Valor - SP 03/04/2023
Recursos vão aumentar a capacidade de produção de aço na siderúrgica de Hazira de 9 milhões para 15 milhões de toneladas por ano
A ArcelorMittal anunciou nesta sexta-feira (31) que assinou um acordo com consórcio formado por bancos japoneses para um empréstimo de US$ 5 bilhões para expandir capacidade das suas operações conjuntas com a Nippon Steel na Índia.
Os recursos vão aumentar a capacidade de produção de aço na siderúrgica de Hazira de 9 milhões para 15 milhões de toneladas por ano.
Além disso, a expansão vai criar 60 mil novos empregos e prevê a produção de novos produtos.
IstoÉ Online - SP 03/04/2023
A CSN anunciou no final da quinta-feira que seus controladores concluíram um acordo de reestruturação de suas participações no grupo que administra a companhia e acertaram que votarão a favor de um dividendo de 2,3 bilhões de reais.
A CSN é controlada pela holding Vicunha Aços, dona de 51,24% do capital do grupo siderúrgico, que por sua vez tem em sua composição holdings de membros da família do atual presidente-executivo da CSN, Benjamin Steinbruch.
Pelo acordo anunciado na véspera, que também encerra disputas judiciais entre a família controladora da Vicunha, a CFL Participações vai se retirar da estrutura da Vicunha Aços, que passará a ser detida indiretamente apenas pela Rio Purus.
Com isso, a CFL Ana Participações terá 10,25% das ações da CSN e a Vicunha Aços ficará com 40,99% do capital do grupo siderúrgico. Uma fatia de 3,45% ainda será detida pela Rio Iaco Participações.
O acordo entre a Vicunha Aços e a CFL tem prazo de 10 anos em que a CFL Ana não poderá vender seus papéis por nove meses e após isso poderá vender mas de maneira restrita, com direito de preferência para a compra sendo da Vicunha Aços.
Além disso, por cinco anos, a CFL Ana se obriga a acompanhar voto da Vicunha Aços ou se abster sobre deliberações de cargos de administração da CSN.
Também na noite de quinta-feira, a CSN anunciou contrato com a CSN Mineração para financiamento de exportação no valor de até 1,4 bilhão de dólares com bancos estrangeiros. Os recursos serão usados para ampliação da capacidade de produção de minério de ferro na mina de Casa de Pedra, em Minas Gerais.
Money Times - SP 03/04/2023
A sustentabilidade da alta nos preços do minério de ferro segue como uma grande incógnita no mercado. A commodity é negociada a US$ 125-130 a tonelada nos mercados do exterior, embora a incerteza em relação à demanda na China ainda seja alta.
Em relatório publicado nesta sexta-feira (31), o Bank of America (BofA) destaca que os preços do minério de ferro entraram em rali antes que a retomada econômica da China realmente se concretizasse. E, por mais que alguns dados tenham sido bem recebidos pelo mercado, a recuperação da segunda maior economia do mundo não é exatamente linear.
Jogando ainda mais estresse nos mercados, a crise bancária recente instaurada nos Estados Unidos e a compra do Credit Suisse pelo UBS Corp levantaram novos temores de uma recessão em nível global.
O BofA conversou com investidores, que reclamaram sobre a baixa tolerância e paciência dos mercados. Sobre o setor de mineração e siderurgia, eles levantaram dúvidas sobre o caminho que os preços do minério de ferro estão tomando e se uma sazonalidade mais forte de demanda e a restocagem em abril são motivos suficientes para manter a trajetória de alta da commodity – ou se a resistência de autoridades chinesas a preços mais altos jogaria a matéria-prima siderúrgica para a direção oposta.
Posicionando-se no setor
De acordo com o BofA, a mudança mais clara de posição no setor de mineração e siderurgia diz respeito à Gerdau (GGBR4), que foi de call principal do consenso em dezembro para uma ação com forte posição “underweight” (equivalente a “venda”) em relação ao peso do benchmark em março.
Neste caso, pesou também o temor dos mercados sobre a compressão do spread metálico norte-americano, somada a um momentum fraco de precificação/demanda no Brasil no início de 2023.
“A Vale (VALE3) foi a principal posição de longo prazo do consenso desta vez, embora o posicionamento pareça menor em relação a dezembro por conta das incertezas quanto à sustentabilidade do preço do minério de ferro”, comenta o BofA.
Sobre Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3), as posições parecem fracas. Investidores estão aguardando mais clareza sobre a parada para manutenção do alto-forno 3 da Usiminas, enquanto o aumento da alavancagem da CSN, bem como os planos de dobrar de tamanho nos próximos dois ou três anos, são um ponto de preocupação.
O Estado de S.Paulo - SP 03/04/2023
A previsão no desenho do novo arcabouço fiscal de um mecanismo redutor do crescimento dos gastos no ano seguinte ao descumprimento das metas fiscais é considerada pela área econômica do governo uma alternativa mais eficiente ao atual contingenciamento de gastos do Orçamento.
Os seguidos contingenciamentos (bloqueios de recursos) para o cumprimento do atual de teto de gastos têm gerado grandes distorções e levado a uma má gestão das políticas públicas, na avaliação dos formuladores do projeto de arcabouço fiscal.
Integrantes da área econômica ouvidos pela reportagem destacam que o novo modelo não proíbe bloqueios de gastos, mas permite dar mais eficiência à gestão orçamentária feita pelos ministérios. Evita, por exemplo, que já no primeiro relatório bimestral de avaliação de receita e despesa o governo tenha de contingenciar o Orçamento.
Pela regra apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o crescimento anual das despesas estará limitado a 70% da variação da receita líquida dos últimos 12 meses. A data de corte é julho do ano anterior. A despesa poderá crescer acima da inflação de 0,6% (piso) até 2,5% (teto) ao ano.
Se o resultado primário das contas do governo (receitas menos despesas, exceto gastos com juros da dívida) ficar fora da banda de flutuação das metas fiscais, no ano seguinte a despesa terá de crescer menos.
Ao invés do limite de 70% das receitas, as despesas terão de crescer 50%. Isso exigirá cortes no Orçamento no ano seguinte, caso haja descumprimento da meta fiscal. A avaliação é de que a penalidade acabará sendo o fator indutor para a boa gestão da regra do Orçamento.
Esse é um dos pontos mais importante das regras na visão dos seus formuladores, que veem nessa medida uma articulação mais afinada entre a nova regra de controle de gastos e as metas fiscais. A ideia é minimizar a sobreposição que existe hoje entre o teto de gastos (regra que limita o crescimento das despesas à variação da inflação) e Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que exige o cumprimento de metas anuais.
A data de corte do acumulado de 12 meses até julho para a fixação do valor da receita que será considerado para calcular o crescimento das despesas no Orçamento do ano seguinte também foi definida para evitar a tentativa de inflar a arrecadação para abrir espaço à ampliação dos gastos no Orçamento.
A prática de superestimar a previsão de receita foi uma das razões que matou a eficácia da regra de metas fiscais de resultado primário no governo Dilma Rousseff. Com a data de julho, que representa o valor efetivo da arrecadação passada acumulada em 12 meses, o Congresso não poderá mais inflar a receita para elevar o espaço para gastos no ano seguinte.
De acordo com os formuladores do plano fiscal, com esse mecanismo de punição para o descumprimento no ano seguinte, o governo ganha mais flexibilidade para atuar, inclusive, em casos de frustração de receita por algum efeito econômico inesperado, sem precisar fazer cortes de despesas maiores para atingir a meta – o que, na avaliação da equipe econômica, poderia contribuir para esfriar a atividade econômica nesse cenário adverso e contribuir para piorar o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB). Esse ponto foi bastante ressaltado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no anúncio das linhas gerais do arcabouço.
É um modelo que a equipe do Ministério da Fazenda considera que segue, na prática, o desenho do sistema de metas de inflação seguido pelo Banco Central.
No anúncio do arcabouço fiscal, o próprio secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, fez essa comparação com BC e disse que o modelo, ao contrário de punições criminais, é que haja “consequências” para o governo que não cumprir os objetivos que propôs. Essa consequência é justamente o redutor de 20% de despesas. “Não cumpriu, não é que o presidente do BC vai para a cadeia, vai sofrer impeachment. Ele tem mecanismos de corrigir”, disse.
O Congresso terá de aprovar o Orçamento do ano seguinte com esse redutor e as medidas de corte para efetivá-lo. A escolha do que cortar será do governo de plantão, sem especificar o tipo de medida (os chamados gatilhos) a serem adotados para cumprir o redutor das despesas e corrigir a rota para o cumprimento da meta.
Um dos problemas gerados pelo megacontigenciamento é o chamado “empoçamento” de despesas no fim do ano, gerado em parte porque a liberação orçamentária só acontece no fim do ano quando fica mais clara a evolução das despesas obrigatórias, principalmente as previdenciárias. É comum a falta de dotação orçamentária para uma determinada área e sobrar em outras que não.
Globo Online - RJ 03/04/2023
O novo arcabouço fiscal só funciona, mantendo as contas públicas em razoável equilíbrio, na ocorrência de três situações:
1) expressivo ganho de arrecadação do governo federal;
2) forte crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ou;
3) alta inflação.
O ajuste proposto se baseia no ganho de arrecadação. O corte de despesa só ocorre, quer dizer, só seria necessário em circunstância difícil de acontecer. Na verdade, o programa como que protege o crescimento da despesa, chegando mesmo a estabelecer uma expansão mínima de 0,6% em termos reais. Também fixa uma meta de investimentos, corrigida anualmente pela inflação.
