IstoÉ Online - SP 06/02/2023
A Gerdau comunicou nesta sexta-feira que a empresa e subsidiárias do grupo terão direito de reconhecer nos resultados aproximadamente 800 milhões de reais referente a créditos tributários, após trânsito em julgado envolvendo processo sobre créditos de PIS e Cofins nas suas aquisições de sucata.
A companhia afirmou que Gerdau Açominas S.A., a Gerdau Aços Longos S.A. e a Gerdau S.A. obtiveram êxito em processo judicial de natureza tributária e que o valor decorre do principal acrescido de atualização monetária, deduzido de honorários advocatícios e tributos.
Money Times - SP 06/02/2023
O Inter realizou uma troca em sua carteira de dividendos para o mês de fevereiro publicado nesta semana.
A corretora optou por trocar a Gerdau (GGBR4) por CSN (CSNA3), um dos destaques no mês de janeiro, com alta de 30%. De acordo com a analista Gabriela Joubert, que assina a carteira, a companhia deve apresentar melhores resultados com boa a contribuição do segmento de mineração.
Para Joubert, a empresa caminha para uma reestruturação dos seus negócios, tornando-se uma holding, controlando empresas não só no ramo siderúrgico, mas também na mineração, cimentos, logística e energia.
“No segmento de siderurgia, devemos ver a companhia se beneficiar dos recentes aumentos de preços nos mercados internacionais, os quais influenciaram a empresa a liderar anúncios de aumentos de preços no mercado doméstico, em vigor a partir de janeiro”, argumenta.
A analista lembra ainda que com forte exposição ao setor automotivo, a companhia deve se beneficiar da esperada normalização da produção automotiva no país, com o arrefecimento dos efeitos da crise global de semicondutores.
O Inter projeta um dividend yield de 11,9% em CSN para 2023.
Veja a seleção completa:
Empresa Ticker DY
Banco do Brasil BBAS3 5,2%
Petrobras PETR4 8,5%
BB Seguridade BBSE3 12,0%
Sanepar SAPR11 9,2%
CSN CSNA3 14,4%
Energias do Brasil ENBR3 4,6%
Odontoprev ODPV3 11,5%
Taesa TAEE11 3,5%
Transmissão Paulista TRPL4 12,3%
Vale VALE3 42,9%
O Estado de S.Paulo - SP 06/02/2023
Os Estados Unidos surpreenderam novamente ao criar 517 mil empregos no mês de janeiro, o que deve servir de combustível para o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) subir mais os juros e mantê-los em patamares elevados para combater a inflação na maior economia do mundo. Se antes Wall Street estava esperando corte de taxas ainda neste ano, o mercado de trabalho mudou as perspectivas de bancos e consultorias.
O payroll, como é chamado o relatório de empregos dos EUA, superou até mesmo as expectativas mais otimistas. Trata-se do dobro do número de dezembro, e ficou bem acima do teto das projeções de analistas. Segundo o documento, o desemprego caiu para 3,4%, o menor patamar em décadas, com abertura de vagas em todos os setores da economia.
O economista do BNP Paribas para os Estados Unidos, Andy Scheider, classificou o payroll de janeiro como “inequivocamente forte” em um mês em que, tradicionalmente, as empresas demitem, o que se traduz em uma alta demanda por trabalhadores e uma oferta ainda restrita.
Apesar da forte criação de empregos, os salários dos trabalhadores americanos vieram em linha com as projeções, com alta de 0,30% em janeiro em relação a dezembro. O avanço é “moderado”, mas ainda “desconfortavelmente forte” para o Fed. O presidente do órgão, Jerome Powell, disse nesta semana que a queda da inflação nos EUA é “encorajadora”, mas o mercado de trabalho no país ainda está “muito forte”.
“Depois da reunião mais recente do Fed, o mercado realmente parecia duvidar da determinação do Fed de aumentar ainda mais os juros e manter as taxas em níveis elevados. O payroll de janeiro só vai tornar o Fed mais decidido”, diz Scheider, do BNP.
O relatório de emprego dos Estados Unidos também deve alterar as projeções do dólar no Brasil. Se antes havia a perspectiva de queda (pelo menos, no curto prazo) em razão da política de juros das autoridades monetárias dos EUA e brasileira, agora o cenário deve mudar. Ontem, a moeda americana fechou com alta de 2,03%, a R$ 5,14.
Nesta semana, o banco central americano elevou os juros básicos nos EUA em 0,25 ponto porcentual, empurrando as taxas para o intervalo de 4,50% a 4,75% ao ano.
MUDANÇA
Levantamento da plataforma CME Group capturou uma mudança nas expectativas dos economistas. A probabilidade de corte de juros desabou de 63,7%, na quinta-feira, para 31,3% depois da divulgação do relatório de ontem.
A maioria das consultorias e bancos em Wall Street vê os Fed Funds, que são os juros básicos nos EUA, subindo acima dos 5% ao ano, com pelo menos mais duas altas de 0,25 ponto nas reuniões de março e de maio. O Citi prevê o Fed elevando as taxas até junho, para o intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano.
Na visão da economista da ASA Investments, Andressa Durão, o payroll de janeiro chancela das declarações de Powell, que tem dito que o corte de juros não vem tão cedo. Ela afirmou, porém, que é preciso cautela quanto aos números do relatório uma vez que foi feita uma revisão retroativa nas séries dos anos anteriores.
“O dado veio mais favorável à economia dos Estados Unidos, mas as séries foram revisadas por conta de novas estimativas de população, então, teve impacto na quantidade de trabalhadores procurando emprego”, disse Andressa.
DESACELERAÇÃO
As consultorias estão divididas sobre projeções de crescimento da economia. BNP Paribas e a Oxford Economics veem os EUA em recessão a partir do segundo trimestre. Por outro lado, Capital Economics e Goldman Sachs acham que a maior economia conseguirá evitar um pouso forçado.
O economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), Robin Brooks, reforçou ontem a segunda corrente. Ele disse que o payroll “acaba com os temores de uma recessão nos EUA”. “Cada vez mais, parece que a inflação está caindo sem uma recessão profunda.”
Para o presidente dos EUA, Joe Biden, o payroll foi motivo de comemoração. “Os empregos estão aumentando, a inflação está diminuindo e meu plano econômico está funcionando”, escreveu em sua conta no Twitter.
O Estado de S.Paulo - SP 06/02/2023
O presidente Lula voltou a insistir em que o Banco Central (BC) precisa trabalhar com meta de inflação mais alta, que é para fixar juros mais baixos do que os 13,75% ao ano hoje vigentes.
É preciso juros mais baixos, argumenta ele, para incentivar o investimento e o aumento do emprego. E acrescenta: a atual meta de inflação no Brasil é padrão de países ricos, e não de países em desenvolvimento.
Esta Coluna argumenta que, no caso, Lula está errado porque usa raciocínio terraplanista. Primeiro, vamos às regras do jogo. Quem fixa a meta é o governo, por meio do Conselho Monetário Nacional (CMN). O BC trata de calibrar os juros para empurrar a inflação para dentro da meta. Quanto mais distante fica a inflação da meta estabelecida, mais altos têm de ser os juros.
A meta deste ano está fixada em 3,25%. A de 2024 e a de 2025, em 3,00%. No Brasil, há uma tolerância de 1,5 ponto porcentual, tanto para cima como para baixo. Nos países avançados, essa área de escape não existe porque os bancos centrais não operam, como aqui, com o alvo no ano-calendário, que se encerra em 31 de dezembro. Lá, o objetivo é cumprir a meta em 12 meses acumulados.
Em junho, o CMN reúne-se outra vez para fixar a meta de 2026. Esse prazo dilatado é necessário porque o BC tem de mirar mais longe. As declarações do presidente sugerem que, na próxima reunião, o conselho não só estipule uma meta mais alta para 2026, mas reveja para cima as metas fixadas para 2024 e 2025.
Isso seria um erro. E não é porque os maiorais do mercado têm interesse numa meta mais baixa. Ao contrário, eles se dariam melhor com a meta mais alta porque podem se defender. Meta mais alta, especialmente se ela se estender para 2024 e 2025, criaria um pandemônio no mercado. Os créditos de mais longo prazo, tanto para investimento como para financiamentos, têm juros embutidos que pressupõem cumprimento da meta – ainda que de maneira imperfeita. Se mudar a meta, o governo estaria metendo no sistema um fator de confusão e de quebra de credibilidade.
