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02 de Junho de 2023

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   02/06/2023

O bom desempenho da economia brasileira no primeiro trimestre levou parte de bancos e consultorias a revisar as projeções de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano para acima de 2,5%. Antes, as previsões estavam na faixa de 1,5% a 2%.

Nesta quinta-feira, 1º, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o PIB cresceu 1,9% na comparação com os últimos três meses do ano passado. O resultado foi puxado pelo desempenho do agronegócio, que cresceu 21,6% no período.

O crescimento do PIB ficou acima da mediana das projeções colhidas pelo Broadcast, que era de 1,2%.

“Dadas as revisões de dados e a superação do primeiro trimestre, nossa previsão de crescimento real do PIB em 2023 subiu para 2,6%, de 1,75%”, afirmou em relatório o diretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos.

A MB Associados aumentou a sua previsão para o PIB de 2023 de 1,3% para 2,1%. “Há chances reais de revisões serem feitas para cima e um PIB que no começo do ano parecia perdido conseguirá reverter a tendência por conta das commodities”, afirmou Sergio Vale, economista-chefe da consultoria.

De acordo com o sócio e economista-chefe da G5 Partners, Luís Otávio Leal, o crescimento de 1,9% do PIB no primeiro trimestre deixa uma taxa de carrego de 2,4 pontos porcentuais para o restante do ano. Isso significa, na prática, que mesmo que todos os próximos trimestres venham a apresentar crescimento nulo, a economia ainda fechará o ano crescendo 2,4%.

Se anualizado, o PIB do primeiro trimestre cresce a uma taxa de 4%, acima do que o mercado e o próprio Leal esperava. Diante disso, a G5 Partners revisou a previsão para o crescimento da economia em 2023 de 1,5% para 2,3%.

Como já era amplamente esperado, o principal destaque, pelo lado da oferta, foi o setor agropecuário, responsável por 1,7 ponto porcentual do crescimento em relação ao quarto trimestre de 2022.

Segundo Leal, essa concentração do resultado positivo no ramo agropecuário “coloca em dúvida a sustentação deste movimento”, e a perspectiva para os próximos trimestres é de que o PIB fique mais perto da estabilidade. “Ou seja, um ‘pibão’ com gosto de ‘pibinho’, mas que já garante um ‘pibão’ para 2023", acrescentou.

A XP Investimentos também indicou que deve aumentar a sua previsão de crescimento de 1,4% para a faixa de 2% a 2,5%. / Aline Bronzati, Cícero Cotrim, Gustavo Nicoletta, Italo Bertão Filho e Luiz Guilherme Gerbelli

Exame - SP   02/06/2023

O resultado do PIB para o primeiro trimestre surpreendeu positivamente os agentes econômicos. Com crescimento de 1,9% frente ao último trimestre de 2022, o desempenho foi puxado sobretudo pelo agronegócio, que teve a maior alta dos últimos 27 anos.

Mas quais são os fatores que levaram a esse crescimento da economia? E o que esperar daqui para a frente? Entenda, em seis pontos, o resultado do PIB divulgado nesta segunda-feira, 1, pelo IBGE (veja a íntegra da apresentação).

Uma ressalva é necessária ao debate: a maior parte das oscilações do crescimento de um trimestre a outro podem ser ruídos. Por isso, a interpretação do resultado exige cautela.

"Estima-se que o potencial de crescimento da economia brasileira seja de 1,5% a 2,0%. Como as oscilações de um trimestre a outro podem ser fortes porque a agricultura é importante, crescer 2% em um trimestre está longe de ser algo muito extraordinário", afirma Celso Toledo, diretor da consultoria econômica LCA.

Segundo ele, o ritmo de crescimento tem surpreendido favoravelmente no mundo inteiro. "Como a economia brasileira é interligada, isso deve estar beneficiando de uma forma ou de outra", diz. "No final do dia, está claro que a economia brasileira está crescendo um pouco mais."

1. Agro, o carro-chefe do PIB

O resultado veio a reboque da safra recorde esperada para este ano. "A surpresa veio basicamente do crescimento maior da agropecuária em 21,6% no trimestre, puxado pela safra recorde", diz Rafaela Vitória, economista-chefe do banco Inter.

Opinião corroborada por Luís Otavio Leal, economista-chefe da G5 Partners. Nas suas contas, o agro foi responsável por 1,7 p.p. do crescimento desta base de comparação. "Esse resultado foi reflexo da safra 22/23 que cresceu 15% com relação a de 21/22 e da sazonalidade que faz com que a produção de soja e parte da de milho seja colhida no 1º trimestre.

Nessa esteira, veio também o setor de transportes, um crescimento de 1,2%, cujo resultado em boa medida veio ligado ao do agro. "Transportes, por exemplo, refletiu muito a parte de safra, por isso não surpreendeu", diz Sinigaglia, da Garde.

Para Sinigaglia, o setor foi beneficiado por condições favoráveis no clima e nos preços de commodities em patamar elevado — além do recuo nos preços de fertilizantes após alta generalizada no ano passado.

"Isso impulsionou a safra do primeiro trimestre, que é – de fato – a mais relevante do ano [soja]. Adiante, as condições permanecem favoráveis, tanto para o milho [safrinha] quanto para o açúcar. Logo, dinamismo do PIB no ano será impulsionado pelo PIB agro", afirma.

No entanto, para o ano que vem, o economista avalia que o agro não terá as mesmas condições favoráveis, e não deve contribuir para o crescimento do PIB como neste ano.

2. Serviços e consumo: espera-se mais

O setor de serviços, que compõe quase 70% do PIB, cresceu 0,6% — em linha com o que esperava o mercado. A performance está ligada ao setor de transportes (crescimento de 1,2%), que por sua vez tem relação direta com a dinâmica do agronegócio.

Pelo peso na proporção do PIB, observar as variações nessa área é essencial para projetar o desempenho da economia brasileira.

"O setor de serviços apresentou crescimento apenas moderado no período se levado em consideração o padrão apresentado no decorrer do ano passado", escrevem Carla Argenta e Matheus Pizzani, economistas da CM Capital.

Para eles, porém, o setor externo teve um peso muito grande no indicador, com resultados como o de transportes e da própria indústria extrativa. "Enquanto segmentos que dependem mais da dinâmica doméstica, como o comércio, apresentaram resultados aquém do que se espera para um país que pretende crescer mais de 2% nos próximos anos", avaliam.

Ao se decompor os serviços, notam-se diferentes velocidades de crescimento na comparação com o quarto trimestre de 2022:

• Informação e comunicação - (6,8%)
• Transporte, armazenagem e correio - (5,1%)
• Intermediação financeira e seguros - (4,6%)
• Outras ativ. serviços - (4,3%)
• Atividades imobiliárias - (2,8%)
• Comércio (atacadista e varejista) - (1,6%)
• Adm., saúde e educação públicas e seguridade social - (0,4%)

Na comparação com o mesmo período do ano passado, o PIB do setor de serviços cresceu 2,9%. Pesou nesse dado a base de comparação baixa do indicador no ano passado — pressionado pelas restrições da pandemia.

Também essencial na equação, o consumo das famílias cresceu 0,2% em relação ao último trimestre de 2022. "Há o efeito dos estímulos que foram dados na corrida eleitoral e ampliados na virada do ano", diz Toledo, da LCA.

De fato, o Bolsa Família atualmente se tornou um programa muito maior. Dados do professor Écio Costa, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), mostram que em março e abril — que não entra na conta do IBGE — o governo repassou R$ 28 bilhões em benefícios do Bolsa Família.

"O valor de R$ 13 a R$ 14 bilhões é muito maior do que o que se pagava antes da pandemia, que ficava em torno de R$ 3 bilhões. Fica muito próximo do Auxílio Brasil. Nesse período, a inflação foi muito forte e o poder de compra dos R$ 600 caiu", afirma Costa.

Segundo ele, o aumento dos benefícios tende a incrementar o PIB por meio do consumo. "Mas geralmente isso traz a questão do 'voo de galinha'. Quando você tem transferências e estímulo ao consumo, o PIB fica em patamar mais elevado", diz. "Mas se é tratado de forma insustentável, com muitas despesas do setor público, termina em algum momento sendo retirado porque traz danos grandes às contas do governo."

O ideal é que se use isso de forma temporária à medida que se estimula o crescimento pelo setor produtivo, por meio de investimentos (veja abaixo).

Na comparação com o primeiro trimestre de 2022, o crescimento do consumo foi de 3,5%. O próprio IBGE destaca três pontos que contribuíram para o resultado:

Para o economista Rafael Perez, da Suno Research, as principais razões para o resultado foram o pacote de medidas de incentivo ao consumo pelo governo, como o Bolsa Família, a queda na inflação nos últimos meses e uma melhora na massa salarial. "O consumo das famílias será um dos principais fatores a sustentar a atividade econômica ao longo do ano", diz.

A economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, é mais cautelosa. Para ela, o dado indica um ainda baixo efeito do estímulo fiscal no período, que foi amenizado pela política monetária restritiva e elevado comprometimento de renda das famílias.

Os dados do PIB nesse aspecto no próximo trimestre, quando serão sentidos os efeitos das medidas implementadas pelo governo Lula, serão essenciais para entender para onde caminhará o crescimento econômico.

3. Indústria e investimentos ficam aquém

No geral, houve forte queda nos investimentos (-3,4%) e resultados opacos do setor industrial — que ficou estável com queda de 0,1%. Apesar de resultados positivos, esses indicadores — e sua falta de reação — redobram a cautela com a atividade econômica nos próximos trimestres.

O destaque negativo do PIB foi a queda de 3,4% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) — os investimentos — também impactada pela alta dos juros e pelo cenário de maior incerteza no período.

Já a indústria teve um cenário de estabilidade, com queda de 0,1%. Na relação com o último trimestre do ano passado, houve queda em atividades industriais da Construção (-0,8%) e de Indústrias de Transformação (-0,6%). Já os desempenhos positivos ocorreram em Indústrias Extrativas (2,3%) e Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (1,7%), segundo o IBGE.

Luís Otavio Leal, economista-chefe da G5 Partners, avalia que o desempenho no setor só não pior por causa das indústrias extrativas subiram 2,3%. Ele lembra que se tratar da área mais afetada pelas altas taxas de juro. "A indústria de transformação (o que pensamos quando falamos de indústria), caiu 0,6%", diz.

