Exame - SP 06/02/2025
A Gerdau, produtora brasileira de aço, e a Randoncorp, multinacional do setor de mobilidade, anunciaram uma parceria para otimizar a reciclagem de sucata metálica. O acordo prevê que os resíduos gerados nas operações da Randoncorp sejam encaminhados diretamente à unidade de aços especiais da Gerdau em Charqueadas, no Rio Grande do Sul, em vez de serem vendidos em leilões periódicos.
Com a nova estrutura, a Randoncorp passa a reciclar 10 mil toneladas de sucata anualmente, o equivalente a um terço do volume gerado em suas unidades no Brasil. O restante, cerca de 20 mil toneladas, já é reaproveitado internamente nas fundições da companhia. Além da sucata metálica, a parceria inclui a destinação de outros resíduos industriais, buscando reduzir descartes em aterros e aumentar a eficiência do processo produtivo.
Para as empresas, a estratégia representa um avanço na gestão de resíduos e da redução do impacto ambiental na siderurgia brasileira. As companhias afirmam que o fluxo de coleta e transporte do material será monitorado para garantir sua reciclagem total, e a operação será conduzida por equipes especializadas seguindo as normas ambientais e de segurança.
Circularidade na indústria brasileira
Segundo Denis Gomes, líder de metálicos da Gerdau, a estratégia ajuda no posicionamento da companhia em meio ao crescimento da demanda por aço de baixa pegada de carbono. "A colaboração entre as empresas será um motor para acelerar a prática da economia circular, indo além da reciclagem e buscando promover a conscientização", afirma.
O líder de ESG da Randoncorp, Marcos Baptistucci, conta que a parceria deve reduzir o uso de materiais e aumentar a vida útil dos produtos. "A Randoncorp sempre direcionou esforços para o crescimento sustentável do planeta, das pessoas e dos negócios. Estamos sempre preocupados em aliar ações de redução da pegada de carbono, mas sobretudo, na descarbonização do ecossistema", disse.
Mobilidade para o futuro e transição energética no Brasil são tema em Davos
A reciclagem da sucata metálica já faz parte da estratégia de sustentabilidade da Gerdau, que tem uma das menores médias de emissão de gases de efeito estufa do setor: 0,91 tonelada de CO2 equivalente por tonelada de aço produzida, quase a metade da média global, de 1,91 tonelada, segundo a World Steel Association. A empresa projeta reduzir esse índice para 0,82 tonelada até 2031.
Desde o início da operação, ajustes logísticos permitiram reduzir em 20% o número de coletas diárias, diminuindo as emissões associadas ao transporte. No longo prazo, a expectativa é que o modelo contribua para ampliar a reutilização de materiais na cadeia do aço.
Além da nova parceria na reciclagem, Gerdau e Randoncorp já atuam juntas na Addiante, uma joint venture de locação de veículos pesados e equipamentos.
Grandes Construções - SP 06/02/2025
O forte crescimento do ramo da construção civil vem levando outro setor, o de cabos de aço, também a se expandir. Isso porque o cabo de aço é um equipamento indispensável na ancoragem de estruturas, movimentação de cargas pesadas e segurança dos trabalhadores nas obras.
Produto de alta resistência, durabilidade e versatilidade, ele tem ampla gama de aplicações como em guinchos, guindastes, sistemas de elevação, estruturas de fachada, pontes suspensas, cadeiras de pintura e andaimes, entre outros.
Os cabos de aço acompanham, pois, o avanço da construção civil brasileira que progrediu 3,5% no segundo trimestre de 2024.
Expansão esta que se sobressai diante do crescimento geral de 1,4% da economia brasileira no mesmo período, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estes números levaram a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) a revisar suas previsões para o PIB do setor, inflando sua projeção de crescimento de 2,3% para 3,0% neste ano.
A movimentação da indústria da construção foi estimulada pela retomada do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), pela expansão geral do setor imobiliário, a redução na taxa de juros e o lançamento de crédito imobiliário federal, além da decorrente ampliação do mercado de trabalho, impulsionando também a indústria de cabos de aço que precisou se adequar para atender o aumento de demanda.
Por um lado, houve, na construção civil, a criação de 200.182 novas vagas com carteira assinada entre janeiro e julho de 2024, segundo a CBIC, o que significa um aumento de 2,86% sobre o ano anterior. Mais mão de obra tende a ocasionar um maior emprego de cabos de aço para a garantia dos trabalhadores como em telas e redes de proteção e cabos de segurança.
Por outro lado, o mercado imobiliário reagiu positivamente à reativação do Programa Minha Casa, Minha Vida, crescendo 65,9% nos lançamentos e 37,4% nas vendas.
E, neste sentido, houve também um aumento de 41,09% em relação a 2023 no número de unidades financiadas pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Além disso, ocorreu uma elevação de 5,75% nos lançamentos de imóveis novos em geral e de 15,2% nas vendas no primeiro semestre de 2024, o que proporcionou uma queda de 11,5% no estoque de imóveis disponíveis por conta da crescente procura. Tudo isso se traduzindo em mais canteiro de obras e numa decorrente maior utilização dos cabos de aço.
A redução da taxa de juros igualmente contribuiu com a rentabilidade do setor de construção civil (e, por derivação, do de cabos de aço), cuja indústria passou a obter mais recursos para financiar novos projetos e o consumidor, a ter um crédito um pouco mais barato.
A Selic de outubro ficou em 10,75% ao ano, o que representa um retorno ao nível de março de 2022, revertendo uma tendência de forte alta que bateu em 13,75% em agosto de 2023, apesar de projeções preverem dois pequenos aumentos seguidos de 0,5 ponto percentual em novembro e dezembro.
Há ainda o Programa Acredita, lançado pelo governo federal em abril deste ano, que criou um mercado secundário de crédito imobiliário que potencializa esse segmento ao beneficiar sobretudo as famílias de classe média sem acesso aos programas habitacionais populares e aos juros caros de mercado.
Numa “operação casada”, todos estes aspectos propiciam a ampliação da indústria da construção civil que, por sua vez, puxa a expansão da indústria de cabos de aço, uma levando à outra. Pois, os cabos de aço são imprescindíveis nas obras, sem os quais, a construção civil não consegue avançar.
Globo Online - RJ 06/02/2025
Donald Trump já falou mais de uma vez das altas tarifas brasileiras, o que poderia ser justificativa para que a aplicasse, num futuro próximo, tarifas mais elevadas para a importação de produtos do Brasil, assim como ameaçou fazer com México, Canadá e China. Olhando o histórico do comércio entre dois países, nos últimos 20 anos, nada indica que as tarifas brasileiras tenham sido entrave para entrada de produtos americanos. Desde 2009, a balança é deficitária para o lado brasileiro. No acumulado de 2004 a 2024, o Brasil tem um saldo negativo de US$ 52,73 bilhões em relação aos Estados Unidos, nosso segundo maior parceiro comercial. No mesmo período, o Brasil registra um superávit de US$ 315,21 bilhões com a China, o que indica o quanto pode vir a ser complicado se por aqui a pressão tarifa de Trump buscar do governo um posicionamento anti-China, pondera Lia Valls, pesquisadora associada do FGV Ibre e professora da Uerj.
-É complicado falar, pois o critério de Trump não só a questão comercial, como ficou claro no acordo firmado para suspensão da elevação de tarifas com Canadá e México. Para o Brasil, com quem tem uma relação deficitária, pode haver uma atuação pontual em setores nos quais há um forte lobby, como o da siderurgia, o de carnes, que recentemente se queixou de concorrência desleal dos fabricantes brasileiros. Há o risco até de ressuscitar a polêmica com os estados produtores de laranja que mantinham uma pressão contra a entrada do suco brasileiro. O petróleo, principal produto da exportação brasileira para os EUA, deve ter tratamento diferenciado, assim como aconteceu no projeto de elevação de tarifas relativas ao Canadá.
Se o interesse de elevação de tarifas pode ser pontual, a ameaça pode ser de um "tarifaço" geral, dentro da política transacional trumpista que eleva o tom para barganhar e obter o melhor acordo, diz Lia.
-Essa política pode se tornar, no entanto, um tiro no pé, levando seus principais parceiros, como México e Canadá, por exemplo, a buscar ampliar acordos comerciais com a União Europeia. Os aliados podem entender que diversificar é a melhor opção, afinal a política tarifária de Trump tem sido errática até aqui e, diante de tanta incerteza, a tendência é de paralisação dos negócios.
O fato é que o presidente americano tem se colocado contra todas as regras internacionais e não só na economia. A decisão de aplicação unilateral de tarifas fere os dois primeiros artigos da "constituição" da Organização Mundial do Comércio, que é o acordo geral de tarifas e comércio, o chamado Gatt. Diante dessa realidade, o Brasil tem que ser pragmático, como disse Roberto Azevedo, ex-presidente da OMC.
Diversificar a pauta e os mercados de exportação são uma recomendação geral, mas que não é rápida nem simples de ser implementada, ressalta a professora da Uerj. Tendo a China como principal parceiro comercial, o Brasil deve evitar acirrar os ânimos de Trump, a expressão de ordem para a especialista é "jogo de cintura".
-A diplomacia vem atuando nesse sentido. Não à toa, o embaixador Mauro Vieira já deu entrevista falando que não há projeto de criação de moeda dos Brics. No embate do Canal do Panamá a questão é a China. Aqui, apesar do estoque de investimentos americano ser maior do que o chinês, a política protecionista retira os incentivos para que empresas americanas coloquem dinheiro fora do país. O que pode tornar o investimento chinês mais importante e provocar retaliação americana, se essa entrada de recurso for em áreas como a exploração de minerais estratégicos. O fato é que a incerteza instalada por Trump dificulta, trava o comércio exterior. Se não se sabe o que vai acontecer, a primeira reação é suspender os negócios. Nesse contexto, o Brasil precisa esperar para entender o que vai acontecer.
Até aqui, não se sabe quais são de fato as intenções de Trump com as tarifas. Os termos do acordo negociado com Canadá e México para suspensão do tarifaço não guarda qualquer relação com a balança comercial, reforçando a estratégia de ameaçar, barganhar, fazer acordo e cantar vitória, usada por Trump desde o primeiro governo. Até porque, o presidente americano sabe que, se aplicar a elevação de tarifas tal qual anunciou, o principal impacto será sentido na economia americana, com aumento da inflação, o que vai bater no bolso do cidadão.
Nessas duas primeiras semanas à frente da presidência dos Estados Unidos, Trump tem se comportado como o dono do mundo. E ainda faltam 217 semanas até o fim do seu mandato
O Estado de S.Paulo - SP 06/02/2025
Na ata da mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central (BC) enviou um recado taxativo ao governo que poderia ser resumido em uma frase: sozinho, o BC não terá como controlar a inflação. E deixou claro que o que mais tem dificultado sua tarefa são fatores internos, como o ritmo intenso de crescimento da demanda, em particular o consumo das famílias, estimulado por concessão de crédito, política fiscal expansionista e mercado de trabalho aquecido.
Enquanto o presidente Lula da Silva, em negociação com os bancos, busca fórmulas para incrementar ainda mais o crédito incentivando empréstimos consignados, o Copom adverte para os riscos de uma economia sobreaquecida e antecipa a possibilidade de descumprimento da meta de inflação em junho, “sob a nova sistemática do regime de metas”. Como se sabe, está em vigor o sistema de avaliação contínua e, caso o alvo (com seus intervalos de tolerância) não seja alcançado por seis meses consecutivos, as razões precisam ser explicitadas, assim como as medidas e o prazo para recolocar a inflação na meta.
A ata do Copom – em tom bem mais duro do que o do comunicado divulgado logo após a reunião de janeiro que elevou em 1 ponto porcentual a taxa básica de juros, para 13,25% ao ano – acentuou o descompasso entre as políticas fiscal e monetária que seguem divergentes, quando deveriam ser “harmoniosas”, com políticas “previsíveis, críveis e anticíclicas”. Sem rodeios, o documento enfatizou que “o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária”.
No trecho acima está um dos recados mais veementes passados pelo BC ao governo. Ou seja, sem uma política econômica que contribua para o controle inflacionário, por mais contracionista que seja, a política monetária será ineficaz para garantir o poder de compra do real. Ou a desinflação terá de ser feita a um custo muito alto para a atividade econômica.
Diante de mensagens tão fortes da primeira reunião comandada por Gabriel Galípolo como presidente do BC, soam impróprias as declarações de governistas que tentaram colocar integralmente na conta do antecessor, Roberto Campos Neto, a subida dos juros, incluindo o próprio Lula da Silva, que disse que seu escolhido não poderia “dar um cavalo de pau em um mar revolto de uma hora para outra”.
O Copom não deu pistas sobre orientações futuras para os juros além das duas altas de 1 ponto porcentual indicadas na reunião de dezembro, uma em janeiro e outra em março, o que elevará a Selic para 14,25%. Para a reunião de maio houve apenas a citação de que o aperto monetário dependerá da evolução da dinâmica da inflação. Mas o vigor da ata de janeiro torna difícil a Galípolo uma eventual mudança de rota em direção à queda de juros pretendida por Lula. Resta saber se continuará a contar com a complacência do chefe.
O Estado de S.Paulo - SP 06/02/2025
A indústria brasileira encerrou o ano passado com o pé no freio. A produção recuou 0,3% em dezembro ante novembro, o terceiro resultado negativo consecutivo. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal, divulgados nesta quarta-feira, 5, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Uma sequência de três quedas na produção não era vista desde 2021. Porém, a perda foi bem mais amena do que a queda mediana de 1,2% prevista por analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast. No quarto trimestre, a produção teve ligeiro recuo de 0,1% ante o trimestre imediatamente anterior. No ano de 2024, a indústria registrou uma expansão de 3,1%.
