Valor - SP 03/09/2024
Candidata do Partido Democrata à presidência dos EUA deve afirmar, em evento, que a U.S. Steel tem que ficar sob propriedade e operação americana, sinalizando alinhamento com posição de Joe Biden.
A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, planeja manifestar sua oposição à compra da U.S. Steel pela Nippon Steel, aumentando o coro contra a operação anunciada em dezembro passado.
A candidata do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos visita Pittsburgh para o feriado do Dia do Trabalho e deve afirmar, em um evento, que a U.S. Steel tem que ficar sob propriedade e operação americana. Sua posição parece espelhar a do presidente Joe Biden.
Em março, Biden sinalizou sua oposição ao acordo sem dizer explicitamente que bloquearia a compra de US$ 14,1 bilhões pela Nippon Steel. O ex-presidente e candidato republicano Donald Trump afirmou que impediria o acordo se ganhasse um segundo mandato. Vários membros do congresso, incluindo o candidato republicano a vice-presidente, o senador JD Vance, também disseram ser contrários ao acordo.
A intervenção de Harris no acordo ocorre enquanto outras partes de suas propostas de campanha começam a tomar forma. Ela propôs isentar gorjetas de impostos, uma proposta que Trump também apoia, e expandir vários créditos fiscais, incluindo aqueles para compradores de primeira casa e famílias com filhos.
O sindicato United Steelworkers (USW) tem se oposto de maneira firme ao acordo com a Nippon Steel, argumentando que a empresa não forneceu compromissos suficientes para manter as fábricas representadas pelo sindicato abertas e honrar os termos contratuais existentes.
A Nippon Steel diz que irá honrar as obrigações do contrato sindical que vai até 2026. A empresa também declarou que evitaria demissões durante o período do contrato atual.
A siderúrgica japonesa prometeu um grande aporte de investimentos nas unidades envelhecidas da U.S. Steel em Gary, Indiana, e nos arredores de Pittsburgh. Na semana passada, a empresa japonesa quase dobrou seus compromissos de investimento nas plantas mais antigas da empresa para US$ 2,7 bilhões nos próximos anos, visando a combater a ansiedade dos funcionários e líderes municipais de que a Nippon Steel fecharia as fábricas.
Líderes do sindicato dos metalúrgicos desconsideraram os investimentos adicionais, a menos que os compromissos sejam incluídos no contrato sindical. “A Nippon fala muito, mas no final do dia, um comunicado de imprensa não é um contrato”, diz David McCall, presidente internacional do sindicato.
Executivos da Nippon Steel realizaram uma campanha de “lobby” agressiva neste verão para conquistar apoio ao acordo com autoridades municipais de comunidades que estão em declínio há décadas devido ao fechamento de fábricas da U.S. Steel no Meio-Oeste e no Vale do Rio Monongahela, perto de Pittsburgh.
Na semana passada, a Nippon Steel anunciou que investiria até US$ 1 bilhão para substituir equipamentos de laminação de aço no Vale Mon e US$ 300 milhões na reforma de um alto-forno na planta de Gary, o que deve estender a vida operacional do forno por 20 anos.
Executivos da U.S. Steel disseram que a empresa não pode igualar os compromissos de investimento da Nippon Steel. A U.S. Steel demitiu milhares de trabalhadores com o fechamento de unidades nos últimos quatro anos, movimentos que ajudaram a desgastar seu relacionamento com o sindicato. A empresa enfureceu ainda mais os líderes sindicais ao cancelar a maior atualização no Vale Mon em décadas, em 2021, em favor da compra de uma nova fábrica no Arkansas, operada por trabalhadores não sindicalizados.
A U.S. Steel continua apoiando seu acordo com a Nippon Steel. Seus acionistas aprovaram a oferta em dinheiro de US$ 55 por ação feita pela Nippon na primavera passada. “A parceria com a Nippon Steel, um investidor de longa data nos Estados Unidos, de nosso aliado próximo, o Japão, fortalecerá a indústria siderúrgica americana”, disse o CEO da U.S. Steel, Dave Burritt.
Com sede em Pittsburgh, a U.S. Steel passou meses avaliando potenciais compradores. Uma oferta da rival Cleveland-Cliffs recebeu o apoio do sindicato dos metalúrgicos, mas foi rejeitada pela U.S. Steel.
Executivos da U.S. Steel citaram preocupações com a concentração de mercado em uma potencial combinação com a Cliffs, já que ambas as empresas fornecem aço para muitos dos mesmos clientes, particularmente a indústria automotiva. A Cliffs também ganharia quase o controle completo da oferta doméstica de minério de ferro.
O Departamento de Justiça está conduzindo uma revisão antitruste da transação com a Nippon Steel. O acordo também está sendo revisado sob a ótica da segurança nacional pelo Comitê de Investimentos Estrangeiros nos Estados Unidos, que pode recomendar que o presidente bloqueie um potencial acordo.
O Estado de S.Paulo - SP 03/09/2024
O empresário Jorge Gerdau Johannpeter é o primeiro brasileiro no Hall da Fama dos Negócios Globais, reconhecimento concedido pela Junior Achievement (JA) Worldwide. O anúncio foi feito em Boston, nos Estados Unidos, onde a organização internacional surgiu em 1919.
O brasileiro foi destacado na categoria Líder, que considera profissionais de nível executivo que lideram empreendimentos com grande escopo de responsabilidade, recursos e talento. Com seus irmãos, Jorge Gerdau Johannpeter, 87, alçou o Grupo Gerdau a um dos maiores do mundo no ramo siderúrgico.
Promovido em parceria com a Delta Air Lines, o Hall da Fama dos Negócios Globais da JA Worldwide tem o objetivo de inspirar jovens ao redor do mundo.
Além de Jorge Gerdau Johannpeter, na categoria Líder, destaque para a indiana Roshni Nadar Malhotra, presidente da HCLTech. Primeira mulher a liderar uma empresa de TI listada na Índia, é considerada uma das “100 mulheres mais poderosas do mundo” pela Forbes.
Valor - SP 03/09/2024
Preços de exportação de 60% dos principais produtos caíram, com as reduções de preços se expandindo dos materiais industriais para circuitos integrados e alimentos.
A China está intensificando os embarques de aço barato e outros produtos para o exterior, enquanto mais países a acusam de exportar sua deflação.
Os preços de exportação de 60% dos principais produtos caíram, com as reduções de preços se expandindo dos materiais industriais para circuitos integrados e alimentos. Devido à economia fraca no país, as empresas chinesas estão redirecionando estoques excedentes para o exterior, e outros países estão tomando medidas crescentes para proteger suas indústrias.
O índice de compras da China para agosto foi de 49,1, informou o Escritório Nacional de Estatísticas no sábado (31), uma queda de 0,3 pontos em relação ao mês anterior e o quarto mês consecutivo abaixo de 50, a linha divisória entre condições favoráveis e desfavoráveis.
Embora a segunda maior economia do mundo pareça cada vez mais estagnada, as exportações continuam fortes. De acordo com estatísticas preliminares de comércio para julho, as exportações da China em dólares foram de US$ 300,5 bilhões, um aumento de 7% em relação ao ano anterior e o quarto mês consecutivo de crescimento.
Esse fluxo de exportações a preços baixos com margens de lucro reduzidas está causando tensões com outros países.
Das 17 commodities para as quais há estatísticas comerciais preliminares disponíveis para comparação, 60% – incluindo produtos de aço, eletrodomésticos e circuitos integrados – viram os preços unitários caírem em relação ao ano anterior. A porcentagem de itens em queda começou a aumentar no outono de 2022 e ultrapassou 80% no verão passado. A tendência continua e atualmente oscila entre 60% e 70%.
Por categoria, os preços dos produtos de aço caíram 9%. Esses preços vêm caindo desde setembro de 2022. A recessão imobiliária na China reduziu a demanda por construção, e a produção de aço bruto superou o consumo, resultando no que é conhecido como um sério excedente de ferro.
As exportações de aço da China aumentaram 22% em relação ao ano anterior, para 61,23 milhões de toneladas no período de janeiro a julho. Isso está em linha com 2015, que registrou um recorde histórico. A queda dos preços internos afeta os preços de exportação. Em termos de valor, o mercado interno caiu 8%, para US$ 47,7 bilhões, e os preços unitários caíram quase 30%. Os excedentes de aço estão saindo da China a preços baixos em um ritmo acelerado.
Os preços dos recursos também caíram devido a uma grave falta de demanda na China, arrastando os preços no exterior. Os preços das terras raras vêm caindo desde março de 2023 e agora estão 10% abaixo em relação ao ano anterior. Os preços do alumínio subiram ligeiramente em junho e julho, mas vinham caindo por 20 meses consecutivos até maio.
O consumo fraco está tendo um impacto negativo na recuperação econômica. As vendas totais no varejo de bens de consumo, que incluem vendas em lojas de departamentos e supermercados, bem como vendas pela internet, aumentaram apenas 3,5% em janeiro-julho em comparação com o mesmo período do ano passado.
Esse padrão de exportações baratas a preços baixos devido à fraca demanda interna também pode ser observado em bens de consumo e alimentos. Móveis e eletrodomésticos no índice de preços ao consumidor de julho caíram 1,8% em relação ao ano anterior, devido às vendas fracas de apartamentos. Produtos que não podem ser vendidos no mercado interno são empurrados para o exterior, com o custo unitário das exportações de eletrodomésticos caindo 5%.
Os preços unitários de exportação de circuitos integrados, como os usados em computadores pessoais, caíram 10%, ampliando a taxa de declínio em 4 pontos percentuais em relação ao mês anterior. Os preços dos grãos caíram 20% em abril e permaneceram em queda em relação ao ano anterior por quatro meses consecutivos até julho. Os preços dos frutos do mar também continuam caindo de 10% a 20%. Os preços dos calçados caíram 11%, ampliando ainda mais o declínio em comparação com maio e junho.
A contínua inundação de produtos e materiais chineses baratos pode levar a uma deterioração dos lucros corporativos e do emprego em outros lugares. A União Europeia aumentou as tarifas de importação sobre veículos elétricos fabricados na China em julho. Os EUA também planejam aumentar as tarifas sobre veículos elétricos e aço chineses.
Em julho, Washington anunciou a introdução de medidas para evitar que o aço chinês seja desviado através do México. O Brasil e outros países da América Latina também aumentaram as tarifas sobre o aço, acreditando que o aço chinês tomará participação de mercado de seus fabricantes.
O produto interno bruto real da China cresceu 5% no ano no primeiro semestre deste ano, em linha com a meta do governo de cerca de 5% para o ano completo. Empresas estatais e outras lideraram o aumento de investimentos em infraestrutura e produção, elevando a taxa de crescimento.
Mas o governo chinês não implementou nenhuma medida drástica para apoiar o consumo doméstico. A dependência das "exportações deflacionárias" pode se acelerar no segundo semestre, à medida que Pequim busca atingir sua meta de taxa de crescimento.
Exame - SP 03/09/2024
O aço da ArcelorMittal se faz presente em toda parte – desde o prédio mais alto do mundo (o Burj Khalifa, em Dubai, nos Emirados Árabes) até ferrovias, carros, metrôs, pontes e estádios de futebol brasileiros. Resistente e infinitamente reciclável, o material formado pela liga metálica do ferro com o carbono é, por si só, parte fundamental na transição para uma economia de baixo carbono. Mas, a produção siderúrgica ainda enfrenta desafios para atender às novas metas globais de descarbonização.