Para os economistas da CM Capital, o setor industrial, novamente, se mostrou "incapaz de contribuir de maneira positiva e efetiva para o avanço do PIB".

"Apesar do avanço de setores que são beneficiados pela conjuntura atual, como a indústria extrativa, dinamizada pela maior demanda externa por commodities metálicas frente ao que foi registrado no ano anterior, e a produção e distribuição de energia, gás e água, que ainda colhe benefícios de medidas legislativas aprovadas nos últimos tempos que incentivaram o investimento privado nestes setores, estruturalmente o desempenho de nossa indústria ainda preocupa", avaliam.

Isso se agrava ao colocar na conta mudanças observadas no setor globalmente, com movimentos de "regionalização de cadeias produtivas e mudança de matrizes energéticas em direção à modelos mais sustentáveis do ponto de vista ambiental".

Nesta seara, os economistas ressaltam que as políticas recentes anunciadas pelo governo — como o alívio tributário para carros populares — preocupam. "Como no caso dos automóveis, algo que não estimula elevação dos investimentos em capacidade produtiva, tampouco a migração de recursos para segmentos mais avançados do ponto de vista tecnológico e que permitam crescimento da participação da indústria no conjunto do nosso produto, mitigando cada vez mais nossa capacidade de consumir internamente e exportar bens manufaturados", escrevem.

4. Efeito de reformas feitas no passado recente

O ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, foi ao Twitter para defender o legado do governo de Jair Bolsonaro na condução econômica.

"O desempenho do PIB no primeiro trimestre de 2023 deixa claro que a economia brasileira cresceu de maneira sustentável em 2022 e que o legado econômico dos últimos anos foi positivo. O Brasil tem jeito, basta insistir na consolidação fiscal e reformas micro", escreveu.

A declaração é pouco surpreendente, sobretudo quando vinda de um ex-gestor econômico. Mas ecoa uma percepção de outros analistas de mercado sobre o efeito que as reformas microeconômicas feitas desde 2016 deixaram para a sustentabilidade do crescimento do país.

Em entrevista à EXAME, Ricardo Denadai, CEO e economista-chefe da ACE Capital, se referiu a um efeito "esotérico" das reformas feitas na economia nos últimos anos.

"De um lado, pode até haver algo estrutural que subestimamos nos últimos três anos. Seria supostamente algum peso das reformas feitas nos últimos seis anos, cujo efeito poderia ter aparecido antes, mas a pandemia embaralhou e talvez agora apareça algum aumento de produtividade e alguma mudança mais estrutural", disse. "Acredito que algum peso deste efeito pode estar aparecendo no mercado de trabalho e no investimento privado em proporção ao PIB, que passou da casa dos 14% para a dos 19% a 20%."

Para Celso Toledo, da LCA, reformas estruturais demoram para trazer benefícios e é muito difícil separar em tempo real o efeito delas. "Dito isso, a aprovação da reforma trabalhista, do teto de gastos e da reforma da previdência, além dos marcos [como saneamento e gás] certamente trouxeram benefícios", afirma Toledo.

Para ele, o choque da pandemia dificultou a identificação dos possíveis impactos, mas agora já é possível dizer que as coisas estão "mais próximas do normal". "Talvez o crescimento maior reflita um pouco esses efeitos. Os desmontes posteriores e tentativas de desmontes adicionais vão cobrar um preço no futuro", diz.

5. A narrativa política

O resultado também terá um efeito na construção da política econômica. A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, se apressou em dizer que o dado mostra que o país está voltando a crescer. Para ela, há espaço para crescer e que o país pode chegar a um PIB final em 2023 de 2,3% — estimativa superior à do próprio governo, de 1,9%.

O governo já lançou uma campanha para enaltecer o "Pibão" e a posição do país em um ranking do crescimento de PIB no ano de países da OCDE, que agrupa países ricos.

Invariavelmente, o governo, especialmente a ala econômica, cujo maior representante é o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, terá um argumento convincente para pressionar pela queda da taxa de juro, esperada para setembro deste ano.

A narrativa tende a esquentar o debate às vésperas da reunião do Conselho Monetário Nacional, que ocorre em meados de junho. Na reunião, espera-se que a meta de inflação seja mantida em 3,5%.

6. O que esperar do PIB do Brasil em 2023?

O resultado desta quarta-feira, 1º, deve forçar uma revisão generalizada das casas de análises e agentes econômicos do PIB deste ano. As estimativas variam, mas passam para uma faixa de 1,5% a 2,6%.

O Goldman Sachs, por exemplo, revisou sua projeção de alta do PIB em 2023 de 1,75% para 2,6%. Segundo o "Valor Econômico", movimento semelhante aconteceu com a MB Associados (de 1,3% para 2,1%), a Capital Economics (1% para 2,3%) e o Credit Suisse (1,3% para 2,1%).

Mas há alguns sinais de alerta. "A concentração do resultado no PIB agropecuário coloca em dúvida a sustentação deste movimento, tanto que, apesar deste resultado expressivo acreditamos que os números dos próximos trimestres deverão ficar mais próximos da estabilidade", diz Luís Otávio, da G5. "Vamos rever o nosso PIB de 2023 de 1,5% para 2,3%. Ou seja, um “pibão” com gosto de “pibinho”, mas que já garante um “pibão” para 2023."

Opinião semelhante à de Rafaela Vitória, do Inter. "O crescimento do primeiro trimestre deixa um carrego para o ano de mais de 2%, mas como o desempenho mais forte do agro foi concentrado no primeiro trimestre pode resultar em alguma acomodação nos próximos trimestres", avalia.

Agência Brasil - DF   02/06/2023

Beneficiada pela safra de soja e pelas exportações de petróleo e de minério de ferro, a balança comercial registrou, em maio, o maior superávit para todos os meses desde o início da série histórica, em 1989. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o país exportou US$ 11,378 bilhões a mais do que importou em maio.

O valor representa mais que o dobro do saldo positivo em maio do ano passado, que totalizou US$ 4,958 bilhões. No mês passado, as exportações somaram US$ 33,067 bilhões, também o maior valor para todos os meses desde 1989. A alta chegou a 11,6% em relação a maio do ano passado pelo critério da média diária.

O saldo também foi impulsionado pela queda nas importações. Em maio, o país comprou US$ 21,689 bilhões, recuo de 12,1% também pelo critério da média diária na mesma comparação.

Com o resultado de maio, a balança comercial acumula superávit de US$ 35,285 bilhões nos cinco primeiros meses de 2023. O resultado é o mais alto da série histórica para o período e 39,1% superior ao dos mesmos meses do ano passado, também pelo critério da média diária.

No caso das exportações, a alta deve-se mais ao aumento do volume comercializado que dos preços internacionais das mercadorias. No mês passado, o volume de mercadorias exportadas subiu em média 29,3% na comparação com maio do ano passado, enquanto os preços médios recuaram 13,7%.

Nas importações, a quantidade comprada subiu apenas 0,3%, refletindo a desaceleração da economia, mas os preços médios caíram 13,1%. A queda dos preços foi puxada principalmente por combustíveis e por adubos e fertilizantes, itens que ficaram mais caros após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, mas estão voltando ao preço normal. Os preços dos fertilizantes químicos, que subiram fortemente no ano passado, caíram 47,6% entre maio de 2022 e de 2023.
Setores

Todos os três setores avaliados apresentaram crescimento das exportações em relação a maio do ano passado. As exportações do setor agropecuário subiram 15,7%. As vendas da indústria extrativa cresceram 12,8%, e as da indústria de transformação aumentaram 8,5%.

No setor agropecuário, o início da safra de soja pesou mais na alta das exportações, apesar da queda de diversas commodities (bens primários com cotação internacional). O preço médio recuou 14% em maio na comparação com o mesmo mês de 2022, enquanto o volume de mercadorias embarcadas subiu 34,3%. Na indústria de transformação, a quantidade exportada subiu 16,6%, com o preço médio caindo 6,5%.

Na indústria extrativa, que engloba a exportação de minérios e de petróleo, a quantidade exportada subiu 51,9%, mas os preços médios recuaram 26,1% em relação a maio do ano passado.

O petróleo bruto voltou a puxar a alta das exportações da indústria extrativa, com o volume exportado subindo 75,7%, apesar da queda de 30,9% nos preços entre maio de 2022 e maio de 2023. Isso ocorreu por causa da retomada de plataformas da Petrobras que estavam em manutenção. Após um ano de altas contínuas, os preços do petróleo estão caindo porque os efeitos da guerra na Ucrânia e da recuperação econômica após a fase mais aguda da pandemia de covid-19 já foram incorporados às cotações.
Estimativa

Em abril, a equipe econômica divulgou a segunda estimativa de superávit comercial para 2023. O governo projeta saldo positivo de US$ 84 bilhões para este ano, o que representaria alta de 36,8% em relação ao superávit recorde de US$ 62,3 bilhões registrados em 2022.

As estimativas oficiais são atualizadas a cada três meses. As previsões estão mais otimistas que as do mercado financeiro. O boletim Focus, pesquisa com analistas de mercado divulgada toda semana pelo Banco Central, projeta superávit de US$ 60 bilhões neste ano.

O Estado de S.Paulo - SP   02/06/2023

Os números não mentem. Foi dessa forma que a ministra do Planejamento, Simone Tebet, avaliou o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil nos primeiros três meses do governo Lula. Para ela, o resultado desmancha a expectativa pessimista que existia no início do ano em relação à capacidade de reação da economia diante de um cenário de juros altos para conter a inflação.

“Quebra o argumento de que o crescimento impacta demais a inflação e tem de haver uma taxa de juros muito alta”, disse a ministra em conversa, por telefone, com um grupo de jornalistas para comentar os dados do PIB pelo IBGE. “O resultado é uma notícia muito boa e o Brasil está precisando de notícia boa”, disse.

A ministra reforçou que a economia cresceu acima do previsto num quadro de decréscimo das expectativas de inflação do País. Tebet previu o início da queda da taxa Selic, hoje em 13,75% ao ano, pelo Banco Central “em julho e agosto” em 0,25%, ainda que em porcentual menor do que ela disse que gostaria.

A queda dos juros, diz a ministra, vai alimentar “o crédito, a indústria, o varejo, o consumo das famílias” garantindo um crescimento maior do PIB maior do que 2%. Mesmo se não houver incremento da atividade nos outros trimestres deste ano, o PIB brasileiro irá crescer pelo menos 2,3%, superando significativamente a projeção de mercado que está em 1,3%, apontam os números da assessoria econômica da ministra.