Isso, por sua vez, tenderia a puxar para cima a inflação, porque os fazedores de preços entenderiam que o BC teria perdido autoridade. E, se a inflação ficasse mais alta, o maior perdedor seria o assalariado, justamente o lado que o presidente Lula pretende beneficiar.
Por trás de tudo está o velho preconceito das esquerdas de que o crescimento econômico sempre cobrará um preço em mais inflação. É ter de tolerar a comilança das lagartas para afinal poder ter borboletas. Hoje, está mais do que comprovado que, em ambiente de mais inflação, quem se dá bem são os mais ricos e quem mais perde é sempre o pobre.
Globo Online - RJ 06/02/2023
Depois do impacto da pandemia e da guerra na Ucrânia, surgem os primeiros sinais de novo fôlego na economia mundial. O último relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) traz otimismo: projeta crescimento global de 2,9% neste ano e de 3,1% em 2024. Pode parecer pouco ante os 3,4% de 2022, mas, revisando previsões anteriores, o fundo constata que 2023 poderá marcar o início da recuperação global. Os números do FMI refletem a capacidade de adaptação de governos, e principalmente de empresas, a situações adversas.
Em outubro passado, economistas do próprio FMI emitiam um alerta para o risco “significativo” de uma recessão global. O economista-chefe Pierre-Olivier Gourinchas reconhece agora que 2023 poderá ser o ano da mudança de tendência na economia mundial. Entre os fatores apresentados como causas do “crescimento surpreendente” no último trimestre do ano passado, está a rápida adaptação da Europa à crise energética deflagrada pela invasão da Rússia à Ucrânia.
A Alemanha, antes dependente do gás russo, construiu em tempo recorde um terminal na sua costa no Mar do Norte, para importar gás liquefeito. No início de setembro, quando Vladimir Putin anunciou formalmente o fechamento dos gasodutos Nord Stream 1 e 2, em resposta às sanções ocidentais pela invasão da Ucrânia, não causou grande crise de abastecimento. Não só na Alemanha, mas também noutros países europeus que souberam se adaptar à realidade.
Também a China desmente os analistas que previram recessão em 2023. Para isso, bastou o governo chinês acabar com a equivocada política de Covid Zero, responsável por frear o crescimento e pelo desabastecimento em cadeias globais de suprimento de componentes. Depois de o PIB chinês crescer apenas 3% em 2022, a previsão é que alcance 5,2% este ano, acima dos 4,4% projetados em outubro.
Outro sinal positivo detectado pelo FMI é a redução das pressões inflacionárias globais, como resultado da queda no preço de combustíveis e em cotações de commodities (petróleo, grãos, minérios) e, principalmente, do endurecimento generalizado na política monetária. A estimativa é de inflação mundial de 6,6% neste ano e de 4,3% em 2024. No ano passado, ela chegou ao pico de 8,8%. Há uma positiva onda desinflacionária no planeta.
A retomada da economia mundial vem em boa hora para o Brasil. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem reclamado — sem razão — da política monetária apertada aplicada pelo Banco Central (BC) autônomo. Há pelo menos duas sólidas razões para o BC manter a taxa de juros em 13,75%. A primeira é a tendência inflacionária global, que felizmente parece ceder, abrindo espaço para quedas futuras nos juros. A segunda são as incertezas sobre os gastos públicos. Se o governo apresentasse, aprovasse e cumprisse regras plausíveis para a governança fiscal, haveria ainda mais amplitude para os juros caírem — e para a economia brasileira crescer surfando na nova onda de recuperação global.
Infomoney - SP 06/02/2023
Um possível retomada mais forte da economia chinesa neste ano é a esperança dos analistas para que a produção industrial brasileira consiga recuperar um pouco de ímpeto em 2023. O dado divulgado hoje pelo IBGE mostrou que atividade fechou o ano passado em queda de 0,7%, após uma alta de 3,9% em 2021. Mas o próprio instituto reconheceu que o desempenho do ano retrasado se deu sobre uma base muito deprimida, após quedas de 1,1% em 2019 e de 4,5% em 2020.
Para o Banco Original, o cenário ainda é de contração para este ano, com projeção de queda de 0,2% na produção industrial doméstica. Porém, esse número pode ser revisto para cima diante das mudanças econômicas efetuadas pela China, pelo fim das rígidas regras de circulação de pessoas que predominaram durante quase três anos.
“A indústria mineral doméstica pode se beneficiar caso a indústria chinesa se mostre mais demandante, principalmente o minério de ferro, cobre e níquel”, comentou o banco em sua análise.
E foi exatamente a indústria extrativa que pesou negativamente na Pesquisa Industrial Mensal (PIM) que o IBGE divulgou hoje. Essa categoria retraiu 3,2% em janeiro em razão da menor produção de minério de ferro, enquanto a indústria de transformação apresentou alta de 0,3%.
Sob ótica das categorias, o único recuo veio dos bens intermediários (-2,1%). Para o Banco Original, a alta de 1,8% dos bens de capital, ou seja, dos bens utilizados na produção de outros bens, em confluência com a nova alta de 0,7% dos insumos típicos para a construção civil, alivia o cenário de contração do PIB de investimentos.
No entanto, a projeção é que o setor de construção civil tende a arrefecer em 2023, dada a possibilidade de os juros serem mantidos mais altos por mais tempo, o que encarece a obtenção de financiamentos, modalidade muito importante para o setor.
A análise, pondera, no entanto, que uma recuperação é possível caso se confirme a intenção do novo governo de fomento à infraestrutura nacional e a aos programas de habitação, como Minha Casa, Minha Vida.
O BTG Pactual também vê possibilidade de uma ligeira recuperação da atividade industrial do grupo de Extração Mineral, pelo seu caráter não cíclico, por conta da recuperação da economia chinesa. Mas a tendência é de continuidade em 2023 do cenário de uma indústria mais enfraquecida, impactada negativamente pelo aperto das condições financeiras e pela deterioração do cenário global.
Mesmo com a expectativa de uma menor demanda entre os segmentos pesquisados, o BTG acredita numa maior resiliência em Bens Não Duráveis, “dada a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600, o aumento do salário-mínimo e possível desalavancagem das famílias a partir do programa Desenrola Brasil.”
Para o primeiro trimestre de 2023, caso o setor não apresente crescimento, a indústria deve estável em relação ao 4° trimestre de 2023, mas a expectativa do BTG Pactual para o ano é de queda de -0,3%.
Duráveis e não-duráveis
Rodolfo Margato, economista da XP, destacou que a estabilidade da produção industrial na medição mensal em dezembro representou a quarta leitura não-positiva nos últimos cinco meses. Com isso, a indústria doméstica contraiu 0,5% no 4º trimestre em relação ao 3º trimestre de 2022, com ajuste sazonal.
Mesmo com esse desempenho fraco, no entanto, a abertura setorial da produção industrial em dezembro trouxe números um pouco melhores do que o esperado, disse o economista. “Três entre as quatro categorias econômicas avançaram na base de comparação mensal. Destaque para a expansão de 4,1% em bens de consumo duráveis, que compensou parcialmente a contração acumulada de 4,6% entre setembro e novembro”, comentou em relatório. A despeito disso, a categoria recuou 1,0% entre o 3º e o 4º trimestres, como reflexo do aperto das condições de crédito.
Além disso, Margato argumentou que a recuperação da massa de renda real ampliada disponível às famílias, tanto pela elevação dos rendimentos reais do trabalho como pelas maiores transferências governamentais, tem fornecido alguma sustentação aos gastos com bens não duráveis.
Com os dados de hoje, o Tracker XP para o PIB do 4° trimestre aponta para queda sutil de 0,05% ante o 3° trimestre, com ajuste sazonal, o que seria compatível com uma taxa de crescimento de 3% em 2022.
“Por fim, prevemos que o PIB do Brasil avançará 1% em 2023. Esta projeção considera um salto de 8% no PIB da Agropecuária e um efeito de carrego estatístico de +0,4 porto porcentual vindo do PIB do último ano.”
