Valor - SP 05/08/2024
A temporada de balanços do segundo trimestre vai demonstrando que, além das importações de aço, que seguiram entrando no país em volume elevado entre junho e julho, a desvalorização cambial trouxe uma nova preocupação às siderúrgicas instaladas no país. Produtores mais expostos às matérias-primas dolarizadas, como minério de ferro, coque, petróleo e placas, sofreram um baque na conta de custos no intervalo. Soma-se a isso a fraqueza do mercado global, motivo de alerta também de grandes nomes da siderurgia global, como ArcelorMittal e Nippon Steel.
Há uma semana, a Usiminas divulgou seus resultados e condensou bem o complexo ambiente de negócios para o setor, no Brasil e no mundo. De acordo com o presidente da companhia, Marcelo Chara, o cenário para a indústria siderúrgica segue desafiador, com a entrada de aço importado em volumes muito superiores à média histórica e pressão da desvalorização do real frente ao dólar na linha de custos. Os números do segundo trimestre, que vieram piores do que o esperado, e a indicação de que esse ambiente pode ser manter no trimestre em curso levaram à queda acentuada das ações na B3, que fecharam o dia com baixa de 23%.
Conforme Chara é preciso “estar cada vez mais preparado” para lidar com esse cenário. “A pressão nos custos das matérias-primas que estão expostas ao dólar, como carvão, coque e minério, tem impacto transitório, e isso afetou sobretudo a unidade de Cubatão”, afirmou, referindo-se ao aumento do custo do produto vendido (CPV) no trimestre.
Revisão de preços
A forte pressão dos custos das matérias-primas, seguiu o executivo, está levando à necessidade de revisão dos preços praticados pela siderúrgica. Do lado dos preços internacionais, a maior oferta de aço chinês segue exercendo pressão globalmente. “Todos os mercado estão se defendendo ante práticas de comércio desleal”, disse, acrescentando que a adoção de cotas de importação pelo Brasil, a partir de junho, ainda não surtiu efeito.
Ontem, a Nippon Steel disse que a procura global por aço continua em “situação difícil sem precedentes”, e fatores como a crise econômica na China e a piora do sentimento empresarial na Europa e nos Estados Unidos dificultaram a previsão de uma recuperação na demanda real neste momento. O mercado provavelmente levará tempo para se recuperar, indicou.
A companhia destacou ainda que, embora os preços tenham sido prejudicados devido, em parte, às exportações de aço da China, os custos das matérias-primas permaneceram altos devido ao nível elevado contínuo de produção na Índia e em outros lugares.
Sentimento econômico de cautela
A ArcelorMittal, por sua vez, mostrou queda acentuada nos lucros do segundo trimestre, após a redução dos preços do aço e menores embarques. Em maio, segundo a agência Dow Jones, a siderúrgica já havia informado que seus clientes estavam adotando uma “abordagem de espera” devido ao sentimento econômico de cautela.
Conforme a Arcelor, os preços médios de venda do aço caíram 7,5% nos primeiros seis meses do ano, enquanto os embarques no segundo trimestre recuaram 2% em relação ao ano anterior, para 13,9 milhões de toneladas métricas. Para a empresa, “as condições atuais do mercado são insustentáveis”, mas pode haver retomada de demanda no segundo semestre.
O problema, segundo a companhia, foi a produção excessiva de aço da China, que levou a menores margens, ao mesmo tempo em que os preços na Europa e nos Estados Unidos caíram a níveis abaixo do custo de produção.
Redução de custos
Para fazer frente a esse cenário, a brasileira Gerdau adotou uma abordagem agressiva de redução de custos. Assim como a Usiminas, a companhia não sentiu ainda os efeitos positivos esperados com a adoção de cotas de importação de aço pelo Brasil, mas acredita que os próximos meses serão promissores. “Já estávamos preparados para que o segundo trimestre fosse o pior do ano”, disse o presidente Gustavo Werneck. A companhia reviu sua base de ativos no Brasil e suspendeu as operações em três unidades, menos competitivas em termos de custos, para se adequar às condições mais ácidas do mercado.
Com as medidas recentes para redução de custos e readequação de ativos industriais, a Gerdau projeta que sua base de custos em 2025 será aproximdamente R$ 1,5 bilhão menor do que a realizada em 2023, segundo o vice-presidente de finanças da companhia, Rafael Japur. "Com essas iniciativas, esperamos capturar aproximadamente R$ 1 bilhão de forma anualizada em economias", afirmou.
Nos seis primeiros meses do ano, os ganhos ficaram em R$ 150 milhões, com readequação de capacidade de produção e melhorias de eficiência. Para o segundo semestre, a expectativa é de ganhos adicionais de R$ 400 milhões com a maior alavancagem operacional das usinas instaaldas no país, redução de custos e menor consumo de materiais específicos. "Em 2025, teremos a anualização desses ganhos", acrescentou.
Outros R$ 500 milhões devem vir de economias em outras operações, na esteira de melhorias de produtividade e ganhos com investimentos já executados.
Investing - SP 05/08/2024
Em uma recente teleconferência de resultados para o 2º trimestre de 2024, a Gerdau SA (NYSE: GGB), uma das principais produtoras de aço, forneceu informações sobre seu desempenho financeiro e iniciativas estratégicas. O CEO Gustavo Werneck destacou a resiliência da empresa na América do Norte e a recuperação do mercado automotivo dos EUA, além de abordar os desafios na Argentina e no mercado de aços especiais no Brasil. O CFO Rafael Japur discutiu os resultados financeiros, incluindo uma diminuição na margem EBITDA e a implementação de medidas de redução de custos. A empresa também anunciou um programa de recompra de ações e detalhou seus investimentos em CapEx, esperando uma aceleração nos gastos no segundo semestre do ano.
Principais takeaways
O compromisso da Gerdau com a segurança e a sustentabilidade é reforçado pela certificação B Corporation na América do Norte.A empresa está focada em iniciativas de redução de custos, com o objetivo de economizar R$ 400 milhões no segundo semestre e cerca de R$ 0,5 bilhão anualmente em várias divisões.O EBITDA do trimestre foi de R$ 2.624.000.000, com margem de 15,8%, uma queda em relação ao trimestre anterior devido aos preços de venda mais baixos e hibernações no Brasil.Foi reportado um fluxo de caixa livre positivo de R$ 89 milhões, apesar de alocar R$ 259 milhões para capital de giro.A Gerdau encerrou o trimestre com a dívida bruta de R$ 12.500 milhões e um nível de alavancagem de 0,53 vezes.A empresa espera acelerar os gastos com CapEx no segundo semestre, tendo investido 47% dos R$ 11.900 milhões previstos para o ciclo 2021-2026.
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Perspectivas da empresa
A Gerdau prevê melhorias no desempenho do EBITDA no segundo semestre, impulsionadas pela otimização de custos e aumento da demanda.A empresa planeja exportar mais 100.000 a 200.000 toneladas de aço, alavancando taxas de câmbio favoráveis.Projetos estratégicos, incluindo a expansão da produção de HRC e investimentos da Gerdau Next, devem gerar até R$ 2 bilhões em resultados de médio prazo.
Destaques de baixa
A divisão norte-americana enfrentou desafios com preços de venda mais baixos devido ao aumento dos custos das matérias-primas.No Brasil, a empresa está lidando com o impacto das hibernações em seus resultados financeiros.
Destaques de alta
Os negócios no Brasil mostram sinais de recuperação com resultados positivos em julho, apoiados pelas tarifas de importação.O mix de produtos da Gerdau tem mostrado resiliência e a empresa está navegando com sucesso em um ambiente de mercado desafiador.
Perde
A margem EBITDA caiu 1,6 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior.A empresa experimentou uma redução nos preços de venda na América do Norte e o impacto das hibernações no Brasil.
Destaques de perguntas e respostas
A empresa abordou o desempenho de seus negócios na América do Norte, particularmente nos segmentos HRC e vergalhões, esperando apenas uma ligeira queda nos próximos meses.A Gerdau discutiu a recomposição das margens por meio de ajustes de preços e a estabilidade da demanda nos mercados do Brasil e da América do Norte.Os executivos expressaram otimismo sobre as medidas do governo para controlar as importações de aço e a possibilidade de novos ajustes.
O foco estratégico e a prudência financeira da Gerdau SA foram temas centrais na teleconferência de resultados do 2º trimestre de 2024. Apesar de alguns desafios de mercado, os esforços da empresa em redução de custos, investimentos estratégicos e alocação de capital demonstram uma abordagem proativa para manter a competitividade e o valor para os acionistas. A próxima teleconferência de resultados da empresa está agendada para 6 de novembro, onde serão fornecidas mais atualizações sobre seu desempenho e perspectivas.
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InvestingPro Insights
Na esteira da recente teleconferência de resultados da Gerdau SA, uma análise mais profunda usando dados do InvestingPro revela várias métricas financeiras importantes que podem interessar aos investidores. A capitalização de mercado da empresa é de US$ 6,4 bilhões, indicando sua presença significativa na indústria siderúrgica. Apesar de um ambiente econômico desafiador, o índice P/L da Gerdau permanece relativamente estável em 7,59, com leve ajuste para 7,67 quando considerados os últimos doze meses do 2º trimestre de 2024. Essa estabilidade pode ser vista como um sinal de confiança do investidor na capacidade da empresa de manter os lucros diante da adversidade.
Os dados do InvestingPro também mostram um índice PEG de -0,15 para o mesmo período, sugerindo que o mercado pode estar subvalorizando o potencial de crescimento dos lucros da Gerdau em relação aos seus pares. Além disso, a relação Preço/Valor Patrimonial da empresa de 0,64 pode indicar que a ação está potencialmente subvalorizada, uma vez que uma relação abaixo de 1 geralmente aponta para uma negociação de ações abaixo de seu valor contábil.
As dicas do InvestingPro destacam o rendimento de dividendos da companhia, que é de robustos 7,11%, mostrando o compromisso da Gerdau em retornar valor aos acionistas. No entanto, é importante observar que o crescimento dos dividendos da empresa diminuiu -36,19% nos últimos doze meses a partir do 2º trimestre de 2024. Este pode ser um ponto de consideração para investidores focados em renda.
Para aqueles que buscam uma análise mais abrangente, o InvestingPro oferece dicas adicionais sobre a saúde financeira e o potencial de investimento da Gerdau SA. Atualmente, existem mais 15 dicas do InvestingPro disponíveis, fornecendo uma visão mais detalhada do desempenho e perspectivas futuras da empresa. Esses insights podem ser particularmente valiosos para investidores que buscam tomar decisões informadas em um ambiente de mercado complexo.
Money Times - SP 05/08/2024
A Gerdau (GGBR4) divulgou os seus números do segundo trimestre com queda de lucro da ordem de 55,9%, mas isso não foi suficiente para apagar o otimismo do Itaú BBA com o papel. A corretora reafirmou a recomendação de compra, com preço-alvo até 2025 de R$ 25, antes em R$ 24, potencial de alta de 43% ante o último fechamento.
Segundo os analistas, a empresa é a principal escolha no setor de siderurgia e mineração da América Latina. A equipe cita:
“Acreditamos que os resultados do segundo trimestre marcaram um ponto de virada para o Ebitda da companhia neste ciclo, com a melhoria da margem advinda principalmente da redução de custos”, diz.
Para a equipe, o fluxo de caixa será de 9% em 2025, abrindo caminho para dividendos sólidos e para a execução do programa de recompra recentemente anunciado.
A Gerdau e Metalúrgica Gerdau (GOAU4) anunciaram nesta o pagamento de dividendos e um programa de recompra de ações.
Gerdau (GGBR4) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4) anunciam pagamento de dividendos e recompra de ações; veja
No caso da Gerdau, são R$ 252,4 milhões, sendo R$ 0,12 por ação, para pagamento em 20 de agosto. Já a Metalúrgica Gerdau paga R$ 82,6 milhões em proventos, com data de pagamento em 21 de agosto.
A Gerdau também informou que vai recomprar até 68 milhões de ações preferenciais, representando aproximadamente 5% das ações preferenciais (GGBR4) e/ou de ADRs lastreados em ações preferenciais (GGB) em circulação e até 1.767.911 de ações ordinárias, representando 10% das ações ordinárias (GGBR3) em circulação.
Gerdau: Melhora de custos
Durante a teleconferência do segundo trimestre, a administração esclareceu o caminho da Gerdau para economizar até R$ 1,5 bilhão em custos e despesas até 2025, com R$ 1 bilhão vindo do Brasil e R$ 500 milhões de outras divisões de negócios.
“De acordo com nossas estimativas revisadas, a margem Ebitda no Brasil poderia atingir 13% no terceiro trimestre e 15% no quarto, considerando a orientação da empresa para redução de custos”, veem.
Nos Estados Unidos, a administração observou que a carteira de pedidos da Gerdau nos EUA permanece resiliente, perto de 50 dias e acima dos níveis pré-pandemia.
A companhia terminou o semestre com uma utilização de capacidade no Brasil em torno de 60% a 70%, índice que deve subir nos próximos meses conforme a empresa captura os efeitos das medidas de ganho de competitividade, disse o vice-presidente financeiro, Rafael Japur.
Entre as suspensões de capacidade produtiva, chamadas de hibernações pela empresa, está a usina de Barão de Cocais (MG), paralisada no início de junho, em decisão tomada em parte pela pressão de importações de aço pelo Brasil ocorrida em altos volumes em meses anteriores. A Gerdau havia anunciado investimento de R$ 100 milhões na usina em 2022 para reforma e revitalização.
O Estado de S.Paulo - SP 05/08/2024
Pelo visto, toda a gente. Há sempre um economista de plantão vociferando sobre a necessidade de se cumprir a meta fiscal de déficit zero. A rigor, a visão acerca da necessidade do equilíbrio das finanças públicas projetou-se além dos redutos de especialistas para instalar-se no imaginário popular. O motivo por trás disso parece ser a ideia generalizada de que a gestão das finanças do governo se assemelha à do orçamento doméstico. Afinal, uma família que gasta além de suas possibilidades acaba dando com os burros n’água.