Sim, sabemos que o governo tem mesmo de gastar, especialmente nos programas sociais. Sim, investimentos geram crescimento, emprego e renda. E, finalmente, não há como cortar radicalmente a despesa. Os gastos obrigatórios (Previdência, salários do funcionalismo, programas sociais, educação e saúde) consomem cerca de 95% da receita. Tudo isso subirá com o aumento real do salário mínimo e o reajuste do funcionalismo. Sem contar as diversas promessas de campanha.
Isso posto, também é preciso admitir: qualquer que seja a boa intenção, chame-se a coisa de gasto ou investimento, o governo precisa colocar dinheiro. E de onde vem? Da arrecadação, óbvio. Não por acaso, o ministro Haddad, ao apresentar o programa, acentuou esse ponto. Assegurou que não criará novos impostos nem aumentará alíquotas, mesmo assim sugeriu que pode obter logo um ganho de R$ 150 bilhões.
Quem pagará isso? O ministro responde: quem deveria e não está pagando impostos. Diversos setores econômicos recebem incentivos fiscais, são autorizados por lei a não pagar ou a recolher menos impostos, taxas e contribuições. Exemplo maior: as empresas instaladas na Zona Franca de Manaus. Mas há muito mais. O obstáculo está exatamente aí: são setores protegidos por lei, logo devem ser desprotegidos por novas leis aprovadas no Congresso. E lá o governo enfrentará os mesmos lobbies que conseguiram as vantagens. Não será fácil.
Também não recolhem impostos as grandes empresas da área de tecnologia. A pessoa compra uma roupa num site chinês — ou de qualquer outra origem — e recebe em casa a mercadoria produzida noutro país, por empresa sediada em algum paraíso fiscal. Há uma discussão no mundo todo sobre como taxar esses negócios via “big techs”. Está difícil. Sempre haverá um país disposto a oferecer incentivo para receber a sede fiscal e a base operacional desses gigantes corporativos. Proibir que essas empresas façam negócios por aqui? Só prejudicaria os consumidores, além, claro, de o país não recolher um centavo de impostos. Aliás, perde aquele que se recolhe nas atividades paralelas.
Eis o ponto: o arcabouço fiscal depende de forte ganho de arrecadação, difícil de realizar. E, realizado, aumenta o custo Brasil para empresas e cidadãos. Uma forte expansão do PIB resolve isso automaticamente. Mais crescimento e renda, mais receitas para o governo. Problema: as projeções mostram expansão pífia para os próximos anos, em torno de 1%. Dirão: se o governo gastar mais e estimular a economia, o PIB responde. Mas, para isso, o governo precisa recolher todo aquele dinheiro. Difícil, de novo.
A reforma tributária pode melhorar o ambiente de negócios — e, pois, estimular investimentos privados —, mas no médio prazo, para além do atual governo. E precisaria ser votada no Congresso.
Resta a inflação, sim, a própria. Inflação eleva o PIB nominal, logo aumenta a arrecadação. Além disso, a moeda desvalorizada diminui o valor real das despesas do governo, de modo que a mágica se completa: mais receita, mais espaço para gastar. Já aconteceu e sabemos como termina: inflação saindo do controle e corroendo a renda das famílias. Será que deixarão acontecer novamente? Por isso a bronca com o Banco Central? Suspeitas, claro, mas não despropositadas. Os obstáculos são reais.
IstoÉ Online - SP 03/04/2023
A atividade industrial da China expandiu a um ritmo mais lento em março, mostraram dados oficiais nesta sexta-feira, levantando dúvidas sobre a força da recuperação do setor pós-Covid em meio a uma demanda global mais fraca e desaceleração do mercado imobiliário.
O setor de serviços foi mais forte, com a atividade expandindo no ritmo mais rápido em quase 12 anos após o fim da política de Covid zero da China em dezembro, impulsionando transporte, acomodação e construção.
O Índice de Gerentes de Compras (PMI) oficial da indústria ficou em 51,9, ante 52,6 em fevereiro, segundo dados da Agência Escritório Nacional de Estatísticas, acima da marca de 50 que separa expansão e contração da atividade mensalmente.
Isso superou ligeiramente a expectativa de 51,5 apontada por economistas em uma pesquisa da Reuters e levou o iuan a se fortalecer em relação ao dólar. O número de fevereiro cresceu no ritmo mais rápido em mais de uma década.
A atividade econômica da China acelerou nos primeiros dois meses de 2023, à medida que o consumo e o investimento em infraestrutura impulsionaram a recuperação após o fim das interrupções da Covid-19, e as vendas no varejo voltaram a crescer.
Economistas do Nomura disseram que os dados fortes sugerem que a economia da China atingiu um “ponto ideal” após o fim das medidas de aperto imobiliário e da política de Covid zero.
“No entanto, em meio ao rápido agravamento das tensões geopolíticas e preocupações financeiras fora da China, isso pode não durar muito”, acrescentaram em nota.
As empresas enfrentam desafios, incluindo demanda fraca, disponibilidade restrita de capital e altos custos operacionais, e as bases para uma recuperação econômica precisam ser consolidadas, disse a agência de estatísticas em comunicado.
Embora o sentimento das empresas e dos consumidores esteja começando a melhorar, o setor industrial continua sob pressão em meio à demanda global lenta e custos elevados.
A atividade industrial foi afetada pela desaceleração do crescimento da produção e da demanda dos clientes, com os subíndices de produção e novos pedidos mostrando quedas em relação aos níveis de fevereiro.
Em contraste, o PMI não manufatureiro saltou para 58,2 contra 56,3 em fevereiro, atingindo o nível mais alto desde maio de 2011 com a recuperação do setor de serviços.
“O forte impulso provavelmente continuará nos próximos meses, já que o índice de novos pedidos para o setor de serviços continuou a subir”, disse Zhiwei Zhang, presidente e economista-chefe da Pinpoint Asset Management.
Exame - SP 03/04/2023
O Renminbi (RMB), moeda chinesa, está acelerando a expansão de seu uso internacional, uma tendência que ajudará a construir um sistema monetário internacional mais resistente, menos dependente do dólar americano e mais propício ao crescimento do comércio, disseram especialistas na quinta-feira, 30.
Os especialistas chineses comentaram depois que a China e o Brasil – duas grandes economias emergentes e os membros dos Brics – chegaram a um acordo para negociar em suas próprias moedas, abandonando o dólar americano como intermediário.
O acordo permitirá à China e ao Brasil realizar suas transações comerciais e financeiras maciças diretamente, trocando o RMB por reais e vice-versa, em vez de passar pelo dólar, informou na quarta-feira, 29, a Agence France-Presse, citando o governo brasileiro.
O relatório chega em meio à crescente utilização global do RMB. A primeira transação transfronteiriça de gás natural liquefeito com RMB na China foi concluída na terça-feira, 28, depois que o Export-Import Bank of China conseguiu a primeira cooperação de empréstimo RMB com o Saudi National Bank, o maior banco da Arábia Saudita, no início deste mês.
Zhu Min, vice-presidente do Centro de Intercâmbio Econômico Internacional da China, disse que a tendência é que mais economias estão dispostas a usar o RMB na compensação e nos pagamentos, o que é um “passo significativo” para a internacionalização da moeda chinesa e reflete a crescente confiança da comunidade internacional nela.
Sanções adotadas pelos EUA
As sanções financeiras adotadas pelos Estados Unidos desde o início da crise da Ucrânia desencadearam uma “crise de confiança” para o dólar em certa medida, impulsionando o uso global de outras moedas, incluindo o RMB, disse Zhu à margem da Conferência Anual do Fórum de Boao para a Ásia.
Zhou Maohua, analista macroeconômico do Banco Everbright da China, disse que o uso de moedas locais no comércio bilateral será uma situação vantajosa para a China e o Brasil, reduzindo o risco de flutuações cambiais enfrentadas pelas empresas de comércio exterior, e assim impulsionando o crescimento do comércio.
Em fevereiro, o PBOC e o Banco Central do Brasil assinaram um acordo para estabelecer acordos de compensação de iuane no Brasil, tornando-o o terceiro país sul-americano a fazê-lo – depois do Chile e da Argentina.
A filial brasileira do Industrial and Commercial Bank of China Ltd., o maior doador mundial por ativos, foi autorizada pelo PBOC a ser o banco de compensação.
Os acordos ajudarão as empresas e instituições financeiras dos dois países a usar o RMB para o comércio internacional e facilitarão o comércio bilateral e os investimentos, disse na quinta-feira a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning.
A infraestrutura financeira associada à internacionalização do RMB deve ser melhorada ainda mais, disse Pan Gongsheng, vice-governador do Banco Popular da China, o banco central do país, no início de março.
A nação melhorará ainda mais seu sistema comercial e de liquidação para investimentos e financiamentos transfronteiriços usando a moeda, acrescentou Pan.
“Acho que a internacionalização do renminbi provavelmente acelerará”, disse Hong Hao, economista-chefe do GROW Investment Group, uma empresa global de gestão de ativos com sede na China, sublinhando que os recentes desenvolvimentos indicam que um sistema monetário alternativo fora da hegemonia do dólar americano está sendo desenvolvido.
Acordos bilaterais
Com as sanções financeiras dos EUA prejudicando o status do dólar como moeda global, muitas economias, tais como Arábia Saudita, Rússia e Brasil, estão buscando uma alternativa ao sistema existente centrado no dólar, contribuindo para o crescente uso global do RMB, disse Hong Hao.
A China e seus parceiros comerciais que estabelecem mais acordos de liquidação em moeda chinesa podem ajudar a diminuir sua dependência do dólar americano, reduzir os custos de transação e tornar a gestão cambial mais simples, disse Hong.
