Valor - SP 06/09/2024
Com sua oferta de US$ 14 bilhões provavelmente bloqueada, a Nippon Steel agora precisa encontrar outra maneira de conter o excesso de oferta chinês
O maior produtor de aço do Japão esperava que pudesse contrabalançar o ataque de exportação da China com um acordo nos Estados Unidos, onde desfrutaria de proteção contra concorrentes chineses. Em vez disso, descobriu que a política dos EUA era um adversário igualmente desafiador.
As já escassas perspectivas para a proposta de aquisição de US$ 14 bilhões da Nippon Steel pela U.S. Steel se estreitaram ainda mais com o presidente Joe Biden prestes a usar seus poderes executivos para bloquear o acordo, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto.
Como muitos produtores de aço na Ásia e ao redor do mundo, a Nippon Steel foi duramente atingida pela concorrência chinesa. A China está inundando os mercados globais com aço que não precisa em casa devido a uma crise imobiliária, e está aumentando o fornecimento de minerais nos quais detém posições dominantes. Isso ajudou a derrubar os preços.
Em um relatório trimestral no mês passado, a Nippon Steel disse que enfrentava um “ambiente de negócios inéditamente severo” devido às baixas margens de lucro provocadas pelo excesso de exportações de aço da China. Nos 12 meses até julho, as exportações da China chegaram a 101 milhões de toneladas métricas — mais aço do que os EUA consumiram durante todo o ano passado.
A China produz cerca de metade do aço mundial e responde por cerca de metade do consumo global de aço, de acordo com a Associação Mundial do Aço. Suas exportações provocaram uma reação em países que não podem competir com a escala da China. Brasil, Chile, África do Sul e Turquia aumentaram ou estão considerando aumentar as tarifas sobre o aço chinês importado.
“É um pouco assustador”, disse Shinichiro Nakamura, presidente da Daiwa Steel Tube Industries, que fabrica tubos de aço usados para andaimes no Japão. Sua empresa não compete diretamente com rivais chineses, mas está sentindo a pressão sobre os preços de concorrentes coreanos que usam aço chinês. “Eles têm mais margem para reduzir custos e abaixar o preço”, disse ele.
Executivos da Nippon Steel e da U.S. Steel apresentaram o acordo como uma forma de combater a ascensão da China, descrevendo-o como um contraponto comercial à aliança militar entre os EUA e o Japão que data de sete décadas.
Acentuando seu foco nos EUA, a Nippon Steel retirou-se neste verão de uma aliança de décadas com a Baoshan Iron & Steel da China. Nos últimos anos, os dois haviam travado uma batalha legal sobre alegações de roubo de propriedade intelectual feitas pela Nippon Steel, que a Baoshan negou. O relacionamento, uma vez celebrado como um símbolo da cooperação japonês-chinesa no desenvolvimento industrial, terminou com um comunicado de duas linhas, frio e formal.
O CEO da U.S. Steel, David Burritt, disse em um podcast de junho que a combinação com a Nippon Steel “fortaleceria a aliança para que pudéssemos enfrentar a China, não apenas do ponto de vista militar com alguém no teatro asiático, mas também devido ao aço que eles realmente produzem na China”.
A oportunidade era atraente para a Nippon Steel porque permitiria expandir seus negócios nos EUA sem se preocupar muito com a concorrência chinesa. Em maio, o governo Biden aumentou as tarifas sobre o aço chinês para 25%, além de uma tarifa separada de 25% sobre o aço imposta sob a administração Trump e outras tarifas impostas na última década. Nos primeiros sete meses deste ano, as importações de aço chinês para os EUA caíram 26%, de acordo com o Census Bureau e o American Iron and Steel Institute.
Ambos os governos têm promovido um renascimento da manufatura nos EUA, incluindo mais produção de aço em casa.
Nakamura disse que os EUA precisavam da tecnologia de aliados como o Japão para reviver sua indústria de aço, que está centrada em fornos de arco elétrico que usam metal reciclado em vez de forjar novo aço. A Nippon Steel prometeu investir bilhões de dólares para atualizar as fábricas envelhecidas da U.S. Steel.
Mas a Nippon Steel repetidamente subestimou as implicações políticas de uma empresa estrangeira assumindo um grande empregador na Pensilvânia, um dos Estados-chave mais importantes na corrida presidencial acirrada deste ano. Trump e Biden se manifestaram contra o acordo, seguindo o exemplo de políticos locais e do sindicato United Steelworkers.
Takahiro Mori, o executivo da Nippon Steel responsável por promover o acordo, disse no mês passado que “acredito que o impulso mudará” porque “certos políticos têm sido muito favoráveis a esta aquisição”.
A vice-presidente Kamala Harris, candidata presidencial democrata, esfriou tais esperanças esta semana. Ela disse em uma parada de campanha do Dia do Trabalho em Pittsburgh que a U.S. Steel deve permanecer de propriedade doméstica.
Takahide Kiuchi, economista do Nomura Research Institute, disse que as declarações dos políticos vão contra o esforço de Washington para alinhar aliados para domar a China. Uma ação para barrar a aquisição “semeará as sementes de problemas futuros e terá efeitos negativos na confiança entre o Japão e os EUA”, afirmou ele.
Um porta-voz do governo japonês recusou-se a comentar sobre relatos de que Biden rejeitaria o acordo.
A Nippon Steel está comprometida com uma taxa de rescisão de US$ 565 milhões se o acordo fracassar. Seu maior desafio será encontrar um motor de crescimento para substituir a U.S. Steel, já que seu mercado doméstico no Japão não deve expandir.
IstoÉ Dinheiro - SP 06/09/2024
A desvalorização de diversas commodities (bens primários com cotação internacional) e o aumento das importações decorrentes da recuperação da economia fizeram o superávit da balança comercial (exportações menos importações) despencar em agosto. Em julho, o país exportou US$ 4,828 bilhões a mais do que importou, queda de 49,9% em relação ao mesmo mês de 2023 e o pior resultado para agosto desde 2017, com superávit de US$ 4,547 bilhões.
Com o resultado de agosto, o superávit comercial nos oito primeiros meses do ano atinge US$ 54,079 bilhões. O montante é 13,4% inferior ao do mesmo período de 2023, mas é o segundo melhor para o período na série histórica, que mede as estatísticas do comércio externo desde 1989.
Em relação ao resultado mensal, as exportações caíram, enquanto as importações dispararam, impulsionada por gás natural e bens de capital (bens usados na produção). Em agosto, o Brasil vendeu US$ 31,101 bilhões para o exterior, recuo de 6,5% em relação ao mesmo mês de 2023. As compras do exterior somaram US$ 21,468 bilhões, alta de 13%.
Do lado das exportações, a queda no preço internacional da soja, do milho, do ferro, do aço e do açúcar foram os principais fatores que provocaram a queda no valor vendido. As vendas de alguns produtos, como café e celulose, subiram no mês passado, compensando a diminuição de preço dos demais produtos.
Do lado das importações, as aquisições de medicamentos, motores, máquinas, adubos e fertilizantes químicos subiram. A maior alta, no entanto, foi relacionada ao gás natural, cujo valor comprado aumentou 339,4% em agosto na comparação com agosto do ano passado. O Brasil importou 144,9% a mais em volume do combustível, com preço 79,4% mais alto na mesma comparação.
No mês passado, o volume de mercadorias exportadas caiu 6,5%, puxado pelo fim da safra de diversos produtos e pela redução da demanda de minério de ferro pela China, enquanto os preços caíram 1,7% em média na comparação com o mesmo mês do ano passado. Nas importações, a quantidade comprada subiu 15,7%, mas os preços médios recuaram 3,2%, indicando o aumento das compras externas decorrentes da recuperação da economia.
Setores
No setor agropecuário, a queda na quantidade pesou mais na redução das exportações. O volume de mercadorias embarcadas caiu 11,8% em agosto na comparação com o mesmo mês de 2023, enquanto o preço médio caiu 8,7%. Na indústria de transformação, a quantidade caiu 5,2%, com o preço médio subindo 3,1%, refletindo a crise econômica na Argentina, o maior comprador de bens industrializados do Brasil. Na indústria extrativa, que engloba a exportação de minérios e de petróleo, a quantidade exportada caiu 2,4%, enquanto os preços médios recuaram 5,9%.
Estimativa
Segundo o diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Herlon Brandão, o encolhimento no saldo da balança reflete principalmente volumes menores de exportações de soja e minério de ferro, além da alta nas importações. Ele disse que a queda no superávit em agosto era esperada e que não interfere nas projeções do governo, mas advertiu que uma desaceleração econômica global pode prejudicar as exportações.
Em julho, o governo tinha revisado para cima a projeção de superávit comercial para 2024. A estimativa subiu de US$ 73,5 bilhões para US$ 79,2 bilhões, queda de 19,9% em relação a 2023. Na previsão anterior, de abril, a queda estava estimada em 25,7%. A próxima projeção será divulgada em outubro.
Segundo o Mdic, as exportações subirão 1,7% este ano na comparação com 2023, encerrando o ano em US$ 345,4 bilhões. As importações subirão 10,6% e fecharão o ano em US$ 266,2 bilhões. As compras do exterior deverão subir por causa da recuperação da economia, que aumenta o consumo, em um cenário de preços internacionais menos voláteis do que no início do conflito entre Rússia e Ucrânia.
As previsões estão mais pessimistas que as do mercado financeiro. O Boletim Focus, pesquisa com analistas de mercado divulgada toda semana pelo Banco Central, projeta superávit de US$ 83,5 bilhões neste ano.
O Estado de S.Paulo - SP 06/09/2024
A economia brasileira surpreendeu todos ao crescer 1,4% no segundo trimestre em relação aos três primeiros meses do ano, ante uma expectativa de 0,9%. De um lado, o resultado foi tão positivo que levou bancos e consultorias a rever para cima suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) para um nível mais próximo dos 3%. De outro, o desempenho voltou a despertar temores que a economia esteja rodando acima de sua capacidade, prestes a registrar repiques inflacionários e a repetir os chamados voos de galinha.
É um receio sempre pertinente em se tratando do histórico brasileiro nos últimos 50 anos, sobretudo quando a maioria dos setores contribui para o crescimento do PIB. A indústria cresceu 1,8%, puxada pelo setor de construção, que aumentou 4,4%, mas até mesmo a indústria da transformação, que em geral anda de lado, teve desempenho positivo, com alta de 3,6%. Serviços subiram 1%, e a agropecuária só caiu 2,30% em razão da concentração da produção no trimestre anterior.