Ora, não se pode negar que, além de convincente, tal analogia constitui, pretensamente, um forte apelo ao bom senso. O diabo (cartesiano ou não) é que não se deve confundir modelos e representações mentais com coisas de facto existentes. Ao equipararmos a gestão das contas nacionais à das finanças pessoais, somos levados a raciocinar erroneamente à custa do que a lógica informal chama de falácia argumentum ad populum, referente àquilo que as pessoas pensam que sabem, no caso a crença de que o gasto sem lastro é necessariamente nocivo.
Vamos lá. Ao matricular a filha em dispendiosa escola, um casal de renda média provavelmente terá seu orçamento desequilibrado, o que acarretará adiante diminuição de poupança ou endividamento. Vamos supor, no entanto, que a esse casal fosse concedido o toque dourado do rei Midas. No final das contas, bastaria tocar um objeto a seu alcance para transformá-lo em ouro e cobrir, assim, o saldo devedor. O melhor dos mundos para o casal sortudo, não?
Mal comparando é o que sucede nos países soberanos monetariamente ou emissores de moeda. À luz da circunstância de que na era digital a representação física da moeda para todos os efeitos foi abolida e por possuírem o poder monopolístico de emitir moeda de curso legal, esses países não precisam tomar emprestado em sua própria moeda para financiar seus gastos. Portanto, o bicho-papão do risco fiscal, ou seja, a insolvência, inexiste num país emissor de sua própria moeda, como o Brasil – conquanto este país não contraia dívida excessiva em moeda estrangeira! Frescas na memória as atribulações da Grécia à época da crise do subprime. Sem soberania monetária, ao abdicar do dracma, o país endividou-se em euro e teve que pagar todos os seus compromissos nessa moeda, tanto os internos quanto os externos.
Mas voltemos à homilia acerca da necessidade de o governo adequar as despesas às receitas ao estilo do orçamento do lar. À vista do que foi dito, nos países monetariamente soberanos a busca a todo custo do rigor contábil não deve sacrificar as possibilidades de desenvolvimento econômico. Então é só acelerar o ritmo de emissão de moeda? Recorrer ao toque dourado de Midas para estimular o crescimento?
Não exatamente. Existe um limite real à expansão da atividade econômica: a inflação! Noutras palavras, o uso dos recursos disponíveis dentro de uma fronteira de produção determina esse limite. Quanto mais próximo do pleno emprego mais limitados serão os efeitos reais dos gastos públicos. Não se trata de incentivar a gastança. Pelo contrário, os gastos públicos devem guiar-se pelos efeitos sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), sobre o nível de emprego e pelo controle da inflação e serem avaliados e reavaliados sistematicamente em termos de custos/benefícios.
O pulo do gato consiste no emprego de recursos em investimentos produtivos dirigidos a setores estratégicos. Em países dotados de grandes recursos naturais e econômicos a mobilizar, como o Brasil, esses investimentos têm potencial para deslocar as fronteiras de possibilidade de produção e conhecimento, de modo a permitir que os incrementos da oferta agregada superem o nível geral de preços, absorvendo as pressões inflacionárias.
Já que é assim, por que esse bafafá em torno da busca desesperada do equilíbrio orçamentário? Qual a razão da insistência nessa desagradável aritmética orçamentária, que acaba por impor um viés contracionista à gestão macroeconômica? Por que cargas d’água continuamos apegados à velha analogia entre finanças públicas e orçamento familiar? Pelo visto devido ao fato de estarmos falando acerca de vieses cognitivos, de arraigadas representações da realidade. A ajuizar pelo tempo necessário à aceitação da ideia de que a Terra não era o centro do sistema solar ou da revolução darwiniana, não é de estranhar que percepções errôneas possam superar a realidade.
Seja como for, no caso brasileiro, uma coisa é certa: com essa lenga-lenga de equilíbrio fiscal a qualquer preço, com um Orçamento tributário em que os gastos obrigatórios representam 94% do total, o investimento público apenas 2% e juros nas alturas, dificilmente conseguiremos sair da dita armadilha da renda média. Não é à toa que o País permanece estagnado economicamente desde 1980, a despeito da grande disponibilidade de recursos econômicos e naturais. E, no entanto, seguimos a medicar o paciente com placebos, como a “taxa das blusinhas” para reforçar o caixa. Durma-se com um barulho desses!
Globo Online - RJ 05/08/2024
A manutenção da taxa básica de juros (a Selic) pelo Banco Central (BC) em 10,5%, na quarta-feira, a segunda consecutiva, deve produzir um aperto no crédito, num momento em que os empréstimos fecharam o primeiro semestre crescendo quase 10% sobre 2023. A subida de 15% do dólar desde o início do ano, com a moeda chegando a R$ 5,79 na abertura do mercado ontem, é outro freio no crédito. A cotação fechou em R$ 5,70, refletindo a alta da taxa de desemprego nos EUA, que pode indicar um corte mais cedo nos juros americanos.
Economistas do Santander e do UBS já começam a ver chance de a Taxa Selic voltar a subir por causa dessa valorização recente da moeda americana. Em relatório, o banco suíço UBS calcula que há 30% de chance de aumento na taxa em setembro. Em entrevista à Bloomberg, o analista do Santander Marco Antonio Caruso disse que, se o câmbio chegar ao patamar entre R$ 5,75 e R$ 5,80, o BC seria forçado a subir os juros.
Esse quadro é bem diferente do primeiro semestre, quando o BC ainda estava cortando os juros, que caíram de 13,75% ao ano em agosto de 2023 para 10,5% agora. Puxado pela queda nas taxas aos tomadores finais e por alguma melhora nos níveis de endividamento, o saldo das operações de crédito teve em junho uma alta de 9,9% em 12 meses, informou o BC semana passada.
Em janeiro, a alta foi de 7,7%, na mesma comparação, sinalizando para uma aceleração do crescimento no primeiro semestre. E foi um dos elementos por trás do avanço da demanda doméstica na primeira metade do ano, especialmente do consumo das famílias.
Quando se considera as concessões de crédito, houve um avanço de 9,3% no acumulado em 12 meses, com alta de 7,3% nas operações das empresas e de 11% das famílias. Considerando apenas o “crédito livre”, que não segue condições específicas determinadas em lei, o salto nessa base de comparação até junho ficou em 6,6% para as empresas e 16,5% para as famílias.
Agora, com a perspectiva de que os juros fiquem estáveis neste segundo semestre ou até subam, economistas ouvidos pelo GLOBO esperam um ritmo igual ou mais lento na alta das concessões, o que deve arrefecer a demanda. Esse ritmo mais lento deve contrabalançar o mercado de trabalho, que continua a surpreender positivamente, com geração de empregos e avanço da renda.
Varejo mais pessimista
Fábio Bentes, economista sênior da Confederação Nacional do Comércio (CNC), estima que as taxas de juros médias para os tomadores finais até seguirão em queda, mas em ritmo bem inferior ao visto até aqui.
Em junho, a taxa média para as pessoas físicas com recursos livres — usada por economistas como referência para os juros tomados pela maioria das pessoas — ficou em 51,7% ao ano. É muito, mas está abaixo dos 54,2% de dezembro e dos 59,1% de junho de 2023. Para as empresas, a média ficou em 20,9% em junho, ante 22,8% um ano antes.
Bentes estima que ainda haverá alguma queda nessa taxa média para as pessoas físicas até dezembro, para em torno de 49% ao ano:
— É um cenário mais positivo? Até é, mas acho que não é suficiente para acelerar as vendas do varejo, não. Diante de um cenário com inflação de alimentos mais alta e juros com uma queda bem suave, é mais fácil revisar o desempenho do varejo para baixo do que para cima.
Segundo o economista da CNC, a dinâmica do consumo é marcada por três fatores: emprego e renda no mercado de trabalho, crédito e inflação.
Além da freada no crédito esperada para este segundo semestre, o alívio na inflação também parece ter ficado para trás, lembra Bentes. Mesmo que os principais preços da economia não voltem a subir muito, o efeito do barateamento de alguns produtos e serviços, que pode abrir espaço para as famílias aumentarem o consumo, estaria perto do fim.
Para a economista Anna Carolina Gouveia, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), ainda há entraves, que aparecem no Índice de Confiança do Consumidor (ICC), calculado pela entidade.
Anna Carolina chama a atenção para o subíndice que mede a percepção dos consumidores sobre sua situação financeira atual, que ficou em 71 pontos em julho. São quase 30 pontos abaixo do nível de neutralidade (100 pontos) e abaixo também do ICC agregado, que ficou em 92,9 pontos em julho.
— Temos um cenário de situação financeira que é complexo e difícil para os consumidores, com um nível de endividamento muito elevado. Mesmo que ele tenha tido uma queda gradativa, ainda é muito elevado — afirma Anna Carolina.
Para ela, a percepção sobre a situação financeira é um dos fatores para o ICC estar estável desde dezembro, quando se esperava uma melhora.
Endividamento recua
Segundo o BC, o endividamento das famílias ficou em 47,5% da renda total do país em junho. Em junho de 2023, era 48,5%. Anna Carolina lembra que o endividamento é afetado pelo fim das quedas nas taxas de juros. E os dados de julho do ICC já mostram algum recuo entre os consumidores de renda mais alta, na intenção de compras de bens duráveis, como carros e eletrodomésticos, mais comprados a prazo.
Já na visão de Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban, entidade que representa os bancos no país, é possível que o ritmo de crescimento do crédito se mantenha até o fim do ano.
Isso porque o pior do endividamento e da inadimplência parece ter ficado para trás, ao mesmo tempo em que o avanço do emprego e da renda sustenta a demanda por empréstimos, mesmo que os juros parem de cair.
— O endividamento deu uma melhorada, e há o ciclo de expansão da renda — diz Sardenberg, lembrando que os bancos têm espaço para emprestar mais.
Um ponto positivo no caso do crédito para as empresas, completa o economista, é que o temor de que os problemas da Americanas e da Light (ambas em recuperação judicial) contaminassem o mercado como um todo não se concretizou:
— Os bancos estão em boas condições de ampliar o crédito, diminuíram as provisões (para enfrentar calotes) e têm folga de capital.
Além disso, a ação do governo para a reconstrução do Rio Grande do Sul poderá impulsionar o crédito, lembra o economista Luiz Castelli, também da Febraban.
Globo Online - RJ 05/08/2024
A Nova Indústria Brasil (NIB) é uma estratégia de política industrial e de inovação prioritária no governo do presidente Lula. Moderna e estruturada em missões de amplo alcance, conecta-se com políticas como o Novo PAC e o Plano de Transformação Ecológica e tem R$ 300 bilhões de BNDES, Financiadora de Estudos e Projetos e Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial no âmbito do Plano Mais Produção. Ela coloca o país em consonância com o que as economias desenvolvidas vêm fazendo de mais moderno para política industrial e de inovação.
Os Estados Unidos lançaram três grandes iniciativas: Infrastructure Investment and Jobs Act, Creating Helpful Incentives to Produce Semiconductors e o Inflation Reduction ACT, que representam cerca de US$ 2 trilhões em incentivos fiscais e crédito, incluindo subvenção e recursos não reembolsáveis.
A União Europeia lançou o Net-Zero Industry Act, com € 1 trilhão para a próxima década. O governo japonês investirá mais de US$ 1 trilhão na próxima década, por meio do Green Transformation Act. A Coreia do Sul, com o Green New Deal, investirá mais de US$ 115 bilhões em transformação digital e transição energética. Nesses países, políticas priorizam as agendas de infraestrutura, indústria, tecnologia, inovação e descarbonização.
Na NIB, o governo lançou o Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), com R$ 19,3 bilhões em crédito para estimular e acelerar investimentos em inovação e descarbonização, o que já resultou no anúncio de investimentos superiores a R$ 130 bilhões pelas empresas que aderiram ao programa.
A Lei 14.871/2024 autorizou a depreciação acelerada de máquinas e equipamentos. No país, a idade média das máquinas e equipamentos das empresas é de 14 anos, o que impõe limites ao aumento da produtividade. Estudos de Bradesco, Fiesp e Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos estimam que a primeira fase da nova medida de R$ 3,4 bilhões deverá estimular pelo menos R$ 20 bilhões em novos investimentos.
Nos setores de tecnologia de informação e eletrônica, o Congresso Nacional analisa o Projeto de Lei 13/2020, que prorroga e aprimora a Nova Lei de Tecnologias da Informação e Comunicação e o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores, criando o Programa Brasil Semicondutores. A lei trará novos investimentos em encapsulamento de semicondutores, capazes de tornar o país referência na produção. A indústria de semicondutores passa por movimentos de relocalização que deverão beneficiar países próximos aos fabricantes globais, como os Estados Unidos.
Outra agenda estratégica no âmbito da NIB é a siderúrgica, afetada pelo excesso de capacidade da China e seus elevados volumes de subsídios. O governo brasileiro tem conseguido estabelecer medidas inteligentes como a cota-tarifa, que garante a concorrência leal, estimulando investimentos superiores a R$ 100 bilhões.
Em 2024, a indústria farmacêutica e farmoquímica do país recebeu o maior financiamento do BNDES desde 1995, e novas linhas de crédito foram criadas, como a Fornecedores SUS, que conecta a demanda do sistema público às empresas de máquinas e equipamentos. O setor de biocombustível teve, em 2023, o maior volume de aprovação de financiamento no BNDES dos últimos nove anos e pode crescer com o novo Fundo Clima, demandas de Sistemas Agroflorestais e de combustível sustentável marítimo.
O governo do presidente Lula vem implementando políticas essenciais para um setor industrial mais inovador e verde. A neoindustrialização está no rumo certo, fortalecendo cadeias produtivas locais, cuja finalidade principal é promover o bem-estar da sociedade, gerando emprego de alta qualidade e elevada renda, fazendo da indústria um vetor do desenvolvimento econômico.
*Jose Luís Gordon é diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, Uallace Moreira Lima é secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
O Estado de S.Paulo - SP 05/08/2024
Após dois meses consecutivos de queda, a produção industrial brasileira voltou a crescer em junho, impulsionada pela expansão dos bens de consumo duráveis no período, sobretudo automóveis. O movimento reflete, em parte, os esforços de recuperação do Rio Grande do Sul, de acordo com economistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast.
