Valor - SP 04/09/2024
O MDIC adotou cotas de importação em 11 Nomenclaturas Comuns do Mercosul, sendo 9 pleiteadas pelo setor; medida atendeu a pleito do segmento, que viu o mercado brasileiro ser inundado por aço importado.
O setor de siderurgia acompanha “com lupa” o andamento das importações de aço no Brasil. Neste sentido, o Instituto Aço Brasil (IABr) estima que as medidas implementadas a partir de 1º de junho pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) — aumentando a tarifa externa de 11 produtos — podem levar a uma redução de até 27% nas compras dos insumos siderúrgicos em que foi instituída a cota de volume de importação anual.
O MDIC adotou cotas de importação em 11 Nomenclaturas Comuns do Mercosul (NCMs), sendo nove delas pleiteadas pelo IABr. Entre esses produtos, estão oito tipos de laminados planos, dois tipos de tubos utilizados em oleodutos e gasodutos e um tipo de fio-máquina.
Para o IABr, olhando apenas as nove NCMs cuja adoção da cota foi defendida pela instituição, a redução anual de importação pode chegar a 27% do volume. A cota estipulada pelo Ministério estabelece um teto de 1,6 milhão de toneladas nesses produtos, que pagariam a tarifa média de 10,8% para entrar no Brasil. Acima desse volume, a tarifa sobe para 25%.
“As nove NCMs que estamos tratando aqui foram responsáveis pela importação de 2,4 milhões de toneladas [em 2023]”, diz Marco Polo de Mello Lopes, presidente do IABr, lembrando que o pleito do instituto era para o estabelecimento de cotas para 28 NCMs. Ele afirma que o instituto montou uma “sala de guerra” para acompanhar o comportamento das importações, que, no ano passado, chegaram a cinco milhões de toneladas.
Para ele, a cota foi implementada em um “nível generoso”, uma vez que o cálculo teve como base a média das importações de 2020, 2021 e 2022 — o que o IABr considerava “razoável” —, mas houve o acréscimo de 30% em cima dessa média. “Achamos que ficou muito acima do que era esperado”.
Pleito antigo do setor siderúrgico
A adoção das cotas atendeu a um pleito antigo do setor siderúrgico, que viu o mercado brasileiro ser inundado por aço importado. Nas contas do IABr, as cinco milhões de toneladas importadas em 2023 corresponderam a 16% da produção do país e a 26% das vendas.
Entre 2022 e 2023, a produção de aço bruto nacional caiu de 34 milhões de toneladas para pouco menos de 32 milhões de toneladas, enquanto o faturamento recuou, segundo Lopes, de R$ 209 bilhões para R$ 173 bilhões. Ele lembra, ainda, que o montante pago em impostos pelo setor passou de R$ 35 bilhões para R$ 28 bilhões no período.
Exemplos de EUA, Reino Unido, México e UE
Lopes ressalta que a medida tomada pelo MDIC seguiu o exemplo do que outros países fizeram nos últimos anos, como Estados Unidos, Reino Unido, México e União Europeia, que também impuseram cotas com relação ao aço importado.
Mas o executivo, que também é coordenador da Coalizão Indústria, que reúne 14 entidades de classe de nível nacional, ressalta que não estão descartados pleitos adicionais, caso as cotas estabelecidas pelo ministério não limitem o crescimento das importações.
O Estado de S.Paulo - SP 04/09/2024
Com mais emprego, mais dinheiro e mais consumo para os trabalhadores, a economia brasileira cresceu 1,4% no segundo trimestre e 2,5% em 12 meses. Mas o investimento continuou insuficiente para garantir dinamismo e segurança por vários anos.
Governo e setor privado só investiram em obras, máquinas e equipamentos o valor de R$ 484,4 bilhões, soma equivalente a 16,8% do Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, no acumulado de quatro trimestres, o valor diminuiu 0,9%. Para manter uma expansão econômica na vizinhança de 4% ao ano, o País deveria investir pelo menos 20% do PIB, taxa frequentemente alcançada em outros emergentes.
Nos últimos dez anos, considerando-se apenas os segundos trimestres, essa proporção nunca foi atingida no Brasil. Antes disso, havia sido ligeiramente superada três vezes neste milênio, com o melhor resultado, 21,1% do PIB, alcançado em 2013.
Uma longa queda começou no segundo ano de mandato da presidente Dilma Rousseff. A partir daí a inflação subiu, as contas públicas foram esburacadas, a produção encolheu e o investimento despencou. A arrumação da economia começou no breve governo do presidente Michel Temer, entre 2016 e 2018, com Henrique Meirelles no Ministério da Fazenda e Ilan Goldfajn no Banco Central (BC).
Investimento produtivo depende principalmente da orientação governamental, dos juros e da confiança dos empresários. Quando se juntam essas condições, empresários nacionais e estrangeiros se dispõem mais facilmente a imobilizar capital em projetos de expansão e de modernização de negócios.
A ação governamental pode facilitar e estimular a atividade empresarial, com a aplicação de recursos em infraestrutura, em serviços variados e em políticas de estímulo a setores estratégicos. Mas a participação do governo só será segura e sustentável se as suas finanças forem bem administradas. Não se deve confundir política de estímulo com gastança e voluntarismo, mas esse detalhe parece de vez em quando ignorado, ou esquecido, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O voluntarismo se manifesta — para lembrar apenas algumas situações — quando o presidente interfere ou tenta interferir na gestão de grandes estatais, como a Petrobras, ou na administração de grandes companhias privatizadas, como a Vale. Manifesta-se também quando o governante procura reeditar, desnecessariamente, experiências superadas, como a participação do Estado na indústria naval.
A prudência, juntamente com a experiência, também recomenda cautela quando surge a tentação de apoio a indústrias selecionadas. Ações dessa natureza podem produzir algum efeito positivo, mas políticas de favorecimento podem mais facilmente resultar em estímulos errados, em investimentos mal dirigidos e em desperdício de recursos públicos. Nenhum governante deveria esquecer as lições da desastrosa política dos campeões nacionais.
O presidente Lula usaria o tempo de modo mais produtivo se discutisse formas de conter o gasto público, de tornar o Orçamento menos engessado, de separar recursos para investimentos de grande valor social, como saneamento e educação, e tentasse aumentar a cooperação com o setor privado em grandes projetos de infraestrutura.
O setor público poderia contribuir para uma taxa de investimento superior aos lamentáveis 16,8% do segundo trimestre, mas para isso o governo deveria estudar e propor ações de reforma das finanças federais. Por que não aproveitar esta fase de razoável prosperidade para avançar na discussão de temas importantes e politicamente difíceis?
IstoÉ Dinheiro - SP 04/09/2024
Após a divulgação do PIB do segundo trimestre, em alta de 1,4% na margem, acima do consenso para o intervalo, a consultoria econômica LCA passa a considerar um ciclo de elevação de 150 pontos-base para a Selic – a taxa básica de juros, atualmente em 10,50% ao ano – ao longo das próximas quatro reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
Para a reunião de 18 de setembro do comitê de política monetária do BC americano, o Federal Reserve, a LCA aguarda corte de 25 pontos-base para a taxa de juros dos Estados Unidos. “A flexibilização da política monetária nos EUA (e em outras economias centrais) tende a moderar as pressões que vêm sendo observadas nos mercados de ativos e moedas emergentes”, aponta a LCA, em nota de atualização do cenário. “Mas, por ora, esse alívio tem sido limitado por diversos fatores de incerteza que têm mantido a aversão global ao risco em níveis ainda elevados.”
“Nosso cenário base continua a pressupor que os fatores de risco no ambiente internacional irão refluir, ainda que de maneira irregular e parcial, ao longo dos próximos meses – de modo que seguimos contemplando alguma descompressão da aversão global ao risco e das cotações de câmbio nas economias emergentes”, acrescenta a consultoria.
No contexto interno, a LCA destaca que dados sobre a atividade e o mercado de trabalho indicam que a economia doméstica permanece “bastante aquecida”, o que emerge também na leitura do PIB do segundo trimestre, divulgada nesta manhã, “largamente” acima das expectativas. “A surpresa positiva ocorreu, sobretudo, no forte crescimento do consumo das famílias, que impulsionou os setores de comércio e serviços – segmentos muito beneficiados pelo dinamismo persistente da massa de renda dos consumidores”, observa a consultoria.
“Nessas circunstâncias, o cenário de elevação da Selic – que na semana passada passamos a vislumbrar como o de maior probabilidade, mas por uma margem estreita – parece agora preponderar de forma mais clara”, acrescenta a LCA, que não antevê, contudo, uma elevação “draconiana”, na medida em que “as condições monetárias já se encontram em terreno restritivo e porque o impulso expansionista advindo da política fiscal deve arrefecer”.
Assim, o cenário base da LCA passa a contemplar “um ciclo de elevação de 150 pontos-base da taxa básica Selic, que deverá ser promovido ao longo das próximas quatro reuniões do Copom”. A consultoria também fez alguns ajustes, “modestos”, em outras variáveis macroeconômicas.
A projeção para a inflação de 2025 foi reduzida de 4,1% para 4%, “devido ao contexto em que a política monetária estará algo mais restritiva e o câmbio, um pouco mais apreciado. E apesar do aumento de riscos climáticos associados à escassez de chuvas, que levou a alterações nas bandeiras tarifárias de energia elétrica.”
Por sua vez, a projeção para o PIB de 2024 “certamente” será revista para cima, pela incorporação da “surpresa positiva” no 2º trimestre. “Já a projeção para 2025 está sob revisão tendo em vista fatores com influências opostas: o carregamento estatístico mais positivo e a política monetária mais restritiva”, acrescenta.
IstoÉ Online - SP 04/09/2024
País mais poluidor do mundo, a China vem buscando formas de se tornar emissor líquido neutro em 2060. Para o diretor de conteúdo e pesquisa do Centro Empresarial Brasil-China (CEBC), Tulio Cariello, isso explica por que os investimentos do país no Brasil na área verde são o grande destaque: a área de eletricidade liderou a atração de capital produtivo chinês no Brasil em 2023, com participação de 39%, seguido por setor automotivo (33%), com carros híbridos ou 100% elétricos. Dos 29 projetos em andamento por aqui em 2023, 19 faziam parte do setor de eletricidade – ou 66% do total.
Os dados constam do relatório “Investimentos Chineses no Brasil – Novas Tendências em Energias Verdes e Parcerias Sustentáveis 2023”, divulgado pelo CEBC. “O Brasil já tem uma matriz energética limpa, a mais limpa do G20, então a gente já tem aqui um grande potencial de atração dos investimentos que estão sendo repetidos agora”, avaliou o diretor. “Ou seja, é um movimento que parte também da China, de uma política doméstica, que tem um reflexo na política externa do país, e a gente já tem aqui uma parceria bem consolidada nessa área”, continuou, acrescentando que essa tendência deve continuar nos próximos anos.
