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05 de Junho de 2023

INDA

Valor - SP   05/06/2023

Conforme dados divulgados pelo Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), de janeiro-abril o volume de aços planos importado registrou aumento de 18,5%

Aproveitando os preços em baixa do aço no mercado externo, que gera um prêmio elevado ante o do produto nacional, e o dólar negociado na faixa de R$ 5,00, produtos estrangeiros têm ganhado espaço no mercado brasileiro. Mesmo com o consumo aparente de produtos siderúrgicos estar fraco e sinalizar até fechar em leve queda neste ano.

Conforme dados divulgados pelo Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), referentes ao período janeiro-abril, o volume de aços planos importado registrou aumento de 18,5%, somando 659,5 mil toneladas, ao se comparar com mesmo período de 2022.

Em abril, especificamente, o crescimento saltou para 46,7%, atingindo 161 mil toneladas, sobre um ano atrás, informa o relatório mensal do Inda. Os volume não incluem aços semiacabados (placas), aços especiais e folhas metálicas, usadas em embalagens.

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Carlos Loureiro, presidente do Inda: "Entrada de aço strangeiro só não aumenta mais porque mercado local está muito fraco" — Foto: Divulgação

“Nessa tendência, o montante de material importado deve se manter ou provavelmente superar o de 2022”, afirmou Carlos Loureiro, presidente do Inda. Na sua avaliação, ninguém [importadores] tem mostrado medo da variação do dólar ao decidirem fazer pedidos lá fora. “A entrada de material estrangeiro só não aumenta mais porque o mercado local está muito fraco”.

As principais fontes do material estrangeiro, que entra via vários portos no país, são a China (55% do volume total), Rússia (16%), Áustria (10,6%, com destaque para chapa grossa especial, usadas em tubos de petróleo) e Coreia do Sul (9%).

No momento, os estoques na rede e nos consumidores de aços planos estão baixos. Nesse cenário, as siderúrgicas, como CSN, conseguiram reajustar, no máximo, em 5% os preços no início de maio. A expectativa é que, havendo uma pequena melhora de mercado, a demanda local volte a reaquecer no segundo semestre.

Segundo Instituto Aço Brasil, que reúne fabricantes de todos os tipos de aço, em abril as vendas de laminados no mercado interno recuaram 11,2% — sendo 7,1% em produtos planos e 16,3% em longos. No quadrimestre, a queda média do total foi de 3,9% (-1,8% e 6,7%, respectivamente).

Segundo a entidade, o consumo aparente de aço no mercado brasileiro, em abril, registrou decréscimo de 2,7% em aço plano e 8,4% nos longos. No acumulado de quatro meses o desempenho ainda foi positivo em 1% para produtos planos, mas negativo em 3,6% nos aços longos.

Os aços longos são usados na construção civil e em obras de infraestrutura, além de aplicações industriais. O lançamento de imóveis no país teve forte retração no primeiro trimestre.

Em abril, as vendas de aço no canal de distribuição registraram queda de 0,5%, com 301 mil toneladas, ante um ano atrás. Sobre março, houve decréscimo de 18,7%, segundo o Inda. No quadrimestre, com despachos de 1,28 milhão de toneladas, foi registrada baixa de 0,6% sobre igual período de 2022.

Para maio, a previsão do Inda era que o mês fecharia com melhora no consumo de aço distribuído pela rede, que é formada por empresas independentes e por coligadas das siderúrgicas.

No mercado, a previsão é que os resultados financeiros deste trimestre das siderúrgicas de aços planos serão piores do que os vistos nos balanços do primeiro trimestre em razão da fraca demanda e de preços sem reajustes.

No segundo semestre, a concorrência no país deve ficar mais acirrada com a conclusão da reforma do alto-forno da Usiminas, a entrada da nova linha de produção de aços galvanizados da ArcelorMittal, em São Francisco do Sul, e do fim da parada para manutenção da usina de Ouro Branco, da Gerdau.

Rússia e China dominam entra de placas

O indicador do Inda reportou ainda que a entrada do semi-acabado placas teve alta expressiva devido a importações de Usiminas e até de Cia. Siderúrgica Nacional (CSN). A CSN informou, no início de maio, em reunião com analistas, ter comprado expressivo volume devido a problemas em um alto-forno e na aciaria no início do ano. A normalidade da usina da empresa voltaria a partir deste mês, garantiu.

A Usiminas formou estoques para suprir os laminadores de sua usina de Ipatinga (MG) durante a reforma de seus maior alto-forno. Iniciadas em abril, as obras da reforma do equipamento vão se prolongar até agosto.

As importações de placas somaram 192,1 mil toneladas no período de janeiro a abril, com procedência da Rússia (70,5%), China (24,4%), Alemanha (4,1%) e outros países. Isso, apesar de o Brasil ser um dos maiores produtores de placas do mundo — ArcelorMittal Tubarão, Ternium Brasil e ArcelorMittal 

Pecém.

O que pesou, nesse caso, são os preços agressivos de produtores da China e da Rússia, via-a-vis uma cotação menos volátil do dólar no período. E recuo nos fretes logísticos de navios.

SIDERURGIA

IstoÉ Dinheiro - SP   05/06/2023

“A indústria do aço contribui decisivamente para o desenvolvimento industrial do País. Transformando o minério em gusa e aço, as matérias-primas que representam o esteio da civilização contemporânea.” A constatação parece bem atual, mas refere-se ao início do século 19, quando usinas de minério de ferro que surgiam no estado de Minas Gerais alavancavam a economia brasileira.

Faz parte do documentário A Colônia Luxemburguesa, da historiadora Dominique Santana, que desvenda as histórias dos trabalhadores de Luxemburgo que ajudaram a instalar a siderurgia no Brasil há mais de 100 anos.

Esse conteúdo é exibido no recém-inaugurado showroom da ArcelorMittal em João Monlevade (MG). É uma das 34 unidades produtivas da siderúrgica de origem luxemburguesa no País.

Suas minas, usinas e bioflorestas se espalham por sete estados — e a contribuição do aço que sai dali para o desenvolvimento do Brasil é tão grande quanto previam os pioneiros da atividade no século 19.

Os tarugos produzidos na planta geram desde pequenos parafusos, a palhas de aço para lavar louça, arame farpado, correntes e quadros de bicicleta, peças de carros, estruturas de fundação e esqueletos de prédios, fios para pneus e muitas outras aplicações de produtos que ou saem prontos dali ou são terminados por clientes.

Agora, a companhia se prepara para o próximo centenário com um plano ousado: investir R$ 25 bilhões na modernização e ampliação de suas unidades industriais para produzir mais aço e de maior valor agregado.
“Nós acreditamos no potencial e no futuro do Brasil. Aqui existem oportunidades para todos os lados”
Jefferson De Paula, presidente da ArcellorMittal Brasil e CEO da companhia no segmento Longos e Mineração para a América Latina.
Benchmark

O executivo brasileiro entrou na empresa como trainee e chegou à presidência em outubro de 2021. Reporta-se diretamente ao indiano Aditya Mittal, CEO global da empresa. Eles, junto do comitê executivo e o conselho, definem os rumos da companhia.

Onde a maioria vê problema, De Paula e Mittal observam as tais oportunidades. “Isso é uma característica da empresa”, disse o presidente. “Somos benchmark em muitas áreas. Então a nossa gestão é muito bem valorizada lá fora.”

Vamos, então, à prática. O Brasil possui déficit habitacional de quase 6 milhões de moradias, segundo dados da Fundação João Pinheiro, utilizados pelo governo federal. Esse é o problema que a ArcelorMittal vê como oportunidade.

O setor de construção civil representa 58% das vendas da companhia no País, o que inclui imóveis industriais. É uma das vias de crescimento que a empresa aposta para os próximos anos.

Uma análise acertada, segundo Guillermo J. Diaz Vidal, CEO e fundador da Conceptha Construção Modular. “O mercado de construção de tipo modular e offside [fabricada fora do local de instalação, de forma industrializada] está crescendo muito e só vai se multiplicar. Deve alcançar US$ 51,9 bilhões até 2025, segundo relatório da Reportlinker”, disse. “E mesmo que existam vários modelos que usam diferentes materiais na estrutura, o aço é sem dúvida um dos mais importantes.”

Outro alvo da ArcelorMittal é a infraestrutura. O problema: apenas 12% das estradas brasileiras são asfaltadas, de acordo com estudo da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Para a ArcelorMittal, é uma oportunidade de fornecer aço para a pavimentação dos 88% restantes.

O saneamento básico é mais um exemplo. São 100 milhões de brasileiros sem esgoto tratado e 35 milhões sem acesso à água potável, indica o Instituto Trata Brasil.

Os avanços nesse segmento passarão pela produção da companhia luxemburguesa. “Se nós somos capazes de enxergar tudo isso e de ir em frente, administrar bem, fazer uma ótima gestão, acredito que teremos sempre sucesso”, afirmou De Paula, ao acrescentar outras oportunidades como a construção da Arena MRV, do Atlético Mineiro, que receberá jogos oficiais em agosto e consumiu mais de 10 mil toneladas de aço da ArcelorMittal.

Esse otimismo a organização tem exercido mesmo com a oscilação do setor de aço em 2022, depois de um 2021 com resultados excepcionais que elevaram a régua da base de comparação.

Ano passado o consumo de aço aparente no Brasil caiu 10,9%, para 23,4 milhões de toneladas. As vendas internas recuaram 9,1%, para 20,2 milhões de toneladas. E a produção de aço bruto encolheu 5,8%, para 34 milhões de toneladas. Enquanto isso, a ArcelorMittal registrou receita líquida de R$ 71,6 bilhões, 3,8% maior que no ano anterior, com lucro líquido de 9,1 bilhões, 29% menor do que 2021.

O plano de R$ 25 bilhões da ArcelorMittal no Brasil começou ano passado e vai até 2025. Com ele, a companhia vai aumentar em 38,5% a produção de suas plantas, dos atuais 12,7 milhões de toneladas de aço para 17,6 milhões de toneladas por ano. É o maior programa de investimentos no setor siderúrgico brasileiro.

As plantas serão modernizadas e ampliadas, e será produzido aço de maior valor agregado. Em março, concluiu também a aquisição da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), no Ceará, que passou a se chamar ArcelorMittal Pecém.

O processo de compra de 100% das ações — valor não revelado — começou em 2022. Com o negócio fechado, consolidou-se como a maior produtora de aço do Brasil e da América Latina.

A usina tem a capacidade de 3 milhões de toneladas por ano. Está localizada em ponto estratégico, com acesso ao Porto do Pecém, o que possibilita a integração da unidade à rede global de produção de aço da ArcelorMittal, visando principalmente o mercado de placas tanto nacional quanto internacional.
Alta resistência

No projeto de ampliações, a unidade de Monlevade terá sua capacidade praticamente duplicada dos atuais 1,2 milhão de toneladas por ano de aço bruto para 2,2 milhões de toneladas anuais. Na Mina do Andrade (MG), fornecedora de minério de ferro para a planta, a produção passará de 1,5 milhão para 3,5 milhões de toneladas por ano. Já na usina de Vega, em São Francisco do Sul (SC), ocorrerá a inserção de novos itens ao portfólio de produtos revestidos de alta resistência destinados aos setores automotivo e de eletrodomésticos, a partir do quarto trimestre deste ano. Na Mina Serra Azul, em Itatiaiuçu (MG), a expectativa é elevar a produção de 1,6 milhão para 4,5 milhões de toneladas por ano de minério de ferro. Já na usina de Barra Mansa (RJ) a fabricação de aço será aumentada em 500 mil toneladas ao ano, com ampliação do portfólio de produtos e soluções voltados aos mercados automotivo, de energia e da construção civil. Na planta industrial de Sabará (MG), a intenção é expandir a capacidade em 35% de trefilados.

Gabriel Meira, sócio da Valor Investimentos, avalia que em 2023 haverá diminuição do custo das commodities e isso deve impactar as vendas de forma geral da ArcelorMittal.

Mas estima-se que a retomada da economia e a retração da inflação vão acarretar em aumento na demanda por exportação, em especial minério de ferro e aço para infraestrutura. “Faz sentido o projeto da empresa em aproveitar para melhorar as fábricas e a produção em momento de demanda mais baixa, para estar pronta quando a demanda acelerar.”
ESG

A ArcelorMittal Brasil anunciou em abril uma joint venture com a Casa dos Ventos, uma das maiores desenvolvedoras e produtoras de projetos de energia renovável no Brasil, para geração de energia eólica total de 553,5MW, provenientes de 123 aerogeradores.

O empreendimento fornecerá 267MW para a ArcelorMittal, volume superior à média do estado do Amapá e o dobro do Acre. Existe possibilidade de expandir a capacidade, adicionando mais 100MW de energia solar.

A siderúrgica tem 55% de participação no negócio. O plano engloba R$ 4,2 bilhões, maior contrato do tipo no Brasil. O complexo Eólico Babilônia Centro ficará localizado na Bahia.

O projeto está atualmente em fase de licenciamento ambiental e regulatório, com obras previstas para começar ainda neste ano e operação em 2025.

O objetivo é descarbonizar uma parte considerável das operações da empresa no País. Deve atender 38% das necessidades totais de eletricidade da ArcelorMittal por aqui em 2030, e evitar a emissão anual de 208 mil toneladas de CO2 na atmosfera. O movimento é importante tanto no aspecto ambiental quanto no financeiro.

Segundo Jefferson De Paula, 6% dos custos da companhia no País são com energia elétrica. “Somos o sexto maior consumidor de energia elétrica no Brasil. Então é estratégico para nós.”

A joint venture é mais um passo que a companhia luxemburguesa dá em direção ao uso de fontes renováveis de energia e ao compromisso de liderar a descarbonização na indústria do aço. A meta é chegar a 2030 com redução de 25% nas emissões de CO2 e em 2050 tornar-se globalmente neutra em carbono.

Para isso, será preciso mudar completamente a fonte de energia para derretimento do minério de ferro. Uma planta-piloto já está em operação na Bélgica, com a proposta de ter um alto forno de gás natural. Hidrogênio verde também está na mira. Essas seriam as novas plantas.

Mas como ficariam as atuais? Seriam derrubadas? Não. Outro estudo em andamento capta na saída do forno os gases de efeito estufa que hoje são produzidos e os transforma para serem reutilizados em outra parte do processo de produção. “Não existe siderúrgica de forma sustentável nos próximos 50 anos se não passar por esse processo que nós estamos liderando agora no mundo”, disse De Paula.

Inovação

Nas estantes da sala de Jefferson De Paula, no 26º andar de um prédio da empresa na região central de Belo Horizonte, dois livros chamam a atenção.

Ensinando o Elefante a Dançar, de James A. Belasco, mostra que muitas empresas são pesadas e lentas como esses grandes animais e, para superar a resistência a mudanças, é preciso estimular os funcionários a usarem a própria criatividade para saírem da inércia.