Os pagamentos no RMB representaram 2,19% dos pagamentos globais por valor no mês passado, ante 1,91% em janeiro, ficando em quinto lugar entre as principais moedas pelo 13º mês consecutivo, de acordo com o provedor de serviços de mensagens financeiras SWIFT.
CNN Brasil - SP 03/04/2023
Em entrevista à CNN neste domingo (2), o ex-presidente do Banco Central (BC) Armínio Fraga afirmou que um marco fiscal “realista” pode contribuir para a avaliação do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em sua decisão sobre a taxa básica de juros, a Selic.
“Existe um espaço para se construir. O BC claramente precisa de ajuda. Se ele for sozinho, vai ter de fazer os juros trabalharem mais. Então, se tiver um apoio fiscal, da mais espaço para os juros não ficarem tão apertados, eu penso que um arcabouço realista pode dar uma contribuição”, disse.
Contudo, o economista se mostra cético com relação ao projeto apresentado pelo governo na última semana. Segundo Fraga, o superávit projetado de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 se dá em um cenário “muito otimista” que, para o ex-presidente do BC, pode não se concretizar.
Na última quarta-feira (22), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu por manter a taxa básica de juros – a Selic – em 13,75% ao ano. Foi a quinta decisão seguida pela manutenção da taxa.
Assim, o patamar de juros continua no maior nível desde dezembro de 2016.
A proposta
O Ministério da Fazenda divulgou detalhes da nova regra fiscal do governo na quinta-feira (30). Como adiantou a CNN, a proposta tem como base o controle do gasto e do superávit primário.
A nova regra fiscal prevê que os gastos do governo não podem ter crescimento acima de 70% do crescimento da receita. Com isso, o avanço das despesas depende diretamente do aumento da arrecadação.
O plano ainda estabelece metas de superávit primário. A ideia é de que o governo tenha déficit primário zero em 2024, superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 e de 1% em 2026.
Em sua apresentação, a pasta aponta que a variação tolerável para essas metas é de 0,25 ponto percentual para mais ou para menos.
Se a meta de superávit primário não for atingida e o resultado ficar fora da variação tolerável, haverá obrigação de redução do crescimento de despesas para 50% do crescimento da receita no ano seguinte.
O governo ainda indica que caso resultado primário venha acima da variação, o excedente pode ser utilizado para investimentos.
Veja a entrevista completa no vídeo acima.
O Estado de S.Paulo - SP 03/04/2023
Eu sempre digo que as políticas monetária e fiscal têm de caminhar na mesma direção. É óbvio: quanto mais o governo gasta, mais o Banco Central precisa elevar juros para conter a inflação; se o governo controla os gastos, a política monetária pode ter juros mais baixos. Infelizmente, no Brasil, há anos elas vão em direções opostas. Na semana passada, após a divulgação da ata da última reunião do Copom, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o BC precisa ajudar o Brasil a crescer com inflação baixa. Para fazer isto, porém, o BC precisa trabalhar com juros mais altos. Falta a concordância num ponto: como o BC pode ajudar o Brasil baixando a inflação.
O BC deve ser independente de influências políticas para praticar uma política monetária que produza o melhor para o País. Na década de 1970, o presidente do Federal Reserve, Arthur Burns, era submisso ao presidente Richard Nixon e manteve os juros abaixo do necessário. A inflação disparou e o país mergulhou numa crise. Foi preciso que o presidente seguinte, Paul Volker, elevasse os juros a estratosféricos 21% ao ano para controlar a inflação. Depois, os EUA viveram 20 anos de prosperidade.
O BC ajuda o Brasil cumprindo o papel de manter a inflação na meta. De acordo com os dados técnicos, o Copom decidiu manter a Selic em 13,75% ao ano para trazer a inflação à meta em 2024. Para a tomada de decisão bastam dados técnicos; não importa o falatório da política. Os juros estão altos agora porque foi rompido o teto de gastos, com excesso de despesas públicas.
O BC tem feito sua parte. O governo pode fazer a sua: controlar os gastos e ter compromisso de reduzir a dívida. O governo tem mais instrumentos para ajudar o Brasil do que o BC, que tem apenas a política monetária. Quando faz política monetária contracionista, o BC protege o País da inflação. Juros menores e mais inflação para gastar agora não ajudam o Brasil, semeiam uma crise futura. Isso foi feito no governo Dilma e o País teve a pior recessão da história recente, com queda do PIB de 5,2% entre junho de 2015 e maio de 2016.
O Brasil tem alta demanda por gastos sociais. Para atender a isso, é mais eficaz eleger prioridades, cortar gastos em outras áreas e buscar investimentos. Algumas coisas que parecem novidade no Brasil são mera repetição – e seu resultado é previsível.
O Estado de S.Paulo - SP 03/04/2023
O governo de Lula da Silva demorou, mas apresentou sua proposta de arcabouço fiscal. O mecanismo, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vai fixar o crescimento das despesas a 70% do avanço das receitas. Em paralelo, os gastos terão um piso e um teto, que garantirão a eles um aumento real de 0,6% a 2,5% acima da inflação. Esse plano, de acordo com o governo, seria capaz de reduzir o déficit primário a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, zerá-lo em 2024 e gerar um superávit em 2025 e 2026.
Após a euforia inicial gerada pelo anúncio, economistas começaram a se ater aos números e detalhes da proposta. A primeira dúvida diz respeito ao rombo para este ano. Na semana passada, na divulgação do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do primeiro bimestre, o Ministério da Fazenda havia reduzido a estimativa de déficit primário de R$ 228,1 bilhões, o equivalente a 2,1% do PIB, para R$ 107,6 bilhões, ou 1% do PIB.
O que fez com que o governo cortasse a projeção do rombo de 1% para 0,5% do PIB passados apenas oito dias permanece uma incógnita. Tudo indica, no entanto, que essa mudança teria relação com um outro pacote, ainda a ser apresentado, cujo objetivo é rever parte dos subsídios e renúncias tributárias e onerar setores que hoje não recolhem impostos, como o de apostas eletrônicas. Esse plano elevaria a arrecadação federal em R$ 100 bilhões a R$ 150 bilhões.
Assumir essa projeção de aumento de receitas como um fato concreto é de um otimismo que beira a ingenuidade, considerando a articulação que esses grupos de interesse conquistaram no Congresso. Mas o problema é que esse aspecto resume a essência da proposta do arcabouço fiscal do governo, que aposta num crescimento irreal de receitas e não propõe uma única medida concreta para rever os gastos estruturais da União. Ao contrário: se há algo que esse mecanismo assegura é que as despesas cresçam ano a ano e sempre acima da inflação, o que é suficiente para colocar em xeque qualquer previsão de superávit primário.
Há outros detalhes questionáveis a respeito das bases do novo arcabouço fiscal e que o enfraquecem já de saída. A regra não atinge os fundos que bancam o piso salarial dos professores e da enfermagem, bem como mantém os mínimos constitucionais estabelecidos para saúde e educação, independentemente das reais necessidades das áreas e do recorrente empoçamento de recursos orçamentários que esses setores registram ano a ano. Da mesma forma, os investimentos estão fora do escopo da âncora. O patamar atual, de R$ 70 bilhões a R$ 75 bilhões, será mantido e corrigido pela inflação mesmo que as receitas sejam frustradas, mas poderá ser ampliado, de maneira extraordinária, caso a arrecadação supere as projeções do governo.
Na entrevista em que a proposta foi detalhada, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, ao defender a flexibilidade do arcabouço, criticou a rigidez do teto de gastos e as recorrentes emendas constitucionais aprovadas para alterá-lo. Mas, na ânsia de elaborar algo exequível, o governo perdeu a mão. Se houver superávit primário no fim do mandato de Lula, a única forma de atingi-lo sem reformas que revisem os gastos obrigatórios será pela elevação de uma carga tributária já bastante alta. Do contrário, essas despesas serão financiadas da mesma forma como têm sido arcadas nos últimos anos, via endividamento – o que retroalimenta a inflação e exige o aumento da taxa básica de juros.
A nova regra, segundo Ceron, permitirá ao governo fazer escolhas. Se é assim, a primeira escolha parece muito clara: assegurar condições para que todo e qualquer gasto possa ser realizado. Foi exatamente a prática adotada pela administração de Dilma Rousseff, que levou o País a uma recessão cujos efeitos ainda não foram completamente superados. A opção por um Estado eficiente foi mais uma vez descartada. E, se mesmo um arcabouço frouxo como este foi alvejado pela ala política do governo e por lideranças e parlamentares petistas, é o caso de o País começar a se preocupar.
Infomoney - SP 03/04/2023
Os contratos futuros de minério de ferro na bolsa de Dalian subiram nesta sexta-feira (31) e caminhavam para um segundo trimestre consecutivo de ganhos, impulsionados pelas expectativas de melhora na demanda de aço na China no segundo trimestre e com as preocupações com a oferta apertada dando suporte adicional.
O ingrediente siderúrgico se recuperou das baixas registradas em outubro passado, conforme o alívio da política de zero-Covid e medidas de apoio para o setor imobiliário em dificuldades na China iluminaram a recuperação econômica e as perspectivas de demanda de aço no maior consumidor mundial de minério de ferro.
As expectativas de uma melhora na demanda chinesa, especialmente para aço de construção durante a primavera, e a queda no estoque de minério de ferro no porto também impulsionaram os preços.
Mas as incertezas econômicas globais e as restrições à produção de aço na China, juntamente com os alertas dos reguladores chineses contra a especulação excessiva de preços, limitaram os ganhos do minério de ferro.