A intensificação dos investimentos chineses em “novas infraestruturas” abre uma janela de oportunidade para o Brasil, de acordo com o relatório da CEBC, especialmente em setores ligados à transição energética, onde já há presença consolidada de empresas chinesas no país, com iniciativas em hidrelétricas, energias solar e eólica, baterias elétricas, painéis fotovoltaicos, carros eletrificados, dentre outros. “Somente em 2023, de todos os projetos chineses em território nacional, 72% foram direcionados a energias verdes e segmentos relacionados – o maior porcentual registrado em termos históricos”, trouxe o documento.
Em relação à área geográfica, a região Sudeste absorveu 68% dos projetos chineses no País, seguida pelo Nordeste (16%), Centro-Oeste (13%) e Sul (3%). O Estado de São Paulo segue na liderança na avaliação por unidade federativa, com fatia de 39% – ainda que tenha perdido seis pontos porcentuais em relação a 2022. Na direção inversa, Minas Gerais ganhou participação de oito pontos porcentuais, ao mesmo tempo que a fatia de Goiás aumentou 2 pontos porcentuais.
A pesquisa revelou também que a maior parte dos investimentos chineses ingressou no Brasil em 2023 por meio de iniciativas greenfield – novos negócios ou novas rodadas de investimentos em projetos iniciados em anos anteriores. Essa modalidade respondeu por 83% do número de empreendimentos e 90% do valor aportado.
CNN Brasil - SP 04/09/2024
Empréstimos mais caros de modo a segurar os gastos do consumidor é o efeito mais direto dos juros elevados.
Essas taxas nada mais são do que “o preço” que se dá ao dinheiro ao longo do tempo, por exemplo, ao se realizar um empréstimo. Além do valor emprestado, o tomador do crédito precisa pagar uma porcentagem — a taxa de juros.
Atualmente, a taxa básica de juros do Banco Central (BC), a Selic, que é usada como referência pelas outras instituições financeiras, se encontra no patamar de 10,5% ao ano.
Com o encarecimento do crédito, setores da economia que dependem do fluxo de consumo e de financiamentos são os mais impactados. Dentre eles se encontram a construção, o varejo e a indústria, e mais especificamente, o setor de automóveis.
Em entrevista à CNN, representantes dos setores apontam restrições a suas respectivas atividades por conta do atual patamar da Selic.
Construção
O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia, diz que o setor funciona e apresenta competitividade com juros em torno de 9%. Acima disso, as operações ficam muito oneradas e, no longo prazo, o consumidor e as empresas são prejudicados.
“Construção é um setor que aplica muitos recursos, tanto na habitação, como na infraestrutura e na construção de obras industriais e corporativas por muito tempo. Então, taxas de juros elevadas no nosso setor são altamente prejudiciais. Uma taxa de 10,5% ao ano já é algo muito complicado”, afirma Correia.
“Se os juros seguirem altos e se aumentarem as taxas, voltaremos a ter saques na poupança, por exemplo, diminuindo a capacidade de investimentos em habitação. Isso também pode acabar desestimulando a atividade de concessões, parcerias público privadas”, conclui o presidente da CBIC.
O problema é que o consumidor deste setor são pessoas em busca de moradias, e os juros elevados muitas vezes tiram a acessibilidade do comprador à casa própria.
De acordo com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), uma queda de 1% na taxa de financiamento habitacional poderia reduzir em 8% o valor da parcela de um imóvel de R$ 400 mil, permitindo o acesso à moradia para cerca de 400 mil famílias.
De acordo com a associação, há cerca de três anos, época em que a Selic começou a subir, saindo de 2% ao ano, o financiamento tinha parcelas 27% menores, possibilitando a inclusão de 1,4 milhão de famílias no mercado imobiliário.
“O prolongamento de juros elevados é particularmente prejudicial porque as incorporadoras precisam de condições estáveis e previsíveis para planejar seus investimentos de longo prazo. Juros altos por muito tempo inibem o lançamento de novos projetos, afetando toda a cadeia produtiva da construção civil”, pontua Luiz França, presidente da Abrainc.
A associação avalia que o BC possui margem para seguir reduzindo os juros.
Varejo
Após recentes comunicações do BC e dos diretores que compõe o Comitê de Política Monetária (Copom), muito tem se especulado sobre a possibilidade de os juros voltarem a subir na reunião entre 17 e 18 deste mês.
A última divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a prévia da inflação, apresentou desaceleração, indo a 0,19% em agosto. Contudo, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse após a divulgação que o resultado melhor ainda não gera conforto.
O mercado também vê desancoragem nas expectativas e sobe paulatinamente as previsões para o IPCA neste ano. Dados da pesquisa Focus publicados nesta segunda-feira (2) mostraram que as previsões para a inflação de 2024 subiram pela 7ª semana seguida, a 4,26%.
O centro da meta oficial para a inflação é de 3%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Por conta desses resultados, o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Felipe Tavares, aponta que a busca por algum mecanismo para conter a inflação é justificado, mas avalia como inadequado o controle pelos juros.
“A inflação está surpreendendo mês a mês os especialistas. Isso é um fato. No entanto, temos um gasto público descontrolado e uma insegurança jurídica que impactam o câmbio e a inflação. E estamos pagando a conta da irresponsabilidade fiscal e da insegurança jurídica via a competitividade do setor produtivo, que terá que pagar juros mais elevados”, explica Tavares.
O economista-chefe da CNC aponta que o varejo é um dos principais afetados pelos juros altos uma vez que a percepção de crédito mais elevado leva o consumidor a controlar seus gastos.
“Os juros elevados tendem a impactar muito negativamente o setor de varejo, porque é um segmento muito cíclico. Qualquer variação na renda disponível ou na percepção de confiança dos consumidores tende a ter um efeito de redução do consumo, e isso significa redução do faturamento do varejo”, pontua Tavares.
“Se isso se prolonga, você tem esse efeito acumulado a juros compostos. O consumidor vai ficando cada vez menos confiante para consumir, cada vez ele consome menos e isso vai virando uma bola de neve. A saída desse cenário se torna mais distante e difícil de se conseguir”, conclui.
O economista chama os juros elevados de “detratores da economia real”, uma vez que mais do que afetar os setores em si, impacta no dia a dia do comerciante e do consumidor.
Ele explica que o varejo possui uma margem baixa de operação, ou seja, ele precisa manter constantemente um alto volume de vendas para ter resultados satisfatórios e cumprir com compromissos.
“O Brasil está ameaçando viver um ciclo extenso de retomada de aumento de juros, e isso pode ter efeitos muito significativos sobre o crescimento deste ano e dos próximos da economia brasileira. Esse cenário de aumento de juros tende a ter um efeito prolongado, e uma hora, a conta para de caber no bolso do trabalhador pelo simples encarecimento dos juros e dos financiamentos”, pondera Tavares.
Entre os bens cujo consumo deve ser mais reduzido estão aqueles de maior valor agregado e que dependem de financiamento, como veículos e eletrodomésticos.
Indústria
A Confederação Nacional das Indústrias (CNI) avaliou como equivocada a decisão do Copom de manter a taxa de juros em 10,5% na reunião de julho.
Entre os principais alertas do setor está a alta taxa de juros reais do país, o valor descontado da inflação. Segundo levantamento do economista Jason Vieira divulgado na plataforma MoneYou, o atual patamar da Selic coloca a taxa real de juros em 7,36%, a terceira maior do mundo.
Segundo a CNI, a alta explica parte significativa do encarecimento do crédito, uma situação que implica restrições à atividade econômica brasileira.
“Esperamos que a Selic volte a ser reduzida quanto antes. A retomada de cortes é fundamental para a redução do custo financeiro suportado pelas empresas, que se acumula ao longo das cadeias produtivas, e pelos consumidores”, reforçou em nota o presidente da CNI, Ricardo Alban.
“Caso contrário, seguiremos penalizando não só a economia brasileira, mas, principalmente os brasileiros, com menos empregos e renda”.
A confederação alerta que a alta dos juros afeta o setor em um importante momento de neoindustrialização, orientado pelo programa Nova Indústria Brasil (NIB).
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta terça-feira (3) que o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 1,4% no 2º trimestre. A indústria, com alta de 1,8%, foi um dos principais destaques positivos.
Contudo, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) alerta que a perspectiva sobre os juros se manterem altos por mais tempo levanta dúvidas quanto à sustentabilidade da alta.
“A Firjan, no entanto, chama atenção para a sustentabilidade desse resultado, em especial para o crescimento da taxa de investimento. Essa taxa no Brasil (16,8%) é muito baixa em comparação à média mundial (26,5%), o que pode limitar o potencial de crescimento futuro. Uma taxa de investimento elevada é fundamental para garantir um crescimento sustentado de longo prazo, pois possibilita a ampliação da capacidade produtiva e a modernização da infraestrutura econômica”, aponta em nota.
“Nesse sentido, a Firjan reitera a importância de uma política fiscal mais ativa. A falta de convicção para enfrentar o ajuste fiscal pressiona o risco-país e a taxa de câmbio, comprometendo a redução sustentada da taxa de juros. Políticas fiscais e monetárias alinhadas são cruciais para aumentar a taxa de investimento, assegurar o crescimento econômico sustentável, promovendo o emprego e a renda no longo prazo.”
O Estado de S.Paulo - SP 04/09/2024
Para além da discussão nas últimas semanas se deve elevar ou não a taxa Selic na reunião do Copom em setembro, o Banco Central poderia ter um enorme ganho de credibilidade se atualizasse, de novo, duas premissas importantes nos seus modelos de inflação: a taxa neutra de juros e o hiato do produto. Como muitos analistas consideram que essas duas variáveis ainda estão subestimadas pelo BC, as suas projeções de inflação são vistas pelo mercado como muito benignas.
Não há um cálculo único e preciso para estabelecer a taxa neutra de juros e o hiato do produto, daí porque são chamadas de variáveis não diretamente observáveis, ao contrário de um índice de inflação ou da taxa de desemprego, por exemplo. No caso dos juros neutros, o BC não costuma revisá-los com frequência, diante da sua relativa oscilação. Aliás, no último relatório trimestral de inflação, divulgado em junho, o BC elevou sua estimativa da taxa neutra de juros no Brasil de 4,50% para 4,75%. E provavelmente não irá rever essa projeção antes de um ano.
No caso do hiato do produto, que mede o grau de ociosidade na economia, em razão das surpresas para cima nos indicadores de atividade desde o início deste ano, o BC também fez uma revisão e estimou que, no segundo trimestre, esse hiato estava em torno da neutralidade. Um hiato negativo mostra que há uma maior ociosidade na economia. Já se positivo, a economia estaria mais aquecida, operando acima do seu potencial e, assim, gerando maior pressão sobre a inflação. Há quem argumente que, levando-se em conta dados do mercado de trabalho, entre outros, o hiato do produto estava positivo no segundo trimestre.