Gabriel Couto, economista do Santander, por sua vez, destacou que o desempenho da indústria foi desigual em dezembro. “De fato, 11 das 26 atividades industriais cresceram na margem, com o índice de difusão atingindo 42%”, afirmou.
Em termos de contribuição positiva, ele citou coque de petróleo e biocombustíveis (+0,35 p.p.), farmacêuticos (+0,21 p.p.), produtos metálicos (+0,20 p.p.) e confecção de vestuário (+0,18 p.p.). Na outra ponta, exerceram maior pressão os produtos alimentares (-0,36 p.p.) , metalurgia básica (-0,28 p.p.), máquinas e equipamentos (-0,18 p.p.) e outros produtos químicos (-0,17 p.p.).
Segundo o Santander, em termos trimestrais o resultado de dezembro implica um resultado de -0,5% para quarto trimestre e uma passagem de 0,0% para o primeiro trimestre de 2023. Para a manufatura, Couto calcula um resultado de -0,8% no 4° trimestre e um ‘carryover’ de +0,2% para os primeiros três meses de 2023.
Já o Goldman Sachs vislumbra um carregamento nulo (0,0%) para o primeiro trimestre deste ano, uma vez que houve queda de 0,3% no terceiro trimestre e de 0,5% no quarto trimestre, em ermos anuais.
“No futuro, o setor industrial deverá enfrentar ventos contrários do impacto defasado de condições financeiras mais apertadas, retornos marginais decrescentes da normalização da atividade ‘pós-pandemia’, condições de crédito mais exigentes e demanda externa mais fraca. Do lado positivo, transferências fiscais significativas para as famílias devem amortecer a esperada desaceleração da atividade”, afirmo o banco de investimentos em relatório.
Para o Itaú, com os dados de hoje, o rastreamento do PIB do quarto trimestre atingiu -0,1% no comparativo trimestral com o ano anterior. “Olhando para frente, condições monetárias mais apertadas provavelmente restringirão a produção industrial”, diz relatório assinado por Natalia Cotarelli e Matheus Fuck.
IstoÉ Online - SP 06/02/2023
O Fundo Monetário Internacional (FMI) recomenda que o governo chinês adote medidas de estímulos fiscais e mantenha a política monetária acomodatícia, em um esforço para acelerar a recuperação dos efeitos das rígidas restrições de controle do coronavírus implementadas ao longo do ano passado. Em relatório após missão oficial no país asiático, o FMI destaca que o crescimento econômico chinês desacelerou de forma significativa em 2022, depois de uma “impressionante recuperação” em 2021.
Segundo a instituição, a segunda maior economia do planeta segue vulnerável a novas variantes da covid-19, à redução da demanda global e à crise de liquidez no mercado imobiliário.
Conforme já anunciado na semana passada, o Fundo prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) chinês crescerá 5,2% este ano. A tendência é de que as pressões inflacionárias permaneçam equilibradas no curto prazo, de acordo com a análise.
Nesse cenário, os diretores do FMI concluíram que Pequim precisa seguir com uma política fiscal voltada às famílias e que fortaleçam a proteção social. Também defenderam reformas estruturais que reduzam o setor imobiliário a um tamanho mais razoável e também para aumentar a produtividade.
“Em particular, garantindo a neutralidade competitiva entre empresas privadas e estatais, removendo protecionismo e por meio de uma maior dependência das forças de mercado”, ressaltam os diretores, acrescentando que os chineses exercem papel fundamental para lidar com os desafios da comunidade internacional.
IstoÉ Dinheiro - SP 06/02/2023
A volta de uma estratégia de fortalecimento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pode reduzir a potência da política monetária e ser mais um elemento negativo para o desafio do Banco Central (BC) de atingir seus objetivos para a inflação, dizem ex-diretores de política monetária.
“O impacto de operações com taxa subsidiada vai ser maior ou menor a depender do volume de recursos (que serão oferecidos pelo BNDES)”, disse Aldo Mendes, ex-diretor do BC e hoje membro do conselho de administração da Cielo, da BRF e da Engepar. “Se ampliar muito o volume de crédito subsidiado, haverá redução do poder da política monetária, e isso vai requerer juro real mais alto”, afirmou Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do BC e hoje presidente do conselho de administração da Jive Investimentos.
Nas últimas duas semanas, declarações de integrantes do governo evidenciaram a intenção de expansão das operações no banco de fomento: o novo diretor financeiro do BNDES, Alexandre Abreu, sinalizou a possibilidade de o banco reajustar o volume de desembolsos do atual 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) para algo perto de 2% do PIB.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em sua primeira viagem internacional como chefe de Estado, disse que o banco de desenvolvimento voltará a financiar projetos de engenharia para ajudar empresas brasileiras no exterior.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu a ideia de financiar a construção de um gasoduto para trazer o gás de xisto da região de Vaca Muerta, na Argentina, para o Brasil. O ministro também disse que o banco está preparando discussão interna para estabelecer política de crédito à reindustrialização.
Taxa
O crédito é um dos principais canais de transmissão pelos quais a política monetária afeta os preços da economia. Uma vez que a mudança na taxa Selic atinge o custo de empréstimos, inibe o consumo e o investimento. Mas o tamanho da parcela de crédito subsidiado, ou seja, emprestado a um custo menor do que os juros praticados no mercado, altera o alcance da política monetária.
Para um outro ex-BC, que preferiu falar sob anonimato, um grande risco seria uma mudança na atual taxa cobrada em financiamentos do BNDES, a Taxa de Longo Prazo (TLP), para a antiga Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que era fixada pelo governo. Se o banco captar recursos a taxas de mercado e emprestar esses recursos a um juro bem mais baixo, como era o caso da TJLP, essa diferença teria de ser suprida pelo Tesouro Nacional. A forma como se dará a transferência de recursos para essa estratégia de fortalecimento do banco de desenvolvimento também importa, disse o ex-BC.
Aloizio Mercadante, que assume oficialmente o comando do banco na segunda-feira, 6, afirmou nesta semana que há espaço para reduzir a taxa de juros cobrada pelo banco e que gostaria de fazer um projeto em conjunto com a Febraban. Segundo ele, o BNDES não precisa e não tem condições de receber subsídios do Tesouro. O petista disse que não há pretensão de voltar com a TJLP.
Abreu, diretor do BNDES, disse que um dos caminhos é combinar captações internacionais, a taxas mais baixas, com captações domésticas, onde os juros são mais altos. A utilização de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) também pode trazer a TLP para mais perto da taxa Selic.
Figueiredo afirmou que, quando o BNDES reduziu muito as atividades de financiamento para grandes empresas com dinheiro subsidiado, houve reflexo positivo sobre a política monetária. “Isso ajudou a ter um período maior com uma taxa de juros muito mais baixa”, disse.
Relatório
Em estudo publicado no Relatório de Inflação, em março de 2020, o BC indicou que a queda da participação dos recursos direcionados no Sistema Financeiro Nacional (SFN) tendia a aumentar a potência da política monetária. “Nos últimos anos, o crédito bancário passou por duas alterações que tendem a aumentar a potência da política monetária: maior participação do crédito com recursos livres no crédito total e mudança na taxa de juros utilizada nas concessões do BNDES. No mesmo sentido, atuou a alteração na forma de remuneração dos depósitos de poupança.”
O Estado de S.Paulo - SP 06/02/2023
Vez ou outra, integrantes do governo fazem pressão para que o Banco Central baixe juros. O desejo é natural. Em tese, juros mais baixos fazem bem à popularidade dos governos. Durante minha gestão de oito anos no BC, fazia parte da rotina a pressão para reduzir a taxa Selic. Por conta desta longa experiência, eu digo: não há nada mais ineficiente para reduzir juros do que fazer pressão sobre a autoridade monetária – ainda mais quando ela é autônoma, inclusive com garantia em lei.
O Copom decidiu na semana passada manter a taxa de juros em 13,75% ao ano, por enxergar incertezas no campo fiscal e expectativas de inflação em alta. É uma decisão acertada diante do cenário atual, no qual ainda há dúvidas sobre como será a política fiscal do governo e com as projeções de inflação para 2023 e 2024 se distanciando das metas.