O crescimento de 4,1% do setor na passagem de maio para junho ficou bem acima da mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de 2,5%. De quebra, marcou, pela série dessazonalizada do IBGE, a maior alta mensal para a indústria desde julho de 2020, quando houve expansão de 9,1% - em um contexto de recuperação dos primeiros choques da pandemia de covid-19.
O desempenho no mês ainda fez, segundo o IBGE, com que a produção industrial ultrapassasse em 2,8% o seu nível pré-pandemia, de fevereiro de 2020.
Embora a recuperação do setor em junho não seja necessariamente surpreendente, o número reforçou a percepção de atividade ainda bastante aquecida no segundo trimestre do ano, de acordo com os analistas.
Em nota, o Bradesco destacou que a expansão da indústria em junho deve contribuir para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de magnitude semelhante à observada nos primeiros três meses do ano, quando a economia do País cresceu 0,8%, na comparação com o último trimestre de 2023.
O economista-chefe da G5 Partners, Luis Otavio de Sousa Leal, elevou sua estimativa em tempo real (tracking) para o PIB do segundo trimestre, de 0,5% para 0,9%, após incorporar na conta o resultado da produção industrial e outros indicadores de atividade no mês. Ele avalia que, no saldo geral, o efeito das enchentes no Rio Grande do Sul sobre a produção industrial brasileira do segundo trimestre tende a ser nulo, “ou quiçá positivo”, dado os esforços empreendidos para a recuperação do Estado. A G5 estima crescimento de 2,3% no PIB no ano, mas o viés é de alta.
Para Helcio Takeda, economista da Pezco, o resultado acima do esperado da indústria em junho reforçou o viés de alta da sua estimativa para o crescimento de 0,5% do PIB no segundo trimestre. “Achamos que há uma possibilidade não desprezível do PIB do segundo trimestre surpreender para cima”, ressalta. “Se isso acontecer, é provável que o crescimento no terceiro e no quarto trimestre seja menor, puxado por essa tensão e aversão a risco, com dólar em alta e juros futuros pressionados”, analisa o economista, que também projeta alta de 2,3% para o PIB do ano.
Um crescimento acima de 1,0% no PIB do segundo trimestre não seria uma surpresa, na avaliação do economista-chefe do C6 Bank, Felipe Salles. Para além do número considerado forte da indústria em junho, ele cita que boa parte dos indicadores antecedentes têm apresentado dinâmica positiva no período, o que corrobora a análise de atividade ainda aquecida. O C6 projeta hoje crescimento de 2,5% para o PIB em 2024, mas Salles reforça que uma alta na casa de 3,0% no ano “não pode ser descartada”.
Veículos impulsionam resultado
Conforme divulgou o IBGE, a produção industrial de junho registrou variação positiva na margem em suas principais categorias econômicas: bens de capital (0,5%), bens intermediários (2,6%), bens de consumo duráveis (4,4%) e bens de consumo semi e não duráveis (4,1%).
O gerente da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE, André Macedo, destacou o desempenho positivo disseminado do setor no mês, em particular dos bens de consumo duráveis. Ele frisou a contribuição positiva da indústria automobilística no período, após o impacto das chuvas no Rio Grande do Sul sobre o segmento, em maio.
Conforme divulgou a Anfavea, associação que representa as montadoras do País, foram produzidas 211 mil unidades de veículos em junho, crescimento de 26,6% em relação a maio, quando as enchentes no Rio Grande do Sul interromperam por 12 dias o funcionamento da fábrica da General Motors (GM) em Gravataí — onde é produzido o Onix — e prejudicaram o fornecimento de peças a montadoras de outras regiões.
O Estado de S.Paulo - SP 05/08/2024
A ata da última reunião do Copom, que será divulgada nesta terça-feira, 6, nos dará mais detalhes sobre a decisão de manter a Selic em 10,5% ao ano, mas o cenário está claro. A situação da inflação no Brasil requer mais cautela do que acontece em outros países — o Fed indica que pode começar a reduzir os juros nos Estados Unidos em setembro e o Banco da Inglaterra já o fez, depois de um ano.
Com uma taxa de câmbio em torno de R$ 5,70, resultado tanto de uma depreciação das moedas de países emergentes quanto de preocupações internas devido à política fiscal expansionista, o risco para a inflação aumenta. As expectativas ainda não estão devidamente ancoradas.
Nos próximos meses, a cautela será fundamental não só do Copom, mas também na condução da política fiscal. O bloqueio de R$ 11,5 bilhões e o contingenciamento de R$ 3,5 bilhões nos gastos deste ano ajudam, mas ainda há preocupação do mercado em relação à política fiscal.
Quanto menos expansionista ela for, mais ajudará a política monetária na definição dos juros, evitando não só a necessidade de um aumento — o cenário mais provável no momento —, mas mesmo uma redução no futuro.
Para isso, o governo pode fazer mais do que bloqueios de despesas. Pode promover revisões em programas sociais, como o Benefício de Prestação Continuada, que têm crescido acima do esperado e merecem atenção. No ano passado, economizou quase R$ 11 bilhões com uma revisão no cadastro do Bolsa Família.
É necessária também a redução do ruído que aumenta a incerteza. Críticas ao Banco Central e às decisões do Copom rendem apoio político, pois condenar os juros é um discurso que tem apoio público, mas geram ruídos no mercado, com altos custos. Convivi durante oito anos com críticas de todos os tipos à política monetária, portanto sei dos benefícios delas para os políticos e dos problemas para o país.
Nos próximos meses, o governo terá de lidar pela primeira vez com a sucessão em um Banco Central independente por lei. Durante minha gestão, o BC foi independente por um acordo meu com o presidente Lula. As críticas eram pesadas, mas apesar do presidente ter a prerrogativa de demitir o presidente do BC, fiquei oito anos. Controlamos a inflação, que foi consistente com a meta, e o País cresceu, em média, 4% ao ano.
Hoje, devido à blindagem amparada em lei, o presidente do BC só pode ser removido em casos gravíssimos, mas as críticas geram tanto nervosismo quanto antes, pois o mercado teme um futuro presidente do BC mais leniente com a inflação e menos comprometido com a estabilidade econômica.
O Estado de S.Paulo - SP 05/08/2024
A manutenção da taxa básica de juros em 10,5% ao ano não surpreendeu o mercado financeiro. Pesquisa realizada pelo Projeções Broadcast dias antes da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) revelou uma rara unanimidade entre os investidores, com nada menos que 65 casas apostando na estabilidade da Selic na reunião desta semana.
Houve, no entanto, certa divergência sobre a mensagem que o Copom tentava repassar após divulgar a decisão. O comunicado enumerou vários indicadores que, em outros tempos, seriam motivo para elevar a taxa básica de juros de imediato, e evidenciou que o BC prefere esperar um pouco mais até sinalizar quais serão seus próximos passos.
O BC reconheceu que a desaceleração da inflação tem arrefecido, enquanto os núcleos continuam acima da meta. Desde a última reunião, as expectativas dos agentes colhidas no Boletim Focus para o IPCA deste ano e de 2025 subiram de 4% e 3,8%, respectivamente, para 4,1% e 4%, ambas acima do centro da meta de 3%.
Incluída no comunicado pela primeira vez, as projeções do BC para a inflação do primeiro trimestre de 2026 estão em 3,4%, no cenário de referência, e em 3,2%, no cenário alternativo. As projeções do BC para 2024 e 2025 também subiram, respectivamente, para 4,2% e 3,6%, no cenário de referência, e para 4,2% e 3,4%, no cenário alternativo.
Em outras palavras, mesmo que a taxa de juros seja mantida em 10,5% até o fim de 2025, a inflação vai superar o centro da meta neste ano, no próximo e no seguinte. E entre os fatores que podem pressionar os preços para cima, além da desancoragem das expectativas por período mais prolongado e da resiliência da inflação de serviços, o BC mencionou, pela primeira vez, “uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada”.
O Copom, que até então trabalhava com um dólar a R$ 5,30, alterou sua projeção para R$ 5,55, uma correção relevante, mas ainda inferior ao que tem sido praticado no mercado. Na quinta-feira, por exemplo, o dólar superou a marca de R$ 5,70, o que não ocorria desde 2 de julho.
O Banco Central também foi mais enfático ao falar sobre a política fiscal. Além de citar que acompanha os impactos da política fiscal do governo nos juros e nos ativos financeiros, como já alerta há alguns meses, o Copom mencionou que a desconfiança dos agentes econômicos sobre o tema tem causado impactos nos preços dos ativos e nas expectativas.
Em contrapartida, o ambiente externo parece bem mais favorável do que nos últimos meses, o que ajuda a explicar a cautela do BC brasileiro neste momento. O Federal Reserve (Fed) manteve os juros no patamar entre 5,25% e 5,50%, mas considerou a possibilidade de que as taxas caiam já na próxima reunião, em setembro. Por lá, a inflação anual caiu a 2,5% em julho, cada vez mais próxima da meta de 2%. “Está chegando a hora, pois outros bancos centrais estão enfrentando a mesma questão”, disse o presidente do Fed, Jerome Powell.
Ainda que dividido, o Banco da Inglaterra (BoE) decidiu reduzir os juros em 0,25 ponto porcentual, para 5% ao ano. Na Europa, analistas da Oxford Economics avaliam que o recuo nas expectativas de inflação abriu espaço para o Banco Central Europeu cortar os juros nas reuniões de setembro e dezembro.
A se confirmar um quadro mais benigno no exterior, a pressão sobre o câmbio deve arrefecer nos próximos meses e facilitar, em parte, o trabalho do Banco Central brasileiro. Restarão os riscos associados a uma política fiscal expansionista, mas, aparentemente, o BC optou por dar um voto de confiança ao governo e deixar os próximos passos em aberto.
A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 17 e 18 de setembro. Até lá, o governo já terá enviado a proposta de Orçamento de 2025 ao Congresso. A expectativa é que o Executivo cumpra a promessa de cortar gastos para provar que o compromisso fiscal do governo é crível. Do contrário, as expectativas para a inflação podem se afastar ainda mais da meta. Neste caso, para preservar sua credibilidade, só restará ao BC ser ainda mais duro na condução da política monetária e subir os juros.
IstoÉ Dinheiro - SP 05/08/2024
A inflação na cidade de São Paulo medida pelo Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (IPC-Fipe) teria sido zero, se não fosse o efeito do reajuste no preço dos combustíveis, anunciado pela Petrobras há duas semanas, afirma o coordenador do indicador, Guilherme Moreira.
O IPC-Fipe encerrou julho com alta de 0,06%, desacelerando em relação aos 0,26% registrados em junho. O resultado desta leitura ficou dentro das estimativas de instituições de mercado consultadas pelo Projeções Broadcast, que variavam de altas de 0,05% a 0,10%, mas ficou abaixo da mediana, de 0,09%.
Para o dado fechado em agosto, a Fipe estima aceleração a 0,24%.
Da elevação total do IPC (0,06%) em julho, 0,055 ponto porcentual de contribuição positiva veio apenas da variação da gasolina no mês, que subiu 2,23%.
Entre os vetores de baixa desta leitura, o destaque foi mais uma vez o grupo Alimentação, com recuo de 1,12%, puxado por itens in natura, como tomate, cenoura e mamão. Os alimentos, salienta Moreira, devem ter registrado em julho a variação mais baixa do ano e a tendência à frente é de aceleração, com impacto de alta puxado, primeiro pelos alimentos industrializados e, depois, pelos itens in natura, na esteira do sazonal reaquecimento da demanda por esses itens. “Nos industrializados vemos algum efeito da pressão cambial também”, acrescenta o coordenador.
A projeção de Moreira para agosto é de aceleração do IPC-Fipe a 0,24%, mas ainda com recuo no grupo dos alimentos, de 0,21%.
Entre os pontos de atenção, ele ainda destaca que a inflação de serviços intensivos em mão de obra já acumula uma alta de 3,5% no ano até aqui no IPC-Fipe.
“Está dentro do esperado, dado o aumento da renda até aqui. Mas ainda falta quase metade do ano para entrar na conta; essa inflação subirá mais”, atenta Moreira.
O Estado de S.Paulo - SP 05/08/2024
A pergunta que ficou da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), quando o BC decidiu pela manutenção da taxa Selic em seu atual patamar, 10,50% ao ano, diz respeito aos próximos passos da autoridade monetária, em particular se irá reverter a rota e elevar a taxa de juros ainda em 2024. Da forma como entendo, não, mas pelas razões erradas.
O BC chamou a atenção, corretamente, para o efeito que o descontrole do gasto tem sobre a inflação. Por um lado, o aumento da despesa federal põe mais lenha da fogueira da demanda. Se estivéssemos numa situação de enorme folga de capacidade na economia, isto não seria um problema grave; todavia, as estimativas do próprio BC sugerem uma economia operando já no seu limite potencial (para mim, provavelmente acima).
Neste contexto, estímulos adicionais ao consumo tendem a se materializar mais do lado dos preços do que da produção, em particular daquilo que não conseguimos importar, como serviços. Não por outro motivo, as leituras mais recentes da inflação revelam aceleração do crescimento de preços de serviços. Estes funcionam como o “canário na mina”, revelando as pressões de demanda antes dos demais.
Por outro lado, o desequilíbrio fiscal leva ao aumento contínuo da dívida pública, agora próxima a 80% do PIB. Embora o nível em si não queira dizer muito, a falta de perspectiva de estabilização (o que dirá de queda!) da dívida se transforma em piora da percepção de risco. Este é o principal combustível para o encarecimento do dólar, que também alimenta a inflação, como mostrei aqui há duas semanas.
Desta forma, as previsões do BC – normalmente mais otimistas do que as do mercado – apontam para inflação acima da meta no final do ano que vem, quase daqui a um ano e meio. Todavia, aproveitando a mudança da sistemática de aferição da meta, o BC indicou que nos 12 meses terminados em março de 2026 a inflação ficaria só um pouco além do requerido. Isto permite ao Copom manter tanto a Selic como certa dignidade.
