Valor - SP 02/08/2024
Rivais com atuação global, como ArcelorMittal e Nippon Steel, trabalham com estimativas mais pessimistas
Gustavo Werneck: “Impacto das medidas comerciais no setor virão no segundo semestre” — Foto: Julio Bittencourt/Valor
Com foco em corte de custos e na revisão de suas operações no Brasil, mercado que tem sido destino de um volume crescente de produtos siderúrgicos importados, a Gerdau conseguiu superar suas pares nacionais e estrangeiras mais expostas às matérias-primas dolarizadas e ao mercado global no segundo trimestre. E deve entregar resultados mais fortes ao longo do segundo semestre, embora o cenário siga desafiador para os produtores de aço.
Enquanto a companhia brasileira vê com relativo otimismo os próximos meses, rivais com atuação global, como ArcelorMittal e Nippon Steel, trabalham com estimativas mais pessimistas, e chegam a falar em um momento “sem precedentes”, referindo-se à maior oferta de aço chinês no mercado global a custos mais competitivos - e eventualmente subsidiados - e menor demanda global.
Segundo Gustavo Werneck, presidente da Gerdau, a siderúrgica já concluiu a readequação de seus ativos no Brasil e todas as suspensões ou fechamento de capacidade planejados foram anunciados. “Não há a mínima possibilidade de desinvestimento no Brasil”, afirmou. “O que estamos fazendo é migrar a capacidade de uma usina para outra, com foco em eficiência e redução de custos”. Um dos principais pontos dessa estratégia passa pela usina de Ouro Branco (MG), que tem parte de sua produção voltada ao exterior.
O plano da siderúrgica é transformar parte dessa capacidade que é exportada para atendimento ao mercado doméstico. O investimento na expansão de bobinas a quente, que vai adicionar 250 mil toneladas por ano de capacidade produtiva na usina, deve ser concluído até o fim do ano.
Diante das medidas recentes para redução de custos e readequação de sua base de ativos, a Gerdau projeta seus custos na operação brasileira em 2025 serão R$ 1,5 bilhão menores do que os realizados em 2023, de acordo com o vice-presidente de Finanças, Rafael Japur. Em junho, a Gerdau fechou a usina de Barão de Cocais (MG) e suspendeu operação das unidades de Sete Lagoas (MG) e Cearense (CE).
“Com essas iniciativas, esperamos capturar R$ 1 bilhão de forma anualizada em economias”, afirmou. Nos seis primeiros meses, os ganhos ficaram em R$ 150 milhões. Para o segundo semestre, a expectativa é de ganhos adicionais de R$ 400 milhões com a maior alavancagem operacional das usinas no país, redução de custos e menor consumo de materiais. “Em 2025, teremos a anualização desses ganhos.” Outros R$ 500 milhões devem vir de economias em outras operações.
Segundo Japur, um terço das vendas da Gerdau no Brasil corresponde a aços planos e dois terços, de aços longos. Com o novo investimento em bobinas a quente e a migração para o mercado doméstico de parte do volume que antes era exportado, esse mix deve ficar em 40% de aços planos e 60%, aços longos. No total, a capacidade de produção de bobinas a quente da siderúrgica no país chegará a 1 milhão de toneladas anuais.
Essa readequação dos ativos no país dá sequência a iniciativas que já foram tomadas em outros países, já há alguns anos e que incluíram, entre outras ações, a suspensão de operações nos EUA e a venda da operação americana de vergalhões. Sobre os planos de instalar uma nova usina no México, Werneck disse que os estudos de viabilidade estão avançando. A expectativa é tomar uma decisão até o fim do ano.
O presidente da Gerdau disse que o ambiente mais desafiador para os produtores de aço no mundo é menos sentido pela siderúrgica brasileira, por causa das decisões estratégicas que levaram à concentração de sua atuação nos mercados em que tem melhores condições de competir. Ele disse que o mercado brasileiro de aço deve começar a sentir os efeitos das medidas de defesa comercial adotadas pelo governo em junho ao longo do segundo semestre e os resultados são promissores.
Uma das vantagens da Gerdau em relação as suas rivais no Brasil é a base de custos. Embora parte do minério seja comprado em dólar, apenas 20% a 25% dos custos da operação brasileira estão expostos à moeda estrangeira, diferentemente da Usiminas, que reportou custos muito mais elevados no trimestre.
Valor - SP 02/08/2024
Além do sistema de cotas de importação, já implementado, a Gerdau tem estudado, em conjunto com outras siderúrgicas instaladas no país, pedir a adoção de medidas antidumping
O mercado de aço brasileiro deve começar a sentir os efeitos das medidas de defesa comercial adotadas pelo governo em junho ao longo do segundo semestre, e os resultados são promissores, na avaliação do presidente da Gerdau, Gustavo Werneck. “Ainda está cedo para dizer quais serão os impactos, mas os sinais são positivos”, afirmou o executivo, nessa quinta-feira (1º), em conferência com jornalistas para comentar os resultados do segundo trimestre.
Além do sistema de cotas de importação, já implementado, a Gerdau tem estudado, em conjunto com outras siderúrgicas instaladas no país, pedir a adoção de medidas antidumping. Segundo o vice-presidente de finanças, Rafael Japur, há várias iniciativas em estudo e, no momento oportuno, serão apresentadas. “Precisamos ser assertivos nos produtos em que acreditamos que há possibilidade de êxito. Estamos olhando tanto aços longos quanto planos”, disse.
No segundo trimestre, afirmou Werneck, a Gerdau manteve a entrega de resultados sólidos a despeito da entrada ainda excessiva de aço importado no país. “Mantivemos a estratégia pautada por forte disciplina em gestão de custos e incremento de competitividade dos ativos no Brasil”, afirmou. “Seguimos buscando oportunidades de adequação dos ativos da empresa frente ao cenário global”.
No primeiro semestre, a média mensal de importação de aço alcançou 396 mil toneladas, 66% acima da média histórica, observou o executivo, citando dados do Instituto Aço Brasil. Com isso, a taxa de penetração das importações ficou em 19,2%.
Conforme o executivo, na América do Norte, os resultados refletiram a resiliência do mercado americano, com demanda de aço em patamares saudáveis e carteira de pedidos estável em 50 dias, apesar dos preços mais baixos. A tendência é que o mercado siga positivo, com ponto de atenção nas eleições americanas, que trouxeram volatilidade temporariamente.
Sinais de retomada das montadoras
Em aços especiais, o mercado automotivo americano seguiu em recuperação, puxado pela maior produção de veículos leves e pesados. A expectativa é de uma recuperação ainda mais intensa, retomando os níveis pré-pandemia.
Em óleo e gás e em veículos pesados, contudo, é esperada uma “leve desaceleração” no acumulado do ano. No Brasil, há alguns sinais de retomada da atividade das montadoras, em especial no segmento de pesados. “Estamos cautelosamente mais otimistas”, disse.
Argentina e Rio Grande do Sul
Na América do Sul, a Argentina viu a demanda por aço chegar ao ponto mais baixo no segundo trimestre, diante da pressão inflacionária e das medidas adotadas pelo governo, como a desvalorização do peso. A expectativa é de recuperação da demanda no segundo semestre, particularmente no quarto trimestre.
Já a unidade de negócios Brasil sentiu a pressão dos importados tanto em aços longos quanto planos e o impacto, em termos de volume, das enchentes no Rio Grande do Sul e da redução de capacidade com a hibernação de algumas operações da Gerdau. “Seguimos na expectativa de ver a materialização de alguns indicadores positivos, sobretudo na construção”, afirmou.
O Estado de S.Paulo - SP 02/08/2024
Avanços no mercado de gás natural no Brasil podem ser a aposta que o setor siderúrgico precisa para acelerar a descarbonização da produção de aço na indústria doméstica. A medida é apontada como a alternativa mais viável para uma operação mais limpa em escala industrial pelo CEO da Gerdau, Gustavo Werneck. Segundo ele, a estratégia poderia reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) da siderurgia ainda nesta década.
“Nessa questão da descarbonização, não existe uma bala de prata, uma única solução. Então, a gente entende que é uma coletânea de pequenas ações que irão, ao longo dos anos, trazer o patamar de emissão de GEE para o valor aceitável,” diz. “Mas, se você me perguntar qual a grande transformação que o Brasil poderia passar no curto e médio prazos para impactar de forma decisiva a descarbonização da indústria brasileira, a resposta chama-se gás natural.”
Na avaliação do executivo, o combustível seria o substituto ideal para o coque metalúrgico, derivado do carvão mineral que, nos fornos industriais, é responsável por parte das emissões de dióxido de carbono (CO2) do setor. No quadro atual, outras alternativas testadas, como biomassa e hidrogênio verde, ainda não conseguiram impactar de forma significativa a transição para uma produção mais limpa, afirma.
“O gás natural é uma solução que pode substituir boa parte do carvão mineral”, comenta o CEO. “A gente tem utilizado hoje a biomassa, por exemplo, mas todas (as alternativas de combustível mais limpo) ainda são iniciativas piloto. Nenhuma delas se concretizou em uma escala industrial. Sequer o hidrogênio verde, que é muito colocado como uma solução de descarbonização, ainda não é uma realidade, e a gente entende que não vai ser uma realidade no curto prazo.”
O desafio para alcançar uma produção menos poluente é grande no setor. Dados de 2022 da The World Steel Association apontam que, mundialmente, a indústria siderúrgica emite 1,89 tonelada de carbono a cada tonelada de aço produzido. O setor é responsável por volumes entre 7% e 9% das emissões diretas globais, e a maioria do CO2 emitido é oriundo da reação química que ocorre durante a fabricação de aço.
No seu relatório de sustentabilidade de 2023, publicado nesta quarta-feira, 31, a Gerdau informou ter realizado emissões de GEE de 0,91 tonelada de carbono por tonelada de aço produzido. O índice representou um ligeiro aumento em relação a 2022 (0,86), mas ainda segue abaixo da média mundial. O volume mais baixo, que soma emissões diretas e indiretas (escopos 1 e 2), teria relação com investimentos em produção de carvão vegetal (250 mil hectares de base florestal renovável de eucalipto) e em fontes de energias menos poluentes.