O contrato de minério mais negociado para maio na Dalian Commodity Exchange da China DCIOcv1 encerrou as negociações diurnas com alta de 1,2%, a 907 iuanes (US$ 132,13) a tonelada, e ampliou seu ganho trimestral para mais de 6%.
Na Bolsa de Cingapura, minério de ferro de referência em maio caiu 0,2%, para US$ 125,10 a tonelada. No entanto, estava a caminho de um ganho trimestral de aproximadamente 10%.
“Os preços do minério de ferro continuam subindo devido aos sinais de oferta mais apertada antes do aumento da demanda sazonal no período de pico de construção da China”, disseram analistas do National Australia Bank em nota.
Mas a força na demanda chinesa de minério de ferro pode diminuir no segundo semestre do ano, com a China pretendendo reduzir novamente a produção de aço bruto este ano, de acordo com sua meta de redução de emissões de carbono, disseram analistas.
A recuperação econômica da China também parece frágil.
Exame - SP 03/04/2023
A CSN (CSNA3) e a CSN Mineração (CMIN3), da qual a siderúrgica detém cerca de 79% do capital social, assinaram um contrato de financiamento de pré-pagamento de exportação com valor total de até US$ 1,4 bilhão.
O contrato tem prazo final de 12 anos e US$ 980 milhões serão concedidos pelo Japan Bank for International Cooperation. O restante virá de um sindicato de bancos formados pelo BNP Paribas, Citibank, Crédit Agricole, JP Morgan e Sumitomo Mitsui, assegurado pela Nippon Export and Investment Insurance, cuja cobertura será de 97,5% de risco de crédito e 100% de risco político.
Segundo as empresas, essa operação tem o objetivo de apoiar seus projetos de construção de uma nova planta de pellet feed (P15) na mina de Casa de Pedra, o que deve ajudar em suas estratégias de descarbonização do setor siderúrgico. Pellet feed são grãos muito finos de minério de ferro.
"Essa transação representa a continuidade pelas companhias da estratégia de financiar seus crescimentos utilizando instrumentos adequados para projetos de longo prazo", dizem as duas companhias em comunicado.
Jornal de Brasília - DF 03/04/2023
A Justiça Federal em Minas Gerais determinou nesta quinta (30) que as mineradoras Vale e BHP Billiton façam depósito judicial de R$ 10,340 bilhões, valor que será aplicado na recuperação de cinco cidades do Espírito Santo atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, da Samarco (joint-venture formada pelas duas mineradoras), ocorrido em 2015 em Mariana (MG). Cabe recurso.
As mineradoras Vale e BHP e também a Fundação Renova, encarregada da recuperação dos danos provocados pela tragédia, afirmaram não terem sido notificadas. Os municípios capixabas que constam na decisão são São Mateus, Linhares, Aracruz, Conceição da Barra e Serra.
O rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, provocou a morte de 19 pessoas e deixou um rastro de destruição ambiental entre Minas Gerais e Espírito Santo. O rejeito de minério de ferro que vazou da barragem chegou ao rio Doce, que começa em Minas e deságua no litoral capixaba.
Cidades ao longo desse trajeto estão incluídas em programas de recuperação. As cinco que constam na decisão, porém, estavam fora.
Segundo explicou o coordenador da força-tarefa do caso Samarco, procurador Carlos Bruno Ferreira da Silva, do MPF (Ministério Público Federal) em Minas Gerais, ao longo do tempo foi confirmado, através de estudos, que essas cidades também foram atingidas.
Como não estavam incluídas inicialmente, houve rejeição por parte das empresas em colocá-las entre os municípios atingidos, o que acabou gerando o embate judicial.
O pedido para a inclusão foi feito pelos Ministérios Públicos federal e estadual e Defensorias Públicas de Minas e do Espírito Santo. O valor de R$ 10,340 bilhões foi fechado a partir de estudos contratados pelos autores da ação.
A decisão, apesar de envolver municípios capixabas, foi tomada em Minas por haver um posicionamento do STJ (Superior Tribunal de Justiça) de que todas as ações referentes à tragédia em Mariana ficam a cargo da Justiça federal no estado.
O procurador Carlos Bruno afirmou que os recursos deverão ser depositados em conta em juízo para, posteriormente, representantes dos Ministérios Públicos e das defensorias analisarem em quais projetos serão alocados, como por exemplo na recuperação ambiental e equipamentos públicos, como redes de esgoto.
O representante do MPF classificou a decisão como significativa por envolver as duas mineradoras. “Condenar a Samarco não adianta. Tem que ser a Vale e BHP, empresas que têm poder econômico”, disse.
As duas mineradoras, além de afirmarem que não foram notificadas da decisão, citaram em posicionamentos números relativos a investimentos após a tragédia.
“A Vale não foi notificada da decisão e se manifestará oportunamente no processo. A empresa reforça o compromisso com a reparação integral dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, viabilizando medidas de reparação em favor da sociedade. Até janeiro de 2023, já foram indenizadas mais de 410,8 mil pessoas, tendo sido destinados mais de R$ 28,42 bilhões para as ações executadas pela Fundação Renova”, disse a Vale.
“A BHP Brasil informa que ainda não foi notificada sobre essa decisão e que continua a trabalhar em estreita colaboração com a Samarco e a Vale para apoiar os programas implementados pela Fundação Renova. Até janeiro de 2023, já foram indenizadas mais de 410,8 mil pessoas, tendo sido destinados mais de R$ 28,42 bilhões para as ações executadas pela Fundação Renova”, afirmou a BHP.
Já a Renova afirmou apenas que não notificada da decisão.
Valor - SP 03/04/2023
Preços do petróleo, minério de ferro, gás natural e de metais devem seguir em rota ascendente com recuperação da economia chinesa, projeta o Goldman Sachs
Samantha Dart, do Goldman Sachs: mundo das commodities já vive déficit — Foto: Divulgação
Após avançarem 8,5% no primeiro trimestre, os preços do minério de ferro devem se sustentar em torno de US$ 130 por tonelada nos próximos meses, beneficiados pela retomada da atividade econômica na China, na avaliação de analistas ouvidos pelo Valor. Para o Goldman Sachs, de forma geral, commodities metálicas e de energia tendem a mostrar valorização mais acelerada a partir do segundo semestre.
De acordo com a chefe de análise de gás natural no banco americano, Samantha Dart, os preços do petróleo, de metais - sobretudo cobre e alumínio - e do gás natural estão em rota de recuperação e isso vai se acelerar no segundo semestre. “O que vemos no mundo das commodities como um todo é que já há déficit ou se caminha para um déficit à medida que se aproxima a segunda metade do ano”, afirma.
Para o minério, o Goldman Sachs manteve a projeção de US$ 135 por tonelada em seis meses, uma vez que já previa recuperação da atividade econômica na China, que vem sendo confirmada pelos principais indicadores.
Na sexta-feira (31), o minério com teor de 62% foi negociado a US$ 127,30 a tonelada no norte do China, segundo o índice Platts, da S&P Global Commodity Insights. Em março, a principal matéria-prima do aço teve ganho de 2,6%. Os contratos futuros mais negociados na Bolsa de Commodity de Dalian (DCE), com entrega em maio, encerraram a sessão diurna em alta de 1,3%, a 908 yuan (US$ 132,40) por tonelada.
Conforme Samantha, o país asiático está deixando para trás a crise desencadeada pela covid-19 e os setores mais afetados, de transportes e serviços, foram os primeiros a se recuperar. Em março, a atividade industrial também deu sinais de retomada, com números, também de consumo de aço, finalmente acima do que se viu no ano passado. “Há um pouco de atraso em relação a transportes e serviços, mas já começamos a ver recuperação”, diz.
Para o analista Daniel Sasson, do Itaú BBA, a sustentação da commodity em patamares mais elevados do que o inicialmente esperado se deve à recuperação do setor de propriedades na China, com retomada das vendas de imóveis e desaceleração da queda de preços em algumas regiões. “Vemos um cenário mais construtivo para o setor de propriedades, que está reagindo aos estímulos do governo”, afirma.
Também por causa da expectativa de que o minério deve se manter entre US$ 120 e US$ 130 por tonelada no curto prazo, o Itaú BBA elevou há duas semanas a recomendação para as ações da Vale, para compra (“outperform”). “Mas não acredito que esse nível de preço seja sustentável até o fim do ano, quando o minério deve chegar mais perto dos US$ 100”, pondera.
Olhando para outras commodities metálicas, destaca Samantha Dart, os estoques estão caindo em ritmo mais acelerado do que o comum para esse momento do ano, em particular no cobre e no alumínio, também por causa da retomada da atividade industrial e do setor de propriedades na China. Em seis meses, o Goldman Sachs vê o alumínio acima de US$ 3 mil por tonelada e o cobre em US$ 10 mil por tonelada.
“A crise bancária foi mais financeira do que física nesse mercado, e não teve impacto significativo na Ásia”, diz a analista. Diante da reabertura da China e a melhora dos indicadores econômicos, o Goldman Sachs elevou de 5,5% para 6% a expectativa de crescimento do país asiático neste ano.
Para o petróleo, o banco americano projeta US$ 90 por barril de Brent no fim do ano, depois de revisar a estimativa inicial, de US$ 100, diante da fuga de capital desse mercado com a crise bancária nos Estados Unidos e na Europa. Na semana passada, o Brent para junho avançou 7,1%, negociado a US$ 79,89 o barril na sexta-feira.
Conforme Samantha, a reabertura da China levou a um crescimento adicional na demanda de petróleo da China estimado em 1 milhão de barris por dia. E essa curva seguirá em ascensão, fazendo com que o excesso de oferta de óleo se converta em déficit a partir de junho, com forte queda dos estoques globais, observa. “Os preços vão subir além do que está precificado na curva de futuros”, afirma.