O resultado melhor que o esperado em dezembro fez o banco Santander Brasil aumentar sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre, de uma alta de 0,4% para 0,5%, informou o economista do banco Gabriel Couto.
“No geral, o resultado reforça o nosso cenário de desaceleração gradual da atividade econômica nos próximos meses, com contribuições positivas de segmentos não cíclicos, como a agricultura”, afirmou Couto.
O economista Pedro Crispim, da gestora de recursos da G5 Partners, considera que há cada vez mais indícios de uma eventual desaceleração da economia, mas concorda com a avaliação do Comitê de Política Monetária (Copom) de que é preciso cautela para firmar uma leitura categórica sobre o comportamento da atividade econômica.
Para ele, é preciso esperar um conjunto mais amplo de dados que ainda serão divulgados, sobretudo os referentes ao primeiro trimestre de 2025, para cravar a avaliação sobre o comportamento da atividade.
“O debate do Copom sobre a desaceleração econômica é uma preocupação legítima”, afirmou Crispim.
A perda de dinamismo da indústria na reta final de 2024 tem relação com a redução nos níveis de confiança das famílias e dos empresários, impactados pelo atual ciclo de aperto na política monetária, que tem elevado sucessivamente a taxa básica de juros, apontou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE. Há influência negativa também da desvalorização do real ante o dólar e da aceleração da inflação, especialmente a de alimentos, enumerou Macedo.
“Esse contexto ajuda a entender essa perda de intensidade que o setor industrial mostra nos últimos meses de 2024", justificou o pesquisador do IBGE.
Macedo pondera que o efeito da política monetária mais restritiva “não se dá de modo direto” e imediato sobre a cadeia produtiva, mas já afetou sim os níveis de confiança, além de influenciar as decisões de investimentos, de produção e de consumo.
Apesar do menor ritmo na produção dos últimos meses, o saldo final da produção em 2024 foi robusto, com crescimento considerável em relação a 2023, avaliou André Macedo. O desempenho anual foi o melhor desde 2021, quando houve uma recuperação do choque da pandemia de covid-19.
“Isso contrasta com essa leitura do final do ano de 2024, com essa perda de intensidade”, disse Macedo. “O ponto mais elevado da produção no ano de 2024 foi alcançado no mês de junho”, completou.
Emprego e consumo moveram a indústria em 2024
Macedo diz que o crescimento do setor industrial em 2024 foi impulsionado pelo aquecimento do mercado de trabalho, com redução no desemprego, maior número de pessoas trabalhando e aumento na massa de salários em circulação na economia. O cenário favorável levou a um aumento no consumo das famílias, beneficiado por medidas de estímulos fiscais, alta na renda e maior concessão de crédito.
“Ao longo do ano, a indústria consolidou um processo de recuperação, com a produção do setor tendo sido puxada, em maior medida, pelos setores produtores de bens de consumo duráveis e de bens de capital”, apontou a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
No entanto, a entidade espera que a tendência de acomodação observada ao fim de 2024 se intensifique ao longo de 2025, sob impacto do aperto monetário, menor impulso fiscal e ambiente externo mais desafiador.
“Diante do conjunto de informações disponíveis até o momento, a Fiesp espera que a produção industrial cresça 1,3% em 2025", projetou.
Quais foram os motores de crescimento
O crescimento na produção industrial em 2024 foi disseminado, com expansão nas quatro grandes categorias econômicas e em 20 dos 25 ramos industriais pesquisados. As principais influências positivas para a média total da indústria partiram de veículos automotores (12,5%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (14,7%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (12,2%), produtos alimentícios (1,5%) e produtos químicos (3,3%).
Entre as categorias de uso, os destaques foram os avanços em bens de consumo duráveis (10,6%) e bens de capital (9,1%), embora também tenham crescido os bens intermediários (2,5%) e os bens de consumo semiduráveis e não duráveis (2,4%).
Macedo explica que os bens de capital e os bens duráveis se beneficiaram da conjuntura econômica positiva ao longo de 2024, uma vez que a reversão desse cenário favorável ocorreu apenas nos últimos meses do ano. Além disso, ele ressalta que os bens de capital vinham ainda de uma base de comparação baixa, pois recuaram 11,7% em 2023.
“A base de comparação é um fator importante. É um crescimento que se dá sobre essa base de comparação muito depreciada”, ponderou.
Exame - SP 06/02/2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na última terça-feira, 4, que não tem pressa para falar com o presidente chinês, Xi Jinping, para tentar conter uma guerra comercial entre os dois países.
Depois que Trump impôs tarifas de 10% sobre as importações chinesas, a China, em retaliação, anunciou novas tarifas sobre alguns produtos americanos e uma investigação antitruste contra a Alphabet, controladora do Google.
As novas medidas incluem uma taxa de 15% sobre carvão e gás natural liquefeito (GNL) dos Estados Unidos e de 10% sobre petróleo bruto, equipamentos agrícolas e um pequeno número de caminhões, além de sedãs de grande porte exportados dos EUA para a China.
Ao ser questionado por repórteres na Casa Branca sobre as novas tarifas chinesas, Trump disse que estava “tudo bem”.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse a repórteres que Xi Jinping entrou em contato para falar sobre o assunto, mas que ainda era necessário agendar uma ligação entre os presidentes.
Liu Pengyu, porta-voz da embaixada chinesa em Washington, disse que a China espera que os EUA trabalhem em conjunto com Pequim para garantir relações estáveis, saudáveis e sustentáveis entre os dois países.
As tarifas mais contidas impostas pela China aos produtos americanos foram interpretadas por analistas políticos como um sinal de que Pequim está disposta a negociar para evitar uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
A consultoria britânica Capital Economics estima que as tarifas chinesas afetam cerca de US$ 20 bilhões em importações anuais; enquanto as tarifas de Trump impactam US$ 450 bilhões em bens importados chineses.
O Fundo Monetário Internacional afirmou que "é do interesse de todos encontrar maneiras construtivas de resolver divergências e viabilizar o comércio". No mês passado, o FMI alertou que um aumento nas políticas protecionistas poderia afetar investimentos e interromper cadeias globais de suprimentos.
As novas tarifas chinesas só entrarão em vigor na próxima segunda-feira, 10, o que dá tempo para que EUA e China busquem um acordo, assim como aconteceu com o México e com o Canadá.
Na segunda-feira, o presidente americano concordou em pausar por 30 dias as novas tarifas anunciadas contra os países vizinhos em troca de concessões sobre segurança nas fronteiras e combate ao crime.
Próximos alvos de Trump
No domingo, o presidente Trump sinalizou que a União Europeia seria seu próximo alvo de tarifas, mas não especificou quando deve anunciá-las.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, disse que o bloco está pronto para negociações difíceis, mas enfatizou a necessidade de estabelecer as bases para uma parceria mais forte com os Estados Unidos, que é o principal parceiro comercial do bloco.
"Seremos abertos e pragmáticos sobre como alcançar isso. Mas também deixaremos igualmente claro que sempre protegeremos nossos próprios interesses", disse a presidente.
Segundo um porta-voz da Comissão Europeia, von der Leyen e Trump ainda não se falaram diretamente, mas o bloco manteve contato em nível técnico com o novo governo americano.
O chefe de comércio da União Europeia, Maros Sefcovic, disse que deseja iniciar negociações antecipadas com os EUA para evitar possíveis tarifas. "Acreditamos que, por meio de um engajamento e discussões construtivas, podemos resolver esse problema", afirmou.
O Estado de S.Paulo - SP 06/02/2025
O governo cumprirá a meta de déficit zero este ano mesmo que tenha um déficit de R$ 75 bilhões. Esse é o cerne da questão que envolve a crise de credibilidade sobre o resultado primário do Tesouro Nacional. Há uma exclusão, prevista em lei, de R$ 44 bilhões de gastos com precatórios, além de uma banda de tolerância no arcabouço fiscal que permite um rombo de R$ 31 bilhões.
O número deste ano vai repetir o fenômeno de 2024, quando o governo cumpriu a meta de déficit zero, mas não recebeu os louros pela vitória. Pelo lado da despesa, R$ 32 bilhões de precatórios saíram da conta, já que foram antecipados em 2023. O mesmo aconteceu com R$ 9 bilhões de compensação aos Estados com as perdas com ICMS. O número de 2023 foi piorado, para que o de 2024, já sob a vigência do arcabouço fiscal, ficasse melhor na estatística.
Ainda que a equipe econômica esteja incomodada com as críticas, é fato que o indicador de primário perdeu relevância como o melhor termômetro sobre as contas públicas.
Os economistas Marcos Mendes e Felipe Salto fizeram contas paralelas e discordaram dos números finais. Em ambos os casos, contudo, os dados foram piores do que os do governo.
O resultado primário de 2024 tem pelo menos três resultados: o dado oficial, de déficit de 0,1% do PIB e que conta para a meta; o dado que inclui os gastos com o Rio Grande do Sul, de déficit de 0,4% do PIB; e daí para frente cada economista encontra a sua fórmula de incluir despesas que foram excluídas ou retirar receitas consideradas atípicas ou “não recorrentes”.
O melhor termômetro para o resultado fiscal passou a ser o endividamento bruto. E, nos dois primeiros anos do governo Lula, houve um forte crescimento: de 71,7% do PIB em dezembro de 2022 para 76,1% em dezembro de 2024. Um pedaço desse aumento se refere à pedalada dos precatórios dada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e que foi paga pelo governo atual. Mas o governo Lula reindexou os gastos com salário mínimo, saúde e educação e acendeu uma bomba-relógio no Orçamento.
As despesas com juros, como sempre lembra o deputado Mauro Benevides (PDT-CE), são a principal fonte de pressão sobre a dívida. Mas o que puxa os juros para cima são os gastos do governo, que pressionam a demanda agregada e empurram a inflação para fora da meta.
Brigar com os números e com os críticos não vai superar essa desconfiança. O melhor é a equipe econômica encontrar uma fórmula para tornar o resultado primário mais transparente.
Opinião por Alvaro Gribel
Repórter especial e colunista do Estadão em Brasília. Há mais de 15 anos acompanha os principais assuntos macroeconômicos no Brasil e no mundo. Foi colunista e coordenador de economia no Globo.
O Estado de S.Paulo - SP 06/02/2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, 5, que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realiza “bravatas” e que ele está isolando os EUA do mundo, em entrevista às rádios Itatiaia, Mundo Melhor e BandNewsFM BH, de Minas Gerais, nesta manhã.
“Tem um tipo de político que vive de bravata. O presidente Trump fez a campanha dele assim. Tomou posse e já anunciou ocupar a Groenlândia, anexar o Canadá, mudar o nome do Golfo do México para Golfo da América, reocupar o Canal do Panamá. Sinceramente, nenhum país, por mais importante que seja, pode brigar com todo mundo todo o tempo”, disse. “Os Estados Unidos estão se isolando do mundo”, afirmou.
O petista reiterou que o Brasil vai taxar os produtos dos EUA se Trump adotar tarifas para o País: “É lógico. É o mínimo de decência um governo utilizar a reciprocidade”.
Segundo Lula, a Organização Mundial do Comércio (OMC) permite a taxação de até 35% para qualquer produto. “Para nós, o que seria importante seria os EUA baixar a taxação e nós reduzirmos a taxação, mas se ele ou qualquer país aumentar a taxação do Brasil, usaremos a reciprocidade e vamos taxar eles também”, declarou.
Lula defendeu que os Brics tenham o direito de discutir uma eventual troca da moeda comum para as negociações, sem usar o dólar.
“O Brics significa praticamente metade da população mundial, metade do comércio exterior do mundo. Temos o direito de discutir a criação de uma forma de comercialização que a gente não dependa só do dólar. Não foi o mundo ou a ONU que decidiu que o dólar seria a moeda, foi os EUA”, afirmou.
O presidente disse que o mundo não pode ter “preocupação com as bravatas do Trump” e que os Estados Unidos precisam do mundo mais do que o mundo precisa dos Estados Unidos.
“É importante que a gente não tenha preocupação com as bravatas do Trump, que a gente discuta o que é importante para nós e para o mundo. Não é o mundo que precisa dos EUA, os EUA também precisam do mundo, precisam conviver harmonicamente com Brasil, México, China. Ninguém pode viver de bravata a vida inteira”, declarou.
“Ele (EUA) não pode agora mudar do país que vendia a ideia da paz para o país que vende a ideia da provocação, da discordância”, disse.
O Estado de S.Paulo - SP 06/02/2025
A China formalizou queixa na Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre as tarifas de 10% anunciadas no final de semana pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Segundo comunicado da OMC, o país asiático afirma que as medidas tarifárias dos americanos violam as obrigações em relação ao status de nação mais favorecida, com base nas normas da entidade de comércio global.
A queixa inicia uma disputa oficial entre as duas maiores economias do planeta no âmbito da OMC. Nos próximos 60 dias, serão realizadas consultas com as duas partes para discutir o assunto e buscar uma solução satisfatória sem a necessidade de um litígio. Se não houver acordo no período, a China poderá solicitar a decisão de um painel.
Na terça-feira, 4, o Ministério do Comércio da China anunciou tarifas de repressão contra os Estados Unidos em algumas importações do país. O governo disse que implementará tarifa de 15% sobre produtos de carvão e gás natural liquefeito e de 10% sobre petróleo bruto, máquinas agrícolas e carros de grande cilindrada. As medidas passam a valer em 10 de fevereiro.
No domingo, o presidente americano assinou ordem para impor tarifas rígidas também ao México e ao Canadá (suspensas na segunda-feira, 3, após negociação).