Recentemente, a empresa adquiriu 33,33% da plataforma de energia solar Newave Energia, com investimento de R$ 1,5 bilhão para construção de uma megausina. A estimativa é que o empreendimento destine 50% do seu volume de energia renovável para a siderúrgica. Segundo Werneck, outros negócios relacionados a energia solar estão nos planos da siderúrgica.
Já as ambições relacionadas ao uso do gás natural no Brasil precisam vencer alguns impasses de adequações regulatórias instituídas na Nova Lei do Gás e de organização da infraestrutura do mercado doméstico, para ganhos de competitividade e distribuição. De acordo com dados de um estudo de abril feito por ministérios do governo federal e a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o País produziu 150 milhões de m³/dia de gás natural em 2023, com 84% da produção atrelada ao pré-sal. Apesar de se tratar de uma produção recorde, o mercado ainda não é robusto.
“O que falta hoje no Brasil é construir a infraestrutura para trazer esse gás para a costa e uma estrutura de distribuição desse gás para as principais fontes consumidoras. São projetos que, no horizonte de cinco, seis anos, a partir do momento de tomada de decisão, podem se tornar uma realidade”, analisa o CEO.
Abaixo, os principais trechos da entrevista.
A corrida pela descarbonização tem sido um desafio para a produção de aço no mundo, mas a Gerdau tem relatado avanços na redução das emissões de GEE frente à média mundial nos escopos 1 e 2. No caso do escopo 3 (emissões da cadeia de produção não controladas pela empresa), o cenário é mais desafiador para o setor em geral?
Sem dúvida. O grande foco nosso está na redução da emissão de GEE nos escopos 1 e 2, (pois) achamos que neles está a grande contribuição que a gente pode dar para descarbonização do setor produtivo de aço ao longo do tempo. O aço, globalmente, contribui com 7% das emissões de GEE. No Brasil, 4%. Quando você olha outras participações nesse volume total de gás emitido para atmosfera, pode parecer pequeno 4% ou 7%, (mas) entendemos que nós temos uma responsabilidade muito grande de fazer a nossa parte. Então, atacar com mais profundidade os escopos 1 e 2 é a grande oportunidade nossa de promover reduções mais significativas.
Mas nós também não deixamos de estudar e de pensar como podemos fazer contribuições no escopo 3. A questão desse escopo é que a gente tem uma enormidade de clientes de segmentos (que), muitos deles, já estão preocupados com isso. Por exemplo, o setor automotivo, que é muito importante para nós, tem buscado essa agenda. Mas o setor de construção, que é muito pulverizado, acaba de alguma forma afetando milhares de pessoas físicas, então é um pouco mais complexo criar ações para isso.
Por isso, nós vamos focar nos maiores problemas primeiro, que são escopo 1 e 2 e, à medida que formos criando condição de atacar o escopo 3, isso também está na nossa agenda. Dentro dos escopos 1 e 2, quando nós expressamos publicamente o nosso plano de reduzir as nossas emissões para 0,82 tonelada de CO2 por tonelada de aço (até 2031), isso foi feito com uma metodologia que chama marginal abatement cost curve (em português, curva de custo de redução marginal), que consegue colocar de uma maneira muito clara a viabilidade econômica e técnica das tecnologias disponíveis. Me preocupa muito colocar metas de descarbonização de 20, 30 anos que sejam muito mais práticas do que aspiracionais.
E, no caso das emissões diretas de CO2, em que a empresa tem investido em alternativas frente à dependência do carva~o mineral nas operações, o quão avançado já está este cenário? Já é possível hoje uma produção sem o uso do carvão mineral?
A gente sempre diz que, nessa questão da descarbonização, não existe uma bala de prata, uma única solução. Então, a gente entende que é uma coletânea de pequenas ações que irão, ao longo dos anos, trazer o patamar de emissão de GEE para o valor aceitável. Temos procurado, sim, diversas iniciativas para testar todas as possibilidades de que isso se torne uma realidade. A gente tem utilizado hoje a biomassa, por exemplo, mas todas (as alternativas de combustível mais limpo) ainda são iniciativas piloto. Nenhuma delas se concretizou em uma escala industrial. Sequer o hidrogênio verde, que é muito colocado como uma solução de descarbonização, ainda não é uma realidade, e a gente entende que não vai ser uma realidade no curto prazo. Talvez (daqui a) uma década haja disponibilidade e distribuição de hidrogênio para que ele possa descarbonizar o setor.
Mas, se você me perguntar qual a grande transformação que o Brasil poderia passar no curto e médio prazos para impactar de forma decisiva a descarbonização da indústria brasileira, a resposta chama-se gás natural. Eu diria que não tem nada mais importante hoje na indústria brasileira, não só a do aço, para contribuir com a descarbonização do que a disponibilidade e a competitividade do gás natural. Temos debatido isso muito. A gente vê um entendimento do Ministério das Minas e Energia e esforços que estão sendo colocados em uma visão de mais médio prazo, para que o gás natural, de fato, seja o grande elemento de descarbonização da indústria brasileira nos próximos anos, mesmo não havendo bala de prata.
Quando o senhor fala em próximos anos, seria um prazo alinhado à Agenda 2030 ou precisaria de mais tempo?
Não precisa de mais tempo. O gás natural está disponível nas plataformas do pré-sal, só que, por falta de estrutura para trazer esse gás da costa, ele é reinjetado em um volume muito grande nas próprias plataformas. Então, o que falta hoje no Brasil é construir a infraestrutura para trazer esse gás para as principais fontes consumidoras. São projetos que, no horizonte de cinco, seis anos, a partir do momento de tomada de decisão, podem se tornar uma realidade. Se essas iniciativas forem concretizadas, o Brasil pode, ainda dentro desta década, promover uma redução muito grande na emissão de GEE.
Não é um projeto de 20, 30 anos. É um projeto de curto prazo.
Seria, então, uma solução para substituir o carvão mineral, um dos grandes gargalos da descarbonização do setor…
O gás natural é uma solução que pode substituir boa parte do carvão mineral. Ele não substitui integralmente o carvão. É por isso que o mundo hoje testa tecnologias para isso, e nos parece que uma delas é o hidrogênio. Para ter um processo de produção de aço em uma rota integrada com carvão e minério, isso vai demorar um tempo. Mas, sem dúvida, o gás natural pode exercer um papel de curto prazo bem importante.
Isso já em escala industrial?
Já em escala industrial. A gente já utiliza o gás natural nesse processo, só que em volumes pequenos. Além disso, esse é um gás que é caro para o processo produtivo. Então, na hora em que houver mais disponibilidade e (menor) preço, esse crescimento do gás natural será imediato porque a gente já sabe como utilizá-lo.
Um outro desafio do setor sideru´rgico e´ a transição energética, e a Gerdau avançou recentemente na parceria com a Newave Energia em um investimento bilionário em energia solar. Uma das possibilidades de caminhar para uma produção mais sustentável poderá ser por meio desse tipo de energia? Existem mais planos de ampliar os negócios nesse setor?
Não há a menor dúvida. A Gerdau vem buscando uma matriz energética cada vez mais sustentável. O processo produtivo de sucata requer o uso de energia elétrica, então, nós estamos no início de uma jornada para ao longo dos anos tornar a Gerdau uma usuária de 100% de energia renovável. Eu acho que isso conversa com os planos do Brasil e isso tem crescido.
Temos buscado comprar energias cada vez mais vindas de matrizes solar e eólica, mas dentro do compromisso nosso de crescer a autoprodução de energia, a gente está indo para esse caminho. 50% da energia da Newave vai vir diretamente para a Gerdau, uma energia basicamente de matriz solar. Mas a Newave não vai ser o único caminho nosso. Ela vai ter uma participação relevante, mas, ao mesmo tempo, nós estamos buscando outras alternativas de ter uma matriz cada vez mais renovável. Isso está diretamente relacionado ao nosso plano estratégico e é muito importante dentro do tema da redução de GEE nos escopos 1 e 2.
Na sua avaliação, considerando o cenário atual, a siderurgia conseguirá arcar com a transição para uma produção sustentável sem que isso pese para o consumidor final?
O grande debate da descarbonização é quem vai pagar a conta. Quando você olha as tecnologias que estão começando a aparecer no setor do aço e em outros, elas vão ser tão caras que não cabem no balanço das empresas. Os clientes, nesse momento, nenhum deles está disposto a financiar essa transformação. Eles também têm seus compromissos de competitividade, têm que sobreviver. Então, se não tiver um debate público mais intenso de criar incentivos públicos que possam promover essa transformação, vai ser muito difícil.
No nosso plano de dez anos, colocamos tecnologias disponíveis e investimentos que caibam no balanço da Gerdau. Então, nós não precisamos de dinheiro público, não precisamos de dinheiro de cliente. Todo esse investimento adicional vai caber no balanço da Gerdau. A gente não pode ficar postergando ações dependendo do dinheiro que não é nosso. Temos um plano muito exequível do ponto de vista de financiamento.
Isso inclui os planos de carbono zero em 2050?
Colocamos um plano mais concreto até 2030 e temos a ambição de chegar até 2050. Na minha opinião, depois de 2030, quando essas tecnologias (de descarbonização) amadurecerem, a tendência é cairem muito de custo. Então, eu acho que a aceleração das novas tecnologias vai permitir que as empresas consigam chegar a esse carbono neutro antes de 2050.
Tudo que nasce de tecnologia nasce mais caro, mas a conta cai, a gente sabe disso. Com a energia solar, por exemplo, o preço do painel caiu dez vezes em dez anos. Então, eu tenho a impressão de que as tecnologias necessárias vão aparecer até 2030, e o investimento vai ser exponencialmente reduzido para poder promover descarbonização sem dinheiro público.
