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05 de Setembro de 2024

SIDERURGIA

Valor - SP   05/09/2024

Há meses, a siderúrgica japonesa vem cortejando autoridades eleitas e líderes sindicais para construir apoio para sua compra e compromissos de investimento.

O diretor-presidente da U.S. Steel alertou que a empresa pode fechar siderúrgicas e provavelmente mudará sua sede da cidade de Pittsburgh se a venda planejada para a Nippon Steel não se concretizar.

David Burritt afirmou que os quase US$ 3 bilhões que a Nippon Steel, com sede no Japão, se comprometeu a investir nas antigas usinas da empresa de Pittsburgh são cruciais para mantê-las competitivas e preservar os empregos dos trabalhadores.

“Não faríamos isso se o acordo fracassar", disse o diretor-presidente da U.S. Steel em uma entrevista ao “The Wall Street Journal”. “Eu não tenho esse dinheiro disponível na empresa.”

A perspectiva sombria de Burritt para a histórica siderúrgica surgiu depois que a candidata do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris, dizer que a U.S. Steel deveria permanecer de propriedade e operação nacional.

O presidente americano, Joe Biden, além do candidato republicano à presidência, Donald Trump, e vários membros do Congresso também se opuseram ao acordo de US$ 14,1 bilhões, que o sindicato United Steelworkers (USW) também rejeita.

Assim como Biden no início deste ano, a vice-presidente não disse explicitamente que bloquearia o acordo, mas seus comentários foram amplamente interpretados como mais um obstáculo para a U.S. Steel se ela for eleita presidente e a revisão regulatória do acordo se estender para uma nova administração.

Burritt evitou em grande parte falar publicamente sobre o acordo desde que foi anunciado em dezembro, após um processo de negociação que durou meses. Ele disse na entrevista que a Nippon Steel traria investimentos e a mais recente tecnologia siderúrgica para as usinas antigas da U.S. Steel em Gary, Indiana, e em Mon Valley Works, perto de Pittsburgh, e descreveu a oposição como “enigmática e confusa”.

A U.S. Steel está programada para reunir funcionários na quarta-feira em sua sede em Pittsburgh para promover os benefícios do acordo com a Nippon Steel. Há meses, a siderúrgica japonesa vem cortejando autoridades eleitas e líderes sindicais para construir apoio para sua compra e compromissos de investimento.

Até agora, a oposição de muitos líderes políticos e sindicais não mudou. A Nippon Steel, o quarto maior produtor de aço do mundo, prometeu na semana passada quase dobrar seu compromisso de investimento nas usinas antigas da U.S. Steel, para US$ 2,7 bilhões nos próximos anos. A empresa também disse que se absteria de demissões de trabalhadores sindicalizados até 2026.

A U.S. Steel perdeu dinheiro durante a última década, enquanto a empresa lutava com custos mais altos e preços baixos para o aço. Os gastos com manutenção de usinas e atualizações de equipamentos foram adiados enquanto a empresa reduzia custos para minimizar as perdas.

Os preços mais altos do aço nos últimos anos ajudaram a restaurar os lucros, mas um período de demanda anêmica de um setor manufatureiro enfraquecido agora está comprimindo os lucros. Analistas do setor esperam que a demanda por aço permaneça fraca até o final deste ano.

Desde 2020, a U.S. Steel desativou partes de suas usinas perto de Detroit e St. Louis, reduzindo sua força de trabalho em cerca de 4 mil funcionários. A empresa cancelou uma atualização na planta de Mon Valley em 2021, quando estava no processo de compra de uma nova usina siderúrgica no Arkansas, operada por trabalhadores não sindicalizados. A empresa está dobrando a capacidade de produção dessa usina para 6 milhões de toneladas de aço por ano.

A Nippon Steel e a U.S. Steel produzem a maior parte de seu aço a partir de minério de ferro fundido. Sem a Nippon Steel como empresa-mãe, a U.S. Steel continuaria a transferir mais produção para operações menos intensivas em capital, como a usina do Arkansas, que produz novo aço a partir da fundição de sucata, disse Burritt.

O CEO da U.S. Steel afirmou que a expansão da usina do Arkansas permitiria à empresa fechar Mon Valley, a última operação siderúrgica da empresa em Pittsburgh.

“Se essa usina não vai sobreviver até a próxima década, por que ficaríamos lá?”, disse ele. Com mais da produção da empresa se deslocando para o Sul, ele disse que a U.S. Steel provavelmente também procuraria mudar sua sede para a região.

A U.S. Steel tem sido um alicerce corporativo de Pittsburgh desde 1901. A empresa disse que é responsável por 11.417 empregos diretamente e através de fornecedores e prestadores de serviços na Pensilvânia, gerando um total de US$ 138,2 milhões por ano em impostos estaduais e locais.

Executivos da Nippon Steel disseram que, sob sua propriedade, a U.S. Steel manteria sua sede em Pittsburgh. Isso ajudou a dar à Nippon uma vantagem sobre outros candidatos que já tinham escritórios corporativos em outras partes dos EUA, disse Burritt.

A oferta da Nippon Steel de US$ 55 por ação em dinheiro pelas ações da U.S. Steel superou a oferta rival da Cleveland-Cliffs, que incluía dinheiro e ações. Os acionistas da U.S. Steel aprovaram a oferta da Nippon Steel há alguns meses.

Valor - SP   05/09/2024

Associação sem fins lucrativos criada para o cumprimento de políticas de resíduos sólidos no país reciclou 63 mil toneladas de latas de aço no ano passado.

A Prolata, associação sem fins lucrativos criada para o cumprimento de políticas de resíduos sólidos no país, reciclou 63 mil toneladas de latas de aço no ano passado, cumprindo 33% de logística reversa ou cinco pontos percentuais acima da meta de 28%.

Contudo, na comparação de 2022 com 2023, houve queda de 5,7% no volume reaproveitado. Isso aconteceu, conforme a associação, pois o volume de embalagens de aço colocadas no mercado pelos associados da Prolata foi menor no ano passado.

Embora a quantidade tenha sido menor, a organização destaca que a meta de reciclar 54 mil toneladas previstas para 2023 foi cumprida. Ao entrar no sistema que contabiliza os dados do levantamento, a presidente-executiva da organização, Thais Fagury, explica que o volume recebido para execução em 2022, baseado em 2021, foi de quase 213 mil toneladas.


Fonte: Thais Fagury, presidente-executiva da Prolata — Foto: Divulgação

“No sistema de 2023, com base em 2022, eram quase 192 mil toneladas. Houve queda em relação ao volume dos associados e também ao volume reportado pelo associado no sistema. Em 2022, atingimos quase 31% de logística reversa e, já em 2023, chegamos em 33%”, afirma.

A associação tem um termo de compromisso firmado com o Ministério do Meio Ambiente desde 2018 e segue o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares). Segundo Thais, desde essa época, a Prolata trabalha com os números das metas do Planares. Para 2024, o volume de reciclagem tem um alvo maior: alcançar as 72 mil toneladas recicladas.

Atualmente, o programa está nas cinco regiões do Brasil, com o objetivo de estimular a reciclagem de latas de aço, gerar estatísticas confiáveis sobre o assunto e abrir um canal direto com os consumidores.

Só em São Paulo foram mais de 20 mil toneladas recicladas. Rio de Janeiro e Minas Gerais vêm logo atrás, com 7 mil e 5 mil toneladas, respectivamente. O Sudeste é a região com maior volume de destinação ambientalmente adequada de embalagens de aço pós-consumo (54%), à frente do segundo colocado, o Nordeste, com 17%.

Na esfera municipal, Piracicaba, no interior do Estado de São Paulo, foi o município que mais contribuiu com a destinação via Prolata: 6 mil toneladas. Em segundo lugar aparece o distrito de Itaúna, em Minas Gerais, com 5 mil.

O programa concluiu o ano de 2023 presente em 172 municípios e 26 Estados, além do Distrito Federal. Ao todo, são 269 novos pontos incorporados ao Prolata, sendo 242 de recebimento, 5 cooperativas de catadores de materiais recicláveis, resultando em 663 iniciativas em operação, com 518 pontos de recebimento, 79 cooperativas, 64 entrepostos e 2 centrais mecanizadas de triagem.

Money Times - SP   05/09/2024

A BlackRock diminuiu participação acionária na Usiminas (USIM5) para 4,8%, mostra documento enviado ao mercado nesta quarta-feira (4).

Segundo o comunicado, com a redução, a gestora passará a deter 26,7 milhões de papéis preferenciais classe A e mais 1,5 milhão de ações ordinárias.

Como de praxe nesses documentos, a BlackRock informou que o objetivo das participações societárias acima mencionadas é estritamente de investimento, não objetivando alteração do controle acionário ou da estrutura administrativa da companhia.

Ação da Usiminas tomba 30% no ano

A ação despenca 30% no ano e grande parte da queda se deve aos resultados ruins do segundo trimestre de 2024. No período, a companhia reportou prejuízo líquido de R$ 100 milhões.

A empresa atribuiu a variação à piora do resultado operacional, além do impacto da desvalorização do real frente ao dólar na dívida da empresa.

O BTG Pactual apontou, em relatório divulgado após o balanço, que o Ebtida veio 40% abaixo de sua expectativa. Para o banco, o erro foi totalmente relacionado a um desempenho operacional mais fraco do que o esperado nas unidades de aço.

“Em nossa visão, a perda de lucros deste trimestre, juntamente com a falta de visibilidade sobre a redução de custos, pode levar a ação a reverter os ganhos recentes, à medida que os investidores começam a considerar um caminho mais longo para uma taxa de execução de Ebtida de R$ 3 bilhões”, disse à época.

Outro fator que prejudicou o papel foi a determinação da Justiça para que a CSN (CSNA3) reduza sua participação na siderúrgica de 12,9% para menos de 5% do capital social.

O processo deve ser realizado por meio da alienação de ações, conforme estabelecido no Termo de Compromisso de Desempenho, assinado em 2014, entre a CSN e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Exame - SP   05/09/2024

O negócio de US$ 14,9 bilhões entre a norte-americana US Steel e a japonesa Nippon Steel que formaria a terceira maior siderúrgica do mundo pode estar ameaçado. Nesta quarta-feira, 4, diversos veículos de mídia – entre eles Washington Post e Financial Times – noticiaram que Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, irá bloquear o acordo alegando razões de segurança nacional.

Em reação à notícia, as ações da US Steel fecharam em forte queda de 24,54%.

A decisão de Biden, esperada para os próximos dias, vem em um momento de controvérsia política envolvendo o negócio. Símbolo da industrialização dos EUA, a US Steel foi fundada em 1901 no estado da Pensilvânia – um dos chamados swing states, estados que podem decidir a eleição presidencial do país. Donald Trump, candidato republicano, é contrário à venda da centenária empresa para estrangeiros. Kamala Harris, candidata democrata à presidência, tem ido pelo mesmo caminho.

Falando na Pensilvânia na segunda-feira, Harris disse que a icônica siderúrgica norte-americana deveria permanecer “de propriedade e operada por americanos”, intensificando a campanha pelos votos dos operários do estado. A eleição nos EUA será realizada no dia 5 de novembro.

O CEO da US Steel, David Burritt, alertou que o fim do acordo colocaria em risco “milhares de empregos sindicais bem remunerados”, segundo o Washington Posto. Burritt defendeu ainda que o colapso do negócio levantaria “sérias questões” sobre a probabilidade de a empresa permanecer sediada em Pittsburgh, segunda cidade mais populosa da Pensilvânia.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   05/09/2024

A cobrança da bandeira tarifária vermelha 2 na conta de energia elétrica se transformou em mais um ingrediente de dificuldade para o Banco Central conseguir colocar a inflação no centro da meta. Hoje, parte dos analistas projeta que o Índice Nacional de Preços ao Consumido Amplo (IPCA) encerre o ano muito próximo do teto da meta perseguida pelo BC, que é de 4,5%, ou até mesmo acima desse limite.