Atualmente, cerca de 7% das emissões globais dos gases de efeito estufa vêm da indústria do aço. No Brasil a participação das emissões é de 4%. Para minimizar esses impactos, a ArcelorMittal – maior produtora de aço no Brasil – vem realizando uma série de iniciativas com o intuito de alcançar a meta de neutralidade de emissões de carbono até 2050. Entre essas iniciativas estão o aumento do uso de sucata metálica; diversificação de sua matriz energética com fontes renováveis, eficiência energética, e compensação de emissões remanescentes.
Energia renovável
Os aportes em projetos de energia renovável vão atingir um total de R$ 5,8 bilhões nos próximos anos e serão aplicados em três projetos. O principal objetivo é assegurar energia limpa e descarbonizar uma parte considerável das operações da empresa no Brasil.
O primeiro deles, anunciado no ano passado, é uma joint venture com a Casa dos Ventos, uma das maiores desenvolvedoras de projetos e operadoras de energia eólica no Brasil. Considerado o maior acordo corporativo de energia renovável firmado no país, ele prevê investimentos de R$ 4,2 bilhões para a construção e a operação do Complexo Eólico Babilônia Centro, que terá 553,5 MW de capacidade instalada nos municípios de Morro do Chapéu e Várzea Nova, na Bahia. Em janeiro deste ano foi anunciada ainda a liberação de financiamento da ordem de R$ 3,16 bilhões pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao complexo, o que corresponde a 80% do valor total do investimento.
Em agosto deste ano, a parceria com a Casa dos Ventos foi ampliada e uma nova joint venture foi criada para tornar híbrido o Complexo Eólico Babilônia Centro, viabilizando a instalação de uma planta fotovoltaica junto ao empreendimento eólico.
Outro projeto anunciado foi com a Atlas Renewable Energy, com o aporte de R$ 895 milhões na construção do Parque Luiz Carlos, de energia solar, em Paracatu, município do noroeste de Minas Gerais. A produção prevista é de 69 MW médios/ano e potência instalada de 269 MW. As duas novas plantas de energia solar terão capacidade de geração de 113 MW médios/ano, o que representará 14% do consumo atual de energia elétrica das unidades da ArcelorMittal no Brasil.
“Os projetos nos preparam para o futuro, garantindo que possamos atender nossas necessidades de energia no longo prazo de forma responsável, sustentável e com redução de custos”, destaca Jefferson De Paula, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração LATAM.
A meta da ArcelorMittal é utilizar 100% de fontes renováveis de energia elétrica até 2030. Os primeiros passos para alcançar o desafio já foram dados. Em 2023, a empresa atingiu a autoprodução de 61% de energia.
“Além de garantir o suprimento das plantas industriais com fonte própria de energia renovável, os investimentos visam a diversificação da matriz energética, a redução dos custos operacionais e o aumento da nossa competitividade”, afirma Jefferson De Paula.
Diversificação da fonte
Outros esforços estão em projetos que garantam a produção sustentável do aço. Exemplo disso é o fato de todas as unidades da ArcelorMittal contarem com sistemas de recuperação de calor e reaproveitamento dos gases provenientes dos processos produtivos.
Localizada no município de Serra (ES), a planta de Tubarão – maior usina do Grupo ArcelorMittal no Brasil – é autossuficiente em energia desde 1999, contribuindo para diminuição da demanda no sistema elétrico nacional.
Em 2018, a unidade aderiu ao primeiro ciclo do Programa Aliança – iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a Eletrobras e a Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace).
A empresa, inclusive, é pioneira no uso do gás natural em substituição ao carvão nos altos-fornos. Por meio desta medida, a ArcelorMittal produziu seus primeiros certificados de aço para o mercado em 2023, dentro de seu programa XCarb.
“Vimos que o gás poderia ser usado no aquecimento de alto-forno, substituindo o carvão e o coque de carvão. Com isso, não só melhoramos a nossa eficiência como também avançamos em nossa estratégia de descarbonização”, diz Fabrício Assis, diretor de Produção de Gusa e Energia da unidade de Tubarão da ArcelorMittal.
Como parte do Plano Diretor de Eficiência Energética, a empresa também implementou, em Tubarão, mudanças como o aumento da recuperação e energia para uso de vapor para turbinas de geração elétrica, a substituição de luminárias de ruas e prédios e a instalação de sistema de geração de energia solar em um de seus estacionamentos.
Comercializadora própria
Desde 2012, a ArcelorMittal Brasil possui uma comercializadora de energia – a AMCEL –, com o intuito de aprimorar sua gestão do insumo, criar oportunidades de redução de custo de energia e melhorar a autogeração, além de investir na implementação de projetos inovadores de eficiência energética.
A ArcelorMittal conta com centrais hidrelétricas que são responsáveis pelo abastecimento de parte da energia consumida pelas plantas industriais. O restante é comprado no mercado em contratos de longo e médio prazos e spot, por meio de uma gestão que busca a ecoeficiência e a competitividade para o negócio.
Como alternativa energética, a unidade de Juiz de Fora faz uso do carvão vegetal, que é utilizado como agente redutor do minério de ferro em seus altos-fornos.
Aquisição da CSP
Outro passo rumo à descarbonização foi dado pela ArcelorMittal no ano passado, com a compra da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP). Hoje, a unidade do Pecém da ArcelorMittal traz a oportunidade de se criar um centro de produção de aço de baixo carbono na região. A estratégia anda lado a lado com a ambição do estado do Ceará de desenvolver um centro de hidrogênio verde de baixo custo em Pecém.
“Além da recente aquisição da unidade, temos vários projetos downstream de crescimento orgânico em andamento que ampliam nossa presença e aprimoram nossa capacidade de produzir produtos de maior valor agregado”, destaca Jefferson De Paula.
Esses planos de expansão, diz o executivo, levarão a um aumento natural das necessidades energéticas da empresa. “Esses projetos nos preparam para o futuro, garantindo que possamos atender nossas necessidades de energia no longo prazo de forma responsável, sustentável e com redução de custos.”
O Estado de S.Paulo - SP 03/09/2024
O custo de produção da indústria brasileira voltou a se distanciar da média internacional, após um período no qual as contas das empresas foram aliviadas pelo ciclo de afrouxamento monetário que levou os juros de referência do País à sua mínima histórica.
A inflexão é apontada por um levantamento feito pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) que estima em quanto o chamado Custo Brasil onera os produtos brasileiros frente a concorrentes do exterior. Esta conta atingiu o pico de 35,9% na recessão econômica de 2015/2016, mas depois cedeu nos quatro anos seguintes, chegando a 17,3% em 2020, quando no enfrentamento da pandemia foram lançadas linhas de crédito emergenciais e a taxa básica de juros (Selic) caiu para 2%. Depois disso, contudo, o Custo Brasil voltou a subir para 17,8%, em 2021, e 20,9%, em 2022, último dado disponível.
O cálculo é uma medida dos custos da indústria brasileira — entre impostos, juros, insumos, logística e serviços — que superam os da concorrência internacional. Apontado como o principal fator da perda de competitividade da indústria de transformação, o Custo Brasil independe das estratégias de cada empresa, pois decorre de deficiências sistêmicas, que só podem ser mitigadas com políticas de Estado.
Na média histórica, que pega um período de 15 anos até 2022, o Custo Brasil elevou em 24,1% os preços dos produtos da indústria brasileira. Ou seja, as desvantagens do ambiente de negócios fazem um produto que custaria US$ 100 ter um acréscimo de US$ 24 quando é fabricado no Brasil.
Para chegar a esse número, a Fiesp faz um exercício sobre quais seriam os custos de uma indústria com as características operacionais brasileiras se ela estivesse no exterior. A base de comparação usada pela entidade são os 15 países que mais exportam produtos industrializados ao Brasil — isto é, os que mais disputam espaço com as fábricas brasileiras no mercado doméstico —, incluindo, entre outros, China, Estados Unidos e Alemanha.
Metade (51%) da diferença do custo de produzir no Brasil em relação aos outros países vem dos tributos. Outros 23% são os juros mais altos pagos pelas empresas no financiamento do capital de giro.
O Custo Brasil não é a única, mas é uma grande explicação da perda de competitividade da indústria brasileira tanto no mercado internacional quanto no nacional
Antonio Carlos Teixeira Álvares, diretor titular do departamento de competitividade da Fiesp, responsável pelo estudo
Peso trilionário
A estimativa sobre o Custo Brasil na indústria, obtida com exclusividade pelo Estadão/Broadcast, não era revisada pela Fiesp havia três anos. Ainda que não faça parte do levantamento, a entidade calcula em R$ 1,2 trilhão o Custo Brasil na indústria de transformação.
O peso dos impostos sobre a indústria deve ser atenuado pela reforma tributária, que tem o setor entre os maiores beneficiados pela criação do imposto sobre valor agregado, o IVA. Já do lado do custo de crédito, a Fiesp aponta a necessidade de soluções para a redução consistente dos juros.
“O Custo Brasil não é a única, mas é uma grande explicação da perda de competitividade da indústria brasileira tanto no mercado internacional quanto no nacional”, diz Antonio Carlos Teixeira Álvares, diretor titular do departamento de competitividade da Fiesp, responsável pelo estudo.
Infraestrutura insuficiente
Entre os dados observados, o levantamento da Fiesp nota que a carga tributária brasileira morde 32,5% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto nos 15 países usados na comparação o porcentual dos tributos no total produzido é de 26,5%. A alíquota de tributos sobre o lucro das empresas no Brasil, de 34%, é a maior entre todas as economias analisadas, cuja média é de 26,1%. Os dados consideram as médias em 15 anos, de 2008 a 2022.
O estudo aponta ainda obstáculos relacionados à burocracia tributária, que toma das empresas brasileiras um tempo de recolhimento de impostos dez vezes maior do que em outras economias, representando um custo de 0,7% do faturamento da indústria de transformação. A Fiesp mostra também em seu estudo que o spread bancário, a diferença entre a taxa de captação e a taxa cobrada pelos bancos nos empréstimos, é 9,3 vezes maior no Brasil.
Para completar, aponta o levantamento, certos insumos usados pela indústria são mais caros no Brasil do que na média internacional, citando energia elétrica, gás natural, aço e resinas. Ao mesmo tempo, deficiências em infraestrutura elevam o custo da logística no País. “O Brasil está mal em quase tudo. É o maior custo em quase todas as áreas”, lamenta Álvares.
CNN Brasil - SP 03/09/2024
De acordo com cálculos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), nos últimos dez anos, o país gastou aproximadamente R$ 4,7 trilhões apenas com juros.
O número supera os gastos com educação, saúde e infraestrutura no mesmo período.
O assunto foi amplamente discutido durante um encontro de empresários em São Paulo.
Os setores produtivos argumentam que a atividade econômica está sofrendo com o atual patamar da taxa básica de juros (Selic), que se mantém em 13,75% ao ano nas últimas três reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).
Impacto nos investimentos e competitividade
Representantes da indústria alegam que manter a taxa elevada por muito tempo dificulta os investimentos e o acesso ao crédito, podendo comprometer o futuro do setor.
Marco Saltini, vice-presidente da Firjan, declarou: “O Brasil tem uma das maiores taxas no mundo. Isso não ajuda ninguém, mas a gente precisa ter as condições efetivas para que isso seja realmente equacionado e que possamos ter padrões mundiais como queremos para uma indústria”.