O Estado de S.Paulo - SP 02/08/2024
A briga entre a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), do empresário Benjamin Steinbruch, e a Usiminas, controlada pelo grupo ítalo-argentino Ternium, ganhou novo capítulo na última semana em meio a disputas societárias que se arrastam desde 2011 e parecem estar longe de uma solução definitiva. As duas gigantes do setor siderúrgico discutem qual é o prazo necessário para a CSN diminuir a sua participação de 12,9% para menos de 5% do capital social que detém sobre a Usiminas.
A Usiminas confirmou na segunda-feira a existência de uma decisão judicial, que corre em segredo de Justiça, determinando que a CSN reduza sua participação no capital social da empresa. O Estadão/Broadcast apurou que a decisão foi proferida pela 4ª turma do Tribunal Regional Federal (TRF-6) no fim de abril e chancela uma sentença da primeira instância emitida em junho de 2023.
Na ocasião, a Justiça havia determinado o prazo de um ano para que a CSN, enfim, se desfizesse da participação, conforme uma primeira decisão do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) de 2014.
Em 2022, porém, o Cade reformulou seu entendimento e disse que a CSN não precisava abrir mão das ações dentro de um prazo específico. Isso porque, por determinação da própria autarquia, a empresa já não poderia exercer os direitos políticos que suas ações ordinárias (ON, com direito a voto) conferiam.
As medidas restritivas visavam proteger a siderúrgica mineira de potenciais influências exercidas pela holding controlada por Steinbruch, como votação em assembleias, indicações ao Conselho e compra de mais ações.
CSN perdeu na primeira e segunda instâncias
Descontente com a falta de prazo, a Usiminas foi à Justiça. As decisões da primeira e segunda instância foram contrárias à CSN, de Steinbruch, e havia ainda previsão de uma multa de cerca de R$ 100 mil por dia por não ter se desfeito da participação societária, segundo apurou o Estadão/Broadcast.
Conforme fontes, o encerramento do prazo era em 10 de julho. Em comunicado divulgado ao mercado na terça-feira, 30, a CSN informou, contudo, que não está descumprindo decisão judicial por considerar que não houve o decurso do prazo estipulado pelo juízo para a alienação das ações. Isso porque o caso ainda não transitou em julgado.
O Broadcast apurou que devem chegar recursos até as instâncias superiores. Se a CSN vender as ações e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidir em seguida derrubar o prazo da primeira instância, a companhia ficaria prejudicada do ponto de vista financeiro, em função da recente e forte desvalorização dos papéis da Usiminas.
Desde a divulgação do balanço da Usiminas na sexta-feira, 26, o valor da ação mais líquida da companhia, a PNA, caiu 23,5%, com os papéis a R$ 6,33 no fechamento de terça. Na época em que a CSN começou a comprar ações da concorrente em 2011, o preço dos papéis ficava próximo de R$ 19. O Cade também recorreu da decisão ratificada pelo TRF-6.
Procurado pelo Broadcast, o órgão anticoncorrencial informou que acompanha o processo, que ainda não tem decisão definitiva. “Eventuais providências cabíveis poderão ser adotadas apenas após o trânsito em julgado da decisão”, diz a autarquia.
Após a fase de embargos de declaração, se mantido o acórdão dos desembargadores, há um prazo de 15 dias para que as partes apresentem recursos às instâncias superiores.
Disputa de longa data
A briga entre as duas siderúrgicas começou em 2011, quando a CSN passou a comprar no mercado ações da Usiminas. O grupo mineiro levou o caso ao Cade, por entender que era uma concorrente avançando sobre outra em um mercado já muito concentrado.
O prazo para a empresa de Steinbruch vender as ações da Usiminas, 10 de julho, transcorreu pouco mais de 20 dias depois de outro caso bilionário envolvendo um julgamento no STJ entre a CSN e a Ternium. No dia 18 de junho, a Terceira Turma da Corte acolheu, por três votos a dois, recurso da CSN para considerar que houve alienação de controle acionário da Usiminas quando o grupo ítalo-argentino Ternium adquiriu, em 2012, as ações então pertencentes aos grupos Votorantim e Camargo Corrêa (atual Mover).
A decisão, que pode resultar em uma indenização de cerca de R$ 5 bilhões para a CSN, baseou-se no entendimento de que, por ser acionista minoritária da Usiminas, a CSN teria um direito de “tag along” - isto é, que a Ternium fizesse uma oferta pública de ações aos minoritários com os mesmos direitos dos vendedores.
Uma das questões em jogo é a de que, ao aceitar o acordo com o Cade para abrir mão de seus direitos políticos na Usiminas, a CSN, em tese, não poderia reivindicar o tag along, que é um instrumento para garantir ao minoritário a possibilidade de deixar a empresa caso não concorde com a troca de controle.
A lei das SAs diz que qualquer detentor de ação com direito a voto, independente do porcentual, pode reivindicar o mecanismo. No entanto, o tema é controverso, visto que a CSN pode contra-argumentar que a indenização não está passível de questionamentos, uma vez que já foi pacificada pela Justiça.
O assunto é importante porque a vitória obtida pela CSN no STJ também pode ser um dos fatores que daria mais conforto de caixa para a companhia iniciar a venda das ações da Usiminas. Procuradas, as empresas e seus advogados não se pronunciaram.
IstoÉ Dinheiro - SP 02/08/2024
A Gerdau anunciou ter recebido a certificação como empresa B para as operações na América do Norte, que inclui as suas fábricas produtoras de aços especiais e aços longos. A empresa é a primeira na região a receber o selo concedido pela B Lab, que avalia companhias com fins lucrativos que demonstram gerar benefícios ao meio ambiente, sociedade e acionistas. A expectativa é que o mesmo movimento aconteça no Brasil até 2025, informou ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) o líder de responsabilidade social e desenvolvimento organizacional da Gerdau, Paulo Boneff.
A conquista faz parte de um compromisso público assumido pela Gerdau em 2019 de certificar todas as suas operações como B corp. Com presença em sete países das Américas, a empresa recebeu no último ano o selo em sua indústria no Peru e na Gerdau Summit, joint-venture (consórcio) da companhia com as japonesas Sumitomo Corporation e Japan Steel Works, em Pindamonhangaba (SP), que também foi a primeira do mundo a alcançar a certificação dentro do setor siderúrgico.
Presente em uma indústria tradicional e responsável por 7% a 9% das emissões mundiais de dióxido de carbono (CO2), a Gerdau tem avançado em seus compromissos para a descarbonização e possui toda a sua produção de aço na América do Norte feita a partir da reciclagem de sucata metálica, o que permite uma menor intensidade nas emissões.
Em 2023, a intensidade de emissões da Gerdau foi de 0,91 tonelada de CO2 para cada tonelada de aço produzido (0,91 t CO2/t de aço), nível menor que a média global compilada nos dados da Worldsteel Association, de 1,91 t CO2/t aço.
Segundo Boneff, o processo de certificação já avançou para as operações do México, Argentina e Uruguai, com previsão de conquista para o selo no primeiro trimestre de 2025. As operações no Brasil, por sua vez, estão previstas para ocorrer ao longo do próximo ano e também devem incluir a atividade de mineração em Ouro Branco (MG).
De acordo com o executivo, o grande desafio do setor e da economia como um todo é reduzir as emissões de gases do efeito estufa, mas ainda existe falta de materialidade dentro das ações vinculadas às iniciativas ESG (Ambiental, Social e Governança, em português). Por isso, a busca pela certificação como B Corp foi estratégia desenvolvida pela empresa para mostrar ao mercado e a sociedade a transparência das ações de impacto positivo da Gerdau.
“Quando revisamos nossa estratégia de sustentabilidade, entendemos que a certificação do sistema B é independente e a mais robusta para atestar as nossas operações”, afirmou Boneff.
O processo para conquistar o selo demora em torno de um ano e meio e envolve o cálculo de uma pontuação mínima (80 pontos) a partir das respostas sobre 200 questionamentos, em conjunto com envio de documentos e processo de auditoria que atesta as operações de cada companhia a partir das áreas de governança, trabalhadores, clientes, comunidade e o meio ambiente. Na América do Norte, a Gerdau obteve 101 pontos.
Além da Gerdau, empresas como a Natura, Danone, ClearSale e Arezzo também são outras companhias que já receberam a mesma certificação no Brasil.
Valor - SP 02/08/2024
Os produtores de aço nos EUA e na Europa estão sendo espremidos entre uma nova onda de importações baratas e uma demanda anêmica que está empurrando os preços para baixo
A ArcelorMittal SA disse que as exportações da China deixaram o mercado de aço em uma posição insustentável, já que o maior produtor mundial fora do país asiático relatou uma queda no lucro do segundo trimestre.
Os produtores de aço nos EUA e na Europa estão sendo espremidos entre uma nova onda de importações baratas e uma demanda anêmica que está empurrando os preços para baixo. A empresa cortou sua estimativa para o consumo aparente de aço fora da China — um barômetro importante da economia mundial.
Nos primeiros seis meses do ano, os preços médios de venda do aço caíram 7,5%, enquanto os embarques de aço no segundo trimestre diminuíram 2% em relação ao ano anterior, para 13,9 milhões de toneladas métricas.
"As condições atuais do mercado são insustentáveis", disse a ArcelorMittal em um comunicado na quinta-feira. "O excesso de produção da China em relação à demanda está resultando em spreads de aço doméstico muito baixos e exportações agressivas; os preços do aço na Europa e nos EUA estão abaixo do custo marginal.”
Um novo aumento nas exportações de aço da Ásia — e especialmente da China — tem o potencial de se tornar um ponto crítico político no Ocidente e foi uma questão-chave de campanha quando Donald Trump concorreu pela primeira vez à presidência.
A economia da China teve um desempenho irregular este ano, com a indústria às vezes sendo um ponto positivo, enquanto o consumo foi prejudicado por uma crise imobiliária prolongada. Isso impulsionou o superávit comercial da China a um recorde, pois as exportações aumentaram.
Os EUA e a União Europeia — dois dos maiores mercados de exportação da China — estão erguendo novas barreiras comerciais após acusar Pequim de usar subsídios estatais para construir capacidade industrial excessiva.