Dois indicadores se destacaram: os investimentos e o consumo das famílias. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) cresceu 2,1% no segundo trimestre ante os três primeiros meses do ano e 5,7% na comparação com o mesmo período do ano passado. Foi o melhor resultado desde o primeiro trimestre de 2015, mas os investimentos ainda estão 13,1% abaixo do pico, alcançado no segundo trimestre de 2013.
Já o consumo das famílias subiu 1,30% no segundo trimestre em relação ao primeiro e 4,9% na comparação interanual. Como esperado, o aumento do emprego e da massa salarial, o avanço do crédito, os programas de transferência de renda, o pagamento de precatórios, o reajuste do salário mínimo e a antecipação do 13.º salário dos aposentados impulsionaram os gastos familiares.
Para o ministro Fernando Haddad, o resultado mostra que o governo tem conseguido fazer a atividade crescer sem pressionar a inflação. Ainda há dúvidas sobre o quanto as reformas aprovadas desde 2016 nas áreas trabalhista e previdenciária podem ter contribuído para elevar a capacidade produtiva da economia, mas o certo é que o PIB recorrentemente tem superado as projeções calculadas pelo mercado e dado razão às previsões dos governos nos últimos cinco anos.
Setores como o agronegócio e a indústria extrativa têm registrado recordes atrás de recordes, um desempenho que embute um ganho de produtividade que pode ter modificado o patamar da economia. O avanço das exportações e das importações na proporção do PIB mostra que, ao menos nesses dois setores, o País tem conseguido elevar sua ainda pequena inserção nos mercados internacionais.
Espera-se que a aprovação da reforma tributária sobre o consumo possa dar um impulso adicional a outros segmentos econômicos ao simplificar, modernizar e desburocratizar o sistema, favorecendo o desenvolvimento de atividades nas quais o País tem vocação e competitividade. Mas essa certamente não pode ser a única iniciativa do governo na direção das reformas.
É preciso priorizar os investimentos em uma educação de qualidade para capacitar trabalhadores para empregos melhores. Falta ao País uma infraestrutura robusta e capaz de reduzir os custos do setor produtivo ante competidores internacionais.
É preciso fortalecer marcos regulatórios para atrair investidores privados. É necessário garantir a autonomia das agências reguladoras para fiscalizar empresas e o cumprimento dos contratos. Nem o Estado nem as empresas estatais têm capacidade de investir à altura das necessidades do País, e isso tampouco é essencial.
Prova disso é o avanço da participação de empresas privadas no saneamento básico. Em menos de cinco anos, um setor até pouco tempo dominado por companhias estaduais com baixa capacidade de investimento mudou completamente após a aprovação do novo marco pela Câmara e pelo Senado.
A receita para a economia crescer mais sem gerar riscos inflacionários é conhecida, e o País tem colhido os frutos dessa agenda. Mas o governo Lula da Silva precisa acreditar nela e abandonar velhas convicções para que ela possa avançar sem percalços.
CNN Brasil - SP 06/09/2024
Atualmente, a taxa básica de juros do Banco Central (BC) está em 10,5%. Ela serve como referência para as outras instituições financeiras do país definirem os valores que negociam o dinheiro que emprestam.
Consumidores e setores da economia, como construção, varejo e indústria, questionam esse patamar por ser elevado demais e restringir suas atividades.
Entre os culpados pelos juros altos no país, o ex-diretor para Assuntos Internacionais do Banco Central (BC), Alexandre Schwartsman, aponta à CNN a elevada taxa neutra, ou seja, que nem estimula, nem trava a economia.
Também chamada de taxa de equilíbrio, o BC estima que ela seja de 4,75%.
O problema é que quanto mais elevada for a taxa de juros neutra, mais alta precisa ser colocada a Selic para controlar os preços.
“Essa elevação observada vai consolidando a taxa de juros básica em um nível elevado que, ao longo do tempo, retira eficiência produtiva do país por direcionar investimentos para o setor financeiro”, aponta Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.
Mas outras estimativas também são feitas no mercado — e apontam valores ainda maiores. Consultor da A.C. Pastore, Schwartsman pontua que suas estimativas são de que a taxa neutra gire em torno de 5% e 5,5%, o que faz com os nossos juros atuais, mesmo elevados, sejam menos restritivos.
“Se fosse efetivamente restritivo, não estaríamos observando coisas como vendas no varejo crescendo bem, segmento de serviços, que representa consumo, uma série de itens em consumo que continuam mostrando crescimento, queda persistente da taxa de desemprego. Não parece que a economia está numa taxa de desaceleração”, avalia o ex-diretor do BC.
“A inflação não está desacelerando, o que não é compatível com uma política monetária restritiva”, conclui Schwartsman.
Historicamente o país tem convivido com juros altos. Além da inflação, economistas ouvidos pela CNN apontam outro culpado pela taxa neutra elevada: os gastos públicos em excesso.
“Em função do grande endividamento público, e por conta das incertezas que a gente tem no Brasil, como o sistema tributário, o nosso juro de equilíbrio é muito alto em termos reais [descontado a inflação]”, afirma à CNN Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor de Política Monetária do BC.
Agostini, da Austin Rating, aponta também para um problema de concentração de crédito e para diversas reformas necessária para a normalização das taxas.
“Enquanto não mudar a estrutura fiscal do Brasil, começando pela diminuição do tamanho do Estado na economia, melhorar o nível de governança corporativa nas empresas, ampliação do mercado de capitais e demais players no mercado financeiro, dificilmente veremos a taxa de juros no Brasil atingir níveis civilizados de forma estrutural”, conclui Agostini.
Além dos gastos públicos, Schwartsman aponta para uma divergência entre o juro do BC e o praticado por alguns agentes para o valor de equilíbrio alto.
“Ainda há uma parcela considerável do crédito que não é afetado pela taxa de juros médio, o crédito direcionado. Então se necessita de um juro mais alto para compensar o crédito direcionado”, aponta o ex-diretor do BC.
“Ao longo de décadas, uma série de setores conseguiram lobbies efetivos para conseguir uma parcela de crédito fora do mercado, um conjunto de modalidades que oferecem juro abaixo”, explica.
O Estado de S.Paulo - SP 06/09/2024
Conforme anunciado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2024, à taxa de 1,4%, relativamente ao trimestre imediatamente anterior, surpreendeu os analistas do mercado, que majoritariamente previam 0,9%, uma diferença bastante expressiva. Parte dela é explicada pelo fato de que muitos consideraram o efeito negativo das enchentes no Rio Grande do Sul, mas tudo indica que os fortes gastos de reconstrução atuaram em sentido contrário. O número do primeiro trimestre do ano foi revisado de alta de 0,8% para 1%.
Do lado da oferta, destacam-se o crescimento da indústria, de 1,8%, e do setor de serviços, de 1%, sendo que este setor é o mais importante da economia, respondendo por cerca de 2/3 dela. No caso da demanda, os destaques foram o aumento dos investimentos, ou formação bruta de capital fixo, que foi de 2,1%; e o aumento do consumo das famílias (1,3%) e do governo (1,3%). No setor externo, as exportações cresceram 1,4% e as importações, 7,6%.
Com a citada expansão da formação bruta de capital fixo, a taxa de investimento relativamente ao PIB alcançou 16,8%, resultado superior aos 16,4% alcançados no segundo trimestre de 2023. Com isso, essa taxa permanece em valor inferior a uma próxima de 25%, que, se mantida por algum tempo, poderia assegurar um crescimento maior e duradouro. Essa é uma questão fundamental, que precisa ser considerada para a análise não se restringir a variações de curto prazo que podem significar apenas um dos chamados “voos de galinha”. Voltarei ao assunto mais à frente.
Para isso, passarei aos fatores que atuaram mais do lado da demanda, o aumento dos investimentos e do consumo do governo e das famílias. O governo manteve, neste primeiro semestre do ano, o rumo da gastança e do déficit primário, mas continua afirmando que já começa a se corrigir na direção da redução de gastos ou mesmo da redução desse déficit em 2025. Para tanto, também não poderá expandir, como vinha fazendo até aqui, benefícios sociais voltados para as famílias mais pobres, o que contribuía para a expansão do seu consumo.
Como visto, as taxas de crescimento do PIB foram de 1% e de 1,4% no primeiro e no segundo trimestres, respectivamente. Calculei que, se a economia crescesse a uma taxa de 1% no trimestre atual e no quarto trimestre, seu crescimento no ano seria de 3%, o que não está no radar dos analistas do mercado. Segundo o mais recente boletim Focus, semanal, do Banco Central, que sintetiza as avaliações desses analistas, a previsão de crescimento anual em 2024 é de 2,5%.
Estou mais em linha com essa previsão do Focus, de 2,5%, do que com a outra previsão de 3%, que apresentei. Não vejo na economia brasileira um potencial para crescer 3%, mas ficarei contente se estiver errado – e, ainda assim, insistiria em que será excepcional, pelas razões que se seguem.
A questão central é a taxa de investimento relativamente ao PIB, que está perto de 16% e que vejo como muito baixa para levar a um crescimento anual de 3%. E dentro dessa questão está a queda da taxa de investimento do setor público, também relativamente ao PIB. Essa taxa já esteve próxima de 10% do PIB na década de 1970, mas hoje está perto de apenas 2%. Depois da Constituição de 1988, o governo ampliou fortemente os benefícios sociais, em prejuízo dos investimentos. Nada tenho contra tais benefícios, mas é preciso recuperar o espaço dos investimentos públicos, equilibrando uma coisa e outra e cortando outros gastos do governo.
Um dos problemas dos benefícios sociais é que têm um componente populista e eleitoreiro beneficiando o presidente em exercício em busca de reeleição. E o presidente Lula não se emenda. Desde agora, está procurando ampliar o Auxílio Gás, que, segundo vi na internet, passaria a se chamar Gás para Todos, ampliando progressivamente o número de atendidos, dos atuais 5,6 milhões de famílias até chegar a 20 milhões em 2026, um ano eleitoral. Como o governo tem um arcabouço fiscal a cumprir, ele está procurando financiar o Gás para Todos com recursos extras de fora do Orçamento, mas permanecem dúvidas quanto à constitucionalidade dessa alternativa.
Também tenho insistido em que não se vê, da parte dos Três Poderes, uma efetiva preocupação com o crescimento econômico. O Executivo segue a rota do “gasto é vida” e não parece se preocupar com suas consequências sobre a inflação e o aumento da dívida pública, que também trazem juros mais altos. O Legislativo só se preocupa, mesmo, é com emendas parlamentares e outros interesses pessoais e de grupos. E o Judiciário também não me parece refletir sobre o impacto econômico de suas decisões.