Na sexta-feira, 30, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou o acionamento da bandeira tarifária vermelha patamar 2 para o mês de setembro por causa da previsão de chuvas abaixo da média. Isso não ocorria desde meados de 2021, quando o País enfrentou uma crise hídrica. A mudança resulta num acréscimo de R$ 7,877 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.

A conta de luz mais cara reforçou um cenário que já vinha ganhando força nas últimas semanas, de que o Banco Central pode ter de voltar a aumentar a taxa básica de juros para domar as expectativas de inflação. Atualmente, a Selic está em 10,5% ao ano. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) está marcada para os dias 17 e 18 de setembro.

“A bandeira vermelha deve trazer um impacto de 0,4 ponto percentual no IPCA de setembro”, diz Sergio Vale, economista chefe da MB Associados. “Mesmo que volte à bandeira amarela no final do ano, o risco é de o IPCA bater no teto este ano. Estamos com (uma previsão de inflação de) 4,5% agora.” A consultoria avalia que o BC deve promover dois aumentos de juros de 0,5 ponto ainda neste ano, levando a Selic para 11,5% ao ano.

Em 2024, a meta de inflação perseguida pelo BC é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos. No caso do estouro do teto dessa meta, o Banco Central precisará escrever uma carta para explicar os motivos do descumprimento. Seria a terceira vez em que o teto estouraria nos últimos anos - já ficou acima do limite máximo em 2021 e 2022.

No cenário da Warren Investimentos, o IPCA deve terminar 2024 em 4,55%, portanto ligeiramente acima do teto da meta. Por ora, a expectativa da gestora é a de que a bandeira vermelha 2 siga nos meses de setembro e outubro, mas em novembro e dezembro, no período das chuvas, a amarela vigore. “Se a bandeira for vermelha (em dezembro), a inflação irá para 4,87%”, diz Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren.

A cobrança de uma tarifa extra na conta de luz é mais um componente num cenário inflacionário que se revelou mais difícil do que o esperado. No primeiro relatório Focus deste ano, por exemplo, os analistas consultados pela pesquisa semanal do BC projetavam uma inflação de 3,90% em 2024. A previsão para 2025, por sua vez, subiu de 3,50% em janeiro para 3,92% agora.

A conjuntura ficou mais delicada diante das incertezas com a política fiscal local e o cenário externo, que levaram o câmbio para um novo patamar, de R$ 5,60. O real mais depreciado afetou os preços de bens industriais, como os eletroeletrônicos. Além disso, a economia brasileira está num ritmo mais forte do que o previsto, com um crescimento robusto e um mercado de trabalho apertado, o que afeta os preços dos serviços.

E essa força ficou evidente no segundo trimestre. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,4% na comparação com os três primeiros meses de 2024. Novamente, o resultado veio melhor do que o esperado pelos economistas e colocou a projeção para o crescimento deste ano perto de 3%.

“Eu acho que tem um caso muito sólido para subir o juro, inclusive depois do número do PIB (do segundo trimestre). E não é só isso: olha o mercado de trabalho, a utilização de capacidade ociosa e o que está acontecendo com o câmbio. Tudo isso aponta para uma política monetária mais restritiva para o que a gente tem hoje. Não sei o BC vai fazer. Gostaria de acreditar que sim. A ver”, diz Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central.
Mais juros

Com as projeções de inflação crescendo tanto para 2024 como para 2025, uma parte relevante do mercado começou a apostar na alta dos juros. Na terça-feira, 3, o Citi passou a prever alta de 0,25 ponto percentual da Selic nas próximas quatro reuniões do Copom. O banco estima que a taxa básica de juro deve encerrar este ano em 11,25% e 11% em 2025.

“Dadas as previsões de inflação acima da meta, a persistente deterioração das expectativas de inflação e da taxa de câmbio, o descompasso entre demanda e oferta na atividade e no mercado de trabalho, um aumento da taxa de juros parece ser o cenário mais provável”, disse o banco em relatório.

No cenário de hoje, a grande dificuldade é que o Banco Central parece solitário no combate à inflação. Com uma política fiscal expansionista - ou seja, com o governo gastando muito mais do que arrecada - numa economia já aquecida, uma eventual alta de juros vai encarecer o crédito para famílias e empresas, buscando diminuir o ritmo da atividade econômica e, assim, melhorar os números da inflação.

“O grande piloto da economia vai ter de ser o BC”, diz Andrea, da Warren. “Quando não tem um compasso entre a política fiscal e monetária, alguém tem de pagar a conta para tentar equilibrar as forças. E, nesse caso, nós entendemos que é via juro.” O cenário da Warren, porém, é de que a Selic vai permanecer estável, porque a economia brasileira deve arrefecer com o menor impulso fiscal na segunda metade do ano.

Exame - SP   05/09/2024

A atividade econômica aquecida no Brasil e os preços atrativos no mercado financeiro colocam o país como a principal aposta do Bank of America na América Latina. Na carteira recomendada pelo banco para investimentos na região, o Brasil ocupa uma posição de 67,5% — maior que sua representação de 65,2% no MSCI Latam, índice de referência para a carteira.

"Ainda mantemos uma posição overweight (acima do peso) no Brasil, pois gostamos de bancos, empresas alavancadas em taxas de juros e estamos otimistas com a força do consumo. Apesar da falta de compradores marginais, os fundamentos no país são relativamente sólidos. As avaliações continuam descontadas e as empresas domésticas seguem mostrando recuperação nos lucros", escreveu o banco americano em nota.

O BofA pontua que o Ibovespa passou por um rali em agosto, mas o bom momento foi freado pela alta das taxas de juros de longo prazo. O banco, no entanto, ainda acredita que o Brasil será um dos beneficiados por taxas de juros mais baixas no mundo.

Segundo o BofA, cenários de pouso suave na economia americana (como o previsto agora) foram historicamente positivos para o Brasil, embora fatores locais também tenham contribuído. "Em contraste, cenários de hard landing têm sido, na maioria das vezes, negativos para o Brasil, mesmo quando sua economia estava em expansão", afirma o banco.

O consenso no mercado é de que o soft landing será alcançado na economia americana, com a inflação arrefecendo sem provocar uma recessão. A projeção do mercado é de que o afrouxamento monetário seja iniciado pelo Federal Reserve a partir da decisão de 18 de setembro.

As escolhas do BofA

Na América Latina, a principal aposta dos analistas do BofA é a Petrobras, que ocupa 12,5% da carteira recomendada para a região. A proporção também é maior que a de 9,5% ocupada pela empresa no índice MSCI Latam. O preço-alvo do banco para a petrolífera é de R$ 47, ante o patamar atual de R$ 38,85.

Por outro lado, o banco está pessimista em relação à Vale. Na carteira para a região, a mineradora foi rebaixada para "underweight" (abaixo do peso)em relação ao índice, com 4% de peso na carteira do BofA, contra 5,5% no MSCI Latam.

A justificativa do banco para a redução da posição no portfólio é a perspectiva de uma atividade mais fraca na China.

"Após um notável crescimento no primeiro trimestre, a economia chinesa viu seu motor perder força. Nos últimos meses, os consumidores apertaram ainda mais os cintos, como evidenciado pelas fracas vendas no varejo e consumo de serviços. Enquanto isso, o crescimento geral dos investimentos diminuiu, à medida que o impacto da queda no setor imobiliário compensou a resiliência nos investimentos em manufatura e infraestrutura", afirma o BofA.

O Estado de S.Paulo - SP   05/09/2024

Em 2004, quando a economia da China estava emergindo como uma força global, um grupo de pesquisadores começou a realizar pesquisas em todo o país perguntando aos chineses se eles estavam em melhor situação financeira do que estavam cinco anos antes.

A porcentagem de pessoas que se sentiam mais ricas aumentou quando a pesquisa foi realizada cinco anos depois e novamente em 2014, quando atingiu 77%. No ano passado, quando foi feita a mesma pergunta aos entrevistados, esse número havia caído para 39%.

Os resultados dessa pesquisa, intitulada “Getting Ahead in Today’s China: From Optimism to Pessimism” (Como chegar à frente na China de hoje: do otimismo ao pessimismo), mostram uma nova realidade. A economia da China está enfrentando uma crise diferente de qualquer outra desde que abriu sua economia para o mundo há mais de quatro décadas. A recuperação pós-covid, que supostamente traria a economia de volta à vida, foi mais como um gemido.

Há alguns anos, Pequim resolveu livrar sua economia da dependência de um mercado imobiliário superaquecido, um setor que sustentava as economias das famílias, bem como o setor bancário da China e as finanças do governo local. Agora, o setor imobiliário está em crise. As incorporadoras entraram em colapso, deixando para trás enormes dívidas, um rastro de investimentos fracassados, apartamentos não vendidos e empregos perdidos.

Os consumidores chineses, já propensos a economizar muito, tornaram-se ainda mais frugais. As empresas que sofreram o impacto devastador das medidas draconianas da covid cortaram salários e reduziram as contratações. Milhões de graduados universitários que estão entrando no mercado de trabalho enfretam grandes dificuldades e perspectivas ruins. E a população da China diminuiu por dois anos consecutivos. Em um país onde a maioria das pessoas só sabia que a economia cresceria rapidamente e que as condições de vida melhorariam, a confiança está diminuindo.

Sherry Yang abriu sua empresa em 2006 produzindo placas de lojas, outdoors e pôsteres na província de Sichuan, no sudoeste da China. Em poucos anos, as empresas locais estavam fazendo tantos pedidos que Yang tinha 16 funcionários e suas máquinas de impressão funcionavam 24 horas por dia.

Mas os negócios nunca se recuperaram totalmente após a covid, disse ela. Neste verão, a demanda, que já era fraca, piorou; as vendas em julho caíram 70% em relação ao ano anterior. Yang disse que parecia que todos os setores estavam passando por dificuldades e ninguém estava gastando.

Hoje, Yang tem apenas seis funcionários, muitos dos quais passam o dia olhando para o celular porque não há trabalho suficiente. “Este foi o ano mais difícil desde nossa abertura”, disse ela.

Os gastos do consumidor, que as autoridades chinesas identificaram como um importante impulsionador do crescimento, continuam fracos em toda a economia.

A Alibaba, a maior empresa de comércio eletrônico da China, disse que as vendas no mercado doméstico de compras online caíram 1% na primavera. As vendas de bilheteria dos filmes de verão na China caíram quase pela metade em relação ao ano passado, de acordo com Maoyan, um provedor de dados de entretenimento. O Departamento de Agricultura dos EUA previu em agosto que os consumidores chineses diminuiriam a compra de carne suína e passariam a comprar carne bovina mais barata, devido às pressões econômicas.

Várias empresas estrangeiras que antes corriam para a China para pegar uma maré crescente agora estão se retraindo. No mês passado, a varejista de produtos de beleza Sephora, um braço do grupo francês de luxo LVMH, anunciou que estava cortando empregos devido ao “mercado desafiador”. A IBM está fechando seus dois centros de pesquisa e desenvolvimento na China.

Os formuladores de políticas que tentam reagir são prejudicados porque não podem confiar em uma solução principal que funcionou no passado. Durante anos, os governos locais tomaram dinheiro emprestado para projetos de desenvolvimento espalhafatosos que mantiveram as pessoas trabalhando e o setor de construção em expansão, mesmo que não houvesse uma necessidade real de tanta infraestrutura.

Mas a dívida decorrente desses empréstimos, muitas vezes canalizada por meio de canais de financiamento opacos, aumentou para mais de US$ 7 trilhões. Com os investidores já preocupados com o sistema financeiro da China, é improvável que os dias de empréstimos generosos para a infraestrutura retornem tão cedo.

O governo chinês sinalizou preocupação ao restringir o acesso aos dados sobre os mercados e a economia. No ano passado, suspendeu a divulgação dos números do desemprego entre os jovens quando esse número atingiu níveis recordes. Ele começou a distribuir as informações novamente este ano, com uma nova metodologia que reduziu os números.

Para reprimir a discussão sobre uma grande crise econômica, as autoridades advertiram alguns economistas para que não fizessem comparações públicas entre os problemas da China e o colapso da bolha imobiliária alimentada por dívidas do Japão na década de 1980, que pesou sobre a economia por décadas.