No entanto, o cenário deve piorar nos próximos meses, criando um dilema para o Comitê. Com a mudança da presidência da casa, parece provável que se deixe o problema para seu próximo dirigente. À luz, porém, dos ataques de Lula ao BC e a Roberto Campos, será difícil para seu indicado subir a Selic, sob pena de desmoralizar a atual narrativa presidencial.
Moral da história, teremos muito possivelmente a repetição do experimento de Tombini no BC, ou seja, juro errado, dólar caro e inflação persistentemente acima da meta. Seguimos imunes ao aprendizado.
Globo Online - RJ 05/08/2024
A mineradora Cedro, do empresário Lucas Kallas, vai centrar seu plano de investimentos bilionário na produção de um tipo mais sustentável de minério de ferro.
O plano é passar a produzir um minério de redução direta, conhecido tecnicamente como “pellet feed”. Mais fino, com maior concentração de ferro e menor presença de sílica, o material reduz as emissões de gases do efeito estufa quando usado pela indústria siderúrgica. A ideia é substituir parcialmente o “sinter feed”, de longe o tipo mais comum produzido no Brasil.
A companhia, que produz hoje 7 milhões de toneladas do minério nos municípios mineiros de Nova Lima e Mariana, quer chegar a 2028 produzindo 20 milhões de toneladas — sendo 70% “pellet feed”. O investimento na expansão da produção e na mudança do perfil de minério é estimado em R$ 8 bilhões nos próximos quatro anos, diz Kallas.
— Hoje, não produzimos “pellet feed”. Aliás, a produção brasileira é pequena como um todo, por volta de 8% do total. Só que as siderúrgicas da Europa e do Oriente Médio demandam cada vez mais esse tipo de minério, que emite 50% menos carbono. Ele já tem um prêmio de preço em relação ao tradicional e acreditamos que vai aumentar. Apostar nele é questão de sobrevivência — disse Kallas à coluna, acrescentando que sua mineradora fatura cerca de R$ 3 bilhões ao ano.
O principal desafio, segundo o empresário, é dinheiro. Kallas calcula que o capex (volume de investimento) para produzir “pellet feed” é pelo menos o dobro do exigido pelo tradicional.
— Tem que haver mudança, por exemplo, nos modelos de financiamento. Diferentemente do lítio, não existe debênture (título de dívida) incentivada para esse tipo de minério. Mas ele é parte fundamental da transição para uma economia com menor emissão de carbono, dado o volume que o minério de ferro representa. O país precisa entender isso — critica o empresário, que diz estar conversando com BNDES, Finep e siderúrgicas estrangeiras sobre a estrutura de capital do seu plano de investimentos.
O Estado de S.Paulo - SP 05/08/2024
A disputa pelo cargo de CEO da Vale produziu, além de uma lista oficial de candidatos, uma corrida paralela em que se enfrentam nomes ligados ao governo Lula, de alas representadas pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Silveira (Minas e Energia). A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, também avalia o currículo de um potencial candidato.
Uma primeira lista de selecionados com 15 nomes circulou no mês passado, mas ainda não há consenso entre os conselheiros, que representam os acionistas da Vale, sobre o escolhido. Pelo cronograma estabelecido pela empresa para a sucessão do atual presidente, Eduardo Bartolomeo, um conjunto mais restrito tem de afunilar até o fim deste mês.
Sob o argumento de que o conselho chega dividido ao processo de sucessão, novos nomes ingressaram na corrida, cada um com seu padrinho político.
Diferentemente do “cenário Guido Mantega”, quando houve uma ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para encaixar o aliado no posto, desta vez, pelo menos até o momento, não há um candidato do governo.
Segundo apurou o Estadão, porém, há dois nomes vinculados ao governo na corrida paralela: o número 2 de Fernando Haddad, Dario Durigan; e um executivo da Vale, Marcelo Spinelli, tratado como aposta de Alexandre Silveira. Procurado, Durigan e o Ministério da Fazenda não se manifestaram, nem o executivo da Vale.
Silveira nega ser padrinho de Spinelli. Mas criticou a empresa, dizendo que “só uma pessoa com o espírito do Papa Francisco seria capaz de fazer a Vale cumprir com seus compromissos sociais”.
“Já disse e repito com todas as letras que sou contra qualquer candidato ligado ao governo para a Vale e que não atuo nessa questão. Essa insistência, até folclórica, essa especulação insistente de que estaria apoiando alguém não procede”, disse Silveira. “Só alguém com esse espírito (do Papa Francisco) pode tocar a atual direção da Vale, que está acéfala e que tem empurrado o acordo de Mariana com a barriga.”
Durigan despontou na corrida em conversas lideradas pela Bradespar, o braço de investimentos do Bradesco e um dos acionistas de referência da Vale, como uma saída de consenso, uma vez que os sócios privados não se entendem e menos ainda se entendem com o governo. Procurada para comentar, a Bradespar informou que vai aguardar o resultado dos trabalhos dos comitês e do conselho e apoiar a governança da Vale.
Segundo apurou o Estadão, Durigan disse a conselheiros da Vale que não é um candidato do governo e que só entrará no páreo se for para produzir um consenso entre os sócios. E um adicional: que não o vejam como um nome de Alexandre Silveira. Ou seja, que existe uma diferença entre os ministérios da Fazenda e de Minas e Energia sobre qual relação deve ser estabelecida com a companhia.
O ministro Silveira, por sua vez, intensificou as críticas à Vale nos últimos dias e chegou a dizer que pediria à Advocacia-Geral da União (AGU) para acelerar os processos contra a empresa. Seu virtual candidato, Marcello Spinelli, não aparece entre os principais cotados para a sucessão.
Tentativa de emplacar Mantega gerou reação
Há uma percepção generalizada entre os conselheiros, desde o episódio Guido Mantega, de que Brasília espera apenas uma brecha para interferir nas decisões da companhia, a segunda maior do País, atrás somente da Petrobras.
Esse temor é o pano de fundo do atual estado das coisas na empresa, que mantém Eduardo Bartolomeo no cargo, ainda que com poderes cada vez mais rarefeitos, numa tentativa de criar um anteparo aos avanços de Lula.
No atual processo de sucessão, os conselheiros têm buscado passar a imagem de que a seleção do novo CEO será feita sem intervenção política e por um nome que demonstre ser independente das demandas do governo. Um deles chegou a prever que qualquer tipo de conexão com Brasília será “mortal” aos candidatos.
O perfil desenhado para o escolhido, no entanto, tem como principal atributo o de “extraordinário comunicador e de relacionamento” com o governo federal e autoridades estaduais. Em suas atividades como mineradora, a Vale depende de autorizações, licenças e concessões públicas.
Dois importantes acordos da Vale com o governo estão emperrados, e integrantes de diferentes ministérios atribuem a demora a um alegado “vazio de comando” na companhia: a indenização pelo desastre de Mariana (MG) e o pagamento de outorgas por uso de ferrovias federais. Os dois casos esperam no momento por uma resposta do governo.
Em junho, a Vale e a BHP, sócia no desastre ambiental, ampliaram a oferta de indenização aos órgãos públicos para R$ 140 bilhões. No caso das ferrovias, os termos para o pagamento de valores extras, que o governo já estimou em R$ 25,7 bilhões, esperam por aprovação do Planalto.
O caminho por uma solução interna tem força diante das divisões no conselho de administração, e a aposta é que pelo menos um executivo da Vale seja incluído na lista de finalistas levados pela consultoria Russell Reynolds para a deliberação do conselho de administração.
Marcello Spinelli, tido como candidato de Silveira, tem menos força do que o atual CFO, Gustavo Pimenta, cujo nome é citado por representantes de investidores privados como eventual bola de segurança, caso as alternativas externas não avancem. Pimenta é bem cotado entre pelo menos sete dos atuais 11 conselheiros (há dois cargos vagos no conselho) e bem-visto no mercado financeiro. O nome dele também tem aceitação na Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.
Previ corre por fora com Luciano Siani
Dona de quase 10% da empresa e com dois representantes no conselho de administração da Vale, a Previ passou a trabalhar no mês passado, no entanto, em um nome próprio para a vaga de Bartolomeo, expondo divisões no conselho.
Segundo pessoas a par da negociação no setor privado, a Previ está buscando o apoio de outros acionistas para indicar o executivo Luciano Siani Pires, que esteve por 15 anos na companhia e saiu em 2023. Informações sobre a passagem dele na Vale foram levantadas pelo fundo de pensão. Procurada, a Previ informou que respeita a governança da Vale (leia mais abaixo).
Luciano Siani iniciou a carreira no BNDES, onde se aproximou do então presidente Luciano Coutinho. Tornou-se executivo da Vale em 2008 pelas mãos de Roger Agnelli (falecido em 2016) e chegou a diretor financeiro e de estratégia no período de 2012 a 2021. Conviveu quase quatro anos na gestão do atual CEO da empresa, que assumiu em abril de 2019, em plena crise do rompimento da barragem de Brumadinho (MG). O executivo deixou a companhia no ano passado, após uma série de mudanças feitas por Bartolomeo na diretoria executiva da Vale.
Procurado, Siani não quis comentar. Em nota enviada à reportagem, a Previ informou que trabalha para “construir e fortalecer a governança da Vale”.
“Isso não mudou durante o processo de seleção do presidente. A Previ continua e continuará a respeitar a governança da Vale”, informou. “Comunicado recente divulgado pela Vale, baseado em apuração realizada por empresa independente, comprova que a governança da companhia está sendo seguida. Os investimentos da Previ são realizados com uma única finalidade: pagar benefícios. Preservar a governança da Vale e, consequentemente, a solidez da companhia é fundamental na continuidade do cumprimento dessa missão.”
A divisão no conselho de administração da Vale vem de antes do processo de sucessão e decorre de visões divergentes quanto aos rumos da empresa, principalmente no que diz respeito à convivência com o governo. De um lado, investidores estrangeiros têm sido relacionados a uma visão mais independente, com aversão a qualquer sinal de interferência. Já os nacionais, como Bradespar e Cosan, costumam ser colocados como dispostos a dialogar com Brasília.
O racha tornou-se explícito em fevereiro, quando foi levada à votação a opção de manter Bartolomeo no cargo. O placar foi de um empate de 6 a 6 e uma abstenção, com os estrangeiros majoritariamente na defesa da permanência de Bartolomeo e contra qualquer troca que pudesse sugerir infiltração do governo.
Ainda que todos digam defender a independência da empresa, o impasse sobre como manter a relação com o governo permanece até hoje, o que produz incertezas sobre o desfecho do processo de troca de comando na companhia.
Procurada, a Vale informou que o processo de sucessão de Bartolomeo segue o cronograma e que a consultoria contratada trabalha na formulação da lista de candidatos a ser levada ao conselho.
Ipesi - SP 05/08/2024
O setor de máquinas e equipamentos apresenta forte recuperação de 10,4% na passagem de maio para junho, com crescimento das vendas no mercado doméstico. O faturamento total de junho foi de R$ 23.161,74 milhões, 9,6% menos que no mesmo mês de 2023. No acumulado do primeiro semestre, a receita líquida total somou R$ 122.852,59, refletindo queda de 16,4% em comparação com o mesmo período de 2023, de acordo com dados divulgados pela Abimaq no dia 31 de julho.
“O crescimento de junho anulou parte da queda de maio”, frisa Cristina Zanella, diretora-executiva de Economia e Estatística da Abimaq, frisando que a tendência é que esse movimento de recuperação se mantenha nos próximos meses, reduzindo o declínio acumulado no ano. Tanto é assim que a Abimaq projeta queda de 8,8% na receita total em 2024. Para a previsão se realize, será necessário forte crescimento no terceiro trimestre, já que no último trimestre do ano, a tendência é de o mercado apresentar expansão menor.
“Ainda que nas comparações interanuais prevalecessem o desempenho inferior ao do ano de 2023, o segundo trimestre de 2024 foi marcado por clara tendência de recuperação, o que contribuiu para a redução da queda observada no ano de -21,5% no encerramento do 1º trimestre de 2024 para -16,4% no fechamento do semestre”, diz o relatório distribuído à imprensa.
No mercado interno, a receita líquida no mês de junho foi de R$ 18.193,25 milhões, com crescimento de 16,9% em relação a maio e queda de 10,8% em relação ao mesmo mês de 2023. No acumulado do primeiro semestre, o faturamento no mercado doméstico somou R$ 91.856,60 milhões, 17,8 menos que no mesmo período de 2023.
“No mercado doméstico, após um pequeno recuo em maio (-0,7%), houve novo crescimento que refletiu na continuidade da redução da queda acumulada no ano, de 22,1% no encerramento do primeiro trimestre de 2024, para 17,8% no primeiro semestre de 2024. Na ponta houve recuo apenas nas receitas líquidas de vendas de componentes. No ano, por outro lado, predomina a taxa de queda dentre os setores fabricantes de máquinas, ainda que em patamar superior. Entre os que registraram crescimento no ano estão os fabricantes de máquinas para bens de consumo, para logística e construção civil e de componentes”, diz o relatório da Abimaq.
EXPORTAÇÕES – As exportações apresentaram recuaram 12,3% na passagem de maio para junho, somando US$ 921,97 milhões. Na comparação com junho de 2023, a queda foi de 11,6%. No acumulado do primeiro semestre, as vendas externas totalizaram US$ 6.050,16 milhões, 9,1% menos que no mesmo período do ano anterior. É preciso considerar, porém que a base de comparação é bastante alta.
No primeiro semestre, dois segmentos registraram crescimento nas exportações, o fabricante de máquinas para a indústria de transformação, principalmente máquinas-ferramenta e o de máquinas para infraestrutura e indústria de base.
Demais setores, excetuando o de máquinas agrícolas, mesmo acumulando queda no ano, registraram melhores resultados no segundo trimestre, em linha com as expectativas da Abimaq.
No primeiro semestre, houve queda das exportações nos mercados tradicionais de máquinas e equipamentos. Na América do Norte, o principal destino das máquinas nacionais, houve queda de 1,5%, mesmo com crescimento de 12,9% das exportações para o México.