Dias antes da reunião, o governo fez pressão sobre o BC. O presidente Lula questionou a eficiência da independência do BC, criticou os juros altos e falou sobre metas de inflação mais altas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também falou indiretamente sobre os juros. É compreensível do ponto de vista político, mas tem efeito contrário, causando aumento das expectativas de inflação e dificultando a queda dos juros. O Banco Central, que já atua com independência desde a minha gestão (2003 a 2011), agora tem autonomia garantida em lei. Caso atendesse a vontades de governantes, o BC deixaria de ser autoridade diante dos agentes e colocaria em risco toda a economia brasileira.
Uma autoridade monetária sem autoridade sobre a política monetária gera danos severos ao país. Um exemplo basta: por anos, o Fed, banco central americano, fez as vontades do presidente Richard Nixon e manteve os juros baixos artificialmente. A inflação americana atingiu patamares inaceitáveis, e foi necessário que outro chairman do Fed, Paul Volker, levasse os juros à casa dos 20% e gerasse uma recessão na década de 1980 para domar a inflação e reequilibrar a economia.
Os juros não são altos por vontade do Banco Central, mas para controlar a inflação. O caminho para a redução dos juros não passa por desejos ou pressões, mas por trabalho duro. É preciso cortar gastos para interromper a desconfiança em relação à capacidade de pagamento do País e parar de alimentar a inflação. O governo precisa apresentar uma nova regra fiscal objetiva e efetiva. Se o trabalho for bem feito, o resultado é garantido. Implantado na minha gestão no Ministério da Fazenda em 2016, o teto de gastos criou condições para a Selic atingir os níveis mais baixos da história.
Infomoney - SP 06/02/2023
As ações ordinárias da Vale (VALE3) fecharam a sessão de quinta-feira (2) com uma queda relevante, de 4,62%. Com isso, a companhia teve seu quinto pregão consecutivo de baixa, indo de R$ 98 no dia 26 de janeiro para R$ 89,14 ontem, uma baixa de 9% e revertendo parcialmente uma tendência de alta se estendia com mais força desde novembro, que começou com as notícias da reabertura da China.
Nos últimos dias, a empresa vem enfrentando algumas adversidades: seu relatório de produção e de vendas frustrou, o minério registrou sessões de queda (nesta semana, a commodity negociada em Dalian teve baixa de 1,2%) e o dólar perdeu força frente ao real. Cabe ressaltar, contudo, que a ação da mineradora ainda acumula alta de mais de 30% nos últimos seis meses
A Vale, na terça, informou que produziu, em 2022, 307,79 milhões de toneladas de minério de ferro, com queda de 1,6% na base anual e abaixo da sua meta, que previa 310 milhões de toneladas. Dessas, 80,9 milhões de toneladas foram produzidas no quarto trimestre.
“Relatório de produção e de vendas veio marginalmente pior do que o esperado, pouco abaixo do guidance. Talvez seja o principal motivo para a performance negativa”, diz Guilherme Nippes, analista da XP Investimentos.
Investidores, agora, aguardam o balanço da Vale do quarto trimestre para ver como isso impactará os resultados – apesar da maioria projetar que o preço médio do minério realizado pela companhia compensará o recuo do volume.
“A prévia operacional veio abaixo do guidance em relação a produção de minério, níquel, pelotas e cobre. Isso gerou uma certa desconfiança do mercado em relação a como será resultado financeiro anual da companhia em 2022”, acrescenta Leandro Petrokas, Diretor de Research e sócio da Quantzed.
A menor produção vem mostrando algumas dificuldades da Vale no que tange, principalmente, o Sistema Norte. A mineradora enfrenta atrasos nas obtenções de licenças para extração de minério e já diminuiu suas expectativas de crescimento nesta frente algumas vezes.
A questão é que isso foi combinado também com o recuo do preço do minério de ferro. Nesta quinta, o preço da commodity atingiu a mínima em duas semanas, caindo 3% apenas hoje, com a tonelada negociada em Dalian a US$ 125,15.
“O que está acontecendo agora é que o minério está caindo porque os dados da China não estão trazendo melhora esperada. Estão vindo ruins. Diferentemente de outras commodities, o minério é muito atrelado a expectativas. O petróleo já não, pois anda muito junto da oferta e demanda de curto prazo”, explica o especialista da XP. “Não tivemos até então nenhum dado mostrando que a demanda por aço está melhorando. Com o tempo, com as expectativas não se materializando, o preço começa a realizar”.
Na terça, o Índice de Gerentes de Compra (PMI, na sigla em inglês) Industrial Caixin, importante termômetro da economia chinesa, de janeiro veio com uma leitura de 49,2, igual em dezembro e aquém do consenso de 49,5.
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“Na nossa visão, os dados mais fracos refletem o primeiro momento do fim das restrições, com um pico de casos de Covid-19. Apesar dos lockdowns relaxando, mais pessoas se contaminaram, o que impacta a oferta e a demanda. Muitas pessoas, então, não conseguem trabalhar”, diz Nippes. “No segundo momento, mais para o final do primeiro trimestre de 2023 e começo do segundo, é quando teremos o número de casos e a atividade voltando ao normal”.
Por fim, a Vale tendo o desempenho influenciado também pelas sinalizações dos bancos centrais brasileiros e americanos – que bateram de duas formas diferentes.
No primeiro ponto, a Vale acaba sendo impactada pela valorização do real.
A companhia é uma exportadora de commodities e vende o minério, lá fora, em dólares. Apesar disso, boa parte da sua produção é em reais, pelas suas plantas ficarem no Brasil. Ela paga salários em reais, compra diversos produtos em reais e por ai ai.
Com valorização da moeda brasileira, ela gasta mais com sua produção ao mesmo tempo que lucra menos pelo dólar mais fraco. Há, então, uma tendência de queda das margens de lucratividade (parcialmente compensada, porém, pelos menores gastos com dívidas emitidas no exterior).
“Há pouco efeito prático, dada a expressiva valorização do minério, de 50%, em pouco mais de dois meses e uma queda de aproximadamente 6% do dólar no mesmo período”, diz o analista da Quantzed. “A queda, contudo, parece ser um movimento de ajuste de preços de curto prazo, tanto do minério quanto das ações da Vale em si, com uma pequena interferência do câmbio , com a recente, mas ainda discreta, apreciação do real perante ao dólar”.
Por último, a companhia sofreu também por certa reversão do fluxo estrangeiro, causada pelas sinalizações do Federal Reserve e do Banco Central brasileiro.
Em meio a um recuo da taxa de juros americana, investidores tiram dinheiro de empresas da “economia real”, caso das exportadores de commodities, para levar capital às companhias de crescimento, como as empresas de tecnologia.
“O que a gente vê é uma pior performance da Bolsa brasileira na comparação com lá fora, principalmente no que tange companhias exportadoras de commodities”, aponta ainda Luiz Adriano Martinez, gestor de renda variável e sócio da Kilima Asset, “Parece que é uma reversão do fluxo estrangeiro, que tinha comprado os papéis dessas em meio à tese de reabertura da China. Tem mais a ver com fluxo do que com fundamento”.
De qualquer forma, parte dos investidores continua animada com o case.
Mateus Haag, analista da Guide Investimentos, defende que nenhum dos três fatores abala sua tese de investimentos na mineradora. “A produção ligeiramente abaixo das nossas estimativas não teve impacto material e não deve se manter nos próximos trimestres. Além disso, a queda da taxa de câmbio e do preço do minério de ferro não prejudicam os fundamentos. A Vale por possuir um dos cash cost mais baixos do mundo, conseguirá se manter operacional independentemente desses fatores, enquanto suas concorrentes de menor escala poderão ter que suspender suas operações”, pontua.
A XP, de Guilherme Nippes, ainda tem recomendação de compra para as ações ordinárias da Vale, com preço-alvo em R$ 97, com potencial de alta de 8,8% frente ao fechamento desta quinta.
IstoÉ Dinheiro - SP 06/02/2023
Os contratos futuros de minério de ferro de Dalian caíram nesta sexta-feira, aprofundando as perdas semanais à medida que os traders reavaliaram as perspectivas de demanda da China, maior produtora mundial de aço, e agiram com cautela depois que os reguladores do mercado alertaram repetidamente contra a especulação excessiva de preços.