E Espírito de Startup, de Glauter Jannuzzi e Ricardo Abreu, sugere que é preciso inovar — e rápido — na era das transformações digitais e disruptivas.

As leituras apontam que o executivo está focado no processo de inovação da ArcelorMittal. Essa virada de chave em uma das indústrias mais tradicionais — a siderúrgica — não é tarefa fácil.

Por isso a companhia coloca o funcionário dentro de sua estratégia digital. São 60 colaboradores treinados para observar e desenvolver tecnologias em suas áreas.

As sugestões desse projeto, denominado iNO.VC, são direcionadas para análise de subcomitês dos setores industrial, comercial e transversal, geridos pelo Departamento de Tecnologia da Informação. Outro braço tecnológico da companhia é o Açolab, inaugurado em 2018, primeiro hub de inovação aberta da indústria de aço no mundo. Está conectado a 8 mil startups.

Rodrigo Carazolli, gerente de Inovação, Novos Negócios e Startups da ArcelorMittal, ressalta que a empresa tem tradição forte em inovação fechada, das portas para dentro, com seus 16 centros de pesquisa no mundo e 1,5 mil engenheiros. “Agora nos estruturamos para capturar também valor por meio da inovação aberta. Tem gente muito competente dentro da empresa, mas fora também”, disse.

Esse modelo foi reforçado com um fundo de R$ 110 milhões em 2021. O Açolab Ventures irá investir em propostas que façam sentido para a siderúrgica.

Das 900 startups analisadas, quatro já foram investidas com um total de R$ 26 milhões. São elas Agilean (de planejamento de obras que se atualiza automaticamente conforme o andamento da construção), Modularis (de construção modular para a indústria), Beenx (one stop shop para a negociação de energia) e Sirros (especializada em IoT para a indústria 4.0).

Com tudo o que está no radar da empresa, em breve a historiadora Dominique Santana terá material para um segundo documentário.

ENTREVISTA
Jefferson de Paula, presidente da ArcelorMittal Brasil

O que faz a ArcelorMittal executar um investimento desse volume neste momento?
Temos plantas industriais em 16 países. A nossa performance no Brasil é muito eficiente. Somos benchmark em muitas coisas. Nossa gestão é muito bem valorizada lá fora. Acreditamos no potencial e no futuro do Brasil. A gente não pensa em governo Bolsonaro ou governo Lula. Nos mais de 100 anos da nossa história houve anos muito bons e muito ruins. Mas estamos sempre crescendo. O Brasil é um país de oportunidades para todos os lados, na habitação, na infraestrutura, com estradas, portos, aeroportos…

O sr. citou algumas vias de oportunidades, mas não o setor automotivo. Por quê?
A construção civil tem mais oportunidade. Porque é muito atrasada em produtividade e inovação. O setor automotivo já é um modelo de alta produtividade. Trabalhamos com esse segmento na avaliação do que vai ser o carro, o caminhão, o trator do futuro. Sabemos que vai ser elétrico, de biocombustível… E nossos produtos serão diferentes.

Quais são as dificuldades do setor siderúrgico?
A maior dificuldade é que o Brasil não cresce. O consumo de aço no Brasil em 1980 era de 105 quilos por habitante. Em 2022, são 108 quilos por habitante. Em 40 anos estamos estagnados. A média mundial é de 225 kg/hab. O México é de 190 kg/hab. Chile é 170 kg/hab. Na China em 1980 o consumo era de 20 kg/hab. Hoje é de quase 700 kg/hab. O Brasil tem 30 milhões de pessoas na linha da pobreza, 100 milhões não têm esgoto tratado, tem que avançar em infraestrutura.

O poder público precisa ser mais eficiente?
Sim. O Brasil é um país complexo para trabalhar. O Custo Brasil é altíssimo. Na Argentina, o gás natural custa US$ 4,00 o milhão do BTU. No Brasil, US$ 19,00. Porque não tem infraestrutura de transporte e distribuição de gás. As normativas mudam praticamente todos os dias. Nós temos mais de 100 pessoas trabalhando na área tributária aqui no Brasil. Nos Estados Unidos nós temos três pessoas. O Brasil é um país amarrado e tem de competir com EUA, China…

O sr. esteve com o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, em Brasília, levando pautas do Instituto Aço Brasil, do qual é chairman. Como foi recebido?
Saímos muito bem impressionados. Escutou e anotou. Achei muito preparado. Ele sabe o que fala. E o que não sabe, pergunta e anota. Eu disse que é importante a gente não ter sobressalto a todo momento. O decreto do Saneamento Básico havia sido aprovado e agora falam em voltar atrás. Reforma Trabalhista, aprovada, não pode voltar atrás. Tem coisas que são políticas de Estado.

Money Times - SP   05/06/2023

O Bradesco BBI atualizou a tese de investimento de mineração e siderúrgica após a recente correção nos preços das commodities e das ações do setor.

Embora siga na expectativa de que a recuperação da economia chinesa chegue entre o segundo semestre de 2023 e o primeiro semestre de 2024, sustentado por estímulos por parte do governo, a corretora adota uma abordagem mais seletiva em relação aos papéis com exposição ao gigante asiático.

Agora, apenas as ações da Gerdau (GGBR4) têm selo top pick pelo BBI, dada a geração de caixa saudável e os dividendos robustos da companhia (expectativa de 18% de rendimentos até 2024).

“Mantemos nossa preferência por nomes com maior visibilidade em termos de remuneração ao acionista e alocação de capital e/ou assimetria de valuation mais relevante”, explicam Thiago Lofiego, do BBI, e Renato Chanes, da Ágora Investimentos, em relatório divulgado na semana.

A preferência do BBI migrou de mineradoras a siderúrgicas. A instituição avalia que a combinação da melhora na demanda por aço nos próximos trimestres e uma produção chinesa mais restrita no segundo semestre deste ano ajudará na alta dos preços do aço daqui para frente.

“Prevemos que a chapa para exportação chinesa fique em média de US$ 610/tonelada no segundo semestre de 2023, contra os atuais níveis spot de US$ 530”, afirmam os analistas.

No caso da Gerdau, o BBI cita ainda os níveis de dívida líquida “ainda contidos” de R$ 5 bilhões, além do valuation atrativo, com a ação negociada a 3,9 vezes EV/Ebitda (valor da empresa sobre Ebitda) para 2024, ante 5 vezes que a corretora considera justo no momento.

Apesar da preferência por Gerdau, o BBI segue com recomendação de compra para Vale (VALE3), Usiminas (USIM5) e CSN Mineração (CMIN3) também.

Para as ações da CSN (CSNA3), holding que controla a CSN Mineração, a recomendação segue como “neutra”.

ECONOMIA

Agência Brasil - DF   05/06/2023

A produção industrial brasileira registrou queda de 0,6% em abril. O resultado ocorreu depois da alta de 1% no mês anterior. Naquele momento, o percentual interrompeu dois meses seguidos de recuo.

Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a produção da indústria recuou 2,7%. O acumulado do ano apresentou queda de 1% e, em 12 meses, mostra variação negativa de 0,2%.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou, nesta sexta-feira (2), os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), com esses resultados, a indústria ainda se encontra 2% abaixo do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 18,5% aquém do ponto mais alto da série histórica, obtido em maio de 2011.

O gerente da PIM, André Macedo, observou que diferentemente dos últimos três meses do ano passado, quando houve saldo positivo acumulado de 1,5%, no início de 2023, há uma maior presença de resultados negativos. “Em abril, observamos uma maior disseminação de quedas na produção industrial, alcançando 16 dos 25 ramos industriais investigados. Esse maior espalhamento de resultados negativos não era visto desde outubro de 2022”, ressaltou, em texto publicado pelo IBGE.
Segmentos

Conforme a pesquisa, os produtos alimentícios (-3,2%), máquinas e equipamentos (-9,9%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,6%), foram as principais influências negativas para o desempenho do indicador em abril. Entre as três influências, o setor de produtos alimentícios foi o responsável pelo maior impacto negativo no resultado deste mês, ao ter o quarto mês seguido de recuo na produção. No período, a perda acumulada é de 7,3%.

De acordo com o gerente, anteriormente à sequência de retrações, o setor teve resultados positivos por três meses consecutivos, o que resultou em um ganho acumulado de 20,2%, o que para ele, ainda significa um saldo positivo. “Em abril houve grande influência negativa por parte da produção de açúcar. Isso teve relação direta com um maior volume de chuvas, especialmente na segunda quinzena do mês, nas regiões produtoras de cana-de-açúcar da região Centro-Sul do país”, contou, lembrando que a queda foi atenuada pela retomada do crescimento de carnes de bovinos, após ter sido atingida pelas restrições de exportação para a China.

Já o setor de máquinas e equipamentos, com a queda de 9,9%, eliminou o crescimento de 6,7% anotado em março. “Neste mês, houve queda disseminada nos seus principais grupamentos”, apontou o IBGE.

Após registrar variação nula nos meses de fevereiro e março, o segmento de veículos automotores, reboques e carrocerias teve redução de 4,6%. “Automóveis e caminhões, que são os itens de maior peso na atividade, tiveram queda na produção”, completou.

O gerente destacou que o segmento é um exemplo dos efeitos da manutenção da taxa de juros em níveis elevados, que provoca encarecimento e a maior dificuldade na concessão do crédito. A indústria e, em especial, o setor são impactados ainda por altas taxas de inadimplência e o maior endividamento das famílias. Segundo o pesquisador, esses não são os únicos fatores. Conforme revelou, permanece a dificuldade na obtenção de componentes eletrônicos para o setor. “Por conta disso, observa-se uma maior frequência de paralisações, reduções de jornadas de trabalho e férias coletivas”, concluiu.

A influência negativa no indicador se estende ainda a equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-9,4%), indústrias extrativas (-1,1%), bebidas (-3,6%), produtos de metal (-3,3%), outros equipamentos de transporte (-5,2%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-2,9%).

Em sentido contrário, entre as nove atividades que tiveram aumento na produção, o maior impacto positivo em abril partiu do setor de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis que apresentou avanço de 3,6%. “Trata-se do terceiro resultado positivo em sequência do setor, período em que acumulou crescimento de 6,3%”, indicou o IBGE.

Nas grandes categorias econômicas, houve recuos nos setores de bens de capital (-11,5%) e bens de consumo duráveis (-6,9%). O movimento foi diferente em bens de consumo semi e não duráveis, que registrou alta de 1,1% e em bens intermediários com ganho de 0,4%. A primeira eliminou a perda de 0,6% acumulada na passagem de fevereiro para março e a segunda teve expansão de 1,8% decorrente de três meses seguidos de aumento na produção.
Comparação interanual

Em relação a abril de 2022, a indústria registrou queda de 2,7%, com resultados negativos em 18 dos 25 ramos pesquisados. “As principais influências negativas vieram de produtos químicos (-12,2%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-9,7%) e máquinas e equipamentos (-14,3%)”, apontou o IBGE.

Houve recuo ainda em Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-15,7%), metalurgia (-5,5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-12,2%), produtos de metal (-8,7%), produtos de minerais não metálicos (-9,6%), bebidas (-7,2%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-9,9%) e produtos de madeira (-15,9%).

As maiores influências positivas ficaram por conta de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,2%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (18,1%). Os resultados positivos também foram notados nos ramos de produtos alimentícios (2%), de indústrias extrativas (1,4%) e de outros equipamentos de transporte (19,2%).
Pesquisa

De acordo com o IBGE, desde a década de 1970, a PIM Brasil produz indicadores de curto prazo, “relativos ao comportamento do produto real das indústrias extrativas e de transformação”.

Depois de reformulação para atualizar a amostra de atividades, produtos e informantes, a partir de março de 2023, começou a divulgação da nova série de índices mensais da produção industrial. Além disso, foi elaborada uma nova estrutura de ponderação dos índices com base em estatísticas industriais mais recentes, houve atualização do ano base de referência da pesquisa e a incorporação de novas unidades da federação na divulgação dos resultados regionais.

A próxima divulgação da produção industrial será em 4 de julho.

CNN Brasil - SP   05/06/2023

A atividade industrial da China voltou a crescer de forma inesperada em maio, mostrou uma pesquisa do setor privado nesta quinta-feira (1°), impulsionada pela melhora na produção e na demanda, ajudando empresas em dificuldades que foram atingidas pela queda nos lucros.

O Índice de Gerentes de Compras (PMI) de indústria do Caixin/S&P Global subiu para 50,9 em maio, de 49,5 em abril, acima da marca de 50 pontos que separa crescimento da contração.

A leitura superou a expectativa de 49,5 em uma pesquisa da Reuters, um forte contraste com a contração mais profunda apontada no PMI oficial, divulgado na quarta-feira.

A recuperação da China de suas rígidas restrições contra a Covid tem sido frágil e desigual, com os indicadores econômicos de abril mostrando queda das importações, preços de fábrica e investimentos imobiliários.

“Precisamos de mais tempo para ver se a melhora será sustentada, mas é uma boa notícia para a economia chinesa”, disse Zhou Hao, economista da Guotai Junan International, em nota. “Ainda é necessário mais suporte para impulsionar a demanda doméstica”.

Os subíndices mostraram que a produção industrial aumentou no ritmo mais rápido em 11 meses, enquanto os novos pedidos, incluindo de exportações, aumentaram em maio.

No entanto, a confiança empresarial para os próximos 12 meses caiu para uma mínima de sete meses em meio a preocupações com as perspectivas econômicas globais.

Money Times - SP   05/06/2023

Entra e sai indicador e o mercado só quer saber uma coisa: quando o Banco Central vai começar a afrouxar a sua política econômica e reduzir a Selic. Desde agosto do ano passado, a taxa básica de juros está sendo mantida no patamar de 13,75% ao ano em uma tentativa de controlar a inflação.

Agora, quase 10 meses de manutenção – e mais de dois anos desde que começou o processo de altas –, a economia começa a dar sinais de que o Banco Central pode pegar mais leve.

Confira os indicadores que mostram que a Selic alta funcionou

Inflação

Nas últimas semanas, as projeções para a trajetória da inflação estão melhorando, levando em conta tanto a queda da prévia do Índice de Preços do Consumidor Amplo (IPCA-15) para maio, quanto a aprovação do arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados.

Os economistas já reduziram pela segunda semana seguida as projeções de inflação, segundo dados do Relatório Focus. A primeira foi no dia 22 de maio, quando as projeções de inflação passaram de 6,03% para 5,80%. Na época, a Petrobras (PETR3; PETR4) anunciou uma mudança na sua política de preços e cortes relevantes nos combustíveis vendidos em suas distribuidoras.

Já na semana passada, a Câmara dos Deputados aprovou a proposta do arcabouço fiscal com um placar favorável para o governo. Agora, o texto está para análise no Senado.

Além disso, prévia da inflação, subiu 0,51% em maio, desacelerando-se em relação à alta de 0,57% apurada em abril. O indicador acumulada alta em 12 meses de +4,07%, de +4,16% no mês anterior.