Na América do Sul, a queda foi de 25,1%, refletindo o tombo de 41,2% nas aquisições da Argentina. Outros países da região também registraram retração nas aquisições neste primeiro semestre, tais como Paraguai, Chile e Colômbia.
No primeiro semestre, houve crescimento nas exportações realizadas para poucos países da Europa, entre eles França e Itália e também em outras regiões de menor peso no total, como Cingapura, Arábia Saudita e Catar.
IMPORTAÇÕES – No mês de junho, as importações somaram US$ 2.307,28, recuo de 9,3% em relação a maio e crescimento de 3,1% em relação ao mesmo mês de 2023. No acumulado do primeiro semestre, as importações totalizaram US$ 14.164,62 milhões, 6,5% a mais que no mesmo período de 2023.
“Dados do segundo trimestre de 2024 indicam tendência de alta nas importações. Neste segundo trimestre o volume importado girou em torno de US$ 2,4 bilhões por mês, contra US$ 2,3 bilhões no primeiro trimestre de 2024 e US$ 2,2 bilhões, considerando a média mensal de
As importações continuam a ganhar espaço no consumo doméstico. Dados acumulados até junho indicam market share de 45,2% contra 39,8% no primeiro semestre de 2023”, diz o relatório da Abimaq.
Na passagem de maio para junho, houve crescimento das importações de máquinas pela indústria de transformação (ferramentaria, fornos, máquinas-ferramenta e equipamentos de solda) e para logística e construção civil (máquinas para movimentação, construção civil e rodoviárias).
No ano, houve predomínio de variações positivas, com destaque para o setor fabricante de bens de consumo que registrou o maior crescimento no período (21,4%) ao ampliar as importações de equipamentos para ginástica, equipamentos gráficos, máquinas para madeira e para alimentos; e indústria de transformação que ampliou a importação de todos os tipos de máquinas no período.
CONSUMO APARENTE – No mês de junho, o consumo aparente somou R$ 31.201,17 milhões, 6,6% a mais que no mês anterior e 2,7% a menos que no mesmo mês de 2023. No acumulado do primeiro semestre, o consumo aparente totalizou R$ 167.469,60 milhões, 9,7% a menos que no mesmo período 2023.
CAPACIDADE INSTALADA – A indústria de máquinas e equipamentos encerrou o mês de junho utilizando 75,6% da sua capacidade instalada, valor idêntico ao observado no mesmo mês de 2023 e 1,2 p.p acima do resultado do mês de dezembro de 2023, indicando melhora do indicador no primeiro semestre deste ano.
CARTEIRA DE PEDIDOS – Na carteira de pedidos, medida em semanas para o seu atendimento, houve alta mensal (+3,1%). Porém, na comparação interanual, o resultado se mantém negativo. Os dados do período denotam relativa estabilização da carteira de pedidos em patamares 11% inferiores a 2023 .
EMPREGOS – Em junho de 2024, houve alta no número de pessoas empregadas na indústria de máquinas e equipamentos (+0,3%) e o setor encerrou o mês com 388.179 colaboradores.
Exame - SP 05/08/2024
Ao fazer um de seus principais discursos da campanha no ano, o de aceitação da candidatura, o ex-presidente Donald Trump incluiu entre seus alvos o carro elétrico.
"Eu vou acabar com a obrigação de veículo elétrico no 1º dia", disse o ex-presidente, na Convenção Nacional Republicana, em julho. "Isso salvará a indústria automotiva americana da obliteração completa, que está acontecendo agora, e poupará aos consumidores americanos milhares de dólares por carro".
O discurso empolgou parte da multidão que o assistia no Fiserv Forum, em Milwaukee. A EXAME viu delegados darem gritos de apoio à proposta de Trump. O tema voltou em outros discursos e conversas no evento. Um dos temores mais citados é que o avanço dos elétricos aumentaria a dependência da China, que domina a produção de componentes essenciais, como as baterias. Nesta visão, o futuro dos EUA estaria em risco, caso o país dependa de uma tecnologia que não domina por completo.
Os Estados Unidos, no entanto, não adotaram uma obrigação de adoção de carros elétricos prevista. O que o governo de Joe Biden fez foi aumentar os limites à emissão de poluentes por carros novos, de modo a fazer com que, até 2032, a maioria dos carros e picapes vendidas nos EUA seja elétrica, híbrida ou use outros combustíveis mais limpos. Além da razão ambiental, o plano é estimular a indústria local.
A mudança de regulação tem estimulado montadoras dos EUA a produzirem mais modelos elétricos, mas eles ainda são minoria no país. Em maio, as vendas da categoria representaram 6,8% do total de carros novos, segundo dados da consultoria Edmund.
Ao final de 2023, havia uma frota de 3,3 milhões de veículos elétricos no pais, ante um total de 288 milhões. A tendência é de alta: havia 1,3 milhão deles no país em 2021, e a expectativa do Laboratório Nacional de Energia Renovável é que essa frota possa ser de 30 a 42 millhões até 2030.
Nas ruas e comerciais de TV, os elétricos ainda são minoria. A cada intervalo, é comum ver três ou quatro comerciais de picapes e SUVs enormes, sendo que poucas delas são elétricas. Os republicanos têm mais força em áreas de subúrbio e no interior do país, onde esses veículos maiores, e a própria dependência do carro, é mais forte, pelas longas distâncias entre casas e comércios e a falta de transporte público.
Já nas grandes cidades, como Chicago e Washington, é cada vez mais comum pedir um carro por aplicativo e o motorista chegar a bordo de um elétrico da Tesla ou de outros fabricantes locais. O menor gasto com combustível e manutenção tem levado mais motoristas profissionais a aderir.
Drill, baby, drill
Trump tem centrado sua campanha no combate à inflação. Para isso, ele defende, é preciso baixar o custo de energia e aumentar a produção de petróleo, de modo a baratear a gasolina. "Drill, baby, drill" (fure, baby, fure) virou um lema de campanha.
Já o governo de Joe Biden buscou criar várias medidas para acelerar a transição energética no país, como estimular a produção de baterias e de carros elétricos nacionais. A vice de Biden, Kamala Harris, que disputa a eleição contra Trump, deve manter as medidas se for reeleita.
Uma pesquisa feito pelo Pew Research Center em junho mostrou que só 13% dos republicanos dizem estar muito interessados em comprar um carro elétrico, ante 45% dos democratas.
O Estado de S.Paulo - SP 05/08/2024
Motor da economia brasileira, o agronegócio terá um World Trade Center (WTC) para chamar de seu. O prédio comercial de 25 andares será construído ao norte de Mato Grosso, em Sinop, um dos municípios mais relevantes para a economia do Estado. Previsto para ser concluído em 2029, o empreendimento é liderado pela incorporadora Haacke, de Balneário Camboriú, e faz parte de um megaprojeto de prédios na cidade, que terá investimentos de R$ 1,5 bilhão. O projeto envolve a torre da grife WTC, um centro médico, torres residenciais e comerciais. Para uma cidade de prédios baixos, o WTC nascerá como um imponente centro de negócios.
A Haacke foi para Sinop após identificar uma oportunidade imobiliária, uma vez que seus clientes de prédios residenciais em Balneário Camboriú eram de Mato Grosso. Como a cidade do litoral catarinense tem poucos terrenos disponíveis, a FG, por exemplo, é dona de 80% das áreas de frente para o mar, a incorporadora buscou novos mercados.
O megaprojeto em Sinop é o maior da história da empresa, que tem 33 anos, e tem previsão de conclusão em 14 anos, se houver a demanda esperada pelos empreendimentos. Enquanto o valor geral de vendas da Haacke foi de R$ 375 milhões em 2023 e deve chegar a R$ 450 milhões neste ano, só o empreendimento de Sinop terá Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 3 bilhões, considerando todas as suas etapas.
Douglas Haacke, diretor comercial e filho do fundador Carlos Haacke, conta que o contato com os clientes em Balneário Camboriú e análises de mercado mostraram que a cidade, assim como outras em Mato Grosso, representava uma oportunidade de investimento para expansão dos negócios. Além de Sinop, a Haacke tem projetos em Sorriso e Primavera do Leste.
“Nós identificamos que Sinop era uma cidade com potencial gigantesco na área imobiliária. Em nossos estudos, observamos que Sinop estava reunindo os maiores produtores agro do Brasil. Então, Sinop já não é mais uma cidade agro, é uma cidade de serviços, cosmopolita e diferenciada”, diz. O WTC de Sinop já começou a ser construído, ainda na etapa da fundação, em parceria com a construtora Terra Brasil. Porém, a empresa que irá erguer o prédio ainda não foi definida.
Seguindo o padrão internacional do WTC, o projeto inclui um data center interno para fornecer internet de alta velocidade e armazenamento local de dados, por mais eficiência e conectividade digital. Além disso, o edifício contará com um sistema de segurança com circuito fechado de televisão e análise de vídeo baseada em inteligência artificial para garantir a segurança dos clientes das salas comerciais.
O controle de entrada no prédio utilizará biometria facial e digital e cartões de acesso. O prédio terá também um sistema de controle de vagas livres no estacionamento e um sistema de leitura de placas para maior segurança e praticidade de acesso. O projeto prevê 180 escritórios, mais de 400 vagas de garagem, assim como áreas de lazer, alimentação e eventos.
O WTC ficou mundialmente conhecido em 2001, quando um atentado terrorista coordenado pela Al-Qaeda derrubou as torres gêmeas de Nova York, em 11 de setembro. No lugar, foi erguida uma torre única, chamada One World Trade Center, com mais de 100 andares. Atualmente, abriga escritórios de empresas do setor financeiro, mídia e tecnologia.
Por que Sinop?
Douglas precisou convencer o WTC a criar o projeto em Sinop. Ele teve que defender a escolha da cidade para o conselho do WTC, já que Sinop não era uma escolha óbvia, como São Paulo, Rio de Janeiro ou Curitiba, que já possuíam empreendimentos da marca. Com a tese de que seria importante a marca ter um edifício comercial que simboliza o sucesso do agronegócio brasileiro, conseguiu contornar as objeções relacionadas ao Brasil ter problemas de segurança jurídica para fazer investimentos e de a cidade ser menos conhecida do que as capitais. Além de São Paulo, onde tem um edifício comercial à beira da Marginal Pinheiros há mais de 30 anos, o WTC tem unidades em Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Joinville (SC) e Brasília (DF). No mundo, são mais de 300 unidades.
Segundo o levantamento mais recente do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a cidade de Sinop foi a 40ª mais importante para o agronegócio brasileiro em 2022, gerando uma receita de R$ 2,5 bilhões. O plantio da região é, predominantemente, de milho e soja. Entre as cem cidades mais importantes para o setor, Mato Grosso tem 40 no ranking do Mapa, sendo as maiores Sorriso, Campo Novo do Parecis e Sapezal.
A posição geográfica de Sinop lhe dá o apelido de capital do norte de Mato Grosso, sendo mais próxima do que Cuiabá a cidades do Pará, de Rondônia e do Tocantins. Ao mesmo tempo, também é mais perto para quem está em Sorriso, a 86 km de distância, contra 400 km. A estrada entre o norte e o sul do Estado, a BR-163, é conhecida como a “rodovia da morte”, devido aos acidentes de trânsito. Por isso, quem é do norte tende a ir pouco para o sul, o que acabou desenvolvendo cidades como Sinop.
Entre as maiores empresas que atuam na cidade, estão a Frigoweber, de proteína animal, a Inpasa, de transformação de grãos, e a Jhonrob, fabricante de equipamentos como silos e secadores.
Leandro Gilio, pesquisador e professor do Insper Agro Global, afirma que Sinop não só está perto de grandes polos de produção de grãos e transformação, como também tem oferta de infraestrutura, como um aeroporto que facilita idas e vindas de empresários. Para o especialista, mais investimentos no mercado imobiliário, tanto comercial quanto residencial, devem chegar ao Estado para atender os empresários e seus funcionários.
“As empresas do agronegócio têm se tornado gigantes. Muitas delas têm origem familiar, mas estão se profissionalizando, investindo em gestão. Isso deve influenciar nas principais cidades do setor, levando à criação de empreendimentos imobiliários, o que já acontece mesmo fora de Mato Grosso. Balneário Camboriú se desenvolveu com dinheiro do agro, que lá gosta de passar o veraneio. Os empresários investem muito em empreendimentos na cidade, e isso deixa os preços dos imóveis inchados”, afirma.
Gilio diz ainda que a estratégia do WTC de chegar à região com foco no agronegócio tem relação com o poder produtivo do setor. “O elo econômico do Brasil com o mundo é o agronegócio. Quando o mundo olha para o Brasil, pensa no agro, no fornecimento de alimentos e em energia.”
Segundo o secretário de Planejamento Urbano e Habitação do município de Sinop, Luiz Magnani, o plano diretor recentemente revisado passou a estimular a verticalização gradual da cidade para aliviar o déficit habitacional, que aumentou com a chegada de mais moradores nos últimos anos. Ele diz que a construção de edifícios deve ficar especialmente no centro da cidade e perto de avenidas, para otimizar o uso dos terrenos e evitar o esvaziamento do centro. Segundo dados do Censo 2022, Sinop tem 196 mil habitantes, um aumento de 73,36% em comparação com o Censo de 2010.
Para Magnani, o WTC é visto como um marco desse processo de verticalização e um catalisador do desenvolvimento da cidade, atraindo outros empreendimentos de alto padrão e impulsionando a economia local.
Como surgiu a Haacke?
A Haacke Empreendimentos foi fundada pelo empresário Carlos Julio Haacke Junior e sua esposa, Rosa Maria Ribeiro Haacke, em 1991. A trajetória da empresa começou em Lages, Santa Catarina, onde Carlos, formado em Ciências Contábeis e Economia, com pós-graduação em Economia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), atuou como professor universitário na Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac). Além disso, foi consultor administrativo, contábil e tributário, além de administrador jurídico na comarca de Lages. O trabalho o tornou conhecido na região como o “consultor que levantava empresas em concordata em seis meses”.