O contrato de maio mais ativo do ingrediente siderúrgico na Dalian Commodity Exchange da China encerrou as negociações diurnas com queda de 0,4%, a 853,50 iuanes (126,52 dólares) a tonelada, depois de atingir uma nova mínima de duas semanas de 834 iuanes. Na semana, até agora o contrato caiu 1,2%.
Na Bolsa de Cingapura, o minério de ferro de referência de março caminhava para sua primeira queda semanal este ano. Nesta sexta-feira, o contrato subiu 0,8%, para 125,10 dólares a tonelada, contra o fechamento da véspera.
Os preços do minério de ferro e do aço na China atingiram máximas de vários meses em janeiro, com os mercados se recuperando desde novembro, sustentados pelo aumento das políticas de apoio ao setor imobiliário chinês em dificuldades e pelo desmantelamento das rígidas restrições da Covid-19.
Mas a alta nos preços do minério de ferro chamou a atenção dos reguladores chineses, que aparentemente estão atentos para conter qualquer potencial pressão de alta sobre a inflação das commodities.
“O minério de ferro está enfrentando pressão do controle de preços, então preste atenção aos riscos políticos”, disseram analistas da Sinosteel.
Os riscos do lado da oferta também pesaram no sentimento do mercado.
Os estoques de minério de ferro importado nos 45 principais portos da China subiram para 137,3 milhões de toneladas, a maior alta em quatro meses, com base na pesquisa da Mysteel entre os dias 20 a 27 de janeiro. O volume representou uma alta de 5,2 milhões de toneladas, ou 4%, em relação à pesquisa anterior, principalmente devido a uma queda nos volumes de descarga e mais chegadas de minério.
Valor - SP 06/02/2023
O salto ocorreu depois que a montadora cortou os preços de seus veículos no país em 6 de janeiro
A Tesla teve um grande janeiro na China, em meio a um declínio no setor geral de veículos elétricos. A Associação de Carros de Passageiro da China divulgou números de entrega no atacado para ao setor automobilístico chinês para o primeiro mês de 2023.
A Tesla despachou 66.051 veículos de sua fábrica em Xangai, 18% a mais que os 55.796 enviados em dezembro e 10% a mais em relação ao 59.845 enviados em janeiro de 2022. O crescimento ocorreu depois que a Tesla cortou os preços de seus veículos na China em 6 de janeiro. A Tesla seguiu com outros cortes de preços em todo o mundo cerca de uma semana depois.
No geral, as vendas de veículos de nova energia, que inclui veículos elétricos a bateria e híbridos plug-in, caíram cerca de 45% em janeiro em relação a dezembro. É um grande declínio, mas janeiro é um mês sazonalmente fraco para as vendas de carros na China.
Além disso, as vendas de veículos de nova energia foram impactadas em janeiro pela perda de alguns incentivos adquiridos que expiravam no final de 2022. O feriado do Ano Novo Lunar também caiu em janeiro deste ano
O crescimento de veículos de nova energia ainda é esperado na China este ano. O analista do Citi, Jeff Chung, projetou que as vendas de veículos de nova energia aumentarão cerca de 33% em base anual.
Todos os desafios de janeiro tornam o número de Tesla ainda mais impressionante, ainda que os números sejam de atacado. A Tesla exporta alguns de seus veículos fabricados em Xangai para a Europa. Em dezembro, a Tesla produziu 55.796 veículos na China, 41.926 foram vendidos no mercado interno e 13.870 foram exportados.
A Tesla normalmente exporta mais de sua produção no início de um trimestre e menos no final de um trimestre. Os dados da divisão doméstica e de exportação normalmente são divulgados pela CPCA por volta do dia 10 do mês.
Mesmo que a Tesla tenha entregado menos veículos na China em janeiro em comparação com dezembro, os investidores têm outros sinais de que os cortes de preços da Tesla estimularam a demanda na China.
A Reuters informou no início desta semana que a Tesla estava aumentando a produção em Xangai para 20 mil carros por semana. Anualizado é cerca de 1 milhão de veículos por ano. A Tesla fabricou cerca de 710 mil veículos na China em 2022, ante cerca de 480 mil em 2021. A Tesla não respondeu a um pedido de comentário.
Valor - SP 06/02/2023
Valor base da versão era de US$ 54.990 no site neste sábado, US$ 2.000 a mais do que em meados de janeiro
A Tesla aumentou os preços nos Estados Unidos para seu SUV Model Y depois de ter baixado os preços no mês passado. O valor base da versão era de US$ 54.990 no site neste sábado, US$ 2.000 a mais do que em meados de janeiro.
A Tesla havia feito cortes de preço em sua linha de veículos no mês passado, com o objetivo de garantir que mais de seus modelos ficassem abaixo do limite de US$ 55.000 para se qualificar ao subsídio federal, disse o diretor financeiro da Tesla, Zach Kirkhorn.
Na sexta-feira (3), o governo Joe Biden modificou as regras para expandir o contingente de veículos elétricos que se qualificam para o crédito fiscal ao consumidor de US$ 7.500, incluindo o Model Y. Não está claro se a Tesla ajustou os preços em resposta à mudança de regra. A empresa não respondeu a um pedido de comentário.
O limite de preço mais alto do governo dá à Tesla mais liberdade para aumentar os preços, já que o Model Y, seu veículo mais vendido, agora está confortavelmente abaixo do limite de US$ 80.000.
Outros veículos que tiveram a elegibilidade aumentada para US$ 80.000 por causa da mudança de regra incluem o Cadillac Lyriq SUV da General Motors e o Mustang Mach-E da Ford.
O corte de preços da Tesla pressionou os concorrentes e provocou uma reação dos clientes que compraram veículos nos meses anteriores à redução. Algumas semanas após as reduções da Tesla, a Ford cortou os preços de seu SUV Mustang Mach-E, um rival direto do Model Y.
O Departamento do Tesouro americano elaborou novas regras para implementar partes da Lei de Redução da Inflação, que foi aprovada no ano passado e inclui mudanças significativas no programa de incentivo de veículos elétricos do governo e outras medidas para estimular a adoção de veículos elétricos.
Os lobistas da indústria automobilística elogiaram aspectos da lei, mas reclamaram da classificação de alguns SUVs elétricos como sedãs, o que os sujeitou ao limite de US$ 55.000.
O diretor-presidente da Tesla, Elon Musk, criticou as regras iniciais de elegibilidade e pediu aos clientes que comentassem diretamente com o governo. "Bagunçado!", Musk disse no Twitter no mês passado, referindo-se à classificação do governo do Model Y como um sedã.
Canal Rural - SP 06/02/2023
Além da fórmula usada no cálculo da tarifa, a decisão apresenta uma tabela com valores a serem cobrados para cada tipo de mercadoria, como por exemplo:
A decisão sobre a tarifa da Ferrovia Norte-Sul inclui ainda os valores a serem cobrados por contêineres cheios e vazios, de 20 e de 40 pés. Há, além disso, tarifa que será cobrada para direito de passagem.
Ferrovia Norte-Sul, uma ‘espinha dorsal’
A Ferrovia Norte-Sul foi concebida com o propósito de ser a espinha dorsal do sistema ferroviário brasileiro, por meio da qual as principais malhas ferroviárias seriam interligadas, facilitando o escoamento da produção nacional e permitindo a conexão entre diversas regiões produtoras e os grandes portos do país.
Quando concluída, terá mais de 4 mil quilômetros e cortará o país de forma longitudinal, indo do Rio Grande do Sul (Sul) até o Pará (Norte), passando pelas regiões Sudeste e Centro-Oeste e fazendo interligações para o Nordeste, em especial, o Maranhão. Ou seja, passará por todas as cinco regiões geográficas do país.
As primeiras discussões sobre a construção da Ferrovia Norte-Sul foram feitas em 1985 e tinham como maior entusiasta o então presidente da República, José Sarney.
O Estado de S.Paulo - SP 06/02/2023
A Marinha afundou, no final da tarde desta sexta-feira, 3, o casco do porta-aviões São Paulo, que há meses estava desativado. Mesmo com a permissão da Justiça para realizar o procedimento, entidades ambientais e o Ministério Público tentaram barrar o afundamento do ex-navio, em função das toneladas de substâncias tóxicas e cancerígenas presentes nas estruturas da sucata da embarcação.