Infomoney - SP 06/02/2025
O Brasil fechou o mês de janeiro com fluxo cambial total negativo de US$ 6,7 bilhões, em movimento puxado tanto pela via financeira quanto comercial, informou nesta quarta-feira (5) o Banco Central.
Os dados mais recentes são preliminares e fazem parte das estatísticas referentes ao câmbio contratado.
Pelo canal financeiro, houve saídas líquidas de US$ 4,562 bilhões em janeiro. Por este canal são realizados os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, as remessas de lucro e o pagamento de juros, entre outras operações.
Pelo canal comercial, o saldo de janeiro foi negativo em US$ 2,137 bilhões.
Na semana passada, de 27 a 31 de janeiro, o fluxo cambial total foi positivo em US$ 1,253 bilhão.
Infomoney - SP 06/02/2025
Após registrar a segunda maior valorização entre as moedas de 27 economias globais em janeiro, o real continuou sua trajetória de alta em fevereiro. Essa tendência foi interrompida apenas na sessão desta quarta-feira (5), mas a moeda ainda se manteve em torno de R$ 5,80, representando uma queda de quase R$ 0,50 em relação às máximas históricas nominais observadas no final do ano passado, quando se aproximou de R$ 6,30 em meados de dezembro. Desde o dia 18 de dezembro até o fechamento da véspera, a queda acumulada é de 8%.
O dólar foi para a casa abaixo dos R$ 5,80 na sessão de terça-feira (4), engatando 12 sessões seguidas de baixas, a maior sequência negativa em 20 anos, desde o período entre 24 de março e 13 de abril de 2005, quando o dólar fechou em baixa por 14 sessões consecutivas. A moeda americana à vista fechou em queda de 0,76%, aos R$ 5,7719, a menor cotação desde 19 de novembro do ano passado, quando encerrou em R$ 5,7679.
O movimento recente ocorre por muitas razões, listadas a seguir, enquanto analistas ainda têm muitas dúvidas se essa queda irá persistir:
1. Trump trade mais fraco?
Desde o início do governo de Donald Trump, em 20 de janeiro, a moeda americana passou a registrar queda com sinais de que não haveria medidas tão imediatas que afetassem a economia. Contudo, houve um susto no mercado, após Trump anunciar no fim da última semana a taxação de produtos do México, Canadá e China, os dois primeiros em 25% e o gigante asiático em 10%. Isso causou uma forte aversão a risco no início da semana, até que o presidente dos EUA fez um recuo que causou alívio nos mercados globais.
Trump anunciou acordo na segunda-feira com o México e o Canadá, suspendendo o tarifaço por 30 dias, em troca do fortalecimento da segurança nas fronteiras. Na última terça, a Casa Branca informou que o presidente teria uma conversa telefônica na terça com o líder chinês, com Xi Jinping. Fontes ouvidas pela Dow Jones afirmaram, no meio da tarde, que o diálogo não aconteceria naquele dia.
“Prevalece no mercado a impressão de que Trump usa a ameaça de tarifas como ferramenta para trazer os países para a mesa de negociação, e não como uma política comercial já definida. Isso reduz um pouco a percepção de risco neste primeiro momento”, apontou o economista-chefe da corretora Monte Bravo, Luciano Costa, ao Broadcast.
2. Dados mais fracos dos EUA
Além do alívio com o adiamento de tarifas a México e Canadá, especificamente na última quarta, o dólar caiu no mundo com dados aquém do esperado da atividade nos EUA referentes a dezembro, como as encomendas à indústria e a abertura de postos de trabalho segundo o relatório Jolts, conforme ressaltou o economista André Galhardo, consultor da plataforma de transferência internacional Remessa Online.
“A pesquisa Jolts sugere que, finalmente, o mercado de trabalho americano está perdendo força. Isso teoricamente abre caminho para o Federal Reserve ser talvez menos conservador na política monetária do que o esperado, ajudando a empurrar o dólar para baixo”, afirma Galhardo.
Na terça à tarde, a presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, ecoando falas recentes de dirigentes do Banco Central dos EUA, disse que a política monetária está bem posicionada para lidar com o atual ambiente de incerteza e que a inflação caminha à meta de 2%. Ferramenta do CME Group mostra que a curva de juros futuros dos EUA passou a refletir cenário mais provável redução acumulada de 50 pontos-base na taxa básica americana neste ano.
3. Carry trade
Também houve um aumento da atratividade de operações de carry trade e que, com as altas seguidas da taxa Selic, o carregamento de posições compradas em dólar se tornou muito custoso. Carry trade nada mais é que uma operação de tomar dinheiro emprestado em um país com juros mais baixos e investir em outro que ofereça taxas mais altas.
“Outras moedas também ganham contra o dólar. Contudo, há evidências de que os efeitos cumulativos das altas dos juros no Brasil podem estar tendo efeito sobre a dinâmica cambial”, afirma o economista André Perfeito.
Um ponto importante na véspera foi a ata do Copom. Para Costa, da Monte Bravo, o Copom buscou, em sua ata, “corrigir a impressão” mais amena deixada pelo comunicado da quarta-feira passada, quando elevou a taxa Selic, em 1 ponto porcentual, para 13,25% ao ano, e reiterou a promessa de mais uma elevação de igual magnitude em março. Na ocasião, chamou à atenção dos analistas a menção a perda de fôlego da atividade doméstica, o que foi visto como possível sinal do BC de proximidade do fim do ciclo de alta.
“O BC abriu em detalhes o balanço de riscos e deixou bem claro que os riscos de alta da inflação dominam. Do lado de riscos de baixa, ele qualificou o comentário sobre a atividade doméstica, com desaceleração ainda incipiente”, afirma Costa, que vê Selic terminal em torno de 15% e 15,25%.
4. Noticiário político-econômico
Em relatório, a equipe de análise econômica do Bradesco também destaca o papel da trajetória para a dívida pública brasileira, que segue sendo um fator importante para o cenário dos ativos brasileiros. “Os próximos meses marcarão a pior combinação entre inflação e atividade dos últimos períodos. Os índices de preços ainda responderão à depreciação cambial, à inércia e às surpresas com o crescimento, manifestadamente nos núcleos”, avalia.
Contudo, os sinais de desaceleração da economia vêm se acumulando, sendo que apenas a agropecuária apresentará resultados consistentes. Assim, espera que o crescimento recue para 1,9% neste ano, de 3,4% no ano passado.
Ao reconhecer esse risco de desaceleração mais acentuada do PIB, o Banco Central limitou os cenários mais extremos para a Selic, reduzindo as chances de uma discussão antecipada sobre dominância fiscal que vinha amedrontando o mercado.
A dominância fiscal é uma situação em que a política fiscal gera pressões na economia, tornando ineficazes as ações do banco central para controlar a inflação. Nessa situação, o desequilíbrio fiscal leva a um aumento da dívida pública, o que torna necessário reduzir a dívida em termos reais. Essa postura vem cumprindo um papel na redução dos prêmios de risco, o que também levou à apreciação do real, aponta o Bradesco.
Ainda no radar do mercado, estão as eleições de 2026, com a visão de aumento da rejeição de Lula nas pesquisas recentes, o que leva à sugestão de mudança do pêndulo político, conforme ressaltou o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior. O enfraquecimento de Lula dá esperanças de políticas mais pró-mercado na próxima gestão, o que já começa a influenciar os ativos de forma precoce.
Além disso, com o Congresso em recesso até a última segunda, as águas estiveram mais tranquilas nas últimas semanas. Contudo, com a volta às atividades, o mercado vai dar atenção especial a algumas agendas no Congresso, conforme apontou o estrategista da RB investimentos, Gustavo Cruz. Conforme o estrategista, a tributação dos dividendos e a isenção do imposto de renda para salários de até R$ 5 mil – duas pautas do segundo capítulo da reforma tributária, que tratará da tributação da renda – são dois dos temas a serem monitorados de perto pelos investidores. Completam a lista a exploração de petróleo na bacia da foz do rio Amazonas e a negociação das emendas parlamentares.
De qualquer forma, a impressão do discurso do novo presidente da Câmara, Hugo Motta foi positiva: defendeu Fernando Haddad, ministro da Fazenda, e disse que o Congresso deveria observar mais os gastos e não aprovar novos impostos.
O que esperar para o dólar?
Com tantas incertezas e questões ainda no radar, muitos analistas ainda veem a recente queda do dólar como pouco sustentável.
“A saúde de nossa economia não mudou nada em relação ao final do ano passado ( ) Provavelmente em algum momento iremos observar uma piora dos nossos ativos, salvo o surgimento de evento totalmente inesperado”, aponta Faria Júnior.
Para o especialista, no fim da história, a melhora do dólar sugere que as políticas adotadas pelo governo estão certas, mas não seria exatamente assim. “Sabemos que a foto da economia ainda é boa, mas o filme não. Com números piores de atividade e emprego, a chance de adoção de medidas populistas – subsídios e novos programas, como o lançado esta semana de desconto de 15% em hotéis para professores – são praticamente certas, vide o projeto de isenção de IR”, avalia o analista.
O Bradesco, por sua vez, apesar da forte convicção de que a atual taxa de câmbio se provará depreciada caso se afaste o quadro de dominância fiscal, decidiu manter a premissa de uma moeda estável em R$ 6,00 o dólar até o final do próximo ano.
“Esperamos um aperto adicional da taxa Selic até 15,25% em meados do ano. O ciclo de afrouxamento deve se iniciar apenas em dezembro, em resposta à desaceleração da atividade. A melhora nos preços de ativos pode prosseguir, mas os temas globais e a agenda fiscal seguirão dominante nos debates”, avalia o banco.
O JPMorgan, que destacou em relatório recente enxergar um fôlego curto em rali de ativos do Brasil, vê o valor justo do real entre R$ 5,90 e R$ 6. Os estrategistas ressaltam que o dólar ultrapassou o limite de alta em dezembro, ficando próximo aos R$ 6,20, e a novidade então foi a ação rápida do Banco Central tanto na frente de intervenção quanto no retorno da orientação da política monetária (aumentos de 2 vezes de 100 pontos-base na Selic nas reuniões de janeiro e março). O banco ainda vê a correção recente dos ativos como um movimento técnico após a forte queda do real e também das ações brasileiras, mas sem grande força para recuperação.
Já o UBS vai além e projetou que o dólar atinja R$ 6,40 até o final de 2025, conforme apontaram os economistas da casa Gustavo Arruda e Tânia Bacelar, que destacaram a previsão em evento na Latin America Investment Conference (LAIC), realizada pelo banco no fim de janeiro.
Essa previsão é motivada por fatores como a expectativa de um ciclo de cortes nas taxas de juros pelo Banco Central, que deve ocorrer em um cenário de desaceleração da inflação. Além disso, o UBS acredita que a recuperação econômica global e o aumento da aversão ao risco podem impactar a moeda americana, levando a uma valorização do dólar frente ao real. A instituição ressalta que, embora possa haver um alívio momentâneo nas taxas de câmbio, a tendência de alta do dólar deve prevalecer no longo prazo.
Além disso, a incerteza sobre os próximos passos de Trump seguem sendo um fator de volatilidade para as moedas globais – o que inclui a do Brasil.
Infomoney - SP 06/02/2025
O déficit comercial dos EUA aumentou acentuadamente no final de 2024, em meio a um aumento nas importações antes do início do segundo mandato de Donald Trump como presidente e sua execução da promessa de tarifas abrangentes.
O déficit em dezembro no comércio de bens e serviços cresceu quase 25% em relação ao mês anterior, alcançando US$ 98,4 bilhões, mostraram os dados do Departamento de Comércio na quarta-feira. Isso resultou em um déficit anual de US$ 918,4 bilhões, o segundo maior desde 1960.
A enxurrada de importações no final do ano foi ampla e incluiu um aumento nas remessas de produtos industriais, que provavelmente refletiu os esforços das empresas americanas para garantir produtos antes das tarifas de Trump. Além disso, muitos importadores esperavam mitigar as interrupções de uma possível greve dos trabalhadores portuários que foi evitada no mês passado.
Os números mensais do comércio estão prestes a ganhar maior importância econômica e geopolítica, à medida que a administração Trump busca tarifas para estimular a produção interna, melhorar a segurança nacional e se ajustar ao que considera políticas comerciais injustas. Como visto apenas algumas semanas após a posse de Trump, esses esforços se estendem aos maiores parceiros comerciais da América.
Trump havia ordenado tarifas de 25% sobre todos os bens do Canadá e do México, que deveriam entrar em vigor na terça-feira, mas as suspendeu por 30 dias após os líderes dos dois países se comprometerem a fazer maiores esforços para conter a migração ilegal e o tráfico de drogas ilícitas. Tarifas gerais de 10% sobre importações da China já entraram em vigor.
Os dados comerciais mais recentes mostraram que o déficit de bens dos EUA com o México diminuiu ligeiramente em relação ao mês anterior, para US$ 15,2 bilhões ajustados sazonalmente em dezembro, enquanto o déficit com o Canadá aumentou para o maior desde julho de 2022. Os números comerciais do Canadá mostraram um salto nas exportações de petróleo bruto.
Para todo o ano de 2024, o déficit no comércio de mercadorias com o México aumentou em uma base não ajustada para um recorde de US$ 171,8 bilhões. O déficit com o Canadá diminuiu no ano passado. O déficit de mercadorias dos EUA com a China aumentou no ano passado para US$ 295,4 bilhões.
As tarifas representarão um desafio para as empresas que, por décadas, buscaram aproveitar os custos mais baixos e, muitas vezes, regulamentações mais flexíveis em outros países. Além disso, as cadeias de suprimento não são facilmente reconfiguráveis.
Os economistas também afirmam que o déficit comercial é impulsionado em grande parte por fatores macroeconômicos, incluindo altas taxas de consumo nos EUA e um dólar forte que torna as importações baratas e as exportações americanas mais caras. As tarifas em si estão levando a um maior apetite pelo dólar.