Carlos ingressou no setor da construção civil em 1975, fundando uma empreiteira que evoluiu para uma construtora. Em 1983, concluiu o seu primeiro empreendimento em Lages. Depois, por problemas de saúde de Rosa, a família se mudou para Balneário Camboriú, onde o empresário decidiu investir também no mercado imobiliário, construindo o seu primeiro empreendimento na cidade. Os negócios evoluíram para a fundação da Haacke há 33 anos, dedicada a projetos residenciais.
Rafael, Alex e Douglas, os três filhos do casal, também se juntaram ao negócio familiar, aumentando o número de projetos. Isso levou a empresa a estar hoje nas cidades de Balneário Camboriú e Barra Velha, em Santa Catarina, e Sinop, Sorriso e Primavera do Leste, em Mato Grosso, onde a empresa marca a sua expansão com a grife WTC.
IstoÉ Dinheiro - SP 05/08/2024
O nível de atividade da construção civil está acima do previsto e tem motivado perspectivas mais otimistas por parte de diferentes setores da cadeia produtiva. Esse movimento vai desde as instituições que atuam no financiamento até a indústria de materiais de construção.
Nesta semana, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) aumentou a sua projeção de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) da Construção em 2024, passando de 2,3% para 3,0%. Esta foi a segunda revisão feita pela CBIC, que começou o ano prevendo uma expansão de 1,3% para o PIB setorial em 2024.
“A nossa perspectiva está bastante positiva”, disse a economista da instituição, Ieda Vasconcelos. Segundo ela, a revisão foi motivada pelo crescimento da economia acima do previsto, pelo aquecimento na geração de empregos e pelo aumento na renda. Esses fatores favorecem a realização de obras e reformas, bem como a compra de imóveis.
A CBIC também apontou ainda que as expectativas dos empresários estão mais positivas para os lançamentos imobiliários, especialmente após os ajustes no programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). Outro ponto é que a concessão de financiamento imobiliário tem se mostrado forte. “Apesar do patamar ainda elevado, os juros caíram e ajudaram setor”, disse Vasconcelos.
A mesma tendência, de ritmo acima do previsto, pode ser percebida nos dados do semestre divulgados na quarta-feira,31, pelo Sindicato da Habitação (Secovi-SP). De janeiro a junho, as vendas avançaram 36% e os lançamentos, 47%. A previsão inicial para o ano era de um crescimento de até 10%.
Na semana passada, a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) elevou a sua projeção para o volume de financiamentos em 2024 para 7,6%, chegando a R$ 164 bilhões. A previsão inicial era de estabilidade. Se a nova previsão for confirmada, 2024 será o terceiro melhor ano da história em volume de financiamentos.
O presidente da Abecip, Sandro Gamba, afirmou que a liberação de empréstimos cresceu no primeiro semestre e revelou um cenário mais positivo que o imaginado. No primeiro semestre, o volume financiado foi de R$ 82,1 bilhões, aumento de 7% em relação a igual semestre de 2023. “As vendas de imóveis estão crescendo e há muitas obras a serem entregues neste ano, o que vai se traduzir em demanda por crédito”, disse Gamba, na ocasião.
No mês passado, a projeção para as vendas da indústria de materiais de construção foi elevada de 2% para 3%, conforme análise feita pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat).
“Vejo um cenário de curto prazo positivo e relativamente otimista”, declarou a coordenadora de projetos da construção da FGV, Ana Maria Castelo. Segundo ela, isso se deve ao aumento na demanda de materiais tanto por parte das construtoras quanto das famílias.
O crescimento das obras do Minha Casa Minha Vida desde o ano passado tiveram um efeito positivo para a indústria de materiais, já que houve um salto no volume de novos projetos iniciados pelas construtoras. Além disso, o consumo das famílias parece estar finalmente reagindo, apontou Castelo, como reflexo da queda do desemprego e aumento da renda da população.
Valor - SP 05/08/2024
Investidores estrangeiros estão se afastando de alocar capital em propriedades comerciais no combalido mercado imobiliário da China, com os poucos investidores restantes apostando em estratégias de nicho, como desenvolvimentos ambientalmente sustentáveis.
"Temos visto algumas preocupações, particularmente de investidores imobiliários baseados nos Estados Unidos", disse ao "Nikkei Asia" o chefe de pesquisa para Ásia-Pacífico na consultoria imobiliária Knight Frank, Christine Li. "Daqui a cinco a sete anos, encontrar um comprador para sair do mercado chinês é uma grande incógnita."
Para o período de janeiro a junho deste ano, os negócios transfronteiriços em propriedades comerciais na China — que incluem escritórios, indústrias, hotéis, varejo e apartamentos — totalizaram US$ 3,3 bilhões, uma queda de 13% em relação ao ano anterior, de acordo com dados do grupo de pesquisa em investimentos MSCI. O Japão, apesar de mostrar uma queda de 35% nesses negócios, liderou o mercado da Ásia-Pacífico com US$ 3,7 bilhões.
Durante o período, investidores de Cingapura, menos afetados pelos atuais ventos geopolíticos e com longa experiência na China, permaneceram como os principais compradores estrangeiros em imóveis comerciais no país, excluindo Hong Kong. O capital do estado insular alcançou cerca de 6,9 bilhões de yuans (US$ 1 bilhão) nos primeiros seis meses de 2024.
Investidores dos Estados Unidos investiram meros 600 milhões de yuans, menos de um décimo do total de Cingapura, de acordo com dados compilados pelo MSCI.
Embora o capital de Cingapura tenha registrado um aumento de 80% no primeiro semestre de 2024 em relação ao ano anterior, ainda representa pouco mais de um terço de seu pico no segundo semestre de 2019, quando canalizou 22 bilhões de yuans para o mercado continental. A trajetória mais baixa reflete as crescentes preocupações, mesmo entre otimistas de longa data que investiram no mercado ao longo dos ciclos.
O mercado imobiliário da China tem enfrentado dificuldades desde que o governo lançou uma repressão, implementando políticas para conter o endividamento dos desenvolvedores de imóveis em 2020. A Evergrande, uma vez o maior desenvolvedor do país, está agora em liquidação com poucas esperanças para investidores offshore recuperarem seus custos, enquanto vários outros desenvolvedores privados estão sendo levados ao tribunal para pedidos de liquidação.
O colapso do setor deu um grande golpe na confiança das famílias chinesas que haviam acumulado riqueza ao longo das últimas décadas apostando na valorização dos imóveis. Durante os primeiros seis meses de 2024, os investimentos imobiliários totais da China caíram 10,1% em valor em relação ao ano anterior, para 525,3 trilhões de yuans.
O fundo soberano de Cingapura (GIC, na sigla em inglês), consistentemente um dos principais compradores no mercado imobiliário da China, alertou que o país "chegou ao fim de seu modelo de crescimento" que dependia do setor imobiliário e desenvolvimento de propriedades. O resultado é que a percepção entre os investidores sobre o potencial de longo prazo dos investimentos imobiliários na China foi "repentinamente restringida", disse ao "Nikkei Asia" em julho o CIO do GiC, Jeffrey Jaensubhakij.
Desafios
Os desafios estruturais da China têm levado alguns investidores a mudar seu foco no país. A Keppel Corp. de Cingapura, que conta com a Temasek Holdings, apoiada pelo estado como seu maior investidor, disse que tem se esforçado para "reduzir riscos" em seu portfólio da China nos últimos anos.
Durante uma teleconferência de resultados em 1º de agosto, o CEO da Keppel, Loh Chin Hua, disse que o gestor de ativos vendeu seu banco de terras na China, no valor de cerca de SG$ 3 bilhões (de dólares de Cingapura) ou US$ 2,2 bilhões no total, e registrou cerca de "um bilhão de dólares em lucro" nos últimos anos.
A Keppel também afirmou ter desinvestido SG$ 280 milhões em ativos este ano, incluindo um projeto residencial em Wuxi, na província de Jiangsu, no leste da China. Apesar dos esforços para monetizar sua exposição, Loh disse que as oportunidades gerais no país ainda são "difíceis" em comparação com outros mercados, como Cingapura e Vietnã.
A empresa está agora focada em serviços imobiliários relacionados, como consultoria e desenvolvimento para renovar edifícios antigos e torná-los mais sustentáveis. Em outubro, a Keppel concluiu um fundo de investimento de 1,6 bilhões de yuans focado na China para programas de renovação urbana sustentável, com foco em retrofit e reaproveitamento de edifícios existentes.
As mudanças recentes acompanham a nova estratégia da empresa para o que descreve como o mercado "complexo" da China, que entrou há 30 anos. A empresa mudou seu foco de construir novos parques industriais, escritórios e residências para áreas com demanda crescente, como edifícios sustentáveis, transições energéticas e data centers, à medida que a economia amadurece.
"Montamos um novo manual para a China, focando no que a China precisa hoje e também onde o capital pode contribuir efetivamente", disse o CEO da Keppel. Ele acrescentou que a empresa ainda vê oportunidades no mercado imobiliário da China, embora os investimentos serão cada vez mais feitos com instituições locais.
Segundo o analista de ações da Morningstar Xavier Lee, várias empresas imobiliárias de Cingapura com projetos comprometidos na China continuarão a investir e irão concluí-los. Eles não devem sair repentinamente, acrescentou, dado o tempo e o dinheiro significativos que gastaram para estabelecer sua presença."Mas não esperamos que eles se expandam agressivamente, por conta do ambiente de mercado desafiador."
Outros investidores de Cingapura foram atingidos pelo duplo golpe das moedas locais fracas, como o yuan e o iene, e a demanda declinante por propriedades. Embora esses fatores se apliquem tanto à China quanto ao Japão, as perspectivas para esses mercados diferem.
O Mapletree Pan Asia Commercial Trust, que investe tanto no Japão quanto na China, vê uma perspectiva mista no setor de escritórios. No primeiro semestre deste ano, o fundo de investimento imobiliário baseado em Cingapura sofreu quedas na receita líquida de propriedades em ambos os mercados — queda de 5,1% na China e 17% no Japão, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
A fraca demanda por escritórios deve persistir em Pequim, e a recuperação lá depende do ambiente macroeconômico, afirmou o fundo em seu relatório trimestral em 30 de julho. Enquanto o novo fornecimento no Japão está resultando em custos de aluguel mais baixos, o consumo do país deve receber um impulso à medida que os salários reais crescem.
Enquanto isso, o CapitaLand China Trust em 30 de julho reportou uma receita líquida de propriedades de 631,3 milhões de yuans nos primeiros seis meses, uma queda de 4,9% em relação ao ano anterior, devido à menor receita de sua operação logística que viu menores taxas de ocupação e aluguel. O preço das ações do Real Estate Investment Trust (Reit) listado em Cingapura caiu 26% até agora este ano, superando o ganho de 4,4% no índice Straits Times.
Lee, da Morningstar, disse que os Reits de Cingapura com propriedades comerciais na China continuam a enfrentar condições desafiadoras no curto prazo. Ele acrescentou que atualmente estão focados em manter as taxas de ocupação."Esperamos que aceitem aluguéis mais baixos em troca de maior ocupação."
Apesar das condições difíceis, alguns acreditam que este é, na verdade, um bom momento para entrar no mercado, com preços atraentes.
O Principal Financial Group, que em março passado formou uma joint venture com o China Construction Bank, está focado na aquisição de centros logísticos nos deltas dos rios Yangtze e Pearl na China. Eles estão usando esses centros para compilar portfólios em fundos disponíveis apenas para investidores profissionais, com o objetivo de aumentar os ativos totais para 4 bilhões de yuans ou mais até o final deste ano.
"No contexto atual da China, se você conseguir bons ativos e puder diversificar, levantar dinheiro de escritórios familiares e trusts familiares não é tão difícil", disse Thomas Cheong, presidente da Asia do grupo dos Estados Unidos. Ele falou ao "Nikkei Asia" ao concluir uma viagem ao continente chinês no mês passado.
Cheong acrescentou que os vendedores estão se tornando mais realistas quanto às expectativas de que os aluguéis vão diminuir à medida que as empresas cortam custos em um ambiente menos otimista. "Os compradores estão mais exigentes, os vendedores enfrentam ainda mais pressão", disse ele, acrescentando que as próximas eleições nos Estados Unidos também estão criando incertezas para alguns investidores estrangeiros.
A Tribuna - SP 05/08/2024
A VLI adquiriu 12 novas locomotivas ES-43BBI com o intuito de expandir a capacidade logística da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), a maior do Brasil. Os veículos foram comprados da Wabtec Brasil por R$ 300 milhões.
Para se ter uma ideia da importância desse corredor no escoamento de produtos de exportação e de importação, em 2023, a FCA e a Ferrovia Norte-Sul (FNS), ambas sob responsabilidade da VLI, juntas transportaram 43,8 bilhões de toneladas por quilômetro útil (TKU). Desse total, 43 milhões de toneladas foram movimentadas nos portos brasileiros, sendo 13 milhões no Porto de Santos.
O diretor de Operações do Corredor Sudeste da VLI, Nicolas Szwako, afirmou, em nota, que a companhia está investindo na ampliação da capacidade de transporte de carga na FCA “com o foco de atender às demandas atuais e futuras de nossos clientes, que produzem riquezas no País”.
“Ao fomentar o transporte ferroviário de cargas, geramos impactos positivos no meio ambiente, na economia nacional e na pauta de exportações brasileira”, completou.
A expansão da capacidade e eficiência logística da FCA é um dos projetos da renovação antecipada da concessão da VLI por mais 30 anos, que está em curso nos órgãos reguladores. “É esperado um aumento nas movimentações de carga na ordem de 30% a 40%, somando-se todos os fluxos que compõem a FCA (não apenas o Corredor Sudeste), durante o novo ciclo da concessão”.
As linhas da FCA são a principal via de integração entre as regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste conectando sete estados e o Distrito Federal. A VLI controla também o Tramo Norte da FNS, além de terminais integradores para carga e descarga de produtos localizados em São Luís (MA), Barra dos Coqueiros (SE), São Gonçalo do Amarante (CE), Vitória (ES) e Santos.
Tiplam
A FCA atende a Baixada Santista por meio de seu corredor Sudeste. No Porto de Santos, a VLI opera com o Terminal Integrador Portuário Luiz Antônio Mesquita (Tiplam), que é um terminal de uso privado (TUP) onde são movimentados soja, milho, açúcar e fertilizantes.