PIB

No primeiro trimestre, Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,9%. No período, o PIB em valores correntes totalizou R$ 2,6  trilhões, sendo R$ 2,2 trilhões referentes ao Valor Adicionado a preços básicos e R$ 317,1 bilhões aos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.

Os dados mostram que houve crescimento expressivo na Agropecuária (21,6%), seguido pela alta de 0,6% em Serviços. Já a Indústria registrou queda de 0,1%.

Pela ótica da demanda, o consumo das famílias avançou 0,2% em relação ao trimestre anterior, que somou R$ 1,6 trilhão. Já a despesa do consumo do Governo, por sua vez, cresceu 0,3%, somando R$ 416 bilhões.

No setor externo, as Exportações de Bens e Serviços caíram 0,4%, enquanto as Importações de Bens e Serviços recuaram 7,1%.

Na teoria, uma taxa de juros alta deveria desacelerar a economia – que foi o que aconteceu em 2022. No entanto, João Piccioni, analista da Empiricus Research, destaca para um arrefecimento do consumo das famílias.

“Foi um PIB muito forte puxado, na verdade, pelo agro e também é nítido que você tem uma balança comercial muito robusta. Mas quando você olha os demais vetores, o consumo das famílias, por exemplo, vem desacelerando. É bem nítido que o crescimento do consumo das famílias avançou só 0,2% e já é um crescimento menor do que a gente viu no quarto trimestre em relação ao terceiro trimestre de 2022”, disse, durante o Giro do Mercado.

Segundo Piccioni, o fato de o consumo das famílias não crescer já é uma prova dos efeitos da Selic. “Com o cenário de desinflação, a dinâmica de taxa de juros deve se tornar mais favorável. Provavelmente, Roberto Campos Neto vai começar a conduzir uma política de afrouxamento monetário no segundo semestre”, completa.
Alívio monetário

Apesar das melhoras, as apostas em relação ao início da queda da Selic seguem apontando para mudanças apenas no segundo semestre, entre agosto e setembro. A taxa básica de juros está sendo mantida no patamar de 13,75% ao ano desde agosto do ano passado.

A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) está marcada para os dias 20 e 21 de junho.

durante a Prêmio Inovação para o Desenvolvimento Econômico, Roberto Campos Neto destacou que, pela primeira vez na história, o mundo passa por um surto de inflação e o Brasil registra índices de preços abaixo da média internacional.

Segundo ele, esse resultado se deu, em parte, à decisão da autoridade monetária brasileira de começar a subir os juros antes das demais economias.

Campos Neto também apontou que a inflação cheia no Brasil foi a que mais caiu entre os países emergentes, mas que os núcleos ainda demandam atenção. “Vemos que a média de núcleos está caindo, o que é bom, mas mais lentamente que o esperado”, disse. “Ainda temos expectativas de inflação de longo prazo elevadas”, completou.

Agência Brasil - DF   05/06/2023

Num dia de otimismo no mercado global, o dólar voltou a cair para abaixo de R$ 5 e atingiu o menor valor em pouco mais de duas semanas. A Bolsa de Valores (B3) subiu quase 2% e chegou ao maior nível desde o fim de janeiro.

O dólar comercial encerrou esta sexta-feira (2) vendido a R$ 4,953, com queda de R$ 0,054 (-1,07%). A cotação iniciou a sessão estável, mas despencou após a abertura do mercado norte-americano. Na mínima do dia, por volta das 11h, a moeda chegou a ser vendida a R$ 4,94.

No menor valor desde 17 de maio, o dólar acumula queda de 2,37% nos dois primeiros pregões de junho. Em 2023, a divisa caiu 6,19%.
Ações em alta

No mercado de ações, o dia também foi marcado pela euforia. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 112.558 pontos, com alta de 1,8%. O indicador atingiu o maior nível desde 31 de janeiro, impulsionado por ações de mineradoras e de petroleiras, que subiram por causa de dados econômicos favoráveis na economia chinesa.

Com os ganhos dos últimos dois dias, o Ibovespa marcou a sexta semana seguida de alta. Esse é o melhor desempenho acumulado desde o período entre o início de novembro e a metade de dezembro de 2020, quando o mercado financeiro global reagia à eleição do presidente norte-americano, Joe Biden, e ao início da recuperação da atividade econômica após a fase mais aguda da pandemia de covid-19.

Em todo o planeta, o mercado financeiro global teve um dia de trégua. Nos Estados Unidos, a aprovação pelo Senado do acordo que amplia o teto da dívida pública por dois anos eliminou as tensões acumuladas nos últimos dias.
Juros

Mesmo com a divulgação de que os Estados Unidos geraram mais empregos que o esperado em maio, aumentaram as apostas de que o Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano) manterá os juros entre 5% e 5,25% ao ano no próximo encontro. Na China, a preparação de medidas de estímulo ao mercado imobiliário resultou em valorização das commodities (bens primários com cotação internacional), que beneficiou países emergentes como o Brasil.

Agora, a Agência Brasil está dando as matérias sobre o fechamento do mercado financeiro apenas em dias extraordinários. A cotação do dólar e o nível da bolsa de valores não são mais informados diariamente.

O Estado de S.Paulo - SP   05/06/2023

Após um breve período de valorização entre meados de março e meados de maio de 2023 (de R$ 5,30/US$ 1,00 para R$ 4,90/US$ 1,00), a taxa de câmbio no Brasil reverteu a trajetória e mostrou desvalorização nos últimos 15 dias de maio, atingindo R$ 5,07/US$ 1,00 no fim do mês, voltando a se valorizar na semana seguinte. Uma pergunta que tem preocupado os analistas é se essa volatilidade é de caráter conjuntural ou se é estrutural, decorrente dos fundamentos da economia brasileira e da economia mundial.

As variáveis mais importantes que afetam a trajetória da taxa de câmbio são: a sustentabilidade fiscal, os diferenciais de taxa de juros entre o Brasil e os Estados Unidos e entre o Brasil e seus pares emergentes e as expectativas quanto ao comportamento desses diferenciais no futuro próximo.

Após a divulgação do arcabouço fiscal e sua aprovação pela Câmara dos Deputados, a variável que parece estar dominando o comportamento da taxa de câmbio é, exatamente, a expectativa quanto ao comportamento do diferencial de juros.

O diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos está bastante elevado. Enquanto no Brasil a Selic está em 13,75% ao ano, nos Estados Unidos a taxa básica de juros está entre 5,0% e 5,25% ao ano. Entretanto, enquanto nos Estados Unidos as expectativas apontam para um provável aumento de pelo menos 0,25 ponto de porcentagem (p.p.) da taxa básica de juros, o que a levaria para o nível entre 5,25% e 5,5% ao ano, no Brasil a expectativa é de que o Banco Central deverá reduzir a Selic em setembro e terminar 2023 com a taxa básica de juros próxima a 12,0% ao ano. Isso significaria uma redução do diferencial de 8,5 p.p. para 6,5 p.p., ou seja, 2,0 p.p. em menos de seis meses.

Além disso, praticamente todos os países emergentes estão aumentando suas taxas de juros. Como a expectativa é de que o Brasil deverá ser o primeiro país a iniciar o processo de redução da taxa de juros, o diferencial de juros entre o Brasil e seus pares também deverá diminuir.

Enquanto as expectativas quanto ao comportamento das taxas de juros internacionais não estabilizarem, teremos volatilidade na taxa de câmbio. Com taxas de juros internacionais mais elevadas, a taxa neutra de juros (a taxa que mantém a inflação constante) no Brasil deve também estar mais alta. O espaço para a redução de juros vai depender, cada vez mais, das políticas monetárias “internacionais”.

O Estado de S.Paulo - SP   05/06/2023

O crescimento de 1,9% da economia no primeiro trimestre do ano, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi o samba de uma nota só, executado no compasso do agronegócio. Mais do que segurar, o agro catapultou o Produto Interno Bruto (PIB) a um patamar acima das expectativas, contribuindo para o desempenho positivo do setor de serviços e impedindo a queda mais acentuada da indústria.

O avanço exuberante de 21,6% da agropecuária no período deixa a falsa impressão de que a economia brasileira vai bem. Não vai, como indicam a estagnação do consumo das famílias, com 0,2% de alta, e o tombo de 3,4% no investimento. O agro vai bem. E, apesar da improvável repetição, nos próximos trimestres, da mesma pujança do início do ano, já garantiu com o saldo a revisão das projeções para o crescimento econômico de 2023, que deve se situar em torno de 2%, como previra o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

A demonstração de força do agronegócio ocorre num momento em que estão sendo discutidas as condições do Plano Safra 2023/24. Por isso não foi mera coincidência o resultado do PIB ter sido comemorado com mais entusiasmo pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, do que pelo próprio Haddad. “É um PIB espetacular, mostrando a força da economia”, vibrou Fávaro. “Devemos ter cautela, porque o agro veio muito forte”, ponderou Haddad.

O presidente Lula da Silva preferiu enveredar por um caminho transverso, com loas à suposta capacidade que programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, têm de devolver o poder de consumo à população. O problema é que o consumo patinou no trimestre e, ademais, o PIB do primeiro período do ano é um fruto que está sendo colhido de uma árvore que não foi plantada pelo atual governo, e sim pelo anterior. Nem haveria tempo para isso.

Os elogios de Lula ao agronegócio vieram a público por intermédio de seu ministro da Agricultura, que anunciou ter recebido do chefe orientações para dar ao Plano Safra todo o apoio necessário. De Lula propriamente, no entanto, suas declarações mais recentes a respeito dos empresários do agro foram farpas.

No mês passado, para justificar sua presença em uma feira agrícola na Bahia, disse estar ali para “fazer inveja” a “alguns fascistas de São Paulo”, numa clara alusão à atitude desastrosa de representantes da Agrishow, de Ribeirão Preto, semanas antes, no “desconvite” ao ministro Fávaro, uma retaliação aos afagos de Lula ao MST.

É preciso governar mirando o crescimento do País, e isso deveria ser mandatório para um governo que se diz interessado no bem-estar dos mais pobres. Já há alguns anos, o segmento produtivo com mais força na alavanca impulsionadora do crescimento é a agropecuária e sua agroindústria, e isso se traduz em influência cada vez maior do agronegócio na tomada de decisões do Congresso. Logo, não é inteligente, como fazem os petistas, antagonizar esse setor nem, muito menos, sugerir que seus empresários são “fascistas”. É preciso respeitá-los. O PIB agradece.

O Estado de S.Paulo - SP   05/06/2023

Pelo menos no curto prazo, o economista Marcos Lisboa afirma que os sinais da economia são melhores do que o cenário que se observava na virada do ano. Na avaliação do ex-presidente do Insper, os fatores que contribuem para essa visão mais positiva são o reconhecimento do governo sobre a necessidade de ter “um certo controle de gastos”, a reforma tributária liderada por Bernard Appy e os dados melhores de emprego e atividade econômica.

“E tudo indica que vamos ter uma queda da inflação nos próximos meses, que é mais uma boa notícia. Houve avanços importantes nesse período e que estão colaborando para uma melhora do cenário a curto prazo”, afirma.

A dúvida de Lisboa - que ocupou o cargo de secretário de Política Econômica no primeiro governo Lula - é se esse cenário de melhora continua no médio prazo. A economia brasileira, de acordo com ele, lida com problemas estruturais microeconômicos que afetam o investimento e a capacidade de crescer de forma sustentável por vários anos.

“Agora, qual é o fôlego dessa melhora? O País reduziu a incerteza na questão fiscal e está tendo uma safra (agrícola) fantástica”, diz. “A questão é aproveitar este momento para, primeiro, avançar na reforma tributária. Segundo, o fiscal vai cobrar seu preço mais tarde. E tem toda uma agenda de melhora da produtividade, de resolver essas incertezas sobre ambientes regulatórios, para que esse ciclo seja mais longo.”

A seguir os principais trechos da entrevista concedida ao Estadão

Qual é a avaliação que o sr. faz do desempenho da economia neste início de ano?

Tivemos boas notícias neste primeiro semestre. Primeiro, a equipe econômica reconhecendo a necessidade de ter um certo controle de gastos. Foi uma mudança importante em relação ao que era o discurso usual anterior. Tem uma reforma tributária liderada pelo Bernard Appy. E a gente precisa ter gratidão ao Bernard por tudo o que ele tem lutado para fazer uma reforma técnica, com as melhores evidências das práticas dos outros países, dos problemas que nós enfrentamos. É uma reforma muito importante para o País poder melhorar o seu ambiente de negócios. Os dados têm vindo bons, de emprego e atividade econômica. Essa é outra boa notícia. E tudo indica que vamos ter uma queda da inflação nos próximos meses, que é mais uma boa notícia. Houve avanços importantes nesse período e que estão colaborando para uma melhora do cenário no curto prazo.
E leitura de médio prazo, qual é?

O ponto preocupante é a capacidade de manter um crescimento mais elevado no Brasil a médio prazo. O País tem uma série de problemas estruturais microeconômicos que afetam o investimento, a segurança jurídica e a capacidade de crescer de forma sustentável por vários anos. Nos 40 anos até a pandemia, a história do Brasil é de anos de bons crescimentos, de 2,8%, em média, do PIB por habitante, que é um número bom, mas não é espetacular, abaixo dos demais emergentes. E houve muitos anos ruins. Nesses 40 anos, a gente teve 14 anos de queda do PIB por habitante. Essa tem sido um pouco a história do Brasil. A gente tem anos razoavelmente bons no cenário internacional, mas temos muitos anos ruins.
Por que isso acontece?

Esse fenômeno estrutural, essa característica do Brasil parece estar associada a dois componentes. Um é o ambiente de negócios, que é muito prejudicial à produtividade, ao crescimento econômico e ao investimento de longo prazo. O segundo é a dificuldade do País, em alguns momentos, de lidar com os ajustes quando eles são necessários. A gente viu isso no começo da década passada. Era preciso fazer ajustes, estava com problema de inflação alta, havia questões da política macroeconômica. E o que o País fez foi dobrar a aposta. O Banco Central reduziu os juros em agosto de 2011, quando a inflação estava acima da meta, o governo dobrou a aposta em estimular o investimento, e a gente sabe como aquilo terminou. A economia foi desacelerando, a inflação subiu, e acabamos entrando em uma grave recessão.

Essa preocupação com o médio prazo está na agenda do governo?

A prioridade é a reforma tributária. O Brasil é completamente disfuncional em relação ao resto do mundo. A gente tem um sistema bastante complexo, com muitas regras que vão na contramão de um sistema tributário que auxilia o crescimento. É um sistema tributário que induz firmas a escolherem tecnologias ineficientes, com regras muito peculiares em comparação ao que é adotado no resto do mundo. O resultado é que o Brasil tem um contencioso tributário - quando se soma o que está no nível administrativo com o que está na esfera judicial - de 75% do PIB. É o tamanho do contencioso entre Receita e contribuinte. É um número muito alto. Nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), esse número é 0,28% do PIB, incrivelmente menor. Na América Latina, tirando o Brasil, é de 0,19% do PIB. Isso mostra a disfuncionalidade do nosso sistema.
E o que mais faz parte dessa agenda?