No mercado de gás natural, a Europa saiu do inverno com estoques mais elevados do que o normal, o que se refletiu em preços 70% mais baixos que os vistos no último verão. Nesses níveis, explica a especialista, a demanda de gás pelo setor industrial, de energia elétrica e residencial acaba sendo estimulada. A previsão é que, ao fim do terceiro trimestre, essa mudança de padrão de consumo tenha se refletido em preços mais altos - mas não como os de 2022, quando a invasão da Ucrânia pela Rússia fez as cotações dispararem.
O Estado de S.Paulo - SP 03/04/2023
A Toyota do Brasil anunciou, na tarde desta sexta-feira, 31, parceria com empresas e universidade para um projeto de pesquisa e desenvolvimento para a produção local de hidrogênio (H2) renovável a partir do etanol. Pela manhã, o grupo Stellantis também informou que trabalha para produzir localmente carros híbridos a etanol.
Participam do projeto a Shell Brasil, Raízen, Hytron, Universidade de São Paulo (USP), Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) e Senai Cetiqt. A empresa vai oferecer unidades do Mirai, primeiro carro de série movido à célula de combustível para testes sobre a performance do veículo movido a hidrogênio.
A companhia japonesa foi a primeira e iniciar no País a produção de carros híbridos flex, os modelos Corolla e Corolla Cross. Para o presidente da Toyota, Rafael Chang, “o Brasil tem potencial para ser protagonista internacional com a descarbonização da frota”.
Ele lembrou que o grupo investe, desde o Prius em 1997, em soluções que são práticas e sustentáveis. “Uma delas é a tecnologia híbrida-flex produzida nas nossas plantas de Indaiatuba e Sorocaba, desenvolvida para o mercado brasileiro em uma parceria com o Japão, e que se tornou líder o mercado de eletrificados”.
O executivo disse ainda que o País tem forte vocação para biocombustíveis e que a empresa tem opções prontas para incentivar a economia neste período de transição para uma futura agenda neutra em carbono.
“Agora, com o Mirai (produzido no Japão) abastecido com hidrogênio produzido de uma fonte 100% renovável, como o etanol, o futuro do Brasil pode ser cada vez mais verde”, destacou Chang.
Investimento
A Shell vai investir R$ 50 milhões no projeto, que também tem por objetivo mensurar as emissões de CO2 na atmosfera no ciclo “campo à roda” (desde o cultivo da cana até o consumo do hidrogênio pela célula combustível do veículo).
“O objetivo desse projeto de P&D é demonstrar que o etanol pode ser vetor para produzir hidrogênio renovável, aproveitando a logística já existente da indústria de etanol”, afirmou Alexandre Breda, gerente de Tecnologia de Baixo Carbono da Shell Brasil.
O diretor de Transição Energética e Investimentos da Raízen, Mateus Lopes, acrescentou que “a produção local de hidrogênio renovável por meio da reforma do etanol é uma solução eficiente, sustentável e facilmente replicável globalmente, devido ao baixo custo de transporte do biocombustível”.
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O primeiro Murai será entregue, ainda neste primeiro semestre, ao Research Centre for Greenhouse Gas Innovation (RCGI) da USP. O centro foi criado em 2015 com financiamento da Fapesp e da Shell, e é responsável pela pesquisa. O hidrogênio renovável também vai abastecer três ônibus que circularão na Cidade Universitária da USP.
Fábrica de hidrogênio
A Shell Brasil, Raízen, Hytron, USP e o Senai Cetiqt assinaram acordo de cooperação, em setembro de 2022, para desenvolvimento de plantas de produção de hidrogênio renovável a partir do etanol. A parceria tem como foco a validação da tecnologia através da construção de uma planta que iniciará operação na primeira metade de 2024. A estrutura será instalada no campus da USP, em São Paulo.
A intenção do projeto é demonstrar que o etanol pode ser um vetor para a produção de hidrogênio, contribuindo para a descarbonização de setores da indústria. A Raízen fornecerá o etanol e a tecnologia será desenvolvida e fabricada pela Hytron, empresa do grupo alemão Neuman & Esser (NEA Group), e tem suporte do Senai e financiamento da Shell Brasil.
A Toyota explica que o Mirai é um carro elétrico em sua essência, mas não utiliza recarga elétrica externa, pois é movido por uma reação química entre hidrogênio e oxigênio. O H2 é uma das grandes promessas para a descarbonização do planeta. Além de ser potencialmente inesgotável por ser o elemento mais abundante no universo, quando extraído de fontes renováveis pode, de fato, ser zero emissões.
O Estado de S.Paulo - SP 03/04/2023
O que até agora se limitava a ser decisão de apenas alguns países passou a ser de toda a União Europeia: a partir de 2035 não se venderão mais veículos novos leves movidos a energia fóssil dentro do bloco. É decisão que terá impacto sobre a economia do Brasil, cujo governo vem ignorando consequências desse tipo.
Na China, 27% das vendas de veículos já são de elétricos, na Noruega, 79%; na União Europeia, a média é 21%. O mundo caminha inexoravelmente para o carro elétrico, em direção às emissões zero de carbono até 2050. O mercado de carros elétricos poderá chegar a 45% das vendas totais de veículos já em 2030, segundo previsões do Citibank.
Esse movimento não se limita ao estancamento do consumo de combustíveis fósseis. Atinge também a produção de energia elétrica, para a qual se destinam hoje no mundo também derivados de petróleo. De nada adiantaria evitar emissões de carbono pelos escapamentos dos veículos se continuassem a se espalhar no ar pelas chaminés das usinas termoelétricas.
Projeto de Lei quer obrigar estacionamentos privados e públicos a instalar carregadores
Projeto de Lei nº 710/2023 quer exigir instalação de carregadores para veículos elétricos em estacionamentos, ruas e avenidas de todo o País
O primeiro impacto é o do apressamento do fim da era do petróleo. O recado para o Brasil e para a Petrobras é claro: está cada vez mais próximo o dia em que a demanda global de petróleo, hoje em torno de 100 milhões de barris diários, começará a baixar. O prazo de validade se situa no início dos anos 2040, mas poderá ser antecipado. Isso significa que o petróleo que até o fim do ciclo não tiver sido produzido está condenado a permanecer indefinidamente nas profundezas, como acontece hoje com as ainda abundantes jazidas de carvão mineral.
O tempo que permeia a descoberta de um campo de petróleo e o início de sua produção gira em torno dos sete anos, porque antes é preciso prover o desenvolvimento de poços e dispendiosa infraestrutura. No entanto, as autoridades brasileiras se comportam como se não houvesse esse amanhã, de modo a aproveitar o petróleo do subsolo antes que o interesse por ele desapareça. Acham que a Petrobras deva seguir investindo pesado em atividades secundárias.
Outra urgência está na política industrial. Se o carro elétrico é inexorável, não adianta insistir em veículos movidos a combustíveis fósseis no Brasil, que não terão mercado externo, nem mesmo em países do Mercosul, que também terão de se enquadrar.
Os usineiros de etanol se aferram ao argumento de que carro a álcool é carro limpo e que deve ser preservado. Mas, outra vez, não dá para contar com sua exportação, porque clientes em potencial não produzem etanol e não será o Brasil que se encarregará de fornecer refil para motores a álcool.
São consequências que o governo brasileiro não pode continuar ignorando.
O Petróleo - SP 03/04/2023
Descubra as razões por trás do fracasso dos carros elétricos em se tornarem uma alternativa viável aos veículos movidos a combustível fóssil.
Os carros elétricos são frequentemente apontados como uma das soluções mais promissoras para a redução da emissão de gases poluentes na atmosfera. No entanto, apesar das expectativas iniciais, a popularização desses veículos ainda está longe de se concretizar. Mas afinal, porque os carros elétricos não deram certo?
Dificuldades na produção
Uma das principais dificuldades na produção dos carros elétricos é o custo dos materiais necessários para a construção das baterias, que são responsáveis por armazenar a energia utilizada para movimentar o veículo. Além disso, a produção em larga escala desses veículos ainda é um desafio para as montadoras, que precisam ajustar suas linhas de produção para acomodar novos processos e tecnologias.
Infraestrutura insuficiente
Outro entrave para a popularização dos carros elétricos é a infraestrutura necessária para a recarga das baterias. Embora já existam postos de recarga em algumas cidades, a rede ainda é muito limitada e não oferece a mesma comodidade que os postos de combustível tradicionais. Além disso, a duração da carga das baterias ainda é uma preocupação para muitos motoristas, que temem ficar sem energia em locais sem pontos de recarga.
Desconfiança do público
Demanda, tendências e crescimento do mercado de bicicletas elétricas de 2023
Por fim, a desconfiança do público em relação aos carros elétricos também é um fator que contribui para o fracasso desses veículos. Muitas pessoas ainda têm receio em relação à segurança das baterias, temem que elas possam explodir ou pegar fogo em caso de acidentes. Além disso, a autonomia dos veículos elétricos ainda é menor do que a dos carros movidos a combustível fóssil, o que pode afastar muitos consumidores.
Embora os carros elétricos sejam considerados uma das tecnologias mais promissoras para o futuro da mobilidade urbana, ainda há muitos desafios a serem superados para que eles se tornem uma alternativa viável aos veículos movidos a combustível fóssil. A produção em larga escala, a infraestrutura de recarga e a confiança do público são apenas alguns dos aspectos que precisam ser abordados para que os carros elétricos finalmente ganhem espaço nas ruas e estradas do mundo todo.
