Valor - SP 06/11/2023
CSN contratou o Morgan Stanley para assessorá-la numa proposta pelo ativos no Brasil e também de Argentina; chinesa Huaxin Cement mostrou interesse no negócio
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), do empresário Benjamin Steinbruch, contratou o banco de investimento Morgan Stanley para representar a empresa na disputa pelos ativos da cimenteira InterCement, da Mover Participações (ex- Camargo Corrêa), apurou o Valor.
A companhia, que cogita fazer uma oferta por toda a operação brasileira, teria sido alertada de que o movimento poderá sofrer restrições do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A CSN também tem interesse na Loma Negra, da Argentina.
A disputa promete ser acirrada, uma vez que a gigante do cimento chinesa Huaxin Cement entrou no jogo e as concorrentes que atuam no Brasil podem fazer oferta pela InterCement fatiada, de acordo com pessoas familiarizadas com o tema. Uma pessoa a par do assunto afirmou que grupos estratégicos europeus também querem avaliar o negócio.
Endividada, com passivo na casa de US$ 1,65 bilhão, e com um vencimento de US$ 548 milhões em maio, além de debêntures encarteiradas em três bancos brasileiros, a InterCement tem operações de cimento e concreto no Brasil e Argentina - lá, é dono da líder de mercado Loma Negra. Aqui, ocupa o terceiro lugar.
As propostas deverão ser apresentadas ao longo deste mês, disse uma fonte. O BTG Pactual, que estrutura a operação, está encarregado de receber as propostas e de analisar o melhor formato para a venda, conforme antecipou o Valor no início de outubro.
Pelo que está na mesa, até o momento, o desenho da venda poderá ser pela totalidade dos ativos ou ainda por um modelo que fatia a operação, disseram interlocutores a par do assunto. Além do valor a ser recebido, uma fonte explicou que a análise também levará em conta o processo que resultará em uma conclusão mais célere, para que o dinheiro seja recebido mais rapidamente.
Uma outra pessoa a par do assunto afirmou que os controladores não querem fazer um processo concorrencial. A ideia é avaliar os potenciais interessados para negociar com o comprador que se enquadre na melhor estratégia aos acionistas. A InterCement até pode atrair um sócio, mas dá preferência pela venda de 100% do negócio.
O Valor apurou que a família controladora não quer uma operação por troca de ações - a empresa já teria sido sondada por um grupo europeu para esse modelo. Os acionistas também já começaram a receber sondagem para a Loma Negra por grupos argentinos. Neste caso, a família quer sair totalmente do negócio, vendendo seus 51,04% de ações, disse a mesma fonte.
No Brasil, a venda de todo o pacote de fábricas da InterCement pode ser mais complexa. Uma das questões, conforme apurou o Valor, seria um olhar atento para concentração de mercado - em especial em algumas regiões -, de forma a evitar que a venda venha a se esbarrar no crivo do Cade.
Cimenteiras foram provocadas sobre a possibilidade de formarem um consórcio para fazer uma proposta conjunta pelos ativos. Essa seria uma estratégia para Votorantim Cimentos, empresa líder de mercado, conseguir parte das plantas, visto que uma transação integral teria um sinal vermelho do órgão antitruste. Procurada, a VC informou que “não comenta boatos nem especulações de mercado”.
Outras empresas do setor que certamente tem interesse em ativos da IC são a grega Titan (dona da cearense Apodi), a italiana Buzzi, que é co-controladora da Brennand, a Mizu, controlada pelo dono da concreteira Polimix, e a francesa Vicat, que assumiu a Ciplan. Todas negam formação de “consócio”, mas admitem, sob reserva, que vão avaliar a possibilidade de compra de ativos se houver ofertas individuais.
Por sua vez, a CSN, segundo fontes, está pronta para levar tanto as operações de Brasil, quanto as de Argentina, em um único pacote. Dessa forma, assumiria o segundo lugar no Brasil, logo atrás da Votorantim Cimentos, e seria o principal fabricante argentino.
Mas há um porém em relação à Loma Negra. A CSN quer aguardar o dia 19 de novembro para ver quem sairá vencedor no segundo das eleições presidenciais do país. Disputam a reta final do pleito Sergio Massa, ministro da Economia (candidato do atual governo), e Javier Milei, populista e representante da direita, que tem assustado empresários com suas propostas nada ortodoxas.
A Huaxin pode ser uma surpresa não agradável para os planos da CSN se vier mesmo com disposição de entrar no mercado brasileiro de cimento. A chinesa levou neste ano os ativos da InterCement na África do Sul e Moçambique, por US$ 265 milhões, e, segundo fontes, tem intenção de entrar no país. A cimenteira conta com financiamento barato do governo de Pequim para uma oferta mais agressiva em valor.
Os chineses, ainda de acordo com fontes, querem primeiro conhecer o mercado brasileiro e o país pode ser a porta de entrada do grupo, que também fabrica equipamentos pesados para a indústria cimenteira. A empresa tem capacidade para fabrica cerca de 70 milhões de toneladas ao ano - mais que o mercado brasileiro. Além de várias províncias da China, está presente países da Ásia e África.
Fontes ouvidas pelo Valor avaliam que o jogo está aberto, mas que, para um negócio mais célere - devido à situação da InterCement - a venda, em pacote fechado, para CSN ou para Huaxin - é a mais provável. Os demais interessados buscariam “sobras” no caso de CSN levar e o Cade impor alguns remédios, como alienação de certos ativos no Sudeste e em estados como Paraíba, onde a CSN já opera duas fábricas, do total de quatro.
Procuradas, a InteCement e CSN não comentaram o assunto.
O Estado de S.Paulo - SP 06/11/2023
Em meio a discussões no governo para alterar a meta fiscal de 2024, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) seguiu o roteiro esperado e reduziu a taxa básica de juros para 12,25% ao ano. O comunicado reforçou também as apostas dos investidores sobre novos cortes de 0,5 ponto porcentual nas duas próximas reuniões.
A decisão do Copom não surpreendeu. Há indicadores suficientes a delinear um quadro de desaceleração da inflação e da própria atividade econômica nos últimos meses. E, ainda que esteja em ciclo de queda, a Selic permanece em terreno contracionista, tanto que o País retomou a liderança no ranking mundial dos juros reais.
Para alívio de todos, inclusive do governo, o BC decidiu ignorar, por ora, a declaração de Lula da Silva menosprezando a importância de atingir o déficit zero no ano que vem. A despeito das turbulências que o próprio presidente criou para si mesmo, o compromisso, ao menos oficialmente, permanece o mesmo, o que permitiu ao BC manter inalterada a menção à importância da “firme persecução” das metas fiscais para a ancoragem das expectativas da inflação.
“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”, disse o BC.
A trégua, no entanto, tem tudo para ser temporária. Se a frase dita por Lula não modificou a trajetória da Selic no curto prazo, ela já alterou as expectativas sobre a inflação e a curva de juros futuros. Segundo a última edição do Boletim Focus, a previsão para a inflação no fim do ano que vem subiu de 3,87% para 3,90%. A projeção para a taxa básica de juros no fim de 2024 aumentou de 9% para 9,25%, e algumas instituições financeiras já elevaram suas projeções para um nível superior a 10%.
Não há como deixar de relacionar esses movimentos às declarações de Lula, uma vez que a projeção para a Selic, no Boletim Focus, permanecia inalterada há 11 semanas. Assim, todas as atenções se voltam agora para a ata da reunião, a ser divulgada na próxima semana. O documento, bem mais longo que o comunicado, trará mais detalhes sobre a avaliação dos diretores sobre a conjuntura econômica.
O cenário externo tampouco tem colaborado. Além das tensões geopolíticas, o BC mencionou que o processo desinflacionário tem sido mais lento do que o esperado em diversos países do mundo. O Federal Reserve (Fed) manteve a taxa básica de juros norte-americana no patamar entre 5,25% e 5,5%, o maior em 22 anos, e não descartou a possibilidade de elevá-la em dezembro.
Nesse contexto, o governo ajudaria muito se fizesse sua parte e parasse de alimentar incertezas, mesmo porque o risco fiscal costuma ser mais relevante do que o cenário externo na definição da política monetária. Ninguém acredita que o governo conseguirá atingir o déficit zero no ano que vem, o que em nada diminui a importância de articular ações e esforços na busca pelo melhor resultado possível.
Infomoney - SP 06/11/2023
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação na cidade de São Paulo, subiu 0,30% em outubro, ganhando leve força em relação ao acréscimo de 0,29% em setembro e também ante o ganho de 0,23% na terceira quadrissemana do mês passado, segundo dados publicados nesta sexta-feira (3) pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
O resultado de outubro ficou dentro das estimativas de instituições de mercado consultadas pelo Projeções Broadcast, de alta de 0,23% a 0,41%, mas superou a mediana, de 0,25%.
Entre janeiro e outubro, o IPC-Fipe acumulou inflação de 2,31%. No período de 12 meses até outubro, o índice subiu 3,35%.
Apenas em outubro, três dos sete componentes do IPC-Fipe ganharam força: Alimentação (de -0,78% em setembro a 0,73% em outubro), Saúde (de 0,48% a 0,71%) e Educação (de 0,00% a 0,06%).
Por outro lado, houve desaceleração de setembro para outubro nas categorias Habitação (de 0,47% a -0,31%), Transportes (de 0,61% a 0,03%), Despesas Pessoais (de 1,45% a 1,21%) e Vestuário (de 0,27% a 0,02%).
O Estado de S.Paulo - SP 06/11/2023
Em semana pautada pelos juros, Lula fortaleceu à projeção de uma taxa Selic de 10,5% ao final de ciclo de cortes
Ao jogar uma “pá de cal” na esperança de que teríamos um déficit zero em 2024, Lula deu mais força à projeção de uma taxa Selic de 10,5%, ou mais, ao final do atual ciclo de cortes. A essa nova informação se soma a outra força que também opera na direção de exigir uma taxa terminal mais alta. Embora não haja uma ligação direta entre a taxa neutra de juros no Brasil e nos EUA, através dos fluxos de capitais e do diferencial entre as taxas de juros, uma taxa mais elevada nos EUA limita à redução da nossa taxa de juros.
Há uma aguerrida controvérsia sobre se após a pausa de novembro o Federal Reserve ainda deverá elevar a taxa dos Fed Funds, mas não há controvérsias nem sobre o grau de aquecimento da economia americana, nem sobre os efeitos da política fiscal expansionista sobre sua taxa neutra real de juros. Como não há perspectiva de mudança na expansão fiscal do governo Biden, o Fed nos informa que, na melhor hipótese, a taxa de juros nos EUA deverá se manter “mais alta por mais tempo”.
Para avaliar como uma taxa neutra mais alta nos EUA impõe limitações ao nosso ciclo de queda, vale a pena olhar para o ocorrido entre junho de 2019 e maio de 2020, quando o Banco Central cortou exageradamente a taxa Selic, levando-a de 6,5% a 2% ao ano. Tal corte superou em muito o ocorrido nos Estados Unidos, acarretando uma fuga de capitais superior a US$ 50 bilhões. Para evitar uma depreciação cambial ainda maior do que a observada, o Banco Central, que desde 2012 só realizava intervenções no mercado futuro de câmbio, foi obrigado a vender perto de US$ 50 bilhões de nossas reservas e, ainda assim, não evitou os efeitos do câmbio sobre a inflação.
No comunicado da última reunião do COPOM, o Banco Central informa que “nas próximas reuniões” deverá manter o atual pace de corte de 50 pontos base, mas a partir daí terá que escolher entre manter o ritmo atual ou reduzi-lo, visando uma convergência suave para a taxa de 10,5%. Terá que decidir se vale a pena sacrificar o crescimento econômico para obter uma inflação próxima da meta ou se, devido ao esfarelamento do compromisso com as metas de resultado primário, cederá às pressões para “dar uma ajuda” ao Tesouro, aceitando uma inflação mais elevada para tentar obter um crescimento do PIB que eleve a arrecadação.
Ao descumprir as metas de resultado primário o governo eliminou a esperança de que poderia participar de um “jogo cooperativo” com o Banco Central. Ao contrário, buscará forçá-lo a reduzir a taxa de juros ainda que à custa de atingir uma meta de inflação superior à oficial, agravando a desancoragem de expectativas.
O Estado de S.Paulo - SP 06/11/2023
Alicerces do crescimento atual parecem instáveis; ameaças não faltam, entre elas as taxas de juros mais altas por mais tempo
Mesmo com as guerras se intensificando e o clima geopolítico ficando mais sombrio, a economia mundial tem sido uma fonte incontrolável de alegria. Há apenas um ano, todos concordavam que as taxas de juros elevadas desencadeariam em pouco tempo uma recessão. Agora, até os otimistas estão confusos. A economia dos Estados Unidos acelerou no terceiro trimestre, crescendo num ritmo impressionante de 4,9% ao ano.
Em todo o mundo, a inflação está caindo, o desemprego continua em grande parte baixo e os maiores bancos centrais talvez tenham interrompido seu aperto monetário. A China, assolada por uma crise imobiliária, provavelmente se beneficiará de um estímulo discreto. No entanto, infelizmente, essa alegria não deve durar muito. Os alicerces do crescimento atual parecem instáveis. Observe com atenção: não faltam ameaças.
A economia forte tem encorajado apostas de que as taxas de juros, embora não estejam mais subindo depressa, não vão cair muito. Na semana passada, o Banco Central Europeu e o Federal Reserve, o BC americano, mantiveram as taxas estáveis. Como consequência, os rendimentos dos investimentos de longo prazo aumentaram consideravelmente.
O governo dos EUA agora deve pagar 5% para pegar empréstimos por 30 anos, ante apenas 1,2% no ápice da recessão da pandemia. Até mesmo as economias conhecidas por suas taxas de juros baixas têm observado aumentos significativos. Há pouco tempo, os custos para empréstimos na Alemanha eram negativos, agora os rendimentos dos títulos de dez anos do país estão em aproximadamente 3%. O Banco do Japão praticamente abriu mão de sua promessa de fixar os custos de empréstimos de dez anos em 1%.