Arcabouço

O incremento da atividade econômica vai ajuda no cumprimento da meta fiscal com o aumento das receitas do governo, previu a ministra. Para ela, essa perspectiva dá credibilidade maior ao novo arcabouço fiscal (que vincula o crescimento dos gastos ao aumento de arrecadação) e confiança no trabalho da equipe econômica de que “não só anuncia, mas faz”.

A ministra do Planejamento destacou que a aprovação do arcabouço fiscal, da reforma tributária até o final de junho na Câmara e os efeitos das medidas adotadas pelo governo vão ajudar ainda mais no crescimento.

Entre as medidas citadas por ela e que ainda não surtiram efeito, a ministra elencou o aumento do salário mínimo, a inclusão de famílias no programa Bolsa Família, correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa e programa para baratear os carros populares. “O carro popular tem uma durabilidade muita temporária. Aquece a economia neste ano. Vai ajudar o setor automobilístico com critérios muito rigorosos”, avaliou. Tebet não quis antecipar novas medidas que poderão melhorar

Agricultura x Indústria

A ministra comentou o desempenho da agricultura, classificado por ela de “extraordinário”. O setor teve alta de 21,6% enquanto o PIB da indústria caiu 0,1%, e o do setor de serviços alta de 0,6%. “Tão importante quanto falar do agronegócio é mostrar o crescimento, ainda que números menores, do setor de serviços. Foi a 11ª elevação consecutiva”, enfatizou.

Com essa diferença de desemprenho entre indústria e serviços, a ministra reforçou a importância da reforma tributária. Tebet defendeu o fortalecimento da indústria para melhorar esse cenário.

“O Brasil cresce mesmo sem a indústria. Imagina com uma indústria fortalecida o que aconteceria?” questionou sem antes lembrar que o agronegócio atua com maior estrutura “sem impacto negativo de carga tributária”. Ou em outras palavras, é um setor menos tributado.

O Estado de S.Paulo - SP   02/06/2023

O crescimento acima do esperado do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre elevou o viés positivo para atividade econômica em 2023, segundo a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda. A projeção atual da equipe econômica é de avanço de 1,9% neste ano e, de acordo com cálculos da pasta, o carry-over (carregamento estatístico) para 2023 já está em 2,4% após o resultado divulgado nesta quinta-feira, 1º, pelo IBGE. Ou seja, esse seria o crescimento do ano se o PIB dos próximos trimestres fosse zero.

A SPE destaca que a expansão de 1,9% no PIB do primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre do ano passado superou a mediana dos economistas ouvidos pelo Projeções Broadcast e a estimativa da própria pasta - ambas em 1,2%. O órgão detalha que o resultado decorre majoritariamente da agropecuária, mas cita os resultados no campo positivo em serviços e no consumo das famílias.

“Esses setores foram impulsionados pelo aumento da renda real disponível das famílias no trimestre, em função do aumento real do valor do salário mínimo, dos adicionais do Bolsa Família e da desaceleração da inflação. Os programas de facilitação de acesso ao crédito para micro, pequenas e médias empresas, em consonância com o aumento da renda disponível, permitiram a criação de empregos no terceiro setor, sustentando o crescimento da massa real efetiva e a demanda das famílias”, avaliou a SPE.

A Fazenda aproveitou para mais uma vez colocar na conta do Banco Central as retrações na indústria, na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, que mede a taxa de investimentos na economia) e nas importações. “O desempenho desses setores, mais sensíveis à política monetária, continuou sendo afetado pelo alto patamar dos juros”, diz a nota.

Sobre a queda nas exportações em relação ao trimestre anterior, a SPE destacou a desaceleração de economias avançadas e emergentes que também seguem com ciclos monetários contracionistas. Além da recuperação menos pronunciada da China, o órgão citou que os preços das principais commodities exportadas pelo Brasil repercutem o ritmo lento da economia mundial e a “supersafra” doméstica.

O Estado de S.Paulo - SP   02/06/2023

O programa de incentivo à compra de carros populares se tornou mais uma pedra no sapato do governo Lula. Buscando uma forma de reduzir os danos de uma medida que vai contra tudo que sua pasta defende na área tributária, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o plano é “tópico” e que os descontos devem durar “três ou quatro meses”. Já o secretário de Desenvolvimento Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Uallace Moreira, disse ao Estadão que o pacote é um “tiro de curto prazo” que duraria até um ano e “no mínimo quatro meses”.

A divergência não é mero detalhe nem equívoco de uma das partes. Para o MDIC, quanto maior o prazo da proposta, maior a chance de adesão de montadoras aos seus termos. Para o Ministério da Fazenda, quanto menor a duração do plano, melhor a chance de atingir a desafiadora meta fiscal – um déficit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.

O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou que a renúncia tributária deve ficar entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões, “ou um pouco mais”. A falta de convicção sobre as estimativas foi uma tentativa de rebater a precisão de cálculos de especialistas, para os quais o programa terá um custo de R$ 8 bilhões se vigorar por 12 meses. A prioridade da Fazenda, agora, é encontrar maneiras de compensar as perdas que o plano poderá causar à arrecadação. Entre as alternativas em estudo está a taxação das apostas esportivas, proposta que ignora o fato de que os jogos de azar nem sequer são legalizados no Brasil.

Para além das questões fiscais e operacionais mais imediatas, o governo precisará lidar com a confusão que ele mesmo criou quando decidiu anunciar o pacote do carro popular exatamente no Dia da Indústria. Agora, o MDIC expressou preocupação com a possibilidade de que esse arremedo seja confundido com o plano de reindustrialização – ou neoindustrialização – que será lançado até o fim do ano, com base nas missões definidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, o antigo Conselhão.

De fato, o receio não é infundado, pois o episódio é uma excelente oportunidade para observar a contradição entre o discurso e a prática do governo. Entre os vários temas que o Conselhão definiu para serem enfrentados pela política industrial estão a descarbonização da indústria, a viabilização da transição energética e a mobilidade sustentável para o bem-estar nas grandes cidades. Dias depois, em artigo publicado neste jornal, o presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin destacaram que a neoindustrialização requer iniciativa, planejamento e gestão. “Fazer política industrial não é questão de ‘sim ou não, mas de como’”, defenderam.

Analisemos, portanto, o “como”, no caso, o incentivo ao carro popular, primeira e, por enquanto, única iniciativa do governo com foco na indústria. Nada mais inadequado para o enfrentamento dos desafios listados pelo Conselhão do que o incentivo ao transporte individual. Nada mais improvisado do que uma proposta anunciada sem que tenha havido sequer definição prévia sobre o prazo e o valor da renúncia fiscal. Nada mais arcaico, em oposição ao sufixo do termo neoindustrialização, do que o resgate de políticas públicas que já não deram certo no passado. Nada mais inconsequente do que anunciar descontos e não aplicá-los imediatamente – os consumidores adiaram a compra do carro novo à espera do tal desconto, e as vendas despencaram.

E assim o governo criou uma armadilha para si mesmo e para sua ambiciosa política industrial. Foram dadas as condições para que toda a cadeia automotiva, inclusive fabricantes de caminhões, obtenha a extensão do prazo e ainda mais vantagens para aderir ao programa. Com a porteira aberta pelo próprio Palácio do Planalto, é questão de tempo para que o restante da indústria faça fila nos gabinetes de Brasília em busca de benefícios semelhantes. Com que moral o governo poderá rejeitar esses pedidos? Se é assim que o Executivo pretende reverter a desindustrialização, já é possível antever os resultados.

O Estado de S.Paulo - SP   02/06/2023

Setor mais fraco da economia brasileira, a indústria continuou derrapando no primeiro trimestre e confirmando a importância do plano de “neoindustrialização” anunciado pelo governo e inscrito no topo da agenda do vice-presidente Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. A produção industrial nos primeiros três meses foi 0,1% menor que no período de outubro a dezembro e 1,9% maior que um ano antes. Comparações com as mesmas bases apontaram taxas de expansão de 1,9% e 4% para o Produto Interno Bruto (PIB), sustentadas pela agropecuária e pelos serviços. Em um ano a indústria produziu 2,4% mais que nos 12 meses anteriores, enquanto o campo e o setor de serviços apresentaram avanços de 6% e 3,9%.

Com a desindustrialização, facilmente identificável há pelo menos uma década, o Brasil tem revertido a trajetória mantida com razoável firmeza nos seis decênios posteriores ao fim da Segunda Guerra Mundial. Talvez os mais otimistas entendam a mudança como um ingresso na era pós-industrial, um processo observável nos países mais avançados. Não há, no entanto, no caso brasileiro, a passagem para uma fase mais avançada. Neste século alguns segmentos da indústria se modernizaram e se tornaram mais competitivos, mas a maior parte da atividade fabril se enfraqueceu e perdeu peso no quadro internacional.

Entre 2005 e 2021, a indústria brasileira de transformação recuou da 9ª para a 15ª posição no ranking global do setor, segundo estatísticas das Nações Unidas. O descompasso acentuou-se de forma continuada na última década.

As organizações setoriais vêm cobrando, há anos, mudanças na tributação, nas condições de financiamento e nas políticas de formação de mão de obra e de modernização tecnológica. O problema do financiamento agravou-se a partir de 2022, com a grande elevação dos juros básicos, agora situados em 13,75%.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem pressionado o Banco Central (BC) para reduzir os juros, mas a política monetária, com a definição das condições de financiamento, depende em boa parte das perspectivas das contas públicas. O governo demorou para indicar como pretende conduzir suas finanças, dificultando a adoção de uma política mais branda pelo BC. Talvez se possa iniciar essa política no fim deste semestre ou no começo do próximo. Mas uma política de revitalização e de modernização da indústria requer um conjunto maior de ações.

Se o governo conseguir implantar essa política, o setor industrial poderá retomar papéis mantidos por várias décadas - de motor do crescimento econômico, da modernização tecnológica e da geração de empregos de alta qualidade. Essa política deverá propiciar, entre outras mudanças, uma participação maior do setor manufatureiro nas exportações, com menor concentração de vendas no mercado sul-americano e menor dependência do agronegócio como gerador de dólares. O agro deverá continuar dinâmico e competitivo, mas num quadro de maior equilíbrio - se o presidente Lula vencer seus preconceitos contra o setor rural.