Minha sensação é de que, quanto ao crescimento econômico, estamos passando por outro “voo de galinha”, e mais um de seus condicionantes é que, quanto a esse crescimento, a sociedade parece tomada por baixas aspirações, como esta de uma taxa perto de 2,5%, e poucas vozes se rebelam contra ela e cobram providências em contrário. É lamentável!
IstoÉ Dinheiro - SP 06/09/2024
O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, disse nesta quinta-feira, 5, que a visão do Comitê de Política Monetária (Copom) não mudou e que o objetivo é fazer o que for necessário para convergir a inflação à meta da autoridade, de 3% ao ano. “Há forte compromisso da política monetária para atingir a meta da inflação”, disse ele, durante palestra, por videoconferência, no Global Emerging Markets One-on-One Conference, evento organizado pelo UBS/UBS BB, em Nova York.
“Faça o que tiver de ser feito e a credibilidade vem”, acrescentou Guillen, ao ser questionado se as ações do BC no ciclo atual visam a gerar uma maior credibilidade junto ao mercado.
Segundo ele, o BC toma decisões com base nas dinâmicas do cenário e também considerando os movimentos necessários para atingir a meta da inflação. “A nossa visão não mudou. O foco é fazer o que precisar para convergir inflação à meta”, disse.
O diretor do BC destacou ainda que a ancoragem das expectativas permite menores custos para o processo de desinflação.
Ele também voltou a falar sobre uma maior confiança no modelo do Banco Central. “Acho que podemos confiar no modelo. Usar o modelo é o melhor caminho para alcançar a meta da inflação”, concluiu.
Falas demasiadas dos membros do Copom
Ao ser questionado, na palestra, sobre se os membros do Copom do Banco Central estariam falando demais nos últimos tempos, o diretor de Política Econômica brincou com o economista-chefe da instituição, Alexandre de Ázara, dizendo que poderia encerrar sua participação, se esta fosse a análise geral.
“Se você quiser, eu posso ir. Se eu estou falando muito, eu posso ir. Mas eu não acho que não estamos falando muito. Falar e atualizar o cenário, eu acho que é importante, é parte da transparência que queremos”, argumentou Guillen, acrescentando que esta transparência também é buscada nos textos oficiais de comunicação da instituição e repetindo que também é a baliza ao revelar sobre como os diferentes membros do Copom pensam sob diferentes perspectivas.
O diretor comentou também que essa postura está relacionada à autonomia do Banco Central, cujos diferentes membros contam agora com diferentes mandatos. “Eu acho que é bom ter essa transparência. E é parte de um processo de aprendizagem para ver que alguns têm diferentes perspectivas, alguns concordam. Você começa a aprender sobre o que eles concordam ou não concordam. Eu acho que isso é um bom framework”, defendeu.
Guillen chegou a comentar que concordaria com o anfitrião quando, em algum momento, há muita fala sem sinais. “Mas eu acho que estamos longe disso.”
O Estado de S.Paulo - SP 06/09/2024
As contas do Governo Central registraram déficit primário em julho. No mês passado, a diferença entre as receitas e as despesas ficou negativa em R$ 9,283 bilhões. O resultado sucedeu o déficit de R$ 38,836 bilhões em junho.
O saldo, que reúne as contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central, foi o pior desempenho em termos reais para o mês desde 2023 — a série histórica do Tesouro foi iniciada em 1997. Em julho de 2023, o resultado havia sido negativo em R$ 35,921 bilhões, em valores nominais.
O resultado do mês passado veio acima das expectativas do mercado financeiro, cuja mediana apontava um déficit de R$ 7,135 bilhões, de acordo com levantamento do Projeções Broadcast. O dado de julho ficou fora do intervalo das estimativas, todas de déficit, que variavam de R$ 12,2 bilhões a superávit de R$ 200 milhões.
O Estadão/Broadcast antecipou que o resultado divulgado pelo Tesouro viria próximo das projeções e do cálculo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que previa que o déficit primário para o mês fecharia em R$ 8,5 bilhões.
No acumulado do ano até julho, o Governo Central registrou déficit de R$ 77,858 bilhões, o pior resultado desde julho de 2023. Em igual período do ano passado, esse mesmo resultado era negativo em R$ 79,154 bilhões, em termos nominais.
Em julho, as receitas tiveram alta de 9,5% em relação a igual mês do ano passado. No acumulado, houve alta real de 8,6%. Já as despesas caíram 6% em julho, já descontada a inflação. No acumulado destes sete meses, a variação foi positiva em 7,8%.
Em 12 meses até julho, o Governo Central apresenta déficit de R$ 233,3 bilhões, equivalente a 2,04% do PIB. Desde janeiro de 2024, o Tesouro passou a informar a relação entre o volume de despesas sobre o PIB, uma vez que o arcabouço fiscal busca a estabilização dos gastos públicos. No acumulado dos últimos 12 meses até julho, as despesas obrigatórias somaram 18,3% em relação ao PIB, enquanto as discricionárias do Executivo alcançaram 1,9% em relação ao PIB no mesmo período.
Para 2024, o governo persegue duas metas. Uma é a de resultado primário, que deve ser neutro (0% do PIB), permitindo uma variação de 0,25 ponto porcentual para mais ou menos, conforme estabelecido no arcabouço. O limite seria um déficit de até R$ 28,8 bilhões. A outra é de limite de despesas, que é fixo em R$ 2,089 trilhões neste ano.
No último Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, publicado em julho, o Ministério do Planejamento e Orçamento estimou um resultado deficitário de R$ 28,8 bilhões nas contas deste ano, equivalentes a 0,25% do PIB.
O indicador de receita líquida ajustada (RLA), usado para definir o limite anual de despesas no Orçamento da União, conforme prevê a lei do novo arcabouço fiscal, fechou julho em 6,58%.
Criado para suavizar o efeito das variações de receitas não previsíveis sobre os limites de despesas do novo arcabouço fiscal, o indicador de RLA expurga fontes voláteis, como aquelas obtidas com concessões, dividendos, royalties, recursos não sacados do PIS/Pasep e com programas especiais de recuperação fiscal. Considerando apenas o recolhimento de tributos que são mais aderentes à evolução da atividade econômica, a ideia é garantir uma base mais confiável e perene para o crescimento das despesas.
O indicador de RLA usado para calcular o limite de crescimento real das despesas para o Orçamento compreende o período de julho do ano anterior a junho do ano corrente. Para o Orçamento de 2024, a RLA teve crescimento de 2,43% (entre julho de 2022 e junho de 2023) e resultou no limite de avanço das despesas de 1,70%.
Tesouro tem superávit primário
As contas do Tesouro Nacional (incluindo o Banco Central) registraram um superávit primário de R$ 13,173 bilhões em julho. No ano, o superávit primário acumulado nas contas do Tesouro Nacional (com BC) é de R$ 142,820 bilhões.
Já o resultado do INSS foi deficitário em R$ 22,456 bilhões no mês retrasado. No acumulado de 2024 até julho, o resultado foi negativo em R$ 220,678 bilhões. As contas apenas do Banco Central tiveram déficit de R$ 327 milhões em julho e déficit de R$ 596 milhões nos sete primeiros meses de 2024.
Money Times - SP 06/09/2024
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (5) ter a expectativa de fechar um acordo até o começo de outubro com Samarco e suas sócias, Vale (VALE3) e BHP, para reparação e compensação pelo rompimento mortal de barragem em Mariana (MG), em novembro de 2015.
Em entrevista à Rádio Vitoriosa de Uberlândia, o presidente frisou que o acerto deverá levantar recursos para “reparar o povo”.
O rompimento da barragem, há quase nove anos, deixou 19 mortos, centenas de desabrigados e poluiu o rio Doce em toda a sua extensão, até o mar do Espírito Santo. Um acordo global sobre o colapso da estrutura entre autoridades federais e dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo com as mineradoras é amplamente aguardado.
Lula já chegou a cobrar publicamente o pagamento de indenizações às famílias atingidas por rompimentos de barragens de mineração em Brumadinho e Mariana e disse que a mineradora estava vendendo mais ativos do que minério de ferro.
No mês passado, ele também criticou a pulverização do controle da empresa, privatizada na década de 1990, comparando a companhia a um “cachorro de muito dono” que, segundo ele, “morre de fome, morre de sede porque todo mundo pensa que colocou água, todo mundo pensa que deu comida e ninguém colocou”.
IstoÉ Dinheiro - SP 06/09/2024
O Vale Ventures, iniciativa de Corporate Venture Capital da Vale, anunciou nesta quinta-feira, 5, um investimento de US$ 30 milhões na startup Mantel, que tem sede em Boston (EUA) e é proprietária de uma tecnologia de captura de carbono.
Segundo a mineradora, o objetivo é acompanhar de perto e apoiar o desenvolvimento da startup, cuja tecnologia tem potencial de contribuir para a descarbonização da indústria pesada, incluindo os setores de mineração e siderurgia.
O investimento em uma fatia minoritária foi realizada na Série A da start-up. Foi o terceiro investimento já anunciado pelo Vale Ventures, que em 2022 comprometeu um capital de US$ 100 milhões para ser investido no desenvolvimento de soluções disruptivas para a cadeia de mineração e metais.
Além da Mantel, a iniciativa já anunciou a aquisição de participações na Boston Metal, startup que desenvolve soluções para a descarbonização da produção de aço, e na Allonnia, de biologia transformacional.
A Mantel foi fundada em 2022 no Departamento de Engenharia Química do Massachussets Institute of Technology (MIT) e utilizará o financiamento captado para implementar uma planta de demonstração com capacidade de capturar 1.800 toneladas de CO2 por ano, preparando o caminho para a implantação comercial em grande escala dos sistemas de captura de carbono de alta temperatura. Em laboratório, a tecnologia da empresa já demonstrou ser possível realizar a captura de carbono de 0,5 tonelada por dia.
“A tecnologia de captura de carbono da Mantel, quando estiver disponível, pode viabilizar a produção de ferro e aço com zero emissão, mesmo com o uso de gás natural como fonte energética na rota de redução direta”, explica em nota Bruno Arcadier, head do Vale Ventures.
A Vale explica que a captura de carbono envolve a coleta de CO2 produzido por grandes fontes, como usinas siderúrgicas, instalações de energia e refinarias, entre outras. O CO2 capturado é comprimido, transportado e usado para diversas aplicações ou armazenado no subsolo, evitando sua liberação na atmosfera.