Algumas pessoas, entre elas Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA, dizem que essas taxas de juros maiores são algo positivo – um reflexo de uma economia mundial bastante saudável. Na verdade, elas representam uma ameaça. Como as taxas de juros devem permanecer mais altas, as políticas econômicas atuais falharão, assim como o crescimento que fomentaram.
Para entender por que as condições favoráveis de hoje não podem continuar, considere um motivo para a economia americana, em particular, estar se saindo melhor que o esperado. Seus consumidores estão gastando o dinheiro que acumularam durante a pandemia com benefícios e ao permanecerem em casa. Acreditava-se que esse dinheiro extra já tinha acabado. Mas dados recentes sugerem que as famílias ainda têm US$ 1 trilhão, o que explica por que estão conseguindo se safar economizando menos de suas rendas do que em qualquer momento da década de 2010.
Quando essas reservas restantes diminuírem, as taxas de juros altas começarão a incomodar, obrigando os consumidores a gastar menos. E, como já explicamos, começarão a surgir problemas em toda a economia mundial se as taxas continuarem altas por mais tempo. Na Europa e nos EUA, as falências das empresas já estão aumentando; até aquelas que conseguiram taxas de juros baixas ao emitir títulos de dívida de longo prazo precisarão, com o tempo, enfrentar os custos maiores de financiamento.
Os preços dos imóveis cairão, pelo menos em termos ajustados pela inflação, à medida que reagem às hipotecas mais caras. E os bancos detentores de títulos de longo prazo – que foram amparados por empréstimos de curto prazo, inclusive do Fed – terão de levantar capital ou se unir para tapar os buracos em seus balanços devido às taxas mais elevadas.
A generosidade fiscal contribuiu para esse período de energia extra na economia mundial. Isso parece insustentável num mundo com taxas mais altas por mais tempo. De acordo com o Fundo Monetário Internacional, a Grã-Bretanha, a França, a Itália e o Japão provavelmente devem apresentar déficits por volta de 5% do PIB em 2023. Nos 12 meses até setembro, o déficit dos EUA foi de espantosos US$ 2 trilhões; ou 7,5% do PIB, depois dos ajustes de distorções contábeis – quase o dobro do esperado em meados de 2022.
Num momento em que o desemprego está baixo, esse tipo de empréstimo é surpreendentemente imprudente. No geral, a dívida pública no mundo rico hoje está maior, em porcentagem de PIB, do que em qualquer outra época desde as Guerras Napoleônicas.
Quando as taxas de juros estavam baixas, mesmo as dívidas gigantescas eram administráveis. Agora que elas subiram, os juros estão estourando os orçamentos. Portanto, o aumento prolongado das taxas de juros ameaça colocar os governos contra os bancos centrais combatendo a inflação. Janet Yellen já se sentiu obrigada a defender que os títulos do Tesouro americano não têm prêmio de risco, e Jerome Powell, presidente do Fed, insistiu que o banco nunca reduziria as taxas e deixaria a inflação disparar para aliviar a pressão sobre o orçamento do governo.
Independentemente do que Powell diga, um período com taxas de juros maiores por mais tempo levaria os investidores a questionar as promessas dos governos, tanto de manter a inflação baixa, como de pagar suas dívidas. As participações do BCE já estão ficando distorcidas em relação à dívida pública italiana, que o banco apoia tacitamente – uma tarefa que se tornou muito mais difícil num mundo com taxas de juros altas.
Mesmo quando os rendimentos dos títulos do governo japonês foram insignificantes 0,8% no ano passado, 8% do orçamento do Japão foi destinado ao pagamento de juros. Imaginem a pressão se os rendimentos atingirem até mesmo os níveis relativamente baixos da Alemanha. Alguns governos teriam de continuar a apertar os cintos, como consequência. Mas fazer isso talvez provoque problemas na economia.
Essas tensões tornam difícil entender como a economia mundial conseguiria talvez conquistar tudo que os mercados esperam atualmente dela: uma fuga da recessão, inflação baixa, dívidas enormes e taxas de juros altas, tudo ao mesmo tempo. É mais provável que um período prolongado de taxas mais altas a prejudique, provocando uma fragilidade econômica que permita aos bancos centrais reduzir as taxas sem a inflação disparar.
Uma possibilidade mais esperançosa é que o crescimento da produtividade aumente, talvez graças à inteligência artificial generativa. O consequente aumento das rendas e das receitas tornaria as taxas mais elevadas suportáveis. De fato, os números divulgados em 2 de novembro devem mostrar que a produtividade dos EUA cresceu no terceiro trimestre.
O potencial da IA para desencadear novos ganhos de produtividade pode explicar por que as prolongadas taxas de juros elevadas até agora não desencorajaram os mercados. Não fossem as avaliações crescentes de sete empresas de tecnologia, entre elas a Microsoft e a Nvidia, o índice S&P 500 de ações americanas teria caído este ano.
Mantenha o foco
Em contraponto a essa esperança, porém, está um mundo perseguido por ameaças ao crescimento da produtividade. Donald Trump está prometendo novas tarifas drásticas caso volte à Casa Branca. Os governos estão cada vez mais mudando os mercados com a política industrial.
As despesas públicas estão aumentando em termos de porcentagem da economia conforme as populações envelhecem, a transição para a energia verde começa e os conflitos em todo o mundo exigem mais gastos com defesa. Diante de tudo isso, qualquer um apostando que a economia mundial pode simplesmente seguir em frente assim está se arriscando muito.
O Estado de S.Paulo - SP 06/11/2023
A nova projeção do FMI confirma que o sonho do País de ingressar no G7 continua presente
Em um ano marcado pela sequência de ajustes para cima nas projeções da economia brasileira, informação que veio de Marrakesh, no Marrocos, durante a reunião anual do FMI, em outubro, chamou a atenção. Ao ampliar a previsão do crescimento brasileiro de 2023 para 3,1%, após iniciar o ano com estimativa de 0,9%, o órgão antecipou que o Brasil voltaria ao grupo das dez maiores economias do mundo já neste ano, ocupando a 9.ª posição, com um PIB de US$ 2,127 trilhões.
A conclusão é de que o Brasil confirma suas muitas virtudes, entre elas, a capacidade para reagir aos cenários desafiadores com inegável e surpreendente vigor. Ao reingressar na lista das dez maiores economias do planeta, ultrapassamos a Coreia do Sul e o Canadá.
Para lembrar, entre 2010 e 2014 o Brasil se manteve como a 7.ª economia do planeta. Saiu do grupo dos 10 em meio às mudanças econômicas globais geradas pela crise bancária nos EUA, a pandemia, a guerra entre Rússia e Ucrânia, a alta da inflação e aumentos de juros nas maiores economias do planeta.
O Brasil concretizou reformas econômicas importantes nessa fase, como a trabalhista e a previdenciária. Consolidou, ao mesmo tempo, vantagens competitivas e ampliou a liderança global em diversas frentes do agronegócio e das commodities, além de preservar a força de seu mercado interno.
Segundo o IBGE, a economia deve apresentar um saldo positivo de 2 milhões de empregos formais até dezembro – semana passada, o desemprego atingiu 7,7%, a menor taxa desde 2014.
O início da flexibilização monetária após a quebra do ciclo inflacionário e a apreciação do real frente ao dólar são mais dois fatores que justificam o desempenho acima das expectativas originais. Além disso, se consolida a agenda fiscal com o avanço das reformas tributária e fiscal, e do novo arcabouço.
Desde a queda no PIB de 2020, em consequência direta da pandemia, a economia brasileira confirma a sua característica de superação. Em junho deste ano, o Brasil registrou o oitavo trimestre seguido de crescimento.
Segundo o FMI, teremos a 8.ª posição no ranking global entre 2025 e 2028. Para 2024, devemos trabalhar para manter essa dinâmica. O Brasil guarda capacidades reprimidas que podem ser exploradas, pelos efeitos plenos da aprovação das reformas fiscal e tributária na formação de novas expectativas entre os agentes econômicos, e o cumprimento das metas de ajuste fiscal.
As surpresas de 2023 poderão ser inerciais para 2024 caso se somem medidas de modernização já engatilhadas, como os marcos de garantias e de seguros. O sonho do ingresso do País no G7 continua presente.
O Estado de S.Paulo - SP 06/11/2023
Pela primeira vez desde que criou sua empresa de viagens de luxo em 2017, Marisa DeSalvio não vê sinais de desaceleração a partir do fim de setembro. Na verdade, as pessoas voltaram de suas viagens de verão e entraram em contato imediatamente, prontas para reservar seu próximo passeio por US$ 50 mil.
“Estamos exaustos, quase sem dar conta: nunca estivemos tão ocupados assim em outubro”, disse Marisa, que mora em D.C. “Todos no mercado de luxo estão dizendo: ‘Outubro é o novo julho’.”
E embora ela tenha estipulado o valor mínimo de US$ 10 mil para fazer reservas e aumentado sua comissão de US$ 350 para US$ 500, Marisa diz que isso não tem freado os clientes: eles estão dispostos a continuar esbanjando.
Gastos robustos como esses – principalmente entre os americanos mais ricos – estão mantendo o motor da economia funcionando por bem mais tempo do que muitos esperavam. O mercado de trabalho saudável, o dinheiro economizado durante a pandemia e a disparada dos valores dos imóveis e das ações tornaram possível para as famílias de alta renda continuar a gastar, enquanto muitas daquelas de baixa e média renda diminuem as despesas.
Essa força contínua tem deixado muitos economistas perplexos: a inflação permanece alta, os auxílios recebidos durante a pandemia já acabaram e muitas famílias estão raspando suas poupanças.
E, entre a ameaça de paralisação do governo pela não aprovação do Orçamento e o agravamento da guerra entre Israel e Gaza, não faltam incertezas. Entretanto, os americanos seguem gastando mais do que há um ano.
“Os mais ricos ainda estão gastando, sobretudo com viagens internacionais, festas e entretenimento de luxo, além de outros serviços e experiências”, disse Tom Barkin, presidente do Federal Reserve Bank (banco central dos EUA) de Richmond, em uma entrevista no fim de outubro. “A situação financeira deles, no geral, ficou muito mais forte devido à alta dos ativos e do valor patrimonial de suas casas, e isso parece estar estimulando as despesas.”
Segundo ele, isso contrasta com as famílias de baixa renda, que agora estão recuando nos gastos depois do fim dos auxílios da época da pandemia, e com as de renda média, que estão “economizando” ao comprar papel toalha na loja de mercadorias de US$ 1 ou produzido pelo Walmart.
Ao todo, os americanos gastaram aproximadamente US$ 84 bilhões a mais em agosto do que no mês anterior, de acordo com os dados do governo, com grande parte dessas despesas concentradas em setores como habitação, transporte e lazer. Os gastos com cinemas, restaurantes, eventos esportivos e cassinos aumentaram em comparação com o mês anterior e ajudaram a manter uma enxurrada de novos empregos no setor de serviços.
A expectativa é que essas despesas representem quase metade do crescimento da economia no terceiro trimestre. O Fed de Atlanta está prevendo um aumento impressionante de de 5,4% no produto interno bruto, a medida mais ampla da atividade econômica, entre julho e setembro. Esse seria o maior registro em quase dois anos.
E embora os dados do governo não detalhem os gastos por renda, para os economistas, está claro que os americanos mais ricos estão liderando os gastos. Segundo eles, as despesas contínuas no topo da pirâmide impactam mais do que os cortes de gastos daqueles nas partes mais baixas dela.
“São realmente as pessoas no topo da pirâmide com muito dinheiro que conseguem gastar”, disse Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s Analytics. “Além disso, os balanços vão bem – eles registraram as menores taxas de hipoteca e estão muito mais ricos do que antes.”
De acordo com as estimativas dele, os americanos ainda têm US$ 1,7 trilhão acumulado durante a pandemia, com os 20% mais ricos respondendo por quase US$ 1 trilhão desse total. A alta dos imóveis e das ações deixou muitas famílias abastadas – inclusive os baby boomers, a geração de americanos entre 57 e 75 anos – com situações financeiras ainda melhores depois da pandemia, apesar da elevação das taxas de juros.
“Os baby boomers estão se aposentando e gastando mais do que aqueles que se aposentaram antes”, disse Diane Swonk, economista-chefe da KPMG. “Eles receberam um grande aumento pela previdência social e agora estão ganhando juros sobre suas poupanças de uma forma que não acontecia antes. Isso é muito importante: não é apenas um grupo de famílias ricas que está gastando, são várias famílias que estão mais ricas.”
Como consequência, muitas empresas de luxo dizem estar sobrecarregadas com a demanda, mesmo enquanto marcas como Nike e Levi Strauss relatam uma desaceleração das vendas na América do Norte. Na Watches of Switzerland, varejista de luxo com sete showrooms nos EUA, o crescimento anual das vendas caiu de cerca de 50%, durante a pandemia, para aproximadamente 10%, até o momento. No entanto, os relógios mais caros, peças entre US$ 30 mil e US$ 40 mil, continuam saindo bastante, de acordo com o vice-CEO David Hurley.
“Sem dúvidas as taxas de juros e as hipotecas estão subindo e há muita instabilidade em todo o mundo”, disse ele. “Todas essas coisas têm um impacto. Mas ainda temos listas de espera muito longas para certas categorias e marcas, particularmente entre os itens mais caros.”
Os gastos dos consumidores estão se mantendo bem e apoiando um crescimento pujante, entretanto a força contínua pode complicar o trabalho do Federal Reserve no combate à inflação. O Fed aumentou as taxas de juros 11 vezes desde março de 2022, na esperança de desacelerar a economia o bastante para estabilizar os preços. A inflação diminuiu, caindo para 3,7% em setembro, ante o pico no ano passado de 9,1%, porém continua significativamente acima da meta do Fed.