Globo Online - RJ   02/06/2023

A alta de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre do ano surpreendeu analistas de mercado e começou a aproximá-los das previsões mais otimistas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Um forte avanço da agropecuária, de 21,6%, deu fôlego à atividade econômica do país no primeiro trimestre deste ano.

O indicador divulgado ontem pelo IBGE, medindo a temperatura da economia nos três primeiros meses do governo Lula, levou a um movimento de revisões nas projeções de gestoras e bancos para o crescimento da economia em 2023. Estimativas agora apontam para alta acima de 2% no ano, ante projeções anteriores de 1% a 1,8%.

Haddad também renovou o otimismo e afirmou que a economia pode crescer mais de 2% neste ano:

— Estamos há algum tempo dizendo que o PIB deste ano vai bater 2%. Estão se comprovando as projeções da Secretaria de Política Econômica (da Fazenda). Nós devemos ter cautela também, porque o agro veio muito forte e precisamos começar a pensar e ter cuidado com 2024, para manter a economia gerando emprego — disse Haddad, em conversa com jornalistas na Fazenda ontem.

A principal justificativa dos economistas para esperar mais do resultado até o fim do ano é a “herança estatística”, o impacto positivo causado pela alta de janeiro a março nos próximos trimestres. Especialistas esperam ainda um impulso adicional da agropecuária, dos serviços e do consumo das famílias.

Agro como motor

A economia avançou quase 2% no início do ano graças a uma safra recorde de soja. O crescimento do agronegócio, de 21,6%, foi o maior desde 1996. A XP, por exemplo, esperava alta de 12% do setor no período.

Claudio Considera, coordenador de Contas Nacionais do Ibre/FGV, explica que as colheitas de soja e milho se concentram nos primeiros quatro meses do ano, então a tendência é que a alta observada de 1,9% não se repita nos próximos trimestres. Ainda assim, explica ele, a renda da agropecuária se espalha para outros setores da economia, o que impulsiona parte da atividade:

— O efeito de multiplicação vai além da puxada no setor de serviços de transportes. O agro também leva a uma renda adicional na economia. O resultado é bom, mas, infelizmente, não vai se manter nesse padrão no resto do ano.

Produtor de cana no interior de São Paulo, Gilberto Fillipini está otimista com sua produção este ano, que deve crescer 20% em relação a 2022. Mesmo assim, está apreensivo com o futuro do setor depois da troca de governo:

— No ano passado, a falta de chuva nos atrapalhou e colhemos menos. Mantivemos nosso investimento e a mesma área plantada, de 240 hectares, e este ano vamos recuperar. Mas estamos esperando para saber qual será a política agrícola do novo governo.

Impacto na arrecadação

Segundo cálculo do economista-chefe da Warren Rena, Felipe Salto, feito para o blog da colunista do GLOBO Míriam Leitão, se o PIB crescer 1 ponto a mais do que era projetado por economistas, a arrecadação de impostos federais aumentará pelo menos R$ 20 bilhões, facilitando o cenário fiscal pelo menos para o primeiro ano do governo Lula.

Se as projeções para a economia em 2023 se confirmarem, será um crescimento mais próximo ao observado no ano passado, quando a economia avançou 2,9%. Foi a segunda alta após o baque de 2020, quando o PIB despencou 3,3% em razão da crise causada pela pandemia.

O banco Goldman Sachs tem a previsão mais otimista: a projeção passou de 1,75% para 2,6%. Segundo Alberto Ramos, diretor do Departamento de Pesquisa Econômica para a América Latina, a atividade se beneficiará tanto das transferências de renda do governo para famílias de baixa renda, quanto do mercado de trabalho, que segue com aumento na ocupação no setor de serviços.

Outro fator é a perspectiva favorável para os preços dos alimentos diante da maior oferta de produtos agrícolas com a safra recorde.

O Credit Suisse, que revisou a projeção do PIB de 1,3% para 2,1%, ressaltou que o crescimento acima do esperado no primeiro trimestre impulsionou serviços relacionados à atividade, como transporte e armazenagem. Segundo os economistas Solange Srour, Rafael Castilho e Francisco Lima Filho, que assinam o relatório, a supersafra deverá seguir contribuindo com as demais atividades no ano.

Apesar do crescimento das expectativas, economistas ressaltam a perspectiva de desaceleração da atividade econômica ao longo do ano. Por isso, há contrapesos nessa balança.

Felipe Kotinda, economista do Santander, explica que o resultado do primeiro trimestre implica um herança estatística de 2,4% para 2023, e ressalta que o resultado positivo do setor agrícola deve ter impacto nas próximas leituras. Ainda assim, vê efeitos negativos que pesam no cenário:

“Ainda acreditamos que a dinâmica apresentada desde o quarto trimestre de 2022 evidencia que as condições financeiras estão sufocando as atividades cíclicas, e as perspectivas permanecem desafiadoras em meio a uma política restritiva do Banco Central e uma esperada desaceleração do crescimento global”, escreveu, em comentário.

A MB Associados também aumentou sua projeção para o crescimento da economia este ano. Passou de 1,3% para 2,1%, mas tudo indica que deve ser ainda mais alto, com novas revisões.

“Mesmo para entregar esses números, os demais trimestres do ano precisariam cair na margem. Ou seja, para crescer 2,1% teríamos que ter uma recessão em todo o restante do ano. Não parece ser o caso em um momento de discussão de início de queda de juros no segundo semestre, inflação desacelerando e mercado de trabalho dando sinais ainda fortes até abril", diz o relatório divulgado ontem.

"Há chances reais de revisões serem feitas para cima e um PIB que no começo do ano parecia perdido, conseguirá reverter a tendência por conta das commodities”, continua o relatório.

MINERAÇÃO

Infomoney - SP   02/06/2023

Os contratos futuros do minério de ferro de Dalian e Cingapura atingiram seu nível mais alto em duas semanas nesta quinta-feira (1), uma vez que o sentimento melhorou com as perspectivas das políticas de estímulo chinesas para reativar a economia, dados de atividade industrial melhores do que o esperado e maiores preocupações com interrupções na oferta.

Dados fracos de manufatura aumentaram as expectativas de apoio para a indústria, disseram analistas do banco de investimentos ANZ em nota matinal.

O índice oficial de gerentes de compras (PMI) da manufatura divulgado na quarta-feira havia caído para 48,8, o menor nível em cinco meses, contribuindo para uma ampla fraqueza no mercado de metais ferrosos naquele dia.

No entanto, o PMI global Caixin/S&P subiu para 50,9 em maio, de 49,5 em abril, acima da marca de 50 pontos que separa crescimento de contração, mostraram dados na quinta-feira. A leitura superou as expectativas de 49,5 em uma pesquisa da Reuters.

Uma possível interrupção no fornecimento também preocupa, embora alguns analistas tenham minimizado esse impacto.

O grupo sul-africano de logística de carga Transnet suspendeu as operações em sua principal linha ferroviária de minério de ferro devido ao roubo de cabos, informou a empresa em comunicado na quarta-feira.

O minério de ferro mais negociado em setembro na Dalian Commodity Exchange (DCE) encerrou as negociações diurnas com alta de 5,77%, a 743 iuanes (US$ 107,49) a tonelada, a maior alta desde 18 de maio.

O minério de ferro de referência de junho na Bolsa de Cingapura subiu 3,38%, para US$ 104,65 a tonelada, a maior alta desde 19 de maio.

“Não achamos que terá um grande impacto no mercado, já que a suspensão temporária do transporte provavelmente afetará apenas o ritmo dos embarques, sem reduzir muito os volumes gerais de embarque”, disse Cheng Peng, analista da Sinosteel Futures em Pequim.

Os demais ingredientes siderúrgicos – carvão metalúrgico e coque subiram 3,58% e 2,87%, respectivamente.

Os preços mais altos das matérias-primas também sustentaram os preços do aço. O vergalhão na Bolsa de Futuros de Xangai subiu 2,84%, para 3.546 iuanes por tonelada, a bobina laminada a quente teve alta de 3,1% e o aço inoxidável subiu 2,31%.

Valor - SP   02/06/2023

Expectativa é que a Justiça cancele as datas da assembleia em função do acordo vinculante fechado na quarta-feira (31) entre a companhia, suas sócias, Vale e BHP Billiton Brasil, e seus credores financeiroso investimento que o Valor faz na qualidade de seu jornalismo.

A Samarco, em recuperação judicial desde abril de 2021, tem assembleia geral de credores para aprovar o novo plano marcada para os dias 16 e 23 de junho. Mas a expectativa é que a Justiça cancele essas datas em função do acordo vinculante fechado na quarta-feira (31) entre a companhia, suas sócias, Vale e BHP Billiton Brasil, e seus credores financeiros.

O juízo da recuperação judicial pode marcar uma nova data mais à frente. “Formalmente, não há necessidade de uma nova assembleia. O plano adaptado com as regras do acordo vinculante pode ser aprovado por termo de adesão”, observou o diretor de recuperação da Samarco, Luiz Fabiano Saragiotto.

O acordo foi comemorado pela Samarco e por suas sócias em comunicados enviados na noite de quarta-feira. “O acordo atinge todos os nossos objetivos. Vamos conseguir aprovar o plano de recuperação judicial e partir com uma estrutura de capital equalizada”, afirmou nessa quinta (1º) Saragiotto, em entrevista ao Valor.

O executivo destacou como pontos positivos do acordo vinculante a garantia de recursos para investir na descaracterização de barragem e na retomada da produção.

Também foi definido o limite de US$ 1 bilhão a ser pago pela Samarco, entre 2024 e 2031, para o cumprimento dos compromissos de reparação pelo rompimento da barragem de Mariana, pela Fundação Renova. Foi fixado o limite de US$ 200 milhões anuais entre 2024 e 2026 e de US$ 100 milhões por ano de 2027 a 2031.

Os valores a serem pagados para a Renova que superarem esse limite serão pagos pela Vale e pela BHP e integralizados ao capital da Samarco.

Da dívida de R$ 24 bilhões que a Samarco tem com as sócias, R$ 19 bilhões ficarão como dívida subordinada da Samarco. Não serão cobrados juros, e o pagamento será feito a partir de 2036.