Entretanto, é difícil ignorar a dívida da China.

Embora o colapso do setor imobiliário tenha causado muitos danos colaterais, o risco de insolvência é minimizado pelo sistema financeiro rigidamente controlado da China. O perigo é que o governo poderá ter menos recursos fiscais para evitar que as coisas desandem.

“As consequências dessa crise fiscal são menos crescimento”, disse Alicia Garcia-Herrero, economista-chefe para a região Ásia-Pacífico do banco de investimentos Natixis.

A incerteza econômica fez com que os poupadores chineses e os investidores estrangeiros procurassem lugares seguros para guardar seu dinheiro. Os preços dos imóveis continuam a despencar e as ações chinesas estão tendo um desempenho inferior em comparação com as de praticamente todos os outros países importantes, inclusive Estados Unidos, Japão e Índia.

Os fundos estrangeiros se transformaram em vendedores líquidos de ações chinesas em 2024, o que seria a primeira saída anual desde que os dados se tornaram disponíveis, uma década antes. As ações de cerca de 180 empresas chinesas foram retiradas de um índice crítico do mercado de ações desde o início do ano, reduzindo a presença das empresas chinesas nos índices de referência globais.

Os investidores recuaram para a segurança do mercado de títulos da China, elevando os preços e reduzindo os rendimentos. Mas mesmo isso tem um risco potencial. Os rendimentos caíram tão drasticamente que o banco central do país agora está preocupado com a possibilidade de deixar os bancos vulneráveis se as taxas de juros subirem no futuro.

Os investidores chineses também investiram em ouro, ajudando os preços a alcançarem níveis recordes.

A China previu que sua economia crescerá cerca de 5% este ano, uma taxa maior do que a maioria das principais economias, embora isso possa estar em dúvida agora. Um aumento recorde nas exportações, inundando o mundo com veículos elétricos, baterias e eletrodomésticos, está alimentando o crescimento econômico da China. Mas o excesso de oferta também está minando a lucratividade dos setores de manufatura de alta tecnologia - segmento que a China esperava que fosse amenizar a redução da atividade econômica por causa do setor imobiliário.

A China minimizou as preocupações econômicas. Em um artigo de opinião publicado em abril na mídia estatal, Jin Ruiting, diretor do Instituto de Economia Internacional da Academia Chinesa de Pesquisa Macroeconômica, disse que a mídia e os políticos ocidentais continuaram a “fazer alarde sobre as flutuações econômicas de curto prazo da China”, enquanto “exageravam unilateralmente os problemas e desafios da economia chinesa”.

Mas os problemas fundamentais permanecem.

Para um grande número de jovens, não há empregos suficientes. Em julho, a taxa de desemprego na China entre os jovens de 16 a 24 anos ultrapassou 17%, contra 13% em junho.

Winnie Chen se formou neste verão com um diploma de auditoria em Nanchang, uma cidade do sudeste da China. Ela fez o exame do serviço público em março, mas não conseguiu um emprego, competindo com centenas de candidatos para cada vaga disponível.

Ela começou a procurar empregos no setor privado. Chen enviou mensagens para 1.229 empresas em um aplicativo de busca de emprego e se candidatou a 119 empregos em contabilidade, comércio eletrônico, mídia social e outros setores. Após dezenas de entrevistas, ela disse que conseguiu algumas ofertas de emprego, mas todas vinham com condições “absurdas”.

Um emprego tinha um salário inicial de US$ 380 (R$ 2.139) por mês, o que ela considerou muito baixo para viver. Outra empresa lhe ofereceu um cargo, mas disse que ela teria de trabalhar nos feriados e não receberia nenhum dia de folga em troca. Ofereceram-lhe uma vaga que lhe disseram ser para maquiadora, mas ela recusou após saber que, na verdade, teria de trabalhar em uma boate.

“Parece que há muitos graduados universitários agora, muitas pessoas, mas poucos empregos”, disse Chen, observando que muitos de seus colegas de classe estavam desempregados. “A economia está em um estado ruim.”

O Estado de S.Paulo - SP   05/09/2024

Vale a comemoração pelo avanço robusto do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre sobre o anterior, de 1,4%. Essa força deixou um carrego superior a 2,5% para este ano. Mas, atenção, os problemas estruturais persistem e até aumentaram, o que põe em dúvida os bons resultados lá na frente.

Uma das três boas surpresas que explicam em boa parte o bom crescimento do PIB tem a ver com a recuperação mais rápida e mais consistente da economia gaúcha que, em abril e maio, foi assolada pelas enchentes. O Estado pesa cerca de 6% no PIB do Brasil e, graças à transferência de recursos federais e à resiliência de sua gente, setores como de materiais de construção, aparelhos e utensílios domésticos, móveis, veículos e serviços mostraram pronta reação.

Ajudou o crescimento das importações, de 7,6% no trimestre, especialmente de bens de capital (máquinas), que empurraram os investimentos, também surpreendentes: avanço de 2,1% sobre o trimestre anterior.

Mas os vícios estruturais também tomaram corpo. A deterioração das contas públicas aumentou, a despeito da retórica oficial que procura diminuí-la. O déficit federal fechou o primeiro semestre em R$ 68,7 bilhões, pressionado pela Previdência, e já há números suficientes para concluir pelo seu alargamento nos dois primeiros meses do segundo semestre, mesmo com aumento da arrecadação.

O rombo fiscal continua sendo o principal fator de insegurança cambial (alta do dólar), que tende a empurrar a inflação para cima e a exigir mais alta dos juros para garantir o cumprimento da meta de inflação.

Um segundo fator de fragilidade estrutural é relativamente novo. A queda do desemprego, para 6,8% no trimestre móvel terminado em julho, um indicador positivo, que esconde uma inversão. A população brasileira começa a viver mais de transferências de renda do governo federal (programas sociais) e menos de salários auferidos pelo trabalho.

É o que se pode conferir no levantamento do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste do FGV IBRE. A participação dos programas sociais sobre a renda domiciliar aumentou de 2,6%, em 2021, para 3,7%, em 2023, enquanto a participação da remuneração do trabalho caiu, no mesmo período, de 75,3% para 74,2%. É o que concorre para aumento das despesas públicas e pode estar diminuindo a procura por trabalho. Outro efeito colateral desse fator é o aumento do consumo das famílias, com impacto negativo sobre a poupança nacional.

E há os problemas do baixo investimento e da baixa poupança. Mesmo com maior avanço no segundo trimestre, o investimento continua de longe insuficiente para garantir crescimento sustentável. Foi de apenas 16,8% da renda e a poupança, de apenas 16,0%.

O Estado de S.Paulo - SP   05/09/2024

A economia chinesa parece continuar encalacrada no seu problema de "andar de lado" por falta de demanda e pela baixa confiança. Em agosto, os indicadores qualitativos oficial (NBS) e privado (Markit/Caixin) apresentaram leituras chochas, em respectivamente 49,1 e 50,4 (no privado houve ligeira melhora). O nível de neutralidade é 50.

Esse resultado se segue a um PIB do segundo trimestre desapontador (4,7% na medida interanual, comparado a 5,1% da expectativa do mercado). Houve decepção igualmente nos dados de alta frequência de julho do varejo, em particular, com expansão moderada da indústria, mas não suficiente para contrabalançar os ventos contrários.

Segundo Livio Ribeiro, sócio fundador da consultoria BRCG e pesquisador associado do IBRE-FGV, a bateria de dados qualitativos e quantitativos da China de junho e julho foi a pior nos últimos 12 meses.

"Há claros sinais de carência de demanda por bens e serviços e, mais recentemente, uma fratura mais evidente no crescimento dos investimentos e da produção industrial - os dados qualitativos de agosto referendam esse cenário", diz o analista, especialista em economia chinesa.

O problema chinês, como Ribeiro já vem apontando há um bom tempo, é de falta de demanda e de confiança no futuro. A crise do setor imobiliário derrubou o preço dos imóveis, parte importante do patrimônio das famílias, aumentando a insegurança financeira. A demanda em marcha lenta para os padrões chineses exerce o mesmo efeito pelo lado da perspectiva de renda.

A grande dificuldade, para o economista da BRCG, é que o governo chinês não está lidando da forma adequada com o problema. Não há políticas efetivamente pelo lado da demanda, como programas de transferência social e previdenciária.

"O governo aparenta ter uma certa incompreensão da natureza da prostração da economia chinesa", diz Ribeiro.

Assim, as políticas públicas para tentar acelerar a economia continuam a mirar na oferta, como a limpeza de balanços de empresas financeira e não financeiras. O analista aponta que, por vezes, as políticas utilizam o consumidor como instrumento, e com isso podem ser confundidas com iniciativas pela demanda. Um exemplo é o de medidas de estímulo a famílias urbanas para que renovem eletrodomésticos e móveis, linhas branca e marrom. Apesar de se apoiar no consumidor, uma política desse tipo tem viés setorial e permanece sendo uma iniciativa pelo lado da oferta.

Ribeiro aponta que, no âmbito do governo chinês, já há alguma discussão sobre verdadeiras políticas de estímulo econômico pelo lado da demanda, mas que ainda são muito incipientes.

O que representa certo enigma. As autoridades econômicas chinesas têm quadros altamente qualificados, que obviamente já perceberam a natureza do problema econômico e o tipo de solução necessária, como transferências de renda e maior generosidade nas aposentadorias.

A grande questão, portanto, é por que que a China não age de acordo com esse diagnóstico.

Frisando que sua opinião nesse caso é um pouco especulativa, Ribeiro pensa que o fato de o governo chinês relutar muito em seguir o caminho dos estímulos à demanda é algo de natureza política, ou da chamada "economia política".

Em primeiro lugar, ele nota, pode haver um apego ao passado, porque todos os impulsos econômicos durante as várias décadas do milagre chinês sempre foram pelo lado da oferta.

Uma segunda consideração é que talvez o governo chinês tema mudanças na forma como o controle e a estabilidade em termos políticos são exercidos na China, se o país enveredasse pelas políticas de demanda.

"Se você distribui cheques para 1,3 bilhão de chineses, é possível que pouco tempo depois esses 1,3 bilhão estejam pedindo outro cheque - é algo que pode mudar os parâmetros pelos quais se mantém a estabilidade política no país", analisa o consultor.

O grande problema, conclui Ribeiro, é que "parece cada vez mais que os interesses da estabilidade política na China estão se afastando dos interesses do desenvolvimento econômico e social".

Globo Online - RJ   05/09/2024

A frase mais comum na economia ultimamente é que os dados surpreenderam. O PIB do segundo trimestre foi mais uma surpresa, assim como foram os números do mercado de trabalho. Há um debate global na economia sobre a falta de precisão dos modelos de projeção em alguns indicadores. Mas o mais importante que isso é entender que, até agora, houve uma série de boas notícias. A economia crescerá perto de 3% pelo terceiro ano e o componente do PIB que mais subiu neste segundo trimestre foi o investimento. A atividade econômica está mais disseminada pela indústria e pelos serviços, ao contrário do crescimento impulsionado apenas por um setor, como ocorreu no ano passado com o agro.

Escrevi aqui na coluna que este ano seria de crescimento maior do que o previsto e com uma qualidade maior. Disse isso, por exemplo, no texto publicado em 3 de março, a “Fotografia da economia”. Desde o início do ano, entendi que era preciso preparar-se para as surpresas positivas. Elas estão se confirmando, ainda que haja sombras no horizonte. Um economista que ouvi na ocasião foi Mansueto Almeida, do BTG, e ele previa o que está acontecendo: um crescimento melhor, com recuperação do crédito, dos salários e melhora gradual do investimento.

A indústria e os serviços avançaram no trimestre, e o resultado não pode ser minimizado pelo dado divulgado ontem pelo IBGE que mostrou queda na produção industrial em julho. A construção civil subiu 3,5%, o que explica a forte alta na venda de imóveis. A indústria de transformação avançou 1,8% ante o primeiro trimestre e 3,6% na comparação com mesmo período de 2023. É difícil a indústria crescer mais do que o PIB. Tudo isso não apaga o fato de que esse setor carrega uma perda estrutural e continua abaixo do seu pico histórico.