A Mantel utiliza boratos fundidos, materiais de captura de carbono em fase líquida a altas temperaturas, para capturar CO2 na fonte de emissão, reduzindo os custos da captura em mais da metade em comparação com as tecnologias convencionais baseadas em amina, o que ajuda a tornar economicamente viável a instalação da tecnologia.
“À medida que mais equipamentos de captura de carbono forem instalados, espera-se mais investimentos em infraestrutura sejam gerados, reduzindo ainda mais os custos de captura, transporte e armazenamento de carbono”, diz a mineradora.
Infomoney - SP 06/09/2024
O minério de ferro não para de cair e afeta as perspectivas para diversas empresas com forte participação nos principais índices da Bolsa brasileira, com destaque para a Vale (VALE3), cuja ação corresponde a 10,8% do Ibovespa e cai 20,5% no acumulado de 2024.
Na bolsa chinesa de Dalian, o minério registrou a sua quinta queda seguida nesta quinta-feira (5) e chegou ao menor nível em um ano, com uma série de dados econômicos chineses fracos tornando as expectativas de demanda do maior consumidor mundial do ingrediente siderúrgico mais nebulosas. O contrato futuro mais negociado da commodity, para janeiro, caiu 2,58% e encerrou o pregão diurno a 678,5 yuans (US$ 95,58) a tonelada métrica. No início do dia, atingiu seu nível mais fraco desde 21 de agosto de 2023, a 673 yuans (US$ 94,80).
“Em contraste com a leve recuperação da semana passada, os futuros do minério de ferro na China começaram esta semana com uma queda drástica, já que as preocupações com a saúde da economia chinesa prevaleceram mais uma vez após novos dados macroeconômicos apontarem para o enfraquecimento da atividade manufatureira”, disse a consultoria chinesa Mysteel em uma nota.
A expansão da atividade do setor de serviços da China desacelerou no mês passado, mostrou uma pesquisa na quarta-feira. Outra pesquisa mostrou que a atividade manufatureira caiu para uma baixa de seis meses em agosto.
A forte oferta e demanda inicialmente causadas pela retomada da produção nas siderúrgicas em agosto enfraqueceram devido ao declínio nos lucros, apontou o site de informações financeiras chinês Hexun Futures em nota.
O Bradesco BBI aponta que a produção de aço na China tem apresentado tendência de queda nas últimas semanas. Enquanto isso, do lado da oferta, as remessas do Brasil e da Austrália seguiram em alta. “Embora observemos que estamos nos aproximando de um melhor período sazonal para o consumo de minério na China (à medida que saímos do período chuvoso), a combinação de dados macro fracos persistentes e oferta crescente pode impedir uma recuperação acentuada dos preços”, avalia o banco.
Para a Genial, quaisquer medidas de flexibilização monetária terão eficácia limitada, com o PBoC (Banco Popular da China, ou BC chinês) se concentrando mais em estabilizar a taxa de câmbio do que em impulsionar a economia doméstica. Embora os próximos cortes nas taxas do Federal Reserve nos EUA possam oferecer algum espaço para a política de juros, a casa de research projeta que qualquer flexibilização tenha um impacto mínimo devido à fraca demanda doméstica, à intensificação da concorrência de preços e ao declínio das receitas corporativas.
O número de empresas deficitárias aumentou, indicando gastos de capital corporativo restritos. “Consequentemente, embora os cortes nas taxas gerarem redução nos encargos com juros, julgamos ser improvável que estimulem significativamente a demanda por crédito ou investimento. Além disso, as finanças do governo local restringem os investimentos substanciais em infraestrutura e o setor imobiliário continua em um longo ciclo de desestocagem. Entendemos que os cortes nas taxas tenham pouco efeito sobre o crescimento da dívida das famílias, devido aos níveis de endividamento já elevados, à queda dos preços das casas e ao mercado de trabalho lento”, avaliam os analistas.
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Duas commodities devem superar petróleo e minério de ferro, projetam gestores
A Genial ressalta que, após alta na semana passada, a tendência de alta do minério já foi revertida. Contudo, segue reforçando a previsão feita pela casa ainda no final de fevereiro, de US$ 98 a tonelada (t) do minério para o 3T24 e US$ 95/t para o 4T24.
Para o BTG Pactual, é difícil não ser pessimista com o cenário de commodities, permanecendo seletivo com o setor. “O cenário macroeconômico continua tão desafiador quanto podemos lembrar: uma bolha imobiliária chinesa em deflação, protecionismo crescente, ambiente em normalização nos EUA, um dólar mais forte, excesso de capacidade de aço/industrial sendo vendido em todo o mundo avalia o banco.
As commodities em geral tiveram revisões negativas no geral pelo banco entre 10% e 15%, sendo que projeta o minério a US$ 110/t em 2024, US$ 95/t em 2025, US$ 85 em 2026 e US$ 80 para o longo prazo.
Olhando para as ações, o setor está claramente sobrevendido, diz o BTG, mas necessita de catalisadores.
“Embora o setor de mineração/siderurgia esteja indiscutivelmente sendo negociado a níveis de múltiplos baratos (Vale nas mínimas de vários anos; siderúrgicas com múltiplos P/VP, ou preço sobre valor patrimonial, muito baixos), lutamos para encontrar um catalisador para o grupo. Os balanços de oferta e demanda estão geralmente frouxos e a dinâmica dos lucros é fraca, o que coloca todo o peso sobre os formuladores de políticas na China para estimularem e salvarem o dia – o que não vemos acontecer”, avalia o banco. Em siderurgia, o banco prefere players com exposições dominantes aos mercados dos EUA, como a Gerdau (GGBR4), negociando a atrativos múltiplos de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) na faixa de 3-4 vezes e gerando fluxo de caixa decente.
Quanto à Vale, o BTG prefere permanecer neutro por enquanto, enquanto espera que alguns riscos se dissipem e porque acredita que o rendimento de dividendos de 7 a 8% ainda é insuficiente para reforçar a confiança dos investidores.
O banco observa recentemente alguns desenvolvimentos positivos na história da Vale, mas opta por esperar por maior clareza sobre os riscos/desafios e o ambiente macro antes de fazer quaisquer mudanças significativas. As negociações sobre Samarco estão em andamento e parecem estar progredindo bem; prevê um resultado mais favorável do que o mercado espera atualmente. Em relação à sucessão do CEO, vê a recente nomeação como tranquilizadora, pois ressalta a força da governança da Vale. O desempenho operacional continua a ser uma preocupação fundamental para os investidores, mas avalia que a administração continue a reduzir o risco da empresa, com a estimativa oficial de minério de ferro de 310-320 milhões de toneladas para 2024 já assegurada. No entanto, com a situação macroeconômica da China enfraquecendo recentemente, se eleva a pressão em todo o setor e criando uma pressão negativa significativa nos preços do minério de ferro. O banco prevê novas revisões negativas dos lucros da empresa em 2025.
Já a XP segue com compra para as ações da Vale e avalia que a mineradora continua precificando um desconto em relação aos preços spot do minério de ferro, enquanto a CSN Mineração (CMIN3) está negociando com um prêmio em relação aos preços das commodities. “De acordo com nossa análise proprietária, vemos a Vale precificando o minério de ferro a US$ 87/t, enquanto a CSN Mineração está a US$ 117/t, -10% e +21% em relação aos preços spot do minério de ferro, respectivamente”, avalia a equipe de análise.
De acordo com compilação LSEG com os analistas que cobrem os papéis VALE3, 10 recomendam compra e 7 possuem recomendação de manutenção.
Ipesi - SP 06/09/2024
As importações de máquinas e equipamentos no mês de julho de 2024 somaram US$ 2.673,78 milhões, com crescimento de 15,9% em comparação a junho e de 16,6% em relação a julho de 2023. No acumulado de janeiro a julho as importações totalizaram US$ 16.839,35 milhões, 8% a mais que no mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Abimaq.
O volume de importações de máquinas e equipamentos do mês de julho de 2024 é o melhor deste o ano de 2012 e representa recorde para o mês, informa a Abimaq. “Do ponto de vista do investimento essa é uma informação positiva, reflete a intenção dos setores em modernizar o seu parque fabril, mas do ponto de vista do fabricante local denota piora na sua competitividade em relação ao bem importado com reflexo na perda de mercado cuja participação caiu de 60,4% em julho de 2023 para 54,3% em julho de 2024”, analisa a entidade.
No mês de julho, predominaram mais uma vez as importações de máquinas chinesas. Atualmente a China responde, em média, por quase 29% das importações realizadas pelo país, um crescimento de mais de 4 p.p. em relação ao mesmo período do não passado, apresentando crescimento de 28,2% no acumulado do ano.
Já as importações de máquinas dos Estados Unidos caíram como proporção do total importado para 16,9% em 2024, recuo aproximado de 3 p.p. Em valores monetários o desempenho também foi negativo ao registrar queda de 7,8%.
A Alemanha, a terceira origem das importações, aumentou as vendas em 2,1%, mas também viu sua participação no total encolher. No período houve aumento das importações da Itália, Japão, Suíça e Noruega, dentre outros países com menor peso.
Valor - SP 06/09/2024
Ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento avaliaram que há risco de que os benefícios fossem apropriados sob a forma de aumento de margem de lucro dos produtores ou fornecedores
Seguindo recomendação dos ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou integralmente o Projeto de Lei nº 4.731, de 2023, que isenta do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) móveis e eletrodomésticos da linha branca destinados aos residentes em áreas atingidas por desastres naturais ou eventos climáticos extremos. A comunicação da decisão ao presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foi publicada na edição desta quinta-feira do Diário Oficial da União (DOU).
“A proposição legislativa contraria o interesse público, uma vez que criaria renúncia de receita sem previsão na lei orçamentária ou instituição de medidas de compensação e sem previsão de prazo máximo de vigência de cinco anos, em descumprimento ao disposto no art. 14 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, e nos art. 132 e art. 142 da Lei nº 14.791, de 29 de dezembro de 2023”, informou a justificativa para o veto.
Além disso, conforme a justificativa para o veto, a efetividade da isenção do IPI sobre móveis e eletrodomésticos da linha branca seria prejudicada em razão de o consumidor final dos bens desonerados não ser o contribuinte de direito do imposto. Na visão dos ministérios, isso propiciaria o “risco de que os benefícios tributários fossem apropriados sob a forma de aumento de margem de lucro dos produtores ou fornecedores dos bens e não alcançassem o objetivo pretendido de mitigar danos materiais de residentes em áreas atingidas por desastres naturais ou eventos climáticos extremos”.