“Foi feito um alinhamento para garantir geração de caixa para as atividades e o pagamento das dívidas com os credores financeiros. Essas dívidas foram quebradas em notas que vencem em oito anos e em empréstimos que vencem em 2035”, afirmou Saragiotto.

A emissão de notas seniores será feita a mercado em Nova York. A Samarco terá restrições para tomar crédito até quitar as dívidas com os credores financeiros.

A exceção será a possibilidade de tomar crédito para operações de exportação ou investimentos na expansão da capacidade produtiva. “A Samarco poderá pegar recursos no mercado ou dos sócios a partir de 2026, para se autofinanciar”, disse Saragiotto.

Na avaliação do executivo, o acordo estabilizará a estrutura de capital da Samarco e deixa a companhia em condições confortáveis para focar na conclusão de outros acordos, como a repactuação do acordo de Mariana.

Money Times - SP   02/06/2023

As exportações de minério de ferro do Brasil cresceram 38,3% em maio ante o mesmo mês do ano passado, para 35,18 milhões de toneladas, o maior volume em oito meses, apontaram dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) nesta quinta-feira.

O montante representa também uma alta de quase 40% ante o mês anterior, quando foram registradas 25,2 milhões de toneladas.

O volume de maio foi o maior desde setembro, quando as vendas externas de minério de ferro somaram 36,1 milhões de toneladas.

Setembro é um mês em que historicamente os embarques do Brasil são fortes, já que chove menos no Norte do país, onde está Carajás, a maior mina do Brasil, da Vale.

A receita com os embarques também avançaram, apesar de um recuo nos preços da commodity, para 2,92 bilhões de dólares em maio, alta de 6,7% na comparação anual.

O preço do minério de ferro, segundo a Secex, somou 83 dólares a tonelada em maio, queda de 22,9% versus o mesmo mês de 2022.

A Vale, maior exportadora de minério de ferro do Brasil, informou anteriormente ter enfrentado no primeiro trimestre restrições de carregamento no Terminal Ponta da Madeira, no Maranhão, com impacto do período chuvoso na formação das pilhas nos estoques e manutenção não programada em equipamentos do porto.

Tais restrições explicaram uma queda de 10,6% nas vendas da mineradora entre janeiro e março, apesar de um crescimento de 5,8% da produção.

Na ocasião, a empresa afirmou que deveria compensar o impactos no segundo semestre, mantendo seu plano anual de vendas inalterado.

Valor - SP   02/06/2023

Companhia entrou em recuperação judicial em abril de 2021, com uma dívida de R$ 50,5 bilhões

O acordo fechado pela Samarco com suas sócias Vale e BHP Billiton Brasil e com credores financeiros para conseguir aprovar o seu plano de recuperação judicial prevê o pagamento das dívidas com as suas sócias só a partir de 2036.

O acordo também estabelece três alternativas de pagamento para os outros credores financeiros (veja abaixo).

A Samarco entrou em recuperação judicial em abril de 2021, com uma dívida de R$ 50,5 bilhões. Do total, mais de R$ 26 bilhões são dívidas com fundos estrangeiros que adquiriram títulos da Samarco emitidos antes de 2015, quando houve o rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana (MG) e as atividades da mineradora foram suspensas.

O passivo com Vale e BHP é da ordem de R$ 24 bilhões e corresponde a títulos de adiantamentos feitos à Samarco desde 2015 em sua maioria.

Pelo acordo vinculante fechado na quarta-feira (31) entre as partes, os créditos da Vale e da BHP serão convertidos em debêntures, no valor de US$ 2,2 bilhões e os vencimentos serão depois de 2036. Novos pedidos de pagamentos das sócias à Fundação Renova, para fazer frente a alguma dificuldade da Samarco de efetuar esses pagamentos, serão integralizados como capital da mineradora.

“Essas debêntures serão emitidas em reais, não terão juros e não terão obrigação de vencimento antes de 2036. Se a Samarco gerar caixa adicional até lá ela poderá usar esse valor para pré-pagar a dívida com as sócias”, observou Luiz Fabiano Saragiotto, diretor de reestruturação da Samarco.

A definição do pagamento das sócias após a Samarco pagar os demais credores foi um ponto decisivo para o fechamento do acordo vinculante.

Desde que entrou em recuperação judicial, as negociações entre credores financeiros e a Samarco empacavam na questão do pagamento das dívidas da empresa com suas sócias. Havia um entendimento por parte dos credores financeiros que Vale e BHP deveriam responder de forma solidária pelos pagamentos à Fundação Renova das ações de reparação e indenizações aos atingidos pelo rompimento da barragem de Mariana. E, portanto, os pagamentos feitos pelas sócias no período em que a Samarco não operava não deveriam ser consideradas dívidas na recuperação judicial.

Mas a Justiça entendeu que a Samarco é responsável pelos pagamentos à Renova e, somente quando não tiver condições financeiras de fazer esses pagamentos, as sócias devem arcar com essa dívida.

Acordo da Samarco prevê três alternativas para pagar credores financeiros

O acordo vinculante firmado entre a Samarco, suas sócias Vale e BHP e os credores financeiros prevê três alternativas de pagamento aos credores financeiros.

A empresa, em recuperação judicial desde abril de 2021, negocia no plano dívidas de R$ 50,5 bilhões, sendo mais de R$ 26 bilhões em débitos com esses credores.

A Samarco propôs no acordo a emissão de notas, até 31 de dezembro deste ano, em duas tranches. Há também uma terceira alternativa, caso os credores financeiros não optem pelas duas.

Tranche A

A Samarco emitirá até US$ 3,566 bilhões de notas com vencimento em 2031 para os credores financeiros que aceitarem essa proposta, em troca do cancelamento dos seus créditos.

Na tranche A serão emitidas notas seniores sem garantia, de US$ 250 milhões, com vencimento em 30 de junho de 2031. Cada credor financeiro receberá os novos títulos em substituição aos créditos que possuem, na proporção de 0,75 para 1.

Os juros sobre o valor principal das notas será pago trimestralmente. Os juros serão de 9% ao ano, no período de julho de 2023 a dezembro de 2025. Em 2026, os juros serão de 4% ao ano à vista, ou 5% ao ano com capitalização dos juros ao valor principal (em vez do pagamento em dinheiro). Em 2027, os juros serão de 5,5% à vista ou 3,5% com capitalização dos juros. Em 2028 e 2029 os juros serão de 9,25% ao ano e, em 2030 e 2031, os juros serão de 9,5% ao ano.

Tranche B

Os credores que não optarem pela tranche A podem receber empréstimos seniores sem garantia emitidos pela Samarco com valor igual ao valor do crédito que possuem, com vencimento em 2035. Os juros serão pagos trimestralmente.

Os juros serão de 5,75% ao ano, no período de julho de 2023 a dezembro de 2029, pago em espécie. A partir de 2030, os juros serão de 5% ao ano, com pagamento em dinheiro.

Haverá pagamentos de amortização de US$ 75 milhões por ano, a pagar a partir de 30 de junho de 2032 e todo 30 de junho até o vencimento, em 2035.

Alternativa

Os credores financeiros que não optarem pela tranche A nem pela tranche B podem optar por receber um título de dívida de longo prazo, com correção monetária pela Taxa Referencial (TR) e juros, pagos em dinheiro. A taxa de juros será estabelecida pelo plano de recuperação judicial. Esses títulos poderão ser recomprados pela Samarco a qualquer momento, com um desconto de 85%.

Outros credores

Luiz Fabiano Saragiotto, diretor de reestruturação da Samarco, disse que os credores trabalhistas, micro e pequenas empresas e grandes fornecedores receberão os seus créditos nos mesmos termos já definidos anteriormente, no plano de recuperação judicial que já apresentado.

A proposta é fazer o pagamento integral a esses credores, com correção inflacionária e monetária. “Acho que a proposta deve ser aprovada por esses credores. Eles já haviam aprovado em sua maioria na assembleia passada”, afirmou Saragiotto.

O acordo precisa ser aprovado em assembleia de credores e pela Justiça brasileira. Também precisa ser reconhecido pelo Tribunal de Falências para o Distrito Sul de Nova York, nos EUA.

Máquinas e Equipamentos

Construção Latino-americana - SP   02/06/2023

Uma das principais razões para esse crescimento é o desempenho dos fabricantes norte-americanos, que responderam por mais de 26% da receita total da Yellow Table, acima dos 21% da lista mais recente.

A Tabela Amarela completa, com uma análise aprofundada, pode ser vista na última edição da revista International Construction.
Os dez maiores fabricantes de equipamentos de construção do mundo em 2022 foram:

10. JCB, Reino Unido

A JCB entra no top 10 pela primeira vez em vários anos, com fortes vendas que foram particularmente impulsionadas pelo mercado indiano. Notavelmente, o OEM está investindo fortemente na tecnologia de hidrogênio.

9. Sandvik, Suécia

Outra subida na tabela para a Sandvik: a empresa estava em décima posição no ano passado. A empresa vem fazendo inúmeras aquisições, o que explicaria, pelo menos em parte, sua posição mais elevada. No ano passado, a empresa comprou Akkurate.

8. Hitachi, Japão

A Hitachi teve vendas de equipamentos de construção de US$ 9,2 bilhões, um aumento constante em relação ao resultado final do ano passado. Em 2022, a marca viu o fim de sua joint venture com a John Deere, com o presidente da Hitachi, Sonny Ishii, dizendo na ConExpo que “o mercado das Américas é o mercado mais importante ou prioritário para a Hitachi Construction Machinery”.

7.Liebherr, Alemanha

A Liebherr experimentou um bom crescimento em 2022. Em seu próprio relatório, disse que seus segmentos de construção e mineração (terraplenagem, tecnologia de manuseio de materiais, máquinas para fundações profundas, guindastes móveis e sobre esteiras, guindastes de torre, tecnologia de concreto e equipamentos de mineração) tiveram um aumento médio de 6,9% no faturamento. A Liebherr diz que está adotando uma abordagem de tecnologia neutra para sua pesquisa, incluindo o aumento do uso de óleos vegetais hidrogenados (HVOs), para uso potencial em equipamentos de construção.

6. Volvo Construction Equipment

Ajustando pela moeda, a Volvo Construction Equipment (Volvo CE) teve vendas de US$ 9,9 bilhões, mantendo-se em sexto lugar. A empresa é uma das OEMs líderes quando se trata de equipamentos elétricos de construção, com uma das maiores gamas disponíveis no mercado, incluindo sua nova escavadeira elétrica a bateria de 23 toneladas.