Em 2023, o Tiplam movimentou 13 milhões de toneladas, 12% a mais em comparação ao ano anterior.
De acordo com Nicolas Szwako, o “Tiplam conta com grande infraestrutura para armazenagem de produtos, carregamento e descarga de trens e navios” e “sua operação de exportação é realizada 100% pela ferrovia”.
Acesso terrestre
No entanto, o engenheiro civil especializado em Engenharia de Transportes e colunista de A Tribuna Luis Montenegro afirmou que a eficiência logística passa pelos acessos que, no caso do Porto de Santos, necessitam de investimentos com urgência. “O acesso terrestre é um grande gargalo, talvez seja mais importante até do que o acesso marítimo”.
Atualmente, segundo a Autoridade Portuária de Santos (APS), a Ferrovia Interna do Porto de Santos (Fips) escoa 51 milhões de toneladas por ano e a meta é subir para 115 milhões de toneladas/ano. Para isso, a cessionária da via que é a Associação Gestora da Ferrovia Interna do Porto de Santos (AG-Fips) terá que investir R$ 1 bilhão em infraestrutura num prazo de cinco anos.
Mas, Montenegro calcula que, com o crescimento anual progressivo de movimentação do complexo portuário santista, mais investimentos serão necessários. “Com esses investimentos, o Porto deve alcançar uma capacidade ferroviária em torno de 110 milhões de toneladas/ano, além das 110 milhões de toneladas transportadas por rodovia. Serão 220 milhões de toneladas por ano. Se considerarmos que a movimentação do Porto cresce na média de 5% ao ano, essa capacidade se esgotará em pouquíssimos anos”.
Renovação
A expansão da capacidade e eficiência logística da FCA é um dos projetos da renovação antecipada da concessão da VLI por mais 30 anos, que está em curso nos órgãos reguladores. É esperado um aumento nas movimentações de carga na ordem de 30% a 40%, somando-se todos os fluxos que compõem a FCA.
Portal Fator Brasil - RJ 05/08/2024
Portonave, Porto Itapoá e Terminal Portuário de Santa Catarina (TESC) estariam investindo na melhoria de seus serviços.
A Portonave , operadora de Terminal de Uso Privado (TUP) em Navegantes, está destinando US$ 177 milhões para modernizar seu cais, que conta com dois berços, segundo informações do Valor Econômico . O objetivo é aprofundar o canal de navegação em até 17 metros, permitindo futuramente a recepção de navios porta-contêineres de até 400 metros de comprimento. Localizado no complexo fluvial Itajaí-Açu, em frente ao Porto de Itajaí, este terminal está sendo modernizado em duas etapas, alternando pontos de atracação. Durante a execução do projeto, operará com um único site.
A Portonave não é o único terminal em obras de expansão, pois, paralelamente, o Porto Itapoá também está aprimorando suas instalações. Felipe Fioravanti, diretor de Desenvolvimento de Negócios e Experiência do Cliente, menciona que a empresa pretende ampliar sua área e adquirir novos equipamentos para operação de contêineres. Embora os detalhes específicos do projeto de expansão ainda não estejam definidos, Kaufmann estima que a capacidade do terminal poderá dobrar nos próximos dez anos, passando de dois para quatro milhões de TEUs. Além disso, a empresa aprovou um plano para aumentar de três mil para quatro mil e oitenta conexões de contêineres refrigerados, com o objetivo de apoiar principalmente as exportações de carnes de Santa Catarina e outras regiões do Brasil.
Já o Terminal Portuário de Santa Catarina (TESC) planeja investimentos para ampliar sua operação de granéis agrícolas, com foco em produtos como soja e milho. A Agribrasil, comercializadora de grãos e acionista majoritária, tem contrato de exclusividade para o cais de grãos inaugurado há um ano. Inicialmente, o TESC esperava exportar 700 mil toneladas nos primeiros seis meses de operação, mas acabou exportando 1,3 milhão de toneladas. Em plena capacidade, o terminal tem capacidade para movimentar 3,5 milhões de toneladas por ano. Fábio Mota, gerente-geral do TESC, destaca que o principal desafio não está no carregamento, mas sim no recebimento da carga e na capacidade estática. Portanto, está prevista a construção de um silo adicional com capacidade para 30 mil toneladas e o aumento do número de moegas para melhorar a eficiência. | MM
Valor - SP 05/08/2024
Remover barreiras ao fracking e a construção de oleodutos pode ajudar a sustentar o crescimento a longo prazo, mas também pode prejudicar os preços das commodities
Você está votando no candidato pró-petróleo ou no anti-petróleo?
O ex-presidente Donald Trump é um defensor vocal da indústria de energia não-renovável e quer que os Estados Unidos "perfurem, baby, perfurem", enquanto a vice-presidente Kamala Harris já expressou apoio à proibição do fracking, técnica de extração de gás e petróleo por meio da fratura de rochas. Mas descobrir qual político realmente é mais favorável à indústria é mais complicado do que parece.
No período de três semanas entre o mau desempenho de Biden no debate, que consolidou a liderança de Trump, e a saída de Biden da disputa, os preços do petróleo bruto caíram 3%, enquanto uma série de grandes empresas de petróleo e gás dos EUA viram suas ações subirem quase 2%. O setor costuma se mover junto nas bolsas de valores, mas a divergência faz sentido, como o veterano da indústria Dan Pickering, diretor de investimentos da Pickering Energy Partners, colocou, Trump é mais amigável à indústria e mais arriscado para o preço da commodity, enquanto Kamala é mais arriscada para a indústria e mais otimista para o preço.
De um modo geral, remover barreiras ao fracking e a construção de oleodutos pode ajudar a sustentar o crescimento a longo prazo, mas também pode prejudicar os preços das commodities e os lucros da indústria a curto prazo. Por exemplo, reduzir o custo de fazer negócios - digamos, através de regras ambientais menos rigorosas - poderia ajudar pequenos produtores independentes a se juntarem à festa do fracking, potencialmente pressionando a rentabilidade da indústria como um todo. Da mesma forma, medidas que sufocam o crescimento da indústria podem ser ótimas para os preços e lucros a curto prazo, embora talvez não a longo prazo.
Considere o desempenho da indústria durante a presidência de Biden até agora, durante a qual ele desencorajou a produção de combustíveis fósseis e impulsionou enormes subsídios para a energia verde: o fluxo de caixa livre combinado dos 10 maiores ativos do Índice de Exploração e Produção de Petróleo e Gás da S&P nos primeiros três anos do mandato de Biden foi três vezes maior do que durante os quatro anos sob Trump, dando a essas empresas mais dinheiro para retornar aos acionistas. Isso foi parcialmente impulsionado pelos preços mais altos do petróleo durante o mandato de Biden, provocados pela invasão da Ucrânia pela Rússia.
Mas a disciplina de capital desempenhou um grande papel. Esse grupo de grandes produtores deve dedicar uma soma combinada semelhante a despesas de capital durante todo o mandato de Biden, apesar dos preços mais altos do petróleo, do que durante o mandato de Trump. Um ambiente menos favorável ao fracking deve encorajar as empresas a restringir investimentos em favor de retornar dinheiro aos acionistas.
No geral, uma presidência de Trump teria uma gama de possíveis resultados para o setor - desde um sonho até um pesadelo - dependendo de quais promessas de campanha ele cumpriria. O cenário ideal da indústria seria se Trump conseguisse apoio do Congresso para codificar mudanças que incentivassem o crescimento e os gastos com petróleo e gás a longo prazo. Isso poderia incluir a diminuição do papel do Departamento de Energia na concessão de licenças ou autoridade de exportação, ou a remoção dos gases de efeito estufa como poluentes na Lei do Ar Limpo, disse o presidente da empresa de consultoria Rapidan Energy Group, Bob McNally.
Mas as políticas anticomércio de Trump - se implementadas - têm o potencial de prejudicar o setor em um primeiro momento. O ex-presidente propôs uma tarifa de 10% sobre todas as importações, bem como uma tarifa de 60% sobre aquelas da China. Se impostas, o impacto econômico, particularmente sobre o maior importador de petróleo, a China, poderia diminuir a demanda de energia.
Isso teria um "impacto negativo maior na produção de xisto do que qualquer impacto positivo que a flexibilização da regulamentação teria", disse McNally. "Trump é decididamente pessimista para o petróleo", observou Gary Ross, CEO da Black Gold Investors, referindo-se às propostas tarifárias do republicano.
O último mandato de Trump foi ilustrativo de resultados imprevisíveis para a indústria de energia. Por exemplo, enquanto sua administração apoiou as exportações de gás natural, ele também aumentou as tensões comerciais com a China. As remessas para um dos maiores importadores do mundo cessaram por um ano depois que a China impôs uma tarifa de 25% sobre o gás dos EUA.
Enquanto isso, o esforço de Trump para reduzir os preços do petróleo em 2018 - pedindo à Arábia Saudita para produzir mais - empurrou o mercado para o excesso de oferta e causou uma queda acentuada nos preços que prejudicou os lucros dos produtores. Enquanto o ex-presidente inicialmente propôs abrir mais áreas offshore do país para a perfuração de petróleo e gás, ele também frustrou a indústria de energia ao posteriormente impor uma proibição ao fracking offshore nas costas de certos Estados, como Flórida e Geórgia, enquanto fazia campanha para um segundo mandato.
No caso de um possível governo de Kamala, o setor de petróleo pode ter menores possibilidades de resultados. Ela poderia, claro, criar custos adicionais e dores de cabeça para a indústria de combustíveis fósseis enquanto promove políticas que favorecem a energia verde. Como senadora concorrendo nas primárias democratas de 2020, ela propôs direcionar o Departamento de Justiça a perseguir empresas de petróleo e gás que contribuíram diretamente para o aquecimento global.
Vice-presidente Kamala Harris e o ex-presidente Donald Trump — Foto: Fotos: Bloomberg
De um modo geral, porém, tentativas de desacelerar a indústria vêm com limites significativos, dado os tribunais cada vez mais antirregulação, de acordo com a análise da Rapidan, consultoria especializada no setor de energia. No entanto, Kamala já voltou atrás em seu apoio a uma proibição do fracking. Algumas das ordens executivas de energia mais chamativas do governo Biden foram bloqueadas por tribunais federais, incluindo a pausa na concessão de novas licenças de perfuração em terras federais e águas offshore e nas permissões de exportação de gás.
Outro lugar onde os presidentes poderiam fazer um impacto é através da política externa.
Apesar dos eventos recentes, Kamala não deve alterar o status quo, mantendo o petróleo fluindo do Irã e mantendo o petróleo bruto russo longe dos compradores ocidentais. Trump poderia se mover em direções que teriam efeitos divergentes nos preços do petróleo: Ele poderia ser mais duro com o Irã e tentar reintroduzir sanções, o que seria otimista para os preços. Por outro lado, Trump também poderia tentar reduzir as sanções à Rússia, o que poderia pressionar os preços do petróleo para baixo. Trump também tem uma relação mais amigável com a Arábia Saudita, o que poderia significar que a Opep+ poderia ser mais receptiva aos pedidos dos EUA para aumentar ou diminuir o fornecimento em momentos de necessidade.
Tanto o presidente pró-petróleo quanto o presidente pró-energia verde trazem riscos para a indústria de petróleo e gás. O maior consolo dos investidores pode ser que a economia do fracking e as leis da oferta e demanda provavelmente prevalecerão sobre as intenções de um presidente dos EUA: a tecnologia de fracking em rápida melhora ajudou a impulsionar o crescimento da exploração do gás de xisto durante o mandato pró-energia limpa de Obama, enquanto a queda na demanda resultante da pandemia causou alguns dos trimestres mais dolorosos para as empresas de petróleo durante o mandato pró-petróleo de Trump. Em seguida, a invasão da Ucrânia pela Rússia ajudou as empresas a alcançarem lucros recordes na indústria durante o mandato de Biden.
Seja nas eleições ou na economia, o mesmo princípio deve ser lembrado: é a economia, estúpido.
O Petróleo - SP 05/08/2024
Durante uma reunião online recente, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+), liderada pela Arábia Saudita e Rússia, decidiu manter inalterada sua política de produção de petróleo. O grupo reafirmou os cortes de produção atuais até o final de 2025, apesar das flutuações do mercado e das dificuldades enfrentadas por alguns membros, como a Nigéria, que há anos não cumpre sua cota de produção.
O plano acordado em junho deste ano inclui a extensão dos cortes de 3,66 milhões de barris por dia, prevendo uma redução gradual começando em outubro de 2024 e estendendo-se até setembro de 2025. Essa estratégia visa estabilizar os preços do petróleo e ajustar a produção conforme as condições de mercado.
A Nigéria, especificamente, tem enfrentado desafios significativos, como roubo de petróleo e vandalismo, que prejudicaram sua capacidade de produção. Apesar dos esforços para aumentar a produção, o país produziu apenas 1,27 milhão de barris por dia em junho, bem abaixo da cota de 1,58 milhão estabelecida pela OPEP+.
Em resposta às condições variáveis do mercado, a OPEP+ emitiu uma declaração após a reunião, destacando que a fase de redução dos cortes poderia ser pausada ou mesmo revertida, dependendo do cenário econômico global e da demanda por petróleo.
Além disso, a reunião serviu como uma plataforma para países como Iraque, Cazaquistão e Rússia reafirmarem seu compromisso com os cortes de produção prometidos, buscando uma conformidade total. Estes países apresentaram planos para compensar a produção excessiva do passado, alinhando-se estritamente às diretrizes da OPEP+ para garantir a estabilidade do mercado de petróleo.
A próxima reunião do comitê de monitoramento (JMMC) está programada para 2 de outubro de 2024, onde o grupo continuará avaliando a situação e ajustando suas políticas conforme necessário para atender às exigências do mercado global de energia.
Enquanto isso, o mercado de petróleo reagiu de maneira volátil às tensões geopolíticas recentes, com os preços encontrando algum suporte após preocupações sobre a possibilidade de um conflito mais amplo no Oriente Médio que poderia afetar o fornecimento de petróleo da região.