O investimento foi o componente do PIB que mais cresceu no trimestre. A FBCF, Formação Bruta de Capital Fixo, teve alta de 2,1% e de 5,7% na comparação interanual. Isso dá mais sustentação para o crescimento ao longo do tempo. No entanto, a taxa de investimento ainda em 16,8% é baixa demais para a necessidade da economia de manter seu crescimento sustentado no tempo.

O PIB ter crescido 1,4%, no mesmo trimestre em que a quarta economia brasileira, o Rio Grande do Sul, mergulhou num desastre de proporções históricas, tem um significado. Representa, por óbvio, que o governo federal agiu rápido e bem em socorrer a economia gaúcha, por mais que a briga política e as demandas naturais mantenham os pedidos por ajuda. A tragédia climática que afogou o Sul, e agora seca os rios amazônicos, é um grito da natureza sobre como temos sido displicentes com todo o patrimônio natural e como somos vulneráveis à mudança do clima.

O mercado de trabalho está no seu melhor momento em dez anos, voltando aos níveis de desemprego entre 6% e 7% que havia até 2014, quando começou a escalada da destruição de postos de trabalho provocada pela recessão de 2015/2016. Agora, apareceram sinais de falta de trabalhadores em determinadas áreas. Na coluna do dia 3 de março, o economista José Roberto Mendonça de Barros apostava num crescimento do PIB de 2,5%, quando a maioria das projeções estava em 2% ou abaixo disso. E alertava que já tinha ouvido relatos da construção civil que havia escassez de mão de obra.

Mesmo com um mercado de trabalho com muita oferta de vagas, e no qual tem havido recuperação de salário e renda, a parte difícil é carregada pelos de sempre. Dos quase 1,7 milhão de pessoas que procuram emprego há mais de dois anos, o chamado desemprego de longo prazo, a maioria é de mulheres e de negros, como informou o Valor na terça-feira, em matéria de Lucianne Carneiro. O Brasil é especialista em criar desigualdade.

Comecei esta coluna dizendo que a expressão “os dados surpreenderam” tem sido comum ultimamente. Nos últimos três anos, mesmo sem contar 2024, o mercado subestimou em sete pontos percentuais a alta do PIB. Se havia uma atenuante na época da pandemia, agora o que existe é a necessidade de revisão dos modelos. Bons economistas têm falado disso como Fernando Honorato do Bradesco, numa entrevista que me concedeu na GloboNews. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, também me disse isso na recente entrevista ao GLOBO. Até Jerome Powell, do Fed, fez esse alerta em Jackson Hole. Sugeriu humildade aos economistas. É hora de voltar à mesa de trabalho, para não ficar sempre correndo atrás da realidade.

Infomoney - SP   05/09/2024

Mesmo sem feriado ou data comemorativa, o próximo dia 18 é o mais aguardado de setembro – pelo menos para mercado financeiro. É quando acontece a Super Quarta, que reúne decisões de juros no Brasil e Estados Unidos. Também é um dos fatores que explica a fraqueza do real ante o dólar, mesmo com o investimento estrangeiro voltando para o Brasil.

O InfoMoney conversou com especialistas em câmbio para explicar o que mantém o dólar acima de R$ 5,60. Eles compartilharam suas perspectivas para o curto prazo, que (spoiler) não são animadoras.
Por que o dólar segue alto?

O investidor que não acompanha o câmbio de perto pode estranhar o movimento recente do dólar mesmo diante da expectativa de aumento de Selic e queda nos juros dos Estados Unidos, fatores que contribuem para a apreciação do real. No entanto, não é a moeda americana que está forte, mas o real que segue fraco.

“De abril até agora, o DXY (índice que mede o desempenho do dólar) recuou 3,1%; no mesmo período, o real desvalorizou 11,4%, o que deixa evidente que a dinâmica do câmbio hoje se deve mais a questões peculiares da economia brasileira”, explica André Valério, economista sênior do Inter.

Outro ponto que pode causar dúvidas é a volta do capital estrangeiro ao Brasil. Investidores vêm acompanhando, nos últimos dois meses, fluxo positivo desse dinheiro na Bolsa, o que mostra atratividade dos investimentos por aqui e ajuda na força do real. Porém, analistas lembram que o movimento recente faz parte da recuperação de um forte fluxo de saques que fez as saídas chegarem ao pico do ano de R$ 43,3 bilhões em 18 de junho.

Para explicar a fraqueza do real, Valério cita temas recorrentes da economia brasileira: “contínua deterioração da política fiscal” e imprevisibilidade da política monetária – o Banco Central vem dando sinais mistos sobre seus próximos passos, com o presidente Roberto Campos Neto mais “dovish” (mais brando sobre o ritmo de altas da Selic) e Gabriel Galípolo, indicado para comandar a autarquia a partir de 2025, mais “hawkish” (com discurso mais duro de preocupação com inflação e avanço dos juros).

Além disso, o BC vem realizando intervenções no câmbio via leilões de swap cambial, que “foram recepcionados com estranheza pelo mercado, especialmente o que foi realizado na última sexta-feira”.

No cenário internacional, o mercado tem certeza de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) vai começar um ciclo de corte de juros, mas se divide entre corte inicial de 0,25 e 0,50 ponto percentual.
O que esperar do câmbio?

Se você tem uma viagem internacional e está esperando o real ganhar força para comprar dólar, saiba que isto não deve acontecer tão cedo. Pelo menos é o que projeta Rodrigo Cohen, co-fundador da Escola de Investimentos: “acho que o dólar se mantém nos R$ 5,60, não há motivos para queda”. A estimativa olha para o curto prazo, em cerca de um mês.

O especialista diz que o mercado ainda não tem certeza sobre o que vai acontecer na próxima Super Quarta, o que dificulta o fluxo de investimentos para países emergentes, considerados mais arriscados. Até as decisões de juros nos Estados Unidos e Brasil, o mercado deve operar em compasso de espera, sem promover grandes alterações no câmbio.

Por isso, “acompanhar indicadores econômicos, como inflação e relatórios de empregos, para prever onde o dólar pode estar no início de outubro” neste período de incertezas se torna ainda mais importante, lembra Ana Carolina Weinsauer, sócia da The Hill Capital.

Para os analistas, ainda há muitos cenários prováveis, especialmente combinando as políticas monetárias americana e brasileira. A magnitude da alta lá fora e corte aqui, além das sinalizações que os BCs darão, devem determinar o humor do mercado nos próximos meses. Por enquanto, resta ao mercado esperar.

Infomoney - SP   05/09/2024

O déficit comercial dos Estados Unidos avançou 7,9% na comparação entre junho e julho, passando de US$ 73 bilhões (dado revisado) para US$ 78 bilhões, informou o Departamento do Comércio nesta quarta-feira (4).

No mês, as exportações cresceram 0,5%, para US$ 266,6 bilhões, mas as importações avançaram 2,1%, para US$ 345,4 bilhões.

No acumulado do ano, o déficit de bens e serviços aumentou 7,7% em relação ao mesmo período de 2023, com as exportações crescendo 3,7% e as importações subindo 4,5%.
Os números de julho dos EUSA mostraram superávits com Holanda (US$ 4,7 bilhões), América do Sul e Central (US$ 4,2 bilhões), Hong Kong (US$ 1,8 bilhão), Austrália (US$ 1,5 bilhão), Bélgica (US$ 1,0 bilhão), Brasil (US$ 800 milhões) e Reino Unido (US$ 800 milhões).

Os déficits foram registrados com a China (US$ 27,2 bilhões), União Europeia (US$ 18,4 bilhões), México (US$ 13,6 bilhões), Vietnã (US$ 9,5 bilhões), Taiwan (US$ 8,3 bilhões), Alemanha (US$ 7,7 bilhões), Canadá (US$ 7,6 bilhões), Irlanda (US$ 6,6 bilhões), Coreia do Sul (US$ 5,7 bilhões), Japão (US$ 5,4 bilhões), Itália (US$ 3,6 bilhões), Índia (US$ 3,3 bilhões), Suíça (US$ 3,2 bilhões), Cingapura (US$ 1,6 bilhão), Malásia (US$ 1,5 bilhão), França (US$ 1,2 bilhão), Israel (US$ 400 milhões) e Arábia Saudita (menos de US$ 100 milhões).

MINERAÇÃO

IstoÉ Dinheiro - SP   05/09/2024

A Vale anunciou nesta quarta-feira, 4, que fechou um acordo de cooperação com a Midrex Technologies, Inc. para avançar em uma solução técnica para o uso de briquetes de minério de ferro em plantas de redução direta. As empresas irão avaliar ainda a criação de uma joint venture para fornecer com exclusividade a tecnologia e instalações de briquetes ao mercado.

“Este acordo é o reconhecimento de um dos principais fornecedores mundiais de tecnologia de redução direta de que o briquete tem um forte potencial para descarbonizar a indústria siderúrgica global”, destaca o CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo em nota.

A empresa explica que o acordo amplia a cooperação técnica entre as partes e o trabalho de testes realizado no último ano. A tecnologia de briquetagem desenvolvida pela Vale permite a produção de aglomerados de minério de ferro de alta qualidade a partir de um processo de cura em baixas temperaturas, utilizando uma solução tecnológica de aglomerantes, o que confere ao produto final alta resistência mecânica.

Atualmente, a maioria das plantas de redução direta utiliza pelotas de minério de ferro como matéria-prima. “O processo de produção de briquetes da Vale representa uma alternativa ao processo de pelotização com menores custos de produção, menor intensidade de investimento e emissão de CO2 aproximadamente 80% menor”, afirma a empresa.

Por meio da tecnologia de redução direta, é produzido o ferro de redução direta (DRI). O DRI é uma matéria-prima essencial para a produção de aço de alta qualidade com menos impurezas em fornos elétricos a arco (EAFs). O DRI também pode ser usado em altos-fornos (BFs) para complementar e substituir o minério de ferro, diminuindo a necessidade de coque, portanto, reduzindo as emissões de carbono.

A mineradora destaca que os testes iniciais mostraram resultados promissores no uso de briquetes de minério de ferro no processo de redução direta.

A Midrex é a líder mundial em tecnologia de fabricação de ferro por redução direta e soluções de pós-venda para o setor siderúrgico. A empresa projeta, constrói e presta serviços a usinas que produzem ferro de redução direta (DRI).

A sede da empresa e o centro de pesquisa e desenvolvimento tecnológico estão localizados em Charlotte, NC, EUA. A Midrex também tem escritórios no Reino Unido, na China, na Índia e nos Emirados Árabes Unidos.

AUTOMOTIVO

CNN Brasil - SP   05/09/2024

Fabricantes de automóveis estrangeiros dominaram o mercado de carros da China por décadas, vendendo milhões de veículos e arrecadando grandes lucros. Essa era de ouro está agora chegando a um fim repentino.

A rápida ascensão dos fabricantes chineses de veículos elétricos (EV), como BYD e Xpeng, está reformulando o maior mercado de automóveis de passeio do planeta e deixando as maiores montadoras do mundo no lado perdedor.

O sinal mais recente dos grandes desafios enfrentados pelas montadoras tradicionais veio na segunda-feira (2), quando a Volkswagen alertou que poderia fechar fábricas na Alemanha pela primeira vez em sua história, em um esforço para cortar custos.

A gigante automobilística alemã viu suas entregas na China, seu maior mercado, caírem em mais de um quarto em relação a apenas três anos atrás, para 1,34 milhão no primeiro semestre deste ano. E no ano passado, a empresa perdeu sua coroa como a marca de carros mais vendida da China para a BYD, perdendo um título que detinha desde pelo menos 2000.

Mas a Volkswagen, a segunda maior fabricante de automóveis do mundo depois da Toyota, não é a única empresa em apuros.