Valor - SP 06/09/2024
Anfavea aponta alta do estoque de importados chineses; ABVE defende respeito às regras
Nos próximos dias, a Anfavea, associação que representa as montadoras no Brasil, encaminhará à Camex (Câmara de Comércio Exterior) pedido para a aplicação imediata da alíquota máxima do Imposto de Importação para carros elétricos e híbridos. A mesma solicitação já havia sido encaminhada ao Ministério da Fazenda. O presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Ricardo Bastos, diz não estar preocupado porque não acredita que a Camex “vai quebrar regras”.
Desde 2016, carros 100% elétricos estavam isentos do Imposto de Importação e nos híbridos incidia alíquota reduzida. No fim de 2023, o governo decidiu retomar a tributação de forma gradual. As duas primeiras fases do ajuste foram em janeiro e julho. As alíquotas agora estão em 18% para 100% elétricos, 25% para híbridos e 20% para híbridos “plug-in”, que também permitem carregamento em tomada. O cronograma vai até julho de 2026, quando passará a valer a alíquota máxima de 35%, que a Anfavea pede que seja aplicada já.
Durante a apresentação do desempenho do setor em agosto, na quinta-feira (5), o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, exibiu um gráfico que mostra a elevação no nível de estoques de carros híbridos e elétricos importados, provenientes, sobretudo da China. Segundo ele, em junho, na véspera da segunda etapa de aumento gradual do tributo, o estoque desses veículos estava em 86,2 mil unidades, o equivalente, segundo ele, a nove meses de vendas. Em julho permaneceu ainda alto, em 81,7 mil.
Nos oito primeiros meses do ano foram produzidos 1,64 milhão de veículos, alta de 6,6%
A ABVE não tem esse dado. “Acho que deve haver espiões nos portos de Suape, Itajaí e Vitória contando carros”, diz Bastos. O dirigente acredita que o número real de estoque de elétricos importados não deve ser muito diferente do que foi apresentado pela Anfavea. “É natural que as empresas tenham importado mais na véspera do aumento de imposto”, afirma.
“O problema é que quando a indústria deveria ser uma só a associação que representa os produtores de veículos a combustão faz uma marcação sobre os eletrificados”, diz. Sobre a forma como se refere à Anfavea - entidade de “produtores de veículos a combustão” -, o dirigente diz: “é o que parece porque só defendem esse lado”.
O nítido racha entre associações, que não é de hoje, deixa dúvidas de como essa indústria se organizará quando as marcas chinesas começarem a produzir no país. A BYD está prestes a erguer o primeiro galpão industrial em Camaçari (BA) e a GWA (Great Wall Motor) acaba de se habilitar no programa federal Mover, que concede incentivos fiscais a fabricantes locais. O primeiro carro da marca contemplado pelo programa será um Haval H6 híbrido plug-in, que a GWM promete começar a montar na fábrica de Iracemápolis (SP) na primeira metade de 2025.
A apresentação da Anfavea, que incluiu dados de estoque dos elétricos importados, foi na sede da entidade em Brasília e contou com Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Alckmin recebeu de Leite um estudo sobre descarbonização da frota que a Anfavea encomendou à consultoria BCG e cujos primeiros resultados começaram a ser apresentados em 2021.
O documento trata sobre a importância do uso dos biocombustíveis, além de outras medidas a serem tomadas por indústria e poder público, como renovação da frota e campanhas de estímulo para o consumidor dar preferência ao etanol quando abastecer o carro. Ao final da apresentação, Alckmin foi questionado sobre eventual interesse do governo em antecipar a alta do Imposto de Importação para carros elétricos. Mas ele desconversou.
O ministro preferiu enaltecer os bons resultados em produção e vendas que a indústria automobilística tem registrado. Ainda como efeito da maior oferta de crédito, de janeiro a agosto, foi registrado crescimento de 13,3% nas vendas de veículos, num total de 1,62 milhão de unidades.
O efeito do aumento da demanda interna provocou crescimento de 6,6% na produção, com 1,64 milhão veículos nos oito primeiros meses de 2024. O reflexo aparece também no nível de emprego. Com 105,7 mil funcionários, o número de postos de trabalho em montadoras cresceu 5,6% em um ano.
O mercado de híbridos e elétricos também continua em expansão. Segundo a ABVE, no acumulado de janeiro a agosto, foram vendidas 109,2 mil unidades, um aumento de 123%, sobre o mesmo período de 2023.
Aos poucos, a infraestrutura para os veículos que dependem de tomada para carregamento das baterias também se expande. O país tem, hoje, 10,6 mil pontos de recarga públicos e semipúblicos.
Dos 329,7 mil eletrificados em circulação no país, mais da metade - 181,4 mil são plug-in. O número abrange os que só podem ser abastecidos em tomadas e os híbridos plug-in, que oferecem maior aproveitamento do modo elétrico quando carregados em tomada, mas também têm um motor a combustão, o que garante maior autonomia.
Globo Online - RJ 06/09/2024
Um ano depois do lançamento do Dolphin no Brasil, a montadora chinesa BYD está trazendo ao mercado brasileiro o Yan Pro, um SUV compacto 100% elétrico, que foi lançado nesta quinta-feira, em São Paulo, para trazer mais concorrência ao segmento de SUVs compatos. A montadora chinesa, que tem no Brasil seu segundo maior mercado do mundo, está avançando nos investimentos de sua fábrica na Bahia, que deve começar a produzir em 2025, e já mira novos investimentos, disse Alexandre Baldy, vice-presidente da BYD.
O modelo chinês vai disputar mercado com outros SUVs dessa categoria, como o T-Cross, da Volks, e o Kicks, da Nissan. O Yan Pro começou a ser vendido pelo preço de R$ 182,8 mil, anunciou a montadora. Também é possível fazer uma assinatura do carro, por 48 meses, com pagamento de R$ 4,4 mil mensais. O gasto de energia com o carro é um quinto do consumo de um veículo a combustão.
— Depois de um ano do lançamento do Dolphin, estamos trazendo o Yuan Pro. O brasileiro tinha a visão de que carro elétrico era distante de sua realidade e isso mudou — afirmou Baldy.
Ele lembrou que a eletrificação avança num ritmo acelerado e citou pequenos caminhões elétricos de entregas de produtos que já circulam pelas cidades, além dos ônibus, e em breve tratores eletrificados que devem começar a ganhar mercado.
Início de produção na Bahia em 2025
O vice-presidente da BYD disse ao GLOBO que a unidade da BYD em Camaçari, na Bahia, deve começar a produzir já no primeiro semestre de 2025. Ele afirmou que já foram investidos mais de R$ 500 milhões no complexo industrial para terminar a primeira etapa das obras em 2024.
— Nosso objetivo é que o primeiro prédio esteja concluído em outubro. É uma obra que tem muita velocidade já que os investimentos são expressivos — afirmou o executivo.
Sobre uma possível nova unidade da BYD para produzir chassis de ônibus e baterias, informação que começou a circular no mercado após uma visita de Baldy ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o vice-presidente da montadora afirmou que outros investimentos vem sendo analisados.
— A BYD tem projeção de produzir as baterias no Brasil e atender o mercado da eletromobilidade como um todo. Estamos produzindo ônibus para a cidade de São Paulo e para atender o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), programa do governo federal, que vai colocar mais três mil ônibus em todo o país — disse.
Ele lembrou também que serão necessárias as chamadas baterias estacionárias, que armazenam eletricidade, e podem suprir energia em momentos em que os sistemas fotovoltaicos param de captar luz solar durante o dia.
— Nós acreditamos muito nesse potencial e isso faz parte das perspectivas de investimento no país. Tudo é avaliado, os estados, todas as regiões — afirmou Baldy, lembrando que a possibilidade de investimento no Rio Grande do Sul será estudada e aprofundada.
Um ano de seguro gratuito
Baldy afirmou que o preço de lançamento do Yun Pro busca trazer competitividade ao veículo no mercado brasileiro. Quando for fabricado no país, o objetivo é manter o mesmo preço na concorrência com os modelos a combustão, "que não têm os mesmos acessórios tecnológicos do Yuan", afirmou.
O Yuan Pro tem 177 cavalos de potência e acelera de zero a 100 quilômetros em 7,9 segundos. Tem 4,31 metros de comprimento e 2,62 metros de distância entre os eixos. Tem Câmeras de 360 graus, freis a disco nas quatro rodas e 80% do veículo é feito em aço de alta resistência, o que traz mais segurança aos passageiros em caso de uma colisão.
Os testes feitos pela BYD mostraram uma autonomia de 390 quilômetros no meio urbano e 316 quilômetros na estrada. O carro vem com central multimídia, tela giratória de 12,8 polegadas e função karaokê. O veículo será oferecido em cinco cores.
— Até dia 10 de setembro, os compradores terão um ano de seguro grátis e cinco anos de manutenção também gratuita — disse Henrique Antunes, diretor comercial da BYD no Brasil.
Valor - SP 06/09/2024
Pela legislação vigente, o imposto vai subir de forma gradual, entre janeiro deste ano e julho de 2026
Na próxima semana, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) encaminhará à Câmara de Comércio Exterior (Camex) um pedido já enviado ao Ministério da Fazenda: a aplicação imediata da alíquota máxima do Imposto de Importação para carros elétricos e híbridos.
Pela legislação vigente, o imposto vai subir de forma gradual, entre janeiro deste ano e julho de 2026. Hoje, as alíquotas giram entre 18% e 22% dependendo do tipo de eletrificação do veículo.
Durante a apresentação do desempenho do setor em agosto, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, exibiu um gráfico que mostra a elevação no nível de estoques de carros elétricos, sobretudo, provenientes da China. Segundo ele, em junho, na véspera da segunda etapa de aumento gradual do tributo, o estoque desses veículos estava em 86,2 mil unidades, o equivalente, segundo ele a nove meses de vendas.
Em julho, permaneceu ainda alto, em 81,7 mil. Graças ao elevado estoque, as marcas chinesas ainda não repassaram aos preços nenhum dos dois aumentos do Imposto de Importação.
IstoÉ Dinheiro - SP 06/09/2024
Apesar dos resultados, em agosto, parecidos com o desempenho que o setor mostrava antes da pandemia, a direção da Anfavea, entidade que representa as montadoras, demonstrou preocupação com as próximas decisões sobre os juros de referência da economia. O Banco Central (BC) deixou em aberto a possibilidade tanto de manter quanto elevar a taxa básica (Selic), atualmente em 10,5%, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 17 e 18 deste mês.