Enquanto a Europa implementou tarifas para atingir as exportações chinesas, o comércio global de aço é frequentemente visto como um jogo de whack-a-mole: se as exportações são bloqueadas em um mercado, a ação muda para outro lugar, reduzindo os preços em todos os setores.
O aumento nas exportações ocorreu porque a demanda por aço está crescendo mais lentamente do que a ArcelorMittal esperava. A empresa reduziu sua previsão para o consumo aparente de aço fora da China para entre 2,5% e 3% este ano. Originalmente, esperava-se que a demanda crescesse até 4% este ano.
O consumo de aço na China pode até contrair, de acordo com a ArcelorMittal, que reduziu sua previsão para 2024 para uma faixa de -1% a +1%.
A siderúrgica reportou que o lucro líquido para os três meses até o final de junho caiu 72,9%, para US$ 504 milhões, de US$ 1,86 bilhão um ano atrás, devido a vendas que caíram 13% no ano, para US$ 16,25 bilhões.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização ficou em US$ 1,86 bilhão, abaixo do primeiro trimestre e do mesmo período do ano passado, mas acima das estimativas dos analistas.
Com agências internacionais
Exame - SP 02/08/2024
Com as incertezas fiscais que ainda pairam sobre o Brasil, os diretores do Banco Central (BC) têm a missão de sinalizar para a sociedade e para o mercado se será ou não necessário subir os juros para reancorar as expectativas de inflação. O comunicado da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorreu na última quarta-feira, 31, indica que os membros do colegiado estão dispostos a subir a Selic se as estimativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) continuarem em alta.
Desde a decisão do governo de alterar as metas fiscais para os próximos anos, as projeções para a inflação sobem quase que semanalmente. Para 2024, a estimativa apresentada no Focus está em 4,1% e em 3,96% para 2025. Vale lembrar que a meta de inflação é de 3%, com o teto do objetivo central de 4,5%.
Além de alterar as metas fiscais, a postura adotada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de criticar o BC e de relativizar a necessidade de ajuste nas contas públicas pesam nas projeções.
De maneira objetiva, o mercado não acredita que o governo economizará ou cortará despesas. Com isso, o prêmio de risco cobrado pelos investidores para financiar a dívida pública brasileira aumenta. Além disso, o preço dos ativos, como o dólar, sobe.
Disposição para aumentar a Selic
Em meio a esse contexto, que parece não ter melhorado desde a última reunião do Copom, os diretores do BC sinalizaram disposição em aumentar os juros, caso a situação piore nos próximos meses.
Ao afirmar que é necessário um “acompanhamento diligente e ainda maior cautela”, os membros do Copom abrem a porta para a alta de juros.
“O Comitê, unanimemente, optou por manter a taxa de juros inalterada, destacando que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam acompanhamento diligente e ainda maior cautela”, informou o BC.
Vale lembrar que as surpresas mensais positivas na geração de emprego adicionam uma pressão adicional no trabalho do diretores da autoridade monetária.
Próximo presidente do BC
Outro ponto que pesa negativamente no trabalho de controlar as expectativas é a falta de clareza sobre quem será o próximo presidente do BC.
Ao que tudo indica, Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária, deve assumir a função. Publicamente, Galípolo tem sinalizado que há um forte compromisso da diretoria com o controle inflacionário.
Entretanto, a principal oposição nesse processo vem de Lula, que mantém uma postura ambígua no que diz respeito ao ajuste fiscal e ao combate à inflação.
Resta saber se o presidente diminuirá o tom quando anunciar o sucessor de Roberto Campos Neto ou se continuará como a principal fonte de ruídos que atrapalha a convergência da inflação para a meta.
Enquanto isso, o BC sinalizou que o risco é de aumento de juros nos próximos meses, caso o governo não consiga se comprometer fielmente com o controle das despesas públicas.
Investing - SP 02/08/2024
O Federal Reserve seguiu o roteiro esperado pelo mercado na última reunião de política monetária e decidiu manter as taxas de juros entre 5,25% e 5,50%.
A grande notícia, contudo, é que o presidente do banco central americano, Jerome Powell, sugeriu a possibilidade de um primeiro corte de taxas já em setembro, levantando questionamentos sobre se a medida vem tarde demais diante da desaceleração econômica vista recentemente nos EUA.
Neste momento, a ferramenta Monitor de Juros do Fed, fornecida pelo Investing.com, indica que o mercado atribui uma probabilidade de 84% de que o banco central americano reduza os custos do dinheiro em 25 pontos-base, enquanto há 16% de chances de um corte mais acentuado, de 50 pontos-base, ajustando as taxas para entre 4,75% e 5%.
Para uma melhor compreensão de como os mercados reagiram aos últimos desenvolvimentos, o Investing.com coletou comentários de analistas após o encontro do Federal Reserve em 31 de julho de 2024.
Provável corte em setembro
Richard Flax, diretor de Investimentos da Moneyfarm, destacou que, conforme amplamente antecipado pelo consenso, o Federal Reserve optou por manter as taxas estáveis, adotando uma postura cautelosa diante dos riscos econômicos e do mercado de trabalho. O banco central notou sinais de desaceleração econômica, mas ainda não está convencido de que a inflação está recuando de forma sustentável para a meta de 2%. Em junho, o índice PCE, o indicador preferido de inflação da Fed que mede os preços ao consumidor, registrou alta de 2,5%, ainda 0,5% acima do objetivo.
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Wall Street, entretanto, já está antecipando um corte nas taxas para setembro, uma perspectiva que vem ganhando força. Contudo, figuras como Alan Blinder, ex-vice-presidente do Federal Reserve durante o governo Clinton, argumentam que, dada a fragilidade econômica atual, o momento de agir é agora.
Compromisso com duplo mandatado
Para Jeffrey Cleveland, economista-chefe da Payden & Rygel, o Fed reiterou seu compromisso em monitorar de perto os dois principais objetivos de seu mandato: não apenas a inflação, que mostrou alguns sinais de melhora, mas também a taxa de desemprego, que apesar de ter aumentado, ainda está controlada.
Segundo ele, o presidente Powell respondeu calmamente às perguntas sobre o possível atraso do Fed em responder às condições econômicas. Powell enfatizou que um corte prematuro nas taxas poderia prejudicar os avanços no controle da inflação, mas uma demora excessiva também poderia colocar a economia em risco. A decisão de julho foi tomada num contexto de grande incerteza.
Quanto ao mercado de trabalho, Cleveland afirma que Powell mencionou a conhecida Regra Sahm, que sugere uma recessão quando o desemprego cresce significativamente em um curto período, mas descreveu-a como uma tendência estatística, não uma regra econômica inflexível. Ele avaliou que o mercado de trabalho está equilibrado e forte, sem sinais de superaquecimento, e que mesmo os dados anedóticos, apesar de apontarem fragilidades, mostram que o crescimento é robusto comparado a outras regiões.
Na visão do economista, Powell descartou a ideia de um corte inicial de 50 pontos-base e disse que a decisão dependerá dos dados econômicos futuros.
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“Ele não quis especular além de setembro, destacando a incerteza sobre os futuros movimentos das taxas de juros. A coletiva pós-reunião refletiu a preocupação pública de que o mercado de trabalho está se deteriorando e que o Fed deveria agir rapidamente para reduzir as taxas”.
Em sua avaliação, esse cenário já ocorreu em dezembro, quando após dados fracos de inflação, a imprensa pressionou por reduções nas taxas, que foram reconsideradas após um novo aumento da inflação.
“Vemos um corte de taxas em setembro como possível, mas estamos menos otimistas do que o mercado, que antecipa um corte de 25 pontos-base com 106% de certeza”, afirma, concluindo que:
“Esperamos que a taxa de desemprego termine o ano em 4% ou menos e estamos aguardando os dados de amanhã. O mercado já antecipa cerca de 3,5 cortes nas taxas até janeiro de 2025 e sete cortes até dezembro de 2025, sugerindo uma visão mais pessimista do mercado de trabalho do que a nossa.”
Progresso em direção à meta de inflação
Já para James McCann, vice-economista-chefe da abrdn, ninguém esperava um corte nas taxas na última reunião, pois o Fed havia declarado que precisava de mais evidências de uma desaceleração na inflação antes de poder considerar reduzir as taxas de juros; no entanto, essa possibilidade está se tornando cada vez mais iminente com os recentes aumentos de preços sendo mais moderados e o comunicado da reunião destacando progressos em direção à meta de inflação do Fomc.
Além disso, McCann declara que os sinais de uma desaceleração no crescimento e um enfraquecimento no mercado de trabalho reforçam a perspectiva de que o Fed deveria começar a relaxar suas políticas. Com isso, um corte nas taxas em setembro parece cada vez mais provável, a menos que ocorram grandes imprevistos.
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“Este ajuste provavelmente iniciará uma série de cortes até 2025, cujo ritmo será influenciado pela administração na Casa Branca. As diferenças substanciais nos programas de políticas comerciais, fiscais e de imigração entre Democratas e Republicanos, e suas implicações para a inflação, adicionarão incerteza sobre as futuras taxas de juros”, conclui.
Desaceleração da inflação e da economia em foco
Andrea Delitala, diretor-chefe de Consultoria de Investimentos da Pictet Asset Management, pondera que a economia dos EUA oscilava nos últimos meses entre cenários de "pouso suave" e "não pouso". Recentemente, no entanto, uma moderação nos dados de inflação e a desaceleração do crescimento econômico têm inclinado as expectativas para um cenário de pouso suave, com inflação em retração e crescimento próximo ao potencial de 1,8%, evitando, por enquanto, uma recessão.
Delitala destaca que esse cenário tem sido positivo para o desempenho dos mercados, que enfrentaram volatilidade significativa no setor de títulos desde 2022, com impactos também no mercado de ações.
“Essa volatilidade, que ocorreu novamente em abril deste ano após um choque de correlação no outono de 2023, demonstra como os mercados são sensíveis às informações macroeconômicas. Na ausência de diretrizes claras do Banco Central, os mercados rapidamente ajustam suas expectativas às novidades sobre inflação e crescimento, cientes de que o Banco Central, que depende de dados, baseará suas decisões nesses indicadores.”