Em um ranking mundial, a taxa de juros real no Brasil, aquela que desconta a inflação, ocupa a terceira posição mais alta, ficando atrás apenas da Turquia e da Rússia.
Essa posição desfavorável tem consequências diretas na competitividade da indústria brasileira no cenário global.
O fenômeno do rentismo
Rafael Lucchese, diretor da Confederação Nacional da Indústria (CNI), alertou para o rentismo, incentivado pela alta taxa de juros.
Segundo ele, o fenômeno cria ganhos de renda que não contribuem para a produção, representando uma desvantagem significativa para um setor que já enfrenta desafios de competitividade.
A situação atual demanda uma reflexão profunda sobre as políticas monetárias e seus impactos no setor produtivo.
A indústria brasileira busca condições mais favoráveis para investir, inovar e competir em escala global, enquanto procuram um equilíbrio entre o controle da inflação e o estímulo ao crescimento econômico sustentável.
O Estado de S.Paulo - SP 03/09/2024
Em meados do ano passado, ainda início do terceiro mandato de Lula, havia analistas que previam que Roberto Campos Neto não resistiria até o final do seu mandato, no fim deste ano. Os ataques de Lula e de alas do PT ao presidente do Banco Central eram pesados, e a visão era de que um "técnico" como Campos Neto não resistiria a tanta pressão.
É verdade que o atual presidente do BC é um técnico, mas ele também tem um quê de instinto político, como seu falecido avô, Roberto Campos, que, de cargos econômicos durante o período militar, evoluiu para parlamentar de destaque na redemocratização.
Essa veia política de Campos Neto foi por vezes muito mal gerida, como no episódio extremamente infeliz em que foi votar no segundo turno das últimas eleições presidenciais com a camisa da seleção brasileira. À época, isso era demonstração indubitável de voto em Jair Bolsonaro, que o nomeou para o cargo. Boa parte da má vontade de Lula e do PT para com Campos Neto deriva dessa identificação do atual presidente do BC com o campo bolsonarista.
Mas a mesma veia política de Campos Neto também permitiu que sobrevivesse ao tiroteio de Lula e do PT com galhardia, o que consolida o projeto que ele mesmo tocou durante o governo Bolsonaro de dar autonomia operacional legal ao Banco Central - um sonho do seu avô, que não o conseguiu realizar. Na medida em que um presidente do BC malquisto e atacado pelo governo de plantão manteve-se no cargo e realizou todo o trabalho que tinha de fazer, pode-se dizer que a lei de autonomia formal do BC de fato "pegou" no Brasil.
Campos Neto também está gerindo bem a transferência gradual de poder para Gabriel Galípolo, o diretor de Política Monetária do BC ungido por Lula e Haddad para ser o novo presidente a partir do ano que vem. Parece haver grande harmonia entre os dois, o que é muito positivo para a institucionalidade do BC independente. Vozes do mercado reclamam que tanto um quanto outro vêm comunicando-se "demais", o que gera volatilidade, mas aí se trata de outra conversa, mais técnica. Do ponto de vista político e institucional, a transição até agora está fluindo muito bem.
O que traz a questão de como será o desempenho de Galípolo na sua nova missão, que, como comentado acima, é eminentemente técnica, mas exige também habilidade política. Galípolo é um economista com fortes ligações com a heterodoxia, o que normalmente causa arrepios no mercado. Mas ele recentemente calibrou o seu tom para soar mais conservador, e o fez de forma convincente. Os ativos brasileiros reagiram positivamente às suas falas. Em seguida houve novas oscilações na esteira de mais declarações de Galípolo e Campos Neto e de idas e vindas na percepção sobre o "pouso" da economia americana - se vai ser suave, forçado ou se não haverá pouso algum. De qualquer forma, o fato de o mercado reagir positivamente quando Galípolo soa conservador mostra que suas palavras são críveis - e isso importa muito para um comandante de Banco Central.
O futuro presidente do BC, portanto, tem tudo para iniciar com o pé direito. Até assumir o comando, é bem possível que ele e Campos Neto administrem conjuntamente um ajuste para cima na Selic, e Lula já deu sinais que dessa vez não pretende atrapalhar.
Há novas nomeações a serem feitas na diretoria do BC, como para o próprio cargo atual de Galípolo. Seria salutar que o futuro presidente avaliasse a possibilidade de que seu substituto (ou os futuros ocupantes de outras vagas que serão abertas no Copom) seja alguém com alguma reputação conservadora em política monetária, o que poderia até facilitar o seu trabalho. Um "falcão" (ou mais de um) no Copom serviria de contrapeso ao temor ainda não totalmente removido de que uma diretoria do Banco Central 100% nomeada por Lula possa ser leniente com a inflação ou se deixar pressionar pelo governo - como foi o caso no período em que Alexandre Tombini presidiu o BC no governo Dilma.
Money Times - SP 03/09/2024
O mercado tem na agenda de indicadores macroeconômicos o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do segundo trimestre, que o IBGE divulga hoje às 9h. Além disso, a agenda econômica desta terça (3) conta com o PMI Industrial dos Estados Unidos.
De acordo com o BTG Pactual, o PIB deve apresentar um aumento na margem, apoiado pela indústria de transformação e pelo consumo das famílias, no 2T24.
“Esperamos um crescimento anual de 2,7%, o que produz um crescimento na margem de 0,9%, com destaque para a indústria de transformação, que deve apresentar um crescimento trimestral de 2,0%”, afirmou o banco.
O consumo das famílias, segundo o BTG, deve mostrar mais um trimestre de crescimento robusto, com alta de 1,2% t/t, enquanto os investimentos devem apresentar forte crescimento de 2,6% t/t.
“Do lado das contas externas, esperamos que o superávit comercial totalize US$ 6 bilhões em agosto, menor do que o resultado para o mesmo mês no ano passado (US$ 9,6bilhões)”, acrescentou.
“A redução no saldo comercial será puxada pelas importações, que deverão crescer 15% a/a. As importações de bens intermediários e bens de capital deverão permanecer acima do resultado do ano passado, registrando máxima para o mês na série histórica”.
No acumulado em 12 meses até agosto, o superávit comercial deverá totalizar US$ 92 bilhões, segundo o banco.
Confira a agenda econômica desta terça (3)
Horário País Indicador
05h00 Brasil IPC-Fipe (Agosto)
08h00 Brasil PIB (2T24)
09h00 Brasil Sistema de Contas Nacionais Trimestrais
10h45 EUA PMI Industrial (Agosto)
11h00 EUA Gastos de Construção (Agosto)
11h00 EUA Índice ISM de Emprego no Setor Manufatureiro (Agosto)
21h30 Japão PMI do Setor de Serviços (Agosto)
21h30 Hong Kong PMI Industrial e do Setor de Serviços Caixin (Agosto)
IstoÉ Dinheiro - SP 03/09/2024
O governo da Nicarágua outorgou à mineradora chinesa Xinjiang Xinxin Mining Industry Company Limited uma nova concessão para exploração de minerais por 25 anos no norte do país, segundo uma resolução publicada nesta segunda-feira (2) no Diário Oficial.
A gigante da mineração atuará por meio de sua subsidiária Nicaragua Xinxin Linze Minería, cujo representante é o executivo chinês Edward Xiang Liu.
“Outorga-se à empresa Nicaragua Xinxin Linze Minería Group uma concessão mineral para a exploração de minerais metálicos e não metálicos na área denominada Río Dorado Sur”, diz a resolução do Ministério de Energias e Minas.
A área de 483 hectares se encontra no município de San Juan del Limay, no departamento de Estelí, cerca de 180 km ao norte de Manágua.
Esta concessão é a quarta que a mineradora chinesa recebe na Nicarágua, onde já acumula mais de 42.000 hectares de terreno para exploração mineral. Em meados de agosto, Manágua concedeu à empresa mais de 3.000 hectares em uma área próxima à que foi licitada nesta segunda-feira.
A empresa chinesa pagará 3% em royalties sobre os minerais extraídos, que não estão especificados na resolução, e deverá iniciar as operações nos próximos quatro anos.
Além desta empresa, outras duas mineradoras chinesas receberam concessões na Nicarágua: Zhong Fu Development e Thomas Metal.
Nicarágua e China iniciaram um Tratado de Livre Comércio em janeiro.
Em 2021, o presidente Daniel Ortega estabeleceu relações com a China após romper com Taiwan, considerada por Pequim como um território próprio. O governo chinês busca retomar o controle da ilha, inclusive pelo uso de força, se necessário.
Infomoney - SP 03/09/2024
Os preços futuros do minério caíram na Bolsa de Dalian nesta segunda-feira, registrando a maior perda diária em quase dois, pressionados por uma série de dados econômicos desanimadores da China, principal mercado consumidor do minério.
O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com retração de 4,36%, a 723,5 iuanes (US$ 101,83) a tonelada, registrando sua maior perda diária desde 31 de outubro de 2022.
O contrato atingiu uma baixa intradiária de 721,5 iuanes, nível mais fraco desde 26 de agosto.
O minério de ferro de referência de outubro na Bolsa de Cingapura caía 4,14%, a 96,85 dólares a tonelada.
A atividade industrial da China caiu para um recorde de baixa de seis meses em agosto, em meio à queda dos preços de fábrica e à dificuldade no recebimento de encomendas, mostrou o índice dos gerentes de compras (PMI) do Escritório Nacional de Estatísticas no sábado, pressionando os formuladores de políticas a prosseguir com os planos de direcionar mais estímulos para as famílias.
Os preços das novas residências na China aumentaram em ritmo mais lento em agosto, segundo uma pesquisa privada divulgada no domingo, com o setor imobiliário afetado pela crise ainda ser ter alcançado o fundo do poço após uma série de medidas de apoio.
Os dados mais fracos do PMI, que incluem a indústria siderúrgica, mostram que o setor tem características óbvias de sazonalidade baixa, já que a demanda do mercado continua a diminuir e a produção de aço está reduzida, disse o site chinês de informações financeiras Hexun Futures em uma nota.
Juntamente com um aumento esperado na oferta, as exportações de aço da China podem ficar ameaçadas pelo aumento das tensões com parceiros comerciais, disseram os analistas do ANZ.
Os novos pedidos de exportação da China caíram pela primeira vez em oito meses e no ritmo mais rápido desde novembro de 2023, mostrou uma pesquisa do setor privado na segunda-feira.
Outros ingredientes de fabricação de aço no DCE perderam ainda mais terreno, com o carvão metalúrgico e o coque recuando 3,66% e 3,52%, respectivamente.
Brasil Mineral - SP 03/09/2024
Segundo auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), entre 2014 e 2021 cerca de 70% dos títulos minerários deixaram de pagar os "royalties" de mineração, enquanto no período de 2017 a 2022 houve uma média de 40,2% de sonegação. Os números foram divulgados pela auditoria no último dia 28 de agosto em razão de riscos, impropriedades e irregularidades constatados pelo TCU e pela Controladoria Geral da União (CGU). O trabalho vem sendo desenvolvido há alguns anos e a área técnica do TCU, responsável pelo relatório, afirmou que “a incapacidade de análise do passivo processual já existente na Agência Nacional de Mineração (ANM), de aproximadamente 12.243 processos de cobrança da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), implica o potencial risco de prescrição de aproximadamente R$ 20 bilhões já lançados e pendentes de constituição”.