A Ford e a General Motors também estão entre as empresas que estão vendo suas vendas e participação de mercado desaparecerem na China, à medida que os consumidores locais desprezam marcas estrangeiras para comprar marcas chinesas.

A participação das montadoras estrangeiras nas vendas de automóveis na China caiu de 53% em julho de 2022 para 33% no mesmo mês deste ano, de acordo com dados da Associação Chinesa de Automóveis de Passageiros (CPCA). Enquanto isso, as marcas chinesas saltaram de 47% para 67%.

Os lucros das montadoras na China também estão sob pressão. No trimestre encerrado em 30 de junho, a renda das joint ventures chinesas da Toyota despencou 73% em comparação com o ano anterior, de acordo com as demonstrações financeiras.

Pior ainda, as joint ventures da GM na China (ela tem 10 no país) relataram perdas trimestrais consecutivas este ano. As vendas da montadora norte-americana na China caíram pela metade, de um pico de mais de 4 milhões em 2017 para 2,1 milhões no ano passado.

“Muito poucas pessoas estão ganhando dinheiro [na China]”, disse sua CEO Mary Barra a analistas em uma recente teleconferência de resultados.

“É insustentável porque a quantidade de empresas perdendo dinheiro lá não pode continuar indefinidamente. E, realmente, quando você entra no tipo de guerra de preços que está acontecendo agora, é realmente uma corrida para o fundo.”

A brutal e prolongada guerra de preços de EVs na China já matou várias montadoras locais. As montadoras estrangeiras também tiveram que reestruturar seus negócios ou fechar operações antes extensas no país.

Em outubro, a japonesa Mitsubishi Motors anunciou que encerraria a produção de seus carros em sua joint venture na China, após anos de vendas em declínio.

Honda, Hyundai e Ford também tomaram medidas drásticas, incluindo demissões e fechamentos de fábricas, para cortar custos, de acordo com registros da bolsa de valores e relatórios da mídia estatal.

“Os dias de glória de desfrutar de altas taxas de crescimento e enormes lucros [na China] acabaram”, disse Michael Dunne, um veterano da indústria automobilística e CEO da Dunne Insights, uma consultoria focada em veículos elétricos.

“Se você é uma marca de mercado de massa na China, seus dias estão contados.”
O “milagre” da Tesla

Para as montadoras globais, a mudança repentina na sorte segue cerca de duas décadas de crescimento ininterrupto em vendas e lucros na China, começando no início dos anos 2000. A Volkswagen e a GM, que começaram as operações no país muitos anos antes, desfrutaram de uma sequência ainda maior de recompensas financeiras.

Tão forte era a sensação de que os bons tempos nunca acabariam que, de acordo com Dunne, um executivo da indústria automobilística brincou: “Aqui, ganhamos mais dinheiro do que Deus”.

Mesmo depois que o governo chinês começou a despejar dinheiro em fabricantes locais de EV e baterias em meados da década de 2010, sob a estratégia “Made in China 2025” do líder Xi Jinping, as montadoras estrangeiras continuaram a aumentar sua participação de mercado.

Os consumidores chineses ainda preferiam carros convencionais de marcas bem estabelecidas.

Então, dizem os analistas, a Tesla chegou. Em dezembro de 2019, o primeiro Tesla Model 3 feito na China saiu de uma linha de produção em Xangai e tudo mudou.

“Da noite para o dia, é como se um milagre tivesse ocorrido”, disse Dunne, descrevendo-o como um ponto de virada “monumental”.

“A fabricação do Model 3 pela Tesla em Xangai transformou a perspectiva dos consumidores sobre carros elétricos. Eles se tornaram ‘o novo cool’”, ele acrescentou.

A Tesla teve um “efeito halo” nos fabricantes chineses de veículos elétricos, como BYD, Neo e Li Auto, de acordo com Dunne, que vinham melhorando constantemente seus carros elétricos ao longo de vários anos e estavam prontos para capitalizar o aumento repentino na demanda.

A Agência Internacional de Energia prevê que as vendas de veículos elétricos a bateria e híbridos plug-in na China chegarão a 10 milhões este ano, respondendo por quase metade das vendas de carros no país, ante apenas 1,1 milhão há quatro anos.

Mudanças geracionais também ajudaram as marcas chinesas.

“Nas décadas de 1990 e 2000, eram os pais que compravam muitos carros e [eles] não confiavam em nenhuma das marcas chinesas”, disse Tu Le, diretor administrativo da Sino Auto Insights, uma empresa de consultoria.

“O mercado atual são os filhos deles, eles cresceram comprando coisas no Alibaba, comprando coisas no JD.com, usando o WeChat, então a ideia de comprar uma marca chinesa [não tem] essa conotação negativa”, disse ele à CNN Internacional.

As montadoras estabelecidas foram pegas de surpresa pela mudança abrupta para EVs na China. O momento só piorou as coisas: meses após a Tesla dar o pontapé inicial na demanda por EVs, a China entrou no lockdown por conta do coronavírus.

Os executivos do setor automobilístico não podiam visitar a China todo ano para ver pessoalmente o que estava acontecendo, disse Le.

Quando finalmente perceberam o quanto suas empresas estavam atrasadas em tudo, desde software para veículos e velocidade de produção até tecnologia de baterias e controle de cadeias de suprimentos cruciais para a fabricação de veículos elétricos, já era quase tarde demais para recuperar o terreno perdido.

No ano passado, a BYD vendeu um recorde de 3,02 milhões de veículos globalmente, incluindo híbridos plug-in, um aumento de 62% em relação a 2022.

Em comparação, a Volkswagen entregou 1,02 milhão de veículos elétricos e híbridos plug-in, um aumento de 26% em relação a 2022. Enquanto isso, a Tesla, que fabrica apenas carros totalmente elétricos, vendeu 1,8 milhão.

“As montadoras globais foram pegas desprevenidas com os veículos elétricos, levadas à complacência por anos de sucesso na venda de veículos movidos a gasolina”, escreveu Dunne em um boletim informativo recente.

“Quase todas as marcas não chinesas estão se sentindo chocadas ao ver suas fatias de mercado desaparecerem.”
Novo centro automotivo do mundo

E os fabricantes de veículos elétricos da China não estão satisfeitos com o sucesso apenas em casa.

As exportações de carros de passeio do país estão crescendo: elas saltaram mais de 60% no ano passado em comparação com o ano anterior, chegando a mais de 4 milhões.

Por algumas medidas, isso fez da China a maior exportadora de carros do mundo, à frente do Japão e da Alemanha. Mais de um quarto dessas exportações foram elétricas, de acordo com a CPCA.

Até 2030, as montadoras chinesas poderão ver sua participação no mercado global de veículos elétricos dobrar para cerca de um terço, previu o UBS, com as empresas europeias sofrendo a maior perda de participação de mercado como resultado.

A ameaça que representa para as famosas indústrias automobilísticas da Europa e América do Norte desencadeou uma onda de aumentos de tarifas sobre veículos elétricos fabricados na China. Mas não está claro se impostos de importação mais altos serão suficientes para deter o ataque.

De volta à China — um mercado grande demais para ser abandonado completamente e que está se tornando rapidamente um centro global de fabricação e exportação de veículos elétricos — as montadoras globais estão se apoiando fortemente em parcerias locais.

No ano passado, a Volkswagen comprou uma participação de 5% na Xpeng por US$ 700 milhões e fechou uma parceria estratégica para desenvolver veículos em conjunto, na tentativa de reverter o declínio nas vendas na China.

Meses depois, a Stellantis, que fabrica carros Citroen, Fiat e Peugeot, comprou uma participação de 20% na fabricante chinesa de veículos elétricos Leapmotor por cerca de € 1,5 bilhão (US$ 1,7 bilhão).

A partir deste mês, a Stellantis começará a vender veículos Leapmotor em nove países europeus, destacando a crescente influência das marcas chinesas de veículos elétricos também em mercados internacionais.

Ao mesmo tempo, as montadoras chinesas estão aumentando rapidamente suas pegadas globais, com a BYD planejando plantas na Tailândia e Hungria, entre outros países.

A empresa também está comprando sua distribuidora alemã Hedin Electric, à medida que se move para escalar na Europa.

“O novo centro da indústria automotiva mundial é a China”, disse Dunne. “Todo mundo ainda está tentando chegar a um acordo com: para onde (ir) a partir daqui? Como competimos com os chineses?”

Globo Online - RJ   05/09/2024

A General Motors revelou que dos R$ 7 bilhões de investimentos do ciclo 2024/2028, R$ 5,5 bilhões serão destinados às unidades de São Paulo. O R$ 1,2 bilhão restante já foi direcionado para a fábrica de Gravataí, no Rio Grande do Sul, e R$ 300 milhões deverão ser direcionados à fábrica de motores de Joinville, em Santa Catarina.

Rory Harvey, vice-presidente executivo e presidente de Mercados Globais da General Motors, fez o anúncio no Centro Tecnológico da GM, em São Caetano do Sul, no ABC paulista.

— Estamos trabalhando no desenvolvimento de veículos elétricos, conectividade em soluções para carros autônomos. E a América do Sul não será exceção, e especialmente o Brasil — disse o executivo.

O Brasil é um dos três maiores mercados globais para os veículos da GM e, segundo afirmou Harvey, o país terá veículos globais da marca, além de trazer um modelo com design específico desenvolvido para os consumidores brasileiros.

Os recursos serão alocados em produção e desenvolvimento de novas tecnologias para o mercado local, como os híbridos flex, que funcionam também com etanol.

Além da fábrica de São Caetano, a GM tem mais cinco unidades no estado, incluindo a fábrica de São José dos Campos, o Centro Tecnológico e o campo de provas, além de unidades em Sorocaba e Mogi das Cruzes.

— Serão feitas atualizações das instalações e o desenvolvimento de híbridos flex — disse Harvey.

A ideia da GM é trazer um modelo inédito da marca Chevrolet no Brasil. Também já estão sendo desenvolvidos dois novos modelos híbridos.

Shilpan Amin, presidente da GM Internacional, lemnbrou que a empresa completará cem anos no Brasil no próximo mês de janeiro:

— Sabemos que o Brasil é um mercado desafiador e competitivo, mas poucas companhias conseguem alcançar 100 anos. Estamos trabalhando para desenvolver veículos com mais conectividade, segurança e eficiência energética. O país será o primeiro mercado de híbrido flex do mundo.

Amin acrescentou que a competição com os veículos chineses que se vê no Brasil acontece em todo o mundo. Mas diz que o sucesso da parceria cria uma relação forte com os clientes.

— A China concorre em todo o mundo. Fizemos o investimento para fortalecer nossa cadeia e ficar numa posição de liderança apesar da competição — disse.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, esteve na cerimônia do anúncio e lembrou que o Produto Interno Bruto (PIB) paulista cresceu 3,3% no primeiro semestre de 2024 (janeiro a junho), em relação ao mesmo período do ano anterior. Ele disse que o estado representa 30% do emprego formal no Brasil:

— O investimento está chegando. E isso é geração de emprego, que é a nossa preocupação. Queremos abrir caminhos para aumentar a produção industrial.

O governador afirmou ainda que haverá liberação de créditos de ICMS para serem usados no investimento.

Ele afirmou que a GM tem a ver com a história do país, já que muitos brasileiros aprenderam a dirigir num modelo Chevette, fabricado pela companhia. Depois, o sonho era ter um Opala e um Monza.

Novo ciclo de investimentos

A General Motors, além da Toyota e da Volkswagen, foi uma das companhias que se opuseram à prorrogação do prazo de incentivos fiscais para montadoras do Norte, Nordeste e Centro-Oeste até 2032, sete anos a mais do que o previsto.

Santiago Chamorro, presidente da GM América do Sul, disse que a assimetria ainda persiste, mas que a liberação de créditos de ICMS que o governo de São Paulo se comprometeu a fazer vai ajudar a consolidar esse ciclo de investimentos:

— Essa assimetria é existente, mas o anúncio da renegociação dos créditos de ICMS, feita pelo governo de São Paulo, vai ser importante para executar os investimentos anunciados hoje.