No trimestre até julho, a taxa de desemprego caiu para 6,8%, a menor para o período desde 2012. Já o PIB do segundo trimestre veio mais forte, crescendo 1,4% ante o primeiro trimestre, com uma expansão anual de 3,3%, um salto em relação à taxa anual de 2,5% registrada nos primeiros três meses de 2024. Os números robustos da economia refletem um forte impulso fiscal, com aumento nos programas de transferência de renda do governo, antecipação no pagamento de precatórios e a política de ganhos reais do salário mínimo.
Tudo isso só reforça a percepção de muitos analistas de que a taxa de juros neutra está mais elevada do que o BC estima atualmente, assim como o hiato do produto estava positivo no segundo trimestre e não neutro. Se o BC revisse para cima essas variáveis, a conclusão seria a de que a Selic não está hoje em nível tão restritivo como deveria para levar a inflação à meta.
IstoÉ Dinheiro - SP 04/09/2024
Após uma queda acentuada em 2022 (78%), os investimentos chineses no Brasil chegaram a US$ 1,73 bilhão em 2023, um crescimento de 33% em relação ao ano anterior. O cálculo foi feito pelo Centro Empresarial Brasil-China (CEBC) e está detalhado no Relatório “Investimentos Chineses no Brasil – Novas Tendências em Energias Verdes e Parcerias Sustentáveis 2023”.
Conforme o documento, o aumento dos aportes chineses no País ocorreu apesar da queda de 17% nos investimentos estrangeiros de forma geral no Brasil. Mesmo com a retomada, o valor segue em nível historicamente baixo, sendo o segundo menor desde 2009. No ano passado, o número de projetos de empreendimentos chineses no Brasil ficou em 29, o terceiro maior desde 2007 – mas inferior ao de 2022.
O que ajuda a explicar os volumes mais amenos nos últimos anos, de acordo com o diretor de conteúdo e pesquisa do CEBC, Tulio Cariello, é o fator cambial, com a desvalorização do real. “Se a desvalorização ocorre sem muita volatilidade, de forma relativamente estável, pode até ser algo positivo porque se torna um fator de atração de investimento e que ajuda o Brasil a se tornar um hub de atração de capitais para a América Latina.” O documento aponta que a média do valor do real de 2020 a 2023 foi de R$ 5,18, quase o triplo da média verificada em 2010, ano em que os investimentos chineses no Brasil somaram US$ 13 bilhões.
O levantamento revela que, em 2017, entre os 10 principais destinos de empreendimentos chineses, apenas três eram países em desenvolvimento. O cenário foi totalmente distinto em 2023, quando os emergentes ocuparam nove das 10 posições, com a Indonésia na liderança e o Brasil em nono lugar. O estoque de investimentos do gigante asiático no mundo segue concentrado nos Estados Unidos.
O Brasil continua sendo o principal receptor de investimentos chineses na América Latina em termos de estoque – tendo absorvido 39% do total aportado desde 2003 -, mas sua liderança tem sido contestada nos últimos anos. Entre 2018 e 2023, o fluxo dos investimentos chineses na região vem sendo direcionado de forma mais intensa a outros países – em especial Chile, Peru e México -, onde as empresas chinesas têm investido em grandes projetos de infraestrutura, manufaturas de alto padrão e mineração – sobretudo na extração de lítio e outros minerais críticos. “No México, estão fazendo uma coisa muito interessante, buscando produzir localmente no país, para poder exportar para os Estados Unidos sem as tarifas que passaram a ser cobradas para os produtos chineses”, salientou o diretor.
O Brasil já recebeu mais recursos no passado também, conforme Cariello, porque houve uma fase em que os investimentos eram em projetos mais intensivos de capital, como linhas de transmissão, ferrovias e portos, por exemplo. Agora, tratam-se de empreendimentos menores e com necessidades de investimentos menos pesadas.
Infomoney - SP 04/09/2024
Um indicador sobre o setor industrial dos Estados Unidos subiu no mês passado em relação à mínima de oito meses registrada em julho, com alguma melhora no nível de emprego, mas a tendência geral continuou apontando para uma atividade fraca.
O Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) informou nesta terça-feira (3) que seu Índice de Gerentes de Compras (PMI) industrial subiu para 47,2 em agosto, de 46,8 em julho, que havia sido a leitura mais baixa desde novembro.
Uma leitura do PMI abaixo de 50 indica contração no setor industrial, que responde por 10,3% da economia norte-americana.
O PMI permaneceu abaixo do patamar de 50 pelo quinto mês consecutivo, mas ficou acima do nível de 42,5 que, segundo o ISM, ao longo do tempo indica uma expansão da economia como um todo.
O PMI e as pesquisas regionais de fábricas, no entanto, têm constantemente superestimado a fraqueza do setor industrial.
Os chamados dados concretos sobre a produção industrial e os gastos das empresas com equipamentos sugerem que o setor tem se mantido em grande parte à margem, enquanto a demanda por bens não entrou em colapso, apesar dos pesados aumentos da taxas de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
Espera-se que o banco central dos EUA comece a cortar os juros em sua reunião de política monetária de 17 e 18 de setembro.
O subíndice de novos pedidos da pesquisa caiu para 44,6 no mês passado, de 47,4 em julho. O subíndice de produção recuou para 44,8, de 45,9 em julho. Apesar dos pedidos fracos, os fabricantes enfrentaram preços mais altos de insumos, provavelmente refletindo a alta das taxas de frete.
A medida da pesquisa dos preços pagos pelos fabricantes aumentou para 54,0 em relação aos 52,9 registrados em julho.
O nível de emprego na indústria continuou se contraindo, embora o ritmo tenha diminuído. A medida de emprego no setor industrial da pesquisa subiu de 43,4 em julho para 46,0.
Infomoney - SP 04/09/2024
O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial dos Estados Unidos caiu de 49,6 em julho para 47,9 em agosto, segundo pesquisa final divulgada nesta terça-feira (3) pela S&P Global. O resultado ficou levemente abaixo da expectativa de analistas consultados pela FactSet, que esperavam 48.
O PMI abaixo de 50 mostra que a atividade manufatureira nos EUA permaneceu em contração em agosto, em ritmo mais intenso que no mês anterior.
Valor - SP 04/09/2024
Cenário ocorre diante da piora das expectativas para a demanda de aço na China e uma oferta sazonalmente mais forte da matéria-prima.
As ações da Vale (VALE3) tiveram forte queda nesta terça-feira e pressionaram o Ibovespa, em meio à desvalorização do minério de ferro pelo segundo dia consecutivo, tanto no mercado à vista quanto nos futuros da commodity. O cenário ocorre diante da piora das expectativas para a demanda de aço na China e uma oferta sazonalmente mais forte da matéria-prima. Além disso, a piora na percepção de risco no exterior, em dia de tombo das bolsas de Nova York, também pesou sobre o desempenho dos papéis da companhia.
A ação da mineradora terminou a sessão em queda de 3,73%, a R$ 56,55, enquanto o Ibovespa recuou 0,41%, aos 134.353 pontos.
Infomoney - SP 04/09/2024
Os contratos futuros de minério de ferro na Bolsa de Dalian registraram nesta terça-feira sua maior queda diária em quase dois anos, com dados econômicos desanimadores da China obscurecendo as perspectivas de demanda, enquanto a oferta global firme também pesou sobre os preços.
O contrato de janeiro de minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com perda de 4,74%, a 703,5 iuanes (98,87 dólares) a tonelada, registrando sua maior queda desde 31 de outubro de 2022.
O contrato caiu até 700,0 iuanes no início da sessão, o nível mais baixo desde 19 de agosto.
O minério de ferro de referência de outubro na Bolsa de Cingapura recuava 2,75%, a 94,15 dólares a tonelada.
Os futuros do minério de ferro caíram após mais evidências da demanda chinesa fraca, com a contração contínua da atividade fabril acompanhada por uma queda mais profunda no setor imobiliário, disseram analistas do ANZ em nota.
A atividade industrial da China caiu para uma mínima recorde de seis meses em agosto, de acordo com uma pesquisa oficial, pressionando os formuladores de políticas a prosseguirem com os planos de direcionar mais estímulos para as famílias.
Enquanto isso, os preços de novos imóveis no país subiram em ritmo mais lento em agosto, já que o setor imobiliário ainda não mostra recuperação após uma série de políticas de apoio.
O volume total de embarques de minério de ferro despachados para destinos globais a partir de 19 portos e 16 empresas de mineração na Austrália e no Brasil aumentou 10,9% em relação à semana anterior, atingindo 29 milhões de toneladas entre 26 de agosto e 1º de setembro, informou a consultoria chinesa Mysteel.
O pico decorre de um aumento nos volumes de embarque de minério de ferro brasileiro, que saltou 39% em relação à semana anterior, marcando seu maior embarque semanal desde 2019, acrescentou a Mysteel.
Brasil Mineral - SP 04/09/2024
Uma vistoria do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), no último dia 23 de agosto, na Mina Corumi, localizada na Serra do Curral, verificou que a Mineração Pau Branco Ltda. (Empabra) continua a retirar minério do local. Para o MPMG, a atividade contraria ordem judicial que determinou a suspensão imediata de todas as atividades relacionadas à lavra de minério de ferro e ao transporte/escoamento de materiais pela empresa, exceto daquelas voltadas a garantir a segurança da área e autorizadas pelo órgão ambiental.
Desta forma, os promotores de Justiça protocolaram novo requerimento para busca e apreensão de todos os caminhões e demais veículos de transporte de minério de ferro em operação, além da vedação da realização de quaisquer atividades pela empresa, independentemente de sua natureza, no período de repouso noturno (entre 20h às 07h), com o objetivo de assegurar o descanso da população local e o maior controle das atividades exercidas. A ação pede ainda o aumento da multa diária por descumprimento da decisão judicial para o valor de R$100 mil.
Em julho, o MPMG propôs uma Ação Civil Pública (ACP) contra a Empabra devido à exploração minerária predatória e ilegal na Mina Corumi, além do descumprimento reiterado de obrigações assumidas no sentido de proceder a recuperação ambiental da área, em reforço a um cumprimento de sentença já existente. Em 19 de agosto, uma decisão judicial da 9ª Vara Cível de Belo Horizonte determinou a suspensão imediata de todas as atividades relacionadas à lavra de minério de ferro e ao transporte/escoamento de materiais depositados e/ou extraídos, incluindo o tráfego de caminhões de carregamento de fino de minério no local, ressalvadas a execução, tão somente, daquelas atividades emergenciais que visem afastar riscos como o carreamento de sedimentos e ou aquelas que forem autorizadas pelos órgãos competentes mediante aprovação do órgão ambiental, desde que necessárias à recuperação ambiental. Além disso, determinou também a elaboração, no prazo máximo de 30 dias, de Plano de Fechamento de Mina e a contratação de auditoria técnica independente para o acompanhamento das medidas de recuperação das áreas degradadas e garantia de segurança das estruturas do local. A ação previu ainda multa diária por descumprimento da decisão judicial de R$ 50 mil.