Ele também mencionou que o Federal Reserve enfrenta incertezas sobre o ciclo econômico atual, tendo elevado as taxas de juros para níveis considerados restritivos. O Fed descarta novos aumentos mas tem adiado o início dos cortes nas taxas, que Delitala antecipa para setembro, seguido por pelo menos mais 1% de redução até o final de 2025. Essa situação implica um risco de erro na política monetária, uma vez que os efeitos dos instrumentos de intervenção do Fed geralmente demoram entre 12 a 18 meses para se manifestarem.
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“O risco maior é de agir tarde demais, especialmente se a desaceleração econômica ocorrer de forma abrupta. Powell tem adotado uma conduta adequada ao evitar aumentos excessivos nas taxas de juros e ao monitorar de perto as dinâmicas do mercado de trabalho, pois os salários, e consequentemente a inflação no setor de serviços, dependem dessas condições. Além disso, Powell reconheceu que a interrupção das cadeias de fornecimento, uma consequência da pandemia que afetou principalmente os bens, já se normalizou”, conclui.
Início do ciclo de cortes começará em breve
Martina Daga, macroeconomista da AcomeA SGR, informou que, durante a coletiva de imprensa recente, Jerome Powell indicou que o Fomc está perto de decidir sobre o primeiro corte de taxas de juros do ciclo atual.
Ela explicou que essa decisão ainda depende fortemente dos dados econômicos e destacou que, apesar de os sinais indicarem que o momento para o corte está se aproximando, ele ainda não chegou e são necessárias mais confirmações.
Daga acrescentou que o Fed está cauteloso em evitar ações precipitadas que possam reverter os progressos recentes na economia. Na última reunião, o Fomc considerou a possibilidade de um corte imediato nas taxas, mas optou por manter as taxas entre 5,25% e 5,50%.
A macroeconomista também mencionou que, para entender a posição do Fed, é crucial conhecer sua avaliação sobre a condição atual da economia dos EUA.
Segundo o comunicado à imprensa, o crescimento econômico continua sólido e a demanda interna está sustentada.
Powell esclareceu que, embora a economia não esteja fraca, também não está superaquecida como estava no ano anterior. Ele observou que houve progresso na inflação, que desacelerou em todas as componentes do índice, tanto em bens quanto em serviços.
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“O cenário econômico atual parece ideal para começar a normalizar as taxas de referência, e o Fed está ciente disso. No entanto, o Fed deseja garantir que a economia continue se desenvolvendo conforme recentemente observado antes de considerar um corte nas taxas na próxima reunião de setembro, procurando um crescimento econômico sustentável e uma inflação em desaceleração”.
Por fim, ela ressaltou que, pela primeira vez, o comunicado à imprensa deu igual peso aos dois mandatos do Fed: a estabilidade de preços e o pleno emprego. Powell ressaltou a importância de agora focar tanto no pleno emprego quanto na inflação, que está se aproximando da meta de 2%.
“Durante a sessão de perguntas e respostas, emergiu uma divisão entre os analistas, com alguns vendo o recente enfraquecimento do mercado de trabalho e da economia como uma normalização após um período de superaquecimento, enquanto outros o interpretavam como um sinal de uma possível recessão. Powell, no entanto, pareceu inclinado a considerar a situação atual como uma normalização, enfatizando que o crescimento econômico ainda é sólido e o mercado de trabalho está estável, mas sem pressões inflacionárias excessivas”, concluiu.
O Estado de S.Paulo - SP 02/08/2024
Em matéria de investimento, o Brasil é rabeira na tabela, como demonstra os dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). Desde 2016, não consegue investir mais do que algo entre 15% e 16% de sua renda (Produto Interno Bruto). Está entre os 7% de países que menos investem, porque consome mais de 85% do que produz. Por isso, o crescimento econômico não passa de voo de galinha e o futuro não acontece.
Por trás dessa sina há um círculo vicioso do tamanho do Brasil. Produz pouco porque investe pouco e investe pouco porque produz pouco. Para que possa aumentar o PIB em torno de 3% ao ano de forma sustentável, o investimento teria de ser de 22% do PIB.
Seguem-se as mazelas conhecidas: pobreza, agravamento da distribuição de renda, encolhimento da indústria, brutal conflito social pela renda, obras que nunca terminam, arrecadação curta, alto endividamento das famílias... e por aí vai.
A narrativa de que salários baixos obrigam a população a viver da mão para a boca e não sobra para o investimento é desculpa para a incompetência de sempre. Os salários são muito mais baixos na Ásia, a ponto de constantemente se ouvirem reclamações de que as exportações da China fazem concorrência desleal à produção industrial do resto do mundo.
Há anos, dirigentes do PT, por exemplo, afirmam que os trabalhadores chineses vivem no regime de semiescravidão. E, no entanto, o nível de poupança da população da China se aproxima dos 50% da renda. O padrão de poupança e de investimento dos tigres asiáticos é em torno dos 33% do PIB. No caso deles, o que não vai da mão para a boca leva ao forte crescimento econômico, a mais educação e mais desenvolvimento tecnológico.
Os baixos níveis de poupança e de investimento no Brasil não são consequência apenas de uma cultura imediatista. São consequência de uma opção política que se baseia em falsos pressupostos. Um deles vem de crenças dos anos 1950 de que o desenvolvimento só é possível com aumento das despesas públicas, o que produz inflação.
Por aí já se vê que a bola de ferro que ata as pernas do crescimento por aqui é o rombo fiscal. É o governo gastando demais, que paga aposentadorias desproporcionais ao tamanho das contribuições previdenciárias e, assim, condena as gerações futuras. Mais gastança desemboca em mais dívidas; mais dívidas, em juros escorchantes; e estes, em investimentos nanicos. Não há jeito de quebrar esse círculo vicioso sem o sacrifício de mais austeridade, que garanta superávits primários, redução da dívida, derrubada dos juros e mais investimentos.
Tudo passa por aí. Se não for assim, o Brasil continuará na última divisão do investimento e da renda.
Globo Online - RJ 02/08/2024
O governo Lula decidiu adotar um controle preventivo de despesas para garantir que a meta de resultado das contas públicas, que estabelece déficit zero, será cumprida. Com a nova norma, na prática, os ministérios não poderão gastar cerca de R$ 47 bilhões até setembro para despesas de investimento e custeio da máquina pública (como contas de luz e de água).
A regra foi estabelecida no decreto de programação orçamentária e financeira, publicado no fim da noite de terça-feira, e assinado pelo presidente Lula. Esse decreto foi publicado para estabelecer quais áreas seriam afetadas pelo congelamento de R$ 15 bilhões em gastos, que já havia sido anunciado pela equipe econômica.
O mesmo decreto, porém, impede que os ministérios usem todo o dinheiro “restante” até setembro. Só será possível gastar 35% dos recursos disponíveis até setembro. Até novembro, será permitido gastar mais 35%. Em dezembro, os 30% restantes.
A regra irritou integrantes de outras áreas do governo, fora da equipe econômica, que foram pegos de surpresa com o congelamento preventivo. Mas será suficiente para que o governo consiga convergir as despesas públicas para a meta de déficit zero?
Especialistas em contas públicas estimam que seja necessário congelar ao menos mais R$ 25 bilhões para ficar dentro do limite da meta. Em 2024, o alvo é déficit zero, mas há uma margem de tolerância: se o país tiver déficit de até 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a R$ 28,8 bilhões, ainda assim a meta será considerada cumprida.
Corte necessário pode chegar a R$ 50 bi
Analistas ouvidos pelo GLOBO estão céticos. Para Vilma Pinto, diretora da Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado, a iniciativa do governo de segurar preventivamente mais do que os R$ 15 bilhões já congelados em meados de julho pode estar relacionada à frustração de receita com duas contas importantes para aumentar a arrecadação que, apesar de recorde, está abaixo do previsto pelo próprio governo para este ano.
— Pelas nossas contas, será preciso um corte de R$ 50 bilhões para chegar à meta de déficit zero ou ao menos R$ 24 bilhões para cumprir a margem de até R$ 28,8 bilhões de déficit — estima Vilma.
Ela lembra que a lei orçamentária prevê adicional de arrecadação de R$ 168,3 bilhões neste ano, enquanto a estimativa da IFI está em R$ 142,7 bilhões.
Pelo lado da despesa, a IFI estima que a Previdência vai consumir R$ 949 bilhões, acima dos R$ 923 bilhões previstos, sendo que o valor que já foi revisado para cima quatro vezes este ano pelo próprio governo. O crescimento desse gasto obrigatório foi o principal motivo para o bloqueio de R$ 15 bilhões em julho.
— Na despesa destoa a Previdência Social. O número de beneficiários e também do Loas (orçamento da seguridade social no qual está incluído o Benefício de Prestação Continuado, o BPC) está muito acima do que o governo está projetando e vem revisando para cima — diz a economista do IFI.
‘Medida prudencial’
Daniel Couri, consultor de Orçamento do Senado, diz que o congelamento maior, de R$ 47 bilhões, é uma “medida prudencial, sem dúvida, e há justificativa”.
—Ainda há algumas linhas (do Orçamento) com bastante incerteza. Receita de Carf (Conselho de Administração de Recursos Fiscais), que teve a regra de desempate nos julgamentos alterada, dando a última palavra ao governo, com o chamado voto de qualidade, e concessão de ferrovias estão superestimados. E os benefícios previdenciários devem continuar aumentando.
Se o ano terminar como espera o governo atualmente , diz Couri, a despesa primária federal (antes do pagamento dos juros da dívida pública) crescerá, em valores correntes, R$ 192,1 bilhões em relação a 2023 e R$ 419,9 bilhões na comparação com 2022:
—Descontando a inflação no período, seria um avanço de cerca de 13% em apenas dois anos.
Arrecadação superestimada
Jeferson Bittencourt, head de Macroeconomia do ASA e ex-secretário do Tesouro Nacional, também vê dificuldade na obtenção do volume de receitas esperado pelo governo.