5.Sany, China

A Sany, com sede na China, caiu uma posição na parada, do número quatro para o número cinco. O mercado de construção chinês enfrentou desafios em 2022 após dois anos fortes, portanto, esperava-se uma queda geral nos OEMs baseados na China.

4. John Deere, EUA

A John Deere, com sede nos Estados Unidos, aumentou sua classificação na Tabela Amarela em uma posição, assim como na tabela anterior. A compra do Wirtgen Group pela empresa foi um sucesso e permitiu que a empresa acessasse novos mercados. A Construcción Latinoamericana entrevistou recentemente Roberto Marques, diretor comercial de construção e florestal da John Deere no Brasil.

3.XCMG, China

Apesar da queda nas vendas, a XCMG continua sendo a terceira maior OEM do mundo. Como é o caso de todos os principais OEMs chineses, a empresa está buscando ativamente aumentar sua participação no mercado internacional e seus resultados mais recentes mostraram vendas recordes no exterior. Um de seus principais executivos acredita que mais crescimento está no horizonte nesses mercados.

2. Komatsu, Japão

A Komatsu continua em segundo lugar na lista e ampliou a distância entre ela e o restante da tabela com vendas que, quando ajustadas pela moeda, foram semelhantes às da última Tabela Amarela. O OEM anunciou recentemente o desenvolvimento de um conceito de escavadeira hidráulica de tamanho médio, alimentado por uma célula de combustível de hidrogênio. A fabricante disse que o desenvolvimento da máquina está alinhado com seu objetivo de alcançar a neutralidade de carbono em equipamentos de construção.
1. Caterpillar, EUA

A Caterpillar mantém sua posição tradicional como a maior fabricante de construção do mundo, com vendas de US$ 37,5 bilhões, aproximadamente 16% do total de toda a tabela. Um executivo sênior da OEM disse recentemente à International Construction sobre os planos da OEM em relação à sustentabilidade e novas tecnologias.

AUTOMOTIVO

G1 - RJ   02/06/2023

A Volkswagen anunciou nesta quinta-feira (1º) que cancelou o layoff que estava previsto para os trabalhadores da planta de Taubaté, no interior de São Paulo. O anúncio ocorre uma semana após o governo federal comunicar o corte de impostos para reduzir o preço dos carros populares.

Em maio, a montadora havia informado que colocaria cerca de 800 trabalhadores em layoff, um modelo de suspensão temporária de trabalho, pelo período entre dois e cinco meses, começando no dia 1º de junho.

Na época, a empresa não informou o motivo da suspensão, apesar disso, o Sindicato dos Metalúrgicos disse que a montadora alegou queda nas vendas de carros, impactada pela alta dos juros no país.

Dias depois, a empresa voltou atrás e informou que devido a um ajuste da produção para atender uma demanda pontual do mercado, a medida seria suspensa temporariamente.

Agora, a Volks comunicou o cancelamento do layoff. No comunicado enviado para a imprensa, a montadora disse que a decisão é motivada pelas novas perspectivas para a demanda de vendas no setor automobilístico.

O posicionamento da Volks ocorre após o governo federal anunciar, na semana passada, um programa que prevê descontos de até 10,96% no preço dos carros populares. O incentivo será voltado a veículos de até R$ 120 mil.

Atualmente, em Taubaté a empresa produz o Novo Polo e o Polo Track, novo carro de entrada da Volkswagen que substituiu o Gol. A fábrica conta com cerca de 3 mil trabalhadores.

Automotive Business - SP   02/06/2023

A XCMG pretende produzir caminhões elétricos no Brasil, em sua fábrica instalada em Pouso Alegre (MG), em dois anos. Até lá, disse o vice-presidente Tian Dong, vice-presidente na região, a empresa espera construir uma rede local de fornecedores e, também, aguardar novas políticas industriais voltadas para o segmento de veículos elétricos.

"Vamos passo a passo. O primeiro foi trazer ao mercado brasileiro uma oferta de modelos importados. A próxima será construir uma rede fornecedores locais para inciar a produção em dois anos", contou o executivo na quinta-feira, 1º, durante lançamento de linha de caminhões em Araçariguama (SP).

Ainda de acordo com o executivo, a ideia é que em um primeiro momento seja realizada na fábrica de Minas Gerais a montagem de chassis e cabines por meio de componentes produzidos localmente por fornecedores. Baterias e outros componentes do powertrain elétrico, como controladores de inversores, serão importados da China, onde fica a sede da fabricante.

Dong explicou que esse primeiro estágio enquadria os caminhões elétricos da empresa no escopo do Finame, que é a linha de crédito do BNDES que financia a aquisição de máquina e equipamentos. Para acessar aos recursos do banco, o produto financiado precisa ter um determinado porcentual de peças e componentes produzidos no país.

A fábrica de Pouso Alegre, inaugurada em 2014, recebeu até hoje US$ 500 milhões e tem capacidade para produzir 10 mil veículos/ano. Ali, por ora, são produzidos os veículos que formam a oferta da companhia para o segmento fora de estrada.
XCMG começa no Brasil com caminhões elétricos importados

Enquanto não produz localmente, a empresa inicia sua operação comercial do mercado de caminhões com modelos importados. Na quinta-feira, a montadora apresentou o caminhão elétrico E7-49T 6x4. O modelo tem capacidade para carregar até 49 toneladas e tem autonomia de 150 km por carga completa. Foi apresentado pela primeira vez na Agrishow, em maio.

Segundo Ricardo Senda, diretor de veículos elétricos, o modelo tem aderência às operações urbanas de última milha e também tem aplicação em operações confinadas. Na oportunidade do lançamento a empresa mostrou uma versão do E7 equipada com um sistema de baterias configurado para operações em que há troca do equipamento por outro já carregado.

"Temos em estoque cerca de 200 veículos para atender ao mercado nacional", disse Senda. "Há algumas unidades em testes em clientes e, por enquanto, iniciaremos as vendas da forma direta. No futuro, queremos contar com uma rede de concessionários", completou.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Valor - SP   02/06/2023

A queda de 0,8% da construção no primeiro trimestre, em relação ao trimestre anterior, reforça a preocupação da Câmara Brasileiro da Indústria da Construção (CBIC) com a dificuldade apresentada para renovar os negócios do setor. Na avaliação da economista da entidade Ieda Vasconcelos, a taxa de juros em patamar alto, atualmente em 13,75%, é o maior obstáculo.

“É uma queda em relação ao final do ano passado que já tinha registrado declínio no setor. É preocupante”, disse Ieda ao Valor. “O resultado mostra a dificuldade da construção de renovar o seu ciclo de negócios em função do alto patamar da taxa de juros. Temos manifestado essa preocupação desde o ano passado”.

A economista comenta que, no fim do ano passado, já havia revisado a previsão de crescimento da construção para 2023 de 2,5% para 2% e adianta que o resultado do primeiro trimestre vai incentivar uma nova revisão com viés de baixa.

“Os números positivos da construção na geração de empregos, por exemplo, se devem as vendas e lançamentos dos últimos dois anos. Mas os novos lançamentos caíram 30% nesse primeiro trimestre”, diz, acrescentando que a taxa de juros, no nível atual, é um entrave para o financiamento imobiliário.

NAVAL

Portos e Navios - SP   02/06/2023

Autoridade portuária informou que fará seleção de um operador transitório, por processo simplificado, devido ao anúncio da APM Terminals sobre encerramento das atividades no terminal a partir de 30 de junho

A Superintendência do Porto de Itajaí (SPI) lançará, na próxima segunda-feira (5), processo licitatório simplificado para celebração de contrato de arrendamento transitório da área operacional nos berços 1 e 2 do terminal. O novo edital levará em conta a decisão, comunicada na última quarta-feira (31) pela APM Terminals, atual arrendatária, de que encerrará suas atividades no Porto de Itajaí a partir de 30 de junho, com o fim do contrato de transição hoje vigente.

O objetivo da licitação será buscar novo parceiro privado para dar continuidade e volume às operações portuárias e movimentações de cargas no terminal neste período transitório, enquanto o governo federal elabora o edital de arrendamento das áreas operacionais do Porto de Itajaí. No certame para celebração de contrato de arrendamento transitório, poderão participar quaisquer operadores portuários interessados, desde que atendam as condições de habilitação e qualificação que estarão previstas no edital.

Para a regularização temporária do uso da área a ser desocupada pela APM Terminals serão observados todos os procedimentos legais e prévias autorizações junto ao Ministério de Portos e Aeroportos (Mpor), Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários (SNPTA) e Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).

A SPI considera importante a adoção de medidas imediatas para evitar a ociosidade da área após a saída da APM e afirma que a intenção é buscar parcerias com operadores portuários que possam realizar a movimentação de contêineres. A autoridade portuária acrescentou que existe uma garantia mínima prevista até a conclusão da licitação para o novo arrendamento, que o governo federal tem previsão de iniciar nos próximos meses. "Faremos um processo licitatório transparente e dentro da legalidade para que o nosso porto retome suas operações o mais breve possível”, destacou em nota o superintendente do Porto de Itajaí, Fábio da Veiga.

O prefeito de Itajaí, Volnei Morastoni, disse que a administração municipal está desde 2017 solicitando constantemente ao governo federal a realização do novo processo de arrendamento do Porto de Itajaí para as próximas décadas, que é o que garantirá mais investimentos, prosperidade e desenvolvimento econômico para o porto, a cidade e o estado.

Morastoni considerou que o anúncio da saída APM Terminals no final de junho, após 20 anos de parceria com o porto, mostra a dificuldade atual dos operadores fecharem contratos neste período de transição. "Seguiremos fazendo a nossa parte, colocando edital na praça, de modo de encontrarmos um novo operador, mas ao mesmo tempo reiteramos ao governo federal para que acabe com essa insegurança e faça logo o leilão definitivo da operação em nosso terminal”, afirmou o prefeiro, que na próxima semana terá audiência em Brasília com o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França.