O Estado de S.Paulo - SP 03/04/2023
No cenário automotivo global, não há uma fabricante sequer que não esteja envolvida com planos de eletrificar seu portfólio de veículos. Em muitos países da Europa, a meta de não desenvolver mais automóveis com motor a combustão, a partir de 2035, impõe desafios importantes para reduzir emissões de poluentes em todas as esferas de produção.
A Renault é uma das montadoras que mergulharam firme no propósito de descarbonizar suas atividades, ao lançar o plano Renaulution, em 2021. Trata-se de uma política de governança socioambiental baseada em três pilares: a transição energética, a segurança dos clientes no trânsito e dos colaboradores no local de trabalho e o aumento no número de mulheres nas equipes de trabalho.
“Os resultados do Renault Group, em 2022, ficaram acima dos objetivos iniciais traçados no plano Renaulution”, afirma Ricardo Gondo, presidente da Renault do Brasil. “Assim, conseguimos finalizar a primeira fase, chamada de Resurrection, com três anos de antecedência.”
O compromisso em relação à eletrificação é que as vendas dos veículos movidos a bateria da marca totalizem 65% a partir de 2025 e 90% em 2030. A Renault busca, também, alcançar zero carbono na Europa até 2040 e, dez anos depois, no mundo.
Segunda etapa
O plano está bem encaminhado. Gondo conta, que, no ano passado, a companhia registrou redução de 25% na pegada de carbono em âmbito global, colaborando para o início antecipado da Renovation, a segunda fase do projeto Renaulution. Com foco no desenvolvimento de produtos de alta qualidade, ela vai culminar com a melhor gama de veículos da fabricante dos últimos 30 anos.
“O Megane E-Tech, totalmente elétrico, e o Austral são os primeiros modelos dessa nova onda. No Brasil, o carro de estreia da fase Renovation será o Megane E-Tech, previsto para chegar no segundo semestre”, revela o executivo.
A aceleração na meta de descarbonização é um plano que inclui investimentos em energia fotovoltaica, geotérmica e biomassa. Em novembro passado, por exemplo, a empresa divulgou o plano de descarbonizar as unidades industriais na França, por meio de parcerias estratégicas.
“O acordo com a empresa Voltalia prevê o maior contrato de fornecimento de eletricidade verde na França. Já a Engie preparou o primeiro projeto geotérmico no parque industrial na cidade de Douai. A Dalkia, por sua vez, se encarregou da instalação de uma caldeira de biomassa em Maubeuge”, revela Gondo.
Universidade
Os compromissos de transição ecológica assumidos pela Renault são abrangentes. Um deles se refere à diminuição na pegada de carbono da área de compras, concentrando esforços em seis componentes: aço, alumínio, polímeros, componentes eletrônicos, pneus e vidros. Na manufatura, a empresa pretende cortar 50% nas emissões de suas fábricas até 2030, em comparação aos índices de 2019.
Para isso, a Renault vem investindo 20 milhões de euros em intervenções em suas instalações industriais que, de acordo com Ricardo Gondo, serão capazes de gerar uma economia de até 90 milhões de euros com a redução de energia.
Tendo em vista que a eletrificação dos carros e dos meios de produção exigirá novas competências, a Renault decidiu recorrer à expertise da academia. Dessa forma, ela mesma criou uma universidade com atuação nas áreas de eletrificação, cibersegurança, análise e gestão de dados e economia circular.
Até 2025, a ReKnow University, destinada, no primeiro momento, aos colaboradores da Renault na França, formará 40% do pessoal impactado por essas transformações. Em seguida, os cursos serão abertos aos parceiros industriais, que trabalham em conjunto com a Renault na implementação de cursos profissionalizantes. Enquanto forma a mão de obra especializada, a Renault também segue na estrada da digitalização com o primeiro metaverso industrial.
Megane E-Tech
Na Europa, a Renault é a terceira marca no mercado dos veículos elétricos e a segunda entre os híbridos. Mas a velocidade dos mercados é diferente. Embora esteja em evolução no País, o segmento de automóveis eletrificados ainda representa cerca de 4% do total.
“No Brasil, a Renault vendeu 1.200 veículos 100% elétricos em 2022. Esse desempenho representa aumento de sete vezes, em relação a 2021. O Kwid E-Tech ajudou muito para atingir esse número”, acredita Gondo. Em 2023, com a chegada do Megane E-Tech 100% elétrico, a expectativa é de que esse número de vendas dê um salto significativo. Qualidades não faltam ao carro: são mais de 300 patentes registradas na produção do veículo e da plataforma.
“Um exemplo é o processo de enrolamento do rotor sem ímã, que é substituído pelo cobre, com impacto ambiental bem menor”, explica Gondo. “O processo permite modular a corrente no rotor, restringindo o consumo de energia elétrica, principalmente em alta velocidade e em vias rápidas.”
Metaverso industrial
A digitalização dos processos da Renault conheceu um aliado importante, que é o metaverso industrial. Atualmente, 100% das linhas de produção estão conectadas, 90% dos fluxos de abastecimento são monitorados e 100% dos dados da cadeia de suprimentos se encontram hospedados no metaverso da fabricante, com réplica do mundo físico acompanhada em tempo real.
Inseridos na indústria 4.0 em 2016, os processos digitais geraram para a Renault uma economia de [sinal de euro] E 780 milhões, em itens como estoque, prazo de entrega dos veículos e pegada de carbono na produção dos automóveis.
Segundo Ricardo Gondo, o metaverso industrial é um ambiente virtual alimentado por coleta de dados em massa, gêmeos digitais dos processos, conexão do ecossistema da cadeia de suprimentos e uma série de tecnologias avançadas.
“No Brasil, nossa jornada começou em 2016, quando equipamos as fábricas para conectar os meios de produção. Robôs, parafusadeiras e parte dos postos de trabalho já estão integrados na plataforma da Google, gerando dados em tempo real para posterior análise, de forma reativa e preditiva”, afirma.
CNN Brasil - SP 03/04/2023
A projeção de recursos privados para investimentos no setor ferroviário brasileiro ultrapassa R$ 170 bilhões, segundo informou a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A previsão para este ano é de 12 mil quilômetros de novos trilhos, cruzando 19 unidades da Federação.
No final de fevereiro, a agência celebrou a 39° autorização ferroviária, para a construção e exploração de estrada de ferro localizada entre São Paulo e Rio de Janeiro.
Especialistas avaliam que modelo trará eficiência logística e será um complemente ao transporte rodoviário. Ainda que a avaliação do governo seja positiva com relação ao modelo de autorizações, a perspectiva para novos investimentos públicos
Ao contrário do modelo de concessão ferroviária, a autorização permite que o setor privado construa novas ferrovias sem a necessidade de leilão e pagamentos de outorgas bilionárias ao governo federal.
O debate sobre uma ligação São Paulo-Rio de Janeiro sobre trilhos é antigo. Recentemente, após receber a autorização da ANTT, a TAV Brasil conversa com empreiteiras na tentativa de tirar do papel o projeto.
O diretor-presidente da TAV Brasil, Bernardo Figueiredo, diz que os contatos passaram a ser feitos pelas próprias empresas estrangeiras interessadas no projeto.
Ismael Trinks, superintendente de Transportes Ferroviários da ANTT vê com bons olhos a autorização.
“Para nós é super importante. A nossa identidade ferroviária comparada com outros países é baixa, existe um déficit que precisa ser suprido de alguma forma. O governo está trazendo de forma criativa para não depender somente do setor público. Conciliar uma matriz mais equilibrada”.
Até o momento, das 39 autorizações deliberadas pela diretoria da Agência, 33 tiveram seus contratos de adesão assinados e 6 em vias de assinatura entre o Governo Federal e entes privados para a implantação de novas estradas de ferro pelo regime de autorização.
Relevância econômica
O modelo de autorizações, ainda que recente no Brasil, tem gerado expectativas positivas por parte de especialistas, representantes do setor e pela própria Secretaria de Transportes Ferroviários do Ministério dos Transportes.
Leonardo Ribeiro, secretário Nacional de Transporte Ferroviário, explica que as autorizações ferroviárias foram inspiradas nas “shortlines” dos Estados Unidos, sendo um novo modelo de exploração econômica do setor, permitindo que a iniciativa privada invista em projetos de seu interesse.
As shortlines são linhas de menor distância que servem para conectar pontos próximos, mas importantes dentro da malha férrea.
“Estamos diante de um arcabouço legal que pode promover cooperação e competitividade do setor ferroviário, com conhecidas externalidades positivas na economia, no meio ambiente e na segurança das pessoas. É uma oportunidade para viabilizar novos negócios e geração de emprego e renda no país”, disse.
Ismael Trinks reafirma a semelhança das autorizações que estão ocorrendo no Brasil com o modelo de shortlines e chama a atenção para o “diálogo” entre as autorizações e as concessões.
“É uma característica de ramal ferroviário de pequena extensão, de carga própria. Geralmente são empresas de celulose, mineradoras e precisam dessa ferrovia para complementar as concessões. Servem como veias que vão, na verdade, contribuir com o aumento no volume de carga a ser transportada pela ferrovia”.
Além disso, o investimento no setor ferroviário possibilita uma queda nos custos dos produtos, uma vez que, segundo Trinks, as linhas férreas geram empregos, diminuem custos com aquisição e manutenção de veículos e desoneram as rodovias.
Ainda que as expectativas sejam altas com relação ao modelo, Leonardo Ribeiro é cauteloso ao falar sobre planos do governo com relação a investimentos no setor ferroviário. Segundo ele, é preciso pensar primeiro em “recompor a capacidade de a União financiar seus projetos prioritários”, dado o atual cenário econômico.