Barkin, do Fed de Richmond, disse estar monitorando com atenção tanto a demanda do consumidor como a inflação para descobrir quais rumos a economia deve tomar. De acordo com ele, não está claro se os gastos contínuos entre os ricos fazem parte de um impulso pós-pandemia que acabará, ou se anuncia uma mudança maior a longo prazo para gastar em vez de economizar. As taxas de rendimentos daqueles com poupanças pessoais, que aumentaram bastante depois da Grande Recessão, diminuíram recentemente.
“Será que essas pessoas ricas ainda têm recursos financeiros para continuar gastando? A resposta é sim”, disse Barkin. “O que não sabemos é se pretendem continuar.”
Ingressos premium
Na SuiteHop, que vende ingressos premium para shows e eventos esportivos, o fundador Todd Lindenbaum disse ter percebido uma desaceleração gradual do “comportamento de compra irracional” do meio do ano.
No entanto, salientou, os gastos ainda estão intensos: a demanda por camarotes em jogos de futebol americano está cerca de 20% acima daquela registrada no ano passado, afirmou.
“Depois da covid, todos estavam dispostos a gastar mais. Tinha esse aspecto destemido – as pessoas economizaram dinheiro e diziam: ‘vou pagar o que custar para ver Beyoncé, ou Taylor Swift, ou Drake’”, disse ele. “Isso está acabando agora. Mas as pessoas com maior poder aquisitivo ainda estão gastando.”
No entanto, essas despesas não estão distribuídas uniformemente. Embora os americanos ainda estejam gastando com viagens e entretenimento, as despesas com vestuário, eletrônicos e equipamentos para jardinagem diminuíram no mês passado.
Na Button Down, loja de luxo em São Francisco especializada em roupas italianas, as vendas caíram este ano – em parte porque muitos clientes estão viajando para a Itália.
“Estamos percebendo uma demanda um pouco menor desde o fim de setembro”, disse o coproprietário Dan Keenan. “No ano passado houve uma demanda muito alta. Este também está sendo um ano bom, mas não da mesma maneira, porque muitos dos nossos clientes estão viajando.”
Essas viagens são uma boa notícia para a Black Tomato, especializada em férias de luxo com serviços completos em imóveis particulares, com chefs e motoristas. Os negócios estão registrando os melhores números de todos os tempos.
“Acabamos de ultrapassar nossas vendas do ano passado, que tinha sido, de longe, o melhor de todos”, disse Sunil Metcalfe, diretor de vendas da empresa em Nova York. “Houve uma avalanche de demanda. As pessoas estão gastando com tudo, com direito a todos os serviços extras.”
Há poucos dias, um cliente voltou das férias com a família na Espanha com tudo que tinha direito, incluindo uma parada em Valência para participar de um festival onde acontece uma guerra de tomates, seguida por uma semana numa casa de praia com um chef particular em Ibiza. Agora ele está planejando o próximo passeio: Itália. Outro acaba de reservar uma viagem em família de US$ 300 mil para a Grécia.
Metcalfe não sabe ao certo até quando esse impulso vai durar. Ele vem se preparando para uma desaceleração o ano todo, mas ela ainda não se concretizou. Por enquanto, os hotéis sofisticados ao longo da Costa Amalfitana e do Lago de Como, na Itália, estão cobrando o triplo de antes da pandemia – e mesmo assim não faltam reservas, disse ele.
“Todas as notícias ruins – inflação e taxas de hipoteca altas – não parecem estar desencorajando os clientes”, disse ele. “Ou pelo menos um certo tipo de cliente, enfim.”
CNN Brasil - SP 06/11/2023
O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Jorge Viana, vê espaço para o Brasil atingir a marca de US$ 1 trilhão por ano em intercâmbio comercial. Em 2022, a corrente de comércio do país com o resto do mundo ficou em aproximadamente US$ 600 bilhões.
Viana prefere não fixar um prazo para alcançar esse novo patamar, mas afirma que o Brasil perdeu tempo ao misturar negócios com política. “Comércio é comércio, negócios são negócios, relações políticas à parte”, disse o ex-senador e ex-governador do Acre, em entrevista.
Viana usa o exemplo de China e Taiwan para argumentar que, seja na Venezuela de Nicolás Maduro ou em uma Argentina eventualmente governada por Javier Milei, o relacionamento comercial precisa ser cuidado como um ativo para além de discordâncias políticas.
Apesar do fantasma permanente de uma invasão militar determinada por Pequim, Taiwan teve um superávit acima de US$ 100 bilhões com a China — que depende dos chips desenhados na ilha asiática.
Viana conta, nesta entrevista, quais são as iniciativas da Apex para aumentar exportações brasileiras nas Américas e na África, entre outros mercados.
Nos dias 7 e 8, a Apex promoverá em Brasília – junto com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) – um fórum empresarial de atração de investimentos no Brasil. Uma das prioridades será apresentar oportunidades do Novo PAC para investidores internacionais.
Leia os principais trechos da entrevista de Viana à CNN:
CNN: O Brasil tem enfrentado perda de participação em mercados tradicionais para seus produtos industrializados, como a América do Sul e a África, para outros fornecedores, principalmente chineses. O que a Apex está fazendo para recuperar esses mercados?
Jorge Viana: Estamos tentando descontaminar a Apex. Houve uma rotação alta de dirigentesm Passaram por aqui, nos últimos quatro anos, 25 militares. Nada contra os militares, mas na função que eles precisam ter. A Apex trabalha, tem convênios de promoção, com 54 setores da economia. E o que eu consigo identificar nessa chegada nossa aqui é que o conflito político que o Brasil viveu nos últimos sete, oito anos, afetou fortemente o nosso fluxo de comércio exterior.
CNN: Em que sentido?
Viana: O Brasil podia estar lá na frente, do ponto de vista das exportações e do fluxo comercial com o mundo inteiro, mas ficou pra trás. O presidente Lula está abrindo portas para que possamos retomar o nosso protagonismo comercial que o Brasil. Neste ano, tudo está caminhando para termos um saldo comercial de US$ 93 bilhões — 50% a mais do que tivemos em 2022. Mas é preciso ser uma via de mão dupla, com mais importações também. Em 2003, no primeiro ano de mandato do Lula, tínhamos um fluxo comercial da ordem de US$ 100 bilhões. Oito anos depois, quando ele saiu, o intercâmbio era de US$ 400 bilhões. Passaram-se mais 12 anos e só chegamos a US$ 600 bilhões. Isso mostra como o Brasil perdeu tempo. Houve uma ausência da diplomacia presidencial nos últimos anos. Quem melhor vende um país é a liderança do país. E o Brasil tem um potencial nas suas empresas, nos seus setores econômicos, que é extraordinário. Vai de commodities agrícolas até a produção de alimentos processados e os aviões da Embraer.
CNN: Existe alguma meta?
Viana: Não é uma meta, mas poderíamos estar hoje na casa de US$ 1 trilhão em fluxo de comércio exterior. E estamos pouco acima da metade disso. Aproveitando a volta da diplomacia presidencial, o Brasil tem que mirar US$ 1 trilhão. Estamos fazendo um trabalho junto com o Itamaraty, com o Ministério da Agricultura, com o MDIC para recuperar o tempo perdido e ter uma boa leitura do cenário mundial.
CNN: Com que tipo de ação?
Viana: Juntamos todos os setores comerciais de cada embaixada e cada consulado na América do Sul, na África, na América Central, México e Caribe. Passei três dias ouvindo essas equipes. Até janeiro vamos fazer a mesma coisa nos Estados Unidos e no Canadá. É uma leitura dos espaços e oportunidades, que as estatísticas não mostram muito, para mapearmos o que pode ser feito. A América Central, o México e o Caribe têm um PIB de US$ 2 trilhões. Os Estados Unidos vendem US$ 900 bilhões anuais para lá. É uma vez e meia todo o fluxo de comércio exterior do Brasil. Enquanto outros exploram oportunidades, nós fechamos embaixadas no Caribe. Vamos dar uma atenção diferenciada também para os Estados Unidos e para o Canadá. E obviamente, na nossa estratégia, tem a Asean (bloco de dez países do Sudeste Asiático) e a Ásia toda.
CNN: Há alguma iniciativa prevista para o Oriente Médio?
Viana: O presidente Lula aproveitará a viagem para a COP28, nos Emirados Árabes, para fazer outras duas visitas. A intenção é ter uma missão na Arábia Saudita, provavelmente nos dias 28 e 29 de novembro, em que a gente organizará também um encontro empresarial. Depois, uma passagem pela Alemanha, nos dias 3 e 4 de dezembro.
CNN: Essa viagem de Lula para a Arábia Saudita terá um foco mais econômico-comercial?
Viana: Olha, em todas as leituras do comércio exterior que se fazem no mundo, a Arábia Saudita está presente do ponto de vista de oportunidade comercial. Ela tem um dos maiores fundos de investimento do planeta. Não vamos para lá com o intuito de abrir joalheria. Vamos buscar oportunidades para as empresas, para negócios brasileiros, atrair investimentos. O mundo árabe — são 22 países — têm identidade conosco. Nós temos, da comida, a presença do mundo árabe aqui conosco. Essa ida do presidente vai virar uma página que não trouxe nada de bom para o Brasil [em referência ao caso das joias dadas como presente para Jair Bolsonaro]. Temos oportunidades imensas com o Novo PAC. E esses países, em especial os Emirados Árabes e a Arábia Saudita, possuem fundos com vontade de fazer investimentos em um país como o Brasil.
CNN: Mas esses eventos empresariais, missões com ou sem o presidente, geram resultados efetivamente para o incremento dos negócios?
Viana: Vou dar um exemplo sobre essa questão de o Brasil voltar. Nós tivemos agora a Anuga, maior feira de alimentos e bebidas do mundo, em Colônia (Alemanha). É o grande supermercado da Europa. Nós tivemos 250 empresas brasileiras, levamos até companhias que nunca haviam exportado nada, investimos R$ 14 milhões da Apex nesta edição. E essas empresas fecharam um total de US$ 6,1 bilhões em contratos. Isso é 50% a mais do que o recorde anterior de vendas. Contratos de carne, alimentos processados, bebidas.
CNN: Um dos mercados em que o Brasil perdeu participação em produtos industrializados foi a Argentina. Se Javier Milei ganhar e tirar o país do Mercosul, isso afetará ainda mais os exportadores brasileiros?
Viana: O básico da presença em comércio exterior é ter acordos. Quem propõe sair de acordo, em qualquer situação, representa o atraso do atraso. O Mercosul demorou muito tempo para sair. O desafio é fazer rapidamente, ou transformar, dar eficácia, depois de 20 anos de negociações, o acordo Mercosul-União Europeia. Com isso, teríamos o maior bloco econômico do mundo.
CNN: Mas a crítica de Milei é que o Mercosul não consegue celebrar acordos comerciais. O Uruguai também tem colocado isso. O sr. não acha que o Mercosul precisa ser mais rápido e mais ambicioso em suas negociações?
Viana: Eu acho que sim, mas sem nos posicionarmos como inimigos do nosso mais importante parceiro comercial, que era a Argentina. A consequência disso foi uma queda de 40% do fluxo de comércio com a Argentina nos últimos quatro anos. Temos outros acordos comerciais para fazer, como um acordo do Mercosul com todo o continente africano. Na ausência disso, a China cresceu na África, a Índia tomou posição e os Estados Unidos se viram grandes.
CNN: Mas, na prática, o sr. torce por uma vitória de Sergio Massa na Argentina?
Viana: Todo mundo sabe da simpatia que o governo [Lula] tem pelo Massa. Eu mesmo tenho até uma relação pessoal, eu diria, com ele [Massa], mas é uma decisão do povo argentino — que eu espero que seja a melhor.
CNN: Se ganhar Milei, a relação econômica e comercial fica prejudicada?
Viana: O comércio exterior, a ação empresarial de um país como o Brasil, não podem ser prejudicados pela querência dos governos. Isso tem que ser separado. Comércio é comércio, negócios são negócios, relações políticas à parte. O presidente Lula sempre defendeu a construção de diálogos. Ele acabou de ajustar a relação com a Venezuela e diminuir a tensão que havia. Já tivemos um fluxo comercial de US$ 6 bilhões por ano com a Venezuela e isso caiu para US$ 300 milhões. Deixar de reconhecer um governo na Venezuela, ou de ter embaixador no país, prejudica as empresas brasileiras — não partidos políticos. Veja o que acontece com a China e Taiwan. Pode haver tensão geopolítica permanente, mas o superávit comercial de Taiwan com a China é de mais de US$ 100 bilhões por ano. Eu falo sem medo de errar: quando um presidente do Brasil demora 40 dias para reconhecer a eleição dos Estados Unidos, isso prejudica os negócios. Ficar tensionando o tempo inteiro com a Argentina, que é o nosso maior parceiro comercial na América do Sul, prejudica os negócios.
CNN: O sr. mencionou ações que buscam aumentar as exportações do agronegócio. A propósito disso, consegue enxergar uma mudança de postura do agro com o governo Lula ou a resistência ainda é muito grande?
Viana: Nós estamos trabalhando para isso. Mais de 40%, todo o trabalho que a Apex faz está vinculado a algum segmento do agronegócio brasileiro. Eu já fui a 20 estados, tenho sido muitíssimo bem tratado, em todos os lugares. O governo Lula anunciou um Plano Safra recorde, com mais de R$ 400 bilhões. Estamos batalhando, junto com o ministro [Carlos] Fávaro, para aumentar o seguro rural por causa da crise climática. Nunca passamos de R$ 1 bilhão. Queremos o seguro rural com R$ 2 bilhões. Temos atenção com a infraestrutura para o escoamento da produção. Foram abertos 52 mercados para produtos agrícolas neste ano. É um esforço do nosso governo, um esforço pessoal do ministro Fávaro, eu tenho acompanhado isso. Essa atitude não é condicionada a nada. Quem quer crescer, quem quer fazer negócios, quem busca a prosperidade do país, pode enxergar no presidente Lula um aliado.