PETROLÍFERO

Petro Notícias - SP   02/06/2023

O campo de Peregrino, na Bacia de Campos, atingiu a produção de 110 mil barris de petróleo por dia (bpd) neste ano, marca limite do FPSO – Unidade Flutuante de Produção, Armazenamento e Transferência – que opera neste campo. Peregrino é operado pela a Equinor (60%), que tem como parceira no campo a Sinochem (40%). Ele é o primeiro ativo da Equinor no Brasil e é o maior campo produtor operado pela companhia fora da Noruega. Desde 2011, ano do início da produção no campo, mais de 220 milhões de barris foram produzidos com segurança. Veronica Coelho, presidente da Equinor no Brasil, disse que “Graças ao esforço e à dedicação de muitos profissionais, depois de sete meses de operação na Fase 2 de Peregrino, chegamos neste marco importante para a nossa companhia. Este campo conta a história da Equinor no Brasil e é muito gratificante testemunhar seu sucesso não só por aqui, mas também sua representatividade no portfólio global da empresa. Esse marco é também reflexo da maneira como aplicamos nossos pilares estratégicos na condução de nossas operações, assegurando a segurança de nossos funcionários, criando valor local e atuando para diminuir significativamente as emissões de nossas operações.”

Após um extenso programa de manutenção, atualizações e reparos no FPSO e instalação de uma nova plataforma, a Peregrino C, em outubro de 2022 a Fase 2 do campo produziu seu primeiro óleo. A segunda fase estendeu a vida útil do ativo até 2040 e adicionará de 250 a 300 milhões de barris de óleo no campo, enquanto reduz pela metade as emissões de CO2 por barril ao longo da vida útil remanescente do ativo. Em um comunicado , a empresa dia que “Em Peregrino, tecnologia e inovação são importantes aliadas para o aumento de recuperação de óleo dos reservatórios e contribuíram para o marco de 110 mil bpd.” O campo conta com um plano estratégico de Recuperação Avançada de Petróleo, e oportunidades de otimizar e aumentar a produção são constantemente avaliadas.

Raul Portella, vice-presidente de Operações da Equinor no Brasil, afirma que “Na Equinor, temos como prioridade a segurança das pessoas e de nossas operações. Atingir a marca de 110 mil barris, após investirmos em tecnologias e passarmos por um profundo processo de aperfeiçoamentos no ativo é, sem dúvidas, operar com eficiência, segurança e de maneira mais sustentável.” Em setembro de 2022, a companhia implementou seu projeto de importação de gás no campo de Peregrino, substituindo a utilização de diesel por gás natural como fonte energética das operações do campo. O gás é entregue por meio do gasoduto Rota 2, da Petrobrás. Só esta iniciativa é capaz de evitar 100 mil toneladas de emissões de CO2 do campo por ano, cerca de metade das emissões por barril de petróleo produzido, por meio da redução de 80% em consumo de diesel.

TN Petróleo - RJ   02/06/2023

A ANP realizou no dia 30/05 audiência pública sobre a revisão das regras relativas ao acondicionamento e movimentação de gás natural liquefeito (GNL) a granel, por modais alternativos ao dutoviário, tal como o rodoviário. O objetivo é modernizar a regulamentação vigente para contemplar novos modelos de negócio, oferecendo alternativas flexíveis para o desenvolvimento de projetos de GNL de pequena escala e dando maior capilaridade ao gás natural, especialmente em regiões desprovidas de infraestrutura dutoviária.

Na abertura do evento, o Diretor Cláudio Jorge de Souza explicou que atualmente o tema é regulamentado pela Portaria ANP 118/2000. “Decorridos mais de 20 anos de sua vigência, o debate sobre o seu conteúdo se mostra oportuno, pois nesse interregno foi instituído um novo marco legal para a indústria do gás natural, que atualmente é a Lei 14.704/2021, a conhecida Nova Lei de Gás. Além disso, cabe destacar que normas técnicas e requisitos de segurança relativos ao gás natural de forma liquefeita foram modernizados ao longo desses anos, reforçando ainda mais a necessidade de substituição da portaria” - observou o Diretor.

O Diretor destacou também que na preparação da minuta apresentada foram consideradas inovações tecnológicas no acondicionamento para transporte com estações compactas de liquefação e o uso de ISO contêineres, que podem ser utilizados em diferentes meios de transporte e no armazenamento do GNL, bem como a integração intermodal, oferecendo alternativas flexíveis para o desenvolvimento de projetos de GNL de pequena escala.

A minuta de resolução propõe abarcar novos modelos de negócio com GNL, inclusive aquele produzido a partir do biometano, que receberá tratamento análogo ao gás natural, conforme disposto na Nova Lei do Gás e em seu decreto regulamentador. Essa clareza contribui para minimizar incertezas regulatórias e, consequentemente, pode contribuir para o desenvolvimento do setor de biometano no Brasil. Traz ainda a simplificação do processo autorizativo e o encaminhamento do que se refere à comercialização do gás natural na forma liquefeita, à Resolução ANP 52/2011.

Durante o período de consulta pública, foram recebidas 157 contribuições de agentes econômicos, associações, usuários de serviços, entre outros. As sugestões recebidas na consulta e na audiência públicas serão avaliadas pela área técnica. O texto consolidado passará por análise jurídica da Procuradoria Federal junto à ANP e por aprovação da diretoria colegiada da Agência, antes de sua publicação.

Valor - SP   02/06/2023

Está em jogo a trajetória dos preços do petróleo e o impacto sobre a inflação

A Opep+ enfrentará um mercado de petróleo dividido quando se reunir neste fim de semana. Por um lado, os estoques globais de petróleo estão em queda à medida que os cortes de produção da aliança começam a ser implementados, o que pode dar suporte aos preços. Por outro, indicadores econômicos chineses fracos e temores de uma recessão nos Estados Unidos fortalecem as apostas para baixo.

A divisão fica clara nos sinais conflitantes dos dois principais membros da coalizão. A Arábia Saudita alertou os especuladores que apostam contra o preço do petróleo para que tomassem “cuidado”, em contraste com comentários mais moderados da Rússia.

Está em jogo a trajetória dos preços do petróleo e o impacto sobre a inflação. O barril de Brent recuou 17% nas últimas seis semanas e é negociado perto de US$ 73 em Londres, mas os analistas ainda preveem uma recuperação no segundo semestre.

“Com os preços neste nível, a Opep está entre a cruz e a espada”, disse Raad Alkadiri, diretor do Eurasia Group. Os preços não estão baixos o suficiente para exigir um corte, mas também não estão altos o suficiente para as contas públicas dos países-membros.

As 23 nações do grupo que engloba a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados devem se reunir em Viena em 4 de junho, apenas um mês depois do início da implementação dos cortes de produção de 1,2 milhão de barris por dia anunciados em abril.

Os cortes, que serão mantidos o ano todo, devem ser suficientes para diminuir os estoques globais de forma significativa, à medida que o consumo aumenta na China, dizem os analistas. Dados da Opep antecipam um grande déficit de cerca de 1,5 milhão de barris por dia no segundo semestre.

Esses números sugerem que outra rodada de cortes de produção não seria bem-vinda por países que ainda sofrem intensas pressões de custo de vida. O presidente dos EUA, Joe Biden, criticou a Opep+ pelo corte de abril e a Agência Internacional de Energia (IEA) condenou o grupo pelo impacto da política sobre os consumidores.

Por outro lado, o barril de petróleo está abaixo da cotação de US$ 81 que o Fundo Monetário Internacional estima que seria necessária para financiar os ambiciosos planos de transformação econômica e cidades futurísticas no deserto do príncipe herdeiro saudita, Mohammad bin Salman, embora esteja bem acima das mínimas da pandemia.

“A Opep nunca cortou nos três meses após um corte anterior com estoques tão baixos quanto aos atuais”, disse Daan Struyven, economista do Goldman Sachs. “Eles provavelmente primeiro querem observar o impacto dos cortes que acabaram de vigorar.”

A Arábia Saudita e outros países produtores também podem relutar em adotar medidas adicionais até que tenham mais clareza sobre os suprimentos da Rússia.

Moscou prometeu reduzir a produção em retaliação às sanções internacionais contra a invasão da Ucrânia, mas o país está retendo os números oficiais e dados de rastreamento de petroleiros mostram que as exportações russas aumentaram 8% em relação a fevereiro, para cerca de 3,6 milhões de barris por dia.

“A verdadeira questão é se os sauditas conseguem conter a Rússia”, disse Paul Sankey, analista-chefe da Sankey Research, em entrevista à Bloomberg TV. “A Rússia é uma ameaça para a Arábia Saudita, porque o que a Rússia está fazendo é enviar seu petróleo para a Ásia”, corroendo o prêmio que a região costuma pagar pelos barris sauditas, disse Sankey.

--Com a colaboração de Ben Bartenstein, Nayla Razzouk, Sharon Cho, Fiona MacDonald, Olga Tanas e Dina Khrennikova.

Infomoney - SP   02/06/2023

Passados dez anos do primeiro leilão do pré-sal sob regime de partilha de produção, o Brasil falhou em confirmar novas grandes descobertas até agora, e a indústria do país urge por novos caminhos exploratórios que permitam manter a curva de produção em ascensão, antes que ela comece a declinar já a partir de próxima década.

A negativa do órgão ambiental Ibama no mês passado para que a Petrobras (PETR3;PETR4) realize uma perfuração na Bacia da Foz do Rio Amazonas, na Margem Equatorial brasileira, considerada a nova fronteira exploratória com grande potencial petrolífero, acendeu sinais de alerta para o setor de óleo e gás do país, que não vê outra saída por enquanto.

A produção brasileira de petróleo somou em março 3,115 milhões de barris por dia (bpd), sendo que 76% de origem em campos do pré-sal, com suas principais descobertas ocorrendo antes dos leilões de partilha, iniciados em 2013. A previsão, é que esse volume siga crescendo para tocar um pico de 5,4 milhões de bpd em 2029, antes que comece a declinar, segundo dados da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

“O problema é que uma base muito grande dessa produção é sustentada por mega campos do pré-sal”, disse à Reuters o diretor de pesquisa em exploração e produção da consultoria Wood Mackenzie, Marcelo de Assis, pontuando que o maior do país, o campo de Tupi, que hoje produz 850 mil bpd, ou quase 30% da produção nacional, já está em declínio.

Para repor a produção de Tupi e outros campos que entrarão em declínio são necessárias muitas descobertas de médio porte ou “uma gigante”, disse Assis, ressaltando que isso não aconteceu e parece distante, caso a exploração da Margem Equatorial não decole.