A gente tem de enfrentar alguns temas que são muito difíceis. O País tem muita dificuldade de realizar investimentos de longo prazo. Tem muita insegurança sobre as leis e as normas, tem uma fragilidade das agências reguladoras muito grande. São muitas intervenções. Em outros países, a tradição é ter uma lei que dá uma moldura legal, dá uma alçada para as agências de Estado. O Judiciário respeita essa alçada e não entra no mérito das decisões. Os contratos são honrados. Isso não acontece no Brasil. No Brasil, a agência pode ter uma alçada prevista em lei, mas as decisões são frequentemente revistas, alteradas, contratos são rompidos, como ocorreu com muitas concessões. Isso desestimula o investimento em infraestrutura. É preciso um ambiente de negócios favorável para ter os grandes investimentos que o Brasil precisa para poder crescer de forma sustentada.
Qual é a capacidade do governo em lidar com tantos interesses e aprovar uma reforma tributária de qualidade?

É um debate muito difícil, mas que precisa ser enfrentado. Tem muito ruído, muita confusão e desconhecimento. E tem muitos interesses que falam: ‘Não, não. Eu sou diferente dos demais e mereço pagar menos imposto’. Mas como assim? Isso gera disfunções. Eu acho que tem um trabalho grande não só na política, mas na sociedade, de explicar por qual razão a reforma é boa. A política social, por exemplo, não tem de se dar nos impostos indiretos, tem de se dar no gasto público. É muito mais eficaz e socialmente construtivo tratar os problemas sociais no gasto público do que nos impostos sobre consumo. E isso é a evidência. Há um trabalho do Ministério da Fazenda que mostra que, se você cobrar os tributos sobre o consumo na cesta básica e transferir esse dinheiro para o Bolsa Família, aumentando o programa, tem um impacto maior na desigualdade.
O sr. apontou que a equipe econômica reconheceu a importância de controlar os gastos, mas há uma leitura de parte dos economistas de que o arcabouço tem duração curta. Qual é a sua avaliação?

O arcabouço é um avanço em relação ao discurso anterior à eleição. Devemos reconhecer isso. Mas, quando se olha o quadro total, é inconsistente. Com o fim do teto de gastos, volta a indexação de educação e saúde à receita corrente. O governo também anda a anunciar a volta de crescimento real do salário mínimo com base no PIB de dois anos antes e os aumentos reais para os servidores. Não fecha. Não tem aumento de receita que dê conta do problema. Se o governo quiser cumprir o arcabouço e estabilizar a (relação) dívida/PIB, vai ter de rever esses itens. São reformas difíceis. Saúde e educação estão indexadas na Constituição, e tem as promessas que o governo fez. Vão ter de ser feitos ajustes e não vai demorar muito.
E o que explica o otimismo, então?

Eu acho que reduziu a incerteza. De novo, tem notícias boas. A economia saiu do ano passado bem melhor do que se esperava, entrou neste ano bem mais forte. O Brasil, relativamente, melhorou em comparação com o resto do mundo. Agora, qual é o fôlego dessa melhora? O País reduziu a incerteza na questão fiscal e está tendo uma safra (agrícola) fantástica. Claro, alguns setores estão com muita dificuldade. A indústria já vem com uma dificuldade de muito tempo, o varejo está sofrendo, mas, na média, as coisas estão melhores. Devemos ter meses muito bons relativamente. A questão é aproveitar este momento para, primeiro, avançar na reforma tributária. Segundo, o fiscal vai cobrar seu preço mais tarde. E tem toda uma agenda de melhora da produtividade, de resolver essas incertezas sobre ambientes regulatórios, para que esse ciclo seja mais longo.

O sr. aponta a dificuldade da indústria e mostra uma preocupação com o longo prazo. Como vê as recentes sinalizações do governo para o setor?

Vamos ver o que aconteceu no passado. Pega os anos 90, os anos 2000 até 2010, a indústria no Brasil estava diminuindo, mas estava em linha com o que acontecia no resto do mundo. Era o padrão mundial. Quando você pega o valor adicionado, está cada vez mais em serviços e menos na velha manufatura. A partir de 2010, o governo adotou uma agenda de fortalecer a indústria de várias maneiras. Isso já vinha antes, com regras de conteúdo nacional ou expansão do crédito subsidiado para vários setores. Eram programas muito caros e abrangentes para proteger algumas manufaturas, como foi o caso do Inovar-Auto na indústria automobilística, plataformas nacionais de petróleo, muito crédito subsidiado. Houve uma agenda muito extensa para fortalecer a indústria.
Os resultados foram ruins...

Deu tudo errado. A indústria brasileira, que tinha uma tendência assemelhada aos demais países, descolou. Esses projetos fracassaram. Não deram o retorno esperado. Eu temo que a gente esteja repetindo o mesmo erro. É um equívoco achar que o País vai ter uma indústria automobilística moderna, saudável, com essas políticas de desoneração fiscal. E vamos combinar? Não dá pra chamar de carro popular. A população média no Brasil ganha R$ 2 mil, R$ 3 mil, R$ 4 mil por mês. Não é ela que vai se beneficiar de um carro de R$ 50 mil. É uma política para beneficiar uma parte da elite - que, agora, vai poder comprar seus carros - e os acionistas das montadoras. E não garante a resolução dos problemas estruturais do País.
E qual seria o caminho para a indústria?

A nossa indústria automobilística, a indústria em geral, deveria estar mais integrada no mundo. O agronegócio tem o sucesso que tem porque ele vende para o mundo inteiro. São empresas que investem muito em tecnologia para serem cada ano melhores, para poder competir com os produtores de outros países. Essa deveria ser uma agenda para uma manufatura moderna no Brasil, de investimento em inovação, competição com outros países, pegar as melhores tecnologias de outros países. Vamos nos especializar, fazer algumas manufaturas que a gente é capaz de fazer muito bem por algumas vantagens que temos. E vamos comprar o que a gente não consegue fazer bem de outros países. Vamos modernizar o setor. Mas, infelizmente, a agenda que domina no Brasil é a do passado.

IstoÉ Online - SP   05/06/2023

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação na cidade de São Paulo, subiu 0,20% em maio, desacelerando de forma significativa em relação à alta de 0,43% de abril e também ante o acréscimo de 0,38% observado na terceira quadrissemana do mês passado, segundo dados publicados nesta sexta-feira, 2, pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

O resultado de maio ficou abaixo das estimativas de instituições de mercado consultadas pelo Projeções Broadcast, de altas de 0,27% a 0,32%, com mediana de 0,29%.

Nos primeiros cinco meses do ano, o IPC-Fipe acumulou inflação de 2,09%. No período de 12 meses até maio, o índice subiu 4,29%, vindo também abaixo das expectativas.

No quinto mês de 2023, cinco dos sete componentes do IPC-Fipe perderam força ou passaram a mostrar deflação: Alimentação (de 0,86% em abril a -0,01% em maio), Transportes (de 0,35% a -0,03%), Saúde (de 2,05% a 0,56%), Vestuário (de 0,97% a 0,83%) e Educação (de 0,16% a 0,11%).

Por outro lado, os custos de Habitação ficaram estáveis em maio, após caírem 0,04% em abril, enquanto as Despesas Pessoais subiram 0,86% no último mês, revertendo queda de 0,08% de abril.

Veja abaixo como ficaram os componentes do IPC-Fipe em maio:

– Habitação: 0,00%

– Alimentação: -0,01%

– Transportes: -0,03%

– Despesas Pessoais: 0,86%

– Saúde: 0,56%

– Vestuário: 0,83%

– Educação: 0,11%

– Índice Geral: 0,20%

MINERAÇÃO

CNN Brasil - SP   05/06/2023

O minério de ferro negociado na bolsa de Dalian subiu nesta sexta-feira (2) para uma máxima de seis semanas, enquanto o preço de referência em Cingapura atingiu o maior nível em duas semanas, estendendo um rali estimulado pelo crescimento surpreendente na atividade industrial da China em maio.

O minério de ferro também caminha para fortes ganhos semanais, já que os comentaristas do mercado continuaram a especular sobre o lançamento de estímulos adicionais para apoiar uma recuperação econômica pós-Covid no maior produtor de aço do mundo, a China.

O contrato do minério de ferro mais negociado na bolsa chinesa de Dalian encerrou as negociações com alta de 2,9%, a 745,50 iuanes (US$ 107,85) a tonelada, abaixo da máxima da sessão de 755,50 iuanes, mais alto valor desde 21 de abril.

O minério de ferro de Dalian avançou quase 9% esta semana, “em um sinal de que os traders do continente estão ficando mais otimistas com as perspectivas de demanda na China, disseram analistas da Westpac em nota.

Na Bolsa de Singapura, contrato de referência do minério de ferro para julho subiu 1,7%, para 103,80 a tonelada, ampliando seu ganho semanal em cerca de 6%.

A atividade fabril da China inesperadamente voltou a crescer em maio, mostrou o índice de gerentes de compras de manufatura da Caixin/S&P Global na quinta-feira (1º).

Analistas, no entanto, disseram que mais suporte político é necessário para garantir que a recuperação econômica da China seja sustentada, já que outros dados de atividade não foram inspiradores, incluindo a produção industrial do país em abril, que cresceu muito menos do que o esperado.

Correio Braziliense - DF   05/06/2023

O Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado hoje, é uma data para reafirmar a importância de proteger, conservar o meio ambiente e prestar contas sobre o que cada um está fazendo nesse sentido. Narrativas, apenas, não bastam. Assim é para o setor mineral. A mineração está no centro de conflitos constantes entre as necessidades de preservação do meio ambiente e o inegável desenvolvimento socioeconômico que essa atividade gera. Por isso, é fundamental que ela esteja profundamente comprometida com a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental para ser reconhecida como um setor produtivo que busca atuar em harmonia com o ambiente.

A Agenda ESG da Mineração do Brasil, estruturada pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) a partir de 2019, é uma das respostas às tragédias com barragens de duas mineradoras. A proposta da Agenda ESG é, também, demonstrar à sociedade que o setor mineral assimilou essa responsabilidade. Em um primeiro momento, manifestou seu lamento e, em seguida, passou a promover transformações em seus processos para se tornar ainda mais seguro, responsável e sustentável, em sintonia com as boas práticas ESG — relacionadas ao meio ambiente, às pessoas e à governança.

Essa etapa de evolução da mineração elenca pilares de ações em 12 áreas: segurança de processos, barragens e estruturas de disposição de rejeitos, saúde e segurança ocupacional, mitigação de impactos ambientais, desenvolvimento local e futuro dos territórios, relacionamento com comunidades, comunicação e reputação, diversidade e inclusão, inovação, água, energia, gestão de resíduos.

Convém sublinhar que, há muitos anos, a preocupação pró-ambiental já estava inserida na sua raiz corporativa das mineradoras. O Livro verde da mineração do Brasil, lançado pelo Ibram em janeiro de 2023, é uma amostra disso e, ao mesmo tempo, presta contas à sociedade sobre as múltiplas iniciativas pró-ambientais efetivadas pelo setor.

Relacionado à Agenda ESG do setor, um estudo conduzido pela Consultoria Falconi em 2022 demonstra que, em termos de maturidade nesse conjunto de boas práticas, as mineradoras possuem “padrões de tratamento e gerenciamento dessa agenda, buscam a geração de valor sustentável e compartilhado”.

O setor mineral também está engajado nas ações voltadas a mitigar os danos à vida e ao ambiente, em especial na Amazônia, causados pelo garimpo ilegal. Tem articulado apoio junto a ONGs, academia, governo brasileiro e de outros países para coibir essa atividade criminosa, bem como a comercialização do ouro que produz.

Outro ponto em relação à Amazônia é a promoção de discussões de alto nível que possam colaborar para construir um projeto de desenvolvimento sustentável para aquela região, como se pretende na Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, a ser realizada no 2º semestre, que conta com a iniciativa do Instituto Brasileiro de Mineração.

Além dessas muitas ações, a indústria da mineração atua para expandir a oferta de minerais estratégicos, de modo que o planeta efetive uma plataforma real de transição para uma economia de baixo carbono e, assim, consiga avanços no combate aos riscos climáticos. Sem esses minérios, não há como desenvolver inovações tecnológicas ou fabricar equipamentos que, por exemplo, permitam substituir combustíveis fósseis por fontes renováveis, que minimizem os impactos da atividade produtiva no ambiente, e muito mais.

Para a construção e a manutenção de um parque de energia eólica, por exemplo, são necessários diversos minérios, como bauxita (minério de alumínio), agregados da construção civil (argila, areia e cascalho), cobalto e terras raras (ímãs e baterias), cobre e zinco (fiação), calcário (cimento), minério de ferro (aço), molibdênio (ligas especiais).

Esse papel preponderante para o cumprimento das agendas ambientais globais — mais uma ação do setor relacionada a ESG – sinaliza que a mineração é importante e necessária parceira definitiva para o desenvolvimento socioambiental e econômico do planeta no longo prazo.

Valor - SP   05/06/2023

O volume de ações alugadas da mineradora, que chegou a R$ 25 bilhões em dezembro, estava em R$ 12 bilhões até ontem, segundo dados do TradeMap

As ações ligadas às commodities metálicas se destacam no pregão desta sexta-feira, na medida em que investidores voltam a sonhar com estímulos econômicos na economia chinesa. Por volta das 13h30, o Ibovespa saltava 1,78%, aos 112.537 pontos, enquanto Vale ON subia 4,21%, Gerdau PN avançava 4,28%, Usiminas PNA +3,91% e CSN ON +4,91%.

O minério de ferro avançou 2,90% em Dalian após a Bloomberg noticiar que a China estuda estímulos para voltar a impulsionar a construção civil do país. Entre as medidas, o governo pode abaixar a entrada exigida para financiamento imobiliário em bairros periféricos de grandes cidades, reduzir comissões de corretores e flexibilizar as restrições de compra.

Agentes comentavam nos últimos dias que, após recuar mais de 20% no ano, as ações da Vale já pareciam "largadas demais", ficando suscetíveis a altas importantes em caso de noticiário positivo. O volume de ações alugadas da mineradora, que chegou a R$ 25 bilhões em dezembro, estava em R$ 12 bilhões até ontem, segundo dados do TradeMap.

AUTOMOTIVO

Valor - SP   05/06/2023

Contexto macroeconômico, com taxa de juros mais alta, dificulta compras a prazo e consumo de bens não duráveis, da mesma forma que leva o empresário a pensar duas vezes antes de tomar crédito, avalia pesquisador do IBGE

Mesmo voltada a segmento considerado dinamizador de atividade, a política de estímulo ao setor automotivo anunciada na semana passada pelo governo federal não deve mudar a trajetória esperada para a produção industrial deste ano. Com queda acima da estimada pela expectativa de mercado em abril, a produção física industrial do país, que ainda está em nível 2% abaixo do pré-pandemia, deve andar de lado em 2023.