O valor das importações, não ajustado pela inflação, aumentou 3,5% em dezembro, enquanto as exportações caíram 2,6%.
Um aumento geral nas importações de bens foi amplo e incluiu o maior aumento percentual em suprimentos industriais desde 1993. O aumento foi em grande parte devido a um salto nas remessas de formas metálicas acabadas, que podem ser usadas na fabricação de carros, eletrodomésticos e outros equipamentos. Os EUA também importaram mais petróleo bruto e ouro.
O comércio de bens e serviços contribuiu praticamente nada para o produto interno bruto no quarto trimestre, após subtrair do crescimento o restante do ano.
Valor - SP 06/02/2025
Minas Gerais teve maior participação no total, com 40%, seguido por Pará, com 36,1%, e São Paulo, com 3,8%; minério de ferro respondeu por 59,4% desse faturamento em 2024, com R$ 160,7 bilhões
O setor mineral brasileiro teve faturamento de R$ 270,8 bilhões em 2024, conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), um aumento de 9,1% em comparação ao ano anterior. O minério de ferro respondeu por 59,4% desse faturamento em 2024, com R$ 160,7 bilhões.
De acordo com divulgação do instituto nesta quarta (5), o Estado de Minas Gerais teve maior participação no total, com 40%, seguido por Pará, com 36,1%, e São Paulo, com 3,8%. A retomada da produção de ouro em Minas Gerais e o aumento da produção de minério de ferro no Estado permitiram um aumento da participação.
Foram exportados cerca de 400 milhões de toneladas de produtos do setor mineral, aumento de 2,6% sobre 2023, que representaram US$ 43,4 bilhões. O minério de ferro representou 68,7% das vendas brasileiras para o exterior.
As importações de minerais caíram 23,1% em 2024 em comparação com o ano anterior, aos US$ 8,5 bilhões.
O Ibram estima aumento de 6,6% em investimentos no setor entre 2025-2029, para US$ 68,4 bilhões. Conforme o presidente do instituto, Raul Jungmann, a previsão de investimentos da Bahia Mineração (Bamin), de R$ 30 bilhões é um dos destaques para essa expectativa.
Governo Trump
Segundo Jungmann, o novo governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, deve representar uma troca no uso de minerais críticos, mas a demanda deve permanecer.
“O Brasil deve continuar vendendo minerais críticos para os Estados Unidos, o que muda é o uso. Enquanto no governo de Joe Biden o foco era em transição energética, agora Trump se volta na compra de minerais críticos para o setor de defesa.”
Na visão do presidente do Ibram, outro ponto importante sobre a nova gestão Trump é a tarifação. A depender das próximas medidas tomadas, segundo Jungmann, pode haver um redirecionamento entre as compras e vendas de produtos minerais entre os países, o que pode beneficiar o Brasil. Para o executivo, o Brasil é considerado um fornecedor confiável por muitos países consumidores, o que representa uma vantagem no caso de um chamado “tarifaço” americano.
Presidente do instituto, Raul Jungmann — Foto: Divulgação
Brasil Mineral - SP 06/02/2025
O valor da produção mineral brasileira em 2024 somou R$ 270,8 bilhões, o que representa um aumento de +9,1% em relação a 2023.
A indústria mineral respondeu por 47% do saldo da balança comercial brasileira em 2024, de acordo com números divulgados pelo IBRAM. A entidade considera que “o desempenho das exportações de minérios – principalmente de minério de ferro – em 2024 renovam a percepção de sua importância para garantir bases sólidas à economia nacional”.
As exportações minerais, com volume de 400 milhões de toneladas, geraram uma receita de US$ 43,4 bilhões, sendo que o minério de ferro foi responsável por 68,7% desse total, embora tenha havido uma queda de 2,4% nas exportações da commodity em relação a 2023. O saldo da balança comercial mineral foi de US$ 39,4 bilhões.
O valor da produção mineral brasileira em 2024 somou R$ 270,8 bilhões, o que representa um aumento de +9,1% em relação a 2023. De acordo com o IBRAM, “apesar da volatilidade dos mercados externos e do preço da tonelada dos minérios ao longo do ano, bem como da elevação de custos internos (a exemplo da aplicação da TRFM – taxa de fiscalização criada por estados e municípios), a indústria da mineração faturou mais, aumentou a empregabilidade, recolheu valor maior em tributos, em relação a 2023, e projeta investir ainda mais até 2029”.
A entidade observa, no entanto, que “o setor está sob risco de não repetir resultados positivos como este. Veto do poder Executivo ao projeto da reforma tributária (PLP 68/2024) restabeleceu a incidência de imposto seletivo sobre as exportações minerais, o que vai na contramão das necessidades da economia e da competitividade da mineração brasileira”.
Para a entidade, “com a ameaça do imposto seletivo, o Brasil perde a oportunidade estratégica de estimular, em vez de encarecer, sua mineração, que, em 2024, recolheu R$ 93 bilhões em tributos”. A expectativa do IBRAM, segundo o diretor-presidente Raul Jungmann, é que as lideranças do Congresso Nacional reavaliem a questão e concordem em derrubar o veto, eliminando o risco do imposto seletivo, que, por si só, é inadequado para incidir sobre insumos de utilidade pública, caso dos minérios. “Na tramitação da reforma tributária na Câmara dos Deputados e no Senado Federal os parlamentares avaliaram que a incidência do imposto seletivo sobre as exportações não é aceitável. O veto, infelizmente, ignora esse posicionamento do Parlamento e se configura como um erro estratégico, político, econômico e constitucional. Assim, o Brasil pode ser o único a taxar minérios com o seletivo”, afirma Jungmann.
A perspectiva para 2025 e 2026, ainda conforme a entidade, é de manutenção do cenário de estabilidade na produção e na exportação mineral brasileira, mantendo os patamares atuais, tendo em vista um cenário econômico mundial com inflações mais moderadas e o movimento de instituições financeiras e bancos para alívio e redução de taxas de juros. “Ainda, observa-se a atuação do governo chinês em iniciativas para tentar impulsionar de alguma forma uma melhora no índice de crescimento da economia daquele país. As questões geopolíticas mundiais têm pressionado o preço de algumas commodities minerais, como o preço do ouro, por causa da busca de ativos seguros pelos investidores”.
Investimentos
Os investimentos previstos para o setor mineral no período 2025-2029, deverão somar US$ 68,4 bilhões, o que representa um aumento de US$ 4 bilhões em relação às previsões anteriores do IBRAM. O minério de ferro lidera os investimentos, com US$ 19,59 bilhões, seguido por investimentos socioambientais (US$ 11,33 bilhões). Em seguida estão os aportes em logística: US$ 10,9 bilhões (+5,2%). O cobre deverá receber US$ 7,30 bilhões, os fertilizantes US$ 5,58 bilhoes, o níquel US$ 3,81 bilhões, as terras raras US$ 2,169 bilhões e o ouro US$ 2,149 bilhões, como principais destaques. Em termos geográficos, Minas Gerais, Pará e Bahia receberão os maiores volumes de investimentos: US$ 16,5 bilhões; US$ 13,48 bilhões; US$ 8,99 bilhões, respectivamente.
Infomoney - SP 06/02/2025
Os contratos futuros do minério de ferro caíram nesta quarta-feira, com os investidores preocupados com as tensões comerciais entre os EUA e a China, principal consumidor, embora os problemas de transporte na Austrália Ocidental tenham amortecido a queda.
O contrato de maio da bolsa de Dalian, da China, encerrou as negociações diurnas em baixa de 0,99%, a 801 iuanes (110,00 dólares) a tonelada métrica.
Os mercados da China ficaram fechados de 28 de janeiro a 4 de fevereiro para os feriados do Ano Novo Lunar.
“É provável que o sentimento sofra com a reabertura dos mercados chineses e reaja à enxurrada de tarifas sobre commodities”, disseram analistas do ANZ em uma nota.
A tarifa adicional de 10% imposta pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre todas as importações chinesas entrou em vigor na terça-feira.
A China revidou com tarifas sobre as importações dos EUA em uma resposta rápida às novas tarifas americanas, renovando uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. As medidas incluem uma taxa de 15% sobre o carvão dos EUA, matéria-prima fundamental para a fabricação de aço.
Enquanto isso, a atividade de serviços da China expandiu-se em um ritmo mais lento em janeiro, embora o sentimento empresarial tenha melhorado, segundo uma pesquisa do setor privado.
O crescimento da atividade fabril do país desacelerou, segundo uma pesquisa separada.
Do lado da oferta, a Rio Tinto afirmou na terça-feira que havia começado a retirar os navios de minério de ferro de dois portos da Austrália Ocidental, já que dois ciclones tropicais no mar complicaram seus esforços para reparar a infraestrutura danificada por um ciclone no mês passado.
Em janeiro, a Rio Tinto alertou que seus embarques no primeiro trimestre poderiam ser afetados por interrupções nas operações ferroviárias após o recorde de chuvas.
Valor - SP 06/02/2025
Banco de fomento destinou quase R$ 182 bilhões ao Nova Indústria Brasil com o Plano Mais Inovação
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou R$ 64,17 bilhões para a compra de máquinas e equipamentos em 2024. Em 2023, o total de aprovações em linhas que financiam compras de bens de capital havia sido de R$ 60,15 bilhões.
Os dados foram informados pelo diretor de desenvolvimento produtivo, inovação e comércio exterior do BNDES, José Luis Gordon ao Valor, e divulgados pelo banco de fomento.
Segundo Gordon, o BNDES também destinou R$ 10,5 bilhões diretamente para empresas que produzem bens de capital em 2024. No ano anterior, o banco havia aprovado R$ 4,2 bilhões para companhias do segmento.
Sem antecipar o resultado da instituição em 2024, ainda sem data para ser divulgado, Gordon afirmou que a demanda por crédito da indústria no 2º semestre foi mais forte em relação aos primeiros seis meses do ano passado.
“O que a gente tem visto é um setor industrial cada vez mais forte e mais robusto. E estamos com uma demanda que tem se mantido em 2025”, afirmou.
Para o diretor, a demanda reflete o momento positivo da indústria brasileira a partir do Nova Indústria Brasil, lançado pelo governo federal no início de 2024. O BNDES destinou quase R$ 182 bilhões ao programa, por meio do Plano Mais Inovação.
“Depois de muitos anos, a indústria voltou a ter mais aprovação do BNDES que o agronegócio”, afirmou. Ainda segundo ele, o BNDES aprovou, só em janeiro deste ano, mais de R$ 10 bilhões para diferentes setores da economia.
Rafael Cagnin, do Iedi, pondera que uma política industrial feita em um contexto de incerteza, volatilidade de câmbio e níveis de taxa de juros em elevação perde a eficácia. “É como enxugar gelo”, diz o economista.
Cagnin ressalta que as taxas mais atrativas do BNDES são aquelas atreladas à TR (taxa referencial), que está voltada para dois grandes eixos estratégicos: digitalização e inovação.
“O restante são linhas que não estão blindadas desse movimento de alta dos juros. O grande diferencial do BNDES hoje não é tanto o custo, mas os prazos estendidos”, considera.
No BNDES, a indústria pode se beneficiar do Fundo Clima, com juros de 1% a 8% ao ano para projetos com pegada reduzida de carbono, e da TR (taxa referencial) para projetos de inovação. O banco também opera a linha “Máquinas e Serviços”, substituta do Finame.
“A gente pode fazer um ‘blend’ entre o Fundo Clima e taxas de mercado, ou entre o Mais Inovação e taxas de mercado. É um modelo diferencial”, disse Gordon.
O BNDES também conta com a Letra de Crédito de Desenvolvimento (LCD), regulamentada no fim do ano passado, para fomentar investimentos de longo prazo. O banco de fomento captou R$ 9 bilhões na primeira emissão de LCD, em dezembro de 2024.
Para Cagnin, a LCD pode ser um “mitigador” dos efeitos de alta da Selic, assim como o programa de depreciação acelerada. O projeto do governo federal permite à indústria deduzir, em até dois anos, investimentos em máquinas e equipamentos da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
O Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços informou, em nota, que o Plano Mais Produção, da Nova Indústria Brasil, foi ampliado de R$ 300 bilhões para R$ 507 bilhões em linhas de crédito.
O MDIC também destacou a Depreciação Acelerada, que tem previsão inicial de R$ 3,4 bilhões em créditos financeiros para 2024 e 2025. De acordo com o ministério, a segunda Depreciação Acelerada está em discussão no governo e será anunciada em breve.
Valor - SP 06/02/2025
Montadoras têm sido cautelosas em fazer mudanças estratégicas significativas e caras, sem ter uma maior clareza sobre a direção de longo prazo das políticas comercial e energética dos EUA
As montadoras estão se preparando para o que poderá ser um choque ainda maior para a cadeia de abastecimento automotiva global do que o da pandemia de covid-19, em meio à incerteza sobre a duração e extensão da guerra tarifária global de Donald Trump.
Apenas dois dias após assinar ordem executiva aplicando tarifas de 25% sobre todas as importações do Canadá e México, bem como 10% sobre as da China, o presidente dos Estados Unidos suspendeu as taxas sobre produtos mexicanos por um mês, após conversa “muito amigável” com a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum. Pouco depois, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, também chegou a um acordo de última hora com os EUA para uma suspensão de 30 dias nas tarifas.
As montadoras têm sido cautelosas em fazer mudanças estratégicas significativas e caras sem ter uma maior clareza sobre a direção de longo prazo das políticas comercial e energética dos EUA, embora executivos da General Motors (GM), Stellantis e Tesla tenham sinalizado que aumentarão a produção nos EUA para compensar qualquer impacto das tarifas.