Os números reforçam os pleitos que a Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (AMIG) defende para acabar com a prática da autofiscalização e da autorregulamentação adotadas pelas empresas mineradoras. A associação cobra uma posição mais firme no Congresso Nacional, no Governo Federal e da própria ANM. “A AMIG completou, neste ano, 35 anos de fundação e o que temos visto é que o Brasil, nas últimas décadas, relegou a atividade de mineração a segundo plano. Temos uma agência reguladora sem estrutura e sem pessoal para executar seu papel fiscalizador e regulador, o que propicia o crescimento de escândalos e catástrofes no setor”, destaca o presidente da AMIG, José Fernando Aparecido de Oliveira.
Em 2022, a ANM fiscalizou apenas dezessete empresas de mineração, sendo que havia 39.024 processos ativos na fase de lavra naquele ano. Entre 2017 e 2021 foram fiscalizados apenas 1,1% de 6.154 processos ativos na fase de concessão de lavra sem pagamentos da CFEM associados a eles e somente dois dos 1.163 processos ativos de autorização de pesquisa com guia de utilização emitida. A AMIG aponta que os sistemas atuais da ANM não permitem acompanhar a real produção mineral fiscalmente escriturada, o que impossibilita ter conhecimento do quanto se deixa de arrecadar e do valor monetário submetido ao risco de decadência. Na auditoria realizada, o TCU estima que, entre 2014 e 2021, a arrecadação poderia ter sido entre 30,5% e 40,2% superior, o que representa uma receita potencial da CFEM não arrecadada na faixa entre R$ 9,38 bilhões e R$ 12,35 bilhões, no mesmo período, enquanto a arrecadação do royalty, em 2021, foi de R$ 10,3 bilhões.
Segundo a AMIG, isso pode levar algumas empresas a buscar formas de reduzir custos de maneira não ética, incluindo a sonegação fiscal e a evasão de regulamentações. A associação ressalta que a mineração é um setor com operações complexas e frequentemente em regiões remotas. A falta de transparência nas operações e nas transações financeiras facilita as práticas de sonegação e evasão fiscal. “Sistemas de tecnologia da informação obsoletos e limitados, quadro de pessoal reduzido e insuficiência de acordos de cooperação com a Secretaria da Receita Federal e secretarias de fazenda estaduais são as principais causas que levam à subarrecadação de receitas minerárias e à decadência e prescrição dos respectivos créditos”, destaca a AMIG.
A entidade afirma que a sonegação da CFEM e a decadência e prescrição de crédito decorrentes prejudicam a União, os estados/Distrito Federal e municípios produtores e afetados, incluindo a própria ANM, que poderiam se beneficiar de bilhões de reais a mais por ano em arrecadação. Desde agosto de 2022, a AMIG realiza campanha nacional cobrando uma dívida bilionária da Vale com 28 cidades brasileiras, que ultrapassa R$ 2,4 bilhões, referente ao não pagamento de CFEM por parte da mineradora. A dívida se refere a um período de quase 20 anos de exploração.
Segundo a ANM, a dívida foi auditada pela ANM, na época pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). “É um montante que foi apurado de 1996 a 2005; ou seja, daqui a dois anos, a dívida vai completar 30 anos”, afirma Waldir Salvador, consultor de Relações Institucionais e Econômicas da AMIG. “Fomos à Vale inúmeras vezes para dialogar. A justiça derrotou, por 13 vezes em primeira instância e uma vez em segunda instância, a tese que a Vale defende para não pagar o royalty da mineração. E já perdeu todas as vezes, administrativamente. Inclusive, a dívida foi ratificada em um grupo de trabalho em 2018, formado pelas prefeituras e pela ANM, a pedido da própria Vale”, enfatiza. No dia 26 de agosto, a AMIG teve uma reunião com a superintendência de arrecadação da ANM, que contou com a participação do corpo técnico das duas entidades. Na ocasião, foram apresentadas várias sugestões à agência para trabalho em conjunto em pleitos que visam garantir uma atividade mineral segura e justa para o lado público e privado da mineração. A agência mostrou que está em processo de reestruturação e que novas resoluções serão publicadas a partir de outubro deste ano, com o objetivo de melhorar a eficácia da fiscalização e o aperfeiçoamento dos sistemas. Além disso, foi informado que, até dezembro deste ano, será publicado o edital do concurso e a nomeação dos novos servidores deverá ocorrer em outubro de 2025, e a agência ganhará um reforço no quadro de funcionários que atuarão na fiscalização.
Atualmente, há apenas três fiscais responsáveis pela fiscalização do pagamento da CFEM em todo o Brasil. “Essa situação é insustentável e, se persistir, vai destruir a atividade mineral. A ANM precisa estar no patamar das demais agências reguladoras federais. Afinal, a mineração representa 4% do PIB do Brasil. Dessa forma, o país permitirá que ela se estruture, modernize, execute seu planejamento estratégico e, como consequência, teremos o crescimento da arrecadação, a diminuição ou quem sabe até a erradicação da cultura permanente de sonegação, da falta de transparência, da evasão fiscal, da corrupção e do desrespeito às normas ambientais predominantes na atividade de mineração”, alerta Waldir Salvador.
Valor - SP 03/09/2024
Com objetivo de se aproximar de novas gerações, marca traz abordagem bem-humorada em ação publicitária.
O comum comportamento de abrir a geladeira para pensar é tema da nova campanha da Brastemp. Lançado neste domingo (1), o comercial, em tom bem-humorado, brinca com questionamentos dos consumidores ao abrir a geladeira para ressaltar as tecnologias dos produtos. Criada pela DM9, a campanha conta com um orçamento 115% maior em relação à ação anterior da marca, em maio deste ano. A Brastemp é marca da Whirlpool, que lidera o mercado de linha branca no país.
A nova ação faz parte de uma série de investimentos da multinacional, que após ter quedas no lucro e receita no ano passado, registrou crescimento recorde do faturamento para um primeiro semestre no Brasil, desde 1997, quando começou a operar no mercado brasileiro.
De acordo com o balanço, o faturamento no país no primeiro semestre deste ano foi de R$ 8,3 bilhões, aumento de 16% em comparação ao mesmo período do ano passado, de R$ 7,1 bilhões. O indicador foi impulsionado principalmente pelas categorias de refrigeradores e lavadoras de roupa. A Whirlpool também é dona das marcas Consul e KitchenAid.
No marketing, a estratégia é reposicionar a marca Brastemp para se aproximar das novas gerações. No Tik Tok, por exemplo, o termo “abrir a porta da geladeira para pensar”, tema do comercial, tem mais de 50 milhões de publicações. Ao todo, são cinco filmes com veiculação ao longo dos próximos meses.
“Para consolidar o reposicionamento da marca, lançamos uma campanha focada em uma de nossas principais categorias, instigando o consumidor a abrir sua cabeça para novas funcionalidades que agregam no seu dia a dia. Não é sobre a tecnologia dos produtos, mas sim sobre o impacto da entrega dessas funcionalidades”, diz a líder de marcas da Whirlpool, Bertha Fernandes.
Segundo Fernandes, esse é um dos maiores investimentos da história da marca em publicidade. “Nos próximos meses, todo mundo vai ver uma Brastemp na TV, no on-line ou no digital. A campanha é 360 [graus] e estamos nos divertindo com as situações cotidianas dos lares, ao mesmo tempo em que mostramos que abrir uma Brastemp é abrir a cabeça”, afirma.
Fonte: Bertha Fernandes é líder de marcas da Whirlpool — Foto: Divulgação
Além da TV aberta e ativações com influenciadores nas redes sociais, durante o mês de setembro, a Brastemp reforça a campanha e comunicação com patrocínio na transmissão do Rock In Rio em parceria com TV Globo e Multishow.
A Whirlpool também tem apostado na renovação e diversificação do portfólio. De janeiro a julho, a empresa lançou 25 produtos, e no próximo dia 10 de setembro apresentará outros 41 itens.
As fábricas em Joinville, em Santa Catarina, e Rio Claro, no interior de São Paulo, estão recebendo, neste ano, investimentos de mais de R$ 500 milhões, para expansão e modernização das operações, com foco em agilidade e flexibilidade nas linhas de produção. Até o ano que vem, a multinacional ainda planeja investir US$ 40 milhões na fábrica de Joinville para projetos de inovação em refrigeração.
Automotive Business - SP 03/09/2024
Os emplacamentos de veículos aumentaram 23% em agosto na comparação com aqueles registrados no mesmo mês do ano passado, somando 223,1 mil unidades. Os dados são do Renavam.
Com o resultado, foram registrados no acumulado do ano até agosto 1,52 milhão de emplacamentos de veículos, volume que supera em 13% o verificado no janeiro-agosto do ano passado.
Não apenas os emplacamentos atingiram a marca de 1,5 milhão de veículos em agosto. A produção também atingiu esse patamar na primeira quinzena do mês, segundo a Anfavea.
Vendas a varejo aumentaram 22%
Do total emplacado no mês de agosto, 114 mil unidades foram frutos de vendas a varejo, ou seja, realizadas pela equipe comercial da rede de concessionários. O resultado representou alta de 22,3% sobre agosto de 2023.
Com isso, as vendas a varejo no acumulado do ano chegaram a 836 mil unidades, 15% a mais sobre o resultado verificado no janeiro-agosto do ano passado.
Conheça as novas dinâmicas de inovação no ecossistema automotivo
Já os emplacamentos de veículos realizados de forma direta em agosto, pelas mãos das montadoras, chegaram a 109 mil unidades, alta de 23,5% sobre o resultado de agosto de 2023.
No acumulado do ano, 690,5 mil unidades foram emplacadas pela via direta, alta de 10%.
Fiat segue como líder
O maior volume de veículos vendidos em agosto foi aquele formado por veículos da marca Fiat, com 49,4 mil unidades emplacadas. Na sequência temos Volkswagen (36,9 mil), Chevrolet (28 mil), Toyota (18,8 mil) e Hyundai (16,9 mil).
Valor - SP 03/09/2024
China considera o sistema Full Self-Driving (FSD) da Tesla como uma referência para medir o progresso do país.
O grupo chinês de internet Baidu opera cerca de 400 táxis autônomos na cidade de Wuhan, cobrindo uma área cerca de 50% maior que Tóquio. Com subsídios do governo, as tarifas variam entre 1,5 yuan e 2 yuan (21 centavos a 28 centavos de dólar) por quilômetro, menos da metade do valor cobrado por um táxi com motorista.
Esse serviço é um sinal do forte apoio estatal de Pequim à inovação na indústria automotiva, onde as empresas chinesas agora rivalizam com a Tesla em veículos elétricos.
O negócio de carros autônomos da Baidu “atingiu avanços importantes,” disse o CEO Robin Li em uma teleconferência sobre os resultados financeiros em 22 de agosto.
A empresa está se movendo para colocar 1 mil veículos nas ruas com o objetivo de alcançar a rentabilidade. Os planos incluem expandir o serviço para 100 cidades até 2030.
“Eu os uso bastante porque são econômicos,” disse um homem de Wuhan. Mas motoristas de táxi e de aplicativos de transporte na cidade protestaram contra o lançamento.
“Os táxis autônomos estão tirando nossos empregos,” disse um motorista. “Eles são tecnologicamente imaturos, e muitos deles param no meio da estrada, causando congestionamentos. O governo deveria congelar seu apoio.”