A produção da indústria brasileira caiu 0,6% em abril , perante o mês anterior, segundo a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE. Em março, o indicador teve alta de 1% (dado revisado de crescimento de 1,1%). O setor industrial ficou praticamente estável no trimestre móvel encerrado em abril, com alta de 0,1% frente aos três meses anteriores. Em relação ao mesmo mês de 2022, a produção manufatureira declinou 2,7%.

Apesar de não ter magnitude tão grande, a queda de produção em abril foi “significativa”, diz Stéfano Paccini, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). Ele lembra que o setor de alimentos teve a quarta baixa consecutiva mensal, embora o mesmo segmento tenha terminado com alta no último quadrimestre de 2022.

O dado para o segmento de veículos automotores não surpreendeu, diz, dada a divulgação de queda de 3,9% na produção de veículos em abril, perante um ano antes, pela Anfavea, que reúne os fabricantes do setor, lembra ele. Pela PIM, a queda no segmento foi de 4,6% entre março e abril, com ajuste sazonal.

“A queda é reflexo do contexto macroeconômico, com taxa de juros mais alta, que dificulta compras a prazo e consumo de bens não duráveis, da mesma forma que leva o empresário a pensar duas vezes antes de tomar crédito para investimentos, o que também afeta a produção de máquinas e equipamentos.”

Paccini destaca que pelos dados disponíveis até abril da PIM, a herança estatística para o indicador mostra que a tendência da indústria é andar de lado em 2023, talvez com variação levemente negativa, com dificuldade do setor de recuperar as perdas de passado recente.

Nos cálculos de Alberto Ramos, economista-chefe do Goldman Sachs, com os dados de produção industrial em abril, a herança estatística para o segundo trimestre de 2023 é de zero na comparação com os três meses anteriores, com ajuste sazonal. Para o ano, o efeito estatístico é negativo em 0,3%.

O programa divulgado pelo governo federal para estimular o setor automotivo, avalia Paccini, vem na tentativa de reaquecer o consumo em um setor que foi muito afetado no período da pandemia pelos gargalos no abastecimento de insumos e hoje enfrenta uma queda da demanda doméstica em meio ao desafio de entender eventual mudança de hábito de consumo e relação a veículos.

Para Paccini, os efeitos do programa ainda são incertos e não é possível saber se poderia mudar a trajetória esperada para o setor industrial. O impacto, diz, depende não só dos detalhes do programa, ainda não divulgados, como também de outras condições, como a evolução da política monetária, por exemplo.

Rodolfo Margato, economista da XP, também não vê no programa um fator capaz de reverter a tendência de queda dos últimos meses na produção de veículos automotores. Houve um tombo na produção de veículos em abril, mas a categoria já vinha com alguns dados fracos desde o fim do ano passado, lembra.

“Os estímulos desse programa governamental podem trazer algum impulso sobre as vendas porque, afinal, o número de veículos nos pátios está acima do que é desejável, ou de uma média histórica, mas isso não deve se traduzir numa tendência de alta consistente da produção manufatureira nesse setor”, diz Margato.

Outros fatores, lembra Margato, influenciam bastante as decisões de consumo de bens duráveis com “ticket mais alto”. “As decisões são sensíveis às condições de crédito que estão mais apertadas, com condições de financiamento ainda desfavoráveis nesse cenário de juros altos. Pesa também o grau elevado de endividamento das famílias. Temos observado um ganho de poder de compra na margem, mas que acaba sendo direcionado a bens não duráveis com preços mais baixos, como alimentos, alguns artigos farmacêuticos e domésticos e um consumo em menor proporção para itens como semi-duráveis e bens de consumo duráveis.”

Quando se olha para o PIB de 2023, diz o economista, observa-se o desempenho robusto de setores menos sensíveis ao ciclo econômico, tendo a agropecuária como protagonista, respaldando melhores perspectivas para a economia no ano completo. No entanto, vários setores da economia brasileira mostram números pouco animadores. “A indústria de transformação é um exemplo importante”, aponta Margato.

Pelos dados da PIM, a produção da indústria de transformação caiu 0,6% em abril, ante março, na série com ajuste sazonal. O setor extrativo também recuou, com queda de 1,1% na mesma comparação.

Embora não veja grande reversão no quadro esperado para a indústria no ano, Andrea Damico, sócia e economista-chefe da Armor Capital, acredita em alguma reação da indústria no segundo semestre, em razão do esperado início de ciclo de queda de juros e expectativa de aprovação da reforma tributária sobre consumo. A economista espera queda da Selic a partir de agosto, com corte de 0,25 ponto percentual. A estimativa da gestora para a taxa básica de juros de é 11,75% ao fim de 2023.

“A indústria terá um ano fraco, não há muita escapatória”, diz ela, em razão dos dados desfavoráveis do início de 2023, mesmo com essa reação. Pelas estimativas da gestora, a PIM deve ter queda de 0,5% em 2023, ainda 1,5% abaixo do patamar pré-pandemia, dado por fevereiro de 2020. Dentro do PIB, a estimativa é de alta de 0,5% da indústria.

Andrea também acredita que o programa de estímulo ao setor automotivo deve ter efeito neutro para a inflação no ano de 2023 e limitado para a produção industrial. Ela lembra que, conforme o governo tem anunciado, o programa será de curto prazo, com duração de apenas quatro meses. Isso, diz ela, deve resultar em antecipação de consumo num primeiro momento, no início do segundo semestre. Ao fim de 2023, porém, deve haver um “efeito ressaca”, com compensação do consumo antecipado, já que não haverá ainda mudança tão grande nas condições gerais de demanda doméstica, avalia.

O Estado de S.Paulo - SP   05/06/2023

O pacote de estímulo às vendas de carros novos que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sugere, e que pode ser anunciado na segunda-feira, 5, muda o formato da proposta do governo anunciada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin em 25 de maio. Segundo pessoas envolvidas na discussão em Brasília, em vez dos descontos de 1,5% a 10,96% sobre impostos, serão oferecidos bônus de R$ 2 mil a R$ 8 mil em modelos que custem até R$ 120 mil.

Com a mudança, o valor do bônus será aplicado na Nota Fiscal ao consumidor e compensado depois pelas montadoras no recolhimento dos tributos. O modelo não mexeria, portanto, na tributação, pois o desconto não seria aplicado diretamente sobre o imposto, mas sobre o valor do automóvel. Mesmo assim, o abatimento ainda precisaria de uma compensação, cuja forma ainda não foi definida pelo governo.

A ideia é publicar uma Medida Provisória (MP), com validade de quatro meses, inicialmente para vendas apenas a pessoas físicas, pois o foco é beneficiar o consumidor final. Em prazo ainda a ser definido, as vendas seriam liberadas também para pessoas jurídicas, como locadoras e frotistas.

O novo formato, segundo as pessoas familiarizadas com o assunto, ainda não está totalmente aprovado, pois teria de passar pela Receita Federal, Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e Casa Civil, o que pode ocorrer na segunda-feira. Procurado pelo Estadão, o Ministério da Fazenda não quis comentar.

Estão mantidos os três critérios que definirão os valores dos bônus: social (mais baratos), ambiental (eficiência energética/consumo de combustível) e industrial (maior uso de peças fabricadas no País).

Atualmente, os dois modelos de carro mais baratos à venda, o Fiat Mobi e o Renault Kwid, custam R$ 68.990. Se o desconto tiver como base apenas o valor do bônus, os preços seriam reduzidos em R$ 8 mil, caso eles atendam as três exigências do governo. O chamado carro popular, portanto, custaria R$ 60.990. A meta do governo era chegar ao valor limite de R$ 60 mil, que não seria alcançado. Para isso ocorrer, as montadoras ou concessionários teriam de dar um desconto extra.

Vendas em queda

Em seu balanço com resultado mensal divulgado nesta sexta-feira, 2, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) informou que as vendas de automóveis no mês passado foram as piores em sete anos, excluindo o ano de 2020, quando as fábricas e revendas fecharam por meses devido à pandemia.

Foram licenciados em maio 166,3 mil automóveis e comerciais leves, número quase 5% inferior ao de igual mês de 2022 e 9,7% acima do de abril, que teve quatro dias úteis a menos. A média diária de vendas, que vinha em alta na primeira quinzena, passou a desacelerar na segunda metade de maio, quando começaram as notícias sobre um pacote para baratear o preço do carro popular. Com isso, a média diária do mês caiu 10,3%, de 8.420 unidades, em abril, para 7.560.

Mesmo assim, o presidente da Fenabrave, José Andreta Júnior, afirma que o mercado ainda não sofreu os reflexos da espera do consumidor pelos incentivos prometidos pelo governo, e que a retração pode ser atribuída à restrição de crédito e a queda no poder de compra do consumidor.

“Ainda não houve tempo para sentirmos o efeito dos cancelamentos de compras de consumidores, pois o anúncio do governo foi feito no dia 25 de maio, portanto, a poucos dias do encerramento do mês”, diz Andreta. “Como há um certo intervalo entre a data da compra do carro e seu registro (licenciamento), devemos sentir uma maior retração nos emplacamentos apenas nos primeiros dias de junho.”

CONSTRUÇÃO CIVIL

Valor - SP   05/06/2023

Reguladores avaliam reduzir a entrada exigida para financiamento imobiliário em alguns bairros periféricos das grandes cidades, abaixar as comissões dos corretores e flexibilizar ainda mais as restrições de compra

A China prepara um novo pacote de medidas para apoiar o mercado imobiliário depois que as últimas medidas não conseguiram sustentar uma recuperação do setor, segundo fontes.

Os reguladores avaliam reduzir a entrada exigida para financiamento imobiliário em alguns bairros periféricos das grandes cidades, abaixar as comissões dos corretores e flexibilizar ainda mais as restrições de compra, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas.

O governo também pode refinar e estender algumas políticas estabelecidas no amplo pacote de resgate de 16 medidas lançado no ano passado, acrescentaram as pessoas. Os planos ainda não foram finalizados e podem estar sujeitos a alterações, disseram.

O Ministério da Habitação não respondeu a um pedido de comentário.

O setor imobiliário da China evitou um colapso, mas continua sendo um obstáculo importante para a segunda maior economia do mundo. Sinais de fraqueza renovada surgem no mercado residencial, com uma recuperação menor nas vendas de imóveis em maio, de apenas 6,7%, comparado a mais de 29% nos dois meses anteriores.

“O quadro básico é de regressão”, disseram analistas da Bloomberg Economics e Bloomberg Intelligence, incluindo Chang Shu e Kristy Hung, em um relatório. “Apesar de sinais de atividade mais estável, o setor ainda está doente.”

A recuperação da China perdeu impulso em abril, após uma explosão inicial de atividade do consumidor. Economistas consultados pela reportagem agora esperam que o PIB crescerá 5,5% este ano, abaixo da estimativa anterior de 5,6%. O crescimento dos preços das casas também retardado em abril.

Apesar de uma ampla gama de políticas no ano passado, uma montanha de dívida de construtoras, equivalente a cerca de 12% do PIB da China, corre o risco de default e representa uma ameaça à estabilidade financeira, de acordo com a Bloomberg Economics.

O Estado de S.Paulo - SP   05/06/2023

Uma nova proposta incluída na revisão do Plano Diretor de São Paulo propõe repassar à iniciativa privada parte das obras públicas de habitação, mobilidade e drenagem. A mudança está na versão do projeto aprovada pelos vereadores em primeiro turno na quarta-feira, 31, e permite que as construtoras substituam o pagamento da chamada outorga onerosa, uma espécie de taxa pelo direito de construir, pela entrega dessas intervenções. Há possibilidade de até 10% de desconto no que seria pago na forma de taxa.

O trecho não estava no projeto de lei entregue pela gestão Ricardo Nunes (MDB) em março e foi incluído no substitutivo apresentado pelo relator da revisão, o vereador Rodrigo Goulart (PSD), na semana passada. O Plano Diretor passará por um total de oito audiências públicas e alterações no texto ao longo dos próximos dias. A versão final será apresentada em 19 de junho, com a apreciação definitiva da Câmara Municipal em 21 de junho.

Urbanistas ouvidos pelo Estadão avaliam que a mudança nos moldes propostos não prevê mecanismos que garantam uma execução de boa qualidade dos projetos. Além disso, apontam que resultará no enfraquecimento do Fundo de Desenvolvimento Urbano (Fundurb), fundo municipal voltado para obras públicas, que tem destinação definida pelo poder municipal em conjunto com um conselho gestor. O setor imobiliário fala na necessidade de ajustes para que a alternativa seja atrativa.

Já o relator do PL argumenta que a proposta trará agilidade para a entrega de obras públicas. “Querendo ou não, o privado é mais eficiente, mais rápido e não tem tanta burocracia para executar”, disse ao ser questionado pela imprensa antes da votação na Câmara. Além disso, para que o pagamento em obra não esvazie totalmente Fundurb, há um trava que limita essa aplicação à metade do total pago pelas construtoras no ano anterior. Isto é, quase R$ 500 milhões anuais poderiam ser aplicados diretamente pelas empresas em intervenções em áreas públicas.

Não há informações sobre os critérios que motivaram a inclusão da proposta no texto substitutivo. Um levantamento da Bancada Feminista do PSOL não identificou a origem da alteração ao levantar as contribuições apresentadas em consultas públicas virtuais, audiências e cartas entregues pelo setor privado. Ao Estadão, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP) responderam que não se trata de uma demanda apresentada pelo setor.

O novo trecho adicionado ao PL do Plano Diretor envolve a chamada outorga onerosa, taxa cobrada das empresas para erguer prédios com uma área construída maior do que a metragem do terreno . Essa variável vai de duas a quatro vezes a área do lote, a depender do zoneamento do local, sendo maior nas quadras próximas de metrô, trem e corredor de ônibus.

Em um empreendimento recente da Rua Francisco Leitão, em Pinheiros, por exemplo, foram pagos R$ 4,6 milhões para construir 6 mil m² em um terreno de 1,6 mil m². Com a mudança prevista no projeto, o incorporador poderia optar por “pagar” esse valor por meio da execução de uma obra de habitação, drenagem ou mobilidade, com desconto de até 10%, ou seja, de R$ 460 mil.

Segundo o PL, o “pagamento” em obra de habitação deverá ser em um terreno público escolhido a partir de uma lista feita pela Prefeitura. Além disso, os novos apartamentos deverão ser destinados pelo poder municipal para a população de baixa renda que vive hoje em áreas de risco. Também é apontado que uma regulamentação deverá ser realizada pelo Município. Não há, contudo, detalhes sobre os critérios para as obras de mobilidade e drenagem, tampouco informações sobre fiscalização.

“A exigência de contrapartidas financeiras por meio da execução de obras de mobilidade, drenagem e habitação contribui para o desenvolvimento de infraestrutura urbana adequada, beneficiando a população e melhorando a qualidade de vida. A priorização das áreas de risco e déficit habitacional no direcionamento das obras de habitação evidencia um compromisso social e a preocupação com a inclusão e segurança dos cidadãos”, argumentou Rodrigo Goulart no parecer da proposta.