“Começar a reagir de forma exagerada seria um pouco perigoso agora”, disse, recentemente, em uma entrevista, Michael Lohscheller, executivo-chefe da Polestar, uma fabricante de carros elétricos apoiada pela Geely da China.
Qual poderia ser o pior cenário?
Muitos executivos do setor automobilístico recorreram à experiência do primeiro mandato de Trump para minimizar o risco de uma guerra tarifária internacional, argumentando que o presidente americano não cumpriu as ameaças de impor tarifas adicionais contra seus parceiros comerciais.
Especialistas em cadeias de abastecimento afirmam que o pior cenário — com a implementação de tarifas tanto pelos EUA quanto por parceiros retaliando — provavelmente levaria a uma onda de falências entre os fornecedores de autopeças mais frágeis.
Cadeia global complexa
A cadeia de abastecimento automotiva global é tão complexa e interconectada que um componente feito no México pode acabar em uma fábrica americana antes de retornar ao México para a montagem final e então ser vendido no mercado dos EUA — o que pode resultar em uma situação de “tarifa sobre tarifa”.
“A mecânica disso é quase tão ruim, se não pior, do que os valores em si, pois os requisitos contábeis, de escrituração e documentação para garantir a conformidade são enormes”, diz Ian Henry, um especialista em produção automobilística que comanda a consultoria AutoAnalysis.
Henry alerta que a interrupção na cadeia de abastecimento poderia ser pior do que a ocorrida durante a pandemia, se uma guerra tarifária persistisse e as montadoras não conseguissem fornecer apoio financeiro suficiente para manter seus fornecedores operando.
Mikael Bratt, executivo-chefe da fabricante sueca de cintos de segurança e airbags Autoliv, diz que começaria imediatamente as discussões para repassar para os consumidores os custos mais altos das tarifas, se elas forem implementadas contra o México.
“Não há razão nenhuma para absorvermos qualquer custo como esse”, disse Bratt, em uma entrevista coletiva na semana passada, na qual falou sobre os resultados da empresa. “No fim das contas, isso resultará em preços mais altos para os veículos vendidos nos EUA.”
Quais montadoras estão mais expostas?
As tradicionais “Big Three”, que espalharam sua presença pelo continente desde a assinatura do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), em 1994, estão mais vulneráveis a um golpe nos lucros. A GM é a mais exposta, segundo analistas, com a Stellantis, controladora da Chrysler, não muito melhor. A Ford é a menos exposta porque é a que importa a menor parcela de veículos de fora dos EUA.
A GM produz seu popular Chevrolet Silverado (de alta margem de lucro) em sua fábrica de Silao, no México, e em Oshawa, no Canadá, o que aumenta sua exposição. James Picariello, analista do BNP Paribas, diz que a montadora provavelmente conseguiria transferir a produção para os EUA de cerca de 300 mil dos 350 mil modelos que atualmente importa, mas essa mudança levaria de 12 a 18 meses, devido à necessidade de ajustar o envio de peças dos fornecedores e contratar trabalhadores.
Isso acrescentaria cerca de US$ 1 bilhão em custos trabalhistas, segundo Picariello, já que os trabalhadores ganham mais nos EUA do que no México. Os lucros operacionais da GM sofreriam um golpe de 7%, mas isso pareceria preferível do que uma possível redução de 50% que poderia resultar de uma tarifa de 25%. “Um obstáculo de um bilhão de dólares parece um cenário administrável no momento”, diz Picariello.
Investidores e analistas estavam assumindo que qualquer tarifa sobre os produtos do México e Canadá acabaria sendo negociada para baixo, pois, caso contrário “os números ficariam grandes demais para a indústria sobreviver adequadamente”.
Montadoras alemãs estariam protegidas se tarifas não forem impostas contra a UE?
Antes mesmo de quaisquer tarifas contra a União Europeia, as montadoras do bloco estão expostas. A Volkswagen (VW) encontra-se na pior posição, com 45% de suas vendas nos EUA vindas de carros fabricados no México e no Canadá, embora o mercado americano responda por uma pequena parcela da receita total do grupo.
Com todos os veículos vendidos nos EUA de suas marcas de luxo Audi e Porsche fabricados fora do país, a agência de classificação de risco Moody’s estima que uma tarifa de 25% sobre o México reduziria os lucros globais do grupo VW antes dos juros e impostos em mais de 15%.
“Temos uma fábrica no México e, independentemente de qual governo estiver no poder, nosso plano é nos tornarmos mais fortes nos EUA”, disse, no mês passado, o executivo-chefe da Audi, Gernot Döllner. Mas ele acrescentou: “Achamos que as tarifas estão erradas e acreditamos no livre comércio.”
A BMW, outra montadora alemã, está menos exposta, já que 65% dos carros que vende nos EUA são fabricados localmente, ao mesmo tempo em que também é uma exportadora líquida dos EUA.
“Poderá haver situações voláteis, menos previsíveis, mas estou realmente otimista” com os EUA, disse Jochen Goller, membro do conselho de administração da BMW encarregado de clientes, marcas e vendas. “Acho que eles serão um mercado em crescimento para nós no próximo ano.”
A Tesla surgirá como vencedora das tarifas de Trump?
Os investidores estão esperançosos de que os laços próximos de Elon Musk com Trump protegerão a Tesla das consequências das políticas do presidente, mas a maior fabricante de veículos elétricos do mundo ainda está exposta.
A Tesla monta localmente todos os veículos que vende nos EUA, mas obtém de 20% a 25% dos componentes de seus Model 3, Model Y e do Cybertruck do México, segundo o banco Barclays.
“Ao longo dos anos, tentamos montar uma cadeia de abastecimento em todos os locais, mas ainda dependemos muito de peças do mundo todo para todos os nossos negócios”, disse o diretor financeiro Vaibhav Taneja, em entrevista na semana passada, alertando que as tarifas de Trump teriam um efeito sobre a lucratividade.
A companhia também poderia ser alvo de tarifas retaliatórias do Canadá. A ex-ministra das Finanças Chrystia Freeland, que está concorrendo para substituir o primeiro-ministro Justin Trudeau, disse que Ottawa deveria retaliar as tarifas dos EUA adicionando grandes taxas sobre os veículos da Tesla para punir Musk.
A guerra tarifária também acontece enquanto a Tesla lida com uma queda das vendas na Europa devido à desaceleração da demanda por seus veículos elétricos, o aumento da concorrência e uma reação dos consumidores contra o ativismo político de Musk.
Segundo a associação setorial francesa La Plateforme Automobile, as vendas da Tesla na França em janeiro foram 63% menores do que as do mesmo período do ano passado. Os registros de carros da Tesla na Noruega também caíram 38%.
Quais montadoras estão menos expostas?
Montadoras japonesas de menor porte, como Mitsubishi Motors e Subaru, poderiam se beneficiar da falta de produção no México e no Canadá. A Honda também está comparativamente bem posicionada, uma vez que dois terços de suas vendas nos EUA são montadas localmente, segundo o Barclays.
Takao Kato, executivo-chefe da Mitsubishi Motors, disse a jornalistas, na segunda-feira (3), que as tarifas teriam pouco impacto sobre a companhia e que ela poderia até mesmo receber um “leve vento favorável” do aumento das exportações para os EUA se as tarifas não forem estendidas para o resto da Ásia.
No entanto, mais tarde ele retirou seu comentário, dizendo que “no geral, parece que há mais ventos contrários”, e esclareceu que o Japão poderia se beneficiar se conseguisse escapar de ser alvo de tarifas pesadas.
A Renault também não deverá ser duramente atingida, pois não tem vendas nos EUA e no Canadá. As ações da montadora francesa caíram apenas 0,6% na segunda-feira, bem menos que as quedas sofridas por outras montadoras europeias com maior exposição aos EUA.
Uma das poucas marcas europeias a não emitir alerta de lucro no ano passado, a Renault “está se saindo bem” na Europa, segundo Stephen Reitman, analista da Bernstein. A exposição da companhia a tarifas ocorre por meio de sua participação na Nissan, que no momento busca uma fusão com a Honda.
Mas embora a companhia esteja menos exposta que as concorrentes, Reitman acrescentou: “Não há muitos vencedores em tudo isso... que está reduzindo a riqueza, o que reduz o PIB, o que reduz as vendas de automóveis”.
(Tradução de Mario Zamarian)
O Estado de S.Paulo - SP 06/02/2025
Esta é uma pergunta que incomodou o presidente Donald Trump há oito anos e que ressurgiu como um motivo por trás de sua ameaça de impor tarifas à União Europeia: por que os europeus não compram carros dos Estados Unidos?
“Eles impossibilitam a venda de carros na União Europeia”, disse Trump aos repórteres na segunda-feira, 3, reavivando uma irritação de seu primeiro mandato. Um ponto particularmente sensível para o presidente? Os alemães e sua preferência por carros fabricados na Alemanha.
“Quantos Chevrolets ou Fords você vê no centro de Munique?”, perguntou ele.
Não são muitos. Os carros alemães podem ser vistos com frequência nas estradas dos EUA, mas as principais marcas americanas são menos comuns na Alemanha. Os motivos vão desde as preferências dos clientes e as regulamentações alemãs até o tamanho dos carros que os americanos adoram dirigir.
“É claro que há alguns veículos americanos nas estradas da Alemanha”, disse Katharina Luca, porta-voz da ADAC, a associação automobilística da Alemanha. “Mesmo em Munique, às vezes você vê um RAM no trânsito da cidade.”
Mas dirigir um RAM não está isento de desafios. A maioria das cidades europeias tem sua parcela de avenidas largas, mas no centro delas há um emaranhado de ruas estreitas e sinuosas, onde ciclistas e pedestres competem com os carros por espaço.
Em Munique, algumas ruas são largas o suficiente para carros americanos, disse Luca. Mas, ela acrescentou, “há também ruas menores onde é difícil para os veículos normais passarem uns pelos outros”.
Os países europeus também têm padrões regulatórios e de segurança diferentes, incluindo diretrizes banais, como a exigência de piscas traseiros âmbar em vez de vermelhos. Atender a esses requisitos acrescentaria custos extras e dificultaria a entrada das empresas americanas no mercado, disse Matthias Schmidt, analista automotivo em Berlim.
“Mesmo que conseguissem, logo seriam persuadidas a sair quando lessem as letras miúdas das metas regulatórias de emissões de CO2 da frota europeia”, acrescentou. “Os fabricantes dos EUA teriam problemas reais para atender a esses padrões regulatórios com seu portfólio de produtos atual.”
Além disso, há a questão do estacionamento. Uma picape RAM 1500, por exemplo, é cerca de um metro e meio mais comprida e duas polegadas mais larga do que a vaga de estacionamento padrão alemã, o que torna o encaixe em uma vaga apertado. (A RAM é de propriedade da Stellantis, que também é proprietária da Chrysler, Dodge e Jeep, além de várias marcas de pequeno e médio porte na Europa).
Apesar desses desafios, os fabricantes de picapes norte-americanas encontraram um público na Alemanha, que tem visto um gosto crescente por carros maiores e mais pesados, como os SUVs.
“Os gostos dos americanos são diferentes dos da Alemanha”, disse Fabian Brandt, sócio da empresa de consultoria Oliver Wyman, que assessora empresas automobilísticas e seus fornecedores. Ele acrescentou que motores menores e mais eficientes também estão por trás das preferências dos motoristas alemães.
Além disso, disse Brandt, os americanos tendem a dirigir distâncias mais longas em limites de velocidade regulamentados mais baixos do que a maioria dos alemães. Eles também dão maior prioridade ao design do interior, “como porta-copos, seu tamanho e a quantidade deles”, acrescentou.
Os preços da gasolina são outro fator. Os alemães pagam, em média, cerca de US$ 1,41 por litro de gasolina, o que equivale a US$ 5,50 por galão, em comparação com o preço médio da gasolina nos Estados Unidos, que era de US$ 3,10 por galão na terça-feira.
As montadoras americanas, como a General Motors e a Ford Motor, têm enfrentado dificuldades na Europa há décadas. Em 2017, a GM vendeu suas marcas europeias, incluindo a Opel na Alemanha, e parou de vender quase todos os modelos Chevrolet na Europa. Mas os amadores e colecionadores ainda podem comprar um Corvette na Alemanha e em outros países europeus, e a GM tem tentado vender alguns de seus veículos elétricos na Europa, como o Cadillac Lyriq.
A Ford está investindo US$ 2 bilhões para transformar sua fábrica em Colônia, na Alemanha, em um “centro de veículos elétricos”, embora isso tenha acarretado cortes de empregos. E a montadora está fechando sua outra fábrica na Alemanha até o final do ano.
O presidente Trump citou as importações de automóveis como motivo do desequilíbrio comercial entre os Estados Unidos e a Europa, mas muitos dos carros alemães que circulam nas estradas dos EUA foram fabricados no Alabama, na Carolina do Sul e no Tennessee.
Todos os SUVs da série X da BMW, que são tão populares em Munique quanto em Memphis, são fabricados em Spartanburg, Carolina do Sul. A BMW exportou cerca de US$ 10,1 bilhões em 2023, segundo o Departamento de Comércio dos EUA, o que a torna uma das maiores exportadoras de carros dos EUA.
E a montadora, que tem sede em Munique, não pode alegar que vende o SUV elétrico mais popular da Alemanha. Esse título vai para um carro americano, o Model Y da Tesla, produzido nos arredores de Berlim.
Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.
Infomoney - SP 06/02/2025
A Ford teve lucro líquido de US$ 1,8 bilhão no trimestre encerrado em dezembro, valor que reverte o prejuízo de US$ 500 milhões registrado em mesmo período do ano anterior. Diluído por ação, o lucro ajustado foi de US$ 0,39, acima da projeção de US$ 0,34 de analistas consultados pela FactSet.