No dia 23 de agosto, o MPMG, por meio do Núcleo de Combate aos Crimes Ambientais (Nucrim), realizou uma fiscalização conjunta com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad), a Defesa Civil Estadual e o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais nas mineradoras que operam em áreas próximas à Serra do Curral. Na ocasião ficou constatada que a Empabra seguia com a retirada do minério empilhado da área, inclusive de forma ininterrupta, 24 horas por dia. Segundo o Auto de Fiscalização nº 352877/202, a empresa ainda teria deixado de implementar medidas de controle ambiental para a segurança da área e a recuperação ambiental, a exemplo da drenagem pluvial e do tratamento de erosões existentes na propriedade.
O Estado de S.Paulo - SP 04/09/2024
A antecipação da saída do atual presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, do cargo entrou no radar dos acionistas da companhia após o processo de escolha do substituto ter sido antecipado em cerca de dois meses.
Procurada, a empresa não se manifestou.
O atual vice-presidente executivo de Finanças e Relações com Investidores, Gustavo Pimenta, foi escolhido em 26 de agosto para suceder Bartolomeo. No cronograma oficial da empresa, divulgado em maio, o nome do sucessor só seria fechado no fim de outubro para anúncio no Vale Day, em 3 de dezembro. Bartolomeo ainda ficaria no cargo até o fim de dezembro.
Pessoas próximas aos acionistas dizem, no entanto, não haver motivos para manter “dois presidentes” simultaneamente no comando da empresa por tanto tempo. Por isso, já se debate Bartolomeo ser substituído seguindo a mesma lógica: dois meses antes do inicialmente previsto, ou seja, possivelmente em outubro.
Gustavo Pimenta já deu início ao plano de transição e deverá fazer trocas nas vice-presidências, mas isso só deverá ocorrer após a formalização dele no cargo de CEO. Também se espera que o executivo se apresente pessoalmente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um gesto para pacificar a relação da Vale com o governo federal, inflamada no processo de sucessão.
Lula queria que a empresa fosse comandada pelo ex-ministro Guido Mantega e acionou auxiliares para a missão de colocá-lo no posto.
A iniciativa não prosperou diante de travas na governança da Vale, que hoje tem o controle mais disperso — nenhum acionista tem mais do que 10% do capital da companhia. Outros intentos do governo apareceram durante o processo de sucessão, como a tentativa de emplacar nomes ligados aos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Silveira (Minas e Energia), mas tampouco deram resultado.
Segundo informações de pessoas que acompanham a rotina na Vale, a junção das duas áreas gerou um conflito entre ações que são de natureza institucional com ações da área jurídica, o que não deu certo. Isso deixou a Vale, e seu presidente, vulneráveis nesse campo.
Dessa forma, é dado como certo que, sob Pimenta, essa área voltará a ter vida própria, sob o comando de um executivo específico e perfil para o cargo, com capacidade de negociação política.
Além de depender de concessões, licenças e autorizações públicas para operar, a Vale tem assuntos espinhosos pendentes de resolução com o governo federal, como a conclusão do acordo sobre o desastre de Mariana (MG) e a rediscussão do valor da renovação de outorgas em ferrovias.
A avaliação é que Pimenta vai precisar de uma vice-presidência forte nessa área, que lhe dê anteparo e habilidade para interlocuções com agentes de governos e instituições.
A leitura é que o novo CEO não terá dificuldade diante dessa e de outras mudanças, pois conta com uma boa relação com os integrantes do conselho de administração, que devem aprovar as mudanças nas vice-presidências, e também com acionistas da companhia.
Infomoney - SP 04/09/2024
As vendas da Tesla na China registraram seu melhor mês do ano até agora em agosto, com a fabricante de veículos elétricos se beneficiando das vendas em cidades menores.
A Tesla informou que vendeu mais de 63.000 carros no maior mercado automotivo do mundo no mês passado, uma alta de 37% em relação a julho, mas provavelmente ainda abaixo de agosto do ano passado, quando vendeu 64.694 unidades.
Embora seja uma melhora animadora, o desempenho está muito aquém dos principais rivais chineses.
A BYD, a maior fabricante de veículos elétricos do mundo, informou que suas vendas na China aumentaram 35% em agosto em relação ao ano anterior, atingindo um recorde mensal de 370.854 unidades. Outros concorrentes locais, incluindo a Leapmotor e a Li Auto, também registraram vendas mais altas.
Como muitas outras montadoras, a Tesla tem sido gravemente prejudicada por uma prolongada guerra de preços na China, onde o crescimento econômico também tem sido lento e a confiança do consumidor frágil. Suas vendas no país asiático caíram 5% no primeiro semestre do ano.
Embora a Tesla tenha cortado sua força de vendas local como parte de uma redução global, vários fatores ajudaram o recente impulso das vendas.
Desde abril, a Tesla tem oferecido empréstimos a juros zero por até cinco anos para os compradores, enquanto vários governos locais tornaram os carros da montadora elegíveis para compras de veículos oficiais nas últimas semanas.
A empresa também recebeu uma importante aprovação regulatória neste ano, com a principal associação da indústria automobilística do país afirmando que a coleta de dados pelos veículos da Tesla estava em conformidade com as regulamentações, permitindo que seus carros entrassem em alguns complexos governamentais dos quais costumavam ser proibidos.
Uma análise do China Merchants Bank International sobre as vendas da Tesla na China em julho mostrou um aumento anual de 78% nas entregas nas chamadas cidades de nível três, enquanto suas vendas em cidades de segundo nível, como Hangzhou e Nanjing, cresceram 47%.
O Estado de S.Paulo - SP 04/09/2024
Com 237,4 mil unidades emplacadas, as vendas de veículos novos tiveram crescimento de 14,3% no mês passado, ante agosto de 2023. O resultado, que engloba carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, foi divulgado nesta terça-feira, 3, pela Fenabrave, a associação que representa as concessionárias.
O desempenho, que supera as previsões das montadoras, é atribuído à melhora nas condições de crédito, na esteira da queda dos juros, com o mercado de trabalho aquecido e aumento da renda, além da demanda firme das locadoras de automóveis, que estão renovando suas frotas.
O resultado leva para 13,4% o crescimento das vendas de veículos no acumulado desde o início do ano. De janeiro a agosto, foram licenciados 1,62 milhão de veículos no Brasil.
Na comparação com julho, melhor resultado mensal do ano, as vendas caíram 1,6%, mas esta variação negativa é explicada pelo calendário com um dia útil a menos de vendas em agosto.
Venda de motos
As vendas de motos tiveram crescimento de 14,8% em agosto, ante o mesmo período de 2023, chegando a 163,9 mil unidades.
Na comparação com julho, houve alta de 4,5% nas vendas do veículo de duas rodas. Com isso, as vendas de motocicletas acumularam crescimento de 19,9% nos oito primeiros meses do ano, totalizando 1,25 milhão de unidades. Esse número supera as vendas de carros de passeio, que somaram 1,2 milhão de unidades no período.
Valor - SP 04/09/2024
Equipamentos da linha de produção já foram embarcados e carros começam a ser montados com peças trazidas da China.
Fonte: Baldy: “Ainda falta acabar com mitos que criaram sobre o carro elétrico” — Foto: Rogerio Vieira/Valor
Ao vasculhar uma galeria de fotos no celular, o vice-presidente da BYD Brasil, Alexandre Baldy, arregala os olhos, satisfeito, ao encontrar a imagem que procurava: obras, adiantadas, de um galpão de 120 mil metros quadrados, o ponto de partida da fábrica da BYD em Camaçari (BA). Se as projeções do executivo se confirmarem, em outubro o galpão estará pronto para receber a primeira linha de produção, de onde, ainda neste ano, sairão os primeiros veículos da marca montados no Brasil.
A imagem foi feita para uso interno. Mas serve para dar a dimensão do significado dessa obra de construção civil. É no Brasil que a maior montadora de carros elétricos da China dá o primeiro passo do projeto de expandir a atividade industrial fora do seu país de origem.
Em torno de 1,2 mil pessoas trabalham hoje no local onde até 2021 funcionava uma fábrica da Ford e que, aos poucos, deixa de remeter à imagem da montadora americana. As obras indicam uma transformação gigante.
Em Camaçari, trabalham não só operários da construção, mas também técnicos e engenheiros dedicados ao desenvolvimento de produto.
Há também um vai-e-vem de pessoal cruzando fronteiras para intercâmbio de conhecimento. Ainda em setembro, segundo Baldy, 100 brasileiros embarcarão para a China e, no sentido inverso, chineses também têm vindo para o Brasil.
No início da atividade da futura fábrica, os carros serão montados com kits de peças que virão da China, segundo Baldy. A nacionalização só começará em 2025, incluindo fornecedores de componentes para veículos híbridos movidos a etanol.
Da Ásia também virá o equipamento da linha de montagem. “Já está no mar, a caminho”, destaca Baldy, um goiano com formação em Direito, que, depois de vários anos de carreira no setor público, começou a trabalhar na BYD, seguindo uma rápida trajetória de ascensão profissional.
Em Camaçari, também já começaram as obras de construção de prédios residenciais, onde os funcionários poderão morar. Trata-se de um modelo que a companhia já adota em sua sede, em Shenzhen, China. As moradias ficarão a 3,5 quilômetros da fábrica, em área de 81 mil metros quadrados e terão capacidade para 4,2 mil pessoas.
Mas, apesar da iminência de se tornar fabricante no Brasil, a BYD ainda não se sente como um. A marca se vê como um dos principais alvos de um contexto de resistência de montadoras veteranas, que têm se mobilizado contra a concorrência chinesa sob a alegação de que essas empresas produzem na China com subsídios.
O principal objetivo desse grupo é convencer o governo brasileiro a antecipar o aumento do Imposto de Importação para carros híbridos e elétricos, uma especialidade chinesa. “É questionável mudar as regras com o jogo em andamento”, destaca Baldy.
Até aqui, o governo decidiu pelo aumento gradual do imposto, entre janeiro deste ano e julho de 2026, quando, então, entrará em vigor a alíquota máxima, de 35%, para todos os tipos de carros. A BYD se preparou. Fez estoque para não ter que repassar as primeiras etapas de aumento do imposto.
Segundo Baldy, há, ainda, mitos a derrubar no Brasil em relação ao carro elétrico. E cita: “Uma hora dizem que a bateria vai pegar fogo. Outra, que faltam peças ou que é impossível ter um elétrico pela falta de carregadores públicos.”
Chinesa ocupa a décima posição no ranking brasileiro, com fatia de 3% do mercado
Para o executivo, a proliferação dessas informações atrapalha o papel do carro elétrico no processo de descarbonização. Para ele, “os ataques ocorrem devido à ausência de produtos iguais” entre concorrentes locais.