O Fundurb é uma das principais fontes de recursos para algumas secretarias. O plano anual de aplicação deste ano envolve R$ 790,5 milhões, por exemplo, dos quais R$ 307,5 milhões para 37 obras de habitação, R$ 134,9 milhões para 96 obras de mobilidade, R$ 46,3 milhões para bibliotecas, teatros e outros espaços e atividades de cultura, R$ 114,3 milhões para subprefeituras, R$ 45,4 milhões para intervenções urbanas, R$ 11,7 milhões para a implantação de parques, R$ 20 milhões para reformas de espaços desportivos e R$ 110,1 mil para infraestrutura em geral.

A maior parte do recurso é obrigatoriamente destinada à habitação e mobilidade. Entre as obras previstas neste ano, estão a construção de um prédio para a população de baixa renda no terreno do antigo Edifício Wilton Paes de Almeida (atingido por um incêndio que deixou vítimas em 2018, no Largo do Paissandu), a criação de ciclovias e a implantação de acessibilidade para pessoas com deficiência em calçadas, por exemplo. O restante da arrecadação não utilizada fica guardado no fundo e não pode ser repassado para outras áreas, como saúde e educação.

Urbanistas apontam problemas e esvaziamento de fundo municipal

Desde a divulgação do novo texto do PL, o “pagamento” da outorga por meio de obra tem gerado críticas por uma parte dos especialistas. Um dos principais pontos é a falta de informações sobre os requisitos para a definição dos locais, tipos de obras e materiais empregados.

Professora do Insper, a urbanista Camila Maleronka destaca que São Paulo tem um histórico de iniciativas semelhantes que fracassaram. Em um caso na área da Operação Urbana Água Branca, por exemplo, a empresa decidiu “pagar em obra” com melhorias na rua do próprio empreendimento, o que ajudaria a valorizar o local. Além disso, foi à falência antes da entrega, o que deixou a execução final em um limbo jurídico, sem que pudesse ser entregue nem mesmo pela Prefeitura.

Outro exemplo negativo citado pela especialista é da “operação interligada”, dos anos 1980, na qual parte das moradias entregues tinham baixa qualidade construtiva e arquitetônica. “Em municípios pequenos, é uma alternativa boa. Na cidade de São Paulo, há um grau maior de complexidade”, compara.

Em resumo, a urbanista diz que a mudança tira a transparência da aplicação do fundo (definida junto ao conselho gestor), diminui o compromisso com o processo de decisão e não explica o cálculo que baseou a definição do possível desconto em até 10%. “Em vez de melhorar o fluxo, fazê-lo mais eficiente, entender o porquê da demora, fazem o contrário, trabalhando em uma coisa que não endereça a causa do problema.”

Pesquisador na ETH Zurique, diretor do instituto Zerocem e ex-presidente do IAB/SP, o urbanista Fernando Tulio Salva Rocha Franco salienta que o pagamento por obra envolve áreas que não são a expertise do setor imobiliário, como drenagem e mobilidade. Nesses casos, a provável aplicação envolveria uma subcontratação, o que dificulta a fiscalização e cobrança no caso de descumprimentos, por exemplo. “Com um desenho interessante, poderia ser uma solução. Do jeito que é colocado, abre muitas brechas para uma má gestão.”

Ele aponta que a mudança enfraqueceria o Fundurb tanto em recursos quanto no gerenciamento da aplicação, ainda mais porque o fundo funciona com lógica redistributiva. “Vários estudos mostram que se consegue arrecadar recursos das áreas ricas da cidade, onde tem maior aporte da produção imobiliária, e se reinveste em melhorias urbanísticas nas periferias”, diz.

Setor imobiliário fala em ajustes para mudança ser mais atrativa

A nova aplicação para os recursos da outorga não foi apresentada formalmente pelo setor imobiliário aos vereadores e à Prefeitura. Duas das principais organizações do setor, o Secovi-SP e a Abrainc avaliam que a proposta hoje tem potencial de atração limitado. Porém, fala-se em ajustes para torná-la mais vantajosa.

Vice-presidente do Secovi-SP, Claudio Bernardes avalia que a proposta é boa para a Prefeitura, mas “não é a melhor das alternativas” para as empresas do setor. “Não é expertise das incorporadoras realizar obra de drenagem. É muito mais complexo executar. O pagamento em dinheiro sai mais barato do que ir contratar uma empresa (terceirizada)”, exemplifica.

Para ele, o trecho não deixa claro se há desconto de fato se o pagamento for em obra. Além disso, não considera 10% suficientemente vantajoso. “É uma coisa que poderia ser interessante desde que tenha atratividade boa. Seria mais razoável, porque, às vezes, a Prefeitura não tem eficiência para realizar no prazo.”

Um exemplo de pagamento em obra já vigente é a chamada “cota de solidariedade”, criada em 2014, em que grandes empreendimentos (com mais de 20 mil m²) precisam destinar recursos para a construção de habitação para a baixa renda. A exigência tem a possibilidade de ser cumprida por meio da criação dessas unidades no próprio empreendimento ou na construção em outro lugar, porém a maioria (39 de um total de 63, até março) optou por depositar o valor equivalente no Fundurb.

Já a Abrainc retornou ao Estadão por escrito. Em resposta, afirmou que “é possível que as incorporadoras e construtoras encontrem vantagens nessa (nova) opção, mas vai depender de cada caso concreto”. “No entanto, a redução no custo da outorga onerosa (o possível desconto de até 10%) não deixa de ser um incentivo que pode eventualmente tornar essa opção atrativa, a despeito da experiência da cota de solidariedade, que não obteve adesão expressiva por parte das empresas.”

A associação também salientou estar à disposição para “contribuir com o debate técnico” sobre a proposta. Além disso, disse que “é saudável que o poder público busque alternativas para melhorar suas políticas públicas envolvendo todas as partes interessadas, incluindo o setor imobiliário, para contribuir com ideias e perspectivas construtivas”.

Líder da bancada do PT, o vereador Senival Moura — que votou favoravelmente ao novo PL do Plano Diretor em 1º turno — tem uma sugestão de emenda que prevê a retirada do trecho sobre o pagamento da outorga por meio da execução de obra. A proposta é apoiada por vereadores de oposição, mas não há definição se será acatada no texto final do projeto.

Globo Online - RJ   05/06/2023

Com 14 anos de existência, o projeto do Porto Maravilha chega à adolescência consolidado como uma nova opção de moradia para o carioca. Criado no período pré- olímpico e considerado a maior proposta de revitalização urbana da cidade, o projeto viveu diferentes fases, inclusive a da explosão de empreendimentos comerciais e a da freada brusca no processo de ocupação durante a pandemia.

De 2021 para cá, porém, as incorporadoras voltaram a investir e construir na região, movidas principalmente pela combinação de dois fatores: infraestrutura pronta e ajustes no preço do Certificado de Potencial Adicional de Construção (Cepac), emitidos pelo município e negociados na Bolsa de Valores (B3).

Os Cepacs garantem a seus donos determinada metragem de terreno em área denominada Operação Urbana Consolidada (OUC) — que é o caso do Porto Maravilha — e são valorizados de acordo com o aumento do preço do metro quadrado na região.

Em 2021, o Fundo de Investimentos Imobiliários Porto Maravilha (FIIPM), administrado pela Caixa e dono dos Cepacs comprados em leilão, em 2010, vendeu mais de três mil certificados para a Cury erguer três torres residenciais na região. Era a largada para a ocupação que surpreendeu até a construtora.

— De lá para cá, fizemos sete lançamentos, totalizando 4,17 mil unidades. O Epicentro, lançado em fevereiro, com 954 unidades e um mall no térreo, já tem 830 apartamentos vendidos — diz o vice-presidente Comercial da Cury, Leonardo Mesquita.

O sucesso foi tão grande que a Cury resolveu antecipar para este mês o lançamento do Baía, na Avenida Rodrigues Alves, previsto para 2024. O residencial terá 374 unidades, entre estúdios e três quartos, piscina no terraço e vista eterna e infinita da Baía de Guanabara, com preços a partir de R$ 299 mil.

Quem passa pela região percebe que ali está nascendo um bairro residencial e vê seus limites se estendendo para as ruas internas dos bairros de Santo Cristo, Saúde e Gamboa e na direção do Terminal Gentileza, o futuro ponto do BRT Transbrasil.

A primeira graduação do Instituto Nacional de Matemática Aplicada (Impa) também faz parte do Projeto Porto Maravalley. A iniciativa da prefeitura objetiva estimular o desenvolvimento de um hub tecnoló- gico na Zona Portuária. Novas empresas atrairão mais residenciais.

Para o presidente da Ademi-RJ, Marcos Saceanu, as condições ideais para se desenvolver um residencial incluem, principalmente, infraestrutura já instalada como a existente na região, que chama a atenção ainda pela farta variedade de transporte público.

— O Porto Maravilha tem transporte, saneamento e telefonia, além de uma impressionante variedade de opções de cultura e lazer — ressalta.

Além de ser a mais bem atendida pelo VLT e contar com linhas de ônibus, a região ainda tem metrô, barcas, trem e até um aeroporto nas proximidades. Segundo Saceanu, entre os compradores de imóveis do Porto, destacam-se moradores das zonas Norte e Oeste da capital e de municípios da Região Metropolitana.

— A consolidação dos residenciais na região provocará uma onda de ocupação e de opções de comércio. Muitos prédios já têm um mall no térreo. E os investidores estão chegando, interessados no potencial de crescimento do Porto — observa Saceanu.

Rodoviário

Valor - SP   05/06/2023

União prevê licitar lotes 1 e 2 do Paraná, BR-381 e corredor Rio-BH, além de edital da Rota dos Cristais; 5 projetos somam R$ 66 bi de capex

Para Viviane Esse, secretária nacional de Transportes Terrestres, mudança em critério de leilão eleva atratividade — Foto: Vosmar Rosa/Ministério dos Transportes

O governo federal planeja realizar quatro leilões rodoviários em 2023, além de lançar mais um edital do setor ainda neste ano. Ao todo, os cinco projetos deverão somar um total de R$ 66 bilhões de novos investimentos, segundo Viviane Esse, secretária nacional de Transportes Terrestres do Ministério de Transportes.

A primeira licitação já tem data marcada - o Lote 1 das Rodovias do Paraná, que deverá ser leiloado em 25 de agosto. O bloco inclui 473 km de estradas e prevê um total de R$ 7,9 bilhões de investimentos em obras e outros R$ 5,2 bilhões em despesas operacionais estimadas.

O projeto faz parte de um pacote de seis lotes de Rodovias do Paraná, estruturados em parceria com o governo estadual. O plano é fazer a licitação do Lote 2, que soma 605 km, também neste ano. O edital está em ajustes finais para que possa ser deliberado pela diretoria da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e, então, publicado.

Na lista de licitações para 2023, estão também mais dois grandes projetos: o corredor da BR-040, entre Rio de Janeiro e Belo Horizonte; e a BR-381, em Minas Gerais. Outra concessão que neste ano deverá ter seu edital publicado é a Rota dos Cristais, trecho da BR-040 em Minas Gerais.

“Há uma carteira ampla de projetos em estruturação. O que esperamos é oferecer o máximo de infraestrutura com uma tarifa adequada à realidade econômica da região, um equilíbrio entre a execução de obras e uma tarifa realista”, afirmou a secretária, em conversa com o Valor.

O governo planeja dar uma padronização à modelagem dos contratos desta rodada: em um formato que deverá seguir o do Lote 1 do Paraná. A concessão traz uma série de mecanismos inovadores de compartilhamento de riscos - de demanda, cambial e de aumento no preço de insumos - que vêm sendo estruturados nos últimos anos.

Uma mudança em relação ao modelo de licitação adotado na gestão passada foi o critério de concorrência, que deixou de incluir o pagamento de outorga - o que, na avaliação de Esse, eleva a atratividade dos projetos.

No caso do Lote 1 do Paraná, vencerá a disputa quem oferecer o maior desconto sobre a tarifa de pedágio. Adicionalmente, foi inserido um mecanismo para coibir ofertas “aventureiras” e insustentáveis no longo prazo: o pagamento de um aporte, que cresce à medida que o deságio aumenta.

O desembolso será progressivo; até 18%, não há necessidade de aporte. Caso o interessado ofereça de 19% a 23% de deságio na tarifa, terá que pagar R$ 100 milhões a cada ponto percentual de desconto. O valor vai crescendo - entre 24% e 30%, sobe para R$ 120 milhões e, a partir de 31%, R$ 150 milhões por ponto percentual.

“Esse aporte fica em uma conta vinculada e poderá servir para a execução de novas obras, eventuais flutuações ou percalços que o projeto enfrentar. É um valor que fica dentro da concessão.”

Buscamos um equilíbrio entre a execução de obras e uma tarifa realista à região”

— Viviane Esse

No mercado rodoviário, o modelo de leilão por menor tarifa gera desconfiança, principalmente pelo histórico de concessões feitas durante o governo de Dilma Rousseff (PT), em que os projetos foram arrematados com propostas ousadas mas que depois se revelaram inviáveis.

“É difícil fechar a conta em projetos com um volume alto de obras e um modelo que induz à redução de tarifa. É perigoso, porque ‘força’ a empresa a dar desconto. Isso traz um risco ao setor”, diz Rafael Marchi, sócio-diretor da A&M (Alvarez & Marsal) Infra.

Para o professor do Insper, Sandro Cabral, o mecanismo de aporte criado pelo governo é um teste para reduzir esse risco. “A menor tarifa é uma forma de tornar a concessão mais palatável à população. O aporte entra como uma tentativa de pôr freio em empresas oportunistas. Pode ser efetivo, mas também teremos que apostar na capacidade da agência reguladora de fazer a fiscalização correta”, diz. Cláudio Frischtak, sócio da Inter.B, afirma que se trata de um modelo interessante para evitar as ofertas agressivas do passado. “O formato faz sentido, acho razoável.”

Para grande parte dos analistas, o principal desafio a ser enfrentado pelo governo federal será a atração de investidores, principalmente devido ao tamanho dos lotes em estruturação.

“O governo adotou um modelo de concessão de trechos rodoviários longos, complexos, que demandam investimentos elevados, e isso deixa de fora muitos grupos, é uma barreira de entrada significativa”, diz Frischtak.

Um complicador, segundo ele, é que o cenário atual do país dificulta a atração de novos grupos aos leilões, principalmente devido aos ruídos políticos. “Essa incerteza afeta muito, principalmente os potenciais entrantes.”

Marchi, da A&M Infra, avalia que há uma percepção de instabilidade regulatória no nível federal, o que poderia prejudicar os leilões. Ele cita como fator de incerteza os grupos de trabalho criados pelo governo federal para solucionar as concessões problemáticas do passado. “Ainda não se sabe o que pode sair desse processo, o que gera insegurança.”