Vídeos de carros autônomos aparentemente causando acidentes e outros problemas circulam nas redes sociais chinesas. Relatos recentes dizem que mais de 10 milhões de motoristas de táxi e de aplicativos de transporte na China estão em risco de perder seus empregos devido aos veículos autônomos.
No entanto, o apoio do governo a novas tecnologias é inabalável no maior mercado automotivo do mundo. Em julho, autoridades governamentais realizaram uma reunião privada com os principais líderes da indústria automotiva em Xangai, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.
Miao Wei, ex-ministro da indústria e tecnologia da informação, que é influente na política automotiva, declarou que a China havia se tornado líder mundial em veículos elétricos e que seu próximo alvo seria a interseção entre automóveis e tecnologia da informação, como a direção autônoma, disseram essas pessoas.
A China considera o sistema Full Self-Driving (FSD) da Tesla como uma referência para medir o progresso do país. Observadores chineses dizem que o FSD já registrou mais de 1,6 bilhão de quilômetros de viagens, bem acima dos mais de 100 milhões de km da Baidu, e que a versão mais recente está pelo menos cinco anos à frente da tecnologia de direção autônoma chinesa.
Autoridades do governo chinês e atores da indústria automotiva veem uma oportunidade de aprender com a Tesla na China. Eles acreditam que montadora norte-americana precisa dos dados dos veículos vendidos no país para melhorar o FSD.
Em veículos elétricos, a China abriga uma fábrica da Tesla em Xangai, bem como uma cadeia de suprimentos que ajudou as montadoras chinesas a rivalizar com a empresa norte-americana tanto no mercado interno quanto no exterior.
“A China está buscando replicar a relação ganha-ganha que criou com a Tesla e os veículos elétricos na área de direção autônoma,” disse um analista da indústria automotiva.
A Baidu não é a única empresa chinesa no setor de carros autônomos. Outros veículos nas estradas chinesas estão equipados com o sistema de direção autônoma da Huawei Technologies. Ambas as empresas desfrutam de um vasto mercado doméstico que serve como um campo de testes para novas tecnologias, com indústria, governo e academia trabalhando juntos para promover a inovação.
IstoÉ Dinheiro - SP 03/09/2024
Empresa automobilística alemã afirma que não pode descartar fechamentos e demissões em meio a desafios na economia e transição difícil para carros elétricos; representantes dos trabalhadores prometem lutar contra.A Volkswagen, gigante automobilística alemã, considera fechar fábricas na Alemanha pela primeira vez em 87 anos de história.
A montadora informou nesta segunda-feira (02/09) ao conselho que representa os funcionários que estuda fechar pelo menos uma fábrica de veículos maiores e uma fábrica de componentes, com o objetivo de cortar bilhões em gastos.
O CEO da empresa, Oliver Blume, justificou que “a indústria automobilística europeia encontra-se atualmente em uma posição desafiadora e séria”, e que não pode descartar o fechamento de unidades e demissões.
“O ambiente econômico piorou e novos concorrentes estão se aproximando da Europa. A Alemanha está ficando para trás como um local competitivo. Como empresa, temos que agir.”
Parte da dificuldade da empresa, assim como de outras montadoras tradicionais, está em transicionar dos modelos de carro movidos a combustíveis fósseis – lucrativos porém poluentes – para veículos elétricos, mais limpos, porém ainda menos lucrativos.
As montadoras europeias e norte-americanas também estão sob crescente pressão de fabricantes chineses de veículos elétricos, que têm custos mais baixos e margens de lucro mais altas.
Plano de economia
A marca principal da empresa anunciou em 2023 que precisava fazer cortes da ordem de 10 bilhões de euros (cerca de R$ 62 bilhões) em custos de produção.
A diretoria da empresa alega que a estratégia atual de oferecer contratos reduzidos e pacotes de indenização aos funcionários que estão prestes a se aposentar não era mais suficiente para atingir as metas da empresa e anunciou que estava encerrando um programa de segurança no emprego que estava em vigor desde 1994.
Oliver Blume afirmou que pretende cortar 4 bilhões de euros (R$ 24,9 bilhões) a mais do que o planejado originalmente em um amplo plano de economia.
Sindicatos criticam proposta de corte de empregos
Enquanto isso, a presidente do conselho dos trabalhadores, Daniela Cavallo, prometeu resistir aos planos, que ela classificou como “um ataque ao nosso emprego, às nossas fábricas e aos nossos contratos”.
Citada pela agência de notícias alemã DPA, ela disse: “O próprio futuro da [marca] Volkswagen, o coração da empresa, está em questão, e nós resistiremos amargamente. Comigo não haverá planos de fechamento na Volkswagen!”
O sindicato IG Metall classificou o anúncio como uma decisão irresponsável que “abala os alicerces” da empresa, que é a maior empregadora industrial da Alemanha e a maior montadora da Europa em termos de receita.
Mas o líder da marca Volkswagen, Thomas Schäfer, disse: “O vento contrário ficou mais forte. Portanto, temos que nos esforçar ainda mais para criar as condições para o sucesso em longo prazo.”
A Volkswagen emprega cerca de 300 mil pessoas na Alemanha — pouco menos da metade do total em todo o mundo.
Brasil Mineral - SP 03/09/2024
O Ceará irá receber um projeto de ramal ferroviário de 100 km que ligará a usina de Itataia, em Santa Quitéria, à Transnordestina, num montante de investimento de R$ 1,5 bilhão. A obra está na lista apresentada no Panorama da Infraestrutura– Edição Nordeste, elaborado e apresentado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em agosto, na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).
O projeto irá alimentar a ferrovia Transnordestina e, desta forma, levar a produção até o Porto de Pecém para o transporte do material. O ponto de intersecção ocorreria em um pátio intermodal, localizado entre Acarape e Pacatuba. Segundo o coordenador do Núcleo de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Heitor Studart, o ramal é uma “estrutura fundamental para o escoamento da produção da mina de fosfato de Itataia”. Sobre ter outras opções do escoamento da produção da mina, Studart aponta a ligação com a BR-020, que tem tráfego de carga pesada e que levaria o fosfato também até o Porto do Pecém. A estrada receberá adequações e obras, pleiteados pelo setor industrial com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). “Mas claro que o ramal ferroviário, em termos de custo e de produtividade, é muito mais efetivo”. A expectativa é que a obra tenha duração de um ano e meio, prazo considerado pequeno pelo especialista.
A previsão é que o negócio tenha produção 1,05 milhão de toneladas anuais de fertilizantes fosfatados e 220 mil toneladas por ano de fosfato bicálcico. A produção prevista de 2,3 mil toneladas de concentrado de urânio equivale a 0,2% de todo material a ser produzido. O projeto tem apoio do Governo estadual, mas não é unânime e, debatido em audiências públicas em 2022, manifestantes se posicionaram contra o empreendimento por possíveis vazamentos e acidentes com material radioativo na área. Com investimentos esperados de R$ 2,3 bilhões, o projeto ainda depende de algumas autorizações para ser concretizado. O consórcio recebeu aval da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) para instalar a jazida, mas ainda precisa passar pelo processo de licenciamento ambiental no Ibama.
Grandes Construções - SP 03/09/2024
O Ministério dos Transportes finaliza um pacote regulatório que deverá compor o Plano Nacional de Ferrovias a ser lançado ainda neste ano.
A informação foi dada na semana passada pelo secretário-executivo da pasta, George Santoro, durante a oitava edição do evento “Brasil nos Trilhos”, realizado pela ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários) em Brasília.
“Não adianta a gente soltar só a questão dos projetos, mas também algumas propostas regulatórias bem importantes para o segmento”, afirmou durante um dos painéis do evento.
O secretário também informou que a pasta estuda aperfeiçoar com o mercado a questão do operador independente, que envolve a interoperabilidade das malhas, e também propor medidas de aperfeiçoamento do modelo de ferrovias por autorização.
“Iremos apresentar um debate aberto ao mercado, com discussões importantes para a aperfeiçoarmos isso. Acredito que ainda neste ano estaremos lançando esse plano, com vários projetos no setor de concessões ferroviárias”, disse o secretário- executivo.
Sobre autorizações, Santoro afirmou acreditar que, “em algum momento”, haverá apoio mais explícito às autorizações.
Ele citou o caso da Rumo, que está implementando uma ferrovia por autorização do governo estadual no Mato Grosso, como emblemático, e disse que, para angariar apoio de órgãos financiadores, é necessário que haja outros exemplos do tipo no setor.
O Plano Nacional de Ferrovias vinha sendo apresentado como um pacote de investimentos num novo modelo, no qual o governo faria aportes com recursos de outras concessões ferroviárias para zerar o déficit econômico na implementação desses projetos.
Essa parte segue em modelagem sobre como aplicar o modelo e tem uma dificuldade, que é a obtenção dos recursos junto às concessionárias. Os processos de renegociação dos contratos já assinados ainda não estão finalizados com a Vale e a MRS. Além disso, há indicação de que esses recursos serão usados pela Fazenda para cumprimento de metas fiscais.
No entanto, ganhou força na pasta a necessidade de ter um foco nos processos regulatórios para buscar uma maior competitividade e produtividade no setor, buscando com isso mais eficiência e melhor atendimento da demanda.
O próprio Santoro indicou em sua fala ver no setor um pouco de falta de coordenação e de governança colaborativa. Embora tenha avaliado como “normal” a existência de uma “competição interna” no setor, o secretário-executivo ressaltou que é preciso estabelecer objetivos mais à frente.
“É o setor crescer? É o setor ter mais players? É o setor poder competir com outros modais? Eu acho que o setor, para isso, precisa, de alguma maneira, pensar em conjunto, não olhar só para o próprio umbigo e olhar para uma prestação de serviço mais adequada aos empresários brasileiros, que precisam ter a capacidade e a possibilidade de ter a sua carga transportada com um preço bom”, completou.
O diretor-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Rafael Vitale, lembrou em uma de suas falas no evento que nos últimos anos o setor vem sendo incentivado pelas diretrizes de política pública a ampliar os investimentos, que eram um déficit.
Para ele, talvez seja a hora de refletir em como ampliar a oferta de prestação de serviços e transporte “para que mais e novas cargas possam ser transportadas”.
“Os contratos novos não trazem incentivos para isso. É algo que temos que discutir de forma setorial, e juntos podemos criar essa nova realidade nos contratos de ferrovia”, disse o diretor-geral da ANTT, excetuando desse modelo uma parte do contrato da MRS que incentivou a empresa a ampliar o transporte por contêineres.
Leilões – O secretário-executivo informou que o governo trabalha com pelo menos oito projetos para iniciar “grande carteira” de leilões de concessões ferroviárias.
Segundo ele, alguns já estão prontos e em fase de validação na Infra S.A. O modelo de financiabilidade dos leilões ainda está sendo definido com o Ministério da Fazenda.
O secretário afirmou estar ciente dos desafios no setor e defendeu a construção de soluções para que esses projetos possam sair do papel e, assim, aumentar a proporção do transporte de cargas para o setor ferroviário.
“É claro que a gente sabe que a gente tem dificuldades num projeto ferroviário, que passa anos na fase inicial. A constituição desse capex sem ter nenhum tipo de receita é completamente diferente dos projetos de rodovia, que já conseguem colocar pontos de cobrança de pedágio. Nas ferrovias, a gente não tem essa oportunidade”, ponderou.