Uma das estratégias que a BYD usou para entrar com força no mercado brasileiro foi mostrar que carro elétrico não precisa ser sonho de consumo só dos ricos. A marca trouxe modelos com preços a partir de R$ 115 mil.
Além disso, aliou-se a empresas e motoristas de aplicativos para mostrar a vantagem da economia de combustível. Com isso, indiretamente conseguiu fazer das viagens em carros compartilhados a primeira experiência de “test drive” em elétrico de muitos passageiros que usam aplicativos.
A empresa já distribuiu, segundo Baldy, mais de 50 mil carregadores domésticos de 7kWh, o que ajudou a atrair clientes.
Hoje, sete de cada dez veículos 100% elétricos vendidos no país são da BYD. No mercado total, incluindo todas as marcas, a BYD já ocupa a décima posição, com 3% das vendas de veículos leves em agosto, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave).
A marca também tem sido agressiva na escolha de grupos sólidos para a nomeação de concessionárias. Segundo Baldy, o plano é elevar das atuais 130 para 250 concessionárias até o fim de 2025.
E para acelerar a expansão da infraestrutura de carregamento, o grupo tem parcerias com empresas como a Raízen Power.
A estratégia de entrada no mercado brasileiro se completa com a diversidade de produtos. Com o Yuan Pro, novo utilitário esportivo elétrico que será lançado esta semana, e a picape Shark, nos próximos meses, o portfólio da marca terá em torno de uma dúzia de veículos, entre elétricos e híbridos “plug-in” - que podem ser abastecidos em tomadas, além de ter também motor a combustão.
A BYD chegou ao Brasil em 2013 com a venda de veículos comerciais. Construiu em Campinas (SP) uma linha de montagem de ônibus e de módulos fotovoltaicos. Mais tarde, instalou em Manaus uma unidade de montagem de baterias de fosfato de ferro-lítio. Além disso, importa caminhões e máquinas, como empilhadeiras, 100% elétricos. A empresa também é responsável por um projeto de monotrilho em São Paulo (Linha 17-Ouro, do metrô).
Em março, a direção da BYD assinou contrato com o governo da Bahia, por meio do qual pagou R$ 287,8 milhões pelo terreno e pela fábrica que pertencia à Ford. A área total soma 4,6 milhões de metros quadrados.
No mesmo mês, a vice-presidente mundial da companhia, Stella Li, esteve com o governador Jerônimo Rodrigues (PT) para revelar aumento no valor do investimento em Camaçari, de R$ 3 bilhões para R$ 5,5 bilhões. Antes disso, em janeiro, o grupo anunciou o aumento do número inicial de empregos na Bahia, de 5 mil para 10 mil.
Tornar-se um produtor local significa filiar-se à Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea)? “Ainda não pensamos nisso. Mas queremos ganhar a confiança do consumidor para que ele nos veja como uma marca brasileira”, diz Baldy.
Valor - SP 04/09/2024
Preços elevados dos modelos, ampliação de pontos de recargas são alguns desafios para cenário até 2034 se concretizar.
Em uma década, os veículos leves eletrificados (híbridos e elétricos) devem representar quase 18% do crescimento dessa categoria no Brasil, totalizando 694 mil novas unidades em circulação. Essa frota deve alcançar 3,7 milhões de unidades licenciadas ao fim dos próximos dez anos.
A projeção consta no caderno de “Eletromobilidade: Transporte Rodoviário”, com dados que vão compor o Plano Decenal de Expansão de Energia 2034, preparado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em parceria com o Ministério de Minas e Energia.
Se confirmado a alta nas vendas de carros leves eletrificados, as compras dessa modalidade crescerá 4,1 vezes em dez anos. Seria um saldo de 170 mil novos unidades licenciadas em 2024, conforme previsto no caderno, para os quase 700 mil em 2034.
Eletrificação de veículos pesados deve avançar por nichos, aponta estudo da empresa
A venda de veículos eletrificados leves no Brasil, entre janeiro e julho deste ano, superou o volume registrado em todo ano de 2023, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Nos primeiros sete meses do ano, foram emplacados 94,6 mil desses veículos, ultrapassando 93,9 mil alcançados em 2023, que já tinha sido o melhor ano da história da eletromobilidade no Brasil.
O estudo da EPE, supervisionado pelo MME, projeta que a eletrificação de veículos pesados deve avançar por nichos, como no serviço de transporte de carga voltado para entrega em distâncias mais curtas, nos grandes centros urbanos e suas extremidades, a chamada “última milha”. A eletrificação deve alcançar 16% dos veículos comerciais leves e caminhões leves licenciados no período e 26% entre os ônibus urbanos.
Já em relação aos caminhões semipesados e pesados, o caderno da EPE indica que as tecnologias híbridas e a gás natural vão se expandir mais do que a categoria dos elétricos, mas se mantendo com participação inferior a 10%. Isso porque os motores de combustão a diesel devem continuar tendo um maior peso no segmento, com 93% das vendas em 2034.
O caderno destaca que os veículos híbridos e elétricos devem inibir o consumo de mais de 28,6 bilhões de litros de gasolina por veículos leves e mais 6,3 e 2 bilhões de litros de óleo diesel em ônibus e caminhões, respectivamente.
Em mensagem preparada para divulgação do estudo, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirma que o governo aposta na “na diversidade, na pluralidade de fontes” de energia. Para ele, deve haver uma “combinação dos biocombustíveis com a eletrificação”, atrelados à busca por “ganhos de eficiência energética”.
A análise preparada pelo quadro técnico da EPE reconhece que a chamada eletromobilidade impõe, como desafios para Brasil, os preços elevados dos modelos de veículos leves eletrificados, a necessidade de ampliação de infraestrutura dos pontos de recarga e a estruturação do parque fabril nacional, que deverá estar preparado para produzir motores híbridos.
Sobre o alto preço dos modelos para a população, a EPE reforça que a maior parte das vendas ainda está voltada para segmento “premium”, com custo unitário acima de R$ 200 mil. Na prática, os modelos disponíveis no mercado são acessíveis apenas para os consumidores de maior padrão de renda, aponta. No ano passado, o preço médio dos veículos da categoria ficou em R$ 243 mil.
De acordo com o governo, o mercado de veículos elétricos deve amadurecer nos próximos anos com o resultado de iniciativas como o programa federal Mobilidade Verde e Inovação (Mover). Neste contexto, as montadoras já sinalizaram investimento de R$ 130 bilhões até 2030. Para ajudar a converter a frota de ônibus em elétrica, o caderno indica que o Novo PAC prevê investimento de R$ 7,3 bilhões até 2028 para acelerar a renovação da frota em sete Estados e 61 municípios.
Uma lacuna identificada na estratégia brasileira para a eletrificação de frota está na falta de política para o aproveitamento de minerais estratégicos para fabricação de baterias. Questionado, o MME informou que “atua para ampliar a produção de minerais importantes para a transição energética no Brasil, bem como agregar valor a esses minerais”.
A ação do ministério, ressaltou o órgão, inclui esforços para “priorizar os processos minerários de pesquisa e lavra desses minerais, bem como impulsionar os levantamentos e mapeamento de áreas”. Outra frente de atuação da pasta é a busca de apoio financeiro de bancos e agências de fomento, incluindo o incentivo ao “desenvolvimento da tecnologia nacional para o processamento desses minerais estratégicos e a capacitação de profissionais para o setor”.
O plano decenal até 2034 é esperado por especialistas e investidores pelo fato de sinalizar os rumos da política pública para o setor em uma década. Para o presidente da ABVE, Ricardo Bastos, o plano ajuda a dar segurança aos investidores na tomada de decisão com efeitos no longo prazo. Ele ressaltou que o lançamento do caderno reforça o “papel importantíssimo” que a mobilidade tem para a transição energética.
Questionada sobre a elaboração do caderno e quais seriam os desafios e oportunidades para o setor na próxima década, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) disse que, “sem conhecer o estudo, não pode tecer nenhum comentário”.
Valor - SP 04/09/2024
As pré-vendas de imóveis na China atingiram a menor parcela de vendas de imóveis novos em 18 anos, à medida que os consumidores evitam comprar por medo de que as construtoras endividadas não consigam entregar as unidades. No Brasil, a modalidade de pré-venda é conhecida também como venda de imóvel na planta.
As pré-vendas permitem que construtoras recuperem seus investimentos mais rapidamente, facilitando o prosseguimento de novos projetos. Tornou-se o principal método de compra de imóveis na China e ajudou a expandir a oferta de imóveis. Os compradores de imóveis podem comprar com desconto, mesmo que o mercado se expanda e os preços subam.
As vendas de imóveis novos caíram 21% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2023, pelo critério de área útil, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas da China (NBS).
Mas nesse cenário de declínio geral, as vendas na planta diminuíram cerca de 30%, enquanto as vendas após a conclusão do imóvel aumentaram 20%.
As vendas após a conclusão representaram mais de 20% de todas as vendas de imóveis novos em termos de valor -- o nível mais alto desde 2006 para um período de janeiro a julho.
A recessão imobiliária causou uma grave crise de caixa entre as construtoras, algumas das quais interromperam as obras de construção de propriedades vendidas na planta em 2022. Os compradores de imóveis, impedidos de se mudar por atrasos na construção, reagiram com protestos e recusas em pagar hipotecas.
Os agentes imobiliários estão trabalhando duro para tranquilizar os consumidores cautelosos em comprar propriedades na planta, anunciando com ênfase os imóveis que já estão concluídos.
O Partido Comunista Chinês e o governo temem que a insatisfação com o atraso na entrega possa levar a críticas. Em seu terceiro plenário, realizado em julho, o partido apresentou planos para mudar regras nas vendas na planta e criar uma política de promoção de vendas de propriedades concluídas.
Os governos locais elaboraram medidas com base nessa política, incluindo medidas para dar aos desenvolvedores incentivos fiscais e aumentar as linhas de crédito dos bancos com a condição de que as casas sejam vendidas após a conclusão. Outra medida dá prioridade aos bancos locais quando os proprietários que compram propriedades concluídas solicitam hipotecas.
Em agosto, a cidade de Guangzhou anunciou planos para mudar todos os apartamentos públicos para vendas pós-conclusão. Chen Wenjing, do centro de estudos China Index Academy, prevê que "a proporção de vendas após a conclusão continuará a aumentar gradualmente no futuro".
Se os desenvolvedores venderem mais propriedades prontas, será preciso mais tempo para recuperar os investimentos. Os custos de construção podem aumentar de 20% a 30% em comparação com as pré-vendas, segundo algumas estimativas.
Reduzir o risco de atrasos na mudança para suas novas casas ajudará os consumidores a se sentirem mais seguros. Mas mesmo que as vendas melhorem, com os preços sofrendo pressão para baixo, não está claro se os desenvolvedores conseguirão recuperar os fundos necessários e melhorar seu fluxo de caixa.