“Com a Margem Equatorial fechada por motivos ambientais, as opções para repor as reservas estão ficando escassas. Nossa previsão é de queda da produção brasileira a partir de 2030… A exploração dos blocos que foram a leilão desde 2017 foi decepcionante.”

Há outros grandes campos do pré-sal que tiveram descoberta com poço perfurado antes dos leilões de partilha, como Búzios e Mero, que estão em crescimento, mas que também entrarão em declínio após 2030, disse o especialista. Hoje, somente Búzios –integrante de um contrato da cessão onerosa de 2010– representa cerca de 16% da produção nacional. Mero integrou a área de Libra, foco do primeiro leilão do pré-sal, mas atualmente produz 123 mil barris/dia, volume relevante, mas abaixo das expectativas iniciais.

Petrobras, Shell, Exxon e outras grandes petroleiras empenharam mais de 36 bilhões de reais apenas em bônus de assinatura ao arrematarem 15 blocos nas seis Rodadas de Licitações de Partilha de Produção do pré-sal realizadas entre 2013 e 2019.

No entanto, além de Libra, que deu origem ao campo de Mero, apenas três dessas áreas foram declaradas comerciais e entraram em produção até agora: Norte de Carcará, Entorno de Sapinhoá e Sudoeste de Tartaruga Verde –todas extensões de jazidas que já eram conhecidas e haviam sido exploradas antes dos leilões de partilha, sob regime de concessão.

Norte de Carcará chegou a ter dois poços com descobertas que contribuíram com a declaração de comercialidade dos importantes campos de Bacalhau e Bacalhau Norte, operados pela Equinor. Já as declarações das outras duas áreas “foram apresentadas para cumprir um rito contratual”, disse a ANP à Reuters, “o que não traduziu novos esforços exploratórios dos contratos de partilha”.

O bloco Libra foi leiloado em 2013, por 15 bilhões de reais, com a promessa de conter a maior jazida do país. Depois disso, o Brasil levou outros cerca de cinco anos para retomar os leilões do pré-sal.

Mero não se revelou maior que outros campos gigantes do pré-sal como Tupi ou Búzios, mas está em desenvolvimento e entre os cinco maiores produtores atualmente. “Quando recomeçaram os leilões de partilha, durante o governo Temer, (em 2017), existia um grande otimismo de que iria se replicar ou haveria campos parecidos com Tupi, Mero, Iara, só que isso não se concretizou até agora”, disse Assis.

PREMISSA FALHA

O regime de partilha, no qual as petroleiras se comprometem em pagar a União com uma parcela de petróleo extraída dos campos, foi adotado pelo governo após anos de discussões sobre como se exploraria o pré-sal diante do grande potencial exploratório visto nessas áreas, a exemplo de grandes descobertas realizadas.

“O regime fiscal da partilha foi criado partindo da premissa de que tinha uma área de baixo risco geológico… Mas o que a gente viu nos últimos leilões é que isso não é mais verdade, disse o professor da PUC-Rio Edmar de Almeida, à Reuters.

“O governo foi muito eficiente em vender a ideia do bilhete premiado. No imaginário popular, quando fala em pré-sal se pensa em muito óleo e um óleo com baixo custo, mas quase tudo foi descoberto sob o regime (anterior), de concessão”.

Para o professor, o Brasil precisa fazer uma autocrítica e avaliar se quer continuar a ser um grande player do petróleo no futuro, para adotar as melhores políticas que permitam o avanço da indústria, que já vive pressionada por interesses rumo à transição energética global.

ENTRESSAFRA DE DESCOBERTAS

O país também negociou outros quatro blocos exploratórios no 1º Ciclo de Oferta Permanente sob modelo de partilha em 2022, por 916,25 milhões de reais em bônus, mas ainda é cedo para se pensar em resultados exploratórios.

“Parece que estamos numa espécie de entressafra de descobertas relevantes não só no polígono do pré-sal, mas em grande parte do Brasil, o que torna a Margem Equatorial ainda mais importante”, disse o ex-secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia e presidente da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (Abpip), Márcio Félix.

Recentemente, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou em audiência na Câmara ver “claros sinais de esgotamento exploratório” no pré-sal, e defendeu o avanço para novas fronteiras exploratórias, na Margem Equatorial, uma ampla área que se estende do Rio Grande do Norte até o Amapá, com grande potencial, mas enorme desafios ambientais.

A iniciativa enfrenta oposição de alas do governo que temem danos ao meio ambiente e pressionam pela transição energética, enquanto as atenções de grandes petroleiras globais se voltam para novas áreas descobertas em locais como Guiana, Suriname e Costa Oeste Africana.

BAIXA ATIVIDADE EXPLORATÓRIA

Atualmente, há apenas um poço em perfuração em um bloco arrematado em rodada de partilha de produção. Aram, no pré-sal da Bacia de Santos e operado pela Petrobras, teve seu poço pioneiro perfurado em 2021 e em março de 2023 foi iniciada a segunda perfuração, segundo dados da petroleira e da reguladora ANP.

No mês passado, a empresa confirmou descoberta de petróleo em meio a perfuração, que ainda não terminou. O diretor-executivo de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Carlos Travassos, reiterou em conferência com analistas boas perspectivas com o bloco.

“Alguns poços vão ser necessários para delimitar o potencial dessa reserva e aí, possivelmente, esperamos que tenhamos brevemente a declaração de comercialidade em Aram”, disse o executivo.

Assis, da Wood Mackenzie, relembrou à Reuters que a expectativa inicial para Aram, arrematado por 5 bilhões de reais, era de que poderia ser um novo Tupi ou Búzios. “Mas considerando a velocidade entre o poço de exploração e o ‘appraisal’, a impressão que passa é que não é tão interessante assim”, afirmou.

Fora Aram, “tudo que foi explorado até agora ou foi devolvido ou não têm mais atividades, são indicativas bem ruins.”

Foram devolvidos até agora três blocos das seis rodadas de partilha, sendo Peroba e Dois Irmãos, pela Petrobras, arrematados por 2 bilhões de reais e 400 milhões de reais respectivamente; e o bloco de Saturno, pela Shell, arrematado por 3,125 bilhões de reais, disse a ANP.

“No tocante à Peroba, a devolução se deu em função da baixa atratividade da descoberta realizada por meio do poço pioneiro, enquanto no bloco Dois Irmãos não houve descoberta”, reiterou a Petrobras à Reuters.

A Shell, em sua devolução, apontou “baixa prospectividade”.

Além dessas três devoluções, o bloco de Libra teve parcelas de sua área original devolvidas, mas ainda há área remanescente em Fase de Exploração. “As devoluções de tais áreas exploratórias foram voluntárias, não havendo interesse em prosseguir com a exploração”, disse a ANP.

Sobre as áreas dos leilões de partilha que permanecem em exploração, a Petrobras informou que, além de Aram, concluiu a perfuração de poço pioneiro em outros quatro blocos –Alto de Cabo Frio Central, Uirapuru, Três Marias e Sudoeste de Tartaruga Verde–, e atualmente os resultados estão em avaliação, bem como a viabilidade dos projetos.

Um ex-executivo da Petrobras ponderou que a empresa também vê potencial para Alto de Cabo Frio Central, mas que ainda demanda confirmação por um próximo poço na área, que ainda não foi anunciado. Ele preferiu não ser identificado.

Outros três blocos, dois operados pela Shell (Sul de Gato do Mato e Alto de Cabo Frio Oeste) e um operado pela Exxon (Titã), também registraram descobertas, mas as empresas ainda não se manifestaram publicamente sobre os próximos passos.

Ambas as petroleiras têm reiterado investimentos e interesse no Brasil. Em nota, a Exxon adicionou que seu programa inicial de perfuração de exploração no Brasil está agora completo e que analisa dados adquiridos e o potencial para futuras atividades.

AGRÍCOLA

Valor - SP   02/06/2023

Foi a quinta vez na história que o setor agropecuário cresceu na casa de dois dígitos no Brasil

O avanço de 21,6% da agropecuária no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre frente ao trimestre imediatamente anterior foi o maior para o setor neste tipo de comparação desde o crescimento de 23,4% do quarto trimestre de 1996.

Os dados constam das Contas Nacionais Trimestrais divulgadas nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No geral, a alta de 1,9% do PIB frente ao trimestre anterior foi o melhor desempenho desde o crescimento de 3,4% no quarto trimestre de 2020.

Esse foi apenas a quinta vez na série história, iniciada no primeiro trimestre de 1996, que a agropecuária cresceu na casa dos dois dígitos ante o trimestre anterior. Os demais, além do quarto trimestre de 1996, foram o crescimento de 12,5% no segundo trimestre de 2012, a alta de 11,3% no terceiro trimestre de 2012 e o avanço de 12% no primeiro trimestre de 2017.

O crescimento da agropecuária no primeiro trimestre respondeu por em torno de 80% do crescimento da economia nos primeiros três meses do ano, segundo a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

Segundo ela, o setor respondeu por cerca de 1,6 ponto percentual a 1,7 ponto percentual da expansão de 1,9% do PIB do primeiro trimestre ante quarto trimestre de 2022. “Podemos dizer que foi um crescimento muito representativo”, disse.

A safra recorde de soja neste ano foi o motor que impulsionou a alta. Soja e milho representam 50% do valor atividade agropecuária anual, nas contas nacionais, segundo o IBGE. “Creio que, no primeiro trimestre, a soja responde por cerca de 70%”, disse Palis, em relação ao PIB agrícola.

Além da soja, ela citou boas safras de milho e de fumo como destaques positivos — sendo que milho também terá safra recorde neste ano. “A soja foi a grande responsável pelo crescimento da economia como um todo”, resumiu ela.

Dentro da indústria, e também na comparação com o trimestre anterior, o recuo de 0,8% da construção foi o pior desde a queda de 1% no segundo trimestre de 2021. Nos serviços, as outras atividades de serviços caíram 0,5%, no pior desempenho desde a queda de 16,7% no segundo trimestre de 2020.

Do lado da demanda, e sempre na comparação com o trimestre anterior, a alta de 0,2% do consumo das famílias foi o pior desempenho desde a queda de 1% do segundo trimestre de 2021. A formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) caiu 3,4% frente ao trimestre anterior, pior resultado desde a queda de 4,4% do segundo trimestre de 2021.

A queda de 7,1% das importações foi o maior recuo desde os -8,2% do terceiro trimestre de 2020.

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