aprofundamento do canal de acesso
Anderson Pomini, presidente da Autoridade Portuária de Santos: Aprofundamento do canal deve ter início em 2024 — Foto: Ana Paula Paiva/Valor
Com a privatização do Porto de Santos descartada, a nova administração adotou como foco a realização de obras públicas. A construção do túnel Santos-Guarujá, que vinha sendo estruturada como concessão, deverá ser assumida pela própria companhia docas. O projeto de aprofundamento do canal de acesso também deverá ser feito diretamente pela gestão do porto, segundo o novo presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini.
Segundo ele, os recursos para as intervenções virão do próprio caixa da autoridade portuária - que chegou a R$ 2 bilhões ao fim da última gestão -, além do recebimento de outorgas de futuras licitações de terminais.
O projeto do túnel Santos-Guarujá foi colocado como uma das prioridades da gestão. Hoje, a travessia direta entre as cidades é feita apenas por balsa. A ideia é lançar ainda neste ano o edital da obra, que deverá custar R$ 5 bilhões, em valores atualizados. O objetivo é começar a construção em 2024. A fase inicial, do traçado, deverá durar cerca de dois anos, mas a conclusão final deverá levar cerca de cinco anos.
O projeto da concessão do túnel foi descartado porque a ideia era garantir a cobrança de uma tarifa social pela passagem, afirmou Pomini, durante conversa com jornalistas, realizada na terça-feira (6), na sede da APS.
“Quando há uma PPP, o mercado se interessa. Acontece que não existe milagre. O mercado investe porque pretende ter um retorno. Nossa intenção é prestigiar o social. Teremos uma tarifa que levará em consideração a atual tarifa da balsa. Daí a necessidade de realizar a obra com recursos próprios”, disse o presidente.
Hoje, a União e o governo paulista disputam o formato do projeto. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) defende a realização de uma PPP, na linha do projeto que foi estruturado durante sua gestão no Ministério de Infraestrutura, no governo Bolsonaro. No início deste ano, o Estado chegou até mesmo a anunciar que faria a concessão do túnel no âmbito local.
Não tem milagre, o mercado investe porque quer ter retorno. Queremos prestigiar o social”
— Anderson Pomini
Questionada sobre o tema, a secretária estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, afirmou que a equipe segue defendendo o formato de PPP junto ao governo federal. “Nossa preocupação é ter a sustentabilidade no projeto para além da obra. Não adianta fazer a construção e não definir a operação e a manutenção. Por isso estamos estudando como PPP.”
Segundo Pomini, a ideia é que o porto administre a via. Porém, ele afirma que poderá haver uma concessão após a conclusão da obra. “Quando iniciarmos a obra podemos trabalhar a concessão, para que faça a manutenção depois que a obra for entregue, cobrando uma tarifa social”, disse.
Ele também destacou que o governo estadual será convidado a participar da obra por meio de um aporte de recursos na construção. Porém, questionado sobre a divergência com o Estado, o presidente destacou que se trata de uma atribuição federal decidir sobre o empreendimento.
“É competência do governo federal. Sempre que o órgão federal, hierarquicamente superior, se manifesta, não há o que se falar de interesse dos demais entes, salvo se queiram auxiliar”, disse.
A Autoridade Portuária de Santos também descartou a possibilidade de fazer uma concessão do canal de acesso - ideia que vinha sendo aventada pelo mercado portuário. A proposta da administração é fazer o aprofundamento - dos atuais 15 metros para 17 metros - também por meio de uma obra pública.
Nesse modelo, o serviço de dragagem, que garante a manutenção do calado, será mantido em um contrato separado, cuja duração deverá ser ampliada dos atuais 2 anos para 10 anos.
O edital para o novo contrato de manutenção já está em estudo e deverá ser lançado ainda neste ano. A autoridade portuária também planeja lançar o edital para o aprofundamento do canal entre o fim de 2023 e o início de 2024, para que as intervenções tenham início já no próximo ano.
A obra será feita em etapas: primeiro, chegará aos 16 metros - o que, segundo Pomini, já seria viável em 2024. Depois, iria aos 17 metros. O aprofundamento do canal de acesso é considerado prioritário pelos terminais portuários porque permitirá a chegada dos navios de maior porte, que já circulam no mercado internacional, e que são mais eficientes - tanto pelo aspecto econômico quanto ambiental. Hoje, essas embarcações não conseguem trafegar em Santos com sua capacidade máxima.