"O giro de dinheiro diminuirá, dificultando que as empresas imobiliárias administrem seus negócios de forma tão agressiva quanto antes", disse Yusuke Miura, pesquisador sênior do Instituto de Pesquisas NLI.
Os preços de casas novas não mostram sinais de recuperação. Eles caíram em 66 das 70 principais cidades em julho, em dados do NBS. Os preços caíram em mais da metade das cidades pelo 14º mês consecutivo.
Os preços caíram em uma média não ponderada de 0,6% nas 70 cidades. Com a tendência negativa vindo desde junho de 2023, os incorporadores imobiliários estão enfrentando dificuldades para garantir recursos para projetos.
IstoÉ Dinheiro - SP 04/09/2024
Destaque do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, a indústria foi impulsionada, entre outros fatores, pelo crescimento do setor de Construção, que expandiu 4,4% de abril a junho na comparação com o primeiro trimestre do ano. De acordo com a coordenadora das Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rebeca Palis, vários fatores impulsionaram o segmento.
“Na construção, a gente tem essa questão do aumento de crédito, dos juros um pouco mais baixos, dos programas governamentais que incentivam essa área e a questão do período eleitoral (cujos investimentos só poderiam ser feitos até junho)”, explicou Palis.
Além da construção, as Indústrias de Transformação tiveram sua segunda alta consecutiva, de 3,6%, e as Indústrias Extrativas cresceram 1%.
Valor - SP 04/09/2024
Metade dos entrevistados em países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) disseram estar insatisfeitos com a oferta de moradias, apontam números da Gallup Analytics.
A insatisfação com os custos de moradia atingiu um recorde nos países ricos, superando preocupações com saúde e educação.
Metade dos entrevistados em países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) disseram estar insatisfeitos com a oferta de moradias, apontam números da Gallup Analytics. Isso é um aumento acentuado desde que os bancos centrais elevaram as taxas de juros para enfrentar a pior onda inflacionária em uma geração.
Embora taxas mais altas tenham ajudado a reduzir o preço dos imóveis em vários países europeus, a habitação continua mais cara do que antes da pandemia — mesmo antes de levar em conta o custo mais alto dos empréstimos.
Nos EUA, os preços dos imóveis dispararam apesar dos aumentos nas taxas de juros. Quase 60% dos consultados na maior economia do mundo disseram estar insatisfeitaos com a oferta de moradias.
Enquanto isso, os alugueis subiram no momento em que preços mais altos de outros itens essenciais, como alimentos e combustíveis, corroem a renda disponível.
Os pesquisadores atribuem, em parte, a falta da construção de moradias pela crise de oferta. “Basicamente, não estamos construindo o suficiente”, diz Willem Adema, economista da divisão de política social da OCDE, acrescentando que incorporadores imobiliários frequentemente visam as famílias mais ricas, aumentando a pressão sobre as de renda mais baixa.
Andrew Wishart, analista da Capital Economics, diz: “As tendências populacionais podem mudar muito mais rápido do que você pode mudar a oferta de moradias”.
O descontentamento com a moradia deverá ter um papel importante nas eleições deste ano, especialmente nos EUA, onde os eleitores votam em novembro.
O preço médio das moradias está, agora, quase 38% mais alto do que quando o presidente dos EUA, Joe Biden, assumiu em janeiro de 2021, mostra o índice Case-Shiller.
Uma pesquisa do Centro Conjunto de Estudos de Habitação da Universidade Harvard mostra que o pagamento mensal de uma casa com preço mediano, com um crédito de baixo depósito (uma baixa diferença entre o valor do imóvel e do empréstimo no início do financiamento), o preferido pelos compradores de primeira viagem, é de US$ 3.096 — em comparação com cerca de US$ 2.000 em janeiro de 2021.
Enquanto isso, muitos proprietários de imóveis existentes estão presos a financiamentos de 30 anos a taxas ultrabaixas, e como um todo estão pagando menos no serviço da dívida do que em qualquer outro momento desde 1980, segundo a Universidade Harvard.
Os dados da Gallup, que se baseiam nas respostas de mais de 37 mil pessoas dos 37 países que compõem o clube dos países ricos da OCDE, mostram que o descontentamento com a falta de acesso às moradias é o maior entre as pessoas com menos de 30 anos e aquelas que estão na faixa de 30 a 49, muitas das quais podem estar tentando entrar no mercado imobiliário.
Cerca de 44% das pessoas com mais de 50 anos estão insatisfeitas com a moradia nos países da OCDE, mas a proporção sobe para 55% entre as pessoas com menos de 30 anos e para 56% entre aquelas com idades entre 30 e 49 anos.
Na Inglaterra, os preços das moradias estão, agora, oito vezes maiores do que o salário anual médio, segundo estatísticas oficiais. Isso é mais do que duas vezes a relação vista quando o último governo trabalhista assumiu em 1997. O número de famílias vivendo em acomodações temporárias na Inglaterra também se encontra num patamar recorde de alta.
Cerca de 30% da população nos países ricos está insatisfeita com os sistemas de saúde, educação e transporte público. A infelicidade com o padrão de vida aumentou em 2023, mas apenas ligeiramente, passando de 24% para 25%.
A Pesquisa Mundial Gallup é compilada anualmente, com o estudo de 2023 baseado nas respostas de 145.702 pessoas em 142 países e ponderado de acordo com a população. Os participantes são indagados sobre questões socioeconômicas e políticas.
Alguns países onde os dados de 2024 já estão disponíveis vêm apresentando um aumento maior na insatisfação com a moradia este ano. Na Alemanha, a parcela dos insatisfeitos com a oferta de moradias subiu para um novo patamar de 46%, comparado a 42% em 2023, sendo também mais do que o dobro dos níveis de 2012. Na Espanha, a parcela dos que estão insatisfeitos com a moradia subiu para 62% em 2024, a maior desde a crise financeira.
Valor - SP 04/09/2024
Investimento da autoridade portuária do Espírito Santo possibilita conexão do porto com o Centro-Oeste.
A Vports (ex-Codesa), autoridade portuária do Espírito Santo, concluiu a recuperação da linha ferroviária que liga o Porto de Vitória à malha nacional da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), da VLI. Com isso, a empresa busca viabilizar uma nova operação de grãos no complexo portuário, segundo o presidente da companhia docas, Gustavo Serrão.
“A ligação com a ferrovia é um marco. É a conexão do porto com o Centro-Oeste. Vejo grandes oportunidades para aproveitar a vocação do porto”, diz ele. “O porto estava sem ligação com a ferrovia, não se chegava trem aqui. Chegava caminhão. Hoje já tem trilhos e dormentes que estamos entregando, uma pera ferroviária. Está entregue.”
O executivo explica que com a conclusão das obras, de cerca de R$ 20 milhões, já é possível a movimentação ferroviária no complexo portuário e há uma expectativa de que em breve o modal passe a ser usado. Porém, a principal previsão é que a estrutura impulsione novos investimentos em uma operação voltada a grãos e fertilizantes.
“Amanhã se tiver necessidade podemos já utilizar. Já é realidade e provavelmente vai ser usada na próxima safra. Em alguns momentos o sistema precisa de mais rotas de escoamento. Nesse próximo ano a gente já vai ser alternativa, no momento em que o porto estiver cheio. Mas a linha viabiliza projetos futuros. Para transformar isso em escala, precisa de investimentos adicionais em vagões, eventualmente locomotivas”, afirma Serrão.
Neste momento, a Vports já está em conversas com a operadora ferroviária e potenciais clientes do porto para viabilizar esses investimentos adicionais, segundo ele. Uma dificuldade é que, com a renovação antecipada da FCA ainda em aberto, a VLI dificilmente faria investimentos de longo prazo na via. Porém, o executivo diz que estão se buscando alternativas para que as obras sejam viabilizadas.
Além da recuperação na linha, a Vports também já investiu R$ 50 milhões para a instalação de silos horizontais, para recepção do granel, e com isso mais do que dobrou a capacidade do porto para armazenagem, diz ele.
A Vports, controlada pela Quadra Capital, é fruto da privatização da Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo), firmada em setembro de 2022. Desde que o grupo assumiu a gestão do complexo portuário, foram investidos R$ 150 milhões diretamente pela autoridade portuária, e outros R$ 100 milhões pelos operadores dos terminais.
Uma das principais alavancas do empreendimento é o desenvolvimento “greenfield”, ou seja, desde o zero, de áreas hoje livres em Barra do Riacho. “Estamos trabalhando na vocação dessa área. Ainda tem várias discussões, aplicação de ‘offshore’, de geração térmica, são pontos que a gente vem discutindo, as alternativas e oportunidades”, afirma Serrão. Segundo ele, o desenvolvimento de novos projetos no local está em regime de confidencialidade.
Canal Rural - SP 04/09/2024
O professor e economista Marcos Troyjo, destacou a condição do crescimento exponencial da população mundial nos próximos 25 anos, e que isso irá gerar uma mudança estrutural pela demanda global. Segundo ele, esta necessidade só será atendida com uma expansão drástica, “um choque”, do sistema de infraestrutura do Brasil, englobando logística, irrigação, vias de escoamento da produção, armazenagem e sobretudo portuária. “Parece-me que montar os bons projetos que sejam projetos financiáveis, de modo a atrair capital de qualidade a longo prazo e as taxas baixas é o grande desafio”, disse o professor.
O diretor jurídico do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Walter Baère, também falou sobre a necessidade em expandir a capacidade rodoviária e ferroviária do Brasil para acompanhar a expansão dos investimentos em portos. Atualmente o BNDES é responsável por cerca de 37% do total de investimento em infraestrutura no Brasil, incluindo do setor portuário, que atua com projetos a longo prazo. “Para investir no setor portuário é preciso o que nós chamamos de capital paciente, aquele dinheiro que espera, que quer retornos longos e não atua como fundos que emprestam e querem retirar logo os seus recursos em troca de lucros rápidos. Então é fundamental a presença de um banco de desenvolvimento que possa emprestar esse capital de longo prazo para setores estratégicos como o setor dos portos”, afirmou Baère.
O ministro do Tribunal Superior do Trabalho e presidente da Ceportos, Douglas Alencar, falou sobre o relatório que prevê a revisão da legislação portuária e que deve trazer um novo marco legal para atender os objetivos de eficiência, ganho de escala e qualidade ao sistema: “Os trabalhos desta comissão de revisão da lei estão estruturados em 3 níveis, um primeiro tratando de temas gerais da atividade portuária, um segundo que envolve a busca da desburocratização, a simplificação regulatória patrimonial e ambiental e o terceiro eixo que trata das questões trabalhistas ligadas ao setor portuário. Todos esses 3 níveis de questões são absolutamente importantes para que nós possamos ter um novo marco legal que contribua para o desenvolvimento do país”.