Valor - SP 03/09/2024
Empresa evita 6,1 mil viagens de caminhão ao transportar biodiesel e etanol por navios.
A Vibra recorreu à cabotagem para o transporte de combustíveis, com o objetivo de reduzir custos e emissões de gases de efeito estufa, bem como para aumentar a eficiência operacional. A iniciativa ganhou corpo na distribuição de biodiesel, mas etanol e outros derivados também têm sido deslocados pelo mar, com vantagens ambientais e financeiras, segundo o vice-presidente de operações, logística e software da companhia, Marcelo Bragança.
A empresa economizou R$ 43 milhões com as operações, despesa que é repassada para os clientes, num cenário de alta competitividade na distribuição de combustíveis, além de diminuir no ano passado as emissões em 22,5 mil toneladas de CO2, segundo Bragança. A expectativa é que a Vibra aumente em 15% o volume de combustível transportado pelo mar em 2024, frente a 2023.
Cabotagem é o transporte de mercadorias e de passageiros por navio entre duas localidades no mesmo país. Especialistas do setor consideram a modalidade eficiente, porque permite o transporte em larga escala por uma embarcação. Em 2022, o governo estabeleceu um programa que estimula o transporte marítimo por cabotagem, ao criar a lei que ficou conhecida como “BR do Mar”.
Segundo Bragança, a empresa percorre diariamente uma distância em terra que corresponde a 27 voltas no planeta, com custos logísticos elevados, além dos impactos ambientais. Um dos motivos para que a Vibra aderisse à cabotagem foi o biodiesel - em 2024, o diesel comum deve ser vendido após mistura de 14% com o combustível renovável.
A produção de biodiesel é concentrada nas regiões Sul e Centro-Oeste, ao passo que a mistura precisa chegar ao país inteiro, disse o executivo. Para atender ao Nordeste, o biodiesel partia do Mato Grosso por meio de caminhões, aumentando custos e emissões.
A Vibra iniciou um projeto-piloto de biodiesel em 2019 a partir do Rio Grande do Sul, que tem alta produção do combustível. De lá, a companhia enviou cargas por cabotagem até o porto de Suape (PE), observando o comportamento do insumo, uma vez que o biodiesel tem alta absorção de água, o que causa problemas nos motores. “Fizemos testes para garantir a qualidade do biodiesel e observar os desafios”, disse o executivo.
Com o sinal verde após os testes, a Vibra deixou de enviar o biodiesel de Mato Grosso para o Nordeste e passou a enviá-lo a partir do Rio Grande do Sul para Pernambuco. A partir de 2021, quando iniciou o transporte regular das cargas, a Vibra transformou o Estado nordestino em um “hub” de distribuição para suas bases no Nordeste.
Em 2023, a Vibra movimentou mais de 80 milhões de litros de biodiesel em nove viagens de navio, 27% acima do transportado em 2022. Além dos custos menores, a cabotagem evitou mais de 6.100 viagens de caminhão, o que correspondeu a menos 10 mil toneladas de CO2 emitidas. Quando se inclui o envio de etanol, a Vibra evitou a emissão de 22,5 mil toneladas de CO2. Bragança afirmou que, no ano passado, a empresa transportou 196 milhões de litros de etanol do Sudeste para o Nordeste por navios, 14% a mais em relação a 2022. Para esta safra, a expectativa é que o volume transportado aumente entre 20% e 25%.
A Vibra também passou a transportar óleo diesel por cabotagem para um terminal portuário em Maceió, cuja área foi arrematada pela companhia no fim de 2023, em leilão promovido pelo governo. Ainda é uma operação pequena, segundo Bragança, mas que tende a ganhar escala. “Vamos fazer investimentos adicionais para aumentar a cabotagem naquela área”, disse o vice-presidente da Vibra.
A BR do Mar, avalia, aumentou a oferta de navios de bandeira estrangeira operados por empresas brasileiras, o que traz mais competição para a cabotagem e permite tirar caminhões para transporte de combustíveis por rotas mais longas.
Em paralelo, a Transpetro tem sinalizado que pode oferecer serviços marítimos ao mercado, num caminho de diversificar receitas, o que seria positivo, avalia Bragança. Ele lembra que a Transpetro já é uma parceira da Vibra e não descarta conversar com a estatal.
“Quanto mais agentes estiverem operando na cabotagem, a tendência é ter um mercado mais competitivo e, no limite, reduzir custos. Obviamente, parte desse benefício acaba chegando ao consumidor”, concluiu o executivo.
Valor - SP 03/09/2024
Aeroporto Santos Dumont também terá aporte até 2027 para melhorias na operação.
Fonte: Silvio Costa Filho: “Torcida é por um acordo entre TCU e Galeão” — Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, anunciou na segunda-feira (2) investimentos que totalizam mais de R$ 800 milhões em terminais localizados na cidade do Rio de Janeiro. Do total, mais de R$ 400 milhões serão aplicados na dragagem e na melhoria da infraestrutura do Porto do Rio. Outros R$ 400 milhões serão investidos até 2027 no aeroporto Santos Dumont, para atender ao aumento da demanda de passageiros, aumentar a segurança nas operações e atualizar tecnologicamente o terminal.
No porto, serão realizadas obras de dragagem, para aumentar a profundidade das áreas de atracação, a fim de permitir a operação de navios de maior porte. Com a dragagem, os canais do porto terão profundidade de 17 metros, contra os atuais 14 metros, a fim de receber as maiores embarcações transportadoras de contêineres do mundo.
Parte dos recursos será proveniente da PortosRio (antiga Companhia Docas do Rio), que registrou aumento de receita nos últimos anos, além do aporte de recursos da União. Em cerimônia na qual anunciou a assinatura dos investimentos, Costa Filho destacou que os recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM) para este ano serão “100% preservados”, algo estimado em R$ 40 bilhões. O FMM é a principal fonte de financiamento do setor naval. Segundo ele, a decisão foi tomada em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que validou a iniciativa. O ministro disse que, no governo passado, dos R$ 26 bilhões destinados ao FMM, R$ 25 bilhões foram contingenciados.
Sobre os R$ 400 milhões reservados ao aeroporto Santos Dumont até 2027, parte dos investimentos será destinada para implantação de um sistema de parada de aeronaves que visa reduzir risco de acidentes, conhecido pela sigla em inglês EMAS. O sistema consiste em implantar, em aeroportos com pistas limitadas, áreas de segurança nas cabeceiras em pistas de pouso e decolagem, com uso de concreto deformável.
O sistema foi adotado pela primeira vez em 2022, no aeroporto de Congonhas. “O EMAS é uma obra de mais de R$ 130 milhões para ajudar na segurança nas operações do Santos Dumont. Era uma demanda de mais de 15 anos”, afirmou Costa Filho. A pista principal do Santos Dumont possui 1.320 metros de extensão. O aeroporto também terá reforma e ampliação de salas de embarque e desembarque remotas, substituição de escadas rolantes e elevadores e novo sistema de inspeção de bagagens, entre outras ações.
Ao Valor Costa Filho contou que ainda está nas mãos da Câmara de Conciliação do Tribunal de Contas da União (TCU) a decisão sobre a concessão do aeroporto internacional Tom Jobim (Galeão), que pertence à Changi. Em 2022, a RioGaleão, subsidiária da Changi, queria devolver o terminal por não ter atendido pedido de revisão do contrato de concessão devido à queda no número de passageiros nos últimos anos.
Desde o início de outubro de 2023, voos que partiam e chegavam ao Santos Dumont foram remanejados para o Galeão. No mesmo mês, a RioGaleão manifestou interesse de permanecer com a concessão. Segundo o ministro, uma eventual decisão sobre ofertar o Galeão à iniciativa privada em conjunto com o Santos Dumont, depende de avaliações sobre a situação financeira da Infraero (dona do Santos Dumont) e de decisão do presidente Lula.
“Temos que ver se o TCU autoriza um novo reequilíbrio econômico-financeiro do Galeão. Se for possível, será preservada. Se não, vamos discutir a possibilidade de relicitação. Mas a torcida é por um acordo entre TCU e Galeão”, disse Costa Filho.
Valor - SP 03/09/2024
Objetivo é transportar bauxita da mina de Juruti (PA) até a refinaria de Alumar (MA).
Fonte: Mateus Tiraboschi, vice-presidente global de compras e logística da Alcoa: “Tendo o controle dos navios, teremos gestão direta e ativa dos custos” — Foto: Anna Carolina Negri/Valor
A Alcoa deverá iniciar uma operação de cabotagem própria no Brasil, na qual está investindo US$ 200 milhões (o equivalente a R$ 1,1 bilhão, na cotação atual). A movimentação verticalizada deverá ter início entre o fim deste ano e o primeiro trimestre de 2025, segundo Mateus Tiraboschi, vice-presidente global de compras e logística do grupo.
O objetivo é transportar aproximadamente 6 milhões de toneladas de bauxita por ano, entre a mina de Juruti (PA) e a refinaria da Alumar, no Maranhão, que produz a alumina e o alumínio cerca de 1,5 mil quilômetros distante. Hoje essa movimentação já é realizada por cabotagem, mas por meio de serviço prestado por terceiros. O trajeto, que dura quatro dias, percorre parte do rio Amazonas até a costa, por onde segue até São Luís.
“Trata-se de dois ativos operacionais [a mina e a refinaria] que são considerados estratégicos e de longo prazo para o grupo, então nada mais natural do que tratar o meio como também estratégico”, disse o executivo em conversa com o Valor.
A operação de cabotagem deverá ser suficiente para atender 100% da demanda da Alcoa
“Tendo o controle dos navios, teremos gestão direta e ativa dos custos. Há uma expectativa de menor consumo do combustível”, afirmou. Os ganhos de eficiência decorrem do menor consumo pelas embarcações novas, e devem ficar entre 30% e 40%, segundo testes feitos no trajeto.
“Ter sua mina de bauxita próximo à refinaria de alumínio, que na cadeia é a próxima etapa da produção, e ainda ter essa logística próxima e controlada por você gera uma vantagem competitiva muito grande com o mercado”, disse ele, que também destaca os ganhos ambientais. “Como consequência, há expectativa de redução de cerca de 30% de emissão de gases de efeito estufa.”
A mina de Juruti tem uma reserva potencial aproximada de 700 milhões de toneladas. A produção é encaminhada à refinaria, que é controlada pela Alcoa e tem como sócios South32 e Rio Tinto.
A operação de cabotagem deverá ser suficiente para atender 100% da demanda da Alcoa. Tiraboschi informou que a ideia do negócio é atender apenas as necessidades internas do grupo.
Entre os quatro novos navios, encomendados em um estaleiro no Japão, dois já chegaram ao Brasil - o primeiro em julho e o segundo em agosto. Os demais deverão ser entregues entre novembro e janeiro de 2025.
A companhia também já obteve aval da agência reguladora em agosto para operar os navios, e agora aguarda o registro da Marinha, segundo o executivo. “A expectativa é que [a operação] possa começar já a partir do último trimestre, ou até começo do ano que vem”, afirmou.
O trajeto entre a mina e a refinaria atravessa parte do rio Amazonas, mas em um trecho que não é o mais crítico nos períodos de seca - portanto, na última estiagem, o fluxo não chegou a ser interrompido totalmente, como em outras partes do rio. No entanto, a grave crise hídrica na região, que na visão de especialistas pode se tornar cada vez mais recorrente, é motivo de preocupação para a Alcoa. Com o calado menor, a capacidade de transporte é reduzida, o que diminui a eficiência, gera mais custos e reduz a segurança da navegação.