Na sexta-feira, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, avisou que a alta de juros, quando e se acontecer, será gradual. Porém, na terça-feira, a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) com crescimento acima das expectativas no segundo trimestre incentivou apostas no mercado financeiro de que o BC pode abrir o ciclo de aperto monetário com um aumento de 0,5 ponto porcentual nos juros.
Durante a apresentação dos resultados de agosto, quando o ritmo diário de vendas (10,8 mil veículos por dia útil) foi o melhor do ano e a produção voltou aos níveis de cinco anos atrás, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, destacou que a redução dos juros foi decisiva na recuperação do setor, junto com a maior oferta de crédito, o mercado de trabalho aquecido e o crescimento da atividade econômica.
Questionado, porém, se o desempenho é sustentável, ele ponderou que a resposta vai depender muito das decisões do BC. “Se a Selic permanecer no patamar que está, com viés de baixa pelo menos no médio prazo, o mercado continuará com esse aquecimento.”
E acrescentou: “Nossos emplacamentos têm crescido, mais do que imaginávamos, muito em razão da redução da taxa de juros, é um fator decisivo … Nossa expectativa é que não haja aumento substancial da taxa, mas reconhecendo que esta questão é muito mais complexa do que o desejo político.”
A avaliação da entidade das montadoras é de que o ritmo de vendas de veículos no Brasil segue consistente, ao passo que a produção de agosto mostrou um volume robusto – 259,6 mil veículos saíram das linhas de montagem no mês, número mais alto desde outubro de 2019.
As exportações ainda caem forte em 2024 – redução de 17,9% de janeiro a agosto -, porém mostraram nos últimos dois meses resultados melhores. É um sinal alentador para o fechamento do ano, sobretudo porque houve crescimento nos maiores mercados de destino: Argentina, México, Colômbia e Chile.
IstoÉ Dinheiro - SP 06/09/2024
A venda de veículos no país em agosto apresentou uma alta de 14,3% em relação ao mesmo período do ano passado, com 237,4 mil unidades emplacadas, informou nesta quinta-feira (5) a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O número representa o melhor mês no ano em média diária de vendas, com 10,8 mil unidades comercializadas. No período de janeiro a agosto, mais de 1,6 milhão de unidades foram emplacadas, melhor desempenho desde 2019.
No acumulado do ano, a produção de veículos até agosto ficou em 259.613 unidades, um crescimento de 5,2% em relação a julho e de 14,4% na comparação com agosto de 2023. Considerando o período acumulado, é o melhor resultado desde outubro de 2019.
Segundo o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, a produção conseguiu manter um ritmo constante, mesmo sendo afetada pela paralisação de fornecedores em razão das enchentes no Rio Grande do Sul.
“É uma produção importante que nos coloca em um ritmo de crescimento consistente e isso é motivo de celebração”, disse Leite durante coletiva de imprensa para apresentar os números do mês passado.
Segundo a Anfavea, o maior ritmo de vendas e os lançamentos de novos modelos ajudaram a impulsionar as atividades das fábricas. “Não adianta vender muito sem ter uma produção equilibrada e isso é um termômetro importante para o setor”, continuou.
Em agosto, o setor manteve a recuperação em relação ao volume de exportações, registrando 38,2 mil unidades vendidas (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus), ante 39 mil em julho. Leite explicou que o resultado se deve ao fato de agosto ter tido um dia útil a menos, o que impactou nas vendas. No mesmo mês do ano passado, o resultado ficou em 34,5 mil unidades.
Ele também destacou que, apesar da retração das exportações, em razão da diminuição do mercado interno de alguns países, os embarques em agosto tiveram o segundo maior volume do ano. O resultado se deve ao fato de que a Argentina, Chile, Colômbia e México registraram crescimento em seus respectivos mercados. Porém, no acumulado do ano, a queda nas vendas externas é de 17,9%.
Os números ainda mostram que foram importadas 41 mil unidades em agosto. A participação acumulada no ano dos veículos importados continua elevada, representando 17,2% do mercado interno. Essa participação é impulsionada sobretudo por produtos de origem chinesa, especialmente veículos elétricos.
A estimativa da associação é que há no país um estoque de cerca de 81 mil unidades chinesas. Na avaliação, da Anfavea, o crescimento do estoque começou a ocorrer após o governo anunciar, em novembro do ano passado, o retorno progressivo do Imposto de Importação de veículos elétricos, híbridos e híbridos plug-in comprados fora do país. A decisão estabelece uma retomada gradual das alíquotas até 35% em 2026 e cria cotas iniciais para importações com isenção até 2026.
Dados da Anfavea mostram que, em dezembro do ano passado, após o anúncio da retomada da tributação, o estoque era de em torno de 13,2 mil unidades. Em abril, já estava em 24 mil, unidades, chegando ao pico de 86,2 mil unidades em junho, enquanto a média de emplacamento ficou em 9,4 mil unidades no período.
“Está se criando um volume muito grande de estoque para se beneficiar dessa alíquota reduzida. É um excesso de produção na China, em razão do arrefecimento do mercado local. A China tem uma capacidade instalada de produção de 50 milhões [de veículos] e está produzindo 30 milhões. Essa demanda caiu e esse estoque tem vindo para o Brasil principalmente se beneficiando da alíquota mais baixa de imposto”, opinou Leite.
O presidente da Anfavea disse que o volume de estoque representa um desequilíbrio no mercado, já que o estoque total de veículos produzidos no Brasil (nas fábricas e concessionárias) fechou agosto em 268,9 mil unidades. A entidade defende a retomada da alíquota máxima do imposto, que atualmente gira entre 18% e 22% dependendo do tipo de eletrificação do veículo.
“Nós defendemos a recomposição imediata da alíquota, porque esse volume de importação começa a ser muito danoso para a nossa indústria, tanto no volume e estoque que vão ser colocados no mercado e não sabemos em quais condições ele vai ser colocado no mercado”, disse Leite, que informou que vai pedir esta semana à Câmara de Comércio Exterior (Camex) a retomada imediata da alíquota máxima do Imposto de Importação.
Estudo COP30
Durante a coletiva, a Anfavea apresentou um estudo intitulado Avançando nos Caminhos da Descarbonização Automotiva no Brasil, com propostas para reduzir as emissões de CO² do setor automotivo no país, que deve ser apresentado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), a ser realizada este ano no Azerbaijão, e na COP30, que será ano que vem em Belém.
Atualmente, o setor automotivo emite 242 milhões de toneladas de CO² por ano, o que representa cerca de 13% das emissões totais do Brasil. Segundo a Anfavea, se o ritmo atual de crescimento for mantido, as emissões poderão atingir 256 milhões de toneladas em 2040.
Para reverter esse quadro a entidade defende a intensificação do uso das novas tecnologias de propulsão desenvolvidas pelos fabricantes de veículos nacionais, combinadas com a maior utilização de biocombustíveis. A estimativa é que o uso combinado dessas tecnologias pode resultar em uma redução de até 280 milhões de toneladas de CO² ate 2040.
“É uma oportunidade de aproveitar novas tecnologias de propulsão e a aplicação de biocombustíveis como vetores para a descarbonização do setor automotivo”, pontuou Leite.
Exame - SP 06/09/2024
Ao andar pelas ruas de Pequim, na China, é possível identificar rapidamente carros elétricos e híbridos pela cor das placas — verde. Pela onda chinesa de carros no Brasil, seria de esperar que eles representassem a maioria dos veículos em circulação, mas não é o que se vê. Claro que esses modelos apresentam volume significativo, mas a revolução anunciada há alguns anos, sobre a transição de automóveis a combustão para elétricos, parece estar mais distante do que o esperado.
A cena é a mesma na Califórnia, nos Estados Unidos, em Montreal, no Canadá, e em capitais europeias. Mesmo que as vendas globais de carros elétricos e híbridos tenham sido recordes — 1,35 milhão de unidades no primeiro semestre de 2024 — o ritmo de crescimento diminuiu em comparação ao ano passado. Em 2023, o salto foi de 35%, enquanto nos primeiros seis meses deste ano foi de 22%.
Diversos fatores são apontados por especialistas para explicar essa desaceleração, mas dois são considerados principais: o preço dos carros, que ainda é mais alto do que o dos veículos a combustão, e a falta de infraestrutura de carregamento. A Associação dos Fabricantes Europeus de Automóveis avalia que a União Europeia precisa instalar quase oito vezes mais pontos de recarga do que o que foi instalado em 2023 para atender à demanda.
Há alguns anos, havia um sentimento de que a transição da mobilidade seria direta para o elétrico, mas os híbridos estão ganhando cada vez mais espaço.
"A Europa continua a ver as entregas de elétricos estagnarem após o crescimento excepcional de 2020 e 2021. Enquanto o mercado geral de novos veículos leves continua a se recuperar, crescendo 5,2% no primeiro semestre, as vendas de elétricos aumentaram apenas 1%. Isso ocorre após muitos países europeus reduzirem ou removerem subsídios de compra", explica Roland Irle, fundador da EV-volumes, que analisa o mercado de carros elétricos e híbridos.
O especialista ainda detalha que os mercados mais significativos em termos de volumes e crescimento foram Brasil, Índia, Tailândia, Turquia, México, Indonésia, Taiwan e Malásia. No entanto, dois dos maiores mercados deste grupo, Japão e Coreia do Sul, parecem estar indo para o reverso, como reflexo dessa mudança de ânimo dos compradores pelo elétrico.
Montadoras mudam de rota
Na última quarta-feira, 7, a Volvo anunciou que abandonou a meta ambiciosa de vender apenas carros elétricos até 2030. Jim Rowan, presidente executivo da Volvo, culpou as mudanças nas condições de mercado e as preocupações dos consumidores com a falta de infraestrutura de carregamento pela meta revisada.
"Estaremos prontos para nos tornarmos totalmente elétricos nesta década, mas, se o mercado, a infraestrutura e a aceitação dos clientes não estiverem prontos, podemos permitir que isso leve mais alguns anos", disse.
Esse movimento não é isolado. Há algumas semanas, a Ford cancelou o projeto para desenvolver SUVs elétricos devido à baixa demanda. “Esses veículos precisam ser lucrativos e, se não forem lucrativos com base em onde o cliente e o mercado estão, nós iremos tomar essas decisões difíceis”, disse o diretor financeiro John Lawler.