No mesmo período, as vendas da Ford foram de US$ 48,2 bilhões, acima dos US$ 46,91 bilhões esperados pelos analistas, e do que os US$ 46 bilhões registrados em igual intervalo de 2023.
Apesar disso, a montadora projetou guidance de lucro operacional na faixa entre US$ 7 bilhões e US$ 8,5 bilhões, aquém das previsões de analistas, que era de US$ 9,3 bilhões.
Às 18h15 (de Brasília), a ação da Ford caía 5,10% no after hours de Nova York.
O Estado de S.Paulo - SP 06/02/2025
A montadora chinesa BYD cedeu 20 veículos de modelo Seal para uso dos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O contrato foi assinado em novembro de 2024 e prevê que os carros cheguem à Corte neste mês.
Com o termo, o STJ se junta a outros órgãos públicos que entraram em acordo com a empresa para o uso de veículos, como a Presidência da República, que utiliza carros da BYD desde janeiro de 2024, e a Câmara dos Deputados e o Tribunal de Contas da União (TCU), que possuem uma frota montada da empresa desde março de 2024.
Em todos os casos, não há custo para as instituições. O modelo de contrato é o comodato, um acordo no qual o empréstimo não gera custos ao locatário, e tem validade de dois anos.
A Presidência da República utiliza dois modelos da BYD, o TCU, também dois, e a Câmara, um. Enquanto a Presidência recebeu os modelos Dolphin e Tan, o TCU utiliza dois Seal e Câmara, um Tan. O Tan está avaliado em R$ 449 mil, enquanto o valor de mercado do Seal é de R$ 298 mil e o Dolphin, R$ 179 mil.
Os veículos cedidos ao STJ representam o quádruplo do que foi cedido para Presidência, Câmara e TCU: enquanto os demais órgãos, somados, possuem cinco carros da BYD à disposição, a Corte vai receber 20 unidades. A informação foi publicada pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, e confirmada pelo Estadão.
A BYD afirma, em nota, que sua participação no certame do STJ “foi realizada com total transparência e dentro das regras vigentes, com o objetivo de promover o uso dos veículos elétricos no País”.
O STJ, por meio do estudo preliminar do contrato, justifica o chamamento público por defeitos na frota em uso pelos ministros da Corte e assessores. “O comodato não oneroso vem sendo celebrado por órgãos da administração pública interessados em conhecer e testar o desempenho de tais veículos, a exemplo do Tribunal de Contas da União, da Presidência da República e da Câmara dos Deputados”, diz a Corte, em nota.
O Seal é um modelo de propulsão elétrica, possui potência de 530 cavalos e foi escolhido por apresentar o menor valor na pesquisa de mercado realizada pela Corte.
Segundo o estudo preliminar do STJ, a frota própria utilizada pela Corte, composta por dez carros Azera, da Hyundai, e 24 do modelo Fusion, da Ford, “vêm apresentando sérios problemas mecânicos”.
O estudo elenca que a troca dos motores foi necessária em 14 das 34 unidades e, em três delas, o problema foi recorrente. Os técnicos também afirmam que o encerramento da produção dos Azera e Fusion “vem trazendo dificuldades na reposição de peças”.
Os defeitos da frota, segundo a Corte, indicam que a renovação dos carros deve ocorrer num próximo contrato. O comodato dos carros elétricos servirá como período de experimentação para que o STJ decida qual modelo – tradicional ou elétrico – será especificado no certame futuro.
Valor - SP 06/02/2025
Gigante alemã do setor automotivo passou meses negociando com representantes dos trabalhadores maneiras de aumentar sua competitividade
A Volkswagen apresentou, nesta quarta-feira (5), um plano de cinco anos para sua marca principal, que inclui o lançamento de um novo carro elétrico de baixo custo, traçando um caminho para o crescimento após um importante acordo de corte de custos.
Diante de um cenário econômico desafiador, altos custos domésticos, demanda instável por veículos elétricos e concorrência crescente de fabricantes chineses de veículos elétricos (EVs, na sigla em inglês) mais baratos, a gigante alemã do setor automotivo passou meses negociando com representantes dos trabalhadores maneiras de aumentar sua competitividade.
Corte de 35 mil empregos
Após uma série de greves, a Volkswagen fechou um acordo com seu sindicato para reduzir a força de trabalho em mais de 35 mil funcionários e cortar bilhões de dólares por ano em custos, evitando, por ora, o fechamento de fábricas na Alemanha.
Como parte dos planos para recolocar a marca Volkswagen no caminho certo, a empresa anunciou, nesta quarta-feira (5), que sua principal fábrica em Wolfsburg, na Alemanha, se tornará um centro-chave para a produção de uma nova plataforma de carros elétricos compactos, com veículos elétricos de entrada e baixo custo formando a base do futuro da marca.
A Volkswagen afirmou que produzirá um novo modelo elétrico de entrada em Wolfsburg, com um preço estimado em cerca de 20 mil euros (US$ 20,8 mil) quando o veículo entrar em produção em 2027. Antes disso, o primeiro carro pequeno totalmente elétrico da empresa, baseado numa plataforma atualizada, chegará às concessionárias no próximo ano e custará menos de 25 mil euros (US$ 26 mil), segundo a montadora.
“Com a conclusão das negociações em dezembro, colocamos em movimento o maior plano futuro da história da Volkswagen”, disse Thomas Schäfer, diretor-presidente do negócio de carros de passeio da Volkswagen, em um comunicado. “Um passo essencial nisso é tornar a mobilidade elétrica atraente para todos”.
A empresa afirmou que está criando espaço em Wolfsburg para tecnologias modernas e introduzindo novos processos de produção para transformar a fábrica no centro de produção de carros compactos totalmente elétricos, além de desenvolver uma plataforma de próxima geração que também será usada por outras marcas do grupo. O objetivo é produzir a próxima geração do Golf elétrico nessa nova plataforma, junto com o T-Roc elétrico.
“Agora será crucial trabalhar de forma consistente nas preparações necessárias para o sucesso dos próximos anos”, disse Daniela Cavallo, presidente do conselho de trabalhadores da Volkswagen. “A Volkswagen deve definir o rumo em termos de complexidade, processos de trabalho e sinergias”.
A empresa estabeleceu a meta de tornar a marca Volkswagen a líder tecnológica global entre os fabricantes de grande volume até 2030, ao mesmo tempo em que fortalecerá sua competitividade por meio de sinergias de custos e da expansão de seu portfólio de modelos existentes. O plano inclui o lançamento de nove novos modelos até 2027.
Monitor Digital - RJ 06/02/2025
O Custo Unitário Básico (CUB) global da indústria da construção do Estado de São Paulo registrou variação positiva de 0,23% em janeiro de 2025, acumulando aumento de 4,41% nos últimos 12 meses. Os dados são do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Em janeiro, os custos com os materiais de construção se elevaram em 0,47%, acumulando 4,92% nos últimos 12 meses. O custo com mão de obra foi de 0,07% no mês e 4,11% nos últimos 12 meses. As variações dos custos administrativos (salário dos engenheiros) foram de 0% no mês e 3,11% nos últimos 12 meses. O CUB representativo da construção paulista (R8-N) ficou em R$ 2.044,29 por metro quadrado em novembro.
Nas obras incluídas na desoneração da folha de pagamentos, o CUB registrou variação positiva de 0,25% em janeiro. A variação nos últimos 12 meses foi de 4,45%. O custo médio da construção paulista (R8-N) subiu para R$ 1.907,78 por metro quadrado em janeiro.
No acumulado de 2024, a indústria da construção brasileira gerou 100.921 novos empregos, um aumento de 4,04% na comparação com o saldo do setor em 2023. O resultado positivo ocorreu mesmo com o fechamento de 89.673 empregos em dezembro de 2024, uma queda de 3,04% em relação ao número de empregados do setor em novembro.
Já o saldo entre admissões e demissões em todos os setores da atividade econômica no país resultou no fechamento de 535.547 empregos em dezembro. Os dados são do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), e foram divulgados no último dia 30 pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
Yorki Estefan, presidente do SindusCon-SP, comenta que a queda do emprego na construção ocorreu, em sua maior parte, por trabalhadores que pedem demissão, para viajarem às suas regiões de origem.
“Normalmente, as admissões voltam a superar as demissões nos primeiros meses do ano, em função da continuidade das obras em andamento e do início de novas obras contratadas”, afirma.
Todos os cinco grandes grupamentos fecharam empregos em dezembro: serviços (-257.703), indústria (-116.422), agropecuária (-46.672) e comércio (-25.084).
Nas atividades imobiliárias do setor de serviços (incorporação imobiliária), foram fechados 609 empregos em dezembro – variação de -0,30% em relação a novembro. Ainda assim, no acumulado de 2024 foram gerados 6.390 (3,30%).
Ao final de dezembro, a construção empregava 2.858.990 trabalhadores com carteira assinada no país, de acordo com o Novo Caged.
O saldo entre admissões e demissões na construção no Estado de São Paulo voltou a ficar negativo (-17.528) em dezembro. Além de São Paulo, os Estados que fecharam mais empregos no setor foram Minas Gerais (-12.523), Mato Grosso (-5.950), Paraná (-5.936), Bahia (-5.829), Santa Catarina (-5.772), Rio de Janeiro (-5.241) e Pará (-5.003).
O Estado de S.Paulo - SP 06/02/2025
O governo Tarcísio de Freitas prevê R$ 4,7 bilhões em investimentos na concessão de um trecho da Rodovia Raposo Tavares (SP-270) para consolidar a rota como um novo corredor logístico de escoamento da produção agroindustrial do País. O edital para transferir para a iniciativa privada o Lote Paranapanema, que compreende o caminho entre Itapetininga (SP) e Ourinhos (SP), deve ser publicado no primeiro semestre deste ano. O projeto faz parte do Programa de Parcerias de Investimentos do Estado de São Paulo (PPI-SP).
A concessão prevê quase 150 km de duplicações da rodovia, mais de 10 km de pistas marginais e mais de 50 km de acostamentos novos ou recuperados, além de 29 novas passarelas para pedestres e mais de 80 pontos de ônibus. Segundo a Secretaria de Parcerias de Investimentos (SPI), 13 municípios serão diretamente impactados.
“A concessão do Lote Paranapanema permitirá que a Raposo Tavares se consolide como uma alternativa segura e eficiente à Rodovia Castelo Branco, especialmente para o transporte de grãos e outros produtos agrícolas, com a duplicação do trecho entre Paranapanema e Ipaussu”, diz nota da SPI enviada à Coluna do Estadão. “O projeto visa potencializar o uso da Raposo Tavares como um dos principais eixos logísticos do país, ampliando a capacidade de escoamento e otimizando o acesso ao Porto de Santos”, afirma outro trecho.
De acordo com o governo Tarcísio, o empreendimento reduzirá custos logísticos para os produtores, fortalecerá o agronegócio e fomentará novos investimentos. A rodovia SP-270 é uma das principais vias que atravessam São Paulo de Leste a Oeste, na divisa com Mato Grosso do Sul.
Infomoney - SP 06/02/2025
O governo federal vai investir R$ 7,15 bilhões em medidas para escoamento da safra de grãos em 2025. A cifra inclui investimentos públicos previstos pelo Ministério dos Transportes e pelo Ministério dos Portos e Aeroportos (MPor) e considera valores previstos no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2025.
Os aportes apresentados na cerimônia conjunta entre os ministérios já eram conhecidos, uma vez que fazem parte dos planos setoriais das pastas de infraestrutura. A safra de grãos 2024/25 é estimada em recorde de 322,25 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Para a malha rodoviária, o plano prevê a ampliação dos investimentos de R$ 2 bilhões para R$ 2,6 bilhões no Arco Norte, conjunto de rodovias e ferrovias que atendem portos e estações de transbordo dos estados de Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Maranhão. No Arco Sul/Sudeste, o investimento deve passar de R$ 1,6 bilhão para R$ 1,9 bilhão.
Estão previstas concessões de trechos rodoviários, a intensificação da fiscalização da pesagem e o apoio ao licenciamento ambiental para rodovias. Há previsão de nove leilões para concessão de corredores rodoviários importantes ao agronegócio, totalizando 5,5 mil km (sendo 1 mil km em duplicação) e investimentos de R$ 91,4 bilhões.
O plano também inclui projetos ferroviários, como trechos da Fiol 2 e da Transnordestina, e leilão do corredor Ferrovia de Integração Centro Oeste (Fico)/Ferrovia de Integração Leste Oeste (Fiol), projeto que totaliza 1,7 mil km de trilhos, com um investimento estimado de R$ 99,7 bilhões. Há também a previsão de início das operações da Transnordestina, no trecho de Bela Vista (PI) a Iguatu (CE).
Dos cinco principais corredores rodoviários agrícolas, o Ministério dos Transportes estima que sejam movimentados 20 milhões de toneladas pela BR-163, 16 milhões de toneladas pela BR-364, 4 milhões de toneladas pela BR-242, 11 milhões de toneladas pela BR-155/158/FNS/EFC e 9 milhões de toneladas pela BR-135.
Na área portuária, a previsão é de aumento nos investimentos públicos e privados. Os investimentos públicos devem totalizar R$ 1,7 bilhão, contra R$ 1,04 bilhão empenhados em 2024. Já do setor privado são esperados R$ 18 bilhões, 32% mais que os R$ 13 6 bilhões verificados no ano passado.
A previsão de aumento de investimentos no setor portuário se deve principalmente a novas concessões e arrendamentos em portos como Itaguaí, Santos e Paranaguá. O governo federal estima que as concessões e arrendamentos totalizarão R$ 20 bilhões até o fim de 2026. As obras contemplam dragagens e modernização da infraestrutura.