Porém, a empresa destacou que a questão não foi um fator central para a decisão de verticalizar a cabotagem. Apesar dos desafios, Tiraboschi destaca que o transporte marítimo na região é sem dúvidas a melhor opção. “Hoje é o modal mais eficiente. Não tem ferrovia que faça essa conexão”, afirma o executivo.
O Estado de S.Paulo - SP 03/09/2024
O debate sobre a transição energética vem ganhando força no cenário global e é um dos principais desafios a serem enfrentados pelas indústrias. Diante desse cenário, a Ultragaz vem ampliando nos últimos anos sua oferta de energéticos, desenvolvendo e acelerando soluções e alternativas de energia eficientes, viáveis, seguras, confiáveis e que auxiliem no processo de descarbonização do setor privado brasileiro.
Uma dessas soluções é o biometano – e o Brasil tem enorme potencial na produção desse biocombustível justamente por conta da origem do produto, que é proveniente dos gases emitidos por resíduos que se encontram em aterros sanitários, usinas sucroalcooleiras, ou emitidos na pecuária, por exemplo.
“O biometano já é gerado no Brasil a partir desse resíduo produzido nas grandes cidades, mas o diferencial está nas outras duas fontes”, explica Erik Trench, diretor de Gases Renováveis da Ultragaz. “Da cana, se faz tudo. E a indústria sucroalcooleira pode vir a ser a maior geradora de biometano do País. Além da pecuária, na qual o Brasil também é um dos maiores do mundo”, diz.
De acordo com um estudo da McKinsey divulgado em 2022, o mercado brasileiro de biometano pode chegar aos USD 15 bilhões até 2040, representando 50% da demanda de gás natural do País. Tudo isso utilizando apenas metade do potencial de resíduos disponíveis para a produção de biometano no Brasil.
Como a produção do biometano é descentralizada, ela tem a vantagem de atingir todas as regiões do País e inclusive indústrias mais interiorizadas, que não estejam conectadas aos gasodutos.
Erik Trench, diretor de Gases Renováveis da Ultragaz
O biometano é uma fonte de energia alternativa ao diesel para frota pesada e ao gás natural fóssil na indústria, com importante papel na transição energética, justamente pelo fato de sua geração ser feita a partir de resíduos. O Brasil começou a produzir biometano em 2012. Mais de uma década depois, segundo os dados divulgados pelo CIBiogás (2023), o País registrou uma produção de 580 milhões de nm³/ano. O que seria considerado lixo e um passivo ambiental acaba se transformando em uma fonte sustentável.
Expansão
Frente a esse potencial, a Ultragaz vem investindo também em aquisições. A companhia incorporou a NEOgás, líder no mercado de distribuição de gás natural comprimido (GNC), e avança na interiorização e na expansão de infraestrutura para distribuição e massificação do uso do biometano. A companhia segue as resoluções da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e atua fortemente para desenvolvimento e implementação de tecnologia para compressão e descompressão do biometano, o que facilita a escalabilidade desse biocombustível.
“O biometano vai se expandir de forma muito rápida. Em apenas um ano, já triplicamos o volume da oferta desse energético. Como a produção do biometano é descentralizada, ela tem a vantagem de atingir todas as regiões do País e inclusive indústrias mais interiorizadas, que não estejam conectadas aos gasodutos. Além disso, o biometano Ultragaz é totalmente rastreável, desde a sua origem até o momento da sua utilização, o que garante total segurança para o cliente final”, exemplifica Erik Trench.
Atualmente, a companhia tem acordos fechados com as principais produtoras desse tipo de combustível no País. A demanda por matrizes cada vez mais sustentáveis é crescente, e a Ultragaz já vem atendendo grandes indústrias automotivas, de alimentos e bebidas, farmacêuticas, entre outras, com o biometano. O energético tem sido utilizado em diversas aplicações industriais e também nas frotas de veículos pesados de alguns dos clientes.
“O movimento das grandes indústrias está incentivando a cadeia de fornecedores do setor a nos procurar para implementarmos soluções para sua própria descarbonização”, conta o diretor de Gases Renováveis da Ultragaz.
Pioneirismo
Dentro da diversificação do portfólio de soluções, a Ultragaz foi pioneira ao distribuir o primeiro volume comercial de bioGLP, que é feito a partir do óleo de soja, produzido no Brasil. O desenvolvimento do biocombustível foi resultado de uma parceria com institutos de pesquisa, e a produção conta com a parceria da Refinaria Riograndense (RPR). Além do biometano e do bioGLP, a Ultragaz também vem atuando com energia elétrica renovável e no mercado livre de energia.
Há 87 anos, a empresa protagonizou a primeira transição energética do Brasil, substituindo o carvão e a queima da lenha pelo GLP engarrafado e entregue em domicílios. “Essa foi uma solução que transformou a vida das pessoas, porque o uso do carvão e da lenha dentro de casa provocava problemas de saúde”, conta Erik Trench. “Depois disso, conseguimos levar o GLP para indústrias e empresas em todo o Brasil, entregando uma solução mais limpa e eficiente, que possibilitou, por exemplo, a substituição do óleo combustível e da lenha”, diz.
Atualmente, a Ultragaz está presente em 22 estados e no Distrito Federal, chegando a mais de 11 milhões de famílias e também atuando junto a 60 mil empresas. “O Brasil é um país plural quando o assunto é energia, e as indústrias e a sociedade estão buscando a descarbonização. Diante do desafio de entrega em um país com dimensões continentais, a Ultragaz vem oferecendo soluções em diversas frentes, se transformando em uma companhia multienergia, atendendo às mais variadas demandas dos clientes nessa jornada”, finaliza Trench.
Infomoney - SP 03/09/2024
A Petrobras (PETR4) e a CSN (CSNA3) assinaram contrato para o fornecimento de gás natural para atendimento à unidade da siderúrgica localizada no Estado do Rio de Janeiro, disse a petroleira nesta segunda-feira.
Valores do contrato, em meio à migração da Usina Presidente Vargas (UPV), em Volta Redonda (RJ), para o mercado livre de gás natural, não foram divulgados.
“A nova parceria no mercado de gás natural tem foco no relacionamento de longo prazo e no desenvolvimento de outras oportunidades atreladas às agendas de descarbonização das empresas”, disse a Petrobras.
Segundo a estatal, só no segundo trimestre deste ano, a empresa celebrou e aditou contratos de fornecimento de gás natural, na modalidade de consumidor livre, com volume aproximado de 940 mil metros cúbicos/dia.
O movimento da siderúrgica para o mercado livre de gás tem a Petrobras como a principal supridora dentre um pool de fornecedores, segundo a estatal.
“A Petrobras e a CSN estabelecem seu primeiro relacionamento comercial no mercado livre de gás natural, apostando no desenvolvimento de soluções para a viabilização de um ambiente de comercialização aberto, competitivo, transparente, sustentável e cada vez mais desenvolvido no país ”, disse o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Maurício Tolmasquim.
Agora a Petrobras e a CSN buscarão desenvolver otimizações para fins de utilização do consumo de gás natural em outros processos, aderente à agenda de transição energética das companhias.
“Com este movimento, a CSN passa a ser o maior consumidor industrial brasileiro de gás natural a operar no mercado livre, contratando não apenas a molécula, mas também o transporte de saída, seguindo sua estratégia de operação ativa no setor de gás natural como caminho para redução de custo e criação de valor à Companhia”, afirmou o diretor de Energia da CSN, Rogério Pizeta, em nota.
TN Petróleo - RJ 03/09/2024
A ANP publicou hoje (2/9) o Relatório Anual de Exploração 2023, que apresenta o panorama do desempenho do segmento de exploração de petróleo e gás natural (E&P), no Brasil, no período de 2016 a 2023. O documento, em sua quarta edição, também apresenta os investimentos previstos para a fase de exploração, no período de 2024 a 2027, com base com base nos Planos de Trabalho Exploratórios (PTEs) relativos a 2024 apresentados à ANP pelas empresas detentoras de contratos de E&P. Com a publicação, a Agência reforça seu compromisso de compartilhar com a sociedade os dados do setor por ela regulado.
Para o período de 2024 a 2027, está previsto um total de R$ 18,31 bilhões em investimentos na fase de exploração dos contratos. O ano de 2024 deverá ficar com a maior parcela, R$ 9,97 bilhões, seguido de 2025, com R$ 7,64 bilhões, e, por último, os anos de 2026 e 2027, com uma previsão de R$ 701 milhões em investimentos.
A fase de exploração tem início com a assinatura dos contratos para exploração e produção de petróleo e gás natural. Nela, são realizados estudos para detectar a presença de petróleo e/ou gás natural nas áreas sob contrato, chamadas de blocos, em quantidade suficiente para tornar sua extração economicamente viável. Tendo sucesso nessa etapa, as empresas poderão passar para a fase seguinte do contrato, fase de produção, quando iniciarão a produção e área contratada passará a ser chamada de campo.
Distribuição dos investimentos
Sobre a distribuição dos investimentos por atividades, de 2024 a 2027, 88% serão concentrados na perfuração de poços, para a qual há a previsão de R$ 16,04 bilhões, enquanto os 12% restantes (R$ 2,27 bilhões) serão distribuídos entre teste de poço (8%), levantamento geofísico exclusivo (3%) e levantamento geofísico não exclusivo (1%).
Dados exclusivos são os obtidos pelas empresas concessionárias nos limites de suas áreas contratadas, por meios próprios ou mediante contratação de empresa de aquisição de dados. Dados não exclusivos são os obtidos por empresa de aquisição de dados para fins de comercialização (Resolução ANP 889/2022).
Focando-se exclusivamente no ano de 2024, cuja previsão aponta investimentos de R$ 9,97 bilhões, R$ 9,50 bilhões serão alocados em ambiente marítimo, dos quais R$ 8,50 bilhões na perfuração de poços. Para o ambiente terrestre, a previsão é de R$ 470 milhões de investimentos este ano.
Números de 2023
- O ano de 2023 foi encerrado com 251 blocos sob contrato, sendo 13 sob o regime de partilha de produção e 238 sob o regime de concessão. Entre 2022 e 2023, houve o decréscimo de 44 blocos. A redução pode ser atribuída a dois fatores: ao baixo quantitativo de contratos assinados e ao alto número de blocos devolvidos. Em 2023, apenas quatro contratos foram celebrados, enquanto 48 blocos foram devolvidos. Em dezembro de 2023, ocorreram as sessões públicas de apresentação das ofertas do 4º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão e do 2º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha de Produção. No entanto, a assinatura dos contratos ocorrerá somente no ano de 2024.
- Em relação aos blocos sob contrato por ambiente, em 2023, o ambiente terrestre permaneceu na liderança, com 151 blocos contra 100 blocos no marítimo, dos quais 18 estão localizados no pré-sal.
- No que se refere aos blocos sob contrato em 2023, o ambiente terrestre registrou a maior área contratada (52%), cerca de 84 mil km², e o marítimo, 48% de área sob contrato, cerca de 77 mil km².