Aposta no híbrido
Aqui no Brasil, algumas montadoras chinesas tinham a intenção, em um primeiro momento, de produzir veículos 100% elétricos, mas já avaliam novos rumos. A GWM está finalizando a adaptação de uma planta na cidade de Iracemápolis, no interior de São Paulo, para começar a produzir o Haval H6, seu híbrido de maior sucesso. Nesse segmento, a montadora chinesa ocupa a terceira colocação entre as que mais vendem no país.
Até o fim do ano, a BMW deve começar a produzir na planta de Santa Catarina o primeiro híbrido plug-in da marca em território nacional. Havia uma expectativa de que a montadora alemã começasse a fabricar carros puramente elétricos no Brasil, seguindo sua meta global, mas isso não ocorreu.
O gigante da indústria automobilística Stellantis (dona de marcas como Fiat, Peugeot, Ram, Citroën e Jeep) vai investir um total de R$ 30 bilhões na América do Sul entre 2025 e 2030 para modernizar e atualizar suas fábricas na região, focando principalmente em híbridos.
A companhia está correndo para ser a primeira a produzir no Brasil um carro híbrido flex plug-in. "Não estamos vendo interesse dos consumidores [pelo puramente elétrico] no curto prazo", diz Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis América do Sul.
Legislação e incentivos
Pressionados para controlar as emissões de CO2, países têm estabelecido metas para incentivar o desenvolvimento de alternativas aos carros a combustão. Por outro lado, na Europa, a Alemanha suspendeu incentivos fiscais para a produção de carros elétricos, o que impactou as montadoras do país. Ao mesmo tempo, abriu-se espaço para uma maior presença de montadoras chinesas, que dominam a tecnologia de eletrificação. Isso levou a Volkswagen a considerar o fechamento de fábricas no país pela primeira vez em 87 anos.
No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou o programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que cria incentivos para a fabricação de veículos menos poluentes. O programa prevê R$ 19,3 bilhões em incentivos, ao longo de cinco anos, e redução de impostos para pesquisas e desenvolvimento de tecnologias e produção de veículos que emitam menos gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global e pelas mudanças climáticas.
Várias montadoras já aderiram ao programa e estão usufruindo dos incentivos, com foco maior em híbridos, e não em puramente elétricos. Há alguns anos, o mercado acreditava que os elétricos seriam o futuro imediato da mobilidade. No entanto, a realidade mostrou que o híbrido é um passo necessário antes dessa transição.
Infomoney - SP 06/09/2024
A BMW planeja começar a vender veículos movidos a hidrogênio em quatro anos, em uma tentativa de estabelecer a tecnologia como uma alternativa aos carros elétricos a bateria.
A fabricante alemã de automóveis de luxo desenvolverá uma nova geração de sistemas de propulsão a célula de combustível em parceria com a Toyota, conforme anunciado nesta quinta-feira (5). A produção em série começará em 2028, com uma variante a hidrogênio de um modelo existente da BMW disponível nesse ano.
Embora a BMW tenha perseguido a tecnologia por anos, os carros com célula de combustível estão enfrentando dificuldades para decolar devido aos altos custos e à falta de infraestrutura de abastecimento. Além disso, há muito pouca escolha, com o Mirai da Toyota e o Nexo da Hyundai entre os poucos modelos disponíveis. As vendas globais de carros a hidrogênio caíram para apenas 9.000 unidades no ano passado, segundo a BloombergNEF.
Os defensores das células de combustível apontam para longas autonomias de condução e argumentam que a tecnologia pode se mostrar eficaz em regiões onde a infraestrutura de carregamento de baterias não é forte o suficiente para suportar uma transição para veículos elétricos. Elas queimam hidrogênio para produzir eletricidade e emitem apenas água.
A BMW e a Toyota planejam fabricar juntas sistemas de propulsão a hidrogênio para uso em modelos de ambas as montadoras. Elas esperam que o desenvolvimento conjunto e a aquisição de peças ajudem a reduzir os custos e tornem a tecnologia mais competitiva. A BMW se recusou a comentar sobre os preços de seus futuros carros a hidrogênio.
A BMW opera uma pequena frota de testes de utilitários esportivos iX5 movidos a hidrogênio desde 2023. O CEO Oliver Zipse já afirmou anteriormente que os motores a hidrogênio podem ser uma opção para a linha de veículos elétricos “Neue Klasse” da BMW, que será lançada no próximo ano.
“Estamos convencidos de que o hidrogênio desempenhará um papel mais importante no futuro”, disse Michael Rath, que lidera o programa de veículos a hidrogênio da BMW, a repórteres durante uma chamada na quinta-feira.
Revista Ferroviaria - RJ 06/09/2024
A pandemia, como todos sabem, afetou duramente o transporte urbano de passageiros. Outras atividades econômicas passaram pela pandemia com sofrimento, é verdade, mas com capacidade de ajustar a oferta de serviços e bens de acordo com a demanda fortemente reduzida daquele período. Por outro lado, o transporte urbano de passageiros não pode valer-se dessa faculdade. A oferta de serviços, salvo ajustes pontuais, manteve-se em níveis muito acima da demanda de passageiros, que caiu em média 75%, justamente para assegurar o funcionamento das cidades e de outras atividades consideradas essenciais.
Os sistemas de transporte, na imensa maioria das cidades, sobreviveram por conta dos aportes públicos para cobrir a insuficiência de recursos para o pagamento da produção dos serviços. A redução da arrecadação tarifária obrigou entrar em cena o subsídio público.
Algumas cidades que não puderam ou não quiseram subsidiar assistiram ao colapso dos operadores de transporte ou a uma degradação completa da saúde financeira, refletida diretamente na capacidade operacional em prosseguir a prestação dos serviços.
No Brasil, o caso mais emblemático é o sistema ferroviário de transporte de passageiros, operado por uma concessionária privada, a conhecida Supervia.
A malha ferroviária urbana do Rio de Janeiro atende 12 dos 22 municípios da segunda maior Região Metropolitana do Brasil e é herdeira das primeiras linhas férreas implantadas por aqui. Surgiu em 1852, quando o visionário Barão de Mauá lançou a pedra fundamental no Porto de Magé. Depois veio a Estrada de Ferro D. Pedro II (Central do Brasil, na República) até chegar à CBTU, na segunda metade do século XX. Atualmente opera 270 quilômetros de vias férreas, em cinco linhas e 104 estações.
Vítima do abandono das ferrovias brasileiras – um dos grandes crimes cometidos por nós contra o nosso próprio país – a malha ferroviária foi estadualizada e privatizada em 1998, quando a qualidade operacional era péssima e a demanda de usuário já tinha caído de impressionantes um milhão por dia para algo em torno de trezentos mil. Ao longo da concessão, a demanda foi lentamente crescendo, como resposta aos investimentos que foram sendo realizados.
A partir da privatização, um sopro de esperança chegou com investimentos públicos e privados. Novos trens com qualidade comparável aos melhores sistemas do mundo, melhorias na infraestrutura das vias, modernização da sinalização e do sistema de energia, levaram a demanda a voltar a crescer.
Contudo, em um passado recente, todos esses investimentos começaram a se perder. Ao que parece um abandono pelo Poder Concedente somada a uma disputa jurídica com a Concessionária e, talvez, uma falta de intimidade desta com a cultura e as peculiaridades locais, ameaçam, como nunca, a existência desse imenso patrimônio do povo brasileiro.
Nos últimos dois anos assistimos uma deterioração aguda das condições operacionais: as questões de segurança pública são tão graves que algumas estações sequer são controladas pela concessionária. Tiros nas composições em trânsito, furtos de ativos essenciais para a segurança operacional, domínio de trechos das vias por organizações criminosas, mostram o abandono pelo Poder Concedente da execução das suas mínimas tarefas. Recuperação judicial da concessionária, ameaça de falência e consequente perda da capacidade de seguir operando, também ocupam as manchetes dos matutinos cariocas. Essa mesma estrutura ferroviária, que já transportou mais de um milhão de passageiros por dia, hoje não chega a trezentos mil passageiros por dia.
Não tenho a menor condição e nem pretensão de apontar culpados, responsabilidades ou indicar a receita para a solução dessa crise. Mas não posso deixar de registrar, nesse espaço, a indignação e tristeza em assistir o colapso de uma fundamental infraestrutura de mobilidade. Penso que ainda há tempo para salvar, mais uma vez, a malha ferroviária do Rio de Janeiro.
É preciso vontade política, liderança, competência técnica e, fundamentalmente, compromisso com o patrimônio público. Uma força-tarefa deveria ser criada com a tarefa específica de recuperar a ferrovia. Recentemente, a Prefeitura do Rio, em período muito curto de tempo, recuperou integralmente o sistema de BRT, completamente degradado até o começo de 2020. Está provado, pois, que é possível.
Tal como Fênix, a ferrovia fluminense já renasceu das cinzas, em 1998. Oxalá encontre forças para novamente se revigorar, voltando a ser uma solução de mobilidade urbana sustentável, segura e eficiente para milhares de cidadãos brasileiros do Rio de Janeiro.
Portal Fator Brasil - RJ 06/09/2024
O setor portuário tem sido um dos grandes responsáveis pelo “custo Brasil”. No entanto, o crescimento acelerado do comércio exterior do Brasil, especialmente em segmentos como agronegócio, mineração e combustíveis, vem modificando esse cenário. Isso porque faz antever um aumento de demanda pela reforma e ampliação da infraestrutura portuária em todo o país.
Não por acaso, o mercado vem registrando um aumento da procura de grupos de investidores estrangeiros, de olho em bons negócios e com interesse em adquirir ou se associar a operadores portuários brasileiros.
O mercado espera uma nova onda de fusões e aquisições no setor portuário. Operações anunciadas somam ao menos R$ 7 bilhões em investimentos, considerando apenas a participação dos controladores nas empresas de capital aberto à venda, em diversas regiões do país. Esse processo de consolidação é fundamental para otimizar operações, reduzir custos, fortalecer o setor e reduzir o “custo Brasil”.
É importante destacar que o programa de concessões e privatizações do governo brasileiro tem acelerado as fusões e aquisições no setor. Empresas privadas estão adquirindo concessões de terminais portuários e participando de licitações para operar infraestruturas portuárias, o que estimula um ambiente competitivo e atrai capital, tanto nacional quanto estrangeiro.
O setor portuário movimentou 1,3 bilhão de toneladas em 2023, maior volume registrado na série histórica, representando um crescimento de 6,9% em relação ao ano anterior, de acordo com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Na avaliação da Agência o crescimento será de 2,3% neste ano, alcançando 1,313 bilhão de toneladas.