A autoridade portuária também está reavaliando o projeto de licitação do terminal de contêineres STS10, que poderá ser reduzido, segundo Pomini. “A previsão inicial era de um formato ‘max’, ou seja, a desocupação total da área para um novo terminal que poderia dobrar nossa capacidade de contêineres. Mas temos empresas instaladas que fizeram investimentos vultosos no local, temos outras empresas com cerca de mil empregos. Então estamos fazendo um novo estudo para entender qual formato atende as demandas do porto.”
O presidente também afirmou que haveria outros locais do porto para novos terminais de contêineres, como na margem esquerda e áreas como a Prainha, hoje ocupada por palafitas.
IstoÉ Dinheiro - SP 07/06/2023
Os contratos futuros de petróleo fecharam em queda nesta terça-feira, 6. A commodity mostrou fraqueza em boa parte do dia, após três sessões seguidas de ganhos, com investidores atentos a notícias do setor e a riscos de demanda fraca adiante, em dia de projeções atualizadas do Banco Mundial. No câmbio, o fortalecimento do dólar contribuiu para pressionar os preços do óleo.
O WTI para julho fechou em queda de 0,57% (US$ 0,41), em US$ 71,74 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para agosto recuou 0,55% (US$ 0,42), a US$ 76,29 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
O movimento negativo já era visto logo cedo, com baixa de mais de 1,5%, após os contratos acumularem ganhos robustos nas três sessões anteriores. Na segunda-feira, o avanço foi apoiado pelo corte na produção anunciado pela Arábia Saudita.
Nesta terça, o Commerzbank avaliava que há incertezas sobre os efeitos do corte na produção saudita para os preços. O banco alerta que, caso outros produtores mantenham seus níveis, devem ganhar fatia de mercado da Arábia Saudita, por isso há dúvidas sobre se a estratégia é sustentável.
O Commerzbank via ainda os outros membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) pouco dispostos a sustentar o corte saudita com medidas similares, em quadro também de incerteza sobre a perspectiva econômica. Nesse quadro, o Commerzbank projetou que o Brent tenha ganho moderado de preços, a US$ 90 o barril até o fim do ano.
Já o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) publicou relatório mensal, no qual revisou para cima sua projeção para o preço médio do barril do Brent em 2023, de US$ 78,65 anteriormente a US$ 79,54, e também em 2024, de US$ 74,47 a US$ 83,51.
O Banco Mundial, por sua vez, revisou para cima sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) global em 2023, de 1,7% a 2,1%, mas cortou a expectativa para o avanço de 2024, de 2,7% a 2,4%.
Na avaliação da Oanda, o petróleo era pressionado por preocupações com a economia global, que podem se traduzir em demanda mais fraca adiante. Ela citou o fato de que a China prepara medidas de apoio, diante de quadro fraco, e também que as encomendas à indústria da Alemanha caíram 0,4% em abril ante março, contrariando a previsão de ganho. Nesse quadro, a Oanda adverte que o barril do Brent pode levar mais tempo para superar a marca de US$ 80.
Infomoney - SP 07/06/2023
A Administração de Informações de Energia (EIA, na sigla em inglês) do Departamento de Energia dos Estados Unidos (DoE) elevou sua previsão de preços do barril do petróleo Brent em 2023, de US$ 78,65 o barril na média do ano anteriormente a US$ 79,54. Para 2024, o departamento elevou a projeção, de US$ 74,47 na última previsão para US$ 83,51 por barril.
As projeções foram publicadas nesta terça-feira, 6, no relatório Perspectiva de Energia no Curto Prazo (Steo), divulgado mensalmente pelo DoE. O documento prevê que os estoques globais de petróleo cairão ligeiramente em cada um dos próximos cinco trimestres. O DoE espera agora que a produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) fique em 33,5 milhões de barris por dia (bpd) em 2023, queda de 0,7% ante a projeção anterior. Para 2024, o corte foi de 1,8% na projeção, a 33,8 milhões de bpd.