CNN: O sr. esteve recentemente na África, em reunião com embaixadores e adidos comerciais, para identificar oportunidades de aumentar as exportações brasileiras para o continente. Qual será a estratégia?
Viana: Primeiro nós precisamos constatar que houve um posicionamento até criminoso: o Brasil sair da África. Nós temos raízes com esse continente, é um continente ainda com muita desigualdade. Mas foi além do erro político. O mundo inteiro deveria estar com um olhar diferenciado para a África. O planeta vive uma crise demográfica. O mundo está envelhecendo aceleradamente, inclusive o Brasil. Dados da ONU apontam que o continente africano tem 1,4 bilhão de pessoas em um mundo com 8 bilhões. Só na metade deste século muitos países da Europa e da Ásia podem ter metade da população atual. E a África terá 4,5 bilhões de habitantes.
CNN: A perspectiva de crescimento da África está clara, mas existe algum plano do Brasil para aproveitar isso?
Viana: O Brasil está voltando com o financiamento das exportações. Na África, isso tem especial importância. Não dá para o Brasil planejar aumento das exportações para o mercado africano sem financiamento. Se for sem crédito, melhor nem ir. Porque não tem sentido fazer diferente. Infelizmente, muita gente trabalhou contra o Brasil quando distorceu o conceito de financiamento ao comércio exterior. A Embraer não tem como vender um avião se não tiver o crédito junto. O financiamento é peça-chave na exportação dos serviços de engenharia. Uma obra feita por construtora brasileira leva materiais, insumos, equipamentos fabricados no Brasil. É emprego gerado aqui. Tudo isso precisa voltar. Se tem mau uso em uma obra lá fora, corrige-se o mau uso. O que não se pode é eliminar todo um sistema essencial na disputa por espaço no comércio exterior.
O Estado de S.Paulo - SP 06/11/2023
O mercado está comemorando a desaceleração, mais forte que as projeções, da criação de empregos nos Estados Unidos, divulgada hoje. Isso é um sinal de que a política monetária apertada na economia norte-americana está funcionando de acordo com os planos do Federal Reserve (Fed, BC dos EUA), o que por sua vez aumenta a possibilidade de que os Fed Funds, a taxa básica (hoje em 5,25-5,50%), estejam no seu pico e não subam mais neste ciclo.
A alta dos Fed Funds suga capitais para a economia central e atrapalha o afrouxamento monetário em países como o Brasil. É por isso que a notícia de hoje está fazendo a festa no mercado de ativos brasileiros, com alta forte da Bolsa e queda do câmbio e dos juros.
Mas há outra boa notícia recém-divulgada (na verdade, ontem) sobre a economia dos Estados Unidos, para a qual chama a atenção o economista Tony Volpon, ex-diretor do BC do Brasil e atualmente lecionando na Universidade de Georgetown, em Washington DC: a produtividade do trabalho nos Estados Unidos subiu em ritmo forte no terceiro trimestre, e em circunstâncias que podem significar uma tendência bastante alvissareira.
O crescimento anualizado da produtividade americana no terceiro trimestre foi de robustos 4,7%. Um detalhe importante para o qual o analista chama a atenção é de que essa alta se dá com o mercado de trabalho bastante aquecido, perto de pleno emprego, ainda que (como mostra o dado de hoje) possa se estar no início de uma desaceleração.
A relevância dessa circunstância, explica Volpon, é que os dois momentos anteriores de alta da produtividade do trabalho na economia americana em quase duas décadas tiveram um padrão comum: foram em momentos recessivos (após a crise global de 2008-9 e em 2020, ano auge de impacto econômica da pandemia), com grande perda de empregos.
Segundo Volpon, é típico de recessões que, quando o emprego cai rapidamente, a produção não cai tanto num primeiro momento, e a produtividade sobe. Porém, como mostram tanto o caso pós crise financeira global quanto o pós-pandemia, quando o emprego volta, a produção também não acompanha no mesmo ritmo, e a produtividade "devolve" o que tinha ganhado antes, voltando a crescer no seu trilho tendencial.
Assim, o que parece bastante promissor na alta da produtividade no terceiro trimestre deste ano, para um ritmo bem acima do nível tendencial das últimas duas décadas, é que ela aconteceu sem um ambiente recessivo e de perda significativa de empregos.
Evidentemente, observa o economista, é cedo para saber de forma mais segura se essa alta recente da produtividade é o início de uma tendência mais duradoura ou um acidente temporário. Mas, na sua visão, BCs e autoridades econômicas tanto nos Estados Unidos quanto em outros países em que fenômenos parecidos ocorreram (como o Brasil), devem ficar atentos.
O efeito de uma alta mais consistente de produtividade na atual quadra econômica seria "tudo de bom", na visão de Volpon. Significa possibilidade de mais PIB com menos inflação e menos juro. Em relação ao atual momento das condições monetárias e financeiras, pode apontar que a reprecificação recente para um nível mais contracionista da trajetória futura dos juros pode até ter ido um pouco além da realidade (daí o alívio hoje nos mercados).
Com o potencial da economia subindo, torna-se de fato possível o pouso suave e a desinflação indolor que tanto vêm sendo discutidos por mercados e autoridades econômicas, ora com perplexidade de que isso esteja ocorrendo, ora com ceticismo sobre se de fato está ocorrendo. Nesse sentido, se uma tendência de alta da produtividade se confirmar, isso ajuda a colocar nos seus lugares algumas importantes peças do quebra-cabeças da economia americana e de vários outros países na atualidade.
Segundo Volpon, uma alta da produtividade em termos mais microeconômicos, de ganhos de eficiência, poderia estar derivando do fato de que as empresas foram jogada nos mar caótico das turbulências econômicas ligadas à pandemia e tiveram que aprender a nadar nessas condições.
Assim, de um dia para o outro, as empresas tiveram que aprender a funcionar com todos os empregados trabalhando em casa e em meio a enormes gargalos e entupimentos logísticos e de oferta.
"Isso pode ter levado muitas empresas a saírem de certa inércia dada pela estabilidade anterior e a revisarem todos os seus processos de gerenciamento, produção, controle e custos", aponta o economista. E essa reação, por sua vez, pode ter criado ganhos de eficiência, sobretudo no setor privado, tão disseminados que acabaram por se refletir na produtividade agregada.
Volpon acrescenta que essa camada de ganho de produtividade hipoteticamente derivada de avanço de eficiência ligado à reação das empresas à pandemia se soma aos ganhos pelo lado da oferta da reconstituição do estado normal de funcionamento das cadeias logísticas e de produção. E uma terceira camada que poderia estar começando a crescer - novamente ele frisa que essas são considerações por enquanto especulativas, a serem mais bem investigadas - são efeitos positivos da inteligência artificial na produtividade.
Agência Brasil - DF 06/11/2023
A prefeitura de Ouro Preto (MG) deu entrada nos Estados Unidos em uma ação judicial, em seu nome e em nome de outros seis municípios mineiros. Os alvos são os bancos Merril Lynch, Barclays Capital, Citibank e JP Morgan. Eles são apontados como financiadores de empreendimentos de risco da Vale, mineradora envolvida nas tragédias ocorridas em Brumadinho (MG) no dia 25 de janeiro de 2019, e em Mariana (MG) no dia 5 de novembro de 2015. Foi anexado um levantamento que aponta para empréstimos realizados desde 2011, somando um total de US$ 17,2 bilhões.
A tragédia de Mariana completa oito anos neste domingo (5) e a Agência Brasil irá publicar uma série de reportagens sobre o tema.
As instituições financeiras são acusadas de lucrarem com as operações da mineradora e não se preocuparem com os prejuízos causados às comunidades. "A Vale não tinha recursos financeiros para perpetuar sua estratégia sistêmica de dizimação do meio ambiente dentro dos limites municipais", diz a ação. Os bancos são também apontados como investidores importantes da mineradora. Dessa forma, estariam lucrando com os juros dos empréstimos e também com o aumento do valor das ações da Vale. Além disso, os financiamentos teriam se mantido e até aumentado mesmo após as tragédias ocorridas.
O processo começou a tramitar em setembro no Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York. A Agência Brasil teve acesso em primeira mão ao pleito apresentado. Representada pelo escritório Milberg, a prefeitura de Ouro Preto informa ao juízo que fala também em nome das prefeituras de Barão de Cocais, Itabira, Itabirito, Mariana, Nova Lima e São Gonçalo do Rio Abaixo.
A ação narra que, nos últimos anos, barragens inseguras foram paralisadas e populações que moram no entorno passaram a conviver com sirenes avisando dos riscos de rompimento, sendo que algumas comunidades foram evacuadas. São listadas consequências econômicas dessa situação: ônus adicionais aos municípios no apoio aos atingidos, desvalorização de propriedades e aumento dos gastos com saúde, segurança pública e outros serviços sociais.
"Os municípios estão enfrentando uma perda tangível de receita. A receita do imposto sobre vendas, uma parte significativa de sua força financeira, diminuiu à medida que a economia local desmorona", acrescenta a ação.
São mencionados ainda danos ao patrimônio físico e cultural, danos ao meio ambiente e à qualidade de vida e danos suportados pelos moradores. O município afirma que a pressão sobre a população gera um custo físico, financeiro e emocional.
"A ameaça de rompimento de barragens, evacuações frequentes e fechamento de estradas afetaram a sua capacidade de sustento, causando perdas de rendimento significativas".
A ação pede que o tribunal leve em conta a legislação brasileira, mais especificamente a Lei Federal 6.938/1981, conhecida como Lei Nacional de Política Ambiental. Ao mesmo tempo, defende que Nova York é o foro apropriado para discutir a questão, tendo em vista que os bancos não se submetem à jurisdição brasileira e que as evidências dos empréstimos se encontram na metrópole dos Estados Unidos.
As cidades citadas na ação estão situadas no chamado Quadrilátero Ferrífero, que concentrou o maior número de episódios de evacuação. Elas foram resultado de um pente-fino realizado por órgãos de fiscalização após a tragédia ocorrida em Brumadinho, na qual 270 pessoas perderam suas vidas na avalanche de rejeitos liberada no colapso de uma estrutura da Vale.
Na época, também foram aprovadas legislações proibindo a existência de barragens erguidas por alteamento a montante. Esse método está associado tanto à tragédia em Brumadinho, quanto ao desastre ocorrido em Mariana com a ruptura da estrutura da Samarco, mineradora que tem como acionistas a Vale e a BHP Billiton. No episódio, 19 pessoas perderam a vida e populações de dezenas de cidades da bacia do Rio Doce foram impactadas. A eliminação das barragens alteadas a montante se tornou obrigatória. A Vale, assim como a maioria das mineradoras, ainda não cumpriu integralmente a legislação, o que a levou a assinar um termo para pagar R$ 251 milhões.
Corresponsabilidade
Segundo a prefeitura de Ouro Preto, os empréstimos a empreendimentos da Vale desde 2011 geraram degradação no Quadrilátero Ferrífero e os bancos são corresponsáveis pelos danos causados. Ela cita 21 barragens da Vale classificadas como de alto risco associado, o que significa que armazenam grandes volumes de rejeitos e possuem comunidades com atividades socioeconômicas no entorno.
Também aponta que algumas dessas estruturas não são certificadas como estáveis ou já geraram em algum momento preocupações relacionadas à estabilidade. Duas vezes ao ano, as mineradoras precisam comprovar à Agência Nacional de Mineração (ANM) a segurança de suas barragens. Na última campanha, ocorrida no mês passado, 25 estruturas situadas em Minas Gerais estão embargadas por falta de atestado de estabilidade. Três encontram-se em nível de emergência 3, o último da escala da ANM e indica risco iminente de ruptura. Duas dessas três são da Vale: a barragem Sul Superior, em Barão de Cocais, e a barragem Forquilha III, em Ouro Preto.
De acordo com a prefeitura de Ouro Preto, os bancos não podem alegar que não sabiam dos riscos dos empreendimentos e tinham poder para forçar uma mudança de comportamento na Vale, mas nada fizeram e continuaram realizando empréstimos de forma incondicional. A ação aponta ainda violação dos Princípios do Equador, criado em 2002 pela Corporação Financeira Internacional (IFC). Eles estabelecem diretrizes para que as instituições financeiras tomem decisões responsáveis a partir da identificação e avaliação dos riscos ambientais e sociais dos projetos a serem apoiados. "Os réus usaram uma fachada de adesão aos Princípios do Equador para criar uma imagem conscientemente falsa para seus investidores nos Estados Unidos", registra a ação.
Procurados pela Agência Brasil, os bancos Merril Lynch, Barclays Capital e JP Morgan não se pronunciaram. O Citibank retornou o contato e afirmou que "não fará comentários". A Vale informou desconhecer a ação.
Money Times - SP 06/11/2023
A Vale (VALE3) marcou o seu sexto pregão consecutivo de alta nesta sexta-feira (3). Dessa forma, a semana foi muito positiva para a mineradora na Bolsa, uma vez que ela registrou um ganho acumulado de 5,44%. Atualmente, a ação é cotada a R$ 71,25.
Os papéis da mineradora voltaram a subir no pós-feriado, impulsionadas pelo suporte dos preços do minério de ferro negociados na Ásia. Em meio a expectativas renovadas com estímulos adicionais por parte da China, seu principal mercado consumidor do mundo, a commodity registrou a segunda semana seguida positiva.
O contrato do minério de ferro mais negociado em Dalian para janeiro atingiu nesta sexta os US$ 126,38 a tonelada. Durante a sessão, chegou a tocar o maior nível desde março.
Em Cingapura, a matéria-prima siderúrgica mostrou menos reação hoje, mas acabou marcando US$ 122,50 a tonelada e conseguindo fechar a semana no azul.
Mercado está mais otimista
As ações da Vale têm custado a subir em 2023. Entre as blue chips, a companhia foi destaque negativo no primeiro semestre do ano, penalizada por preços menores da commodity de referência e por resultados que frustraram as expectativas do mercado.