A General Motors anunciou o novo ciclo de investimentos em janeiro passado, em Brasília, para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Geraldo Alckmin.

Fábricas mais ágeis e sustentáveis

O valor total representa uma redução de 30% em relação aos R$ 10 bilhões do ciclo de investimentos anterior, mas os executivos garantiram que os valores podem crescer, de acordo com as condições do mercado.

O foco do novo ciclo de investimentos será acelerar a mobilidade sustentável, com a renovação do portfólio de veículos e desenvolvimento de novas tecnologias. As atuais fábricas no país serão modernizadas, para serem mais "ágeis e sustentáveis", de acordo com o grupo.

Para a empresa, o cenário por aqui é muito favorável à eletrificação: há minérios para a fabricação das baterias, o parque industrial é robusto e a matriz energética é limpa. A GM defende que o Brasil pode ser um polo de produção e exportação de veículos elétricos e se reindustrializar com o avanço da eletrificação.

A GM e subsidiárias vendem veículos sob as marcas Chevrolet, Buick, GMC, Cadillac, Baojun e Wuling.

Em outubro do ano passado, a empresa anunciou mais de 1.000 demissões nas fábricas de São Caetano do Sul, São José dos Campos e Mogi das Cruzes. Os cortes depois foram cancelados, por decisão judicial, e a empresa abriu um programa de incentivo para demissão voluntária.

Valor - SP   05/09/2024

General Motors inclui desenvolvimento de dois modelos entre os 100% elétricos e os tradicionais motores a combustão em SP.


Fonte: Santiago Chamorro: “No futuro, teremos também outras tecnologias” — Foto: Nilani Goettems/Valor

O Centro Tecnológico da General Motors em São Caetano do Sul (SP) se prepara para desenvolver dois modelos de carros híbridos, os primeiros eletrificados da GM que poderão ser abastecidos com etanol. A adesão da montadora, terceira no mercado brasileiro, deixa clara a tendência de a próxima geração de carros fabricados no Brasil ser majoritariamente formada por híbridos a etanol.

Os novos projetos absorverão a maior parte do investimento de R$ 5,5 bilhões que a montadora destinará às operações em São Paulo, principalmente em São Caetano, onde está a sua maior fábrica no país e também o centro que desenvolve veículos para toda a região. Os recursos fazem parte do ciclo total de R$ 7 bilhões, anunciado pela companhia em janeiro para o período entre 2024 e 2028.

No início, a GM ficou fora da onda do híbrido a etanol. A opção, seguindo orientação da matriz, era pelos modelos 100% elétricos (os que precisam ser carregados em tomadas), independentemente do mercado.

Mas, em julho, durante o anúncio de quanto dos novos investimentos irá para a fábrica de Gravataí (RS), o presidente da GM na América do Sul, Santiago Chamorro, disse que a empresa mudou de rumo para atender à necessidade do consumidor brasileiro.

Ir direto para o 100% elétrico, um modelo mais caro, significaria deixar de fora boa parte dos consumidores que hoje compram carros da GM, dona de 12,78% do mercado brasileiro de veículos leves no acumulado até agosto.

Na quarta-feira (4), ao anunciar ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) a parte do investimento destinada a São Paulo, Chamorro explicou que os primeiros modelos com a nova tecnologia serão do tipo híbrido leve. Ou seja, o tipo de híbrido em que o motor elétrico ajuda o motor a combustão na tração do veículo. Mas nunca funciona sozinho. Segundo o executivo, isso “permitirá o acesso à nova tecnologia a um maior número de consumidores”.

Chamorro não estava sozinho. Dois executivos da companhia vieram de Detroit para acompanhar o anúncio. Numa rápida entrevista, Rory Harvey, presidente de mercados globais, disse que o avanço das vendas de carros 100% elétricos depende da infraestrutura de recarga de cada país. Já Shilpan Amin, presidente da divisão internacional, disse que a GM não se preocupa com o avanço das marcas chinesas na oferta de produtos elétricos: “Essa concorrência está em todo o mundo”.

A GM se torna, assim, a quarta montadora a anunciar a produção de híbridos a etanol no Brasil. A pioneira foi a Toyota, que fabrica a chamada linha híbrida flex desde 2019. Mais recentemente, a CAOA Chery também incluiu a possibilidade de usar etanol em carros híbridos. A Stellantis promete lançar o seu primeiro ainda neste ano.

A GM não detalhou a distribuição do investimento destinado a São Paulo. Além de São Caetano, a empresa tem uma fábrica de veículos em São José dos Campos, uma unidade que produz peças estampadas em Mogi das Cruzes, um campo de provas em Indaiatuba e um centro logístico em Sorocaba.

Mas Chamorro confirmou a conta lógica de subtração que indica que para Joinville (SC), onde são feitos motores, serão destinados R$ 300 milhões.

Faltou, no encontro com o governador, combinar a devolução de créditos tributários que o Estado deve às montadoras. Chamorro diz confiar que essa questão será acertada em breve. À Volkswagen, Freitas garantiu publicamente a devolução de R$ 1 bilhão em ICMS.

A direção da GM não revelou quando vai lançar o primeiro híbrido. Enquanto isso, o mercado brasileiro de eletrificados (híbridos e elétricos) continua em ascensão. Em julho, o volume acumulado de vendas desses veículos (94,6 mil unidades) ultrapassou o total vendido durante todo 2023 (93,9 mil), segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

A frota brasileira de híbridos e elétricos passa de 300 mil veículos, volume pequeno se comparado com o total - 44,6 milhões de carros e comerciais leves. Mas a maioria é de gerações já antigas. Segundo o último estudo de frota do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes (Sindipeças), um terço dos carros que rodam no país tem entre 11 e 15 anos.

Infomoney - SP   05/09/2024

A Volvo abandonou a meta de vender apenas carros totalmente elétricos até o final desta década, tornando-se a mais recente fabricante a reformular seus planos sobre veículos elétricos devido à queda na demanda.

A montadora, de propriedade chinesa, agora busca que os híbridos plug-in e os modelos puramente elétricos representem pelo menos 90% de suas vendas em 2030, afirmou a companhia nesta quarta-feira (4). O restante permitirá a inclusão de híbridos leves que dependem principalmente de um motor a combustão.

A demanda por carros elétricos está esfriando na Europa, após países como Alemanha e Suécia suspenderem ou reduzirem subsídios. Isso levou fabricantes como a Mercedes-Benz e a Volkswagen a reavaliar suas ambições em veículos elétricos, com esta última considerando o fechamento de fábricas para cortar custos.

A Volvo, de propriedade da Geely, também foi afetada por um conflito comercial com Pequim em relação ao apoio à sua indústria de veículos elétricos. A empresa fabrica modelos elétricos no país asiático que estão sujeitos a tarifas nos EUA e na União Europeia.

A montadora, em julho, reduziu ligeiramente sua previsão de vendas de automóveis para este ano devido aos impostos da UE. Em junho, havia adiado os envios de seu SUV EX30 para os EUA para o próximo ano, após Washington impor uma tarifa de mais de 100% sobre as importações de veículos elétricos chineses. A empresa também tem cortado empregos na Suécia para reduzir custos.

A Volvo também alertou que pode poluir mais devido às metas alteradas, afirmando que pretende reduzir as emissões de dióxido de carbono por carro em 65% a 75% até 2030, em comparação com uma meta anterior de 75% de redução.

As mudanças não afetarão os investimentos da empresa em carros totalmente elétricos, segundo um porta-voz. Executivos da Volvo devem dar mais detalhes sobre novas estratégias e produtos em eventos na quarta e quinta-feira em Gotemburgo, Suécia.

A Volvo está apostando em seu SUV elétrico destaque, o EX90, para aumentar a demanda nos próximos meses. A empresa começou a enviar o modelo para revendedores nos EUA e na Europa, com os primeiros clientes esperando receber seus carros antes do final deste mês.

“Estamos convictos em nossa crença de que nosso futuro é elétrico”, disse o CEO Jim Rowan em um comunicado. “No entanto, é claro que a transição para a eletrificação não será linear, e os clientes e mercados estão se movendo em diferentes velocidades de adoção.”

Rodoviário

Infomoney - SP   05/09/2024

Com uma meta ousada de realizar 35 leilões de rodovias até o final do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o governo federal tem apostado no estímulo à entrada de novos atores nos certames para se contrapor às adversidades impostas pelo ciclo de juros elevados no País.

Em meio ao elevado volume de projetos a serem levados a mercado nos próximos meses, a ideia, segundo o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), é tentar atrair cada vez mais fundos de investimentos e players internacionais para as disputas.

O político concedeu entrevista exclusiva ao InfoMoney no último sábado (31), após participar de painel pela Exper XP 2024.

“É por esse ambiente desafiador que nós estimulamos essa transição. Primeiro, construtoras. Depois, concessionárias especializadas no negócio. Mas agora grandes investidores do mercado. Por quê? Porque há uma clara liquidez no mercado internacional. O mundo deseja investir no Brasil. O retorno médio de grandes fundos soberanos, como da Arábia Saudita, de Singapura, é muito menor do que os retornos oferecidos pelos nossos projetos”, afirmou.

“Então, além de ampliar a disponibilidade de recursos domesticamente, com o papel do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), colaborando na estruturação dos projetos, dando cada vez mais racionalidade econômica e financeira a eles mas [também] atraindo esses que podem trazer recursos do mundo inteiro para financiar os nossos projetos”, prosseguiu.

O ministro tem sustentado que o Brasil possui ao menos 3 características atrativas para o capital internacional privado: 1) projetos sustentáveis; 2) o país garante a segurança alimentar do planeta; e 3) rentabilidade atrativa dos projetos, com taxas internas de retorno superiores às de outras localidades no mundo.

Na última quinta-feira (29), foi realizado o leilão de concessão da BR-381 (conhecida como “BR da Morte”), entre Belo Horizonte (MG) e Governador Valadares (MG), após quatro tentativas mal sucedidas em gestões distintas. O certame foi arrematado pela gestora 4UM (antiga J. Malucelli), que se comprometeu a fazer R$ 5,5 bilhões em investimentos, além de operar a via pelos próximos 30 anos.

Antes dele, no ano passado, a gestora de investimentos Pátria, através da Infraestrutura Brasil Holding XXI, venceu o leilão do lote 1 de rodovias do Paraná. O grupo fez uma oferta de 18,25% de desconto na tarifa de pedágio, cujo valor máximo havia sido fixado em R$ 0,10673 por km no edital, superando proposta feita pelo Consórcio Infraestrutura PR, composto pela EPR (empresa da Equipav e Perfin).

E a mesma EPR venceu, em abril deste ano, leilão da BR-040 entre Belo Horizonte (MG) e Juiz de Fora (MG), com proposta de 11,21% de desconto sobre a tarifa de pedágio máxima prevista, além da necessidade de investir R$ 5 bilhões em obras, além de custos operacionais estimados em R$ 3,53 bilhões ao longo de 30 anos.

A ideia de atrair os fundos busca dinamizar o mercado para a realização de concessões, que devem se somar a um incremento de investimentos públicos observados na atual administração, conforme pontua Renan Filho.

“É por isso que desejamos ter um pipeline arrojado, a fim de fortalecer a capacidade de atrair o investimento privado. Porque [com] isso somado a mais recursos públicos também, que o governo Lula já garantiu para a infraestrutura nacional, nós vamos dar passos muito importantes na direção de um país mais competitivo”, disse.

Outro ponto destacado pelo ministro envolve os novos produtos criados para dinamizar o setor, como as debêntures de infraestrutura, que já foram usadas em operação envolvendo a Dutra, com o BNDES garantindo emissão e posteriormente lançando os papéis a mercado, que foram adquiridos majoritariamente por grandes bancos.

“O Brasil tem um mercado de capitais crescente e tem que utilizá-lo cada vez mais para financiar nossa infraestrutura, porque o modelo anterior − aquele de deixar a capacidade de endividamento para financiar investimento em infraestrutura apenas no balanço das companhias concessionárias − demonstrou que deu errado. Nenhuma companhia, com seu próprio balanço, é capaz de tomar crédito do tamanho da necessidade da infraestrutura de um país gigantesco como o Brasil”, argumentou.