Entre as hidrovias, que foram responsáveis por transportar 127 23 milhões de toneladas de produtos agrícolas em 2024, o governo prevê investir R$ 946 milhões, R$ 178 milhões a mais que em 2024. Uma das apostas para o setor é conceder as principais hidrovias do País, incluindo os rios Madeira, Paraguai, Lagoa Mirim, Barra Norte, Tocantins e Tapajós. Esses rios têm enfrentado secas severas nos últimos anos, impossibilitando a navegação por longos períodos. O governo entende que concedê-los à iniciativa privada possibilitará medidas mitigatórias mais céleres.
Estimativa
O Ministério da Agricultura estima que 1,250 bilhão de toneladas de produtos agropecuários circulam pelos portos e rodovias nacionais. O número foi apresentado pelo ministro da Agricultura Carlos Fávaro, em evento conjunto com as pastas da infraestrutura para apresentação das medidas para escoamento da safra de grãos 2025.
A perspectiva de movimentação inclui a previsão de safra recorde de grãos em 2024/25 estimada em 322,25 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de carnes e açúcar do País.
No evento, Fávaro defendeu a eficiência da infraestrutura nacional, afirmando que a logística brasileira é competitiva. “Se a nossa infraestrutura não fosse tão eficiente, não estaríamos abrindo tantos mercados e exportando. Temos competitividade na infraestrutura”, disse.
Entre as medidas que serão adotadas pela pasta para acelerar o escoamento da produção, Fávaro citou a ampliação dos certificados eletrônicos para movimentação de cargas agropecuárias, como é feito hoje com o Certificado Sanitário Nacional (CSN) digital para trânsito interno de produtos de origem animal. “Isso será acelerado. Para carnes, temos 80 mil certificados eletrônicos sendo emitidos”, pontuou Fávaro.
Outra prioridade da pasta será o chamamento de novos auditores fiscais federais agropecuários, em concurso já aprovado, para atuação nos portos brasileiros. “Para não termos barreiras e as exportações acontecerem”, afirmou.
Diário do Aço - MG 06/02/2025
Nesta quinta-feira (6), a Nova 381, concessionária vinculada ao grupo 4Um FIP, que venceu o leilão de concessão da rodovia, assume oficialmente a administração do trecho da rodovia entre Caeté e Governador Valadares, em evento que ocorrerá em Belo Oriente, conforme noticiado em primeira mão pelo Diário do Aço.
No entanto, embora muito aguardado por todos os usuários da rodovia, o início das duplicações por parte da iniciativa privada só deve começar a partir de 2027, sendo todos os trechos previstos concluídos nos oito primeiros anos de contrato, conforme prevê o Programa de Exploração da Rodovia (PER), da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), ao qual o Diário do Aço acessou e destrinchou.
Ao todo, estão previstos cerca de R$ 9,5 bilhões investidos para duplicação, terceiras faixas, sinalização de toda a rodovia, ajustes geométricos das curvas perigosas.
Como funcionará a duplicação
A primeira ação da concessionária referente à ampliação das faixas será no 3º ano de concessão, ou seja, em 2027. O PER prevê a conclusão das obras de duplicação já iniciadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no trecho entre o Km 286,53, em Jaguaraçu (poucos metros após a entrada para o município), e o Km 314,36, em Antônio Dias, cerca de 1 km após o segundo túnel sentido Belo Horizonte.
No ano seguinte, em 2028, está prevista a conclusão da duplicação no Km 314 em Antônio Dias até o entroncamento da BR-381 com a MGC-120, em Nova Era, no Médio Piracicaba; e do Km 331,17, em Nova Era, até o Km 340,36, na entrada de Bela Vista de Minas.
Para o 5º ano de concessão, em 2029, a duplicação parte de Bela Vista de Minas e finaliza no Km 377,92, em São Gonçalo do Rio Abaixo (próximo ao trevo). No mesmo ano, também está prevista outra obra a partir deste trecho em São Gonçalo do Rio Abaixo, até o Km 385,4, no trecho do distrito de Cocais, em Barão de Cocais.
Também para o 5º ano está prevista a implantação da área de escape no Km 373,94, próximo à comunidade de Chácara Velha em São Gonçalo do Rio Abaixo.
Vale do Aço
A Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA) deverá começar a receber as obras de duplicação somente no 6º ano de concessão, quando será duplicado do Km 273,76, próximo ao trevo do Cachoeira do Vale, em Timóteo, até o Km 285,08, em Jaguaraçu, se unindo ao trecho com previsão para duplicação em 2027.
Por fim, no 8º ano de concessão, 2032, a duplicação partirá do Km 273,76, próximo ao trevo do Cachoeira do Vale, até o Km 267,76, em Coronel Fabriciano, sob a ponte velha.
No mesmo ano, haverá uma duplicação do Km 228,98 em Belo Oriente (próximo à Cenibra) até o Km 250,91 em Ipatinga (próximo ao Monte da Resposta).
Melhorias em 2025
Para agosto deste ano, conforme Clésio Gonçalves, coordenador do Movimento Pró Vidas BR-381, estão previstos o início da operação de ambulâncias, inclusive equipadas com UTI móvel, atendimento com guinchos leves e pesados, entre outras diversas viaturas operacionais, além de um Centro de Controle Operacional (CCO) com monitoramento de câmeras em 100% da rodovia, com o objetivo de garantir a segurança viária/pública com compartilhamento das imagens junto às forças policiais.
O "Plano 100 Dias", que deve ser detalhado em breve, prevê ações emergenciais para melhorar a segurança e o conforto dos usuários da rodovia, incluindo intervenções no pavimento, roçada, reparos iniciais em pontes e viadutos, limpeza das pistas, drenagens superficiais e melhorias na sinalização.
Outras obras
O Programa de Exploração da Rodovia também estabelece a construção de Unidade Operacional (UOP) da Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas proximidades do trevo do distrito de Perpétuo Socorro, em Belo Oriente, além de reformar o edifício da balança de pesagem, já existente em Jaguaraçu.
Duplicação Dnit
Conforme estabelecido no contrato de concessão, o Dnit permanece responsável pela execução de melhorias no lote 8A em Caeté, com serviços de restauração, duplicação e melhoramentos, do km 422,4 ao km 440,4. No lote 8B, entrada da capital, serão executados os mesmos serviços, mas do km 440,4 ao km 453,8. Esse seguimento de aproximadamente 30 quilômetros será incorporado à gestão da Nova 381 a partir do oitavo ano de concessão, quando a concessionária assumirá também a recuperação e manutenção desse trecho. Ao todo, serão investidos, até 2028, mais de R$ 900 milhões na região de Belo Horizonte.
“Assunção da BR-381”
A cerimônia que marca o início da operação da concessionária Nova 381 terá a presença de Renan Filho, ministro dos Transportes, e de Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, além de deputados estaduais e federais, além de prefeitos e outras lideranças ligadas ao Vale do Aço e municípios cortados pela BR.
Rodovia da morte
Dados da PRF indicam que entre os anos de 2018 e 2023, aconteceram 3.960 sinistros de trânsito no trecho da BR-381 que vai de Belo Horizonte a Governador Valadares. Quatrocentas e vinte pessoas perderam a vida nessa estrada.
A BR-381, assim como tantas outras que cortam Minas Gerais, enfrenta um cenário de deterioração, com buracos, ausência ou má sinalização, iluminação precária, falta de acostamento e pavimento deteriorado das rodovias federais brasileiras. Durante o percurso de Ipatinga para Belo Horizonte, é possível notar diversos pontos da BR-381 que se enquadram na descrição, sobretudo, nos trechos em que as obras de duplicação não foram concluídas.
Toda essa situação traz consequências para além dos prejuízos econômicos. Além disso, somados à imprudência de motoristas, levam a tantas ocorrências graves nas pistas do país. Muitas delas, fatais.
Pedágios a serem instalados dentro de um ano
Antes mesmo de qualquer início de duplicação, a concessionária irá fixar cinco praças de pedágio entre Belo Horizonte e Governador Valadares, entre o fim de 2025 e início de 2026. A cobrança efetiva deve começar em fevereiro do ano que vem.
As tarifas básicas de pedágio para cada praça de pedágio são as seguintes: Caeté (R$ 13,75), João Monlevade (R$ 11,40), Jaguaraçu (R$ 13,35), Belo Oriente (R$ 10,75) e Governador Valadares (R$ 11,20). No entanto, conforme a ANTT, o cálculo da tarifa aplicada no início de 2026 levará em conta o desconto oferecido no leilão pela Nova 381 de 0,94% e outros fatores não discriminados.
Valor - SP 06/02/2025
Após idas e vindas, Tecon Santos 10 deve ter consulta pública até 20/02 e edital em setembro
Costa Filho, ministro, diz que regra de concorrência será definida com TCU — Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
Após idas e vindas, o governo federal deverá lançar até o dia 20 de fevereiro a consulta pública de um novo megaterminal de contêineres no Porto de Santos, o antes chamado STS 10, agora rebatizado como Tecon Santos 10. A previsão de investimentos é de R$ 4,5 bilhões.
No mercado já há expectativa de forte interesse pelo ativo. Ao mesmo tempo, há também perspectiva de divergências em torno do projeto, o que pode gerar atrasos.
O empreendimento, que terá que ser construído do zero, deverá ter capacidade para movimentar 3,5 milhões de contêineres por ano, em quatro berços de atracação, segundo o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. “Vai quase dobrar a capacidade de operação de contêineres no porto de Santos”, disse ele.
O critério da licitação será o maior valor de outorga, cujo mínimo deverá ser de R$ 1,2 bilhão - o governo pretende destinar os recursos à construção do novo terminal de passageiros em Santos.
O cronograma do ministério prevê, após a consulta pública, o envio do projeto ao Tribunal de Contas da União (TCU) no fim de abril, a publicação do edital em setembro e o leilão em dezembro deste ano, para que o contrato seja assinado em meados de 2026.
No mercado, expectativa é de interesse de grupos como MSC, Maersk, ICTSI, PSA, CMA CGM e J&F, dizem fontes
Na disputa, as duas empresas de navegação com maior atuação no Brasil, Maersk e MSC, são dadas como concorrentes certas - caso não haja restrição à participação dos grupos. Hoje as companhias já são sócias em um terminal de contêineres do porto, a BTP (Brasil Terminal Portuário). A CMA CGM, outra companhia de navegação, que recentemente comprou o controle da Santos Brasil, que tem um grande terminal de contêineres em Santos, também deverá se interessar, assim como outros armadores, por exemplo a chinesa Cosco, segundo fontes.
Grupos portuários internacionais como a PSA, da Temasek (de Cingapura, que chegou a negociar a Wilson Sons), e a ICTSI, das Filipinas (que já tem terminais no Brasil), também são apontadas como potenciais interessadas. Outra empresa que poderá se interessar é a J&F, da família Batista, que recentemente assumiu o controle do terminal de contêineres em Itajaí (SC), segundo pessoas que acompanham o projeto.
No setor, há também expectativa de controvérsias que poderão afetar o calendário do governo - algo que já ocorreu no passado. No governo anterior, quando o projeto foi lançado, as regras do leilão foram alvo de disputa entre operadores. A principal crítica partiu dos terminais portuários bandeira branca, que criticavam a possibilidade das empresas de navegação Maersk e MSC participarem do leilão. Naquele momento, o edital proibia que os grupos disputassem em sociedade, por meio da BTP, mas permitia que entrassem separados, o que gerou questionamentos que travaram o avanço.
A crítica era que os dois principais armadores do país privilegiariam seus próprios terminais, em detrimento dos demais, e, caso conquistassem uma nova área, os terminais não verticalizados - em especial Santos Brasil - seriam prejudicados.
Hoje, no novo projeto, uma das dúvidas é justamente como ficará a regra de concorrência. Questionado sobre o tema, o ministro disse que o assunto será discutido durante a consulta pública e que será definido em diálogo com o TCU. “A questão da possibilidade de armadores participarem compete ao TCU. Como vamos fazer audiências públicas, a gente quer poder formar uma opinião melhor.”
Fontes próximas aos grupos dizem estar confiantes de que as empresas de navegação poderão disputar. Alguns avaliam que o fato de a Santos Brasil, que vinha sendo uma grande crítica à participação dos armadores, ter sido comprada pela CMA CGM deve aliviar os questionamentos. Porém, outros afirmam que ainda deverá haver resistência em torno da regra.
Outra preocupação em relação ao projeto, que na visão de fontes pode gerar debates, é o temor de congestionamento viário em Santos, dado que o novo terminal deverá trazer fluxo grande de caminhões. A Autoridade Portuária de Santos já anunciou que fará obras viárias para melhorar o acesso na região antes que o terminal entre em operação, mas ainda assim deverá haver críticas, dizem fontes.
Do lado das empresas de navegação e de pessoas que analisam o projeto, outros temores estão no radar, segundo fontes. Um deles é quando o terminal poderá atingir sua capacidade total, pelas regras do projeto. Há uma preocupação de que a operação demore demais para atingir seu pico, o que significaria retardar o aumento de capacidade do Porto de Santos, que já está próximo do limite para contêineres.
Outra fonte diz que também há incerteza sobre qual será a responsabilidade do vencedor em relação ao terminal de passageiros, que deverá ser construído com recursos arrecadados no leilão. O arranjo foi uma forma de viabilizar os dois projetos: antes, havia pressão para que o terminal de contêineres dividisse a área com o de passageiros. Com o acordo, o empreendimento de carga conseguiu ficar com todo o terreno, mas mediante a contrapartida de viabilizar o projeto para os turistas.