Bruna Sene, analista da Nova Futura Investimentos, levanta que, olhando para o momento de preço dos papéis da Vale, a empresa tem oscilado entre R$ 62 e R$ 70 desde abril, mostrando uma volatilidade que se limita apenas a essa faixa.
Já Apolo Duarte, head de renda variável e sócio da AVG Capital, lembra que essa é a terceira vez no ano que a ação da Vale vai para a região dos R$ 70. Nas duas últimas vezes, ela tocou esse patamar de preço e voltou.
Fato é que analistas do mercado estão mais otimistas com a tese da Vale. Para o minério de ferro, a Ativa Investimentos, por exemplo, acredita que os preços devem continuar perto da faixa atual, entre US$ 100-120, ou até ultrapassando um pouco esse patamar. Isso porque a produção de aço chinesa segue forte, e a perspectiva é de que essa tendência continue.
“Dificilmente, nos próximos meses, veremos uma derrapada tão grande nesses números”, diz o analista Ilan Arbetman.
Arbetman acrescenta outro fator positivo, que é a entrega de melhores resultados. Embora ainda baixos, os prêmios registraram melhora, defende o especialista.
Além disso, a queda no custo caixa do segundo trimestre do ano para o terceiro mostra que a companhia está caminhando para atender seu guidance para 2023.
“A gente vai ter que ver uma nova queda nesse custo no quarto trimestre. É um ponto que traz um nível de expectativa para o mercado, porque não compete à dinâmica de preços, mas à própria Vale. É algo que teremos que ver”, destaca.
Ação ainda pode disparar?
Mesmo com a melhora de perspectiva para Vale, analistas se dividem em relação ao potencial dos papéis da mineradora.
A recomendação da Ativa para VALE3 ainda é neutra. O analista cita alguns riscos aos papéis da mineradora. Além da China, existe o peso dos provisionamentos para tese, principalmente caso a empresa tiver decisão desfavorável no caso da Samarco.
Enquanto isso, na visão da Daycoval Asset, a Vale não parece muito barata, negociando pouco abaixo da média histórica (4 vezes valor da empresa/Ebitda vs. 4,5 vezes).
Anand Kishore, gestor de renda variável, e Eduardo Souza, analista de commodities, destacam que a dinâmica de oferta e demanda do mercado é complexa. Segundo os especialistas do banco, do ponto de vista de oferta, as grandes mineradoras não têm aumentado a capacidade. Por outro lado, a demanda também não tem crescido muito.
Seguindo linha parecida, o Bank of America está “neutro” com a companhia. O valuation parece justo e a postura para o minério de ferro ainda é de cautela, segundo o banco.
Do lado dos compradores, uma das principais justificativas é o fato de a companhia ser uma vaca leiteira. A companhia anunciou recentemente a distribuição de R$ 2,33 por ação em dividendos e juros sobre o capital próprio (JCP), além de um novo programa de recompra de ações.
“Acreditamos na possibilidade de distribuição de dividendos extraordinários em 2024, com os US$ 2,4 bilhões que a Vale deve manter em caixa após a venda da participação minoritária da unidade de metais básicos. Caso isso aconteça por meio de dividendos, vemos o nosso dividend yield indo para 14,7% ao fim de 2024”, destaca a equipe de análise da Genial Investimentos, após o balanço do terceiro trimestre.
“Reforçando ainda mais o seu papel como uma vaca leitera, com foco no retorno aos seus acionistas, ainda tivemos um novo plano de recompra de ações anunciado, depois de completar o plano anterior, adquirindo até 150 milhões de ações do free float, com vigência de até 18 meses”, completa.
A Genial recomenda comprar a ação e tem preço-alvo de R$ 82,50.
Para o BTG Pactual, que continua vendo a Vale como um dos melhores nomes para se expor à reaceleração da economia chinesa, a ação merece classificação de compra e pode subir ainda mais. O alvo sugerido pelo banco é de R$ 96, o que implica um potencial de valorização de 36,5% sobre o preço atual.
O BB Investimentos vê a ação podendo chegar nesses níveis também, com alvo em R$ 94.
CNN Brasil - SP 06/11/2023
O preço do minério de ferro subiu pela segunda semana consecutiva, sustentado pelo otimismo relacionado a estímulos e pelos fundamentos favoráveis na China, principal consumidor mundial do minério, embora os ganhos tenham se reduzido na sexta-feira devido ao temor de uma possível supervisão governamental.
O principal ingrediente siderúrgico também se beneficiou da melhora do sentimento após uma importante reunião de política financeira no início desta semana e após o mais recente estímulo fiscal na maior economia da Ásia.
O minério de ferro mais negociado em janeiro na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) encerrou a sessão do dia com alta de 0,43%, a 924,5 iuanes (126,38 dólares) a tonelada nesta sexta-feira, fechando a semana com um aumento de 2,7%, depois de atingir uma alta intradiária de 936 iuan a tonelada no início da sessão, vista pela última vez em março.
O minério de ferro de referência para dezembro na Bolsa de Cingapura mostrou pouca variação, sendo negociado a 122,5 dólares a tonelada, com um aumento de 0,6% nesta semana.
Os formuladores de política chineses disseram, durante uma reunião realizada duas vezes por década, em 30 e 31 de outubro, que Pequim reforçaria os esforços para reduzir os riscos da dívida local e ajudaria com demandas razoáveis de financiamento para todos os tipos de empresas imobiliárias.
Isso ocorreu depois que a China aprovou na semana passada uma emissão de títulos soberanos de 1 trilhão de iuanes e aprovou um projeto de lei para permitir que os governos locais antecipassem parte de suas cotas de títulos de 2024 para apoiar a economia.
Os fundamentos saudáveis também apoiaram o minério de ferro, disseram os analistas.
A produção média diária de metal quente entre as usinas pesquisadas ainda se manteve bem acima de 2,4 milhões de toneladas na sexta-feira, apesar de uma queda semanal de 0,55%, mostraram dados da consultoria Mysteel, indicando uma demanda sólida no curto prazo.
Valor - SP 06/11/2023
Barragem rompida matou 19, mas nenhum acusado responde mais por homicídio
O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), completa oito anos neste dia 5. Embora a tragédia tenha matado 19 pessoas e causado um desastre ambiental sem precedentes, nenhum réu foi julgado e parte dos crimes já prescreveram. Devido à demora da Justiça, outra parte dos crimes corre rico de prescrição em 2024. A Justiça começa a ouvir os acusados nesta segunda-feira (6).
O processo por 12 crimes ambientais e pelas mortes foi instaurado em 2016, a partir de uma denúncia do Ministério Público Federal contra 22 pessoas e 4 empresas — Samarco, suas sócias Vale e BHP Billiton, e a VogBr Recursos Hídricos e Geotecnia, que emitiu laudo ambiental e declaração de estabilidade da barragem semanas antes do seu rompimento.
Dos 12 crimes ambientais, dois prescreveram em 2020. Um deles é destruir plantas de locais públicos ou de propriedade privada alheia. Outro crime é destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou áreas de preservação. Segundo o Ministério Público, os crimes contra a flora também correm o risco de prescrever no ano que vem.
No processo, ex-executivos das empresas foram acusados por homicídio qualificado com dolo eventual, quando se assume o risco de cometer o crime, pela morte de 19 pessoas. Entre os denunciados estavam o então presidente da Samarco, Ricardo Vescovi de Aragão; o então diretor de operações e infraestrutura, Kleber Luiz de Mendonça Terra; três gerentes operacionais e 11 integrantes do conselho de administração da Samarco; e cinco representantes da Vale e BHP na governança da Samarco. Eles também foram acusados por inundação, desabamento e lesões corporais graves, todos com dolo eventual, além de crimes ambientais — esses últimos, também imputados às empresas.
Samarco, Vale e BHP foram acusadas de nove tipos de crimes ambientais, crime de poluição, contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural. Samarco e Vale ainda são acusadas de três crimes contra a administração ambiental. A Vogr Recursos Hídricos e Geotecnia e o engenheiro sênior da empresa à época, Samuel Santana Paes Loures, foram acusados por apresentar laudo ambiental falso.
Das 22 pessoas acusadas, 15 foram excluídas do processo. Decisões do Tribunal Regional Federal da 1ª Região e do Juízo Federal em Ponte Nova (MG) trancaram a ação penal e nenhum acusado responde mais por homicídio e lesões corporais. As mortes foram consideradas pela Justiça consequência da inundação causada pelo rompimento da barragem. O crime de inundação tem pena de seis a 12 anos em caso de ação dolosa (que resulta em morte).
A ação, então, prossegue com a acusação de inundação qualificada e desabamento e de crimes ambientais contra o ex-presidente da Samarco, o ex-diretor e ex-gerentes operacionais da empresa. Samarco, Vale e BHP seguem acusadas de crimes ambientais.
Procuradas, Samarco e BHP não quiserem comentar. A Vale informou em nota que prestará todos os esclarecimentos necessários por meio de seu representante na justiça. A companhia acrescentou que sempre pautou suas atividades por premissas de segurança e seguirá contribuindo com as autoridades.
Os acusados podem ir a júri popular e serem condenados a até 54 anos de prisão, além do pagamento de multa e reparação dos danos ambientais e às vítimas.
Sem o devido julgamento no Brasil, as vítimas buscam reparação na justiça do Reino Unido. “Demorar oito anos para ouvir as pessoas é um crime cometido contra as vítimas. As pessoas não querem só a reparação, elas querem a punição pelos crimes”, afirmou o CEO e sócio-administrador do Pogust Goodhead, Tom Goodhead. O escritório representa 700 mil pessoas, autarquias, empresas, prefeituras e instituições, que processam na Justiça do Reino Unido a BHP, e pedem indenização de R$ 230 bilhões. A Vale recentemente foi incluída no processo e deve ser responsável pelo pagamento de pelo menos metade do valor das indenizações, se a Justiça responsabilizar as empresas pelo rompimento da barragem. O julgamento está marcado para outubro de 2024.
Em outra frente, Minas Gerais, Espírito Santo e a União tentam concluir a repactuação do Acordo de Mariana, fechado em 2016 com as empresas e em renegociação desde 2020. Há sete anos, os governos e as empresas fecharam um acordo de R$ 24,4 bilhões, dividido em indenizações e ações de reparação. Também foi criada a Fundação Renova para administrar essas ações. Em 2020, Samarco, Vale e BHP começaram a revisão dos 42 programas de reparação executados pela Fundação Renova. A repactuação do acordo de 2016 começou a ser feita no mesmo ano.
O governo de Minas Gerais quer concluir a repactuação até o início de dezembro. Do lado do governo federal, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem dito que quer analisar melhor as metas não cumpridas, sobretudo na área ambiental, e o que pode ser feito para o atingimento das metas de forma mais eficaz, antes de assinar um acordo definitivo.
“Há alguns avanços no reassentamento em Bento Rodrigues, mas, no geral a reparação está muito aquém do que se esperava. É preciso evoluir muito ainda”, diz a secretária de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto. A secretária diz que no momento há um esforço para avaliar, dos programas de reparação, o que surtiu o efeito esperado, quais projetos precisam ser redesenhados, quais devem ser assumidos pelo poder público e quais devem continuar sendo executados pelo setor privado.
Um dos pontos que travaram as discussões em 2023 foram os prazos sugeridos pelas empresas para a repactuação. As empresas sugeriram 20 anos, com entrega da maioria das reparações nos últimos anos. Minas não aceitou e deixou a mesa de discussão.
Agora é o Espírito Santo que ameaça deixar a negociação. Isso porque na semana passada, o Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6), que media as negociações, decidiu excluir as regiões litorâneas do Espírito Santo entre as atingidas pela lama da Samarco. O juízo pediu a realização de nova perícia para comprovar o impacto. O governo do Espírito Santo informou que vai recorrer. “Dessa forma não temos a mínima condição de fazer qualquer acordo de repactuação, depois de tudo o que aconteceu, com proibição da pesca, prejuízo para o setor pesqueiro, o turismo”, afirmou o procurador-geral do Estado, Jasson Hibner.
Procurada, a Samarco afirmou que participa das discussões e “permanece empenhada com a reparação integral dos impactos do rompimento da barragem de Fundão”. E acrescentou que com as sócias garante suporte para a Fundação Renova realizar as ações. “Até agosto de 2023 foram indenizadas mais de 431,2 mil pessoas, tendo sido destinados R$ 32,66 bilhões para as ações executadas pela Fundação Renova”, conclui a Samarco.
A Vale afirmou que “os diálogos buscam soluções para conferir celeridade, eficiência e definitividade ao processo reparatório, visando endereçar cada um dos 42 programas socioeconômicos e socioambientais previstos no acordo anterior”, afirmou a Vale.
A BHP informou que segue comprometida com as ações de reparação e compensação relacionadas ao rompimento da barragem. “A BHP Brasil segue disposta a buscar, coletivamente, soluções que garantam uma reparação justa e integral às pessoas atingidas e ao meio ambiente”, acrescentou.
O Estado de S.Paulo - SP 06/11/2023
O projeto da Prefeitura de São Paulo de ter 2,6 mil ônibus elétricos em circulação na cidade até o fim de 2024 movimenta empresas do segmento. Algumas estão ampliando a capacidade produtiva, anunciaram contratações e investimentos para produção local.
Os novos ônibus não emitem CO2 e substituirão 20% da frota a diesel que fazem o transporte público hoje, mas custam o triplo (veja abaixo a diferença entre as duas opções). Outras cidades do País também estão testando veículos elétricos para modernizar suas frotas.
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São Paulo já recebeu 50 ônibus elétricos em setembro, fruto de parcerias entre Eletra, responsável pela instalação dos sistemas elétricos de tração e integração, Mercedes-Benz e Scania (chassis) e Caio (carrocerias). A previsão inicial era de 1 mil unidades neste ano, mas a maior parte deve ficar para 2024. Um dos motivos pode ser a falta de componentes enfrentada, por exemplo, pela Caio.