O seminário trouxe ainda a apresentação de estudos de casos e experiências de outros países na gestão portuária, possíveis tendências globais que podem ser aplicadas no contexto brasileiro. “Precisamos da rapidez na resposta ao desenvolvimento e implantação de infraestrutura, quer seja dos acessos rodoviários e ferroviários, ou acesso aquaviário. E queremos aprender um pouco com os modelos europeu e (norte) americano, porque hoje é natural no Brasil uma burocracia que, por vezes, demanda de dois a três anos entre estudo do projeto e a sua efetiva implantação”, explica Luiz Fernando Garcia, presidente da Portos do Paraná.
O Seminário foi realizado pela Portos do Paraná, em parceria com a Academia Brasileira de Formação e Pesquisa, e reuniu mais de 1000 pessoas do setor portuário e autoridades no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba.
TN Petróleo - RJ 04/09/2024
A ANP divulgou hoje (3/9) o Boletim Mensal da Produção de Petróleo e Gás Natural de julho de 2024, que traz os dados consolidados da produção nacional. A produção total (petróleo + gás natural) foi de 4,181 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d).
Com relação ao petróleo, foram extraídos 3,230 milhões de barris por dia (bbl/d), uma redução de 5,3% na comparação com o mês anterior e de 8,1% em relação ao mesmo mês de 2023.
A produção de gás natural em julho foi de 151,28 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d). Houve aumento de 0,8% frente a junho de 2024 e queda de 1,8% na comparação com julho de 2023.
A principal causa para a queda na produção foi a redução na FPSO Cidade de Saquarema, nos campos de Tupi e Sul de Tupi, devido a parada programada de produção.
Pré-sal
A produção total (petróleo + gás natural) no pré-sal, em julho, foi de 3,282 milhões de boe/d e correspondeu a 78,5% da produção brasileira.
Esse número representa uma redução de 4,2% em relação ao mês anterior e de 2,3% na comparação com o mesmo mês de 2023. Foram produzidos 2,558 milhões de bbl/d de petróleo e 115,12 milhões de m³/d de gás natural por meio de 148 poços.
Aproveitamento do gás natural
Em julho, o aproveitamento de gás natural foi de 97,8%. Foram disponibilizados ao mercado 50,54 milhões de m³/d e a queima foi de 3,38 milhões de m³/d. Houve aumento de 10,7% na queima, em relação ao mês anterior, e queda de 21% na comparação com julho de 2023.
Origem da produção
No mês, os campos marítimos produziram 97,5% do petróleo e 83,9% do gás natural. Os campos operados pela Petrobras, sozinha ou em consórcio com outras empresas, foram responsáveis por 89,22% do total produzido. A produção teve origem em 6.416 poços, sendo 514 marítimos e 5.902 terrestres.
Campos e instalações
No mês de julho, o campo de Tupi, no pré-sal da Bacia de Santos, foi o maior produtor, registrando 731,92 mil bbl/d de petróleo e 37,50 milhões de m³/d de gás natural. Já a instalação com maior produção foi a FPSO Guanabara, na jazida compartilhada de Mero, com 180.058 bbl/d de petróleo e 11,78 milhões de m³/d de gás.
Sobre o Boletim da Produção de Petróleo e Gás
Além da publicação tradicional em .pdf, é possível consultar os dados do boletim de forma interativa utilizando a tecnologia de Business Intelligence (BI). A ferramenta permite que o usuário altere o mês de referência para o qual deseja a informação, além de diferentes seleções de períodos para consulta e filtros específicos para campos, estados e bacias.
Variações na produção são esperadas e podem ocorrer devido a fatores como paradas programadas de unidades de produção em função de manutenção, entrada em operação de poços, parada de poços para manutenção ou limpeza, início de comissionamento de novas unidades de produção, dentre outros. Tais ações são típicas da produção de petróleo e gás natural e buscam a operação estável e contínua, bem como o aumento da produção ao longo do tempo.
Monitor Digital - RJ 04/09/2024
Conversamos com Ilan Arbetman, analista de research da Ativa Investimentos, sobre os impactos do Decreto 12.153/2024, assinado no dia 26/08/2024.
Cabe destacar que o Decreto 12.153/2024 alterou o Decreto 10.712/2021, que regulamentou a Lei 14.134/2021.
Qual a sua avaliação sobre o Decreto 12.153/24?
O Decreto coloca em diferentes posições da mesa a indústria e o setor petrolífero. De fato, há um lobby por parte da indústria para que ela tenha acesso a molécula de forma mais barata e competitiva, ao passo que a reinjeção de gás é uma técnica utilizada não apenas para ganho de eficiência nos campos, mas também para o aumento das suas vidas úteis, pois esse é um processo que suaviza a curva de decaimento da produção. Isso explica o motivo pelo qual mais de 50% do gás que é produzido no Brasil acaba sendo reinjetado, sendo que isso é feito por todas as petrolíferas, tanto a Petrobras como as empresas de fora.
Diversos governos já tentaram apaziguar essa situação e encontrar um ponto ótimo para os setores, mas existe uma grande dificuldade em se chegar a um equilíbrio. A aposta do atual governo é que se vai chegar a um equilíbrio com um aumento da regulação, já que o Decreto, formalmente, aumenta o poder para que a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) decida o percentual de gás que poderá ser reinjetado por cada campo. Aqui, eu levanto a bandeira de que a distância entre um aumento de regulação e uma intervenção, às vezes, acaba sendo pequena.
Para mim, não ficou claro como vão se dar os trabalhos da ANP para a frente, já que o Decreto aumenta o seu poder, mas não discriciona como isso vai se dar ao longo dos próximos meses. É por isso que estou em ponto de stand-by. Do ponto de vista das petrolíferas, eu recebi com atenção os termos do Decreto, que podem mexer, sensivelmente, na forma como essas empresas veem o Brasil.
Em termos de operação, existe uma alternativa competitiva à reinjeção de gás natural extraído na exploração de petróleo?
Sendo franco, eu não sei, mas suporia que não, pois todas as empresas fazem esse processo. Se existisse uma alternativa que fosse mais fácil e viável, ela seria feita. Se esse processo não puder ser feito da forma como ele é feito hoje, isso vai mudar, sensivelmente, a operação de uma série de companhias no país.
Esse decreto pode levar a redução do preço do gás no Brasil?
Quando saiu o Decreto, eu vi representantes da indústria falando em quedas de preço de 30%, 40%, mas ainda é muito cedo para se dizer isso. De fato, como a lógica é que vai haver um aumento de oferta, justamente o que o governo quer, mesmo que haja um aumento da demanda isso vai resultar em um equilíbrio com preços mais baixos. Do ponto de vista do cruzamento das curvas, isso faz sentido.
Contudo, existe uma série de observações. A primeira é que mais de 80% do óleo que é retirado no Brasil é offshore, sendo que nós não temos uma grande infraestrutura de gás. Para que se traga esse gás do mar para a costa, o custo seria grande e teria que ser repassado para os clientes.
A segunda observação está relacionada aos efeitos que poderíamos ter em outros setores, como o elétrico. No primeiro semestre, nós tivemos uma pluviometria mais fraca, tanto que, recentemente, o governo passou a bandeira para vermelha. O ponto é que independente disso, nós temos um cenário estrutural de sobre oferta energética e preços de longo prazo de energia muito baixos, tanto que temos algumas quebras na cadeia eólica. Nesse cenário, trazer mais oferta, mesmo que de uma fonte diferente, aumentaria, certamente, a disponibilidade de energia em um país onde ela já está sobrando, o que causaria mais questões para o setor elétrico.
Do ponto de vista nacional, o governo tem que pesar os seus interesses. Está muito claro a intenção de tornar a nossa indústria mais competitiva, mas temos que nos perguntar qual seria o preço para isso. O gás tem suas questões por conta de uma série de problemas macroeconômicos que fazem com que ele acabe não sendo acessível da forma como gostaríamos que fosse.
Se a ANP definir que o percentual de reinjeção de gás nos campos tem que cair, isso vai mexer na forma como as empresas de petróleo operam no país e como os investimentos, daqui para a frente, serão feitos. Do meu humilde ponto de vista, o governo tem a perder com royalties e com tributos que poderiam ser pagos se a indústria de petróleo for saudável, ou seja, as perdas do Decreto seriam mais pesadas que os seus ganhos. De forma bem prática, sou muito cético com relação ao custo-benefício do Decreto.
Por que o gás é tão caro no Brasil?
Como disse, essa questão da reinjeção faz com que mais de 50% do gás que é produzido volte para os campos de petróleo. Além disso, parte do gás é nacional e parte é importado, sendo que parte dessa importação vem da Bolívia a preços fixos e parte é comprada no mercado spot a preço de mercado. Como temos uma oferta mais diminuta e temos que comprar uma fração do suprimento a preços de mercado, isso, naturalmente, aumenta os preços praticados na ponta.
Além disso, no passado, infelizmente, não foram feitos os investimentos necessários em infraestrutura, o que faz com que o gás não chegue a muitas praças e que se tenha o custo de transporte. A criação dessa infraestrutura é um processo custoso e que leva tempo, e quando ele for feito em maior escala, isso também será repassado para os preços.
O fato é que nós temos uma série de motivos que fazem com que tenhamos uma grande complexidade para que o gás fique acessível para quem o consome, o que acaba tornando o preço da molécula menos competitivo.
A médio e longo prazo, essas movimentações podem afetar o valor das petrolíferas com ações na Bolsa?
Podem, fatalmente. Falando de infraestrutura, não está claro no Decreto, na verdade não existe nada escrito nele, sobre a criação da infraestrutura necessária para que o gás, que eventualmente deixar de ser reinjetado, chegue para os clientes. Por exemplo, como para o atual governo a Petrobras tem uma função social, eu não duvidaria que uma boa parte dos custos e despesas necessários para a promoção dessa infraestrutura possam ser custeados pela companhia.
Assim que o Decreto foi feito, nós tivemos uma entrevista da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, dizendo que o Decreto não mudou nada, mas que seria preciso ficar bem atento. É possível, por exemplo, que a Petrobras tenha um aumento de capex para o próximo ano. Conforme a ANP informe como isso tem que ser feito e os limites máximos de reinjeção, se os investimentos não aparecerem neste plano, eles podem aparecer muito bem nos seguintes. Aqui, eu faço um flag de que temos que acompanhar de perto qual vai ser o papel da Petrobras nisso.
Quanto às demais, o Decreto, como disse mais cedo, tem o potencial de mudar, sensivelmente, a forma como as companhias de petróleo operam no país e a forma como elas vão operar no futuro. Independente de serem nacionais ou internacionais, as companhias de petróleo estimam as curvas de petróleo e fazem contas, mas a partir do momento em que você flerta com uma limitação na produção de petróleo, certamente uma série de projetos podem se tornar não convidativos e afastar investimentos do país.