Para isso, o secretário destaca dois temas importantes da agenda econômica do governo: a reforma tributária e a nova regra fiscal.
“Essas duas agendas são importantes para que o país volte a crescer com mais recursos para investir no setor de infraestrutura, sem deixar de lado a responsabilidade fiscal. Somente com a aprovação da reforma tributária e da nova âncora fiscal teremos capacidade de investimento em 2024, 2025 e 2026 igual a de 2023 – hoje de aproximadamente R$ 20 bilhões para ferrovias e rodovias”.
Justamente pelas atuais circunstâncias econômicas do país, o professor da FGV Gesner Oliveira destaca a característica do modelo de autorizações de atuar para “suprir a falta de investimento público no setor”. O especialista chama a atenção para outros dois pontos.
“Uma ferrovia pode ser construída e operacionalizada em menos tempo do que o processo de construção pelo governo. E se eliminam alguns riscos para o estado. O risco de engenharia que poderia encarecer a construção e demandar mais recursos públicos, o risco do desinteresse em leilões de vias realizados pelo governo, os riscos jurídicos, sobretudo em questões ambientais. E o risco de paralisação e atraso das obras tendem a ser menores”, disse Gesner.
Autorizações
Além da mais recente autorização anunciada pela ANTT, outros projetos podem ser destacados.
Na Bahia, a VLI Multimodal S.A recebeu autorização para construir duas ferrovias. São mais de 220 quilômetros ligando Corretina (BA) à Arrojolândia; e São Desidério (BA) a Riachão das Neves (BA).
A empresa calcula o investimento de quase R$ 5 bilhões para o desenvolvimento dos novos ramais, que devem ter conexão com os trechos I e II da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol). A estimativa é a geração de cerca de 33 mil empregos diretos e indiretos com as obras.
Em Goiás, a Petrocity Ferrovias trata da construção e exploração de 68 quilômetros de linhas férreas entre Corumbá de Goiás (GO) e Anápolis (GO).
Segundo a agência, o ramal deve servir para transportar grãos, rochas ornamentais, minerais e carga em geral do tipo contêiner. O projeto prevê investimentos de mais de R$ 400 milhões e a geração de mais de 5 mil empregos diretos e indiretos.
Já a Rumo S.A. obteve a autorização ferroviária para duas linhas ferroviárias no estado de Mato Grosso. A primeira deve operar no trecho entre Santa Rita do Trivelato (MT) e Sinop (MT). Serão 250,7 quilômetros que servirão para o transporte de granéis agrícolas, produtos industrializados, granéis líquidos e fertilizantes.
Enquanto a segunda autorização trata de 498 quilômetros de linhas férreas entre Primavera do Leste (MT) e Ribeirão Cascalheira (MT). Esse ramal deve possibilitar o transporte de granéis agrícolas, produtos industrializados, granéis líquidos e fertilizantes.
Somente com estas obras férreas em Mato Grosso a estimativa é de aproximadamente R$ 11 bilhões em investimentos e a geração de 54.365 empregos diretos e 25.640 empregos indiretos, de acordo com a ANTT.
Histórico e desafios
O início das autorizações ferroviárias se deu com a Medida Provisória nº 1.065/2021. Durante sua vigência, foram recebidos 80 requerimentos, dos quais foram assinados 27 contratos de autorização, totalizando 9.923 possíveis novos quilômetros de ferrovias, com um investimento aproximado de R$ 133 bilhões.
Em dezembro do mesmo ano, foi publicada a lei que, em seguida, foi regulamentada pela ANTT. Em aproximadamente um mês de vigência da resolução, a agência contabilizou que foram requeridas 15 novas autorizações e complementada a documentação em mais de 20 requerimentos realizados durante a MP nº 1.065/2021.
A ANTT diz que o modelo passou a fomentar a competitividade, a diminuição do custo de frete e a geração de empregos e soluções sustentáveis.
“Com isso, o maior desafio agora é a promoção de políticas públicas que visem facilitar acesso a crédito pelas empresas que pretendem investir no setor, ampliando a viabilidade financeira e a aplicação de recursos na construção das malhas ferroviárias”, pondera o órgão.
Outro desafio, destacado pelo secretário Nacional de Transporte Ferroviário, se dá com relação à viabilização de novos negócios que, segundo ele, deve ocorrer em escala compatível com o crescimento do Brasil como exportador de commodities.
O secretário diz que há ainda o desafio de harmonizar a matriz nacional de transportes com os princípios e as metas pactuadas nas discussões sobre mudanças climáticas junto à Organização das Nações Unidas (ONU).
“Tendo nas ferrovias um importante meio de transporte para o cumprimento dessas metas, considerando à sua segurança operacional, sustentabilidade e eficiência em meio a um cenário cada vez mais desafiador de segurança climática”, explicou.
Concessão ferroviária
A primeira concessão de ferrovias do novo governo está sendo preparada pelo ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), que espera ter um desenho do projeto no fim do primeiro semestre.
A ideia preliminar do ministério é oferecer a concessão integrada da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico) e de dois trechos da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol).
Os estudos de viabilidade econômica do projeto serão apresentados até o fim de abril pela Infra S.A., estatal subordinada à pasta que nasceu da fusão da Valec com a Empresa de Planejamento e Logística (EPL).
O Petróleo - SP 03/04/2023
O petróleo e o gás são recursos fundamentais para a economia mundial e têm sido uma importante fonte de energia ao longo do século XX e início do XXI. Nos últimos anos, a exploração de petróleo e gás offshore tem se tornado cada vez mais importante, já que a demanda por energia continua a crescer e as reservas terrestres estão se esgotando. Neste artigo, vamos explorar o potencial e os desafios da exploração de petróleo e gás em alto mar.
A exploração de petróleo e gás em águas profundas tem se mostrado cada vez mais lucrativa nos últimos anos, principalmente em regiões como o Golfo do México, o Mar do Norte e o Brasil. As reservas de petróleo e gás offshore são geralmente maiores e mais abundantes do que as reservas terrestres, o que significa que há potencial para produção de energia a longo prazo.
A exploração de petróleo e gás offshore também tem um impacto positivo na economia local. A indústria offshore gera empregos em áreas como perfuração, construção de plataformas, transporte marítimo e logística. Além disso, a receita gerada pela exploração de petróleo e gás offshore pode ser usada para financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento social.
Desafios da exploração offshore
Apesar dos benefícios da exploração de petróleo e gás offshore, há vários desafios a serem superados. Um dos principais desafios é a tecnologia necessária para explorar e produzir petróleo e gás em águas profundas. A exploração offshore requer equipamentos especializados e técnicas de perfuração avançadas, que são caras e complexas.
Até onde chegou o trabalho de atualização do FPSO da Enauta com destino ao Brasil?
Outro desafio importante é a segurança. A exploração de petróleo e gás offshore é uma atividade de alto risco, que pode levar a acidentes graves e até mesmo desastres ambientais, como o vazamento de óleo da plataforma Deepwater Horizon, em 2010. Para garantir a segurança dos trabalhadores e a proteção do meio ambiente, é necessário implementar rigorosos padrões de segurança e monitoramento ambiental.
Além disso, a exploração de petróleo e gás offshore enfrenta desafios regulatórios e políticos. A regulamentação da exploração offshore é complexa e varia de país para país. Alguns países têm padrões rigorosos de segurança e ambientais, enquanto outros têm regulamentações mais flexíveis. A exploração offshore também pode ser politicamente controversa, já que muitas pessoas se preocupam com os efeitos da exploração de petróleo e gás no meio ambiente.
A exploração de petróleo e gás offshore tem potencial para atender à crescente demanda global por energia. As reservas de petróleo e gás offshore são grandes e abundantes, o que significa que há potencial para produção de energia a longo prazo. Além disso, a exploração offshore gera empregos e receita para a economia local.
IstoÉ Online - SP 03/04/2023
Os contratos futuros mais líquidos do petróleo fecharam em alta nesta sexta, 31, após começarem o dia em queda, favorecidos pelos números do índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da China, que indicam expansão. A commodity também foi impulsionada pela desaceleração da inflação da zona do euro e do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para maio fechou em alta de 1,75% (US$ 1,30), a US$ 75,67 o barril, enquanto o Brent para junho, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou com ganho de 1,64% (US$ 1,29), a US$ 79,89 o barril. Na semana, as altas foram de 9,25% e 7,11%, respectivamente. Já no mês, o WTI registrou baixa de 1,79% e o Brent recuou 4,27%.
PMIs da China indicaram que a atividade de uma das maiores consumidoras globais de petróleo está em expansão, tanto nos serviços quanto na indústria. Para o Commerzbank, os resultados indicam que a recuperação do país está em andamento, com uma expansão moderada na indústria.
Para a Capital Economics, grande parte dos preços das commodities foi favorecido ao longo da semana, com o petróleo recebendo impulso adicional devido às interrupções na oferta no Iraque, em meio a disputas na região do Curdistão.
Carig Erlam, da Oanda, alerta que, apesar da recuperação do petróleo, os contratos ainda estão “bem longe” dos níveis anteriores à “minicrise” bancária. As cicatrizes econômicas prolongadas do mês provavelmente desacelerarão a economia, se não causarem uma recessão, e as expectativas de taxas de juros mais baixas não são suficientes para sustentar os preços do petróleo no curto prazo, avalia ele.
Ainda, Erlam indica que a recuperação da commodity deve ser “lenta”, à medida que a “confiança melhora e aprendemos quais são as consequências a longo prazo do que vimos no setor bancário”.