Para atender o aumento da movimentação de cargas, os investimentos serão, em 2024, de cerca de R$ 7,9 bilhões em novos arrendamentos e de R$ 6 bilhões em TUPs (terminais de uso privado). Até 2026, serão mais de R$ 75 bilhões em todas as frentes, segundo a Antaq.
Nessa esteira, operadores portuários e grupos de infraestrutura buscam diversificar seus portfólios, adquirindo ativos que complementem as operações principais. Isso inclui a compra de terminais especializados em diferentes tipos de carga, como combustíveis, grãos, contêineres, ou até mesmo a expansão para áreas, como logística e transporte multimodal.
Cabe destacar que essas operações têm o potencial de gerar significativos impactos econômicos, tanto em termos de aumento de investimentos quanto na geração de empregos e desenvolvimento regional. A entrada de novos players no mercado deverá trazer inovações e melhorias na infraestrutura portuária brasileira.
Um exemplo de desenvolvimento da infraestrutura regional são os portos de Paranaguá e Antonina, ambos no Paraná, que estão entre os melhores do Brasil em relação a eficiência operacional, estrutura organizacional, índices financeiros e transparência administrativa. Vale destacar que o Estado do Paraná, com o trabalho realizado nos últimos anos, passou a ser conhecido como a “Arábia Saudita do biogás”. Isso porque os paranaenses estão criando um “ecossistema” de incentivo a essa energia limpa, com isenção de impostos sobre a compra de insumos e investimentos para a construção de gasodutos ligando propriedades e a criação de linhas especiais de crédito.
O Paraná terá, por exemplo, o primeiro terminal de liquefação de biometano (conhecido como Bio-GNL) das Américas. O porto de Paranaguá será pioneiro na liquefação, armazenamento e exportação do produto. Um esforço conjunto entre o Governo do Estado do Paraná, a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina e a empresa Liquipar Operações Portuárias S.A tornou possível um projeto estruturante, que será um divisor de águas no país para o desenvolvimento da chamada “pauta verde” no setor de combustíveis.
Com a continuidade prevista do crescimento comércio exterior brasileiro, a tendência é que o mercado siga atraindo capitais, a partir das demandas de novas e mais modernas instalações portuárias, especialmente em um cenário de maior privatização e abertura ao capital estrangeiro. A modernização dos portos e a expansão de terminais especializados continuarão a ser áreas de foco para investidores. E os negócios do setor serão, cada vez mais, impulsionados por uma combinação de interesse internacional, programas de concessões e a necessidade de modernização e aumento de capacidade. Melhores tempos à vista!
• Por: Cleiton Santos Santana, Fundador Cotista do Grupo BSO – Brazil Special Opportunities, com mais de 20 anos de experiência nos setores de Energia, Commodities e Financeiro.
Valor - SP 06/09/2024
Membros decidiram manter as restrições em vigor até depois da próxima reunião marcada em Viena no dia 1º de dezembro
Os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) adiaram o plano de aumentar a produção do petróleo em outubro por pelo menos dois meses, após a demanda mais fraca do que o esperado levar os preços para perto dos níveis mais baixos deste ano, informaram duas fontes, segundo o “Financial Times” (FT).
Embora o grupo ainda não tenha feito um anúncio oficial, as fontes da Opep disseram que os membros decidiram manter os cortes voluntários na produção em vigor até depois da próxima reunião marcada em Viena no dia 1º de dezembro. Um anúncio é esperado em breve, acrescentaram.
Os aumentos planejados teriam elevado a produção do grupo em 180 mil barris por dia em outubro, como parte dos planos para um retorno gradual dos 2,2 milhões de barris cortados por alguns membros ao longo dos próximos 12 meses.
O grupo, liderado pela Arábia Saudita e pela Rússia, tem repetidamente reduzido a produção de petróleo nos últimos anos na tentativa de apoiar os preços. Eles anunciaram o plano de retomar a produção após sua última reunião em junho, mesmo enquanto concordaram em estender outros cortes de produção até o final de 2025.
Petro Notícias - SP 06/09/2024
Um novo passo para concretizar o novo leilão da Oferta Permanente de Partilha da Produção (OPP), em que serão ofertados 14 blocos localizados no polígono do pré-sal. As minutas de edital e dos contratos da licitação recebeu hoje (5) o aval da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Os documentos serão submetidos à aprovação do Ministério de Minas e Energia (MME) e, em seguida, passarão por consulta e audiência públicas.
A Petrobrás manifestou, ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), o interesse no direito de preferência em blocos a serem licitados no Sistema de Oferta Permanente, sob o regime de partilha de produção. A empresa exerceu o direito de preferência em relação ao bloco de Jaspe, com percentual de 40%, considerando os parâmetros divulgados na Resolução do CNPE nº 06/2024.
Veja a seguir as principais mudanças realizadas no edital:
– Adequações decorrentes da alteração das diretrizes de conteúdo local dispostas na Resolução CNPE nº 11/2023;
– Adequações decorrentes da publicação da Resolução ANP nº 969/2024, que regulamenta as licitações para a outorga do exercício das atividades de exploração, reabilitação e produção de petróleo e gás natural sob os regimes de concessão e de partilha de produção;
– Atualização dos modelos de seguro garantia decorrentes da Consulta e Audiência Públicas nº 01/2024;
– Mudança na sistemática de cumprimento do programa exploratório mínimo (PEM), que deixou de exigir a perfuração de poço exploratório, passando a prever, adicionalmente, a possibilidade de execução de atividades de sísmica 3D e reprocessamento sísmico 3D;
– Exclusão do pagamento de taxa de participação e da amostra de dados;
– Possibilidade de a licitante apresentar garantia de oferta sem declaração de interesse;
– Garantia de oferta em formato físico ou digital;
– Prazo do ciclo: mínimo de 120 dias e máximo de 180 dias;
– Inversão da etapa de qualificação, que passa a ocorrer após a sessão pública;
– Aprimoramentos no ‘Anexo VI – Procedimentos para Apuração do Custo e do Excedente em Óleo’ e no ‘Anexo IX – Regras do Consórcio’;
– Inclusão de dispositivos para incorporar novas práticas da indústria que visam reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Valor - SP 06/09/2024
A produção do Campo de Papa Terra estava estabilizada em torno de 15 mil barris de óleo equivalente por dia através de seis poços
A Brava Energia disse nesta quinta-feira (5) que interrompeu a produção no Campo de Papa Terra em função de requisição da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) de informações sobre os sistemas operacionais da plataforma.
A companhia, surgida da fusão entre 3R Petroleum e Enauta, afirma em comunicado que a produção no campo havia voltado há menos de uma semana, após período de parada programada para manutenção iniciada em maio.
Desde a retomada da operação, a produção do Campo de Papa Terra estava estabilizada em torno de 15 mil barris de óleo equivalente por dia através de seis poços, afirma a empresa.
“A companhia manterá o mercado e investidores em geral informado sobre a previsão de retorno das operações”, completa a Brava Energia.
Valor - SP 06/09/2024
É o maior número de áreas na fase de exploração com contratos assinados desde a criação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, em 1998
O Brasil encerrou agosto com 426 blocos sob contratos em fase de exploração, aumentando em cerca de 70% o total de 251 blocos verificados em 2023, patamar que prosseguiu estável até maio deste ano, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). É o maior número desde a criação da agência, em 1998. Do total, 282 (ou 66,2%) são contratos referentes a blocos terrestres e 144 (33,8%), a blocos marítimos.
Segundo a ANP, a evolução se deu por causa da assinatura da maioria dos contratos relativos ao 4º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão, cujo leilão ocorreu em dezembro. Até o fim do mês passado, 177 contratos de concessão de áreas foram assinados.
A bacia terrestre ("onshore") Potiguar é a que possui maior número de contratos de blocos assinados que estão na fase de exploração, com 151 áreas. No lado marítimo ("offshore"), a Bacia de Pelotas é a que possui o maior número de blocos, com 41 contratos.
Dessa forma, a previsão de R$ 18,3 bilhões em investimentos para a fase de exploração até 2027 será revista para cima, considerando as campanhas exploratórias que serão realizadas nas áreas relativas aos novos contratos.
"O cenário reforça a importância da continuidade das ofertas de áreas no regime de concessão e o impacto significativo das atividades reguladas pela ANP na economia do país", afirmou a ANP, em comunicado.
A fase de exploração é aquela em que as petroleiras realizam estudos para detectar a presença de petróleo e gás natural nas respectivas áreas, de modo que o volume descoberto seja comercialmente viável para as companhias. Nesta fase, são contratados estudos sísmicos e geofísicos, atividades prévias à etapa de perfuração de poços, mais cara.
Revista Manutenção e Tecnologia - SP 06/09/2024
Por uma margem pequena de 1,41%, a 47ª edição da Expointer, tradicional feira do agronegócio no Rio Grande do Sul, superou o total de vendas registrado no ano anterior.
Em 2023, a edição da feira havia batido um recorde. Agora, repetiu o feito chegando ao montante de R$ 8,1 bilhões comercializados em nove dias.
O setor de máquinas e implementos agrícolas, sempre responsável pela maior parte das vendas, chegou a R$ 7,39 bilhões em intenções de negócio, meio porcento a mais do que no ano anterior.
As informações foram apresentadas pelo governo do estado e entidades copromotoras da feira durante o encerramento realizado no dia 1º de setembro.
“Temos dois setores que puxaram as vendas, o pessoal do arroz e o pessoal da linha amarela, reconstrução de estradas, casas. No ano passado, ainda era soja e milho. Mesmo sendo um otimista, eu não esperava. O setor não vinha vendendo bem, talvez o comprador estivesse guardando sua energia e sua verba para esperar lançamentos, o que sempre acontece na Expointer”, diz Claudio Bier, presidente do Simers (Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul)
Em torno de 65% das máquinas agrícolas fabricadas no Brasil vêm de parques fabris do Rio Grande do Sul. É o que afirma Bier, que também preside a Fiergs (Federação das Indústrias do RS).
Os produtores de arroz atravessaram anos de crise e vem agora de boa produção e melhora no preço do produto, o que pode ter impulsionado as vendas para o setor. Enquanto os de soja, muitos impactados pelos prejuízos da catástrofe climática de maio e na sequência de estiagens, diminuíram o ritmo.
“O arroz é um produto que está com um bom preço de comercialização. Então, como o preço da soja está baixo, há pessoas dentro do estado migrando da soja para o arroz, em regiões de várzea, onde é possível plantar arroz. Já houve períodos em que o contrário ocorreu”, diz Diego Sousa, gerente comercial da Agrimec Implementos Agrícola.
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