- Como maior parâmetro para a avaliação do desempenho do segmento de exploração de petróleo e gás natural, a perfuração de poços exploratórios tem apresentado desempenho aquém do desejado ao longo dos últimos anos. O ano de 2023 ratificou a tendência de perfuração de, no máximo, um poço exploratório a cada dez blocos sob contrato, resultado verificado desde o ano de 2016. Em 2023, foram perfurados 22 poços na fase de exploração, um a menos do que em 2022.
- Houve, em 2023, 14 poços com notificações de descoberta em terra e quatro em mar. No ano, foram encontrados indícios de hidrocarbonetos apenas em poços perfurados nas bacias de Santos e Campos, ambas com duas notificações cada. Dos 14 poços com notificações de descoberta em bacias terrestres no ano de 2023, nove foram registradas em bacias de nova fronteira, Amazonas (6) e Parnaíba (3); e cinco em bacias maduras, Espírito Santo (4) e Recôncavo (1).
Valor - SP 03/09/2024
Segundo o Relatório Anual de Exploração 2023, entre 2024 e 2027, 88% dos investimentos previstos (R$ 16,04 bilhões) serão concentrados na perfuração de poços.
Os investimentos na exploração de petróleo e gás entre 2024 e 2027 deve somar R$ 18,31 bilhões. Nesse período, o maior volume deve ser aportado este ano pelas petroleiras: R$ 9,97 bilhões, de acordo com estimativas da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Segundo o Relatório Anual de Exploração 2023, publicado, nessa segunda-feira (2), pela agência, entre 2024 e 2027, 88% dos investimentos previstos (R$ 16,04 bilhões) serão concentrados na perfuração de poços.
A ANP projeta ainda a perfuração de 69 poços entre 2024 e 2027 – sendo a maior parte, 39 poços, para este ano, com R$ 8,8 bilhões. Além disso, 95% do montante previsto para os próximos quatro anos (R$ 17,35 bilhões) serão destinados para atividades exploratórias marinhas (offshore).
De acordo com o relatório, o Brasil encerrou 2023 com 251 blocos de petróleo e gás sob contrato, sendo 238 no regime de concessão e 13 no regime de partilha de produção, o que corresponde a uma queda de quase 15% na comparação com 2022, ou 44 blocos.
Segundo a ANP, um dos motivos da redução expressiva do número de blocos foi a baixa quantidade de contratos assinados: apenas quatro no ano passado. Outro motivo foi a alta quantidade de blocos devolvidos pelas petroleiras, num total de 48 áreas. Dos blocos devolvidos, 42 estavam localizados no mar, sendo 17 na Bacia de Campos.
A agência ressaltou que em dezembro foram realizadas as sessões públicas da oferta permanente, mas a assinatura dos contratos ocorrerá ao longo deste ano. O consórcio formado por Petrobras e Shell, por exemplo, assinou, na sexta-feira (30), os contratos de concessão de 26 dos 29 blocos arrematados na Bacia do Pelotas.
Na avaliação da ANP, o desempenho da exploração ao longo dos últimos anos vem se mantendo em patamares abaixo dos desejados.
"Melhorar o desempenho do segmento de exploração significa incrementar o quantitativo de blocos sob contrato e o volume de atividades exploratórias realizadas, com o objetivo de incorporação de novas reservas, incluindo aquelas associadas às bacias de nova fronteira", informaram, na apresentação do relatório, os diretores substitutos Bruno Conde Caselli e Patrícia Baran.
Consultor Jurídico - SP 03/09/2024
O Decreto nº 12.153, de 26 de agosto de 2024, assinado pelo presidente da República, marca um avanço significativo na regulação das atividades relacionadas ao gás natural no Brasil. Entre os principais pontos, destaca-se a reinjeção de gás, a harmonização das legislações federal e estaduais, o impulso ao biogás e biometano e a outorga de autorização para atividades de infraestrutura.
A reinjeção de gás, conforme o artigo 5º-C, inciso II, letra B, autoriza a ANP (Agência Nacional do Petróleo) a reduzir a reinjeção de gás natural nos poços, visando a aumentar a oferta de gás ao mercado. Essa questão gerou debates entre aqueles que defendem a maximização da produção de petróleo, que beneficia a arrecadação fiscal, e os que priorizam a maior oferta de gás natural, essencial para o desenvolvimento do setor. Contudo, a infraestrutura para escoamento, como o gasoduto Rota 3, ainda é um fator crucial. Com a entrada em operação da Rota 3, a oferta de gás natural pode mais que dobrar, impulsionando o mercado.
Outro aspecto importante é a elevada razão gás-óleo e o alto teor de CO2 do gás associado, que necessita ser separado e reinjetado nos poços para reduzir emissões e aumentar a recuperação de petróleo. O processo de CO2-EOR é eficaz na recuperação de óleo e na retenção de CO2 nos reservatórios, o que é positivo tanto ambiental quanto economicamente.
Em relação à harmonização das legislações federal e estaduais, o decreto aborda um tema recorrente: a falta de regulamentação clara sobre a distribuição de gás natural. A ausência de uma regulamentação específica, conforme o artigo 25, §2º da Constituição, gera incertezas e afasta investimentos no setor.
O decreto avança ao buscar harmonizar as regulações, mas ressalta a necessidade urgente de uma definição legislativa clara que separe as atividades de transporte e distribuição, evitando conflitos como o do gasoduto “Subida da Serra”. A falta de clareza afeta a percepção dos investidores e limita o desenvolvimento da infraestrutura de gasodutos, essencial para o crescimento do mercado de gás no Brasil.
Potencial do biogás
O impulso ao biogás e biometano é outro ponto relevante do decreto. O biogás, produzido a partir da decomposição de matéria orgânica, e o biometano, que é o biogás purificado, têm potencial significativo para a matriz energética brasileira. Apesar de representar menos de 1% da matriz energética, o biogás tem crescido de forma expressiva, com mais de 750 plantas em operação no Brasil em 2021.
O biogás se destaca por sua capacidade de gerar energia de forma contínua, armazenável, e com pegada negativa de carbono, o que o torna um importante aliado na transição energética e na redução das emissões de gases de efeito estufa. No entanto, o desafio permanece na escala de produção, que ainda é limitada, exigindo políticas públicas eficazes para ampliar sua utilização e aproveitar seu potencial.
Por fim, o decreto altera o processo de outorga de autorização para atividades de escoamento, transporte e estocagem de gás natural. Ao introduzir um processo seletivo público para a escolha dos projetos mais vantajosos, o decreto transforma a autorização em algo mais próximo de uma licitação, o que pode ser interpretado como uma mudança significativa na abordagem legal. Esse novo mecanismo visa a promover maior transparência e competitividade, incentivando o desenvolvimento de infraestrutura essencial para o setor.
Em síntese, o Decreto nº 12.153/2024 apresenta avanços importantes para o setor de gás natural no Brasil, mas também levanta questões que exigem atenção cuidadosa por parte dos legisladores e reguladores para garantir o desenvolvimento sustentável e eficiente do setor.
Valor - SP 03/09/2024
O Irã deu um ultimato ao Paquistão para que conclua sua parte de um gasoduto transfronteiriço ou enfrente arbitragem internacional e, possivelmente, bilhões de dólares em multas.
O aviso de Teerã é o mais recente capítulo sobre o gasoduto de 1.900 quilômetros (1.180 milhas) há muito adiado, um projeto visto como crítico para as necessidades energéticas do Paquistão, já que suas próprias reservas comprovadas de gás estão prestes a secar em pouco mais de uma década.
O Irã reclama que gastou US$ 2 bilhões construindo sua parte de 1.150 quilômetros do gasoduto, inaugurado em 2013, mas a parte do Paquistão continua sem ser construída devido às sanções dos Estados Unidos contra Teerã por seu programa nuclear.
No ano passado, Islamabad invocou uma cláusula de força maior para suspender suas obrigações contratuais, citando fatores além de seu controle. Teerã rejeitou imediatamente a ação.
Então, em fevereiro, o Paquistão anunciou que estava iniciando a construção da primeira fase de 80 quilômetros do gasoduto dentro de suas fronteiras.
No mês seguinte, Donald Lu, o secretário de estado assistente dos Estados Unidos para Assuntos da Ásia Central e do Sul, alertou o Paquistão contra a importação de gás do Irã, que tem algumas das maiores reservas do mundo. Desde então, nenhum trabalho adicional foi feito na parte do Paquistão no gasoduto.
Agora, o Irã está ameaçando levar seu caso ao Tribunal Internacional de Arbitragem se o Paquistão não cumprir o prazo iminente para terminar o gasoduto. O Paquistão havia pedido em 2014 uma extensão de 10 anos para construir o gasoduto, que expira este mês.
Autoridades paquistanesas enfrentam um equilíbrio delicado tentando evitar o bloqueio de Washington sobre fazer negócios com o Irã, mas também querem evitar enormes multas judiciais que prejudicariam a economia atingida pela crise. Islamabad concordou recentemente com um resgate de US$ 7 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI).
"O caso do Irã é claro. O Paquistão violou os termos de um acordo bilateral pelo qual pode ser processado, conforme claramente mencionado no contrato escrito", disse Ikram ul Haq, especialista em economia e tributação, ao “Nikkei Asia”.
A mídia local disse que o tribunal sediado em Paris pode impor multas de até US$ 18 bilhões ao Paquistão se perder o caso. Esses números são baseados em multas diárias contratuais por não concluir o projeto, mais juros e danos.
"O Paquistão e o Irã têm canais de comunicação robustos, incluindo sobre o aviso do gasoduto", disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Paquistão em um comunicado na quinta-feira. "Sempre dissemos que gostaríamos de resolver todos os problemas por meio de consultas amigáveis."
Um funcionário do governo a par do aviso do fim de agosto disse ao “Nikkei Asia” que Islamabad estava levando a sério e explorando suas opções, mas acrescentou que o valor de US$ 18 bilhões era "pura especulação."
Em 2019, o tribunal de arbitragem ordenou que o Paquistão pagasse a uma empresa de mineração australiana quase US$ 6 bilhões por uma quebra de contrato depois que ela cortou o acesso da empresa a uma mina de cobre e ouro. Mais tarde, concordou em pagar US$ 1 bilhão à controladora da empresa como parte de um acordo.
As sanções dos Estados Unidos são o eixo da tentativa mais ampla de Washington de isolar o Irã no cenário global, e o gasoduto "se tornou uma vítima dessa estratégia", disse Ahsan Hamid Durrani, diretor executivo do Centro de Pesquisa Política, sediado em Islamabad.
Prejudicados pelas sanções, os comerciantes iranianos contrabandeiam até US$ 1 bilhão em gás natural para o Paquistão anualmente, de acordo com um relatório no início deste ano de agências de inteligência paquistanesas.
O Paquistão teria dificuldades para obter uma isenção de sanções de Washington que lhe permitiria concluir o projeto do gasoduto, disse Haq.
"O Paquistão é economicamente fraco e dependente do FMI", acrescentou. "Ao contrário da Índia, o Paquistão não pode obter nenhuma isenção dos americanos."
Durrani concordou que Islamabad tem pouco espaço de manobra, com países sob programas do FMI esperando cumprir com sanções internacionais.
"O Paquistão não tem nenhuma influência com os Estados Unidos para contornar o regime de sanções atual", disse ele. "Com o acordo de empréstimo do FMI ainda em andamento, o Paquistão precisa de cada grama de apoio dos Estados Unidos e não pode colocar isso em risco violando as sanções."
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