Perguntado sobre o tema, o ministro Costa Filho disse que ainda não foi definido de que forma se dará a obrigação. “Ainda estamos discutindo se ele vai fazer parte do projeto ou se vai se fazer a concessão de área à parte.”
Para outra fonte, o principal risco é que todos esses debates atrasem o projeto e eventualmente o joguem para o governo seguinte. Esse cenário, segundo pessoas que atuam em Santos, gera preocupação devido ao congestionamento que já existe no porto e que só tende a se agravar nos próximos anos.
Questionado sobre o projeto, o diretor-presidente da MSC Shipping Brasil, Elber Justo, afirmou que “com o anúncio do leilão do Tecon 10, o governo felizmente endereça o grande problema da infraestrutura portuária que vem comprometendo de forma sistêmica os ‘schedules’ [janelas] dos navios, pois a restrição de oferta em Santos ecoa em toda a rotação das embarcações, afetando a carga, o comércio exterior, o desenvolvimento do país”. Procurados, a Maersk, a CMA CGM e a J&F não se manifestaram. A reportagem tentou contato com a PSA, a ICTSI e a Cosco, mas não teve retorno.
Valor - SP 06/02/2025
Ministro de Minas e Energia afirmou que o atual governo não tem o interesse de afrouxar as regras ambientais, como a gestão anterior, mas não cederá a radicalismos de setores contrários à exploração
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, aposta na emissão da licença ambiental ainda este ano para a exploração do bloco FZA-M-59, na bacia da Foz do Amazonas, pela Petrobras na região da Margem Equatorial.
“Acredito sim no licenciamento da Margem Equatorial, até porque a Petrobras cumpriu com tudo aquilo que o Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente] pediu”, disse o ministro, em entrevista ao canal CNN.
Silveira, que tem travado um embate com a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) sobre o tema, ponderou que o órgão ambiental deve liberar o projeto dentro do “seu tempo de análise". Em seguida, reforçou ter “a convicção que ainda este ano teremos o licenciamento”.
Durante a entrevista, o ministro afirmou que o atual governo não tem o interesse de afrouxar as regras ambientais, como a gestão anterior, mas não cederá a radicalismos de setores contrários à exploração na Margem Equatorial, região considerada a nova fronteira da produção de óleo e gás no Brasil. “Não deixamos passar a boiada, mas também não queremos extremismo meramente ideológico”, afirmou.
O titular da pasta de Minas e Energia voltou a defender que o fim da produção de petróleo não se dará por uma "questão de oferta", mas de demanda. Ele argumentou que enquanto houver demanda por combustíveis fósseis, haverá alguém produzindo. “Que seja o Brasil!”, disse.
Questionado sobre o recente aumento no preço dos combustíveis anunciado pela Petrobras, Silveira afirmou que, no caso do diesel, o valor ainda está abaixo do registrado em dezembro de 2022. Ele informou que, naquela época, o litro do diesel na bomba estava em R$ 6,38, mas, agora, está R$ 6,36. “Ainda temos preços de 12% a 15% abaixo.”
Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira — Foto: Ricardo Botelho/MME
O Estado de S.Paulo - SP 06/02/2025
Há mais de uma década na posição de maior importador de petróleo da Petrobras, a China repetiu o feito em 2024, mas perdeu a posição para o conjunto de países europeus no quarto trimestre do ano.
De outubro a dezembro, a estatal brasileira vendeu 508 mil barris de petróleo por dia ao exterior, dos quais 38% foram para a Europa e apenas 30% foram para a China. Como comparação, em todo o ano de 2019, o país asiático chegou a comprar 72% do total vendido pela Petrobras. A inversão, que pode se tornar mais frequente daqui para frente, só foi registrada no momento mais agudo da guerra da Ucrânia, no segundo trimestre de 2022 (Europa com 39% e China com 15%).
Corre por fora a região chamada de “Ásia exceto China”, que inclui Índia e Coreia do Sul, e das exportações da Petrobras no fim de 2024 respondeu por 17%, o maior porcentual desde que os volumes por país foram abertos em balanço, a partir de 2019.
Estratégia
Embora a guerra na Ucrânia ainda sustente o rearranjo global das cargas de petróleo — com cargas russas indo à Ásia, enquanto o petróleo do Oriente Médio e de regiões como Brasil passaram a suprir mais a Europa —, a mudança no topo da lista de compradores da Petrobras também se deve à estratégia de diversificação da base de clientes da companhia para maximização de margens, diz o diretor de comercialização e logística, Claudio Schlosser.
“O que a gente tem feito muito na área internacional é ampliar a nossa base de clientes. Nossa cesta tem renovado praticamente 19 clientes de petróleo por ano, o que é uma evolução muito grande em relação aos níveis históricos”, diz Schlosser.
Segundo o executivo, não se trata de reduzir a exposição à China, que vai seguir como destino forte do produto da Petrobras podendo retomar a primeira posição. “A estratégia é ter o maior grau de cobertura e clientes possível. Não trabalhamos observando dependência daqui ou dali. O objetivo é que a cesta de petróleos seja monetizada da melhor maneira possível, e isso acontece quando ampliamos o interesse e a briga pelo produto vem”, afirma.
Com relação às refinarias europeias, mais exigentes quanto à qualidade do petróleo, a geopolítica de momento deu oportunidade para a Petrobras apresentar seu produto, um petróleo de densidade baixa ou média e com baixo teor de enxofre e carbono. “É um produto excepcional, com demanda, mas ainda pouco conhecido. Quando a janela se abriu, passamos a vender mais para Grécia, Itália e outros países que entraram na base de clientes com um apetite crescente”, continua.
Índia e África
Além da Europa, Schlosser cita compradores asiáticos, sobretudo da Índia, e novos clientes africanos. Como o Estadão/Broadcast noticiou na terça-feira, 4, a Petrobras está em vias de assinar um contrato de 24 milhões de barris de óleo cru para a Bharat Petroleum Corporation, uma das quatro estatais indianas de refino. Já existem contratos com a Indian Oil Corporation (IOC) e a intenção de fornecer a outras empresas do país, que já é o terceiro maior importador de petróleo do mundo.
O executivo da Petrobras cita, também, um potencial mais forte de entrada na África, citando o fornecimento à refinaria Dangote, inaugurada em maio de 2023 na Nigéria, com capacidade para 650 mil barris por dia.
Em 2024, a Petrobras exportou uma média de 798 mil barris por dia de petróleo, 1% a menos do que em 2023. A frente de refino da própria companhia é um competidor das exportações, porque só é vendido ao exterior a parcela de óleo cru não aproveitada para fabricação de derivados pela estatal, em alta nos últimos anos.
China
Apesar da guinada à Europa, novas taxações dos Estados Unidos à China podem reforçar ainda mais o fluxo de petróleo brasileiro para a maior economia da Ásia. Até por isso, Schlosser define a redução do porcentual à China como conjuntural e não estrutural.
Em 2024, as importações totais de petróleo da China encolheram 1,9% na comparação com 2023, no que foi o primeiro declínio anual em décadas, desconsiderando a pandemia. O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), Roberto Ardenghy, reconhece os efeitos da desaceleração da economia chinesa e do seu processo de eletrificação massiva na demanda pela commodity, mas minimiza a estatística.
Ele explica que os chineses reduziram importações, mas não consumo de petróleo, porque usaram volumes estocados, comprados em momentos de cotação mais baixa, de anos anteriores. Ardenghy lembra que 43% da matriz energética da China ainda vem do carvão mineral e que, portanto, parte importante da transição não será direta, passando pelo petróleo. Isso deve garantir a China como protagonista da pauta de exportações por “bons anos”, afirma.
O Estado de S.Paulo - SP 06/02/2025
Após aumentar o contrato de fornecimento de gás natural liquefeito (GNL) para caminhões à empresa de logística VirtuGNL, a Eneva ocupou toda a capacidade da planta voltada ao negócio no Complexo do Parnaíba. Agora mira uma segunda unidade do tipo para aumentar a base de clientes. Maior fabricante privada de gás natural do País, o GNL “small scale” da Eneva já alimentava plantas da Vale e da Suzano.
“Para viabilizar o avanço do negócio de GNL small scale, já estamos avaliando a possibilidade de ampliar a capacidade instalada no Parnaíba”, diz o diretor de Marketing, Comercialização e Novos Negócios da Eneva, Marcelo Lopes.
A planta da Eneva responsável por receber o gás natural, tratar, liquefazer, armazenar e carregar os volumes em carretas criogênicas de transporte começou a operar em novembro de 2024 e tem capacidade de 600 mil m3/dia, agora totalmente ocupada.
“Com esse ‘soldout’ da capacidade da planta, abrimos um novo ciclo de investimentos voltado à expansão do negócio de GNL em pequena escala para regiões não atendidas pela malha de gasodutos”, afirma Lopes.
Ele afirma que os contratos firmados até aqui demonstram que é possível escalar a solução de GNL para transporte pesado a fim de capturar uma parte do mercado hoje movimentado com diesel no Maranhão e estados contíguos. A Eneva planeja, sobretudo, fornecer combustível à logística do agronegócio.
Contrato ampliado
Como mostrou o Estadão/Broadcast, o novo contrato com a VirtuGNL vai até o fim de 2034 e mais do que quadruplica o fornecimento de GNL pela Eneva, que passa de 35 mil metros cúbicos por dia (Nm³/dia) para 150 mil Nm³/dia. A VirtuGNL tem ainda a prerrogativa de aumentar esse volume contratado com a Eneva em 600 mil m³/dia adicionais, em linha com o crescimento do negócio.
Esse gás natural liquefeito já vai atender à demanda no chamado Matopiba, que reúne áreas do agronegócio nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
A parceria de Eneva e VirtuGNL viabiliza o que a empresa tem chamado de “corredores verdes” para transporte pesado no País. O projeto substitui caminhões a diesel por veículos a GNL, e já oferece soluções menos poluentes de transporte para empresas como Vale, Suzano, Yara, Vibra e Cofco.
Potencial e descarbonização
“O consumo diário de diesel no transporte pesado no Matopiba equivale a cerca de 9 milhões de metros cúbicos de gás natural. A conversão de apenas 10% desse mercado para GNL representaria um consumo diário de quase 1 milhão de metros cúbicos de gás, consolidando o papel do GNL como solução estratégica para descarbonizar o setor logístico no Brasil”, diz em nota a Eneva.
Ainda segundo a fabricante, o uso de GNL em veículos pode reduzir entre 20% e 30% as emissões de dióxido de carbono (CO2) e praticamente eliminar a emissão de particulados e óxidos de enxofre (NOX) na comparação com outros fósseis como o diesel comum.
Valor - SP 06/02/2025
Plano era uma das condições para o órgão ambiental avançar na análise do pedido de licença da empresa para explorar petróleo na Foz do Amazonas
O coordenador de licenciamento ambiental de exploração de petróleo e gás do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Ivan Werneck Bassères, pediu que a equipe técnica do órgão ambiental dê prioridade na análise do plano de proteção à fauna apresentado pela Petrobras. O plano era uma das condições para o órgão ambiental avançar na análise do pedido de licença para explorar petróleo na Foz do Amazonas, parte da Margem Equatorial.
Em documento publicado no sistema do Ibama nesta terça-feira (4), o coordenador pede que a equipe técnica avalie a possibilidade de aprovação do plano e a viabilidade de a Petrobras realizar a avaliação pré-operacional (APO).
A APO é um teste em que a empresa realiza simulação de vazamento de óleo na região e demonstra a capacidade de resolução do problema, com equipes e embarcações. A avaliação é a última etapa para obter a licença ambiental.
Na segunda-feira (3), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou ao novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que o governo vai trabalhar para destravar “logo” a atividade exploratória na região. Lula teria dito que a exploração de petróleo na Foz do Amazonas “precisa” ser feita o quanto antes.
Ontem, a presidente da petroleira, Magda Chambriard, disse que a companhia respondeu, em novembro, a todas as questões do órgão ambiental. “Entregamos toda a demanda do Ibama nos últimos dias de novembro. Estamos construindo o centro de reabilitação da fauna no Oiapoque, como foi demandado, que deve ficar pronto em março”, disse. “Agora, aguardamos a avaliação do Ibama sobre o material que entregamos.”
O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, disse ao Valor na quinta-feira (30) que a licença só deve avançar depois de março, quando a Petrobras espera concluir as obras da unidade de proteção à fauna.
Canal Rural - SP 06/02/2025
Na segunda-feira (3), o governo dos EUA suspendeu por 30 dias a imposição de tarifas de 25% sobre produtos do México e do Canadá, após abrir negociações com os dois países sobre o controle das fronteiras.
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A CNH, que tem as marcas Case IH e New Holland, informou nesta terça-feira (4) que cerca de US$ 400 milhões de suas importações estariam sujeitas às tarifas de 25% sobre produtos do Canadá e do México. “Qualquer aumento nos custos será repassado aos nossos clientes”, disse o CEO da CNH, Gerrit Marx, durante teleconferência com analistas.
Segundo ele, a empresa está avaliando opções para realocar parte da produção, a fim de reduzir a exposição às tarifas. Essas mudanças poderiam levar até 18 meses para serem concluídas, e não serão realizadas se as tarifas forem de curto prazo, acrescentou Marx.
Já a tarifa retaliatória de 10% imposta pela China a tratores, colheitadeiras e outros equipamentos agrícolas fabricados nos EUA provavelmente terá impacto mínimo sobre os fabricantes americanos, segundo analistas. De acordo com uma análise do banco de investimento Jefferies, baseada em dados do Census Bureau, as exportações americanas de equipamentos agrícolas para a China somam cerca de US$ 500 milhões por ano. Para efeito de comparação, as vendas totais de equipamentos da Deere no ano passado foram de quase US$ 45 bilhões.
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