Já outros analistas e o governo avaliam que a tentativa de repactuar os contratos, pelo contrário, é positiva. “Não estamos falando de fazer alteração contratual à revelia [da companhia], é um consenso, algo que o mercado vê com bons olhos, diz Esse.

Para Cabral, do Insper, o fato de o setor rodoviário ser consolidado no país facilita a atração de grupos. “O mercado tem um ecossistema maduro, o setor privado conhece bem a estrutura de custos. Acredito que haverá interesse pelos projetos.”

O Estado de S.Paulo - SP   05/06/2023

Dez anos após a primeira licitação do trecho norte do Rodoanel, o custo total da obra saltou de R$ 7,2 bilhões para R$ 12,9 bilhões, em valores corrigidos pela inflação, segundo cálculo do Radar Brasil, da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). A alta é de 79%. As obras estão paralisadas desde 2018, mas o governo estadual concedeu o trecho em março.

A seção norte, último lote a ser iniciado, vai fechar o anel rodoviário de 177 km em torno da capital. O trecho estava prometido para 2016, mas só deve ficar pronto em 2025, após um histórico de falhas, atrasos e suspeitas de mau uso de verbas. Ainda não há prazo para que a vencedora do leilão, a Via Appia, assuma.

Segundo o governo, 85% estavam prontos quando as obras foram paralisadas. Os 44 quilômetros do trecho norte, interligando os trechos oeste e leste, cortam São Paulo, Arujá e Guarulhos, ao lado da Serra da Cantareira.

Concluir o Rodoanel Norte foi promessa de campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos) - o nono governador desde o início da construção, em 1998, na gestão Mario Covas (PSDB). Na época, o tucano chegou a prometer todo o Rodoanel até 2006. Ao longo de 25 anos e ainda inacabado, não há um valor exato de quanto já foi gasto nos diversos lotes de obras, mas os cálculos apontam que o custo total da obra já supera os R$ 30 bilhões.

Especialistas, porém, já veem risco de colapso no sistema. “As projeções indicam saturação da maioria dos eixos de acesso à região metropolitana”, afirma o presidente do Conselho de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP), Vinicius Marchese.

Vencedora de leilão terá de corrigir falhas em obras

A nova concessão tem prazo de 31 anos. Houve recurso de um dos participantes, mas governo e a Via Appia dizem que os questionamentos enviados à comissão de licitação foram respondidos. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado, o contrato será assinado “em breve”.

A Via Appia terá um período para levantar o que é necessário para o recomeço do trabalho e apontar eventuais mudanças no projeto. O consórcio disse que não iria se manifestar, pois ainda não assinou o contrato.

A Via Appia ficará responsável por investir R$ 2 bilhões na finalização do trecho, além de R$ 323,4 milhões em projetos auxiliares. O Estado ainda terá de investir mais R$ 1 bilhão.

Segundo o governo, o trecho norte deve tirar 18 mil caminhões da capital. Para Marchese, o atraso de 9 anos reduz a vida útil do sistema. “Estamos corrigindo as falhas do passado para efetivar uma solução que já não acompanha mais a nossa demanda atual.”

A concessionária terá de corrigir problemas em auditoria feita pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), a pedido do Estado, que apontou 59 falhas importantes nas obras já realizadas. Entre elas, estão pilastras de viadutos tortas, infiltração em túneis, aterros de encostas com erosão e blocos de pavimento trincados, além de assoreamento de cursos d’água junto à via e ocupações irregulares de áreas já desapropriadas.

Outros passivos ambientais incluem a recuperação de áreas de apoio, usadas como canteiros de obras, entre elas um caminho de serviço no Parque da Cantareira. A empresa terá de recuperar e conectar fragmentos florestais interceptados pelo traçado. O governo informou que a correção das falhas listadas pelo IPT foi incluída entre as exigências da nova licitação.

Outra demanda será redefinir a faixa de domínio para desviar de uma comunidade indígena (22 famílias de seis etnias) afetada pelo traçado, em Guarulhos. Na área reivindicada pelos indígenas, foram erguidas as ocas e casas de reza.

A licitação do trecho norte deveria ter sido feita em 2010, mas só foi finalizada em janeiro de 2013. A obra começou em março daquele ano, com previsão de entrega em março de 2016. Só metade estava pronta no prazo, reprogramado para março de 2018. Na época, o governo informou que o atraso se devia a ações de desapropriação na Justiça e maior dificuldade para escavar túneis. O lote 5 atrasou também porque um dos sete túneis duplos desabou em 2014, levando à readequação no projeto.

Três dos seis lotes foram alvo da Operação Pedra no Caminho, na Lava Jato, que investigava indícios de superfaturamento. O governo acabou rompendo os contratos com as empresas de todos os lotes, sob o argumento de incapacidade de conduzir as obras. Sobre as denúncias, o MPF informou que o inquérito continua em tramitação.

A reportagem procurou as empresas responsáveis pelos seis trechos do Rodoanel Norte, que tiveram os contratos rompidos, mas não conseguiu contato com a Mendes Junior/Isolux Cosan e Construcap/Copasa. A Construtora OAS (atual Metha) não deu retorno. A Acciona informou que não iria se manifestar.

Falta do trecho norte sobrecarrega Marginal do Tietê, diz engenheiro

Para o engenheiro civil Ivan Maglio, que coordenou parte do Estudo de Impacto Ambiental do Rodoanel Norte para a licença emitida em 2011, a falta do trecho sobrecarrega a Marginal do Tietê. “Todo o tráfego de Pirituba e Perus à Via Dutra sobrecarrega a Marginal do Tietê, desde a Penha até encontrar a Rodovia dos Bandeirantes para acesso ao Rodoanel Oeste”, diz.

“O sistema foi planejado para retirar o tráfego pesado que circula pelas rodovias marginais, bastante saturadas, e melhorar o fluxo de cargas para o Mercosul e o Porto de Santos”, acrescenta o pesquisador da USP.

A alternativa mais sustentável, diz Maglio, é a ferrovia, sobretudo para transportar cargas. “Foi licenciado o Ferroanel Norte, trecho ferroviário que sairia da zona norte usando a faixa paralela ao Rodoanel, mas ele deveria circundar toda a metrópole como modal de cargas. Isso contribuiria para evitar que o Rodoanel se torne saturado antes do tempo por falta de alternativas para as cargas na travessia da metrópole.”

O presidente do Crea-SP vai na mesma linha. “Com a ampliação da oferta não rodoviária e aumento da rede de ferrovias, a partir da requalificação dos trilhos, será possível capturar a crescente demanda da expansão urbana para que mais pessoas e cargas sejam deslocadas”, diz.

Segundo a secretaria de Logística e Meio Ambiente, as mudanças na demanda sempre ocorrem na medida em que se criam novos polos geradores de tráfego e uma possível dinâmica dos transportes de carga. Na atual modelagem do Rodoanel Norte, diz a pasta, essa dinâmica foi considerada.

Ainda conforme o Estado, a gestão investe em novas alternativas de mobilidade. Em março, foi autorizada a abertura da licitação do Trem Intercidades para ligar a capital a Campinas via concorrência internacional. O leilão é previsto para este ano.

NAVAL

Valor - SP   05/06/2023

O executivo disse que a companhia está saindo de fases que “traumatizaram” o setor de petróleo e gás

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse ontem que quer impulsionar a economia brasileira e aumentar geração de emprego e renda. Em reunião fechada com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás Natural (IBP), Prates disse que a companhia está saindo de fases que “traumatizaram” o setor de petróleo e gás.

“Estamos saindo de duas fases diametralmente opostas que traumatizaram o setor de petróleo e gás. Aprendidas as lições, precisamos levantar a cabeça e seguir adiante, reabilitar empresas brasileiras experientes, reestruturar nossos estaleiros e voltar a induzir investimentos na indústria nacional”, disse Prates, conforme divulgado pela Petrobras.

“A Petrobras está gradualmente reabilitando as empresas que cumpriram seus períodos de quarentena punitiva e têm apresentado condições de voltar ao mercado.”

Segundo a companhia, serão investidos US$ 78 bilhões para colocar em operação 14 novas plataformas nos próximos cinco anos, como previsto no plano estratégico 2023-2027. “Transição energética em empresa de petróleo e gás significa se transmutar completamente em pleno movimento. O desafio é multidimensional.”

O diretor de engenharia, tecnologia e inovação da Petrobras, Carlos Travassos, também presente no IBP, ressaltou que o processo de descomissionamento de plataformas tem gerado oportunidades. “O descomissionamento gera oportunidades para alocação de mão de obra nos estaleiros nacionais e é uma atividade que pode convergir com a construção naval.”

Travassos apontou que serão 26 unidades descomissionadas até 2027 e de 2028 a 2029, a previsão é descomissionar outros 27 sistemas. Em paralelo, serão mais de 650 mil toneladas de aço destinadas à reciclagem, reforçando o conceito de economia circular.

A Tribuna - SP   05/06/2023

A Vports, concessionária dos portos de Vitória e Barra do Riacho, no Espírito Santo, reajustou a tarifa do Sistema de Informação e Gerenciamento de Tráfego de Embarcações (VTMIS). O valor aprovado pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) é de R$ 12.104,29 por embarcação, alta de 996,9% em relação aos R$ 1.103,50 cobrados anteriormente por navio. A nova tabela tarifária está em vigor desde quinta-feira.

O VTMIS supervisiona a circulação de navios nos portos, com auxílio eletrônico à navegação, permitindo o aumento da eficiência do tráfego marítimo. Em março, a Antaq havia suspendido o reajuste, de forma cautelar, até 17 de maio. Na ocasião, a Vports propôs corrigir a taxa do VTMIS de R$ 1.103,50 para R$ 18.729,65. Na época, o reajuste de quase 1.600% foi questionado e a Antaq pediu à Vports justificativas para o valor proposto.

Em nota, a Antaq esclareceu que “não impediu o reajuste da tabela tarifária. O contrato prevê que a concessionária publique a tabela tarifária 60 dias antes de entrar em vigor. Como a tarifa foi publicada em 17 de março, a Antaq determinou que a tarifa entrasse em vigor em 17 de maio, novamente em observação ao contrato de concessão”.

Quanto ao valor aprovado, o órgão regulador analisou “as justificativas apresentadas pela VPorts com relação ao valor apresentado na tabela de R$ 18.729,65 para remunerar os serviços com VTMIS e entendeu que R$ 12.104,29 seria o máximo a ser cobrado. Os valores aprovados pela Antaq foram de preço-teto, podendo a Vports conceder descontos de forma isonômica a grupos de usuários”.

Relatora do processo na Antaq, a diretora Flavia Takafashi destacou a necessidade de a concessionária dos portos de Vitória e Barra do Riacho "respeitar a isonomia entre os usuários do serviço e realizando a cobrança por unidade de embarcação e de forma desvinculada do porte do navio”.

Procurada, a Vports esclareceu em nota que “a tarifa do VTMIS constitui item destacado da Tabela I para navios que não atracam no Porto de Vitória. O novo valor foi aprovado pela Antaq e fixado em R$ 12.104,29 por embarcação, sem variação. A nova tarifa já está em vigor desde 1º de junho”. A concessionária informou ainda que a tarifa está diretamente relacionada ao VTMIS.

“Importante ressaltar que a nova estrutura tarifária foi pensada de modo a gerar economia aos usuários do porto organizado, incentivando a eficiência das operações. A tarifa está diretamente vinculada ao VTMIS, sistema pioneiro e único no Brasil, responsável pela gestão e monitoramento do tráfego marítimo, garantindo a segurança das embarcações”.

Especialista em logística e Direito Marítimo, o advogado Larry Carvalho explicou que a regulação do setor define a cobrança de valores considerados "módicos" aos usuários. "Além disso, estipula que a cobrança de taxa deve guardar correlação com o serviço prestado pelo terminal e com custos incidentes na prestação de serviço. Por isso que, em geral, as correções de tarifa consideram somente índices inflacionários quando não existir mudança na composição do custo da prestação de serviço”.

PETROLÍFERO

O Estado de S.Paulo - SP   05/06/2023

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, afirmou nesta sexta-feira, 2, que o banco iniciou estudos sobre a viabilidade da exploração de petróleo na Margem Equatorial. Ele pregou calma e, embora não tenha sido enfático na defesa sobre o avanço da atividade exploratória na região, enfatizou o potencial econômico da província petrolífera.

Mercadante também destacou a distância do local onde a Petrobras planeja atuar inicialmente para a costa do País, em torno de 530 quilômetros, o que já havia sido assinalado em declarações públicas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O tema tem dividido o governo ao contrapor Ibama e Ministério do Meio Ambiente, de um lado, à Petrobras e Ministério de Minas e Energia, de outro.

O Ibama negou a licença ambiental para a Petrobras perfurar um poço exploratório no litoral do Amapá, impondo a realização de novos estudos à estatal. Ela mantinha uma sonda, navios e pessoal a postos para atuar no local há quase seis meses, a um custo estimado de US$ 1 milhão por dia, conforme mostrou o Estadão/Broadcast. A força-tarefa está sendo desmobilizada temporariamente.

“Estamos iniciando estudos no BNDES sobre exploração de Petróleo na Margem Equatorial. Vamos aguardar o Ibama, mas essa prospecção é a 540 quilômetros da foz (do Amazonas) e não há histórico de acidentes”, disse Mercadante. Ele fez as afirmações durante entrevista à imprensa, ao lado do governador do Pará, Helder Barbalho (PMDB), e outras autoridades locais, para anunciar pacote de crédito de R$ 5 bilhões voltado à preparação do Estado para sediar a Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-30) na capital Belém.

Mercadante lembrou que o petróleo continuará sendo uma fonte presente na matriz energética brasileira nos próximos anos, em que pese esforços de transição e, em dado momento, chegou a advogar pela exploração na Margem Equatorial.

“Essa discussão tem de ser feita com muita calma. Muita gente dizia que não tinha que produzir no pré-sal, mas hoje ninguém questiona. Diziam que o óleo invadiria as praias do Rio, e agora falamos de uma distância menor que a da Foz (do Amazonas).”

Ele disse que o BNDES vai usar o grupo de trabalho que instituiu junto à Petrobras e também a interlocução com o Ministério do Meio Ambiente. “Gerimos um fundo presidido pelo MMA (Fundo Amazônia), com quem queremos aprofundar nossas relações”, disse. Na prática, Mercadante coloca o BNDES como um dos potenciais mediadores dessa relação à frente.

Guiana

Um dos argumentos para o avanço da Petrobras sobre a Margem Equatorial é o desempenho de campos contíguos na Guiana. Sobre isso, Mercadante disse que as reservas descobertas no país vizinho são estimadas entre 11 e 25 bilhões de barris, com uma produção atual de 360 mil barris por dia.