No Carf, respeitando o calendário das decisões no conselho, os recursos só começarão a entrar com mais força no ano que vem. Por isso, ele não prevê entrada superior a R$ 8 bilhões nessa arrecadação adicional. O governo espera R$ 37,7 bilhões:
— Esse é ponto central da superestimação.
Com a renovação das concessões de ferrovias, Bittencourt diz que é “bem difícil ultrapassar” R$ 4 bilhões. O governo, porém, espera contar com R$ 10 bilhões.
Para ganhar tempo
Para Manoel Pires, coordenador do Centro de Política Fiscal e Orçamento Público da FGV e ex-secretário de Política Econômica, na prática o governo bloqueou todo o Orçamento discricionário (não obrigatório), deixando uma cota para os ministérios. A medida, na opinião do especialista, aumenta a capacidade de gestão orçamentária da equipe econômica:
— A execução orçamentária ficou muito frouxa no início do ano, no primeiro semestre. Isso diminuiu muito a capacidade da equipe econômica de contingenciar. Então, estão fazendo isso para ver se ganham um pouco mais de liberdade, caso tenham que contingenciar um pouco mais lá na frente.
Segundo Pires, se “eles não criarem esse sistema de racionamento de despesa discricionária, a possibilidade de cortarem gastos lá na frente vai ser muito limitada”.
‘Trabalho a fazer’
Jeferson Bittencourt, do ASA , lembra que esse cronograma de gasto é fixado já no início do ano, mas ele avalia que o governo apertou a execução no segundo semestre:
— Sempre existiu esse cronograma de gastos, mantendo um limite mensal de 1/12 do que o ministério estava autorizado a gastar. O que o governo fez foi apertar mais esse limite até setembro, mantendo apertado em outubro e novembro.
Para ele, a impressão que passa é que o governo mantém uma preocupação de que novos bloqueios e contingenciamentos vão ser necessários no relatório de setembro (de avaliação de receitas e despesas):
— Acho que o mercado entende que o governo tem trabalho a fazer para cumprir a meta. O governo mudar a liberação mostra um esforço para ter espaço para fazer esse trabalho.
No limite da meta
Em setembro e em novembro serão publicados dois novos relatórios de avaliação do comportamento das receitas e das despesas.
Esses dois novos relatórios podem indicar a necessidade de o governo bloquear mais gastos para cumprir a meta fiscal. Por isso, a equipe econômica resolveu segurar a permissão para as demais áreas do governo gastarem.
O governo considera difícil rever a contenção de despesas de R$ 15 bilhões. Por isso, os ministérios já dão esse dinheiro como perdido. Desse total, R$ 11,2 bilhões foram bloqueados. São despesas que estavam acima do autorizado pelo Orçamento, portanto, não há como serem recompostas.
As projeções do mercado ainda estão distantes da meta de déficit zero e indicam déficit de 0,7% do PIB este ano, de acordo com o Boletim Focus.
Considerando o que os ministérios já empenharam (se comprometeram a gastar) neste ano e descontando os R$ 15 bilhões congelados, há cerca de R$ 49 bilhões disponíveis para despesas de investimento e custeio até o fim do ano.
Pela regra do decreto, os ministérios só poderão gastar, desse total, R$ 17 bilhões em agosto e setembro. Dessa forma, na prática, o esforço fiscal da Esplanada será equivalente aos R$ 15 bilhões já congelados e o valor que não poderá ser gasto neste bimestre, de R$ 32 bilhões. No total, são R$ 47 bilhões “na gaveta” nesse período.
Mantido o cenário atual, outros R$ 17 bilhões seriam gastos em outubro e novembro. E todo o restante em dezembro.
O secretário-executivo do Ministério do Planejamento e Orçamento, Gustavo Guimarães, disse ao GLOBO que, apesar do bloqueio de R$ 15 bilhões ser elevado, a previsão de déficit nas contas públicas está próxima do limite da meta.
— Vamos supor que tenha uma surpresa de R$ 2 bilhões de uma receita que veio a menos e uma despesa que veio a mais. Eu descumpriria a meta de (resultado) primário com todas as sanções que o presidente, que o governo teria, contingenciamento e despesa menor em 2026. Para evitar que se chegue no fim do ano correndo o risco de descumprir, a gente está faseando.
O secretário afirmou que a pasta vai monitorar mais de perto os empenhos. Segundo ele, se algum ministério precisar de mais recursos, pode ser solicitado e isso poderá ser alterado.
— A regra geral é: você vai poder usar mais aqui, mas depois a gente vai bloquear à frente — disse o secretário.
Infomoney - SP 02/08/2024
A expansão do setor industrial brasileiro acelerou em julho, quando uma melhora na demanda criou uma série de resultados positivos, com vendas e produção crescendo no ritmo mais forte em três meses, mostrou pesquisa divulgada nesta quinta-feira.
O Índice de Gerentes de Compras (PMI) da indústria brasileira, compilado pela S&P Global, atingiu 54,0 em julho, ante 52,5 em junho, marcando o ritmo mais forte desde abril. Foi o sétimo mês seguido em que o índice ficou acima da marca de 50 que separa crescimento de contração.
A forte demanda por bens brasileiros, tanto interna quanto externa, levou ao ritmo mais intenso de vendas em três meses em julho.
As vendas para exportação foram as mais fortes em mais de dois anos e meio, com as empresas monitoradas destacando ganhos na África, Ásia, Europa, América Latina e Estados Unidos. Elas citaram que a depreciação cambial ajudou a melhorar sua competitividade global.
Com isso, os fabricantes brasileiros elevaram os volumes de produção também no maior ritmo desde abril. Como consequência, a criação de vagas de trabalho acelerou e a confiança empresarial permaneceu forte.
Cerca de 68% dos entrevistados entre os dias 11 a 24 de julho esperam que a produção seja mais alta em 12 meses, contra 3% que veem redução nesse prazo.
Por outro lado, a depreciação do real pressionou de forma considerável os preços de insumos, que atingiram o maior nível em dois anos, com produtores dizendo que pagaram mais por químicos, alimentos, combustível, metais e papéis.
Para proteger as margens, os fabricantes elevaram os preços de venda novamente em junho também no ritmo mais forte em dois anos.
“Esse cenário econômico misto sugere que, embora a aceleração da demanda e das vendas internacionais tenha sido positiva, a intensificação da inflação pode levar o banco central a repensar sua postura de política monetária”, avaliou Pollyanna De Lima, diretora associada de economia da S&P Global Market Intelligence.
“As autoridades podem precisar andar em uma linha tênue, equilibrando a necessidade de impulsionar o crescimento com medidas para controlar a inflação.”
Veja - SP 02/08/2024
Há exatamente um ano, o Brasil avançava na redução dos juros após ter sido amplamente parabenizado por sua condução rápida e eficaz de elevação das taxas, aplicando um “remédio” necessário para conter a inflação. Naquele momento, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil iniciava um ciclo de cortes na taxa Selic, enquanto o Federal Reserve (banco central americano, Fed) concluía sua última elevação de juros. No entanto, as expectativas mudaram drasticamente. Hoje, enquanto o Fed se prepara para afrouxar suas medidas, o Copom optou por manter a taxa Selic inalterada, sinalizando um cenário de preocupações e incertezas. A eficácia do “remédio” aplicado anteriormente começa a ser questionada. Enquanto as expectativas nos EUA são de redução nos juros, o Brasil vive um momento oposto — e inimaginável há um ano.
A decisão unânime de manter a Selic em 10,5% ao ano reflete um aumento nas preocupações com a inflação. Gino Olivares, economista-chefe da Azimut BWM, destaca que a mudança no vocabulário do Banco Central, com a utilização da palavra “vigilância”, sugere que aumentos nos juros estão sendo considerados, mesmo que não explicitamente mencionados. Isso revela um cenário de alerta para o mercado, indicando que o Banco Central está preparado para ajustar a política monetária conforme necessário.
Em entrevista ao VEJA Mercado desta quinta-feira, 1, Paulo Rabello de Castro, ex-presidente do BNDES e do IBGE, levantou suas preocupações com a atual taxa de juros, argumentando que a manutenção de uma Selic elevada, atualmente com um juro real superior a 6% ao ano, é uma “dose cavalar” contra a inflação que pode prejudicar a atividade produtiva. Para Castro, essa política monetária está freando o crescimento econômico do Brasil, que permanece estagnado em torno de 2% ao ano. Um ambiente de juros mais adequados, segundo ele, poderia impulsionar o PIB para uma faixa entre 3% e 3,5%.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também expressou suas preocupações. O presidente da CNI, Ricardo Alban, enfatiza que a Selic elevada encarece o crédito, restringindo a atividade econômica e penalizando consumidores e empresas. Ele argumenta que a retomada dos cortes na Selic é crucial para reduzir o custo financeiro e impulsionar a economia. “Esperamos que a Selic volte a ser reduzida o quanto antes. A retomada de cortes é fundamental para a redução do custo financeiro suportado pelas empresas, que se acumula ao longo das cadeias produtivas, e pelos consumidores. Caso contrário, seguiremos penalizando não só a economia brasileira, mas, principalmente os brasileiros, com menos empregos e renda”, reforça Alban.
Mesmo com um possível corte de 0,25 ponto percentual, que levaria a taxa para 10,25% ao ano, o Brasil continuaria a ter uma das maiores taxas de juros reais do mundo. Nesse cenário, a taxa de juros real (que desconsidera os efeitos da inflação esperada para os próximos 12 meses) seria de 6,2% ao ano. “Portanto, estaria 1,5 ponto percentual acima da taxa de juros real neutra – aquela que não estimula nem desestimula a atividade econômica, estimada pelo BC em 4,75% ao ano – sendo compatível com o atual quadro inflacionário” demonstra Alban. A política monetária restritiva eleva o custo de captação de recursos para as instituições financeiras e, somada aos elevados spreads bancários, encarece ainda mais os empréstimos e financiamentos.