De acordo com a Marinha, o destino final do casco fica localizado a 350 quilômetros da costa brasileira e com profundidade de 5 mil metros, em parte situada em Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB). O comunicado emitido pela Força informa que a operação foi realizada de forma a evitar prejuízos “de ordem logística, operacional, ambiental e econômica” ao Brasil, e que o local para o descarte foi selecionado com base em estudos do Centro de Hidrografia da Marinha e Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira.
“As análises consideraram aspectos relativos à segurança da navegação e ao meio ambiente, com especial atenção para a mitigação de impactos à saúde pública, atividades de pesca e ecossistemas”, afirmou a nota assinada de forma conjunta pelo Ministério da Defesa, pela Advocacia-Geral da União e também pela Marinha do Brasil.
“Por fim, a Marinha do Brasil presta legítima reverência ao ex-Navio Aeródromo ‘São Paulo’. Barco que abriga alma beligerante perpetuada na mente de homens e mulheres que guarneceram seus conveses, dignos servidores da Marinha Nacional Francesa e da Marinha do Brasil, sob a égide das tradições navais e de elevado espírito marinheiro”, concluiu o comunicado.
Na quinta, 2, o Ministério Público Federal (MPF) entrou com um recurso no Tribunal Regional Federal da 5.ª Região para anular a decisão da Justiça Federal em Pernambuco de permitir que a Marinha afundasse a sucata do porta-aviões.
Por meio de uma nota técnica, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) pediu à Marinha informações sobre o afundamento do porta-aviões, com o objetivo de reduzir o impacto no meio ambiente. A embarcação afundada nesta sexta possui 9,6 toneladas de amianto, substância tóxica e cancerígena — proibida no Brasil desde 2017 — , além de 644 toneladas de tintas “e outros materiais perigosos.” No pedido feito à Justiça, o MPF pediu à Marinha provas de que o naufrágio não provocaria impactos ambientes relevantes.
À deriva
O estaleiro turco Sök Denizcilik Tic Sti, certificado pela União Europeia para a realização de reciclagem de navios, arrematou a embarcação no ano retrasado por R$ 10,5 milhões. Em dezembro de 2022, no entanto, a propriedade do ativo passou para a transportadora MSK Maritime Services & Trading, que rebocou o porta-aviões São Paulo do Brasil até a Europa, e de volta ao Brasil.
Proibida de atracar por onde passa, a sucata do ex-navio não deixou de navegar nenhum momento desde que deixou o Rio de Janeiro, em 4 de agosto do ano passado, rumo à Turquia para desmonte e reciclagem. A embarcação desativada cruzou o oceano a reboque, teve sua atracação rejeitada pelos turcos e, na volta, também pelos portos brasileiros.
O principal motivo da negativa foi a ameaça de naufrágio sob as suspeitas de carregar a alta quantidade perigosa de materiais tóxicos, como o amianto. Após três meses de tentativas frustradas de entrar no Porto de Suape, em Pernambuco, o ex-porta-aviões foi afastado para região de maior profundidade e proibido pela Marinha, no último dia 20, de se reaproximar das águas interiores ou terminais portuários do Brasil.
A determinação se baseou no “elevado risco que representa, com possibilidade de encalhe, afundamento ou interdição do canal de acesso a porto nacional, com prejuízos de ordem logística, operacional e econômica ao Estado brasileiro”, segundo comunicado da Autoridade Marítima Brasileira (AMB).
A Tribuna - SP 06/02/2023
O projeto de desestatização do Porto de Santos levou o então Ministério da Infraestrutura (MInfra) a, ao longo de 2022, revisar a poligonal do complexo santista, que foi quase duplicada em janeiro do ano passado, conforme publicação no Diário Oficial da União. A atualização do traçado para 15,5 quilômetros quadrados se mostrava interessante para o concessionário privado que estaria por vir, pois permitiria o desenvolvimento de novos empreendimentos.
No entanto, nove meses depois, a pasta federal revogou a decisão, de forma que a área seca retornou aos seus antigos oito quilômetros quadrados. Na época, a desestatização ainda era considerada uma realidade e seguia os trâmites definidos pelo Governo Federal e pelos órgãos reguladores.
Esse não foi o único ajuste feito pelo MInfra no perímetro administrativo, que compreende acessos, instalações, terminais arrendados e áreas de expansão do porto público, se estendendo por Santos, Guarujá, Bertioga, Cubatão e Biritiba Mirim.
Após a anulação da Portaria 66, de 18 de janeiro de 2022, foram propostas adequações no traçado da linha férrea e na área atrás dos berços do Terminal de Uso Privado (TUP) – objeto do contrato de adesão 3/2022-MInfra, de titularidade da Empresa Brasileira de Terminais e Armazéns Gerais Santorini – e da área do TUP – objeto do contrato de adesão 042/2014- Antaq, de titularidade da empresa Sucocítrico Cutrale –, visando ampliar as instalações de acostagem. E não parou por aí.
Também foram sugeridas adequações da área aquática do TUP Tiplan, para ampliação das instalações de acostagem; ajuste em área pertencente às instalações privadas na região da Alemoa, em razão de registro equivocado da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), e exclusão da área destinada à Justiça Federal, nos termos do acordo de cooperação assinado, da área seca pertencente à Capitania dos Portos e das ilhas de Bagres e de Caneu.
Com tais mudanças, caberia à empresa privada que assumisse a Santos Port Authority (SPA), estatal que administra o complexo santista, a elaboração de novo Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ), com as sugestões do MInfra.
Novos projetos são necessários
O mais recente Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ) foi aprovado em 2020, após 15 anos sem atualização. Vale lembrar que o Governo Federal utiliza três ferramentas de planejamento logístico para definir a ocupação das áreas do Porto de Santos, inclusive as delimitadas pela poligonal do complexo: o Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP), o Plano Mestre do Complexo Portuário e o PDZ. Esse último está efetivamente ligado à modernização e às questões de sustentabilidade, por isso é necessário que seja dinâmico para atender às demandas do mercado.
Para o professor universitário e consultor de logística Hélio Halite, a expansão da poligonal portuária deveria, obrigatoriamente, estar acompanhada de projetos.
“Sim, projetos destinados às tais indústrias leves, um tema que ninguém nunca soube explicar como concretizar. Ou seja, é ótimo definir a expansão do nosso grande porto, porém até agora essa ideia não empolgou o mercado. Os únicos projetos de indústria e porto foram Cosipa e Dow na década de 1970, as fábricas de adubos, a refinaria e os terminais da Transpetro Alemoa e Ilha do Barnabé. Todos esses projetos estão ‘secando’ e, olhe, não é por falta de mar”, afirma o docente.
Ele observa que é justamente pela falta de planejamento que, em tão pouco tempo, a área seca do Porto foi ampliada e reduzida. “Somos muito ruins em projetos e, sem saber como copiar um Saturnino de Brito, paramos na incapacidade de solucionar. A atual gestão do Porto evoluiu muito e confio que possa verdadeiramente definir as nossas capacidades operacionais”, resume Halite.
O Estado de S.Paulo - SP 06/02/2023
A recente visita do presidente Lula da Silva à Argentina trouxe para a mesa algumas polêmicas. Uma das principais é o possível financiamento por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) do trecho Buenos Aires-Santa Fé do gasoduto Nestor Kirchner, trazendo gás natural do campo de Vaca Muerta, na região de Neuquén.
Em primeiro lugar, é bom deixar claro que qualquer aumento na oferta de gás natural no País é bem-vindo. O grande desafio do Brasil e do mundo é aumentar a oferta de gás e diversificar o fornecimento. Isso ficou bem claro com a guerra Rússia/Ucrânia.
Portanto, trazer gás da Argentina é muito bom para o Brasil. Se cabe um financiamento desse gasoduto por parte do BNDES, isso é uma outra questão que merece uma análise cuidadosa.
Uma das vantagens do gás da Argentina seria permitir o crescimento do mercado do sul do Brasil, hoje atendido, basicamente, pelo gás da Bolívia. Com a chegada do gás argentino, deveríamos construir o gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre, tendo como âncora térmicas e o fornecimento de gás para o Polo Petroquímico de Triunfo. Além disso, a médio prazo, o gás argentino poderá substituir o gás da Bolívia, que vai sofrer uma redução na sua produção a partir de 2030.