A fábrica da BYD em Campinas (SP) fornecerá 400 chassis de elétricos para a capital paulista e está em obras para aumentar a capacidade produtiva, principalmente com a aquisição de equipamentos e novo layout do prédio. Nos últimos três anos, a montadora já forneceu 19 ônibus a bateria para operadores do transporte público da capital paulista, feitos com carrocerias da Marcopolo.
Para dar conta da nova demanda, que deve crescer no próximo ano, o número de funcionários na empresa passará de 60 para 150 até dezembro. “É uma quebra de paradigma trocar ônibus a diesel por elétricos”, diz Marcello Schneider, diretor institucional da BYD. Segundo ele, inicialmente havia “forças contrárias do mercado tradicional que queriam postergar o processo”.
O grupo chinês iniciou operações no País em 2016 e hoje há 100 ônibus elétricos com seus chassis rodando em Estados como São Paulo, Fortaleza, Pará, Paraná e Distrito Federal. No próximo ano, a BYD também vai começar a produzir automóveis elétricos na Bahia.
As células das baterias para os ônibus vêm da matriz da BYD na China para a filial de Manaus (AM), onde são montados os módulos, e depois seguem para Campinas, onde é feita a confecção dos packs, pacotes que agregam vários módulos em “caixas” que equiparão os veículos. A intenção do grupo é nacionalizar componentes no futuro.
O projeto de compra de modelos elétricos para São Paulo foi anunciado pelo prefeito Ricardo Nunes em outubro de 2022. Na ocasião, ele informou que não aceitaria mais veículos a diesel na renovação da frota municipal, que transporta 7,3 milhões de passageiros por dia.
106 toneladas de CO2 por ônibus
Segundo a São Paulo Transportes (SPTrans), a frota da cidade é formada por 11,9 mil ônibus, sendo 69 movidos a bateria interna (19 deles em operação a partir de 2019) e 201 trólebus (movidos a eletricidade por meio de cabos conectados a uma rede aérea de fiação elétrica ou com uma tecnologia mais moderna, sem contato com a rede).
Cada ônibus a diesel emite cerca de 106 toneladas de CO2 por ano, além de óxidos de nitrogênio e material particulado, informa a SPTrans. Quando os 2,6 mil ônibus substituírem o equivalente da frota a combustível fóssil, deixarão de ser emitidas 275,6 mil toneladas de CO2 por ano, principal responsável pelo chamado efeito-estufa.
Dados da Secretaria do Verde e Meio Ambiente de 2020 indicam que a capital paulista emite anualmente um total de 11,6 milhões de toneladas de poluentes. Se toda a frota de ônibus fosse eletrificada hoje, esse número seria reduzido em 11%.
Outras cidades paulistas, como Campinas e São José dos Campos, e capitais de outros Estados, como Curitiba (PR), Salvador (BA) e Vitória (ES) também estão iniciando projetos de descarbonização dos transportes públicos para atender a metas ambientais para os próximos anos.
Na opinião de Schneider, o País precisa de uma política nacional para o transporte público, hoje praticamente de responsabilidade dos municípios. “Há morosidade nos processos, que são muito dependentes do setor público e de financiamentos, pois o investimento inicial em elétricos é alto”. Um ônibus com essa tecnologia custa na faixa de R$ 2,5 milhões a R$ 3 milhões, ante R$ 700 mil a R$ 900 mil da versão a diesel.
Infraestrutura de recarga
Para serem fornecidos às empresas privadas que operam o transporte público para a Prefeitura e são responsáveis pela aquisição dos veículos, os ônibus precisam ser homologados, após passarem por diversos testes. A Enel X fornecerá a infraestrutura de recarga de baterias nas garagens das empresas além de outros serviços.
A Mercedes-Benz iniciou em novembro de 2022 a produção de chassis para elétricos na fábrica de São Bernardo do Campo (SP), e 25 deles estão nesse primeiro lote, que receberam sistemas elétricos da Eletra e carrocerias da Caio. Os outros 25 têm chassi da Scania.
O grupo também tem um projeto próprio, o ônibus e500U, com chassi desenvolvido localmente. Mike Munhato, gerente de Mobilidade Elétrica na Mercedes-Benz, afirma que mais de 600 funcionários foram capacitados para atuar na linha de produção. “Esses ônibus utilizam motor e baterias elétricas de 600 volts e um manuseio errado pode resultar em doenças e até óbito.”
Também com fábrica no ABC paulista, a Eletra inaugurou em junho novas instalações com capacidade para preparar 1,8 mil ônibus ao ano. Com um turno de trabalho a mais, pode aumentar o volume em 50%.
A Volvo inicia no fim deste mês testes de seu ônibus elétrico em São Paulo, o BZL que, inicialmente, utiliza chassi importado da matriz na Suécia. A montadora já tem parte da verba de R$ 1,5 bilhão do pacote de investimentos entre 2022 e 2025 comprometida com o início do processo de eletrificação de seus produtos no fim de 2024, informa Alexandre Selski, diretor de eletromobilidade da empresa.
A empresa também faz testes com seu ônibus elétrico em Curitiba (PR), onde está sua fábrica, além de Santiago (Chile) e Bogotá (Colômbia). A Urbanização de Curitiba (Urbs), responsável pelo gerenciamento do transporte na cidade, informa que a meta é ter 33% de sua frota, de 1,1 mil veículos, com zero emissões até 2030, e 100% até 2050.
Até junho do próximo ano serão integrados à frota de Curitiba 70 ônibus elétricos. Além da Volvo, BYD, Eletra e Marcopolo testam veículos na capital paranaense. A Marcopolo também aguarda a homologação para oferecer seu ônibus Attivi em São Paulo. O grupo já fornece carrocerias para os chassis da BYD e da Volvo.
A companhia terá capacidade para produzir mil ônibus por ano em Caxias do Sul (RS) a partir de 2024 e tem 130 unidades sendo testadas em várias cidades. Já a Volkswagen Caminhões e Ônibus se prepara para entrar nesse mercado em 2024, com seu e-Volksbus, feito em Resende (RJ).
BNDES libera financiamentos
No último dia 19, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um financiamento de R$ 2,5 bilhões para projeto de eletrificação em São Paulo. Segundo a instituição, com esse dinheiro será possível adquirir entre 1 mil e 1,3 mil ônibus.
A cidade é a primeira do setor público a receber crédito por meio do BNDES Finame Direto. De acordo com a SPTrans, a Prefeitura também negocia operações de crédito com o Banco do Brasil (R$ 500 milhões), Caixa (R$ 250 milhões) e com BID e Banco Mundial (US$ 500 milhões, ou quase R$ 2,5 bilhões), esse último previsto para o final do primeiro semestre de 2024.
Os recursos, segundo a SPTrans, serão repassados aos fornecedores dos ônibus para cobertura de parte do preço do veículo. A parcela que será subvencionada pela Prefeitura cobre, no máximo, o valor da diferença de preço entre o veículo à diesel e o elétrico.
O investimento de todas as partes envolvidas no projeto será de R$ 8 bilhões para a aquisição dos 2,6 mil veículos. São Paulo tem metas de descarbonização previstas em lei estabelecendo o fim das emissões no transporte público até 2038.
Globo Online - RJ 06/11/2023
Depois de anos injetando dinheiro no mercado de veículos elétricos, a Tesla e outras grandes montadoras enfrentam um novo dilema: o que fazer quando a demanda diminuir.
Embora o mercado de veículos movidos a bateria ainda esteja em expansão, o ritmo de crescimento abrandou consideravelmente. Como resultado, a Tesla, líder mundial em veículos elétricos, e os fabricantes de veículos tradicionais que corriam para construir os seus negócios de automóveis elétricos, agora adotam uma abordagem mais cautelosa nos investimentos.
As empresas juntas comprometeram cerca de US$ 100 bilhões em toda a América do Norte para criar carros elétricos atraentes não só para compradores de luxo e os primeiros a usar esses veículos, mas também para mercado de massa. Mas a inflação elevada e as taxas de juros dificultam a compra desses carros, o que significa que é difícil para os fabricantes de veículos elétricos ganharem o seu negócio. Executivos do setor disseram estar preocupados que muitos consumidores tenham atingido seu limite.
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— Um grande número de pessoas vive de salário em salário e, com muitas dívidas, como as de cartão de crédito e hipotecárias. Temos que tornar nossos carros mais acessíveis — disse o CEO da Tesla, Elon Musk, em uma teleconferência de resultados do terceiro trimestre em 18 de outubro
Considere o que os consumidores estão vendo no estacionamento do revendedor um Ford F-150 Lightning com valor inicial de US$ 50 mil, antes de créditos fiscais federais de US$ 7,5 mil; uma versão básica movida a gasolina a partir de US$ 37 mil; e o Chevrolet Blazer da General Motors, que começa em cerca de US$ 37 mil, mas a versão elétrica custa no mínimo US$ 56 mil antes dos créditos fiscais.
As baterias que alimentam os veículos elétricos são mais caras do que os motores de combustão interna, e serão necessários pelo menos mais três anos até que estes preços sejam comparáveis, de acordo com a pesquisa da Bloomberg BNEF.
Isto torna difícil até mesmo para a Tesla, o único fabricante de automóveis dos EUA com um negócio rentável de veículos elétricos, tornar os seus automóveis mais baratos. Este ano, a empresa de Musk reduziu os preços drasticamente, em alguns casos até 30%, para proteger seus volumes de vendas, forçando outros a tentar acompanhar o ritmo.
Em setembro, o preço médio pago por um veículo elétrico nos EUA foi de US$ 50.683, abaixo dos US$ 52.212 de agosto e muito inferior aos US$ 65 mil que as empresas cobravam há um ano, segundo dados compilados pela pesquisadora Cox Automotive .
Esses descontos prejudicam os resultados financeiros das empresas. O crescimento da receita automotiva da Tesla foi de 51% no ano passado, mas apenas 5% no terceiro trimestre deste ano. A margem bruta automotiva caiu para 16,3% no trimestre, a menor em mais de quatro anos.
Expansões em espera
Musk disse que pode adiar os planos para uma nova fábrica de US$ 1 bilhão no México – uma grande reviravolta em relação ao dia do investidor em março, quando ele se gabou da taxa de crescimento de 50% do ano passado.
A General Motors adiou os planos de expandir sua produção de picapes elétricas em uma fábrica no subúrbio de Detroit. Essa montadora, localizada em Orion Township, deveria começar a fabricar a versão elétrica das picapes Chevrolet Silverado e GMC Sierra no próximo ano. Agora não começará até o final de 2025. A GM fabricará os dois caminhões junto com seu Hummer elétrico em uma fábrica em Detroit, mas a empresa disse que não expandirá a produção até obter uma leitura melhor da demanda de veículos elétricos e fazer mudanças no caminhão que reduzirá os custos de fabricação.
A Ford Motor já disse que atrasará US$ 12 bilhões dos US$ 15 bilhões planejados em investimentos relacionados a veículos elétricos. O diretor financeiro, John Lawler, afirmou em 27 de outubro que a empresa está adiando os planos de uma segunda fábrica de baterias em Kentucky com a parceira sul-coreana SK ON. A Ford também está reduzindo a produção do Mustang Mach-E elétrico em uma fábrica no México que foi ampliada este ano.
As dificuldades da Ford em sua unidade nascente de veículos elétricos, conhecida como Modelo e, resultaram em um prejuízo operacional de US$ 1,3 bilhão no último trimestre e mais de US$ 4 bilhões este ano. A montadora projeta que perderá US$ 4,5 bilhões em veículos elétricos este ano.
“Embora a decisão da Ford e da GM de ajustar os planos de produção para reduzir a procura e poupar capital seja pragmaticamente positiva para as margens e o fluxo de caixa livre no curto prazo, também levanta preocupações mais profundas sobre a sua capacidade de fazer uma transição bem sucedida para veículos eléctricos a longo prazo”, escreveu o Deutsche Bank em um relatório em 31 de outubro.
O ritmo mais lento das entregas de veículos elétricos também afeta outros fabricantes de automóveis globais, incluindo o Mercedes-Benz Group AG e a sueca Volvo Car AB, além de refletir na cadeia de fornecimento de autopeças. O diretor financeiro da fabricante de baterias de íons de lítio LG Energy Solution, Chang Sil Lee, lamentou as expectativas de vendas mais baixas no próximo ano, durante uma teleconferência em 24 de outubro.
Dores crescentes
É certo que ainda não há provas de um verdadeiro colapso desse mercado. As vendas de carros elétricos ainda estão crescendo, embora o volume tenha aumentado apenas 6% sequencialmente no terceiro trimestre, após um salto de 14% no trimestre anterior, de acordo com o pesquisador Kelley Blue Book. As vendas nos EUA aumentaram quase 50% nos primeiros nove meses do ano em relação ao ano passado — e em dois anos os carros movidos a bateria mais do que duplicaram a sua cota de mercado na Califórnia, líder de veículos eléctricos — mas o ritmo de crescimento está diminuindo.
Normalmente, existem dores associadas às mudanças tecnológicas, de acordo com Stephanie Valdez Streaty , diretora de insights da indústria da Cox.
— Sempre que há uma nova tecnologia, a adoção é difícil” —disse ela.
Só não está claro quando essas dificuldades terminam. À medida que mais empresas lançam veículos elétricos há muito tempo planejados em um mercado menos receptivo, seus estoques se acumulam. No final de setembro, as montadoras tinham estoque de veículos elétricos de 88 dias, em comparação com 56 dias para os modelos convencionais, de acordo com dados da Cox.
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— É preocupante. No ano passado não tiveram de baixar preços e havia lista de espera para estes veículos. Agora há mais estoque — disse Valdez.
Talvez também não consigam contar tanto com compradores corporativos e frotas de aluguel de automóveis. O CEO da Hertz Global Holdings, Stephen Scherr, disse que a locadora diminuirá o ritmo de compras de veículos elétricos depois que os preços de revenda mais baixos deixaram a empresa com custos de depreciação mais elevados.