Um dos fatores que tem justificado o patamar elevado da Selic é a preocupação com a sustentabilidade das contas públicas. Embora o novo arcabouço fiscal seja uma medida relevante, fez com que o cumprimento das metas de resultado primário e o controle da dívida pública passassem a depender fortemente do aumento da arrecadação. “Em um país com uma das maiores cargas tributárias do mundo, essa dependência do aumento de receitas onera ainda mais o setor produtivo e os consumidores, tornando essencial que o ajuste fiscal se concentre na redução de despesas”, diz Alban.
Recentemente, o governo anunciou bloqueios e contingenciamentos no valor de R$ 15 bilhões no Orçamento, em uma tentativa de equilibrar as contas públicas e cumprir as exigências do novo arcabouço fiscal. Deste total, R$ 11,2 bilhões correspondem a um bloqueio devido a estimativas de gastos que excedem o limite imposto pelo arcabouço. Os R$ 3,8 bilhões restantes são de um contingenciamento, motivado pela arrecadação insuficiente para atingir a meta de déficit zero. No entanto, este valor ainda está aquém dos R$ 30 bilhões considerados ideais pelo mercado.
Apesar do governo ter demonstrado que busca cumprir a meta de zerar o déficit este ano, o Copom reiterou, segundo análise da Guide Investimentos, a necessidade de um “acompanhamento diligente e ainda maior cautela” na condução da política monetária, sinalizando a manutenção de uma política contracionista por um período prolongado.
Os riscos dessa manutenção são claros: a alta taxa de juros real pode continuar a restringir o crescimento econômico, aumentar o custo do crédito e penalizar consumidores e empresas. Enquanto o Brasil luta para equilibrar a inflação e o crescimento, a política monetária deve ser cuidadosamente calibrada para evitar danos maiores à economia.
O Estado de S.Paulo - SP 02/08/2024
Em linha com o consenso entre analistas, o comitê de política monetária dos EUA (FOMC) manteve a taxa básica de juros inalterada entre 5,25% e 5,5% pela oitava vez consecutiva. Também de acordo com as expectativas, houve clara sinalização de que o início do ciclo de cortes pode estar próximo.
Embasando as esperanças, estão os últimos números de atividade e inflação. O FOMC lembrou em seu comunicado que a atividade permanece aquecida, mas a geração de emprego arrefeceu e a taxa de desemprego subiu um pouco (apesar de continuar baixa). Sobre a inflação, foi dito com todas as letras que nos últimos meses houve avanços na direção da meta de 2%. Crescem as chances de o afrouxamento monetário ter início em setembro.
Na entrevista coletiva, o presidente do Fed, Jerome Powell, reforçou a mensagem. A confiança adicional exposta pelo comitê, mas insuficiente, decorre da principal marca da atual gestão do FOMC: a dependência dos dados.
Em conjunto, progresso passado e estagnação presente resultaram na demanda dos membros do comitê pela tal confiança extra de que a inflação estaria de fato convergindo para a meta de 2% ao ano de forma sustentável para motivar mudanças no curso das ações. As leituras benignas de maio e junho deram início a uma etapa e, ao que tudo indica, após longa espera, veremos os juros caírem na maior economia do planeta.
Neste processo, discussões sobre velocidade e profundidade do ciclo devem ganhar temperatura. O cenário-base é de que o processo será lento e gradual. No momento o consenso gira em torno de três cortes de 0,25 ponto porcentual até o final de 2024 e existe a possibilidade de redução de mais 2 pontos porcentuais até o final de 2025. Mas, parafraseando o próprio FOMC, ainda há muito dado para passar embaixo da ponte até termos uma melhor visão do que vem por aí na política monetária americana.
* Danilo Igliori é economista-chefe da Nomad
O conteúdo disponibilizado aqui não constitui ou deve ser considerado como conselho, recomendação ou oferta de ativos pela Nomad. Serviços intermediados por Global Investment Services DTVM Ltda
Infomoney - SP 02/08/2024
O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial da China caiu de 51,8 em junho para 49,8, informou nesta quinta-feira (1) o Caixin Insight Group, em pesquisa realizada em parceria com a S&P Global. Além de ter retornado a uma patamar abaixo de 50,0, que significa retração, o indicador foi mais baixo desde outubro do ano passado.
O dado também decepcionou as estimativas dos analistas. O consenso LSEG estimava uma queda bem menos intensa no mês, para 51,5.
Segundo a pesquisa, as condições operacionais no setor de manufatura da China se deterioraram no início do segundo semestre de 2024.
“Uma redução renovada nos novos fluxos de trabalho sustentou uma desaceleração acentuada no ritmo de crescimento da produção. Como resultado, as empresas reduziram sua atividade de compras, embora as condições de emprego tenham permanecido relativamente estáveis”, disse a S&P em nota.
De acordo com os entrevistados no estudo, condições de demanda moderadas e as reduções nos orçamentos dos clientes sustentaram a última queda em novos pedidos. Enquanto isso, os pedidos de exportação continuaram a aumentar, mas a taxa de crescimento desacelerou de junho para um ritmo modesto.
Wang Zhe, economista sênior do Caixin disse que os dados mais recentes mostram que o crescimento real do PIB chinês no segundo trimestre desacelerou para 4,7% ano a ano.
“Após obter um bom começo no primeiro trimestre, a taxa de crescimento no segundo trimestre foi significativamente menor do que as expectativas do mercado, tornando a meta de crescimento anual de cerca de 5% desafiadora”, comentou.
Infomoney - SP 02/08/2024
Os contratos futuros do minério de ferro subiram para uma máxima de mais de uma semana nesta quinta-feira, impulsionados pela perspectiva otimista da mineradora a Rio Tinto sobre a demanda do principal consumidor da China.
Além disso, esperanças contínuas de mais estímulos da segunda maior economia do mundo adicionaram suporte.
O contrato setembro do minério de ferro negociado na China encerrou as negociações diurnas com alta de 2,35%, a 783,5 iuanes (108,28 dólares) a tonelada métrica.
O contrato atingiu uma máxima intradiária de 790,5 iuanes, seu nível mais forte desde 23 de julho.
O minério de ferro negociado na Bolsa de Cingapura estava em alta de mais de 1%, tendo avançado mais anteriormente na sessão.
A Rio Tinto, a maior produtora de minério de ferro do mundo, apresentou lucros mais elevados no primeiro semestre, na quarta-feira, e seus comentários otimistas sobre a China impulsionaram os contratos de minério de ferro, disseram analistas do ANZ em uma nota.
A empresa vê a economia chinesa crescendo “mais ou menos 5%”, o que deve apoiar a sólida demanda por commodities, disse o CEO do Rio, Jakob Stausholm.
Dados econômicos chineses mais fracos do que o esperado aumentaram as esperanças de mais estímulos do governo, disseram os analistas do Westpac.
Valor - SP 02/08/2024
Com modelos movidos 100% a baterias, montadora americana quer voltar ao mercado de luxo, que no passado teve ícones como o Opala
Santiago Chamorro, presidente da GM: “A Inteligência Artificial nos permitirá, cada vez mais, falar com o veículo” — Foto: Anna Carolina Negri/Valor
Enquanto não definem a estratégia de produção de veículos híbridos ou elétricos no Brasil, montadoras veteranas e com fábricas no país seguem a receita das marcas chinesas e ampliam a oferta de modelos elétricos importados. A General Motors inicia este mês a pré-venda do Blazer EV, um utilitário esportivo grande e luxuoso, 100% elétrico e produzido no México.
Com o novo veículo, a General Motors não apenas volta a oferecer modelos elétricos, como fez anteriormente com Volt e Bolt, como também entra no chamado segmento premium, no qual não estava atuando.
Segundo a diretora de marketing de produto da GM, Paula Saiani, pesquisas da empresa indicaram que 30% dos consumidores de carros de luxo têm a intenção de optar por modelo 100% elétrico.
“O fato de esse veículo (Blazer) ser elétrico nos permite participar do segmento premium”, destaca Santiago Chamorro, presidente da GM na América do Sul.
No passado, o luxo esteve mais presente na linha de produtos da GM. Chamorro lembra de ícones, como o Opala, por exemplo. Com o advento do carro popular, na década de 1990, a estratégia havia mudado nos últimos anos.
Com itens requintados de conforto, tecnologia e segurança, o Blazer oferece equipamentos que parte dos consumidores brasileiros começou a conhecer melhor com a chegada das marcas chinesas ao país.
É o caso da tela de 17,7 polegadas para navegação e entretenimento. Ou a partida sem chave ou botão - o carro “entende” e inicia o sistema assim que o motorista senta e coloca o cinto de segurança. O espelho interno também possui uma câmera.
Outra novidade em tecnologia é o chamado Google Built-in, que oferece aplicativos como mapas e assistentes de voz da Google. E até avisa se a carga da bateria será insuficiente para percorrer determinado trajeto.
“A Inteligência Artificial nos permitirá, cada vez mais, falar com o veículo. Hoje o consumidor já nos diz que quer, dentro do seu carro, continuar com a rotina da conectividade proporcionada pelo celular”, destaca Chamorro.
Mas o maior apelo do lançamento da GM está na eletrificação. O Blazer usa a mais nova plataforma elétrica da GM, a Ultium, que oferece capacidade de carga 70% superior à de gerações anteriores. Dois motores elétricos geram até 347 cavalos. Com uma carga completa, as baterias garantem autonomia de 481 quilômetros segundo cálculos do Inmetro, ou mais de 600, segundo testes da empresa. O sistema também permite carregamento rápido, podendo chegar a 80% de carga em quarenta minutos.
O desenvolvimento da plataforma Ultium exigiu pesados investimentos da GM nos Estados Unidos, um mercado no qual a companhia planeja ter toda a linha 100% elétrica até 2035.
Elétrico é o preferido de 30% dos consumidores de carros de luxo”
— Paula Saiani
A GM não fixou, ainda, o preço do novo veículo, que virá do México. A isenção do Imposto de Importação, de 35%, previsto no acordo de intercâmbio entre Brasil e México, está atrelada à quantidade de peças produzidas na América Latina, um cálculo que ainda não foi concluído, segundo a empresa.
Por enquanto, será aberta a pré-venda do veículo. O consumidor que o reservar não saberá o preço. Na apresentação do Blazer à imprensa, a GM comparou seu novo modelo ao Porsche Macau e ao BMW iX3, modelos com preços a partir de R$ 500 mil.