Essa decisão da OPEP+ reflete a complexidade do mercado de petróleo atual e a necessidade de uma abordagem cautelosa e medida para lidar com as incertezas econômicas e políticas que afetam a produção e o preço do petróleo a nível mundial.
Thailane Oliveira
Thailane Oliveira é jornalista especializada em energia renovável e sustentabilidade. No O Petróleo, ela traz uma abordagem detalhada e informativa sobre as últimas inovações e políticas no setor energético.
O Petróleo - SP 05/08/2024
A SLB (NYSE: SLB) anunciou que garantiu um importante contrato com a Petrobras (NYSE: PBR) após uma licitação competitiva. A joint venture OneSubsea será responsável pelo fornecimento de sistemas de produção submarina padronizados para os campos de Atapu e Sépia, situados na estratégica Bacia de Santos.
O contrato abrange a entrega de árvores verticais configuradas conforme os padrões da Petrobras, unidades de distribuição submarina, sistemas de controle e dutos submarinos, além de serviços de instalação, comissionamento e manutenção ao longo da vida útil dos campos. A maior parte da tecnologia e dos equipamentos, incluindo as árvores verticais e os sistemas de controle, será produzida localmente nas instalações da SLB OneSubsea em Curitiba, Brasil.
Mads Hjelmeland, CEO da SLB OneSubsea, destacou a importância do contrato: “Este prêmio aprofunda nossa valiosa parceria com a Petrobras. Estamos orgulhosos de apoiar o desenvolvimento de ativos tão importantes para o Brasil, utilizando nossa plataforma tecnológica desenvolvida localmente para garantir entregas pontuais e maximizar o conteúdo local em nossas operações.”
Os projetos são parte dos investimentos contínuos da Petrobras no pré-sal e incluirão a adição de duas novas plataformas flutuantes de produção, armazenamento e descarga (FPSO): P-84 (Atapu) e P-85 (Sépia). Cada plataforma terá a capacidade de produzir 225 mil barris de petróleo e processar 10 milhões de metros cúbicos de gás por dia.
Agência Brasil - DF 05/08/2024
Foram 4,353 milhões de barris de óleo equivalente por dia
Publicado em 02/08/2024 - 16:46 Por Bruno de Freitas Moura – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
A produção de petróleo e gás no país no mês de junho foi de 4,353 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d). Esse volume representa crescimento de 2,8% em relação ao mês anterior. Além disso, é a maior quantidade alcançada desde fevereiro (4,383 milhões de boe/d).
Os dados fazem parte do Boletim Mensal da Produção, divulgado nesta sexta-feira (2) pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Barril equivalente é uma medida que permite somar barris de petróleo e metros cúbicos de gás.
Em junho, a produção de petróleo ficou em 3,409 milhões de barris por dia, crescimento de 2,7% ante maio e de 1,3% em relação ao mesmo mês de 2023.
Já a produção de gás natural, foi de 150,07 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d) em junho, o que marca expansão de 3,1% em comparação a maio e queda de 1,4% ante junho de 2023. O aproveitamento do gás natural chegou a 98% em junho, e 3,05 milhões de m³/d foram queimados. Isso representa queda de 14% na queima em relação ao mês anterior e de 33,4%, na comparação com junho de 2023.
A camada de pré-sal responde por mais de três quartos (78,7%) da produção total de petróleo e gás natural. Foram 3,424 milhões de boe/d. Essa quantidade significa crescimento de 3,3% em relação ao mês imediatamente anterior e 5,6% ante junho de 2023.
Em junho, foram produzidos 2,683 milhões de barris de petróleo por dia e 117,90 milhões de m³/d de gás natural por meio de 150 poços no pré-sal.
A ANP explica que variações na produção são esperadas e podem ocorrer por causa de fatores como manutenção em plataformas, entrada em operação de poços, parada de poços para manutenção ou limpeza e início de montagem de novas unidades de produção.
Origem da produção
A produção de óleo e gás no Brasil vem de 6.551 poços, sendo 521 marítimos e 6.030 terrestres. Apesar de mais numerosos, os terrestres respondem por uma pequena parcela do total extraído, cabendo aos campos marítimos 97,6% do petróleo e 86,8% do gás natural produzidos em junho.
A Petrobras, sozinha ou em consórcio com outras empresas, foi responsável por 89,5% do total produzido. Levando em conta somente os campos que são operados exclusivamente pela estatal, a produção ficou em 24,6% do total no país.
O campo de Tupi, no pré-sal da Bacia de Santos, foi o maior produtor de petróleo e gás, em junho, registrando 787,08 mil barris de petróleo por dia e 39,70 milhões de m³/d de gás natural.
A plataforma com maior extração foi a FPSO Guanabara, na jazida compartilhada de Mero, com 178.381 barris diários de petróleo e 11,64 milhões de m³/d de gás.
O Rio de Janeiro é o maior estado produtor do país, sendo origem de 87% do petróleo e 76% do gás natural.
Ranking global
De acordo com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, o Brasil é o oitavo maior produtor de petróleo do mundo e o primeiro da América Latina. Estados Unidos (12,9 milhões barris/dia), Rússia (10,6 milhões barris/dia) e Arábia Saudita (9,6 milhões barris/dia) são os três principais. Juntos, os três países respondem por 41% da produção global. Logo em seguida ao Brasil, figuram os Emirados Árabes Unidos, com produção de 3,3 milhões de barris por dia.
Edição: Nádia Franco
O Petróleo - SP 05/08/2024
A ExxonMobil alcançou um marco histórico no segundo trimestre de 2024, registrando a maior produção de petróleo de sua história. Este recorde foi impulsionado pelos ativos prolíficos da empresa na Guiana e na bacia do Permiano, nos Estados Unidos. Durante o período, a produção média foi de 4,358 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boepd), representando um aumento de 15% em relação ao primeiro trimestre, ou 574.000 boepd adicionais.
Apesar das margens de refino mais baixas, este desempenho robusto no upstream permitiu que a ExxonMobil reportasse lucros de US$ 9,2 bilhões no segundo trimestre, um crescimento de 16% em comparação ao mesmo período de 2023. As receitas também subiram, alcançando US$ 93 bilhões, acima dos quase US$ 83 bilhões registrados no ano anterior.
Money Times - SP 05/08/2024
A Petrobras (PETR4) não deve disputar sozinha uma fatia de 40% na mega descoberta de petróleo e gás de Mopane, na Namíbia, uma vez que o bloco petrolífero ainda está em uma fase exploratória, e a ideia seria diluir riscos com parceiros, disseram duas fontes com conhecimento do assunto.
A companhia fez uma oferta não vinculante para comprar parte da fatia do bloco que a portuguesa Galp quer vender, disse à Reuters na semana passada a diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia dos Anjos, sem detalhar qual participação a empresa estava buscando.
A empresa de energia de Portugal quer vender metade de sua participação de 80% no bloco. Apesar do grande potencial de Mopane, com pelo menos 10 bilhões de barris de óleo equivalente (“in-place”) segundo a Galp, a campanha exploratória ainda não está concluída, lembraram as fontes, que pediram para ficar no anonimato para falar sobre o assunto.
Ou seja, é preciso confirmar a “real oportunidade” de extração de óleo e gás em grandes volumes no bloco africano.
“É um processo competitivo, em uma área cobiçada e com potencial a ser confirmado. O mais natural é numa concorrência desse tipo você diluir risco com parceiros. Achamos difícil a Petrobras sozinha nessa”, disse uma das fontes à Reuters.
A pessoa não detalhou se serão um ou mais parceiros.
“São dois aspectos. A costa da Namíbia está sendo considerada a nova ‘Margem Equatorial‘ ”, disse uma segunda fonte, em referência às grandes descobertas de petróleo realizadas pela Guiana. “Mas ainda é uma campanha exploratória que precisa confirmar o potencial estimado. Não acreditamos que alguém ficará nessas condições com os 40% sozinho”, adicionou ela.
Ao comentar a oferta da Petrobras, o BTG Pactual afirmou em relatório nesta semana que, assumindo um fator de recuperação de petróleo de 25% das reservas do bloco, a fatia de 40% em Mopane poderia custar cerca de 4 bilhões de dólares. O banco alertou que a transação, aliada à potencial recompra de duas refinarias, poderia elevar riscos relacionados ao pagamento de dividendos da petroleira.
A busca por fatia no bloco na Namíbia acontece em momento em que a petrolífera brasileira tem enfrentado dificuldades para obter licenciamentos ambientais para avançar com a exploração no Brasil, ao mesmo tempo em que a companhia busca alternativas para garantir reservas para a produção futura.
As ações da empresa chegaram a refletir receios do mercado de que um grande investimento na Namíbia poderia impactar o pagamento de dividendos aos acionistas da estatal.
Mas uma das fontes minimizou tais preocupações.
“Não creio que haverá impacto. A lógica do cálculo de dividendos depende de uma série de variáveis, tem uma lógica própria que está ligada ao desempenho da companhia. E a Petrobras não vai ficar com 40%”, reforçou.
O pagamento de dividendos gerou na gestão anterior de Jean Paul Prates muitos desgastes entre o executivo e representantes do governo federal. Os embates motivaram a queda de Prates em maio deste ano.
A companhia já pagou metade dos cerca de 44 bilhões de reais em dividendos extraordinários do exercício de 2023. A outra parte, que está em uma reserva estatutária, pode ser distribuída até o final do ano, segundo decisão em assembleia de acionistas.
“Essa é uma decisão do conselho da Petrobras, mas o que podemos dizer é que a empresa não está precisando desses outros 50%, eles não estão fazendo falta”, avaliou uma das fontes.
Procurada, a Petrobras não comentou os assuntos imediatamente.
Foz do Amazonas
Enquanto avalia ativos na África, a companhia segue esperando um posicionamento órgão ambiental Ibama para uma campanha exploratória na Foz do Amazonas, na Margem Equatorial brasileira, região com grande potencial, mas com questões ambientais sensíveis.
A troca de informações entre o Ibama e a estatal segue em curso depois de o primeiro pedido de licenciamento da petroleira ter sido negado no ano passado.
Representantes da cúpula da petroleira brasileira se reuniram recentemente com ministros do governo para tentar superar o impasse.
“Essa é uma questão importante, mas que segue sem perspectiva de solução”, disse uma das fontes.
Auto Industria - SP 05/08/2024
Desde a interrupção da divulgação dos dados estatísticos do setor de máquinas autopropulsadas em 2020, devido ao reposicionamento das associadas da Anfavea, criou-se um hiato de informações do segmento agrícola.
Apesar de diversos esforços dedicados para recomposição das estatísticas de forma oficial, a única maneira de se obter informações com acurácia é por meio do cruzamento de dados secundários. E eles indicam produção de máquinas estabilidade até 2028.
De acordo com a tabela de crescimento médio anual, até 2028 a produção de tratores se manterá estável, enquanto as colheitadeiras apresentarão queda de 6%. Já para fabricação de pulverizadores, a previsão é queda de 1%. No entanto, para 2024, é esperado recuo acentuado de 24% em relação a 2023, ano em que a estimativa da produção ficou em 63 mil máquinas agrícolas, ou seja, 14% inferior a 2022.
Entre os principais fatores que contribuem para a estabilidade do mercado, além da queda em alguns segmentos, entre 2023 e 2028, estão a perda do poder de compra dos agricultores influenciada pela valorização cambial – que contribuem para postergação dos planos de renovação de frota – associado ao aumento de produtividade das máquinas mais modernas.
Setor agrícola – O setor agrícola no Brasil tem participação expressiva na composição do Produto Interno Bruto (PIB), embora sofra variações anuais devido a fatores como clima, políticas públicas e demanda global. Este tem sido um dos motores da economia representando cerca de 7,6% de acordo com o Banco Central do Brasil (BACEN).
Em 2024, a expectativa é de retração de -1,5% (agrícola) e crescimento de 2,1% no PIB consolidado. A safra recuou de 6,4% comparado com a safra anterior (2022/2023), para 299,3 milhões de toneladas (2023/2024), embora existam destaques positivos como o aumento na produção de diversas culturas e aumento da produtividade (alcançado por meio da agricultura de precisão).
Em contrapartida, a expectativa para safra 2024/2025 é otimista devido ao Plano Safra robusto (maior programa de crédito rural do mundo, cujo objetivo é modernizar a agricultura, aumentar a produção e a produtividade, além de fortalecer a cadeia produtiva), com orçamento recorde, que pode impulsionar a produção. Além disso, espera-se condições climáticas mais favoráveis em 2025, somadas a contribuição do aumento da produtividade e avanços tecnológicos nas máquinas.
A cadeia produtiva e logística segue sendo o maior desafio, considerando a variação nos custos dos insumos (defensivos e fertilizantes) pressionada pela variação cambial, assim como a infraestrutura logística que carece de investimentos em rodovias e portos para melhor escoamento da produção.
De outra parte, de acordo com a pesquisa Sae Brasil, Caminhos da Tecnologia no Agronegócio – 1ª edição, “o agricultor já está convencido de que renovar o maquinário é essencial para o futuro do seu negócio. Mas para tomar esta decisão é preciso levar em consideração uma série de variáveis e chegar à conclusão de que nem sempre um equipamento novo é a prioridade do momento.”
Os principais fatores para renovação da frota agrícola são a relação custo-benefício e assistência no pós-venda, critérios decisivos para aquisição de uma nova máquina. Outros fatores também possuem peso importante como: consumo de combustível, confiabilidade da marca e otimização da produção.
A pesquisa indica ainda que a preferência do mercado ainda é pelo canal tradicional – loja física. Apenas 10% das vendas de máquinas são realizadas pela internet. O aluguel de máquinas e equipamentos no setor, apesar de seguir em expansão, não atinge 20% dos agricultores, revelando potencial de crescimento.
Existe uma distância enorme entre as tecnologias oferecidas pela indústria e o conhecimento dos pequenos produtores e cooperativas que, por falta de percepção dos benefícios, não adquirem as ofertas.
Como esperado, a pauta econômica tem maior relevância sobre a pauta ambiental, pois a redução de custos e o aumento da produtividade são as prioridades do agricultor na tomada de decisão, em um mercado altamente competitivo.
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