Mercado de massa
A GM poderá chegar ao mercado de massa no próximo ano, quando a versão mais barata do Chevrolet Equinox EV estiver à venda, e em 2025 com um novo Chevy Bolt que será vendido por um valor ainda menos. A Chevy disse originalmente que venderia o Equinox por cerca de US$ 30 mil, com aproximadamente 250 milhas (cerca de 402 km) de alcance com carga total.
Mas com os consumidores preocupados com a falta de infraestrutura de carregamento, a GM aumentou o alcance e o preço para US$ 35 mil por um carro que pode percorrer 319 milhas (513 km) com uma carga.
Mesmo enquanto as montadoras dos EUA avaliam a melhor forma de alcançar a Tesla, Musk diz que sua empresa precisa observar a economia global antes de dar sinal verde para a fábrica no México. Ele também afirmou que a Tesla continuará crescendo, mas acrescentou que as taxas de crescimento de 50% da empresa são coisa do passado. Mesmo o marketing não ajudará, disse ele.
— Informar as pessoas sobre um carro é ótimo, mas se elas não puderem comprá-lo, não ajuda muito. Na verdade, o que precisa ser resolvido é tornar o carro acessível.
Infomoney - SP 06/11/2023
A General Motors comunicou neste sábado, 4, que cancelou as 1.245 demissões nas fábricas de São José dos Campos, São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes, todas no Estado de São Paulo. O anúncio feito aos três sindicatos de metalúrgicos que representam os trabalhadores nessas cidades ocorre um dia após o Tribunal Superior do Trabalho (TST) ter rejeitado o pedido de liminar da montadora para que as demissões fossem mantidas.
Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Valmir Mariano, a empresa afirmou que vai realizar uma reunião, na tarde de segunda-feira, 6, com as três entidades sindicais que estão realizando trâmites internos para o cancelamento das demissões.
“A retomada dos empregos é uma vitória histórica, fruto da forte luta dos trabalhadores das três cidades. Foram 13 dias de greve e muita união em defesa dos empregos”, diz Mariano, que já convocou para hoje um churrasco em frente aos portões da empresa para comemorar a suspensão dos cortes anunciada em 21 de outubro.
A produção das três plantas ficou totalmente paralisada nesses 13 dias. O Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região já havia determinado, no dia 31 de outubro, a reintegração dos funcionários de São José dos Campos e que as demissões não ocorressem sem negociação prévia. A GM, contudo, entrou com pedido de liminar para manter os cortes. A Justiça do Trabalho também tinha determinado, no dia 1º, o cancelamento das demissões nas fábricas de São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes.
Ao todo, a GM havia demitido, por telegramas ou e-mails, 1.245 funcionários, sendo 839 em São José dos Campos, 300 em São Caetano – onde são produzidos veículos – e 105 em Mogi das Cruzes, voltada à produção de componentes.
Na ocasião, a GM alegou necessidade de adequar seu quadro de funcionários em razão da queda nas vendas e nas exportações. O grupo emprega aproximadamente 12 mil pessoas nas três plantas. Também tem mais duas fábricas, uma de carros em Gravataí (RS) e uma de motores em Joinville (SC), onde não ocorrem demissões.
A GM foi procurada, mas não deu retorno até a publicação desta matéria.
O Estado de S.Paulo - SP 06/11/2023
Grandes indústrias de veículos nos Estados Unidos planejam fabricar novos modelos de veículos elétricos como parte dos acordos firmados com o sindicato dos trabalhadores destas empresas, o United Auto Workers (UAW). Há ao menos 15 novos projetos de carros movidos por baterias, sendo 6 pela Stellantis, 6 pela General Motors e 3 pela Ford.
Segundo os acordos firmados com a UAW, as três companhias vão elevar salários dos trabalhadores, aumentar a concessão de benefícios e melhorar condições de segurança nas fábricas. Cerca de 146 mil metalúrgicos sindicalizados votarão se aceitam os acordos firmados pelo sindicato com as empresas nas próximas duas semanas.
Operários de dez plantas da Ford já aceitaram de forma maciça os detalhes destes entendimentos formais, que valerão até abril de 2028.
Para as lideranças da UAW, os acordos foram bem sucedidos, pois a construção de novos modelos de veículos elétricos significam a preservação de milhares de empregos e a possibilidade de criação de muitos postos de trabalho. Esse número, no entanto, ainda não é possível prever, pois depende da velocidade da transição, nos EUA, do uso de veículos com motor de combustão para os movidos por baterias elétricas.
As três indústrias presentes no país estabeleceram objetivos que levarão os automóveis elétricos a representar perto da metade dos veículos que produzirão até 2030.
Novos projetos
A UAW divulgou vários exemplos sobre as novas linhas de produção. A Stellantis terá uma fábrica de baterias elétricas em Belvidere, Illinois, que criará 1.300 postos de trabalho.
A Ford, segundo os contratos divulgados pelo sindicato, concordou investir US$ 8,1 bilhões adicionais em suas plantas, recursos que serão dedicados inclusive para produzir três veículos elétricos. Um novo caminhão elétrico será fabricado no complexo industrial em Dearborn, Michigan.
No caso da GM, a planta em Spring Hill, Tennessee, fabricará um novo veículo elétrico com uma montadora associada, que, provavelmente, será a Honda. /AP
Money Times - SP 06/11/2023
Nesta semana, a MRV&Co (MRVE3) lançou um dos seus maiores e mais caros projetos da companhia: o Cidade Sete Sóis Pirituba.
A proposta da construtora e incorporadora mineira é criar um bairro dentro da cidade de São Paulo. O terreno de 1,7 milhão de metros quadrados, adquirido em 2018, fica em Pirituba, cerca de 20 quilômetros do centro da capital.
A MRV projeta levantar R$ 3 bilhões em valor geral de vendas (VGV) com o empreendimento no formato “smart cidade”, que abrigará 30 mil pessoas em 11 mil unidades, a princípio.
O espaço irá misturar 64 imóveis residenciais, área verde, espaços de lazer e serviços. Além disso, contará com 25 lojas, lotes a serem vendidos para comércios, 750 mil metros quadrados de área verde e pontos destinados a esportes, pets e entretenimento.
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Para isso sair da maquete, a companhia diz que investirá R$ 2,5 bilhões no projeto, sendo mais de R$ 300 milhões em obras de infraestrutura e urbanização da área. Uma das obras, a construção de 15 quilômetros de vias. A MRV estima entregar todo o empreendimento em até dez anos.
A ideia de criar uma bairro não é nova. Outras gigantes da construção e da incorporação vêm fazendo o mesmo nos últimos anos e movimentando bilhões de reais em diferentes regiões do país.
Porto Alegre ganha novos imóveis da Multiplan (MULT3)
Quem também está na empreitada de construir um “bairro do zero” é a Multiplan (MULT3). A administradora de shoppings está construindo um novo cartão-postal, também bilionário, em Porto Alegre (RS).
A Multiplan deverá entregar a primeira fase do Golden Lake no fim de 2024, com quatro torres e uma área de 34 mil metros quadrados.
O projeto, em desenvolvimento às margens do rio Guaíba, contará com shopping, imóveis residenciais e comerciais. Segundo a companhia, os investimentos chegam a R$ 2,5 bilhões, enquanto soma um valor geral de vendas (VGV) de pelo menos R$ 5 bilhões.
Moura Dubeux (MDNE3) dá nova cara ao Recife
Por sua vez, a Moura Dubeux (MDNE3) junta-se ao coro dessas empresas de construção civil que vêm investindo no desenvolvimento de empreendimentos e de estrutura, resultando em grandes centros locais.
A companhia entregou recentemente a primeira fase de um projeto audacioso no Recife (PE). Localizadas no cais José Estelita, as três torres já dão um novo desenho ao cartão-postal da capital pernambucana.
“Maior investimento da história” da Moura é estimado em mais de R$ 2 bilhões e as fases serão entregues ao longo dos próximos anos. Com isso, o projeto poderá durar mais de uma década para ser concluído.
Das três torres entregues, duas são residenciais e a outra é um imóvel comercial que deverá ter como negócio principal a hotelaria.
Imóvel pode ser utilizado como garantia em mais de um financiamento
O projeto Mirante do Cais foi construído em uma área que pertencia à antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA). O terreno foi adquirido por meio de um consórcio com outras empresas em leilão realizado há mais de dez anos.
Na propriedade, a Moura Dubeux ainda construirá novos prédios também de alto padrão, um parque e fará intervenções nas vias da região.
O resultado da cartada da construtora e incorporadora será uma grande revitalização do trecho que liga o badalado bairro de Boa Viagem ao centro antigo.
A Tribuna - SP 06/11/2023
A prorrogação do Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária (Reporto) será contemplada no relatório da reforma tributária. A decisão foi anunciada após encontro, realizado ontem pela manhã, do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, com o senador Eduardo Braga (MDB-AM), relator da reforma tributária no Senado. A secretária nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Mariana Pescatori, também esteve na reunião. O registro foi publicado nas redes sociais de Costa Filho.
“No relatório apresentado, no Artigo 156-A, está dito que lei complementar irá dispor sobre as questões aduaneiras especiais, o que inclui o Reporto, o Repetro e o Reidi, que são programas importantes de investimento que o Brasil tem e que precisam estar abrigados, portanto, na reforma tributária”, explicou Eduardo Braga.
O Reporto vence em 31 de dezembro. Já o Repetro é um regime aduaneiro especial de exportação e de importação de bens que se destina às atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e gás natural. Já o Reidi é o Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura.
Em vídeo publicado nas redes sociais, a ideia anunciada pelo ministro Silvio Costa Filho era procurar o titular da pasta da Fazenda, Fernando Haddad, na tarde de ontem. “Queremos trabalhar a prorrogação do Reporto para que a gente possa planejar o ano de 2024 e também os de 2025 e 2026, de modo que o próprio setor tenha previsibilidade e possa ampliar os investimentos no Brasil”, explicou.
A intenção, porém, acabou adiada. Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda, a reunião entre Silvio Costa Filho e Fernando Haddad foi remarcada para a próxima terça-feira, a partir das 15 horas, no gabinete de Haddad, em Brasília. O titular de Portos e Aeroportos, inclusive, participou da entrevista coletiva que anunciou, em portos e aeroportos de São Paulo e do Rio de Janeiro, o decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), no Palácio do Planalto, também na Capital Federal (mais detalhes na página A-7).
Outros caminhos
O ministro Silvio Costa Filho tem feito articulações em prol do Reporto já há algum tempo, consultando diversas esferas de poder e do setor. Os operadores portuários têm pressa em garantir a prorrogação do benefício fiscal.
Em setembro, o Governo Federal optou por converter uma medida provisória (MP) que garantiria a prorrogação do texto em um projeto de lei (PL).
Em paralelo, no mesmo período, na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 4.885/2016, que trata sobre o assunto, está sob a relatoria do deputado federal Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) na Comissão de Finanças e Tributação, que tinha prometido tratar o relatório com “celeridade”.
A possibilidade de inclusão do Reporto na reforma tributária, conforme foi divulgado ontem, já era tratado por A Tribuna há quase dois meses, em setembro.
Portos e Navios - SP 06/11/2023
O Porto do Itaqui-MA registrou, em outubro, o melhor mês de movimentação de cargas de sua história, com um total de 3,658 milhões de toneladas. O resultado representa um aumento de 16% em relação ao mesmo mês de 2022 e 19% superior ao planejado para este mês em 2023.
Os principais destaques do mês foram a movimentação de celulose (30% acima do planejado), soja (61% acima do planejado) e milho (18% acima do planejado). Neste mês, foi realizada também a maior movimentação mensal de granéis sólidos totais com 2,832 milhões de toneladas. De janeiro a outubro foram movimentadas mais de 31,2 milhões de toneladas, um crescimento de 7% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O presidente do Porto do Itaqui, Gilberto Lins, comemora o resultado. "Esse crescimento é fruto do trabalho conjunto da Emap com os operadores portuários e os investidores que acreditam no Maranhão. Estamos trabalhando para consolidar o Porto do Itaqui como um dos mais importantes hubs logísticos na região e no país. Temos uma infraestrutura moderna e eficiente, que nos permite movimentar grandes volumes de mercadorias de forma segura e ágil", ressaltou.
Lins destacou ainda que “o crescimento da movimentação do Porto do Itaqui é um reflexo da retomada da economia brasileira e da consolidação do Maranhão como um importante polo de produção de commodities agrícolas, principalmente pelo trabalho do governo em atrair investimentos". Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nas últimas safras, anos de 2022 e 2023, o Maranhão está entre os 10 primeiros estados com maior índice de produção de grãos do país. Além de ser uma importante conexão para a região do Arco Norte.
A Tribuna - SP 06/11/2023
Os transportes aquaviários estão no radar do Ministério de Portos e Aeroportos e o ministro Silvio Costa Filho já colocou as hidrovias como uma prioridade. Para isso, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) cumpre papel fundamental. Por isso, A Tribuna conversou com o diretor-geral da Agência, Eduardo Nery.
Qual o balanço que a Antaq faz das atividades realizadas neste ano?
Os números de movimentação de cargas revelam um ano muito positivo até o momento. Entre janeiro e junho deste ano, o setor aquaviário apresentou recorde histórico. Ao todo, foram movimentadas mais de 616 milhões de toneladas, o que representa 2,4% de crescimento em comparação ao primeiro semestre de 2021, quando foi registrada movimentação de 601,4 milhões de toneladas. Esses resultados indicam que o programa de concessões e arrendamentos, cujos processos licitatórios são conduzidos pela Antaq, estão contribuindo com o aumento da capacidade e produtividade dos portos públicos brasileiros. Da mesma forma, os 217 Terminais de Uso Privados (TUPs), autorizados pela agência e pelo Ministério dos Portos e Aeroportos, desempenham papel fundamental na modernização e desenvolvimento de nossa infraestrutura portuária. Até dezembro, serão realizados outros cinco leilões de arrendamentos portuários: terminais portuários nos portos de Vila do Conde (PA), Maceió (AL), Porto Alegre (RS) e Rio Grande (RS). Outra iniciativa de relevo e pioneira voltada a incrementar a infraestrutura portuária se refere à concessão do canal de acesso do Porto de Paranaguá (PR). A proposta prevê que o prazo contratual seja de 25 anos, com acolhimento da área previsto para 2024 e possibilidade de prorrogações sucessivas até o limite de 70 anos. A estimativa do Capex é de R$ 1,07 bilhão, do Opex de R$ 2,35 bilhões e da receita bruta global de R$ 8,85 bilhões. Estamos falando de investimentos diretos para modernização, eficiência, produtividades e custos logísticos.