Outro ponto que merece uma reflexão é o fato de o gás de Vaca Muerta ser shale gas. O Brasil não deveria permitir a exploração de shale gas? É bom lembrar que os Estados Unidos resolveram a questão ambiental na produção de shale e se transformaram no maior produtor de gás do mundo.
Mais importante do que o gás da Argentina é estabelecer como prioridade políticas públicas e de financiamento, inclusive do BNDES, que induzam investimentos em infraestrutura, aumentando a oferta de gás nacional. Só trazer gás argentino aumentará mais ainda a nossa dependência de importação e, convenhamos, de um país que historicamente vive com grande instabilidade política e regulatória. Ou seja, a História mostra que a Argentina não é um fornecedor confiável.
O gás é o grande protagonista do atual cenário energético mundial. Da mesma forma que o mercado do petróleo sofreu uma grande transformação com os dois choques do petróleo, agora o mercado de gás natural vai viver mudanças em função do choque de preços do gás ocorrido em 2022. Nesse contexto, aumentar a oferta de gás nacional nos próximos anos é fundamental para promover a reindustrialização do Brasil. E como aumentar no curto prazo? Com o crescimento da produção onshore e a redução da reinjeção de gás na Bacia do Amazonas e no pré-sal.
O aumento da oferta nacional de gás, incluindo o biogás, como prioridade, mais o argentino, o boliviano e o gás natural liquefeito (GNL), permitirá o crescimento do mercado com a construção de térmicas e o atendimento do setor químico, siderúrgico, cerâmico, vidreiro, possibilitando, também, a construção de plantas de fertilizantes.
Petro Notícias - SP 06/02/2023
O Petronotícias inicia o noticiário desta semana com uma entrevista especial com o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Rodolfo Saboia. Em 2023, o órgão regulador está comemorando 25 anos de existência. O jubileu de prata da agência acontece em um momento bem particular da indústria petrolífera, por conta dos recentes movimentos mundiais rumo à transição energética. Saboia falou sobre como a agência deve atuar nesses novos tempos. A ANP estuda atualmente qual será sua estratégia dentro do Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2). Além disso, a autarquia também está debatendo o papel das empresas de petróleo e gás na geração de energia eólica offshore. “Entendemos que o futuro do setor são projetos integrados e sustentáveis entre as indústrias de óleo e gás e eólica”, projetou.
Falando especificamente da indústria de petróleo e gás do Brasil, o diretor-geral da ANP disse que espera ver um incremento nas atividades exploratórias no país nos próximos anos. “O ano de 2022 foi encerrado com um aumento expressivo do número de blocos exploratórios sob contrato, 295 contra 246 no final do ano de 2021”, contou. Além disso, ele aposta particularmente na Margem Equatorial, que pode contribuir de forma significativa na reposição de recursos e reservas de hidrocarbonetos. Saboia falou ainda que a ANP está trabalhando em aprimoramentos no edital da Oferta Permanente de Concessão, que será oficialmente publicado em março. Por fim, o entrevistado falou sobre a possibilidade de possíveis leilões de áreas para captura de carbono e as ações em curso em prol do mercado de gás natural.
Nesses últimos 25 anos, o Brasil praticamente dobrou o tamanho de suas reservas de óleo. Tendo em vista o grande número de blocos exploratórios offshore leiloados nos últimos anos, poderia comentar um pouco sobre como deve ser a evolução das reservas brasileiras nos próximos anos?
Para os próximos anos, espera-se um incremento nas atividades exploratórias no país, pois, contrariando a tendência dos últimos seis anos (2016 a 2021), o ano de 2022 foi encerrado com um aumento expressivo do número de blocos exploratórios sob contrato, 295 contra 246 no final do ano de 2021. Nesse sentido, espera-se que haja um avanço no quantitativo de atividades exploratórias realizadas, o que, por consequência, em caso de sucesso exploratório, pode levar à apropriação de maior volume de reservas de petróleo e gás natural no país.
Quanto aos contratos já na fase de produção, que consideram áreas de desenvolvimento e campos, os dados do Boletim Anual de Recursos e Reservas de 2021 apresentam recursos contingentes da ordem de 6,8 bilhões de bbl de petróleo e 123 bilhões de m³ de gás, que devem ser concretizados em reservas com a implantação de projetos em todo país nos próximos anos.
Para consultar as reservas brasileiras atuais e de anos anteriores, acesse esta página.
Os blocos leiloados nas licitações dos últimos anos são muito promissores. No entanto, o portfólio atual da ANP conta com um grande número de blocos em bacias de nova fronteira, com maior risco exploratório. Gostaria que o senhor falasse um pouco sobre como a ANP pretende contribuir para viabilizar a exploração dessas novas fronteiras (sobretudo na Margem Equatorial).
A importância em viabilizar a exploração de novas fronteiras, sobretudo no offshore, vem da necessidade contínua em repor recursos e reservas de petróleo e gás natural no Brasil, de forma a atender a demanda por energia e continuar gerando emprego, renda e participações governamentais à sociedade. Neste contexto, a Margem Equatorial pode contribuir de forma significativa nesta reposição de recursos e reservas, visto que há uma analogia das bacias sedimentares brasileiras nesta região com as da Margem Oeste Africano, como por exemplo com a Costa de Gana e Margem Equatorial Sul Americana, em especial Costas de Suriname e Guiana, palcos de grandes descobertas de Petróleo e Gás Natural nas últimas duas décadas.
Assim, gostaria de ressaltar a importância de desbravar essas bacias de novas fronteiras para a reposição de reservas e para contribuir com o aumento da produção brasileira e com o desenvolvimento socioeconômico da região.
Contudo, os desafios associados à exploração na Margem Equatorial estão relacionados, principalmente, à necessidade de desenvolvimento de infraestrutura que permita a exploração e a mitigação de riscos ambientais. Sobre este aspecto, não podemos perder de vista que nestas bacias sedimentares, tais como na do Potiguar e na do Foz do Amazonas já foram realizadas atividades exploratórias, sendo o último poço exploratório perfurado em Potiguar concluído em novembro de 2015 e na Foz do Amazonas em março de 2012. O debate sobre essa região passa pela possibilidade de nós minimamente permitimos que haja conhecimento sobre o que de fato existe lá, aproveitando inclusive as experiências em perfurações de poços pretéritas na região.
Acredito que uma maneira de contribuir para a instrução isenta desse debate seja incluir nessa discussão a Academia. Na minha opinião, ela é capaz de dar uma visão racional da relação custo-benefício de nós empreendermos em uma região como essa.
A Oferta Permanente, de fato, veio para ficar. Até aqui, esse formato trouxe bons resultados e despertou o interesse das petroleiras. Mas não se pode negar a realidade da transição energética. Os investimentos estão sendo disputados de forma mais acirrada agora. Como a ANP pretende manter a relevância dos leilões da Oferta Permanente em um cenário tão desafiador?
A transição energética é uma realidade. Não somos os únicos a compreender que o petróleo não vai ser importante para sempre. Portanto, a demanda tende a cair em médio e longo prazos e isso faz com que os eventuais ofertantes fiquem cada vez mais seletivos. Então, se quisermos aproveitar os recursos naturais de que dispomos, temos que buscar permanentemente formas de ser mais competitivos.
Para isso, temos que avaliar o grau de competitividade que queremos ter na disputa pelos recursos que vamos ofertar e estabelecer critérios equilibrados em relação ao benefício que cada modelo é capaz de proporcionar. Essa avaliação depende de diversas variáveis e uma delas é o momento do mercado, que constantemente impõe cenários diferentes. Vamos ter sempre que fazer essa leitura conjuntural do mercado, tanto em relação ao regime de concessão quanto em relação ao de partilha.
No momento, já tomamos diversas medidas para aumentar a competitividade de nossos ativos. Estamos constantemente aprimorando os editais e contratos da Oferta Permanente. Nos próximos meses, provavelmente até o final de março, devemos publicar as novas versões do edital e das minutas de contratos para a Oferta Permanente de Concessão (OPC). Entre outros aprimoramentos, o novo edital introduz o conceito de qualificação simplificada, amplia o período máximo de realização de um ciclo de 90 para 120 dias e abre a possibilidade de abertura de um novo ciclo logo após o encerramento da sessão pública de um ciclo em curso, sem necessidade de aguardar por sua homologação.