Até o ano passado, a direção da GM na América do Sul dizia que a empresa estava decidida a ir direto para os carros 100% elétricos, em todo o mundo, sem passar pelos híbridos.
Há poucos dias, no entanto, a direção da empresa começou a cogitar a produção de modelos híbridos atendendo, segundo Chamorro, a um “pedido do consumidor”. Mas, destaca o executivo, um tipo de tecnologia não exclui as outras.
“Quando inventaram a televisão o rádio não morreu”, afirma Chamorro em referência à continuidade da produção de veículos a combustão no Brasil.
Mesmo assim, o avanço da eletrificação determina novas tendências relacionadas à descarbonização e à sustentabilidade do planeta. A GM se prepara, agora, para, ainda este ano, trazer mais um SUV totalmente elétrico importado, o Equinox.
Valor - SP 02/08/2024
Em abril de 2017, o governo de Nicolás Maduro expropriou a fábrica da GM
A última notícia oficial disponível sobre produção de veículos na Venezuela refere-se ao primeiro trimestre. De janeiro a março, foram produzidas 12 unidades - nenhuma em janeiro, quatro em fevereiro e oito em março. No passado, a indústria automobilística venezuelana chegou a produzir 500 mil unidades por ano e até exportar. Mas desde 2017, os volumes começaram a minguar, em boa parte pelo “encerramento forçado” de fábricas.
O presidente da General Motors na América do Sul, Santiago Chamorro, lembra de quando a companhia se viu forçada a suspender a produção na fábrica localizada em Valencia, ao Norte do país.
Em abril de 2017, o governo de Nicolás Maduro expropriou a fábrica da GM, onde trabalhavam mais de 2 mil funcionários e eram produzidos os modelos Silverado e Tahoe. Segundo Chamorro, desde então, a empresa tenta, em vão, defender seus direitos.
“O país não inspira confiança para novos investimentos”, diz Chamorro. Segundo ele, a GM deixou de vender carros no mercado venezuelano, mesmo importados. Mas mantém o envio de peças de reposição para os veículos da marca que rodam no país.
Segundo dados da Cámara Automotriz de Venezuela, equivalente à Anfavea no Brasil, em 2023, o país produziu 61 veículos, queda de 19,7% em relação a 2022, quando foram fabricadas 76 unidades.
Quando a GM deixou de produzir em Valencia, onde estava desde 1948, todas as montadoras instaladas no país enfrentavam falta de componentes e de matéria-prima em razão do controle monetário.
Muitos disseram, à época, que a expropriação de instalações de empresas americanas era uma forma de Maduro “provocar os Estados Unidos”.
Mas a crise atingiu um ponto que outros fabricantes também tiveram de desistir das operações. Há algum tempo, dirigentes do setor revelaram que as montadoras passaram a vender carros basicamente para empresas, que podiam pagar em dólares, usados para a comprar peças.
Segundo Chamorro, o Brasil é, hoje, o país na América do Sul, que mais inspira confiança para investimentos do setor automotivo. Não só pelo tamanho do mercado, mas, também, pelo cenário de estabilidade político-econômica.
No início do ano, a GM anunciou um novo ciclo de investimentos no Brasil, de R$ 7 bilhões, para o período entre 2025 e 2028. A fábrica de Gravataí (RS) receberá a primeira parte do programa - R$ 1,2 bilhão. A empresa não detalhou quanto será destinado às demais fábricas do país.
Exame - SP 02/08/2024
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 125 milhões à Concessionária das Rodovias Integradas do Sul S.A. (Viasul), cujos trechos rodoviários concedidos foram afetados pelas chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul a partir de abril último. O apoio de capital de giro para as necessidades de liquidez mais imediatas da empresa será feito pelo Programa BNDES Emergencial para o Rio Grande do Sul.
A Viasul opera trechos das rodovias BRs 101, 290, 386 e 448 no Rio Grande do Sul, que totalizam 473,4 kms. Durante a calamidade climática a malha da concessionária foi atingida em 101 pontos com bloqueios. As rodovias sofreram danos na estrutura, como deslizamentos de terra, afundamento e inundações em longos trechos de pista.
Para restabelecer o tráfego, a prioridade foi intervir nas rodovias com ações emergenciais. A concessionária mobilizou serviços emergenciais de limpeza, sinalização e desvios, além de orientar as equipes operacionais para garantir a segurança dos usuários.
"O governo federal vem atuando incansavelmente para a retomada da atividade econômica do Rio Grande do Sul. Esse apoio no capital de giro para restabelecer a malha rodoviária vai ser fundamental para os setores produtivos e beneficiará grande parte da população", disse o ministro da Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta.
“Alinhado com o Ministério da Reconstrução do RS, o BNDES aprova mais uma operação que visa garantir a continuidade da prestação dos serviços e a trafegabilidade das rodovias gaúchas que sofreram danos nas enchentes de abril e maio desse ano”, destacou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
O programa
O BNDES Emergencial para o Rio Grande do Sul apoia ações de redução e adaptação às mudanças climáticas, além do enfrentamento de consequências socioeconômicas das chuvas extremas no Rio Grande do Sul. O instrumento tem prazo de vigência até 31 de dezembro de 2025 ou até a utilização total dos R$ 15 bilhões em recursos.
"A Viasul é uma rota fundamental para a economia do estado do Rio Grande do Sul, tendo sido severamente impactada pela catástrofe climática. Com o crédito emergencial, o BNDES propicia a liquidez do projeto, que incorreu em gastos extraordinários para manter a trafegabilidade das rodovias administradas”, disse Luciana Costa, diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES,
“O orçamento do programa está dividido em três linhas com diferentes propósitos: capital de giro (crédito emergencial), aquisição de máquinas e equipamentos e investimento para reconstrução dos empreendimentos afetados. Ao atender as necessidades de liquidez mais imediatas, o capital de giro é fundamental para manutenção de empregos, pagamento dos salários, renovação de estoques e quitação dos compromissos com fornecedores”, anunciou o BNDES.
O Petróleo - SP 02/08/2024
A Sinochem Group, conglomerado chinês de energia e química, está considerando a venda de sua participação de 40% no campo de petróleo e gás de Peregrino, situado na bacia de Campos, Brasil. Segundo informações da Bloomberg, a Sinochem iniciou negociações com a empresa independente Prio SA, embora os detalhes financeiros ainda não tenham sido revelados e a conclusão do acordo permaneça incerta.
Adquirida em 2011 por aproximadamente US$ 3,07 bilhões, a participação da Sinochem no campo de Peregrino reflete um significativo investimento estrangeiro na indústria petrolífera brasileira. A Equinor, empresa norueguesa de energia, é a principal operadora do campo com 60% das ações e tem observado um aumento considerável na produção desde o início da operação do campo em 2011.
Entre abril de 2020 e julho de 2022, a produção foi suspensa para a realização de um extenso programa de manutenção, que incluiu atualizações e reparos na unidade FPSO (Floating Production Storage and Offloading) e a instalação de uma nova plataforma, a Peregrino C. Com a retomada das atividades em outubro de 2022, a Equinor lançou a fase 2 do projeto Peregrino, projetada para estender a vida útil do campo até 2040. Esta fase adicional tem potencial para agregar de 250 milhões a 300 milhões de barris de petróleo, enquanto reduz em até 50% as emissões de dióxido de carbono por barril produzido.
A produção de petróleo no Brasil vem crescendo consistentemente, impulsionada por novos projetos offshore e uma recuperação robusta após uma queda na primeira metade do ano devido a manutenções programadas. Espera-se que o Brasil se posicione como um dos principais contribuintes para o crescimento da oferta de petróleo fora do consórcio OPEP+ em 2024 e 2025, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e Canadá.
Este potencial acordo entre Sinochem e Prio SA, caso se concretize, marcaria uma mudança significativa na dinâmica do setor petrolífero brasileiro, trazendo novos desafios e oportunidades para a indústria energética do país.
O Petróleo - SP 02/08/2024
A produção de petróleo está alcançando novos patamares, impulsionada por avanços tecnológicos e uma eficiência operacional crescente. Contudo, essa mesma eficiência tem resultado em uma redução significativa no número de empregos no setor de petróleo e gás. Dados recentes indicam que o emprego na área upstream do setor diminuiu em cinco dos seis primeiros meses de 2024.
Informações da Comissão de Trabalho revelam uma perda de 2.000 empregos em junho, contrastando com o crescimento observado em março, quando houve um aumento de 4.500 postos de trabalho, o maior desde 2011. Entre o ponto mais baixo, causado pela pandemia de COVID-19 em setembro de 2020, e março de 2024, houve mais meses de aumento de empregos do que de queda, numa proporção de 33 a 9.
A eficiência operacional é apontada como o principal fator para essa diminuição no número de empregados, permitindo que as empresas aumentem a produção com menos plataformas e trabalhadores. Informações de uma empresa especializada indicam que o número de sondas caiu cerca de 14% entre junho de 2023 e junho de 2024, enquanto a produtividade nas principais áreas de exploração aumentou mais de 20% no mesmo período.
Segundo o presidente de uma associação do setor, as empresas estão conseguindo produzir mais energia com maior eficiência e menores emissões. Isso é evidenciado pelo aumento na produção de petróleo bruto, que alcançou 5,7 milhões de barris por dia no primeiro semestre de 2024, representando uma fatia significativa da produção nacional.
O crescimento na principal bacia de xisto do país também deve continuar, embora a um ritmo mais lento do que nos últimos dois anos. De acordo com uma análise de uma instituição financeira, o crescimento anual da produção na bacia deve diminuir gradualmente, de 520.000 barris por dia em 2023 para 340.000 em 2024, e para 270.000 em 2026.
A análise também ressalta que a eficiência nas operações de perfuração e conclusão tem sido crucial para o aumento contínuo da produção de petróleo, com reduções significativas no tempo e nos custos dessas operações. A expectativa é que essa tendência de aumento de eficiência continue, mesmo com a diminuição no número de empregos no setor.
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