A meta do governo é realizar 8 leilões em 2024, mas até agora apenas 2 saíram do papel. Questionado sobre o risco de o objetivo não ser cumprido, Renan Filho diz que a pasta deverá fazer pelo menos um leilão por mês até o fim do ano, podendo chegar a dois.

“Se esborrar um pouquinho para o ano que vem, para não fazer muitos leilões num mês só, isso muda muito pouco. O importante da agenda é que nós adensamos a publicação dos editais. Então, já temos a possibilidade de fazer 8, 10 neste ano, mas já temos contrato para fazer muitos leilões no primeiro e no segundo semestres do ano que vem”, ponderou o ministro.

Ele destacou, ainda, o fato de a meta estabelecida superar de forma expressiva o histórico de um leilão por ano que se observava no passado recente. “O fato é que foi demonstrado que dava para fazer mais”, disse. “Nós viramos a chave.”

Globo Online - RJ   05/09/2024

É boa notícia a concessão à iniciativa privada da BR-381, rodovia que liga Belo Horizonte a Governador Valadares, depois de três tentativas frustradas feitas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) desde 2021. Considerada uma das mais perigosas do país, a estrada, fundamental para a ligação São Paulo-Minas-Espírito Santo, será administrada pela empresa paranaense 4UM, que venceu o leilão oferecendo desconto de 0,94% na tarifa básica de pedágio.

O edital prevê que a concessionária terá de aplicar R$ 9,2 bilhões ao longo dos 30 anos de contrato, R$ 5,5 bilhões dos quais em investimentos para recuperar a estrada. Entre os compromissos estão a duplicação de 106 quilômetros, a construção de 83 quilômetros de faixas adicionais, 51 correções de traçado (o trajeto sinuoso, cheio de subidas e descidas, contribui para o grande número de acidentes), a implantação de áreas de escape, pontos de descanso para caminhoneiros, 23 passarelas, além de melhorias na sinalização. O trecho concedido (cerca de 300 quilômetros) terá cinco praças de pedágio. Estima-se que as obras deverão gerar 80 mil empregos.

A mudança no modelo de concessão contribuiu para o sucesso do leilão. Dois lotes na saída de Minas e outros trechos que representam maior risco para o concessionário, devido a problemas geológicos e à ocupação das margens da estrada, foram retirados do edital e ficarão sob responsabilidade do governo federal. Segundo o ministro dos Transportes, Renan Filho, a União investirá entre R$ 800 milhões e R$ 900 milhões nos trechos problemáticos.

Pela situação deplorável de boa parte das estradas brasileiras, esburacadas, mal sinalizadas e com traçado obsoleto, está claro que o governo federal não tem condição de administrá-las. Por isso a saída é a concessão. Pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) no ano passado mostrou que 67,5% das rodovias são classificadas como regulares, ruins ou péssimas. Apenas 32,5% podem ser consideradas ótimas ou boas. As administradas pelo poder público estão entre as piores: 77,1% recebem avaliação negativa, ante 35,9% entre as privadas.

O novo modelo adotado na concessão da BR-381 terá de ser testado. Espera-se que governo federal e concessionária cumpram seus compromissos nos trechos sob sua responsabilidade, para que os usuários não enfrentem realidades diferentes numa mesma estrada. O presidente da 4UM, Leonardo Boguszewski, afirmou que um dos objetivos da gestora é mudar para “rodovia da vida” o apelido de “rodovia da morte” dado à estrada em razão do alto índice de acidentes. É louvável. Mas ela só passará a ser segura se as obras e serviços previstos no edital forem executados. Não se trata de questão de nomenclatura.

NAVAL

A Tribuna - SP   05/09/2024

A Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) proibiu a cobrança, nos portos, da Terminal Handling Charge 2 (THC2, a Taxa de Manuseio de Terminal), também conhecida como Serviço de Segregação e Entrega (SSE). Trata-se de um valor cobrado pelos terminais portuários que realizam operações de cais (portos molhados) para movimentar e entregar contêineres aos recintos alfandegados (terminais retroportuários e portos secos).

O julgamento foi de duas ações movidas pela empresa Marimex contra a Embraport, atual DP World Brasil. A cobrança já estava proibida há mais de dois anos pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em território nacional.
“Foram 24 anos de disputas administrativas e judiciais até que o STJ finalmente se posicionasse a respeito. O STJ funciona como última instância sobre o assunto”, explica o advogado Bruno Burini, que representou a Marimex no caso.

Burini acredita que, diante da extensa e profunda fundamentação no STJ e das características do caso, é improvável que os recursos cabíveis tenham sucesso. “Agora, todos os processos em que se debate a ilegalidade da THC2 receberão o teor da decisão do STJ e a tendência é que sigam a orientação”, explica o advogado da Marimex.

Ele acha improvável a questão ser levada ao Supremo Tribunal Federal (STF), pois já existem precedentes sobre a impossibilidade de discussão do tema por lá. “O mercado estava muito atento a esse julgamento pela ciência de que o primeiro precedente do STJ, por se tratar de potencial última instância sobre o assunto, orientará todos os julgamentos a respeito do tema. Afinal, a missão do STJ é a uniformização da interpretação das leis, ressalta Burini.

O advogado acrescenta ainda que, embora o caso envolva duas empresas privadas, o julgamento contou com a participação efetiva de órgãos relevantes, como a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

“Ambos foram convidados a apresentar manifestação sobre o tema. Portanto, tratou-se de decisão informada. Ela analisa a ilegalidade da THC2 em todas as suas vertentes, por intenção clara de pacificação do assunto pelo STJ. Os votos examinam a ilegalidade pelas perspectivas civil, regulatória e concorrencial”, completa.

Outro lado
Procurada, a DP World informou, em nota, que a decisão “abordou de forma equivocada o aspecto concorrencial do serviço, deixando de apreciar questões relevantes da relação comercial entre as duas empresas privadas envolvidas na ação. Além disso, não se trata da decisão final, cabendo ainda recurso ao próprio STJ e ao STF”.

A decisão, segundo a DP World, “se baseou em posição do Cade já superada pelo Memorando de Entendimento firmado pelo próprio órgão mais recentemente, e não considerou a auditoria operacional em curso no TCU que reconhece a legalidade do serviço”.

A DP World lembra, ainda, “que existem duas outras decisões com trânsito em julgado no STJ, e uma no STF, todas pelo direito à cobrança, e que, em sessão do STJ em 20 de agosto último, foi proferida decisão final em Ação Civil Pública de repercussão geral, reconhecendo a legalidade do SSE”.

PETROLÍFERO

Valor - SP   05/09/2024

Decisão sobre a exploração da área petrolífera será uma das mais importantes do governo nos próximos anos, diz Cristiano Pinto da Costa, CEO da petroleira.


Fonte: Cristiano Pinto da Costa: “O mais importante é o governo brasileiro chegar a um consenso do que quer como nação” — Foto: Léo Pinheiro/Valor

A Shell vai estudar a possibilidade de explorar áreas de petróleo na Margem Equatorial, especialmente na Bacia da Foz do Amazonas (AP), caso o governo decida “abrir e avançar” na exploração da extensa região petrolífera entre o Amapá e o Rio Grande do Norte. A empresa já possui ativos na Bacia Potiguar (RN), também na Margem Equatorial, em áreas próximas às exploradas pela Petrobras, mas aguarda o desfecho do pedido de licenciamento da estatal para perfurar um poço na Foz do Amazonas.

Para o presidente da Shell no Brasil, Cristiano Pinto da Costa, a abertura da Margem Equatorial será uma das mais importantes decisões estratégicas da política energética do governo a serem tomadas nos próximos anos. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) negou a licença para que a Petrobras perfurasse um poço no bloco FZA-M-59, mas a estatal recorreu, enviou complementos aos estudos e tenta agora reverter a decisão do órgão ambiental. Dentro do governo, no entanto, não há consenso sobre o tema. Uma ala apoia o veto do Ibama, enquanto outra defende a exploração do potencial petrolífero da região.

Em entrevista ao Valor, Costa destacou que a questão ambiental é tão prioritária para a empresa anglo-holandesa e para o setor quanto a exploração econômica das reservas. “A indústria de óleo e gás possui um histórico de mais de 15 anos de exploração e produção do pré-sal com segurança. Continuaremos a seguir as diretrizes e recomendações do Ibama, demonstrando nossa capacidade de operar de forma segura e responsável.”

“Leilões regulares dão previsibilidade à cadeia de suprimentos”

— Cristiano da Costa

O executivo disse que a empresa e toda a indústria observam os movimentos da Petrobras na Margem Equatorial. A estatal indicou no plano estratégico 2024-2028 a intenção de perfurar até 16 poços na região, para decidir quais caminhos seguir na exploração e produção de petróleo, cujos sinais são de declínio nas áreas mais maduras a partir da próxima década.

Projeções recentes da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) indicam que o pico de produção de petróleo no país se dará em 2030, com trajetória de queda a partir daquele ano, caso não sejam repostas as reservas atuais. Recentemente, a diretora de licenciamento do Ibama, Claudia Barros, disse que decisão sobre a Margem Equatorial pode sair até o fim do ano.

“Não só a Shell: a indústria está olhando o que a Petrobras está fazendo e esperando os próximos passos, do governo e da estatal, para decidir se vamos ser um ator lá [na Margem] ou não”, disse Costa. Ele acrescentou: “O mais importante, no momento, é o governo brasileiro chegar a um consenso do que quer como nação. [Se quer] explorar e tentar entender qual é o tamanho das reservas naquela região.”

Na visão do executivo, o Brasil precisa avançar mais na exploração de outras regiões, indo além das conhecidas bacias de Campos e Santos. Junto com a Petrobras, a Shell arrematou 29 áreas na Bacia de Pelotas, localizada entre os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A Shell levou, sozinha, outros blocos no sul da Bacia de Santos, na direção de regiões de nova fronteira. “Há uma visão na indústria de que talvez as grandes acumulações do pré-sal já tenham sido descobertas. Há sinais de que a Bacia de Campos e o pré-sal já estão dando sinais de esgotamento.”

Costa destacou ainda que o adiamento da sessão pública da oferta permanente de áreas de petróleo, que aconteceria em dezembro e agora está prevista para o primeiro trimestre de 2025, não será um problema caso seja algo pontual. Porém, se o país deixar de realizar de forma recorrente leilões anuais de petróleo, como já ocorreu no passado, isso impactará a indústria, que funciona sob um cronograma de longo prazo.

Entre leilões e o primeiro óleo, em geral, são de sete a dez anos de atividades. “A regularidade anual de leilões ajuda na previsibilidade de grandes atores e da cadeia de suprimento”, afirmou. A ANP suspendeu os editais da oferta permanente para adequá-los a medidas definidas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), além de revisar o conjunto de áreas a serem negociadas. Algumas delas apresentam alta sensibilidade ambiental, segundo a ANP, que preferiu exclui-las das ofertas.

Outro ponto são as recentes medidas adotadas pelo governo para o mercado de gás natural, entre as quais, as que buscam reduzir a reinjeção do insumo e estabelecem revisões de planos de desenvolvimento pela ANP. O órgão regulador também deverá regulamentar o acesso à infraestrutura. Costa destacou que o decreto publicado pelo governo na semana passada está sendo estudado, mas a perspectiva de revisões de planos de investimentos de petroleiras aprovados é algo que preocupa.

O executivo cita nota do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) na qual a entidade afirma que o decreto “tem o potencial de gerar insegurança jurídica e elevar a percepção de risco, numa indústria caracterizada por vultosos investimentos de longo prazo e por uma cadeia ampla e complexa.”

Em paralelo às discussões na área de óleo e gás, o presidente da Shell aponta para os investimentos que a empresa vem fazendo em projetos ligados à transição energética. Um deles é no etanol de segunda geração, por meio da Raízen, joint venture composta pela petroleira e pela Cosan. O plano da Raízen é de construir nove usinas de etanol de segunda geração, cuja tecnologia aproveita o bagaço da cana-de-açúcar. A segunda unidade foi inaugurada em maio, com capacidade de produzir 82 milhões de litros por ano.