“O PIB da Guiana foi de R$ 4,3 bilhões em 2015 para R$ 7,7 bilhões em 2021. Há perspectiva que a Guiana seja o segundo maior produtor de petróleo da América Latina, chegando à produção de 1,6 milhões de barris/dia em 2030", afirmou.

Sobre o Brasil, ele disse que a hipótese de reservas locais está entre 10 bilhões e 30 bilhões de barris em reservas, o que equivaleria a um potencial econômico de US$ 2,3 trilhões. “Mas isso ainda é uma hipótese, tem de furar e comprovar.”

Governo do Pará

O governador Helder Barbalho também defendeu equilíbrio na discussão, mas sugeriu que o potencial econômico da província seja verificado.

“Defendemos que, neste momento, não se discuta ser favorável ou contrário. Há de se discutir por meio de pesquisas se há viabilidade econômica e ambiental. Posteriormente, o Estado brasileiro terá de decidir se avança ou não nessa matriz”, disse.

Barbalho afirmou que, se for comprovado que é possível compatibilizar as condicionantes ambientais da exploração de uma bacia a 540 quilômetros da foz do Amazonas, é preciso “dar destino e trazer a alternativa econômica” para o Estado. Embora a primeira perfuração na margem seja planejada para o Amapá, a base da operação da Petrobras está no Pará.

Petro Notícias - SP   05/06/2023

A ANP publicou hoje o Boletim mensal que mostra a produção brasileira de petróleo e gás no mês de abril. Houve um aumento de 4,7% de aumento na produção de petróleo em relação a abril do ano passado. Neste mês, a produção nacional foi de 4,032 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d), sendo 3,141 milhões de barris por dia (bbl/d) de petróleo e 141,601 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d) de gás natural. No petróleo, houve aumento de 0,8% na comparação com o mês anterior. No gás natural, a produção aumentou 2,2% em relação a março de 2023 e 3,4% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Variações na produção são esperadas e podem ocorrer devido a fatores como paradas programadas de unidades de produção em função de manutenção, entrada em operação de poços, parada de poços para manutenção ou limpeza, início de comissionamento de novas unidades de produção, dentre outros. Tais ações são típicas da produção de petróleo e gás natural e buscam a operação estável e contínua, bem como o aumento da produção ao longo do tempo.

A produção no pré-sal em abril foi de 3,019 milhões de boe/d e correspondeu a 74,9% da produção brasileira. Foram produzidos 2,370 milhões de barris diários (bbl/d) de petróleo e 103,16 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d) de gás natural por meio de 141 poços.

FPSO Carioca

Houve aumento de 0,4% em relação ao mês anterior e de 3,7% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Em abril, o aproveitamento do gás natural foi de 97,3%. Foram disponibilizados ao mercado 50,33 milhões de m³/d e a queima foi de 3,87 milhões de m³/d. Houve aumento na queima de 7,5% em relação ao mês anterior e de 40,2% na comparação com abril de 2022.

Em abril, os campos marítimos produziram 97,7% do petróleo e 84,6% do gás natural. Os campos operados pela Petrobrás, sozinha ou em consórcio com outras empresas, foram responsáveis por 88,91% do total produzido. A produção teve origem em 5.696 poços, sendo 502 marítimos e 5.194 terrestres. No mês de abril, o campo de Tupi, no pré-sal da Bacia de Santos, foi o maior produtor de petróleo e gás, registrando 831,71 mil bbl/d de petróleo e 39,97 milhões de m³/d de gás natural. A instalação com maior produção de petróleo foi a FPSO Carioca na jazida compartilhada de Sépia, com 163,981 mil bbl/d, e a que teve maior produção de gás natural foi Polo Arara, nos campos de Arara Azul, Araracanga, Carapanaúba, Cupiúba, Rio Urucu e Sudoeste Urucu, com 7,60 milhões de m³.

IstoÉ Dinheiro - SP   05/06/2023

A Arábia Saudita comprometeu-se a novos cortes em sua produção de petróleo, dando o tom do encontro da aliança de países exportadores de petróleo OPEP+ reunidos neste domingo (4) em Viena para traçar uma estratégia para impulsionar os preços, que foram prejudicados pela incerteza em relação à economia global.

Os treze membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), liderados pela Arábia Saudita e que incluem a Venezuela, juntamente com seus dez parceiros liderados pela Rússia, reuniram-se para chegar a uma política comum.

O ministro de Energia da Arábia Saudita, Abdel Aziz bin Salman, afirmou após o encontro que seu país se compromete a um corte adicional de um milhão de barris por dia (mbd) em sua produção a partir de julho, mas que essa redução “pode ser estendida”.

Outro anúncio importante feito pelo cartel de petróleo é que os cortes voluntários na produção adotados por nove países desse acordo, totalizando 1,6 mbd e que entraram em vigor em maio, “serão estendidos até o final de 2024”, disse o vice-primeiro-ministro russo, responsável pela pasta de Energia, Alexander Novak, ao sair da reunião.

A reunião na sede da OPEP começou quase três horas depois do previsto, e as negociações foram difíceis entre os 23 países responsáveis por 60% da produção mundial de petróleo.

Um tema-chave nas negociações foi a base de produção, pois ela serve para calcular as cotas de bombeamento por país e, assim, configurar um corte conjunto.

Os Emirados Árabes Unidos, que defendiam uma maior produção, conseguiram aumentar a base sobre a qual sua cota de bombeamento é calculada.

Segundo a agência Bloomberg, esse aumento gerou resistência de países africanos como Angola, Congo e Nigéria, cujas cotas foram reduzidas para o próximo ano.

Esses países africanos já estão produzindo no máximo de sua capacidade, mas mal conseguem cumprir suas metas de bombeamento e agora estão sob pressão adicional.

– Temor de uma recessão –

Os delegados se reuniram em meio à incerteza sobre a economia global, com vários indicadores econômicos negativos para a demanda de petróleo.

Esta reunião ocorreu dois meses depois que vários países da OPEP anunciaram um corte voluntário em suas cotas de produção para impulsionar os preços, uma decisão que entrou em vigor em maio, mas teve um efeito efêmero e não conseguiu deter a queda nos preços.

Apesar de os preços do petróleo terem se recuperado nos últimos dois dias, as cotações caíram 10% desde o anúncio surpreendente feito no início de abril.

O petróleo Brent, referência na Europa, está a US$ 76 o barril, e o WTI americano está cotado a US$ 71, muito abaixo dos níveis alcançados em março de 2022, no início da guerra na Ucrânia, quando chegaram a quase US$ 140 o barril.

Nas reuniões da OPEP+, é comum haver pressão para reduzir a produção e sustentar os preços, enfrentando resistências de países que precisam de mais receita proveniente do petróleo.

Além disso, os produtores de petróleo se reuniram em um momento em que o mercado está enfrentando o impacto da inflação, o aperto monetário dos grandes bancos, uma recuperação da demanda chinesa menos fluida do que o esperado e várias turbulências que afetaram o sistema financeiro.

Antes do encontro, havia especulações sobre se a Arábia Saudita e a Rússia iriam travar uma queda de braço devido às suas divergências e interesses distintos, mas a reunião da OPEP+ terminou mostrando um front unido.

A Rússia é relutante em fechar a torneira do petróleo, que gera receitas para financiar sua ofensiva militar.

Devido às sanções das potências ocidentais, o petróleo russo só pode ser negociado a um preço igual ou inferior a US$ 60.

“Por outro lado, a Arábia Saudita precisa de preços mais altos para equilibrar seu orçamento”, afirmou Barbara Lambrecht, analista do Commerzbank, em uma nota.

O ministro russo foi enfático: “Não temos desacordos. Essa é uma decisão conjunta tomada no interesse do mercado”.

Petro Notícias - SP   05/06/2023

A produção de petróleo bruto do crescente de xisto da área de Vaca Muerta, na Argentina, pode aumentar nos próximos anos e chegar a 1 milhão de barris por dia (bpd) até o final da década – mas apenas se a capacidade de escoamento e a disponibilidade da plataforma não limitarem o crescimento. Uma modelagem feita pela Rystad Energy mostra que a produção de petróleo pode crescer realisticamente de 291 mil barris de óleo por dia em fevereiro de 2023 para mais de 1 milhão de barris diários no segundo semestre de 2030. O crescimento previsto pode elevar o perfil de Vaca Muerta e posicioná-lo como uma das principais fontes de produção de xisto, juntamente com os desenvolvimentos de Bakken ou Eagle Ford, duas das bacias de xisto de classe mundial dos EUA. Isso também ajudaria a região de Neuquen a se tornar um exportador líquido de petróleo, potencialmente contribuindo com US$ 20 bilhões em receita total até 2030. Esse aumento nas exportações de petróleo chegará aos vizinhos sul-americanos Brasil, Chile e Peru, bem como aos EUA e à Europa.

Ainda assim, a Rystad alerta que permanecem grandes pontos de interrogação, que poderiam alterar a perspectiva de crescimento de longo prazo. As restrições de capacidade de escoamento da produção persistem e a disponibilidade da plataforma continua sendo uma preocupação contínua. A curva de aprendizado para os operadores da bacia tem sido acentuada e eles precisarão continuar essa tendência para maximizar seu potencial de produção. Se todos os participantes do setor trabalharem juntos para resolver essas restrições antes que se tornem críticas, a produção poderá chegar a 1 milhão de barris por dia mais cedo ou mais tarde.

“Vaca Muerta pode ser a chave para a futura economia energética da Argentina após mais de uma década de declínio na produção de petróleo. Embora haja grandes desafios pela frente, atingir o importante limite de 1 milhão de barris por dia mudaria a narrativa do país, reduziria sua dependência de importações e se tornaria um importante participante regional e global do mercado de petróleo”, avaliou o chefe de pesquisa de xisto da Rystad Energy, Alexandre Ramos Peon.

Em fevereiro, a produção bruta de petróleo de Vaca Muerta atingiu 291. mil barris por dia, uma adição anual de 76 mil barris diários. A produção das principais empresas no país – Shell, Chevron, ExxonMobil e TotalEnergies – aumentou 62% em 2022 em comparação com 2021, seguida por outros players locais e internacionais e pela YPF, a gigante estatal da Argentina. A produção de gás de outros players locais e internacionais (excluindo Tecpetrol) e YPF cresceram 63% e 43%, respectivamente, seguidos por majors e Tecpetrol. Em fevereiro, a produção diária de gás aumentou para 1,84 Bcfd (bilhões de pés cúbicos por dia), 15% a mais que no mesmo mês de 2022.

“O crescimento da produção de Vaca Muerta é impressionante, mas não extraordinário, considerando que continua sendo um desenvolvimento relativamente jovem. Desenvolvimentos regionais significativos começaram há apenas alguns anos e aceleraram em 2021, quando o setor se recuperou da pandemia de Covid-19”, detalhou a Rystad. “Embora persistam as preocupações com o crescimento, não há problemas com a qualidade do óleo de xisto de Vaca Muerta ou sua capacidade de produzir hidrocarbonetos em escala (após estimulação adequada). Seu xisto se distingue por suas altas pressões e espessura substancial. Seu rendimento de petróleo por pé é comprovadamente superior a poços horizontais semelhantes nas principais peças de xisto dos EUA”, acrescentou.

AGRÍCOLA

Conexão Tocantins - TO   05/06/2023

Se para os produtores rurais, as máquinas agrícolas representam mais eficiência, produtividade e rentabilidade ao negócio; para o público em geral, elas significam a imponência de um setor que faz o Brasil dar um salto para o futuro. A Bahia Farm Show 2023, com início nessa terça-feira, 6, reunirá o que há de mais avançado em plantadeiras, colheitadeiras, pulverizadores, tratores, dentre outras tecnologias agrícolas que prometem levar maior precisão e autonomia para o campo. Dentre os 420 expositores confirmados que representarão um total de 1200 marcas, parte deles estarão em estandes, que vem sendo montados na área central do Complexo Bahia Farm, e que atrairão de longe a atenção do público presente pela grandiosidade das máquinas e equipamentos. A feira tem a previsão de superar os negócios no patamar dos R$ 7,9 bilhões, recorde atingido na edição passada.

Tradicional expositor na Bahia Farm Show, a Agrosul – John Deere trará nesta 17ª edição da feira como destaque a colheitadeira X9, que vai proporcionar um alto desempenho no campo e que suporta condições difíceis, por meio do conjunto mecânico, eletrônico e digital de soluções completas. Também estará na feira o trator 3036, com potência de 36 CV e que apresenta alto rendimento, com design compacto e encaixe para operar em ambientes estreitos e que exigem agilidade nas manobras. “Em sua participação na feira, a Agrosul proporcionará experiências imersivas, em um ambiente que conecta o físico ao digital proporcionando aos visitantes interações com estações de realidade virtual para que estes possam conhecer um pouco mais sobre o ecossistema John Deere, colocando os clientes no centro das soluções”, reforça a gerente de marketing tático da Agrosul – John Deere, Bruna Lermer.

A empresa Indutar pretende apresentar na Bahia Farm Show o único rolo faca do mundo, projetado especificamente para destruir soqueira do algodão (restos da plantação após a colheita). Batizado de Destroyer, segundo o fornecedor, a máquina tem tecnologia inovadora e de alto desempenho com uma solução eficiente para os cotonicultores. Quem também estará na Bahia Farm Show é a fabricante alemã Horsch, através da concessionária Jaraguá Máquinas, toda a sua linha de produtos. Os grandes destaques dessa edição são: as plantadeiras auto transportáveis da linha Maestro, o pulverizador de alto rendimento Leeb VL, o lançamento da linha de Semeadoras com até 106 linhas e o lançamento da linha de preparos de solo. Já a New Holland estará presente e deverá trazer de volta a sua linha de construção visando atender as demandas do agronegócio. Na última edição da feira, a pá carregadeira 12D EVO, escavadeira hidráulica E215C EVO, minicarregadeira L320 e a retroescavadeira B95B foram as vedetes da marca.

Com grande sucesso de vendas, a Maxum, revendedora da Case IH, estará mais uma vez na Bahia Farm com o seu ecossistema completo de agricultura digital, visando aumentar a performance e a rentabilidade no campo. Na edição passada, a empresa apresentou os tratores Magnum AFS Connect e Steiger AFS Connect, que se destacaram pela capacidade de conectividade, com o sistema de telemetria e de 100% de gerenciamento remoto, com acesso de qualquer lugar, do escritório ou do campo. A depender das estruturas que vêm sendo montadas, as empresas de máquinas agrícolas deverão surpreender novamente, acredita o diretor executivo da Bahia Farm Show, Alan Malinski. “Diante do resultado das feiras agrícolas que antecederam a Bahia Farm e da produtividade nos campos do Matopiba, esperamos novamente um ano de bons negócios fechados dentro da feira, e que os visitantes não percam a oportunidade de conferir as grandes máquinas de perto”, reforça.

Entrada

Os ingressos para a Bahia Farm estão à venda e poderão ser adquiridos sem filas e online no site: https://ingresso.wiesoo.com/. Parte da renda dos ingressos será revertida para o Hospital do Oeste.

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