A resposta direta para a sua pergunta é sim, pois dependendo da regulação que for feita, podemos ter muitos efeitos para as empresas de petróleo que tem capital aberto e que operam no país, sejam elas nacionais ou de fora.
Considerando a conversa que tivemos, você gostaria de acrescentar algum ponto à sua entrevista?
Essa questão possui dois lados com pontos de vista muito antagônicos e um governo tentando ver mais o lado da indústria. Isso é válido, mas tem que ser visto qual vai ser o custo de implementação desse novo arcabouço jurídico, que pode trazer uma série de problemas, judicializações, perda de apetite por parte das petrolíferas, efeitos colaterais em outros setores, como o setor elétrico, e um efeito direto na precificação dos papeis listados na Bolsa.
Para que tenhamos uma noção, a política de dividendos da Petrobras é muito clara. Quando a dívida bruta estiver abaixo de US$ 65 bilhões de dólares, os dividendos serão pagos em conformidade com a fórmula 45% do fluxo de caixa livre menos investimentos. Se os investimentos crescerem, inexoravelmente, você vai ter uma capacidade de distribuição de provento muito baixa. Por mais que esse movimento do governo esteja muito no começo, vamos ver, ao longo dos próximos meses, o trabalho que a ANP vai fazer. Estamos só no início de um processo que começou turbulento, mas que pode se mostrar ainda mais turbulento para a frente.
Agência Camara - DF 04/09/2024
O Projeto de Lei 3337/24, do Poder Executivo, permite a transferência do excedente do índice mínimo de conteúdo local entre contratos de exploração e produção de petróleo e de gás natural. A política de conteúdo local é um instrumento usado para ampliar a participação de equipamentos e serviços nacionais na cadeia produtiva de petróleo e gás. A proposta está em análise na Câmara dos Deputados.
Com o projeto, se um consórcio petrolífero superar o índice mínimo obrigatório de compra de produtos brasileiros, o excedente percentual poderá ser repassado, em valor monetário, a outra operação que esteja abaixo desse mínimo.
Por exemplo, se o índice de conteúdo nacional do contrato for 20%, mas o consórcio alcançou 30%, a diferença (10 pontos percentuais) poderá ser transferida.
Regras
Para dar execução à medida, o projeto prevê as seguintes regras:
a medida beneficia os contratos de concessão ou partilha de produção; a transferência de excedentes será restrita a contratos com pelo menos uma empresa consorciada coincidente; o repasse do excedente será solicitado à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) pelas empresas; a transferência poderá ser total ou parcial, a critério das empresas; não será permitido o aproveitamento de excedentes para fases já encerradas.
O governo afirma que a proposta visa estimular as contratações nacionais em níveis superiores aos exigidos atualmente das empresas que operam no setor de exploração e produção de óleo e gás, visando alavancar a indústria brasileira.
A ANP já permitiu, no passado, a transferência de excedente de conteúdo local em rodadas de licitação de blocos exploratórios. A medida, no entanto, ficou restrita a fases subsequentes de um mesmo contrato (por exemplo, da fase de exploração para a de desenvolvimento da produção).
Próximos passos
O projeto está em análise em regime de urgência constitucional, o que permite sua votação diretamente no Plenário. Para se tornar lei, a proposta precisa ser aprovada pela Câmara do Deputados e pelo Senado Federal.
Globo Online - RJ 04/09/2024
Os países do G7, grupo formado por sete das mais desenvolvidas economias do planeta, concordaram em eliminar gradativamente ou banir as importações de petróleo vindo da Rússia, uma das principais fontes de financiamento do Kremlin em meio a uma série de sanções contra setores vitais de sua economia. Reunidos de forma virtual, os líderes de EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá se comprometeram a intensificar a pressão contra o presidente Vladimir Putin, em uma tentativa de forçar a interrupção do conflito na Ucrânia.
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Segundo o comunicado final, os países dizem que o corte das importações de petróleo será realizado "de uma maneira pontual e ordenada, e de forma a dar tempo para que o mundo garanta fontes alternativas de suprimento".
"Enquanto fazemos isso, trabalharemos ao lado de nossos parceiros para garantir fontes globais de energia estáveis e sustentáveis, além de preços justos para os consumidores, incluindo ao acelerar a redução de nossa dependência total de combustíveis fósseis e nossa transição para uma energia limpa, de acordo com nossos objetivos climáticos", diz o texto. Não foram especificados os compromissos individuais de cada um dos países sobre o corte ou a redução de importações de petróleo russo.
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Medidas contra o setor energético russo estão entre as ferramentas mais duras para pressionar e punir o Kremlin, que se veria sem maneiras de recuperar o dinheiro perdido de seus tradicionais clientes. Contudo, ao mesmo tempo em que países como os EUA e o Reino Unido já anunciaram o bloqueio às exportações de itens como petróleo e gás, os parceiros europeus ainda relutam em apoiar a iniciativa.
Na semana passada, a União Europeia (UE) sinalizou que tomaria passos para cortar o consumo de petróleo russo , mas a tarefa não será nada simples: estima-se que a Rússia forneça cerca de um quarto de todo o produto consumido pelos países do bloco, e encontrar fornecedores de tal escala no momento em que há alta demanda global por petróleo, não é algo simples ou que possa ser feito de um dia para o outro.
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Pelo plano anunciado na sexta, a UE estabeleceu um prazo até o fim do ano para que os países não comprem mais petróleo e derivados da Rússia — países que vêm se opondo a um corte repentino por dependerem fortemente da energia russa, como Hungria e Eslováquia, terão um prazo maior, até o fim de 2023, segundo fontes internas.
Próximo alvo? Quais são as opções da Europa se a Rússia interromper o fornecimento de gás?
Já no caso do gás, que também foi banido pelos EUA, não há um consenso sobre o eventual corte dos suprimentos para a UE: em março, o bloco apresentou um plano para reduzir o uso de gás russo em dois terços até o fim do ano, e prevê ações para suspender completamente seu uso até 2030. Contudo, nações como a Hungria prometem barrar qualquer política que afete suas necessidades energéticas a curto prazo.
Bancos e propaganda
A reunião virtual, marcada para o dia em que se comemora o aniversário de 77 anos da rendição nazista e da vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial, também foi marcada pela promessa de outras medidas contra a Rússia (que comemora a data no dia 9 de maio).
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Segundo o comunicado final, os países se comprometem a proibir ou prevenir o fornecimento de serviços essenciais para a economia russa, apontando que isso "vai reforçar o isolamento russo ao redor de todos os setores de sua economia". Também serão tomadas ações para "lutar contra as tentativas do regime russo de espalhar sua propaganda", e para atngir as elites russas, hoje majoritariamente ao lado de Vladimir Putin, com a promessa de impor sanções individuais.
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Como no caso do petróleo, o G7 não deu detalhes sobre essas medidas.
Ao mesmo tempo em que Joe Biden participava do encontro de líderes, o Departamento do Tesouro dos EUA anunciava mais uma série de sanções contra Moscou: os alvos incluem três emissoras de TV — NTV, Canal 1 e Russia 1 — ligadas ao Kremlin e que vêm amplificando a narrativa oficial sobre a guerra, chamada de "operação militar especial" para, dentre outros objetivos alegados, "desnazificar" a Ucrânia, um termo que não foi completamente explicado pelas autoridades.
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Também foram incluídos na lista de sanções alguns executivos do Gazprombank, que vem servindo como canal de pagamento pelo gás russo consumido pelos europeus. Entre os citados estão Alexey Miller, presidente do Comitê de Gestão da gigante do setor energético Gazprom, e Andrey Akimov, presidente do Conselho de Administração do Gazprombank.
— Esse não foi um bloqueio total. Não estamos congelando os bens do Gazprombank ou proibindo transações com o Gazmprombank — afirmou um integrante do governo dos EUA a repórteres, sob condição de anonimato e citado pela Reuters. — O que estamos sinalizando é que o Gazprombank não é um porto seguro, e estamos aplicando sanções a alguns de seus principais executivos para criar um efeito arrepiante.
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Em outra frente, o Departamento de Estado anunciou restrições à emissão de vistos para mais de 2,5 mil militares russos e de forças separatistas na Ucrânia, além da inclusão de oito empresas de transporte marítimo e 69 navios na lista de sanções.
Durante visita a Kiev, o premer canadense, Justin Trudeau, também anunciou a aplicação de sanções contra 40 cidadãos russos e cinco entidades ligadas ao setor de Defesa. Trudeau confirmou que reabrirá a sua embaixada na capital ucraniana, e sinalizou que irá incrementar o envio de armamentos ao país, incluindo com drones de vigilância, imagens de satélites, armas, munição e financiamento para operações de desativação de minas terrestres.
— Está claro que Vladimir Putin e responsável por atrozes crimes de guerra — afirmou Trudeau, ao lado do líder ucraniano, Volodymyr Zelensky. Para ele, é necessário que haja uma "prestação de contas" sobre tais acusações.
CNN Brasil - SP 04/09/2024
O agronegócio — considerado um dos “motores” da economia brasileira nos últimos anos — teve destaque negativos no segundo trimestre de 2024, com recuo de 2,3% em comparação com os três meses anteriores, conforme números divulgados nesta terça-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na base com o mesmo período do ano passado, o recuo ainda foi ainda maior, de 2,9%.
De uma forma geral, o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre registrou alta de 1,4% entre abril e junho, enquanto em paralelo a 2023, o avanço foi de 3,3%.
A queda na produção do setor, porém, tem mais ligação com o resultado robusto de 2023 e menos com um “mau desempenho”, destaca Claudio Considera, coordenador de contas nacionais do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre).
“É um problema relativo à comparação, basicamente. Não há um problema no agro”, explica.
A redução já era esperada pelo IBGE. Em 2023 a produção agrícola no Brasil foi de 315,4 milhões de toneladas, considerada uma super safra, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA).
Para este ano, a previsão é de 298 milhões de toneladas — recuo de 5,5%, segundo números atualizados até julho.
Felippe Serigati, pesquisador do FGV Agro, explica que questões climáticas, como o El Niño, contribuíram para o recuo registrado do agro.
“Não conseguimos produzir safra recordes todo ano, e a produção agropecuária depende muito das condições climáticas. Operamos a safra de verão sobre o efeito do El Niño e com chuvas abaixo da média na região centro-oeste do país, que causou uma seca na região e prejudicou a produtividade” explica o pesquisador.
O El Niño é um padrão climático que se origina no Oceano Pacífico ao longo da Linha do Equador, que costuma aumentar as temperaturas e provocar estiagem em partes das regiões Norte e Nordeste do Brasil.
Já a seca entre 2023 e 2024, segundo o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), é a “mais intensa da história recente”.
Para 2025, Considera diz que a produção agropecuária deve apresentar crescimento comparativo com os resultados deste ano.
“Continuamos exportando soja e carne, com volume de exportação semelhante ao do ano passado”, pontua.
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