O DoE avalia ainda que o consumo global de combustíveis líquidos aumentará 1,6 milhão de barris por dia em 2023, e vai crescer 1,7 milhão de bpd adicionais em 2024. A maior parte desse crescimento virá de países não pertencentes à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Infomoney - SP 07/06/2023
O diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras (PETR4), Mauricio Tolmasquim, ressaltou ontem que, entre os três cenários desenhados pela Agência Internacional de Energia (AIE) para o futuro do setor de óleo e gás, o mais provável é que a demanda por petróleo caia perto de 40% nas próximas décadas até 2050.
Tolmasquim lembrou que 128 países, os quais concentram 88% das emissões globais e 92% do PIB mundial, têm compromissos oficiais para redução nas emissões de carbono. “Nesse contexto, um fato inquestionável é que a demanda de petróleo no mundo vai cair. Podemos discutir os cenários e, com algum otimismo, vai se atender o que ficou acordado em Paris, com a demanda caindo 40% nas próximas décadas”, disse.
Ele falou as afirmações no seminário “Financiamento para o grande impulso para a Sustentabilidade”, organizado pelo BNDES em parceria com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e a Fundação Friedrich Ebert Stiftung (FES), da Alemanha.
A AIE tem no radar três cenários. No primeiro, nada é feito e os países seguem na toada atual de emissões, o que levaria a um aumento de demanda de petróleo de 8% no período. No segundo, os países cumpririam o acordado em Paris e a queda ficaria na casa dos 39%. Já no terceiro cenário, com os países zerando emissões líquidas, a queda na demanda por óleo bruto chegaria a 76%.
Para Tolmasquim, o segundo cenário é o mais provável não só por esforços diretos dos Estados Nacionais, mas pelo seu reflexo em mercados como o de energia e automobilístico.
“O custo das energias renováveis está despencando. O custo da eólica onshore caiu 72% em 10 anos. Já a fotovoltaica caiu 90% em 10 anos. Eólica multiplicou por cinco a capacidade instalada. Já a solar multiplicou por 40 vezes”, disse Tolmasquim. Além dessa competição das fontes limpas já existentes, Tolmasquim disse que a chegada de novos combustíveis, como hidrogênio e biodiesel, devem ampliar ainda mais a pressão sobre os fósseis.
Outro ponto chave para o futuro desse mercado é a evolução do mercado de veículos elétricos. “A mobilidade é o grande demandante de combustíveis fósseis e o futuro do veículo carburante não é muito bom”, afirmou.
“Hoje nos Estados Unidos você compra carro elétrico, ganha US$ 7 mil na hora. Nos próximos dez anos, vai ser muito mais barato o carro elétrico do que o carburante. E pelo tamanho da economia americana, isso vai ter impactos globais”, concluiu.
IstoÉ Dinheiro - SP 07/06/2023
As vendas de máquinas agrícolas seguiram em queda no mês de abril, refletindo a espera dos produtores pelos recursos do Plano Safra 2023/24. Frente ao mesmo mês de 2022, as entregas de tratores e colheitadeiras de grãos recuaram 18,7%, enquanto a queda na margem – ou seja, ante março – foi de 20,1%.
No total, 4,9 mil máquinas foram vendidas em abril, conforme informou nesta terça-feira, 6, a Anfavea, associação que, além das montadoras de automóveis, representa fabricantes de tratores. No acumulado desde o início do ano, as vendas somaram 19 mil unidades, queda de 5,7% frente aos quatro primeiros meses de 2022.
Já as vendas de máquinas de construção – como retroescavadeiras, pás-carregadeiras de rodas, motoniveladoras e rolos compactadores – tiveram queda de 22,6% em abril contra o mesmo período do ano passado. Ante março, houve redução de 15,4% no volume, que ficou em 2,2 mil unidades no último balanço mensal.
Agora, as vendas de máquinas de construção recuam 16,1% desde o início do ano, somando 9,4 mil unidades de janeiro a abril. O mercado, segundo a Anfavea, aguarda a sinalização de investimentos em infraestrutura.
Os números levados pela Anfavea à sua apresentação mensal são de levantamentos realizados por outras duas entidades: a Fenabrave, que representa as concessionárias e divulga mensalmente as vendas de máquinas agrícolas; e a Abimaq, entidade da indústria de bens de capital, que acompanha também todo mês os resultados das máquinas de construção.
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