Mas, para além da busca contínua por melhor competitividade na Oferta Permanente, a ANP tem se empenhado em manter um ambiente regulatório da indústria de óleo e gás competitivo, atrativo a novos investimentos. Temos feito isso com várias regulações. Posso citar como exemplos a disponibilização gratuita de dados do onshore e do offshore, permitindo que as empresas conheçam melhor as bacias sedimentares brasileiras; a possibilidade e estímulo que as empresas nominem áreas para estudo, a serem incluídas nas rodadas e Oferta Permanente.
Na sessão pública do segundo ciclo da Oferta Permanente, a ANP mencionou a possibilidade de, no futuro, leiloar sítios para captura de carbono e estocagem de gás natural. Essa oportunidade ainda está no radar?
A necessidade de descarbonizar a produção é um assunto que está totalmente presente na agenda da sociedade. É uma parte importantíssima da equação para a manutenção da Licença Social para Operar, em especial, para atividades de exploração e produção de óleo e gás. A questão da captura e armazenamento de carbono faz parte dessa discussão e é um instrumento que tem um potencial muito grande.
Redução das emissões de Gases de Efeito Estufa, a captura do carbono e a redução da pegada de carbono são temas presentes em projetos de lei em tramitação, que podem vir a atribuir sua regulação à ANP no futuro, bem como a outorga de áreas com esse propósito, seja no regime de concessão, seja no de autorização. Há um grande potencial também para a criação de mecanismos de integração de projetos de exploração e produção de petróleo e gás natural com os de captura e utilização de carbono, visando reduzir a intensidade de carbono por barril produzido.
Um dos objetivos estratégicos no planejamento 2022-2024 da ANP é a atuação visando à revitalização dos campos maduros. Poderia nos contar algumas das ações em curso nesse sentido?
A ANP vem atuando fortemente para revitalizar os campos maduros, aumentar o fator de recuperação e estender a vida útil dos campos.
Como exemplos, posso citar a redução das alíquotas de royalties para pequenas e médias empresas e também sobre a produção incremental em campos maduros.
Destaco também a disponibilização dos dados onshore e offshore gratuitamente, como já mencionado anteriormente. Essa medida teve o objetivo de aumentar o conhecimento geológico sobre as bacias, incrementar a atividade de pesquisa e exploração de áreas terrestres e criar condições para a revitalização dos campos maduros de petróleo e gás natural localizados em mar no território nacional, além de fomentar os investimentos em exploração e produção nas atuais e futuras áreas.
Também estamos empreendendo todos os esforços para a prorrogação contratual, na média em 20 anos, para os campos que tiveram um novo plano de desenvolvimento aprovado, segundo as diretrizes das resoluções do CNPE 2/2016, 6/2020 e 5/2022. Publicamos ainda a Instrução Normativa ANP nº 11/2022, com o objetivo de simplificar e dar celeridade à análise desses pleitos de prorrogação contratual.
Além disso, conforme deliberado pela Resolução CNPE nº 5/2022, a ANP está estudando medidas para incentivar os campos marginais. A definição desses campos já foi estabelecida na Resolução ANP nº 877/2022.
Por fim, podemos mencionar uma série de simplificações regulatórias que estão em curso, como a remodelação de documentos para campos terrestres.
O avanço da transição energética esperado para os próximos anos deve contribuir para reduzir o uso das fontes fósseis. Diante desse novo cenário, tendo em vista que o gás é visto como um energético de transição, gostaria de perguntar sobre quais serão os próximos passos regulatórios da ANP para fomentar ainda mais o Novo Mercado de Gás Natural?
No mercado de gás natural, a ANP vem avançando na construção de um mercado mais aberto e competitivo. Trata-se de um processo longo de reforma do mercado, mas os resultados já estão aparecendo. Por exemplo, com distribuidoras e consumidores livres comprando gás diretamente de produtores independentes (cerca de 17% do mercado), com reflexos diretos da competição no preço praticado. Em 2022, o preço médio dos independentes fechou em torno de 17% abaixo do preço médio da Petrobrás.
Em 2021, tivemos 35 contratos de transporte assinados por 13 carregadores, mas apenas 2 com efetiva movimentação no sistema integrado. Em 2022, foram assinados 129 contratos de transporte por 20 diferentes carregadores, todos com efetiva movimentação. Já o número de autorizações de carregamento saiu de 15, em janeiro de 2019, para 116, até dezembro de 2022, e o de autorizações de comercialização, de 76 para 181.
O programa Novo Mercado de Gás tem como objetivo a formação de um setor aberto, dinâmico e competitivo. A maior parte do esforço da Agência concentra-se em incentivar ganhos de eficiência que resultem em um gás natural mais competitivo para seus usuários, privilegiando, assim, um combustível tido como “de transição”, uma vez que apoia a gradual descarbonização do setor energético através da substituição de outros combustíveis mais poluentes, como o carvão e o óleo combustível.
Uma das ações prioritárias para a Agência é a regulamentação do acesso às infraestruturas essenciais. Atualmente, está em consulta prévia a Nota Técnica sobre o acesso aos gasodutos de escoamento da produção, às instalações de tratamento ou processamento de gás natural e aos terminais de GNL, com o objetivo de subsidiar o processo de regulamentação do acesso negociado e não discriminatório de terceiros interessados a essas infraestruturas.
Também se encontra em consulta pública uma minuta de resolução para disciplinar autorizações para a atividade de acondicionamento e operações logísticas para movimentação de gás natural liquefeito (GNL) a granel por modais alternativos ao dutoviário. Na sequência, um processo equivalente será conduzido para a adequação das regras para o acondicionamento e operações logísticas para movimentação de gás natural comprimido (GNC), com o objetivo de adequá-las às inovações tecnológicas e disposições da Nova Lei do Gás.
A Agência também está endereçando a regulamentação das regras de autonomia e independência no transporte de gás natural. Cabe destacar ainda o processo de revisão das regras para contratação do serviço de transporte de gás natural de forma a simplificar a exigência de condução do processo de chamadas públicas para alocação e contratação de capacidade de transporte de gás natural.
Por fim, cabe destacar a atuação da ANP no processo de harmonização das regulações federal e estaduais relativas ao gás natural, um dos pilares do programa Novo Mercado de Gás. A Agência tem buscado medidas que possam reduzir ou eliminar incompatibilidades entre as regulações que dificultem a evolução rumo aos objetivos da política pública de um mercado aberto, dinâmico e competitivo.
Para além do gás natural, a Agência também poderá, de alguma maneira, participar ativamente de discussões relacionadas a outras fontes, tais como eólicas offshore e hidrogênio?
Até o presente momento, a regulação da cadeia do hidrogênio não é uma atribuição legal da Agência. A ANP, por enquanto, aborda a questão de modo a desenvolver conhecimento técnico sobre o tema e aguarda uma definição quanto à destinação dessa atribuição. Em outubro de 2022, a ANP criou um grupo de trabalho para debater e definir a estratégia da Agência no Programa Nacional do Hidrogênio – PNH2.
Com relação à energia eólica, hoje cabe à ANP, conforme o Decreto nº 10.946/2022, a emissão declaração de interferência prévia (DIP). A DIP é emitida com a finalidade de identificar a existência de interferência do prisma em outras instalações ou atividades. No caso da ANP, ela deve avaliar a possibilidade de interferência da implantação do projeto sobre áreas de operação de exploração de gás natural e petróleo e quanto aos possíveis usos futuros da área.
Adicionalmente, a ANP vem debatendo o papel das empresas de petróleo e gás na geração de energia eólica offshore. Recentemente a Agência realizou aprimoramentos na regulação da Cláusula de PD&I presente nos contratos de exploração e produção (E&P) que permitiram que os projetos financiados pela cláusula sejam feitos em temas vinculados à transição energética. Como resultado, no momento já existem, por exemplo, cerca de dez projetos voltados a soluções para a geração eólica offshore.
Entendemos que o futuro do setor são projetos integrados e sustentáveis entre as indústrias de óleo e gás e eólica.
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