A Raízen também está começando a estudar o mercado de combustível sustentável de aviação (SAF), conta o executivo. Segundo Costa, o SAF é visto pela Shell e pela Raízen como uma potencial avenida para o uso do etanol como combustível para a descarbonização da aviação, segmento tido como difícil para a promoção da redução de emissões de gases de efeito estufa.

Esses e outros projetos de descarbonização, avalia, são exemplos dos investimentos que petroleiras fazem para financiar a transição energética. Costa salienta que o plano de negócios da Shell que foi anunciado em 2023 envolve investimento global entre 2023 e 2025 de montante entre US$ 10 bilhões e US$ 15 bilhões em soluções de baixo carbono. “Grandes companhias de óleo e gás ou empresas integradas de energia, como a Shell, são hoje alguns dos maiores investidores na transição energética”, afirmou.

Um ponto, porém, que requer atenção por parte do governo, é a carga tributária sobre o setor de petróleo, apontou o presidente da Shell no Brasil. Costa salienta que a cada três barris de petróleo que são produzidos no país, dois são destinados para o pagamento de impostos, taxas, royalties e participações especiais ao governo. O executivo defende que a indústria petrolífera seja excluída do chamado “imposto seletivo”, que estabelece alíquota adicional que pode chegar a 1% para atividades que podem trazer danos à saúde ou ao meio ambiente.

O tema está em tramitação na Câmara dos Deputados, onde a proposta é de incidência de um percentual extra de 0,25%. Inicialmente, o adicional seria de 1%, aprovado no Senado. Para Costa, o ideal seria não incidir o imposto seletivo sobre a cadeia. O executivo recorda que no ano passado incidiu temporariamente o imposto de exportação, o que preocupou o segmento. “Qualquer coisa feita para aumentar a carga tributária do setor de petróleo impacta negativamente sobre a competitividade brasileira.”

Petro Notícias - SP   05/09/2024

O aguardado FPSO Bacalhau está cada vez mais próximo de partir rumo ao Brasil. A unidade, que está sendo construída em Cingapura, entrou na etapa final de integração e comissionamento. O anúncio foi feito nesta semana pelo presidente da Equinor, Anders Opedal, durante uma visita ao estaleiro onde o navio-plataforma está sendo montado. Segundo Opedal, o FPSO deve iniciar sua viagem ao Brasil até o final deste ano.

“Bacalhau é um verdadeiro gigante. De pé no convés, é impossível não se surpreender com sua escala – 370 metros de comprimento e 64 metros de largura. Esse é, de longe, o maior FPSO da Equinor e uma prova da impressionante engenharia e trabalho em equipe que o trouxeram à vida. Com mais de 50 milhões de horas trabalhadas, as estatísticas de segurança são boas”, declarou o executivo.

O presidente da Equinor lembrou ainda que a plataforma será equipada com turbinas a gás de ciclo combinado (CCGT), que combinam uma turbina a gás com uma turbina a vapor para aproveitar o excesso de calor que, de outra forma, seria perdido. Isso permitirá que 110.000 toneladas de CO2 sejam economizadas anualmente, o que equivale a 25% menos emissões de CO2 ao longo da vida útil do campo.

O FPSO será instalado no campo de Bacalhau, no pré-sal da Bacia de Santos, e terá capacidade de produção de 220 mil barris por dia. O primeiro óleo do navio está previsto para 2025. O campo será operado pela Equinor (40%), em parceria com ExxonMobil (40%), Petrogal Brasil (20%) e Pré-Sal Petróleo S.A (PPSA, gestora do contrato de partilha; não investidora). A Modec, por sua vez, foi contratada pelo consórcio para conduzir a engenharia, a aquisição, a construção e a instalação da embarcação. O FPSO de Bacalhau será operado pela Modec durante seu primeiro ano de atividades. Depois, a Equinor assumirá o controle da instalação até o final do período de licença.

Valor - SP   05/09/2024

ANP calcula que região tem um potencial de 30 bilhões de barris.


Fonte: Daniela Jerez, do WWF-Brasil: comunidades locais serão impactadas — Foto: Guilherme Kardel Miracena/Divulgação

A Margem Equatorial, área que vai do litoral do Amapá ao Rio Grande do Norte, é vista como a nova fronteira petrolífera - considerando que o pré-sal tende ao declínio no fim da década. No entanto, compatibilizar a exploração com preservação ambiental na região, formada pelas bacias marítimas da foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar, é um desafio, avaliam especialistas.

Segundo Gláucia Fernandes, pesquisadora de ESG (boas práticas ambientais, sociais e de governança) do Coppead/UFRJ, tecnologias avançadas e práticas rigorosas podem ajudar a mitigar riscos, mas a complexidade da região torna difícil garantir que não haverá impactos adversos. O Brasil, diz ela, soa contraditório ao priorizar a Margem Equatorial ao mesmo tempo em que sediará eventos mundiais onde a preservação do meio ambiente e mudanças climáticas serão temas de destaque.

Em novembro, haverá a reunião do G20 no Rio de Janeiro e em 2025, Belém receberá a COP30, conferência da ONU sobre clima. “O Brasil está tentando se posicionar como líder na transição energética, mas a exploração de petróleo na Amazônia pode afetar essa imagem”, diz Gláucia.

Para o WWF-Brasil, a Margem Equatorial ainda necessita de mais pesquisas para a compreensão do seu equilíbrio ecológico, incluindo pontos como a descarga de sedimentos do rio Amazonas e do Grande Sistema de Recifes do Amazonas. Além disso, diz a ONG, há correntes marítimas muito fortes e dinâmicas costeiras pouco estudadas, que diferem dos locais já explorados no Brasil.

“A costa brasileira na região é recoberta por manguezais. O toque de óleo afetaria todo o ecossistema marinho, com evidente impacto às comunidades locais, muitas delas dependentes da pesca para alimentação e geração de renda”, observa Daniela Jerez, analista de políticas públicas do WWF-Brasil.

As previsões de investimento na Margem Equatorial em 2024 somam US$ 1,09 bilhão - considerando só a fase de exploração, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Um valor semelhante é estimado para 2025. Só a Petrobras reservou, em seu Plano Estratégico 2024-2028, US$ 3,1 bilhões para investir na região, prevendo perfurar 16 poços no período.

A Margem Equatorial tem 34 blocos sob concessão, ainda em fase de exploração, dos quais nove ficam na bacia da Foz do Amazonas. Outros 5 estão na bacia do Pará-Maranhão, 11 na bacia de Barreirinhas e 9 na bacia Potiguar.

Nessa última bacia, a Petrobras obteve, em 2023, licença do Ibama para perfurar. Em 2024, encontrou indícios de hidrocarbonetos em dois poços. Ambos necessitam de estudos aprofundados para determinar sua viabilidade comercial. A empresa aguarda, agora, licença para perfurar no bloco FZA-M59, na bacia da foz do Amazonas. Esse pedido já foi negado pelo Ibama, que exigiu informações complementares e foi reapresentado pela petroleira.

De acordo com o Ibama, um dos quesitos que fundamentaram a negativa à licença de operação foram dados referentes ao Plano de Proteção à Fauna Oleada. Essas informações, junto com outras, sobre impactos dos sobrevoos das aeronaves de apoio à atividade petroleira nas populações indígenas do Oiapoque (AP), foram protocoladas no começo de agosto pela empresa.

Os documentos estão em avaliação pela equipe técnica e ainda não é possível indicar com precisão um prazo para manifestação conclusiva, diz o órgão ambiental. No mercado, comenta-se que a licença sairá em alguns meses. A Petrobras, por sua vez, reafirma que está preparada para realizar “com total responsabilidade atividades na Margem Equatorial, onde pretende empregar todo o seu conhecimento operacional e as tecnologias necessárias para garantir uma operação segura”.

Há, no Ibama, quase trinta blocos da Margem Equatorial em processo de pré-licença para perfuração, de diversas empresas. Além da Petrobras, estão nessa lista Enauta, BP, Shell e Prio. A Margem Equatorial despertou o interesse do setor de petróleo e gás no Brasil depois que a Guiana fez descobertas consistentes há mais de uma década, o que fez com que país já incorporasse 11 bilhões de barris em reservas. O Suriname, vizinho à Guiana, também já encontrou cerca de quatro bilhões de barris.

Esses volumes totalizam aproximadamente 15 bilhões de barris e são um pouco abaixo das reservas provadas brasileiras. De acordo com o Boletim Anual de Recursos e Reservas (BAR), da ANP, divulgado em abril de 2024, o Brasil tinha, em 2023, 15,8 bilhões de barris em reservas declaradas de petróleo e gás natural. Há indicativos de potencial superior no trecho da Margem Equatorial brasileira, considerando similaridades geológicas à Guiana e ao Suriname.

Para o presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), Roberto Ardenghy, a indústria do petróleo no Brasil demonstra capacidade de produção segura e é conhecida por sua capacidade técnica em operar em águas profundas. Ele ressalta que a atividade na bacia da foz de Amazonas se dará distante da costa brasileira, da foz do rio Amazonas e da floresta.

O executivo lembra que é preciso repor as reservas nacionais para o país não se tornar um importador de petróleo a partir de 2030, quando se dará a redução da produção das principais regiões como o pré-sal. E a Margem Equatorial, salienta Ardenghy, exibe perspectivas positivas. “Segundo a ANP, há um potencial de 30 bilhões de barris nessa região”, observa ele.

AGRÍCOLA

Valor - SP   05/09/2024

Levantamento com 25 companhias mostra que 22 delas tiveram Ebitda positivo no 2º trimestre do ano; três empresas de insumo ficaram no vermelho.

Mesmo com a queda no preço das commodities, a quebra na produção de grãos e o impacto da alta do dólar sobre o endividamento, os resultados operacionais das empresas do agronegócio ficaram majoritariamente positivos no 2º trimestre.

De acordo com levantamento do Valor Data, das 25 companhias do setor que divulgaram resultados financeiros, 22 tiveram lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) positivo. Apenas três - todas de insumos - ficaram no vermelho nesse indicador, que reflete a geração de caixa potencial da empresa.

Nas empresas de agro, 14 tiveram alta no Ebitda, enquanto oito tiveram queda. Os desempenhos mais expressivos foram da BRF, em que o Ebitda passou de R$ 1 bilhão no 2º trimestre do ano passado para R$ 2,62 bilhões no mesmo período de 2024 (+160%), e da JBS, que saiu de R$ 4,47 bilhões para R$ 9,88 bilhões (+121%).

As empresas de maior diversificação geográfica ou nos produtos em seu portfólio contornaram melhor as adversidades do período, segundo analistas. É o caso dos frigoríficos e de usinas, principalmente. A BRF, por exemplo, teve 32 novas habilitações em três meses, o que ampliou sua capacidade de acessar novos mercados, disse Fábio Mariano, da BRF, na divulgação do balanço.

Marcelo Nantes, da ASA Investments, afirma que o segmento de frigoríficos se destacou, com ganhos nas duas pontas: queda do preço dos grãos para ração animal e valorização do câmbio, que favoreceu as exportações.

No setor sucroenergético, a queda nos preços do etanol afetou o desempenho das usinas, mas a alta do açúcar mitigou as perdas. A São Martinho, por exemplo, teve lucro líquido de R$ 106,3 milhões no 1º trimestre da safra 2024/25 de cana - 51,7% menor do que o do mesmo período do ciclo anterior. O recuo, segundo a empresa, deveu-se a efeitos não caixa, uma vez que o desempenho operacional foi positivo. O Ebitda ajustado teve aumento de 20,7% no período, para R$ 672,3 milhões.

Sem diversificação geográfica ou no portfólio, o setor de grãos foi um dos que mais sofreram. Problemas climáticos e queda dos preços de commodities afetaram o desempenho de empresas como BrasilAgro e SLC Agrícola.

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