A aprovação do 1º Plano Geral de Outorgas Hidroviário é outro marco?
É algo que destaco com muita satisfação. Coube à nossa agência a elaboração desse plano, aprovado pelo Ministério de Portos e Aeroportos. O documento apresenta as principais regiões com potencial de navegação, a pré-viabilidade e a possível forma de estruturação do projeto para instalação de hidrovias. Um projeto importante a ser endereçado em breve é o da Hidrovia Tietê-Paraná, uma via estratégica com navegação já consolidada.
Dentro disso, a sustentabilidade está no radar?
A Antaq aprovou no primeiro trimestre desse ano a última etapa do estudo sobre os impactos e riscos da mudança do clima nos portos públicos, que resultou na elaboração de um guia voltado a apoiar os portos a realizarem levantamentos de impactos de mudanças climáticas. Destaco ainda outro estudo em andamento e realizado em parceria com a agência alemã GIZ, voltado a avaliar como a infraestrutura portuária nacional se prepara para receber embarcações que trafegam com combustíveis zero carbono e para o fornecimento de energia de fontes renováveis para embarcações atracadas. Esse trabalho também avaliará se a nossa infraestrutura está preparada para dar suporte à implantação dos parques eólicos offshore, elo da mais alta importância na cadeia produtiva do hidrogênio verde.
E no Porto de Santos? Quais as principais ações?
O Porto de Santos vem construindo o caminho para o aumento da capacidade no que se refere ao calado. Tanto que, em 2017, verificou-se a recuperação do limite máximo operacional de 13,2 metros no Trecho 1 do canal de navegação, que vai da Barra até o Entreposto de Pesca. Com isso, foi possível que navios com até 15 metros fossem autorizados a trafegar. No processo recente de revisão tarifária, há previsão de investimentos em dragagem para a cota de -16 metros, com início em 2024/ 2025. Também classifico como projeto muito virtuoso a aprovação da proposta de divisão de atribuições entre a autarquia portuária, a Autoridade Portuária de Santos (APS) e Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) na gestão e fiscalização da Ferrovia Interna do Porto de Santos (Fips). As sugestões integram proposta do novo Plano de Trabalho ao Convênio de Cooperação Técnica e Delegação de Competências, celebrado entre Antaq e ANTT, estabelecendo ações a serem empreendidas para integração entre órgãos visando à fiscalização da Fips. Enviamos documento com o entendimento final da Antaq quanto ao ajuste do plano de ação à ANTT e aguardamos o posicionamento da agência reguladora.
Quais são as metas e projetos da Antaq para 2024?
Traçamos alguns projetos prioritários para o setor aquaviário, em especial para a navegação interior. Queremos consolidar o projeto hidroviário no País. Estamos qualificando todo o nosso corpo técnico para poder regular e gerenciar esse setor. Recentemente, realizamos missão técnica nos Estados Unidos a convite da Usace (Corpo de Engenheiros do Exército Americano). A visita teve como principal objetivo avançar no acordo de cooperação técnica que será firmado entre a agência reguladora e o órgão americano, entidade responsável por gerir a operação hidroviária do Vale do Mississipi desde o século 19. Abrimos chamamento público para recebermos estudos para o projeto da Hidrovia do Paraguai. Os estudos compreenderão o trecho da futura hidrovia localizado entre Cáceres (MT) e a foz do Rio Apa, na divisa com o Paraguai. Estamos muito confiantes no avanço das nossas hidrovias, tendo em vista o apoio irrestrito do Governo Federal, por meio do Ministério de Portos e Aeroportos. Como condutor da elaboração de políticas públicas, o ministro Sílvio Costa Filho já declarou publicamente a intenção de criar uma Secretaria Hidroviária na pasta.
E as metas e projetos para 2024 para o Porto de Santos?
A Antaq vem participando ativamente das discussões sobre a implantação do túnel Santos-Guarujá. Na mesma linha, buscamos a geração de capacidade para os terminais de contêineres, como o projeto do STS10. Também temos o entendimento de que logo assinaremos um acordo de cooperação técnica entre Antaq e ANTT para regulação conjunta da gestão associada entre VLI, MRS e Rumo.
O Estado de S.Paulo - SP 06/11/2023
Aqueles que acompanham as discussões mundiais em torno da transição para uma economia de carbono neutro estão assistindo a uma verdadeira guerra, sobre as avaliações do futuro do mercado de combustíveis fósseis. Aquilo que vinha sendo o exercício de estudos econômicos, em ambiente de estabilidade técnica, se transformou em conflito de gigantes.
Em setembro, Fatih Birol, o diretor executivo da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), a referência mundial do setor, deu uma entrevista afirmando que o pico do consumo de combustíveis fósseis estava se aproximando. Sugeriu, também, que analistas de investimentos olhassem com mais cuidado os projetos do setor, em razão da falta de perspectivas da demanda.
O anúncio aconteceu no momento em que a Opep, a instituição central dos produtores de petróleo, se reunia em Calgary, a cidade canadense que sedia os maiores negócios do setor no país. A reação dos participantes foi muitos tons acima do normal. O secretário-geral da Opep, Haitham al-Ghais, rebateu em tom de guerra: “A IEA é dirigida ideologicamente e está tentando desestabilizar a economia mundial. Essas narrativas podem levar a uma falência generalizada no setor de energia, criar o caos numa escala sem precedentes, com consequências dramáticas para as economias de todos os países e a vida de bilhões de pessoas”.
Das entrevistas divergentes para os dados contraditórios foi um passo rápido. Em outubro a IEA publicou seu relatório anual sobre o mercado de petróleo. A projeção mais importante era a de que o rápido crescimento de fontes alternativas, especialmente no setor de transportes (com os carros elétricos à frente, mas não apenas), permitia projetar um pico do consumo para o período entre 2026 e 2028. A partir daí, viria o declínio.
A reação da Opep foi imediata. Dias depois, publicou suas próprias projeções. O suposto principal é o de um crescimento firme do consumo, ao menos até 2045. O dado mais surpreendente do estudo era o de apontar um crescimento de 6 milhões de barris por dia neste ano, em relação às próprias projeções da entidade de um ano atrás.
Com as mudanças dos dois lados, aquilo que era um cenário futuro relativamente uniforme virou literalmente um abismo. Enquanto a Opep prevê um consumo de 116 milhões de barris/dia em 2045, a IEA afirma um consumo de 54,8 milhões de barris/dia em 2050.
Os estudos com essas diferenças monumentais de projeção caíram sobre as mesas de todos os analistas que avaliam projetos de novos investimentos em campos de petróleo, gasodutos, refinarias e quejandos. Ainda antes delas, a vida desse pessoal não andava fácil.
Mesmo com a alta de preços provocada pela guerra na Ucrânia, o setor de petróleo não recebia uma avaliação positiva dos grandes financiadores de projetos. Em maio deste ano, o maior deles na Europa, o BNP Paribas, já havia anunciado publicamente que estava deixando de financiar projetos no setor. Mais ainda, afirmou que iria reduzir sua exposição ao setor em nada menos que 80% até o fim desta década.
Como outros bancos europeus estão seguindo o mesmo caminho, embora mais discretamente, o financiamento do setor de petróleo está a caminho de se tornar basicamente em negócio dos países produtores – com os EUA, o maior produtor mundial, à frente.
Em meio a toda essa tensão, a Sinopec, a maior petrolífera chinesa, anunciou que o consumo de petróleo na China não vai crescer em 2023 – e não afastou a possibilidade de que este ano talvez seja aquele do pico histórico do consumo no país.
Para tornar a situação mais crítica, os números de desempenho do setor que os analistas olham também não ajudam. Há cinco trimestres os preços e os lucros do setor estão em queda – um fenômeno muito anterior ao da guerra de projeções. Passado o pico da alta providenciada por Putin, parecem estar voltando os problemas de longo prazo do setor. Nem Israel foi capaz de provocar, até agora, uma mudança na tendência.
A roda do petróleo é cara. Muitas empresas, especialmente aquelas que extraem a partir do xisto nos EUA, têm custos elevados: qualquer abalo para baixo nos preços, como o acontecido em 2020 com a covid, leva muitas ao limiar da falência.
É este o fantasma acordado pelo relatório da IEA – e descrito graficamente pelo secretário-geral da Opep. Um setor que já vinha encontrando dificuldades para financiar novos projetos começou uma guerra de números e projeções, sem conseguir evitar o essencial: confirmar que o monopólio na matriz energética mundial está sob risco – e, com ele, a estrutura cartelizada do negócio. Uma reação imediata ao novo cenário foi a maior concentração no setor, com empresas maiores comprando as menores, numa tentativa de apresentar números sólidos para os financiadores.
Este é o cenário mundial do momento em que a Petrobras apresenta um projeto de expansão no setor. Já perdeu seu maior financiador internacional, o BNP Paribas. Mas é empresa que sempre pode safar seus prejuízos de negócios com apoio do maior acionista. Desse modo, ainda tem chances. Mas terá resultados, num tempo em que as projeções de mercado se tornaram quase loteria?
Valor - SP 06/11/2023
O barril do petróleo do Brent para janeiro caiu 2,26%, a US$ 84,89, enquanto o WTI com entrega prevista para dezembro recuou 2,36%, a US$ 80,51
Os contratos futuros do petróleo encerraram a sexta-feira (3) em queda, enquanto os investidores avaliavam os dados de emprego dos Estados Unidos, divulgados hoje cedo e os desenvolvimentos do conflito no Oriente Médio.
O barril do petróleo do Brent, a referência global, para janeiro caiu 2,26%, a US$ 84,89, enquanto o WTI, a referência americana, com entrega prevista para dezembro recuou 2,36%, a US$ 80,51. Dados econômicos mais fracos dos EUA podem ser um alívio para o Federal Reserve (Fed), mas também significam uma economia mais fraca e uma menor demanda sobre o petróleo bruto, avalia Craig Erlam, analista de mercados da Oanda.
Nesta manhã, o relatório oficial de empregos dos EUA, o chamado "payroll", mostrou que o país criou 150 mil empregos em outubro, abaixo da previsão de analistas consultados pelo "Wall Street Journal", de abertura de 170 mil postos de trabalho.
A taxa de desemprego ficou em 3,9%, acima do consenso de 3,8%. O salário médio dos americanos por hora trabalhada cresceu 0,21% entre setembro e outubro, abaixo da previsão de alta de 0,3%. No período de 12 meses até o mês passado, o salário aumentou 4,1%, superando o ganho esperado de 4,0%.
Outro ponto de pressão é o conflito no Oriente Médio. O petróleo WTI está sendo negociado ao nível em que estava antes do início do conflito, enquanto o Brent ainda tem um pequeno caminho a percorrer devido ao fato de a guerra "ainda não ter levado a um conflito mais significativo no Oriente Médio – uma região extremamente importante para a produção de petróleo – bem como perspectivas económicas mais fracas", disse Erlam.
Valor - SP 06/11/2023
Em comunicados separados, russos e sauditas disseram irão rever os seus volumes de produção no próximo mês e considerar “estender o corte, aprofundar o corte ou aumentar a produção”
A Arábia Saudita e a Rússia reafirmaram ontem que vão manter as restrições à oferta de petróleo de mais de 1 milhão de barris por dia até o fim do ano, mesmo com a turbulência no Médio Oriente agitando os mercados globais.
Em comunicados separados, os líderes de fato da Opep+ - Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados - disseram que manterão os cortes voluntários na produção com objetivo de trazer equilíbrio ao mercado. O governo saudita reduziu a produção de petróleo em 1 milhão de barris por dia, enquanto a Rússia cortou suas exportações em 300 mil barris/dia, para além dos cortes anteriores feitos com outros países da Opep+.
O corte voluntário “vem reforçar as medidas tomadas pelos países da Opep+ com o objetivo de apoiar a estabilidade e o equilíbrio dos mercados petrolíferos”, disse o vice-primeiro-ministro da Rússia, Alexander Novak, em comunicado que veio em linha com uma nota do governo saudita.
O risco da guerra Israel-Hamas evoluir para uma conflagração regional mais ampla, envolvendo o Irã, um grande produtor de petróleo, segue no radar dos traders desse mercado. Na sexta-feira, os futuros do petróleo Brent - referência internacional - fecharam abaixo de US$ 85 por barril em Londres.
Um conflito mais amplo poderá levar sauditas e russos a reverem os seus cortes planejados, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE). Mas por hora a Opep+ parece decidida a manter o abastecimento apertado, sem folga.
Os sauditas podem precisar de preços do petróleo em torno de US$ 100 o barril, segundo a Bloomberg Economics, para financiar projetos dispendiosos, como a cidade futurista conhecida como Neom, e a compra de jogadores de futebol e de golfe de alto nível para franquias desportivas nacionais. Já o presidente russo, Vladimir Putin, precisa da receita com as vendas de petróleo e gás para financiar a sua guerra contra a Ucrânia.
A Arábia Saudita pode manter os cortes na oferta devido aos sinais de fraqueza do mercado. Os lucros da produção de combustíveis estão caindo e os elevados custos de frete tornam mais difícil o transporte de petróleo entre diferentes regiões. As fortes quedas de estoque amplamente esperadas pelo setor ainda não se materializaram, observou o Goldman Sachs. Segundo a consultoria Eurasia Group, as condições do mercado continuam a enfraquecer. A AIE vê um excesso de oferta no início do próximo ano, como resultado de uma forte desaceleração no crescimento da demanda global.
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