O Estado de S.Paulo - SP 03/04/2023
A empresa de equipamentos e serviços offshore para óleo e gás Ocyan, antiga Odebrecht Óleo e Gás, concretizou esta semana, no Brasil, a separação do negócio de perfuração em uma nova empresa, ainda sem nome, para a qual serão transferidas suas cinco sondas. O objetivo era reduzir a dívida financeira da unidade de perfuração, que deve cair mais de 85%. O negócio de operação de plataformas, construção submarina, manutenção e serviços offshore permanece integralmente com a Ocyan, e outros negócios serão adicionados.
A reestruturação aconteceu por meio de uma recuperação extrajudicial, quando os credores propõem ou concordam com o processo já de partida. O procedimento foi protocolado em 12 de dezembro no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) e finalmente homologado na semana passada. Agora, a operação será reproduzida na Justiça Americana, com prazo de conclusão de 45 dias. O plano será apresentado na corte de Nova York sob o regime do “Chapter 15" do U.S. Bankruptcy Code, para o reconhecimento dos efeitos nos EUA. A nova empresa, ainda sem nome definido, tem sido chamada genericamente de DrillCo e foi criada em Luxemburgo.
“De meados para o fim de maio, teremos todas as aprovações para tocar a operação e a drilling deve começar a funcionar no segundo semestre, como empresa independente e balanço novo”, diz o presidente da Ocyan, Roberto Prisco Paraíso Ramos.
Dívida financeira
O rearranjo vem para equacionar a dívida financeira da unidade de perfuração, que vai cair de US$ 2,6 bilhões para US$ 300 milhões. À época do anúncio da reestruturação, a Ocyan informou que os credores vão converter a dívida em capital e aportar mais US$ 197 milhões para novos investimentos e demais desembolsos com a operação. A Ocyan vai contribuir com parte do corpo executivo e técnico.
“Os detentores da dívida são fundos de investimento que compraram os títulos em meados de 2010 para financiar a construção das sondas. Esses títulos vão ser transformados em capital e a nova empresa vai ter um nível de endividamento muito baixo. Estávamos pagando uma montanha de dinheiro com juros, que a gente pode pagar como dividendo”, detalha Ramos.
Segundo o executivo, a redução da dívida vai abrir espaço para investimentos que, em um primeiro momento, devem servir para a compra de “pelo menos” uma nova sonda, a sexta da empresa.
“A drilling nasce com a ambição de comprar ao menos uma sonda nova. O endividamento baixo vai dar capacidade de crédito, e vamos começar o processo de modernização da frota”, diz. Ele explica que nos últimos anos houve um volume muito grande de encomendas de sondas no Brasil e, que acabaram represadas em estaleiro. “São sondas mais modernas, que estão paradas nos estaleiros. Há oportunidade de comprar essas sondas a custo mais baixo de reposição e a drilling certamente estará pensando nisso”, afirmou.
O quadro de acionistas da nova empresa será formado pelos detentores de títulos da dívida lastreada nos ativos de perfuração, além da Ocyan, e do corpo executivo da nova companhia. Os novos sócios são fundos de investimento e investidores naturais de Luxemburgo. Eles vão integralizar a maior parte do capital necessário à operação.
Segundo Ramos, a empresa brasileira ficará com menos de 10% do capital do novo negócio, mas vai manter um assento no Conselho de Administração, formado por sete integrantes. “Assim preservamos participação nos rumos da nova empresa”, diz Ramos. No Conselho, além da Ocyan, quatro cadeiras ficarão com os fundos de investimento e as outras duas com cidadãos de Luxemburgo, a fim de respeitar a legislação daquele país.
Valor - SP 03/04/2023
Mercado reage a anúncio, e preços da commodity têm forte alta
A Arábia Saudita e outros produtores da Organização dos Países Exportadores de Petróleo ampliada (Opep+) surpreenderam ao anunciar, ontem, cortes adicionais na produção, em torno de 1,15 milhão de barris diários.
Preços mais altos do petróleo podem ajudar receitas de exportação da Rússia e forçar outros países a pagar mais caro por derivados, diante da inflação mundial alta.
A redução foi anunciada um dia antes da reunião ministerial da Opep+, que inclui a Arábia Saudita e a Rússia, na qual se previa que o grupo se ateria a manter os cortes já em vigor, de 2 milhões de barris diários, até o fim de 2023.
Em março, os preços do petróleo caíram para US$ 70 por barril, a menor cotação em 15 meses, diante dos receios de que a crise bancária internacional impacte a demanda mundial. Mesmo assim, não se esperavam novas medidas da Opep+ para dar sustentação aos preços no mercado, depois de fontes terem minimizado essas chances e de a cotação ter se recuperado para a faixa de US$ 80.
Os preços da commodity no mercado internacional reagiram ao anúncio de ontem. Os contratos futuros de petróleo Brent escalaram com alta de mais de 7% do barril para US$ 85,54, na abertura dos mercados hoje. O petróleo WTI subiu 8% para acima de US$ 81 por barril, a maior alta diária em mais de um ano, segundo a Bloomberg.
A redução anunciada eleva a redução da Opep, da Rússia e de outros aliados, para cerca de 3,66 milhões de barris diários, segundo cálculos da Reuters, o equivalente a 3,7% da demanda mundial.
“A Opep está tomando medidas preventivas para o caso de qualquer possível redução na demanda”, disse Amrita Sen, diretora da Energy Aspects, no domingo.
Em outubro, a Opep+ acertou corte de produção de 2 milhões de barris diários de novembro até o fim de 2023, decisão que irritou Washington, já que reduzir a oferta aumenta cotações do petróleo.
Os EUA argumentam que o mundo precisa de preços mais baixos para sustentar o crescimento econômico e impedir que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ganhe mais receitas para financiar a guerra na Ucrânia. Os novos cortes começam a valer em maio.
A Arábia Saudita informou que cortará a produção em 500 mil barris diários, enquanto o Iraque reduzirá a sua em 211 mil barris, segundo declarações oficiais.
Os Emirados Árabes Unidos anunciaram um corte de 144 mil barris diários, o Kuwait, de 128 mil barris, Omã, de 40 mil barris, e a Argélia, de 48 mil. O Cazaquistão reduzirá a produção em 70 mil.
Ontem, o vice-primeiro-ministro da Rússia, Alexander Novak, disse que Moscou estenderia corte de 500 mil barris diários até o fim 2023. Moscou anunciou os cortes unilateralmente em fevereiro, após a introdução de tetos para preços pagos pelo Ocidente.
Uma fonte da Opep+ disse que o Gabão faria corte de 8 mil barris diários e que nem todos os membros da Opep+ aderiram à medida, pois alguns já estão extraindo bem abaixo dos níveis acordados, por falta de capacidade de produção.
O Ministério da Energia saudita informou que o corte voluntário de ontem é uma medida de precaução, com o objetivo de sustentar a estabilidade do mercado de energia.
O ministério destacou que a redução seria feita de forma coordenada com membros e não membros da Opep, sem citá-los. Os cortes representam menos de 5% da produção média saudita, de 11,5 milhões de barris por dia em 2022.
Os cortes anteriores haviam sido anunciados na véspera das eleições de meio de mandato nos EUA, quando a alta dos preços era um tema eleitoral. Na ocasião, o presidente americano, Joe Biden, prometeu que haveria “consequências”, e democratas pediram o fim da cooperação com os sauditas.
Tanto os EUA quanto a Arábia Saudita negam motivos políticos na disputa, com cada país sustentando estar empenhado em manter um preço de mercado saudável. Desde os cortes, a tendência dos preços, na verdade, vinha sendo de queda. O barril de Brent era negociado a cerca de US$ 80 por barril no fim da semana passada, abaixo dos cerca de US$ 95 do início de outubro, quando os cortes anteriores haviam sido anunciados.
Kristian Coates Ulrichsen, especialista em Golfo Pérsico no Instituto Baker de Políticas Públicas, da Rice University, disse que os sauditas estão determinados a manter os preços do petróleo altos o suficiente para financiar uma série de megaprojetos ambiciosos, ligados ao plano Vision 2030, do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, para reformar a economia.
“Esse interesse tem precedência na tomada de decisões sauditas sobre as relações com parceiros internacionais e deve continuará sendo um ponto de atrito nas relações EUA-Arábia Saudita no futuro próximo, mesmo sem levar em conta a dimensão russa”, disse.
A Aramco, gigante petrolífera estatal da Arábia Saudita, anunciou recentemente lucro recorde de US$ 161 bilhões em 2022. O lucro cresceu 46,5% em comparação a 2021, quando totalizou US$ 110 bilhões. A Aramco espera aumentar sua produção diária para 13 milhões de barris até 2027.
A aliança EUA-Arábia Saudita, que dura décadas, tem ficado sob tensão cada vez maior, depois do assassinato em 2018 do jornalista saudita Jamal Khashoggi e da guerra desastrosa da Arábia Saudita com rebeldes iemenitas houthis, apoiados pelo Irã.
Na campanha à Presidência, Biden havia prometido tornar a Arábia Saudita um “pária” em razão do assassinato de Khashoggi, mas acabou recuando diante da alta dos preços do petróleo, após sua posse. Ele visitou o país em julho, para tentar remendar as relações, e foi criticado por ter cumprimentado o príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman amigavelmente, com punhos cerrados.
A Arábia Saudita nega apoiar a Rússia na guerra da Ucrânia, embora tenha cultivado laços mais estreitos com Moscou e Pequim, irritando aliados como Washington. Na semana passada, a Aramco anunciou bilhões em investimentos no setor petroquímico chinês.
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